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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 15 de junho, 2019
«A PRAÇA» | CASSETE PIRATA | «PARECE QUE O MUNDO» | URBAN XPRESSION 1 ALGARVE INFORMATIVODE #206BMX TORNEIO OLÍMPICO JOVEM | MARCHAS DE PORTIMÃO | TAÇA DE PORTUGAL
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CONTEÚDOS #206 15 DE JUNHO, 2019
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ARTIGOS 12 - Taça de Portugal de BMX 22 - Torneio Olímpico Jovem 34 - Santos Populares de Quarteira 52 - Marchas de Portimão 64 - «Parece que o Mundo» 76 - Urban Xpression 90 - Cassete Pirata 100 - Coro da Orquestra Clássica do Sul 112 - «A Praça» 144 - Atualidade
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OPINIÃO 90
122 - Paulo Cunha 126 - Mirian Tavares 128 - Ana Isabel Soares 130 - Adília César 132 - David Martins 134 - Vera Casaca 136 - Fernando Cabrita 140 - Paulo Bernardo ALGARVE INFORMATIVO #206
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TAÇA DE PORTUGAL DE BMX RACE DISPUTOU-SE NA NOVÍSSIMA PISTA DO PARQUE DA JUVENTUDE DE PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
s quinta e sexta rondas da Taça de Portugal em BMX Race tiveram lugar, nos dias 8 e 9 de junho, na novíssima pista do Parque da ALGARVE INFORMATIVO #206
Juventude de Portimão, obra que implicou um investimento camarário de 123 mil euros. A competição juntou cerca de 120 atletas de ambos os sexos, divididos por todos os escalões etários, dos pupilos aos masters, e demonstrou a qualidade de uma das mais bem 12
estruturadas pistas do país e que é, inclusive, a primeira da Península Ibérica a possuir um mecanismo totalmente elétrico na grelha de partida.
provas de grande nível e atrair novos praticantes”, confirmou David Ribeiro, presidente do Clube Bicross de Portimão durante a cerimónia de inauguração.
O projeto da obra foi do Clube Bicross de Portimão, que com este novo equipamento pretende aumentar o número de alunos inscritos na sua escola de formação. E como a melhor forma de cativar novos praticantes é pela prática, a pista recebe, no dia 22 de junho, a Taça do Algarve, que antecederá depois o Campeonato Nacional de BMX Race, marcado para 7 de julho, e no qual deverão participar os melhores corredores portugueses. “Temos aqui uma pista com características técnicas muito desafiante e agradecemos à Câmara Municipal de Portimão a aposta que fez no BMX no Parque da Juventude de Portimão. Existem agora condições para organizar
Custódio Moreno, Diretor Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude, destacou na ocasião a importância do poder local apostar continuamente na promoção da prática desportiva, mas também a “capacidade de liderar equipas, de saber estar à altura de motivar pessoas e de misturar várias gerações”, dos dirigentes do Clube Bicross de Portimão. “Um clube cheio de jovens e que demonstra que o futuro do BMX está assegurado neste concelho. E, dentro das competências do IPDJ, podemos ajudar, em 2020, na requalificação dos balneários do clube”, acrescentou.
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E Isilda Gomes também não tem dúvidas de que, quando os poderes públicos se unem aos cidadãos e às associações para a concretização de projetos, os resultados são muito melhores. “É desta forma que vamos continuar a trabalhar, envolvendo os munícipes, e é um orgulho estarmos aqui na melhor pista de BMX Race de Portugal. Há 23 anos que nos andavam a pedir esta infraestrutura e ela hoje tornou-se, finalmente, uma realidade”, realçou a presidente da Câmara Municipal de Portimão. “É mais um contributo que damos para a prática de desporto em Portimão e mais um equipamento que nasce no ano em que somos Cidade Europeia do Desporto. É um dia marcante para os praticantes da modalidade e vamos continuar a investir ALGARVE INFORMATIVO #206
nesta infraestrutura, seguindo-se a requalificação das rampas de BMX Freestyle e os espaços verdes”, anunciou a edil portimonense. Em termos desportivos, o espanhol Guillermo Garay, da Union WCC, venceu a jornada dupla de homens com mais de 19 anos. No sábado teve como principal opositor Hugo Martins (Team BMX Quarteira), enquanto o segundo classificado no domingo foi Jaime Airosa (BMX Águias de S. Gabriel Bike Point). Quando estão disputadas seis das dez rondas pontuáveis para a Taça de Portugal, Hugo Martins segue no topo do ranking, com 63 pontos, mais um do que Jaime Airosa. O terceiro, com 47 pontos, é Carlos Rosado (Clube Bicross de Portimão). 14
Jéssica Conceição (Núcleo de Bicross de Setúbal/Knowledge Inside) venceu as duas rondas entre as femininas com mais de 15 anos, assumindo, desta forma o comando da geral da Taça, com 34 pontos. Catarina Veríssimo (Team BMX Quarteira) é a segunda da geral, com os mesmos pontos da primeira classificada. Gabriel Teixeira (Team BMX Quarteira) ganhou as duas corridas deste fim de semana na categoria de juniores, mas o topo da Taça de Portugal continua entregue a André Ribeiro (Núcleo de Bicross de Setúbal/Knowledge Inside). O cadete Renato Silva (Team BMX Quarteira) triunfou nas seis etapas da Taça de Portugal já realizadas e domina a classificação geral. As contas estão muito mais renhidas em 15
juvenis. No dia 8 de junho impôs-se Bernardo Rocha (Núcleo de Bicross de Setúbal/Knowledge Inside), no dia seguinte levou a melhor Edi Barradas (Núcleo de Bicross de Setúbal/Knowledge Inside), mas o primeiro da geral é Dmitriy Popyk (Team BMX Quarteira). João Fidalgo domina a geral master, depois de vencer todas as rondas já realizadas, apresentando o mesmo desempenho em cruiser. O Núclero Bicross de Setúbal está à frente da geral coletiva. A Taça de Portugal em BMX Race foi uma organização conjunta entre a Federação Portuguesa de Ciclismo e o Clube Bicross de Portimão, tendo os apoios da Câmara Municipal de Portimão e da Junta de Freguesia de Portimão, entre outras entidades . ALGARVE INFORMATIVO #206
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TORNEIO OLÍMPICO JOVEM DISPUTOU-SE EM LAGOA E ATLETAS ALGARVIOS ESTIVERAM EM DESTAQUE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
Federação Portuguesa de Atletismo levou a efeito, nos dias 8 e 9 de junho, a mais emblemática prova juvenil do atletismo, o Torneio Olímpico Jovem, cuja 37.ª edição ALGARVE INFORMATIVO #206
se disputou no Estádio Municipal da Bela Vista, em Lagoa, com o apoio da Câmara Municipal de Lagoa. A competição contou com a participação de cerca de mil atletas dos escalões de juvenis e iniciados, em representação das 18 associações regionais continentais e das duas regiões 22
autónomas, bem como uma delegação de Macau. Depois de ter acolhido a segunda jornada do Torneio Olímpico Jovem Regional, no dia 28 de abril, na qual foram apurados os atletas do Algarve que iriam participar na fase nacional, o Estádio Municipal da Bela Vista voltou a ser a capital do atletismo nacional durante dois dias, para satisfação evidente do executivo camarário liderado por Francisco Martins, confirmou o vicepresidente Luís Encarnação e Vereador com o pelouro do Desporto. “É uma prova que se integra claramente no 23
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terceiro eixo da nossa estratégia de desenvolvimento desportivo, a de acolher grandes eventos. Estamos a assistir a uma jornada incrível de desportivismo e fair play na qual colaboraram cerca de 150 atletas do concelho de Lagoa, da Associação Académica da Bela Vista e do Sporting Clube Lagoense, e quatro deles a defender as cores da seleção do Algarve”, frisou Luís Encarnação. O Estádio Municipal da Bela Vista está habituado a receber competições deste nível, para tal também muito contribui a oferta hoteleira do concelho, e tudo isso ajuda a atenuar a sazonalidade do turismo algarvio, uma análise facilmente corroborada pelo autarca. “Há, de facto, que salientar a qualidade das nossas infraestruturas desportivas, mas 25
também a capacidade organizativa dos nossos técnicos – são mais de 100 eventos desportivos desenvolvidos por ano no concelho de Lagoa e sempre com grande sucesso. O feedback que estamos a receber da Federação Portuguesa de Atletismo e da Associação de Atletismo do Algarve é muito positivo e estamos a dar a conhecer a beleza natural de Lagoa a mais de mil pessoas, entre atletas, treinadores e staff técnico da organização”, destacou Luís Encarnação, agradecendo ainda o esforço realizado pelas unidades hoteleiras do concelho para acolher todas as comitivas neste fim-de-semana prolongado. A par do impacto económico evidente, e se calhar até mais importante do que ALGARVE INFORMATIVO #206
isso, há que ter em conta os benefícios para os jovens de Lagoa por conviverem com atletas de outras regiões do país, com os seus técnicos, com antigos campeões, entre os quais se encontrava, por exemplo, Francis Obikwelu. “É um homem com um percurso de vida de superação, abnegação, de muito esforço e sacrifício, que deve ser um exemplo para todos os atletas e jovens portugueses. E os jovens lagoenses estão a competir, ao longo destes dois dias, com os melhores atletas do futuro destas modalidades em Portugal. Vão, seguramente, alcançar muitos medalhas para Portugal”, antevê Luís Encarnação, ALGARVE INFORMATIVO #206
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garantindo que o Município de Lagoa continuará a apoiar os clubes e associações deste território. “Acreditamos que os valores que o desporto dá aos nossos jovens é fundamental para os ajudar a ser mulheres e homens melhor preparados para as exigências da sociedade do futuro. Proporcionar a prática da atividade física aos nossos cidadãos é uma prioridade deste executivo, nomeadamente aos mais jovens. Depois, aqueles que se destacam, que desejam partir para a competição, queremos que tenham condições para realizarem os seus sonhos, para serem mais rápidos, saltarem mais alto, chegarem mais longe. Os resultados estão-se a ver, 2019 está a correr bastante bem para Lagoa no andebol, basquetebol, canoagem, badminton, patinagem de velocidade e 27
atletismo”, evidencia o vice-presidente da Câmara Municipal de Lagoa. E se Lagoa já era uma referência, no Algarve e em Portugal, no plano cultural, o mesmo vai sucedendo de há uns anos a esta parte nos campos do desporto e educação, concorda Luís Encarnação. “Lagoa foi Cidade Educadora em 2018, um projeto que é para continuar, e uma cidade educadora é tudo isto, uma cidade que aposta na cultura, na prática e na promoção da atividade física, que quer ser uma cidade ativa e saudável”, sublinha. Logo ao lado, Jorge Santos, presidente da Associação de Atletismo do Algarve, apontou para as bancadas cheias de público e afirmou, sorridente, que o atletismo respira saúde na região. “Trazer o Torneio Olímpico Jovem para o Algarve já foi uma grande ALGARVE INFORMATIVO #206
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Luís Encarnação e Jorge Santos
vitória, porque existiam outras cidades a concorrer para organizar o evento, o que demonstra a evolução que o atletismo tem conhecido na região. Tivemos neste fim-de-semana várias presenças em pódios em diversas modalidades e, neste ano, ultrapassamos os mil atletas federados”. 29
Jorge Santos lembra que o Torneio Olímpico Jovem é uma das principais provas da Federação Portuguesa de Atletismo, precisamente por dizer respeito aos escalões de iniciados e juvenis, faixas etárias onde se acaba por decidir muito do futuro destes atletas. ALGARVE INFORMATIVO #206
“É a rampa de lançamento para a continuação no atletismo e muitos dos jovens que deram nas vistas nesta prova nos últimos dois e três anos estão agora a obter mínimos para Campeonatos da Europa de Juniores e Sub23. É o resultado do trabalho que a Federação e as Associações têm desenvolvido e, no Algarve, acho que estamos a atravessar uma excelente fase”, referiu Jorge Santos, concordando que o poder local também está mais empenhado no sucesso desportivo dos seus jovens cidadãos. “As autarquias algarvias começaram a perceber que é através destes acontecimentos que os atletas evoluem mais rapidamente. O que dizem à Associação de Atletismo do Algarve é para que avancemos com este género de projetos, que podemos contar com o apoio delas, e temos outros eventos na calha”, adianta o dirigente. Jorge Santos aponta ainda que, nos ALGARVE INFORMATIVO #206
últimos anos, foram vários os jovens atletas a saírem de clubes algarvios com destino ao Benfica e Sporting, o que atesta a sua qualidade. “É uma fornada de grande qualidade que vai em busca de melhores condições e nós, claro, temos de os apoiar a alcançar os seus sonhos. Realizamos estágios com frequência, modernizamos a estrutura e o Algarve está a tornar-se, novamente, numa referência do atletismo português. É nesta direção que queremos continuar a caminhar e os próprios clubes estão a interagir mais com a associação”, finalizou Jorge Santos, antes de voltar a sua atenção para a ação que ia decorrendo na pista do Estádio Municipal da Bela Vista, em Lagoa. Dentro das preocupações ambientais, muito importantes para os mais jovens, o Torneio Olímpico Jovem 2019 foi também um Eco Evento e, em parceria 30
com a Algar, todo o plástico utilizado foi reciclado. No âmbito cultural foi promovido um atelier com o artista plástico Patico, que resultou numa obra de arte alusiva à modalidade, recorrendo a técnicas de colagem e pintura sobre madeira. A Federação Portuguesa de Atletismo desenvolveu ainda vários momentos interativos para testar os conhecimentos dos espetadores do Torneio Olímpico Jovem 2019 e, por via da aplicação «Kahoot», foi possível responder às questões que iam sendo levantadas durante o evento pelo speaker, com prémios para as melhores pontuações. 31
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CALÇADÃO NASCENTE DE QUARTEIRA VOLTOU A ENCHER COM OS SANTOS POPULARES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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uarteira reviveu, na noite de 12 de junho, um dos mais típicos e característicos acontecimentos culturais da cidade e uma demonstração do forte bairrismo desta antiga comunidade piscatória: as festas dos Santos Populares. Arraiais, bailes e animação a cada esquina são os ingredientes de um evento que tem o seu ponto central no desfile das marchas na zona do Calçadão Nascente e que volta a repetir-se nas noites de 23 e 28 de junho, para festejar o S. João e S. Pedro. As marchas em representação das principais ruas e bairros de Quarteira atraíram milhares de visitantes desejosos de apreciar esta verdadeira manifestação etnográfica ligada ao mar, como se observou facilmente pelos trajes, as ALGARVE INFORMATIVO #206
músicas e as coreografias dos grupos participantes. E na noite de Santo António foram várias as centenas de quarteirenses que desfilaram num dos maiores eventos do género no sul de Portugal e que já se tornou num dos principais cartazes turístico do Algarve nesta altura do ano. Pelo Calçadão Nascente de Quarteira passaram a Marcha Infantil da Fundação António Aleixo (com o tema «As Andorinhas»), as Florinhas de Quarteira (com o tema «Postais do Algarve»), Marcha Poeta Pardal (com o tema «Saudade de Portugal»), Rua do Outeiro (com o tema «Quarteira é Pescadora»), Rua Gago Coutinho (com o tema «As Peixeiras à Portuguesa»), Rua Vasco da Gama (com o tema «Uma Casa Portuguesa») e Rua da Cabine (com o tema «Quarteira às Flores») . 36
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MARCHAS POPULARES DE PORTIMÃO 2019 DERAM-SE A CONHECER NO PORTIMÃO ARENA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe da Palma
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o dia 7 de junho, o Portimão Arena vibrou intensamente com o primeiro grande desfile das Marchas Populares de Portimão do corrente. Foi, de facto, um grandioso espetáculo num equipamento moderno e de arquitetura vanguardista que, graças à sua enorme versatilidade, à total modularidade do espaço e aos seus mais de seis mil metros quadrados, permitiu uma utilização exatamente à medida das necessidades deste evento. Centenas de marchantes de cinco coletividades portimonenses evocaram a tradição cheia de brilho, cor, música, dança, criatividade e emoção. Assim, participaram neste primeiro desfile o Sporting Glória Ou Morte Portimonense, o Clube de Instrução e Recreio Mexilhoeirense, a Sociedade Recreativa Figueirense, a Marcha de Alvor e a Marcha Infantil do Lar da Criança. A par dos desfiles, não faltou muita música, com ALGARVE INFORMATIVO #206
destaque para os temas «Futebol» pela Marcha Infantil do Lar da Criança, «Regiões» pela Marcha da Sociedade Recreativa Figueirense, «Bairros de Mastro» pela Marcha da Vila de Alvor, «Mexilhoeira Grande, Uma Casa Portuguesa» pela Marcha do Clube de Instrução e Recreio Mexilhoeirense (CIRM) e «Piratas» pela Marcha do Sporting Glória ou Morte Portimonense. A XX edição das Marchas Populares de Portimão reúne na totalidade cerca de 800 participantes, entre marchantes, coreógrafos e figurinistas, que vestem o espírito do associativismo e dão largas à imaginação e ao espírito popular, evocando vários temas ligados ao património sociocultural e às tradições do Algarve. O segundo desfile aconteceu no dia 14 de junho, na Zona Ribeirinha de Alvor e nas ruas pitorescas da vila. Seguem-se, a 21 de junho, às 21h30, o Polidesportivo da Figueira, na freguesia da Mexilhoeira Grande e, a 28 de junho, na Praia da Rocha . 54
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CINE-TEATRO LOULETANO ACOLHEU NOVO ESPETÁCULO DE CLARA ANDERMATT E JOÃO LUCAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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ARECE QUE O MUNDO foi um dos mais aclamados espetáculos de dança estreados em Portugal no ano transato e é também a mais recente criação da coreógrafa Clara Andermatt e do pianista e compositor João Lucas, tendo chegado agora ao sul do país, mais concretamente ao Cine-Teatro Louletano, na noite de 7 de junho. Este excelente cruzamento entre a dança e a música é uma coprodução do Cine-Teatro Louletano, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Municipal do Porto e Companhia Clara Andermatt e reflete a vincada aposta que o equipamento cultural algarvio tem adotado no que concerne ao estímulo e apoio à criação artística contemporânea. Clara Andermatt voltou a chamar João Lucas, seu colaborador de longa data, para conceber «Parece que o mundo», numa cumplicidade alimentada pelo questionamento das relações expressivas ALGARVE INFORMATIVO #206
entre o movimento e a música. Inspirado no livro «Palomar», de Ítalo Calvino, o espetáculo é uma montra que nos aproxima do mundo que observa e é observado. “Conjugando intuição e pensamento metódico, a nossa atenção às coisas movimenta-se pela imensidão daquilo que parece – quer nas relações mais amplas com o cosmos ou com o infinito, quer no âmbito mais restrito das observações quotidianas, construindo os seus símbolos e os seus significados”, descreve a coreógrafa. Com um elenco de bailarinos e músicos composto por Ana Moreno, Félix Lozano, Gil Dionísio, Joana Guerra, João Madeira, Jolanda Löellmann e Liliana Garcia, a peça, tal como a obra que a inspira, oscila entre três planos distintos – o da observação, o da narrativa e o da meditação – e foi bastante do agrado do vasto público que acorreu ao Cine-Teatro Louletano no dia 7 de junho . 66
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Alunos da Urban Xpression brilharam no palco do Teatro das Figuras Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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Teatro das Figuras, em Faro, recebeu, nos dias 8 e 9 de junho, os espetáculos de final de ano letivo da Associação Urban Xpression, em três galas divididas de acordo com o escalão etário – infantil, júnior ou adulto – e que envolveram perto de 450 alunos/bailarinos. A estes juntaramse os instrutores e assistentes Patrícia Galvão, Andreia Silvestre, Catarina Fernandes, Daniel Castro, Mariana Costa, Cátia Gaspar, Madalina Marginas, Ana Catarina Santos, Catarina Horta, Marta Tenório, Inês Afonso, Susana Ferreira, Inês Luz e Carolina Dias e o resultado foram três momentos bastante agradáveis e que encheram de orgulho os pais dos jovens. Já se sabe que a arte é uma das melhores ALGARVE INFORMATIVO #206
formas do ser humano expressar os sentimentos e emoções, sendo o reflexo da sua cultura e da história. Por isso, considerando os valores estéticos da beleza, do equilíbrio e da harmonia, e tendo como principal objetivo estimular o interesse da consciência do espectador, a associação Urban Xpression procurou “criar um laço que unisse a dança a todas as restantes artes, em três espetáculos de dança urbana que permitisse gerar em cada elemento do público um significado único e diferente”. “Segundo o teórico e crítico Ricciotto Canudo, existem sete artes principais, classificadas através dos elementos básicos da linguagem que formata cada expressão artística, e foi a partir desta teoria que desenvolvemos este espetáculo «Arte em Movimento»”, indicam os responsáveis da Urban Xpression . 78
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CASSETE PIRATA APRESENTARAM NOVO DISCO NUM EXCELENTE CONCERTO EM LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #206 #206
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om o seu mais recente álbum «A Montra» ainda fresco, os Cassete Pirata viajaram de Coimbra até Loulé para um fantástico concerto no Auditório do Solar da Música Nova, na noite de 8 de junho, inseridos no Ciclo «Ilustres Desconhecidos». E se a banda é relativamente desconhecida, pois estrearam-se, em 2017, com o lançamento do EP homónimo, a verdade é que os seus elementos têm créditos confirmados no panorama musical português. Depois de «Pó no Pé» ter sido a segunda canção mais votada no top Antena 3 em 2017, a banda está de regresso, em 2019, com novos temas, agora num formato de longa duração, e cujo primeiro avanço é «Ferro e Brasa». Liderada pelo João Firmino (mais conhecido como Pir), vocalista e compositor da maior parte dos temas, esta «Cassete Pirata» conta com o «monstro» da bateria João Pinheiro (Diabo na Cruz, TV Rural), o pulso firme de António Quintino no baixo (Samuel Úria), as eletrizantes cantoras e teclistas Margarida Campelo e Joana Espadinha e o produtor musical Luís Nunes (aka Benjamim). E o resultado é, de
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facto, excelente, para surpresa de alguns dos que foram assistir à atuação em Loulé. Oriundos sobretudo das escolas de jazz de Lisboa e Amesterdão, diz quem os conhece que os «Cassete Pirata» trazem as canções rock diretamente da juventude que reprimiram durante o estudo de harmonias de jazz demasiado complicadas. O lirismo das melodias e o som psicadélico dos teclados vêm de quem juntou os Supertramp e Melody's Echo Chamber aos discos de Coltrane e Milton Nascimento. E, com uma sonoridade rock muito própria, os Cassete Pirata são já considerados como uma das mais promissoras jovens bandas do momento. E ainda bem que o Ciclo «Ilustres Desconhecidos» os trouxe até ao Algarve, seguindo a premissa de valorizar e promover regularmente projetos emergentes ou pouco conhecidos do público algarvio (sediados ou não na região) na área da música .
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CORO DA ORQUESTRA CLÁSSICA DO SUL ESTREOU-SE NO GRANDE AUDITÓRIO DA UNIVERSIDADE DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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nserido nas comemorações dos 40 anos da Universidade do Algarve, o Grande Auditório do Campus de Gambelas recebeu, no dia 7 de junho, a estreia absoluta do Coro da Orquestra Clássica do Sul. A criação de um coro de música clássica permite alargar o leque de produções que podem ser apresentadas pela OCS, tendo em conta reportórios muito específicos, em paralelo com as novas experiências que vai proporcionar aos participantes. Nesta primeira apresentação pública, o Coro interpretou, juntamente com a Orquestra, o tema «Gloria em Ré maior, RV 589» de Antonio Vivaldi. A Orquestra apresentou ainda a Sinfonia N.º 2 de Beethoven, sob a direção do maestro titular Rui Pinheiro. De assinalar a ALGARVE INFORMATIVO #206
participação de Rui Baeta, coordenador do Coro, Paulina Sá Machado, soprano, e Marta Aguiar Magalhães, mezzosoprano Fundada em 2002 como Orquestra do Algarve, a mudança para Orquestra Clássica do Sul aconteceu em setembro de 2013, com o objetivo de levar a sua missão às regiões do Algarve, do Alentejo e da Península de Setúbal, em Portugal, e da Andaluzia em Espanha, oferecendo uma programação diversificada e de elevada qualidade artística. A OCS tem como fundadores, além do Turismo do Algarve e da Universidade do Algarve, as autarquias de Albufeira, Faro, Lagos, Loulé, Portimão e Tavira. Os municípios de Alcoutim, Almodôvar, Castro Marim, Évora, Lagoa, São Brás de Alportel e 102
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Silves e a Universidade de Évora são também associados. Com uma programação de carácter regular desde 2013, a OCS participou nos Dias da Música do Centro Cultural de Belém (2014 e 2018) e, em 2015, apresentou o espetáculo «Uma Viagem Mediterrânica» ao lado do tenor Carlos Guilherme. Atuou na Sala do Senado da Assembleia da República em 2014, tendo também nesse mesmo ano subido ao palco do Tivoli BBVA com Katia Guerreiro para um concerto inédito a convite da Embaixada do México. Num novo encontro com o Fado, em 2017, a Orquestra atuou com o reconhecido fadista Camané. ALGARVE INFORMATIVO #206
Neste período, a OCS levou à cena espetáculos como a ópera «Rita», de Donizetti em coprodução com a all’Opera – Companhia de Ópera Itinerante, o bailado «Matrioska» em coprodução com a Companhia de Dança do Algarve, e «O Lago dos Cisnes» de Tchaikovsky, a convite da Companhia Nacional de Bailado (2015) e também com a companhia de dança Quorum Ballet (2017). Em 2018, subiu ao palco com o grupo Ala dos Namorados e a cantora Ana Bacalhau. A equipa artística conta com Rui Pinheiro como Maestro Titular, José Eduardo Gomes enquanto Maestro Associado e com Bruno Soeiro como Compositor Associado . 104
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MERCADO MUNICIPAL DE LOULÉ INSPIROU PRODUÇÃO TEATRAL DA FOLHA DE MEDRONHO E MÁKINA DA CENA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #206
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PRAÇA é o exercício final da temporada de formação teatral 2018/19 dinamizada pela Folha de Medronho, em parceria com a Mákina de Cena, uma criação coletiva de Carina Inês, Carina Rato, Catarina Bernardino, Mariana Teiga, Mónica Sousa e Sofiya Samotiy, com direção de Carolina Santos, que foi dada a conhecer ao público, no dia 7 de junho, no Largo de São Francisco, e no dia 8 de junho, na Cerca do Convento, em Loulé. A peça é o resultado de um desafio criativo de composição e construção ALGARVE INFORMATIVO #206
cénica baseada na observação da realidade e tendo como ponto de partida o Mercado Municipal de Loulé, sendo facilmente reconhecível a azáfama diária das suas vendedoras, mas também das múltiplas excursões de turistas estrangeiros à descoberta dos encantos da cidade louletana. Inspirado na fórmula das «investigações/encomendas» do final do primeiro ano da Escola Jacques Lecoq, a formação teatral insere-se nos «ninhos de formação» da Folha de Medronho e foi pensada como uma viagem, “desde a redescoberta do real, dos movimentos e ações quotidianas, até 114
à vontade de transpor a vida para cena e transformá-la em teatro”, explica Carolina Santos. “Partindo do jogo e do prazer de brincar, quisemos acordar a criança que há em nós, aproveitar o seu entusiasmo, a sua inquietude e, sobretudo, a sua curiosidade. Procurámos um corpo neutro, capaz do gesto eficaz e poético, que foi a base de todo o trabalho de movimento. Depois, explorámos dinâmicas de movimento, aparentemente abstratas, que transpostas serviram de suporte à construção de personagens e situações teatrais”, prossegue uma das fundadoras da Mákina de Cena e da First Round – Internacional Creative Platform. 115
A formação baseou-se, então, na viagem pedagógica de Jacques Lecoq, com forte apoio no mimo de ação e no uso essencial da palavra, comportando uma componente física que expandiu os limites de cada um dos participantes. Uma linha que a atriz e criadora de formação multidisciplinar bem conhece, uma vez que frequentou a École International de Théatre Jacques Lecoq, tendo colaborado nos últimos anos com diversas estruturas nacionais e internacionais em Paris, como a Companhia Philippe Genty e La Possible Echappée, de dança-teatro inclusiva, entre outras . ALGARVE INFORMATIVO #206
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OPINIÃO
Surdos na Música Paulo Cunha (Professor) ecorria o ano letivo 1999/2000 quando fui questionado e desafiado pela então Presidente do Conselho Diretivo da Escola E. B. 2, 3 Santo António – Faro, Dr.ª Justina Mendes, para iniciar a lecionação da disciplina de Educação Musical aos alunos surdos que receberíamos da Unidade de Surdos de Faro, então sediada na Escola E.B. 1, N.º 4 (Penha – Faro). Perante tal surpreendente e inesperado desafio, solicitei-lhe um a dois dias para refletir e informar-me sobre a exequibilidade de tal desiderato, uma vez que nunca existiu, aquando da minha formação musical e pedagógica, qualquer disciplina que contemplasse o ensino de música a alunos que não a ouvissem nem a produzissem. Mesmo perante a total inexistência de formação de base e formação contínua, bem como o total vazio quanto ao necessário e imprescindível apoio através de recursos humanos e físicos (unidades e conteúdos programáticos, planificações anuais, manuais escolares, salas de aula apropriadas, instrumentos musicais adaptados e tecnologia específica), resolvi aceitar o desafio. Volvidos quase vinte anos, poderei afirmar que hoje, com o saber musical e o conhecimento pedagógico que o contacto com a comunidade surda me facultaram, finalmente sinto-me preparado para, de forma competente, estruturada, programada e flexibilizada, proporcionar aos alunos com vários tipos de deficiência auditiva os mesmos direitos dos seus pares ouvintes: sentir, produzir, interpretar, partilhar e fruir a música. ALGARVE INFORMATIVO #206
Num tempo em que o tema da Flexibilização não estava na ordem do dia, nem se sonhava ainda com a possibilidade de se implementar o Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular dos ensinos básico e secundário nas escolas portuguesas, tentei, conjuntamente com outros departamentos curriculares e alunos surdos de outros ciclos de ensino, operacionalizar e colocar no terreno toda a prática musical que tinha delineado e programado para os alunos surdos. Fazendo referência ao artigo 20º, ponto 5, do Decreto Lei nº 55/2018: “Os instrumentos de planeamento curricular devem ser dinâmicos, sintéticos e traduzir uma visão interdisciplinar do currículo”, posso hoje afirmar que foi assim que sempre estruturei e planifiquei a articulação interdisciplinar com outras disciplinas que, com e através da música, trabalharam também as suas competências específicas. Refiro-me, como não poderia deixar de ser, às disciplinas de Língua Gestual Portuguesa (LGP), Português, Educação Tecnológica e Educação Física, pois com todas elas foi/é possível estabelecer um diálogo constante relativamente aos desafios lançados pela especificidade da deficiência de cada um dos alunos surdos. Diagnosticar os problemas e tentar resolvê-los é, sem qualquer margem para dúvidas, o maior desafio que nos move enquanto professores e educadores, daí a necessária e bem-vinda interação entre as várias línguas (gestual, portuguesa e corporal). Não estando o ensino da música apenas restrito ao segundo ciclo de escolaridade, 122
algumas das produções efetuadas com o objetivo de virem a ser apresentadas à comunidade são programadas e trabalhadas conjuntamente com o segundo e terceiro ciclos de escolaridade. É também de salientar o enorme enriquecimento potenciado pela troca e 123
permuta de saberes e vivências entre alunos de várias etnias e locais de proveniência (todo o Algarve), o professor de Educação Musical, a intérprete de LGP e, nalguns casos, elementos da Associação de Surdos do Algarve. São estes estímulos imprevisíveis, mas ao mesmo tempo ALGARVE INFORMATIVO #206
originais e criativos, que me fazem estar em estado de permanente disponibilidade para a flexibilização curricular. Tem sido este criar e trabalhar em equipa, cultivando a confiança e integrando a boa disposição e a camaradagem, que tem mantido este interesse mútuo pelo ensino/aprendizagem da produção e fruição sonoras sem o acesso ao seu elemento fulcral: o som. Concordo e advogo o que o pedagogo americano William H. Kilpatrick defende ao referir que “o currículo deve centrar-se na vida, na experiência e na criança e não tanto na matéria ou conteúdo a ser ensinado”, pois é nesse pressuposto que tenho baseado a minha forma de ensinar e aprender a ser professor de Educação Musical de alunos surdos. Tenho vindo a constatar que, ao longo destas duas décadas em que a minha aula foi/é - infelizmente - a única referência ao ensino de Educação Musical para surdos na zona sul de Portugal, os alunos surdos acabam o 8.º ano de escolaridade com as ferramentas necessárias e essenciais para que continuem a conviver, a entender e a desfrutar a música que têm ao dispor. Para que, hoje, tal aconteça tive de lhes proporcionar as várias aprendizagens ao dispor: a aprendizagem autêntica, a aprendizagem baseada em jogos, a aprendizagem baseada em pesquisa, a aprendizagem baseada em problemas, a aprendizagem baseada em projetos, a aprendizagem colaborativa, a aprendizagem digital e a aprendizagem informal. Todas elas com diferentes pesos, mas com o peso devido e suficiente no gosto que hoje nutrem pela música.
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A educação de pessoas com deficiência é concebida para facilitar a aprendizagem por indivíduos que, por motivos variados, requerem apoio adicional e métodos pedagógicos adaptados, a fim de participar e satisfazer objetivos de aprendizagem num programa educacional. Assim sendo, podem, nos seus programas, seguir um currículo similar ao oferecido no sistema para todos os demais alunos de educação regular. Currículos esses que deverão ter em conta as necessidades individuais dos alunos, oferecendo-lhes recursos específicos (como pessoal especialmente preparado, equipamentos específicos e espaços adaptados) e, se for apropriado, modificações nos conteúdos programáticos e/ou nas competências a adquirir. No caso da Educação Musical para surdos, o programa deverá ser ministrado numa turma individual separada das turmas do ensino regular, não sendo tal facto impeditivo que não se efetive a necessária e desejável flexibilidade curricular entre outras turmas e áreas disciplinares. Como mostruário e corolário do trabalho realizado nos últimos anos, com a necessária permissão e em colaboração com a direção do Agrupamento de Escolas João de Deus – Faro, há uma década foi criado um grupo aberto na rede social Facebook, intitulado «Surdos na Música», com o intuito de divulgar pelas comunidades surda e ouvinte de todo o mundo o excelente trabalho desenvolvido por estes alunos surdos algarvios. Assim sendo, convido-vos a ver, a partilhar e quem sabe… a flexibilizar: https://www.facebook.com/groups/145755 632205149 .
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OPINIÃO
Omnia - Exposição de Pedro Cabral Santo na 289 Mirian Tavares (Professora) Gertrud Kanning: Yesterday, I ordered my headstone for my grave and I decided what will be on it. Axel Nygen: Your name, of course? Gertrud Kanning: No just two words, amor omnia. Axel Nygen: Love is all. Gertrud Kanning: Yes, love is all. Gertrud, Carl Dreyer
mnia, exposição de Pedro Cabral Santo na 289, é uma espécie de metaexposição - refere-se a toda a obra do artista, ao mesmo tempo em que se constitui enquanto uma exposição diferente de todas as demais. Porque a arte, enquanto dispositivo em si mesmo, não se repete: a cada nova exposição, renova-se, recria-se. Nesta exposição, o pensamento artístico de Cabral Santo é condensado em objetos que, por sua vez, negam a sua objetividade ou possibilidade de objetificação: são seres híbridos. O jogo entre materiais – leve/pesado; opaco/transparente; real/virtual e entre sistemas diversos de significação – pop/renascentista; massivo/erudito; clássico/contemporâneo, traduz, de certa maneira, a palavra que nomeia esta exposição – Omnia. Composta por 12 peças que estabelecem um diálogo entre si e com a restante obra do artista, esta exposição abarca o percurso já longo de Cabral Santo e permite-nos entrever, admirar, perscrutar, as obsessões que o movem e os limites que, constantemente, traça e ultrapassa.
das 12 obras: The Dead of Captain America, representa a morte de um heroi, e de um modelo de vida, ao mesmo tempo que o imortaliza e conserva viva a sua memória – a morte encenada do Capitão América traz-nos de volta a sua existência mesma e questiona, através do dispositivo, a permanência da ideologia que se traveste de norma. Red Flag, Red Eye/Blue Eye, 1999 Gulliver, Turn left, Turn left e Oxido (Play europe) fazem parte do mesmo dispositivo discursivo que alude ao universo político/partidário do artista. Podemos ler qualquer obra por si mesma, mas ela só existe em relação a quem, em dado momento, fê-la surgir, transformando o pensamento em gesto e a alusão em objeto. O universo do artista é bastante vasto. Dele surgem obras como Yeats, The Space Invader, Human, just Human, Jet out of the Sky (Sea of madness) e Su Pressione que conjugam erudição com cultura de massa, num jogo de suportes e matérias dissonantes, de palavras, de sobreposições e de citações, elementos que reforçam a contemporaneidade de um trabalho artístico que não nega o seu tempo – o hoje, mas não descura a sua história, que é o que o pode revestir de sentido .
E é sobre limites que nos fala cada uma ALGARVE INFORMATIVO #206
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OPINIÃO
Do Reboliço #42 Ana Isabel Soares (Professora) Borreguinhas brancas, numa azul colina. Quando o vento pára, nenhuma se arrima. Quando o vento sopra, vão devagarinho. Borreguinhas brancas, vão por que caminho? **
há as nuvens, Reboliço. As montanhas, as formigas e as nuvens. Desde que se conhece, desde que é seu o seu mundo, que o Reboliço se deleita em contemplar as nuvens. Um nefelibata – distraído, também, por causa delas, perde a cabeça na luz ou nas nuvens, é assim que mais gosta de andar. São amigas, as nuvens que o abrigam do calor em excesso, da luz em demasia no Verão, mesmo quando o fazem ter a meia haste as pálpebras, por defletirem, ou dispersarem, espalharem pelo céu os raios do sol. Mas o Reboliço acredita que gosta tanto das nuvens também porque, não sendo pastor de gado de verdade, com elas pastoreia borreguinhos de brincar. Elefantes, dragões grandes, passarões e passaricos são as nuvens no céu entretendo-se com ele. Este bicho, que tanto gosta de não lhe mudarem o lugar às coisas, pela-se por dois segundos de as ver passarem de uma figura a outra, transformarem-se esgarçando-se em farrapos, amalgamarem-se em algodão ou em esferas de granito, parecerem agora um balão e agora uma agulha que, desfazendo-se ele, o desfaz. ALGARVE INFORMATIVO #206
No Moinho Grande, é raro o dia de céu só azul. Vem uma, vem outra mão cheia de fios esbranquiçados, sentam-se as nuvens sobre o telhado um nada de tempo – o vento ali pouco se detém, passa manhãs e tardes ou, se o dia é mais calmo, lá para a hora do lanche, entra a maré e sopra a enxotá-las como a avó enxotava abanando o braço algum cão de outros montes. São vaidosas, as nuvens: os poucos instantes atrás do moinho, dispõem-se em cenários a adorná-lo, beijam-no brincalhonas e chamam, “Venham ver!”. O Reboliço viaja com as nuvens, puxa as nuvens para o chão da erva fresca onde rebola, puxa-as do céu onde passeiam para onde quer ele passear, onde haja areia, seixos rolados da praia; puxa-as para montanhas altas e para o fundo dos lagos onde as viu, vaidosas, ao espelho: levaram dali o vento que as trouxera e sentaram-se à beira das águas agora paradas, que só assim a imagem de si retorna quieta, retorna em beleza. As quatro patas gosta de as sentir no chão – mas a cabeça, o toutiço arredondado em que lhe termina o focinho, só está bem em estando metida naqueles enfunados véus nebulosos . * Reboliço é o nome de um cão que o avô teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. **Poema de Christina Rossetti (1830-1894). Tradução: Ana Isabel Soares 128
Foto: Vasco Célio 129
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OPINIÃO
A Flor Bela Adília César (Poeta) “alma sonhadora Irmã gémea da minha!” (Excerto de poema dactilografado e não datado À memória de Florbela Espanca de Fernando Pessoa)
stamos vivos há tanto tempo que caminhamos descalços sobre a lava acesa do vulcão e nem sentimos a dor. Somos reféns de um chão de dentro e é por dentro que existimos para lá do que somos capazes de existir. Viver é morrer. Não vivemos realmente, estamos apenas a morrer devagar. Mas a morte também se escreve com outras palavras: alma, amor, paixão, saudade, beijos, versos, poeta, temas recorrentes de todos os poetas. Serão os poetas mais altos, maiores do que os homens, almas gémeas uns dos outros? Se o Universo e Deus eram uma e a mesma coisa, decifrar os mistérios da vida seria o resíduo imanente da poesia de Florbela Espanca – amar, ser amada, no corpo e no espírito concretos. O erotismo como louvor da vida. Possuir o objecto passional e ainda assim ser infeliz. Tentar a glorificação da vida e do amor, trocando olhares com a solidão, a tristeza, a saudade, a sedução, o desejo e a morte. Viver plenamente. Tentar a morte, tentar, tentar, e por fim, morrer. Florbela Espanca nasce em 1894, numa época caracterizada por uma opressiva tradição patriarcal. A mulher portuguesa era a submissão abnegada em todos os aspectos da vida familiar, profissional e social. Mas o «eu» florbeliano ressurge continuamente, sedento de glória. É através da poesia que se glorifica, que enaltece a sua condição feminina, embora distanciada desse ALGARVE INFORMATIVO #206
problema real, ou seja, ela aparece sempre desligada das preocupações de conteúdo humanista, social ou político. Mas é intensa, enfática, exacerbada, excessiva, recolhida no seu próprio «eu» emocional. Uma vida carregada de sofrimento, inquieta e tumultuosa. A sua poesia é o desabafo da exaltação sentimental, ambígua e predominantemente pecadora: o amor que canta imoderadamente pelo seu irmão Apele não será incomum? O título do primeiro livro de Florbela, publicado há precisamente 100 anos, realça bem a sua condição e sentimento perante o mundo de infortúnio que a cerca – Livro de Mágoas. Pois é de mágoas que tudo se expressa, a poesia, a necessidade constante de encontrar um lugar interior de voos quebrados. Diz-nos Florbela que a morte é doce e serena, diz Florbela que morreu tantas vezes desde que escreveu as suas primeiras composições poéticas, nomeadamente o poema «A vida e a morte», um soneto dedicado ao seu irmão Apele. Não tenhas medo, não! Tranquilamente, Como adormece a noite pelo outono, Fecha os olhos, simples, docemente, Como à tarde uma pomba que tem sono… A pessoa confunde-se com a poetisa, a vida substancia a obra e a obra retrata a vida. Mas aos 36 anos, Florbela está perdida. A flor que nasce bela na Charneca em Flor adormece, 130
perdidamente, sempre bela. E é amar-te, assim, perdidamente… que nos enche de esperança. Porque assim, é seres alma e sangue e vida em mim, e dizê-lo cantando a toda a gente! Na sede pelo infinito, a poetisa foi no seu tempo uma personalidade lírica isolada, mas ainda é uma voz poética universal. Ela sabia o que era ser poeta. 131
Florbela Espanca controlou o caos da sua vida nascendo em 1894 e morrendo em 1930 no mesmo dia – 8 de dezembro. Pois se a vida é um sonho, a morte é o outro lado do espelho sonhador: é a tua última mágoa, é a Flor mais Bela, és tu .
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OPINIÃO
Programas e Candidatos David Martins (Diretor de Marketing e Alojamento) oncluído que está o processo eleitoral para o Parlamento Europeu, e cujos resultados deixarão para os anais da história a vitória do Partido Socialista e a elevada taxa de abstenção, eis que já estamos na fase dos partidos políticos definirem as novas propostas eleitorais para as eleições legislativas, que terão lugar no próximo mês de outubro de 2019, assim como os candidatos que as vão protagonizar e defender. Neste momento de reflexão sobre «a nova visão para o futuro», e por parte do Partido Socialista, que assume a liderança governativa, é deveras importante fazer-se um balanço daquilo que foi prometido e se conseguiu concretizar, e também do que foi prometido e não foi (ainda) cumprido. Assumir a responsabilidade pelas falhas é um bom princípio que todos os políticos deverão reconhecer pois, caso contrário, cairão no ridículo mais depressa do que esperam. O «povo» é distraído, mas não é amnésico. Como facilmente se perceberá, a tarefa é mais fácil para quem está na oposição, pois bastará falar mal dos «outros», e do que não fizeram, para ter o agrado imediato das pessoas, porém, também neste caso importa existir bom-senso e comprometimento, pois um dia virão as responsabilidades e alguém recordará as falsas promessas realizadas. Não sendo uma mentira, será uma promessa de «perna curta» ... No que à nossa região diz respeito, espero ver por parte de todos os partidos com assento parlamentar um compromisso com ALGARVE INFORMATIVO #206
vários projetos que já aqui abordei no âmbito de outras crónicas, e que são cruciais para a região. Recordo a construção do novo Hospital Central do Algarve, a requalificação integral da Estrada Nacional 125, a circulação na Via do Infante/A22 sem portagens diretas para o utilizador e/ou a melhoria dos transportes públicos. Acrescem outras orientações como o reforço do apoio à atividade turística; o investimento na diversificação económica; o reforço da coesão social e territorial; a criação de medidas de apoio à natalidade e qualidade de vida, entre outras. Relativamente aos candidatos que vão defender esses projetos, é minha convicção que devem ser da nossa região. Não obstante alguns bons exemplos que já conheci, creio que chegou o momento de dizer «não» aos «para-quedistas» que somente visitam a região aos fins-desemana, ou nas férias de Verão, mas que não tendo aqui vivido, nunca sentiram os nossos problemas e não entendem os nossos constrangimentos. Não discuto a sua competência, integridade ou generosidade, contudo, acredito que temos massa crítica suficiente na região para não necessitar de cabeças de lista nacionais (independentemente do seu apelido). Por fim, para que tudo funcione e para que tenhamos bons resultados, não se pode esquecer a participação de cada um de nós enquanto cidadãos. Há que participar ativamente na defesa do bem comum da nossa comunidade e não somente criticar através das redes sociais ou nas conversas de café . 132
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OPINIÃO
Cinema: Mulheres Forçadas a Tornarem-se Produtoras Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) em rodeios, e sim, vou dizê-lo porque é importante bater na mesma tecla até soprarem os ventos da mudança: não há igualdade de género no cinema. Gostemos ou não, os EUA ainda são a referência em relação à indústria cinematográfica, tanto em termos de produção e de consumo de cinema nacional. E se neste país o pêndulo está injustamente inclinado - temo pensar como andamos aqui por Portugal. É melhor colocar uma venda e dormir uma sesta para não ficar deprimida. Os resultados de alguns estudos fizeram-me cair o queixo. Um deles indica que para cada 22 homens realizadores existe apenas uma mulher realizadora (em Hollywood). Nos Oscars a desigualdade é tão gritante que chega a ser ridícula. Parece que as mulheres só recebem prémios no departamento de figurino e maquilhagem… Se pensarem bem, não se vos faz lembrar um mundo medieval ligeiramente paternalista e masculino em que as mulheres só pensam em pintar-se e maquilhar-se? Cérebro para que te quero? O Festival de Cannes tem sido severamente criticado pois em 70 anos, repito, 70 anos, apenas uma mulher, Jane Campion (com o filme «The Piano») foi premiada com a Palme d’Or. Que diable se passe-t-il? A revolta está a estalar os nossos vidros de passividade. Mas nos últimos anos é que nos caiu a ficha: “Então, mas se for eu a «mandachuva» do pedaço, contrato quem quero, ou seja, posso colocar realizadoras a trabalhar?! Eureka!”. Ava DuVernay, uma realizadora tardia e brilhante, começou a produzir os seus projetos ALGARVE INFORMATIVO #206
e criou a sua própria produtora, a «Array», forte, nova e irreverente, e com a Oprah Winfrey apadrinhá-la. Atrizes então nem se fala, já saturadas de fazerem sempre o mesmo tipo de papéis escritos por homens, lançaram-se com a maior pujança para trás das câmaras ou agora andam com o badget de «Produtora Executiva». Algumas também criaram as suas produtoras: Margot Robbie, Natalie Portman, Reese Witherspoon, Sandra Bullock, Charlize Theron, etc. Na minha humilde versão, também tive de recorrer a isso, e claro que falo de projetos de uma magnitude muito pequena, como curtasmetragens, mas mesmo numa escala menor senti o mesmo, e graças a uma força vinda dos céus foi como se fosse iluminada. Mas saltei de trampolim para trampolim, deixem-me que vos explique. Inicialmente achei que a minha carreira iria ser como argumentista, depois apercebi-me que, se queria ver os meus projetos saírem do papel, tinha de ser eu a realizá-los, e agora passei também a bancá-los, passando para coprodutora executiva do meu último filme. A nossa revolta não se prende a uma soberba superficial “tenho direito de fazer filmes porque sou mulher”. A nossa revolta baseia-se no conceito de “não vou ser excluída de fazer filmes por ser mulher. Bitches”. A Reese Whiterspoon (produtora e atriz na série «Big Little Lies» – que foi o maior sucesso e prepara-se para sair uma segunda temporada), disse algo do género: “Se queres alguma coisa feita, fá-la tu própria”. E é isso . 134
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OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS…
Os macacões Fernando Cabrita (Poeta e Advogado) espectáculo mais triste a que temos assistido nos últimos meses tem sido o desfile de comendadores, altas patentes da indústria e da banca, conselheiros de administrações várias, ex-ministros, secretários de várias governanças, jubilados dourados da coisa pública e outros prebendados do regime, a declararem-se publicamente, ante os seus pares e ( às vezes...) ante os jornalistas, que não se lembram de nada. Como os macacos da fábula: não viram, não ouviram, não sabem. Para lá dos macacos — portanto, já ao nível mesmo de macacões — estes agora ainda por cima não perceberam. Não entenderam, não deram por isso. Portanto, como não viram, não ouviram, não se lembram e, caso tenham assinado, não perceberam, os monos não têm nada a dizer. Gente esquecida, portanto. Gente que passado dois ou três ou cinco anos não tem ideia a que propósito lhe caíram milhões nas contas, a que propósito assinaram actas onde se emprestavam outros milhões a putativos insolventes, a que propósito se concedia crédito a bufarinheiros engravatados que já se adivinhava que nada pagariam. Não preciso explicar do que é e de ALGARVE INFORMATIVO #206
quem estou a falar, pois não? É que acredito que tu, leitor, contrariamente aos macacões, te lembras bem do que viste e ouviste nestes tempos correntes, seja em conversas em família, seja em comissões de inquérito. Curiosamente, nenhuma pergunta jamais foi entretanto feita aos desmemoriados – sempre gente paga a peso de ouro nesses cargos que ocupara –, a saber se alguma vez, naquele mesmo período em que afiançam que nada percebiam e em que de tudo se esqueciam, se esqueceram alguma vez de ir levantar o ordenado, a prebenda, o bónus, a alcavala, o subsídio ou a senha de presença pelo cargo que ocupavam. Também não importa. A essa pergunta já conhecemos a resposta. Não se esqueceram. Nunca se esquecem. A amnésia bate-lhes só naquela parte das coisas que assinaram e de onde agora saltam rabiando as dúvidas e os esquemas. O Alzheimer ataca-os só, selectivamente, naquelas duvidosas e ominosas actas que agora se percebem envolver transações a favor de outros monos. Quando foram colocados lá onde foram — administrações de bancos, de empresas públicas, de PPP, de agências estatais — outros monos da tribo asseguraram-nos que eram as 136
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mais qualificadas pessoas para o lugar. Os CEO de sucesso. Os melhores técnicos. Os mais indicados. Por isso, tinham que ser pagos por aquela pauta vencimental de nababos. Sempre tabelas altas, de fartar vilanagem. Se não fosse assim, diziam-nos, eles poderiam ir para outros empregos; e lá perdia a pátria esses inestimáveis valores técnicos e humanos. Vai- se agora a ver, deram de pantanas com o que administravam. Engordaram comilões privados com dinheiros públicos. Levaram a banca à glória. Afundaram empresas. Rebentaram com saldos credores abundantes. Puseram em risco a economia. Justificaram a intervenção da Troika e de todas as troikas que possam ainda vir. E aí estão, pavoneando- se, comentando em jornais e televisões, mas— coitados! — falhos de memória. Se era para fazer o que fizeram— assinar de cruz, dar a quem não podia devolver e facilitar milhões a amigos e arrimados — e não perceber sequer o que estavam a fazer ( como agora alegam), —que necessidade tínhamos de lhes pagar essas fortunas mensais que receberam para ali estar? Para que necessitávamos de tanta qualificação, tanta elevação académica, tanta qualidade técnica que só poderia ser paga com aquelas fabulosas gratificações e com as generosíssimas reformas que depois acrescem? Bem podiam ter ali ALGARVE INFORMATIVO #206
colocado um analfabeto, pagar-lhe o salário mínimo; e a coisa sairia, ainda que com o mesmo resultado desastroso, muito mais barata. Com a grande vantagem adicional de que, ora ouvido, o analfabeto decerto se lembraria de alguma coisa. Sei lá, de que assinara porque lhe tinham então dito para o fazer e que não ficaria mal; e não ficara. Ou então um cego surdo-mudo. Não faria pior figura que estes trastes de comenda e pendão que desfilam à hora da nossa refeição, nos écrans, com trejeitos de régulos que foram incomodados nas suas digestões para lhes perguntarem coisas menores. De facto, assim vai a coisa. Pagamos-lhes fortunas para que, sob a sua vista, afinal medrassem a clientela impura, as negociatas, as falências, o desvio galopante do erário público. Pelo menos isso é o que anda por aí em investigação e acusações. Agora esclareço. Quando digo que este é um triste espectáculo, é-o de facto. Mas não para os régulos sem lembrança. Esses estão bem e recomendam-se. Provavelmente até já andarão por novas administrações e sinecuras. Comendados ou recomendados. Triste, triste, é para ti, leitor, para nós — que pagamos as fortunas e perdemos o erário; e pagaremos com língua de palmo tudo. Se calhar até o Memofante que os prebendados ainda reclamarão .
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OPINIÃO
Nelson do Poço da Morte Paulo Bernardo (Empresário) sta semana um amigo, que admiro muito, chamou-me Nelson do Poço da Morte, isto porque o mesmo era um herói da sua infância. Contudo, essa comparação fez me refletir, e de facto ser empresário tem muito do Nelson do Poço da Morte. Ele na sua mota, faziam-se anunciar da seguinte forma: “Nelson, o homem que riscou do dicionário a palavra medo e escreveu arrojo, audácia, emoção!”. O Nelson fazia-se acompanhar pela sua companheira Ruth. Que o mesmo amigo disse que era uma mulher bonita. Pegando nas palavras arrojo, audácia e emoção, não é que casam perfeitamente com a vida que eu levo, andar de terra em terra vendendo o que bem se faz no Algarve, promovendo uma empresa que passa despercebida aos locais, mas que é conhecida pelo Governo Americano, pelo Governador do Estado de São Paulo e pelo Governador de Brasília. Fruto de arrojo, sim, com o dizia o Nelson, sem essa vontade de sair da zona de conforto não tinha chegado aqui. Audácia, essa também é necessária, é o combustível para arrastar a mala. Obviamente que, se não gostasse e não me emocionasse com estas aventuras, não teria feito nada disto e ainda hoje estava onde não me emocionava, a trabalhar num banco. Contudo, este arrojo, audácia e emoção, começaram em mim bem cedo e quase por acaso. Um dia não sei bem porquê pedi aos meus pais e, com a ajuda dos meus tios que estava no Canadá, fui para lá três meses nas férias do Verão. Tinha dezasseis anos, aí foi quando estraguei tudo, pois passei de um ALGARVE INFORMATIVO #206
Portugal, ainda muito fechado e fui para um país a sério. Chorei quando saí de Faro e chorei quando voltei, mas o que foi já não foi o mesmo que voltou. O menino de Bordeira tinha visto o mundo, depois, e como gostava dessas coisas de aventuras, foi estudar para a Grécia, cerca de três meses, estágio de final de curso já com vinte e um anos. Foram estas primeiras voltas no poço da morte que me fazem hoje ser o que sou, foi ter sido ajudante de pedreiro com o meu tio no Canadá e ter trabalhado numa fábrica na Grécia que me abriram os olhos para o que é isto do mundo e mostrou-me que nós, portugueses, nos adaptamos sem problema nenhum. Cada vez mais Portugal é pequeno para os seus e não entende os que estão fora, não se cria condições para que eles cá invistam e tragam o que sabem. São visitados pelo 10 de Junho para dizer que não se faz nada. O Nelson do poço da morte nunca foi meu herói, gostava mais do Errol Flynn e das suas aventuras de capa e espada, ou do Johnny Weissmuller como Tarzan, mais tarde Sylvester Stallone em vários papeis. Hoje, a maior parte dos meus heróis não tem nome famoso, mas são os que se levantam todos os dias para trabalhar e criar emprego. Pois só verdadeiros heróis arriscam a ser empresários, criar emprego, pois o nosso país não está preparado para isso. Também são meus heróis todos os que partiram para fora das nossas fronteiras para poder ter sucesso, em particular os que saíram já com idade de estar a iniciar uma fase de algum repouso, mas o nosso país é bem menor que o seu povo . 140
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MUNICÍPIO DE ALBUFEIRA DISTINGUIU 77 PME LÍDER E EXCELÊNCIA Câmara Municipal de Albufeira distinguiu 77 empresas do concelho cujos resultados de desempenho económico no ano transato mereceram o reconhecimento de estatuto de PME Líder ou PME Excelência, pelo IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação, numa parceria com o Turismo de Portugal e com os principais bancos a operar no país. “É sempre muito bom vermos o gráfico das nossas empresas a evoluir e temos tido em Albufeira um crescimento exponencial, o que nos diz que este concelho continua a crescer economicamente. Este crescimento afeta positivamente todo o tecido social e, embora este desenvolvimento seja maioritariamente da área turística, significa que todos os outros sectores estão envolvidos, como a Agricultura, as Pescas, o Sector Lúdico e outros”, afirmou o Presidente da Câmara, José ALGARVE INFORMATIVO #206
Carlos Rolo, acrescentando: “Temos que nos sensibilizar para que este crescimento tenha em atenção o futuro, nomeadamente no que se refere às alterações climáticas. A riqueza que aqui temos, contas feitas, é a do Ambiente”. Estes estatutos, atribuídos desde há seis anos pelo IAPMEI, traduzem-se num instrumento de qualificação de empresas, assinalando as pequenas e médias empresas com os melhores indicadores económico-financeiros, provando a continuidade das suas estratégias de crescimento e de liderança competitiva. A obtenção dos selos de qualidade PME Líder e PME Excelência traduz-se em diversas oportunidades às empresas, nomeadamente no acesso ao crédito, melhores condições de financiamento e de aquisição de produtos e serviços, facilidades nas relações com a banca e 144
administração pública, e ainda um certificado de qualidade na sua relação com o mercado. Este ano, o IAPMEI distinguiu 2 mil e 378 empresas com o estatuto de PME Excelência. No distrito de Faro mereceram este galardão 193 empresas, sendo que as do sector do turismo representam mais de metade das premiadas na edição de 2018. “Cada vez que uma empresa do Algarve atinge este patamar na economia do país, só temos que a ver como exemplar, porque aqui no Algarve continua a ser tudo muito mais difícil, quer pela sazonalidade a que está sujeita, quer por outros motivos”, frisou o Presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, Paulo Freitas. Já o presidente do IAPMEI, Nuno Mangas, mostrou-se visivelmente satisfeito com os resultados de Albufeira. “Estamos a celebrar o vosso contributo para a economia, a qual cresceu de 23,5 para 30 por cento. O nosso objetivo é chegar às 100 empresas Líder e 50 empresas Excelência e para isso têm que ser mais exportadoras e mais criativas”, desafiou. Presente também na cerimónia esteve o Diretor da Turismo de Portugal, Nuno Alves, que avançou com dados consideráveis: “Como motor da economia, o Turismo representa 9 por cento das exportações e 52 por cento dos serviços. Atualmente, o Turismo português é a 14.ª economia mais competitiva do mundo e talvez para o próximo ano atinjamos a 10.ª 145
posição. Mas, para isso, precisamos de empresas como as que aqui estão e que dão o bom exemplo às outras, porque são líderes, porque são excelentes”, frisou. “O Turismo tem sido essencial para a recuperação económica do país, que culmina depois numa coisa que muito me apraz e que é a aquisição de emprego, que é para isso que trabalhamos todos os dias”, continuou aquele responsável. O tributo para o Turismo daquele organismo tem passado pela redução do IVA na restauração e pela criação de linhas específicas de financiamento. Em relação ao Algarve, Nuno Alves lembrou existir uma linha específica para a região de 30 milhões de euros, “que acaba no final deste ano e pensávamos que, na chegada deste Verão, já estivesse esgotada”. “Mas temos muito poucos projetos e o dinheiro está longe de se esgotar. Interessa-nos crescer em volume, mas também em valor e para isso precisamos de inovar, de criar novas ideias para a captação de novos públicos e novos países”, defendeu o dirigente .
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TRÊS CENTENAS DE CRIANÇAS CELEBRARAM O AMBIENTE COM FILIPE PINTO
erca de três centenas de crianças dos Jardins de Infância de Caliços, de Vale Pedras, da Correeira, de Vale Pedras e do Jardim Grãozinho d’Areia acolheram o convite do Município de Albufeira para assinalarem, no dia 5 de junho, no Auditório Municipal, o Dia Mundial do Ambiente, na companhia do jovem músico Filipe Pinto. Depois de um espetáculo onde pontuaram as canções, todas as crianças receberam o segundo livro do projeto «O Planeta Limpo do Filipe Pinto», sob o tema «+ Energia», que sensibiliza os leitores para a importância das energias renováveis. Aos aplausos, risos e algumas coreografias das simpáticas personagens Tito, Micas e Tobias, juntou-se também uma exposição de máscaras feitas pelos alunos que estiveram a assistir ao ALGARVE INFORMATIVO #206
espetáculo, alusivas às aves que utilizam a Lagoa dos Salgados durante o inverno. Estas máscaras derivam de um concurso que teve por objetivo sensibilizar os mais jovens para a importância ecológica desta zona húmida existente em Albufeira, bem como para a diversidade de espécies de aves que alberga, especialmente fora do Verão, no âmbito do projeto «Cidadania para a Natureza». Todos os anos a área de Ambiente do Município de Albufeira celebra este dia conjuntamente com as crianças. Este ano, o destaque foi para a importância das energias renováveis, como as ondas do mar, o sol, o vento, a biomassa, a geotérmica e a energia da água. “Foi a minha filha quem me sensibilizou para a reciclagem e vocês são muito importantes para o ambiente, são vocês que têm que ensinar os pais e os avós lá em casa. Nós fazemos o nosso trabalho, mas todos devemos ajudar e nunca deitar lixo para o chão é já um bom princípio. Por isso, temos que lutar por um futuro mais feliz e vocês é que são os grandes heróis de agora”, afirmou na ocasião o Vereador 146
responsável pelo Ambiente, Rogério Neto. E, para o Presidente da Câmara Municipal, educar as crianças é fundamental. “Elas têm cuidados com o ambiente e sabemos que ficam desoladas com o que vêem sobre o estado do Planeta. A sociedade não progride enquanto houver crianças
tristes. Hoje, creio que não teríamos uma parte considerável dos atuais problemas ambientais, caso todos tivéssemos sido educados para isso. Não podemos descurar nesta matéria”, avisou José Carlos Rolo .
SEGURANÇA VIÁRIA E VISIBILIDADE NOTURNA EM ALBUFEIRA MOTIVAM CONTRATOS DE 344 MIL EUROS bidireccionais e sinais de passadeira com tecnologia LED. Estes materiais serão colocados junto de passadeiras para as tornar mais visíveis durante a noite.
oram recentemente assinados dois novos contratos, no valor de 344 mil e 400 euros, com IVA incluído, com vista a dotar o Município de Albufeira de mais e melhor sinalização e iluminação da via pública. Um diz respeito à sinalização vertical, tratando-se de substituir a que já se encontra em mau estado (gasta pelo sol, danificada, etc.) e novos locais serão igualmente dotados de sinalização. O outro contrato destina-se à colocação de balizas flexíveis, marcadores solares 147
O investimento, de acordo com o Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, resulta “da forte e notória ação que estamos a ter em toda a rede viária do Município; para além do piso, há todo um conjunto de estruturas que reforçam a eficácia no que se refere à segurança das pessoas”. José Carlos Rolo adianta que a Câmara Municipal está a envidar todos os esforços “para termos um concelho seguro, limpo e com vias repavimentadas e devidamente sinalizadas” . ALGARVE INFORMATIVO #206
CLIMA DE PAZ NA TOMADA DE POSSE DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO MARIM auditório da Biblioteca Municipal acolheu, no dia 11 de junho, a cerimónia da tomada de posse do novo executivo da Câmara Municipal de Castro Marim para um mandato de dois anos - 2019/2021 -, na sequência das eleições intercalares que se realizaram a 2 de junho. Do novo executivo autárquico fazem parte o presidente reeleito Francisco Amaral (Castro Marim + Humano) e os vereadores Filomena Sintra (Castro Marim + Humano), Victor Rosa (Castro Marim + Humano), Célia Brito (PS) e Vera Martins (PS). “O passado passou. Conto com todos vós. Tenho uma excelente equipa. Agora seguem-se dias de paz e chegou a altura de canalizar o nosso tempo e energia só para trabalhar pela positiva e por Castro Marim”, declarou o presidente Francisco Amaral.
que urgem para Castro Marim, como o abastecimento de água potável a todo o concelho, a renovação da rede de água e saneamento básico na sede do concelho e na rua principal de Altura, a praia fluvial de Odeleite, o passadiço que ligará a praia de Altura à da Manta Rota, duas áreas de autocaravanismo (uma em Altura e outra em Castro Marim), a rede de ciclovias a ligar Castro Marim e Vila Real, à Altura, à Junqueira, passando pelo Monte Francisco, a criação de um parque empresarial, a requalificação da envolvente do cais da Foz de Odeleite, entre muitos outros projetos. Perante o atraso de alguns destes investimentos, o autarca sublinhou ainda o esforço que a Câmara Municipal de Castro Marim vai encetar no seu desenvolvimento, na tentativa de “garantir ainda os fundos comunitários que as financiam” .
No seu discurso, o edil lembrou as obras ALGARVE INFORMATIVO #206
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LAGOA WINE SHOW TRAZ BOM VINHO, FADO E GASTRONOMIA AO CORAÇÃO DA CIDADE DE LAGOA m bom vinho em noites de calor, acompanhado com fado e a boa gastronomia da região, são os ingredientes para mais uma edição do Lagoa Wine Show, que se realiza, de 20 a 22 de junho, no coração desta cidade historicamente ligada ao património vitivinícola algarvio (Praça da República, Largo Alves Roçadas e Rua Coronel Figueiredo). Os palcos Colheita Selecionada, Vinhas Velhas e Grande Reserva proporcionarão a todos os visitantes grande provas e deliciosos momentos de usufruto musical daquele que é já um estilo condecorado como Património Imaterial da Humanidade: o fado. Mas há ainda Fado à Mesa e Fado à Janela e fadistas e músicos percorrem os restaurantes da rua atuando várias vezes por noite, levando à música à mesa dos visitantes do Lagoa Wine Show.
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Gisela João, Marco Rodrigues e Maria Emília são apenas três dos artistas que juntam a sua voz às cordas das guitarras e às cores e sabores do Lagoa Wine show 2019. À festa do palato e da música juntamse os sabores do Show Cooking harmonizado pelos Vinhos da Região. O Lagoa Wine Show é de entrada livre e decorre entre as 19h30 e as 00h. Mediante o pagamento de três euros, o visitante receberá um copo comemorativo da data, com o qual poderá provar as várias propostas presentes, de Norte a Sul do país. Para além dos vinhos de várias regiões, o evento atrairá à Rua Coronel Figueiredo representações gastronómicas como tapas, queijos, enchidos e doçaria. Existirão ainda zonas de estar distribuídas ao logo das quatro áreas de expositores .
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ECO-FAMÍLIAS PREMIADAS EM QUARTEIRA ealizou-se, no dia 11 de junho, no Auditório do Centro Autárquico de Quarteira, a entrega de prémios às Eco-Famílias da Freguesia de Quarteira. A ação decorreu no seguimento de um desafio em forma de concurso, promovido pela Associação Bandeira Azul em conjunto com a Junta de Freguesia de Quarteira, que pretendeu informar a população em geral sobre opções de vida mais sustentáveis, distinguindo e premiando as famílias que evidenciaram maiores preocupações com o ambiente, o território e a comunidade nesta freguesia do concelho de Loulé. As três famílias com maior pontuação foram as representadas por: José Brás (1.º lugar), Patrícia Guerreiro (2.º lugar) e Jorge ALGARVE INFORMATIVO #206
Doria (3.º lugar). Para além de um certificado e de um troféu, as famílias mais eco de Quarteira receberam um voucher Cabaz Bio no valor de 250, 150 e 100 euros, respetivamente. Foram ainda entregues certificados aos participantes que obtiveram pontuação superior a 50 por cento no concurso, representadas por António Caldeira, Filipa Nunes e Frederico Rufino. A sessão contou com a presença do Presidente da Junta de Freguesia, Telmo Pinto e de Eduardo Amador e Sónia Neves do seu executivo. Recorde-se que a participação da população de Quarteira no Concurso Eco-Famílias contribuiu para a conquista do Galardão Eco-Freguesias XXI . 150
MUNICÍPIO DE LAGOS INVESTE MAIS DE MILHÃO E MEIO DE EUROS NA RENOVAÇÃO E REFORÇO DO SEU PARQUE AUTOMÓVEL Câmara Municipal de Lagos aprovou, na sua última reunião ordinária, a abertura de vários concursos para a aquisição de viaturas, no valor global de mais de um milhão e meio de euros. O objetivo deste investimento é dotar os serviços municipais dos recursos necessários e adequados para resposta às exigências decorrentes das muitas esferas de competência municipal. A fatia financeira mais expressiva vai para a limpeza urbana, uma vez que está prevista a aquisição de três viaturas de recolha de resíduos sólidos com um preço base de 750 mil euros. Duas delas serão viaturas de 26 toneladas e estarão dotadas de um sistema de compactação por rotação com capacidade aproximada de 20 metros cúbicos, enquanto a terceira, mais pequena, será de 12 toneladas e com uma capacidade aproximada de oito metros cúbicos. O transporte regular de passageiros no âmbito do serviço flexível d’ A ONDA – Transportes Urbanos de Lagos, a implementar nas zonas rurais, é outra das vertentes incluídas nesta medida, prevendo-se, para o efeito, a aquisição de dois miniautocarros que deverão custar ao Município 200 mil euros. Prevista está também a aquisição de uma viatura pesada de mercadorias com grua (preço base de 180 mil euros), quatro viaturas 151
ligeiras de mercadorias (preço base de 131 mil euros) e 15 viaturas ligeiras (preço base de 288 mil euros) para auxiliar as tarefas diariamente executadas em serviço exterior, estando incluído neste último lote uma viatura ligeira de passageiros (9 lugares), legalizada para transporte de crianças, a utilizar nos transportes escolares. O investimento foi justificado pela antiguidade e obsolescência do parque automóvel existente, pelas exigências legais que vigoram, nomeadamente no que concerne ao transporte de crianças, e pela necessidade de apetrechar a estrutura municipal, tornando-a mais eficaz e eficiente, designadamente na execução de trabalhos de manutenção e conservação do espaço público e edifícios municipais, fiscalização de atividades e prestação de serviços diversos à população . ALGARVE INFORMATIVO #206
LOULÉ VAI TER APOIO COMUNITÁRIO PARA APOSTAR EM SISTEMAS INTELIGENTES DE TRANSPORTE Município de Loulé vai participar no projeto nacional «Cooperative Streets» do Instituto da Mobilidade e Transportes, inserido na Plataforma C-Roads, com o objetivo de aliar as novas tecnologias à mobilidade urbana, na senda do que é o conceito das «Smart Cities». Através de um acordo celebrado, no dia 6 de julho, em Eindhoven, numa sessão promovida pela Comissão Europeia, o Instituto da Mobilidade e Transportes irá receber 32 milhões de euros a repartir entre os 22 parceiros do projeto. A Câmara Municipal de Loulé, um dos parceiros desta iniciativa, irá em breve assinar um acordo com o Instituto, e assim receber uma parte desse fundo europeu, que será investido, em estreita colaboração com a Loulé Concelho Global, ALGARVE INFORMATIVO #206
na modernização, acessibilidade e digitalização da rede de transporte em Loulé e Quarteira. O projeto «Cooperative Streets» pretende implementar pilotos de serviços de CITS (Cooperative – Intelligent Transport Systems/sistemas inteligentes de transporte) em várias áreas urbanas e alimentar a rede TEN-T (TransEuropean Transport Network/rede transeuropeia de transporte), complementando o âmbito do projeto C-Roads Portugal. São objetivos a segurança rodoviária, nomeadamente a redução de acidentes e incidentes; a promoção da coesão, fazendo a ligação entre grandes áreas urbanas ao longo da rede principal; a promoção da descarbonização, dinamizando também o uso do transporte público e as soluções de mobilidade baseadas nas necessidades individuais. 152
O sistema inteligente de transporte é um conjunto de soluções tecnológicas e tem como objetivo levar comodidade e conforto aos usuários de transporte público. Existem diversos tipos de dispositivos que compõem esse sistema como o GPS, posicionamento geográfico, os softwares de bilheteira eletrónica e de gestão de frota, o sistema de informação ao passageiro, os sensores de telemetria e a comunicação entre os carros e a central. “A participação neste projeto e a implementação de medidas inovadoras ao nível da mobilidade urbana, assentes na tecnologia de ponta, também em harmonia com outras cidades europeias, é mais uma das muitas ações levadas a cabo no Concelho com o objetivo de promover a descarbonização e a defesa do ambiente, sempre a pensar na qualidade de vida dos seus munícipes e das futuras gerações”, justificam os responsáveis do Município de Loulé.
debaterem o setor e encontrarem, em conjunto, caminhos para o futuro. Em 2020, o congresso irá decorrer em Lisboa, entre os dias 18 e 21 de maio. Ainda no âmbito deste Encontro, o executivo camarário louletano recebeu 15 mil euros, resultante de um acordo assinado em setembro de 2018 com a Comissão Europeia, integrado no projeto «WIFI 4EU». Este fundo destinase ao alargamento da rede WIFI gratuita no Concelho de Loulé, nomeadamente nalgumas zonas do interior, cobrindo este valor o equipamento e instalação de pontos hotspot em espaços públicos, de forma a promover o acesso livre e de qualidade ao nível da cobertura de internet aos munícipes .
A Autarquia de Loulé marcou presença no Congresso Europeu ITS 2019, o maior evento europeu dedicado à mobilidade inteligente e à digitalização dos transportes, em Eindhoven, no dia 6 de junho. O Congresso, que este ano decorreu na Holanda entre 3 e 6 de junho, foi uma oportunidade para reunir os agentes europeus e mundiais do setor, de forma a partilharem experiências, 153
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ALGARVE É NOVAMENTE O MELHOR DESTINO DE PRAIA DA EUROPA EM 2019 Algarve recebeu, no dia 8 de junho, o prémio de «Melhor Destino de Praia da Europa em 2019», no âmbito da cerimónia dos World Travel Awards. Esta é a sexta vez que o Algarve alcança esta distinção (2012, 2013, 2015, 2016, 2017 e 2019) e um recorde no que toca à atribuição deste galardão, uma vez que mais nenhum outro destino registou este número de nomeações. “É com um enorme orgulho e satisfação que recebemos a revalidação deste reconhecimento internacional do Algarve”, refere João Fernandes, presidente do Turismo do Algarve. “Acreditamos que este é o resultado do
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compromisso que a região tem vindo a consolidar, não só com a qualidade da sua oferta, mas também com a afirmação e preservação da identidade do destino. A beleza das nossas praias e a diversidade de paisagens naturais, que vão desde extensos areais dourados a pequenas enseadas escondidas entre as falésias, são uma das fortes imagens de marca do Algarve. Mas a oferta da região vai muito para além disso, na medida em que conseguimos apresentar um conjunto de outras propostas de valor acrescentado que contribuem igualmente para sermos reconhecidos como o melhor destino de praia.
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Desde a existência de 47 praias com as acessibilidades necessárias para pessoas com mobilidade condicionada; a inclusão, em muitos desses areais, de postos de prestação de cuidados de saúde disponíveis durante todo o Verão; a implementação de boas práticas ambientais no que toca à limpeza e à preservação desses locais ou ainda o facto de grande parte das praias serem vigiadas em permanência por nadadores salvadores num período que, muitas vezes, se estende para além do encerramento oficial da época balnear”, destaca ainda João Fernandes. A oferta de condições para a prática de diversas atividades e desportos relacionados com o mar e de infraestruturas e serviços de apoio de qualidade reconhecida são outras das características mais valorizadas por quem escolhe as praias algarvias. “Surf, mergulho ou vela, são algumas das atividades de maior sucesso na nossa costa. Contamos ainda com quatro marinas, distinguidas com bandeira azul e reconhecidas internacionalmente. A 155
Marina de Vilamoura tem vindo inclusivamente, desde 2015 e pelo quarto ano consecutivo, a ser premiada com o título de «Marina Internacional do Ano» pela Yacht Harbour Association”, acrescenta João Fernandes. “A combinação de todas estas valências e o trabalho contínuo que tem vindo a ser realizado através da promoção externa permitem que hoje o Algarve se posicione como um destino de luxo acessível e como um destino autêntico, fatores que, cada vez mais, contribuem para que a região se distinga da concorrência”, considera o presidente da RTA. Esta nova eleição como «Melhor Destino de Praia da Europa» vai permitir ao Algarve capitalizar a aposta que tem vindo a ser feita, quer ao nível da fidelização de mercados estratégicos prioritários, mas também da diversificação de outros mercados. “Queremos proporcionar a todos aqueles que nos visitam uma experiência verdadeiramente enriquecedora. Tendo como ponto de partida as nossas fantásticas praias, o nosso objetivo é dar a conhecer uma oferta complementar - que vai desde o golfe, ao turismo náutico e ao turismo de natureza, à cultura e à gastronomia da região, que irá permitir aos turistas descobrir aquilo que faz do Algarve um destino único e genuíno”, explica o presidente do Turismo do Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #206
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #206
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