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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 29 de junho, 2019
«DANCING IN THE WORLD OF MAGIC» | «SOBERANA, MÃE SOBERANA DE LOULÉ» | «FERÔNIA» 1 INFORMATIVO #208 LAGOA WINE SHOW | CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE OLHÃO | ALLIANZALGARVE ALGARVE PRO
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CONTEÚDOS #208 29 DE JUNHO, 2019
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ARTIGOS 9 - «Algarve Seguro 2019» 18 - Posto da GNR de Quarteira 26 - Francisco Amaral 32 - Dia da Cidade de Tavira 42 - Lagoa Wine Show 52 - «Soberana, Mãe Soberana» 66 - «Dancing in the World of Magic» 82 - «Memórias de uma avestruz» 98 - Conservatório de Música de Olhão 114 - Allianz Algarve Pro 128 - «Ferônia» 162 - Atualidade
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OPINIÃO 98
140 - Paulo Cunha 142 - Mirian Tavares 144 - Ana Isabel Soares 146 - Adília César 148 - Fernando Cabrita 152 - Nelson Dias 156 - Alexandra Rodrigues Gonçalves 158 - Vera Casaca ALGARVE INFORMATIVO #208
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GOVERNO REFORÇA MEIOS DE SEGURANÇA, PROTEÇÃO E PREVENÇÃO NO ALGARVE DURANTE O VERÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
o dia em que veio ao Algarve para inaugurar o novo quartel da GNR de Quarteira, o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, esteve também na sede da Região ALGARVE INFORMATIVO #208
de Turismo do Algarve, em Faro, para presidir à apresentação do «Algarve Seguro 2019», programa que pretende responder ao aumento significativo da população residente na região durante os meses de Verão. E porque o objetivo é garantir que Portugal continue a ser um dos países mais seguros do mundo, 8
Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna
o governo aposta num reforço significativo de meios humanos e materiais das forças e serviços de segurança, bem como dos recursos ao dispor do sistema de proteção civil. “O Verão começou no dia 21 de junho, mas nós queremos um Algarve seguro e de sucesso durante todo o ano, no quadro daquilo que é a evolução de um país que se tem afirmado como objeto de uma parceria particularmente feliz. Um país que integra migrantes, que respeita direitos fundamentais, que afirma a qualidade de vida dos portugueses, e que o faz num quadro de absoluta segurança e isso deve-se a uma grande colaboração entre todas as forças e serviços de segurança e as entidades locais”, sublinhou o governante. «Algarve Seguro» que, na opinião de João Fernandes, presidente da RTA, “é um projeto fundamental para que a região possa garantir os elevados níveis de 9
segurança, não só para quem aqui reside, mas para quem nos escolhe como destino turístico”. “Enquanto bem coletivo de inegável valor económico e social, a segurança assumiu-se definitivamente como um dos fatores principais de decisão na escolha de um destino de férias, sobretudo quando estamos a falar de destinos especialmente vocacionados para famílias, como é o caso do Algarve, e quando este fator competitivo acontece no espaço geográfico mais concorrencial do mundo no setor do turismo, o Mediterrâneo”, referiu, lembrando que Portugal foi considerado, em 2019, como o terceiro país mais pacífico do mundo, quando, em 2008, ocupava o 14.º lugar nesse mesmo índice. “Aqui ao lado, o nosso concorrente mais direto situa-se no 32.º lugar. E também o relatório de 2018 da competitividade ALGARVE INFORMATIVO #208
para o setor das viagens e turismo apresenta Portugal com a melhor classificação no indicador «Safety & Security» de toda a Europa do Sul e a 11.ª a nível mundial. É de toda a justiça reconhecermos que, para estes resultados, contribuíram a confiabilidade nos serviços de segurança e o reduzido impacto do crime e da violência nos custos para as empresas”, indicou João Fernandes. O Programa Algarve Seguro visa o reforço e orientação da prevenção criminal e da fiscalização e prevenção rodoviária; um policiamento orientado e de visibilidade junto ao aeroporto, zonas balneares, espaços de diversão noturna, centros históricos, comércio e terminais de transporte; um policiamento de proximidade de forma a garantir uma maior visibilidade policial em zonas
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particularmente frequentadas por turistas, designadamente através de ciclo-patrulhas; a promoção e adoção de uma condução defensiva com vista a assegurar a redução da sinistralidade rodoviária; o reforço da prevenção e vigilância junto das zonas de maior risco florestal; e o combate ao tráfico de pessoas. No que toca à Polícia de Segurança Pública, o programa contempla 36 equipas do Corpo de Intervenção da Unidade Especial de Polícia (360 polícias); quatro equipas de Prevenção e Reação Imediata; equipas mistas de policiamento constituídas por elementos do Corpo Nacional de Polícia de Espanha, da Polícia Nacional Francesa e da Polícia de Segurança Pública; o reforço, sempre que se justifique, de meios humanos de outras Unidades de Polícia, constituídas por Equipas de Trânsito, Equipas de
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João Fernandes Presidente da Região de Turismo do Algarve
Intervenção Rápida e Equipas de Prevenção e Dissuasão; e recurso a ciclopatrulhas. A Guarda Nacional Republicana vai contar com cerca de 200 militares em reforço permanente, quatro Equipas Cinotécnicas e quatro Equipas de Patrulhas a Cavalo; 500 militares destacados para os principais eventos de Verão; patrulhamento misto da Guarda Civil Espanhola, Carabinieri de Itália e elementos da Gendarmerie Nationale de França; cerca de dois mil militares empenhados na intensificação do patrulhamento rodoviário, com o propósito de combater a sinistralidade rodoviária e garantir a fluidez do tráfego; e 950 militares alocados em 818 ações de sensibilização realizadas no âmbito do Programa Turismo Seguro, para prevenir comportamentos de risco durante as férias de Verão. 11
O Aeroporto Internacional de Faro vai ter um reforço de 40 por cento de inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras afetos ao controlo de primeira linha. Para além disso, vão ser desenvolvidas ações de fiscalização entre Pontos de Passagem Autorizados nas Fronteiras Marítimas; vai aumentar o número de controlos móveis a realizar no lado português pelo Centro de Cooperação Policial e Aduaneira de Castro Marim; vão ser levadas a cabo ações de sensibilização dirigidas às entidades empregadoras e trabalhadores dos setores sazonais, para a regularização dos contratos de cidadãos estrangeiros; haverá um incremento das ações de controlo da permanência e atividade de estrangeiros em zonas turísticas; serão implementadas ações de fiscalização dirigidas a locais e atividades ALGARVE INFORMATIVO #208
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económicas com maior risco de imigração ilegal e tráfico de seres humanos; será dado um enfoque nas investigações prioritárias relacionadas com o tráfico de pessoas e redes de auxílio à imigração ilegal; vai-se continuar a apostar na cooperação nacional e internacional como instrumentos essenciais no combate à imigração ilegal e tráfico de seres humanos; e será dada continuidade ao projeto «SEF vai à escola» no âmbito dos Contratos Locais de Segurança em todos os concelhos do Algarve, visando a regularização em território nacional dos alunos estrangeiros. No que toca à Autoridade Nacional de Emergência e de Proteção Civil, o «Algarve 13
Seguro 2019» preconiza mais quatro Equipas de Intervenção Permanente nos corpos de bombeiros de Alcoutim, Monchique e Portimão; o aumento das Equipas de Combate a Incêndios Florestais e Equipas Logísticas de Apoio ao Combate; permanência de um Grupo de Ataque Ampliado do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR, constituído por 35 militares e sete veículos; permanência de dois helicópteros ligeiros na região durante todo o ano; antecipação de um mês das operações do Centro de Meios Aéreos de Cachopo; ações de vigilância realizadas por militares nos concelhos de Alcoutim, Castro Marim, Loulé, Monchique, São Brás de Alportel e ALGARVE INFORMATIVO #208
Tavira; mais uma Brigada de Sapadores Florestais; abertura antecipada dos postos de vigia da rede primária da Rede Nacional de Postos de Vigia; constituição de uma Equipa Tática de Empenhamento de Máquinas de Rasto e uma equipa auxiliar de análise e uso de fogo; constituição de uma Brigada Mista de Rescaldo e Consolidação de Extinção, formada por uma equipa de sapadores florestais, bombeiros e máquina de rastos com comando próprio; Grupo de Combate a Incêndios Florestais com bombeiros não integrantes no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais, sempre que declarado para a região o estado de alerta especial de nível laranja ou superior; formação de uma Brigada de Combate a Incêndios de Bombeiros da Força Especial de Proteção Civil; e duas Equipas de Reconhecimento e Avaliação da Situação de âmbito regional com equipamento diferenciado, incluindo drones. ALGARVE INFORMATIVO #208
Depois de se ficar a conhecer com maior pormenor o Programa «Algarve Seguro 2019», os Contratos Locais de Segurança do Algarve foram novamente alvo de uma apresentação por parte da Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, tendo sido assinado um protocolo com a Safe Communities Portugal e um protocolo de associação ao Contrato Local de Segurança de Lagos do Centro de Assistência Social Lucinda Anino dos Santos. De seguida, os presidentes das Câmaras Municipais de Albufeira, Loulé e Portimão, José Carlos Rolo, Vítor aAleixo e Isilda Gomes, respetivamente, procederam à entrega de autorizações de residência a jovens cidadãos estrangeiros residentes nos seus concelhos .
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QUARTEIRA ENTRA NO VERÃO COM SEGURANÇA REFORÇADA APÓS INAUGURAÇÃO DAS NOVAS INSTALAÇÕES DA GNR Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes
o dia em que foi apresentado o Programa Algarve Seguro, 22 de junho, o Ministro da Administração Interna, Eduardo ALGARVE INFORMATIVO #208
Cabrita, e a Secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, Isabel Oneto, deslocaram-se também à cidade de Quarteira para inaugurar as novas instalações do Subdestacamento Territorial da Guarda Nacional Republicana num dos mais concorridos 18
polos do turismo nacional. “Este investimento dá finalmente condições dignas a quem serve a GNR em Quarteira e vai estar ao serviço dos quarteirenses, dos algarvios, de todos os nacionais e estrangeiros que em Quarteira gozam férias, vivem ou trabalham”, referiu Eduardo Cabrita relativamente à obra, que implicou um investimento de um milhão de euros e que passou pela adaptação das antigas instalações dos bombeiros nesta cidade, numa localização privilegiada no coração de Quarteira, em plena avenida marginal. Também o Comandante-Geral da GNR, Luís Botelho Miguel, falou da mais-valia deste novo edifício em termos do “significativo avanço na qualidade de atendimento ao cidadão, mas também nas renovadas condições de trabalho 19
para o esforço diário dos militares, sinónimo de reconhecimento e incentivo para fazer mais e melhor”. “Estas novas instalações, pela modernidade e funcionalidade, aliadas à sua localização, devem projetar-se na comunidade como um património de todos e para todos, facilitador das respostas às necessidades”, considerou o responsável máximo desta força de segurança. Com uma presença na freguesia que remonta à década de 80, a GNR operava nos últimos anos em instalações adaptadas na antiga escola profissional de Quarteira. Este Subdestacamento Territorial (assim designado desde o ano de 2014) atua na zona de ação de cerca de 38 quilómetros quadrados, servindo uma comunidade da ordem dos 30 mil ALGARVE INFORMATIVO #208
habitantes, número que aumenta exponencialmente na época alta do turismo algarvio. No ano transato, registaram-se em Quarteira 1.800 patrulhas, “numa ação preventiva e de auxílio às populações”. A “profícua e decisiva” cooperação institucional entre o Ministério, a GNR e o Município de Loulé, realçada por Eduardo Cabrita durante a cerimónia, continua assim a dar frutos, depois do Posto de Salir ter aberto portas em 2017 e também das melhorias em curso no edifício de Loulé, numa altura em que estão para breve outras inaugurações na área da segurança, proteção e socorro no Concelho de Loulé, ao abrigo desta parceria entre o governo central e local, designadamente o Posto da GNR de Almancil e as instalações da Proteção Civil, nomeadamente o CDOS - Centro Distrital de Operações de Socorro, em Loulé, e a ALGARVE INFORMATIVO #208
BAL - Base de Apoio Logístico, em Quarteira. Conforme revelou Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, estes equipamentos significam um investimento que ascende a 5,2 milhões de euros - 2,5 milhões de euros no que toca à GNR e 2,7 milhões de euros à Proteção Civil – para além da cedência dos terrenos. Para o edil, o próximo passo nesta matéria será acelerar o trabalho em curso “para que nos três anos vindouros a GNR possa ter no Algarve instalações condignas para o seu comando distrital”. Também nesta tónica da importância das políticas de segurança e proteção dos cidadãos, e aliando às questões ambientais, o autarca anunciou ainda a entrega de bicicletas à GNR de 20
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Quarteira, “de forma a melhorar a eficiência do patrulhamento em áreas de acesso condicionado e, ao mesmo tempo, contribuir para a redução das emissões de carbono”. Numa região turística por excelência, o Ministro que tem a pasta da segurança falou da prioridade que o Algarve constitui para o MAI, sendo esta a única região do país cuja totalidade dos municípios celebrou os Contratos Locais de Segurança. Refira-se que, dos 22 mil efetivos da GNR, 1.500 estão sedeados permanentemente no Algarve. No âmbito do «Algarve Seguro» haverá um reforço de meios e de operacionais, sendo a grande novidade as patrulhas conjuntas com forças congéneres de Espanha, França e Itália. “A segurança é hoje um valor decisivo para a qualidade de vida das populações, para a atração do ALGARVE INFORMATIVO #208
investimento, mas também para o sucesso do turismo”, realçou Eduardo Cabrita, referindo dados do Global Peace Index que aponta atualmente Portugal como o terceiro país mais seguro do mundo. É também essa a ideia de Vítor Aleixo, que foi bem claro ao afirmar: “É da nossa responsabilidade zelar pelo bem-estar de quem aqui vive ou passa férias, sendo que o sucesso de um destino turístico depende muito da capacidade de proporcionar um ambiente seguro aos seus visitantes. Cumpre-nos garantir que as nossas cidades, o nosso concelho, continuem a ser encarados como um destino seguro, pois grande parte da economia da região assenta no setor turístico” .
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“COM GUERRAS NÃO VAMOS A LADO NENHUM”, GARANTE FRANCISCO AMARAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina 4 de junho, 8h30, respirase paz e tranquilidade em Castro Marim. Chegam as individualidades e os representantes das forças de segurança para mais um Dia do Município de Castro Marim. Surge ao final da rua a Banda Musical Castromarinense, toca-se o hino ALGARVE INFORMATIVO #208
nacional, são içadas as bandeiras na fachada do edifício da Câmara Municipal de Castro Marim. Mais daqui a pouco é hora de missa na Igreja de Nossa Senhora dos Mártires. Antes disso, tempo para um cafezinho com Francisco Amaral, o autarca há mais anos em atividade em Portugal. Mesmo assim, este Dia do Município tem um gostinho especial. “Houve recentemente um ato 26
eleitoral que nos deu a maior vitória de sempre do Castro Marim democrático, ou seja, desde há 45 anos. Foi uma vitória expressiva em que o povo disse aquilo que queria, sem margem para dúvidas, ao atribuir-me uma maioria confortável que vai permitir ao executivo que lidero trabalhar em paz”, salienta. Foi, de facto, cerca de ano e meio de “guerra constante, com reuniões de Câmara semanais, autênticos massacres, um espetáculo degradante que não valorizou nada esta terra”, lamenta o edil castro-marinense. “Sentimos que a população agora está contente, alegre, parece que se libertou de um mal-estar que não devia ter acontecido. Houve aqui política da oposição só para destruir, quanto pior, melhor, uma política de «terra-queimada» que o povo
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soube reconhecer”, analisa Francisco Amaral, desejoso de colocar esse período para trás das costas. O problema é que várias obras foram interrompidas, porque “a oposição não olhou a meios para obstaculizar, para boicotar, a ação do executivo”. “Penso que essa página foi virada de uma vez por todas e quero esquecer um período que foi mau demais para ser verdade”, garantiu. Francisco Amaral revelou que se vão reiniciar as negociações e conversações com a CCDR Algarve para tentar recuperar alguns financiamentos que se perderam durante o último ano e meio, obras importantes para o concelho de Castro Marim como as ciclovias, o passadiço que vai ligar Altura à Manta Rota, a Praia Fluvial de Odeleite ou a
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Filomena Sintra, Francisco Amaral e Victor Rosa, o executivo castro-marinense requalificação do centro da vila de Castro Marim. “A CCDR está a par do mau momento que se passou em Castro Marim e estamos convictos de que vai haver bom-senso e que vamos continuar a garantir esses fundos comunitários. Não fôra este clima de constante guerra, existem obras que já deviam estar feitas, como a requalificação da zona onde se realizam os mercados municipais de Castro Marim ou a criação da praia fluvial. O passadiço estaria também já em fase terminal, perdeu-se muito tempo e energias”, desabafou o médico de profissão, lembrando que a Câmara Municipal esteve praticamente parada durante ano e meio por terem sido ALGARVE INFORMATIVO #208
retiradas as normais competências ao seu presidente. “Tudo tinha de ir a Reunião de Câmara semanal, que demoravam quatro, cinco ou seis horas, e tanto eu como a vicepresidente saiamos de lá completamente extenuados. Aliás, houve funcionários da Câmara a meterem atestados médicos porque estavam saturados, imagine-se o que é fazer atas de reuniões infindáveis. Uma simples licença de baile ou prova desportiva tinha que ir a Reunião de Câmara”, critica. Pelas palavras de Francisco Amaral se depreende que toda a sociedade civil de 28
Castro Marim sofreu com este cenário, mas o entrevistado quer colocar uma pedra sobre o assunto e seguir em frente, até porque há muito para fazer para se recuperar o tempo perdido. “Felizmente que tenho uma excelente equipa, bons vereadores, um bom chefe de gabinete, um bom adjunto, bons funcionários e chefes de divisão, e estamos todos a arregaçar as mangas para acelerar com os processos”, garante, lembrando que já foi adjudicada a obra para levar água a todas as povoações do concelho, num investimento que ronda os quatro milhões de euros. “Só vou descansar quando todas as casas deste concelho tiverem água potável. A própria rede de água e saneamento básico da sede de concelho tem mais de 60 anos e todos os dias rompe. Hoje em dia já nem fundos comunitários existem para apoiar estas obras, a União Europeia parte do princípio de que isso está tudo resolvido. Castro Marim se calhar foi o único concelho do país que não aproveitou os fundos comunitários para renovar a rede de água e esgotos na sua sede”. Entretanto, dentro de dias será inaugurada a ciclovia que liga Castro Marim a Vila Real de Santo António e Francisco Amaral deseja que as pessoas andem a pé e de bicicleta com todas as condições de segurança… e também quer parques de autocaravanismo, outro projeto que ficou em stand-by. “Detesto o 29
autocaravanismo selvagem que se pratica em Castro Marim e Altura. Também devemos ser o único concelho de Portugal que não tem um Parque Empresarial. Há uma série de intervenções que têm que avançar agora”, afirma, preocupado, porque é preciso dar mais dinâmica económica ao concelho para se combater a sazonalidade. “Provavelmente seremos também o único concelho do Algarve, e se calhar de Portugal, que não possui uma unidade hoteleira na sua sede. Estou particularmente convencido que, dentro de poucos dias, vamos conseguir licenciar o hotel que faz bastante falta a Castro Marim e temos mais dois projetos de hotéis de grande dimensão para a Verde Lago e Maravelha. Para apoiar esses empresários que querem investir e gerar riqueza no território é preciso uma câmara municipal a funcionar em pleno, e não como aconteceu até aqui”, avisa. E, claro, Francisco Amaral não esquece os mais idosos, que se viram privados, durante algum tempo, da tão apreciada Unidade Móvel de Saúde. “Funcionava e funciona bem com médicos e enfermeiros, foi mais uma estupidez sem sentido nenhum ter-se parado com esse serviço. Aliás, quero rever neste mandato o Regulamento de Ação Social, para que seja mais abrangente e alcance mais pessoas carenciadas, porque ainda há muita gente a passar mal nesta terra. E outra área a que quero dar um maior impulso é na habitação social”, declarou ainda o presidente da Câmara Municipal de Castro Marim . ALGARVE INFORMATIVO #208
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“JUNTOS CONSTRUÍMOS UM FUTURO MELHOR”, DEFENDEU JORGE BOTELHO NO DIA DA CIDADE DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
epois da folia da Noite de São João, Tavira acordou bem cedo, no dia 24 de junho, para comemorar o seu Dia da Cidade, com o ALGARVE INFORMATIVO #208
tradicional hastear das bandeiras e o toque do hino nacional, a que se seguiu, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a cerimónia de doação do Busto da República ao Município de Tavira pela Família Lapa. “É uma cerimónia singela, mas de muitíssimo conteúdo. 32
O executivo camarário tavirense com a Família Lapa
O busto já cá está há alguns anos, mas só agora é que, para memória futura, consta este reconhecimento que o Município deve fazer a quem, num ato de benfeitor, lhe oferece uma peça tão simbólica e que era disputada por outras entidades com mais expressão nacional, mas que, por vontade da Família Lapa, aqui ficou”, enalteceu Jorge Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira. “E aqui ficará para demonstrar a nossa confiança na nossa vivência coletiva e naquilo que é uma democracia representativa, do regime republicano da eleição livre dos representantes da população, do regime do «povo é quem mais ordena», do regime em que a descentralização e as comunidades têm um papel essencial na vida das pessoas”, enfatizou o edil tavirense. 33
Dos Paços do Concelho rumou-se, a pé, para a Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, para a costumeira Sessão Solene onde foram homenageados os funcionários da autarquia com 20 e 30 anos de serviço, bem como a Associação O Pimpão, a Casa do Benfica de Tavira, a Associação de Pescadores e Armadores de Tavira e a Associação Oncológica do Algarve, e os cidadãos Rafael Cordeiro e Maria do Rosário. “Fazem parte da nossa história recente com a sua atividade em prol dos outros e, por isso, o Município decidiu atribuir-lhes o devido reconhecimento público”, justificou Jorge Botelho, que aproveitou a ocasião para fazer um breve balanço dos anos que já passaram neste seu terceiro mandato à frente da Câmara Municipal ALGARVE INFORMATIVO #208
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Jorge Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira
de Tavira. “Temos trabalhado com discrição e eficácia, mostrando resultados, com a consciência de que, como em tudo na vida, há sempre algo a melhorar, mas com a certeza de que cada dia que passa o nosso concelho está melhor, com investimento público em equipamentos municipais, mais reabilitado, com oferta cultural alargada e com mais propostas, com vias de comunicação em melhores condições, mais limpo e sustentável, com níveis crescentes de investimento privado, com apoios na área social e na educação a quem mais precisa e apoios às diferentes associações, permanentemente com as contas certas e pagamentos aos fornecedores a tempo e horas”, sintetizou. 35
Jorge Botelho não escondeu a satisfação pelos resultados alcançados, no campo desportivo, pelos atletas do concelho ao longo da presente época, “o que nos projeta para um compromisso de apoio municipal superior na temporada que se inicia depois do Verão”. “Sei que alguns, poucos felizmente, queriam que o desempenho deste executivo estivesse a correr mal. É a única explicação que tenho para algumas inverdades, boatos, insinuações, maledicência e algo mais que vamos ouvindo e lendo por aí de pessoas que não vão às reuniões de Câmara ou da Assembleia Municipal, que nada perguntam aos vereadores ou a quem ALGARVE INFORMATIVO #208
está informado e que preferem tentar lançar o descrédito e uma ideia de desconfiança sobre a atividade de quem gere a coisa pública, neste caso a Câmara Municipal de Tavira, cujos rendimentos pessoais são unicamente resultantes da atividade para a qual fomos eleitos e a sua forma de vida como autarca é pública”, lamentou o edil, acrescentando que, “com tantas falsidades que lançam e alimentam, contribuem para que, talvez num futuro não muito longínquo, não haja ninguém responsável e preparado que queira gerir os destinos da nossa câmara municipal e que isso nos lance para uma gestão populista e irresponsável de quem não tem capacidade e preparação para tal”. Um cenário que Jorge Botelho não acredita que venha a acontecer, “porque o caminho segue seguro e em frente”. “O ALGARVE INFORMATIVO #208
nosso trabalho está a ser desenvolvido, cumprindo todos os procedimentos legais, com total clareza para quem quer estar informado, nomeadamente com toda a informação exaustiva e detalhada que é prestada sobre tudo nas reuniões de Câmara e da Assembleia Municipal e na perspetiva do mandato autárquico de quatro anos que estamos a cumprir. Ao longo do tempo em que estamos em funções só nos preocupamos com o desenvolvimento de Tavira, na criação de oportunidades de emprego, em cumprir os compromissos eleitorais e resolver as legítimas necessidades das pessoas, prestando contas sobre tudo perante os órgãos municipais, numa gestão aberta e transparente, onde todos os documentos podem ser consultados. É a nossa visão de uma democracia 36
representativa que felizmente funciona, e bem, em Tavira”, assegurou. Prova disso são os vários projetos em curso ou prontos para avançar, como é o caso do Cinema António Pinheiro, cuja obra foi a concurso público internacional, a adjudicação está devidamente validada pelo Visto do Tribunal de Contas, por aproximadamente cinco milhões de euros, e tem aprovada uma candidatura a fundos comunitários de 2,830 milhões de euros. “Não há qualquer erro de projeto. O empreiteiro não abandonou a obra. A obra está neste momento a sofrer uma intervenção de geoarqueologia que, embora demorada, já estava prevista, e esperamos que prossiga muito brevemente, findos estes trabalhos e obtida a necessária autorização da Direção Regional de Cultura do Algarve, pois queremos inaugurá-la no primeiro semestre de 2021”, explicou Jorge 37
Botelho, adiantando que o processo da nova ponte sobre o Rio Gilão também já tem contrato assinado e está em avaliação para Visto no Tribunal de Contas. Do mesmo modo, a intervenção de reabilitação das Piscinas Municipais já tem empresa selecionada e deverá avançar depois do Verão, decorrem as obras de reabilitação do Edifício do Compromisso Marítimo, de reabilitação da Escola de Santo Estevão, de pavimentações na Luz de Tavira e Butoque/Estiramantens e está na fase do relatório final a empreitada de pavimentação da Estrada do Valongo, Eira Pelada/Faz Fato/Carrapateira e Faz Fato/Cintados. “O edifício da Docapesca já não será construído junto ao Mercado da Ribeira, será deslocalizado para a zona das 4 Águas, sendo a sua construção da ALGARVE INFORMATIVO #208
responsabilidade da Docapesca. E junto ao Mercado da Ribeira nada será construído, o depósito de gás também mudará de local e será enterrado, dando lugar a um espaço amplo ribeirinho da Rua Dr. Pires Padinha”, garantiu o presidente da Câmara Municipal. “Na ilha de Tavira, numa obra da Sociedade Polis, a construção do novo cais de acostagem está com boa execução e provavelmente terminará antes do tempo contratual. Até lá, o acesso provisório à ilha instalado terá de desempenhar a sua função, com a tolerância e compreensão de todos. É que não se consegue fazer uma obra desta envergadura e importância sem incómodos”, reconheceu. Ainda em 2019 serão instalados os passadiços ao longo das margens do Rio Gilão por parte da Docapesca e, na zona da Picota e Vale do Junco, a água canalizada ALGARVE INFORMATIVO #208
chegará em breve, em resultado de investimento público que está a ser efetuado pela empresa municipal Taviraverde. De acordo com Jorge Botelho, ainda em 2019 serão lançadas empreitadas de pavimentações nas ruas de Tavira, os arruamentos da Horta do Carmo, a requalificação da estrada de acesso às urbanizações Marlin e Pegada, o arranjo dos verdes na Urbanização Mato de Santo Espírito, a pavimentação da Estrada de Santo Estevão/EN 125 e Bernadinheiro, a empreitada de reabilitação e pintura da Habitação Social Municipal, “e estamos a trabalhar num conjunto de projetos relativos à melhoria do parque escolar municipal, dos equipamentos e edifícios municipais, onde se inclui a reabilitação do canil e gatil municipal, da mobilidade da baixa da cidade e da requalificação dos espaços públicos e jardins municipais, bem como da 38
reabilitação e investimento na zona ribeirinha de Tavira”, revelou. “Continuaremos a investir na reabilitação das nossas igrejas com o lançamento da obra das Igrejas de São Pedro e do Calvário, avançaremos com a empreitada de reabilitação dos altares da Igreja de Santa Maria e com o projeto de musealização da Casa dos Corte Reais”, declarou ainda o edil tavirense. Jorge Botelho não se mostra, por isso, admirado que Tavira esteja na moda, “por sermos associados a um concelho e destino turístico únicos de qualidade, com pessoas de uma simpatia ilimitada, que gostam de receber”. “Na moda por cada vez mais pessoas nos visitarem e gostarem da preservação de um espaço urbano único que a nossa arquitetura demonstra, associado à limpeza do espaço público. Na moda por cada vez mais sentirmos que há procura para
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investimentos e que os vários setores empresariais da nossa comunidade, desde o comércio ao imobiliário e à agricultura, estão dinâmicos. Na moda por termos um concelho que oferece emprego para as pessoas. Na moda por a nossa sociedade civil e as nossas associações trabalharem ativamente em prol do nosso concelho e participarem na dinâmica das ofertas e propostas que são oferecidas às pessoas no município”, destacou, frisando que “continuamos a trabalhar para concretizar todos os objetivos e metas propostas”. “Juntos somos mais fortes. Tavirenses, continuem a confiar na vossa decisão de nos eleger para os destinos da nossa autarquia e, no final do mesmo, avaliaremos o trabalho desenvolvido, sendo certo que juntos construímos um futuro melhor” .
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LAGOA WINE SHOW MOSTROU QUE VINHO TAMBÉM É SINÓNIMO DE CULTURA, TRADIÇÃO E HISTÓRIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oram três noites de degustação de excelentes vinhos, acompanhada com muito fado e a boa gastronomia do Algarve, em mais uma edição plena de sucesso do V Lagoa Wine Show, que se realizou, de 20 a 22 de junho, na Praça da República, no Largo Alves Roçadas e na Rua Coronel Figueiredo, no centro urbano de Lagoa. ALGARVE INFORMATIVO #208
Pelos palcos «Colheita Selecionada», «Vinhas Velhas» e «Grande Reserva» passaram grande provas e deliciosos momentos de usufruto do Fado Património Imaterial da Humanidade, mas houve também lugar a Fado à Mesa e Fado à Janela, para satisfação dos milhares de visitantes de um certame em que os nomes mais sonantes foram Gisela João, Marco Rodrigues e Maria Emília. 42
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À festa do palato e da música juntaramse os sabores de show cookings harmonizados pelos vinhos algarvios, mas havia propostas vindas também de outros pontos do país, assim como representações gastronómicas como tapas, queijos, enchidos e doçaria. O evento nasceu em 2015, ano que Lagoa dedicou à vinha e ao vinho, “que fazem parte da história milenar deste território”, recordou Luís Encarnação, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagoa. “Queremos, em primeiro lugar, homenagear as mulheres e os homens que, muito para além dos 246 anos da existência deste concelho, souberam trabalhar a terra, plantar as videiras, extrair o fruto e fazer esse néctar 45
maravilhoso que tanta fama tem e que levou o nome de Lagoa, não só aos quatro cantos de Portugal, mas também do mundo. E o que é bom para Lagoa é para o Algarve e viceversa”, reforçou o autarca. Homenagear os produtores da região é outra missão do Lagoa Wine Show, por conseguirem contrariar “uma tendência perigosa que por aí andava e que estava consolidada de que os vinhos do Algarve não tinham qualidade”, frisou Luís Encarnação, acreditando que essa ideia está completamente desmistificada, devido a uma estratégia bem sucedida de se escolher as melhores castas para os solos algarvios, combinada com a introdução de ALGARVE INFORMATIVO #208
Luís Encarnação, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagoa
tecnologias de ponta. “Hoje, os vinhos do Algarve estão entre os melhores de Portugal e, conforme se sabe, os vinhos portugueses estão entre os melhores do Mundo. Mas, para os mais desatentos, há atualmente um grande desafio, ou ameaça, para os produtores de vinho dos países mediterrânicos, porque se olha para uma garrafa de vinho e pensa-se que ali está apenas uma bebida com um certo grau ou teor alcoólico. Com este evento queremos dar o nosso singelo contributo para mostrar que, dentro de uma garrafa de vinho, está a cultura, a tradição e a história de um povo”, defendeu Luís Encarnação. Para tal se combina, no Lagoa Wine Show, o vinho com o fado e as marchas populares, mas a autarquia lagoense quer igualmente “piscar o olho ao ALGARVE INFORMATIVO #208
enoturismo”. “Temos visto crescer no nosso concelho os investimentos relacionados com o enoturismo, que tem a capacidade de, não só mitigar a questão da sazonalidade, como também de ser diferenciador daquilo que os nossos concorrentes têm para oferecer”, considerou Luís Encarnação, antes de passar a palavra a Bernardo Gouveia, Presidente do Instituto do Vinho e da Vinha, que começou logo por revelar que o Algarve é a região vitivinícola que mais cresce em Portugal, fruto de “uma dinâmica jovem, empenhada e profissional”. “O Algarve cresceu, em 2018, mais de 40 por cento em vinhos certificados e 45 por cento nas suas vendas. É uma região líder ao nível do turismo de excelência e reparamos que a hotelaria e a restauração abraçaram esta nova 46
Bernardo Gouveia, Presidente do Instituto do Vinho e da Vinha
dinâmica e que estão completamente empenhados em divulgar, em dar a experimentar e provar, os vinhos do Algarve. Não é por acaso que, em 2018, 80 por cento dos vinhos algarvios foram vendidos na restauração”, destacou o dirigente. Bernardo Gouveia considerou o Lagoa Wine Show um evento bastante interessante precisamente por ligar o vinho à cultura e à vivência da comunidade, mostrando aos visitantes a realidade rural do Algarve e os benefícios da Dieta Mediterrânica. “Alguns povos do Norte da Europa encaram o vinho pura e simplesmente como álcool e temos que demonstrar que ele faz parte da nossa tradição, que é um vinho extremamente gastronómico e social, que passa de geração em geração e que está 47
profundamente ligado à nossa Dieta Mediterrânica e ao próprio modo de viver dos portugueses”, declarou o Presidente do IVV, concordando que o vinho e a cultura são eixos fundamentais para se promover esta forma de estar na agricultura e no turismo. “Os turistas, hoje, procuram autenticidade e genuinidade e os produtores de vinhos do Algarve têm oferecido uma extrema qualidade e, em simultâneo, privilegiam castas autóctones, que são portuguesas, e fazem uma associação dos seus vinhos à gastronomia. O Algarve continua a despertar imenso interesse em novos agentes económicos, este ano recebemos candidaturas para mais 150 hectares de vinha na região e os produtores atuais têm vindo a reestruturar as suas vinhas”, finalizou . ALGARVE INFORMATIVO #208
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LOULETANOS EXULTARAM COM A MÃE SOBERANA DO TEATRO DO ELÉCTRICO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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uando se soube que Ricardo Neves-Neves estava a preparar um espetáculo sobre a Mãe Soberana, a convite da Câmara Municipal de Loulé, de imediato começaram os murmurinhos nas ruas da cidade e, à medida que se ia aproximando a data da estreia, as expetativas iam aumentando cada vez mais. Porque o encenador quarteirense, responsável pelo Teatro do Eléctrico, já nos acostumou a grandes produções, a fantásticas peças de teatro musicado, a muita gente no palco, a reproduções fidedignas de histórias e tradições. Umas mais alegres, outras menos alegres, umas a roçar mais o teatro nonsense, outras de cariz um pouco mais ALGARVE INFORMATIVO #208
sério, mas todas elas com símbolo de qualidade. Assim aconteceu, em 2017, com «A Freguesia», dramaturgia e encenação de Ricardo Neves-Neves criada para celebrar os 100 anos da Freguesia de Quarteira. E assim se passou com «A Noite de Dona Luciana», com «Karl Valentin Kabarett», com «Alice no País das Maravilhas» e com a «Banda Sonora». Portanto, as expetativas eram muitas para «Soberana, Mãe Soberana de Loulé», que contava com mais dois aliciantes: primeiro, os textos são da conceituada e premiada autora Ana Lázaro, que assim regressava ao CineTeatro Louletano depois do sucesso de «Cartas de Damasco»; depois, a cenografia era da responsabilidade de Henrique Ralheta, líder do Loulé Design 54
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Lab, que nos tem brindado com espantosos trabalhos no passado recente. Juntou-se a tudo isto um elenco numeroso e supertalentoso que trabalha com Ricardo Neves-Neves há vários anos, e uma orquestra com direção musical de Rita Nunes, porque o encenador tenta sempre ter músicos reais em palco, ou atrás das cortinas, como aconteceu neste caso, para dar uma sonoridade mais autêntica. Resumindo, estavam reunidos todos os ingredientes para o sucesso e, de facto, o Teatro do Eléctrico voltou a estar à altura das exigências. Por isso, nas noites de 21 e 22 de junho e na tarde de 23 de junho assistiram-se a três sessões completamente esgotadas de pessoas ávidas para assistir a um espetáculo
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inédito que tinha como temática o enorme património imaterial do concelho de Loulé que é a sua Mãe Soberana, a procissão e os festejos religiosos em torno de Nossa Senhora da Piedade, Santa Padroeira de Loulé, que acontecem todos os anos no Domingo de Páscoa (Festa Pequena) e duas semanas depois (Festa Grande). Abrem-se as cortinas e, lá está, a tal cenografia fantástica de Henrique Ralheta, as janelas suspensas do céu nas quais se debruçavam mulheres à conversa; uma nuvem que deixa de ser nuvem para ser uma amendoeira, que deixa de ser tudo isso para se transformar no andor quando surgem em palco os famosos «Homens do Andor»; as mesas e cadeiras a reproduzir o Café Calcinha de um lado
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do palco, as cadeiras nas quais se sentavam as artesãs no outro. Vários espaços cénicos no mesmo espaço cénico, como Ricardo Neves-Neves tanto gosta, com uma cena principal a acontecer, mas muitas outras a sucederem-se em segundo plano, num constante desafio para os espetadores não perderem pitada da ação. Ação que nos conta os primórdios desta celebração religiosa, as promessas que as mulheres faziam à Mãe Soberana quando os seus maridos e filhos iam para a guerra, mas também para que se encontrasse o amor verdadeiro e duradouro, que se tivesse saúde nos momentos de doença, sucesso nos momentos de infortúnio. “Mais do que uma manifestação religiosa, cultural e histórica, a filiação dos louletanos à sua Mãe perde-se no tempo e no espaço, está arreigada no sangue, nos ciclos das estações, na luta ALGARVE INFORMATIVO #208
diária, na alegria e na dor que vivem, sob uma ligação íntima ímpar de proteção e cumplicidade”, descreve Ana Lázaro. E, de facto, as emoções estiveram sempre à flor da pele das mulheres e homens que compunham a assistência, de tal modo que, quando os atores entoavam os cânticos à Mãe Soberana, os mesmos eram rapidamente replicados na plateia, centenas de vozes em uníssono a gritarem «Viva a Mãe Soberana». Uma emoção que transbordou do palco para o público e de volta ao palco, contagiando os atores, porque não é todos os dias que se assiste a demonstrações tão sinceras e genuínas de apreço pelo seu trabalho e pelo objeto da peça. Nota máxima, como já estamos habituados a dar às excentricidades de Ricardo NevesNeves e do seu Teatro do Eléctrico . 58
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«DANCING IN THE WORLD OF MAGIC» MOSTROU DOTES DOS BAILARINOS DA ACADEMIA DE DANÇA DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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s habituais galas de final de ano letivo da Academia de Dança do Algarve realizaram-se, no dia 22 de junho, em Faro, sob o título «Dancing in the World of Magic», em dois espetáculos que fizeram vibrar centenas de espetadores, na sua larga maioria familiares dos alunos em palco. E tudo começou com uma visita da ADA à Feira de Santa Iria, em Faro, um certame com tradições seculares que comporta exposição de artesanato e de outros setores de atividade económica, áreas de lazer, divertimento e animação, desporto, educação e setor social, numa história com mais de 400 anos. Depois dessa visita, os bailarinos da ADA entraram no circo e dançaram na magia das artes circenses, realizadas por palhaços, malabaristas, acrobatas, mimos e outros. Os movimentos coreográficos focaram-se nos vários estilos de dança ALGARVE INFORMATIVO #208
urbana, tais como o Hip Hop, Popping, Locking, Breaking, House, Vogue, Waacking, Dancehall e Contemporâneo, protagonizados por todos os alunos/bailarinos dos polos de formação de Tavira, Fuseta, Olhão, Faro, Loulé, Almancil e Quarteira, dos 5 aos 55 anos de idade. Alunos que tiveram como professores e instrutores Marinela Gouveia, Diogo Gouveia, Irina Gouveia, Rodrigo Roberto, Vanessa Lopes, Patrícia Santos, Salomé Madeira, Igor Brito, Raquel Fortes, Ângela Martins, Patrícia Cruz, Diogo Viegas, Nuno Pereira, Hugo Lopes, Margarida Graça, BeatMartins, Lara Tubal e Carolina Cantinho. E, devido à riqueza das performances, na presente edição da revista semanal do Algarve Informativo estão apenas os registos da gala infantil e juvenil, com os momentos da gala sénior a ficarem guardados para o próximo número, disponível no dia 6 de julho . 68
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«MEMÓRIAS DE UMA AVESTRUZ» FEZ-NOS RIR A VALER, APESAR DO ASSUNTO SER MUITO SÉRIO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #208
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unho é mês de final de ano letivo nas escolas tradicionais, nas academias de dança, nos conservatórios de música, mas também das formações regulares de teatro, e o mesmo sucedeu com a formação de Teatro Físico organizada pelo Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro no Gimnásio Clube de Faro. E, depois do êxito de «As Bodas de Prata do Conde Baldinski», em 2017/2018, a fasquia estava colocada bem alta e os alunos não defraudaram as expetativas, com o excelente espetáculo «Memórias de uma avestruz», baseado no conto de Gabriel García Márquez «A incrível e triste história da cândida Eréndira e da sua avó desalmada». ALGARVE INFORMATIVO #208
Na história, a avó vende o corpo da neta Eréndira a todos quanto estejam disponíveis para pagar o dinheiro por ela pedido, numa vivência triste que traumatiza, como seria de esperar, a jovem. Mas a trama cruel deu lugar, sob a orientação dos formadores Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, a um espetáculo bastante cómico, “um road movie teatral, iconográfico e simbólico cheio de imagens poéticas”, descrevem. “Pretendemos recriar o universo do realismo mágico do autor colombiano através do Mimo Contemporâneo, do Método Suzuki para o ator, dos viewpoints, do Coro Físico e do Universo da Máscara. Disciplinas e linguagens teatrais que foram desenvolvidas durante o período de formação e ferramentas 84
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que ajudaram a «acordar» e «elevar» a fisicalidade do corpo e da voz dos atores para pô-los ao serviço do espetáculo e do público”, explica a dupla. Segundo os responsáveis do Colectivo JAT, o ator deve ser um canal criativo, uma via pela qual a história passa para o público. “O objetivo do teatro não é só entreter, é também dar perspetivas sobre o mundo, e deve estimular a imaginação de cada espectador e o seu sentido crítico. Os artistas devem observar a vida e o comportamento humano, para expressar o seu ponto de vista, numa estética concreta, num espaço ritual, onde cada espectador tem a possibilidade de acordar a sua sensibilidade artística e perceber o mundo que o rodeia, individual e coletivamente”, defendem Diana e Miguel. Nesse sentido, as formações da Janela Aberta Teatro começam pela definição das primeiras ideias, prosseguem com a construção da estrutura dramática de um espetáculo e intensos ensaios e culminam com uma apresentação ao público, que neste caso aconteceu, nos dias 22 e 23 de junho, na sede do Gimnásio Clube de Faro. «Memórias de uma avestruz» foi, sem dúvida, um final feliz para esta formação, com duas lotações esgotadas em que a assistência nunca sabia muito bem o que iria acontecer. Porque, mal entrou pela 87
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porta do edifício situado na baixa de Faro, o público deparou-se logo com Eréndira a dar banho à avó, numa banheira colocada no vão da escada. Depois, à medida que se ia subindo ao segundo andar, várias «senhoras da má vida» aliciavam os ALGARVE INFORMATIVO #208
espetadores para os prazeres da carne, sob o olhar atento de dois musculados seguranças. Já no salão principal, a meia luz, um vulto que se vem a descobrir ser uma avestruz, a tal que dá nome à peça e que é, afinal, o animal de estimação da 88
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malvada avó. Avó que vive numa cadeira de rodas híper ornamentada e empurrada pelo neto, deficiente mental, que a certa altura também quase que é abusado por um grupo de prostitutas enraivecidas. A história desenrola-se, um senhor rico abusa de Eréndira, depois de pagar uma bela maquia à avó, que ia escondendo todo o dinheiro ganho no interior do seu vestido. Da criação coletiva dos alunos fazem parte também uma seita religiosa, um grupo de hippies – um deles apaixona-se perdidamente por Eréndira –, e as tais prostitutas descontentes porque o esquema da avó lhe anda a roubar clientes. No final, apesar de todas as peripécias, temos um desfecho feliz, antes de entrar novamente em cena a avestruz. Uma excelente performance de ALGARVE INFORMATIVO #208
Bruna Pinheiro, Elsa Fernandes, Ilaria Ferran, Ilda Nogueira, Iolanda Cunha, Jorge Oliveira, Mariana Ribas, Mariana Trindade, Maryse Reis, Nuno Murta, Patrícia Mendes e São Rua, com assistência de encenação de Ambra Zotti, cenografia de Ambra Zotti e Nuno Murta e desenho gráfico de Carla Ribas e JAT. Em outubro, o Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro regressa com as suas formações de atores e oficina de Teatro Físico, este ano com o treino no Método Suzuki para o trabalho do ator. Entretanto, poderemos ver o espetáculo «Cinema Miami», interpretado pelo Grupo de Teatro Comunitário de Quarteira, outro projeto do Colectivo JAT, em Loulé (7 de julho), Alte (13 de julho) e em Quarteira (12 de setembro) . 90
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ALUNOS DO CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE OLHÃO BRILHARAM NO XV CONCERTO DE FINAL DE ANO LETIVO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Conservatório de Música de Olhão levou a cabo, no dia 19 de junho, o seu XV Concerto Final de Ano Letivo, com mais de 120 alunos a subirem ao palco do Auditório Municipal de Olhão. O mote para este espetáculo foi a «Família», tema subordinado ao seu Projeto Educativo «Música para Todos», porque, no entender da direção pedagógica deste Conservatório, “a música deve envolver toda a família e ser algo que, além de lúdico, deve ser prazenteiro, educativo e impulsionador de valores que promovam o crescimento saudável da nossa ALGARVE INFORMATIVO #208
sociedade”. “A motivação cultiva-se através do exemplo e a ideia do Conservatório de Música de Olhão foi envolver, de forma ativa e participativa, os encarregados de educação nas atividades dos nossos alunos”, reforçam. Por isso mesmo, a abertura do espetáculo foi feita por um ensemble instrumental de pais constituído especialmente para este evento. Conforme revelado na ocasião, alguns deles tinham conhecimentos musicais, outros tocavam de improviso, e outros tinham os instrumentos guardados há imenso tempo, mas o resultado foi um momento único, coordenado pelo 100
professor Rui Martins, que também dirigiu a sua classe de conjunto de guitarras no segundo ato do espetáculo. De seguida apresentaram-se os coros dirigidos e coordenados pelo professor Francisco Brazão e a atuação da orquestra de arcos dirigida pelo maestro convidado, Roberto Perez. O concerto terminou com a atuação do coro infantil, dirigido e coordenado pela professora Ana Moura. E aqui deu-se a segunda surpresa da emocionante noite, porque mais uma vez se juntaram os pais aos filhos em palco para darem voz e sentimento às três últimas peças. De destacar o envolvimento da direção e comunidade docente, funcionários, encarregados de educação, comunidade 101
discente e entidades municipais, todos contribuindo para tornar a noite de 19 de junho num grandioso espetáculo que demonstra bem o desenvolvimento cultural e artístico que o Conservatório de Música de Olhão tem vindo a promover desde há 15 anos no concelho de Olhão. “Foram escolhidos os melhores momentos para este espetáculo, mas muitos outros de excelência foram protagonizados ao longo do ano letivo em audições na nossa escola e em variadíssimas participações dos nossos alunos em sintonia com a comunidade envolvente”, garante a professora de acordeão e membro da direção, Anabela Silva . ALGARVE INFORMATIVO #208
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Miguel Blanco e Teresa Bonvalot conquistaram Allianz Algarve Pro Texto: João Vasco Nunes| Fotografia: Jorge Matreno/ANSurfistas
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iguel Blanco e Teresa Bonvalot foram os grandes vencedores do Allianz Algarve Pro, que se disputou, de 21 a 23 de junho, na Praia do Amado, em Aljezur. Além de ganharem a etapa algarvia, a quarta e penúltima do calendário da Liga MEO Surf – principal competição de surf em Portugal e onde se disputam os títulos máximos da modalidade –, a dupla levou também para casa os títulos da Allianz Triple Crown e conseguiu ainda reduzir a distância para a liderança do Ranking Santander, onde Tomás Fernandes e Yolanda Sequeira, finalistas vencidos no Amado, continuam na frente. Após um dia sem ondas, que originou pausa no sábado, o domingo acordou com ALGARVE INFORMATIVO #208
um cenário bem diferente e os melhores surfistas nacionais não desaproveitaram a oportunidade, conseguindo mostrar bom surf e alcançar scores elevados. Com a prova a retomar na terceira ronda masculina, a ação começou logo com uma grande surpresa, a eliminação de Vasco Ribeiro. A partir daí, apesar de alguns nomes mais jovens a sobressaírem, como Afonso Antunes, Diogo Martins, Luís Perloiro ou Jácome Correia, que chegou às meias-finais, Blanco e Tomás tomaram as rédeas das operações e elevaram o espetáculo a um nível superior. O campeão nacional superou Diogo Martins nos quartos-de-final e depois bateu Jácome Correia nas meias-finais, enquanto Tomás Fernandes venceu Luís Perloiro nos quartos-de-final e Marlon Lipke nas meias-finais, acabando aí com as possibilidades do surfista 116
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algarvio entrar nas contas do título. A final foi bem equilibrada, mas Miguel Blanco começou a tomar a dianteira graças a uma onda de 8,25 pontos. Com 15,00 pontos contra 13,95, o campeão nacional em título acabou por vencer a bateria, subindo ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez esta época, o que lhe ofereceu o triunfo na Allianz Triple Crown e o deixa ainda com possibilidades de lutar pelo título nacional na última etapa. Em Cascais será Tomás a partir na frente da luta, uma vez que, se chegar à final, é automaticamente campeão. Na final feminina assistiu-se a um duelo intenso entre Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins, que só foi decidido bem perto do final. Teresa levou a melhor, depois de ter feito a melhor onda do evento (9,00 pontos), o que lhe rendeu o prémio «Somersby Onda do Outro Mundo», acabando a bateria com um score de 17,25 pontos, contra os 14,05 da surfista algarvia 119
e líder do ranking Santander. O triunfo teve o condão de aproximar Teresa Bonvalot da liderança do ranking, que conta ainda com uma etapa extra, em agosto, em Ílhavo -, mas também de garantir à surfista de Cascais o triunfo na Allianz Triple Crown. No dia 23 realizou-se ainda a «Renault Expression Session», com o triunfo a caber a João Kopke, graças a um aéreo de frontside. O Allianz Algarve Pro contou também com as habituais iniciativas de sustentabilidade, através das limpezas de praia com a marca da Fundação Altice e as dinâmicas associadas à proteção da biodiversidade e promoção da alimentação saudável do Grupo Jerónimo Martins. A Liga MEO Surf segue agora para Cascais, com o «Bom Petisco Cascais Pro» a ter lugar de 3 a 5 de outubro .
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FINALISTAS DE ARTES VISUAIS DA UALG EXPÕEM NA FÁBRICA DA CERVEJA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova
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antiga Fábrica da Cerveja, na Cidade Velha, em Faro, acolhe, até 6 de julho, a exposição dos alunos finalistas do curso de licenciatura em Artes Visuais da Universidade do Algarve. Para esta nova edição, os alunos escolheram o título FERÔNIA, evocando a simbologia da força, da fertilidade e da liberdade associada a esta deusa da antiga mitologia romana. Estabelece-se, assim, um paralelo entre essas ideias e a criatividade artística presente nas obras que estes jovens emergentes querem livremente afirmar em sociedade. ALGARVE INFORMATIVO #208
Segundo os curadores, FERÔNIA apresenta as obras e as investigações realizadas pelos alunos finalistas da licenciatura em Artes Visuais e do mestrado em Comunicação Cultura e Artes da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS) da UAlg. Nos espaços da Antiga Fábrica estão presentes obras que são reflexo do estudo da história da arte, da teoria da arte contemporânea e da expressão prática em atelier, que se manifestam, idiossincraticamente, em diversas vertentes e técnicas da pintura, escultura, desenho, gravura, ilustração, fotografia, vídeo, instalação multimédia e performance. Com esta exposição 130
explora-se também outro objetivo do curso de Artes Visuais, o domínio da curadoria de exposições e a intervenção artística nos espaços públicos e arquitetónicos. Prossegue-se, assim, a divulgação de uma nova geração de criativos para que a comunidade se aperceba do seu valor artístico e os integre como essenciais protagonistas do desenvolvimento cultural local, com a ambição de uma dimensão universal. A curadoria é dos professores Bertílio Martins, Fernando Amaro, Mirian Tavares, Pedro Cabral Santo, Rui Sanches, Susana de Medeiros, Tiago Batista e Xana. A exposição pode ser visitada diariamente, das 15h às 19h . 131
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«Outras Vozes», outro eu Paulo Cunha (Professor) uase vinte anos volvidos, recordo com alguma nostalgia, regozijo e orgulho a decisão que tomei ao convidar algumas mulheres para integrar um grupo coral feminino. Uma das condições basilares e fulcrais era conhecêlas enquanto pessoas e cantoras, sendo também indispensável todas elas terem conhecimentos musicais. Devido ao facto de ter pertencido ao grupo de Música Antiga do Conservatório de Música do Algarve e ter dirigido o Coral Polifonia Portuguesa do CRA, foi com alguma naturalidade que centrei a minha atenção nos seus antigos membros. Prontamente, recolhi a aceitação de quase uma dezena de jovens mulheres que acreditaram na força, na exequibilidade e no sucesso do projeto. Sendo apenas e exclusivamente composto por mulheres e sendo todas elas diferentes enquanto figuras e fontes tímbricas, naturalmente, de bom grado aceitaram o nome que escolhi para o grupo: «Coral Feminino Outras Vozes». E Outras Vozes ficaram a chamar-se, porque se apresentavam vestidas com cores distintas, quase por analogia com os seus diferentes timbres vocais; porque se atreviam a substituir as partes vocais masculinas nalgumas peças corais; porque não tinham nenhum naipe vocal fixo, saltitando assim, de música para música, das linhas femininas mais graves (contralto) para as mais agudas (soprano); porque se atreviam a cantar peças corais de alguma dificuldade técnica e interpretativa, sem nunca recorrerem a nenhum instrumento de suporte harmónico; porque começavam a ter repertório originalmente escrito e harmonizado para o grupo. Tendo-me mantido fiel e dedicado a estas mulheres, detentoras de bom gosto musical, ALGARVE INFORMATIVO #208
vontade e persistência, tem sido fácil partilhar o que sei e, todos os dias, com elas aprender. Com coragem, voluntarismo e tenacidade, expõem-se perante o público, vocalmente despojadas do apoio de mais coralistas que com elas pudessem reforçar as suas linhas melódicas. E porque, ao longo destas duas décadas, este coletivo vocal de câmara foi enriquecido por novas vozes femininas que ajudaram a manter esta filosofia e dinâmica de trabalho, posso hoje afirmar que constitui uma fonte de inegável riqueza musical para a região algarvia. Sendo o único homem do grupo, é comum questionarem-me sobre o que é que eu sinto ao trabalhar exclusivamente com mulheres. Pergunta à qual respondo dizendo que desde que comecei a lecionar sempre assim foi, uma vez que no ensino as mulheres estiveram sempre em larga maioria nas diversas funções e cargos letivos. Habituei-me, por isso, em certas e particulares situações, a pensar, a agir e a ser apresentado como uma mulher. Sintome, hoje, mais enriquecido por continuar a poder gravitar num universo onde, para além do contacto e do conhecimento das diversas nuances do aparelho fonatório feminino, posso aprender um pouco mais sobre certas particularidades do comportamento das mulheres, individualmente e em grupo. Tal como noutros assuntos e matérias, é fácil e cómodo cairmos em generalizações e estereótipos. Ouvimos e lemos muitas frases feitas, proferidas em relação às mulheres, não passando muitas delas disso mesmo: frases feitas! Tem sido um privilégio aprender a observar a vida, também, através das vivências e dos comportamentos de mulheres, que através da voz se transformaram em «Outras». 140
Para todas vós, Ana Côrte-Real, Carla Lúcio, Cláudia Cabanita, Elsa Gonçalves, Gilda Andrez, Inês Morais, Inês Rosa, Isabel Trindade, Joana Cunha, Margarida Encarnação, Margarida Machado, Maria do Rosário Arenga, Maria José Rocha, Mariana Mendes, Marisa Mendes, Marisa Simão, Marta 141
Gonçalves, Patrícia Martins, Susana Paulino Baltazar, Teresa Silva, Vera Rocha e Verónika Rostová, o meu sincero reconhecimento e agradecimento. Associo-me às merecidas palmas que o público nunca vos nega nem regateia. Assim sendo, espero e desejo que juntas(os) continuemos a (en)cantar! . ALGARVE INFORMATIVO #208
OPINIÃO
Eu metia as mãos na água Mirian Tavares (Professora) “L’alchimie a pour objet, précisément, d’acter le changement des formes, soit, à l’origine de procéder à un changement de l’esprit. Un bon alchimiste perpétue l’œuvre de la nature, il se voue à être un accoucheur sensible et non un dominateur technocrate“. Hans Günter Golinski
obra do artista é matérica, corpórea. A insinuante abstração das formas não destitui cada peça daquilo que a constiui verdadeiramente - uma presença, uma marca. A matéria é densa e a superfície não é lisa, não se oferece sem resistência: exige, ao artista, muito trabalho para domá-la, para conformar uma imagem que se sobressai, que interpela os olhos de quem as vê, de quem tenta interpretá-las. João Jacinto é, antes de tudo, um fazedor de imagens, quer na pintura quer no desenho. Com a sua pintura participou das muitas resssurreições do género no campo da arte. A pintura já nasceu e morreu vezes sem conta, e volta a renascer na História, quando necesária, quando convocada. E o desenho faz parte da sua natureza ambígua e múltipla de artista-professor. Numa entrevista, João Jacinto fala do seu método, que é um não-método, que é um exercício de fazer constante, porque as coisas só existem, quando lhes damos sentido ou direção. E há que se trabalhar, mesmo que o propósito seja quase sisífico, porque parar é, de alguma forma, deixar de existir. “Há duas coisas das quais eu sou destituído: de imaginação e inspiração. Eu acho que a vida de cada um não tem ALGARVE INFORMATIVO #208
sentido nenhum, por isso parte de cada um dar um sentido a essa vida. E para mim, a minha vida não tem sentido sem tentar fazer coisas. Portanto, é muito dificil passar um dia sem vir aqui tentar fazer qualquer coisa, porque é um dia que eu tenho de me confrontar desde que acordo até que adormeço com o absoluto vazio sentido de estar vivo. Por vezes uma pessoa vem para aqui tentar fazer qualquer coisa e não consegue fazer absolutamente nada. E muitas vezes sai pior ainda do que se não tivesse vindo cá. O que quer dizer que muitas vezes depois de vir trabalhar, a ausência de sentido para se continuar vivo é ainda muitíssimo superior ou é maior do que aquela antes de se ter aqui chegado”*. Os críticos, ao referirem-se ao trabalho deste artista, convocam sempre a matéria. O tema é aquilo que nasce do confronto entre João Jacinto e os materiais que tem diante de si: tintas, telas, papeis, pasteis, carvão. Materiais que se convertem em obras, umas mais espessas, ultrapassando a dimensão do suporte, e outras, aparentemente mais contidas, enquadradas. Eu metia as mãos na água não é apenas um título, é a enunciaçao, ou a anunciaçao de um gesto – o artista enfrenta o que tem diante de si e produz retratos estranhos, de cabeças, 142
João Jacinto faz parte do grupo dos grandes artistas da segunda metade séc. XX que resgataram as imagens do puro abstracionismo e que deram uma cara, e uma carnatura, ao mundo que emergiu do pósguerra em trauma profundo. E que passou os últimos anos a tentar esquecer. E a obra destes artistas existe porque é preciso, mais que nunca, lembrar. Para que o horror permaneça circunscrito à arte - para onde olhamos e que nos devolve, de modo intenso, o nosso próprio olhar . e de rostos, que nos miram, como a cabeça de Holofernes, recém-cortada por Judite, ou a de João Baptista servida numa bandeja à Salomé. São imagens perturbadoras, esteticamente muito próximas dos seus autorretratos. Perturbam-nos pelo seu falso inacabamento, pela zona de sombra que envolve cada cabeça, pelo espaço vazio, abissal, que as circunda. 143
*Entrevista publicada na Artecapital.net (https://www.artecapital.net/snapshot-15joao-jacinto) Exposição no âmbito da programação do Curso de Artes Visuais da Universidade do Algarve para a Galeria Trem, com o apoio do CIAC, da FCT e da Câmara Municipal e do Museu Municipal de Faro.
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Do Reboliço #44 Ana Isabel Soares (Professora) udo o que é pequenino tem graça”, costumava dizer o moleiro, levantando e adoçando os olhos por baixo do chapéu de palha – mas acrescentava logo, cenho franzido de zanga, “Tudo, menos os papo-secos!”. Com isso é que ele não podia, pão falso, massa de lixívia, fraca e fina côdea. Agora os bichos jovens, que lhe mereciam a ternura do primeiro comentário, esses eram o que produzia no homem rijo e bruto a comoção. Mormente sendo de raça canina. (Quando, num certo mês, em dias diferentes, lhe nasceram três netos, fez meio sorriso divertido a quem lhe dava a notícia do último neto – uma neta – e contas: “Não está mal, não senhor, este Outono: a borrega teve quatro borregos e eu três netos”).
“
O Reboliço nascera pequeno e pequeno ficaria toda a sua existência. Não era dessa pequenez que se enternecia: era de serem jovens e, com isso, trôpegos, trémulos, trambolhos, palhaceiros sem querer. Cachorros como foi a Luca, preta nuvem de caracóis onde só por capricho de uma lambedela aparecia o tufo branco do colo, ou da ponta da cauda. A cada passo que tentava dar, enrolava-se sobre si mesma e era um bicho-de-conta gigante e felpudo, chão afora, solo abaixo. Como o Mani, escondendo-se das pessoas pernudas debaixo da cadeira e recolhendo o corpo todo num movimento dos quadris e recuo das patas da frente. Cachorros como o Nimas, que é só vontade: ao lado do Mani, agora jovem adulto de força e altura, bem quer imitar-lhe a elegância de subir as escadas da rua. Qual quê: vai focinho na ALGARVE INFORMATIVO #208
frente, apoiado no próximo degrau, uma pata a pedir à outra “por favor...”, tração às da retaguarda, e nisto tudo o arrojo das orelhas, não por intrépidas, mas porque no chão vão rojando, mais compridas que a altura do bicho. Diverte-se o Reboliço a olhar aquele sobe de escadas e desce, na descida lá encarna a Luca, dobra uma das patas da frente, tropeça sobre ela, mete a segunda, nela tropeça também por força das traseiras que avançam antes de tempo, focinho a afocinhar no solo alto, orelhas esparramadas, os olhos muito abertos de pasmo e confusão, “Como não fiquei eu como fica o Mani, que ali vai, aquelas estacas tuca-tuca, uma à frente da outra sem se trocarem, o que é aquilo, e como se faz?”. Ah, pequeno Nimas, é assim mesmo – muito depressa aprendes tu. Os filhotes de gente levam que tempos até desentorpecerem os membros, as mãos a errar o gesto do adeus que ensaiam, o beijo soprado ao lado, o assobio maljeitoso, pernitas tortas, joelhos de arrasto, um desengonço pegado. Pior, então, só os paposecos. Pão pequeno, só se fossem os merendeirinhos que fazia a mulher do moleiro: as sobras da massa moldava-as em miniaturas de carcaça, cabeça e tudo, ou fazia com elas formas de pomba, qualquer pássaro, brincas de pouco comer que oferecia aos moços pequenos que por ali enxameavam (quantas vezes a fugir a vespas e abelhas cujos ninhos abatiam). Tudo mínimo, mas tudo aceitável, gracioso . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 144
Foto: Vasco Célio 145
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OPINIÃO
Aurélia, a psicose inacabada Adília César (Poeta) «A melancolia é uma doença que permite ver as coisas como elas são». Gérard de Nerval
m corpo pendurado e estático exibe a magnificência da estátua da morte. Não há equívocos. Escolher a morte é comandar e vencer a vida que já não se quer como ela é. A melancolia permite ver o que já não se pode olhar e são os fios dos seus perfumes secretos que seguram o suicida; esses odores doentios tão invisíveis aos olhos dos outros. Gérard de Nerval escolheu a morte por enforcamento na noite de 25 para 26 de janeiro de 1855, numa rua escura e gelada de Paris, com os últimos capítulos da novela «Aurélia» no bolso. Tinha 46 anos. O primeiro episódio psicótico acontece em fevereiro de 1841. Até à data, o escritor compõe poesia, sátiras políticas, traduz para o francês a obra “Fausto” de Goethe, escreve peças de teatro, cria a revista «Le Monde Dramatique»; a sua forte ligação ao romantismo de Victor Hugo leva-o a publicar uma antologia de poesia alemã e outra de poesia francesa. 1837 tinha siso um ano de viragem, ao colaborar com Alexandre Dumas no libreto da ópera cómica «Piquillo». A actriz Jenny Colon tem o papel principal na peça e na vida de Nerval, quando este se apaixona e não é correspondido. O breve convívio entre ambos tem o seu fim quando Jenny casa com um flaustista e Nerval viaja com Dumas para a Alemanha. Mas ele continua a escrever e a publicar continuamente: sempre a poesia, e ainda novelas, libretos, artigos – simbologias delirantes, analogias arquetípicas, genealogias fantásticas. Alguns desses ALGARVE INFORMATIVO #208
textos, escritos entre as sucessivas crises psicóticas e as consequentes entradas e saídas de clínicas, exibem contornos alucinantes que propõem, sem equívocos, a imagem de um Nerval intensamente criativo sentado na cadeira negra da melancolia. Jenny Colon morre em 1842 e 13 anos depois é publicada a primeira parte da novela «Aurélia» na revista «Revue de Paris». No excerto seguinte é bem visível a angústia amorosa, o desalento da perda do objecto e da função do amor de Nerval: (…) «Uma senhora que eu amava há muito tempo e a quem chamarei de Aurélia estava perdida para mim. Não importa que as circunstâncias deste evento tenham uma influência tão grande na minha vida. Todos podem olhar nas suas memórias a emoção mais comovente, o mais terrível golpe na alma pelo destino; devemos então decidir morrer ou viver: direi depois por que não escolhi a morte». O narrador, na sua demanda reflexiva, expressa nas palavras o desejo íntimo e paradoxal de não cair no precipício, ensaia um equilíbrio impossível de alcançar, tal como o escritor na vida. A corda com que Gérard de Nerval se enforcou era também uma corda de metáforas esotéricas, de maldições reflectidas na face oculta do mundo. A segunda parte da novela «Aurélia», retirada do bolso do suicida, é publicada um mês após a sua morte, em fevereiro de 1855, e constitui um testemunho vivo de um amor maldito, uma homenagem eterna a quem não a merecia: não se escolhe quem se ama, mas escolhe-se quem não se ama. O obscuro objecto do 146
guardar o grande significado do desconhecido nessa pose soberana de iminência do seu desvendamento, aquele instante imediatamente anterior à abertura da caixa de Pandora. E depois, a paz eterna.
amor, do desejo nunca satisfeito, as frustrações e os sonhos não cumpridos, podem ser estranhos instrumentos que ditam a morte. Como poderá haver justiça neste epitáfio? Que possibilidade existe de penetrar no mistério e desvendá-lo? Queremos mesmo destruí-lo? Melhor seria Je suis le ténébreux, – le veuf, – l’inconsolé, Le prince d’Aquitaine à la tour abolie: Ma seule étoile est morte, – e mon luth constellé Porte le Soleil noir de la Mélancolie.
O direito à melancolia perpetuada nas emoções guardadas no lugar mais recôndito do espírito, tem sido amplamente tratado por inúmeros poetas e romancistas nos seus escritos. A literatura melancólica que Gérard de Nerval nos legou é um projecto existencial 147
Grande parte da obra de Nerval, de uma enorme intensidade poética e de construção melancólica, indomável e intemporal, segue por uma estrada difícil com inúmeros obstáculos e abismos: contrariedade, obsessão, luto – Aurélia ou Jenny? Escreve Gérard de Nerval que no amor não correspondido por Jenny Colon «há muito passado para que não haja muito futuro», como se o seu caminho fosse percorrido por passos à retaguarda. Assim é a ressonância deste poeta maldito e misterioso, considerado um dos autores fundamentais da história da literatura e um precursor da poesia e arte modernas, de Baudelaire, Mallarmé e do surrealismo (in «Génio: Os 100 autores mais criativos da história da literatura», Harold Bloom, 2014); veja-se, por exemplo, os impressionantes sonetos de «Chimères» incluídos na colectânea «Les filles du feu» (1854), dos quais vos deixo o seguinte excerto, com tradução de M. Kawano: Eu sou o tenebroso, – o viúvo, – o inconsolado, O príncipe d’Aquitânia da torre abolida: Minha única estrela é morta, – e meu alaúde constelado Traz o Sol negro da Melancolia.
onde a obra e a vida se confundem: entre o génio e a loucura, as palavras transcendem o real, mesmo quando esse real é uma corda literal a apertar o pescoço .
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OPINIÃO - A ISTO CHEGÁMOS
O aparente triunfo dos porcos Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) ma recente questão que opõe legalidade e humanidade trouxe à vista pública um género de pessoas que mais valia que não existissem. Refiro-me ao assunto da prisão em Itália do português Miguel Duarte, por ter ajudado imigrantes e os ter resgatado no Mediterrâneo de uma morte certa. Comece por dizer-se que os Estados são soberanos; que a sua legislação interna é de sua exclusiva competência, notadamente a da aplicação da lei penal. Significa isto que a lei italiana pode dispor como entender quanto às suas regras em matéria penal e em matéria migratória. Essa soberania é um pilar básico do direito internacional. Por isso, há que dizer que é uma imbecilidade gritante a ideia, manifestada por uns quantos «libertários», de que quem quer que seja pode, quando e onde quiser, sem regras, entrar por um país, sem mais, porque sim, e aí estabelecer-se. Não, não pode. E os «libertários» sabem isso, intimamente sabem isso. Afinal, eles mesmos isto defendem, quando aparecem depois a chamar nomes – e com razão! – aos Trumps deste mundo quando, sem mais e porque sim, invadem estados soberanos, ameaçam bombardeamentos e massacres, ou bombardeiam e massacram mesmo, com o argumento de que a lei desses países invadidos é injusta, ou imoral ou o que seja. Basta pensar o que foi feito na Líbia, no Panamá, em Granada ou na Síria; e no que se prepara para fazer no Irão. Mas avante. O tipo de gente de que quero falar não é esta, tonta e sempre pronta a manifestar-se seja contra o que for. A gente que verdadeiramente me preocupa é uma ALGARVE INFORMATIVO #208
outra, que agora surge a cada ocasião que se lhe proporcione, a rabiar como vermes e a soletrar um ideário assassino e indecente. É essa gente que, ante a tragédia que se passa, vem aplaudir a possibilidade de um seu compatriota e de outros cidadãos de outras nacionalidades passarem vinte anos na cadeia, congratulando-se ademais com isso. É vê-los pelas redes sociais, em manifesto contentamento, repetindo as acusações de que Miguel Duarte e os demais detidos são parte duma rede de imigração ilegal, que usufruem milhões por essa actividade e que a lei italiana deve puni-los severamente. É pois uma gente que está em profundo regozijo com as eleições de Trump, de Bolsonaro e de toda a seita de aspirantes a ditadores de direita e com as políticas islamofascistas, para quem, afinal, a vida vale um nada ante uma agenda política. Por isso, quando nos EUA um cidadão enfrenta a possibilidade de passar 30 anos na cadeia por ter deixado água no deserto para que quem por ali se perca ou caminhe possa saciar-se e sobreviver, esta gente aplaude. Para esta gente, um refugiado, um imigrante, um ilegal, um sin papeles, un mano negra, é sempre melhor morto que vivo. Curiosamente, algumas destas pessoas que hoje oiço a pedir pena severa para quem salve refugiados no Mediterrâneo, esta gente que se assanha contra os clandestinos, é gente que, no seu tempo, foi de Portugal para França, ou para a Alemanha, também sem papéis, no famoso método de cruzar fronteiras «a salto», isto é, clandestinamente. Sujeitos que entraram em França, passaram anos em bidonvilles, levaram a cultura portuguesa ou parte dela para outros países; e agora são os mais raivosos defensores do 148
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encerramento total de fronteiras, mesmo que isso signifique a morte de alguém. Não querem ninguém diferente. Tal qual os cavalheiros do Daesh, quando degolam quem pense, ou reze ou actue de modo diverso.
salvaguarda da pessoa. Aliás, é sempre esse o argumento dos Trumps quando se preparam para lançar uma guerra nova; e aí, curiosamente ou nem tanto, a gente de que falo está conforme.
Expliquemos: os Estados modernos, decentes e civilizados, soberanos claro, produtores e aplicadores da sua própria legislação, claro, num mundo que avançou na ciência, na técnica e na consciência e se globalizou, têm um dever acrescido e internacional, não só jurídico, mas acima de tudo humano. Não podem declinar ou omitir as suas responsabilidades na defesa e salvaguarda de valores que são da humanidade e não do território A ou B. Valores planetários, de civilidade. Não podem ignorar o que lhes cabe, enquanto seres humanos e territórios de seres humanos, na promoção da defesa da vida, na protecção dos mais fracos, na execução de condutas que assegurem os valores da criatura viva e em perigo. Sim, gente raivosa: defender a vida não é apenas, como para vós, estar contra o aborto. Defender a vida e os valores humanitários não é só ir fazer escândalo e propaganda eleitoral a-la-rangel para as fronteiras da Venezuela. Defender a vida não é só aceitar de bom grado todos os milhares de fuzilados que o fascismo espanhol in illo tempore causou e ficar muito ofendido porque a sociedade espanhola decente quer trasladar Franco.
É pois necessário pressionar o governo italiano, chamar a atenção para a injustiça, aclarar que a sua legitimidade como República soberana lhe permite controlar as suas fronteiras, gerir a migração descontrolada, acolher quem deva ser colhido e recusar ou repatriar quem o deva ser; mas que não pode, porque não deve, enquanto república civilizada, usar os fluxos migratórios como agenda política e deixar que morra gente em perigo para salvar a agenda; nem punir desalmadamente quem salve outrem de uma morte certa. É isso que esta gente não quer que aconteça.
Esta gente faz por ignorar que há uma responsabilidade internacional de respeito por valores fundamentais ( vida, dignidade humana, solidariedade) , valores ademais éticos e eternos, que se devem sobrepor, em caso de necessidade de salvar vidas, aos valores transitórios de legislações também transitórias, saídas de governos que, transitórios, a cada quatro anos mudam. É uma responsabilidade de facto, que impende sobre os cidadãos do mundo. Cabe a todos. É uma regra de conduta humana, a garantia e a ALGARVE INFORMATIVO #208
Como bem frisa Miguel Duarte: “quando vejo uma pessoa em perigo de afogar-se no Mediterrâneo, não lhe peço o passaporte; salvo-a”. Outra coisa faria a gentinha de que falo: deixavam-na morrer. Se algum de nós tiver o azar de um dia cair de um barco no Mediterrâneo ou andar ali perdido à deriva; e vier a ser encontrado por alguém dessa gente, acomodem-se já à ideia: não sereis salvos. Essa gente não salva ninguém. É bem provável que daqui a 50 anos venham os filhos e netos dessa gente pedir uma estátua a Miguel Duarte e aos restantes salvadores de refugiados. Lembram-se de Aristides de Sousa Mendes, cônsul português que salvou milhares de judeus fugidos do regime nazi? Também o fez contra a lei alemã, a lei francesa e a lei salazarista. Os pais e avôs desta gente de agora escandalizaram-se. Salazar represaliou o cônsul. Os pais e avôs desta gente de agora aplaudiram Salazar. Hoje esta gente fala de Aristides de boca cheia e chama-lhe herói. Curioso, não é? . 150
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OPINIÃO
A democracia está a fugir do coração das pessoas Nelson Dias (Consultor) oi publicado esta semana o Índice de Perceção da Democracia (IPD), de 2018, um estudo conduzido pelo Instituto Dalia, de Berlim, em colaboração com a Fundação Aliança para as Democracias e a Rasmussen Global. Este trabalho baseou-se em mais de 125 mil entrevistas representativas de cidadãos de 50 países, correspondendo a cerca de 75 por cento da população mundial. O IPD mede a confiança das pessoas no sistema político, mais precisamente em quatro dimensões: a) o peso da voz dos cidadãos na política; b) a presença do interesse público na ação dos decisores; c) a liberdade de expressão; d) o acesso à informação. Vejamos algumas das principais conclusões dos autores deste trabalho sobre as variáveis de análise expostas: - Quando questionados sobre a importância da sua voz na política, mais de metade dos inquiridos (51 por cento) afirma que essa «raramente» ou «nunca» é escutada e tida em conta pelos governos. Em Portugal, os auscultados que assumiram este mesmo ALGARVE INFORMATIVO #208
posicionamento representam 62 por cento, o terceiro valor mais elevado entre os países abrangidos; - Uns expressivos 58 por cento dos entrevistados conclui que os decisores atuam sem ter em conta os interesses da sociedade. O valor registado em Portugal atinge os 71 por cento, colocando o país na terceira posição do ranking dos mais «insatisfeitos». Acresce ainda o facto de esta desilusão ser maior nas democracias (64 por cento) do que nos estados não-democráticos (41 por cento); - Mais de metade dos respondentes (56 por cento) não confia nas notícias que lê, por considerarem que essas «raramente» ou «nunca» dão uma visão neutra do mundo. As pessoas que em Portugal manifestaram este mesmo posicionamento representam 64 por cento dos abrangidos pelo estudo; - Uma boa parte dos inquiridos (46 por cento) não se sente livre para partilhar opiniões políticas em público, o que revela falta de confiança na liberdade de expressão. Em Portugal, este valor sobe para os 65 por cento dos entrevistados. 152
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A maioria das pessoas confirma a «crise de fé» nas democracias e afirma ter deixado de acreditar na máxima de que os governos são formados «pelo povo» e funcionam «para o povo». Cerca de 80 por cento dos respondentes considera importante esta forma de regime, mas apenas 41 por cento avalia o seu país como suficientemente democrático. É como se a «razão coletiva» continuasse a defender a democracia como modelo de gestão de uma sociedade, mas o «coração de cada pessoa» estivesse profundamente desiludido com o desempenho desse mesmo modelo. No seguimento dos dados expostos, proponho um exercício. Imaginemos que a principal ameaça às democracias não reside em líderes de contexto, como Donald Trump, nos Estados Unidos, ou Jair Bolsonaro, no Brasil, que defendem a ideia de que o que verdadeiramente importa para a sociedade é a economia, o emprego e a segurança. Pensemos, pelo contrário, que o principal risco para as democracias é que essas deixem de ser percecionadas como democracias por todos nós e que com isso nos deixemos acomodar. Mudou algo na forma como olhamos para o problema? Para mim mudou. Acredito que a imagem que procurei passar não está muito distante da realidade. A confirmarse, ela representa a falência de um ALGARVE INFORMATIVO #208
ideal coletivo para uma boa parte das pessoas. Essa não se reflete apenas nas perceções expostas no presente estudo, mas também nas atitudes concretas, como a abstenção eleitoral, que em muitas democracias continua a manter níveis elevados. O que o IPD deixa claro é que a crise que as democracias enfrentam não pode ser entendida como uma crítica à democracia, mas como um grito por mais democracia. A velocidade com que o descrédito desta forma de regime se tem vindo a disseminar no mundo nos últimos anos não se contraria com ações de cosmética ou políticas pontuais. A democracia não é um dado adquirido, mas uma construção permanente, pelo que o compromisso programático dos partidos políticos e dos governos – nacionais, regionais e locais – com esta matéria é vital para a consolidação do regime e necessário para a mobilização das pessoas em torno da reconstrução do ideal democrático. Por natureza, não gosto de me deter nos problemas, não defendo visões fatalistas, nem traço caminhos únicos, pelo que, ao olhar para a questão, prefiro concentrarme na necessidade de recuperar o ideal democrático com ações concretas. É por isso que aproveito este espaço para lançar quatro desafios ao meu país: 154
- Criar um sistema público de participação, de âmbito nacional, que adense os mecanismos de diálogo entre o Governo e a Sociedade sobre políticas públicas concretas. Esta aposta deve ser suportada pela alocação, em sede de Orçamento do Estado, de um valor que viabilize o necessário investimento na promoção da participação cidadã e no aprofundamento da democracia, visando, assim, dar um corpo mais robusto à concretização do Artigo 2º da Constituição da República, que define a Democracia Participativa como fim último do Estado de Direito Democrático; - Criar uma lente/filtro sobre a produção legislativa, que permita compreender, para além do cumprimento dos requisitos constitucionais, os benefícios e constrangimentos de cada iniciativa para a promoção e o aprofundamento da democracia. Este papel pode ser assumido pela Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, desde que esta passe a integrar as referidas preocupações nas respetivas competências, o que não tem acontecido; - Ajustar os mecanismos de transferência de recursos do Orçamento do Estado para os municípios, para que sejam majorados os que asseguram a implementação de processos de participação dos cidadãos, em particular de Orçamentos 155
Participativos. Esta alteração pode ser efetuada com base na revisão do regime financeiro das autarquias locais, na sua redação atual, assegurando que o «excedente» a distribuir pelos municípios, sob a forma de transferência de capital, sirva, parcial ou totalmente, para criar ou reforçar a dotação dos orçamentos participativos municipais; - Definir o próximo quadro comunitário de apoios da União Europeia a Portugal – Portugal 2030 – prevendo verbas específicas para a promoção de uma Administração Pública mais aberta à participação dos cidadãos, indo além da apelidada «modernização administrativa», certamente essencial à simplificação de processos, mas insuficiente para reforçar os mecanismos de diálogo e transparência. A estes desafios é possível juntar muitos outros. O importante é assumir que a democracia não se resume ao cumprimento de um conjunto de procedimentos. As eleições deixaram de ser suficientes para credibilizar o regime. É necessária uma aposta continuada dos vários agentes políticos, um verdadeiro investimento público na abertura do Estado à Sociedade, na credibilização da ação governativa e na devolução do ideal democrático ao coração das pessoas .
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De Rooftop a Açoteia, que abordagem? Alexandra Rodrigues Gonçalves (Professora e Investigadora) oltamos à Açoteia. Ideia romântica e ousada. «Rooftop for Europe» é um conceito de uma Europa Central e do Norte que tem vindo a ganhar adeptos e a apelar à criatividade de cidades em que sobretudo a indústria assume um papel preponderante e em que o espaço público «comum» tem dificuldade de ser atrativo. O sucesso de adesão e do marketing associado ao conceito tem alguma coisa a ver com o anglicanismo? Estou convicta que não. A «açoteia» é muito nossa e é desconhecida de muitos, pelo que causou curiosidade aos residentes, aos visitantes, à comunicação social, porque nos trouxe uma nova abordagem, ainda que não esteja totalmente percebida por todos. A açoteia, a platibanda, a chaminé têm sido elementos do nosso património comum com pouca valorização e até mesmo tratados com desprezo pela maioria das comunidades. As suas funções tradicionais, sobretudo como espaço para recolha de águas pluviais e secagem de frutos como a amêndoa, o figo, a alfarroba, ou até de confraternização familiar, e de vista sobre o território e a paisagem, tornaram-se distantes e ultrapassadas pela nova construção e pela industrialização da agricultura, associada às alterações da sociedade contemporânea. O quintal e o terraço também deram lugar à esplanada. ALGARVE INFORMATIVO #208
Sob o tema «Avistar o Futuro a partir das Açoteias», Faro propôs-se a pensar e a discutir aquele que será um projeto de desenvolvimento local e cultural sustentável. Nos países do Norte da Europa, o sol e a luz têm muito menos horas do que no Sul, por isso percebemos que os telhados, varandas e lugares cimeiros dos prédios apareçam como a aproximação do céu e do bem-estar. Os exemplos apresentados pelos oradores do painel mostraram inovação, ousadia e a sua visão. Nós por cá, em regra, vamos à procura do litoral, dos pés na areia (limpa, sem pedras e sem algas) e de preferência da água, que se quer quente. Demasiado fácil conseguir estes predicados no Algarve. A questão é que são outros predicados que desejamos associados à nossa região e ao concelho, e dizem respeito a questões como: sustentabilidade, arte e comunidade, mas igualmente, ao bem-estar e à saúde, à segurança, ao acesso equilibrado de recursos como a água, ambiente, economia, educação e justiça. Isto tem tudo a ver com tudo e esteve na génese da tarde de trabalho em que participámos. Posso afirmar que não houve ideias disruptivas, mas sim muitas vontades de concretização de planos já existentes e de introdução de práticas que noutros lugares já estão a ser 156
nosso território, atendendo às preocupações com a economia circular, o ambiente e as alterações climáticas. É verdade que somos ágeis em encontrar logo os motivos para não avançar e identificamos com grande perfeição todos os obstáculos.
executadas, sobretudo, em termos do espaço público. Um dos nossos colegas da mesa de trabalho da sustentabilidade dizia durante a discussão: temos que alterar o nosso «mind set». Uma mensagem mais forte parece emergir no sentido da necessidade de renovação e de reciclagem fora da caixa, ainda que com base naquelas que já são reconhecidas e amplamente identificadas forças e oportunidades das nossas pessoas e do 157
Está na altura de contribuir para este novo desenho da nossa cidade e concelho, e para a concretização, pois este é um projeto global da nossa comunidade, para o qual estão todos convocados. Mais próximos do céu, mas com os pés na terra, encontraremos a nossa visão. Reconhece-se que este foi um primeiro passo do que se espera que venha a ser uma plataforma e que mais que um novo evento, a açoteia nos traga novo pensamento. Será que olharmos de cima para baixo, muda a forma de ver? .
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OPINIÃO
Fazer cinema começou no meu quarto no Harlem Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) 014. Nova York. Um calor e humidade que nos fazia louvar um ar condicionado em vez de Deus Nosso Senhor. Lá, comecei a estudar argumento e realização. Como inicialmente me tinha formado noutra área, fui colocada no grupo sénior (dos 26 aos 36 anos) da escola de cinema. Quando me apercebi disto esculpiuse-me na mente algo deste género: “fogo, não te despaches a escrever filmes que esta gente mais nova vai-te dar uma abada em dois tempos”. Talvez não tenha sido este o termo exato, mas senti que estava a investir uma porrada de dinheiro no curso e éramos 50 cães para apenas um osso. E isto nem contabilizando os lobos e leões no mundo lá fora, aqueles que já trabalham na área do cinema e mesmo assim não encontram emprego. Não posso negar que aproveitei e continuo a aproveitar bem a cidade quando lá estou, mas lembro-me de recusar convites e ficar sentadinha em casa, numa secretária de madeira preta, com um aquário enorme que mal me deixava colocar o portátil em cima. Ainda por cima nem me lembro do nome do peixe. Ao meu lado uma chávena de chá yogi e um caderno grande que ainda guardo com estima. Foi aí que nasceu o filme «Ao Telefone com Deus». Ideias soltas que surgiram nas ruas do Spanish Harlem, a norte de Manhattan, e depois seguiu-se a escrita sozinha no meu quarto. Não havia ninguém por perto a aplaudir ou a dar-me indicações. É um trabalho por norma bastante solitário. Esta lengalenga toda para vos dizer que, dentro desta profissão instável (mas não são ALGARVE INFORMATIVO #208
todas hoje em dia?), a minha maior arma não foi «talento», foi trabalho duro. Foi exigir, sentar-me naquela secretária preta - ou branca quando estou em Portugal – e estabelecer um padrão mínimo de produtividade. No outro dia estava a fazer uma masterclass online com o Judd Apatow, aquele dos filmes «Virgem aos 40» e «Bridesmaids», e ele mencionou que o primeiro guião que o seu amigo tinha vendido tinha sido o décimo que tinha escrito. Ou seja, ele escreveu nove guiões e só conseguiu vender o décimo. Trocando por miúdos: 1.º - temos de trabalhar bastante para aperfeiçoar a nossa escrita; 2.º – a sorte só bate à porta daqueles que trabalham a sério. Obviamente que tenho os meus dias em que não me apetece escrever e fico sentada a ver o glorioso programa «Quem Quer Namorar com um Agricultor!». Ou dias em que me sinto pouco confiante, afinal, não sou nenhum Woody Allen que consegue escrever uma longa por ano. Valha-me Deus! Para quem não sabe, escrever uma longa é quase como gestar e parir uma criança – a diferença é que a gestação pode levar anos – estou há anos para escrever uma longa mas consigo inventar as desculpas mais esfarrapadas para não adiantar trabalho. “Não me sinto preparada”, “não tenho arcabouço para isto”, e mais um roll de parvoíces que flutuam na minha cabeça como teias de aranha numa casa velha. Quando me sinto mais prolífica é logo pela manhã, gosto de ouvir música, beber um 158
cappuccino a ferver e, com exceção às minhas notas, preciso de ter a secretária completamente limpa de qualquer tralha. Também tiro o som do telemóvel e coloco-o noutra divisão. 159
Todos temos os nossos padrões de produtividade, encontrem o vosso momento e usem-no. A vossa arte não vai nascer sem esforço. Mas até pode surgir na singela secretária do vosso quarto . ALGARVE INFORMATIVO #208
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24 DE JUNHO CELEBRADO EM CASTRO MARIM COM O FADO DE CARMINHO astro Marim celebrou, no dia 24 de junho, o seu feriado municipal, com o grande concerto de Carminho. A fadista lotou o Revelim de Santo António e emocionou o público com a sua singularidade e grande voz. O trio «Bela Luísa» iniciou a noite, também com música portuguesa.
ainda uma lengalenga da sua autoria. No saxofone, Bruno Correia, também maestro da Banda Musical Castromarinense, deu depois início à cerimónia oficial propriamente dita, marcada pelos discursos do Presidente da Assembleia Municipal, José Domingos, e do Presidente da Câmara Municipal, Francisco Amaral.
Durante a manhã, na habitual sessão solene, o Município de Castro Marim recebeu a palestra «O Papel dos Avós na Educação dos Netos», pelo médico pediatra Vítor Gameiro. Seguiu-se a intervenção de António Salvador, querido e popular historiador de Castro Marim, que avançou o lançamento do seu livro «artesanal», dedicado à juventude, e disse
Com um rico e diversificado programa cultural, desde o dia 22 de junho que Castro Marim celebra e homenageia as suas gentes e à sua história. O teatro do CDD (Centro de Cultura e Desporto da Câmara Municipal) voltou a palco logo na sexta-feira, especialmente dedicada aos alunos da Universidade do Tempo Livre, que abriram, no dia seguinte, a
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exposição dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano no Mercado Local da vila, onde também fizeram uma demonstração de Danças de Salão. Na mesma cerimónia conheceram-se os vencedores do Concurso dos Estabelecimentos Aderentes dos Dias Medievais 2018: 1.º - Mini Mercado Rita Pena; 2.º - Snack-Bar Dois Irmãos; 3.º - Grupo de Amigos Motards «Os Piratas». A noite de 23 de junho foi, como habitualmente, preenchida pelo Grande Arraial de S. João, na Praça 1.º de Maio, em Castro Marim. Animado pela sardinha e pela música popular, este Arraial encerrou também o XX Concurso de Mastros, que todos os anos anima os
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Santos Populares no concelho, fruto do muito trabalho e entrega de clubes e associações locais, que primam por fazer desta uma tradição ainda com bastante vida e expressividade no território. Este ano, no pódio ficaram as coletividades Casa do Povo do Azinhal (1.º), Associação Social da Freguesia de Odeleite (2.º), Associação Recreativa, Cultural e Desportiva dos Amigos da Alta Mora e Campesino Recreativo Futebol Clube (3.º). Esta festa, que reúne anualmente centenas de castromarinenses e outros tantos convivas, tem o ex-libris nas marchas populares, protagonizadas pela Junta de Freguesia de Castro Marim e pela Banda Musical Castromarinense .
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ESCOLAS DO TURISMO DE PORTUGAL ELIMINAM PROPINAS PARA ALUNOS DO ENSINO OBRIGATÓRIO s Escolas do Turismo de Portugal vão abolir, já no próximo ano letivo 2019/2020, as propinas para os estudantes que frequentam cursos de nível IV, que corresponde aos alunos que estão a cumprir a escolaridade obrigatória. Esta é uma das principais novidades do ano letivo que se avizinha, e cujas candidaturas estão abertas até 18 de julho. Sendo uma das instituições públicas com missão de formar recursos para o setor do turismo, e procurando garantir os princípios constitucionais da igualdade de oportunidades e do acesso de todos os estudantes à educação gratuita, a eliminação das propinas de frequência para os cursos de dupla certificação de nível IV não é a única novidade que o Turismo de Portugal apresenta para o ano letivo 2019/2020. Será também reduzido em 50 por cento o custo das inscrições e matrículas, tanto para o nível IV como para o nível V, criando condições para o reforço da atratividade dos cursos e consequentemente para o reforço da captação de talento para o setor. O Turismo de Portugal aposta ainda na diferenciação positiva das escolas situadas nos territórios de baixa densidade, nomeadamente em Lamego, Portalegre e Vila Real de Santo António, através do financiamento de 50 por cento das ALGARVE INFORMATIVO #208
propinas dos Alunos dos Cursos de nível V. Também na prossecução de responder ativamente às necessidades expressas por alunos, profissionais e empresários, as escolas do Turismo de Portugal vão reforçar a oferta formativa, abrindo mais turmas e mais vagas para admissão de novos alunos no nível IV (Nível Profissional). O número de turmas e vagas para alunos dos cursos profissionais vai crescer cerca de 15 por cento, procurando responder à necessidade de ter mais jovens a estudar nas áreas de Cozinha/Pastelaria, Restaurante/ Bar e Alojamento Hoteleiro. Nos cursos de nível V vai existir um novo CET – Curso de Especialização Tecnológica em Turismo da Natureza e Aventura, que virá substituir o antigo (Turismo de Ar Livre). Além destas novidades, as Escolas do Turismo de Portugal vão reforçar a ligação ao setor empresarial regional, afirmando a sua missão de suporte à inovação no setor, à promoção da diversidade regional, da valorização dos produtos endógenos e da articulação aos produtos e serviços turísticos. A rede de 12 Escolas do Turismo de Portugal implementa um programa formativo – Tourism Training Talent – focado nas componentes da comunicação, da gestão e das vendas, com uma atenção especial à inovação e ao conhecimento nos domínios do 164
marketing e do digital. O programa pedagógico integra áreas de desenvolvimento pessoal (aulas de teatro, voz e movimento), de comunicação e storytelling, de gestão (comercial e vendas) e de inovação e empreendedorismo. Nas áreas técnicas, a aposta é em novos métodos e produtos, com ênfase na área digital, com a introdução de softwares de ensino como é o caso da gamificação, ligada à gestão e ao planeamento. Esta é também a única rede escolar que, em Portugal, tem cursos especializados e ministrados totalmente em língua inglesa e, complementarmente, desenvolve projetos de estágios internacionais financiados a 100 por cento e programas de intercâmbio, assegurando desse modo a captação de alunos estrangeiros. 165
Os alunos formados nas Escolas do Turismo de Portugal têm uma taxa de empregabilidade de 94 por cento, de acordo com o mais recente Estudo de Inserção Profissional, relativo a 2018. A maioria dos inquiridos (87 por cento) encontra-se a trabalhar nas áreas da Hotelaria e Restauração, tendo 70,7 por cento conseguido colocação no mercado de trabalho em menos de um mês e 91,7 por cento em menos de três meses. Os resultados deste estudo indicam ainda que o rendimento mensal nas profissões do turismo aumentou. Em 2018, 33,8 por cento dos empregados auferiam rendimentos no escalão entre 751 euros a mil euros, o que significa um aumento de 26 por cento face a 2017 . ALGARVE INFORMATIVO #208
APROXIMA-SE UM DOS MAIORES EVENTOS DE CARROS CLÁSSICOS DE PORTUGAL Algarve Classic Cars afirma-se, pelo 27.º ano, como o grande palco dos automóveis clássicos em Portugal e na Península Ibérica. Na sua edição de 2019, este rali de regularidade histórico, organizado pelo Portugal Classic em conjunto com o Clube Português de Automóveis Antigos, vai contar com etapas em Vilamoura, Portimão, Armação de Pêra e passagens por Paderne, Lagoa, Carvoeiro, S. Brás de Alportel e Loulé. O Algarve Classic Cars terá início, no dia 12 de julho, no Tivoli Marina Vilamoura, pelas 10h, com a abertura do secretariado e, por volta das 19h, será dada a partida para a primeira etapa Murganheira no ALGARVE INFORMATIVO #208
circuito Casino de Vilamoura, terminando por volta das 20h. No dia 13, sábado, o Algarve Classic Cars começa com a partida da Marina de Vilamoura para a etapa Mercedes-Benz/ Starsul, pelas 9h30, com passagens por Paderne às 10h, com uma prova especial de classificação no Autódromo Internacional do Algarve por volta das 11h30 e chegada a Portimão, para uma visita ao Museu de Portimão, pelas 12h. No mesmo dia, às 15h30, acontecera partida de Portimão para a etapa Turismo do Algarve com passagem por Carvoeiro por volta das 15h40 e chegada à Vila Vita Parc pelas 16h30. Às 17h dáse a partida às 17h para a etapa Viborel no Circuito Opticalia, em Armação de 166
Pêra, em direção a Vilamoura, mas com uma neutralização no Algarve Shopping pelas 17h30. No último dia, 14, domingo, o rali de regularidade histórica tem partida para a etapa Conrad Algarve por volta das 10h e com uma prova especial no Cerro de S. Miguel às 11h. Neste dia vai haver uma neutralização em S. Brás de Alportel, às 11h30. A distribuição dos prémios acontece, às 16h, no Conrad Algarve. O Algarve Classic Cars integra os eventos
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desportivos no âmbito Cidade Europeia do Desporto em 2019 em Portimão e conta com o apoio de várias entidades públicas e privadas, de onde se destaca a Câmara Municipal de Loulé, a Mercedes-Benz Starsul Concessionário no Algarve, Murganheira, Turismo do Algarve, Conrad Algarve, Casinos Solverde, Vila Vita Parc, Viborel, BP Portugal, entre outras .
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ATAS DE VEREAÇÃO MEDIEVAIS DE LOULÉ FORAM CLASSIFICADAS COMO TESOURO NACIONAL Conselho de Ministros aprovou um decreto que classifica como bens arquivísticos de interesse nacional, sendo-lhe atribuído a designação de «tesouro nacional», os 11 livros de Atas de Vereação do Concelho de Loulé (Séc. XIV-XV), atualmente na posse da Câmara Municipal de Loulé, através do seu arquivo municipal. Esta classificação surge do processo enviado pela Câmara Municipal de Loulé a propor, em 2018, a classificação das Atas de Vereação de Concelho de Loulé (Séc. XIV – XV). As atas de vereação de um concelho correspondem ao registo escrito das deliberações resultantes das reuniões municipais, onde os oficiais concelhios e restante elite camarária debatiam os assuntos do dia-a-dia do município e dos seus habitantes. O caso de Loulé, no período medieval, é ímpar no panorama nacional, uma vez que são deste núcleo urbano os mais antigos e mais numerosos testemunhos atualmente conhecidos de atas de vereação de um concelho medieval português. Estes documentos, que fazem parte do riquíssimo espólio do Arquivo Municipal, além do seu valor simbólico, testemunham surpreendentemente a vivência e factos históricos.
que incluem a Ata de vereação mais antiga conhecida em Portugal (1384), é o resultado do investimento municipal nas últimas décadas, quer no seu estudo quer na sua preservação”, acrescentando ainda que para o sucesso deste processo foram essenciais os pareceres dos investigadores Luís Miguel Duarte, Maria Helena da Cruz Coelho e Joaquim Romero Magalhães. “É com emoção que invoco a figura inspiradora de Romero Magalhães que nos deixou no final do ano passado”, sublinhou, recordando igualmente que este desafio surgiu no âmbito das Comemorações dos 40 anos do 25 de Abril, pela mão de Carlos Albino .
Para Vítor Aleixo, autarca louletano, “a classificação como Tesouro Nacional das Atas de Vereação medievais de Loulé, ALGARVE INFORMATIVO #208
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QUARTEIRA VAI TER NOVO PARQUE DE ESTACIONAMENTO Câmara Municipal de Loulé e a Junta de Freguesia de Quarteira têm vindo a envidar esforços no sentido de melhorar e facilitar a mobilidade no espaço público naquela que é uma das mais procuradas cidades costeiras da região algarvia. Nesse sentido, foi adquirido recentemente um terreno com cerca de três mil metros quadrados destinado à criação de um novo parque de estacionamento com 67 lugares, na Rua Gago Coutinho, dos quais três serão destinados a pessoas com mobilidade condicionada, assim como de um espaço arbóreo. "Ao fim de três anos de negociações e burocracias, chegamos ao início das obras para a construção do 169
parque de estacionamento do quarteirão do Centro Autárquico de Quarteira", congratula-se Telmo Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira, adiantando que esta bolsa faz parte do trabalho desenvolvido em conjunto com Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, com o intuito de se encontrarem espaços no centro urbano de Quarteira para serem reabilitados e, com isso, “trazer melhorias na organização do espaço publico e mais segurança no dia-a-dia da população". "Continuamos em avaliações para outros terrenos e esperamos que num futuro próximo todas elas tenham o mesmo bom resultado", concluiu o autarca . ALGARVE INFORMATIVO #208
VEÍCULO ATRIBUÍDO À FUNDAÇÃO ANTÓNIO ALEIXO CRIA UM GABINETE DE APOIO SOCIAL ITINERANTE EM LOULÉ o âmbito do Projeto «Caminhos», financiado pelo Ministério da Administração Interna e Câmara Municipal de Loulé, a Fundação António Aleixo, enquanto entidade promotora, recebeu as chaves de um veículo que irá apoiar este programa de intervenção local que tem como principal objetivo trabalhar a integração ALGARVE INFORMATIVO #208
social da comunidade de etnia cigana do Monte João Preto, na zona periférica de Boliqueime. Trata-se de uma comunidade cujas principais problemáticas identificadas residem na exclusão e autoexclusão social, baixo nível cultural e baixa literacia, abandono escolar precoce ou condições habitacionais precárias. 170
Pretende-se, através de um conjunto de ações previstas no âmbito do «Caminhos», fomentar o envolvimento da população na resolução dos seus problemas. Nesse sentido, serão formados elementos-chave na comunidade e é através do papel desse «facilitador» que será feita a ligação à comunidade local, permitindo trabalhar determinadas competências sociais e pessoais dos habitantes do Monte João Preto, que contribuirão para reduzir o insucesso, abandono e absentismo escolar, promover a qualificação, empregabilidade e autonomização da comunidade. De entre as atividades previstas destaca-se a criação de um gabinete de mediação comunitária para informações sobre questões ligadas por exemplo à segurança social, percursos para a empregabilidade através de ações em parceria com o IEFP com vista à integração profissional de adultos em idade ativa, o gabinete de apoio familiar e parental, com mentoria de aprendizagem, numa intervenção com as escolas, atividades de «cidadão responsável» que visam, por exemplo, a limpeza do acampamento, atividades de férias, música para todos (em parceria com o Conservatório de Música), workshops de educação não formal, entre outras. Esta carrinha irá trabalhar localmente e servirá como mediador dentro da comunidade. Posteriormente o objetivo é que o projeto Caminhos seja replicado noutras comunidades dentro do Concelho de Loulé e que a viatura móvel possa aí servir as atividades. A iniciativa nasce ao abrigo do Contrato Local de Segurança, celebrado entre o Município de Loulé e o Ministério da Administração Interna, um instrumento de trabalho que coloca em prática a cooperação institucional à escala local, promovendo a interação com a comunidade e a administração central, as autarquias e os parceiros locais. A par das matérias mais diretas ligadas à segurança, a integração de programas de proximidade, a redução das vulnerabilidades sociais ou a promoção da cidadania e igualdade de género são alguns dos eixos deste Contrato Local de Segurança. O Projeto «Caminhos» tem por missão promover, de forma sustentada, a autonomia, as condições de bem-estar e a satisfação de necessidades básicas e específicas, combater a exclusão, apoiar nas atividades instrumentais da vida quotidiana e atividades sócio recreativas, da população residente em territórios socialmente vulneráveis. Por forma a facilitar a intervenção in loco e proximidade à população alvo, a autocaravana adquirida com o apoio financeiro do Município de Loulé será determinante para a concretização das suas ações de forma itinerante . 171
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CÂMARA MUNICIPAL DE VILA DO BISPO CEDE ESPAÇO À JUNTA DE FREGUESIA DE VILA DO BISPO E RAPOSEIRA Câmara Municipal de Vila do Bispo, representada pelo seu presidente, Adelino Soares, e a Junta de Freguesia de Vila do Bispo e Raposeira, representada pelo seu presidente Dino Lourenço, assinaram, no dia 24 de junho, um protocolo de colaboração através do qual a autarquia cede, à Junta de Freguesia, um espaço para instalação e funcionamento de um estaleiro, a título gratuito e por um prazo de 20 anos. O protocolo define os termos ALGARVE INFORMATIVO #208
de colaboração, entre ambas as partes, na cedência do prédio rústico, que se situa junto ao lote n.º 1, da zona industrial de Vila do Bispo. A medida vai ao encontro da visão da autarquia vila-bispense em apoiar atividades de interesse municipal, permitindo, neste caso, à comunidade local da freguesia de Vila do Bispo e Raposeira beneficiar de equipamentos municipais afetos à prossecução do interesse público local . 172
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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #208
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