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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 14 de setembro, 2019

XUTOS & PONTAPÉS EM SAGRES | NOITE BRANCA DE LOULÉ | NOITES DO LEVANTE EM OLHÃO 1 ALGARVE INFORMATIVO #218 MUNDIAL DE SUPERBIKE EM PORTIMÃO | FEIRA DA DIETA MEDITERRÂNICA EM TAVIRA


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56 - Noite Branca de Loulé 88 - Torneio Internacional de Portimão de Ginástica Rítmica

16 - Feira da Dieta Mediterrânica

34 - Mundial de Superbike no AIA ALGARVE INFORMATIVO #218

158 - Marca Património Europeu 8


126 - Live & Loud Fest em Portimão

104 - Xutos & Pontapés em Sagres

78 - Peregrino Algarvio correu no Campeonato Europeu de Atletismo 114 - Noites do Levante em Olhão

OPINIÃO

148 - Festival do Perceve em Vila do Bispo 9

134 - Paulo Cuunha 136 - Mirian Tavares 138 - Ana Isabel Soares 140 - Fábio Jesuíno 142 - Vera Casaca 144 - Fernando Esteves Pinto ALGARVE INFORMATIVO #218


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VII FEIRA DA DIETA MEDITERRÂNICA LEVOU MILHARES DE PESSOAS A TAVIRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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VII Feira da Dieta Mediterrânica realizou-se de 5 a 9 de setembro, no centro histórico de Tavira, com um amplo programa que resultou do trabalho de parceria entre várias instituições nacionais, regionais e locais, das quais se destacam o Município de Tavira, a CCDR Algarve, a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, a Direção Regional de Cultura do Algarve, a Região de Turismo do Algarve, a Universidade do Algarve e a Associação In Loco. Por isso, ao longo de quatro dias foi possível encontrar o habitual mercado de produtores, mostras botânicas e de sementes, ações de prevenção da saúde cardiológica e nutricional, um jardim mediterrânico, a praça da convivialidade e restauração, muitas provas e degustações ALGARVE INFORMATIVO #218

de azeite, de tomate e outros produtos, petiscos regionais, música mediterrânica em vários palcos, dança e outras artes performativas, exposições e projeções, visitas ao património natural e cultural e muitas novidades. Motivos não faltaram para visitar o Museu Municipal de Tavira, onde estavam patentes as exposições «Artur Pastor e os Mundos do Sul» e a reestruturada «Dieta Mediterrânica – Património Cultural Milenar»; o Mercado da Ribeira, onde houve demonstrações culinárias e exposições; ou o Mercado Municipal, que apresentou uma nova edição das «Gentes do Mercado». Para os mais novos decorriam atividades no Largo do Brincar e espaços adjacentes, com oficinas de construção, o percurso da lã, jogos, exposições de brinquedos, 18


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espetáculos e a mostra de trabalhos sobre os cavalos-marinhos da Ria Formosa pelos alunos da Escola D. Manuel I, entre outras surpresas. Qualquer certame de nível nacional que se preze tem que apostar forte na vertente musical e a VII Feira da Dieta Mediterrânica não foi exceção, com os concertos, na Praça da República, de Pedro Abrunhosa, da espanhola Silvia Perez Cruz, da fadista Katia Guerreiro e do projeto «Nação Valente» com Sérgio Godinho, Camané e Manuela Azevedo. Outros estilos menos comerciais escutaram-se no palco do Castelo, com Monsieur Doumani de Chipre, Asmaa Hamzaoui & Bnat Timbouktou de Marrocos, Cüneyt Sepetçi & Orchestra Dolapdere da Turquia e os italianos da Banda Adriatica. Na Igreja da Misericórdia houve concertos de Pedro Caldeira Cabral ALGARVE INFORMATIVO #218

e «Segue-me à Capela» e, no largo da Igreja da Misericórdia, ouviu-se o flamenco de «Anamarga». Noutra igreja, desta feita a das Ondas, apresentaram-se «Setkedjé – Música Mariana na Idade Média», «Evoéh - a magia na voz da mulher sefardita», «Ensemble Andalus» de Tetuán e «No mar não há marcos…», trabalho multidisciplinar baseado na obra de Raul Brandão, «Os pescadores». Realce igualmente para o regresso dos «Marenostrum», oficinas de danças tradicionais mediterrânicas e a programação do «Fado com História», no Largo da Capela de Nossa Senhora da Piedade. Participaram ainda na Feira o Grupo Coral Cantadores do Desassossego de Beja, «As Ceifeiras de Pias», «As Canteiras do Vale do Neiva» e o projeto de itinerância das «Nove 20


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Musas» da mitologia. Houve também atuações de ranchos folclóricos e música popular portuguesa na Praça da Convivialidade, situada no Parque do Palácio da Galeria, precisamente o local onde a gastronomia mediterrânica estava disponível em quatro restaurantes e duas tasquinhas. Mas dezenas de restaurantes do concelho disponibilizaram, também, menus relacionados com a dieta mediterrânica a preços especiais. O segundo fim-de-semana de setembro foi, por tudo isto, mais um marco na promoção e divulgação e no aprofundamento do conhecimento sobre este Património Cultural Imaterial da Humanidade reconhecido pela UNESCO em 2013. E as boas-vindas foram dadas por Ana Paula Martins, vice-presidente da Câmara Municipal de Tavira, que desde logo agradeceu a todos os parceiros da ALGARVE INFORMATIVO #218

Comissão Organizadora da Feira da Dieta Mediterrânica, “que durante 11 meses trabalham continuamente para que aquilo que acontece nestes quatro dias em Tavira seja uma realidade”. “É um trabalho de verdadeira parceria, em que cada um contribui com aquilo que pode e que está dentro das suas competências. Do mesmo modo que estão envolvidos todos os funcionários da Câmara Municipal num evento desta dimensão”, destacou a autarca, não esquecendo, nos seus agradecimentos, o presidente Jorge Botelho, um dos obreiros do reconhecimento da Dieta Mediterrânica como Património Imaterial da Humanidade e de Tavira como sua Comunidade Representativa. “Felizmente que são cada vez mais aqueles que pretendem participar na Feira e este ano crescemos para mais 22


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um espaço, a seguir ao Mercado da Ribeira, e temos também uma preocupação com a redução dos plásticos com a introdução dos copos reutilizáveis. Queremos dar aqui a conhecer aquilo que nos identifica, a nossa herança cultural que desejamos preservar. E pretendemos fazer da Dieta Mediterrânica um projeto regional alargado para que, nas suas diversas vertentes e na sua variadíssima dimensão, permite alavancar o desenvolvimento económico e social do Algarve”, afirmou ainda Ana Paula Martins. A convidada de honra da abertura da VII Feira da Dieta Mediterrânica foi a Secretária de Estado do Desenvolvimento 25

Regional, Maria do Céu Albuquerque, para quem “o desígnio de se criarem melhores condições para podermos ter mais saúde, não é somente de Tavira, do Algarve ou de Portugal, mas de todo o mundo”. “E ter saúde significa comer melhor, mas também de forma mais sustentável, valorizando aquilo que é nosso, os recursos endógenos. Neste quadro comunitário criámos condições para alavancar o nosso desenvolvimento tendo por base as pessoas e os produtos endógenos, mas estamos já a preparar a próxima estratégia, convidando todos a analisar o que foi feito, o que resultou e não resultou, para continuarmos a garantir a sustentabilidade dos nossos territórios”, frisou a governante . ALGARVE INFORMATIVO #218


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MUNDIAL DE SUPERBIKE ACELEROU NO AUTÓDROMO INTERNACIONAL DO ALGARVE EM FIM-DE-SEMANA DE EMOÇÕES AO RUBRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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emperaturas elevadíssimas, dentro e fora da pista, com a espetacularidade do motociclismo a levar ao rubro os mais de 56 mil espectadores que passaram pelo Autódromo Internacional do Algarve, de 6 a 8 de setembro, para ALGARVE INFORMATIVO #218

assistir à etapa portuguesa do Mundial de Superbikes, a prova rainha do circuito de Portimão, aquela que marcou, precisamente, a sua inauguração em 2008. Depois das sete vitórias consecutivas conquistadas por Jonathan Rea, o piloto da Kawasaki era o centro das atenções e começou da melhor forma ao assinar a melhor volta na 36


A primeira corrida, disputada no dia 7, foi dominada pelo piloto da Kawasaki, que desde cedo se destacou, apostado que estava em aumentar os 81 pontos de vantagem no campeonato com que chegou ao AIA. Rea foi o melhor no arranque e a Curva 1 assistiu logo a um toque entre Chaz Davies e Álvaro Bautista, ficando o espanhol em 18.º, ele que ainda estava a recuperar de uma lesão num ombro. Rea rapidamente conquistou uma vantagem segura para o pelotão perseguidor liderado por Tom Sykes, sendo que o piloto da BMW perdeu rapidez com o acumular das voltas e viu Chaz Davies emergir na classificação para fechar as 20 voltas em segundo, na frente de Michael Van Der Mark, também autor de uma excelente recuperação, assim como Álvaro Bautista, que cruzou a meta em quarto lugar após subir várias posições de forma quase simples em sucessivas passagens pela reta de meta.

qualificação com 1m40.372s, quebrando o recorde registado, em 2018, por Eugene Laverty. Jonathan Rea conseguiu a 21.ª pole position da sua carreira e a quinta da temporada após 25 loucos minutos onde 12 pilotos ficaram separados por apenas um segundo, com Tom Sykes e Sandro Cortese a ocuparem o 2.º e 3.º posto da grelha de partida. 37

Após um fantástico sábado, as expetativas eram enormes para o domingo, com Jonathan Rea a voltar a mostrar a sua superioridade no traçado algarvio ao vencer a Superpole Race, naquela que foi a sua nona vitória consecutiva na prova, agora perseguido por Álvaro Bautista e Alex Lowes, que asseguraram as três posições da primeira linha da grelha de partida. Faltava apenas ao programa a derradeira corrida reservada às Superbike, de novo em formato longo com 20 voltas aos quase cinco quilómetros do traçado, e onde as decisões aconteceram apenas na derradeira volta. De facto, mesmo com ALGARVE INFORMATIVO #218


o ombro lesionado, o piloto espanhol conseguiu bater Rea e regressar aos triunfos, mantendo vivas as suas aspirações em relação ao campeonato, ainda que remotas. Toprak Razgatlioglu ainda esteve na segunda posição, mas no final Rea reagiu e cruzou a linha de meta na frente do turco e apenas a 111 milésimas de Bautista, que assim impediu o britânico de alcançar as 10 vitórias consecutivas no traçado de Portimão. Nas Supersport, o italiano Federico Caricasulo venceu uma corrida intensa que acabou mais cedo quando a bandeira vermelha foi mostrada devido a óleo deixado na pista depois do motor de uma moto ter cedido. O líder do campeonato, Randy Krummenacher, foi o segundo e ALGARVE INFORMATIVO #218

Lucas Mahias fechou o pódio aos comandos da Kawasaki da Pucetti. Igualmente decidida na derradeira volta foi a corrida das Supersport 300, com vitória para o holandês Scott Deroue, que bateu o comandante do campeonato Manuel Gonzalez por apenas 153 milésimas, ficando o degrau mais baixo do pódio para Ana Carrasco, no final de um escaldante fim-de-semana de Mundial Superbike no Autódromo Internacional do Algarve, mais uma vez emoldurado por uma apaixonada massa popular que encheu as bancadas e o paddock do circuito algarvio, no qual o campeonato continuará a acelerar pelo menos até 2022 . 38


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AGOSTO CHEGOU AO FIM COM MAIS UMA BOMBÁSTICA NOITE BRANCA DE LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina e Irina Kuptsova

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á uma década que é assim, não todos os anos, mas de dois em dois, para não banalizar o evento, para que este não caia na rotina, acima de tudo, para aumentar as expetativas ao máximo. E, sem dúvida, as expetativas eram imensas para o último sábado de agosto, precisamente o dia 31, o derradeiro do mês mais quente do Algarve, aquele em que o espírito do branco tem regresso marcado para a cidade de Loulé. E a festa oficial de despedida do Verão algarvio, a Noite Branca de Loulé, esteve à altura dos acontecimentos, como o comprovam os muitos, mas mesmo muitos milhares de pessoas que rumaram a Loulé, de tal modo que, a partir de determinada hora, foi uma verdadeira dor de cabeça entrar na cidade. ALGARVE INFORMATIVO #218

Há quem se queixe do excesso de pessoas, da dificuldade que é para circular pelas principais artérias de Loulé nesta noite, de ir de um palco para o outro, e havia vários, em frente ao edifício da Câmara Municipal, no Largo Eng.º Duarte Pacheco, na Avenida José Costa Mealha, na Alcaidaria do Castelo, na Cerca do Convento, no Largo de São Francisco, no Largo D. Afonso III e no Largo Bernardo Lopes, para além de outros locais onde acontecia animação sem pausa. Música para todos os gostos, dança, ginástica, performances deslumbrantes, decoração a preceito, mil e uma coisas para se apreciar logo a partir das 20h03. Por isso, é natural que estivesse, de facto, um autêntico mar de gente em Loulé. Mas isso é reflexo da categoria, da qualidade, da imponência da Noite Branca de Loulé. Portanto, como era praticamente impossível 58


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assistir a tudo o que acontecia, este é um daqueles eventos que obriga, de certa forma, a alguma planificação da parte do visitante, que convém decidir a priori que espetáculos pretende ver e deslocar-se a tempo e horas para estar nesse local. O objetivo da Noite Branca de Loulé é proporcionar a residentes e visitantes um programa cultural e de animação único e inesquecível, mas, acima de tudo, momentos de puro prazer e descontração. E, apesar da confusão natural de estarem tantos milhares de pessoas no evento, o sentimento generalizado foi de alegria, tudo de sorrisos nos lábios, a tirar milhares de fotos, e, claro, tudo vestido a rigor, porque o branco era obrigatório e transversal às várias manifestações, que iam, conforme referido, da música à animação de rua, da moda à pintura, do novo circo às artes plásticas. Para aumentar ainda mais a expetativa, a programação da Noite Branca de Loulé só ALGARVE INFORMATIVO #218

foi conhecida na véspera e incluía nomes como Gabriel o Pensador, Conan Osiris, Stereossauro, Goldcobra, DJ Ride, Elvis Extravaganza pela Orquestra de Jazz do Algarve, DJ Christian F, Riding a Meteor, Ana Isabel Arroja, Rebel Kidz Crew, entre tantos outros. Depois, os artistas da Satori, os atletas do GCL Ginástica e LDC Ginástica, os bailarinos da Associação de Dança do Algarve e da Urban Xpression, os Toca a Rufar, o Ensemble de Flautas de Loulé, astronautas, exibições de capoeira, acrobatas e músicos voadores, tanta, mas também coisa para se ver, que nem é possível fazer uma descrição exaustiva. Resumindo, uma noite imperdível, mais uma daquelas que fica na memória de quem esteve presente e que deixa uma sensação de vazio naqueles que não puderam estar em Loulé na noite de 31 de agosto. Agora, resta esperar por 2021 para nova edição. 60


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JOSÉ JÚLIO DE BRITO É CAMPEÃO NACIONAL DE 800M E REPRESENTOU PORTUGAL NO CAMPEONATO DA EUROPA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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osé Júlio de Brito começou a ser conhecido por Peregrino Algarvio devido às peregrinações que realizava nos seus períodos de férias profissionais, numa busca do seu «eu» interior, de estar em paz e comunhão com o mundo que o rodeia. Há sensivelmente cinco anos desafiaram-no para experimentar o atletismo e assim o fez, nas maratonas, meias-maratonas e outras distâncias de fundo. A mais recente aposta do vila-realense de 42 anos é, contudo, os 800 metros, e uma aposta de sucesso, pois sagrou-se campeão nacional de pista ao ar livre e de pista coberta a defender as cores do Glória Futebol Clube de Vila Real de Santo António. “Ainda mantenho as longas travessias a pé na pausa das épocas desportivas, um momento de busca, silêncio, oração e reflexão, mas o atletismo, que principiou como uma brincadeira, agora ocupa-me a maior parte do tempo”, reconhece, à conversa na Pista de Atletismo de Quarteira, durante a preparação para o Campeonato da Europa de Atletismo Masters, a realizar em Veneza, Itália. A dedicação e empenho nos treinos são totais, como em tudo o que faz na vida, e os resultados estão à mostra. Mas as dificuldades são muitas, admite, pois viuse de repente no desemprego e, mesmo para a sua preparação física, é forçado a rumar todos os dias a Quarteira, já que o Complexo Desportivo de Vila Real de Santo António está encerrado para férias e a Pista de Atletismo de Faro está em obras. “Tem sido um ano difícil, turbulento, mas agarrei-me àquilo que me dá equilíbrio, estabelecendo ALGARVE INFORMATIVO #218

objetivos diários e anuais. Dediqueime de corpo e alma ao atletismo, disputei os Campeonatos Nacionais de Meio-Fundo nos 800m e nos 1.500m, ganhei nos 800m, fui terceiro nos 1.500m, em pista coberta, e venci também os 800m em pista ao ar livre, em Veteranos 40”, descreve, com o próximo desafio a estar agendado para os dias 11, 12 e 13 de setembro, em território italiano. Esta não será a primeira experiência internacional de José Júlio de Brito, que já conta no seu currículo com dois títulos coletivos de vice-campeão europeu nos 10km de estrada, conquistados em 2016 e 2018. Mas os 800m são provas mais rápidas e violentas em termos físicos, ainda mais para quem deu os primeiros passos nas longas distâncias. “Costumo intitular-me o Benjamin Button do atletismo, porque, normalmente, começamos nas provas rápidas e, à medida que a idade vai avançando, passamos para as maiores distâncias, provas com ritmos mais lentos. Quem me conhece bem diz-me que ainda vou acabar nas provas de velocidade, nos 100 e 200 metros”, refere, com um sorriso. “Neste momento, é o meiofundo com que mais me identifico. Tenho peso suficiente para sentir a força e a rapidez que necessito e, fruto dos treinos exigentes, alcanço marcas boas e que me permitem disputar títulos. Claro que vou competir, no Europeu, com atletas com uma técnica e experiência enormes, alguns com 30 anos de carreira, que andaram pelos Jogos Olímpicos e Campeonatos do Mundo e da Europa. Mas isso não me assusta, antes pelo contrário, é 80


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motivante e uma realização pessoal”, assume. Distâncias mais curtas que, ao contrário do que se possa pensar, envolvem muita estratégia, esclarece o entrevistado. “O meio-fundo é bastante particular e não basta ter boa preparação física, é necessária uma boa tática. Depois, em pista, temos que «escutar» o corpo para sabermos o que devemos fazer, porque cada prova é única. Os próprios ALGARVE INFORMATIVO #218

adversários são diferentes, portanto, precisamos decidir quando é que devemos atacar, se vamos logo para a frente da prova ou se ficamos mais para trás, com o perigo de, depois, não conseguirmos recuperar a posição”, avisa José Júlio de Brito, confessando que tudo isso se aprende com a experiência e não a ler livros sobre a matéria. “Não é correr para a frente e está tudo bem. O que sei tenho aprendido por observação, a competir 82


dezenas ou centenas de corridas nas pernas. E, em pista ao ar livre, o número não será muito maior, seis ou sete, contabiliza o Peregrino Algarvio, que nunca vira a cara aos desafios. Fica, por isso, a dúvida de até onde poderia ter chegado caso tivesse abraçado o atletismo logo em miúdo. “Poderia ter sido, ou não, um atleta de nível internacional, porque o potencial existia, mas essa fase passou. O meu momento é agora e acredito que ainda vou conseguir fazer muita coisa e demonstrar que a idade não é um limite para se concretizar objetivos”, salienta, embora concorde que estar sedeado no Algarve é mais complicado do que para quem vive no centro ou norte do país, onde são múltiplas as provas de competição ou preparação.

“VOU A ITÁLIA COM A VONTADE DE GANHAR”

contra atletas mais experientes, mas essa é uma grande lacuna que tenho”, confessa, sem rodeios. De facto, José Júlio de Brito realizou apenas três provas de 800m de pista coberta no primeiro ano no meio-fundo (Campeonato Nacional, Campeonato Universitário e Campeonato do Mundo) e conquistou logo o título nacional na sua estreia, mesmo não sabendo muito bem ao que ia, e defrontando atletas com 83

Viver numa região marcadamente turística e onde o atletismo não é a principal modalidade desportiva é uma dificuldade acrescida para José Júlio de Brito, a que se soma o facto de defender as cores de um clube que, apesar de ser centenário, é essencialmente conhecido pela prática do xadrez e pela sua dinâmica cultural e recreativa. “É um clube da terra onde nasci e cresci, mas tem as suas dificuldades financeiras. As despesas são todas por minha conta, de modo que não consigo ir a todas as competições nacionais, nomeadamente àqueles meetings de preparação, o que me permitiria ter um ritmo competitivo diferente. Aposto em duas ou três provas e nos ALGARVE INFORMATIVO #218


campeonatos nacionais e tento arranjar orçamento para tudo isso”, revela o vilarealense. Infelizmente, a ida ao Campeonato da Europa de Atletismo Masters também será feita a custas próprias, uma vez que não existem apoios da parte da Federação Portuguesa de Atletismo. A solução é, portanto, angariar apoios locais, casos da HPA Saúde, Éden Fit Gyn Tavira, Intermarché de Vila Real de Santo António e de outros empresários amigos. “Vou ter que ficar, pelo menos, uma semana em Itália, com despesas de viagem, estadia, alimentação que sozinho não consigo suportar. Em 2018, o Campeonato da Europa realizou-se em Málaga e fui de carro, o que aliviou o orçamento. Quando fui à Dinamarca e à Polónia, e agora a Itália, as despesas são bastante maiores”, aponta José Júlio de Brito, reconhecendo que não é fácil estar totalmente focado na preparação física quando tem que, ao mesmo tempo, arranjar patrocínios para pagar as contas. “Normalmente inscrevo-me logo na competição e, caso não tenha sucesso na busca por apoios, só perco esse valor. No Campeonato do Mundo estive em suspenso até uma semana antes do arranque da prova e, nessa altura, já é mais caro reservar o alojamento. Claro que, nessa fase, ainda não estamos muito concentrados na competição, porque nem sequer tenho a certeza se lá estarei ou não”. Outra dor-de-cabeça acrescida é que José Júlio de Brito é o seu próprio treinador, o que não significa que o grau de exigência e responsabilidade sejam menores, mas poderá cometer erros ALGARVE INFORMATIVO #218

decorrentes da falta de experiência. “Aprendi a conhecer muito bem o meu corpo e a saber quais são os meus limites e tento articular um plano de acordo com os objetivos que pretendo alcançar. Sou bastante exigente comigo próprio, quero mais de mim, vou até onde posso ir, mas posso não estar a fazer algo que é necessário para evoluir mais, por falta de conhecimento”, observa. Quanto ao futuro, a aposta é, sem dúvida, no meiofundo, mas a próxima época terá duas novidades positivas para o algarvio. A primeira é que o Campeonato da Europa terá lugar em Braga, o que vai pesar menos no orçamento. A segunda é que José Júlio de Brito vai passar a vestir a camisola do Clube de Futebol «Os Belenenses», um histórico nacional. “O grau de exigência será o mesmo, quero ir o mais longe possível, mas vou ter todas as condições necessárias para representar o novo clube. As peregrinações vão permanecer na minha vida e, em termos profissionais, a busca por novo trabalho prossegue. Há pessoas que se agarram ao lado negro das coisas, eu viro a página e sigo em diante”, afirma, garantindo ainda que não vai a Itália apenas para «picar o ponto». “Não é uma viagem ou passeio, é um objetivo muito sério, não com a ansiedade de ter que ganhar, mas com a certeza de que vou lutar pela vitória. É óbvio que vai ser bastante difícil, mas não é impossível”. Contudo, apesar de ter terminado a sua série em terceiro lugar e ter batido, inclusive, o seu recorde pessoal, o algarvio acabou por não alcançar o tão desejado apuramento para a final . 84


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PORTUGAL TERMINOU 28.º TORNEIO INTERNACIONAL DE PORTIMÃO COM 11 MEDALHAS EM JUNIORES E SÉNIORES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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epois de, no dia 3 de setembro, no escalão Sénior, Rita Araújo (Ginásio Clube Português) ter alcançado o 1.º lugar do pódio no Concurso Geral e ainda uma nota histórica para Portugal (18.067 pontos), a ginasta lusa voltou a hastear a bandeira no lugar mais alto do pódio, no dia 4, com o exercício de Fita, onde conseguiu 16.167 pontos. No pódio ficou também Dinora Bondar (Ginásio Clube Português) que atingiu os 15.100 pontos e a medalha de Bronze. Para além do 1.º lugar em Fita, Rita alcançou o 2.º lugar em Maças e o 3.º lugar em Arco e Bola. Dinora classificou-se em 4.º lugar no exercício de Maças e em 5.º lugar em Arco e Bola. Esta foi a última ALGARVE INFORMATIVO #218

competição das ginastas seniores antes de voarem para Baku, Azerbaijão, onde vão disputar o Campeonato do Mundo, de 16 a 22 de setembro. No escalão Júnior, Dalia Porokhnya (Ginásio Clube Português) e Bárbara Santos (Associação Académica de Espinho) foram as representantes portuguesas nas finais de Individual e garantiram medalhas em todos os aparelhos. Bárbara conquistou o 1.º lugar com Corda e 2.º lugar com Bola, enquanto Dalia agarrou o 2.º lugar do pódio nos dois aparelhos restantes, Maças e Fita. No primeiro dia, Dalia e Bárbara tinham já alcançado o 1.º lugar na competição por equipas. Portugal encerrou assim a sua prestação no Torneio Internacional de Portimão com quatro medalhas de ouro, 90


três de prata e quatro de bronze, afirmando o seu potencial e mostrando a preparação para o Campeonato do Mundo, onde, para além de Rita e Dinora, vão estar presentes as ginastas Margarida Ferreira e Laura Sales, que iniciam, no dia 6 de setembro, a Taça do Mundo de Portimão. Resultados Escalão Júnior Competição por equipas: Dalia Porokhnya e Bárbara Santos – 119.735 pontos – 1.º lugar Dalia Porokhnya: (Maças – 14.267 pontos – 2.º lugar); (Fita –14.333 pontos – 2.º lugar) 91

Bárbara Santos: (Corda – 13.567 pontos – 1.º lugar); (Bola – 14.733 pontos – 3.º lugar) Resultados Escalão Sénior Competição Concurso Geral: Rita Araújo – 65.000 pontos – 1.º lugar Rita Araújo: (Arco – 17.100 pontos – 3.º lugar); (Bola – 17.167 pontos – 3.º lugar); (Maças – pontos – 17.167 – 2.º lugar); (Fita – 16.167 pontos – 1.º lugar) Dinora Bondar: (Arco – 16.033 pontos – 5.º lugar); (Bola – 13.800 pontos – 5.º lugar); (Maças – pontos – 15.100 – 4.º lugar); (Fita – 15.100 pontos – 3.º lugar). ALGARVE INFORMATIVO #218


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XUTOS & PONTAPÉS LEVARAM PRAIA DA MARETA AO RUBRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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rês semanas depois de terem enchido de fãs a FATACIL de Lagoa, os Xutos & Pontapés regressaram a terras algarvias, mais concretamente a Sagres, no concelho de Vila do Bispo, para um concerto na Praia da Mareta, no dia 7 de setembro. E a resposta dos seguidores da banda foi, como seria de esperar, mais uma vez entusiástica, com milhares de pessoas, a grande maioria oriunda de outros pontos da região, a ocuparem o areal numa noite bastante agradável. A comemorar os 40 anos de carreira e a promoverem na estrada o seu mais recente disco, «Duro», os Xutos & Pontapés demonstram, concerto após concerto, que continuam bem vivos e cheios de energia, com Tim, João ALGARVE INFORMATIVO #218

Cabeleira, Kalú e Gui a interpretarem êxitos atrás de êxitos, para além dos temas do novo álbum, para delírio da assistência. Público numeroso, super animado, de várias gerações, a cantar em uníssono os refrões de canções que fazem parte da memória coletiva dos portugueses, e a responder também, a uma só voz, à homenagem do quarteto ao elemento que já não está em cima do palco, mas que permanece bem vivo no coração e alma dos Xutos e da sua legião de adeptos. O carismático Zé Pedro partiu, mas, felizmente, o grupo arranjou forças para seguir em frente e o concerto da Praia da Mareta comprovou que ainda tem muito para dar à música portuguesa. Para já, contudo, é tempo de desfrutar ao máximo de «Duro», que continua em digressão de norte a sul de Portugal . 106


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LOUCAS NOITES DE LEVANTE ANIMARAM OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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iz-se que em dias de levante os loucos saem à rua e, durante quatro noites, Olhão foi, de facto, animada pelas mais loucas figuras do nosso imaginário, naquele que é já um dos eventos de referência do Verão algarvio, as Noites de Levante, que marca a diferença pelas constantes surpresas que apresentam ao público. As Noites de Levante realizaram-se de 28 a 31 de agosto, na cidade cubista, mas também na Fuseta, para delírio dos muitos residentes e turistas que escolhem este concelho para gozar as suas férias. Nos dias 28 e 29 de agosto, mais de duas dezenas de personagens de inspiração circense invadiram a Frente Ribeirinha da ALGARVE INFORMATIVO #218

Fuseta e a Praceta de Agadir, em Olhão, num desfile de saltimbancos, malabaristas, palhaços, feras, domadores e cuspidores de fogo, que terminou com um espetáculo de interação com o público. No dia 30 de agosto, com a entrada da Lua Nova, foi a vez da noite vestir-se de branco e luz para receber a Deusa dos céus e do mar, num desfile que arrancou na Avenida da República e finalizou no Jardim Patrão Joaquim Lopes, num espetáculo surpreendente de destreza e fogo. No dia 31, Olhão deixa-se levar pela fantasia dos contos de fadas e de histórias de princesas e dragões, com o belo e o terrível a percorrerem a Avenida 5 de Outubro e a confrontarem-se num espetáculo inédito no Jardim Patrão Joaquim Lopes . 116


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1.º LIVE AND LOUD FEST LEVOU O MELHOR DA MÚSICA A PORTIMÃO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Ricardo Coelho

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1.º Live and Loud Fest Powered by Marginália encheu de público a Praça da República, em pleno centro da cidade de Portimão, nas noites de 28 e 29 de agosto. O programa apresentou, no dia 28, o Tributo Anos 80, a cargo da banda algarvia The Knight Riders, composta por antigos membros do icónico grupo La Plante Mutante, que revisitou alguns dos temas mais emblemáticos de uma década repleta de intérpretes, agrupamentos e composições que revolucionaram a cena musical, com estilos e sonoridades que ALGARVE INFORMATIVO #218

continuam a não deixar ninguém indiferente, do rock à pop eletrónica, através de sucessos dos Duran Duran, Guns N`Roses, Depeche Mode, Tears for Fears, Michael Jackson, INXS, Brian Adams e Bon Jovi. No dia seguinte, os One Vision protagonizaram um tributo aos Queen, interpretando os grandes clássicos do grupo liderado pelo lendário Freddie Mercury e que foram entoados a uma só voz pelo público, de que são exemplo temas como «Bohemian Rhapsody», «We Are The Champions» ou «Who Wants to Live Forever», entre tantos outros. Os One Vision são a mais antiga 128


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banda de tributo aos Queen em Portugal, com mais de 600 concertos no nosso país e no estrangeiro, e são uma presença assídua em programas televisivos. Os dois espetáculos ao ar livre, dirigidos a toda a família, foram de acesso gratuito e organizados pelo Marginália Bar, com os apoios da Câmara Municipal de Portimão e da Junta de Freguesia de Portimão. Após ALGARVE INFORMATIVO #218

os concertos, a festa prosseguiu no Bar Marginália, que, com mais de 17 anos de existência, integra o roteiro de bares de música ao vivo portugueses e assume-se como o espaço de concertos mais underground do barlavento algarvio, tendo já passado por este espaço mais de 500 bandas, nacionais e internacionais, de originais e de tributo. 130


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Vão e voltem! Paulo Cunha (Professor) al como eu, acredito que muitos de vós privilegiam a forma como são recebidos e tratados nos vários locais que visitam. Aliás, penso que a forma e o trato como são apresentados os atrativos de um sítio constituem, por si só, uma referência para voltarmos e até recomendarmos esse mesmo sítio. É claro que o contrário também é verdade! Tendo nascido na proclamada capital do turismo algarvio (Albufeira) e nela tendo passado grande parte das minhas férias gozadas no Verão, continuo particularmente atento à forma como os moradores, os empregados de hotelaria (autóctones e migrantes sazonais) e os turistas interagem entre si. Tomando como referência esta cidade algarvia, onde o turismo da classe média portuguesa e média/baixa estrangeira assentou arraiais ao longo das últimas décadas, é fácil aferir que o contínuo aumento da oferta pode tornar-se contraproducente para o resultado qualitativo esperado. Se é que já não se tornou!?... Ora sabendo que, em muitos casos, a quantidade é inimiga da qualidade, não se configura uma tarefa fácil gerir os previsíveis conflitos inerentes ao indesejável, mas previsível, stress provocado pelo excesso de pessoas de proveniências, hábitos e tratos variados num mesmo espaço, seja ele qual for. É por isso necessária, da parte de quem visita e de quem é visitado, uma prévia preparação psicológica para enfrentar as situações de conflito que espreitam em cada esquina ALGARVE INFORMATIVO #218

onde haja grande aglomeração de pessoas. E quando assim não é, facilmente se descamba nas mútuas (escusadas e infundadas) acusações, apelidando os algarvios disto e daquilo e os turistas daquilo e daqueloutro. Não tomando a parte pelo todo em relação a determinados comportamentos e eventos, pois tais atitudes constituem meio caminho para generalizações injustas e malévolas, registo que, de ano após ano, seja no Algarve ou noutras províncias portuguesas, há cada vez um maior investimento e preparação por parte de patrões e trabalhadores nas várias atividades relacionadas com o setor turístico. E isso deixa-me satisfeito, pois é revelador da forma como muitos portugueses começaram a encarar uma das suas «galinhas dos ovos de ouro». Para além da, cada vez maior, preparação académica, técnica e linguística verificada nas várias vertentes relacionadas com o turismo, apraz-me registar também o continuado investimento na preparação, exploração e gestão de competências no âmbito dos comportamentos interrelacionais e interpessoais. São essas competências, diretamente ligadas à interação entre quem procura e quem recebe, a meu ver, os maiores atributos que o turismo, que se pretende de qualidade, deve ter. Sem laivos de subserviência nem de bajulação, mas com educação, esmero e profissionalismo, os trabalhadores do turismo e os habitantes de cada localidade em Portugal acabarão por constituir um dos seus maiores e melhores cartões de visita. 134


Depois de mais umas férias de Verão, que bom que foi cruzar-me com a metade do país que saía do Algarve para o necessário regresso às suas vidas pessoais e profissionais. Fiquei feliz por terem, uma vez mais, escolhido este paraíso - onde 135

tenho o privilégio de viver - para descansar e recuperar energias. Portugal é a soma de regiões que, pela sua diversidade, nos tornam mais ricos. Por isso mesmo, agradeço a todos os que, para além de nos visitar, nos levam na memória e no coração. Até um destes dias; cá vos esperamos! . ALGARVE INFORMATIVO #218


OPINIÃO

Inocente, cúmplice e culpado – Exposição de Vilma Correia Mirian Tavares (Professora) arte nasce como imago, como imagem e sua função era, primordialmente, ritual. O teórico francês Régis Debray afirma que “a arte nasce da morte”, pois as primeiras imagens eram destinadas às pedras tumulares ou às máscaras mortuárias, como se a reprodução da face, ou do corpo humano, através da fixação em imagem, eternizasse o retratado. Vencer a morte – ou, pelo menos, perdurar enquanto símile – semelhante, é um atavismo que chega aos nossos dias. Desde as primeiras imagens feitas à mão até à era da reprodutibilidade técnica, permanece o desejo, muito humano, de permanecer, de perdurar para além do seu próprio tempo. Quando os movimentos de vanguarda desmontaram a figura humana, ou apagaram-na das/nas suas representações, a mesma sobreviveu através da fotografia e do cinema. Poucos são os artistas contemporâneos que ainda insistem na criação de imagens como símile – como cópia, grande parte abdicou da figuração e outros tantos abriram mão do próprio objeto. Por isso, o trabalho de Vilma Correia é, antes de tudo, um gesto de coragem, um gesto genuíno de criação naquilo que a criação tem de mítico ou transcendente: o gesto iniciático da cultura cristã, a modulação do barro, matéria pobre e frágil, que se converte em carne, sangue, pele e osso. Que se transforma em vida. A artista, ainda jovem, encontrou um caminho, uma técnica, uma maneira de ALGARVE INFORMATIVO #218

traduzir em gesto seu pensamento. As figuras que saem das suas mãos, feitas de terra molhada, de barro, falam da ancestralidade deste ato – criar para continuar vivo. Não são retratos, nem pretendem sê-lo, no sentido mais vulgar do termo, não reproduzem o humano, produzem novos sentidos, traduzem o invisível, que é o que verdadeiramente pode perdurar. Seu último projeto, a exposição Inocente, cúmplice e culpado, traz-nos uma série de esculturas em barro vermelho, cada uma delas com três caras – umas mais visíveis que outras, umas voltadas para fora e outras voltadas para dentro, como ensimesmadas ou envergonhadas. Faces ocultas de uma mesma matéria, de uma base comum, como que a revelar, ou desvelar, o que ocultamos. Somos um e muitos, e habita em nós a luz e a sombra, o que mostramos e o que não queremos revelar. Cada um de nós é uma multidão. As obras da artista parecem inacabadas, como se a qualquer momento, pudessem partir-se. Mas a fragilidade aparente, e real, as sobras, os restos, as arestas não limadas, são frutos da concepção da peça, não do acaso. Se a arte nasceu da morte, ou da necessidade humana de eternizar-se, Vilma Correia diznos, através do seu trabalho, que a única eternidade possível é a do gesto – irrepetível e único. O gesto que molda, que cria formas e que traz em si milhares de gestos, antepassados do seu e nele embutidos . 136


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Do Reboliço #54 Ana Isabel Soares (Professora) lac, clac – clac. No meio do sono, o Reboliço escuta os sons à sua volta: uma tesoura de podar, alguém a apanhar os cachos de uvas da latada, junto à janela do quarto – aqueles em que as vespas ainda não fizeram ninho –, tem o mesmo timbre do metálico cajado do homem do lado de dentro. É um jogo que gosta de jogar, perceber o que ouve pelo lado de onde vem o som. Clac – clac, clac. Mexe-se o homem para cá e para lá sobre a tijoleira o quarto e, do lado da rua, cai mais um cacho para o cesto das uvas, grossas, vermelhas, veias finas de teia de aranha, um sabor de doçura anunciado. Tum. Tiros ali perto, os caçadores às rolas, às lebres, às poucas perdizes andarão – e logo as orelhas do Reboliço em haste, a natureza de um bicho é a natureza de um bicho. À hora matinal, enquanto escuta tinirem na louça os talheres a caminho da mesa do pequenoalmoço debaixo da romãzeira (onde ele se acoita a fugir ao calor), o som da melancia que racha de baixo a alto ao primeiro toque do fio de uma faca. Toque de nada da ponta da lâmina e – rrrrrsshhhhhh!, total. O rebuliço das gentes, os barulhos, são a alegria dos lugares. O Reboliço, redondo bicho de feitio mole, dá-se com apreciar de longe a mexida. Ali ao lado, um mestre e um pedreiro desmontaram o telhado que cobre o forno de pão. Assim destelhado, vê-se-lhe o redondo da abóboda externa, forradinho a lama. No tempo em que vivia no Moinho Grande o casal de moleiros, mais os moços, coziam-se ali setenta pães. Um salão de ALGARVE INFORMATIVO #218

baile todo de tijolo queimado, calor de fugir que engrandecia a massa ali metida em cabeçudas formas. Quando de visita chegavam os netos, bem via o Reboliço que a velha moleira puxava para o lado do tabuleiro uma porção da massa, que a esticava um bocadinho, que lha dava um nó e apertava um dos extremos em biquinho, cortava em cauda o do outro lado, moldava a esfera da barriga e, depois de enfornado um tempo pouco, saíam de lá passarinhos de pão. Isso ou os merendeiros com linguiça, que punham a salivar o bicho, a criançada, a gataria, tudo quanto mexesse no monte, rua e arredores. O «buja-buja», está claro, não apanhava nada, a não ser do descuido de algum dos mais pequenos, que as mãozinhas miúdas não amparavam a queda a todos os pedaços que, mal arrefecidos, metia à boca. Do forno, o ruído do fogo era antes de entrar a fornada: era o som mais aberto, quando se preparava o calor para cozer o pão. A fraca madeira, tanganhos e raminhos a crepitar lá dentro, juntava-se à madeira forte dos instrumentos de fora, troncos longos para chegar ao fundo daquele salão mágico, a fazer clac-clac, a pá a tocar no rodo, o rodo a tocar no pau de mexer o pão, o pau de mexer o pão no pau das barbas do forno, calças velhas que agora limpam o solo quente, clac-clac, dessarrima-te daí, Reboliço, que ainda sem querer, querendo o pão te bate o pau . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 138


Foto: Vasco Célio 139

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Influenciador digital, a profissão mais desejada Fábio Jesuíno (Empresário) proliferação dos meios digitais e a sua facilidade de utilização veio permitir a criação de novas profissões, como a de influenciador digital. O desenvolvimento tecnológico, em particular a Internet, veio possibilitar o acesso rápido e em grande escala a todo o tipo de informação, criando necessidade de haver filtragens, que podem ser por meio de motores de busca ou nas redes sociais através da partilha de conteúdos e opiniões dos seus utilizadores. Os influenciadores digitais são pessoas, personagens ou grupos que ganharam grande popularidade nas redes sociais. Estes influenciadores criam uma grande variedade de conteúdos que acabam gerando um elevado número de fãs que seguem as suas atividades com grande interesse e eventualmente partilham com outras pessoas. Estas celebridades digitais destacam-se pela criação de conteúdos criativos para os seus blogs e nas redes sociais que atingem diversos públicos e que normalmente falam sobre temáticas genéricas, como a sua própria rotina

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diária. Segundo estudos recentes, o mercado de publicidade digital em Portugal deverá chegar aos 170 milhões de euros, com os influenciadores digitais a ganhar cada vez mais importância. O recurso ao marketing de influência é uma tendência em grande crescimento e muito procurada pelas empresas, principalmente em nichos de mercado muito difíceis de alcançar. Em conjunto com fatores sociais, culturais e de motivação pessoal, os influenciadores digitais estão entre os elementos decisivos no momento de uma compra, permitindo uma aproximação entre uma marca e o seu público alvo. Vários estudos demonstram que a maioria dos consumidores utiliza as redes sociais como guia nas decisões de compra, o que torna os influenciadores digitais mais importantes neste processo. Os influenciadores digitais são a profissão do futuro, numa nova geração cheia de ferramentas digitais. Esta nova profissão é cada vez mais desejada e valorizada, havendo já formações específicas nesta área nas universidades. Bem-vindos à Era Digital! .

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Fama é a Prima Ordinária do Prestígio? Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) lá vou eu a pé à baixa da linda vila piscatória, a gloriosa Fuseta. Vou a pé porque está bom tempo – que maravilhoso é o nosso Algarve – mas também porque tenho pouco gasóleo no carro e há que poupar… Passo pela casinhas pitorescas, oiço as gentes que falam (gritam) usando aqueles modos e entoações fusetenses muito próprios. Continuo a minha jornada. Missão: ir aos correios e comprar pão do Cerro do Galo, porque é o que se come cá em casa. Ao fundo avisto a Ria Formosa, está a maré cheia e o sol cospe raios fumegantes que tornam as cores da água e dos ilhéus nuns tons polarizados. Compro o pão num minimercado que mais se assemelha à casa de um coletor obsessivo, pois parece que o pequeno minimercado é que vive dentro dos produtos. Finalmente encontro o pão, pago e saio. Vou por uns caminhos no meio do campo, mas a construção de casas geminadas na Fuseta está em alta e dou por mim a vê-las brotarem como cogumelos venenosos. Avisto uma carrinha velha. Dentro, um rapaz meu conhecido dos tempos de adolescente. Andámos na mesma escola em Olhão. Grita-me: “Verinha, «atāo»? Agora és famosa pá! Já apareces na televisão e tudo!”. Retraio-me e fico envergonhada: “Oh… deixa-te de coisas. Não sejas parvo”. ALGARVE INFORMATIVO #218

Continuo o meu caminho. O sol quente não oferece misericórdia e o plástico do pão faz-me transpirar o braço. Sigo caminho até casa. O sol queima-me a pernas, e as palavras saídas da boca dele queimam-me o cérebro. Dou por mim a pensar… Mas eu não quero ser «famosa», apesar desta «fama» ser muito local, obviamente, pois vivo part-time num meio pequeno! O que eu quero mesmo é ter a liberdade de escrever e realizar as minhas histórias. Isto de ter aparecido na televisão, ou nas notícias dá-me igual ao litro. Sinceramente, trocava esse minuto de «mini» fama fugaz por um bom orçamento que me permitisse criar um projeto em que as minhas ideias não fossem aprisionadas por falta de meios (ou seja money money money!). Adorava ter um apoio que me ajudasse a colocar todas as minhas ideias tresloucadas de narrativa e realização em prática. E ainda com um brinde justo: que permitisse pagar a todos os membros da equipa técnica, atores e equipa de pós-produção a tempo e horas. Isto é que era a maior alegria, poder fazer um projeto de forma livre, e que o produto final conseguisse entreter e fazer rir os espetadores, quer nacionais como internacionais. Agora esta historieta de fama, pouco importa. Se há algo de relevante é que nós conseguimos levar um filme escrito e 142


feito sem apoio do ICA. O resto é conversa. E quem se mete nestas áreas do cinema e televisão com a ideia de fama, será confrontado, mais tarde ou mais cedo, com uma desilusão. E acreditem que esta desilusão vai esbofeteá-los sem dó nem piedade. Porque o glamour patético de se aparecer na televisão ou em revistas por si só não importa! O esforço, a instabilidade financeira, as constantes rejeições dos nossos filmes em festivais, entre outras coisas nada agradáveis não são faladas. A superação destes cabos das tormentas e a finalização de um filme de qualidade é que deviam ser aplaudidos e merecedores da sua própria fama. realizado por uma algarvia, produzido e filmado no Algarve, a um canal nacional de excelência, a RTP2, ao programa Cinemax Curtas de Tiago Alves. Isso sim tem o seu mérito, até porque o filme foi 143

Afinal, como a personagem Mike do maravilhoso filme Birdman (do Iñarritu) diz, “A popularidade/fama é a prima ordinária do prestígio” . ALGARVE INFORMATIVO #218


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Saga (1) Fernando Esteves Pinto (Escritor) rovavelmente foi assim que tudo aconteceu. Esta história sem princípio nem fim. Existe a senhora Rosa. Sento-me agora nesta sala quando penso nela. Tem setenta anos e vive com um dos netos. A filha não a vem visitar. Abandonou os filhos para ir atrás do amante. Há também uma neta. Fugiu com o namorado e ninguém sabe dela. Também não interessa. Quando a miúda vivia com a senhora Rosa ninguém dava por ela. Entrava e saía de casa da avó e nunca a cumprimentava. Um erro de infância da menina. Tem agora vinte anos. Atribui a culpa de ser assim aos pais que se separaram. Acusa a mãe de a abandonar quando ela tinha quatro anos. Foi criada com a avó Rosa. Não é a mesma coisa. As crianças levam tudo a sério mesmo quando estão a brincar. É perigoso, isto das crianças quando sentem que os pais as abandonam, penso escrever isto mesmo. Não sei, a senhora Rosa vive infeliz. É difícil falar com o neto que vive com ela. Não sabe como começar. Deixa-lhe a comida num tacho em cima do fogão. Queixa-se da vida quando ele não come tudo. O rapaz tem vinte e três anos e vende relógios. Faz turnos durante a noite e chega tarde a casa. Tem uma namorada que vende livros e detesta a mãe. Não se lembra da infância. Apagou tudo. Foi melhor assim. Essa existência dos primeiros anos de vida foi muito complicada. Só percebeu isso depois, em ALGARVE INFORMATIVO #218

conversas com os amigos que viviam com os pais ainda juntos. As vidas comparamse a outras vidas. É assim que percebemos se somos felizes ou infelizes em relação aos outros. A senhora Rosa diz sempre: não precisas de ser assim por causa do que aconteceu. A separação dos teus pais não justifica o teu mau comportamento. Há tantos filhos nas tuas condições. A neta da senhora Rosa não queria ouvir nada. Falar não era com ela. Quando se cruzava com a avó na rua fazia que não a via. Não sabe qual foi o seu erro. Dava-lhe um desconto. O vazio da educação. A filha da senhora Rosa raramente telefonava para saber dos filhos. O amante detestava-os. Não os queria lá em casa a viver com eles. Entre os filhos e o homem que amava, já se sabe. Pensou que os filhos estariam bem na casa da avó Rosa. Ainda hoje é um inferno. A bondade da senhora Rosa é uma arma perigosa. Cria irritação nos netos. Tem um coração bom, mas uma racionalidade defeituosa. É impossível chegar a uma harmonia. O neto fala da namorada como uma coisa que vai perder. Fala muito no medo de perder alguém. Tenta explicar melhor. Diz: sinto na minha namorada uma mãe e detesto pensar que um dia posso perdêla. A senhora Rosa está na sala a ver televisão e a escutar a conversa do neto. É uma obsessão, está-se mesmo a ver. 144


Quando saiu de casa, a neta não disse para onde ia nem com quem foi. Sabia-se que namorava, portanto imagina-se que tenha ido com o namorado para algum lado. Não deu satisfações a ninguém. Utilizou o silêncio como vingança. Ninguém lhe podia apontar nada, não tinham esse direito. A mãe da rapariga ainda muito menos. Tudo o que lhe dissesse não teria o reconhecimento da razão. Estava em desvantagem e concordava que havia errado na educação e acompanhamento dos filhos. A racionalidade da senhora Rosa é um caso sério. Também não se sente amada. O marido tratava-a mal e desrespeitava-a. Só depois da morte dele é que a senhora Rosa começou a sentir-se feliz. Um problema de afectos. Toda a família sofre do mesmo. A indiferença, a perda e o reconhecimento. Acusar a avó pelos erros da filha só mesmo de crianças. Também, coitados, não têm mais ninguém em quem descarregar as suas mágoas e a sua 145

revolta. Espera-se sempre que os adolescentes tenham uma compreensão perfeita da vida. Os adultos têm um problema para resolver com a infância de quem se exige essa perfeição. Estás cansado, vai dormir, disse a senhora Rosa ao neto que estava sentado num banco na cozinha. São estas coisas que o deixam irritado . ALGARVE INFORMATIVO #218


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CERCA DE 9 MIL PESSOAS PASSARAM PELO FESTIVAL DO PERCEVE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Vila do Bispo

8.º Festival do Perceve, que decorreu de 30 de agosto a 1 de setembro, em Vila do Bispo, foi um sucesso, conforme atestam os cerca de nove mil visitantes que foram atraídos pelas melhores iguarias ALGARVE INFORMATIVO #218

gastronómicas que a costa do concelho tem para oferecer. Ao longo dos três dias do certame foram consumidos mais de quatro mil quilos de marisco, incluindo 1.280 quilos de perceves, o rei da festa. O festival contou com muita animação, com as atuações dos 148


«Undercover Agents for the Blues», Humberto Silva, Sons do Mira, Paulo Coelho, Rancho Folclórico de Odiáxere, Marco Campaniça e os Amigos e Cláudio Rosário. E, para Paulo Lourenço, presidente da Associação dos Marisqueiros da Vila do Bispo e Costa Vicentina, o evento superou todas as espectativas, uma vez que todo o marisco disponível foi escoado. Ficou ainda a promessa da associação começar já a trabalhar “para

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que a próxima edição seja ainda melhor e para que todos aqueles que se deslocam ao local possam degustar os afamados perceves da costa vicentina”, afirmou o dirigente. O evento organizado pela Associação dos Marisqueiros da Vila do Bispo e Costa Vicentina contou, mais uma vez, com o apoio da Câmara Municipal de Vila do Bispo .

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FORTALEZA DE SAGRES ACOLHE EXPOSIÇÃO SOBRE A MARCA DO PATRIMÓNIO EUROPEU Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

Fortaleza de Sagres recebe, até 10 de novembro, a exposição «A Europa começa Aqui! - Marca do Património Europeu», que já tem percorrido vários ALGARVE INFORMATIVO #218

locais do país e chega agora ao concelho de Vila do Bispo. “É diferente de outras distinções porque assenta sobretudo no aspeto simbólico que o sítio possui, e não tanto na sua vertente arquitetónica. Este foi um espaço de partida para os Descobrimentos, de abertura ao mundo, com o simbolismo 158


Adriana Freire Nogueira, Diretora Regional de Cultura do Algarve

do diálogo, mesmo que isso depois não tenha acontecido sempre”, explica Adriana Freire Nogueira, Diretora Regional de Cultura do Algarve. “Sabemos que os Descobrimentos tiveram aspetos negativos, mas na sua maioria foram positivos e a Fortaleza de Sagres é um espaço de paz e foi um ponto de partida para que houvesse uma confluência de culturas”, acrescenta. A Marca do Património Europeu é uma iniciativa do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia que tem como principais objetivos reforçar o sentimento de pertença à União Europeia por parte dos seus cidadãos, em especial dos jovens, com base nos valores e elementos comuns da história e do património cultural; valorizar a diversidade nacional e regional; e incrementar o diálogo intercultural. Destaca lugares patrimoniais, sítios, monumentos, 159

paisagens culturais e documentos que comemoram, simbolizam a integração europeia, os ideais, os valores e a história da União Europeia, tendo sido distinguidos 38 sítios, um dos quais precisamente o Promontório de Sagres. “Temos aqui locais que marcaram momentos diferentes da nossa história como europeus e, numa altura em que se pensa numa desagregação da União Europeia, há que pensar que a Europa é muito mais do que isso”, avisa Adriana Freire Nogueira. Finisterra emblemática e evocativa de um período marcado pelas viagens de exploração marítima e pela expansão da civilização europeia no seu caminho para o projeto global que veio a definir o mundo moderno, o Promontório de Sagres representa um lugar de vanguarda da nossa herança histórica e é um símbolo de integração europeia e ALGARVE INFORMATIVO #218


de um caminho partilhado de liberdade, de intercâmbio cultural e de democracia. Para além do Promontório de Sagres, Portugal tem atualmente outras duas Marcas do Património Europeu, designadamente, a Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, uma das primeiras na Europa a organizar o seu acervo em catálogos temáticos e a permitir o acesso a livros proibidos, e a Carta de Lei da Abolição da Pena de Morte (1867), que coloca Portugal como um dos primeiros países europeus a inscrever, no seu sistema legal, uma lei de abolição da pena de morte para crimes civis. E a Diretora Regional de Cultura do Algarve reforça a importância destas distinções. “A Biblioteca da Universidade de Coimbra protegeu da destruição livros que tinham sido censurados, houve ali uma preservação do saber que é fundamental, mesmo que as ideias sejam contraditórias. E Portugal foi pioneiro na preservação da vida com a legislação que aboliu a pena de morte”, destaca. ALGARVE INFORMATIVO #218

Fortaleza de Sagres que continua a ser um dos monumentos mais visitados de Portugal, portanto, que terá a ganhar com esta Marca do Património Europeu, questionamos. “É uma marca relativamente recente e todas as distinções são importantes para realçar a importância que Sagres teve nesse período da história. E o Algarve continua a ocupar uma localização muito propícia para este entendimento entre nações”, considera Adriana Freire Nogueira, adiantando que é função da estrutura que lidera divulgar e valorizar a história dos monumentos que estão sob a sua tutela. “A marca é um símbolo internacional, pelo que a Fortaleza de Sagres acaba por estar junto de todos os restantes sítios distinguidos nas várias ações que são dinamizadas no contexto europeu. E um dos projetos da Direção Regional de Cultura do Algarve diz respeito aos mais jovens, 160


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queremos ir às escolas falar do nosso património e identidade. Veja-se o nível de abstenção das recentes Eleições Europeias. Temos que pensar mais sobre a Europa”, defende a entrevistada. “Hoje existem muitas marcas simbólicas da nossa herança da antiguidade, seja na arte, na comunicação ou na linguagem, e isso permite que os jovens constatem que, aquilo que eles pensam que é novo, já foi pensado por outros no passado. Há uma forma de estar que esta Europa criou a partir dos princípios da Antiguidade, mas é necessário que nos continuemos sempre a questionar sobre aquilo que nos rodeiam. Esta exposição alerta-nos para coisas que julgamos estarem garantidas, mas todos temos que conhecer a nossa herança e perceber por que razão ela é diferente de todas as outras. Só conseguimos defender uma causa se estivermos cientes do que ela significa” .

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AZEMAD ELITE CUP DE HÓQUEI EM PATINS DISPUTA-SE NO PORTIMÃO ARENA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Filipe da Palma

s oito melhores equipas do hóquei em patins português vão medir forças no Portimão Arena, entre 20 e 22 de setembro, para levantar o troféu relativo à 4.ª Elite Cup, prova que já no ano passado teve lugar na Cidade Europeia do Desporto 2019. FCP Porto, campeão nacional em ALGARVE INFORMATIVO #218

título, Sporting, campeão europeu e detentor da última Elite Cup, Oliveirense, vencedor da última Taça de Portugal, Benfica, triunfador do troféu em 2017, Óquei de Barcelos, HC Braga, Paço de Arcos e Juventude de Viana são as equipas em prova. A competição, que reunirá muitos dos mais cotados hoquistas da atualidade, trará algumas novidades técnicas, a 166


cargo da empresa portuguesa Azemad, referência mundial a este nível, e patrocinador principal deste evento. Para além de ser instalado no Portimão Arena um piso oficial amovível, com uma cor mais clara, as partidas serão disputadas com uma bola feita de materiais inovadores e estampagem mais duradoira, possibilitando maior contraste com o pavimento, o que irá facilitar a visualização das jogadas. A anteceder o sorteio da Elite Cup, realizado, no dia 9 de setembro, no Hotel Tivoli Marina Portimão, o presidente da Associação Nacional de Clubes de Patinagem, Rui Carvalho, considerou tratar-se de uma prova “cada vez mais de referência, representando um teste de pré-época bastante competitivo e constituindo excelente jornada de promoção da modalidade, da qual somos campeões do mundo, e logo numa região onde o hóquei é pouco divulgado”. Por sua vez, Bernardo Ribeiro, diretor do jornal 167

«Record», confirmou que todos os jogos serão transmitidos em direto pela internet no canal digital do periódico, “que tem muita audiência e é gratuito”. O jornalista perspetiva “uma prova bastante competitiva, pois nem o Campeonato Nacional nem a Taça de Portugal foram ganhos pelo clube… que acabaria por se sagrar campeão europeu”. Isilda Gomes, presidente da autarquia anfitriã da Elite Cup pelo segundo ano consecutivo, manifestou a certeza de que o torneio “vai ser um grande sucesso desportivo, tendo em conta a qualidade dos participantes e a dimensão e dignidade do Portimão Arena”. “Estou certa de que as oito equipas participantes darão o melhor de si para conquistarem o troféu e, sobretudo, que haja desportivismo”, expressou a autarca, deixando ainda um humorado «alerta» aos clubes que atualmente constituem a elite do hóquei ALGARVE INFORMATIVO #218


em patins nacional. “À semelhança do que conseguiu o futsal do Portimonense, que este ano subiu à 1.ª Liga, um dia o Hóquei Clube de Portimão também lutará com os grandes deste país, fruto da dinamização proporcionada por esta iniciativa e pelo trabalho de formação que a coletividade está a fazer em prol da modalidade. Cuidem-se, porque qualquer dia terão um clube de Portimão a competir convosco”. Do sorteio resultou o seguinte ordenamento: Sexta-feira, 20 de setembro 11h (jogo 1) - FC Porto x HC Braga (entrada livre) 14h (jogo 2) – UD Oliveirense x Juventude de Viana (entrada livre) 18h (jogo 3) - Sporting x Óquei de Barcelos (bilhete: €1,00) ALGARVE INFORMATIVO #218

21h (jogo 4) – Benfica x Paço de Arcos (bilhete: €1,00) Sábado, 21 de setembro 12h (jogo 5) Meia-final - Vencedor J.2 x Vencedor J.3 (bilhete: €3,00) 15h (jogo 6) Meia-final - Vencedor J.1 x Vencedor J.4 (bilhete: €3,00) 18h (jogo 7) 5.º ao 8.º - Vencido J.2 x Vencido J.3 (entrada livre) 21h (jogo 8) 5.º ao 8.º - Vencido J.1 x Vencido J.4 (entrada livre) Domingo, 22 de setembro 9h (jogo 9) 7.º e 8.º - Vencido J.7 x Vencido J.8 (entrada livre) 11h (jogo 10) 5.º e 6.º - Vencedor J.7 x Vencedor J.8 (entrada livre) 13h (jogo 11) 3.º e 4.º - Vencido J.5 x Vencido J.6 (entrada livre) 16h (jogo 12) Final - Vencedor J.5 x Vencedor J.6 (entrada livre) . 168


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #218

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