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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 26 de outubro, 2019

RITA1 «ROMP» PEREIRA |ALGARVE MUSIC SERIES | «O ÚLTIMO JULGAMENTO» | «VERÃO AZUL» ALGARVE INFORMATIVO #224 CHOQUE FRONTAL AO VIVO| FESTIVAL DE OBSERVAÇÃO DE AVES EM SAGRES| «POESIA A SUL»


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48 - «O Último Julgamento» estreou no Teatro Lethes

36 - Rita Pereira «RoMP»

100 - Festival Verão Azul em Loulé

62 - «Sentimientos Argentinos» ALGARVE INFORMATIVO #224

90 - V Encontro Internacional Poesia a Sul em Olhão 12


124 - «Renature Monchique»

114 - Pete Tha Zouk no Choque Frontal ao Vivo

20 - Festival de Observação de Aves de Sagres OPINIÃO 134 - Paulo Cunha 136 - Mirian Tavares 138 - Ana Isabel Soares 140 - Fernando Esteves Pinto

78 - Algarve Music Series chegou ao fim no Teatro Lethes 13

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10.ยบ FESTIVAL DE OBSE ATIVIDADES DE NATUR DE VISITANTES A SAGR

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ERVAÇÃO DE AVES & REZA LEVOU CENTENAS RES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Vila do Bispo

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Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza de Sagres celebrou o seu décimo aniversário, de 10 a 13 de outubro, com cerca de 1.500 participantes vindos de 36 países. Foram quatro dias repletos de iniciativas dedicadas à natureza, realizadas em vários pontos de Sagres, desde o Pavilhão Multiusos ao Cabo de São Vicente, passando pelo Forte do Beliche, a Cabranosa e o Monte das Esparregueiras. Durante o festival foi apresentado o primeiro «Guia de Aves do Concelho de Vila do Bispo e do Promontório de Sagres», uma ferramenta preciosa para se partir à descoberta das aves da região. Para além das sessões de observação de aves em terra e no mar, os participantes tiveram ainda oportunidade de verificar como as tradições e a conservação de natureza podem ser aliadas, num passeio com um pastor e um guia local. Entre as novidades deste ano destacou-se também uma forte presença das artes, com variadíssimas sessões de fotografia (de aves noturnas a aves em voo e de técnicas de campo a fotografia de estrelas) e de ilustração (desde esboços no campo a ilustrações com esferográfica). Em caminhadas, saídas de barco e pontos de observação fixos, este ano foram observadas 217 espécies de aves, incluindo algumas menos comuns, como a petinha-de-richard e raridades como a felosa-listada e o moleirorabilongo. Outro dos momentos altos desta edição foi a observação de 100 águias-calçadas em simultâneo, logo no primeiro dia deste festival que é organizado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, em parceria com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Associação Almargem . ALGARVE INFORMATIVO #224

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DAS PEÇAS UTILITÁRIAS E DECORATIVAS ÀS ESCULTURAS, RITA PEREIRA É MESTRA A DOMINAR A PEDRA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina, Rita Pereira e Mickael Toesca 37

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ita Pereira, ou «RoMP», é de há uns anos a esta parte uma das artistas residentes do LAC – Laboratório de Actividades Criativas de Lagos, depois de ter tirado a Licenciatura em Design de Equipamentos na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e o Mestrado de Design de Produto na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Mas o gosto pela escultura, nomeadamente pela pedra, vem de longa data, por contato com Vera Faria e Raymond Dumas. Por isso, quando teve que escolher quais os materiais a utilizar durante a sua formação superior, elegeu a pedra, o gesso e a medalhística, até se ficar apenas pela pedra. “Sempre gostei das artes visuais quando andava na escola, eram as matérias onde tirava as melhores notas. E poder transformar uma pedra, uma coisa que parece que não é nada, num objeto ou obra de arte, é fascinante. Assim como todo o processo, a paciência que é necessária quando estamos em cima da pedra, a metodologia no momento do partir e cortar, depois criar a forma, até ao acabamento final”, explica a lacobrigense. O constante incentivo da família, colegas e professores manteve-a firme num percurso que nem sempre foi fácil, aliás, entrou primeiro para Escultura antes de mudar para o desejado Design de Equipamentos. “Quando terminei a licenciatura, nem me sentia preparada para ingressar no mercado de trabalho como designer, nem estava feliz com o curso que tirei. Decidi ficar um ano em residência no LAC para trabalhar a pedra ALGARVE INFORMATIVO #224

escultoricamente, antes de rumar às Caldas da Rainha. Aí sim identifiqueime com a metodologia, o curso e os professores, porque fazíamos um design de autor em que podia trabalhar a pedra aliada ao design”, recorda a entrevistada. “A Escultura é tradicionalmente mais abstrata, enquanto que o Design de Produto pensa numa utilização mais prática das peças, mas atualmente estes dois campos estão mais próximos. Há peças de Design mais abstratas e cuja funcionalidade será mais teórica do que prática”, entende Rita Pereira. 38


A artista sabe, porém, que as diferenças, embora tendam a diluir-se, ainda persistem, até mesmo no momento de criação. Por isso, quando está a fazer uma escultura, pensa apenas em si, em colocar na pedra as suas emoções sentimentos, sem equacionar quais os destinatários finais da peça. “No Design de Produto já preciso ter em consideração qual a utilidade da peça, onde vai ser usada, por quem, onde, em que circunstâncias. Entretanto, alguns chefs de cozinha começaram a encomendar-me pratos, fruteiras, taças, travessas em pedra. Quando vejo que as peças deixam de ter 39

procura no mercado, mudo de direção, porque um artista não pode viver do ar. Posso não estar sempre a fazer mesmo aquilo que quero, mas o importante é estar ativa”, sublinha RoMP, garantindo que não está a fazer concorrência aos utensílios mais tradicionais que facilmente se encontram à venda em lojas da especialidade. “Quando as pessoas vêm falar comigo, não andam à procura de objetos perfeitos ou produzidos em grande escala. Estão fartas de ter coisas iguais a todos os outros, desejam peças que lhes façam mais sentido”. ALGARVE INFORMATIVO #224


Peças de autor compradas normalmente por cidadãos de idade mais avançada, com maior disponibilidade financeira, para a decoração das suas casas próprias, mas também para utilizar em ocasiões especiais. Ou então pelos tais chefs de cozinha que procuram, desta forma, dar um toque de singularidade aos seus estabelecimentos e confeções. “Podem escolher qual a pedra, o feitio, a textura, porque, no gourmet, tudo aquilo que acompanha a comida faz parte da obra de arte. As esculturas, por serem maiores e mais pesadas, costumam ser vendidas ALGARVE INFORMATIVO #224

sobretudo a residentes”, indica, à conversa no seu atelier no LAC. Na escultura, antes de ir para a pedra, Rita Pereira faz os habituais esboços no papel e os pequenos modelos e, apesar de ainda ser nova, já se nota ter atravessado fases distintas na sua evolução. “No início debruçava-me mais sobre o corpo humano, pelo desafio de imitar as linhas. Depois, saí dessa vertente figurativa e passei para uma parte mais abstrata, de linhas e círculos. Agora voltei um bocado à natureza, à componente mais orgânica, ando pelas ondas, mas também esculpi uma árvore 40


de pedra para Monchique”, relata. “Estou sempre à procura de novos desafios, não me interessa muito andar sempre a fazer a fazer coisa”, assegura. Confrontada com aquela imagem do escultor masculino, de barba rija e braços musculados, Rita Pereira deixa escapar um sorriso e lembra que são cada vez mais as mulheres a dar cartas na escultura, porque, acima de tudo, o que interessa é a técnica e sensibilidade e não tanto a força. “Eu fico mais nervosa quando estou a começar a trabalhar a pedra bruta, só a meio da peça é que relaxo, é que fico mais descontraída. Sinto-me mais ansiosa no início, com medo de falhar 41

nos primeiros pormenores, que são os mais importantes. Depois de estar tudo mais ou menos encaminhado é que consigo curtir o momento”, reconhece, revelando que as suas esculturas de maior dimensão foram concebidas em Itália e na «Gárgula Gótica», uma cantoneira na Batalha com a qual desenvolveu a marca «Manta». “Confrontamo-nos sempre com o problema da dimensão e peso da matéria-prima, no meu caso o mármore e o calcário, porque é preciso transportar a pedra, manobrá-la, cortá-la. A experiência gera maior segurança e confiança e os erros mais graves acontecem no início do processo, quando as máquinas também são maiores. No entanto, se me enganar e cortar demasiado a pedra, posso sempre alterar o projeto, não sou rígida ao ponto de ser 5 centímetros para aqui e 10 para ali. Gosto de fluir com a pedra”, confessa.

INVESTIR PARA CRIAR, SEM SABER SE VAI VENDER A possibilidade de se corrigir erros na pedra não é, no entanto, igual à pintura ou cerâmica, por exemplo, onde se pode ALGARVE INFORMATIVO #224


simplesmente pintar por cima ou misturar o barro e começar tudo de novo. Se uma pedra se parte a meio ou no final do processo, pouco haverá para fazer, para frustração da escultora, e isso pode acontecer por culpa do artista ou porque existia um defeito na matéria-prima. Quanto à maquinaria e aos riscos envolvidos, Rita Pereira até fica mais receosa quando utiliza máquinas pequenas. “É quando ficamos mais confortáveis que os erros acontecem e, ALGARVE INFORMATIVO #224

felizmente, nunca me sucedeu nada de grave. A máquina maior que usamos no princípio realmente mete mais respeito, mas, como ouço música, nem sinto aquele barulho forte e selvagem. Entro quase num transe e nem me apercebo do peso da máquina. Coloco-a em cima da pedra e vou cortando, mas é, sem dúvida, cansativo. Os braços e as costas ficam a doer, contudo, no fim do dia, o esforço valeu a pena”, assegura. 42


contato com artistas de todo o mundo que os simpósios proporcionam. O problema é que, por mais que se goste da escultura, estamos numa forma de arte bastante ingrata, devido ao esforço e investimento que implica criar uma peça que não se sabe se alguma vez será vendida. “Só temos duas opções: ou não fazemos as peças e ninguém as vai ver, porque elas não existem; ou as fazemos e alguém as pode ver e desejar comprar. Mas também posso fazê-las e não terem procura. É um debate constante que tenho com as minhas peças”, admite. “Perde-se tempo e dinheiro a construí-la, depois temos que a tirar do atelier e arranjar um sítio para colocá-la. Prefiro não pensar muito nisso, continuar a produzir, confiante de que alguma coisa surgirá. Ou então não esperamos por nada e, se acontecer, tanto melhor”, diz, com um encolher de ombros.

Entra quase em transe, mas sem nunca perder a noção do tempo e do cansaço, esclarece, mesmo que, por vezes, até lhe apetecesse estar mais horas de volta da pedra. “Num simpósio estamos normalmente uma semana, 10 dias, a trabalhar a peça. Se for uma pedra de três metros, já será um mês, mas essa experiência só tive como assistente, não a fazer uma peça minha”, indica, não escondendo um gostinho especial pelo 43

É perante toda esta complexidade de sentimentos e considerações que Rita Pereira optou por criar peças pequenas para turistas, peças médias para expor em galerias e peças maiores por encomenda ou quando participa em simpósios. “Procuro ser bastante flexível porque, se ficar apenas pelas peças pequenas, não vou evoluir mais do que aquilo. Se apostar apenas nas grandes, num instante gasto o dinheiro todo e tenho que me dedicar a outra atividade profissional. Por agora tenho conseguido equilibrar tudo, não me posso queixar”, declara. “Se me procuram para comprar o meu trabalho, se me fazem encomendas, tudo isso são vitórias, significa que ALGARVE INFORMATIVO #224


estou no caminho certo. Mas sempre com contenção, porque as despesas são muitas, com o material, as ferramentas, as deslocações para montar as exposições”. Esculturas que se podem ver, por exemplo, na Galeria Lady in Red, em Lagoa, onde estão patentes as coleções «Equilíbrio» e «Encontro», de vidro soprado sobre a pedra. E a tal escultura pública da árvore de pedra em Monchique. Mas Rita quer expor também noutros pontos do país, o que não significa que tenha que para isso deixar de viver em Lagos. “O que me faz feliz é estar a produzir aqui, não me consigo ver em Lisboa, é um meio com o qual já não me identifico. Lá estaria a fazer, sem dúvida, outro tipo de peças. Crio muito dentro da natureza, o mar, as árvores, a lua, porque é com isso que contato no meu dia-a-dia”, justifica a entrevistada, ALGARVE INFORMATIVO #224

indicando ainda que expor escultura não é tão complicado como se possa imaginar. “As galerias tanto necessitam de pintura como de escultura, precisam ter propostas diversificadas”, entende, garantindo ainda não ter feitio para uma profissão de escritório com horários fixos. “Claro que tenho uma rotina, como qualquer outro artista, porque as ideias brilhantes não aparecem do nada. Preciso estar no atelier para que as coisas evoluam, mas ter liberdade total para organizar a minha vida é crucial. Curiosamente, às vezes pensamos que temos o tempo todo do mundo para concretizar os projetos que temos em mente, por sermos trabalhadores independentes, e no fim de contas não somos nada livres, o tempo nunca chega para tudo”, termina, com um sorriso . 44


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O Último Julgamento é uma tremenda paródia ao sistema judicial português Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Teatro Lethes, em Faro, foi palco, na noite de 19 de outubro, da estreia da novíssima peça do Teatro Regional da Serra do Montemuro… e a que bela paródia do sistema judicial se assistiu, para gáudio das muitas dezenas de espetadores que enfrentaram uma noite fria e algo chuvosa para ir ao teatro. «O Último Julgamento» coloca-nos perante um julgamento algo insólito em que a ação começa logo nos corredores do Lethes, onde um segurança muito peculiar tratou de colocar toda a gente na linha para que as coisas não se atrasassem, porque ainda queria ir à Feira de Santa Iria, ALGARVE INFORMATIVO #224

que inaugurara, no Largo de São Francisco, na noite anterior. Entra o público e já duas personagens se encontravam num género de arena circular onde só se podia entrar depois de se colocarem uns sacos de plástico nos sapatos, para evitar, deste modo, que se «conspurcasse a justiça». Só que o julgamento começa logo a atrasar porque o meirinho perde algum tempo a «treinar» a plateia para se levantar e sentar, toda em uníssona, e com emoção e intenção. Acaba por desistir porque os «algarvios não davam para mais» e lá se chama o juiz. Um juiz algo diferente, que por vezes adormece, melhor dizendo, faz viagens introspetivas ao seu íntimo para melhor pensar no que deliberar. Depois, temos 50


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um arguido, um pouco surdo, hábil com as rimas, mas que não percebe muito bem o que ali está a fazer, apenas recebeu uma carta para marcar presença. A queixosa, moça nova e rebelde, já parecia estar habituada a comparecer em tribunal, mas, pelos vistos, como arguida. E depois uma advogada bipolar a tratar da defesa e da acusação em simultâneo, porque, apesar de já ter sido contratada pela queixosa, também tinha sido nomeada pelo sistema informático para defender o arguido. E, apesar do juiz não achar o procedimento muito correto do ponto de vista judicial, contra o sistema informático ninguém levanta a voz. ALGARVE INFORMATIVO #224

Os momentos hilariantes intensificamse quando, do meio da plateia, é chamada uma testemunha que, quando ordenada pelo meirinho para contar o que tinha visto no fatídico dia, acaba por relatar, de forma intensa e apaixonada, o enredo do «Diário da Nossa Paixão», colocando juiz, advogada e assistência de lágrimas nos olhos. Porque, afinal de contas, ela nunca tinha visto o arguido e queixoso antes daquele momento. Durante mais um período em que o juiz adormeceu, ou entrou num momento de profunda reflexão, a sala de julgamento transforma-se num concurso de televisão para ver quem 52


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percebe mais de leis, com três concorrentes a serem chamados da plateia para participar. Acorda novamente o juiz e percebe-se que o julgamento é uma trapalhada completa, porque a queixosa verdadeira, afinal, não era a que estava em palco, mas a sua avó, que engendrara o esquema para reencontrar o arguido, um pretendente da sua adolescência e que não via há muitos anos. E quando se pensava que o reencontro iria dar lugar a um final feliz, temos novo volte-face na história. Enfim, ALGARVE INFORMATIVO #224

uma paródia fantástica a um julgamento este que foi protagonizado, em estreia nacional, pelo Teatro Regional da Serra do Montemuro, com Texto e Encenação de Ricardo Alves, Interpretação a cargo de Abel Duarte, Ana Vargas, Dóris Marcos, Eduardo Correia, Maria Teresa Barbosa e Paulo Duarte e Direção de Cena de Abel Duarte. Mais uma excelente produção que a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve trouxe à cidade de Faro e que vale mesmo a pena assistir . 54


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EXTRAORDINÁRIO ESPETÁCULO DE DANÇA «SENTIMIENTOS ARGENTINOS» ARREBATOU LAGOA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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o dia 18 de outubro, o espetáculo «Sentimientos Argentinos» levou ao delírio a assistência que esgotou por completo o Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, com premiados intérpretes internacionais a executarem, de forma irrepreensível e apaixonante, os ritmos escaldantes do tango. «Sentimientos Argentinos» é o resultado da união entre duas companhias de dança argentinas – «Estilo y Pasión» e «Renovando Sueños» – que ao longo de mais de uma hora transportou o público para as pampas argentinas e as ruas de Buenos Aires, através do malambo, bombo, boleadoras e, naturalmente, do tango, Património Imaterial da Humanidade. Uma noite inesquecível protagonizada por um espetáculo que, nesta sua digressão por terras algarvias, passou igualmente pelo CineTeatro Louletano e pelo Centro Cultural de Lagos. ALGARVE INFORMATIVO #224

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ALGARVE MUSIC SERIES CHEGOU AO FIM EM APÓTEOSE NO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova

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quarta edição do festival de música de câmara «Algarve Music Series» decorreu de 11 a 20 de outubro, com uma programação de concertos e masterclasses que tiveram lugar nos concelhos de Faro e Loulé. A direção artística do antigo Festival Internacional de Música de Câmara do Algarve compete a Isabel Vaz, violoncelista baseada em Amesterdão, e a Vasco Dantas, pianista residente em Colónia, numa coprodução com o Teatro Municipal de Faro. O festival começou, no dia 11, na Igreja de São Pedro, com Arno Piters (solista A da Orquestra do Concertgebouw), o pianista holandês Daan Treur e a violoncelista Isabel Vaz. Seguiram-se masterclasses de violoncelo e piano, com Isabel Vaz e Vasco Dantas, no dia 12, no ALGARVE INFORMATIVO #224

Seminário de São José. O duo constituído por Honor O’Hea e Robert Andres apresentou-se a quatro mãos e a dois pianos, no Teatro das Figuras, no dia 13 e, no dia seguinte, realizou-se uma masterclasse de clarinete, com Arno Piters, no Conservatório de Música de Loulé. No dia 19 de outubro, a Igreja do Carmo, em Faro, recebeu o espetáculo «Noite Transfigurada», com violinos (Tim Brackman e Sofie Sunnerstam), violas (Emlyn Stam e Floor Le Coultre) e violoncelos (Willem Stam e Isabel Vaz). O festival terminou, no dia 20, no Teatro Lethes, em Faro, com um concerto de música de câmara de Dvořák e Enescu, com os músicos Vasco Dantas (piano), Rada Ovcharova, Sofie Sunnerstam, Miguel Simões, Tim Brackman (violinos), Emlyn Stam, Floor Le Coultre (violas) e Willem Stam, Isabel Vaz (violoncelos) . 80


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«POESIA A SUL» VOLTOU A FAZER DE OLHÃO CAPITAL NACIONAL DA POESIA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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lhão voltou a ser, de 18 a 27 de outubro, a capital da poesia em Portugal, com cerca de 70 poetas, historiadores, pintores, músicos, atores e declamadores a comporem o programa da quinta edição do «Poesia a Sul», festival internacional que já se tornou uma referência na vida algarvia e nacional. Criado e organizado pelo escritor e advogado Fernando Cabrita, com o apoio institucional e logístico da Câmara Municipal de Olhão e o suporte, uma vez mais, do programa «365 Algarve», o festival agitou a vida literária e artística da cidade cubista e de toda a região durante ALGARVE INFORMATIVO #224

10 dias, contando este ano com a participação de poetas e artistas de 30 países, envolvidos em eventos de grande envergadura artística e intelectual, desde palestras a recitais, de exposições a aulas de representação, de edições, saraus, conferências, filmes, apresentações e concertos. Ou seja, de tudo um pouco se passou em Olhão, mas não só, porque o V Poesia a Sul deslocou-se, como já o fez em 2018, para fora da cidade. Assim, o evento visita Quelfes, Moncarapacho, Pechão, Fuzeta, mas também a cidade de Beja, onde a poesia foi motivo para celebrar a memória do Nobel português José Saramago, e até Sevilha, numa sessão especial a convite do Consulado Geral de Portugal naquela cidade andaluza. 92


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Outras novidades desta quinta edição foram as aulas de representação teatral, monitorizadas pelo ator e encenador basco Iker Ortiz de Zarate, um dos mais notáveis homens de teatro da nova geração de atores da Península Ibérica, assim como quatro exposições de pintura que decorreram em simultâneo: uma coletiva na Biblioteca José Mariano Gago; outras duas no Museu Municipal de Olhão – Edifício do Compromisso Marítimo; e outra ainda no Salão da Re-Criativa República 14. Também na abertura do Festival, que aconteceu no dia 18 de outubro, foi apresentada a Coleção Autores do Poesia a Sul, uma nova coleção de poesia internacional inaugurada com três livros: «Edificio Nautilus», da espanhola Inma Luna; «Ventos», do vietnamita Chi Trung; e «Missa Branca», do português Fernando Cabrita. Na

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mesma ocasião foi apresentado o n.º 6 dos Cadernos Poesia a Sul, que reúne poemas de 15 autores de outros tantos países do mundo. Perante uma plateia entusiástica, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, fez questão de referir a atenção especial que o executivo que lidera tem dado à cultura no concelho, até mesmo como fator de atratividade turística. “Não queremos ser um destino associado ao «sol e praia» puro, mas a um destino onde também existe a natureza, o património e a alma olhanense, e a poesia faz parte dessa alma. Por isso, acreditámos desde a primeira hora naquilo que o Fernando Cabrita nos propôs, neste sonho que se tem vindo a concretizar cada vez mais, num encontro que se torna mais

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internacional de ano para ano”, afirmou o autarca, antes de passar a palavra a Anabela Afonso, Comissária do «365 Algarve», que depressa agradeceu ao Município de Olhão por “mais uma vez persistir nesta aposta na cultura, e na poesia em particular”, e a Fernando Cabrita “por não desistir do seu sonho”. “Esperamos que todos os participantes e público façam verdadeiramente da poesia uma festa e da cultura uma forma de nos conhecermos melhor uns aos outros”, reforçou Anabela Afonso. Em representação do Ministério da Cultura esteve na inauguração do «Poesia a Sul» Adriana Freire Nogueira, Diretora Regional da Cultura do Algarve, um evento que acompanha desde a primeira edição como amante da poesia que é. “O programa tem ganho uma consistência crescente e gostaria de destacar o 95

trabalho que está a ser feito nos Cadernos, porque é importante que a poesia seja traduzida por poetas. Assim se transporta a nossa poesia para outras línguas e a de outros pontos do mundo para a língua portuguesa”, sublinhou. Fernando Cabrita, o mentor deste singular e importante festival, assume que o «Poesia a Sul» ganhou o estatuto de festival internacional que já não pode ser ignorado. “Para lá das parcerias que existem com o Festival Internacional de Marraquexe e com o Encontro Literário Verso Adentro, de Aracena, esta ano vamos geminar-nos com o Festival Internacional Constelação da Lira, da Rússia; com o Edita, festival latino-americano que une a Espanha e os países da América Latina; e com a Fondation Pierre le Grand, que ALGARVE INFORMATIVO #224


funciona na Bélgica e na Rússia”, evidenciou o poeta e advogado. “É uma honra para Olhão poder juntar, no mesmo ato, durante alguns dias, poetas que chegam da Polónia, Vietname, Índia, Alemanha, Holanda, Espanha, Porto Rico, Estados Unidos da América e tantos outros países”. E embora considere que tudo o que acontece nesta edição é importante, o mentor do evento realçou as exposições coletivas patentes ao longo do festival, mas também a novíssima coleção de ALGARVE INFORMATIVO #224

autores. “A ideia é que se sigam mais autores internacionais, que cada vez mais países possam estar representados nesta coleção, que será, certamente, de sucesso. Temos também 57 bancos da avenida com excertos de poemas dos autores que participam este ano no «Poesia a Sul» e as geminações que vamos realizar vêm reforçar o caráter internacional do nosso festival”, salientou Fernando Cabrita .

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FESTIVAL VERÃO AZUL AGITOU LOULÉ COM VÁRIAS PROPOSTAS ARTÍSTICAS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes e Daniel Pina

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ela primeira vez em formato bienal, depois de um ano de residências no território, nomeadamente em Faro e Loulé, o Festival Verão Azul desdobra-se, em 2019, pelas cidades de Loulé, Quarteira, Faro e Lagos, de 17 de outubro a 2 de novembro. Entre as várias propostas artísticas incluídas no programa contam-se performances, cinema, artes visuais, teatro, dança e música, sob o lema «pela estrada fora», numa clara referência à obra icónica de Jack Kerouac. ALGARVE INFORMATIVO #224

Nesta nona edição, artistas nacionais e internacionais convidam o público a pensar o conceito de Antropoceno – era geológica que se carateriza pelo impacto das ações do Homem no seu habitat, provocando desequilíbrios no mundo. Assim, segundo a organização, “celebra-se a arte, a leveza do encontro e pensa-se o mundo e as suas problemáticas atuais”. E o Festival Internacional de Artes – Verão Azul começou em Loulé com uma estreia nacional, no dia 17 de outubro, no Cine-Teatro Louletano, com «Mining Stories», uma peça de teatro 102


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documental sobre o desastre ambiental Mariana, no Brasil, da dupla belga Silke Huysmans e Hannes Dereere. Resultado também de uma residência artística de criação em 2018, em Loulé, com Milita Doré (artista visual) e Perigo Público (músico), desta feita com Raquel André, aconteceu, no dia 19 de outubro, no Cine-Teatro Louletano, a performance/teatro «Coleção de Artistas», em regime de coprodução. Raquel coleciona coisas raras e nesta terceira peça de coleções de pessoas pediu aos artistas que lhe passassem os seus atos de criação. Na mesma noite, no Auditório do Solar da Música Nova, a jovem artista «Russa», vencedora de vários prémios em pouco ALGARVE INFORMATIVO #224

tempo, transportou o público por uma viagem pelas sonoridades do hip-hop mais clássicas e mais modernas, temas heterogéneos e batidas diversificadas apresentadas a solo pelo rapper portuguesa. O Festival Verão Azul é produzido pela estrutura casaBranca, sendo cofinanciado pelo programa «365 Algarve», Governo de Portugal, Turismo do Algarve e Região de Turismo do Algarve. É uma coprodução da Câmara Municipal de Loulé/Cine-Teatro Louletano e do Teatro das Figuras em Faro, com apoio financeiro das autarquias de Lagos e Faro . 104


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Por sons nunca dantes navegados! Texto: Júlio Ferreira | Fotografia: Vera Lisa ALGARVE INFORMATIVO #224

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ão 2.46 da manhã, cheguei há muito a casa e ainda estou a escrever. Não consigo pregar olho. Ainda cheio de sons e emoções, tenho pensado nas pessoas que somam. Hoje, tivemos o privilégio de conhecer e somar mais duas às nossas vidas. O Pedro e o Nelson são pessoas bonitas – no coração e na alma – que nos fazem acreditar que vale a pena todo o esforço, todo o empenho, toda a dedicação, toda a entrega, porque o retorno maior é a plenitude que recebemos, daqueles que nos acolhem por aquilo que somos e que nos lembram que a amizade é um tesouro, um dom incomensurável. Que se movem menos pela competição e investem na cooperação, que criam laços e desatam ALGARVE INFORMATIVO #224

nós da garganta. O mundo a precisar de pessoas que somam!... E podermos partilhar tudo isto e muito mais com mais 125 almas, foi… mágico! Para preparar a nossa conversa tivemos de ver e ouvir vídeos, pesquisar e ler (quase) todas as entrevistas que Pete Tha Zouk tinha dado. A música eletrónica, confesso que nunca foi a nossa praia, estávamos expectantes, mas seguros e bem documentados. O que nos podia surpreender na noite de ontem, no TEMPO, ao longo de duas horas, com Pete Tha Zouk e VJ the Eye? Aparentemente, nada! No entanto, tudo. A energia daqueles dois «génios», a capacidade de nos contagiarem com o gosto (que se sente) que sentem em cima do palco, a cumplicidade absolutamente genuína 116


e tantas vezes subtil - entre os dois, e deles com o público, a proximidade e distância dos universos da imagem e da musica, quebrada por arranjos, encontros e cruzamentos que tornaram uno o que estava dividido. A soma de tudo isto foi um Choque Frontal ao Vivo, único e inesquecível, no dia 26 de outubro, no Teatro Municipal de Portimão. Quase duas horas cheias, vivas, comoventes. Das melhores que este programa nos deu nos últimos anos, e já tivemos muitas, acreditem. Foi uma conversa surpreendente com Pete Tha Zouk. No canto do palco do pequeno Auditório a leveza conviveu com a profundidade, a ironia e o humor com a seriedade. Para além dos sucessos e das noites a animar pistas de dança por esse mundo fora, o DJ algarvio revelou o lado transversal da sua existência. Pete Tha 117

Zouk mostrou-se entusiasmado e descontraído, entabulando conversa fácil e mostrou que, afinal, é um homem como nós. Aquele que já foi o 37.º melhor DJ do Mundo é um artista, mas igual a nós. Com uma pontinha de génio, mas igual a nós. A habitual honestidade na comunicação, aliada a uma alegria palpável por estar em palco, foi notória desde que entrou ao som de uma intro cuidada e de extremo bom gosto, que ajudou a fluir a conversa. Daí para a frente, senhoras e senhores, depois de «Learn to love», «I’m back again», flutuamos no espaço com as suas aventuras nos grandes palcos, mas também firmamos os pés nas areias finas de «Paradise» e ficamos com a certeza de que «We are Tomorrow». ALGARVE INFORMATIVO #224


A forma como Pete Tha Zouk abordou os seus «fantasmas», os seus medos e os sonhos, são uma lição que servem a artistas, políticos, agentes culturais: a humildade e autenticidade é a mais rica e sábia forma de viver a vida - e quando essa vida é publica, obter reconhecimento e sincera admiração. A transparência com que Pete Tha Zouk falou dos perigos da vida da noite, do amor pela sua avó, pelos seus amigos e a forma como encara a profissão até ao apego genuíno às origens algarvias, resultou nesta unanimidade, neste respeito, nesta admiração que não consegui disfarçar neste texto. Num mundo de «passadores de música» e personagens, de figuras construídas em gabinetes, de sorrisos falsos e aparências, é sempre a autenticidade que acaba por ganhar a taça. A viagem correu bem, ao sabor dos vinhos descomplicados da «Quinta dos Vales», entre os sabores doces e salgados da «Pastelaria Delícias» descobrimos sons antigos e novos, ficámos a perceber e a admirar o mundo da música eletrónica e as pessoas que nela gravitam, chegámos a bom porto muito bem acompanhados por quem nos vai acompanhar noutras viagens por sons nunca dantes navegados. Depois disto, rendido, adormeci! . ALGARVE INFORMATIVO #224

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CLIENTES DA RYANAIR DOARAM 250 MIL EUROS PARA A RENATURALIZAÇÃO DE MONCHIQUE Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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Ryanair, principal companhia aérea da Europa, entregou, no dia 22 de outubro, um donativo de 250 mil euros para a renaturalização da Serra de Monchique como parte da sua iniciativa para compensar as emissões de carbono. A verba, obtida através dos donativos dos passageiros, irá financiar a plantação de milhares de árvores destruídas pelos incêndios de 2018. “Há que olhar para as nossas florestas com um cuidado especial, não só na vertente da produção, mas por causa da necessária busca pela neutralidade carbónica. A floresta, a sua gestão e planeamento, bem como a forma como as pessoas se relacionam com o seu território rural e florestal, serão o grande desafio para o ALGARVE INFORMATIVO #224

nosso futuro coletivo. As alterações climáticas que nos fazem olhar para o futuro com grande apreensão exigem alterações profundas no quotidiano de todos, buscando um equilíbrio de carbono, para o qual o papel da nossa floresta será essencial. Daí a importância de termos políticas públicas de preservação e valorização da floresta, de termos capacidade para que elas sejam mais resilientes aos incêndios, mas, acima de tudo, que haja uma nova visão do homem e do seu relacionamento para com a floresta”, afirmou Rui André, presidente da Câmara Municipal de Monchique. O autarca entende que os incêndios que afligiram o concelho em 2018 devem constituir uma oportunidade para se repensar o futuro e se redesenhar a paisagem, “para 126


tentarmos buscar o equilíbrio que existia em tempos ancestrais entre o homem e a floresta”. “Para que tal aconteça é importante o envolvimento de todos, cabe a todos os cidadãos desempenhar um papel ativo na busca desse caminho e as empresas devem ter a responsabilidade social de contribuírem igualmente para este equilíbrio”, defendeu Rui André, lembrando que o GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente já tem um projeto em marcha em Monchique que prevê o tal redesenho da paisagem e a criação de um «corredor verde» que sirva de tampão, de zona de descontinuidade. “Ao mesmo tempo, pretende revalorizar e renaturalizar uma zona do território que já foi muito rica, mas que acabou por ser ocupado por espécies invasoras e por espécies mais produtivas. Queremos integrar nestes locais algumas espécies

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autóctones que, entretanto, desapareceram. É um trabalho difícil, mas este contributo da Ryanair traznos uma vontade acrescida”, garantiu o edil monchiquense. O CEO da Ryanair, Michael O’Leary, entregou o «chorudo» cheque aos parceiros deste projeto, designadamente a Região de Turismo do Algarve, o GEOTA, o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e a Câmara Municipal de Monchique, numa clara demonstração do compromisso da companhia com o Algarve e o meio ambiente. E, conforme lembrou Michael O’Leary, a Ryanair é a companhia aérea mais ecológica da Europa, operando a frota mais jovem e com as maiores taxas de ocupação e consumo de combustível mais eficiente por passageiro. De igual modo,

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apresenta emissões de CO2 líderes na indústria por passageiro-km, de apenas 66 gramas, um valor até 50 por cento mais baixo do que as outras quatro grandes companhias aéreas europeias. “É um dia muito significativo para a Ryanair e para os nossos clientes porque o Algarve é bastante importante para nós. Sabemos que temos que investir alguns dos nossos proveitos para proteger o meioambiente e queremos trabalhar com estes parceiros para que a região seja reestabelecida ao que era antes dos incêndios de 2018”, sublinhou o empresário, acrescentando que os turistas não buscam apenas as praias do litoral, mas também a beleza natural do interior algarvio.

Outono e Inverno, mas também é nossa intenção sermos a companhia aérea mais limpa e amiga do ambiente da Europa. No espaço de cinco anos vamos também eliminar todos os plásticos dos nossos voos e vamos comprar 200 novos aviões nos próximos 10 anos para reduzir o consumo de combustível e as emissões de dióxido de carbono e de ruído”, revelou o CEO da Ryanair, frisando que os clientes da companhia estão bastante envolvidos nestas missões. “Acreditamos que estes 250 mil euros vão ser um grande impulso para a renaturalização da Serra de Monchique, para restaurar a floresta e o meio-ambiente”, reforçou.

Michael O’Leary enfatizou que a Ryanair traz milhares de pessoas de todos os pontos da Europa para o Algarve, e não apenas durante os meses de Verão, altura em que todas as companhias aéreas voam para a região. “O nosso desejo é trazer mais turistas para o Algarve durante o

Para Marlene Marques, Presidente do GEOTA, o compromisso do setor privado oferece à sociedade civil a oportunidade de apoiar o restauro de habitats florestais importantes e únicos nas áreas devastadas pelo incêndio de Monchique. “Renaturalizar Monchique

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ajudará a restaurar as paisagens culturais desta área, um importante destino turístico nacional e internacional. Por isso, congratulamo-nos com o apoio da Ryanair e dos seus clientes nesta iniciativa, ao devolvermos os habitats vitais a esta área, não apenas para as espécies que neles florescem, mas também na recuperação das matas, das florestas e da vegetação que cresce à beira dos rios, que elevam a importância cultural deste local”, declarou a dirigente, acreditando que a Ryanair está também a contribuir para que a Autarquia de Monchique atinja os seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, “ao prevenir a maior degradação do solo e ao apoiar os esforços de mitigação das alterações climáticas pela captura de dióxido de carbono através da plantação de árvores”.

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Segundo Marlene Marques, o projeto «Renature Monchique» irá intervir em 250 hectares, que correspondem apenas a um por cento da área ardida no concelho em 2018. “É uma pequena gota, mas simbolicamente muito importante, porque demonstra que é possível fazer diferente, no sentido de tornar mais sustentável a intervenção que temos no território. Sabemos que estes cinco parceiros se preocupam com o reordenamento do território e, por isso, não estamos aqui apenas a plantar árvores, mas a restaurar áreas ecológicas para que a economia local disso possa beneficiar”, salientou a presidente do GEOTA, deixando o desafio para que novas parcerias público-privadas «vencedoras» surjam para ajudar a tornar realidade este «Renature Monchique».

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José Castelão Rodrigues, Diretor Regional do ICNF no Algarve, lembrou que 2/3 do território português é ocupado por área florestal, sendo que 84 por cento da propriedade florestal a nível nacional é privada, 14 por cento é comunitária e apenas 2 por cento é pública. “À exceção do Alentejo, a média de exploração florestal em Portugal é de meio hectare, o que a torna uma atividade pouco rentável e apelativa. Nos últimos dois anos tem sido criado um conjunto de diplomas legais para combater as dificuldades que dizem respeito à floresta, como o Cadastro Rústico Simplificado”, apontou. Contudo, apesar

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das muitas condicionantes, “a floresta representa 3 por cento do Produto Interno Bruto e as exportações neste setor até são superiores às importações, o que ajuda a combater o défice nacional”. O dirigente recorda, porém, que a floresta deixou de ser encarada apenas do ponto de vista economicista, mas também pelo crucial papel que desempenha em termos ecológicos. “Em 2016, por exemplo, 50 por cento das energias renováveis advinham da floresta, através da biomassa”, disse o Diretor Regional do Algarve do ICNF. A finalizar a ronda de intervenções,

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João Fernandes, Presidente da Região de Turismo do Algarve, frisou que, “embora o Algarve seja uma região internacionalmente mais conhecida pela excelência das suas praias e campos de golfe, o compromisso com a Natureza assume, a cada ano que passa, maior importância na valorização turística do Algarve”. Assim sendo, elogiou o contributo da Ryanair e dos seus passageiros para a renaturalização da Serra de Monchique, cujos habitats florestais foram devastados pelo fogo em 2018. “Sem a vontade de todas as partes envolvidas – GEOTA, ICNF, Município de Monchique e Turismo do Algarve, além da Ryanair – não seria possível promover o restauro ecológico da terra e das florestas de Monchique em harmonia com o restante território do Algarve, que no seu todo continua a ser o principal destino de férias em Portugal. Quando a 131

Ryanair se mostrou disponível para ajudar nesta missão, contatamos o ICNF, que foi extremamente rápido em identificar a oportunidade de nos aliarmos ao projeto da GEOTA que já estava em curso. Não nos prendemos em dificuldades, olhamos para os parceiros e para as suas capacidades e tornámos este um projeto ágil, não burocrático e prático”, enalteceu João Fernandes, revelando ainda que outros operários turísticos já contataram a RTA devido ao impacto que o «Renature Monchique» terá no terreno. “Acredito que num futuro próximo teremos mais projetos com esta tipologia, porque todas as boas apostas geram esta feliz «bola-de-neve» da maior capacidade do turismo se tornar também um indutor do desenvolvimento sustentável do território”, concluiu João Fernandes . ALGARVE INFORMATIVO #224


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Habitamos casas que não conhecemos Paulo Cunha (Professor) stava eu a assistir a uma atuação de um grupo de música tradicional portuguesa, em que os seus membros tocavam vários instrumentos portugueses de sopro, de corda e de percussão, quando um casal francês, maravilhado pelo timbre e morfologia dos instrumentos, resolveu perguntar a outro casal, português, que estava com os filhos à sua frente, qual o nome dos tão apreciados instrumentos. Foi confrangedor ver as desculpas envergonhadas que toda a família deu por não conhecer nenhum (adufe, cavaquinho, viola braguesa, flauta travessa, entre outros). Eram, afinal de contas, instrumentos da sua grande casa (Portugal) que, tal como os turistas, desconheciam. Antevendo a resposta, questionei-me se saberiam quais os instrumentos típicos e mais tocados no Algarve. Lembrei-me então da minha viagem à Irlanda, onde, pernoitando em sistema B&B (Bed & Breakfast), a todos os anfitriões e transeuntes a quem perguntei algo sobre a sua região ou país, ninguém me negou uma resposta franca e esclarecedora. Tal como noutros países, estes foi um dos atrativos que me fará voltar! Sendo Portugal um país relativamente pequeno, é grande na multiplicidade e riqueza patrimonial, comportamental (hábitos, usos e costumes), linguística, climática, geográfica, gastronómica, histórica, cultural e artística. É um país onde o seu povo é prestável, amável e bom, mas já se percebeu que só isso não chega para se assumir como uma referência a nível internacional. A meu ver, não faz sentido gabarmos a casa dos vizinhos, conhecendo o ALGARVE INFORMATIVO #224

que de melhor têm e, ao mesmo tempo, quando recebemos visitas na nossa casa não lhes conseguirmos explicar o que cá temos. Usando um meio que me é muito querido, o da música, relembro o que o etnólogo e coletor corso Michel Giacometti fez no século passado, descobrindo os «cantos à casa» duma casa que, não sendo sua, se tornou mais nossa através das suas pesquisas e recolhas musicais. Trabalho hoje continuado, acrescentado e enriquecido pelo realizador, documentarista, radialista e visualista Tiago Pereira, através dos seus vídeos incluídos no projeto «A Música Portuguesa a gostar dela própria» (um dos maiores espólios audiovisuais, de tradição oral e memória coletiva, existentes em Portugal). Conheço muita gente que vê, sente e usa a sua casa física, aquela que herdou, comprou ou alugou, como um casulo onde se refugia e protege, fugindo do que não controla e não gosta. Gente que, de tanto viver em função de si, não percebeu que a sua primeira e mais importante casa é o corpo que habita. Um corpo-casa que todos transportamos e que, desejando-o, nos ajudará a conhecer outras casas maiores, espaçosas e arejadas. Casas que depois de visitadas nos proporcionarão «mundo». Um mundo interior que cresce na justa e direta proporção do saber que todos os dias adquirimos. Estejamos disponíveis para permutar saber e veremos o nosso corpo-casa aumentado e enriquecido. De que nos serve termos muito se não lhe damos o devido valor? É o que se passa em relação ao nosso país-casa, que todos os dias é descoberto por quem nos visita e que, visitado e assimilado, será levado além134


fonteiras. Gostaria de ver a mesma curiosidade e desejo de conhecer que muitos portugueses têm ao sair do seu país transpostos para aquilo que temos de melhor, nos diferencia e nos torna únicos. Felizmente, constato que a globalização não é impeditiva, aliás pelo contrário, que as novas gerações conheçam amiúde o que é 135

seu. Doutra forma, como poderíamos nós afirmarmo-nos na diáspora sem levarmos o nosso espírito identitário na bagagem? Abrindo as muitas portas com que nos depararemos pelo caminho e transportando a nossa casa para o mundo, faremos do mundo a nossa grande casa! .

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OPINIÃO

Galaxies, The Space Men (homage to Gil Kane) Uma exposição de Pedro Cabral Santo Mirian Tavares (Professora) “Era questo un amore circolare, che non aveva tuttavia alcun punto di contatto o di corrispondenza – solo sfioramenti, sussurri, passaggi veloci come i desideri che si portano in grembo le stelle quando cadono e appare chiara ai nostri occhi tutta la loro bellezza mentre volano nell’aria ancora un po’, prima di morire o di finire chissà dove”. «Le Cosmicomiche» – Italo Calvino

artista é criador de coisas belas”, diz Oscar Wilde no prefácio d’O Retrato de Dorian Gray. Um prefácio que é, ao mesmo tempo, uma carta de intenções e um ajuste de contas com a sua época, com certas ideias que circulavam e com o desejo de defender a arte pela arte – uma existência que prescindia de justificações. Pedro Cabral Santo é um criador de coisas belas, mesmo que não defenda, como Wilde, a inutilidade da arte na sua acepção mais kantiana. A suas criações são discursivas, são meta-referentes – não existem sem um contexto e exigem, do espectador, além do espanto, a adesão consciente num jogo de múltiplos sentidos e de significações diversas.

Talvez falar de beleza pareça descabido ou anacrônico quando se trata de classificar, ou abarcar, a obra de um artista contemporâneo. Mas é de beleza que se trata quando lidamos com objetos e conceitos, ou com os objetos-conceptuais deste artista: a busca do sublime está presente em cada peça e na sua concepção de espaço. O espaço existe, na obra de Pedro Cabral Santo, como parte da criação, pois nada é deixado ao acaso – há nele, consciente ou inconscientemente, um desejo de organizar o caos. E o caos é o princípio de qualquer criação, é o princípio da nossa ALGARVE INFORMATIVO #224

história enquanto seres humanos num planeta a que chamamos de Terra, como chamamos de terra o solo que nos acolhe e que pode ser fecundado e dar frutos. E é na terra, solo e planeta, que muitos vivem, sem se preocuparem com tudo aquilo que está sobre nós, que nos circunda e envolve e que fazia parte de nós enquanto fomos caos – pó de estrelas, fragmentos, moléculas em movimento antes da grande explosão. E o artista olha para o espaço, para a imensidão inapreensível do que está acima de nós e cria a sua própria versão do mundo, ou do cosmos – palavra que nos remete à ideia de ordem, de harmonia e de beleza. O artista é criador de coisas belas porque é também criador de mundos, de novas cosmogonias e geografias. De novos mapas e de personagens que os habitam. Esta peça, homenagem ao ilustrador Gil Kane, é um gesto de afirmação do artista enquanto criador – metafórica e plenamente. Os mistérios do universo, e da sua organização e harmonização, fascinam o artista que em diversos momentos da sua obra, planeia invadir o infinito, com seus foguetões, com naves espaciais e seres estranhos que vai buscar ao universo da ficção científica que sempre o encantou. As memórias da infância e da adolescência: os filmes, as BDs, as músicas e os brinquedos, são convocados em forma de homenagem a um tempo, que 136


existe e sobrevive para além da cronologia dos relógios e para um espaço que está dentro e fora de nós. Nos anos 60 o escritor italiano Italo Calvino escreveu uma série de contos que mais tarde foram convertidos num livro – Le Cosmicomiche. Com muito humor, Calvino nos fala do princípio de tudo, quando sequer havia a ideia de princípio, antes mesmo de haver qualquer coisa – um amálgama de pontos que existiam em simultâneo e que vagavam no espaço, com nomes 137

impronunciáveis, porque tudo aconteceu antes do nome das coisas e das próprias coisas. E, no entanto, havia a palavra e o gesto que movimentava cada ponto em direção ao outro, um gesto circular e sutil, que se reproduzia em milhares de gestos, em poesia antes da poesia nascer. E é este gesto entre o humor e a poesia, entre a ficção e a realidade que sustenta essa obra. Que é, como tudo mais que faz parte da obra de Pedro Cabral Santo, uma coisa bela. Porque é fresca, como um mundo novo .

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OPINIÃO

Do Reboliço #60 Ana Isabel Soares (Professora)

eboliiiiiço... Anda cá, meu preguiçoooso...”, ouvia dizer-lhe o moleiro. Umas vezes, poucas, era logo que atendia. Se a voz lhe chegava no curso de um movimento, encontrava a pata a meio do passo, a direção tomada, o bicho aproveitava o embalo e, mesmo que tivesse de dar meia volta, ia. Um chamado do dono era para atender sem detença – mas... só se estivesse já em modo de atender. Mais das vezes, estava em off, ou em snooze, que é como quem diz, desligado, em pausa de dormência. Nessas, ouvia lá dentro de um sonho qualquer a voz, um eco, a ressonância que media o longe pelas paredes interpostas até ele, pelo húmido das pedras da calçada, pelo encerro da casa ou a largueza da rua, e, conforme o profundo em que se encontrasse, o Reboliço levantaria meio milímetro da orelha esquerda (ou da outra, se a outra é que estivesse do lado de cima da cabaça e não fosse reforço de almofada), da orelha a metade, ou até, bravura de feito, subiria o corpinho todo, balançaria – muito devagarinho – o peso do tronco entre o par de patas da frente e o par das patas de trás, fazendo esticar cada molécula, ou até, já espreguiçado, sentaria sobre a rua o coto da cauda e, com uma das patas traseiras, daria uma boa coçadela à orelha que estivera adormecida, pôr-se-ia de pé, sacudiria cabeça e curteza de ser, e avançaria até à voz. Afinal, que urgência poderia ter o moleiro na chamada? ALGARVE INFORMATIVO #224

(Saber a voz a que responder era conhecer quem lhe era dono – mas o Reboliço também se perguntava tantas vezes sobre essa ideia de «donar», de responder àquela e não a outra voz, de ser aquela a frequência que reconhecia como sua, entre as muitas que ouvia no mundo do Moinho Grande. “Ser de quem sou é responder àquele que me chama, e só àquele”.) O Reboliço não era cão grande que servisse de atalaia e susto às pausas dos dias do monte. Não era cabra que, balindo, desse o leite todas as manhãs, nem galo de voz despertadora (se o canto dele era o silêncio), não era galinha que pusesse o primor dos ovos, nem pombo para enriquecer o arroz. Não era gato que de ratos limpasse aquele templo de farinha e grão. (Aliás, a esses não precisava o moleiro de chamar, a não ser para lhes dizer que chegara a comida – e só com as distraídas das galinhas é que tinha de insistir, piu-piu-piu-piu; aos gatos, um bchano-bchano só e era a multidão das duas dezenas a juntarem-se de roda da gamela; o cão grande não exigia, ia ao comer quando ia; as cabras era como se nada fizessem, além de comer; os pombos, havendo milho, regressavam ao pombal). Para que o chamaria, então, o dono? Que serventia teria ele?, perguntava-se o Reboliço nos segundos que antecediam a queda para dentro do sonhar. Então, via como em panorama as suas cenas preferidas: o 138


Foto: Vasco Célio

moleiro fora do moinho, nos instantes que o traziam à casa ou dela o levavam, para as refeições, para dormir, a chamálo para estar ao lado dele, para lhe dizer “Boa noite, cadelinho”, ou “Anda cá, bom dia. Toma lá a bolacha”. O moleiro a caminhar ao lado do Reboliço, o passo no ranger do cabedal da bota, o Reboliço a patear ao lado do moleiro, o compasso tilintado da esquilinha, devagar, devagar, dobrada a casa e assentada a pedra da esquina para assistirem à abalada de 139

algum vizinho ou à gala do sol a pôr-se – servia, então, para isso, pensava, naquele sono fundo que a voz do moleiro não conseguia perturbar. O Reboliço fazia completo o quadro do monte com o Moinho a guardá-los, moleiro e canito, canito, moinho e moleiro . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #224


OPINIÃO

Saga (4) Fernando Esteves Pinto (Escritor) telefone não tocava há duas semanas. Quando isso acontece é porque está tudo bem, pensava a senhora Rosa. É estranho como a felicidade se esconde na ignorância. A filha da senhora Rosa trabalha no hospital. Está farta do marido e decide abandoná-lo. Sai de casa para ir trabalhar. Há um doente na sua área de serviço que merece tratamento especial. O filho do doente espera-a no corredor. Conversam, chegam a um acordo, e a filha da senhora Rosa decide não voltar mais para casa. Num tempo episódico a filha da senhora Rosa percebeu que estava ali um novo cenário para a sua vida: um velho a morrer, um jovem divorciado e a hipótese de voltar a ser feliz. Como uma criança que faz um desenho e se sente especial. Mas a felicidade idealizada nunca corresponde à realidade. Foram no carro para o Guincho e contaram a vida um ao outro. Tanta história para acabarem no banco de trás. Parece que a felicidade depende de entregar a vida a um estranho. Se fosse assim tão simples. Se o amor se construísse apenas com as histórias que contamos sobre a nossa vida. É tudo muito mais do que isso. Se o telefone não toca é porque a vida corre sem novidades, pensava a senhora Rosa. É incrível a quantidade de pessoas, homens e mulheres, que saem todas as manhãs de casa com o sentimento de nunca mais regressarem. Há sempre alguém no outro lado com uma promessa, um pedido, uma oferta irrecusável. Ou um amor à espera. É sempre uma tentação deixar-se ALGARVE INFORMATIVO #224

envolver pelo estranho. A vida dos outros é sempre mais interessante. A filha da senhora Rosa estava a ficar farta dos mesmos episódios: filhos, casa, trabalho, cozinha, cama. Não percebe que noutra história só muda a ordem dos acontecimentos. O interesse pelos outros permanece enquanto a história não chega ao fim. A continuidade é uma questão de interpretação. Feliz é a senhora Rosa, que não tem de atender o telefone para ficar a saber que a vida da filha se conta por outras palavras. Um homem hospitalizado e um filho dedicado que o visita todos os dias e se envolve com uma assistente de acção médica. A insatisfação é uma doença. Enquanto o velho se aguentar vivo, a relação dos dois manter-se-á viva também. É este o argumento miserável que os mantém unidos. A filha da senhora Rosa percebe finalmente que a sua felicidade depende de um acto de recuperação. Assim como a felicidade da senhora Rosa está ameaçada por um toque de telefone. Uma chamada para a infelicidade. Uma morte para acabar com a esperança. O pior de tudo na vida é o facto de dependermos dos outros. Os sentimentos associados a alguém geram conflitos de interesse e desigualdade de comportamentos. A vida acontece mais pelos outros do que por nós próprios. A prova está no telefone que não toca . Nota do autor: os quatro textos aqui publicados sob o título Saga são meros apontamentos datados de 2007, e posteriormente incluídos no livro Património Bukowski, em 2013.

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MUNICÍPIOS ALGARVIOS ASSINARAM MEMORANDO DE ENTENDIMENTO NA ÁREA ENERGÉTICA Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

António Carvalho, José Carlos Rolo, Filipe Vital, Vítor Guerreiro, Francisco Serra, Vítor Aleixo, Filomena Sintra, Osvaldo Gonçalves e Cláudio Casimiro

Agência Regional de Energia e Ambiente do Algarve (AREAL) promoveu a assinatura de um Memorando de Entendimento entre os Municípios de Albufeira, Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Loulé, Portimão e São Brás de Alportel, com a parceria da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional ALGARVE INFORMATIVO #224

do Algarve, desenvolvido no âmbito do projeto europeu StoRES «Promotion of higher penetration of Distributed PV through storage for all», financiado pelo Programa Interreg MED, e que visa envolver as autoridades locais para a criação de uma rede regional de cooperação para o autoconsumo de energia renovável e comunidades de energia. O objetivo maior é fomentar o aumento da implementação de soluções de energia fotovoltaica e 144


armazenamento de energia no Algarve, conforme ficou bem patente ao longo da cerimónia que se realizou, no dia 18 de outubro, no Palácio Gama Lobo, em Loulé. A energia e o ambiente são domínios que têm vindo a assumir um maior peso na definição de políticas municipais, 145

nomeadamente na tomada de ações de âmbito local para a mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Exemplo disso é a recente publicação da Diretiva 2018/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu, de 11 de dezembro de 2018, relativa à promoção da utilização de energia de ALGARVE INFORMATIVO #224


fontes renováveis, que frisa a crescente importância do autoconsumo de eletricidade renovável, consagrando e definindo os conceitos de autoconsumidores de energia renovável e comunidades de energia. Paralelamente, em Portugal, os recentes avanços previstos no PNEC – Plano Nacional de Energia e Clima, bem como no Roteiro para a Descarbonização 2050, vêm colocar a problemática da energia e do ambiente na agenda local e regional e sublinham a urgência na sua resolução para atenuar o efeito das alterações climáticas. Sendo o Algarve uma região com elevado potencial de energia renovável, nomeadamente a energia solar, importa que este recurso seja aproveitado para a produção de água quente e de eletricidade, nomeadamente através da tecnologia fotovoltaica (PV). E, de acordo com as últimas linhas de orientação da Comissão Europeia, o reforço das ALGARVE INFORMATIVO #224

capacidades das soluções PV com armazenamento contribuirá para o desenvolvimento regional e local no que diz respeito à utilização de energias renováveis, com especial relevo para a produção descentralizada. “O Plano Nacional de Energia e Clima prevê que 47 por cento da energia produzida em Portugal, em regime primário, tenha origem em fontes renováveis, dos quais 80 por cento terá que ser atingido a nível de eletricidade. Para além dos planos de expansão existentes em Portugal, quer da energia hídrica como da fotovoltaica e eólica, de forma centralizada, teríamos que olhar cada vez mais para a forma descentralizada, ou seja, pequenas ou médias unidades de produção de energia”, explicou o engenheiro Cláudio Casimiro. De acordo com o Diretor-Geral da AREAL, os consumidores estão cada vez 146


mais ativos nos processos de consumo de energia, o que exige modificações nos edifícios em que residem ou trabalham. Ao mesmo tempo, aposta-se mais numa estratégia 3D – Descarbonização, Descentralização e Digitalização de Energia. “As tecnologias de informação permitem-nos saber o que cada um de nós consome e logicamente que as energias renováveis, na sua produção, têm emissões zero de dióxido de carbono. É com base nestes pressupostos que decidimos criar uma rede – informal e aberta a quem se deseje associar a ela – que possibilite desenvolver estratégias e soluções de autoconsumo nos municípios. E termos soluções integradas é extremamente importante, porque a nova legislação permitirá que, a partir de 1 de janeiro de 2020, todos possamos ser autoprodutores de modo coletivo e descentralizado, assim como partilhar energia e criar comunidades de energia renováveis”, adianta o dirigente. Outra ambição desta rede é partilhar igualmente as fontes de financiamento, sabendo-se que, no horizonte de 20212030, existirão fundos próprios para soluções de eficiência energética e de energias renováveis. “Temos aqui um conjunto de sete municípios aderentes e pioneiros e pretendemos, numa próxima fase, desenvolver um plano de atividades onde a AREAL possa ser um elemento agregador para se traçar uma estratégia comum para o desenvolvimento do autoconsumo coletivo e de comunidades de energia”, reforçou Cláudio Casimiro. Já Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve, chamou a atenção para a RIS3, uma estratégia de desenvolvimento 147

inteligente regional no âmbito da qual foi criado o CIRA – Conselho de Inovação Regional do Algarve. “Temos realizado um trabalho conjunto com a universidade, as empresas, as associações e também com indivíduos isolados para tentar aproveitar as oportunidades de financiamento existentes para alavancar projetos estratégicos de longo prazo. Até agora temos trabalhado no sentido de organizar as ideias, identificar oportunidades e tentar perceber os mecanismos de mudança. Uma mudança que está cada vez mais presente também na opinião pública e não apenas nas instâncias superiores”, frisou Francisco Serra. Para o presidente da CCDR Algarve não restam dúvidas de que o futuro terá que estar assente no que é renovável e sem exaurir os recursos do planeta. “A produção de energia renovável, seja eólica, solar ou hidroelétrica, é conhecida, tem feito o seu caminho e as tecnologias que permitem uma exploração mais eficiente e de maior escala têm vindo a baixar de custo. É claro que ainda temos problemas para resolver, porque, por exemplo, a produção instantânea não resolve os problemas da prestação continuada de serviço. Isso implica que tenhamos que recorrer a soluções de armazenamento, que também têm feito o seu caminho, mas que ainda não estão isentas de riscos, até mesmo para o ambiente”, avisa Francisco Serra. “A investigação é fundamental para o desenvolvimento tecnológico, mas também será crucial a nossa capacidade de nos ALGARVE INFORMATIVO #224


organizarmos de formas diferentes, para podermos partilhar, para gerirmos de modo distinto”, defende, daí mostrar-se muito satisfeito por se ter dado o primeiro passo para a criação de uma rede inteligente de energia. “A CCDR Algarve tem colocado à disposição mecanismos de financiamento que podem ser aproveitados pelas universidades, entidades, associações, autarquias e empresas e estamos a ultimar uma candidatura com vista à construção de uma Região Inteligente. Será uma plataforma de dados abertos para facilitar a partilha de conhecimento e fomentar o desenvolvimento de aplicações. Mas, volto a dizer, será fundamental conseguirmos alinhar visões, trabalharmos em rede e concretizarmos coisas em conjunto”. Após a assinatura do memorando de entendimento, o anfitrião da cerimónia, Vítor Aleixo, enfatizou que os problemas globais em torno da energia deverão ter respostas locais à altura das exigências. E a ALGARVE INFORMATIVO #224

autarquia louletana já começou a fazer a sua parte, no seguimento da sua estratégia de adaptação às alterações climáticas, como é disso exemplo a sede da empresa municipal Inframoura, toda ela autossuficiente do ponto de vista energético. “Ali não há consumos feitos a partir da rede de distribuição, graças ao pioneirismo daquela empresa e ao estímulo constante que o executivo da Câmara Municipal de Loulé presta àqueles que, no terreno, pretendem percorrer este caminho. Não estamos a falar de nenhuma fantasia, mas de algo que é real na sede da Inframoura, no Mercado Municipal de Loulé, na Escola Básica de Salir”, afirmou Vítor Aleixo, revelando ainda que está a ser preparada uma plataforma eletrónica que concentrará toda a informação alusiva a pontos de consumo, estado das infraestruturas, modos de consumo e pagamento, com o objetivo de se alcançar uma gestão mais eficiente da energia . 148


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IAPMEI DISTINGUIU MELHORES EMPRESAS DO CONCELHO DE LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina auditório do Solar da Música Nova acolheu, no dia 18 de outubro, a cerimónia de distinção, por parte do IAPMEI, das empresas PME Líder e PME Excelência do Concelho de Loulé, numa sessão que contou com a presença do Secretário de ALGARVE INFORMATIVO #224

Estado da Economia, João Neves. Com esta iniciativa de reconhecimento pretenderam os responsáveis municipais enaltecer a prestação do tecido empresarial local e o seu decisivo contributo para o desenvolvimento económico do concelho, assim como estimular projetos futuros e atrair novos investimentos para o concelho. “Loulé está a atravessar, do ponto de vista 150


económico, um excelente período, à imagem do que sucede com o nosso país, contudo, também nos debatemos com as contingências advindas da escassez de mão-de-obra. É um problema grave e o Governo tem que encontrar soluções para este bloqueio à atividade económica. Os restaurantes e hotéis não têm funcionários, as empresas de construção civil não têm operários especializados. A isto soma-se a sobreocupação do parque habitacional, de modo que as empresas também não sabem onde alojar os empregados que querem contratar”, começou por dizer Vítor Aleixo, perante uma plateia repleta de empresários. O presidente da Câmara Municipal de Loulé lembrou que foi estudada, planeada e aprovada uma estratégia local de habitação até 2030, com projetos muito

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concretos para resolver este problema a cerca de 1.400 famílias. “Isto só é possível porque o Governo finalmente concebeu uma política de iniciativa pública para o setor e brevemente iremos assinar um contrato com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana. Adquirimos terrenos, temos projetos feitos e lotes infraestruturados para iniciar obras, vamos arranjar soluções para este drama”, garantiu o edil louletano, adiantando ainda que o concelho de Loulé tem a menor carga fiscal possível de aplicar no país, o que também contribui para o fulgor económico do território. “Temos o IMI mais baixo de Portugal e prescindimos dos 5% de IRS pagos pelas famílias, valores que ficam nos agregados familiares, e também não temos derrama, mais uma vantagem para as empresas do

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concelho de Loulé. Tudo isto cria, como é óbvio, um contexto atrativo para os investidores e prova disso é que a Área Empresarial de Loulé está muito bem preenchida, sendo das mais significativas a sul de Setúbal”, destacou o autarca. Vítor Aleixo aproveitou a oportunidade para realçar dois investimentos bastante importantes para o concelho, um deles o Algarve Biomedical Health Center, com valências distribuídas por Loulé e Vilamoura. “O Algarve não pode ficar eternamente dependente da monocultura do turismo. É a mola real do Algarve, mas temos que encontrar outros setores de desenvolvimento económico e vamos implementar um projeto na área das biociências complementares à inovação e investigação no campo da saúde”, indicou. Quanto ao segundo investimento, ALGARVE INFORMATIVO #224

esse de natureza privada, prende-se com a intenção de um grupo de investidores britânicos em reabilitar uma infraestrutura degradada no concelho de Loulé para a colocar ao serviço da produção cinematográfica. “Entendem que tem condições ideias em termos de acesso, mas também de ecossistema empresarial, porque vão precisar recorrer a vários serviços locais para levarem a cabo a sua atividade. É uma proposta suficientemente concreta e madura para me permitir anunciá-la publicamente”, congratulou-se Vítor Aleixo. “Nós continuaremos a trabalhar para concorrer para o êxito empresarial das vossas atividades. O papel do autarca é criar o melhor contexto possível para que possamos ser um concelho pujante, dinâmico, capaz de aceitar desafios e de realizar 152


os sonhos de todos, mas, aqui particularmente, dos empresários”, finalizou o presidente da Câmara Municipal de Loulé. No contexto regional, e de acordo com Carolina Travassos, do IAPMEI, as PME Líder do concelho de Loulé representam 19 por cento na região, enquanto que as PME Excelência correspondem a 22 por cento do total do Algarve. No que diz respeito aos setores, destaque para o comércio (44 por cento) e turismo (36,9 por cento). A grande maioria das empresas distinguidas são pequenas empresas (77 por cento), enquanto que 17 por cento são médias empresas e apenas 6 por cento correspondem a microempresas. Segundo dados apresentados por João Rodrigues, também do IAPMEI, numa análise ao tecido empresarial de Loulé, este concelho destaca-se claramente no contexto dos restantes municípios algarvios com o maior número de concentração de empresas. Em 2017 estavam ali instaladas 9.139 empresas individuais e 3.843 sociedades. No que toca aos setores representados, alojamento, restauração e similares representam 18 por cento, atividades administrativas e dos serviços de apoios 15 por cento, comércio por grosso e a retalho 15 por cento, construção 10 por cento, agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca 10 por cento e atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares 7 por cento. No que toca ao volume de negócios, e também de acordo com dados de 2017, o tecido empresarial gerou 1.697 milhões de euros, correspondentes a 85,9 por cento 153

do valor de negócios total do concelho. Em termos da taxa média de variação anual entre 2010 e 2017, verificou-se um crescimento de 2,5 por cento do volume de negócio das empresas no Algarve, enquanto que em Loulé esse aumento foi mais significativo, de 2,7 por cento. Também em relação ao valor acrescentado bruto, a taxa média de variação anual dos últimos do concelho é superior: 3,9 por cento no Algarve e 4,4 por cento em Loulé. Em suma, a elevada atratividade do concelho de Loulé, no contexto regional, está bem expressa no maior número de empresas sedeadas no concelho, evidenciando um maior dinamismo empresarial do que a média da região. A produtividade média do trabalho das empresas do concelho de Loulé (17,611,1 euros) é superior à média regional (+1,8 por cento), mas corresponde apenas a 74 por cento da média nacional, com exceção das atividades artísticas, de espetáculos, desportivas e recreativas, atividades imobiliárias e atividades captação, tratamento e distribuição de água, saneamento, gestão de resíduos. Ainda durante esta sessão, o vicepresidente da Autarquia de Loulé, Pedro Pimpão, fez uma breve apresentação da Área Empresarial de Loulé, uma das mais significativas e pujantes a sul de Setúbal, enquanto que o presidente da CCDR Algarve, Francisco Serra, abordou os investimentos financeiros estruturais, no âmbito do CRESC Algarve 2020 e perspetivas para 2030 .

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #224

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