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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 9 de novembro, 2019
EUROPEAN LE MANS SERIES |«DIÁLOGO DE SOMBRAS» | PORTUGAL MASTERS | «AMÁLIA SEMPRE» 1 ALGARVE INFORMATIVO #225 «NA COMPANHIA DE SOPHIA» | «O MUNDO DE SOPHIA» | RALLYE CASINOS DO ALGARVE | OJA
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156 - Executivo Municipal de São Brás de Alportel faz balanço positivo a meio do mandato
44 - Ricardo Teodósio sagrou-se Campeão Nacional de Ralis
16 - Portugal Masters de Golfe
56 - «Les Princesses» no «Lavrar o Mar» ALGARVE INFORMATIVO #225
32 - European Le Mans Series no Autódromo Internacional do Algarve 8
108 - «Amália Sempre» no Auditório Municipal de Albufeira
82 - «Na Companhia de Sophia» na Biblioteca Municipal de Loulé
94 - Orquestra de Jazz do Algarve festejou 15.º Aniversário em Lagoa
72 - «Diálogo de Sombras» no Lethes
OPINIÃO 128 - Paulo Cunha 130 - Mirian Tavares 132 - Ana Isabel Soares 134 - Paulo Bernardo 136 - Fábio Jesuíno 138 - Fernando Esteves Pinto 140 - Vera Casaca 118 - »O Mundo de Sophia» no Teatro Municipal de Portimão 9
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STEVEN BROWN VENCEU P
RICARDO MELO GOUVEIA E TOM Texto: Daniel Pina | Fotografia: Irina Kuptsova e Daniel Pina
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PORTUGAL MASTERS,
MÁS SILVA FICARAM NO TOP-30
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ela sexta vez em 13 edições, o último dia do Portugal Masters atraiu mais de 10 mil espectadores e pela quinta vez houve mais de 37 mil pessoas a passarem pelo Dom Pedro Victoria Golf Course ao longo dos cinco dias de competição (37.558), mas muito poucos apostariam que o campeão do único torneio português do European Tour seria Steven Brown. O inglês de 32 anos está longe de ser uma estrela, tendo iniciado a semana no 150.º posto da Corrida para o Dubai e estava em sério risco de descer ao Challenge Tour, a segunda divisão europeia, surgindo apenas no 550.º lugar do ranking mundial. ALGARVE INFORMATIVO #225
Com a consciência de que apenas a vitória ou o segundo lugar no torneio de 1,5 milhões de euros em prémios monetários o manteria na primeira divisão europeia, colocou-se em posição de o conseguir e partiu para a última volta, no dia 27 de outubro, a três pancadas do líder, o sul-africano Brandon Stone, mas ele próprio admitiu que “não estava nada à espera disto”. Num ápice embolsou o cheque de 250 mil euros, saltou para o 69.º lugar da Corrida para o Dubai e não só assegurou que irá continuar na elite europeia até ao final de 2020, como também se apurou no limite para o milionário Turkish Airlines Open, em novembro, reservado ao top-70 do ranking do 18
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European Tour, um evento da prestigiada Série Rolex. Steven Brown nunca tinha ganho um torneio do European Tour. O mais perto – e bem perto – fora o «play-off» perdido para o inglês Matt Wallace no Made in Denmark do ano passado. E este ano ainda não alcançara qualquer top-10, embora na semana passada o 11.º lugar no sempre complicado Open de França já desse a ideia de estar em crescendo de forma. Tudo acabou por conjugar-se na perfeição nos dois últimos dias. No sábado arrancou uma penúltima volta em 65 pancadas, seis abaixo do Par, o seu melhor cartão de toda a época. E no domingo quase o igualou com uma ronda em 66 (-5), para um agregado de 267 (-17), dado que nos dois primeiros dias carimbara «scores» de 69 e 67. Steven Brown foi também o terceiro jogador a triunfar pela primeira vez no 21
European Tour no Portugal Masters, depois do seu compatriota Tom Lewis em 2011 e do dinamarquês Lucas Bjerregaard em 2017. O britânico bateu por uma única pancada os sul-africanos Brandon Stone (voltas de 66, 66, 66 e 70) e Justin Walters (65+66+71+66). Para Walters há uma sensação de «déjà vu». Em 2013 a sua mãe tinha falecido três semanas antes de vir para o Algarve. Uma milagrosa última volta levou-o a sagrar-se vice-campeão e a manter-se no European Tour. Este ano o seu pai faleceu no Verão e Justin voltou a terminar em 2.º posto e a segurar o cartão para 2020. Como disse Steven Brown, “foi um dia esquisito”. Estranho também para os jogadores portugueses. Nenhum jogou mal, mas também nenhum conseguiu uma daquelas voltas extraordinárias que pudessem levá-los ao topo. Ao contrário de 2017 e 2018, desta feita não houve ALGARVE INFORMATIVO #225
nenhum golfista nacional no top-10, mas os top-30 de Ricardo Melo Gouveia e de Tomás Santos Silva, bem como o top-40 de Tiago Cruz, são classificações positivas, embora possam, naturalmente, saber a pouco. Ricardo Melo Gouveia e Tomás Santos Silva empataram no 29.º lugar com 276 pancadas, oito abaixo do Par, merecendo um prémio de 14 mil euros. Mas se o melhor português no European Tour até subiu seis posições na classificação graças a uma última volta de 68 (-3), o bicampeão nacional, pelo contrário, tombou 10 degraus no leaderboard após um derradeiro cartão de 70 (-1). Diga-se que Tomás Santos Silva esteve no top-20 até ao duplo-bogey no último buraco por um segundo «shot» que foi à água. Agora, para o bicampeão nacional, vem aí a Segunda Fase da Escola de Qualificação, em novembro, em Espanha, pelo que ainda é possível o sonho ALGARVE INFORMATIVO #225
de estar no European Tour em 2020. Quem também estará nesse Segunda Fase são Tomás Bessa, Tomás Melo Gouveia e Pedro Figueiredo, que falharam o cut neste Portugal Masters, bem como Ricardo Melo Gouveia. Tiago Cruz está a regressar aos poucos ao seu melhor. O 40.º lugar no Portugal Masters é a sua melhor classificação de sempre na prova, tal como são o seu melhor resultado de sempre as suas 278 pancadas (-6), com voltas de 69, 66, 73 e 70, para um prémio de 8.700 euros. Claro que para quem chegou a meio da prova no top-10 poderá saber a pouco, mas não é assim que ele pensa. “O total dos quatro dias foi bastante positivo. Saio de cabeça erguida e sinto que poderia estar a jogar ao mais alto nível”, disse o ex-bicampeão nacional. 22
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IDEC SPORT VEIO AO ALGARVE SAGRAR-SE CAMPEÃ DO EUROPEAN LE MANS SERIES Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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Autódromo Internacional do Algarve foi palco, de 25 a 27 de outubro, de mais uma entusiasmante prova do European Le Mans Series, com as «4 Horas de Portimão» a disputarem-se na tarde de domingo e a culminarem, de ALGARVE INFORMATIVO #225
forma dramática, a temporada, depois da viatura número 28 da Idec Sport, pilotada pela dupla Oreca/Gibson, cruzar a meta em primeiro lugar e, com isso, a conquistar os títulos de Campeão Individual e por Equipas, já que os líderes à chegada ao Algarve, a G-Drive Racing, se quedaram pela sexta posição. Terminava, assim, um domínio de três anos da G-Drive na categoria LMP2 do 34
segundo lugar, logo atrás de Terrence Woodward, Ross Kaiser e James Dayson, da britânica 360 Racing Ligier, que assim se estrearam a vencer no European Le Mans Series. Na categoria de LMGTE, os suíços da Luzich Racing já tinham carimbado os títulos individuais e coletivos em SpaFrancorchamps e voltaram a ganhar em Portugal, pelas mãos de Fabien Lavergne, Nicklas Nielsen e Alessandro Pier Guidi, ao volante do Ferrari F488 GTE EVO.
European Le Mans Series, sendo que ambas as formações foram automaticamente convidadas para participar na mítica 24 Horas de Le Mans em 2020. Em LMP3, o campeonato ficou nas mãos da equipa polaca da Inter Europol Competition, depois de Nigel Moore ter terminado a prova do circuito algarvio em 35
As 4 Horas de Portimão acabaram, no entanto, por não ser quatro horas efetivas de corrida, isto porque, logo na primeira volta, no final da curva número 5, um aparatoso acidente envolveu sete viaturas e só ao fim de 55 minutos é que a bandeira vermelha deu lugar à bandeira amarela, com a corrida a reiniciar-se com o safety car à frente do pelotão de pilotos ainda em prova. Jack Manchester e Christian England ainda foram conduzidos ao hospital por precaução, enquanto que os demais pilotos foram logo liberados após análises no centro médico do Autódromo Internacional do Algarve. Safety Car que teve que regressar novamente à pista em algumas ocasiões, o que acabou por baralhar um pouco a estratégia das equipas, assim como as várias idas às boxes para pequenas reparações. Uma prova da dificuldade que o circuito de Portimão coloca aos pilotos, o que o torna um dos mais emocionantes e desafiantes do Velho Continente . ALGARVE INFORMATIVO #225
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RICARDO TEODÓSIO E JOSÉ TEIXEIRA SÃO CAMPEÕES NACIONAIS DE RALIS Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #225 ALGARVE INFORMATIVO #225
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runo e Hugo Magalhães, num Hyundai I20 R5, venceram o Rallye Casinos do Algarve, última prova do Campeonato de Portugal de Ralis que se disputou, nos dias 1 e 2 de novembro, nos concelhos de Lagoa, Lagos, Monchique e Portimão, mas foi a dupla Ricardo Teodósio/José Teixeira, em Skoda Fabia R5, a conquistar o título de Campeã Nacional de Ralis, ao mesmo tempo que conseguiu o segundo lugar na prova algarvia. A fechar os lugares do pódio ficou o Campeão da Madeira de Ralis, Alexandre Camacho, navegado por Jorge Henriques, num Skoda Fabia R5. Ricardo Teodósio consegue assim o seu primeiro título de campeão num ano em que alcançou duas vitórias e três segundos lugares nas provas que compuseram o calendário. Bruno Magalhães, que esteve na luta pelo título até à última especial, obteve, no Algarve, a sua primeira vitória à geral, mas não foi suficiente para chegar ao cetro. Consegue assim o Vice-Campeonato no ano que marca o seu regresso ao Campeonato de Portugal de Ralis. Armindo Araújo (Hyundai i20 R5) era outro dos candidatos ao título, mas desde cedo se percebeu que não teria andamento para os pilotos da frente, terminando a prova no quarto posto. José Pedro Fontes (Citroen C3 R5) também estava na luta pelo título de campeão, no entanto, um despiste na PEC 7 obrigou à sua desistência. No que às duas rodas motrizes diz respeito, João Marcelino e Valter Cardoso (Renault Clio R3 Maxi) foram os vencedores. Márcio Marreiros e Rui Serra (Mitsubishi Lancer Evo VII) foram os melhores no plano do Campeonato Sul de Ralis e asseguraram o título de 2019 . ALGARVE INFORMATIVO #225
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Les Princesses deslumbrou Aljezur e Monchique Texto: Daniel Pina Fotografia: Daniel Pina
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«Lavrar o Mar» é, sem qualquer margem de dúvida, o prato forte do «365 Algarve», um programa conjunto das Secretarias de Estado da Cultura e do Turismo criado há quatro anos com o propósito de dinamizar a vida cultural da região durante a época baixa, designadamente de outubro a maio. Nas três primeiras edições muitas foram as propostas de qualidade superior apresentadas pela dupla Madalena Victorino e Giacomo Scalisi, por isso, a fasquia está sempre colocada bem alto, mas o quarto capítulo deste festival promete não defraudar as expetativas. E se mais provas fossem necessárias, elas foram dadas por «Les Princesses», dos franceses «Cheptel Aleïkoum, que foi a ALGARVE INFORMATIVO #225
cena, em Aljezur, de 17 a 20 de outubro e, em Monchique, de 24 a 27 de outubro. Oito noites, oito sessões, oito lotações esgotadas, e mais lugares houvesse no anfiteatro colocado no Espaço Multiusos de Aljezur e na Escola Básica Manuel do Nascimento, em Monchique, e mais pessoas teriam tido a oportunidade, e o prazer, de assistir a um espetáculo verdadeiramente maravilhosos de circo aéreo e cantado, em francês, claro está. As palavras não fazem, de facto, justiça ao que se assistiu na arena do «Les Princesses» e mesmo os mais jovens que iam na expetativa de assistir aos ilusionistas, aos domadores de animais e aos palhaços do tradicional circo de outros tempos, rapidamente ficaram de olhos brilhantes e sorrisos nos lábios à medida que a ação ia tendo lugar. 58
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E o início do espetáculo deu logo o mote para toda a noite, com uma princesa a entrar, deitada e adormecida, numa cama, ladeada por dois coelhos gigantes. No alto de uma das bancadas, um elemento da companhia cantava e tocava ao vivo, no centro, os dois coelhos gigantes, quietos, à espera, em redor, o público também ele à espera, sem saber o que se estava a passar. Até que alguém reparou que, lá no alto, uma placa dizia «Kiss Me» e se lembrou que, na história da Bela Adormecida, era necessário um beijo para a ALGARVE INFORMATIVO #225
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princesa acordar. E lá foi ele, e mais outro e outra, até crianças, sozinhas ou aos pares, tudo a dar beijos na bochecha da princesa. Que teimava em permanecer adormecida. Até que os coelhos gigantes levantaram uns placares a dizer que o beijo teria que ser dado na boca e que, se a princesa não acordasse, não havia espetáculo para ninguém. Da última fila lá foi um valente espetador dar um beijo na boca da princesa, que num instante acordou e levou o seu «príncipe» para um trono
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localizado num dos lados da bancada. E depressa toda a gente percebeu que ninguém ia ter sossego durante o espetáculo, porque os artistas andavam frequentemente pelo meio da assistência, umas vezes a interagir diretamente com o público, a integrá-los nos números, no enredo da história, noutras vezes simplesmente para chegarem ao alto da bancada e desapareceram para o exterior, ou no sentido inverso. Lá no alto, junto ao teto, uma parafernália de suportes, cordas, trapézios, onde os artistas faziam as suas
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coreografias áreas de suster a respiração. Incríveis. Sempre com bastante boa-disposição à mistura, muita música, público a cantar, envolvido do princípio ao fim na magia do circo. Acrobacias, cantorias, malabarismos, risos e risadas, «Les Princesses» teve de tudo, com uma premissa a nortear tudo: a noção de que os contos ajudam as crianças a aceitarem-se, a confortarem-se e a ultrapassarem os seus grandes medos. Por isso, ao longo da noite, vários contos acompanharam a assistência, maravilharam os mais novos, fizeram os adultos recordar os seus tempos de infância, os momentos mágicos das nossas meninices. Com conceção de Marie Jolet e criação coletiva com colaboração artística de Christian Lucas, «Les Princesses» foi interpretado, magistralmente, por Matthieu Duval, Marie Jolet, Marjolaine Karlin, Alexandra Gattica, Julien Michenaud, Carine Nunes e Marc Pareti e deixou toda a gente com vontade de assistir ao que o «Lavrar o Mar» preparou para esta nova temporada .
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CICLO DE TEATRO ESPANHOL ARRANCOU NO TEATRO LETHES COM «DIÁLOGO DE SOMBRAS» Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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e 25 de outubro a 3 de novembro, o Teatro Lethes, em Faro, abriu as suas portas, pela quinta vez, ao Ciclo de Teatro Espanhol, no âmbito da participação da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve no Circuito Ibérico de Artes Cénicas que engloba estruturas de criação, produção e programação artística de Portugal e de Espanha. A parceria é importante para a valorização, numa lógica de interculturalidade, das artes de palco de ambos os países e as companhias que estiveram este ano presentes no Teatro Lethes foram La Fundicion (Sevilha), Tranvia Teatro (Zaragoça), Karlik Danza Teatro (Cáceres) e Teatro Guirigai (Badajoz).
Teatro, que aborda um encontro hipotético entre Valle-Inclán e García Lorca, dois dos mais famosos dramaturgos espanhóis, num local indefinido. Uma espécie de «loop» temporal onde se encontram e se reencontram, depois de morrerem, em 1936, um «de velho» e outro «de uma morte muito má». A peça é uma reflexão sobre as luzes e sombras da época em que viveram e morreram, uma jornada tragicómica sobre alguns episódios de suas vidas e obras, uma reflexão cheia de vida e paixão pelo teatro, pela palavra, pela poesia, Com texto de Rafael Campos e Direção e Encenação de Cristina Yáñez, «Diálogo de Sombras» foi interpretado por Daniel Martos, Javier Anós e Ana Cózar, perante uma plateia muito bem composta e que incluía vários alunos de espanhol e de representação .
No dia 25 de outubro, o ciclo começou com «Diálogo de Sombras» do Tranvia ALGARVE INFORMATIVO #225
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CAIXA DE PALCO LEVOU «NA COMPANHIA DE SOPHIA» À BIBLIOTECA MUNICIPAL DE LOULÉ Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina
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o dia 25 de outubro, a Biblioteca Municipal de Loulé promoveu mais uma iniciativa para assinalar o centenário do nascimento da sua patrona, Sophia de Mello Breyner Andresen, desta feita com a Companhia de Teatro Caixa de Palco a apresentar três sessões do espetáculo «Na Companhia de Sophia». “Vamos contar-vos uma história… aliás, vamos contar-vos várias histórias, dentro de uma só história! Vamos fazer uma Viagem até à Dinamarca, partimos da Praia e, juntamente com o Homero, ALGARVE INFORMATIVO #225
apanhamos boleia com os Três Reis do Oriente, depois de dobrarmos o cabo Bojador, paramos para O jantar do Bispo, onde ajudamos um bom Homem a encontrar o seu percurso, através de um Retrato sobre as dificuldades e belezas da vida humana”, aguçava a companhia o apetite. E em palco estiveram os atores Marta Pires e João Tarrafa, que protagonizaram dois divertidíssimos e educativos espetáculos para turmas do 2.º e 3.º ciclo, durante o dia, e para o público em geral, à noite, dando a conhecer, de forma descontraída, algumas das principais obras da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen . 84
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ORQUESTRA DE JAZZ DO ALGARVE COMEMOROU 15.º ANIVERSÁRIO NO AUDITÓRIO CARLOS DO CARMO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Kátia Viola
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ANTI AUGURI! foi o nome do espetáculo com que a Orquestra de Jazz do Algarve festejou, no dia 26 de outubro, no Auditório Carlos do Carmo, em Lagoa, o seu 15.º aniversário, numa noite que contou com a belíssima voz da consagrada Silvia Donati. A italiana trouxe de Bolonha uma roupagem e fusão do jazz diferentes, que adquiriu ao longo de uma vida dedicada ao estudo da música brasileira, por terras de Vera Cruz, e que transportou a assistência, ao longo do concerto, numa viagem entre Itália e Brasil ALGARVE INFORMATIVO #225
que culminou numa fusão «Made in Portugal». Temas como «Estate» ou «Solo Mio», «Mas que Nada» ou «Desafinado» ligaram os vários pontos do itinerário, em mais uma imperdível proposta da Orquestra de Jazz do Algarve liderada pelo trompetista e maestro Hugo Alves e que a cada ano reforça a sua relação com o público, percorrendo em uníssono caminhos musicais de afirmação, inovação e qualidade. Uma noite para recordar, como já é apanágio da OJA . 96
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AUDITÓRIO MUNICIPAL DE ALBUFEIRA ESGOTOU PARA ASSISTIR AO PROJETO
«AMÁLIA SEMPRE» Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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projeto «Amália Sempre» nasceu, em 2009, por iniciativa do conceituado músico algarvio Valentim Filipe para recordar, na altura, o 10.º aniversário do falecimento de Amália Rodrigues, a diva do fado, principal rosto da canção lusitana e também pioneira na inclusão dos mais variados instrumentos neste género musical. Desde então, o grupo tem andado na estrada, de norte a sul do país e além-fronteiras, com um espetáculo em torno das canções cantadas e gravadas por Amália Rodrigues, para gáudio de milhares de espetadores. ALGARVE INFORMATIVO #225
No passado dia 25 de outubro foi a vez do «Amália Sempre» esgotar o Auditório Municipal de Albufeira, com uma plateia repleta de residentes, nacionais e estrangeiros, porque o fado de Amália é universal. E, como é costume, foi uma noite esplendorosa, a cargo dos músicos Valentim Filipe (guitarra portuguesa e acordeão), Tiago Valentim (viola) e Bruno Vítor (contrabaixo) e, claro, das deslumbrantes vozes das fadistas Teresa Tapadas, Inês Gonçalves e Argentina Freire .
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LISBON POETRY ORCHESTRA RECORDOU «O MUNDO DE SOPHIA» EM PORTIMÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina
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uma sessão dupla, a primeira destinada a alunos do secundário, a segunda ao público em geral, a Lisbon Poetry Orchestra ALGARVE INFORMATIVO #225
veio a Portimão para dar a conhecer, no dia 31 de outubro, «O Mundo de Sophia». Ao longo da sua curta existência, o projeto tem vindo a dinamizar espetáculos de norte a sul do país que partem de um tema ou de uma obra em concreto com o intuito de levar 120
ao público uma forma diferente de praticar poesia. «O Mundo de Sophia» tem a chancela da Comissão das Comemorações do Centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen e os poemas que a Lisbon Poetry Orchestra selecionou atravessam diferentes fases da vida da autora, fazendo parte de uma narrativa que engloba também excertos de entrevistas e textos sobre a obra. Ao longo do espetáculo existe um fio condutor que parte dos acontecimentos mais marcantes da sua vida e que, de uma forma cronológica, estruturam todo o concerto, da infância e juventude à ida para Lisboa, do mar e das viagens à Grécia e Brasil à luta contra a ditadura e à Revolução de Abril. E trata-se de um espetáculo multimédia que usa a imagem como complemento da palavra dita e da 121
música, que, num formato próximo definido pelos próprios artistas como «poema/canção», conduziram o público do TEMPO – Teatro Municipal de Portimão a um imaginário único de Sophia. Em palco estiveram, nas vozes, Nuno Miguel Guedes, Miguel Borges, André Gago e Paula Cortes, enquanto a música esteve a cargo de Filipe Valentim (teclados), Sérgio Costa (guitarra elétrica), Luís Bastos (saxofone, clarinete e guitarra acústica), Mário João Santos (bateria), Alexandre Cortez (baixo elétrico), Francisco Ramos (violino) e João Matos (violoncelo), com o vídeo a ser da responsabilidade de Alexandre Cortez .
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OPINIÃO
Os fatores que influenciam a apreciação musical Paulo Cunha (Professor) á assisti, por várias ocasiões, a apresentações, audições e concertos, alguns gratuitos, outros com acesso pago, em que o público mais atento, mais conhecedor e até melómano, não compreendeu como é que, após determinadas interpretações menos conseguidas, a sala se levantou e, de pé, ovacionou tais prestações. A essas pessoas costumo responder que os sentimentos que nutrimos por quem se apresenta num palco tudo desculpam. Ao contrário de muitos adeptos futebolísticos que no jogo de futebol apupam a sua equipa porque não ganhou, na música, mesmo falhando, os intérpretes/criadores ganham sempre o apoio incondicional da família, dos amigos e dos fãs. Escrevo, obviamente, por experiência própria, tanto como músico e/ou como elemento do público. É assim natural que no mundo da Música, quando jogamos em casa e à parte certas invejas e miudezas, poucos nos deixam ficar mal!
subjetividade e relatividade que o leva a ser tão pessoal.
Tomando como referência as palavras do filósofo Kendall Walton (1990), “A apreciação musical é uma experiência mais pessoal e íntima do que a apreciação da pintura ou da literatura (...) ouvir música é, consequentemente, mais como sonhar; a atividade da imaginação de cada um é profundamente solitária...”, acredito que o gosto musical está mais intimamente ligado ao apreciador do que ao objeto da apreciação, daí a
Segundo o professor David J. Hargreaves (1986), alguns dos aspetos relacionados com o ouvinte que influenciam as preferências musicais estão relacionados com o estatuto socioeconómico, idade, sexo, personalidade, identidade musical, etnia e o efeito da educação musical (formal ou informal). A nossa apreciação musical depende assim, em larga medida, do contexto social e cultural em que se
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O fator tempo condiciona a nossa fruição, uma vez que estamos constantemente sujeitos ao estímulo musical que se desenvolve num determinado período. Tendo em conta que as respostas aos estímulos sonoros são, essencialmente, respostas corporais, os significados pessoais construídos a partir da experiência musical são mais sentidos do que verbalizadas. A magia da apreciação musical reside, portanto, num profundo envolvimento pessoal com o fenómeno musical, que transcende a mera apreciação sonora, envolvendo tudo aquilo que proporciona a fruição. O local, a forma como a música é interpretada e apresentada, os adereços, o vestuário dos intérpretes, a iluminação, a acústica e a amplificação da sala, a interação gestual e verbal com o público e o grau de envolvimento emocional e afetivo com o artista são fatores que condicionam a apreciação final.
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insere, assim como da situação em que é ouvida (trabalho, lazer, educação, saúde, comunicação social, consumo, entretenimento, etc). A qualidade da apreensão musical também varia consoante a natureza da nossa atividade: ouvir música enquanto lemos implica uma perceção diferente da mesma obra musical do que se estivéssemos concentrados apenas a ouvir, e ainda diferente se estivéssemos a ouvir e a ler a partitura. Como conclusão dos seus estudos sobre os efeitos do desenvolvimento nas preferências musicais, o professor Albert LeBlanc (1991) sugeriu que as crianças mais novas têm uma maior abertura para ouvir música sem preconceitos, entrando em declínio durante a adolescência; durante a transição para o estado adulto existe, de novo, uma fase de maior abertura à audição sem preconceitos, que entra em declínio com a idade. Há que registar também os seguintes fatores: adaptação a um grupo e a obtenção de prestígio/estatuto. O primeiro está relacionado com a inserção social em determinado grupo e está presente especialmente durante o período da adolescência: teremos mais aceitação se as nossas opiniões pessoais coincidirem com as do grupo. O outro fator está relacionado com a influência da 129
informação acerca de determinada música: se o ouvinte for informado que o compositor de uma peça que desconhece foi um grande compositor, irá provavelmente gostar mais dela do que se lhe disserem que foi escrita por um compositor desconhecido. Como veem, a apreciação musical tem muito que se lhe diga e que se escreva. As variáveis e condicionantes são tantas que aprendi a respeitar e a não interferir na apreciação e gosto de cada um. Fossem todos assim, na música e noutras áreas, e seríamos, por certo, mais felizes! . ALGARVE INFORMATIVO #225
OPINIÃO
Casa para quem precisa Mirian Tavares (Professora) “A gente não quer só comida A gente quer comida Diversão e arte A gente não quer só comida A gente quer saída Para qualquer parte”. Titãs
aluno falava sobre a sua senhoria, que lhe cobra 210€ por um quarto sem janela. A senhora está sempre a chateá-lo por qualquer coisa, cria regras absurdas que mudam ao sabor da sua vontade e grita com ele como se fosse um miúdo. Ouvia aquilo tudo e retive: um quarto sem janela custa 210€. E a pessoa que o aluga, pelo visto, não tem interesse em ter ninguém em casa e a presença do outro a perturba bastante. Porque aluga o quarto? Porque este dinheiro dá-lhe muito jeitinho no final do mês e não tem qualquer pudor em cobrar este preço por um quadrado sem janela, provavelmente com móveis desencontrados e sem grande conforto. Um colega do meu filho partilhou um meio apartamento por um ano. Não conhecem um meio apartamento? A senhoria dividiu um apartamento em 2, deixando um dos lados sem acesso à cozinha, alugou a 4 estudantes e cobrava, alegremente, 200€ a cada um. E isso ocorre quando eles ainda encontram casas para alugar. Faro é uma cidade universitária, mas parece que não se lembra da importância vital desta instituição e dos seus alunos para o tecido socioeconómico do ALGARVE INFORMATIVO #225
município. Queremos ter muitos alunos, queremos atrair pessoas do mundo todo, mas não temos condições de alojamento para tanta gente que chega. É um problema muito grave e sei que tanto a universidade quanto a câmara estão atentas. Mas neste momento é preciso mais que atenção. É preciso uma ação imediata e efetiva para evitar que nossos alunos e alunas continuem a ser explorados e que sejam obrigados a viver em condições nada dignas e a pagar um preço alto por isso. As pessoas preferem alugar as casas por temporada, as casas históricas vão se convertendo em hostels e os que escolhem viver cá, que não estão apenas de passagem, ressentem-se desta atenção dada aos turistas, aos que passam dois dias por aqui. O lucro imediato tolda a visão dos proprietários porque não costumamos pensar a longo prazo e, muito menos, em rede. A cidade precisa perceber que a importância dos estudantes que vivem cá é muito maior que a dos turistas que passam um dia ou outro pela cidade. A estes dão-lhes vista para o mar, ou para a ria. Aos que aqui vivem, um quadrado sem janela. E muita chateação . 130
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OPINIÃO
Do Reboliço #61 Ana Isabel Soares (Professora) uem a uma das janelas altas se assomasse, que davam para a rotunda no centro da vila, veria pelo Outono um grupo de homens encostados à baia que separa o passeio público da via de estrada onde passam automóveis, bicicletas, carros de mulas e motoretas outras, de engenhos diferentes (ah, que sempre os ciclistas). De manhã, encontravam-se do lado direito da rotunda, amparados sobre a baia, entre uma dependência bancária e a dita estrada que circunda o redondel (“Controla a rotunda e vai sempre a direito”. Está controlada.): cinco ou seis homens, chapéu na cabeça ou chapéu na mão, casaco com colete por baixo, calça com vinco, passa o Reboliço e cheira-lhes as águas de Colónia – cidades, tais águas, distantes onde jamais estiveram, nem cão nem, daqueles, homem nenhum. Cheiram bem. Huelen, passasse ali um cão andaluz. Chapéu nas mãos a marcar o redondo, ou na cabeça, assentando-o na humana esfera cerebral, e se conversam. Cobre o sol o espaço onde estão, olhando por eles o astro – estou a vê-los. Conversam sobre quem vive, dizem dos que se finaram (mas interrompem-se as vozes se passa um senhor doutor, ou mulher vistosa – mulher qualquer, de verdade, que cala o perfume de fêmea, é como aos cães). Um pequeno triângulo de sol, onde estão os homens. Se houve jogo principal, de bola, no dia anterior, veem-se animados, viram-se uns para os outros, subidas as vozes. Companhas de praça, distinguem-se na bola. Se não houve bola, é fácil saber: mais silenciosos, mais atentos à hora da rua, trânsito e senhoras. O resto, tirando o triângulo que alberga os homens, é sombra na praça ALGARVE INFORMATIVO #225
central marcada pela rotunda: para baixo o mercado, para cima a avenida (A Avenida), de um lado a avenida da estátua (a avenida), do outro a rua de Faro, caminho mais para Sul de onde o sol virá, não tarda, para deslocar da frente da bancária sucursal a luz e a trazer para meio da estrada – ah, não sabem agora, ri-se o Reboliço, para onde é que hão de ir, que desse lado não há baias a que se encostem. Desvalorizam: é a hora do almoço, deixai a rua, saí de onde estais, e lá vão. (O Reboliço dispensa baias, encostos: fica no pedaço de relva onde o sol se demora, enrolado, sonolento, pensando que este sol, tomado no frio, lhe há de ser malsão, mas ficando à mesma, o gozo.) À tarde regressam, o café tomado (ou param no Havaneza – quantos Havanezas por aí estarão, pálidos reclamos em azulejos nas paredes, sem foco de luz senão a diurna claridade que os encandeia?). Regressam, mas mudam de poiso: estão agora, os seis ou sete homens, quase sempre os mesmos, chapéu nas cabeças, chapéus nas mãos, do lado esquerdo da praça, à baia encostados, entre o asfalto e outro café que não o Havaneza. É ali que se fixa alguns minutos o sol da tarde. Aprisionados no triângulo de luz, falam mais ou falam menos, alguns chegam a despir os casacos, pendurados num braço, o outro erguido em argumento, “Mas estás teimando comigo porquê?”. Se há movimento para o lado do mercado (o funcionário da Junta vai à vitrina trocar os papeis dos óbitos, abre, tira a folha que lá está – cruz negra em cima, um retrato, palavras parcas e informativas –, substitui por outra nova, o papel novo traz a mais antiga novidade), então marcham, são matraquilhos, para onde pende um pendem 132
Foto: Vasco Célio
todos, siga siga, atravessam a praça e, em frente da parede da esquina nascente do mercado, detêm-se a ler, chapéu nenhum em cabeça nenhuma, tudo respeitosamente descoberto, leem e comentam (a não ser que a madraça tenha inesperadamente ceifado, então ficam calados, nem se espantam por não procurarem palavras, encarnam que não as haja). Lido, calado ou comentado, regressam: bonecos de um arame só, voltam ao triângulo onde está agora a luz, quase ida, quase abalada, um ângulo a fechar-se com o dia que cai – é cedo, mas é o Outono, 133
termina cedo o dia. Não há passou-bens: é uma palmada suave em cada ombro, até amanhã, tu vê lá, não te esqueças de perguntar lá em casa, fica descansado, até amanhã, até amanhã, olha, saudinha é que preciso. No dia seguinte, não chovendo, ali estarão de novo. Ao olhinho de sol . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #225
OPINIÃO
Banha da cobra Paulo Bernardo (Empresário) embro-me de ver algumas vezes o vendedor de banha da cobra, que me recorde no mercado de Estoi, que ia com o meu avô e o meu pai. O meu avô ia sempre com a roupa dos funerais, ou seja, muito bem vestido. Normalmente só íamos ao mercado comprar um porco cá para casa, pois o mercado é ao Domingo e no Domingo havia missa. Como é óbvio, e como a minha avó era muito doente, eu queria sempre comprar a banha da cobra para a pôr bem, pois aquele senhor dizia que ela curava qualquer mal. O meu avô dizia-me logo que aquilo era pantominices. O meu pai, mais calmo e paciente, lá dizia que o senhor era um aldrabão, e eu lá vinha convencido, com a alegria de trazer uma bola feita de serradura, jornal e papel lustre colada a um elástico que lhe dava um especto de ioiô para uma criança de quatro ou cinco anos. Hoje, com quase cinquenta anos, comecei a ver surgir uma quantidade de vendedores de banha da cobra, disfarçados de salvadores da pátria. Vêm de fato e gravata, chegam de mansinho e parece que trazem a solução para todos os males. O problema é que hoje o mundo não tem nem o meu avô nem o meu pai para explicar o que são esses senhores. Por isso, cabe-nos a nós alertar os mais incautos e distraídos.
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Hoje, a Europa vive num banho de banha da cobra, uma banhada, podemos dizer assim e nós também não podíamos ficar atrás. Começam a surgir os extremos e nenhum é bom, com falinhas dóceis a tentar convencer o povo que eles é que resolvem, que têm a solução para qualquer doença. Sem pesquisar muito vou pegar na nossa vizinha Espanha, que se deixou arrastar para uma confusão graças aos maus médicos e aos vendedores de banha da cobra. Se não vejamos, problemas e escândalos no maior partido de direita e no maior partido da esquerda, verdadeiros roubos de muitos milhões, escândalos e mais escândalos, muita gente presa, com o nome na lama. Felizmente, em Portugal, os dois grandes partidos só têm gente séria, por isso, esta situação em Portugal nunca pode acontecer… mas continuando. Com está situação, e voltando à banha da cobra, o que a fazia florescer era a ignorância e a necessidade, não havia médicos, levava-se um pote de banha da cobra para resolver. Em Espanha, podemos dizer que os políticos dos dois grandes partidos desacreditaram a classe política e aí surgiram os vendedores de banha da cobra, e o povo farto foi atrás, por ignorância e por necessidade de uma solução. O que têm hoje, um caldo de culturas que não se vislumbra uma solução, os 134
vendedores de banha da cobra não têm solução, nem nunca vão ter. Se chegarem ao poder é para só fazer mezinhas estranhas que podem parecer boas soluções, mas não curam ninguém. Os políticos ditos tradicionais não têm coragem para fazer o que devem, que é esquecer os egos e começar a governar. 135
Vamos ver o que dia 10 nos traz. Espero que um governo forte, pois Portugal necessita de uma Espanha forte. Por aqui, é andar de olhos abertos e não se deixar levar pelos vendedores de banha da cobra . ALGARVE INFORMATIVO #225
OPINIÃO
A aventura pelo mundo do Web Summit Fábio Jesuíno (Empresário) sempre uma grande aventura participar na maior conferência de tecnologia e empreendedorismo do mundo e sentir a energia vibrante daqueles que criam o futuro. Este ano voltou a crescer, chegando aos 70.469 participantes, 2.150 startups e 239 parceiros, superando as expectativas da organização, são mais 20 por cento de startups presentes do que no ano anterior e acima das 1.800 projetadas.
É
São números claramente impressionantes, não só pelo interesse gerado, mas também pelo impacto que têm na sociedade em Portugal, contribuindo ativamente para atrair novos investimentos de várias multinacionais para Portugal. Este ano, a Nokia anunciou durante o evento a criação de um centro de excelência no nosso país e a contratação de 100 profissionais. Um dos frutos que mais destaco do Web Summit é a atração de empreendedores de todo o mundo para criarem ou mudarem as suas startups para Portugal, algo que podemos comprovar facilmente nas mais diversas incubadoras portuguesas. Um dos aspetos que sublinho este ano é a taxa de participação feminina, que continua a crescer, chegando este ano aos 46,3 por cento, muito perto da paridade. Uma clara demonstração de que as medidas
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implementadas pela organização têm tido sucesso. Nesta edição saliento ainda a apresentação por videoconferência de Edward Snowden, que alertou para os perigos de espionagem dos cidadãos, principalmente dos abusos cometidos pela Google, Amazon e Facebook, garantindo que as grandes empresas tecnológicas têm um modelo de negócios que é um abuso, devido à recolha em permanência de dados sobre os cidadãos. Outro dos grandes destaques desta edição foi o presidente da Microsoft, Brad Smith, que alertou para o facto de sermos a primeira geração da Humanidade a dar poder aos computadores para tomar decisões que até agora eram realizadas por humanos e apresentou várias tecnologias que vão ser tendências na próxima década, desde a computação quântica, que vai permitir que as máquinas façam cálculos de dados com uma rapidez nunca vista, passando pelo 5G, que trará maior velocidade de acesso à Internet e que permitirá uma computação equivalente à eletricidade da atualidade. Houve também algumas polémicas, como é já hábito. Este ano, estiveram relacionadas com as peças de merchandising alusivas à conferência tecnológica, entre copos de café, garrafas de água e t-shirts, com preços que rondam os 25 euros e 30 euros. Existiram também dois modelos de camisolas de lã 136
tradicionais irlandesas, muito usadas pelo fundador da cimeira que geraram bastantes críticas, devido aos elevados preços, que variaram entre os 750 e 850 euros e que esgotaram rapidamente. No último dia esteve em destaque a Comissária Europeia da Concorrência e a próxima vicepresidente do executivo comunitário para a Era Digital, Margrethe Vestager, que disse que não há limites para a forma como a inteligência artificial pode ajudar os humanos, destacando a sua utilização no combate às alterações climáticas e à saúde. Como sempre, não podia faltar o concurso da melhor startup, que este ano foi para a suíça Nutrix, que desenvolveu um pequeno sensor colocado na parte detrás de um dente para monitorizar os níveis de glicose na saliva comunicando através de uma aplicação. A Web Summit terminou com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, relembrando que em 2016 falou de uma revolução silenciosa e que 137
hoje já é uma revolução ruidosa, uma revolução de mente aberta e que Portugal e o mundo mudaram com a Web Summit. Foram dias muitos agitados, onde assisti a várias apresentações, aprendi muito sobre os mais diversos temas e falei com pessoas que estão a mudar o mundo. Este ano foi uma verdadeira aventura conseguir aproveitar ao máximo tudo o que este evento tem para oferecer. Destaco o 5G como o principal tema abordado. O Web Summit está a inventar o futuro . ALGARVE INFORMATIVO #225
OPINIÃO
Biografia Fernando Esteves Pinto (Escritor) “A poesia não é um modo de libertar a emoção, mas uma fuga da emoção; não é uma expressão da própria personalidade, mas uma fuga da personalidade”. T. S. Eliot á dias li numa biografia que alguns poemas do autor «apareceram» em antologias e revistas literárias. É um caso que insinua mistério e singular engenho. E também é uma inspiração. Merece averiguações. A primeira impressão com que ficamos é que os poemas deviam andar perdidos, e finalmente foram «encontrados» numa publicação. Isto acontece quando o poeta tem um défice de iluminação no espírito; o caudal da obra torna-se incontrolável ao ponto de a coisa inspirada se infiltrar na biografia. A inspiração sem filtros pode levar um poeta a mergulhar no ridículo. Mas este risco tem pouca importância para quem faz da poesia a sua tábua de salvação. O ser inspirado tem uma mente fantástica; e tudo o que nasce do espírito é um hino à poesia. O que distingue um poeta inspirado de um poeta que inspira? O primeiro tem boa boca; sacia-se com tudo o que apanha; é um ser rudimentar. Não reflecte, não interpela; cola a estampa dos seus sentimentos sem qualquer tratamento, e eis o poema: uma doce crucificação na cruz da linguagem. O poema como obra de arte? Nem pensar. É aterradora a ideia de carregar a cruz a vida inteira. É coisa de Cristo. Aqueles que escrevem por inspiração não se tumultuam em sacrifícios, ao contrário dos poetas que inspiram: estes carregam todas as cruzes do ALGARVE INFORMATIVO #225
mundo; estão bem pregados à própria vida. Tudo lhes pesa na cabeça, mas nem por isso fogem da verdadeira cruz, que é dar sentido e uma nova linguagem às coisas muito profundas do universo.
A verdade sobre um poeta está no facto de ele conseguir pôr o mundo a falar nos seus poemas. E a verdade é sempre uma tragédia. A solidão é irritável; a linguagem é uma imensa escuridão. Pensar e sentir são estremecimentos que algum leitor há-de experimentar em serena intimidade. Leitores – a pedrinha no charco, o encanto da paixão e da angústia dos poetas; o verdadeiro mundo da poesia. E se ninguém entende o poeta no seu tempo, nem tudo está perdido: pode seguir o seu caminho. A eternidade é uma carta de adeus ao tempo presente. Há poetas que não têm medo da sua biografia espiritual, pois serão eles que, um dia, poderão escolher os seus leitores. Há um exagero profundo quando designamos por poesia uma exposição de flores; uma inquietação circunstancial; uma doença lucidamente consciencializada. A linguagem perturba a linguagem. A contemplação escrupulosa é um exagero, mas nunca é dolorosa se, do princípio ao fim, não se deter no pormenor; se não ficar ancorada no profundo, na ampla perturbação do que é o escrito. Em todo o caso, a linguagem pode ser medonha: escrever sobre brasas mortas. Enfim, o poeta sempre exagerou o que está perto de si e também se deixa afectar pelo que lhe parece mais distante. Os poetas têm os seus refúgios – uma espécie de esconderijo mas à vista de todos. 138
É um animal pretensioso: esconde-se mas deseja ser localizado, admirado; aspira à exposição eterna; ou seja, o recato é uma farsa. A poesia é uma experiência muito intensa e muito dolorosa. Mas só para alguns poetas. A escrita é uma jaula e nem todos se atrevem a permanecer lá dentro para 139
sempre. O silêncio é um mistério; a linguagem é infinita. Tudo grita perpetuamente. Os que ficam à porta da jaula são superficiais e equilibrados; vivem no limiar da poesia – mesmo que se ponham com a cabeça à espreita, ela não tomba para o fundo . ALGARVE INFORMATIVO #225
OPINIÃO
Cinema: Desequilíbrio de Género em Hong Kong e Macau? Vera Casaca (Argumentista e Realizadora de Cinema) rimeiro, para contextualizar, mudei-me uma temporada para Macau para dar aulas numa Universidade. Por vezes surgem oportunidades inesperadas e que nos abrem os horizontes. Sinto-me muito grata, pois tem sido uma experiência muito enriquecedora, com os seus desafios, momentos bons, espetaculares e outros menos bons, ou talvez a palavra certa seja «estranhos» - mergulharei em mais detalhe numa crónica próxima. Entretanto, com esta mudança temporária surgiu a oportunidade de conhecer muita gente interessante, em particular no ramo do audiovisual. Na Universidade falaram-me de um trabalho de mestrado de Ravane Costa sobre discriminação de género no cinema nas Regiões Administrativas Especiais da China, Hong Kong e Macau. Deixem-me apresentá-la: Ravane é uma bailarina e fotógrafa brasileira que atualmente vive em Macau. É uma apaixonada por arte, fotos, filme e design. Sem dúvida que foi influenciada pelos seus pais, ambos professores de artes. Ravane transita entre vários ramos da arte: da expressão corporal, maquilhagem, confeção de figurinos, produção, realização à edição e design. Confessa que: “A dança representa uma grande parte da minha vida, que acaba ALGARVE INFORMATIVO #225
por influenciar a maioria dos meus trabalhos. Sempre busco algum movimento ou forma que possa conectar as minhas paixões”. A inspiração para fazer a investigação sobre o panorama feminino atrás da lente foi despoletado quando uma professora pediu aos alunos para citarem artistas mulheres dentro da pintura e escultura na década dos anos 20. Não houve respostas e, como Ravane ama cinema, a semente foi plantada. Quis encontrar-me com ela para tomarmos café e falar sobre este tema que é do meu interesse. Tivemos oportunidade de tomar café e dialogar abertamente sobre o que Ravane encontrou durante a sua investigação sobre a diferença de género entre homens e mulheres realizadoras de Macau e Hong Kong. Houve dificuldade na recolha de informação, especialmente em Macau, pois esta região ainda está na fase embrionária de produção de cinema, o que limita os dados para uma verdadeira investigação que mostre a discrepância. Assim, Ravane teve de se basear mais no panorama de Hong Kong. É com clareza que vemos que a diferença, por exemplo, nos nomeados da HKFA - Hong Kong Film Awards (de uma maneira grosseira, os Oscars de Hong Kong) – onde durante vários anos nem existiram nomeadas mulheres. Mas quando surge uma 140
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questões que só podem ser respondidas a partir de partilhas pessoais. Sabendo que a sociedade chinesa é uma sociedade onde reina o patriarcado, ter mulheres em cargos de liderança, seja na política ou nas artes, é surpreendente. E quanto mais pensamos, mais questões surgem. No cinema, serão as mulheres «barradas» diretamente de postos de maior liderança? Ou perderão o interesse por falta de reconhecimento de que a possibilidade de serem realizadoras, diretoras de fotografia, produtoras, existe e é viável? O que explica, por exemplo, que nos prémios de filme de Hong Kong, de 1982 a 2017, os nomeados a melhores realizadores sejam 144 homens e apenas 24 mulheres? Ravane Costa
mulher, um nome predomina: Ann Hui. “Ann Hui é dos maiores nomes da indústria de Hong Kong”, diz Ravane. Ann Hui é a realizadora mais prolífica de Hong Kong. Agora com 72 anos, conta com cerca de 30 filmes realizados e é sem dúvida um exemplo a seguir. Ravane reconhece que uma limitação do seu trabalho é a falta de entrevistas, onde se pudessem explorar melhor ALGARVE INFORMATIVO #225
Com todas estas questões, Ravane sente necessidade de aprofundar o tema e já tem em mente uma próxima investigação que poderá lançar uma maior clareza sobre o tema. Pessoalmente, sinto que, quanto mais sei, mais confusa fico. Se contar histórias não é determinado geneticamente, porque continuamos com este fosso de diferença de género, seja em Portugal ou aqui pelo Oriente, no cinema em pleno século XXI? . 142
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HUGO PEREIRA VAI CONTINUAR A LUTAR POR UM CONCELHO DE LAGOS INOVADOR, DINÂMICO, COMPETITIVO, INCLUSIVO E ATRATIVO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina agos celebrou, nos dias 26 e 27 de outubro, as Festas do Município, em honra do seu padroeiro, S. Gonçalo de Lagos, com um programa que contemplou a visita «Ao Encontro do Tempo e dos Lugares de São Gonçalo de Lagos»; a inauguração da exposição «São Gonçalo de Lagos – Padroeiro de Lagos (n.1360) e Torres ALGARVE INFORMATIVO #225
Vedras (f.1422) - Vida e Obra»; o 19.º Encontro de Coros Infantojuvenis em Lagos, organizado pela Associação do Grupo Coral de Lagos; o espetáculo musical de Rui Massena Trio, no Auditório Duval Pestana; assim como as Festas Religiosas em honra do Santo Padroeiro São Gonçalo, com a Missa Campal, seguida de Procissão e Bênção do Mar e das Embarcações, pelo Bispo do Algarve, o Reverendo D. Manuel 146
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Quintas. A tradicional sessão solene foi o ponto alto das comemorações, na tarde de domingo, no Centro Cultural de Lagos, incluindo a atribuição de sete condecorações municipais a individualidades e entidades que se têm destacado na comunidade lacobrigense, intervenções oficiais e momentos de animação cultural. Este ano, os homenageados com Medalhas de Mérito Municipal Grau Prata foram Hélio Nunes Xavier, pelos seus trabalhos prestados em prol das artes, em especial na área da pintura e escrita; Jorge Mealha Costa, pelo trabalho a favor das artes, nomeadamente na área da escultura e cerâmica; José Inácio Seromenho, pelo reconhecimento na área desportiva, nomeadamente na disciplina de Tiro aos Pratos; e o Restaurante Reis e a Ourivesaria Coimbra, pelo seu contributo em prol do desenvolvimento da economia local. Com Medalhas de Mérito Municipal Grau Ouro foram agraciados Luís Manuel Afonso, pelo seu trabalho e dedicação a favor da saúde e bem-estar da comunidade; e a Congregação do Santíssmo Redentor – Comunidade Redentorista de Lagos, pela dedicação e altruísmo depositados em todo o trabalho desenvolvido a favor da comunidade. No seu primeiro discurso como Presidente da Câmara Municipal de Lagos, Hugo Pereira deixou claro não pretender uma rotura com o passado, mas sim concretizar os projetos idealizados em conjunto com a sua antecessora, Maria Joaquina Matos, que foi, entretanto, eleita deputada da Assembleia da República pelo Distrito de Faro. “É o início de um novo capítulo nas nossas vidas. Ela, em ALGARVE INFORMATIVO #225
Lisboa, salvaguardando os direitos do Algarve e muito particularmente de Lagos, a sua cidade de coração. E nós aqui, em Lagos, junto de todos vós, assumindo firmemente este desafio que é governar, com resiliência, espírito de missão e muita humildade, o nosso município”, afirmou, salientando que o objetivo maior é, sempre, a melhoria das condições de vida dos cidadãos, mas também de todos aqueles que visitam e investem no 148
concelho. “Esperam-nos novos desafios e novas responsabilidades, sobretudo as decorrentes do processo de descentralização de competências que se prevê de extrema complexidade, pela multiplicidade de áreas que terão de ser operacionalizadas durante o ano de 2020”, adiantou o edil lacobrigense. Hugo Pereira abordou ainda os vários projetos que atingirão, no próximo ano, uma fase avançada de concretização ou 149
mesmo finalização. “Queremos iniciar as novas habitações municipais, como forma de reforçar a coesão social, numa primeira fase no Sargaçal e em Bensafrim. Do mesmo modo, queremos lançar a Polícia Municipal, que acreditamos que virá garantir o cumprimento dos Regulamentos Municipais e reforçar o sentimento de segurança do nosso concelho. A conclusão da obra de renovação e ampliação do Museu Municipal Dr. ALGARVE INFORMATIVO #225
José Formosinho; a reabilitação tão desejada e esperada da estrada que liga Lagos à Vila da Luz e da estrada da Meia Praia; a segunda fase da requalificação da Ponta da Piedade, que implicará uma nova abordagem do património natural e da segurança dos visitantes; a preservação do cordão dunar da MeiaPraia, através da criação de um passadiço; a concretização da obra da nova Escola EB1 + JI da Luz; e a recuperação já iniciada das Muralhas e Torreões de Lagos, são alguns dos projetos de maior vulto que teremos em
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2020 em fase de início de concurso e de obras”, anunciou. É intenção de Hugo Pereira e da equipa que lidera trabalhar por um concelho inovador, dinâmico, competitivo, inclusivo e atrativo, orientado para as necessidades dos seus munícipes, e será alargada a política de investimento municipal, “em resultado de um momento de estabilidade e equilíbrio financeiro que se quer cada vez mais consistente, mas também através da nossa capacidade negocial
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e de uma estratégia de captação de fundos comunitários”. “Estamos atentos às pressões da economia e do seu inevitável abrandamento e, por isso, também prosseguiremos o nosso apoio a projetos que garantam um desenvolvimento sustentável do município, designadamente numa área tão sensível como o combate às alterações climáticas, e aprofundaremos o diálogo com os agentes económicos do concelho e novos investidores, essenciais na estratégia de afirmação de Lagos enquanto território de notoriedade, e também na busca de novos nichos de atratividade que coloquem Lagos numa ALGARVE INFORMATIVO #225
esfera distinta do habitual destino «sol e praia»”, frisou o autarca, assegurando uma forte política de captação de investimento em áreas como a agricultura, pescas, empreendedorismo e tecnologia. “Desejamos que Lagos se encontre com o seu património histórico e cultural, que tenha mais turismo náutico e de natureza, que serão potenciadores de um Lagos único e de descobertas”. O presidente da Câmara Municipal de Lagos não esqueceu igualmente causas pelas quais importa continuar a pugnar junto do governo, como sejam a 152
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melhoria das condições de saúde dos algarvios e de todos aqueles que visitam a região, “pela criação de infraestruturas condignas, nomeadamente um novo hospital público em Lagos, dotado de profissionais que garantam a devida assistência a todos”; mas também a eletrificação da linha ferroviária que serve a região, “obra essencial e inadiável numa região maioritariamente turística e numa época em que o incentivo à sustentabilidade e à utilização de meios de transportes públicos são essenciais para a diminuição da pegada ecológica”. E Hugo Pereira não esqueceu, claro, a liberalização da utilização da A22, passando a Via do Infante a estrada nacional e isenta da cobrança de ALGARVE INFORMATIVO #225
portagens. “Ambicionando um município cada vez mais coeso, continuaremos a contar com o empenho, rigor e trabalho de proximidade realizado pelas Juntas e União de Freguesias do concelho, parceiros estratégicos importantes. Estamos certos de que atingiremos os nossos objetivos e para isso contaremos com o vosso essencial apoio e confiança. Com a nossa determinação, rigor, motivação e resiliência, continuaremos a colocar Lagos e os lacobrigenses em primeiro lugar, sempre com o foco na formação de um concelho mais justo e com futuro”, culminou Hugo Pereira . 154
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Acácio Martins, Vítor Guerreiro, Marlene Guerreiro e David Gonçalves
“SÃO BRÁS DE ALPORTEL É UM CONCELHO QUE NÃO NADA EM DINHEIRO, MAS QUE É RIQUÍSSIMO EM QUALIDADE DE VIDA”, CONSIDERA VÍTOR GUERREIRO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina oi no Miradouro do Alto da Arroteia que o executivo municipal de São Brás de Alportel realizou uma conferência de imprensa informal para dar conta do que tem sido feito nestes dois primeiros anos do mandato 2017-2021 pela equipa liderada ALGARVE INFORMATIVO #225
por Vítor Guerreiro. Um balanço que, na opinião do edil são-brasense, “é extremamente positivo, não pelo número de obras, intervenções e ações que efetuamos, mas pelo impacto que elas têm na vida dos nossos munícipes”. “Tenho a felicidade de estar acompanhado nesta missão por uma grande equipa, pessoas 156
conhecedoras do território, muito dedicadas e trabalhadoras, com provas dadas e 100 por cento envolvidas na causa pública. Vamos concretizando os nossos objetivos, sem muitos recursos, mas com bastante boa-vontade, dos vereadores e dos mais de 300 funcionários da autarquia, que todos os dias trabalham em prol do bem-comum”, enalteceu Vítor Guerreiro. Os recursos financeiros não abundam, de facto, em São Brás de Alportel, o que obriga a uma gestão muito equilibrada e rigorosa, de modo que apenas é feito o que é possível, quer com os meios próprios, quer com os provenientes de fundos comunitários. “O intuito final é sempre o mesmo: melhorar a vida das pessoas, criar mais qualidade de vida para a população”, frisou Vítor Guerreiro, e é precisamente devido ao grau de satisfação
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dos residentes e visitantes que o elenco autárquico tece um balanço positivo do que tem sido concretizado nestes dois anos. “São muitos os projetos que desenvolvemos em parceria com as entidades do concelho – a principal das quais sendo a Junta de Freguesia – mas também com grupos informais de cidadãos. Todos os equipamentos e espaços municipais estão lotados, temos imensas atividades, dinamizadas pelas coletividades e associações que vamos apoiando ao longo do ano, a participação da população é extraordinária”, referiu o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. Cada vez maior é também a atratividade do concelho, com as quatro áreas empresarias e industriais existentes a estarem praticamente
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todas preenchidas, com empresas ligadas desde o ramo alimentar à investigação médica e novas tecnologias, para o que tem contribuído, na opinião de Vítor Guerreiro, um Gabinete de Apoio ao Empreendedor muito célere. “Com isso aumentamos os postos de trabalho no concelho, mas também o número de residentes, porque muitas dessas pessoas acabam por se mudar para São Brás de Alportel. Nos últimos dois, três anos, aumentamos em cerca de 30 por cento o licenciamento de obras municipais e, destas, perto de metade são de cidadãos estrangeiros oriundos das mais variadas partes do mundo, que elegem São Brás de Alportel pela sua qualidade de vida”, indica o edil, acreditando que a ampla oferta em termos educativos, desportivos e culturais é um fator decisivo para essa opção. Tem-se investido muito na Educação em São Brás de Alportel, não só na ALGARVE INFORMATIVO #225
modernização do parque escolar, no acesso às novas tecnologias e novas formas de ensino e na manutenção dos edifícios, mas também na vertente dos transportes. Aliás, a comitiva deslocouse para o Alto da Arroteia numa carrinha de nove lugares acabada de estrear, estando já orçamentada a aquisição, em 2020, de um autocarro. “Para nós é fundamental continuar a proporcionar visitas de estudo às nossas crianças, o ensino num contexto fora da sala de aula, por serem experiências bastante enriquecedoras e proveitosas. E este investimento contínuo na Educação reflete igualmente o aumento da população, pois tivemos que abrir, neste ano letivo, mais uma sala de préescolar e mais uma sala de primeiro ciclo”, revela Vítor Guerreiro, chamando ainda a atenção para o investimento na eficiência energética no parque escolar do concelho. 158
Emoções e momentos de prazer que são proporcionados também pela vertente desportiva, com investimentos avultados na modernização dos equipamentos desportivos e na criação de novas infraestruturas, porque mais desporto é sinónimo de mais saúde e qualidade de vida, no entender deste executivo municipal. Disso foi exemplo a requalificação das Piscinas Municipais Descobertas e da envolvente do Jardim da Verbena, que levou mais de 26 mil pessoas ao local em apenas um mês. E para esta qualidade de vida tem sido crucial a acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, assim como a mobilidade ciclável. “São Brás de Alportel é um concelho amigo de todos os cidadãos e tornou-se um hábito assistirmos a pessoas a circularem
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livremente pelos espaços urbanos numa cadeira-de-rodas. Ainda há um percurso longo a percorrer, há sempre mais trabalho para se fazer neste aspeto, porque queremos proporcionar a todos os residentes uma maior vivência dos espaços públicos, dos jardins, do Centro Histórico”. Vítor Guerreiro falou também da criação de uma casa para emergência social e do investimento constante na requalificação do parque de habitação social da Câmara Municipal, assim como no apoio às famílias sem condições de habitação através do projeto «Mão Amiga». Outro projeto social importante é a Rede Envolve, para valorizar as tradições, promover o convívio e os passeios e fomentar a
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prática desportiva junto da população mais idosa e isolada, nomeadamente nos Núcleos dos Machados, Parises, Alportel, Mesquita, São Romão e Peral. “Em 2019 criamos o Balcão para a Inclusão, onde damos orientações, formações, indicações, encaminhamos as pessoas para as melhores soluções para os seus problemas e dificuldades”, sublinhou o edil. Ainda na vertente social, prosseguem o «Vale + Educação», o «Vale + Natalidade», o «Vale + Família», o «Vale + Família Sénior» e o «Vale + Saúde».
AS PESSOAS GOSTAM DE VIVER EM SÃO BRÁS DE ALPORTEL Cultura e Património são, como sabido, apostas fortes do executivo liderado por Vítor Guerreiro, como atesta a criação do Gabinete de Reabilitação Urbana, mas
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também todos os eventos que dinamizam o Centro Histórico de São Brás de Alportel, como sejam o «Calçadas, A Arte Sai à Rua» ou a «Recriação Histórica, São Braz d’Alportel 1914 – Uma Viagem no Tempo». Resultado disso é que, os edifícios que não estão já reabilitados, têm projetos em análise para esse efeito. Outra prioridade é o Ambiente, com 300 mil euros investidos, em 2019, na colocação de ilhas ecológicas e na aquisição de uma viatura de recolha seletiva de verdes. Na rúbrica do Ordenamento do Território, São Brás de Alportel é o primeiro concelho do Algarve a ter o processo do Cadastro Predial concluído e, na Renovação Urbana, Vítor Guerreiro salientou o novo Terminal Rodoviário, cuja obra está adjudicada, estando apenas a aguardarse o sinal verde do Tribunal de Contas para avançar para o terreno. “Ronda o
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meio milhão de euros e vai trazer uma nova centralidade à vila, melhorar a mobilidade e promover a utilização do transporte público, sempre com a preocupação das acessibilidades para as pessoas com mobilidade reduzida”, afirmou o autarca. A requalificação do primeiro troço da Avenida da Liberdade será a terceira fase do Plano de Ação de Regeneração Urbana, depois de ter sido terminada a intervenção no Largo de São Sebastião e na Rua Gago Coutinho, uma obra que sofreu atrasos porque o primeiro concurso lançado ficou deserto. Em fase de conclusão está o Núcleo Interpretativo da Estrada Nacional 2 e o Centro Interpretativo da Serra do Caldeirão, em Parises, que vem mostrar as tradições e vivências das gentes da serra. “Uma área onde o investimento é sempre pouco é na proteção civil e, felizmente, tivemos um Verão sem acontecimento de relevância em termos 161
de incêndios. Fizemos muito trabalho na prevenção e na preparação do combate aos fogos, mas também é preciso ter sorte, porque há fatores que fogem ao controlo humano. Criámos um ponto de abastecimento a sul da vila para meios aéreos que foi utilizado várias vezes e que fez toda a diferença”, indica Vítor Guerreiro, voltando a enfatizar as dificuldades de gestão advindas da escassez de receitas financeiras. “Se aumentarmos os impostos diretos, as populações vão sentir esse impacto nas suas carteiras e não o vamos fazer. As receitas provenientes do Orçamento de Estado permanecem sensivelmente as mesmas, as despesas com os recursos humanos aumentaram, devido ao descongelamento das carreiras e ao aumento do salário mínimo, e os investimentos também custam mais dinheiro. Antigamente, lançávamos os concursos por determinado valor e as ALGARVE INFORMATIVO #225
empresas concorriam todas porque não havia muito trabalho e nós, se fosse necessário, pagávamos tudo numa semana. Agora, não há muitas empresas, há bastante trabalho, vários concursos ficam vazios, pelo que tudo custa mais dinheiro”, explica o presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel. “Por vezes temos projetos de investimento em carteira a aguardar oportunidades de financiamento comunitário, porque só com fundos próprios não é fácil”, admite. Para Marlene Guerreiro, o mais importante é que “as pessoas realmente gostam de viver em São Brás de Alportel”, um sentimento que se constata tanto junto dos naturais, como daqueles que escolheram ir viver para este concelho. “Somos muito procurados por pessoas que fazem a sua escolha, não apenas porque precisaram mudar de localidade em busca de trabalho, mas por causa da nossa qualidade de vida. E, graças a isso, temos uma comunidade bastante rica em cultura, tolerância, solidariedade e altruísmo, que depois se revela em muitos aspetos do dia-a-dia da comunidade. A Junta de Freguesia é o nosso parceiro principal em tudo o que fazemos, mas têm-se vindo a somar um conjunto de parcerias de particulares e grupos de cidadãos”, enaltece a VicePresidente, dando o exemplo concreto do «Helping Hands», sempre disponíveis para ofertar óculos, próteses e outros equipamentos semelhantes, nomeadamente para crianças que deles necessitem. “É fantástico termos pessoas a baterem-nos à porta a perguntaram se precisamos de alguma coisa, se podem ajudar em algo. Na área social, as ALGARVE INFORMATIVO #225
parcerias são a chave de tudo o que vamos conquistando e temos vindo a criar uma série de plataformas formais e informais de grande proximidade”. A área da deficiência é uma forte preocupação para o executivo municipal são-brasense, “é o nosso maior desafio, estamos muito empenhados nele”, assumiu Marlene Guerreiro, não esquecendo igualmente o trabalho realizado em torno da prevenção da violência doméstica. “As receitas não «incham» na Câmara Municipal de São Brás de Alportel e, para nós, criar um novo gabinete, balcão ou portal, é sempre um esforço enorme e precisa ter resultados práticos e objetivos”, sublinha. Certo é que os resultados aparecem e a autarca reforça o bom desempenho da economia sãobrasense. “Já ultrapassamos as 100 unidades de alojamento, algumas de turismo rural, a maior parte de alojamento local, e funcionam bem, têm uma lotação bastante preenchida. Não temos um turismo de massas, nem o queremos, é um turismo de nichos que se vai consolidando por causa da nossa qualidade de vida, desta natureza que nos rodeia. Estamos no final de outubro e não há nenhum restaurante fechado em São Brás de Alportel, como acontece noutros pontos da região, porque temos uma economia estável e sustentável”, reflete Marlene Guerreiro. Sem grandes oscilações vai andando também o Orçamento Municipal, daí que Acácio Martins volte a salientar a necessidade de um extremo rigor nas contas camarários. “Temos as mesmas 162
infraestruturas que os outros concelhos, talvez não na mesma quantidade, porque, face às receitas que temos, a nossa prioridade passa pela manutenção e qualidade dos espaços. Não podemos construir muito mais coisas, há, sim, que apostar na requalificação urbana e na acessibilidade, da qual fomos pioneiros no Algarve”, defende o vereador. Já David Gonçalves falou das medidas tomadas pela autarquia para combater a seca e para fazer face às alterações climáticas. “Outra nossa preocupação tem a ver com o bemestar animal e São Brás de Alportel foi o primeiro concelho do país a aderir à campanha do Cheque Veterinário. Já vamos quase em 10 mil euros em esterilizações e daremos continuidade a esse trabalho, porque o abandono dos animais cada vez é maior”, nota o vereador.
social, Vítor Guerreiro abordou a descentralização de competências, nomeadamente nas áreas da Educação e Saúde, que a autarquia espera receber em 2020. “O Centro de Medicina Física de Reabilitação do Sul está a funcionar bem, dá resposta rápida às necessidades, mas precisa reforçar o pessoal para passar das 30 para as 50 camas abertas. No que toca à requalificação da Estrada Nacional 2, fundamental para São Brás de Alportel, demos as nossas sugestões, que foram acatadas, para a versão final do projeto, que deverá ser colocado em Orçamento de Estado em 2020. É essa a promessa que temos e estamos expectantes para que as coisas se cumpram, porque o traçado da estrada tem mais de 70 anos e precisamos de uma resposta diferente”.
Em final de conversa com a comunicação 163
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Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa e Vítor Aleixo, Presidente da Câmara Municipal de Loulé
MUNICÍPIO DE LOULÉ E A CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA FRANCOPORTUGUESA ASSINARAM ACORDO DE COOPERAÇÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina o âmbito da geminação celebrada, em 2016, com a cidade francesa de Créteil, a Câmara Municipal de Loulé levou a cabo, no dia 28 de outubro, um encontro de ALGARVE INFORMATIVO #225
empresários durante o qual foi assinado um acordo de cooperação com a Câmara de Comércio e Indústria FrancoPortuguesa. Um ato que faz todo o sentido para o edil Vítor Aleixo porque a comunidade francesa residente em Portugal, e no concelho a que preside, tem vindo a aumentar todos os anos, de 166
Vítor Aleixo, Vítor Neto, presidente do NERA, e Laurent Cathala, presidente de Créteil
acordo com dados da Embaixada de França e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. “Esta é uma comunidade que escolheu viver em Portugal, que é ativa e participativa e que tem um papel fulcral no desenvolvimento económico do país. O fluxo de franceses a entrar em Portugal registou, em 2018 um aumento de mais de 25 por cento, sendo a França, neste momento, a sétima comunidade estrangeira mais importante do país e estando, inclusive, no topo da lista de compradores de bens imobiliários. E 15 por cento dos franceses residentes estão no Algarve”, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Loulé, durante a sessão que teve lugar, à tarde, na sede do NERA, na Zona Industrial de Loulé. A nível do turismo, os números revelados por Vítor Aleixo são ainda mais impressionantes, pois cerca de três milhões de franceses visitaram Portugal em 2018, representando assim a terceira 167
nacionalidade de visitantes no país. “Nos últimos anos, o concelho de Loulé tem acolhido cada vez mais franceses e a autarquia mostrou-se desde logo disponível para consolidar os laços com esta importante comunidade, no sentido de apoiar a sua integração para que se sintam confortáveis no nosso território”, indicou o autarca, lembrando que uma das principais iniciativas ocorreu, em 2016, quando Loulé e de Créteil firmaram uma carta de geminação que possibilitou o estreitar de relações entre os dois municípios e o criar de projetos comuns a nível social, cultural, empresarial e desportivo. “Desde logo, repensámos a nossa Agenda Municipal e tornámo-la mais acessível à nossa comunidade francesa, tendo incluído a tradução dos seus conteúdos também em francês. Em 2017, a cidade de Loulé foi convidada para participar na Festa da Rádio Alfa, em Créteil, ALGARVE INFORMATIVO #225
ocasião em que levamos o Rancho Folclórico Infantil e Juvenil de Loulé, com o intuito de proporcionar um encontro entre jovens louletanos e jovens lusodescendentes, residentes em França, assim como para descobrir algumas infraestruturas ligadas à cultura e educação na cidade e iniciativas de inclusão social em bairros desfavorecidos”, recordou Vítor Aleixo. Três anos volvidos da assinatura da carta de geminação, foi agora o momento de concretizar mais uma iniciativa entre os dois municípios, relacionada com grandes apostas e investimentos em curso e desta feita com um especial enfoque na área da saúde, “com uma importante participação e cooperação das universidades e, claro, das áreas empresariais de ambos”. “A Autarquia de Loulé tem investido imenso no desenvolvimento do seu território e, de 2013 a 2018, iniciámos uma trajetória ascendente na ótica do investimento estrutural, da renovação e ALGARVE INFORMATIVO #225
desenvolvimento de edifícios públicos, tendo adjudicado obras num valor total de cerca de 71 milhões. E na saúde encontram-se em curso diversos investimentos, como o novo edifício que servirá de sede do Agrupamento de Centros de Saúde Algarve 1, Unidade de Saúde Familiar Lauroé, Unidade de Cuidados na Comunidade Gentes de Loulé e do primeiro Centro de Saúde Universitário do país. Em 2018, a Câmara Municipal de Loulé assinou um protocolo com o Algarve Biomedical Center, no âmbito do projeto ABC – Loulé Active Life, que lançou as bases para a instalação de diversas novas valências e para a descentralização de algumas competências de instituições nacionais de saúde para a região do Algarve”, sublinhou ainda o edil louletano, falando de um investimento na ordem dos 16 milhões de euros, com uma componente de financiamento comunitário, “em prol da ciência e com o intuito de resolver várias lacunas 168
existentes há décadas nesta região, relacionadas com a investigação, o apoio e os cuidados de saúde daqueles que aqui residem, e dos milhares de turistas que nos visitam todos os anos”. Para Vítor Aleixo, a criação dessas estruturas levará à promoção da investigação e à criação de condições que, na sua opinião, impulsionarão mais formação para os profissionais nacionais e internacional, captando assim recursos médicos diferenciados tão necessários ao Algarve. “Também é de crer que a realização deste projeto contribua de forma decisiva para uma maior atratividade de jovens médicos e investigadores”, reforçou. Mas o desenvolvimento do projeto ABC – Loulé Active Life tem sido também, segundo Vítor Aleixo, “a oportunidade para Loulé se ligar à Universidade do Algarve e
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abraçar os novos desafios na área da investigação científica e das ciências biomédicas”. E, para além de todas estas infraestruturas, o concelho de Loulé tem-se debruçado sobre a necessidade de formar e capacitar a população para uma maior responsabilização da sua saúde através da disseminação de conhecimento. Deste modo, arrancou, no dia 18 de setembro, a primeira fase do Projeto de Literacia Informática e Inclusão Digital, que consiste em ensinar a população mais idosa de Loulé a usar as ferramentas online disponibilizadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas também sensibilizar os demais cidadãos para o uso destes serviços. “Estamos a criar, do litoral até à serra, uma rede com cerca de uma centena de aparelhos de desfibrilhação para reduzir o número de mortes por
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paragem cardíaca. Este projeto experimental não se limita a servir a população local de maior concentração de pessoas na zona da costa, estende-se também às aldeias do interior, onde as dificuldades nos acessos aos cuidados de saúde se fazem mais sentir”, destacou Vítor Aleixo. Quanto ao Acordo de Cooperação assinado com a Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa, o autarca entende que permitirá apoiar as empresas louletanas que desejem realizar o salto da internacionalização no mercado francês. “Será mais uma medida que poderá propiciar novas parcerias e aumentar o volume de negócios dos nossos empresários, e que, esperamos, possa atrair mais investimento estrangeiro no nosso território. Queremos ter um importante impacto na criação de emprego duradouro e sustentável e na dinamização de todo um conjunto de atividades para os serviços locais e para toda a economia do concelho em geral”, justificou, acrescentando que todos estes projetos ambiciosos e estes investimentos ALGARVE INFORMATIVO #225
significativos, de iniciativa pública municipal, assim como estes acordos e parcerias, “constituem uma aposta decisiva numa região que se deseja sustentável e inovadora, com uma economia vibrante, capaz de competir, mas também de cooperar, para poder servir as necessidades da população”. “Hoje, com este encontro, esperamos criar mais um momento de partilha de experiências, saberes e projetos, de forma a que esta geminação seja, de facto, uma união forte e ativa entre os dois municípios. As nossas diferenças geográficas, culturais e sociais são os principais elementos agregadores dos dois territórios, pois significam que temos ainda muito para aprender juntos. Cabe-nos a nós, autarquias, poder local, nunca baixar os braços, encontrar o caminho para construir o futuro do território, seguindo exemplos felizes e tendo a constante capacidade de se reinventar”, finalizou o presidente da Câmara Municipal de Loulé . 170
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