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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 13 de julho, 2019

FILIPE PIMENTA | «CENAS NA RUA» | BMX RACE | KICKBOXING | «LETHES CLÁSSICO» 1 ALGARVE INFORMATIVO #210 XXIII FEIRA DA CAÇA, PESCA, TURISMO E NATUREZA | «GENTES NO MERCADO DE LOULÉ»


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CONTEÚDOS #210 13 DE JULHO, 2019 36

HISTÓRIAS 12 - Festas de Altura 22 - Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza de Albufeira 30 - Verão no centro de Portimão 36 - Campeonato Nacional de BMX Race 46 - «Cenas na Rua» em Tavira 56 - «Cinderela» em São Brás 68 - Filipe Pimenta 78 - Campeonato Nacional de Kickboxing 100 - «Gentes do Mercado de Loulé» 112 - Mercado de Culturas ... à luz das Velas 126 - «Lethes Clássico» 154 - Atualidade

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OPINIÃO 136 - Paulo Cunha 138 - Ana Isabel Soares 140 - Adília César 142- Vera Casaca 144- Fernando Cabrita 148- Nelson Dias ALGARVE INFORMATIVO #210

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ALTURA VIBROU COM AS FESTAS EM HONRA DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA Texto: Daniel Pina | Fotografia: João Conceição e Câmara Municipal de Castro Marim

ltura foi palco de um concerto arrebatador dos D.A.M.A., no dia 6 de julho, no âmbito das Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria que decorreram de 5 a 7 do corrente mês. Além dos D.A.M.A., que atraiu milhares de pessoas às Festas, o cartaz apostava na cultural musical local, ALGARVE INFORMATIVO #210

com a participação de grupos e performances que distinguem e diferenciam o concelho, como o desfile etnográfico pela «Amendoeiras em Flor», o espetáculo de dança da Arutla e uma atuação do recém-formado grupo das Danças de Salão da Universidade do Tempo Livre. Destaque ainda para o grupo «De Moda em Moda», que trouxe um pouco do cante alentejano, e para a Marcha Popular da Bordeira, com um 12


espetáculo que evocou e homenageou as tradições do interior algarvio. Outro dos grandes momentos destas Festas é a Procissão em Honra do Imaculado Coração de Maria, que decorreu ao final da tarde do dia 7 de julho e que, de ano para ano, se traduz numa maior expressão de fé e tradição religiosa, consolidando o seu espaço junto da comunidade alturense, mas atraindo também os turistas que escolhem esta freguesia do concelho de Castro Marim como destino de férias. Cerca de 50 expositores faziam ainda parte destas 13

Festas, com artesãos e demonstrações das suas artes e uma enorme variedade de venda de doces e iguarias locais e regionais. As Festas em Honra do Imaculado Coração de Maria foram uma organização conjunta da Paróquia de Altura, Junta de Freguesia de Altura, Clube Recreativo Alturense, Irmandade do Imaculado Coração de Maria, Instituto de Emprego e Formação Profissional e Câmara Municipal de Castro Marim . ALGARVE INFORMATIVO #210


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XXIII FEIRA DE CAÇA, PESCA, TURISMO E NATUREZA FOI UM TREMENDO SUCESSO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

lbufeira recebeu pela primeira vez a Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza do Algarve, com a Marina a ser o local escolhido para a realização da XXIII edição do evento, que durante três dias recebeu mais de 40 mil visitantes. Com um ALGARVE INFORMATIVO #210

programa recheado de atividades para toda a família, a feira foi considerada um sucesso pela organização, expositores e visitantes. Foi ao som da música tradicional portuguesa de José Praia e Áqua Viva que o certame encerrou, no dia 7 de julho, com os visitantes a terem à sua disposição atividades para todos os 22


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gostos, desde exposição de animais a eventos equestres, do artesanato a concursos de pesca, da apresentação de livros a exposição de máquinas agrícolas, para além de concertos, mesas redondas e colóquios. O recinto da feira integrou 191 expositores (113 interiores e 78 exteriores); uma área de exposição de animais, desde cães a coelhos, aves de rapina, patos, cabras e animais exóticos; o picadeiro, que acolheu espetáculos, provas e batismos equestres bastante aplaudidos pelo público; e o palco principal, onde atuaram Richie Campbell, António Zambujo e José Praia e Áqua Viva. “Este evento excedeu todas as expetativas, terminando com um balanço muito positivo”, destacou José Carlos Rolo. O presidente da Câmara Municipal de 25

Albufeira referiu que a Marina foi um excelente local para a realização do certame, que se saldou numa aposta ganha, “pois gerou um elevado impacto económico no concelho e levou o nome de Albufeira a todo o mundo com uma cobertura mediática extraordinária”. Para o Diretor Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Pedro Valadas Monteiro, “esta feira divulga uma oferta turística diferenciada, contribuindo para enriquecer a própria oferta turística regional e propiciando um elevado retorno à economia regional”. No sábado, o programa «Aqui, Portugal», da RTP, foi transmitido em direto a partir da Feira. Hélder Reis, Joana Teles e Catarina Camacho deram ALGARVE INFORMATIVO #210


a conhecer o certame através de reportagens e entrevistas transmitidas para todo o mundo, via RTP Internacional e RTP Play. Destaque ainda para a visita oficial, realizada durante a tarde de domingo, do Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, que elogiou o certame, descrevendo-o como um “espaço magnífico, mais aberto e atrativo, onde a caça e a pesca se apresentam como atividades lúdicas, mobilizadoras, ao centro do turismo da região do Algarve, no município de Albufeira, de face renovada”. Já o presidente da Federação de Caçadores do Algarve, Vítor Palhinha, ALGARVE INFORMATIVO #210

salientou que “este ano, a Feira de Caça rumou a Albufeira, concelho que nos abriu os braços e nos permitiu novamente alargar o seu âmbito, passando a denominar-se de Feira de Caça, Pesca, Turismo e Natureza, num espaço alargado e sem fronteiras”. O certame foi organizado em parceria pela Federação de Caçadores do Algarve, Câmara Municipal de Albufeira e Marina de Albufeira, e contou com a colaboração da Região de Turismo do Algarve, Agência de Promoção de Albufeira (APAL) e Crédito Agrícola de Albufeira . 26


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MÚSICA, FUTEBOL, FUTSAL E MUITO MAIS ANIMAM O CENTRO DE PORTIMÃO DURANTE O VERÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

oram apresentados, ao final da manhã do dia 8 de julho, em conferência de imprensa no Restaurante Porta Velha, os principais eventos que vão dinamizar a zona de comércio de proximidade de Portimão ALGARVE INFORMATIVO #210

durante este Verão. Ao todo, mais de dez grandes iniciativas prometem ser um irresistível convite para que residentes e visitantes se vão divertir e passear no centro de Portimão, tornando-o num dos seus principais pontos de encontro e de fruição. 30


Isilda Gomes e Álvaro Bila, Presidentes da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Portimão

O programa arranca já no dia 13 de julho, às 21h, na Alameda da Praça da República, com mais uma edição do Choque Frontal Festival, com The Black Teddy’s, Nanook e Nanabey. Poucos dias depois, de 18 a 21 de julho, as atenções viram-se para o futebol, com a realização da primeira Copa Ibérica que colocará frente-a-frente, no Estádio Municipal de Portimão, Futebol Clube do Porto, Portimonense, Getafe e Betis. E, para além das emoções fortes do relvado, não faltará animação para toda a família na Fan Zone instalada na Praça 1.º de Maio, mesmo em frente ao edifício da Câmara Municipal de Portimão, que incluirá um miniestádio de futebol, várias áreas de atividades, matrecos humanos e muito mais. Depois do tremendo sucesso da cerimónia de abertura de Portimão – Cidade Europeia do Desporto 2019, o video 31

mapping está de regresso, nos dias 19 e 20 de julho e 16 e 17 de agosto, às 21h30, com projeções sobre a fachada do Colégio dos Jesuítas. Alameda da Praça da República que acolhe mais um Festival Internacional da Canção Infantil «Chaminé de Ouro», a 27 de julho, a partir das 21h. No mesmo dia, às 10h, acontece a Parada Portimão – Cidade Europeia do Desporto pelas ruas do centro de Portimão até ao Mercado Municipal, repetindo-se o evento no dia 31 de agosto. Agosto começa, nos dias 3 e 4, com um arraial solidário a favor da Cáritas Paroquial da Matriz de Portimão, entre as 19h e a 01h, na Alameda da Praça da República. A última semana do mês vai ser também bastante agitada, com o Festival de Acordeão João César (24 de agosto, 21h30) e o 1.º Live and Loud Fest Powered by Marginália (28 e 29 de ALGARVE INFORMATIVO #210


agosto, às 22h). A animação prolonga-se, de 4 a 8 de setembro, com o R10 Street Futsal, que marca a estreia do maior evento de rua em Portugal com a chancela e presença de Ricardinho, o melhor jogador de futsal do mundo. Porque, no ano em que o Portimonense subiu à liga principal de futsal, “fazia todo o sentido realizar este evento em Portimão”, considera a edil Isilda Gomes. “Dinamizar o centro da cidade é importantíssimo e há que saudar os empresários que aqui apostam. Naturalmente que temos que criar forças de atratividade, o que nem sempre é fácil. Os nossos empresários queixam-se frequentemente que há poucas pessoas a visitar esta zona e arranjam-se sempre mil e uma razões para tal. Pois nós estamos cá para ajudar a encontrar soluções e respostas, mas ALGARVE INFORMATIVO #210

isso só é possível se trabalharmos todos no mesmo sentido”, defendeu a presidente da Câmara Municipal de Portimão. Foram então apresentadas diversas iniciativas com capacidade de chamar pessoas ao centro de Portimão, que as leve a entrar nos estabelecimentos comerciais para que conheçam as suas propostas, “mas a autarquia, por si só, não pode fazer tudo, precisamos dos comerciantes e empresários ao nosso lado”. “Se eles não se modernizarem, não se tornarem atrativos, podemos trazer muitas pessoas para o centro, mas, provavelmente, elas depois não entram nos estabelecimentos”, avisou Isilda Gomes, acrescentando que o facto do estacionamento ser pago poderá ser 32


uma falsa questão. “A Câmara Municipal está, neste momento, a tratar do resgate da concessão à superfície, no sentido de adequar os horários e os preços e, quem sabe, libertar alguns lugares para serem gratuitos. No entanto, Faro fez isso e, neste momento, os farenses estão a pedir para que o estacionamento seja novamente tarifado, porque os trabalhadores do centro da cidade colocam lá as suas viaturas o dia todo e deixa de haver rotatividade de lugares para os visitantes”. Isilda Gomes revelou, entretanto, que Portimão – Cidade Europeia do Desporto 2019 está a superar todas as expetativas, tanto em termo de praticantes, como de público, ajudando sobremaneira a projetar o desporto em Portimão, mas também a capacidade organizativa da autarquia. “As iniciativas que se têm desenvolvido em Portimão estão todas a ser as maiores do historial do evento, o que significa que

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somos um concelho e uma cidade atrativas e que estamos a fazer um bom trabalho”, realçou. Ficou ainda por confirmar a data do habitual desfile de moda com as novas coleções dos lojistas do comércio tradicional, que deverá acontecer, ou na primeira quinzena de setembro, ou na última de agosto. “O nosso objetivo é que o centro de Portimão tenha vida própria, que as lojas estejam todas abertas, que o pulmão da cidade seja atrativo e dinâmico”, afirmou também Álvaro Bila, presidente da Junta de Freguesia de Portimão, durante a conferência de imprensa. Na ocasião foram igualmente revelados os padrinhos dos três doces de Portimão (Morgado, Doce Fino e Queijo de Figo), que são finalistas distritais ao Concurso das 7 Maravilhas Doces de Portugal .

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CAMPEÕES NACIONAIS DE BMX RACE FORAM DECIDIDOS EM PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

onçalo Rodrigues conquistou, no dia 7 de julho em Portimão, o Campeonato Nacional de BMX Race na categoria masculina de mais de 19 anos. Já entre as femininas com mais de 15 anos o triunfo foi para Ana Sgobin, da Americana Bicicrosse Clube. A prova foi organizada ALGARVE INFORMATIVO #210

pelo Clube Bicross de Portimão e pela UVP - Federação Portuguesa de Ciclismo, no âmbito de Portimão Cidade Europeia do Desporto 2019 , com o apoio da Junta de Freguesia de Portimão. Na principal categoria masculina, Gonçalo Rodrigues, radicado na Suíça, foi o mais forte, relegando para as restantes posições de pódio Hugo 36


Martins (Team BMX Quarteira) e Carlos Rosado (Clube Bicross de Portimão), segundo e terceiro, respetivamente. Numa final a três, Ana Sgobin impôs-se no setor feminino, diante de duas corredoras do Team BMX Quarteira, Catarina Veríssimo e Vânia Mota. Nas camadas jovens, destaque para as vitórias do júnior Gonçalo Carvalho (Núcleo Bicross Setúbal/Knowledge Inside) e do cadete Renato Silva (Team BMX Quarteira). Por sua vez, João Fidalgo conquistou uma dupla vitória, superiorizando-se em cruisers e masters. O

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Team BMX Quarteira venceu em termos coletivos. Realce ainda para a grande participação no Campeonato Nacional disputado na Pista do Parque da Juventude de Portimão de atletas pertencentes às categorias de escolas e que demonstraram já algum espírito competitivo. O número de praticantes jovens teria sido ainda maior se não tivesse acontecido, no mesmo fim-desemana, o Encontro Nacional de Escolas de Ciclismo, em Almeirim .

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«CENAS NA RUA» LEVA MAGIA ÀS RUAS DE TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Tavira

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ntre 1 e 14 de julho realizou-se a 15ª. edição do Festival Internacional de Teatro e Artes na Rua – «Cenas na Rua», no âmbito do programa cultural «Verão em Tavira», um dos mais conceituados do continente europeu em virtude da aposta da Câmara Municipal de Tavira em grupos diversificados e de qualidade inquestionável que invariavelmente encheram de público as praças, largos e recantos da cidade onde atuaram. Na noite de 5 de julho foi a cena «A Farsa do Mestre Patalão», pela «Ao Luar Teatro», no Alto de São Brás, peça que contava a história de Patalão, mestre em advocacia por decisão e vocação. Homem de apurados e improvisados recursos, quer seja em tribunal, quer seja nas muitas ALGARVE INFORMATIVO #210

tropelias que a vida lhe proporciona, é um cavalheiro de promessa fácil que assume com Guilhermina, sua esposa, o compromisso de trazer algo da feira. Sem um tostão no bolso encontra Gualdino, comerciante sério e sovina, e assim está dado o mote para esta comédia escrita no século XV por um anónimo francês que a companhia portuguesa interpretou, em Tavira, inspirada no estilo artístico commedia dell´arte. Na noite seguinte foi a vez do grupo espanhol Yllana trazer «Chefs» até à Praça da República, num olhar divertido sobre o fascinante mundo da gastronomia. A história centra-se num Chef de grande prestígio que perdeu a inspiração e que se vê forçado a confiar numa disparatada equipa de cozinheiros para criar uma receita espetacular e 48


inovadora e assim manter as estrelas do seu restaurante. Em palco assistiu-se a uma viagem pelas distintas facetas do mundo da cozinha: a relação com os alimentos, os animais, as diferentes cozinhas e sabores do mundo. Mas também os egos, a competição entre estes «cozinheiros estrela» e tudo o que, com muito gosto, vai caindo na caçarola do humor de Yllana. O fim-de-semana terminou da melhor forma com «O Mar de Sophia» do Poetry Ensemble, também na Praça da República. «O Mar de Sofia» conta com a chancela da Comissão das Comemorações do Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen e é um espetáculo em formato multimédia que usa a imagem e a música como complementos da palavra dita. 49

Conta, para além da formação base do Poetry Ensemble, com a participação de um violino, de um violoncelo e do DJ XActo. As vozes convidadas para este espetáculo são as das atrizes Margarida Vila-Nova e Carla Bolito, bem como da poetisa Paula Cortes e da cantora Vivianne . ALGARVE INFORMATIVO #210


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ESCOLA DE DANÇA MUNICIPAL DE SÃO BRÁS DE ALPORTEL TERMINOU ANO LETIVO COM «CINDERELA» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Cineteatro São Brás encheu-se de juventude, alegria e magia, na tarde de 6 de julho, com o espetáculo «Cinderela» apresentado pela Escola de Dança Municipal, encerrando assim da melhor forma o ano letivo 2018/2019. Sob a direção da professora Marta Morais, várias dezenas de jovens bailarinas protagonizaram em palco a famosa história da Disney, para regozijo dos familiares que preenchiam a plateia deste equipamento cultural da vila de São Brás de Alportel, demonstrando o bem que se dança no coração da Serra do Caldeirão. Seguem-se agora as merecidas férias de Verão, antes das alunas/bailarinas regressaram em pleno, em setembro, para mais um ano de aprendizagem . ALGARVE INFORMATIVO #210

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FILIPE PIMENTA SONHA EM TER T-SHIRTS REPRESENTATIVAS DE TODOS OS PAÍSES DO MUNDO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Txirte

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empreendedorismo é, sem dúvida, uma das palavras mais sonantes do século XXI, mas criarse uma startup não implica estar-se no ramo das tecnologias de ponta, nem ser-se um jovem com uma ideia mirabolante. Exemplo disso é Filipe Pimenta, 47 anos, licenciado em gestão de empresas pela Universidade do Algarve e com cerca de duas décadas de carreira ligadas à área financeira, que decidiu, em 2018, criar a marca Txirte, de t-shirts personalizadas. Uma decisão de risco porque, conforme reconhece, a concorrência é enorme no mercado do vestuário, daí apostar num segmento alto que não se importa de pagar um pouco

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mais por uma peça de roupa de qualidade superior. “Este vai ser o meu primeiro Verão de atividade a sério e está a correr dentro das expetativas. Uma vantagem de quem vem do mundo dos números, da contabilidade e finanças, é que tem normalmente os pés mais bem assentes na terra. Quem chega do marketing e vendas costuma ser mais sonhador, o que também não é mau. Vou dando passos pequenos e sustentáveis”, refere o portimonense. A ideia já vinha de trás, da sua paixão por viajar, sobretudo pelos países africanos, e da constatação que nem sempre era possível trazer um souvenir, uma recordação, nomeadamente tshirts de boa qualidade. “Comprava

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algumas que bastava lavar duas vezes para perderem a cor, ficarem desbotadas, estragadas. Depois, verifiquei que, na nossa região, as opções se limitam às baratinhas com dizeres do género «I Love Algarve» ou então do CR7, que, por muito que goste do Cristiano Ronaldo, não acho que seja a melhor recordação para se levar de um país”, conta, com um sorriso, no seu escritório em Lagoa. Entretanto, porque o setor financeiro continuar a atravessar um momento de instabilidade, Filipe Pimenta viu-se, de repente, desempregado. “Tinha alguma folga financeira, o subsídio de desemprego para investir, a esposa com uma posição confortável, portanto, decidi ir para a frente”. 71

Por questões burocráticas que se prendem com a constituição de empresa, legalização da marca e tudo o mais, a primeira coleção alusiva ao Algarve aparece precisamente no último dia do Verão de 2018, a que se somou, rapidamente, uma outra coleção sobre Cabo Verde, destino turístico cuja época alta é contrária à do Algarve, o que permite um cruzamento interessante de faturação. No início deste Verão, Filipe Pimenta lançou a coleção «Portugal», por ocasião do 10 de junho, dos Santos Populares e da presença da seleção nacional na Liga das Nações. “Tenho uma linha de geografias, com cidades, países e regiões, mas também uma relacionada com as artes, com o ALGARVE INFORMATIVO #210


contributo do João Sena, um amigo portimonense e artista reconhecido. Foi um sucesso enorme e já estou em conversações com outros artistas”, adianta, aproveitando para sublinhar que as suas t-shirts são produzidas com algodão orgânico, o chamado ringspun, penteado, com uma malha mais torcida, e a própria serigrafia é mais resistente à lavagem. “É um produto com mais qualidade e tento chegar a um público que perceba isso. Mas é difícil fazer essa segmentação no Algarve, porque os turistas estão cá poucos dias e não andam propriamente à procura de tshirts na internet”. Apesar de colocar a marca Txirte em algumas unidades hoteleiras e resorts de

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referência, o maior enfoque de Filipe Pimenta é, como se adivinha, na loja online, o que o obriga a tirar repetidas formações em marketing digital e a participar em quase todos os eventos dinamizados pela StartUp Portimão e outros semelhantes. “Em relação aos hotéis, tenho tido algumas agradáveis surpresas. Levei, por exemplo, as minhas t-shirts ao Vila Vita Park e eles gostaram tanto da qualidade do produto que optaram por uma coleção exclusiva, que brevemente estará à venda no resort. Noutros hotéis está exposta a coleção do Algarve”, diz, mostrando-se convicto de que há clientes para a sua marca, resta encontrá-los. “E coloco sempre informação adicional para as pessoas

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compreenderem que estão a comprar mais do que uma simples t-shirt. Eu estou a vender uma memória, uma recordação, e não convém que elas desapareçam ao fim de três lavagens”, salienta. As preocupações ambientalistas estão também bem presentes na Txirte, daí que as t-shirts sejam vendidas num saco de pano cru e não de plástico, uma embalagem atraente que é reutilizável e que pode ser facilmente convertida numa mochila. O logotipo nas costas e a etiqueta no final da camisola são mais dois elementos que procuram aumentar a identificação do cliente com a marca e 73

assim se vai caminhando e inovando todos os dias. E uma inovação reside igualmente na escolha do design, com Filipe Pimenta a privilegiar os criadores locais. “O meu objetivo máximo é ter um t-shirt por cada país do mundo, ser uma referência para os viajantes que vão ao Benim, à Suécia ou à Austrália. No caso de Cabo Verde pesquisei na internet por designers cabo-verdianos, encontrei uma rapariga no Mindelo que tinha concluído o curso há poucos anos, não a conheço pessoalmente, mas a coleção está feita e à venda. E espero repetir isso com muitos outros países”, afirma o empresário. ALGARVE INFORMATIVO #210


O modelo de negócio é aparentemente simples, mas encerra muitas dificuldades e exige uma constante dedicação. E só é possível no mundo digital em que todos vivemos atualmente, pois era impensável para Filipe Pimenta andar de país em país a contatar designers, bem como sonhar em ter t-shirts alusivas a todas as nações. “Quero que a Txirte seja uma marca global para viajantes e também para os amantes das artes, desde o artista plástico ao tatuador, da fotografia ao grafiti e banda-desenhada. Não há limites”, garante, empolgado. A par da aposta em artistas locais, o entrevistado tenta o máximo possível que ALGARVE INFORMATIVO #210

os fornecedores e parceiros também sejam locais, pelo que as t-shirts são fornecidas por uma empresa de Portimão. “Acredito que saíssem mais baratas se fosse a uma fábrica do norte do país, mas gosto de falar com as pessoas olhos nos olhos, ir ao local discutir com elas mais centímetro, menos centímetro, uma cor «assim ou assado». Eles próprios fazem o bordado, a serigrafia é feita noutro local”, explica. E quanto a apoios para montar o negócio, questionamos. “O início do projeto foi feito com o dinheiro a que tinha direito do Fundo de Desemprego, o que serviu para comprar computadores, impressoras e restante material de escritório. Para registar a marca contei com o apoio do CRIA da Universidade do Algarve, de 74


resto, foi tudo às minhas custas. Tento movimentar-me muito no meio dos bootcamps e workshops, tanto pela questão da formação, como pela rede de contatos que se vai criando. Há sempre alguém que conhece alguém ou é amigo de alguém, que já ouvir falar numa coisa qualquer que nos é necessário”, destaca Filipe Pimenta. Passo a passo, migalha a migalha, assim vai crescendo a Txirte, porque a margem é reduzida, o que impede também que se crie um stock muito numeroso. “É preciso comprar produto para colocar à venda, sem ter a garantia de que o vou conseguir fazer. Para estar em mais postos de venda, em mais hotéis, tinha

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que constituir um stock enormíssimo e não me quero aventurar para «fora de pé», nem tenho neste momento meios financeiros para tal”, justifica. Nesse sentido, estão disponíveis as coleções «Portugal», «Cabo Verde» e «Algarve» e brevemente haverá novidades em relação à «Art Collection». “Sei que os primeiros anos vão ser difíceis, enquanto a Txirte não tiver uma relativa notoriedade, mas não estou nada arrependido da opção que fiz. Se der os passos certos, mais cedo ou mais tarde vou ter maior fôlego e uma marca reconhecida. E cada vez que vejo alguém com uma das minhas tshirts vestida, é um orgulho imenso”.

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ALGARVE TEM CLUBE E ATLETAS CAMPEÕES NACIONAIS DE KICKBOXING Texto: João Pelica | Fotografia: Afonso Pelica, Rogério Espada, Rui Briceno e Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai

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isputou-se, nos dias 29 e 30 de junho, no Pavilhão Galamba Marques, na Figueira da Foz, o Campeonato Nacional de Kickboxing, organizado pela Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai, que contou com a participação de mais de 800 atletas a representar 140 clubes de Portugal Continental e Ilhas. Em termos de resultados, realce para o Título de Campeão Nacional por Equipas, em Kick Light, alcançado pelo Desportos de Combate J.F. Faro (DCJFF), destacando-se assim dos demais clubes nesta disciplina de velocidade.

equipas com 51 atletas, em quatro disciplinas: Pleno Contacto - Low Kick; Velocidade - Kick Light; Light Contact; e Points Fighting, registando-se resultados bastante positivos. Deste modo, conquistaram a medalha de ouro e sagraram-se campeões nacionais: Bruno Pereira (DCJFF / Kick Light / Sénior / -79kg), Cristina Grebencea (DCJFF / Light Contact / Júnior / - 55kg), Diana Madeira (DCJFF / Kick Light / Júnior / - 60kg), Jéssica Silva (JS Campinense / Kick Light / Júnior / 55kg), João Neves (DCJFF / Kick Light / Júnior / - 63kg), Matheus Caiña (DCJFF / Light Contact / Sénior / -57 kg), Miguel Cavaco (JS Campinense / Points Fighting / Iniciado / -42kg), Pedro Castro (DCJFF / Kick Light/ Veterano / - 84kg) e Pedro

Da região do Algarve participaram cinco ALGARVE INFORMATIVO #210

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Tavares (DCJFF / Kick Light / Sénior / 63kg). Para o Algarve trouxeram a medalha de prata de Vice-Campeão Nacional: André Jaques (DCJFF / Light Contact / Iniciado / 28kg), Ângelo Cordeiro (JS Campinense / Low Kick/ Sénior / - 75kg), Daniela Louçã (Top Team Silves e Messines / Kick Light / Sénior / - 55kg), Diana Koshman (AKBA – Golden Team / Low Kick / Juvenil / - 65kg), Maia Rodrigues (Top Team Silves e Messines / Kick Light / Júnior / - 50kg), ALGARVE INFORMATIVO #210

Rodrigo Maurer (Top Team Silves e Messines / Kick Light / Juvenil / + 69kg) e Tiago Curiel (DCJFF / Kick Light / Juvenil / - 52kg). A fechar o pódio houve também atletas algarvios a conquistar a medalha de bronze: Afonso de Castro (DCJFF / Light Contact / Iniciado / 36kg), Catarina Ramos (JS Campinense / Kick Light / Júnior / - 55kg), Mariana Faísca (JS Campinense / Kick Light / Júnior / - 60kg), Margarida Rodrigues (JS Campinense / Kick Light / Juvenil / 60kg), Matilde Silva (JS Campinense / 82


Kick Light / Juvenil / - 55kg), Micael Rodrigues (Top Team Silves e Messines / Low Kick / Juvenil / - 65kg), Paulo Silva (Associação Kombate Fácil / Kick Light / Veteranos / - 84kg), Sahin Cruz (JS Campinense / Kick Light / Sénior / - 79kg), Telmo Andrade (AKBA – Golden Team / Kick Light / Juvenil / - 57kg), Tomás Rosa (AKBA – Golden Team / Kick Light / Júnior / - 63kg) e Vinsent Agreen (AKBA – Golden Team / Low Kick / Júnior / - 65kg). Os clubes algarvios participantes no 83

Campeonato Nacional de Kickboxing foram os seguintes: AKBA – Golden Team (Lagos), Associação Kombate Fácil (Tavira), DCJFF – Desportos de Combate J F Faro (Faro), Juventude Sport Campinense (Loulé) e Top Team (Silves e Messines). A par do campeonato regional para apuramento dos atletas, realizado em Tavira em março do corrente ano, esta foi, até à data, a maior prova de kickboxing a nível nacional, o que demonstra que este desporto está a crescer, quer a nível nacional, como no Algarve . ALGARVE INFORMATIVO #210


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LIVRO DE FOTOGRAFIAS DE VÍTOR PINA ASSINALA OS 111 ANOS DO MERCADO MUNICIPAL DE LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Vítor Pina ALGARVE INFORMATIVO #210

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oi apresentado, no dia 3 de julho, no Mercado Municipal de Loulé, o livro de fotografias «Gentes no Mercado de Loulé», da autoria de Vítor Pina, numa iniciativa integrada no programa comemorativo do 111.º aniversário deste ex-líbris da cidade. A obra é constituída por 50 fotografias a preto e branco captadas pelo fotógrafo, no âmbito da sua parceria com o projeto municipal «Loulé Criativo», durante a atividade de turismo criativo «Loulé Street Photography», realizada aos sábados de manhã. As imagens centram-se nas gentes que vendem no Mercado, mas também nas que acorrem à cidade para visitar ou fazer as suas compras. Na sua obra, o fotógrafo e arquiteto paisagista tentou captar o «reboliço» que se vive neste local histórico, assim como a ALGARVE INFORMATIVO #210

importância das pessoas que o frequentam, “porque o Mercado é mais do que este magnífico edifício”, explicou. “São as pessoas que cá trabalham e que aqui vêm fazer as suas compras, são as pessoas que o visitam e que aqui encontram amigos, são as pessoas que o tornam num espaço singular”, reforçou o autor, adiantando que o livro nasceu de forma espontânea e sintetiza dois anos e meio da «Loulé Street Photography». “A atividade, para além de ensinar fotografia, é um convite para que se visite Loulé e se conheça o seu património e, acima de tudo, para que se olhe com particular atenção para as pessoas. Ao longo de mais de duas dezenas de sessões eu próprio fui conhecendo melhor esta cidade, ganhando novas amizades e fortalecendo laços”, reconheceu. 102


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Assumindo ter-se tornado também um «louletano» no decorrer desta longa e intensa experiência, Vítor Pina entende que só assim foi possível fotografar “com proximidade e honestidade as dinâmicas que acontecem todos os sábados de manhã junto ao Mercado”, e assim surgiram mais de duas mil fotografias, das quais 50 foram selecionadas para integrar «Gentes no Mercado de Loulé». “Eu e o Nuno Loureiro procuramos estabelecer uma narrativa e uma viagem a três dimensões: o meu olhar; o olhar de todos os que vão observar estas 50 imagens; e o olhar das pessoas aqui retratadas. Optei por uma ausência de cor num mundo em que as cores vivazes são dominantes, porque quis realçar a narrativa das emoções, olhares e histórias destas pessoas que fazem o Mercado”, referiu o fotógrafo, antes de ALGARVE INFORMATIVO #210

agradecer todo o carinho que foi recebendo da parte dos protagonistas do dia-a-dia deste equipamento da cidade louletana. Mercado Municipal que é gerido pela empresa «Loulé Concelho Global», cujo presidente David Pimentel revelou que o livro nasceu de um desafio lançado pela Diretora Municipal Dália Paulo aquando dos festejos dos 110 anos do espaço. “Tenho a certeza absoluta de que quem olhar para estas fotos se vai identificar com elas, se vai lembrar de histórias que já vivenciou ou experienciou. É um livro que transporta emoção”, descreve, agradecendo igualmente aos 201 concessionários que ali trabalham diariamente “para que tenhamos os melhores produtos para as nossas famílias”. “São 117 operadores dentro 104


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Vítor Pina, Vítor Aleixo, David Pimentel e Nuno Loureiro

do Mercado Municipal de Loulé e mais 84 que aqui vêm ao sábado, criando-se uma dinâmica de atração e alegria no comércio a que assisti em poucos outros locais. São 111 anos de histórias, vivências e emoções deste mercado de produtos tradicionais que nos despoletam muitas memórias daquilo que fomos, das vezes que aqui viemos fazer comprar com os nossos avós e pais e das vezes que agora fazemos compras acompanhados pelos nossos filhos. O mercado é um sítio de comércio, mas também de socialização, de vivência, de experiências em comunidade”, frisou David Pimentel. A difícil tarefa de escolher as 50 imagens coube ao curador Nuno Loureiro, fotógrafo e professor da Universidade do Algarve, que de pronto afirmou que “a fotografia portuguesa está, sem margem ALGARVE INFORMATIVO #210

para dúvidas, um pouco mais rica a partir deste momento”. “É um orgulho e uma alegria podermos estar aqui a olhar para esta obra singular que normalmente não é fácil de encontrar dentro do que se publica atualmente. Vemos muitas selfies, pores-do-sol e fotografias românticas, mas esta fotografia de rua que olha para nós de uma forma relativamente crua é algo incomum”, admite. “O Vítor foi meu aluno na universidade, começávamos a falar de sistemas de informação geográfica, de climatologia ou cartografia, e acabávamos sempre a falar de fotografia. Estabeleceu-se uma relação de amizade, voltei a tê-lo como orientando de mestrado e as conversas iam, invariavelmente, descarrilar para o lado da fotografia. E já nessa altura o Vítor hesitava um pouco entre a fotografia fantástica de 106


paisagem que fazia e a fotografia de rua, das pessoas, do confronto com a realidade. Foi evoluindo e hoje presenteia-nos com um livro singular, de fotografia de autor, que as pessoas vão gostar imenso ou detestar imenso”, acredita Nuno Loureiro. Fotografia trabalhada a preto e branco, de uma forma bastante contrastada e em que as situações são desafiadoras. “Não há aqui fotos fofinhas”, declara, com um sorriso. “Estou certo de que ninguém vai ficar indiferente a esta obra e é um prazer enorme, como algarvio que sou, ver o concelho de Loulé a publicá-lo. Um concelho que, para muitos, se traduz em eventos de grande dimensão, mas que, ao mesmo tempo, olha para a produção local, para os criadores e artistas locais, com o mesmo carinho, atenção e apoio. Isso permite que as pessoas trabalhem, 107

criem, produzam, mostrem obra”, enalteceu Nuno Loureiro, antes de passar a palavra precisamente ao presidente da Câmara Municipal de Loulé. “É mais uma obra de referência que retrata este ícone da arquitetura e património da cidade de Loulé e numa data tão significativa. Este mercado é talvez o objeto patrimonial de Loulé mais visitado e fotografado e que maiores sentimentos suscita quando as pessoas por aqui andam, mas como o Vítor Pina muito bem o referiu, o Mercado é mais do que o edifício, é sobretudo a dinâmica humana que nele acontece. Os sábados de manhã são uma prova de vida de todos os que aqui se deslocam e participam, convivem, dialogam, compram e se surpreendem com o que encontram”, salientou Vítor Aleixo. ALGARVE INFORMATIVO #210


Na opinião do edil, as imagens de «Gentes no Mercado de Loulé» têm a capacidade de falar com as pessoas e proporcionam uma leitura bastante abrangente do que acontece neste espaço, daí considerar que “este mercado merece este livro”. “E um livro é um livro, fixa para sempre aquilo que importa, a que damos valor. Nunca ninguém, alguma vez na vida, poderá carregar numa tecla e fazer desaparecer um livro. E esse é o perigo que corremos quando idolatramos, quando nos deixamos seduzir pelas coisas eletrónicas e muito contemporâneas. Cada livro é um tesouro pela informação que contém, seja ele qual for. A possibilidade de levarmos um livro para casa, de o lermos, passarmos aos filhos e netos, emprestarmos a um amigo, tudo isso é uma maravilha, porque vai circular sempre entre nós num espaço de grande liberdade”. ALGARVE INFORMATIVO #210

Vítor Aleixo aproveitou para informar que este edifício “fantástico e arquitetonicamente maravilhoso” em breve irá para obras de forma a dotá-lo de valências que lhe permita estar aberto durante mais horas e ganhar uma nova dinâmica para além da habitual transação matinal de produtos. “Queremos dar-lhe outras mais-valias para que fique mais rico de características, para que tenha capacidade para atrair mais visitantes, sobretudo na parte da tarde. É uma pena ter um espaço tão bonito e admirado que funciona apenas durante a manhã, onde nada acontece depois do almoço. As obras vão demorar pouco tempo e tenho a certeza de que vão resultar em benefícios muito grandes para todos nós”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Loulé . 108


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CULTURAS DO ME ENCHERAM RUAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Vítor Pina ALGARVE INFORMATIVO #210

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EDITERRÂNEO DE LAGOA 113

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o seguimento da sua atividade diversificada de eventos culturais, a Câmara Municipal Lagoa trouxe à cidade, ao longo de quatro noites, mais de 60 artesãos de várias culturas e religiões do mundo que conviveram em harmonia e mostraram aos milhares de visitantes as suas tradições, sabores e artes em mais uma edição do «Mercado de Culturas…à Luz das Velas». Este evento cultural, de caraterísticas únicas em Portugal, teve como temática cultural na sua sexta edição as diferentes Culturas do Mediterrâneo, nas mais ALGARVE INFORMATIVO #210

diversas vertentes, desde a música e dança à gastronomia e artesanato. As músicas tradicionais de raiz estiveram em destaque nos vários cenários do evento com a presença de Terra Taranta (Itália), Christos Kanellos (Grécia), Helena Madeira (Portugal), El Laff (Marrocos / Espanha / Egito) e Lafra (Croácia / Bulgária / Eslovénia). De destacar também a presença de um grupo de músicos e gigantones que deambularam pelas ruas do Mercado de Culturas, e também de Rita Sales, reconhecida declamadora de contos do Mediterrâneo. A gastronomia do Mediterrâneo também teve um papel preponderante neste evento. Os 114


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claustros do Convento de São José converteram-se numa atrativa Taberna Andaluza, com iguarias típicas do sul de Espanha, com a presença de uma «veneciadora» de vinho e de um cortador de «jamón» ibérico. A novidade nesta edição foi a criação de três ruas temáticas – Rua Árabe, Rua de África e Rua do Oriente, bem como de uma área de exposição dedicada às plantas do Mediterrâneo. Não menos importante foi o acendimento diário de milhares de velas, com as quais foram desenhados 40 símbolos relacionados com as religiões, gastronomia, literatura, arquitetura e mitologia do Mediterrâneo, posicionados nas entradas e nos meandros do mercado, um espetáculo de enorme beleza visual que maravilhou a assistência. A 7.ª edição já está em fase de preparação irá decorrer de 9 a 12 de julho de 2020, tendo como temática as «Culturas da Ibero-América» . ALGARVE INFORMATIVO #210

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«LETHES CLÁSSICO» APRESENTOU MÚSICAS DO NOVO MUNDO DE DVORÁK A GERSHWIN Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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nserido do Ciclo «Lethes Clássico», a Orquestra Clássica do Sul brindou o público do Teatro Lethes, em Faro, na noite de 4 de julho, com uma viagem pelas músicas do novo mundo de Dvorák a Gershwin. Antonin Dvorák foi Diretor do Conservatório Nacional de Nova Iorque entre 1892 a 1895, por isso, as obras Sinfonia N.º 9 «Do Novo Mundo» e o Quarteto N.º 12 «Americano» têm a ALGARVE INFORMATIVO #210

influência do folclore americano. Foi também intenção de George Gershwin criar um género de «ópera folclórica americana» ao compor «Porgy and Bess». A obra apresentada no Teatro Lethes foi um arranjo e seleção para quinteto de sopros que incluiu o famoso «Summertime», com a atmosfera lânguida do Verão a ser igualmente captada por Samuel Barber na sua «Summer Music» . 128


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As notas de Educação Musical Paulo Cunha (Professor) gora que as reuniões de avaliação - finalmente - já terminaram, após mais de trinta e sete anos de muitos, aliás… demasiados Conselhos de Turma assistidos e participados, observo e sinto na pele e no corpo a total ausência de mudança de mentalidades e de tratamento relativamente à importância que as disciplinas que integram a área das Expressões têm para a generalidade dos portugueses. É comum e usual esperar que nenhum professor de Educação Visual, Educação Tecnológica, Educação Musical ou Educação Física avalie negativamente qualquer aluno, aliás o que é comum é que as últimas disciplinas (Expressões) a serem «cantadas» pelo diretor de turma na altura de avaliar individualmente cada aluno, além de terem de ser positivas, deverão também ser as mais altas na pauta de avaliação da turma. Quando tal não acontece e essas avaliações não obedecem aos padrões comportamentais estabelecidos e expetativas vigentes entre a classe docente e os encarregados de educação, algo deverá estar mal, pois, no seu entender, esta área disciplinar é mais acessível, intuitiva, atrativa e pouco trabalhosa. Obviamente, a culpa deverá ser dos professores das referidas disciplinas! Já há muito tempo que se instalou e generalizou a ideia de que, por serem inatas, apelativas e unanimemente reconhecidas e apreciadas, a arte e o desporto não merecem o mesmo empenho e dedicação do que as restantes disciplinas que integram o currículo escolar. A meu ver, nada mais errado! Cada área disciplinar tem as suas particularidades e especificidades próprias e, ALGARVE INFORMATIVO #210

consequentemente, precisam de abordagens diferenciadas, mas, ao mesmo tempo, empenhadas e dedicadas. Por isso, cada vez mais, questiono qual é - efetivamente - a importância da avaliação na disciplina que ministro, a Educação Musical? Sendo uma disciplina com uma carga horária semanal diminuta (dois tempos), grande parte dos conteúdos programáticos são mais virados para o ensino da apreciação musical do que, propriamente, o ensino da música. Não tendo merecido a devida atenção, respeito e investimento por parte de quem, nos últimos anos, teve o poder e o dever de planificar e estruturar o peso e a importância das várias áreas na felicidade e no futuro dos nossos jovens, a Educação Musical ensinada e aprendida nos primeiros ciclos de escolaridade reduz-se, hoje, apenas a um apêndice curricular, destinada, unicamente, para fins estatísticos e festivos. É necessário «chamar os bois pelos nomes» para que, finalmente, os professores de Educação Musical percebam a diferença entre o que fazem e o que dão à sociedade e a forma como a mesma os vê e os trata. Avaliar em Educação Musical: o quê, como e para quê? Será assim tão importante identificar e quantificar a aprendizagem de uma dúzia de conhecimentos genéricos de música que após as habituais apresentações de final de período/ano letivo se vão esfumar na espuma dos dias? Após intuir e perceber o papel decorativo que desempenho nesta «peça teatral» em que o Ensino se transformou, sou cada vez mais defensor que a disciplina de Educação Musical, tal como está estruturada, deva ficar isenta de qualquer tipo de avaliação. 136


Assumamos, professores de Educação Musical, a nossa função de ensaiadores, preparadores musicais e animadores e cinjamo-nos ao que esperam de nós: proporcionar momentos musicais festivos e alegres que, depois de fotografados e filmados pelos familiares dos nossos alunos, possam ocupar mais uma gaveta da memória coletiva. 137

Não é isso que esperam de nós? Que confinemos a Educação Musical, enquanto expressão musical, apenas a isso: a uma expressão? Pela minha parte, aqui o fiz, expressando o que sinto. Fizessem todos o mesmo! .

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OPINIÃO

Do Reboliço #46 Ana Isabel Soares (Professora) uantas vezes viajou o Reboliço, de Sul para Norte, para chegar ao moinho? Entrava na cidade quase sempre de automóvel – quantas viagens? – a acompanhar muito quieto a família de pai e mãe na frente, irmão e duas irmãs – quanta fortuna! – à solta no banco de trás, um divã corrido de forro de napa. O trajeto demorava a cumprir três ou quatro horas, bem medidas, e como eram exigentes as curvas do caminho. Atrás, conduzido, o trio chilreava, guinchava, gargalhava, até a mãe perceber no pai os sinais, muito subtis, de enfado e virar-se para trás: “Meninos, têm de ir quietos, já explicámos, já sabem, que senão o pai cansa-se mais a conduzir”. (Hoje vê o Reboliço pequenos agrilhoados, é por segurança, sim, mas peados dentro de assentos almofadados, as perninhas gordas regulamentadas, a cabeça salvaguardada de choques e impedida de surpresas, é o mundo. Já não se cansarão mais, os pais que vão ao volante). Com o alerta da mãe, as três crianças interrompiam durante poucos segundos a desinquietação e, depois do terceiro ou quarto aviso, a voz da frente, agregada quanta maternal paciência sobrava, dizialhes, “Olhem, vamos cantar”. Era a maneira de domar o ruído – os decibéis seriam os mesmos, mas então seguiriam linhas, percorreriam ritmos, uma ALGARVE INFORMATIVO #210

cadência, serviriam de redil às feras do banco de trás. Não era grande o repertório: uma ou outra vez lá a mãe se lembrava de uma moda nova e conseguia, com isso, segundos extra de silenciosa atenção. Mas não demorava a tornar um dos moços: “Diz lá outra vez, mãe”. “Então, vá, outra vez: ‘Venho da ilha dos vidros, da praia dos diamantes...”. “Não, hoje não quero essa, mãe”. Voltas e voltas para arrancar, mas a favorita acabava sempre por ser a da romã. Seria porque todos gostavam de romãs, seria pela ideia que cantavam de dar um aperto de mão a alguém que se ama – “Fui colher uma romãããã...”, e entrava o outro, baixando a cabeça para fazer sair mais grave o som, “Estava maduura no ramo”. Vinha, então, o encontro, e seria isso, se calhar, testemunharem, porque o convocavam uma vez e mais outra, aquele namoro inesperado e que sabiam que sucederia: “Fui encontrar no jardiiim, fui – encontrar no jardiiim aquela mulher que eu amo”. Vinha o cumprimento, depois, a consumação do encontro, a mão que aperta a outra mão, e já as quatro vozes encarrilhavam juntas e o pai, com a harmonia afinadinha, podia dar atenção à estrada só, a cada dobra do asfalto, aos raros faróis que de frente iluminavam o capô azul escuro, pensaria em quê, terminadas a desordem e a vozearia? “Àquela mulher que eu aaamo – dei um aperto de mão”, ouvia o Reboliço dentro do carro e já esperava pela desgraça fruteira que se seguia e que, na pobre 138


Foto: Vasco Célio

cabeça dele, era consequência do desajeitado gesto de amor: “Estava madura no ramo, esta–va madura no ramo, ma–dura caiu ao chão”. Pobre romã, pensava o Reboliço, imaginando a esfera coroada, o baque e o estalar da pele, os seis ou sete grãos que de dentro saltariam, pérolas a pular no chão à volta 139

da árvore, naquele jardim onde alguém que cantaria o encontro tinha achado, só por ter ido à romãzeira, uma mulher amada . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #210


OPINIÃO

O «eu» que lhe fugia sempre Adília César (Poeta) “O trabalho de Gaëtan é realizado contra qualquer ideia de tranquilidade, é feito Contra Mundum, não com uma vontade de ruptura, mas com o irresistível arrepio de quem passa sobre um gato, uma e outra vez, uma mão a contrapelo”. João Pinharanda Ainda estou vivo. Vejo os meus inúmeros rostos, múltiplos da única pessoa que sou: Gaëtan.

artista desenha representações do seu rosto e exibe uma actividade criadora peculiar, há um ensimesmamento que irradia continuamente de dentro para fora e de fora para dentro. O traço, os traços tão leves de todos os seus rostos, o risco, os riscos tão rápidos e violentos de todos os seus rostos. É uma obsessão descontinuada, uma procura da sua interioridade através do apelo à transgressão; mas não necessariamente, uma intenção de romper com o mundo que o rodeia. Antes, durante e depois da doença, o ensaio e o aperfeiçoamento desta arte da fuga: Gaëtan insiste na auto-representação do seu rosto e persiste sempre, numa espécie de encenação de si próprio, na procura das diferenças entre imagens sucessivas e na explicitação de matrizes literárias e cinematográficas, com vista à interpelação do espectador, que vê as máscaras que Gaëtan coloca não sobre o seu rosto mas em frente dele. Procuro incessantemente as marcas do tempo no meu rosto quando eu era outro «eu» em comparação com o «eu» que sou ALGARVE INFORMATIVO #210

agora. O meu gesto criador é o voo livre do pardal à solta, sem vontade de ir embora perante a janela aberta. Todos os seus desenhos são o reflexo de uma observação demorada e detalhada, de uma interpretação da coisa vista – o «eu» daquele momento preciso – e inscrevem-se numa teoria da representação apropriada, totalmente isenta de quaisquer tiques de academismo ou vícios de um talento inato. Por isso, esquece a sua dominante mão direita e desenha apenas com a mão esquerda. O tempo e a memória fogemlhe, mas voltam sempre nas ínfimas minúcias, nas pequenas circunstâncias físicas que Gaëtan percepciona no(s) rosto(s) e no(s) corpo(s): a apropriação e a possibilidade de projecção. A vida é apenas isto; e é também a doença, a finitude. Procuro o último rabisco mas não consigo encontrá-lo. Olho-me ao espelho e lá está ele, mais um rosto, mais um «eu», riscos violentos ornamentados com traços leves: vejo ainda a cópia sublinhada do que ainda sou, um homem vivo através da minha mão, e por fim, desistente nem sei bem do quê. Onde está, afinal, o que tanto procurei 140


dentro e fora de mim? O que vos deixo é a minha busca incessante ao longo de muitos anos de trabalho intenso, nada mais do que isso. Mas não lhes chamem autoretratos, por favor! Gaëtan Lampo Martins de Oliveira (Luanda, 1944 – Lisboa, 2019): em 1978 expôs individualmente pela primeira vez na Galeria Módulo, e a partir dessa data realizou inúmeras exposições individuais e colectivas. Destaca-se a grande antológica feita no antigo Centro de Arte 141

Moderna da Gulbenkian (1996), intitulada Terra de Ninguém e uma outra no museu do Chiado (2004). Preparava uma segunda individual importante para a Fundação Carmona e Costa. Entre as exposições colectivas que realizou destacam-se: a XI Biennale de Paris (1980); a LIS’81 (exposição destruída no incêndio do pavilhão de Belém, no mesmo ano); a V Trienal da Índia (1982), Tríptico, durante a Europália, no Museum van het Hedendaagse de Gent (1991); e O Rosto da Máscara, no CCB (1994). Gaëtan está representado em todos os grandes museus nacionais. Usando o nome Gaëtan Martins de Oliveira, trabalhou na Editora Ulisseia e assinou traduções de autores como António Tabucchi, Marguerite Yourcenar, Italo Calvino, Bruno Zevi. Morreu a 10 de julho de 2019, com 75 anos, vítima de doença prolongada . ALGARVE INFORMATIVO #210


OPINIÃO

As dúvidas que assombram os novos realizadores Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) abem quais as probabilidades, de alcançar (e manter) uma carreira de sucesso, reconhecida, de trabalho frequente e estabilidade financeira enquanto realizador de cinema? Olho em meu redor. Os meus amigos/as realizadores de cinema (ou pelo menos a ambição é essa) quase nenhum deles subsiste dessa fonte. Ou fazem publicidade, ou trabalham num café, outro dá aulas (eu incluída). Chegamos a um ponto que já não sabemos se somos considerados realizadores que fazem um part-time noutra área, ou se trabalhamos numa outra profissão e realizamos filmes esporadicamente. Depois, ainda levamos aquela bofetada de luva branca, ao lermos o recente artigo, onde um estudo mostra que cerca de 60 por cento dos portugueses não gosta de filmes nacionais. Medo. Quero fugir. As escolas e universidades formam-nos, mas não nos preparam para a vida real. Já não bastam as nossas dúvidas artísticas, depois ainda há o terror de sermos forçados a viver com os nossos pais para todo o sempre “porque isto da realização” não dá dinheiro. Mas como podemos vingar nesta área? Sinceramente, não sei, cada percurso tem as suas curvas e estas são contornadas de forma diferente dependendo da pessoa – do seu talento, mas, acima de tudo, da sua perseverança. Cada caso é um caso, e eu só posso falar da minha jornada pessoal e de ALGARVE INFORMATIVO #210

algumas coisas que fiz, que sem dúvida me têm ajudado neste início de carreira. Primeiro, nunca parar de aprender: estou constantemente a ver filmes e a analisá-los, faço workshops, tanto em Portugal, como fora, leio artigos, livros e notícias sobre cinema, tenho feito os cursos das Masterclasses com diferentes realizadores e atores. Segundo: Escrevo histórias, ou pelo menos vou apontando ideias soltas, tanto para curtas-metragens, como para longas, como para sketches. Tenho uma lista no telemóvel onde vou semeando ideias loucas, na esperança de colhê-las mais tarde. E ainda dentro da escrita, recomendo desafiarem-se e colocarem datas, ou seja, comprometerem-se, por exemplo, a escreverem uma curta até determinado dia. Terceiro: networking é muito importante, muitas vezes conseguimos levar projetos avante porque conhecemos determinadas pessoas. Não me refiro diretamente a «cunhas», estou a falar em criar relações genuínas com pessoas que trabalham na área, têm a mesma paixão, e com quem podemos partilhar ideias. Muitas vezes é a partir de novas amizades que nos sugerem para um trabalho ou projeto. Quarto: Expor os nossos trabalhos é importante. Não estou a dizer para colocarmos «todos» os projetos que alguma vez fizemos no youtube ou vimeo. Qualidade é sempre melhor que quantidade. Ter uma reel, ou um teaser de um ou dois trabalhos 142


fortes e promovê-los é uma forma de vender o nosso peixe, salvo seja. Por último, deixo-vos com a singela recomendação: não deixem que as dúvidas 143

congelem o vosso rio antes de este chegar ao mar, mas preparem-se financeiramente e criem o vosso pé de meia. Isto da realização é pior que uma aventura do Indiana Jones! .

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OPINIÃO - A isto chegámos…

Em defesa e louvor das touradas Fernando Cabrita (Advogado e Poeta) orre neste momento em Portugal uma insidiosa campanha contra as touradas. Nestes recentes dias, então, porque numa arena nacional um gentil homem, ginete elegante, deu àsde-vila-diogo batendo os calcâneos nas nalgas e largando para trás cavalo e toiro; e uma gineta, não sei se posso dizê-lo assim – mas pronto, está dito… –, também foi de corpo ao chão e baixou à enfermaria, a campanha recrudesceu. Embora sem provas, atrevo-me a dizer que por detrás de tão maldosa campanha estão indivíduos com conexões ao reviralho, comunistas ou cripto-comunistas, ateus, gente a soldo de interesses estrangeiros inconfessáveis e arruaceiros profundamente anti-patriotas, pois que a campanha dirige-se a abalar seriamente uma das mais resistentes tradições nacionais, na sequência do que esses certos e determinados indivíduos já conseguiram ao ferir a alma e o património nacional ferindo e derrogando muitas das nossas lídimas manifestações culturais, tão atávicas e fundas na Nação portuguesa. Sabes, leitor? Já proibiram que um homem, mesmo casado e por isso com direitos acrescidos sobre o cônjuge, possa bater na mulher, não digo já todos os dias, mas, enfim, sempre que fosse preciso. Um chefe de família chega a casa, quer o comer na mesa; e ela, ou porque entretanto está de conversa com as vizinhas, ou porque saiu tarde do trabalho, ou seja lá pelo que for, desleixou a cozinha e atrasou a sopa – e não pode um homem amandar-lhe um par de arrochadas que não venha logo a polícia e mais o legislador e mais não sei quê ou quem a dizer que não se pode! Não se pode?! Foram-se os ALGARVE INFORMATIVO #210

bons tempos, é o que é, aqueles tempos que o nosso Salazar tanto protegia, em que bater à mulher era um saudável hábito nacional, uma tradição de séculos, que até dava para divertidas canções, como aquela do “Sebastião come tudo tudo tudo, e depois dá porrada na mulher”. Ou aqueles bonitos versos do fado do 31, que tão bem retratavam a alma portuguesa: (…) Um homem que quer sarilhos Por um motivo qualquer Discute com a mulher E dá porrada nos filhos A sogra nos mesmos trilhos P'ra não ficar em jejum Leva também um fartum Desata tudo ao biscoito 24... 28... 29... e 31 Agora não se pode! O mesmo com os gaiatos. Antes um pai tinha o pátrio poder ou poder paternal ou lá como quisessem chamar. Vinha a casa mal disposto porque o Benfica perdia ou o Sporting não ganhava. O puto dava em estar chato. Pois pegava-se num cinto e amandavam-se meia dúzia de belas correadas ao petiz. Ficava a marca nos costados, e calava-se. Trigo limpo, Farinha Amparo! Agora, também não se pode. Ai jesus, que o menino chora! Ai, que a mãezinha se mete no meio!. Nos bons tempos, levava o filho e levava a mãe. Remédio santo. A canalhada andava quieta; e a mulher sabia quem mandava. Agora é o levas. Crime e multa e cadeia e não sei que mais. Tudo por causa desta coisa da democracia. É que têm dado cabo das velhas e bravas tradições portuguesas, estes anormais com a mania da civilização e do respeito pelos seres 144


vivos e não sei do que mais. Bater à mulher, é proibido. Dar umas bordoadas na filharada, não se pode. Arrotar vigorosamente, com um daqueles arrotos visigóticos depois de encher a pança, ai que fica mal, incomoda quem estiver no restaurante. Cuspir para o chão, dá multa. Escarrar, então, sei lá o que dará; se calhar vai-se parar às costas de África. 145

Por falar em África: antes víamos um preto (acho que agora nem se pode dizer preto, pois não?...); O preto, já se sabia, era para trabalhar e ganhar pouco – outra linda tradição portuguesa que se perdeu e que tão bem fazia à economia! – Víamos um preto e já sabíamos se o quiséssemos chamar era ó ALGARVE INFORMATIVO #210


tu!. Agora também não se pode. Ao preto tem que se tratar por senhor ou você e dizer se faz favor. Onde isto chegou! Aqueles bons tempos da escravatura e das leis coloniais, que é deles? As tradições portuguesas eram tão jeitosas. Podia-se dar umas porradas num galego ou num judeu, e dizer-lhe agora queixa-te. É claro que ele não se queixava, pois se se queixasse levava mais, que a polícia por então era nossa amiga e sabia distinguir entre um português e gente dessas raças mestiças. Um bebé era chorão? Sopas de cavalo cansado no biberão, com uma boa dose daquele vinho morangueiro a martelo, e nem um pio mais se lhe ouvia. Crescia forte e rijo; e aos cinco anos já estava capaz de guardar gado, ir de labuta para uma fábrica de calçado ou dar serventia nas obras. Isso é que era! Isso é que era! Tradições de um povo forte, como deve ser. Agora é tudo proibido. Até aqueles divertidos festejos com animais (lutas de galos, lutas de cães) se perderam. E que alegria dava ao povo ver um gato em chamas, uma vaca a arder, um galo a levar umas cajadadas na mona! Coisa mais bonita! Agora ALGARVE INFORMATIVO #210

é o dás! Tudo proibido! Dizem que o animal sofre. E assim se perdeu aquela linda tradição de meter um gato vivo dentro de um cântaro içado no topo de um mastro, forrado com palha; ateava-se fogo à palha e o fogo ia pau acima. Quando o cântaro caia, o gato se ainda estivesse vivo ia rabeando, em chamas. Era um fartote de rir. Ainda vi festas dessas em Machialinho, Chão dos Santos, Soito da Ruiva e Sabugal. Portugal genuíno. Agora, com tantos protestos, em vez de um gato verdadeiro põem um gato de peluche. Não é a mesma coisa! E o enterro do galo, quando o padre e o sacristão o condenavam à morte por ser culpado de todos os males do mundo? Que bonito era! Lembram-se? E as crianças a fumar no Dia de Reis, no Vale de Salgueiro? 24 horas para se habituarem ao tabaco e fazerem-se homenzinhos rijos. Quilómetros de prazer, como dizia o outro. Agora nem atirar beatas para o chão se pode. E não contentes de ter posto fim a isto tudo, querem acabar com as touradas. Que o bicho sofre. Que vai para a arena obrigado. Que é um espectáculo sanguinário e degradante. Que é antiquado, marialva, retrógrado. É o que dizem. Dizem, quero dizer, diz essa comunistada. Tudo mentiras, claro. A tourada é festa, é cultura. Como já disse a D. Assunção Cristas, Nosso Senhor lhe ponha a mão por baixo, que é cá das nossas. Pode lá haver coisa mais festiva do que ver um animal a sangrar do dorso, espetado e babando-se de cansaço? E há actividade mais cultural que ver um toiro cercado de gente, a berrar olés e a grunhir guinchinhos, a 146


debater-se a pelo nu com um galante cavaleiro armado de ferrões barbelados? E o público? Onde é que se vê público que tenha tanta gente bem? Tias, empresários, banqueiros, comendadores, vedetas da televisão, betinhos, filhos-de–família, enfim a nata da sociedade (faltando só os que entretanto andam a contas com a justiça). Bom, estarão também por lá um ou outro desqualificado, umas velhas turistas que não vêem o padeiro há décadas e se vingam ou vêm ouvindo sofrer o bicho, e outras espécies menores. Mas o saldo geral é: gente de bem. Ora, deixem-me dizer: as pessoas que falam contra a tourada não sabem que a tradição é vetusta. Vem de longe; e incrementou-se muito no tempo do nosso saudoso Senhor D. Miguel, rei absolutista, tipo acabado do marialva, um tradicionalista que a Igreja aplaudia por ter como divisa O Trono e O Altar e porque mandava matar ateus e liberais às carradas, entre um e outro touro. Belo rei! Pôs Portugal de patanas com a Guerra Civil de 1828-1834, e acabou expulso do país pelas suas, dizem, patifarias; mas ganhou o cognome de rei-toureiro. Aliás, existe em Portugal, para quem não saiba, a Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I, inaugurada em 1979 no Solar do Vinho do Porto, inauguração a que esteve presente Sua Alteza Real D. Duarte de Bragança. Percebe-se: há uma parte de Portugal que tem saudades de D. Miguel I e desses belos tempos. Só de os lembrar me vêm aos olhos lágrimas de saudade! E saibam que D. Miguel era, como os toureiros de agora, um grande amigo dos animais, em especial dos toiros, que anavalhava com distinto prazer. Como amante dos animais, aliás, D. Miguel fez julgar em Tribunal militar os cavalos malhados (há quem diga que eram zebras) que puxavam o coche real, quando este teve um acidente e se voltou; e de seguida mandou-os fuzilar – aos cavalos – por 147

atentarem contra a vida do rei. Um amigo de cavalos e toiros, portanto. Também o Sr. João Moura, numa entrevista de há dias, se afiançava um grande amigo de animais, e em especial dos touros, como aquele de quem fugiu apressadamente (amigos, amigos, conversinhas à parte). Ora, se o cavalheiro Moura, da fina estirpe marialva de D. Miguel a quem imita no vestuário, quiser espetar um ferro no cachaço de um amigo; e forem proibidas as touradas, vai espetá-lo onde? No cão? Não se pode! Na mulher ou nos filhos? É proibido! Onde então, meus amigos? E não é só isso. Se nos apetece a nós, público betinho, ver um homem vestido de meias de seda, sabrinas e lantejoulas, com um rabichinho de cabelo a assomar-lhe da nuca e não houver touradas, vamos onde? Ao Trumps? Ao Rocambole, em vez de à Golegã? Que é lá isso? O senhor Moura ou qualquer um dos nossos toureiros são menos que a Guida Scarlaty ou a Belle Dominique? Valha-me Deus. E se quero ver um figurão vestido como os lindos marqueses do tempo do Senhor D. Miguel, vou onde? Ao Museu dos Coches? Ao Museu da Cera? Se por acaso acabarem com as touradas, onde é que nós poderemos continuar a ter o prazer de ver um animal jorrar sangue? Teremos que passar a frequentar os matadouros? Andar pelos talhos? Por isso vos digo: Já basta de bonitas tradições destruídas e proibidas. Vivam as touradas! E vivam os touros (especialmente para os podermos espetar e matar! (Agora não se podem dar vivas a Salazar, pois não? É que me apetecia; mas até isso proibiram, acho eu). PS- A mim o que me custa é certas pessoas que levam os cães para as praias. Nota: A foto é de Valencia Antitaurina . ALGARVE INFORMATIVO #210


OPINIÃO

O naufrágio da humanidade Nelson Dias (Consultor) ntre as muitas imagens que nos chegam sobre as populações migrantes, há duas que espelham de forma muito clara o título desta crónica. A primeira foi a de Alan Kurdi, o menino sírio de três anos que morreu afogado no mar Egeu no Verão de 2015, enquanto tentava fugir da guerra que assola o seu país. O seu corpo deu à costa numa praia da Turquia. A segunda, mais recente, chega da fronteira do México com os Estados Unidos da América, mais precisamente do salvadorenho Óscar Alberto e de sua filha Valeria, de 23 meses, falecidos quando tentavam atravessar a nado o Rio Grande. Estas são apenas duas das muitas histórias dos cerca de 37 mil migrantes que diariamente deixam as suas casas por motivos de perseguição, conflito, violência e violação dos direitos humanos. Este dado foi tornado público pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), no relatório divulgado no passado mês de junho. É como se todos os dias um município como Ílhavo, Silves ou Torres Novas ficasse deserto, por toda a população ter sido obrigada a abandonar o local. Segundo as estimativas do ACNUR, consideradas conservadoras pela própria organização, o número total de deslocados forçados atingiu, em 2018, os 70,8 milhões. Este dado transforma esta «nação sem pátria» no vigésimo país mais populoso do mundo, à frente de estados ALGARVE INFORMATIVO #210

como a França, a Tailândia e o Reino Unido. A proporção de seres humanos nestas condições de migração é agora de 1 em 108 pessoas, enquanto há 10 anos era de 1 em 160 pessoas. Os números expostos dividem-se em três grupos distintos. O primeiro é constituído por 25,9 milhões de refugiados, ou seja, pessoas forçadas a sair dos seus países em consequência de conflitos, guerras ou perseguições. Segundo o relatório da ACNUR, dois terços são provenientes de cinco países, nomeadamente da Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália. Outro dos dados que mais impressiona é o facto de metade da população refugiada ser composta por menores de 18 anos. Destes, 138,6 mil são crianças ou adolescentes que se encontravam desacompanhados ou separados dos seus familiares. O segundo grupo é formado por 3,5 milhões de requerentes de asilo, pessoas que se encontram fora de seus países e ao cuidado da proteção internacional. O terceiro contingente, com a expressão de 41,3 milhões de indivíduos, é composto por deslocados internos, seres humanos forçados a sair de suas casas, mas que permanecem no interior dos seus países. A densidade dos números expostos pode conduzir a uma banalização deste 148


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fenómeno. Não nos detenhamos, por isso, apenas na expressão quantitativa. Por detrás destes dados estão histórias reais de pessoas que colocam a nu a desumanidade e crueldade reinantes em várias partes do mundo. São relatos de: - crianças separadas de suas famílias, que vivem em jaulas sobrelotadas, sem cuidados médicos e de higiene, sujeitas a doenças e pragas, como acontecia no centro de detenção de Clint, na fronteira dos Estados Unidos com o México; - famílias que buscam uma vida digna e para tal se lançam, durante dias, numa travessia de zonas de deserto, com temperaturas por vezes a rondar os 50 graus centígrados, sem comida e água; - grupos de desconhecidos que partilham embarcações improvisadas e enfrentam mares revoltos na esperança de chegar a um porto seguro; - pessoas a quem são extraídos órgãos como forma de pagar os serviços dos intermediários que os deviam conduzir, supostamente, ao destino pretendido; - mulheres e adolescentes que fogem da guerra e são violadas durante o trajeto; - seres humanos em busca de um local seguro para viver, mas que durante a fuga são raptados e comercializados como escravos; - homens obrigados a fugir de casa devido à sua homossexualidade; - famílias ou indivíduos sozinhos que partilham tendas em campos de refugiados, à espera do apoio internacional. Não se tratam apenas de migrantes forçados, de pessoas que desconhecemos e de quem, mesmo assim, tendemos a desconfiar, como se fossem terroristas ou ALGARVE INFORMATIVO #210

uma ameaça aos nossos postos de trabalho. É da humanidade ou desumanidade que devemos falar; é da globalização da indiferença; é da banalização do sofrimento, do medo, da exploração como fenómeno social e politicamente aceite; é de um mundo incapaz de gerar uma resposta coletiva para salvaguardar a vida e a dignidade dos indefesos. Aqui próximo de nós, é incompreensível que a União Europa, defensora da Declaração Universal dos Direitos Humanos, continue sem um acordo claro e assumido para o acolhimento e distribuição de refugiados e imigrantes resgatados nas margens do Mediterrâneo. Nestas águas, transformadas em vala comum do século XXI, morreram cerca de 18 mil pessoas na tentativa de fazer a travessia para o velho continente. Foi mais fácil conseguir um acordo para salvar a banca endividada do que criar um sistema humanitário capaz de lidar com os fluxos de migrantes. Não é aceitável transformar os refugiados em bodes expiatórios dos problemas que a Europa atravessa, como tem feito a extremadireita. A salvaguarda destes seres humanos tem de estar na agenda da nova Comissão e do novo Parlamento Europeu. A defesa da vida não pode ser transformada numa arma política dos governos e das oposições partidárias. É necessário reforçar os esforços diplomáticos e criar um compromisso claro com a humanidade. Não se pode esperar menos do que isto da União Europeia . 150


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ALCOUTIM RECOLHE CERCA DE UMA TONELADA DE RESÍDUOS EM CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO E LIMPEZA campanha de sensibilização e limpeza «Por mim, Por Todos, Por Alcoutim sem lixo» assenta em ações de limpeza com voluntários e ações de sensibilização direta e é promovida pela Município de Alcoutim com o objetivo de potenciar o desempenho de um papel mais ativo e consciente por parte dos cidadãos no âmbito da correta gestão dos resíduos produzidos, mas em especial os jovens. A iniciativa teve a sua primeira ação no dia 6 de julho e juntou 15 voluntários, a maioria bolseiros da Bolsas de Estudo «Dr. João Dias», para além do presidente da Câmara Municipal de Alcoutim, Osvaldo dos Santos Gonçalves, e dos vereadores Paulo ALGARVE INFORMATIVO #210

Paulino e José Galrito, que percorreram aproximadamente 28 quilómetros da Estrada Nacional 124, entre Martim Longo e Alcoutim, e algumas zonas urbanas da vila de Alcoutim, recolhendo cerca de uma tonelada de lixo, destacando-se uma grande quantidade de objetos de plástico. A caminhada contou com a colaboração dos Bombeiros Voluntários de Alcoutim, da Guarda Nacional Republicana, do Agrupamento 1107 de Escuteiros de Alcoutim, da União de Freguesias de Alcoutim Pereiro, da Junta de freguesia de Martim Longo, da Junta de Freguesia de Giões e da empresa ALGAR . 154


MUNICÍPIO DE CASTRO MARIM REABILITA CAMINHOS AGRÍCOLAS EM TODO O CONCELHO Câmara Municipal de Castro Marim reiniciou recentemente a reabilitação de caminhos e acessos agrícolas em todo concelho. “Depois de desbloqueados os processos de manutenção das máquinas niveladoras, pudemos recomeçar os trabalhos de reparação destes caminhos, que há muito necessitavam de intervenção”, sublinha o vereador Victor Rosa, revelando ainda que alguns destes caminhos não eram reabilitados há mais de uma dúzia de anos. “O concelho de

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Castro Marim tem uma extensa rede viária rural, cuja manutenção e reabilitação implica uma disponibilização permanente de recursos humanos e técnicos, que a colaboração com o Exército per si não conseguia assegurar”, acrescentou. A autarquia irá gradualmente reabilitar os 900 quilómetros de caminhos rurais do concelho, reforçando os trabalhos com uma segunda máquina niveladora, também propriedade do município, que está atualmente em reparação .

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SAÚL NEVES DE JESUS VENCE PRÉMIO APP CARREIRA DE INVESTIGAÇÃO EM PSICOLOGIA o ano em que a Associação Portuguesa de Psicologia (APP) comemora quatro décadas de existência, o Prémio APP Carreira de Investigação em Psicologia foi atribuído a Saúl Neves de Jesus, docente e atual vicereitor da Universidade do Algarve. Concedido de três em três anos, este Prémio, considerado o maior prestígio no âmbito da Psicologia em Portugal, procura reconhecer um investigador português cuja carreira de investigação em Psicologia tenha marcado decisivamente a pesquisa na sua área. Os anteriores vencedores foram Maria Benedicta Monteiro (2010), Jorge Vala (2013) e Leonel GarciaMarques (2016).

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De entre os aspetos mais relevantes apresentados pelos proponentes da candidatura de Saúl Neves de Jesus realça-se o facto de ser professor catedrático de Psicologia desde 2003, o seu papel para o desenvolvimento da investigação em Psicologia, nomeadamente enquanto diretor do doutoramento em Psicologia da UAlg, desde 2009, coordenador do Centro Universitário de Investigação em Psicologia (CUIP), entre 2001 e 2012, e coordenador do Centro de Investigação em Espaços e Organizações (CIEO), entre 2015 e 2018. Merece um realce particular o facto de já ter orientado 39 teses de doutoramento concluídas com sucesso, bem como o facto de ter

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publicado mais de três centenas de trabalhos científicos com revisão de pares, nomeadamente cerca de uma centena de artigos publicados em revistas indexadas na «Scopus» e/ou na «Web of Science». Entre estes artigos destaca-se «Depression and quality of life in older adults: Mediation effect of sleep quality», que obteve o segundo lugar no «Prémio Atlas Elsevier», em 2018. Foi ainda feita referência ao facto de Saúl de Jesus ter integrado o painel de peritos do concurso para atribuição de bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento na

área científica da Psicologia (2011 a 2015), tendo sido coordenador de painel no ano de 2013, e ao facto de ser, desde 2012, o representante de Portugal na Sociedade Mundial para o Estudo do Stresse e da Ansiedade (STAR –Stress and Anxiety International Research). O prémio foi entregue no final do X Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia (SNIP), realizado na Universidade da Madeira, no final de junho, pelo presidente da APP, Diniz Lopes, e pela presidente da Comissão Organizadora, Margarida Pocinho .

UALG INTEGRA RANKING DA EXCELÊNCIA DO ENSINO NA EUROPA Universidade do Algarve surge na posição 101-125 no ranking do Times Higher Education (THE) Europe Teaching Rankings 2019, que analisa o desempenho do ensino em instituições de ensino superior europeias. Este ranking integra 258 instituições e classifica as principais instituições de ensino superior da Europa, usando 14 indicadores de desempenho, uma parte substancial dos quais recolhidos através da resposta de mais de 125 mil estudantes de 18 países a um questionário. Entre os principais aspetos avaliados estão as interações dos estudantes com os professores, as suas oportunidades de desenvolvimento de competências para o desenvolvimento de carreira após a graduação e a probabilidade de os estudantes recomendarem a sua instituição a amigos e familiares. Para a classificação global contribuem ainda 157

outros fatores, que ponderam o equilíbrio de género nos estudantes e nos funcionários, as publicações por professor e a reputação das instituições entre os seus pares. A segunda edição deste ranking confirma a Universidade do Algarve como uma das melhores a nível global e europeu, tal como já tinha sido recentemente confirmado pelos resultados do Times Higher Education (THE) Young University Rankings 2019, que analisa o desempenho de instituições de ensino superior criadas há 50 anos ou menos. O Ranking de Ensino da Europa procura avaliar de uma forma mais aprofundada o desempenho do ensino superior de uma forma global, sendo muito gratificante para toda a comunidade académica da UAlg este destaque no Europe Teaching Ranking 2019 . ALGARVE INFORMATIVO #210


FLORADOS DE LAGOA VÃO ESTAR EM DESTAQUE NA 17.ª MOSTRA DO DOCE CONVENTUAL DE LAGOA e 17 a 21 de julho, os doces conventuais voltam a ganhar destaque nos Claustros do Convento de São José, em Lagoa. A 17.ª Mostra do Doce Conventual de Lagoa inclui muita doçaria conventual, produtos regionais, exposições e teatro multimédia, num evento organizado pela Câmara Municipal de Lagoa que tem lugar num ambiente conventual fielmente recriado que promete fazer as delícias dos visitantes numa viagem à história local. Os doces algarvios, e não só, feitos à base de alfarroba, amêndoa e figo ou as ALGARVE INFORMATIVO #210

compotas, do mel, da aguardente de medronho, assim como os licores, são algumas das iguarias que vão estar à disposição dos visitantes num evento que promete animar Lagoa. Este é um verdadeiro paraíso para os gulosos, apreciadores da gastronomia portuguesa ou que a queiram conhecer. Mas, além do pecado da gula, a 17.ª Mostra do Doce Conventual de Lagoa também reserva momentos de diversão, contando com animação musical diária e duas grandes novidades: a projeção diária em video mapping, do Teatro Multimédia «Viagem ao Interior da Doçaria 158


Conventual», onde será retratada a viagem à história dos florados de lagoa e da doçaria conventual; e a exposição «Arte Doce» pela Cake designer Ana Remígio, que estará patente na Sala Manuel Gamboa. «Viagem ao Interior da Doçaria Conventual» é um convite para vir conhecer de forma informal, o património da doçaria conventual de Lagoa. Tratar-se-ão de momentos teatrais inesperados com projeções de vídeo de largo formato e efeitos pirotécnicos 159

especiais de fogo, enquanto numa aula de história ao ar livre se saboreia um momento de teatro de rua contemporâneo, sempre pelas 23h . ALGARVE INFORMATIVO #210


POUPANÇA HÍDRICA REFORÇADA NA QUINTA DO LAGO

epois da Infralobo, é agora a vez da Infraquinta, outra empresa municipal do Concelho de Loulé, apostar na sustentabilidade hídrica do seu território através da implementação do Sistema de Rega Eficiente IQ, que entrou em funcionamento no dia 9 de julho. O objetivo deste sistema inovador vai ao encontro do atual momento de emergência climática em que se tornou um imperativo a poupança dos recursos hídricos, sem, no entanto, descurar os níveis de qualidade elevados dos serviços prestados pela Infraquinta, num território de excelência. Este instrumento permitirá uma redução significativa de custos energéticos e de consumo de água, ao monitorizar, analisar, controlar e gerir remotamente toda a água utilizada, garantindo o seu aproveitamento e reaproveitamento e a ALGARVE INFORMATIVO #210

eliminação do desperdício. “O sistema que existia estava obsoleto, havia muito trabalho manual e a necessidade de deslocar funcionários cada vez que era preciso desligar a rega dos espaços públicos, desligando um a um os controladores”, reconheceu Miguel Piedade, presidente da Infraquinta. A partir de agora, de uma forma automática e fácil, através de um simples dispositivo como um telemóvel, tablet ou computador, será possível desligar esses 115 controladores, de forma isolada, parcial ou total, com ganhos também em termos da pegada carbónica, já que deixa de haver a emissão de CO2 das viaturas a circular para proceder a este serviço. Por outro lado, este sistema irá permitir gerir as três origens de água que aqui existem – água residual tratada, água de captação subterrânea e água de abastecimento – nomeadamente com um mecanismo de alerta em caso de rutura ou de anomalia. No futuro, o desafio passará pela possibilidade de ligar os jardins dos clientes da Quinta do Lago a este sistema. O investimento neste sistema de rega rondou os 35 mil euros para os três hectares de espaços verdes geridos pela Infraquinta. 160


A aposta na redução dos recursos hídricos tem sido reforçada por outras ações, tais como a criação de espaços públicos mais resilientes e resistentes à água. Deste modo, um pouco por todo o empreendimento, sobretudo nas principias artérias, como as emblemáticas Avenida Ayrton Senna ou Avenida André Jordan, foi dada primazia à plantação de espécies autóctones com necessidades hídricas muito baixas ou de inertes. “Os espaços públicos que existiam na Quinta do Lago vinham desde a sua origem, com influência do estrangeiro, com muita relva, plantas exóticas. Temos vindo a alterar a relva pelos inertes, utilizando também a laranjeira, a alfarrobeira, a oliveira, plantas aromáticas, arranjos florais com aço córten e outros elementos que dão o mesmo tipo de dignidade ao espaço”, explicou o responsável da Infraquinta. Com esta estratégia já foi possível diminuir em 80 por cento a água utilizada na rega dos espaços públicos. Apesar de se ter destacado no panorama nacional em termos da gestão eficiente do recurso água (líder em Portugal em termos de água não faturada) e de não se poder falar em desperdício nesta área, com a introdução deste sistema, a Infraquinta quer estar um passo à frente, até porque, neste momento, qualquer gesto é importante para a sustentabilidade do Planeta. É também esta a opinião dos responsáveis da Câmara Municipal de Loulé que, a pensar nos problemas ambientais que a Humanidade enfrenta, adotaram, em 2015, no âmbito do projeto ClimAdapat.Local, a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas 161

(EMAAC) que prevê o uso eficiente da água não só ao nível do abastecimento público às populações, como também ao nível do sistema de rega. Pedro Pimpão, vice-presidente da Autarquia, enalteceu a ação da Infraquinta e da Infralobo que adotaram, desde logo, as diretrizes da EMAAC e anunciou que, em breve, também a Inframoura irá fazê-lo, criando a sua própria estratégia nesta matéria. “Estaremos nos territórios abrangidos pelas empresas municipais dotados com estes sistemas de rega eficiente. Aquilo que irão trazer para o restante território municipal será o know how em termos técnicos”, referiu. Nesse sentido, foi criado recentemente no organograma municipal o Gabinete de Eficiência Hídrica que ficará incumbido desta matéria, e que irá funcionar com técnicos vindos das empresas municipais que têm o conhecimento necessário para a “implementação no resto do território municipal de usos eficientes de utilização de água em sistemas de rega”. Perante uma situação de emergência climática, Pedro Pimpão acredita que é fundamental a poupança e racionalização de água num cenário de escassez de chuva e o consequente aumento da necessidade da população em termos de utilização de água. “Sem pôr em causa a vida quotidiana das pessoas e das empresas, temos que poupar este recurso para que no futuro não tenhamos situações dramáticas e possamos vivê-lo tranquilamente”, concluiu .

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FESTIVAL INTERNACIONAL DE JAZZ DE LOULÉ CHEGA ÀS BODAS DE PRATA

Festival Internacional de Jazz de Loulé irá, em 2019, cumprir a sua 25.ª edição, somando um quarto de século durante o qual tem atraído à cidade de Loulé alguns dos maiores nomes do jazz internacional e nacional. Nas bodas de prata, o evento regressa à Cerca do Convento Espírito Santo, nos dias 25, 26, 27 e 28 de julho, numa organização da Casa da Cultura de Loulé que conta com a parceria e alto patrocínio do Município de Loulé. Mais uma vez sob a direção artística de Mário Laginha, o Festival apresenta talvez o programa mais americano de sempre, com músicos / bandas provenientes da América do Sul e também da América do Norte. É um cartaz ambicioso, que conjuga sons e músicos com percursos bastante ALGARVE INFORMATIVO #210

distintos. O evento arranca com a atuação da Ben Wendel Seasons Band, liderada pelo saxofonista, baixista, pianista e compositor canadiano, Ben Wendel. Segue-se, no dia 26, uma participação vinda de Buenos Aires, Diego Schissi Quinteto, que trará uma fusão de tango e jazz, enquanto que, também originário da Argentina, o Trio Leo Genovese sobe ao palco no dia 27, com o poder hipnótico deste virtuoso pianista. A ele junta-se, ainda nesta noite, a cantora e contrabaixista norte-americana Esperanza Spalding. No encerramento da 25.ª edição do Festival Internacional de Jazz de Loulé, a união luso-brasileira faz-se através de um espetáculo conjunto do Trio de Jazz de Loulé e da cantora brasileira Mônica Salmaso. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteira do Festival ou reservados pelo email da Casa da Cultura de Loulé, por mensagem privada para a página de Facebook do Festival internacional de Jazz de Loulé ou ainda pelo telefone 289415860. Os preços variam entre os 10 e os 15 euros diários e o bilhete para os quatro dias tem o valor de 30 euros. 162


JOVENS VOLUNTÁRIOS VIGIAM ESPAÇOS RURAIS EM LOULÉ Câmara Municipal de Loulé, através do seu Serviço Municipal de Proteção Civil, promove, pelo 12.º ano consecutivo, o programa «Vigilância Florestal – Voluntariado Jovem» destinado a jovens com idades compreendidas entre os 12 e 17 anos. A atividade irá decorrer em período de férias escolares, nomeadamente durante os meses de julho e agosto. Durante este período serão constituídas nove brigadas, compostas por sete elementos acompanhados por um monitor. Quinzenalmente, duas brigadas vão operar em dias alternados, fazendo a vigilância da extensa área florestal do Concelho. Os objetivos deste programa são a prevenção e deteção de fogos

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florestais, a sensibilização e informação à população, a interação com a população mais idosa e isolada, para além da aprendizagem relacionada com os incêndios florestais e das caminhadas ao ar livre, favorecendo as relações interpessoais entre os voluntários que participam. Por outro lado, com este projeto é sublinhada a importância da floresta e do meio ambiente. Este programa conta com o apoio das juntas de freguesia de Alte, Ameixial, Salir e União de Freguesias Querença, Tôr e Benafim e terá o seu culminar no dia 30 de agosto, com um momento de convívio entre todos os participantes e intervenientes onde os jovens voluntários irão receber o seu diploma de vigilantes da natureza .

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«JARDIM INTERIOR» REFORÇOU APOSTA DO CINE-TEATRO LOULETANO NA CRIATIVIDADE ARTÍSTICA PARA A INFÂNCIA oulé pretende tornar-se uma referência no sul do país na aposta estratégica, em termos de programação cultural, na Arte para a Infância, consolidando e aprofundando assim o trabalho iniciado nesta área-chave, de uma forma regular, em 2017. Nesta linha, entre 1 e 7 de julho, o Auditório do Solar da

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Música Nova, em Loulé, acolheu a formação imersiva «Jardim Interior», dinamizada pela prestigiada Companhia de Música Teatral (CMT), uma das estruturas mais reconhecidas neste campo em Portugal. Foram dias verdadeiramente inspiradores e transformadores para

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todos aqueles que tiveram o privilégio de usufruir desta formação de topo. Pela primeira vez o Algarve recebeu uma ação formativa com esta abrangência artística e com 42 horas de duração (isto quando se pensa na Infância), acreditada pelo Centro de Formação do Litoral à Serra - Escola Secundária de Loulé, procurando-se assim, mais uma vez, colmatar a sabida e assinalável lacuna que existe fora dos grandes centros urbanos (Lisboa e Porto) no que concerne a formações de qualidade nesta área. Entre os participantes (que esgotaram rapidamente as vagas existentes) desta atividade estiveram educadores de infância, músicos, professores, terapeutas, mediadores e outros profissionais (quer residentes na região algarvia, quer oriundos de outras zonas do país e mesmo do estrangeiro) que trabalham no eixo ArteEducação. Durante a semana, os formandos desenvolveram inúmeras competências, numa lógica de transversalidade e com dinâmicas individuais e de grupo, ao nível do corpo, da voz, do movimento e da musicalidade, através de processos que potenciam, afinam e aprofundam a expressividade, a 165

desconstrução, a criatividade, a comunicação e a interação com o outro. No último dia, 7 de julho, o entusiástico grupo e seus formadores apresentaram uma performance especialmente dirigida a um grupo limitado de bebés e seus pais. Neste espetáculo final participaram também, a convite do Cine-Teatro, vários parceiros com quem tem havido uma colaboração regular neste campo, nomeadamente coordenadores de jardins-de-infância (públicos e privados) do Concelho de Loulé, bem como uma representante da Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC) da Universidade do Algarve. Esta formação imersiva culminou todo um trabalho de continuidade que o Cine-Teatro Louletano tem vindo a desenvolver desde 2017 no que concerne a uma aposta estratégica na Arte para a Infância – o qual irá continuar nas próximas temporadas –, designadamente em três vertentes: apresentação de espetáculos multidisciplinares arrojados e inovadores para os mais pequenos; realização de momentos de reflexão crítica e debate em torno desta temática; e dinamização de ações de formação de vária ordem. Esta última dimensão tem estado, aliás, fortemente presente na programação artística que tem sido apresentada pelo Cine-Teatro ao nível da mediação cultural. Numa lógica de continuidade, ainda este ano estão previstas mais projetos e dinâmicas em Loulé dirigidos à Infância, incluindo vários momentos formativos destinados a profissionais da área e outros interessados . ALGARVE INFORMATIVO #210


JÁ É POSSÍVEL RENOVAR O CARTÃO DE CIDADÃO NO BALCÃO ÚNICO DE PORTIMÃO Câmara Municipal de Portimão cedeu espaço e funcionários para permitir a renovação presencial do Cartão de Cidadão por maiores de 25 anos no Balcão Único de Portimão, situado em pleno centro da cidade. Esta nova valência surge da adesão ao protocolo recentemente estabelecido entre a Agência para a Modernização Administrativa, o Instituto dos Registos e do Notariado (IRN) e o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, com vista a atenuar as longas filas existentes na Conservatória do Registo Civil de Portimão para tratar de assuntos associados ao Cartão de Cidadão.

perfilhada pelo Município de Portimão, tornar mais cómodo e acessível o processo de renovação daquele documento de identificação, através da redução dos tempos médios de espera e da racionalização de recursos humanos e tecnológicos, sendo de referir que as taxas arrecadadas com este novo serviço reverterão na sua totalidade para o IRN. O Balcão Único Municipal encontra-se localizado na Rua do Comércio, usufruindo de um atendimento personalizado e profissional, em horário alargado e contínuo das 9h às 19h. Este equipamento municipal registou, nos meses de abril e maio de 2019, mais de cinco mil atendimentos .

É objetivo desta aposta governamental,

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