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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 31 de agosto, 2019

DIAS MEDIEVAIS DE CASTRO MARIM | HERMAN JOSÉ | MINUTOS MÁGICOS | FOMe A CHEGAR 1 INFORMATIVO #217 FUTSAL EM PORTIMÃO | MIGUEL ARAÚJO E MUTRAMA EM TAVIRA | PAULO ALGARVE PINHEIRO E O AIA


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50 - Minutos Mágicos

38 - Paulo Pinheiro

90 - Herman José

78 - Perigo Público ALGARVE INFORMATIVO #217

8 - Dias Medievais de C.M. 4


110 - Moda em Loulé

124 - FOMe está a chegar 102 - Mutrama em Tavira

166 - Futsal em Portimão

138 - Festival de Acordeão

OPINIÃO

66 - Miguel Araújo em Tavira 5

148 - Mirian Tavares 150 - Ana Isabel Soares 152 - Adília César 154 - Fábio Jesuíno 156 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #217


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Castro Marim acolheu XXII Dias Medievais Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Irina Kuptsova

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e 28 de agosto a 1 de setembro, Castro Marim voltou a transformar-se numa vila encantada, recriando, com todo o rigor, os usos, costumes e vivências do passado medieval. Durante cinco animados dias e noites de regresso à Idade Média, quiçá a época mais intrigante da história da humanidade, o Castelo e a Vila de Castro Marim transformaram-se no cenário ideal para receber reis e rainhas, cavaleiros de armaduras reluzentes, bobos e jograis, comerciantes, monges, damas e nobres, mas também as contradições de uma época simultaneamente bárbara e culta, palco de acontecimentos e decisões que ALGARVE INFORMATIVO #217

ficaram na história e de magníficas produções culturais e artísticas. Os torneios a cavalo, os teatros de rua, os muitos grupos de animação «passa calles», com malabaristas, zaragateiros, cuspidores de fogo, gaiteiros, equilibristas, espadachins e contorcionistas, a música medieval, a música e dança árabe-oriental, a música sacra, as danças medievais, a exposição de Instrumentos de Tortura e Punição, o mercado medieval e os banquetes, foram atrativos que espelharam a magia desta época tão fascinante. Os Dias Medievais em Castro Marim têm por palco principal o Castelo, o cenário mais leal possível à Idade Média. É ali que decorrem as principais 10


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recriações, como as de artes e ofícios, onde estão representadas mais de 45 profissões, e os grandes espetáculos, como os torneios medievais a cavalo. É também o Castelo, no Paiol, que acolhe a renovada exposição de Instrumentos de Tortura e Punição, mostrando-nos uma das razões pela qual a Idade Média é considerada como a Idade das Trevas. Pelo banquete, outra das grandes atrações ALGARVE INFORMATIVO #217

deste evento, passam todos os grupos de animação do evento. À semelhança do que acontecia na Idade Média, à luz misteriosa das tochas, os comensais experimentam as melhores iguarias da época, enquanto desfrutam dos espetáculos de animação. Uma experiência inovadora e diferenciada do restante banquete 12


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também podia ser vivenciada com o pacote «Seja Rei por uma Noite», uma mesa real que reúne 10 convivas, com a pompa e circunstância das cortes da Idade Média. Todas as classes que estruturavam o quotidiano da Idade Média estiveram representadas, clero, nobreza, burguesia e povo, e nas mesmas ruas e ruelas se dava de caras com as criaturas mitológicas, os monstros, as criaturas demoníacas e mágicas, que explicavam tudo o que ainda era vago e impreciso. O Forte de S. Sebastião foi outro dos palcos deste evento, albergando a Guarnição Militar, uma recriação histórica onde se podiam ver várias exposições temáticas, exibições de falcoaria, treino de escudeiros, torneios e artes como a de cavalgar, esgrima e arco longo. Este ano foram reforçadas algumas questões de segurança, de saúde e 15

questões ambientais, um trabalho que pretende elevar os Dias Medievais em Castro Marim a Eco Evento. O objetivo passava por conseguir uma redução drástica de resíduos e uma reutilização máxima dos bens e cenários de cada edição. Assim, foram utilizados os copos em barro, como desde quase a génese dos Medievais, e houve uma efetiva redução de gasto em papel na produção de todos os materiais gráficos. Por ser uma época transversal a uma série de culturas, consolidou-se este ano a ligação histórica do café ao período medieval, estando presente em todo o evento numa parceria mais estreita com a «Delta Cafés». E que maravilhoso foi abandonar, por alguns dias, o frenesim dos tempos modernos e regressar à magia, mística e eloquência da Idade Média . ALGARVE INFORMATIVO #217


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PARA ALÉM DAS CORRIDAS DE MOTOS E CARROS, É O PRÓPRIO FUTURO DA CONDUÇÃO QUE ESTÁ A SER TESTADO NO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: AIA

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ma semana depois de ter garantido a presença no Mundial de Superbike até 2022 e a uma semana de acolher a fantástica e popular corrida de motos, a azáfama é tremenda no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), mas, verdade seja dita, a azáfama é enorme praticamente 365 dias por ano. Não estamos a exagerar, porque o circuito algarvio teve 350 dias de utilização efetiva em 2018 e deverá terminar o presente ano com mais de 330 dias de plena atividade, ALGARVE INFORMATIVO #217

entre provas de motos e carros, testes, apresentações e lançamento de veículos de duas e quatro rodas e eventos corporativos. Por isso, Paulo Pinheiro, CEO da Parkalgar, é um homem satisfeito com o percurso desta mega infraestrutura desportiva que abriu portas em 2008. “Sempre foi este género de desempenho e utilização que ambicionámos para a pista, mas conscientes de que eramos um circuito periférico, afastado do centro da Europa. Cientes deste desafio, apostámos na qualidade e na diferenciação, numa pista que fosse 40


ou carros, e a isso não deverá ser alheio o próprio passado de Paulo Pinheiro enquanto piloto, tendo corrido em muitas pistas por esse mundo fora. E o engenheiro concorda que as pistas que perduram na memória das pessoas para a posteridade são precisamente as mais difíceis, como Nürburgring, Monza, SpaFrancorchamps ou Silverstone. “As pistas de que gostava mais quando corria eram aquelas em que, no sábado à noite, dormia mal. Foi essa dificuldade que tentamos transportar para aqui, mantendo a total segurança em termos de zonas de escapatória e sistemas de proteção acessória, pelo que os pilotos andam sempre bastante próximos do limite. O risco de algo correr mal é grande, mas o risco de acontecer algo de perigoso para a integridade física dos pilotos é pequeno”, assegura Paulo Pinheiro.

distinta do padrão homogéneo da época, que fosse complicada e especial. Para além disso, temos a nosso favor este clima, quando comparados com Jerez, Ascari e outros circuitos. Fomos ganhando notoriedade com as corridas e os eventos que fomos realizando ao longo dos anos e, hoje, o AIA é uma referência a nível mundial”, garante o entrevistado. O traçado exigente e desafiador do Autódromo Internacional do Algarve é, de facto, elogiado pela esmagadora maioria dos pilotos que ali correm, seja em motos 41

A excelente taxa de utilização do AIA é, sem dúvida, um dos maiores motivos de orgulho do mentor do circuito portimonense, ainda mais estando-se numa região sem grandes tradições no desporto motorizado e conhecida sobretudo pela beleza das suas praias e pelo seu clima ameno. E para isso contribuiu a rede de conhecimentos e as amizades que foram sendo criadas ainda antes do autódromo ter começado a ser construído, pelas mãos da Parkalgar Racing Team, que disputou durante vários anos o Mundial de Superbike. “Temos uma taxa de repetição muito grande com as marcas todas, da McLaren à Audi e BMW, da Mercedes à Porsche, o que significa que os eventos correm bem. Temos também uma campanha de marketing ALGARVE INFORMATIVO #217


relativamente agressiva em termos internacionais para nos posicionarmos sempre na linha de frente e, juntando isso às relações pessoais que fomos desenvolvendo ao longo dos anos, estamos sempre top of the mind de quem tem que decidir onde os eventos e as provas se realizam. Está aqui há algumas semanas a ser testada a próxima geração de veículos que vai andar nas ruas, com níveis enormes de automação, algo que sucede há cinco anos, porque nos adaptamos às necessidades dos clientes”, explica Paulo Pinheiro. Novidades também são frequentes no AIA, como a Parede de Água, o «Head to Head» ou uma nova zona de drift, algo difícil de encontrar em simultâneo noutros circuitos, mais um fator de diferenciação, tanto para os novos, como para os clientes regulares. “Não podemos estar parados. Todos os anos são lançados 150 a 160 novos modelos de carros, que cada vez evoluem mais rapidamente em termos tecnológicos, e um circuito tem de acompanhar essa evolução, seja na capacidade de ter potência para fazer a alimentação de veículos elétricos, seja na capacidade de ter picos de alimentação para carros de corrida. Tudo o que temos é fruto de uma estratégia muito pensada e cuidada”, frisa Paulo Pinheiro, acrescentando que uma corrida só faz sentido se gerar mais-valias para o circuito ao longo do ano. “Naquele fim-desemana raramente se consegue mais que o break even point, se cobrirmos os custos já é fantástico. Mas o evento é um chamariz, uma montra, que temos para todo aquele mercado. Nas motos identificamos as Superbike como sendo ALGARVE INFORMATIVO #217

o equilíbrio ideal e, nos carros, temos o European Le Mans Series”. Perante este cenário, Paulo Pinheiro não poupa elogios à equipa do Autódromo Internacional do Algarve, menos de 60 pessoas divididas entre catering, marketing, publicidade, comercial, administrativo, recursos humanos, tratamento e manutenção de espaços exteriores, comissários e race control. “Grande parte do nosso sucesso deve-se a esta equipa”, assume, um papel que tem sido evidente ainda «o bebé estava na barriga». “Quando começamos a tentar obter os licenciamentos para se avançar com o circuito, identificamos duas necessidades fundamentais: perceber do ponto de vista técnico, da arquitetura e da engenharia como é que o circuito deveria ser; e marcar uma posição no mercado internacional para que, quando fosse o dia da 42


inauguração, já se soubesse o que era o AIA. Na altura visitamos cerca de 20 circuitos, daí termos um dos melhores do mundo, tanto na pista como nos edifícios e funcionalidades. Hoje, se calhar, faríamos algumas coisas diferentes, mas isso é normal. Como se costuma dizer, a primeira casa nunca é a melhor, a segunda é que é perfeita”, admite, com um sorriso.

SEGMENTO MICE É O CAMINHO A SEGUIR NO ALGARVE O Autódromo Internacional do Algarve segue de vento em popa, ninguém o pode contrariar, mas nem sempre foi assim, aliás, atravessou momentos bastante complicados com a crise económica e financeira que assolou Portugal e a Europa poucos anos depois de ter sido inaugurado. “Foi muito difícil, tivemos dois anos e meio duríssimos. Para além 43

da crise, tivemos um problema com um grupo de investidores que ia ficar com a vertente imobiliária e que, entretanto, abriu falência. O Plano Especial de Revitalização permitiu-nos reequilibrar e reestruturar toda a parte financeira, mas foi difícil para nós, para os nossos fornecedores, para toda a gente”, recorda Paulo Pinheiro. “Felizmente que conseguimos, em conjunto, criar uma solução que, embora não fosse a ideal, foi a possível. E, atualmente, trabalhamos com mais de 90 por cento das empresas que eram nossas fornecedoras na época. Quando nos vemos numa situação daqueles, não há soluções milagrosas, há que continuar a trabalhar e a fazer aquilo que podemos e sabemos”, aconselha. A crise foi, felizmente, ultrapassada, os apartamentos turísticos foram concluídos em 2014, o hotel foi ALGARVE INFORMATIVO #217


inaugurado em 2016, ao qual se juntam igualmente o Kartódromo Internacional do Algarve e uma pista todo-o-terreno. “Falta a última fase, o Parque Tecnológico, cujo primeiro projeto vai arrancar em breve, fruto de uma parceria com o Portimonense. Tudo isto fez com que ganhássemos mais massa crítica e maior diversidade de produto, o que é crucial porque os eventos corporativos e os estágios desportivos cada vez têm uma maior proporção na nossa utilização”, entende Paulo Pinheiro, enfatizando que o Algarve tem que apostar ainda mais no segmento MICE Meetings (Encontros), Incentives (Incentivos), Conferences (Conferências) and Exhibitions (Feiras). “O Algarve tem condições climatéricas e físicas únicas, temos tudo a ALGARVE INFORMATIVO #217

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uma distância pequeníssima, mas não maximizamos, enquanto região, essa diferenciação. Temos naturalmente um julho e agosto bons e toda a gente sabe o que deve fazer para que isso seja uma realidade. O desafio são os restantes 10 meses, em que todas as infraestruturas estão subaproveitadas, portanto, temos que trazer para cá mais pessoas. A época alta do AIA é de 15 de janeiro a 15 de maio e de 1 de setembro até 20 de dezembro”, indica o CEO da Parkalgar. Um obstáculo a vencer prende-se com as ligações aéreas diretas para Faro fora da época alta do turismo, reconhece Paulo Pinheiro. “Acabamos por arranjar soluções de recurso porque o Aeroporto de Faro é muito flexível e colabora muito connosco, e o Turismo do Algarve também tenta encontrar soluções alternativas. Havendo as ligações aéreas, tudo se torna bastante mais fácil”, garante o entrevistado, reconhecendo ainda que outro problema sentido no passado e que se foi esbatendo nos últimos anos prendia-se com a perceção geral de que o AIA era um «elefantebranco» que só dava prejuízo. “Todos os dias temos grupos hoteleiros a quererem fazer parcerias connosco, porque perceberam que somos um grande gerador de room nights, e atualmente temos parcerias permanentes com cinco grupos hoteleiros. E preciso destacar o Grupo Solverde e a Vila Vita, que estão ao nosso lado desde o primeiro dia e que, mesmo nos momentos mais difíceis, mantiveram uma postura irrepreensível. Os números falam por si, mas é normal que as pessoas não tenham uma real perceção do que aqui acontece. Hoje parece ser um dia calmo e temos cá 80 45

engenheiros e 20 condutores a trabalhar em mais de 200 carros”, atesta. O problema é que toda esta atividade permanece, normalmente, no segredo dos deuses, porque o segredo é a alma do negócio e as marcas de carros e motos elegem o AIA por terem plena confiança de que ali podem realizar os seus testes com total confiança e tranquilidade. “A Top Gear, o maior programa de televisão do mundo, fez aqui recentemente o seu evento anual, estiveram cá quase duas semanas. O Grand Tour, com o Jeremy Clarkson, fez aqui a sua estreia. No mundo, quando se quer fazer a melhor coisa, escolhe-se Portimão, por ser o melhor circuito”, enaltece Paulo Pinheiro, voltando a lembrar a situação periférica de Portugal. “Portimão é a 56.ª cidade de Portugal, acho que nem nas mil maiores da Europa está. Como é que a Porsche decide vir para Portimão fazer um evento em fevereiro, com 300 jornalistas, quando pode ir para Barcelona ou Valência? Certamente que há mais ligações aéreas para essas duas cidades, que estão mais restaurantes abertos, mas eles escolhem o Algarve”, destaca. “Somos uma região fantástica, temos tudo, só que às vezes esquecemo-nos disso. Fui correr há um mês ao Circuito do Estoril, gosto muito daquela pista, mas não se podem comparar as estruturas deles com as nossas. A «parte preta» é boa, mas, num dia de corrida, estamos o dobro do tempo fora dela. Acho que conseguimos ser bons nas duas vertentes, mas é importante olharmos para a ALGARVE INFORMATIVO #217


concorrência para verificarmos as nossas mais-valias, aquilo em que somos diferentes”.

APOIAR OS EVENTOS QUE REALMENTE SÃO IMPORTANTES Paulo Pinheiro é rápido a enaltecer as qualidades intrínsecas do Algarve e dos Algarvios, mas lamenta que tantos estabelecimentos estejam encerrados durante o Inverno, defendendo a criação de uma estratégia transversal a todos os setores de atividade, territórios e quadrantes políticos para bem da região. “Nos últimos dois anos percebi que as pessoas começaram a falar mais umas com as outras, a partilhar, nota-se uma perceção diferente. Não é necessário estarmos todos unidos, basta estarmos todos alinhados, porque isoladamente é difícil ir a algum lado”, apela o CEO da Parkalgar. Mas partilhar o que acontece dentro de portas é, contudo, algo que o Autódromo Internacional do Algarve raramente pode fazer, devido aos contratos de confidencialidade que tem com os seus clientes. “Às vezes é frustrante porque aquilo que está aqui a ter lugar é algo que vai comandar, nos próximos 10 ou 20 anos, a maneira como interagimos com um automóvel. Todos os dias há coisas a acontecer neste circuito que não podemos revelar e é isso que faz com que as marcas nos escolham para os seus testes. Em 11 anos de existência nunca houve uma fuga de informação”, salienta o entrevistado. “Há situações em que nos pedem a pista a funcionar até à meia-noite, ou 72 horas seguidas a trabalhar, e nós nunca dizemos que «não» a um cliente. No final ALGARVE INFORMATIVO #217

do dia, são eles que nos pagam o ordenado”, reforça. Do mesmo modo dá vontade de gritar, a todos aqueles que o pedem regularmente, que não depende do AIA trazer a Formula 1 ou o MotoGP para Portimão. “As Superbike são o evento desportivo motorizado com maior mediatismo mundial, tem crescido cada vez mais, e poucos apoios recebemos do poder central. Se tivermos cá 50 mil pessoas num fimde-semana, o grande impacto económico que existe é fora do circuito, é nos hotéis, nos restaurantes, nos aviões e rent-a-car. Quem diz as Superbike diz também o Le Mans Series, os Clássicos, seja lá o que for, e são estes os eventos que realmente interessam para o Algarve”, dispara Paulo Pinheiro. “Os eventos de desporto motorizado, equitação ou vela têm que ser os pilares da economia algarvia fora da época alta, cada um com as suas características, cada um com a sua dimensão e impacto económico direto. Isto implica que toda a gente se sente um bocadinho à mesa no início do ano para se decidir o que se vai fazer, de forma concertada, para não acontecer tudo ao mesmo tempo e a poucos quilómetros de distância uns dos outros”, declara o responsável máximo do AIA. De volta àquilo que depende exclusivamente da Parkalgar, até onde pode crescer mais o Autódromo Internacional do Algarve, questionamos. “Temos as novidades do Head-toHead, Drift e Water Wall e instalamos 46


recentemente um sistema de irrigação de última geração para testes de pista molhada. O próximo passo é o projeto do Centro de Estágios em parceria com o Portimonense, com dois campos de futebol e um edifício de apoio, que vai ser uma referência a nível europeu”, revela. No que toca aos eventos, e como apenas existe uma folga de 20 ou 30 dias por ano, o AIA está numa fase, não de procurar clientes, mas de selecionar as propostas mais interessantes no que toca às receitas. “Mas se tiver uma apresentação internacional ou um track day com meia dúzia de pilotos, claro que prefiro o primeiro porque tem um maior impacto para toda a região. Recusámos uma proposta que gerava maiores proveitos para o circuito em prol de um evento com uma marca alemã, em novembro e dezembro, que é mais benéfico também para o nosso hotel e para mais duas unidades hoteleiras fora do circuito”, exemplifica o administrador, 47

falando de uma gestão equilibrada que também se aplica na escolha das provas desportivas. “Foi-nos oferecido um evento que dura 15 dias em maio, com um impacto gigante que implica algum custo, mas estamos no limite do nosso investimento. A acontecer, terá de ser outra entidade a suportá-lo, porque a nossa espinha dorsal está feita. Este ano tivemos igualmente uma proposta para voltar ao Mundial de Superbike como estrutura técnica de apoio a uma equipa, uma coisa que eu adoro e em que sempre fomos competitivos. Mas, ao ser um custo extra para a Parkalgar, não podemos avançar. No entanto, se houver uma possibilidade que tenha uma estrutura financeira por trás a patrocinar a equipa e que nos exija resultados, então tenho todo o gosto em aceitar o desafio, com a certeza de que iriamos ser bemsucedidos, como sempre fomos”, termina Paulo Pinheiro . ALGARVE INFORMATIVO #217


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PORTIMÃO VIVEU MUITOS «MINUTOS MÁGICOS» COM MÁRIO DANIEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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conhecido ilusionista Mário Daniel regressou ao palco do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, de 22 a 25 de agosto, para quatro espetáculos de lotação esgotada em que deu a conhecer a centenas de portimonenses, mas também de turistas, o seu mais recente trabalho, intitulado «Minutos Mágicos – O espetáculo». Esta foi a terceira vez que o portuense atuou no palco de Portimão, remontando a primeira a 2013, na altura logo com casa cheia, o que levou o mágico a voltar ao TEMPO, durante todo o mês de agosto de 2015, com o espetáculo «Fora do Baralho», outro sucesso de bilheteira que misturava a arte da ilusão com a cénica e a teatral. ALGARVE INFORMATIVO #217

Desta feita, inspirado no programa televisivo com o mesmo nome, Mário Daniel criou «Minutos Mágicos – O Espetáculo», onde conjuga o seu sentido de humor e descontração a truques por via dos quais vai guiando a plateia pelo mundo da magia e quebrando todas as regras da lógica. Truques com cartas, com agulhas, com o famoso Cubo de Rubik, em que mexeu com as sensações e perceções dos presentes, numa constante interação com a assistência. Aliás, em grande parte dos números teve como parceiros vários elementos do público, que não conseguiram esconder a estupefação com o que ia acontecendo em palco mesmo ali ao seu lado. Porque, de facto, embora todos nós mais ou menos afirmemos que não 52


existe magia, houve ali momentos, os tais minutos mágicos, em que tivemos que duvidar dessa noção. Em que não conseguimos encontrar uma explicação lógica para o facto de uma notícia de um jornal publicado dias antes adivinhar o que ia depois acontecer no palco do TEMPO. Ou aqueles truques em que bem nos esforçamos por estar com atenção máxima para não deixar escapar nada e, mesmo assim, o improvável ou impossível acontece. Sem que vislumbremos quaisquer fios ocultos, ou trocas rápidas de 53

objetos, ou cartas escondidas nas mangas do casaco. O mágico com o maior share de audiências de televisão portuguesa na última década trouxe a Portimão uma proposta nova e interativa destinada à participação intensa do público e que desafiou o espetador e os seus sentidos. E terminou em beleza trancado numa caixa de água, enquanto tentava desesperadamente descobrir qual a chave que abria o cadeado . ALGARVE INFORMATIVO #217


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MIGUEL ARAÚJO ENCANTOU TAVIRA COM UM CONCERTO MEMORÁVEL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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inha deixado no ar que poderiam haver surpresas e elas concretizaram-se com dois convidados especiais. Assim foi o concerto de Miguel Araújo em Tavira, no dia 21 de agosto, no fantástico Parque do Palácio da Galeria. O carismático cantor e compositor interpretou sucessos bem conhecidos do público como «Os Maridos das Outras», «Dona Laura», «Recantiga» ou «Balada Astral» e nem faltou, como referido, duas participações inesperadas, do conceituado músico António Zambujo e do famoso comediante César Mourão. ALGARVE INFORMATIVO #217

Miguel Araújo é sem dúvida um dos artistas mais completos da nova geração, sendo já considerado um dos grandes nomes da música portuguesa, destacando-se como compositor, letrista, cantor e músico. E não é fácil, nem para todos, ser-se bem-sucedido em cada uma das vertentes que compõem a sua multifacetada e eclética carreira, mas Miguel consegue-o com mestria e uma imensa humildade. Por isso, são já imensos os temas da sua autoria, cantadas por si e por outros artistas, que fazem parte do espólio das grandes canções populares portuguesas deste século . 68


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«PORCELANA» MOSTRA UM LADO MAIS REFINADO E MADURO DE PERIGO PÚBLICO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #217 #217 ALGARVE

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á aqui alguém mais Quarteira do que eu?”, gritou, a plenos pulmões, Élton Mota, no segundo dia do festival «Sou Quarteira». O grito de batalha deu início a uma atuação vibrante e poderosa de Perigo Público, um dos precursores do rap no Algarve, que assim deu a conhecer, sob um sol escaldante, «Porcelana», o último fruto da sua longa parceria com o produtor Sickonce, ou DJ GiJoe, ou simplesmente o amigo Rafael Correia. “É a nossa masterpiece, um trabalho que levou muito tempo a ser polido. Há quase 20 anos que ando nisto e, apesar do nome não mudar, a pessoa vai-se modificando com o passar do tempo. O «Perigo Público» nasceu numa fase mais rebelde e natural da minha adolescência e que, hoje, já não corresponde totalmente à minha essência”, reconhece o quarteirense. “Acredito que, se juntarmos todos os grãos de pó e de areia, conseguimos criar uma peça única de porcelana. Este álbum tem muito a ver com essa emancipação do ser, de transformarmos algo que, à partida, está destinado a não ter sucesso, na mais bela peça de arte”.

Ter sucesso que, na opinião de Élton Mota, nem é o mais complicado, seja no rap ou em qualquer outro estilo musical, o mais difícil é manter-se no topo, construir uma carreira sustentável e duradoura. “O rap está conotado com uma faixa etária demasiado jovem, mas, quando passamos a barreira dos 30, podemos continuar a fazer música. Existem pessoas que já atingiram a maioridade e ALGARVE INFORMATIVO #217

que querem ouvir rap. Não é um caminho fácil, mas a persistência levanos sempre a bom-porto e estamos imensamente felizes com o trabalho que temos vindo a realizar”, assume o entrevistado, esclarecendo, porém, que «Porcelana» não tem apenas a ver com a música, é também um projeto de cariz social. “Ninguém deveria depender para sempre do assistencialismo e quero dar uma perspetiva diferente às pessoas que vivem cronicamente num estado de pobreza. Se acreditarmos nas nossas vocações e talentos, e 80


trabalharmos, podemos quebrar esse ciclo”, declara Perigo Público. Essa é, contudo, outra característica rapidamente associada ao rap, um constante discurso de luta contra o sistema, com adolescentes inconformados com a vida que levam, com as poucas oportunidades que têm, com o crime e a droga que os rodeia, realidades transpostas do dia-a-dia norte-americano, os enredos de filmes de gangsters que nem sempre têm correspondência com a vida real em Portugal. “O hip-hop que os 81

Estados Unidos da América exporta está, de facto, muito conotado com o crime e a marginalidade, até parece que é bom ser-se o mau da fita. Depois, os executantes em Portugal são demasiado jovens e aderem mais facilmente a essa parte menos positiva, mas a nossa ideia é precisamente pegar na vertente da consciencialização, em manter uma luta social ativa. O hip-hop vem da transformação de coisas que já não se usam em coisas novas”, lembra Élton, à ALGARVE INFORMATIVO #217


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conversa num final de tarde de agosto na cidade de Quarteira. Aos 34 anos de idade, Perigo Público não se deixa seduzir pelo facilitismo, mesmo que grande parte do público dê preferência a essa mensagem rebelde que chega do outro lado do Atlântico. Acima de tudo, tenta fazer música para pessoas que tenham tido percursos semelhantes ao seu. “Já não sou nenhum miúdo, tenho dois filhos, um trabalho para além da música, portanto, não me faz sentido estar a escrever sobre situações que eu não vivo. E creio que há um público que também não está interessado em ouvir canções sobre adolescentes que passam os dias drogados e a cometer crimes e, pior ainda, vangloriam-se por isso”, afirma, sem hesitação. “Há jovens rappers que são empurrados pelas modas, pelas 83

vibes, quando deviam apostar nas suas experiências pessoais, porque todos temos dificuldades na vida. Mas isso acaba por se notar, é impossível «enganar» toda a gente o tempo todo”, avisa. Não andar atrás das modas será, provavelmente, uma das razões para Élton Mota ter apenas dois discos editados – 1991 e Porcelana – mas o entrevistado avança com outra explicação. “Andei muito tempo focado nas batalhas de freestyle, no improviso, praticamente até aos 27/28 anos. Só nessa altura é que decidi fazer algo diferente, mais substancial”, justifica, entendendo que houve uma evolução natural no diálogo dos dois álbuns. “Quando criamos o «1991», baseámo-nos única e ALGARVE INFORMATIVO #217


exclusivamente nas vivências de Quarteira, nas gentes da minha terra. A cidade estava um bocado morna, era preciso apelar ao espírito quarteirense, recordar os nossos heróis, demonstrar que Quarteira transborda talento e arte e que era uma pena isso estar tudo a ser desperdiçado. «Porcelana» é o passo seguinte, estamos a falar ao mundo, para todas as pessoas que nos queiram escutar”, compara o músico.

UM MÚSICO NÃO PODE VIVER NUM MUNDO SÓ DELE Falar para o mundo não é, todavia, «pera-doce», apesar das ferramentas de comunicação e promoção que as novas tecnologias e as redes sociais colocam ao dispor dos artistas do novo milénio. “Vivemos num país provinciano e o Algarve é uma província dentro desse país. Um miúdo de Lisboa saca uma batida da internet, faz a música soar na ALGARVE INFORMATIVO #217

escola dele e tem 10 mil colegas a ouvi-lo. Um miúdo no Algarve se calhar tem 500 colegas, o que faz toda a diferença. O miúdo se Lisboa provavelmente tem, na sua área de residência, três ou quatro sítios onde pode atuar e começar a criar a sua comunidade. No Algarve isso não se passa”, distingue Élton Mota, sem querer, contudo, entrar demasiado no tal discurso do «coitadinho». E se é preciso deixar de bater na tecla do «coitadinho» a quem ninguém dá hipóteses para singrar na vida, tal não significa fechar os olhos aos problemas que persistem no século XXI. “Têm é que começar a ser abordados de forma diferente, com maior seriedade. O racismo não deixou de existir, as pessoas ainda vivem em bairros sociais e bairros de lata, meios onde a droga continua a ser um problema. Enquanto sociedade, ainda não conseguimos superar todos esses problemas e, para quem sofre deles, persiste a 84


dificuldade em explicar ao outro lado o que está a acontecer”, analisa o entrevistado. Observar, analisar, chamar a atenção, tudo isso faz parte, supostamente, do papel dos artistas e Élton Mota confirma que ainda existem muitos que estão conscientes dessa responsabilidade. “Se não tivermos cuidado, vamos assistir a cada vez mais fenómenos populistas na nossa sociedade, a acontecerem mais episódios negros. A música tem que servir para nos divertirmos, mas também para acordar as pessoas, para alertar para o que está a suceder nos Estados Unidos, em Inglaterra, no Brasil ou no Mediterrâneo. Há pessoas a sofrer e a morrer e o artista não pode viver num mundo só dele e estar alheio a tudo isto”, defende Perigo Público, embora admita que também não é fácil depois fazer chegar esta mensagem ao público. “As crianças hoje passam a maior parte do tempo agarradas a um telemóvel,

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completamente alienadas daquilo que sucede na vida real. Temos famílias em que os filhos, assim que chegam a casa da escola, ficam o tempo todo trancados num quarto de volta do telemóvel ou do tablet. As notícias bombardeiam-nos todos os dias com mortes de crianças, ao ponto de acharmos que é normal morrerem pessoas na Síria, e depois já estamos a ver a novela”, desabafa. Visivelmente preocupado com o estado da sociedade que o rodeia, Élton Mota tem, também, que preocupar-se em pagar as contas da casa, em prover para a sua família, e raros são aqueles que o conseguem fazer apenas através da música. Por isso, tem o seu trabalho do dia-a-dia, o que torna mais dura a vida de músico. “Como digo constantemente à minha filha, quando acreditamos numa coisa, temos que lutar por ela. Não interessam os sacrifícios que temos de fazer, nem o

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tempo que ela demora a concretizar-se. Eu faço música quando os outros lá em casa já estão a dormir, mas se, nesta jornada, conseguir fazer dos meus filhos duas pessoas melhores, sinto que venci a luta”, declara, convicto. “Estaria a mentir se não sentisse que a energia se vai esfumando com o passar do tempo, já não tenho a mesma vitalidade que há 10 anos, mas continuo a ter os sonhos todos do mundo… e a ter uma calma diferente. Se calhar já não vou ser um fenómeno da internet como um miúdo de 20 anos, mas não há problema, nem é disso que eu e o Rafael andamos à procura”. Perigo Público vê-se também a trabalhar a música noutras vertentes, não só a escrever e a cantar em cima do palco, mas também a intervir na sociedade, a lidar com crianças sinalizadas, com jovens em situação de risco. Quanto à filha mais velha, que assistiu de olhos vibrantes à atuação do pai no Festival Sou Quarteira, o conselho é simples: “Se ela quiser, pode ser cantora ou rapper e manter-se nos trampolins, mas vai ter que continuar a fazer tudo o resto também, ir para a universidade e tirar um curso. O importante é que saiba que tem que lutar pelas coisas com que sonha, com a certeza de que vai ter sempre o nosso apoio”, responde Élton, avisando ainda que um dos problemas dos mais novos é precisamente perseguirem o sucesso rápido. “Não estamos a preparar as novas gerações de uma forma resiliente. Os pais estão a deixar de ser capazes de dizer «não» aos filhos, estamos a tornarnos cada vez mais obcecados em termos «pequenos principezinhos» que não podem ser contrariados por nada. O mais grave é que a malta nova não procura o ALGARVE INFORMATIVO #217

sucesso, está apenas preocupada com a fama. Quem procura o sucesso percebe que isso exige bastante trabalho e ser famoso, às vezes, não dá assim tanto trabalho. Querem reconhecimento e gratificação no imediato e não sei como é que vamos conseguir encaixar no futuro essas pessoas nas empresas e nas famílias”. Quanto a «Porcelana», teve a sua primeira apresentação ao público no «Sou Quarteira» e a receção foi efusiva. “Está tudo a correr dentro do planeado por mim e pelo Rafael. É importante fazermos a música da forma como gostamos, não estamos à procura de uma fama desmesurada, não estamos focados na quantidade de likes e visualizações que vamos ter, embora, como é claro, seja sempre melhor ter muitas do que poucas”, sublinha, com um sorriso. Disco que vai ser distribuído na sua forma digital, através das habituais plataformas online, mas está a ser preparada uma surpresa a nível físico, adianta Élton Mota. “Este «Porcelana» é mais do que um álbum, é um projeto de vida que engloba sobretudo a área social, que se foca na emancipação do ser e que vai envolver pessoas de diferentes campos para que a arte possa acontecer de forma harmoniosa. O álbum até seria o encerrar de um capítulo, mas têm acontecido coisas tão fantásticas que já não sabemos o que será o futuro. Queremos apenas desfrutar deste momento e levar o «Porcelana» ao maior número de pessoas possível e do modo mais sério possível” . 86


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HERMAN JOSÉ ANIMOU, E DE QUE MANEIRA, A FESTA DO BANHO 29 DE LAGOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daiel Pina

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agos voltou a vibrar com a Festa do Banho 29, um dos principais eventos do concelho inspirado nesta forte tradição histórica de caráter popular que dizia que o banho da noite de 29 de agosto valia por 29 purificantes ALGARVE INFORMATIVO #217

banhos e permitia afastar o Diabo à solta durante o dia. A população aproveitava igualmente o momento para festejar o final do Verão com comes e bebes e muita animação. Para celebrar e eternizar essa velha tradição de Lagos, a autarquia local 92


promove todos os anos uma programação cultural variada e que desta feita ano culminou, no Cais da Solaria, com um estrondoso espetáculo de Herman José. E o conhecido comediante cumpriu na perfeição com a sua nobre missão de cantar, encantar e fazer rir o público com o seu humor e música tão característicos. Neste imperdível one man show, o hilariante Herman José invocou carismáticas personagens da sua longa carreira no entretenimento, desde o velhinho «José Esteves» com o tema «Vamos Lá Cambada» - o hino não oficial da seleção portuguesa de futebol - ao mais recente «Nelo», que protagonizou uma fenomenal chamada telefónica para a sua filha a tentar explicar-lhe esse estranho fenómeno que é a gravidez e o nascimento de uma criança.

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Numa atuação frenética pautada por vários hits musicais, por anedotas e, claro está, por um constante improviso ao sabor do momento e dos incentivos que iam chegando sempre da parte do imenso público, Herman José recordou e prestou homenagem a nomes como Nicolau Breyner, Carlos Paião ou Rosa Lobato Faria, e também não poupou alguns dos seus «alvos» preferenciais de piadas, como José Castelo-Branco e a sua Lady Betty, que ninguém consegue perceber se ainda está viva ou não, ou a socialite Lili Caneças, outra figura que nos coloca semelhante dúvida. Poliglota e humorista universal, Herman José falou com a assistência em português, espanhol, francês, inglês e

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alemão, recordou episódios da sua juventude passados nas praias do concelho de Lagos, quando algumas turistas estrangeiras o «raptavam» e levavam por momentos para trás das dunas, mas também os loucos anos 60 e 70 da discosound nas discotecas da região, quando ultrapassava o 1,80cm graças a sapatos de enormes saltos altos. E o público a tudo respondeu com intensas e genuínas risadas, mesmo que se pudessem vislumbrar, como seria de esperar, algumas caras mais céticas perante as piadas com teor mais adulto.

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Mas Herman José já atingiu o estatuto de imortal que lhe permite fazer o que realmente lhe dá prazer, e à larga maioria dos portugueses, ignorando as críticas de alguns «velhos do Restelo». Em suma, foi uma noite fantástica a do 29 de agosto passada no Cais da Solaria, em Lagos. Quem não esteve presente, tem nova oportunidade para rir a valer com Herman José já no dia 6 de setembro, nas Festas do Pescador de Albufeira, não a solo, mas com a sua Big Band .

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«MUTRAMA» DE ANDRÉ SANTOS RECUPEROU CANÇÕES MADEIRENSES PERDIDAS NO TEMPO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Tavira

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o dia 23 de agosto, a Praça da República, em Tavira, foi palco de um espetáculo soberbo da «Mutrama» de André Santos, projeto de recriação da música tradicional madeirense que pretende dar vida a muitas canções que estão perdidas no tempo e são desconhecidas do grande público. Ao trio base assegurado por André Santos, nas guitarras e nos cordofones madeirenses (braguinha, rajão e viola de arame), António Quintino no contrabaixo, e Joel Silva na bateria e percussões, juntaram-se as vozes de Maria João, ALGARVE INFORMATIVO #217

Salvador Sobral, Ricardo Ribeiro e Mariana Camacho, o saxofone soprano de Desidério Lázaro, o saxofone tenor de Francisco Andrade, e ainda Graciano Caldeira, também no cordofone madeirense, braguinha. Bernardo Barata (Diabo na Cruz) foi o responsável pela gravação e pós-produção do disco. «Mutrama» representa uma reconciliação com o passado e, com ele, a devolução de um cancioneiro português quase completamento desconhecido, abafado que esteve pela promessa de cosmopolitismo e pela folclorização. E a adesão do público foi maciça, enchendo por completo a baixa da cidade de Tavira, sob o olhar atento dos Paços do Concelho e do Rio Gilão . 104


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DESFILE DE MODA DEU A CONHECER PROPOSTAS DO COMÉRCIO LOCAL DE LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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ara comemorar e celebrar as sinergias criadas ao longo das últimas semanas, a Câmara Municipal de Loulé, a ACRAL - Loulé e os comerciantes da cidade juntaram-se no dia 22 de agosto, no Largo D. Afonso III, para celebrar a moda com a realização de um desfile. Ao todo foram cerca de 25 as lojas aderentes que apresentaram as suas marcas e coleções, com muito estilo e glamour. Os penteados e a maquilhagem deram também brilho à noite e marcaram a contemporaneidade do comércio da cidade de Loulé neste momento. A iniciativa contou com uma performance do Grupo de Dança Contemporânea «IAM Contemporâneo Fusion», do ArtBody, ginásio, fitness e saúde e foi apresentada por Nélson Horta, ao mesmo tempo que uma performance ALGARVE INFORMATIVO #217

do DJ Andjo marcou o andamento do desfile. Merkhabala, O Cantinho da Céu, Cavalinho Loulé, Sapataria Zázá, Boutique Opção, Fokus Fashion Store, Mostazza, E Jóias, Sanya Boutique, Modas Marafada, Sapataria Casa Verde, Manoli Ortiz de la Torre, Skulk Loulé, Moss Store, Sapataria Globo Dourado, Naia Rico Couture, Sigues, Rituals, Beauty & Spa, Zeza Cabeleireiros, Ana Paula Cabeleireiros, Jeanne Ximenes, Hairlab by Luísa & Rita, Cristina Concepsion Cabeleireiros, Salão Orquídea e Florista Manelita foram os lojistas que deram a conhecer as suas tendências. O «Comércio nas 7 Quintas» é uma iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Loulé, ACRAL - Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve e empresários do comércio local, cujo propósito é dinamizar e valorizar o comércio em Loulé . 112


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FESTIVAL DE OBJETOS E MARIONETAS & OUTROS COMERES LEVA 50 ESPETÁCULOS A SEIS CONCELHOS DO ALGARVE Texto: Daniel Pina

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e 13 a 28 de setembro, os concelhos de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel e Tavira vão ser palco de 50 espetáculos, workshops e outras iniciativas inseridas na segunda edição do FOMe – Festival de Objetos, Marionetas & Outros Comeres, uma organização da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve com o apoio do CRESC Algarve 2020, da República Portuguesa e das Câmaras Municipais de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel e Tavira. E os aliciantes são, de facto, muitos e para públicos de todas as idades. De 7 a 15 de setembro decorre o workshop «CHÁ:VENA / ALGARVE INFORMATIVO #217

WORKESTRASOM», das 9h30 às 12h e das 14h às 18h, no Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, da responsabilidade da Companhia LixoluxoPóeUco, oriunda de Viana do Castelo, e ministrado por João Ricardo. A iniciativa dirige-se a maiores de 11 anos e o objetivo é a pré-criação de um grupo de jovens músicos na esfera da percussão, posicionados num palco com os seus artefactos sonoros, com o intuito invisível de criar diálogos plásticos sonoros. O resultado do trabalho desenvolvido vai ser partilhado com o público, no dia 14 de setembro, às 18h, e no dia seguinte, às 11h, no Auditório do Solar da Música Nova. Outro workshop tem lugar, de 23 a 26 de setembro, sobre a Técnica de Teatro de Sombras de Karagöz (Turquia), entre as 20h e as 23h, no Teatro Lethes de 126


Faro, a cargo da Companhia Cengiz Özek e destinado a marionetistas, cenógrafos, ceramistas e artistas no geral. «ARES DE MESA» é a exposição de marionetas de Jorge Cerqueira que estará patente, de 5 de setembro a 24 de novembro, no Museu Municipal de Faro. Pretende-se prestar uma homenagem a algumas das figuras que, de um ou outro modo, influenciaram a evolução da gastronomia e o nosso comportamento à volta da mesa. Algumas delas tiveram um papel mais direto como criadores, enquanto outras foram como que inspiradoras para nomear ou recriar receitas que chegaram aos nossos dias como referência de uma época ou gosto.

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«SHARING THE LIGHT» pela companhia alemã DUNDU - Os Gigantes da Luz, vai a cena no dia 13 de setembro, às 22h, no Largo do Carmo, em Faro. Dundu é uma marioneta iluminada que já encantou espectadores em todo o mundo. Embora grande em tamanho, é uma criatura gentil que desliza entre o público com facilidade e graça. Em harmonia com a música, as marionetas são trazidas à vida por cinco marionetistas que proporcionam momentos mágicos e inesquecíveis num espetáculo visual e interativo. «MONSTERS», da Duda Paiva Company, vinda dos Países Baixos,

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acontece a 20 de setembro, às 21h30, no Cine-Teatro Louletano, em Loulé. E que estranhas criaturas são as marionetas de Duda Paiva! Têm cabeças invulgares, asas e rabos, mas também braços e pernas... Parecem tão doces e palpáveis... mas serão de facto? Narcissus controla os monstros e vai mostrar ao público todos os truques que lhes ensinou: uma cambalhota, uma dança, uma música e até mesmo como voar. STOP, da companhia Mikrópodium, de Budapeste/Hungria, realiza-se no dia 14 de setembro, às 11h, no CECAL – Casa da Cultura de Loulé; no dia 14 de setembro, às 18h, na Avenida da República de Olhão; no 129

dia 15 de setembro, às 10h30, no Jardim do Coreto de Tavira; no dia 15 de setembro, às 18h, na Fonte Pequena de Alte; no dia 20 de setembro, às 21h30, na Rua de Santo António em Faro; no dia 21 de setembro, às 10h30, no Jardim Carrera Viegas, em São Brás de Alportel; no dia 21 de setembro, às 18h, no Museu Municipal de Faro e no dia 22 de setembro, às 10h30, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira. Tanto o palco quanto os bonecos são minúsculos e todo o espetáculo pode caber numa pequena mala. No entanto, quando esta pequena mala se abre, o público pode esperar um verdadeiro milagre - as marionetas realistas contam ALGARVE INFORMATIVO #217


histórias, expressam sentimentos e humores num espetáculo sem palavras. LAIA E O VOO DA IMAGINAÇÃO, da companhia Cia Tu Mateixa Marionetes, de São Paulo/Brasil, vai a cena no dia 14 de setembro, às 18h30, na Avenida da República de Olhão; no dia 15 de setembro, às 11h, no Jardim do Coreto em Tavira; no dia 15 de setembro, às 18h30, na Fonte Pequena de Alte; no dia 21 de setembro, às 11h, no Jardim Carrera Viegas, em São Brás de Alportel; no dia 21 de setembro, às 18h30, no Museu Municipal de Faro; e no dia 22 de setembro, às 11h, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira. Um espetáculo protagonizado por Júlia Barnabé e sua marioneta de fios, Laia, construída à mão em madeira pela artista, que possui 22 fios ALGARVE INFORMATIVO #217

e olhos articulados. Laia é uma criança fascinada por pássaros e pintura e, ao brincar, convida-nos a viajar pelas infinitas possibilidades da sua imaginação. Quando pinta no papel um pôr do sol com gaivotas planando ao redor, ela mesma se torna capaz de voar. No meio dos seus devaneios, interage com as pessoas do público, dançando, abraçando-as, sentando-se em suas pernas e fazendo pinturas nas suas mãos. CYCLOSE, da francesa Margo Gram, tem lugar no dia 20 de setembro, às 18h, nos Claustros do Auditório do Espírito Santo, em Loulé; no dia 21 de setembro, às 11h30, no Jardim Carrera Viegas, em São Brás de Alportel; no dia 21 de setembro, às 19h, no Museu Municipal 130


de Faro; e, no dia 22 de setembro, às 11h30, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira. Cyclose é um espetáculo poético que envolve três marionetas de fios, o manipulador e seus bonecos, criando uma encantadora viagem onírica de imaginação. 131

A MANO, dos espanhóis El PaUo Teatro, acontece nos dias 14 de setembro, às 21h30, e no dia 15 de setembro, às 18h, na Biblioteca Municipal Álvaro de Campos, em Tavira. É uma história contada com argila, através de um pequeno personagem ALGARVE INFORMATIVO #217


com um grande desejo de escapar da vitrine de uma loja e dos seus habitantes. É uma história de amor, sobre pequenos fracassos, uma roda de oleiro, um copo que respira, duas pessoas com grande entusiasmo, uma minúscula oficina de cerâmica e quatro mãos que tocam. JANET, da Companhia Helenandjohn, de Londres, Inglaterra, realiza-se no dia 14 de setembro, às 19h30, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira; no dia 20 de setembro, às 19h, na Re-Criativa República 14, em Olhão; e no dia 27 de setembro, às 21h30, no Cineteatro de São Brás de Alportel. É um espetáculo de teatro que mistura o drama da mesa da cozinha com o terror do filme B, um reflexo despreocupado de nossos sonhos e medos. Janet segue a vida de uma jovem mulher desde a conceção até ao fim trágico-cómico.

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VARIAÇÕES COM MARIONETAS DE FIOS, da Companhia Marionetas da Feira, de Santa Maria da Feira, pode ser vista no dia 15 de setembro, às 11h, na Biblioteca Municipal Lídia Jorge, em Albufeira; e no dia 15 de setembro, às 18h, na Avenida da República de Olhão. Várias marionetas de fios desfilam e exibem as suas habilidades. Umas com as suas habilidades musicais, outras dançantes e outras demonstram os seus dotes circenses. Todas elas apresentam um truque, uma fantasia ou uma surpresa, levando o público até um mundo mágico e encantado. MISCELÂNEA, do Clube de Manipuladores de Faro, decorre a 15 de setembro, às 11h e às 16h, no Gimnásio Clube de Faro; e no dia 28 de setembro, às 10h, nos Claustros do Convento do

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Espírito Santo, em Loulé. O Clube de Manipuladores surgiu da vontade dos participantes dos workshops do FOMe & Outros Comeres de continuar a aprender e a brincar com os objetos, os fantoches e a manipulação. O grupo encontra-se mensalmente no Gimnásio Clube de Faro e é aberto a todos os curiosos, dos 8 aos 88 anos, com o intuito de aprender e brincar juntos, desfrutar e desenvolver novas ideias e projetos. MEN IN COATS, da Companhia Men in Coats, de Londres, Inglaterra, sobe ao palco do Teatro Lethes, em Faro, no dia 19 de setembro, às 21h30; no dia 20 de setembro, às 21h30, apresenta-se no Largo de São Sebastião, em São Brás de Alportel; no dia 21 de setembro, às 21h30, no Largo Sebastião Martins Mestre, em Olhão; e no dia 22 de setembro, às 16h, no Auditório Municipal de Albufeira. Trata-se de um duplo ato de comédia visual que combina as artes da comédia, clown e ilusão. 133

O CERCO, da Companhia S.A. Marionetas - Teatro & Bonecos, de Alcobaça, tem lugar no dia 21 de setembro, às 11h, na Alcaidaria do Castelo de Loulé; no dia 22 de setembro, às 11h, no Largo da Sé de Faro; e no dia 22 de setembro, às 18h, no Jardim do Coreto de Tavira. Retrata o episódio da história de Portugal em que a cidade de Guimarães é cercada por Afonso VII de Leão. Dois cozinheiros e um ajudante, como valentes defensores do condado, iniciam uma fervorosa descrição do que se vai passando e vão construindo as personagens a partir das frutas e vegetais que têm à mão. Simultaneamente vão cozinhando o seu «caldinho milagroso» que retempera forças e transforma simples mortais em verdadeiros reis. RETRETE CABARETE, da Companhia El Retrete de Dorian Gray, de Santiago de Compostela/Espanha, vai a cena nos dias 21 de setembro, às 17h30, e 22 de ALGARVE INFORMATIVO #217


setembro, às 18h, no Mercado da Ribeira de Tavira. É um espetáculo que nunca dorme, pois um número entra, outro sai... adapta-se a cada público, na rua, na sala de estar, adultos bêbados, famílias dominicais, na China ou em Sarria. GARBAGE MONSTER, dos turcos Cengiz Ozek, sobe ao palco do Auditório Municipal de Albufeira, no dia 21 de setembro, às 21h30; do Teatro Lethes de Faro, no dia 27 de setembro, às 21h30; e do Auditório do Convento do Espírito Santo, em Loulé, no dia 28 de setembro, às 18h. Na peça existe uma criatura cujo trabalho é limpar os mares, uma criatura que comeu tanto lixo que se transformou num monstro, num monstro de bom coração. HISTÓRIAS SUSPENSAS, da Companhia Radar 360º, do Porto, mostra-se nos dias 21 de setembro, às 21h30, e dia 22 de setembro, às 16h, no Teatro Lethes de Faro. Imaginamos três narradores de histórias. O corpo e a voz saltam para dentro das histórias, agindo e reagindo através de voos, voltas e reviravoltas. Criam-se desvios que nos levam a outras pequenas histórias. A ideia de suspensão acontece na ação e no enredo, que surpreende a cada momento. GINODRAMA, da companhia italiana Crochet Puppet Theatre, pode ser vista no dia 25 de setembro, às 21h30, no IPDJ de Faro; no dia 26 de setembro, às 21h30, na Pousada do Convento da Graça, em Tavira; e no dia 27 de setembro, às 21h30, na Re-Creativa República 14, de Olhão. Gino é um homem de meia idade que fantasia sobre outras vidas possíveis, que o cativam a ponto de começar a acreditar nas suas próprias mentiras. Nunca assumiu um risco na sua vida e agora tem que soprar a poeira dos velhos sonhos que manteve escondidos por muito tempo. O encerramento do festival estará a cargo de Pedro Tochas, com o espetáculo «O Palhaço Escultor», no dia 28 de setembro, às 21h30, no Largo da Sé, em Faro, seguindo-se o habitual Convívio FOMe, às 23h, no Gimnásio Clube de Faro . ALGARVE INFORMATIVO #217

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ALAMEDA DA PRAÇA DA REPÚBLICA DE PORTIMÃO FOI PALCO DO 5.º FESTIVAL DE ACORDEÃO JOÃO CÉSAR Texto: Ricardo Coelho | Fotografia: Ricardo Coelho

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eve lugar, no dia 24 de agosto, na Alameda da Praça da República, em Portimão, a quinta edição do Festival de Acordeão João César. Mais de um milhar de pessoas deslocaram-se ao local do evento e associaram-se ao tributo prestado ao acordeonista portimonense, não faltando, como habitual, muitos amigos e familiares do homenageado. Natural de Portimão, João César tornouse num ícone da música no Algarve com um grande número de edições discográficas, compôs músicas para as marchas populares de Lisboa, de Portimão e de outras localidades e acompanhou muitos artistas como Mariette Pessanha, ALGARVE INFORMATIVO #217

Fernanda Baptista e Simone de Oliveira. O festival juntou no mesmo palco João Custódio, Rui Matos, Rodrigo Maurício e a banda Fole Percussion, da qual faz parte o acordeonista Jorge Alves. Como sucedido nos anos anteriores, todos os participantes gravaram músicas nos estúdios da Alvor FM para a compilação em CD da edição do evento deste ano. O Festival é uma organização da Freguesia de Portimão em parceria com a Alvor FM e com o apoio do Município de Portimão. Entretanto, está patente, até 24 de novembro, a exposição «A Magia do Acordeão», no Museu de Portimão, que pretende também homenagear este talentoso músico portimonense falecido em 2013 . 140


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OPINIÃO

Das multidões Mirian Tavares (Professora) “I think God, in creating man, somewhat overestimated his ability”. Oscar Wilde

mundo pode ser um palco. Mas o elenco é um horror”. Lembro-me sempre desta boutade de Oscar Wilde quando visito cidades-museus, ou museus nas cidades turísticas. O elenco, que desfila pelas ruas e que gera filas intermináveis, é um horror e há demasiados figurantes. No palco, sempre cheio, mal se respira: entramos numa sala e por parcos segundos, pensamos “Deus, o silêncio!”. Mas eis que se ouve um autêntico tropel e uma horda desenfreada de câmaras, pessoas, pessoas-câmaras, invade a sala e já não se vê nada.

Ir a um museu ou exposição, ou visitar monumentos, nos dias de hoje, converteuse num suplício. Viva o turismo cultural! (diria um amigo do alto da sua ironia). Talvez o melhor seja criar um circuito ao contrário, ir aos sítios quando ninguém lá está, o problema é que, quase sempre, estão pessoas. Gosto do silêncio de uma sala de exposições; gosto de deixar-me penetrar por aquilo que vejo, com calma; gosto de andar sozinha a percorrer salas, ou as ruas de uma cidade, a criar um percurso só meu, a ver o que me interessa e saltar, rapidamente, todo o resto. Não é possível fazer isto com uma horda ensandecida a falar, a andar, a fotografar, a respirar à nossa volta.

Museu de Arte Moderna. Foi ali que me reconciliei com a escultura através das obras do Degas, foi onde vi, pela primeira vez, uma exposição com as versões do Grito, de Edward Munch e o quadro que enfeitava, em reprodução, o meu quarto na infância – Rosa e Azul, de Renoir. Ia sozinha, num dia de semana, apenas para ver uma obra específica, ou passear pelos corredores, sem buscar nada em especial. Deixava que os quadros me espreitassem e sentava-me num banco a desfrutar do silêncio. No final do ano passado, estava em Paris, e fomos ver a exposição de Basquiat na Fundação Louis Vuitton. Conseguimos entrar logo, porque pagamos por um bilhete que nos dava acesso a fast track, mas de nada nos adiantou: dentro estava um mundo de pessoas que se esbarravam, sem pedir desculpas, que tiravam selfies, que faziam fotos, que falavam, que andavam quase em cima dos quadros. Não vimos grande coisa, ao fim e ao cabo. O ruído à volta impediu-nos de desfrutar daquele momento, com muita pena minha, pois a exposição era primorosa e admiro bastante a obra de Jean-Michel Basquiat. De facto, como disse Wilde, “o mundo é um palco…”. Há quem goste de peças com muitas personagens e um elenco grandioso. Eu, cá para mim, cada dia mais tendo a preferir os solilóquios .

Há anos, quando vivia em São Paulo, tirava um dia da semana para ir ao MASP ALGARVE INFORMATIVO #217

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OPINIÃO

Do Reboliço #53 Ana Isabel Soares (Professora) m dias muito quentes, a aldeia é um lugar de equilíbrio. Manhã cedo, desde que os galos se comunicam de um quintal aos outros a informar que o sol já vem, que já chegou, que vai subindo; desde que vespas, abelhas, formigas e outro mosquedo zunem, despertadas do sono nos troncos das árvores ou debaixo do chão; desde que os gatos sossegam das caminhadas em permanente deslocação de telhas e caçada de roedores; que os cães se espreguiçam (o Reboliço, no seu ritual, faz a boca parecer que pertence a um porte potente – alarga o comprimento da espinha, leva as patas do Pólo Norte ao Pólo Sul, a cauda a apontar um polylon) e ladram: aos esvoaçantes bichos, aos galos, aos gatos, a espíritos estremunhados que os amedrontam. Desde – é a hora de abrir as portas, varrer poeiras, limpar poiais, dizer bons-dias, sair ao pão, estender a roupa, bulir, que não se estica muitas a hora capaz, a hora do está fresquinho. Depois dela, aquece o sol, impede a rua. O Reboliço nota: se o cobertor de sombra ainda tapa a largura de mais de meia rua, pode a gente caminhar de uma casa à outra: ao sapateiro, à mercearia, ao tendeiro, à vizinha para saber de algum doente, fazer mandados. O Reboliço acompanha os andamentos da aldeia e percebe que se encurtam as horas quando se encurta nas pedras da calçada o tamanho da sombra. Se se descuidam as gentes no vaivém, ele já só consegue caminhar encostado à parede, as patas, ti-ti-ti, barulho das unhas na pedra, a ouvir-se melhor quanto mais esvaziadas estão as ruelas, boca a deixar pender a língua, na cabeça só o nome do sol, só o ALGARVE INFORMATIVO #217

nome da água. Segue a viagem do sol pelas paredes o Reboliço: fora da casa, primeiro, e recolhendo-se, depois. Assim vê que vai a estrela: estão escuras e frescas na rua as pedras da calçada, como se um cobertor de cinza as tapasse. Passando os minutos, as meias horas, horas redondas, alguma perversa mão o puxou, destapou as pedras – não se iluminam porque lhes bate a luz que vem do céu; é como se ardessem, a incandescência brotasse de baixo e enrolasse cada um dos calhaus arredondados no lume que desconvida ao passeio. Instala-se na rua, no calor do Verão, a impossibilidade do movimento: é a hora da calma, a hora sem alma das ruas, o desacelerar dos corações que se acoitam nas casas ou à sombra dos arbustos, das árvores pequenas dos quintais. Encostam-se às portas os postigos, fecha-se a nesga da portada, recolhem-se os bancos que passaram na rua a noite, a roupa que já arejou, as gentes, os bichos. Porque se detém o universo, interrompe-se o ruído e o mundo fica uma esfera de vidro onde o som mínimo ecoa em desmesuradas ondas. De qualquer ponto da aldeia se consegue saber, nessa hora, quando alguém, por atrevimento, por necessidade ou inconsciência, abre uma porta e pisa o passeio. A torreira magnifica a vida, dilata tudo. O cão estira-se, mole, sobre a tijoleira do chão. E vai virando o corpo: ao contrário dos frangos com que sonha, a rodar no espeto, gira o tronco para abandonar o quente de si mesmo, reencontrar o fresco . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo.

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Foto: Vasco Célio 151

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OPINIÃO

Lindo, lindo, este título que te dou Adília César (Poeta) “Ela diz que eu fui um caso muito sério Mas eu só sei que há nisso algo de anormal Havia um tempo, um olhar, um sorrir, um começo Mas agora tudo perdeu seu brilho. Na minha vida só houve um abraço como o teu Um sonho, um livro, uma aventura sem igual Linda, linda, esta balada que te dou”. Armando Gama

4 de Março de 1983, no Coliseu do Porto, mil e novecentos espectadores viram Armando Gama, ao vivo, vencer o Festival RTP da Canção com «Esta Balada Que Te Dou», da qual ele próprio foi o autor. A apresentar o evento, transmitido em directo pela televisão, Eládio Clímaco e a estreante Valentina Torres; as audiências televisivas superaram os dez mil espectadores. Este Festival da Canção deu que falar, por um lado porque a canção vencedora não era uma das favoritas, e, por outro, porque teve início a história de amor entre Armando Gama e Valentina Torres. O casal viria a protagonizar uma dupla musical de sucesso, principalmente nos anos 90 e também um longo casamento de vinte e seis anos preenchido com muitas baladas e actuações ao vivo. O casamento terminou após vinte e seis anos, apesar de tantas lindas baladas partilhadas pelos dois. Um facto curioso sobre esta balada foi recordado por Rui Cardoso Martins na sua crónica na Antena 1 de 28 de Fevereiro do ano passado: Armando Gama ter-se-ia inspirado numa outra canção para compor a sua mediática vencedora, transformando “steel crazzy, after all this years” de Paul Simon (datada de 1975) numa “linda, linda, esta balada que te dou”! Na época não havia ALGARVE INFORMATIVO #217

internet e ninguém se teria apercebido das fortes coincidências melódicas, nem em Portugal, nem em Munique, mesmo quando Armando Gama levou a sua linda balada – uma aventura sem igual – ao Festival Eurovisão da Canção, a 23 de Abril de 1983. Numa das minhas frequentes visitas a espaços onde se vendem livros, observei discretamente um senhor de cerca de 50 anos interessado num livro intitulado «Um Amor Imenso»; parecendo hesitar, largou-o e pegou «Uma Prova de Amor»; não estando ainda satisfeito, agarrou-se ao «Faz-me Ficar», com um semblante angustiado. Com os três livros dispostos em cima da bancada, o homem observou as capas demoradamente (nunca lendo as contracapas, as badanas ou o conteúdo), a fim de tomar uma decisão sobre o livro que iria comprar, estabelecendo as devidas relações com o destinatário ou a destinatária. A sua história poderia ser a seguinte: «Armando», um homem prestes a comemorar as Bodas de Prata do seu então precário casamento, na ânsia de fazer renascer o amor perdido algures ao longo dos vinte e cinco anos naquela linha do tempo da sua vida matrimonial, compra um livro pelo título, na tentativa de fazer passar ao destinatário ou à destinatária uma mensagem inequívoca: eu amo-te e quero salvar o nosso casamento, por favor, diz que 152


também me amas e faz-me ficar. O «Armando» acabou por levar os três livros, o que corrobora a minha tese hipotética: na verdade, o homem tinha um problema sério para resolver e não quis deixar nada ao acaso. Enquanto ele se encaminhava para a caixa de pagamento e pedia um embrulho de presente, eu fazia um exercício de imaginação, no qual o jogo ficcional me encaminhou até uma espécie de epifania, uma conclusão que, apesar de empírica, ia ao encontro de outras observações similares que tenho feito na mesma livraria: há pessoas que compram os livros apenas pela mensagem do título, sem se preocuparem com o autor ou sequer com o conteúdo narrativo, concretizando uma espécie de auto-ajuda que envolve duas pessoas muito especiais, a que oferece e a presenteada, ou seja, os armandos e as valentinas em processo de remediação amorosa. Dei-me conta que este raciocínio também serviria para diferentes tipos de desejos. Por exemplo, qual é o objectivo de oferecer a outra pessoa o livro «Viver o Sexo Com Prazer»? Ou «O Novo Kamasutra Ilustrado»? Ou ainda «A Bíblia do Prazer»? É bastante óbvio, certo? É interesse reflectir e aceitar que é possível que o escritor (e por vezes o próprio editor) pense maduramente sobre o título do seu livro e também sobre o público a que o livro se destina, no sentido de potenciar as vendas de exemplares. Afinal, as bancadas dos livros são também palcos 153

mútuos de esperança: “lindo, lindo, este título que te dou”. Mais tarde, enquanto bebia uma água fresca na esplanada e lia o livro de poesia que tinha trazido de casa, «O Livro das Tréguas» de Lídia Jorge, vi o senhor «Armando» passar com um grande ramo de flores, as tréguas perfumadas da esperança. Muito bem senhor «Armando», vale sempre a pena tentar salvar o amor, usa todos os teus trunfos. Eu usei os meus e venci .

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OPINIÃO

O poder das plataformas digitais Fábio Jesuíno (Empresário) mundo está cada vez mais digital, com a economia mundial a ser transformada em algoritmos numa partilha constante através das plataformas digitais. Segundo dados recentes da Comissão Europeia obtidos através de um inquérito, Portugal é o terceiro país na União Europeia com maior percentagem de trabalhadores que, em algum momento, já prestaram serviço para uma plataforma digital. Com 11,5 por cento, o nosso país só fica atrás da Espanha com 12,5 por cento e do Reino Unido com 12 por cento. Estes dados vêm demonstrar que somos um dos líderes da transformação digital que tem vindo a acontecer nos últimos anos, com a nossa sociedade a aceitar e a adaptar-se a estas novas realidades de uma forma rápida, como já tinha acontecido no início das comunicações móveis. Cada vez mais com a chegada de mais plataformas digitais ao mercado, o mundo do trabalho está a mudar, tornando-se mais independente e invisível. Este último aspeto é referente à dificuldade dos governos em identificar ao pormenor o número de pessoas que trabalham para as plataformas digitais. O conceito das plataformas digitais está inserido na economia partilhada, um modelo económico que se desenvolve através da partilha de bens, serviços, recursos humanos, conhecimento e ALGARVE INFORMATIVO #217

também uma forma de rentabilizar ativos pouco utilizados. O crescimento das plataformas digitais tem destacado este modelo económico da partilha, que nos faz lembrar o início das transações comerciais entre humanos, quando não existia dinheiro e se trocava por outros produtos. O sucesso das plataformas digitais é mais claro em Portugal na área dos transportes, onde atualmente os motoristas já representam metade dos taxistas. Segundo dados da Federação Portuguesa do Táxi, o nosso país tem 38 mil e 823 motoristas autorizados a prestar serviço de transporte individual de passageiros. Destes, 13 mil e 15 estão autorizados a trabalhar para as plataformas digitais e os restantes 25 mil e 808 têm a licença de taxistas. As estimativas apontam que nas grandes cidades como Lisboa e Porto e na região do Algarve, o número de veículos que trabalha para as plataformas já ultrapassa o dos táxis. Todos estes dados demonstram a existência de uma grande transformação do mundo do trabalho, onde as profissões tradicionais estão em plena digitalização, na forma como angariam clientes e recebem os pagamentos, somos cada vez mais controlados por algoritmos. Bem-vindo à Era Digital! .

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OPINIÃO

Tecer o universo numa rede Fernando Esteves Pinto (Escritor) “O trabalho de um poeta é nomear o inominável, assinalar as fraudes, tomar posições, iniciar discussões, dar forma ao mundo e detê-lo ao deitar-se”. Salman Rushdie

s redes sociais levaram a alma das pessoas ao divertimento da poesia. Já não bastava para elas os arroubamentos de espírito, as palavras encarceradas num diário e as emoções sem destinatários – tinham também de desovar livros para anunciar ao mundo que eram poetas e escritores. Uma praga de Jonas dentro da barriga da presunção. Se a rede é um símbolo de segurança, de amparo, a vertigem da queda é um êxtase que todos esses poetas desejam experimentar. O problema (o perigo) é que as malhas da rede tornaram-se largas, como um canal de comunicação sem critérios, e a poluição irrompe do espírito numa torrente de versos que parecem cardumes à procura de um sentido. Creio que a poesia deixou de ser uma arte para se tornar uma doença crónica, e a verdadeira natureza do poeta ficou privada da sua mística, do seu mistério. Como a sombra que perde o contorno da luz. Mas o mundo está sempre a ganhar novas linguagens, e a poesia é uma espécie de alegrete a enfeitar a alma. São aos molhos os cultivadores de versos aromáticos, os filósofos que cabem na algibeira do universo, e os poetas ALGARVE INFORMATIVO #217

mergulhadores que acreditam que tudo o que vem à rede é poesia. Não é preciso ir tão fundo para criar fantasias. Há espíritos banais que roem as unhas à poesia e também se acham profundos. Mas é preciso perceber que os leitores de poesia já não caem das alturas, como noutros tempos, para se agarrarem à cauda de um verso capaz de dar sentido às suas vidas. Os novos leitores de poesia aspiram também a serem poetas: caem dentro de si próprios. Há uma rede de sentimentos que os une. A obsessão pela escrita afastou para segundo plano o prazer da leitura. A rede tornou-se dupla, complexa, cheia de fios cuja ligação entre eles permite animar os poetasmarionetas na grande comédia da poesia. Arriscarei então uma metáfora: a comédia é a máscara duma realidade tonta e fantasiosa que enche a alma de certo tipo de poetas. Para uns, a alma é um dicionário de sentimentos e essências; para outros, paisagens com sol e mar, erotismo, pássaros e plantas, tempestades de gozo que explodem no coração. Vão em cortejo pela vida e carregam sobre a pele da poesia o manto de rede cujo padrão é formado pelas palavras mais fascinantes, sentidas, milagrosas. Sufocam a poesia com tanta ardência e uma fé desesperada, que o poema e o poeta são aparições 156


romanticamente risíveis. Alguém há-de escrever uma ode ao milagre da poesia. A função da rede é também vedar territórios. Proteger a racionalidade dos espíritos maravilhosos e inocentes. É preciso fazer uma certa dieta e não empanturrar a poesia de linguagem óbvia. Os editores têm assumido o papel de dietistas em relação a verdadeiras obras literárias, ignorandoas, mas não riscam do cardápio as guloseimas que enchem as prateleiras das livrarias. E assim predominam as calorias literárias. O leitor guloso acumula gordura no cérebro: acha o estilo maravilhoso; revê-se na escrita e não desperdiça nenhum parágrafo nem nenhum verso. No fundo, entre a falência e a economia a cena literária não se altera. O negócio do ego está sempre livre da inflação. É o prazer do sacrifício: escrever-editar. Até posso compreender. As pessoas desejam deixar testemunho em livro, e para isso abrem a bolsa à eternidade. Há-de haver um dia em que ser poeta é sentir vergonha. E então o poeta dirá: “Cegaram a poesia com a vossa luz”. E 157

acrescentará, apreensivo: “Deixem pelo menos metade do mundo na sombra”. Na verdade, a sombra é o verdadeiro território dos poetas. A criação poética só é fiel às coisas que permanecem no escuro. A luz é anti-poesia. Faz provocar palpitações nos filamentos da lírica. Em todo o caso, cada poeta procura as suas palavras mais amáveis e carinhosas. Mas só Deus sabe tecer o universo numa rede. ALGARVE INFORMATIVO #217


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MUNDIAL DE SUPERBIKE VAI CONTINUAR A DISPUTAR-SE NO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE ATÉ 2022 Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Gregório Lavilla e Paulo Pinheiro

oi com as superbike que o Autódromo Internacional do Algarve se deu a conhecer ao mundo, aquando da sua inauguração em novembro de 2008, uma ALGARVE INFORMATIVO #217

relação de sucesso que se vai manter pelo menos até 2022, com o respetivo contrato a ser assinado, no dia 23 de agosto, no Jardim 1.º de Dezembro, no centro de Portimão. A cerimónia coincidiu com a realização de testes na pista algarvia para a carismática prova 160


de velocidade e contou com a presença de Paulo Pinheiro, CEO do AIA; Gregório Lavilla, Diretor Desportivo do Mundial Superbike; Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão; João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve; Jonathan Rea, campeão em título e líder do mundial 2019; Álvaro Bautista, segundo classificado do mundial; e Eugene Laverty, embaixador da prova portuguesa e expiloto da formação da Parkalgar. “As superbike são a prova mais importante do nosso calendário desportivo, aquela a quem temos uma ligação afetiva mais próxima e na qual a equipa da Parkalgar participou durante cinco anos. 161

Paralelamente, é a prova que nos dá maior exposição mediática e que faz com que o nosso circuito, a região e o país sejam mais vistos no mundo inteiro em termos de comunicação social”, confirmou Paulo Pinheiro. O responsável máximo do AIA lembrou ainda a importância do Mundial de Superbike para a notoriedade do circuito de Portimão junto das principais marcas internacionais de motos, que ali realizam frequentemente os seus testes, apresentações e lançamentos oficiais. “Temos mais de 90 dias de track days de motos graças ao reconhecimento da qualidade do AIA que nos é ALGARVE INFORMATIVO #217


Paulo Pinheiro, Gregório Lavilla, João Fernandes e Isilda Gomes

conferido pela inclusão no Campeonato do Mundo de Superbikes. A prova de Portimão tem vindo a crescer ao longo dos anos em termos de espetadores, em 2018 tivemos mais de 50 mil, este ano já esgotamos a venda de bilhetes para a Torre Vip e de camarotes, estamos cerca de 30 por cento acima do valor homónimo de 2018, portanto, a expetativa é que tenhamos ainda mais público no fim-de-semana de 6 a 8 de setembro”, referiu Paulo Pinheiro. Presente na inauguração do AIA esteve, em 2008, Gregório Lavilla, que assegurou tratar-se de uma pista bastante aliciante e desafiadora para os pilotos. “É uma parceria importante e estamos muito contentes por prolongá-la até 2022”, frisou o Diretor Desportivo do Mundial ALGARVE INFORMATIVO #217

Superbike. E João Fernandes também não tem dúvidas do reflexo positivo para o Algarve da passagem do Mundial de Superbikes pela região. “Há um retorno imediato e direto na ordem dos 7,5 milhões de euros durante o fim-desemana da prova, mas há todo um conjunto de eventos ao longo do ano que acontecem derivados da notoriedade conquistada com essa competição. E depois temos todo o impacto mediático, com mais de 33 mil views em vários formatos, mais de 20 mil horas de transmissão televisiva, mais de duas mil em direto, numa cobertura que abarca todo o mundo. É uma das provas mais concorridas do circuito de superbikes”, evidenciou o Presidente da Região de Turismo do Algarve. 162


Jonathan Rea com a medalha de Portimão - Cidade Europeia do Desporto 2019

Números que contrariam, sem qualquer margem de dúvidas, a imagem de que o Autódromo Internacional do Algarve foi ou continuaria a ser um «elefante branco» que pesa sobre as contas do Município de Portimão, apressou-se a salientar Isilda Gomes. “Não seríamos Cidade Europeia do Desporto se não tivéssemos equipamentos com o valor que tem o AIA, ou se não houvesse provas como as Superbikes. Estes acontecimentos são fundamentais para um destino turístico como Portimão, trazem dezenas de milhares de pessoas ao concelho e geram dezenas de milhares de notícias que são positivas para toda a região e país”, assumiu a Presidente da Câmara Municipal de Portimão, revelando que a autarquia irá apoiar duas provas do calendário de 2019 com cerca de 100 mil euros, 163

nomeadamente o Mundial de Superbikes (46 mil e 747,97 euros) e o International Six Days Enduro (60 mil e 975,61 euros). “Estamos a investir no futuro de Portimão, porque temos que criar condições para atrair novos públicos e outros segmentos turísticos para além dos tradicionais do Algarve. E convém lembrar que, só de IMI, o AIA vai pagar este ano 300 mil euros. Há quem ainda questione se as dificuldades económicas e financeiras da Câmara Municipal de Portimão de há uns anos atrás não foram provocadas pela construção do autódromo. O AIA traz retorno para o município, é sustentável, tem atividade praticamente o ano inteiro, portanto, não é nenhum «elefante branco»”, desmistificou Isilda Gomes . ALGARVE INFORMATIVO #217


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PORTIMÃO FOI CAPITAL DO FUTSAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Vítor Pina

Isilda Gomes, Presidente da Câmara Municipal de Portimão, com Ricardinho

R10 Street Futsal foi apresentado, no dia 23 de agosto, no Portimão Arena, numa cerimónia que contou com a participação de Isilda Gomes, Presidente da Câmara ALGARVE INFORMATIVO #217

Municipal de Portimão, de Ricardinho, o melhor jogador de futsal do mundo, e de Paulo Jorge, administrador da Sigma Stars. O maior torneio de rua de Portugal será disputado em 2020, de norte a sul do país, com o objetivo de encontrar a melhor equipa portuguesa de futsal/futebol de rua. A etapa de 166


apresentação realiza-se já de 4 a 8 de setembro, em Portimão – Cidade Europeia do Desporto 2019, durante a qual se irão consagrar os primeiros vencedores do R10 Street Futsal. Em 2020, a competição será dividida em etapas/cidades com grupos e eliminatórias numa competição de 3x3 durante três dias. No final, os apurados de cada etapa irão encontrar-se numa finalíssima, sendo que o grande vencedor defrontará a épica equipa R10. Assim, numa arena profissional, a Arena R10, os jovens praticantes vão poder brilhar com as suas equipas e amigos, numa competição por escalões, dos 10 aos 13 anos, dos 14 aos 17 anos e para mais de 18 anos. Quanto à etapa de apresentação, o recinto estará instalado na Alameda, junto à Igreja do Colégio dos Jesuítas, e promete 167

fazer as delícias dos jovens algarvios, a ver-se pela euforia que tomou conta do Portimão Arena. “Vai ser um campo devidamente preparado para o efeito, no centro da cidade, e já vi que vocês gostam todos de futsal. Há seis anos consecutivos que o Ricardinho é considerado o melhor jogador do mundo de futsal e é um amigo de Portimão”, frisou Isilda Gomes. “És uma pessoa extraordinária, com um coração enorme, e é por isso que estão aqui tantas dezenas de crianças à espera de um autógrafo teu nas suas camisolas e chuteiras. Se não fosses um desportista e um atleta de excelência e com toda essa humildade, acredito que não existiria tanta simpatia em teu redor”, enalteceu a Presidente da Câmara Municipal de Portimão, não esquecendo também o facto do Portimonense ter subido esta ALGARVE INFORMATIVO #217


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época ao escalão principal do futsal em Portugal. “Jogou agora com uma equipa que já foi campeã da Europa e que é a atual vice-campeã europeia e fez uma figura muito boa. É um orgulho termos o Portimonense na primeira liga e vocês também poderão lá chegar, se treinarem. E não posso deixar de agradecer aos pais que proporcionam a todas estas crianças e jovens uma prática desportiva saudável”. De sorriso tímido nos lábios falou Ricardinho, visivelmente mais habituado a jogar futsal do que a falar perante grandes multidões. “Vai ser um desafio diferente, com bastantes surpresas, disputado na rua, porque foi da rua que eu vim, a fazer as balizas com pedras da calçada. Queremos descobrir novos talentos e cada vez mais os treinadores buscam atletas fortes do ponto de vista físico e 169

tático. É um torneio de três contra três e os campeões vão ter a oportunidade de ir a Madrid estar e treinar comigo e jogar contra a minha equipa”, adiantou o craque, acrescentando sentir-se em casa em Portimão e, claro, agradecendo também às famílias presentes no Portimão Arena. “Sei que fizeram um esforço enorme para trazerem aqui estas crianças, mas elas valorizam imenso estes momentos de felicidade”.

ESTRELAS DO FUTSAL INTERAGIRAM COM CRIANÇAS E JOVENS EM PORTIMÃO Foi uma verdadeira loucura a tarde de sexta-feira, 23 de agosto, para as largas dezenas de crianças, entre os 6 e os 12 ALGARVE INFORMATIVO #217


anos, que participaram na maior ação de formação de futsal alguma vez realizada no Algarve – o projeto Gira Movistar MegaCrack – durante o qual os jogadores da equipa espanhola Inter Movistar, com especial destaque para Ricardinho, o português considerado o melhor jogador do mundo, desenvolveram uma interação desportiva e lúdica, com exercícios de treino, minijogos e muita diversão. A iniciativa fez parte do programa social do International Masters Futsal e aconteceu no Portimão Arena, envolvendo os atletas dos clubes locais (Gejupce, Boavista, Portimonense e GD Pedra Mourinha) nos escalões traquinas, benjamins e infantis, assim como crianças e jovens de outros pontos da região. Para os pequenos participantes tratou-se de uma experiência única, pela oportunidade de conviverem com alguns dos maiores craques desta modalidade. Mas, para além da vertente desportiva, a ALGARVE INFORMATIVO #217

ação possui um acentuado cunho social, ao conjugar a prática do futsal com valores essenciais para a vida como a igualdade, a responsabilização, o espírito de equipa, a integração, a solidariedade, a aprendizagem e a cultura, com muita diversão à mistura, tendo contado igualmente com a participação de alguns utentes de instituições particulares de solidariedade social que trabalham na área da deficiência mental. Quanto à International Masters Cup de Futsal, foi vencida pelo Benfica com vitórias sobre o Kairat por 3-1 e sobre o Inter Movistar, do português Ricardinho, por 5-0, terminando a prova com seis pontos, contra quatro do Sporting. Os atuais campeões nacionais culminam assim a pré-época da melhor forma, com um triunfo nesta prestigiada competição disputada no Portimão Arena . 170


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #217

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