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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 16 de novembro, 2019

25 ANOS DE RUI BAETA | «PARA LÁ DO MAR DE SOPHIA»| NAPOLEÃO MIRA E AMIGOS EM LAGOA 1 ALGARVE INFORMATIVO #227 «A PRIMEIRA OBRA DE ARTE»|«DEPOIS DO MEDO» DE BRUNO NOGUEIRA|FESTIVAL SPOKEN WORD


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58 - «Depois do Medo» de Bruno Nogueira

128 - Footgolf em Castro Marim

86 - Mão Morta em Loulé

32 - 25 anos de Rui Baeta ALGARVE INFORMATIVO #227

70 - 3.º Festival de Spoken Word 6


14 - Casa do Povo do Concelho de Olhão vai ter um Centro de Atividades Ocupacionais

98 - Napoleão Mira

144 - Nossa Senhora dos Navegantes

46 - «A Primeira Obra de Arte» no Teatro Lethes OPINIÃO 112 - Paulo Cunha 114 - Ana Isabel Soares 116 - Paulo Bernardo 118 - Fábio Jesuíno 120 - Alexandra Rodrigues Gonçalves 124 - Fernando Esteves Pinto 7

138 - Seminário ASMAL

20 - «Para lá do Mar de Sophia» ALGARVE INFORMATIVO #227


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Joaquim Fernandes, presidente da direção da Casa do Povo do Concelho de Olhão

CASA DO POVO DO CONCELHO DE OLHÃO VAI TER UM CENTRO DE ATIVIDADES OCUPACIONAIS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Casa do Povo do Concelho de Olhão viu ser aprovada uma candidatura ao Programa Operacional Portugal 2020 para a criação de um Centro de Atividades Ocupacionais, ou CAO, uma resposta social que pretende disponibilizar condições que contribuam para a qualidade de vida de jovens e adultos ALGARVE INFORMATIVO #227

portadores de deficiência, através da promoção de diferentes atividades e do apoio na superação das suas necessidades. O objetivo é potenciar o desenvolvimento possível das capacidades e competências sociais, sempre respeitando as características e a individualidade de cada utente, de modo a que estejam aptos para integrar a sociedade e, sempre que possível, o mercado de trabalho. 14


O CAO da Casa do Povo do Concelho de Olhão destina-se a 30 jovens com idade igual ou superior aos 16 anos, de ambos os sexos, portadores de deficiência severa profunda e que não reúnam as condições para o exercício, temporário ou permanente, de uma atividade produtiva. Uma problemática para a qual esta entidade ficou mais consciente em 2014, precisamente porque a filha de um elemento dos seus corpos socais carece de um apoio especial. “Visitamos as várias instituições que existem na nossa proximidade, sobretudo nos concelhos de Olhão e Tavira, e constatamos que há um défice enorme em termos de respostas. Fizemos uma aproximação à Segurança Social para averiguar da possibilidade de tentarmos ajudar e houve logo um grande interesse e empenho para que avançássemos com

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uma candidatura nessa área”, conta Joaquim Fernandes, presidente da Direção da Casa do Povo do Concelho de Olhão. Depois de conhecerem os requisitos em termos de espaço físico e de recursos humanos, seguiram-se os projetos de arquitetura e de especialidades e a entrega da candidatura ao Portugal 2020 no ano transato, com o sinal verde a chegar há poucas semanas. “Agora, temos que dar corda aos sapatos para arranjar os restantes 40 por cento para um investimento total previsto de cerca de 844 mil euros. O Município de Olhão mostrou-se bastante recetivo para acolher mais uma resposta nesta temática, porque a ACASO é insuficiente para as necessidades do concelho. A União de Freguesias da

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Fuseta e Moncarapacho também está disponível para ajudar financeiramente neste projeto e estamos convencidos que, com estes dois grandes apoios, iremos conseguir perfazer o investimento total”, afirma o dirigente, desejando que o novo Centro de Atividades Ocupacionais possa entrar em funcionamento em 2021. Do bolo total farão parte alguns fundos próprios da Casa do Povo do Concelho de Olhão, contudo, conforme se sabe, muita vontade existe normalmente neste género de coletividades e associações, o pior é ter meios financeiros para concretizar todos os seus anseios. Por isso, vão ser organizados vários eventos de cariz solidário, o primeiro deles já no dia 22 de novembro, pelas 21h30, com uma grandiosa noite de fados protagonizada pelos conhecidos Pedro e Teresa Viola. “Deverá ter lotação esgotada porque, ALGARVE INFORMATIVO #227

felizmente, contamos sempre com uma enorme adesão, quer dos nossos associados, quer da comunidade local, às atividades que desenvolvemos. Não é por acaso que, numa década, passamos de 50 para 2.460 sócios, atrevo-me a dizer que é um caso único em Portugal. Não estamos a falar de um clube de futebol, portanto, este crescimento é incrível”, destaca Joaquim Fernandes, justificando o sucedido pela capacidade de se ir ao encontro dos desejos e necessidades do seu público. “Não temos cá 2.460 sócios efetivos, mas temos 2.460 pessoas que já precisaram desta casa para qualquer situação que lhes foi útil, e muitas aqui permanecem porque temos sabido corresponder às suas expetativas”. Ir ao encontro das necessidades das pessoas portadoras de deficiência, ou 16


especiais, é ainda mais importante, porque longe vai o tempo em que estas crianças, jovens, homens e mulheres adultos, ficavam o dia todo trancadas em casa. Uma mudança de mentalidade que esbarra, porém, na insuficiência de respostas, admite Joaquim Fernandes. “Acredito que a nossa resposta vai ser diferenciadora, inovadora, porque não será um espaço construído para que as pessoas estejam fechadas entre quatro paredes. Será um espaço aberto, com uma atividade permanente e regular ao longo do dia, em que esses jovens ou adultos convivem e se sentirão inseridos na comunidade que frequenta habitualmente as nossas ações”, adianta o entrevistado, explicando que não estamos a falar da construção de um edifício de raiz, mas da extensão da sede da Casa do Povo do Concelho de Olhão. “Sabemos que estas coisas se fazem com pessoas com formação especializada, mas também contaremos com os nossos muitos voluntários para ajudar a dinamizar o CAO”, acrescenta. O novo Centro de Atividades Ocupacionais vai funcionar, então, numa ampliação de espaço que não irá alterar a beleza arquitetónica do edifício, ou seja, não se vai criar nenhum pé direito superior ao rés-do-chão. Em paralelo, serão readaptados alguns espaços já existentes, nomeadamente de uma sala que será reconvertida em refeitório, e de uma outra que será ampliada para acolher a cozinha. Quanto ao número de vagas disponíveis, a previsão de Joaquim Fernandes é que sejam rapidamente preenchidas. “No protocolo a celebrar com a Segurança Social vão ficar definidos os critérios para a seleção destas pessoas «diferentes», 17

não vamos conseguir responder a todas as necessidades, mas será um contributo importante”, frisa o dirigente. “Os CAO ficam munidos de técnicos especializados para criarem oportunidades para estas pessoas se inserirem no mercado de trabalho e se sentirem socialmente úteis. Nestas pessoas podem-se desenvolver certas capacidades e aptidões que, por vezes, os indivíduos considerados «normais» não as têm”, defende Joaquim Fernandes. Resta saber, depois, se o mercado de trabalho está recetivo para integrar estes cidadãos, com o empresário Joaquim Fernandes a não ver nisso qualquer inconveniente ou dor-decabeça. “Quando o empresário sente que a responsabilidade social é algo para ser partilhada por todos, e que isso também constitui uma realização pessoal e da empresa, não há qualquer problema. Quando não existe essa visão, a batalha tem que começar logo no berço”, entende o presidente da Casa do Povo do Concelho de Olhão, garantindo que empenho e vontade não faltam para reunir o mais rapidamente possível os restantes 40 por cento do financiamento do CAO. “Eu ainda sou do tempo em que os Bombeiros tinham de fazer rifas para comprar o seu equipamento. A situação melhorou para eles, mas o movimento associativo continua a sentir muitas dificuldades e temos que arregaçar as mangas todos os dias para concretizarmos os nossos objetivos e missões” .

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«PARA LÁ DO MAR DE SOPHIA» DO QUORUM BALLET RECORDOU SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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mais internacional companhia de dança portuguesa é uma presença regular no Algarve, fruto das suas inúmeras produções, todas elas de qualidade indiscutível, e também não ficou alheia às comemorações do centenário do nascimento de Sophia de Mello Breyner Andresen que se assinalam em 2019. Por isso, nos dias 8 e 9 de novembro, os Quorum Ballet, de Daniel Cardoso, viajaram até Portimão para apresentar, no TEMPO – Teatro Municipal de Portimão, para o público escolar e geral, o espetáculo «Para lá do Mar de Sophia». ALGARVE INFORMATIVO #227

Nesta viagem pelas memórias de Sophia de Mello Breyner Andresen, as palavras ganham vida numa coreografia de magia e simplicidade a cargo de Inês Godinho e com narração de Catarina Claro, inspirada em quatro histórias da escritora que tinha uma predileção especial pelo Algarve, nomeadamente por Lagos, onde desfrutava dos seus períodos de férias. Um espetáculo inserido no repertório infantil da companhia e que deliciou sobretudo os mais pequenos, com cerca de 400 crianças a assistirem, e algumas delas a participarem, neste fantástico «Para lá do mar de Sophia» . 22


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“É FANTÁSTICO FAZER AQUILO QUE GOSTO, AGRADAR A OUTROS E AINDA SER PAGO POR ISSO”, ADMITE RUI BAETA Texto: Daniel Pina Fotografia: Daniel Pina

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arense de gema, Rui Baeta assinala, em 2019, os 25 anos de carreira artística e numa vertente bastante exigente e complexa, a do canto lírico, da ópera. Uma viagem que começou cedo, logo em casa, enquanto crescia, pois tinha acesso fácil a este género musical. “Era préadolescente e a ópera provocou-me logo uma reação bastante forte, uma intensidade que não conseguia sentir com mais nenhum estilo”, lembra, em início de uma conversa, após um ensaio com o Coro da Orquestra Clássica do Sul. Sempre muito curioso, esta paixão motivou-lhe a necessidade de saber e fazer mais, o que o levou a ingressar no Conservatório Regional de Música do Algarve. “Na música sou muito adepto de experimentar coisas novas e normalmente dedico-me de alma e coração a elas, ao contrário do que sucede, por exemplo, com o desporto, onde ando sempre a testar novas modalidades, mas não dou continuidade. Ando a saltar de umas aulas para outras”, reconhece, com uma risada. Assim sendo, com 12/13 anos, entrou para o Grupo Coral Ossónoba e, como na altura ainda não existia um coro infantil, foi colocado no naipe das vozes femininas devido ao seu timbre. Aos 14 anos mudou de voz e passou para o naipe dos baixos, onde permaneceu até atingir a idade adulta. “Foi um período muito forte e transformador, em que estive também nos «Vá-de-Viró» a cantar música tradicional portuguesa e participei no grupo de representação do Teatro Lethes. Hoje, estou envolvido numa ALGARVE INFORMATIVO #227

série de realidades profissionais com as quais tive logo contato, em Faro, enquanto era adolescente”, recorda. Concluído o ensino secundário, Rui Baeta ruma à capital para estudar História de Arte na Universidade Nova de Lisboa, porque os pais o sensibilizaram para a importância de ter uma rede de segurança, uma profissão alternativa, caso a música não desse certo. “É um conselho que vale para todas as profissões mais difíceis e o canto lírico ou clássico é bastante específico e existem poucas alternativas em Portugal. Tento sempre que os meus alunos compreendam isso e que, quando os pais não os encorajam mais a seguir uma carreira artística, é por amor aos filhos, por estarem preocupados com o seu futuro”, sublinha o entrevistado. E se Rui Baeta está, presentemente, a festejar as bodas de prata enquanto cantor lírico, houve dois momentos em que a sua vida poderia ter seguido uma direção completamente diferente: a mudança de voz e a ida para Lisboa. “Quando passei de voz infantil para adulta, a minha voz era afinada, as pessoas gostavam de me ouvir, comecei a cantar solos, o que me encorajou imenso. Depois, na universidade, pedi transferência para o Conservatório de Lisboa e, quando me fui inscrever, reparei num cartaz do Coro Gulbenkian a dizer que estavam a aceitar novos membros. É uma referência legitimamente mitificada e foi o meu pai que me incentivou a fazer uma audição”, conta. 34


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De pé atrás, nervoso, Rui Baeta usou o repertório que tinha aprendido com as suas professoras do Conservatório Regional de Música do Algarve e, volvidas algumas semanas, recebeu a notícia de que tinha ficado no Coro Gulbenkian, tinha ele 18 anos. “Fiquei lá uma década, cantei com as melhores orquestras da atualidade, com grandes maestros internacionais, fizemos várias viagens por esse mundo fora. Foi uma experiência marcante que me ficou na pele para toda a vida”, admite, de olhos brilhantes. E com mais uma sonora risada garante que nunca foi colocado de parte pelos amigos de escola por andar num coro, nem que foi olhado de lado quando chegou a Lisboa, como se no Algarve não houvesse talento. “Todos os preconceitos sem fundamento têm perna curta. Pode haver um bocadinho de má vontade no início, mas tudo se dilui quando as pessoas se conhecem e quando mostramos o que valemos. Lá por cantar ópera não quer dizer que não goste de beber umas cervejas e comer uns caracóis. E, lá por vir do Algarve, da «província», como a região era encarada na época, não significa que não pudesse ter opiniões e referências mais sofisticadas sobre uma série de matérias. Há alturas em que mais vale mostrar do que explicar”, entende Rui Baeta.

CRIAR PONTES ENTRE A ÓPERA E O PÚBLICO Rui Baeta entrou no mundo do canto lírico logo pela porta grande e não tem dúvidas de que, caso não tivesse reparado naquele cartaz a anunciar as audições para ALGARVE INFORMATIVO #227

o Coro Gulbenkian, poderia agora não estar a ter esta conversa. “E se o meu pai não me tivesse empurrado, eu jamais teria tido a coragem para o fazer. Aos 17 anos estava desejoso de ir viver para Lisboa, mas também assustado. Entretanto, comecei a participar em tantos concertos que chegou uma altura em que disse aos meus pais que não ia continuar em História de Arte e que ia estudar canto na Escola Superior de Música”, relata. 36


O percurso, depois, foi o normal para quem tem tanto talento, foi conhecendo mais maestros e músicos, e ganhou o Prémio Jovens Músicos, em 1999, com o pianista Paulo Pacheco, o que lhe deu uma projeção ainda maior. Mas engane-se quem pensa que a caminhada foi fácil, que basta ter boa voz, isso é apenas o primeiro passo. “Na altura batia-se muito na tecla do «sangue, suor e lágrimas», que ter sucesso era extraordinariamente difícil, 37

mas essa abordagem modificou-se no ensino da música clássica. Apesar de tudo isso ser verdade, também é verdade que, quando se gosta, não custa e é isso que faz toda a diferença. É fantástico fazer aquilo que gosto, agradar a outros e ainda ser pago por isso. É um privilégio tremendo”, assegura, sem esquecer, contudo, que também existe o outro lado da moeda. “Há certas liberdades que não podemos ter na nossa vida pessoal. ALGARVE INFORMATIVO #227


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Aqui nunca saímos do escritório e vamos para casa sossegados, nem se fecha a tampa do piano ou se põe o instrumento na caixa. Estamos sempre em cuidados com a voz e a pensar em como a melhorar. No entanto, enquanto valer a pena, cá estarei”, afirma. Valer a pena que, em princípio, ainda será uma realidade por muitos e bons anos, até porque Rui Baeta não consegue compreender como é possível não se gostar de ópera e de canto lírico. “Há pessoas que acham que a ópera é chata, mas comigo foi uma paixão imediata e espontânea. Bateu-me logo muito forte, foi uma experiência avassaladora. Outras pessoas reagem negativamente e temos de perceber quais os motivos para que tal aconteça. A verdade é que é preciso informação para se poder apreciar ópera e, nesse campo, estamos muito distantes daqueles países que têm bastante tradição de ópera cantada nas suas línguas”, reconhece o entrevistado. “São histórias em que temos que compreender o que as personagens estão a sentir com aquelas notas, o amor tremendo, a tristeza tremenda, é tudo tremendo, de facto. Há que estabelecer mais pontes com o grande público, porque, em Portugal, só temos um teatro e um coro de ópera. Em Espanha, temos dezenas. Na Alemanha, são centenas de teatros com programação de ópera, estão equiparados aos cinemas”. E porque é necessária informação para se apreciar algo, convém lembrar que, na música clássica, a voz é considerada um instrumento igual a todos os outros de uma orquestra e que está dividido em 39

Rui Baeta: “A voz é igual para toda a gente, o que muda é aquilo que fazemos com a voz que temos, e eu tenho feito muito. Pareço um velho por estar a festejar as bodas de prata, simplesmente comecei bastante cedo como cantor profissional. Jamais pensei chegar a este patamar e, volta e meio, também tenho as minhas inseguranças, ponho-me a pensar se terei qualidade suficiente para isto ou para aquilo, se as pessoas irão gostar. Somos todos inseguros, é algo que faz parte da natureza dos artistas”. várias categorias. “Barítono é o nome do meu instrumento, porque a minha voz está numa zona média, grave e aguda específica. Nos homens, as vozes mais agudas são os Tenores e as mais graves são os Baixos. Depois, os compositores que escrevem ópera, que são histórias cantadas, atribuem determinadas características vocais às suas personagens”, explica Rui Baeta, como se estivesse numa sala de aulas perante os seus alunos. “Na «Carmen» de Bizet, por exemplo, o toureiro é cantado por um Barítono, o D. José é ALGARVE INFORMATIVO #227


um Tenor, e a Carmen, a mulher sedutora, é um Contralto, uma voz mais grave, enquanto que a Micaela, que se apaixona pelo D. José, é uma Soprano. Isto é uma novela autêntica, os dramas da vida real com uma música sublime, como é que alguém não gosta disto”, questiona, sorridente.

EXPERIMENTAR, MAS SEM INVENTAR Posto isto, Rui Baeta escolhe peças adequadas à sua voz de Barítono, mas depois há também vários estilos musicais envolvidos, da música sinfónica com mais instrumentos, ou música de câmara, com menos instrumentos, às operas mais contemporâneas com voz representada, como se estivéssemos a assistir a uma peça de teatro. Vários desafios artísticos que levam alguns cantores líricos a especializarem-se neste ou naquele género, ao passo que o farense gosta de testar os seus limites em vários campos, mas sem nunca «inventar». “Já estive em júris de audições em que os candidatos estão um bocadinho baralhados sobre a sua identificação vocal, o que revela que não estão bem a par de como o meio funciona, ou que foram mal encaminhados na sua formação. Isso, no meio profissional, não pode acontecer”, aconselha. Retomando o percurso de Rui Baeta, 10 anos foi quanto tempo esteve no Coro Gulbenkian, contudo, à medida que ia fazendo cada vez mais solos, tornou-se mais complicado conciliar as duas agendas, até que chegou mesmo uma altura em que se tornou incompatível ser ALGARVE INFORMATIVO #227

solista e coralista. “Como solista, tenho que desenvolver as minhas capacidades interpretativas, a minha personalidade artística, a minha identificação, e num coro não há espaço para isso. Num coro somos todos peças fundamentais da engrenagem, mas não deixamos de ser apenas mais uma peça”, refere o entrevistado, adiantando que as próprias rotinas de trabalho são distintas. “Embora seja um cantor lírico, já fiz umas «viagens» por outros estilos, porque, às vezes, temos que sair da nossa «zona de conforto» para regressarmos com mais força, para verificarmos que é aquilo que faz mais sentido para nós. E, neste momento, estou a preparar «As Flores do Mal» do Baudelaire, com música de Luís Soldado; a preparar os concertos de Natal com o Coro da Orquestra Clássica do Sul; e a dar apoio vocal a uma companhia de teatro. Gosto de fazer coisas diferentes e tenho a sorte de ter sempre a agenda cheia”, confessa. Só que para ter sorte é preciso trabalhar-se muito e Rui Baeta é disso um exemplo perfeito, com múltiplas participações também em programas de rádio e televisão. “A voz é igual para toda a gente, o que muda é aquilo que fazemos com a voz que temos, e eu tenho feito muito. Pareço um velho por estar a festejar as bodas de prata, simplesmente comecei bastante cedo como cantor profissional. Jamais pensei chegar a este patamar e, volta e meio, também tenho as minhas inseguranças, ponho-me a pensar se terei qualidade suficiente para isto ou 40


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Rui Baeta: “Quando a pessoa está bem preparada e faz uma boa prova, não há mal nenhum em ser recusada, são opções da produção, preferiu outro por razões subjetivas. Agora, sermos reprovados porque nos apresentamos mal preparados, isso é que não pode acontecer. Quando há poucas audições, como sucede em Portugal, as coisas agigantam-se, fica tudo muito pesado e, quando não ficamos com o lugar, é algo bastante arrasador. Há que saber contextualizar as coisas e banalizar a rejeição”.

para aquilo, se as pessoas irão gostar. Somos todos inseguros, é algo que faz parte da natureza dos artistas”, salienta, avisando ainda que não há qualquer problema quando não se é aceito para um determinado trabalho. “Quando a pessoa está bem preparada e faz uma boa prova, não há mal nenhum em ser recusada, são opções da produção, preferiu outro por razões subjetivas. Agora, sermos reprovados porque nos apresentamos mal preparados, isso é que não pode acontecer. Quando há poucas audições, como sucede em Portugal, as coisas agigantam-se, fica tudo muito pesado e, quando não ficamos com o lugar, é algo bastante ALGARVE INFORMATIVO #227

arrasador. Há que saber contextualizar as coisas e banalizar a rejeição”. Percebe-se, então, que a vida de cantor lírico é difícil, tem muitos obstáculos, mas as pessoas nem sempre o compreendem porque, normalmente, apenas observam os artistas a ser ovacionados no final das suas atuações, quando os concertos correm bem. “Tudo isso é maravilhoso, mas é apenas uma das partes boas, é a ponta do icebergue. Por baixo da linha de água estão imensas horas de ensaio, muita frustração, pessoas que não nos compreendem, que não concordam connosco. Todas as profissões com algum destaque têm o outro lado da moeda, porque, aqui, não há sucesso instantâneo, com um estalar dos dedos”, assegura Rui Baeta. “Hoje, há mais informação em geral e mais formação específica, mas a concorrência também é maior. Como confio no mérito, não tenho medo nenhum em competir com outros colegas e aceito perfeitamente se alguém for melhor do que eu e ficar com o lugar. Quando é pior do que eu, já é mais complicado de gerir”, indica, com mais uma das suas sonoras risadas. “Estou cá há 25 anos e os problemas de fundo, estruturais, mantêm-se, o que é triste. Há mais artistas e público, o nível vai subindo, mas quero continuar a fazer tudo aquilo que faço agora, e mais outras coisas de que ainda não me lembrei. Estou disponível, estou em forma, e venham os projetos que cá estou para os abraçar” .

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LA FUNDICION LEVOU «A PRIMEIRA OBRA DE ARTE» AO TEATRO LETHES Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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nserido em mais um Ciclo de Teatro Espanhol, o Teatro Lethes, em Faro, conheceu, no dia 2 de novembro, «A Primeira Obra de Arte», da companhia sevilhana La Fundicion. Neste espetáculo, Oriol Boixader é um palhaço que acha que é igualmente um grande artista, surgindo em palco para explicar a sua visão da arte e transmitir o seu conhecimento ao público. Com esse intuito, o palhaço/artista prepara-se para ficar manchado de tinta, encher-se de lama, cortar pedras, viajar no ALGARVE INFORMATIVO #227

tempo, mas também não se importa de cozinhar, fazer malabarismos, tocar música ou que mais for necessário para seduzir a assistência, de modo a que esta entre no maravilhoso e mágico mundo das Belas Artes. Tudo isso através do seu olhar inocente, inteligente, absurdo, apaixonado e coerente e que lhe vale imensas risadas e aplausos espontâneos. Mas também muitas dores de cabeça quando, de repente, uma voz no sistema sonoro avisa que o museu em que trabalha, como guarda-noturno, está prestes a abrir ao público . 48


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Bruno Nogueira sem medos no CineTeatro Louletano Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina

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stand-up comedy regressou ao Cine-Teatro Louletano, em Loulé, no dia 14 de novembro, com o espetáculo «Depois do Medo» de Bruno Nogueira. Casa cheia para receber um dos nomes mais consagrados da nova geração de humoristas portugueses que saltaram para as luzes dos holofotes com o programa «Levanta-te e Ri» da SIC e que tem sabido manter-se, com mestria e um estilo muito próprio, na ribalta desde então. Mesmo que o último espetáculo a solo de Bruno Nogueira tenha acontecido há cerca de uma década, porque têm sido, de facto, inúmeros os projetos e programas em que tem estado envolvido nos últimos dez anos. O longo afastamento dos palcos originou, como seria de esperar, uma enorme expetativa em torno de «Depois do Medo», daí as normais lotações esgotadas ao longo da tournée que agora chegou a Loulé, com Bruno Nogueira a encarar, olhos nos olhos, sem quaisquer receios ou hesitações, um público exigente e conhecedor do seu ADN humorístico. Ainda que nenhuma atuação seja exatamente igual às outras, porque Bruno Nogueira continua bastante atento àquilo que o rodeia, ao que assiste no seu dia-a-dia, a acontecimentos e situações que o motivam a escrever e a dizer de sua justiça. Por isso, apesar do que está previsto no alinhamento, que também é dinâmico e flutuante consoante a reação do público, há sempre lugar a novidades de uma data para a outra. Loulé não foi diferente, falou-se de tudo um pouco, de polémicas e situações caricatas da atualidade, mas também de memórias e episódios que marcaram o crescimento de Bruno Nogueira, sem receio de expor a sua vida pessoal com um humor negro e mordaz que, em abono da verdade, não cai no goto de todas as pessoas. Mas este é estilo de Bruno Nogueira desde que começou nas lides da stand-up comedy, portanto, ninguém vai enganado aos seus espetáculos. Piadas mais ligeiras, outras mais intelectuais, às vezes um humor que é preciso ter estômago para encaixar, daquele que gera, por vezes, uma certa indignação do público menos habituado ao Bruno. Nada que o faça alterar o seu estilo, um estilo que nem todos conseguem dominar porque se anda constantemente no limite, no fio da navalha. Feitas as contas, «Depois do Medo» não defraudou, antes pelo contrário, a plateia que esgotou por completo o Cine-Teatro Louletano. Clap! Clap! . ALGARVE INFORMATIVO #227

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GIMNÁSIO CLUBE DE FARO PROM WORD - CALCETEIROS DE LETRAS E Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e Irina Kuptsova

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MOVEU 3.ยบ FESTIVAL SPOKEN E DISTINGUIU NAPOLEร O MIRA

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Gimnásio Clube de Faro voltou a trazer ao Algarve, de 15 a 17 de novembro, o que de melhor se faz a nível nacional na área do Spoken Word. O festival abriu, na sexta-feira, com o poderoso «A Gaveta da Pedra», projeto de Rogério Cão acompanhado por Tercio Nanook na guitarra, seguindo-se uma Poetry Slam Night com Nuno Piteira e Luís Perdigão que se prolongou pela noite dentro, tal o número de participantes. Recorde-de que o poetry slam é uma prática em torno da palavra que tem na sua base várias regras que envolvem a performance e poesia original dos seus participantes, um tempo limitado a três minutos para as suas apresentações, um público como júri que pontua cada ALGARVE INFORMATIVO #227

apresentação de 0 a 10, a ausência de música e acessórios e a atribuição de prémios simbólicos no final. Não existem estilos ou temas adequados, existem, sim, diversas linguagens possíveis, que variam com a diversidade dos participantes que fazem parte deste. No sábado assistiu-se ao projeto «Poesia 21», com uma seleção de 21 poetas portugueses e brasileiros contemporâneos, da autoria do grupo de promoção e mediação interdisciplinares de leitura «Experiment'arte», fundado há 12 anos por Paulo Pires e Sónia Pereira, juntando-se recentemente o pianista Carlos Boita. A noite terminou com o nome mais sonante da presente edição do festival, Adolfo Luxúria Canibal, com 72


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«Estilhaços», espetáculo de spoken word que nasceu quando o vocalista dos Mão Morta começou a ler textos e poemas do seu livro homónimo, acompanhado ao piano e outros teclados por António Rafael. O formato deu origem à gravação do primeiro disco do projeto, homónimo, editado em 2006 pela «Transporte de Animais Vivos». Posteriormente, mantendo as mesmas características, passou a contar com a participação de Henrique Fernandes, no contrabaixo. Entretanto, na tarde de sábado, quem pretendesse iniciar-se na arte de dizer poesia em público teve ao seu dispor um Workshop de Poetry Slam, dinamizado por Nuno Piteira e Luís Perdigão. O festival chegou ao fim, na tarde de domingo, com os anfitriões «Calceteiros ALGARVE INFORMATIVO #227

de Letras» e a presença de poetas convidados, músicos e dançarinos. Todd Sheldrick começou com um solo instrumental de trompa; João Caiano, Armando Correia, Pedro Pinto, Carolina Cantinho e Paulo Strak protagonizaram «Shots Poéticos»; Alice Arnedo declamou «Gaivota» de Matilde Rosa Araújo e «Borboletas» de Manoel de Barros, ao som do contrabaixo de Paulo Strak; Beatriz Faustino leu o seu «Abstrato», acompanhada por Jamie Mendes na máquina de escrever e de Todd Sheldrick na trompa; o poema «Quando eu não faço nada» de Vasco Seromenho foi interpretado, em língua gestual, por Vasco Seromenho, Catalina Tincul e Délcio Viana; e os alunos da Escola Tomás Cabreira apresentaram «Poemas sobre poemas, sobre 74


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Poemas», inspirado no texto «As canseiras desta vida» de José Mário. Depois, houve oportunidade para assistir a «Somos Som», uma intervenção poética dos participantes do workshop do dia anterior, sob a direção de Nuno Piteira e Luís Perdigão. A culminar o festival, e como já tinha sucedido em 2018, procedeu-se à entrega da distinção «Calceteiros de Letras», que pretende homenagear aqueles que contribuem para a difusão de palavra e da poesia de forma criativa e original. O prémio foi criado e elaborado pelo artista João Frank e teve como justo destinatário o declamador e poeta Napoleão Mira . 77

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O SEMPRE IRREVERENTE ADOLFO LUXÚRIA CANIBAL E OS SEUS «MÃO MORTA» DESLUMBRARAM O CINETEATRO LOULETANO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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s míticos Mão Morta vieram ao Cine-Teatro Louletano, no dia 31 de outubro, em plena noite de Halloween, claro, para dar a conhecer o seu mais recente trabalho discográfico, «No Fim Era o Frio», num concerto dividido em duas partes em que, depois do intervalo, se escutaram os maiores sucessos da banda. “O disco apresenta-se como uma narrativa distópica onde conceitos como aquecimento global ou subida das águas do mar servem de ponto de partida e cenário para um questionar e decompor de diferentes paradigmas do quotidiano”, explica Adolfo Luxúria Canibal, o letrista e a voz de Mão Morta, acrescentando ainda: “São paradigmas que nos rodeiam e com os quais nos relacionamos e que todos os dias replicamos – criando com eles uma familiaridade tal que nos impede, muitas vezes, de deles tomar verdadeira consciência – desviados para um outro enquadramento onde a familiaridade ganha a estranheza que permite a sua perceção”. O líder da banda bracarense descreve o álbum como “uma perceção demencial, num horizonte ficcional que nunca sabemos se é real ou delirante e onde as composições criadas com os padrões deslocalizados da sua primitiva função dão novas vidas e leituras ao frio cosmológico e à solidão humana, aqui ecos de uma mesma inadaptação existencial e vazio afetivo”. ALGARVE INFORMATIVO #227

E, apesar da experiência nova de ter pela frente um público sentado, Adolfo Luxúria Canibal considera que a noite foi muito bem-conseguida. E o público, como é óbvio, teve a mesma opinião. 88


Ao vivo, os Mão Morta recriam a distopia, dando espaço para o palco funcionar como terreiro dessa demanda de calor humano, com Adolfo Luxúria Canibal na voz, António Rafael Machado no teclado e na 89

guitarra, Vasco Vaz e Pedro Costa nas guitarras, Joana Longobardi no baixo elétrico e Miguel Pedro Guimarães na bateria. Um concerto, uma noite, para ficarem na memória de todos os presentes . ALGARVE INFORMATIVO #227


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LAGOA RENDEU-SE AO TALENTO DE NAPOLEÃO MIRA, SAM THE KID E AMIGOS Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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oi uma noite de emoções à flor da pele para Napoleão Mira, escritor, poeta e declamador que há coisa de 30 anos escolheu Lagoa para viver. Por isso, no dia 16 de novembro, o Auditório Carlos do Carmo encheuse de amigos, e não só, para assistir a «Manual Prático Para Emoções Fortes», um concerto que acabou por dar a conhecer os vários projetos do alentejano, tanto a solo, como em parceria com outros artistas do Algarve. E um desses artistas era, sem dúvida, mais especial que todos os outros, nada mais, nada menos, que o próprio filho de Napoleão Mira, o conhecido rapper Sam The Kid, que cantou com o pai o tema «Santiago Maior», para além dos seus sucessos «O Recado», «Poetas do Karaoke» e «Sendo Assim».

Identidade de Eva». E como Napoleão Mira estava rodeado de amigos, em cima e fora do palco, o espetáculo foi-se prolongando de forma natural e dinâmica, com o autor a explicar o que lhe ia na alma quando escrevia este ou

Antes disso, porém, assistiu-se a um desfilar de talento pelo palco da principal sala de espetáculos de Lagoa, com interpretações irrepreensíveis de Luís Galrito ao piano, de João Mestre à guitarra elétrica, guitarra acústica, piano e melódica, de João Campos Palma ao acordeão, do cante alentejano d’os Os Ganhões de Castro Verde, às batidas magistrais dos dj’s e produtores Sickonce e Dezman e ao rap de Pedro «Reflect» Pinto, tudo sempre acompanhado pelas projeções de vídeo de João Pedro Espada e também pela bailarina Filipa Rodrigues no tema «A ALGARVE INFORMATIVO #227

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aquele poema, a quem eles eram dedicados, sem esconder os sentimentos que lhe iam fervilhando no coração. Um espetáculo «fora da caixa», conforme o próprio descreveu, pelo que não faltou

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também um agradecimento especial ao Município de Lagoa por ter acreditado e apostado neste formato. Uma aposta bem-sucedida, porque o Auditório Carlos do Carmo esgotou. Venha o próximo espetáculo .

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Qual é o lado certo da verdade? Paulo Cunha (Professor) expressão «quadratura do círculo», popularizada como título de um programa televisivo (depois transformado em «circulatura do quadrado» noutro programa que lhe sucedeu), é sinónima de impossibilidade, ou mais concretamente, da impossibilidade de traçar um quadrado de área exatamente igual à de um círculo contido numa circunferência desenhada previamente. Tomando como base tal premissa, é fácil entender que, por mais que certos comentadores, fazedores de opinião e manipuladores da realidade assim o queiram, a notícia nunca deixará de ter um só lado, o lado da verdade! A verdade resulta da soma de todos os lados em que decidi estar, daí, cada vez mais, acautelar, pesquisar e verificar qualquer notícia que possa veicular, pois não há pior sensação do que ser enredado e apanhado em teias ardilosamente urdidas por quem, sem darmos conta, todos os dias nos manipula. Por mais isento, imparcial e cumpridor do código deontológico que qualquer jornalista seja, não podemos esquecer que é humano e, como tal, está sujeito a pressões e influências de vária ordem… aliás, como sucede em qualquer profissão onde a dependência, a obediência e o contacto direto com pessoas integram o seu quotidiano. É por isso normal referir o jornalismo onde a verdade dos factos é relatada com profissionalismo e rigor, como sendo um jornalismo de referência. É esse o jornalismo que todos aqueles que pugnam pela informação fidedigna, onde a realidade não é deturpada nem ficcionada, aspiram. Ter como fontes de informação órgãos que ALGARVE INFORMATIVO #227

apenas - veiculam a realidade tal como ela é, em contraponto com a falsidade de muitas realidades virtuais que, por várias formas, nos entram pela vida adentro, é, hoje, considerado um privilégio. E o que escrever sobre todos aqueles que nos «ajudam» a interpretar uma realidade que, desejavelmente, deveria ser apenas isso: a realidade? São manipuladores profissionais que, através de vários meios, congeminam teorias ao gosto de quem, enchendo-se, também lhes enche o prato. Seja na política, no futebol, na economia e/ou na «socialite», cada vez mais temos gente iluminada que nos explica qualquer tipo de evento, situação e ocorrência, orientando-nos assim para a sua verdade suprema. São eles que no jogo do poder amealham pontos no poder da comunicação. Sob uma capa onde se albergam inúmeras teorias da conspiração, há quem queira fazer-nos acreditar que nada acontece por acaso. E assim, de intriga em intriga, lá vamos caminhando ao ritmo de um tambor, onde a cadência parece marcial. Quando se quer, quando se sabe e quando se tem meios para isso, é tão fácil manipular a opinião pública. Basta replicar até à exaustão alguns juízos dos «fazedores profissionais de opinião» e, num piscar de olhos, estamos todos a dizer e a escrever o mesmo. Se há desemprego na Europa, a culpa é dos emigrantes... “Abaixo essa gente que vem de fora!”. Se aumentou a criminalidade, a culpa é dos pretos e dos ciganos… “Abaixo essas raças inferiores!”. Se os respeitáveis costumes já não são o que eram, a culpa é do pessoal LGBTI… “Abaixo essa gentalha amaricada!”. E perante essas 112


atoardas minuciosamente fabricadas, facilmente se arregimenta soldados e fiéis da ignorância, da maledicência, da intriga, da maldade e do ódio. Nunca tiveram a sensação de estarem a ser controlados e manipulados por seres que se acham superiores a vós e que, tal como se 113

estivessem a jogar monopólio entre eles, divertindo-se, colocam-nos uns contra os outros? Será que já ando a ouvir vozes e a ver coisas que não existem? Não! Tento é identificar quem é que anda a pegar fogo a tudo isto, transformando a vida num inferno a quem nada fez para o merecer… Porque quem diz a verdade não merece castigo! . ALGARVE INFORMATIVO #227


OPINIÃO

Do Reboliço #63 Ana Isabel Soares (Professora) Reboliço lembra-se de ouvir a Tia Patrocínia a rematar conversas como quem remata fios soltos de uma costura – mas numa manta de retalhos que continua por terminar. Mais reticências, quase nunca a finalização em ponto. Era um “Pois...” de “ô” prolongado o quanto o corpo lhe balançava no quadrado da minúscula cozinha, ou enquanto se erguia do banco ao lado do fogão para mexer o que estivesse ao lume (aqui, a acompanhar o gesto, a mais das vezes fazia ouvir um “Ai... a minha vida...”, e, se lhe perguntavam o que lhe doía, respondia a sorrir que era nada, maneira de dizer sempre dos dias). “Deixa torrar, que está brando”, e não falava do comer na frigideira, nem de torradas a torrar: era do caso que comentava, de uma história de vizinhas, empreiteiros, de farmácias, o que no bairro urbano houvesse sucedido. “Deixa-os”, como quem diz, não te rales, não desmoreças (que para ser coisa ruim, entendia que tinha de começar a palavra com aquele «des» igual ao que ouvia em desesperar, e era isso que não queria). Se o silêncio pesava a ponto de não se ouvir mais do que o borbulhar da marmelada, o chiar da carrapetazinha da panela de pressão, abria com esforço a porta da cozinha que dava para os terraços interiores de todos os prédios do quarteirão, mudava o vaso do manjerico do parapeito de dentro para o poiso de fora, “A ver se apanha mais uma luzinha”, e olhava para o quintal, dois pisos abaixo: “Olha-o, estás a vê-lo?”. O Reboliço acompanhava-a: a Tia Patrocínia sustinha os antebraços no corrimão da escada, que ela era pequenina, e o bicho enfiava o focinho estreito por entre os estreitos vãos dos ferros que seguravam a ALGARVE INFORMATIVO #227

estrutura. “O gato. Estás a vê-lo?”. Ver seria simples: o mais difícil era conseguir deslocar a atenção para qualquer coisa que não fosse o latido com eco de um cão de outro prédio, de outro andar – ao cheiro do Reboliço, era fatal: parecia um aspirador doméstico que tivessem ligado à corrente e desatasse a fugir, rugindo aos cantos todos das divisões da casa. A Tia, porém, ignorava-o. O Reboliço, por cachorro, esforçava-se no desdém, mas era-lhe... complicado. Tinha de fechar os olhos primeiro, centrar-se na ideia de um mundo onde só se ouvisse o piar irrequieto dos pardais a fazer reverberar aquela espécie de jaula sem telhado que era o conjunto das varandas do quarteirão, para só depois os reabrir, límpidos, o ladrar lá longe, escapado por um tubo de ventilação, e ver O gato. Assim que o topava, o pelo todo parecialhe setinhas de arame, a curta cauda uma antena em pesquisa, as orelhas instrumentos de apoio, auxiliares de sonda e deteção, todo ele uma máquina a si mesmo quase estranha. O gato era imenso. Por regra (era preciso que não estivesse a chover), encontravam-no derramado num dos cantos do patamar de betão que as muitas chaminés da garagem da cave interrompiam. Esparramado. Diluído em espaço, um tapete. O Reboliço tinha de fazer um esforço para distinguir na mancha de pálido amarelada que era o gato a ponta da cabeça e a ponta da vassoura larga que era a cauda. Ou então, bastava-lhe esperar que a impaciência do felino (com o ladrar do outro, está claro) deixasse de se conter e se manifestasse do modo mais irrequieto que naqueles bichos é costume: todo o resto do corpo imobilizado e a cauda a varrer, 114


Foto: Vasco Célio

lentezinha, lentezinha, vuuushhh-vuuushhh, rente ao chão. Se, por um acaso fora da regra, o gato estivesse de sentinela quando se abria a porta da cozinha da Tia Patrocínia, era ele quem primeiro dava pelo Reboliço. Sem miar, sem nenhum outro som de cumprimento, fazia mover o corpanzil tigrês, passava de um salto impossível para uma plataforma onde, de largo, não caberia mais do que um carreiro de formigas, por esse afunilado chão caminhava seguro até ao ponto onde se juntava às varandas do prédio da Tia Patrocínia e, dali – que não lhe 115

interessaria avançar mais, só isso, pois meios de locomoção provava que tinha, aulia. Nada mais precisava de fazer: calava-se o perro do outro lado dos quintais, a Tia regressava à cozinha para tirar de dentro do forno a panelinha onde guardara para ele os restos dos carapaus grelhados no dia anterior – e o Reboliço metia a viola, como quem diz a cauda, no saco. . *Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. ALGARVE INFORMATIVO #227


OPINIÃO

De Niña a Mujer Paulo Bernardo (Empresário) ormalmente era o meu pai que me preparava o pequeno-almoço, sempre com grande carinho, coincidimos inversamente na vida ativa, quando eu comecei a trabalhar, ele entrou num descanso merecido. Sempre preparou com grande carinho o pão torrado e o chocolate quente. Obviamente que eu, como filho, sempre dei aquilo como um dado adquirido e pouco agradecimento ia dando, era apenas mais uma coisas que sempre lá esteve à hora certa. Contudo, tive a sorte de viver alguns anos fora da casa dos pais e quase uma década depois voltei. O ritual foi retomado, mas os dez anos de experiência fora de casa vieram trazer outra forma de saborear o pequenoalmoço. Acima de tudo, o que melhor saboreei foi a sua companhia, nesta fase já me fazia um resumo das notícias do dia, que já tinha visto na televisão. Hoje, faz-me muita falta para me ajudar a tirar algumas dúvidas e para falar sobre história e religião. Hoje sou pai de uma menina, que está na fase de «niña a mulher», como diz a canção do Júlio Iglésias. Hoje sou eu que faço o papel de pai e ela de filha e também, sempre que posso, sou eu que lhe faço o pequenoalmoço, e sou eu que me sento ao seu lado e falamos um pouco. Ainda é uma conversa muito simples, mas havemos de

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chegar às conversas sobre as notícias do dia. Sei que hoje ela, na sua fase de niña a mulher, dá como dado adquirido ter ali o pai presente e o respetivo pequenoalmoço. Observo com atenção o seu crescimento, rápido demais, mas normal ao mesmo tempo. Todos os dias me ensina a ser pai e, em simultâneo, faz-me dar mais valor ao meu pai, que já não o tenho, e ao que ele fez por mim. Nós só aprendemos a ser filhos quando somos pais. Como é ingrato, pois perdemos um tempo enorme das nossas vidas a ser apenas filhos muito egoístas. Hoje o mundo parece bastante estranho, não sei se é isto que se chama envelhecer, ter alguma dificuldade para entender algumas coisas no mundo. Não consigo avaliar como é crescer hoje. Aparentemente, as coisas correm normais, as preocupações são as mesmas que eu tinha, os resultados na escola e as relações com os amigos. Sei, sim, que são miúdos mais responsáveis em alguns temas, talvez mais solidários, mais voluntários, muito mais globais. Possivelmente com mais capacidade de viverem no interior, graças à sua conectividade com o mundo, hoje podem estar completamente sozinhos a viver em sociedade. Esta é aquela parte que não sei bem que resultado vai dar, nem consigo prever a 116


evolução da sociedade. Contudo, ficar velho é dizer que antigamente é que era bom. Obviamente que era bom, não por ser antigamente, mas por sermos mais novos, por termos ainda muitos sonhos, mas isso julgo que será sempre assim, por muitas voltas que o mundo dê. Por isso, minha filha, espero que seja tão bom para ti seres mãe como é para 117

mim ser pai, que um dia te sentes junto do teu rebento e que penses nos pais, e que, tal como eu, entendas os ensinamentos que a vida nos dá no momento certo. Que o percurso de niña a mujer, tal qual a canção, seja simpático para a tua geração e que daqui a 30 anos digas que antigamente é que era bom. É sinal que as voltas do mundo se mantêm normais . ALGARVE INFORMATIVO #227


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As desafiantes dores dos empreendedores Fábio Jesuíno (Empresário) ão é coincidência que a palavra empreendedor termina em dor. Ser empreendedor é muito desafiante, uma grande aventura cheia de obstáculos e muitas dores, que passam ao longo da caminhada até ao sucesso. Um empreendedor é aquele que identifica um problema e transforma-o numa oportunidade. É aquele que é criativo, inovador e muito persistente, que estabelece estratégias que vão mudar o futuro, aquele que faz nascer projetos que têm impacto na vida das pessoas. Nos caminhos de um empreendedor, por vezes aparecem obstáculos que, para ultrapassá-los, é necessário muito esforço que provoca algumas dores, que devem ser tratadas por um médico, que poderá ser um mentor ou um consultor com experiência que vai prescrever a medicação certa para que seja retomado rapidamente o caminho em direção ao sucesso. As dores de um empreendedor são tratadas, muita das vezes, com automedicação, mesmo em situações mais graves, que fazem com que a dor aumente e dificulte ultrapassar os obstáculos que vão surgindo no caminho ou fazendo com que o ritmo diminua. Essas dores são mais frequentes no início do projeto. O empreendedor encontra desafios difíceis de ultrapassar, momentos de escolha pelo melhor caminho, indecisão e dúvida sobre se deve continuar ou desistir. Definir a melhor proposta de valor e criar um modelo de negócio inovador e sustentável são alguns ALGARVE INFORMATIVO #227

dos momentos verdadeiramente decisivos para o sucesso do projeto e para o futuro de qualquer empreendedor. Ser empreendedor é arriscado, é importante conhecer e dominar uma série de variáveis que provocam dores nas mais diversas formas e intensidades. Prever e aprender a identificar essas dores é fundamental para aumentar a nossa autoconfiança, aumentar as nossas possibilidades e ter sucesso. Quando criei a minha primeira empresa, aos 18 anos, estava completamente anestesiado pelo sonho de criar um negócio inovador que me permitisse criar valor. Depois passou a anestesia e vieram muitas dores cheias de desafios. O meu principal medicamento foi a persistência de seguir o meu sonho. Arrisquei tudo ciente de que ia conseguir ultrapassar todas as dificuldades. Hoje, essa empresa tem 16 anos e é reconhecida como uma das melhoras agências de marketing digital em Portugal. Continua com algumas dores, principalmente de crescimento, mas fazem parte do caminho. As dores do crescimento fazem parte de qualquer empreendedor de sucesso, quando a sua ideia evolui e se transforma em algo maior, começam a aparecer vários desafios. O primeiro é a ilusão de que, para crescer, basta só continuar a fazer o mesmo em maior quantidade, e na realidade deve haver uma grande preparação, é um dos processos mais importantes de um empreendedor. O segundo aspeto é delegar, quando se cresce é fundamentar descentralizar. Outro ponto importante é consolidar a marca da ideia, 118


projeto ou empresa, a notoriedade e os valores são fundamentais para o sucesso de qualquer empreendedor. Os empreendedores estão renovando conceitos económicos, ultrapassando barreiras sociais e culturais, criando 119

oportunidades nas mais diversas áreas. As dores fazem parte do caminho de qualquer empreendedor, os melhores médicos são os nossos mentores, colegas, parceiros ou mesmo amigos que fazem tudo para se tornar mais fácil. Quando ultrapassarem as dores, nada vos pode parar . ALGARVE INFORMATIVO #227


OPINIÃO

31 Anos a formar e a crescer num «lugar onde é bom estudar» Alexandra Rodrigues Gonçalves (Diretora da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve) o passado dia 30 de outubro iniciámos uma nova e desafiante caminhada na Direção da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve. No artigo 1º dos Estatutos da ESGHT (DR, 2.ª série, 101 de 26 de Maio de 2009) afirma-se que: “1. A Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo, adiante designada unicamente por ESGHT, é uma unidade orgânica da Universidade do Algarve vocacionada para o ensino superior e para a investigação. 2 — A ESGHT dispõe de personalidade jurídica e é dotada de autonomia estatutária, científica, pedagógica, cultural e administrativa”. A oferta formativa da ESGHT é diversa e estruturada em torno de dois campi – Faro e Portimão - incluindo diferentes níveis de formação, entre os quais, as quatro licenciaturas em: Gestão, Gestão Hoteleira, Turismo e Marketing. Oferecemos também quatro cursos de mestrado (mestrado em Direção e Gestão Hoteleira, mestrado em Fiscalidade, mestrado em Gestão de Recursos Humanos e o mestrado em Turismo) e quatro cursos Técnicos Superiores Profissionais (TeSP) em Contabilidade, Gestão de Animação ALGARVE INFORMATIVO #227

Turística, Secretariado Executivo e Sistemas e Tecnologias de Informação. Um novo Mestrado em Gestão de PME e Tendências Digitais está em fase de implementação para o próximo ano letivo em Portimão. Outros cursos de curta duração têm também sido oferecidos, destacando-se os cursos de preparação para os exames de Técnicos Oficiais de Contas (TOC) e os cursos livres de línguas (vide https://esght.ualg.pt/pt). ESGHT, uma referência para o Algarve na oferta qualificada de competências Temos perto dos 1.700 alunos e de uma centena de colegas docentes, e cerca de 20 colegas não docentes. Somos a Unidade Orgânica com maior número de alunos da Universidade do Algarve. Anualmente colocamos mais de 300 alunos em estágio curricular dentro e fora da região. A ESGHT tem contribuído de forma significativa ao longo dos últimos 30 anos para a formação e desenvolvimento de um capital humano qualificado na região também em muitas outras áreas mais técnicas e profissionais (recordo a contabilidade, a fiscalidade, o secretariado, os sistemas e tecnologias, entre outras) e também nas ofertas pósgraduadas. Hoje é o destino de estudo de algumas dezenas de estudantes estrangeiros. Tem conseguido criar oportunidades para muitos jovens que 120


aqui crescem e desenvolvem competências essenciais para o seu desenvolvimento pessoal e humano, mas também para responder ao nosso tecido económico e empresarial.

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Na data em que se comemoram os 31 anos, será de reconhecer que a ESGHT tem procurado preparar pessoas para serem profissionais capazes de intervir num mundo global, com ética e responsabilidade, respeitando o multiculturalismo que caracteriza a ALGARVE INFORMATIVO #227


sociedade actual, mas intervindo com significado. Assumimos retomar a esperança no futuro e na contínua afirmação da Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo como uma referência maior do ensino nas suas áreas principais. Esta dinâmica tem de prosseguir com determinação, resiliência e inovação, pela Escola e pelas Pessoas. Estamos a dar os primeiros passos, procurando promover a boa vontade e o contributo de todos para o fortalecimento da identidade e da cultura de excelência que se deseja. Partilhar com alegria os momentos de celebração, em comunhão com docentes, não

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docentes e estudantes, está na génese da forma como vemos esta missão. As comunidades de proximidade são um alicerce fundamental para o desenvolvimento do espírito de equipa e para o sucesso de qualquer projeto. Convidámos toda a comunidade que compõe esta grande «família» da ESGHT para connosco celebrar no dia 21 de novembro o nosso 31.º aniversário, simbolicamente assinalado com um Bolo de Aniversário na entrada principal da ESGHT, no Campus da Penha. Tudo foi preparado por alunos, funcionários não docentes e docentes da Escola. O bolo, as flores, os aromas, a decoração e até a música mostraram que comemorar em equipa, e com todos, é muito melhor .

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OPINIÃO

Inspirações Fernando Esteves Pinto (Escritor) A inspiração faz-me confusão. Nunca a tive. Acho-a uma desculpa para não fazer nada. António Lobo Antunes

ada é mais frustrante para um poeta do que esperar que a inspiração lhe surja. Inspiração: tudo o que aparece naturalmente vindo do espírito. Em resumo: escrever num estado de quase êxtase, sem safanões nem outros abalos que implicam com o fluxo de pensamentos. A verdade é que escrever numa torrente de inspiração pode levar ao perigo de desmantelar a máquina da racionalidade, e estas curiosas avarias de pensar e sentir levam o poeta a dispersar-se em defraudações emocionais. A tortura de um verso ou as estranhíssimas doenças da escrita que, interiormente, se transformam em tesouro poético, prazer fértil, são sensações que insinuam coisas muito melindrosas. Se a poesia é a folha que não cai da árvore – abana a árvore. A natureza da poesia tem os seus mecanismos de perturbação; as suas narrações fecundíssimas; as suas admiráveis indefinições, vozes em sucessivos espasmos. Romper a neblina: eis a criação. Esta natureza-morta da poesia confessional; este contínuo teatro de amargura que relampeja em poemas para satisfazer paixões; estas peçazinhas da vida imorredoura que capricham em cada verso – é esta a árvore genealógica dos poetas cândidos. Já é um grande progresso: viver com a consciência de ser poeta e fazer da poesia a coisa mais importante e mais intensa à medida que se vai deixando obra ao mundo. Há muitos cordões umbilicais ALGARVE INFORMATIVO #227

para atar. A poesia nomeia a vida íntima, as precipitações emocionais, as inevitáveis tristezas que acabam sempre por estimular o exagero e o derramamento de imagens fulgurantes e espirituosas. Uma poesia que se aproximasse da ciência – quanto mais o poema tocasse o invisível. É um caminho difícil, penosamente experiencial, cheio de acidentes de linguagem. Um acto visionário: estilizar o pensamento. Aqui não há sentimentos vagos – esse horror de sentir as coisas como elas são na realidade. Esta sensação de poesia reprimida, contida, planeada numa imensa força impessoal. As palavras rondam, furtivas. A escuridão é artificial. Sentem uma crise animada aqueles que passam por coisas irreconhecíveis e estendem a mão para as tocar, avaliá-las, sentir-lhes as histórias internas, as possessões que se vão reflectir na linguagem. E o que aparece no poema é o invisível: a névoa feliz que cobre o poeta e o transforma num ser intangível. E que mal há numa poesia assumidamente sentimental, se tudo é uma questão de linguagem? Escrever é sempre uma afectação espiritual? A impressão é que os poetas sentimentais são grandes educadores. A linguagem que utilizam está livre de regras e técnicas: é uma linguagem limpa, muito nítida; principalmente à luz do pensamento e das sensações. A exuberância toma-se de ternuras pela simplicidade. Há 124


sempre uma boa relação com a escrita. Sob certos aspectos formais os significados dispensam o esforço de reflexão; tudo carece de análise; porque há sempre uma lealdade estável pelo que é superficial, bemintencionado e consolador. A linguagem é um tecido que envolve a realidade e a 125

mente; é uma roupagem que protege até aqueles que escrevem com obscura fé uma poesia mais experimental e conflituosa. Às vezes também tocam os sinos nas igrejas brancas da inspiração: serão os poetas que aí se confessam? . ALGARVE INFORMATIVO #227


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FINAL DO EUROPEU DE FOOTGOLF DISPUTOU-SE NO CASTRO MARIM GOLFE & COUNTRY CLUB Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina epois de já ter recebido, em 2018, uma etapa do circuito europeu, o Castro Marim Golfe & Country Club acolheu, de 14 a 17 de novembro, a final do European FootGolf Grand Slam, com a vitória a caber ao holandês Jan Willen Baas, em ex-áqueo ALGARVE INFORMATIVO #227

com o seu compatriota Wesley van den Broek, com 32 «pancadas» abaixo do par do campo. No total, 185 atletas provenientes de vários países do Velho Continente participaram nesta prova organizada pela Federação Portuguesa de Footgolf e que tinha um prize money de 7.500 euros, numa modalidade que tem crescido rapidamente em terras lusitanas e que é, de forma resumida, 128


um misto de golfe e futebol, ou seja, disputa-se num campo de golfe, com as regras do golfe, mas com uma bola de futebol, o que obriga a algumas alterações na saída e chegada de cada buraco. Antes do arranque da competição, a direção do empreendimento turístico, nas pessoas de Ricardo Cipriano e David Martins, organizou um almoço de convívio que contou com a presença de vários autarcas locais, designadamente dos Presidente e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Castro Marim, Francisco

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Amaral e Filomena Sintra, respetivamente, e do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António, Luís Romão, bem como da Vice-Presidente da Região de Turismo do Algarve, Fátima Catarina, que não perderam a oportunidade para experimentar o footgolf. E se é verdade que alguns convidados evidenciaram mais jeito para este desporto do que outros, todos foram unânimes em reconhecerem a mais-valia da atividade física para a sua saúde e bem-estar e ficaram adeptos do footgolf .

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Margarida Flores, Carlos Baía, Leonarda Silva, Humberto Santos e Custódio Moreno

ASMAL CHAMOU A ATENÇÃO PARA A IMPORTÂNCIA DAS ARTES E DA INCLUSÃO NA SAÚDE MENTAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina ASMAL – Associação de Saúde Mental do Algarve organizou, no dia 21 de novembro, no auditório da Delegação do Algarve do Instituto ALGARVE INFORMATIVO #227

Português do Desporto e Juventude, em Faro, o seminário «Artes e Inclusão em Saúde Mental», com o objetivo de trazer ao debate as práticas artísticas inclusivas, bem como promover processos e metodologias de intervenção artística no fomento da saúde mental e na reabilitação e 138


inclusão social. O seminário integrou-se no projeto «Reabilitar em Cena», cofinanciado pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, e pretendeu, acima de tudo, ser um espaço de partilha e reflexão. “Através das suas várias ações e atividades, este projeto procura utilizar a arte como ferramenta terapêutica na recuperação pessoal e na inclusão social de pessoas com problemas de saúde mental”, explicou Leonardo Silva, presidente da direção da ASMAL, entidade que há quase três décadas que adota esta prática, por via da dinamização de ateliers criativos e expressivos, nos campos das artes plásticas e performativas e cénicas. O passo inicial foi dado, nas artes plásticas, através do desenho, pintura, escultura, modelagem e nas artes têxteis, que, para além da componente terapêutica, “visam simultaneamente a 139

comunicação com o público em eventos na comunidade e dar a conhecer as potencialidades, as capacidades e as competências das pessoas com problemas de saúde mental”, frisou Leonarda Silva. Esta intervenção foi sendo alargada progressivamente às artes performativas e cénicas, com o teatro, a dança e a música, “com resultados igualmente muito positivos em termos reabilitativos, quer em termos pessoais, como de inclusão social”, acrescentou. O anfitrião da sessão foi Custódio Moreno, Delegado Regional do Algarve do IPDJ, que se mostrou satisfeito por ter diante de si uma plateia cheia de pessoas que se preocupam com “uma área bastante sensível e que nem sempre teve o cuidado que merece”. ALGARVE INFORMATIVO #227


“Este seminário não é o primeiro fruto da nossa parceria com a ASMAL, firmamos protocolos para acolher estagiários da associação, acolhemos exposições dos vossos utentes e somos palco de ensaios e peças do vosso grupo de teatro”, indicou o representante no Algarve da Secretaria de Estado da Juventude e Desporto. Na sessão esteve igualmente Margarida Flores, Diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, sempre uma presente assídua em todas as iniciativas que envolvam os mais carenciados e necessitados de apoio. E depressa

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reconheceu que, hoje, observa-se na arte muito mais do que a estética e a criatividade, mas também a oportunidade de se aprender e educar. “A arte viabiliza o desenvolvimento das áreas do conhecimento, das habilidades, da capacidade de interpretação, da criatividade, da imaginação e da expressividade através das emoções. A Estratégia Nacional das Artes para 2019-2024 tem como objetivo tornar a arte mais acessível aos cidadãos, sobretudo às crianças e jovens, por via das escolas, promovendo a participação e a criação cultural numa lógica de aprendizagem,

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e é também um farol para a inclusão social”, entende a responsável. Margarida Flores não tem dúvidas de que a arte é determinante para a promoção da inclusão e igualdade e para o encontro de culturas, “assumindo um forte impacto social para fomentar o desenvolvimento pessoal e comunitário”. “Com esta consciência, o Estado tem adotado um papel de grande preocupação e promoção de uma cultura mais participada e acessível a todos os cidadãos e cidadãs. A promoção da saúde mental passa pela necessidade de se fomentarem ações voltadas para a inclusão social e para a superação dos estigmas associados à doença mental”, declarou Margarida Flores, lembrando que a Segurança Social defende a abertura de caminhos ao diálogo, bem como de soluções e medidas preventivas 141

promotoras de hábitos de vida saudáveis que vão ao encontro das necessidades das populações. “A ASMAL assume o compromisso de promover a saúde mental em todas as fases da vida, através de diversidade e qualidade nos serviços prestados, num trabalho em parceria, mas também para a desmistificação social da doença mental. E estes espaços de debate, reflexão e aprendizagem permitem-nos a todos considerar algumas linhas para o futuro, que pode começar com um presente que criamos hoje, para trabalharmos com as pessoas e para as pessoas”. A sessão de abertura do seminário terminou com a intervenção de Humberto Santos, presidente do Conselho Diretivo do Instituto Nacional para a Reabilitação, que destacou a ALGARVE INFORMATIVO #227


importância de se “refletir, sistematizar conhecimentos e desenvolver processos que possam ser decisivos na mutação social que urge implementar nesta dimensão das pessoas com deficiência”. “O desporto e a cultura são há muito tempo elementos fundamentais para o processo da inclusão de todos os segmentos da população que tenham alguma deficiência de inclusão”, frisou, recordando que se assinala, em 2019, o 10.º aniversário da ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, o primeiro tratado de direitos humanos e de desenvolvimento do século XXI e que foi aprovado num tempo recorde. “Estamos a trabalhar numa ALGARVE INFORMATIVO #227

dimensão que facilmente consegue encontrar consensos à escala planetária, pelo que estou em crer que também no Algarve se vão gerar dinâmicas muito positivas para dar resposta às diferentes carências com que as pessoas com deficiência são confrontadas, seja na educação, no emprego, na formação, no desporto ou na cultura. O Instituto Nacional para a Reabilitação, dentro dos seus parcos recursos, está disponível para apoiar todos os projetos meritórios e o «Reabilitar em Cena» da ASMAL é bastante substantivo e pertinente” .

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FESTA DA NOSSA SENHORA DOS NAVEGANTES EM EXPOSIÇÃO NO MUSEU MUNICIPAL DE OLHÃO Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina Museu Municipal de Olhão – Edifício do Compromisso Marítimo acolhe, até dia 31 de dezembro, a exposição «Festa da Nossa Senhora dos Navegantes», que agrega texto, imagem e uma componente multimédia e faz parte do programa OPP/2017, Nossa Senhora dos Navegantes ALGARVE INFORMATIVO #227

– Ilha da Culatra, candidatura a Património Cultural Imaterial. A festa documentada nesta mostra realizou-se em 2017, mas algumas imagens foram recuperadas de períodos anteriores. Desde a época em que o padre, e às vezes o bispo, vinha de Faro, num rebocador, a festa tem-se adaptado à passagem do tempo e às novas circunstâncias – nomeadamente à 144


transição da paróquia de Faro para Olhão. É uma tradição que se atualiza e reinventa, revelando uma forte dinâmica, que reflete o pulsar intenso da vida da comunidade em que se insere. Constantes em todos os períodos, são a sua fé e a energia coletiva como forças motrizes da sua renovação. A Festa em Honra da Nossa Senhora dos Navegantes, ou simplesmente a Festa da Ilha, tem lugar no primeiro fim-de-semana 145

de agosto. São dois dias de atividades lúdicas e religiosas, que terminam com a procissão que percorre as ruas da Culatra. A imagem que representa a santa padroeira com o seu barquinho na mão é única e inconfundível entre as restantes comunidades piscatórias em Portugal e no Brasil, onde o seu culto é celebrado.

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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #227

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