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ALGARVE INFORMATIVO Revista semanal - 18 de janeiro, 2020

ANTÓNIO MIGUEL PINA QUER ALGARVE UNIDO EM TORNO DA REGIONALIZAÇÃO 500 ANOS DE FERRAGUDO | CHAROLAS NA BORDEIRA E LOULÉ | PADERNE MEDIEVAL LAVRAR O MAR LEVOU NOVO CIRCO A MONCHIQUE |OLGA HEIKKILÄ E GONÇALO PESCADA 1 ALGARVE INFORMATIVO #232 CINETEATRO LOULETANO E TEATRO LETHES APRESENTARAM NOVA TEMPORADA


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110 - Olga Heikkilä e Gonçalo Pescada

42 - António Miguel Pina

82 - Teatro Lethes em 2020

40 - Ricardo Teodósio

54 - 500 anos de Ferragudo a Viver o Mar ALGARVE INFORMATIVO #232

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122- Novo circo em Monchique

150 - Música JA

10 - Paderne Medieval

158 - 40 anos de história da UAlg expostos em Loulé

26 - Cineteatro Louletano em 2020

OPINIÃO 134 - Mirian Tavares 136 - Ana Isabel Soares 138 - Adília César 140 - Fábio Jesuíno 142 - João Ministro 146 - Júlio Ferreira 66 e 96 - Charolas em Loulé e Bordeira 7

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CERCA DE 15 MIL PESSOAS VIVERAM MAIS UM PADERNE MEDIEVAL Texto: Daniel Pina | Fotografia: Município de Albufeira/Rui Gregório ALGARVE ALGARVE INFORMATIVO INFORMATIVO #232 #232

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elo 12.º ano consecutivo a aldeia de Paderne, no concelho de Albufeira, terminou o ano com uma viagem no tempo, em cinco dias que contaram com cerca de 15 mil visitantes. De 28 de dezembro de 2019 a 1 de janeiro de 2020, a Feira Medieval tornou esta típica freguesia do barrocal algarvio num cenário do século XIV, onde não faltaram imensas personagens típicas e encenações históricas. Pelas 12h do dia 28 de dezembro, El Rei de Portugal e dos Algarves proclamou a

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abertura da feira de comércio e animação e mandou que os festejos durassem cinco dias, mais um do que nas edições transatas. Como tal, o núcleo antigo da aldeia transformou-se numa vila medieval, com mercado tradicional, arruadas musicais, cortejos, teatros de fogo, leilões, concertos, bailias, recriações históricas, demonstrações de artes e ofícios, manjares medievais e muita animação. No primeiro dia de 2020 aconteceu a tradicional Bênção, seguida de Cortejo Régio, a retratar a cerimónia da entrega da Carta de Doação do Castelo de Paderne, por D. Dinis, à Ordem de Avis .

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Cineteatro Louletano celebra 90 anos em 2020 Texto: Daniel Pina ALGARVE INFORMATIVO #232

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m 2020, o Cineteatro Louletano comemora 90 anos de percurso cultural e de inquietação criativa e deu a conhecer, no dia 14 de janeiro, a programação artística para a temporada que decorre entre janeiro e julho. E num instante se confirma a forte aposta numa oferta exigente, eclética e diferenciadora, que tem vindo a posicionar este equipamento como uma referência a sul do país. E o Cineteatro Louletano dará especial atenção às vertentes da Formação e do Pensamento, bem como ao estímulo e envolvimento do tecido artístico local/regional, privilegiando as encomendas e as coproduções, também aqui com a inclusão de diversos artistas e companhias de renome nacional. O Teatro será o universo dominante durante todo o ano de 2020, com várias peças das quais o Cineteatro Louletano é ALGARVE INFORMATIVO #232

coprodutor (todas em estreia a sul do país), como também com mostras e festivais e um novo ciclo programático estruturante que atravessará toda a agenda dos próximos dois anos (20202021), denominado «Implikação», que prevê, não só a apresentação de espetáculos, mas todo um trabalho paralelo de mediação e pensamento em torno das respetivas temáticas, que incluirá debates com reputados convidados, performances, visionamento e comentário de filmes e workshops com alunos e docentes do ensino secundário do concelho de Loulé. Por isso, logo no primeiro semestre de 2020, teremos a peça «Canto da Europa», de Jacinto Lucas Pires, a 7 de fevereiro, seguindo-se um enfoque nas novas tecnologias com o espetáculo «Gulliver» (dirigido à comunidade escolar), do criador algarvio Tiago Cadete, a 9 e 10 de março. Em abril há 28


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uma semana intensa dedicada às Fake News (ética, verdade e mentira) que culmina com a estreia a sul da peça «Fake», da reconhecida dupla Inês Barahona e Miguel Fragata, a 24 de abril. A 5 de junho, o encenador Tiago Correia traz a Loulé a peça «Turismo», no seguimento de uma residência realizada em 2019 nesta cidade e no Porto e Barcelona centrada num projeto de investigação sobre o tema da Gentrificação. O Cineteatro Louletano encerra a primeira temporada a 23 de junho com um inquietante espetáculo que cruza dança e performance, de David Marques, «Mistério da Cultura», que incide sobre a questão da burocracia e dos financiamentos na área cultural em Portugal. Paralelamente a estes espetáculos haverá debates sobre as temáticas dos mesmos com reconhecidos nomes como Luís Osório, Viriato

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Soromenho-Marques, Carlos Albino, Filipe da Palma, Rosa Veloso, João Guerreiro, Teresa Valente, Tiago Correia, Jacinto Lucas Pires e Eglantina Monteiro. A oferta teatral contempla igualmente a segunda edição do Tanto Mar – Festival Internacional de Artes Performativas de Loulé, uma coprodução da associação Folha de Medronho com o Município de Loulé centrada no diálogo com África e o Brasil (entre 5 e 7 de março), e os Cenários – Mostra de Teatro de Loulé, que decorrem entre 17 e 22 de março no palco do Cineteatro Louletano, sendo que uma das grandes apostas da programação vai para a peça «Perfil Perdido», de Marco Martins, com a dupla Beatriz Batarda (atriz) e Romeu Runa (bailarino), que teve uma

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auspiciosa estreia mundial em Istambul, na Turquia, em finais de 2019. «Perfil Perdido» terá duas apresentações em Loulé, a 15 e 16 de maio. Mas não faltam ainda duas imperdíveis criações de Ricardo Neves-Neves: «A Reconquista de Olivenza» (com Filipe Raposo), a 21 e 22 de fevereiro; e a reposição da «Soberana» (encomenda do Cineteatro Louletano em 2019), em parceria com Ana Lázaro, agora num total de quatro apresentações nos dias 10 e 11 de abril. Na música destacam-se, em estreia absoluta a sul, os concertos de tributo a António Variações (com a banda do filme liderada pelo ator Sérgio Praia) a 1 de fevereiro, bem como a Chico Buarque, com um coletivo de reputados músicos brasileiros no dia 21 de abril, quatro dias antes de Buarque rumar a Lisboa para receber o Prémio Camões, o mais ALGARVE INFORMATIVO #232

importante prémio da língua portuguesa. A estreia a sul do novo disco de Cristina Branco, «Eva», a 19 de junho, vem no seguimento da residência artística que a singular intérprete efetuou, em Loulé, em outubro de 2019. No âmbito do programa cultural «365 Algarve», de sublinhar a quarta edição do Festival Internacional de Piano do Algarve, que junta o reputado Pedro Burmester aos pianistas Miguel Borges Coelho e Hugo Peres (a 16 de fevereiro), e o concerto em que a prestigiada cantora norteamericana Jane Monheit atua com a Orquestra de Jazz do Algarve (31 de maio). Ainda na vertente da música erudita, realce para os vários formatos que a Orquestra Clássica do Sul irá dinamizar e que passam, em grande medida, pelos «Concertos Promenade» a pensar nas famílias e por um concerto 32


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pedagógico dirigido à comunidade escolar. O estímulo e envolvimento dos artistas do concelho de Loulé e da região constituem igualmente uma tónica desta programação, com vários espetáculos previstos, muitos deles de apresentação de discos, como sejam os casos de João Frade, André Cardoso, Perigo Público & Sickonce ou Bruno Maliji, somando-se ainda as participações do cantor e pianista Ricardo Martins (no Jantar de São Valentim) e da Academia IluminArte, que irá fazer uma mostra dos trabalhos desenvolvidos pela Associação Artística Satori. A Dança Inclusiva estará em grande destaque em abril, sendo uma nova aposta programática do Cineteatro Louletano, arrancando logo com uma colaboração regular com o reconhecido e premiado projeto «Dançando com a 35

Diferença», sediado na Madeira. Pretende-se criar uma dinâmica colaborativa que permita envolver as instituições louletanas que trabalham com pessoas com deficiência, e investir num trabalho artístico que junte as mesmas a pessoas sem deficiência. A realização de laboratórios, debates e formações em torno desta temática passará a ser uma prioridade da agenda do Cineteatro. Além das várias propostas nacionais e internacionais de reconhecida qualidade integradas nos VI Encontros do DeVIR – resgate, da nova criação «Diz-me, António», da Rede Azul – Rede de Teatros do Algarve e do 20.º Festival Al-Mutamid, também é a linguagem coreográfica que vai encerrar a temporada do Cineteatro a 23 de junho: «Mistério da Cultura», de ALGARVE INFORMATIVO #232


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David Marques, num cruzamento entre dança e performance para falar das danças e contradanças da burocracia associada aos apoios/financiamentos ao universo artístico. A encomenda continua a ser muito privilegiada pela estratégia do Cineteatro e o ciclo «O Longe é Aqui» vai juntar o Trio de Jazz de Loulé com Jorge Palma, a 25 de abril, reinventando canções ligadas ao canto de intervenção numa abordagem jazzística. Em maio, nas vésperas do feriado municipal (20 de maio), é a vez de a internacionalmente reconhecida cantora Sofia Escobar atuar com um ensemble de docentes do Conservatório de Música de Loulé – Francisco Rosado num repertório a que os musicais darão o mote. Soma-se o desafio lançado ao prestigiado contrabaixista Carlos Bica para operar uma releitura na obra de Beethoven, cujos 250 anos de nascimento se assinalam em 2020, juntando-se a ele dois músicos alemães (no saxofone e eletrónica) e o pianista João Paulo 37

Esteves da Silva numa abordagem arrojada e experimental, que acontecerá em dose dupla a 29 e 30 de maio em estreia nacional. Para a comunidade escolar, e além do espetáculo «Gulliver» e do envolvimento do ensino secundário no ciclo «Implikação», é apresentada, em estreia a sul, a criação «O convidador de pirilampos» (para maiores de 6 anos), de António Jorge Gonçalves. A aposta continuada na Arte para a Infância – outra prioridade do Cineteatro desde 2016 – reflete-se ainda na presença muito destacada da dimensão formativa nesta grelha de programação, de modo a envolver as instituições públicas e privadas que desenvolvem dinâmicas e projetos nesta área, mas também a capacitar e qualificar ainda mais os profissionais do concelho e da região que trabalham com os mais pequenos, dada a diminuta oferta formativa existente a sul até há bem pouco tempo. ALGARVE INFORMATIVO #232


Além da Arte para a Infância, da Dança Inclusiva e das encomendas musicais com músicos algarvios e outros de renome nacional, um quarto vetor estratégico da programação do Cineteatro Louletano tem consistido nos cruzamentos interdisciplinares entre Música e Imagem, e, paralelamente, nas abordagens exploratórias à Arte Sonora. 2020 traz consigo a quinta edição do Som Riscado – Festival de Música e Imagem de Loulé, entre 26 e 29 de março, com diversos concertos, debates, instalações interativas e formações de referência a sul do país, dirigidos não só a públicos minoritários, mas também a um universo mais alargado de destinatários, com especial enfoque nas crianças/jovens (estudantes) e famílias, e numa parceria estreita com vários agentes culturais e educativos do concelho e da região. ALGARVE INFORMATIVO #232

O Cinema também não é esquecido, com vários eventos de referência, onde se incluem a Monstrare – Mostra Internacional de Cinema Social, a Mostra de Cinema da América Latina (de 23 a 26 de janeiro) e, em maio, a já habitual Festa do Cinema Italiano. Soma-se ainda, em 2020, um debate e visionamento de filme sobre Nova Inteligência a 15 de março, no âmbito da Human XXI – Bienal do Humanismo de Loulé. Para o dia 19 de abril, quando o Cineteatro comemora 90 anos, a dança dos anos 30, 40, 50 e 60 invade o palco e todos são convidados a dançar e a brindar ao seu aniversário, com a participação especial da Orquestra de Jazz do Algarve num ambiente descontraído e contagiante, com entrada livre . 38


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ANTÓNIO MIGUEL PINA QUER ALGARVE TODO UNIDO EM TORNO DA REGIONALIZAÇÃO Saúde, Seca e Mobilidade são as grandes preocupações da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve para 2020, ano que também será decisivo na preparação do próximo período de programação europeia (2021-2027). O Hospital Central do Algarve, a afirmação da AMAL enquanto Autoridade Regional de Transportes Rodoviários e o estudo de soluções para atenuar os efeitos da seca que afetam o Algarve são, por isso, algumas das prioridades da entidade liderada, desde 31 de outubro do ano transato, por António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão. Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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s problemas não são possíveis de resolver todos em 2020, mas António Miguel Pina quer, enquanto presidente da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve, dar passos firmes nessa direção nos próximos 12 meses. E os problemas ultrapassam em muito as habituais questões de se o Algarve terá ou não um bom ano turístico, se conseguirá lidar com sucesso com a feroz concorrência que chega de outros destinos da Bacia do Mediterrâneo, se terá mais ou menos ligações aéreas para as principais cidades europeias, e afins. “Temos pela frente

vários desafios, entre eles a falta de água, que nos bateu à porta com uma grande intensidade em 2019”, reconhece o entrevistado, em início de conversa na sede da AMAL, em Faro. Uma conversa em que o primeiro tema é a Saúde, com António Miguel Pina na expetativa de que, até final de 2020, haja uma luz mais concreta sobre a construção do Hospital Central do Algarve, “um

equipamento que é cada vez mais determinante para dar a volta ao atual cenário em que vivemos, tanto na atração de novos profissionais de saúde, como também pela questão tecnológica, porque nos deparamos com o fim de vida útil de muitos dos equipamentos dos hospitais da região”. “Compreendo que os algarvios sintam alguma desconfiança em relação à efetiva ALGARVE INFORMATIVO #232

construção, ou não, do Hospital Central do Algarve, mas é uma necessidade real e cabe-nos a nós, atores e decisores políticos da região, não desistir dele. E eu acredito que ele vai ser uma realidade”, afirma o olhanense. Atrair mais profissionais de saúde é uma necessidade indiscutível, mas depois coloca-se o problema da habitação, a eles e a todos os cidadãos que pretendam viver no Algarve, que se confrontam com a falta de casas para alugar ou comprar. “A habitação

é, sem dúvida, um fator crítico para a região continuar a crescer e a desenvolver-se. Passámos de uma região que tinha uma taxa de desemprego bastante elevada, no período da troika, para uma região com valores abaixo da média nacional, muito fruto do turismo, mas também de outras atividades, como é o caso da agricultura. Digamos que estamos a sofrer uma crise resultante desse crescimento, mas alguns municípios algarvios já anunciaram medidas palpáveis para a construção de habitação para arrendamento e para venda, até mesmo com custos e rendas controladas”, sublinha António Miguel Pina. A falta de água é, porventura, o desafio mais visível e preocupante com que se tem debatido o Algarve no 44


passado mais recente, mas esse cenário até já tinha sido previsto pelos especialistas na matéria, admite o autarca. “Em 2019 pouco ou nada

choveu, as barragens estarão a 30 e poucos por cento da sua capacidade, juntando a do barlavento e do sotavento, e os sinais de alerta tocaram todos. Temos que nos mobilizar, ser atuantes e impulsionadores de alguns investimentos e alterações de comportamentos. Há que aumentar as capacidades de reserva de água no Algarve por via da construção de barragens para que, quando chove, e com grande intensidade, ela seja toda recolhida. Depois, temos a questão da dessalinização, que ainda é pouco utilizada em Portugal, mas há dois arquipélagos em Espanha – Baleares e Canárias – em que 80 por cento da água utilizada provém dessa fonte”. Captar e armazenar mais água é fundamental, mas não menos importante é consumi-la com eficiência, com menos perdas nas redes em baixa e com uma utilização mais consciente da parte dos cidadãos, avisa António Miguel Pina, adiantando que é preciso evoluir mais também no reaproveitamento das águas residuais. “O Algarve produz, grosso

modo, 40 hectómetros de águas residuais e, se ela tivesse qualidade suficiente para se utilizar na agricultura, os problemas eram bem 45

António Miguel Pina: “Os algarvios do sotavento têm uma EN 125 de segunda ou terceira classe, foi remendada e depois pararam as obras. O Tribunal de Contas já reprovou por duas ou três vezes a renegociação da concessão, pelo que parece cada vez mais evidente que teremos pela frente um processo litigante para se resolver isto”.

menores. Só que, dadas as intrusões salinas nos sistemas, a maior parte dessas águas residuais não pode ser aproveitada de forma direta na agricultura”, indica o autarca, que não concorda que exista falta de vontade política do governo em se resolver o problema da seca. “Há, de

facto, a questão de como esses investimentos avultados vão ser financiados, de se escolher um plano de negócios para a sua ALGARVE INFORMATIVO #232


gestão. Neste momento estamos numa situação em que ou há barragens – que podem ter um impacto ambiental – ou não há vida e economia no Algarve. A dessalinização também tem constrangimentos, mas estamos a preparar umas visitas à vizinha Espanha para ver como eles evoluíram nessa tecnologia”. Independentemente destes investimentos, António Miguel Pina volta a falar do uso mais consciente de um bem que é fundamental à vida humana, mas que não é um recurso infinito. “Há

economistas que até apontam o acesso à água como a razão para possíveis guerras. As pessoas têm que se preparar para, no futuro, pagar mais por este bem, porque a fatura da água ainda é inferior à da televisão por cabo. E, enquanto não faltar água na torneira, as pessoas vão continuar a desperdiçá-la”, lamenta o presidente da AMAL.

“LIMBO DA EN125 TEM QUE TERMINAR” A mobilidade será outro dos enfoques da AMAL em 2020, mas já foram dados passos importantes nessa matéria no ano transato, como o facto dos passes não custarem mais de 40 euros em quase todos os serviços. A vontade, porém, é criar soluções mais flexíveis de mobilidade, nomeadamente para os locais mais afastados dos núcleos ALGARVE INFORMATIVO #232

urbanos. “É importante não

esquecermos que somos 400 mil habitantes espalhados por 120 quilómetros, um cenário bem diferente de uma cidade concêntrica como Lisboa ou Porto onde um milhão de habitantes está num raio de 15 quilómetros. É substancialmente diferente organizar uma rede de transportes que vá de Aljezur até Alcoutim, passando-se por cidades, vilas ou aldeias de poucos milhares de habitantes. Esta é a forma como ocupamos o território há 700 anos, mas já se notou alguma diferença desde que a AMAL foi constituída como Autoridade Regional de Transportes Rodoviários”, assume António Miguel Pina. Recorde-se que a AMAL vai adjudicar, por cinco anos, a concessão do Serviço Público de Transporte Rodoviário de Passageiros à EVA Transportes, S.A., no âmbito de um concurso internacional que pretendeu reforçar e melhorar a mobilidade em 98 das linhas do sul do país, um período temporal que não permitirá, em realidade, um grande investimento em materiais circulante por parte da empresa vencedora,

“mas a ideia é trabalhar-se a informação que se for recolhendo com a experiência para, num concurso subsequente, se lançar o concurso por mais anos”, explica o entrevistado, não escondendo o desejo 46


da AMAL ser também Autoridade Regional de Transportes Ferroviários. “A

conjugação dos dois modos de transporte é fundamental para se melhorar a mobilidade ao longo do Algarve. A ferrovia é um meio de transporte de massas, mas há locais no Algarve em que toca nas cidades e noutros isso não sucede. Se fossemos autoridade regional dos transportes rodoviários e ferroviários poderíamos «obrigar», quando lançássemos os concursos, as empresas a entenderem-se, a existir uma desmultiplicação do 47

modo de maior volume de passageiros – o ferroviário – para que eles fossem distribuídos pelo modo mais ligeiro – o rodoviário”, defende. Outro problema premente é o resgate, ou não, da concessão da Estrada Nacional 125, dispara António Miguel Pina. “Os algarvios do

sotavento têm uma EN 125 de segunda ou terceira classe, foi remendada e depois pararam as obras. O Tribunal de Contas já reprovou por duas ou três vezes a renegociação da concessão, pelo ALGARVE INFORMATIVO #232


António Miguel Pina: “As pessoas recusam aquilo que não percebem, no entanto, é possível criar um Governo Regional sem se gastar mais dinheiro e sendo-se muito mais eficiente. Basta transformar os Delegados e Diretores Regionais em Secretários Regionais, os lugares estão todos criados, os custos já existem”.

que parece cada vez mais evidente que teremos pela frente um processo litigante para se resolver isto”, desabafa. “E também esperamos que, ao nível da mobilidade, saiam, durante este ano, os concursos para a eletrificação da linha férrea. Não merecemos este material circulante que temos atualmente no Algarve, mas também se percebe que não podemos estar a comprar comboios novos quando, daqui a três anos, vai mudar a tecnologia e depois já não os podermos usar”. ALGARVE INFORMATIVO #232

“REGIONALIZAÇÃO NÃO TRAZ MAIS CUSTOS” Os desafios estão identificados, o Orçamento e as Grandes Opções do Plano da AMAL para 2020 já foram aprovados e António Miguel Pina assegura que os 16 autarcas algarvios estão em sintonia no que toca à defesa dos interesses da região. Lembra, porém, que cada um foi eleito pelas 48


populações locais para fazer o melhor pelos seus respetivos concelhos.

“Nenhum de nós foi eleito para gerir o Algarve, nem sequer o presidente da AMAL o foi para esse fim. Compreendo a ansiedade dos algarvios e daqueles que se preocupam com o destino do Algarve pela inexistência de um Governo Regional, mas os algarvios, há 20 anos, esqueceram-se de votar favoravelmente no referendo sobre 49

a Regionalização”, aponta o entrevistado. Não há Governo Regional, há uma AMAL forte, mas António Miguel Pina esclarece que as coisas não se resolvem com murros na mesa e admite que muitas situações continuam a ser decididas em Lisboa quando não o deveriam ser. “A força da AMAL

advém da força dos argumentos que tivermos e dos protagonistas, mas, essencialmente, de estarmos ALGARVE INFORMATIVO #232


juntos e unidos, tanto os 16 autarcas, como os deputados eleitos pela região”, frisa. Sobre a questão da descentralização de competências, que teima em não unir os presidentes de câmara, o edil olhanense revela que, no dia 24 de janeiro, estará na AMAL a Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa e o Secretário de Estado das Autarquias Locais precisamente para se falar sobre o assunto. “Mas, mais do que a

descentralização, o que faz falta é a Regionalização. Acredito que este Primeiro-Ministro é um crente da Regionalização porque, enquanto foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa, percebeu que havia demasiado poder nos corredores das Direções Gerais e dos Ministérios. Também concordo com o caminho que ele traçou para que, da próxima vez que tivermos um referendo sobre o assunto, ele seja vencedor. Se o fizéssemos agora, correríamos o risco de adiarmos a Regionalização por mais 20 anos”, avisa António Miguel Pina. “As pessoas recusam aquilo que não percebem, no entanto, é possível criar um Governo Regional sem se gastar mais dinheiro e sendo-se muito mais eficiente. Basta transformar os Delegados e Diretores Regionais em Secretários Regionais, os lugares estão todos criados, os custos já existem. A diferença é que, em vez de terem que pedir autorização ao ALGARVE INFORMATIVO #232

Diretor Geral, Secretário de Estado ou Ministro para poderem fazer qualquer coisa, tinham capacidade de decidir cá e com um orçamento regional”. Em final de conversa, António Miguel Pina mostra-se confiante de que serão dados passos significativos e concretos, em 2020, nos três principais eixos de atuação da AMAL. Isto apesar de ter surgido, nos últimos dias, uma preocupação adicional e que envolve a ALGAR, empresa responsável pela recolha, tratamento e valorização de resíduos sólidos no Algarve. “A

empresa foi, no período da troika, privatizada, até há dois anos sempre deu lucros, e agora vai apresentar um prejuízo significativo de quase dois milhões de euros no exercício de 2019. Diz-nos que, para fazer face aos investimentos, terá que aumentar significativamente a tarifa do valor/tonelada de resíduos, a entidade reguladora não lhes dá razão, corremos o risco de ela ficar insolvente e ficamos com um problema grande nas mãos”, revela. “44 por cento do capital social da ALGAR continua a pertencer às autarquias e não rejeitamos o cenário de apresentarmos uma proposta para adquirir os restantes 56 por cento e assim municipalizarmos a ALGAR”, concluiu .

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Ferragudo

comemora 500 anos a Viver o Mar Texto: Daniel Pina | Fotografia: Daniel Pina

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020 vai ser marcado pelo 500.º aniversário da fundação da povoação de Ferragudo, instituída pela carta de privilégios da Rainha D. Leonor, com a Câmara Municipal de Lagoa e a Junta de Freguesia de Ferragudo a prepararem um conjunto de iniciativas que, ao longo do ano, irão ter lugar sob o mote «Ferragudo: 500 anos a Viver o Mar». Neste momento simbólico, no qual se recordam os factos que definem Ferragudo tal como é hoje, importa redescobrir a história de uma localidade que é bem mais antiga que o ato formal da criação a 21 de agosto de 1520 faz transparecer. Ligada ao mar e à circulação de pessoas e bens no Arade – principal meio de incursão no coração do Barlavento ALGARVE INFORMATIVO #232

algarvio – quase ininterruptamente, Ferragudo assumiu uma dicotómica propensão de póvoa piscatória e lugar de controlo da circulação fluvial. Desde a sua formação, Ferragudo levou 242 anos até obter autonomia administrativa e daí até à categoria de vila foram mais 237 anos. Fez parte da freguesia de Estômbar até 1749, quando foi desanexada por iniciativa do Arcebispo Bispo do Algarve D. Inácio de Santa Teresa, num processo conturbado que se arrastou até 1762 e que opôs a vontade de dois povos e duas paróquias. Com a atribuição do alvará régio de 16 de janeiro de 1773, que dotava o notável lugar d’Alagoa do estatuto de vila e concelho, Ferragudo passou a integrar, juntamente com Estômbar e a Mexilhoeira da Carregação, o recém-criado concelho de Lagoa. 56


A programação das comemorações dos 500 anos de Ferragudo foi trabalhada no sentido de abranger as mais diversas áreas, das artes ao exercício físico, da historiografia à gastronomia, do artesanato às festividades populares, tendo a abertura oficial acontecido, no dia 11 de janeiro, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição. “Ferragudo é

reconhecida por todos como uma verdadeira pérola pela sua forma pitoresca e delicada que sobranceia sobre o Rio Arade, contrastando com as flores do campo, entre a agricultura e a pesca. E a rebelde alma ferragudense tem um coração sempre aberto para receber todos e todas as pessoas com distinção, sem qualquer discriminação”, referiu na

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ocasião Anabela Simão, vice-presidente da Câmara Municipal de Lagoa. Anabela Simão recordou que, em 1520, Ferragudo era pertença da Rainha, tempo em se vivia a economia da Expansão e que deu origem a novas aldeias e vilas, sobretudo no Algarve, promovendo-se o crescimento populacional e a exploração dos recursos costeiros e assegurando a subsistência desse outro Algarve alémmar. “A criação de Ferragudo é o

desejo de uma rainha em consolidar o controlo da costa e do estuário do Arade. Ferragudo também é o sonho de um bispo humanista que aqui escolhe recolher-se das intrigas da pequena capital regional e que garante a construção dos seus

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Anabela Simão, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lagoa

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muros de proteção”, lembrou a autarca, acrescentando que uma das riquezas desta vila é, de facto, ser a porta de entrada do Rio Arade. “É o mesmo

que dizer uma portagem onde desde cedo se cobrava a entrada dos produtos no rio. O que levou os piratas mouros aos constantes ataques a Ferragudo, de tal modo que a sede do bispado se transferiu para Faro”, contou. No século XVII foi construído o Forte de S. João, mais tarde transformado em palácio medieval de um cultor das letras e do pensamento, Joaquim Coelho de 59

Carvalho, e que mais tarde ainda foi residência de um ministro de Salazar.

“Como se pode constatar, Ferragudo teve sempre uma importância histórica, não só a nível local, mas também regional e nacional. 500 anos são cinco séculos de muitas vivências e histórias sempre ligadas ao Mar, tendo concentrado em Ferragudo um dos mais importantes centros piscatórios do Algarve. O mar que trouxe o peixe que alimentou uma das mais antigas fábricas conserveiras da região e depois toda uma presença industrial ALGARVE INFORMATIVO #232


significativa. Após a crise industrial, tornou-se no mar que banha as praias e arribas que atraem os turistas, sendo um pilar no desenvolvimento social e económico do concelho de Lagoa”, destacou Anabela Simão, frisando ainda que Ferragudo, ao longo destes 500 anos, acumulou “um imenso património

imaterial que é a fé, a perseverança, a simplicidade, a rudeza e a abertura ao mundo”. “E ao lado desse património cresceu a materialidade, as suas casas térreas, brancas de cal e de grossas paredes de taipa, as artes da pesca, os seus barcos, as suas fábricas, os seus poços e cisternas, os seus bairros”. Comemorar os 500 anos de Ferragudo é, no entender da vice-presidente da Câmara Municipal de Lagoa, também reconhecer todo este passado de pequenas histórias, do enlace com a história regional e nacional, das falhas e grandezas das suas gentes. “É lembrar

o papel dos pescadores que lutaram pela autonomia da freguesia e que se comprometeram em manter e dignificar esta mesma igreja onde aqui estamos. Esses pescadores que, no século XVIII, criaram o Real Compromisso Marítimo, com preocupações profissionais, assistenciais, religiosas e militares. E que ergueram esta igreja onde colocaram os seus ex-votos dedicado a São Pedro Gonçalves Telmo, seu protetor, e que ainda ALGARVE INFORMATIVO #232

hoje sai em procissão para abençoar as suas embarcações. Estas comemorações dos 500 anos de Ferragudo são a viagem ao passando, olhando o passado, conhecendo as nossas tradições, as nossas gentes, a nossa identidade, garantindo, com este conhecimento interior e exterior, o construir de um amanhã com conhecimento e o repensar das políticas de futuro”, concluiu Anabela Simão .

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CINE-TEATRO LOULETANO RECEBEU MAIS UM ENCONTRO DE CHAROLAS E JANEIRAS DE LOULÉ Texto: Daniel Pina | Fotografia: Jorge Gomes

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s cânticos natalícios, mas também as canções ligadas ao Ano Novo e aos Reis, possuem uma expressão muito significativa na cultura popular algarvia, reflexo de diversas perceções mentais e simbólicas do universo religioso e das formas como o povo assimilou e reinventou os conteúdos bíblicos e as tradições orais ao longo do tempo. Por isso, um pouco por todo o Algarve, da serra ao mar, ecoam vozes que, aquecidas por uma fé fortemente enraizada ou pelo prazer do convívio social e do desafio criativo e artístico de manter e renovar a tradição, entoam ALGARVE INFORMATIVO #232

versos em que celebram a rota para Belém, o canto do Presépio, os cantares do Ano Bom e os cânticos de Reis. Esta tradição voltou a tomar conta do palco do Cine-Teatro Louletano no dia 4 de janeiro, num encontro de partilha musical organizado pela Associação Grupo dos Amigos de Loulé, com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, em que participaram o Grupo de Janeiras da AGAL/Rancho Folclórico Infantil e Juvenil de Loulé, a Charola das Barreiras Brancas/AGAL, a Charola Ossónoba, a Charola da Casa do Povo da Conceição de Faro, a Charola da Banda Musical de Tavira e a Charola Juvenil Bordeirense . 68


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TEATRO LETHES CONTINUA A CRESCER EM PÚBLICO E TEM PROGRAMAÇÃO DE LUXO PARA 2020 Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina e ACTA 83

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esde que a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve assumiu, em 2012, a programação do Teatro Lethes, em Faro, que o público não tem parado de crescer e 2019 não foi exceção, tendo o ano terminado com o valor de 13 mil e 729 fruidores. Por isso, a fasquia para 2020 está colocada bem alta, ainda mais porque se celebram, a 4 de abril, os 175 anos de existência do Lethes. Contudo, a programação apresentada por Luís Vicente no dia 11 de janeiro promete estar à altura das exigências, com uma vasta oferta de peças de teatro, espetáculos de dança e concertos de música, mas também de palestras, visitas encenadas e guiadas e ateliers de dança e de expressão dramática. “Procurando

prosseguir o desígnio do seu ALGARVE INFORMATIVO #232

fundador, Lázaro Doglioni, trazemos uma programação eclética que, em traços gerais, propõe recentrar o humano na dinâmica da vida de onde a ganância, o individualismo, o desrespeito pelo outro e pela Natureza insistem em afastá-lo. Acreditamos que, nesta contenda, a Arte tem uma palavra a dizer, de forma séria, vigorosa e persistente”, declarou o líder da ACTA. Antes de se saber o que está para acontecer no Teatro Lethes nos próximos meses, a plateia vibrou com uma atuação majestosa, formidável, do incomparável virtuoso da guitarra portuguesa, Custódio Castelo, que apresentou alguns dos seus 84


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temas mais conhecidos, mas também se deixou levar num impressionante improviso ao sabor das palavras que Luís Vicente lhe dedicou em palco. Quanto ao programa propriamente dito, depois do primeiro capítulo do Ciclo Lethes Clássico ter sucedido no dia 16, o sábado, 18 de janeiro, está reservado para o documentário «Furar o Contrato», de Sophie Rousmaniere, que será exibido pelas 21h30, após o que se seguirá um debate com a participação da ativista Ângela Rosa. No dia 24 de janeiro, às 21h30, o Teatro Art’Imagem apresenta «Noites Brancas», em que um sonhador perpétuo não consegue parar de pensar e caminha incessantemente pelas noites e ruas de um espaço que na realidade não existe (S.

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Petersburgo no romance), sendo contagiado pelas emoções das pessoas que contacta. O teatro continua, no dia 2 de fevereiro, às 16h, com «Asas de Papel» do Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro, num formato de sessão descontraída, ou seja, numa sessão que decorre numa atmosfera acolhedora e com regras mais tolerantes no que diz respeito ao movimento e ao barulho na sala. O espetáculo destina-se a todos os indivíduos e famílias que preferem beneficiar de um ambiente mais descontraído num espaço cultural (por exemplo, pessoas com défice de atenção, com deficiência intelectual, com condições do espectro autista, com deficiências sensoriais ou de comunicação). Deste modo, “as sessões

descontraídas introduzidas pela

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ACTA este ano no Teatro Lethes procuram reduzir os níveis de ansiedade e tornar a experiência mais agradável para o público”, explicou Luís Vicente. «Asas de Papel» que é um espetáculo sem palavras encenado por Diana Bernedo e Miguel Martins Pessoa, criado através da linguagem do Teatro Físico, sobre a mecanização e desumanização da sociedade. Mãe e filha, absorvidas pelo ritmo diário do quotidiano moderno, acabam por afastar-se uma da outra. A mãe, escrava do trabalho, desconecta-se do seu lado humano, enquanto a filha se refugia num livro, o que dará início a uma viagem sem regresso. Trata-se, nesse sentido, de uma história que questiona a evolução humana, repleta de imagens poéticas, através da linguagem do corpo. Dias 7 e 8 de fevereiro são dedicados a mais uma edição do «Palco Aberto», iniciativa aberta a todos quantos queiram exprimir os seus talentos em palco. “A

forma pode ser à capela ou ensemble; visível ou invisível; de pé ou sentado ou rastejando ou fazendo o pino... Pode ser apenas convocar o silêncio, ou ocupar o tempo a dizer mal de nós. A liberdade é total, apenas não sendo permitidas intervenções sobre temas religiosos e/ou de propaganda”, adianta Luís Vicente. A música regressa nos fins-de-semana de 14 e 15 de fevereiro e 21 e 22 de fevereiro, com o Ciclo Euterpe a levar ao Teatro Lethes, sempre às 21h30, os Old ALGARVE INFORMATIVO #232

Moutain (jazz), Cantadores da Aldeia Nova de São Bento (cante alentejano), o projeto «Cenário Divergente» de Helena Madeira (harpa) e Liana (fado), respetivamente. Pelo meio, a 17 de fevereiro, decorre uma ação de formação sobre linguagem inclusiva em que se vai procurar conhecer melhor as especificidades da discriminação contra pessoas lésbicas, gay, bissexuais, trans e intersexo e a forma como a discriminação, muitas vezes de forma subtil, afeta a visibilidade das experiências e realidade da população LGBTI. “Com um especial foco na

cultura e no acesso à cultura, exploraremos exemplos da norma da expressão artística disponível e identificaremos algumas oportunidades de crescimento e maior diálogo. Nesta ação veremos até que ponto é que damos ou não o ar de que a arte e cultura são de e para todas as pessoas interessadas”, comenta Luís Vicente. Fevereiro termina com uma dupla sessão de dança, nos dias 27 e 28, às 16h e 21h30, respetivamente, com «Little Company» da Academia de Dança Contemporânea de Setúbal. Mas também com a passagem do VI Festival Internacional de Música Barroca de Faro, no dia 29, às 21h30. Sexta é também a edição do espetáculo «Dança Solidária» de Nádia Buchinho, a ter lugar no dia 1 de março, às 16h. No dia 5, nova sessão do Ciclo Lethes Clássico, às 19h, desta feita sobre Beethoven e a Escola de Viena, e o teatro volta a cena no dia 7 de março, às 21h30, com «Humidade» da Companhia de 88


Teatro de Braga, em que as personagens se «desencontram» num hostel de uma cidade húmida (Braga, Santiago) e vivem um acontecimento apaixonante, num quadro do desespero da nossa contemporaneidade. No dia 14 de março, às 21h30, é a vez de «Se isto é um Homem» da Companhia de 89

Teatro de Almada, o testemunho de um sobrevivente do Holocausto que expõe o horror das relações de poder entre as vítimas na máquina de extermínio nazi.

“É dedicado a todos os carrascos que concordaram com o genocídio de seis milhões de judeus através do silêncio cobarde e indiferença ALGARVE INFORMATIVO #232


entorpecida”, diz Luís Vicente sobre a primeira adaptação em português do texto de Primo Levi, precisamente quando se assinala o centenário do seu nascimento. Mais teatro, mas para os mais jovens, chega pelas mãos da Rituais dell Arte, com «Peter Pan e a Ilha dos 3 Olhos» a ir a cena de 17 a 19 de março. Do teatro para a música, a 21 de março teremos, pelas 21h30, o 4.º Festival Internacional de Guitarra de Faro, com uma programação com influências musicais que vão do jazz à música clássica, passando pelo bossa nova e pela música eletrónica ou pela música tradicional portuguesa. O Dia Mundial do Teatro (27 de março) será preenchido por visitas ao Teatro Lethes e, a 4 de abril, às ALGARVE INFORMATIVO #232

21h30, a representação prossegue com «Rottweiler» do Teatro do Noroeste, que aborda o recurso à violência por parte de pessoas relacionadas com a extremadireita. No dia seguinte, às 16h, a Associação de Fado do Algarve promove a Gala Celeste Rodrigues e, nos dias 17 e 18 de abril, é o Festival Internacional de Blues de Faro que ocupa o palco do Teatro Lethes, às 21h30. De 25 de abril a 9 de maio teremos a primeira produção de 2020 da ACTA, «Instruções para abolir o Natal», que terá como pano de fundo a crise financeira de 2008 e o Brexit. “E se nos fosse dada a

oportunidade de saber o que acontece por detrás das portas 90


fechadas dos gabinetes dos arranha-céus espelhados? Michael Mackenzie abre as portas de um desses gabinetes, que pode estar em qualquer lugar do mundo, e apresenta-nos a reunião do ajuste de contas. Pode alguém viver uma vida inteira sem ser confrontado com as consequências dos seus atos”, questiona Luís Vicente, que assume a representação da peça ao lado da filha, Sara Mendes Vicente, estando a encenação a cargo de Isabel Pereira dos Santos. O teatro para a infância volta ao Lethes, nos dias 12 (14h30) e 13 de maio (10h), com «Cá estou eu nas nuvens» do Teatro das Beiras, que destaca a importância da água e do seu ciclo. A 16 de maio realizase a segunda edição da Gala XIS, organizada pela Associação Xis e MAPS e, no dia 22 de maio, sobem ao palco os espanhóis do Teatro Guirigai, com «Libro del buen amor». A 23 de maio, o Teatro Lethes acolhe, às 21h30, o concerto de Jazzafari, inserido no Festival Os Dias do Jazz e, a 28 de maio, pelas 19h, novo episódio do Ciclo Lethes Clássico, mais uma vez alusivo ao universo de Beethoven. E a música traz ainda em maio, no dia 30, às 21h30, os «Poetas Cantados» de Anapi. O Dia Mundial da Criança (1 de junho) é assinalado com quatro sessões de «Uma Torneira na Testa», originalmente concebido no âmbito do VATe – Serviço Educativo da ACTA, mas que, face ao sucesso alcançado em 2019, vai continuar em digressão por mais um ano e será 91

também adaptado para abranger um público mais adulto. Nova ação de formação está agendada para os dias 2 e 3 de junho, em parceria com a Acesso Cultura, associação que defende um conceito de acessibilidade que vai muito além das rampas e das casas de banho adaptadas. “Um conceito que encara

a acessibilidade como uma área transversal a toda a atividade das instituições culturais. Nesta formação vamos fazer uma breve revisão da legislação e vamos refletir sobre o edifício; o design inclusivo; a comunicação; os serviços e materiais. Esperamos poder sensibilizar, partilhar os nossos conhecimentos, aprender com os outros e chegar ao dia em que as pessoas com necessidades especiais serão visitantes e espectadores autónomos nas nossas instituições culturais, tal como todos os outros, e que farão cada vez mais parte das equipas das mesmas”, referiu a organização. O Grupo Coral e Cultural Acanto TC organiza o seu IX Encontro de Coros anual, no dia 6 de junho, às 16h, e o teatro do «Cinema Miami» vai a cena no dia 13 de junho, às 21h30, pelas mãos do «Quarteira Fora da Caixa», um projeto comunitário do Colectivo JAT – Janela Aberta Teatro. Os mini bailarinos dos 2 aos 9 anos de idade da Academia Ballet Encantado prometer fazer as delícias do público, no dia 26 de junho, às 18h, em «Viver a Dança, Dançar a Vida» e, no dia seguinte, às 21h30, sobe ao palco mais um ALGARVE INFORMATIVO #232


espetáculo de inclusão pela arte resultante do trabalho da ACTA com a APATRIS 21. A Academia Sénior Monet Oblectando da Delegação Faro/ Loulé da Cruz Vermelha Portuguesa apresenta, no dia 4 de julho, às 21h30, a sua festa de encerramento do ano letivo 2019/2020 e, a 16 de julho, às 19h, o Ciclo Lethes Clássico apresenta «A Música das Palavras». O espetáculo de encerramento de ano letivo, desta feita do Atelier do Movimento, tem lugar, no dia 18 de julho, às 16h e às 21h e, depois, o Teatro Lethes goza um merecido descanso durante o mês de agosto. Setembro é marcado por mais uma edição do FOMe – Festival de Objetos e Marionetas e Outros Comeres,

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organizado pela ACTA e que levará cerca de 50 espetáculos aos concelhos de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão, São Brás de Alportel e Tavira. O sétimo disco dos Al Mouraria é apresentado, no dia 3 de outubro, às 21h30, e o Circuito Ibérico de Artes Cénicas leva ao Teatro Lethes, no dia 10, às 21h30, mais uma peça espanhola, agora da La Fundicion de Sevilha. Mais um capítulo do Ciclo Lethes Clássico, subordinado a Schubert, decorre no dia 15 de outubro, às 19h, e o Algarve Music Series leva a música de câmara ao Lethes no dia 16, às 21h30. A segunda produção teatral da ACTA de 2020 vai a cena de 24 de outubro a 8 de novembro, «Ardente – Memorial para Pedro e Inês de Portugal», com Luís Vicente a revelar que a tragédia de D. Pedro I e D. Inês de Castro é o terceiro

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tema mais abordado pelas artes e literaturas de todo o Mundo, só ficando atrás de Jesus Cristo e Napoleão Bonaparte. “A ACTA aborda de novo

este tema numa tripla perspetiva de novidade: primeira, a narrativa não segue a cronologia histórica dos acontecimentos – a nossa história começa já Pedro e Inês estão nos túmulos; segunda, a história será contada apenas com recurso à imagem e à música – portanto, sem recurso à palavra dita; terceira, para dirigir este espetáculo, convidámos um dos mais proeminentes encenadores europeus, especialista neste género de realização teatral, o polaco Leszek Mandzik”, referiu o diretor da ACTA. 93

Mais teatro acontece com «Germinação» do Teatro de Montemuro, no dia 22 de novembro, às 16h, e no dia 28, às 21h30, com a companhia espanhola Karlik Danza Teatro de Cáceres. No dia 5 de dezembro, às 16h, «Souhair» presta uma homenagem a uma arte milenar e ancestral, e muito em particular a uma lenda viva da Dança Oriental, a grande e única Souhair Zaki e o teatro espanhol regressa, a 6 de dezembro, às 16h, com o Tranvia Teatro de Saragoça. A 12 de dezembro, pelas 21h30, realiza-se o Concerto de Natal da Associação Filamórnica de Faro e Daniel Kemish volta a pisar o palco do Teatro Lethes, a 18 e 19 de dezembro, às 21h30, com duas performances completamente diferentes. Portanto, motivos não faltam para visitar o Teatro Lethes em 2020 . ALGARVE INFORMATIVO #232


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BORDEIRA CELEBROU CENTENÁRIO DAS CHAROLAS Texto: Daniel Pina Fotografia: Daniel Pina

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Sociedade Recreativa Bordeirense celebrou cem anos de história das Charolas de Bordeira e, como manda a tradição, o Dia de Reis foi o momento mais aguardado por todos. E, de facto, os vários grupos visitaram logo pela manhã o comércio local, saudando a comunidade com cantares e «vivas» espontâneas em versos à desgarrada. Depois do almoço arrancaram as atuações das 12 charolas participantes na mega tenda instalada no Centro de Atividades D. Leonor, onde também era possível degustar algumas das especialidades gastronómicas do interior ALGARVE INFORMATIVO #232

algarvio. Quase em simultâneo decorria, na sede da Sociedade Recreativa Bordeirense, o encontro de charolas, na terra onde esta tradição é rainha. Numa tarde bastante animada escutaram-se os cantares da Flor da Juventude Nexense, Flor do Liz, Sociedade Recreativa Bordeirense, A Democrata, Juvenil Bordeirense, Mocidade União Bordeirense, Juventude União Bordeirense, União Bordeirense, Amizade Estoiense, Ossonoba Estoi, G.D.C. Machados e Aldeia Branca. Ao início da noite, no Centro de Atividades Dona Leonor, as seis Charolas de Bordeira juntaram-se em palco para cantar em conjunto a Marcha do Centenário. Os festejos terminaram com bolo de aniversário e fogo-de-artifício . 98


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OLGA HEIKKILÄ E GONÇALO PESCADA LEVARAM MOZART & PIAZZOLLA AO AUDITÓRIO DO SOLAR DA MÚSICA NOVA Texto: Daniel Pina| Fotografia: Jorge Gomes ALGARVE INFORMATIVO #232

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lga Heikkilä e Gonçalo Pescada apreciam a música como uma linguagem universal que constrói pontes, não apenas geograficamente, mas também ao longo do tempo. A voz soprano da primeira e o acordeão do segundo criam uma dupla clássica que permite uma abordagem íntima da música e do texto, sendo raro ouvir-se música de Mozart em acordeão e músicas de Piazzolla cantadas por uma soprano lírico. Neste sentido, a noite de 4 de 113

janeiro, no Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé, foi única e especial. Na adolescência, Astor Piazzolla (19211992) conheceu Carlos Gardel (18901935), para quem trabalhou como guia turístico, tradutor e intérprete ocasional. Gardel percebeu as habilidades do garoto de 13 anos e, juntos com a Orquestra Sinfónica da NBC, estiveram envolvidos no filme de Gardel «El Dia Que me Quieras». Devido à sua tenra idade, Piazzolla foi deixado de fora da digressão que se destinava à promoção do filme, facto que pode ter salvo a sua vida, pois apenas um ano ALGARVE INFORMATIVO #232


depois o avião de Gardel despenhou-se na digressão pela Colômbia. O farense Gonçalo Pescada é Doutorado com distinção e louvor em Música e Musicologia – vertente de Interpretação, pela Universidade de Évora, tendo concluído também a licenciatura bietápica em Música – vertente Interpretação pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, o Curso Complementar de Acordeão pelo Instituto Musical Vitorino Matono, em Lisboa, e a Profissionalização em Serviço (M01 e M32) pela Universidade Aberta. Foi distinguido várias vezes, casos do 1.º Prémio no Concurso Nacional de Acordeão (Alcobaça, 1995), 1.º Prémio no Concurso Internacional de Acordeão «Citá di Montese» (Itália, 2004) e 1.º Prémio no Concurso de Interpretação do Estoril (2006). ALGARVE INFORMATIVO #232

O acordeonista apresentou-se como solista com diversas orquestras, estreando e interpretando várias obras em primeira audição em Portugal. Foi convidado a participar em festivais de enorme prestígio em Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Bulgária e tem gravado para rádios e televisões. A sua discografia compreende cd’s a solo, em música de câmara e com orquestra e alguns compositores têm-lhe dedicado novas obras para Acordeão. Atualmente, é Professor Auxiliar no Departamento de Música da Universidade de Évora. Quanto a Olga Heikkilä, é uma soprano finlandesa cuja carreira internacional tem assentado sobretudo na sua vertente de cantora de ópera. Tem sido reconhecida e premiada em 114


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variadas competições pela qualidade da sua interpretação vocal, musicalidade e carisma em palco. As suas mais recentes colaborações foram com as óperas estatais de Estugarda e Berlim, na Alemanha, do Teatro La Monnaie, em Bruxelas (Bélgica), e com a Danish Royal Opera, da Dinamarca. Como intérprete, tem atuado regularmente por toda a Europa com as melhores orquestras e ensembles.

Royal Opera Academy, em Copenhaga, e possui um mestrado em Música pela Sibelius Academy of Music em Helsínquia, estando a prosseguir os seus estudos a nível de programa doutoral. A cantora aprofundou os seus conhecimentos em masterclasses com Teresa Berganza, Siegfried Jerusalem e Dame Kiri Te Kanawa, tendo trabalhado com maestros como Michael Boder, Mikhail Pletnev e Moshe Atzmon .

Heikkilä graduou-se, em 2013, na Danish 117

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NOVO CIRCO ENCANTOU MONCHIQUE Texto: Daniel Pina| Fotografia: João Mariano e Camille Leon

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Lavrar o Mar, projeto inserido no programa cultural «365 Algarve», voltou a levar o novo circo a Monchique por ocasião do final-de-ano, desta feita com a novidade de duas companhias proporcionarem duas sessões diárias entre 27 de dezembro e 5 de janeiro. E a resposta do público foi maciça, com largos milhares de pessoas a rumarem a Monchique para noites de puro deleite. De França a companhia Le P’tit Cirk trouxe o espetáculo «Les Dodos», recordando uma espécie de ave que se extinguiu por ser demasiado desajeitada para sobreviver. De facto, os dodos não sabiam voar, nem nadar, e eram demasiado ingénuos para enfrentarem a ALGARVE INFORMATIVO #232

dureza da vida. Este pássaro era fisicamente o oposto do acrobata e, no entanto, são ambos igualmente inconscientes, viajando entre o medo e a ingenuidade, a vida e a sobrevivência. O espetáculo era composto por cinco músicos acrobatas que elaboravam modelos de micro-sociedades expressas através de jogos de relações sensíveis de fragilidade, poder e benevolência. De acordo com os diretores artísticos, a hostilidade do mundo condena-os a inventar mecanismos de sobrevivência freneticamente irrisórios, como as tentativas improváveis de escapar à gravidade através de uma imaginação sem limites. Um espetáculo, por isso, muito ritmado onde a música das guitarras, do contrabaixo e do violino são a sua respiração. 124


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Já os belgas da Collectif Malunés apresentaram «Forever, Happily…», em que os sete anões da Branca de Neve pretendem reunir todas as princesas na sua tenda de circo. Assistimos, deste modo, a uma floresta encantada com a Pequena Sereia, Hänsel e Gretel (ou João e Maria), e todo o universo dos contos de fadas. Desde maçãs envenenadas a chinelos mal colocados, os acrobatas tropeçavam no seu capuz vermelho e contavam ao público o que precede a história conhecida por todos.

“Aqui nem tudo é maravilhoso e as relações humanas são tão frágeis quanto cómicas. Aqui, as vestes sufocam as princesas, os lobos ficam aterrorizados e os príncipes morrem de exaustão”, explicam. Um espetáculo que esgota a superficialidade desse «mundo maravilhoso» deslocado da realidade, trazendo uma visão moderna, viva e atual, mas também ridícula, desse imaginário . ALGARVE INFORMATIVO #232

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OPINIÃO O cinema como lugar da memória ou como memória dum lugar Mirian Tavares (Professora) “Nasci numa pequena cidade. Sonho com cidades grandes. Sonho com aldeolas que nunca vi E com a água implacável”. Arjen Duinker cinema, pródigo criador de imagens, serviu em muitos momentos para suprir, de alguma maneira, ausências. Isto não é um cachimbo. Mas sua imagem pode trazer à boca um certo gosto conhecido, ao olfato um cheiro distante. Como as famosas bolachas de Madeleine que habitaram o imaginário (e os sentidos proustianos), uma imagem (real ou virtual) serve como ponto de partida para um encontro e/ou reencontro com algo que já não está, que nos falta, que foi nosso ou nunca nos pertenceu. André Bazin, num célebre texto sobre a ontologia da imagem fotográfica, fala sobre o caráter de verdade das imagens, realistas na sua origem, cuja função primordial é “salvar o ser pela aparência” – mesmo se discordarmos da sua visão do cinema, temos que nos render a esta evidência: “Não se acredita mais na identidade ALGARVE INFORMATIVO #232

ontológica de modelo e retrato, porém, se admite que este nos ajuda a recordar aquele e, portanto, a salvá-lo de uma segunda morte espiritual”. Assim temos que a imagem surge, fundamentalmente, na arte, para salvar a todos da morte certa do esquecimento. Portanto o cinema funciona como o medium perfeito para traçar trajetórias de lembranças, como um álbum de recordações e, mais ainda, para mostrar, à sua maneira, como a nossa relação com o mundo é construída de fragmentos que vão sendo justapostos na tentativa de recriar algo que agora nos falta (ou que sempre nos faltou) . Alguns realizadores, em vários momentos de suas cinematografias, traduzem essa maneira especial de estarmos num mundo que não existe por si mesmo, ele é apenas o resultado da nossa invenção. Nalguns momentos a necessidade de reinventarmos o espaço que vivemos torna-se mais premente, 134


como, por exemplo, quando estamos longe, deslocados, desterritorializados. Quando somos «turistas acidentais» levados, por vários motivos, a sair daquilo que chamamos lar e chegarmos a um outro lugar que poderá e/ou deverá tornar-se nossa nova casa. Ao contrário dos turistas do costume que viajam em busca da alteridade, esses buscam o mesmo no outro – pedaços reconhecíveis de uma história que ficou para trás. Caio Fernando Abreu, escritor brasileiro, ao falar da sua cidade de origem, escreveu: “Moro no Menino de Deus, do qual Porto Alegre é apenas o que há em volta”. O autor, que escolheu um autoexílio dentro do próprio país, fala de sua cidade, que não é o todo que está em volta, mas seu cantinho, seu bairro, seu microcosmo. E assim resume a nossa relação com a cidade – ela é metonímica. Criamos a nossa própria cartografia, que se compõe de fragmentos que montamos através do traçado do nosso desejo. Saio do bairro se meu desejo está além, mas minha casa, minha cidade é bem mais pequena e circunscrita não só geográfica, mas também emocionalmente.

desejo a errar por outras terras, o que nos faz sentir solitários, ou como os personagens de Wim Wenders, eternos errantes – saem das suas cidades e partiram sem rumo certo. Alguns encontraram outro lugar onde puderam, finalmente, repousar, e outros, que nunca tiveram um lugar, mesmo quando estavam nas próprias casas, seguem em busca de um teto todo seu. A arte, conforme Lyotard, não diz o indizível, mas diz que não pode dizê-lo. O cinema, que não pode dizer o indizível, mostra. Revela, na sua própria montagem, na sua essência fragmentária, o desejo dos eternos errantes e aponta-nos, a cada filme, um possível lugar de reencontro . Foto: Victor Azevedo

Há em todos nós, em maior ou menor grau, uma relação telúrica com o lugar que nos dizem ser o nosso, pátria, terra, casa. Mas somos conduzidos pelo 135

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OPINIÃO Do Reboliço #68 Ana Isabel Soares (Professora) uantas vezes não quis já o Reboliço ser uma planta. Fincar as quatro patas, como se fossem ramos finos a sair da terra, ou fazer delas uma pata única enterrada, esticar o animal tronco e os membros todos nas direções de sol e solo – depois, iluminar a ponta do focinho até o fazer olho de flor, amarelando-a (ou encerrando-a em infinitos pontos secretos de semente), alçar do pelo tufos largos, abri-los em palmas verdefolha e nada fazer, nada fazer nos dias que não fosse esperar o regresso do sol à noite e uma ou outra gota caída de regador ou de nuvem. Ser uma planta como a figueira grande: ser pouco mais de centenária e dar ares de quem ali se instalou há milénios, os nós do tronco grosso a denunciar a vivência: verrugas maiores do que bolas de futebol como selos num passaporte de correr o mundo e um fato especial para cada estação: cinza rude o Inverno inteiro, algumas joias no extremo dos milbraços para o meses finais; secura verde coberta de veios nas folhas tricotadas, para a Primavera, a impedir que se veja a paisagem e a exigir para si mesma toda a atenção de quem olha; inchaços doces Verão adentro, tarrincosos e de gota ALGARVE INFORMATIVO #232

mel-resina fixada na base do fruto; gala de despedida até para o ano, no orgulho de quem se sabe metida em tachos, potes de vidro, bocas gulosas e mãos sujas – e no primor das formas de um verdadeiro queijo (porque é queijo da caixa, caseus, a metade sul do caseus formaticus), queijo-de-figo. Ou ser tupinambo, quereria ele. Passar despercebido a quem nos caminhos andasse, altear um tronco esguio e no topo abrir um girassol para distrair com vaidade os olhos do passante para o alto – e esconder no mais ínfero o ouro, a raiz batateira, o sabor de terra a estalar, que só inchada e empurrando a gleba acenaria e se deixaria colher. Quem lhe dera, tantas vezes, nas suas móveis passeatas, passear estático: fosse ele o centro do mundo e o mundo passeasse à sua volta; não fosse ele o vagabundo. Seduzir com folhas só, anunciar flores, prometer fruta, mas não fazer mais do que estender pelo chão braços rendados de samambaia, os múltiplos e antiquíssimos fetos rendilhados. Ou chamar bichos como ele ao cheiro: de altaneiras finas folhas, aroma a cidreiro Príncipe – seduzir e ser frágil, dar-se aos dentes finos da gataria que o despreza e ama, morrer na infusão escaldante para apaziguar os humores. Quem lhe dera: teria o mundo 136


Foto: Vasco Célio

continuamente: no chão da terra, no fogo da cozinha, no aromático ar. (Mas fosse planta o Reboliço e desejaria todas as horas ser o pássaro que sobre ele mesmo pousasse) . * Reboliço é o nome de um cão que o meu avô Xico teve, no Moinho Grande. É a partir do seu olhar que aqui escrevo. 137

** “É com a totalidade do seu corpo e do seu ser, sem distinção de forma ou de função, que as plantas se abrem ao mundo e se fundem nele”. (Emanuele Coccia, A Vida das Plantas: Uma Metafísica da Mistura, Fundação Carmona e Costa/Documenta, 2019, p. 70.).

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OPINIÃO De tão azul Adília César (Escritora) Afinal antigamente não havia palavra para azul,/ cor a que os olhos ainda não se tinham habituado:/ o céu era de um tom indistinguível,/ o mar vinho escuro. (…) Pois só damos nomes às coisas que encontramos/ e sentimos ao rés da realidade/ como a ave excêntrica que nos bica os calcanhares. Catarina Costa, in CHIAROSCURO

A

história das cores deve ser uma história social das cores, uma vez que é a sociedade de cada época que faz a cor, que a define e lhe dá sentido – o espectáculo do azul na natureza, o modo como a biologia do ser humano percepciona o azul, mas, sobretudo, práticas, códigos, sistemas, mutações, desaparecimentos, inovações e fusões que afectam todos os aspectos da cor azul historicamente observáveis, ou seja, todas as implicações sociais do azul. Ah, o imenso céu (azul?) num claro dia de uma qualquer amena estação do ano… Sendo um fenómeno natural, é também uma construção cultural complexa e ainda se assume como raridade do ponto de vista dos historiadores, enquanto “objecto histórico de pleno direito” – diz-nos Marcel Pastoureau. Existem várias razões para o fenómeno, que se prendem com dificuldades documentais, metodológicas e epistemológicas. Estamos perante um terreno transdocumental e transdisciplinar, ou melhor, estamos perante um problema de definição: se pesquisarmos textos antigos como a Odisseia, a Bíblia, o Alcorão, as ALGARVE INFORMATIVO #232

sagas islandesas, conseguimos encontrar amplas descrições do céu e do mar, que nunca referem, no entanto, o termo azul propriamente dito, utilizando em seu lugar o cor-de-vinho, o vermelho, o preto, o branco, o verde… mas nunca o azul, que parece ter sido a última cor a aparecer em todas as línguas conhecidas. A cor azul do céu e do mar foi alvo de desinteresse e desconfiança, do Neolítico até à Baixa Idade Média. E na Roma Antiga, ter olhos azuis era uma espécie de deficiência física… O excerto do poema de Catarina Costa em epígrafe abre a perplexidade – a palavra azul não existia porque não havia a correspondência com objectos concretos, definidos e visíveis? Presentemente, o azul é a cor preferida de cerca de 45 por cento de pessoas do mundo inteiro, com 111 tons diferentes nomeados, sendo que um desses tons – o novíssimo YlmNm Blue – foi criado em laboratório, acidentalmente, em 2016. Todos os tons de azul são frios e estão associados a diferentes estados emocionais e/ou espirituais: frieza, paz, depressão, ordem, monotonia, harmonia, melancolia, tranquilidade, tristeza, paciência, amabilidade, confiança. E também é uma cor ligada à ciência e 138


tecnologia, inteligência, liberdade e progresso. Não será por acaso que as redes sociais Facebook, Twitter, Tumblr, Instagram, Linked in têm a cor azul no seu logo ou nas suas interfaces, assim como as marcas IBM, HP, Intel. Inconscientemente, a cor está ligada a tecnologia, alivia o stress e significa inteligência, liberdade e progresso; o hyperlink também tem uma explicação simples para a origem da sua cor: nas primeiras telas de computador, o azul era a cor mais escura depois do preto e uma vez consolidada esta tendência, a web também aderiu. Talvez este gosto tão enraizado pelo azul na internet seja a primeira evidência de um consciente colectivo virtual. Pantone, o sistema de cores mundialmente conhecido e largamente utilizado na indústria gráfica desde a década de 60, anunciou a Cor do Ano para 2020 – Classic Blue, um favorito universal, atemporal e clássico. Diz-nos Leatrice Eiseman, directora executiva do Pantone Color Institute: “Um azul evocativo sem limites do vasto e infinito céu noturno, o Pantone 19-4052 Classic Blue encoraja-nos a olhar além do óbvio para expandir o nosso pensamento; desafiando-nos a pensar mais profundamente, aumentar nossa perspectiva e abrir o fluxo de comunicação”. Inúmeros significados atribuídos aos diferentes tons da mesma cor-luz dignificam uma ampla criatividade ligada às artes. Alguns nomes de tonalidades azuis, como por exemplo, azul-pacífico (tom de lavanda) e azul-eterno (azul intenso), correspondentes a duas espécies de rosas que ostentam pétalas nesses tons, remetem-nos para uma profusa variedade de textos criativos experimentados por poetas. Eis uma intenção de poema:

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DE TÃO AZUL Os dedos das rosas muito compridos e unidos, como membranas de asas ou barbatanas de peixes. Em ousadia de voo, as rosas caem de uma altura onde o céu está parado da cor azul-pacífico que veio do futuro da inteligência. Mergulha abruptamente nas ondas do mar, esse azuleterno que veio do passado do esquecimento. Chamam as rosas a cor que lhes pertence, em vão. Rasgam-se as pétalas com os espinhos desse chamamento. Mas há uma rosa que ainda é azul-espanto, respira azul, canta azul. De tão azul, é uma rosa que sangra e o sangue vermelho dela em céu azul se transforma. Rosa pacífica e eterna, a fazer-se bandeira da humanidade esclarecida. De tão azul, essa paz dos teus olhos nos meus .

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OPINIÃO Hábitos de um empreendedor de sucesso Fábio Jesuíno (Empresário) er empreendedor de sucesso requer muita persistência e um conjunto de hábitos que vão permitir alcançar grandes conquistas e fazer a diferença na sociedade. Para ajudar neste caminho de ser empreendedor, reuni alguns dos principais hábitos que estou a usar para aumentar o meu sucesso profissional e melhorar a minha qualidade de vida. 1 - Ler muito Algo que os empreendedores de sucesso fazem com muita frequência é ler. Ter o hábito da leitura, principalmente de livros, faz com que possamos melhoramos várias capacidades intelectuais, no meu caso, faz com que consiga combater os efeitos da dislexia. Sou um leitor compulsivo, desde revistas nacionais e internacionais, livros, jornais e muitas publicações online, com o objetivo de aprender mais e estar informado. 2 - Alimentação saudável Ter uma boa alimentação é fundamental para ser mais produtivo e eficiente ao longo do dia, seguir uma alimentação constituída maioritariamente por vegetais e frutas e ALGARVE INFORMATIVO #232

mais peixe do que carne é fundamental. Tento sempre consumir vegetais orgânicos e reduzir ao máximo os fritos nas refeições. 3 - Atividade física permanente Fazer exercício físico é dos hábitos mais importantes para um empreendedor de sucesso, não propriamente numa questão de aparência, mas numa componente de corpo forte conseguimos uma mente forte. Participar em aulas coletivas num ginásio vai ajudar na motivação para cumprimos os objetivos em termos físicos e são uma oportunidade de conhecer pessoas novas, fator importante na nossa caminhada empreendedora. Recomendo particularmente fazer yoga e meditação. De forma simples, podemos sempre optar por uma caminhada ou corrida. 4 - Dormir bem Muitas das vezes não damos muita importância ao sono, mas ele é fundamental para a nossa saúde. Dormir as horas que necessitamos e com boa qualidade é uma grande vantagem para atingir o nosso melhor desempenho. Muitas pessoas recomendam acordar cedo e deitar cedo, mas também existem muitos empreendedores de sucesso que gostam de trabalhar durante a noite. O importante é dormir 140


6 - Aprender constantemente A formação é fundamental para o sucesso de um empreendedor, não basta ter uma boa ideia, é preciso aprender. Atualmente, dispomos de uma grande quantidade de cursos online gratuitos ou a valores baixos sobre os mais diversos temas, facilitando a obtenção do conhecimento.

bem e as horas necessárias. Na minha visão, é fundamental termos um colchão de grande qualidade, é dos nossos melhores investimentos. 5 - Elogiar com frequência Num mundo cheio de negativismo, é importante promover a positividade, elogiar é positivo, contribui ativamente para o nosso bem-estar efetivo e para o sucesso. Elogiar melhora os nossos relacionamentos interpessoais e motiva equipas, melhorando o seu desempenho. Gosto de dar elogios merecidos nas situações certas como forma de reconhecimento, criando um ambiente positivo. 141

7 - Promover o Networking A nossa rede de contactos é vital para o sucesso de todos os empreendedores e deve ser alimentada com frequência. Uma boa rede permite saber sobre as principais tendências e obter conhecimentos privilegiados sobre os mais diversos temas, desde a oportunidade de chegar a novos clientes como também a novos trabalhos. Uso com frequência as redes sociais para melhorar as relações existentes e estabelecer novos contactos e participo em vários grupos de empresários focados no networking. Estes são os meus principais hábitos que pratico desde que criei a minha primeira empresa, onde destaco a atividade física permanente como um dos mais importantes, por ser aquele que ao longo dos anos tenho tido mais dificuldade em praticar sem interrupções, algo que já melhorei atualmente. E não se esqueçam de partilhar boas energias e fazer o bem! .

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OPINIÃO O «Momento Chernobyl? do Algarve João Ministro (Empresário e Engenheiro do Ambiente) m 2006, numa entrevista ao jornal Der Standard, Mikhail Gorbachov classificou o acidente de Chernobyl como o ponto de ruptura e colapso do sistema político da URSS. Esse «Ponto Chernobyl», assim apelidado por vários analistas políticos, foi usado recentemente por David Ritter, Director da Greenpeace Australia, para chamar a atenção sobre a difícil realidade que se vive actualmente naquele país e apelar a uma mudança radical na política ambiental australiana, designadamente no que concerne à mitigação das alterações climáticas (in Expresso de 11 Janeiro). E no Algarve? Quando ocorrerá o tal «Ponto Chernobyl»? Aquele momento indiscutível, em que todos os sectores da sociedade, em especial a política, se alinham numa mudança de paradigma do desenvolvimento regional e unanimemente reconhecem a urgência em resolver os problemas que afectam a região, desde há décadas, mas hoje com particular expressão, como sejam as carências severas de disponibilidade de água, os mega incêndios florestais, a perda de valores biológicos ou a imparável desertificação do interior? Uma questão certamente vista por ALGARVE INFORMATIVO #232

alguns como um exasperante exagero, não duvido. Mas uma interrogação pertinente face à realidade com que somos diariamente confrontados. A verdade é que esse ponto de ruptura e mudança já deveria ter sido atingido. Basta relembrar os trágicos acontecimentos ocorridos em 2018 na Serra de Monchique, em que uma gigantesca área florestal ardeu e hoje, passado esse tempo, a situação está… na mesma: a grande maioria das habitações afectadas estão por recuperar, as ajudas continuam amplamente por atribuir – nota: por incrível que pareça, o mecanismo encontrado para auxiliar as pessoas afectadas foi o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) que obriga a um processo burocrático tal que muitos pequenos agricultores e agentes florestais nem conseguem concorrer – e a gestão do território continua a mesma, ou seja, inexistente. A única mudança registada, infelizmente, foi o acelerar do êxodo populacional e abandono daquela região, havendo hoje menos pessoas ali a viver e a trabalhar do que antes dos fogos. Entretanto, a região «mergulhou» recentemente numa outra discussão, cujo tema central comunga igualmente por uma necessária mudança na forma como tem sido abordado: a disponibilidade de Água. Paradoxalmente, este assunto tem 142


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a uma previsível redução da disponibilidade de água. Do lado das soluções, os especialistas apontam quase sempre no mesmo sentido: a necessidade de agir preventivamente, de forma integrada e planeada, ao nível da gestão territorial e dos seus recursos.

muito em comum com o anterior. Há anos que a ciência nos alerta para o facto de estamos numa região cada vez mais sujeita a períodos de seca regulares, com tendência a intensificarem-se, onde os períodos de precipitação tenderão a reduzir-se e as vagas de calor a aumentar. O nível de imprevisibilidade climática será cada vez maior, deixando de existir as quatro estações do ano como as conhecemos. Em suma, seremos sujeitos ALGARVE INFORMATIVO #232

Infelizmente, não é isto que temos vindo a assistir. Os problemas são alvo de atenção e preocupação apenas quando já estão «à nossa porta». E, consequentemente, adoptamos medidas de última linha de actuação, quais «bombeiros a combater» a falta de água, em tudo semelhante ao que se passa nos incêndios. Ou seja, ao invés de apostar em eficientes mecanismos de prevenção, cingimo-nos ao «combate», com recurso a grandes aparatos logísticos, terrestres e aéreos, com imensos custos financeiros em toda a linha de operação. A aposta na construção de grandes barragens, como a da tão falada Foupana, lembra em tudo este cenário tão familiar que ano após ano assistimos no combate aos incêndios. A correcta gestão e utilização da Água no Algarve deve apostar, antes de mais, na 144


prevenção e poupança. Na minimização e no controle de perdas. Na reutilização e na optimização. Na adaptação. Sim, muito importante: na adaptação. As nossas práticas, sejam elas agrícolas, paisagísticas, turísticas ou outras, deverão adaptar-se à nossa realidade territorial e climática, actual e futura. E não o contrário. Por fim, algo tão fundamental e necessário: planeamento. Até onde podemos instalar campos agrícolas em regime intensivo? Ou campos de golfe? Ou instalar novos resorts com milhares de camas? Ou permitir a dispersão de construção um pouco por todo o lado?

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Lembra-se do que aconteceu em 2017 na cidade de Viseu? 84 camiões a transportar diariamente água para a barragem do Fragilde, para abastecer a cidade? Esperemos que este cenário não aconteça no Algarve, ainda que já se verifique em pequenas povoações do concelho de Castro Marim. Poderia este ser o tal o «Ponto de Chernobyl»? Não saberemos! Mas sinceramente, esperemos não vir a saber! . Fontes: https://www.bbc.com/portuguese/geral -48477868 https://rr.sapo.pt/2017/12/06/pais/secaem-viseu-como-uma-cidade-enfrenta-afalta-de-agua/especial/100056/

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OPINIÃO - Reflexões, opiniões e demais sensações Do tamanho do nosso umbigo Júlio Ferreira (Inconformado encartado) o aceitar este convite que muito me honra, dei por mim a pensar o que escrever? O dilema era escolher o tema, porque assuntos não faltam! Sejam eles bons (mais difíceis de encontrar) ou maus.

será desculpa? Lá porque o nosso país vive agarrado a um passado glorioso, (continua) sem ter esperança no futuro, não quer dizer que tenha de fazer o mesmo. A alma lusa poderá ser responsável pelo negativismo coletivo, mas não pode servir de desculpa para que veja sempre tudo pelo lado escuro da vida. O que vale é que esta nação tem as costas largas...

Porque a vida tem sempre dois lados. Por vezes até parece que estamos partidos pelo meio, separados. Um escuro e um claro, um bom e um mau, um passado e um futuro, um lado como tem de ser e outro como imaginamos que é. Faz lembrar fita-cola dupla face. É como se uma face colasse a nós para sempre e com a outra vamos agarrando aquilo que nos aparece ou parece que nos apetece. Um pouco confusos?

Não lhes estou a dizer que devemos ser inconscientes, sem preocupações e deveres, e viver com os dois pés à beira do abismo, alegremente a assobiar a última música do Diogo Piçarra. Nem oito nem oitenta. Há um meio-termo para tudo. Vamos pensar positivo. Vamos adotar uma atitude ativa e lutadora perante acontecimentos mais desagradáveis, e isso será meio caminho andado para a sua resolução. Aprimoremos essa nossa capacidade de fazer, de construir, de preservar, onde não basta a sabedoria, também é necessário que cada um convoque e mantenha o máximo que puder da sua força para resistir ao embate e, sobretudo, para persistir no que tiver de fazer para ultrapassar o mau momento. Força de discernimento para distinguir entre o que nos é essencial - e preserválo - e o que, apesar de confortável, nos é afinal meramente acessório. É assim indispensável preservar e apreciar toda a

Mas é assim, sem tirar nem pôr! Então, se ambos os lados da vida, o positivo e o negativo, pertencem-nos, porque raio teimamos em fazer prevalecer o nosso lado negativo em detrimento daquele que nos faz andar de bem com o mundo? Viver num pais em que a música nacional é o fado (um choradinho de desgraças), a puxar a lágrima ao canto do olho, não é um bom princípio. Mas ALGARVE INFORMATIVO #232

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somos, tudo o que temos, tudo é muito frágil. Demais… Por isso, adotei há uns anos um truque que nunca falha.

beleza que conseguirmos encontrar, em cada momento, em cada tarefa, em cada riso de criança, em cada gesto, em cada coisa. Vivemos com demasiada pressa, numa vida que pede mais atenção, mais cuidado com os detalhes, maior noção de que cada momento bom é um tesouro e que é preciso tentar estar à altura dessa bênção. Porque tudo o que 147

Experimentem em ligar a televisão por volta das 20h e aguardem pacientemente sentados no sofá. Vejam os noticiários dos três canais, com o comando na mão, alternem entre eles à procura de notícias dramáticas. Os mais recentes desenvolvimentos sobre a possível 3.ª Guerra Mundial, os casos de negligencia médica, as vítimas de violência doméstica, os incêndios, despedimentos coletivos, ataques bombistas, famílias inteiras dizimadas por rebeldes, crianças violadas nos princípios mais básicos e muitas abandonadas à nascença, doenças incuráveis, tudo isto e muito mais entra por nossa casa dentro porque estão na ordem do dia. Depois olhem para o vosso umbigo. Vão perceber em breves segundos, que os nossos problemas são do tamanho... do nosso umbigo . ALGARVE INFORMATIVO #232


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MÚSICA JA REGRESSA EM MARÇO E CRESCE PARA LAGOA E SÃO BRÁS DE ALPORTEL Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina Direção Regional do Algarve do Instituto Português do Desporto e Juventude promove, em colaboração com as Autarquias de Faro, Lagoa e S. Brás de Alportel, a ETIC_Algarve, a FNAC Portugal, a Associação Académica da Universidade do Algarve e a Rua FM, a segunda edição do MÚSICA JA - Concurso de Música Moderna IPDJ Algarve – 2020, ALGARVE INFORMATIVO #232

cuja produção volta a estar a cargo da Mentecapta-Produções Áudio de Francisco Aragão e Miguel Santos O concurso assume-se como um meio de excelência para os algarvios até aos 30 anos de idade darem largas à sua imaginação e criatividade e resulta do recente proliferar de inúmeros projetos musicais de grande qualidade e talento aos quais importa dar oportunidade de subir ao palco com as mesmas condições que os artistas consagrados. 150


As inscrições para o MÚSICA JA abriram no dia 10 de janeiro e prolongam-se até 3 março e dos candidatos serão selecionados pela Mentecapta-Produções Áudio os oito projetos que irão atuar em duas eliminatórias, a realizar nos dias 21 de março, em S. Brás de Alportel, e 28 de março, em Lagoa, respetivamente. Quanto à grande final, terá lugar, como no ano passado, na sede do IPDJ, em Faro, no dia 4 de abril. E os prémios são, de facto, aliciantes, com os vencedores a integrarem o cartaz de alguns dos principais eventos musicais da região, casos da FATACIL de Lagoa, da Semana Académica da Universidade do Algarve e da Feira da Serra em S. Brás de Alportel, a atuarem numa loja FNAC, a gravarem um EP em formato digital e um videoclipe, a serem incluídos na programação diária da Rua FM e a receberem um cheque/formação na ETIC_Algarve. O MÚSICA JA é, por isso, uma deliciosa «sopa de pedra» para a qual cada um dos 151

parceiros dá o seu contributo e a ideia começou a ser «cozinhada» nas mentes de Francisco Aragão, Miguel Santos e Filipe Cabeçadas, os três músicos farenses que compõem a banda do famoso Diogo Piçarra e que deram os seus primeiros passos precisamente no antigo Instituto Português da Juventude de Faro, no saudoso concurso Maio Jovem. A ideia foi partilhada com o atual Diretor Regional de Faro do IPDJ, Custódio Moreno, que, com o dinamismo e paixão que todos lhe reconhecem, num instante colocou as engrenagens em movimento e assim nasceu um concurso que possui todas as condições para ter uma longa e frutífera existência. “É preciso dar

palco aos jovens, criar momentos em que eles se possam afirmar e proporcionar as condições para que concretizem os seus sonhos. A nossa perspetiva é tratar o melhor possível aqueles que têm ALGARVE INFORMATIVO #232


ideias próprias e que querem apresentar material que nunca foi editado ou lançado em disco. E a edição passada foi a confirmação da qualidade musical que existe no Algarve”, disse Custódio Moreno na conferência de imprensa de apresentação do concurso. A confirmar também a pertinência do concurso está a sua expansão, em 2020, para os concelhos de Lagoa e São Brás de ALGARVE INFORMATIVO #232

Alportel, dois parceiros que facilmente aderiram ao projeto do MÚSICA JA, garante o Diretor Regional do Algarve do IPDJ. “As coisas são mais fáceis

quando todos têm o mesmo objetivo. Todas as sextas-feiras temos aqui projetos de jovens, desde a música, dança, teatro e cinema às exposições plásticas e apresentações de livros e, na galeria, por exemplo, já estamos a programar 2021. No Algarve 152


oportunidades para eles se mostrarem. E isto não é uma coisa do IPDJ em que os outros parceiros vão a reboque, é um projeto conjunto, de todos”, salientou. Um desses parceiros é a Câmara Municipal de Lagoa, que se juntou ao MÚSICA JA de 2019 numa fase já avançada do concurso, mas que agora está envolvida desde o momento zero,

“porque acreditamos que a cultura, a educação, a juventude, a cidadania, a igualdade de género, são motores para o desenvolvimento da nossa comunidade e sociedade, com o objetivo de todos os dias a tornar cada vez melhor”, justificou a Vereadora da Cultura Ana Martins, acrescentando que “o serviço

público também passa por concretizar os sonhos das pessoas, neste caso dos jovens”.

existem imensos jovens a criar e com elevada qualidade”, enfatizou Custódio Moreno. “Este é um evento de afirmação dos jovens e o mais importante nem sequer é quem ganha o concurso. No MÚSICA JA têm a possibilidade de conviver uns com os outros e depois de tocar em grandes eventos da região e todos sabemos que, infelizmente, não existem no Algarve muitas 153

Nesse sentido, Lagoa vai acolher, no dia 28 de março, a segunda eliminatória do MÚSICA JA de 2020, num local que ainda está dependente das condições climatéricas da altura. “Temos um

conjunto de espaços com um património cultural muito rico e vasto e que gostaríamos de dar a conhecer aos jovens. Mas, seja qual for o local escolhido, de certeza que todos os participantes e o público se vão sentir em casa”, assegurou Ana Martins, lembrando que uma das ALGARVE INFORMATIVO #232


bandas da final irá tocar na FATACIL, por onde passam cerca de 20 mil pessoas todos os dias. “É um palco que poderá

trazer, no futuro, outras oportunidades para o projeto que ali se apresentar. Estamos bastante desejosos de ver o fruto deste trabalho e seremos sempre um parceiro ativo e com muita vontade de trabalhar em projetos desta natureza”, finalizou a autarca. Uma das novidades da segunda edição do MÚSICA JA é a sua passagem por São Brás de Alportel, concelho que há vários anos tem uma relação estreita com o IPDJ. Assim, a primeira eliminatória do concurso acontecerá, a 21 de março, previsivelmente no salão de festas da Santa Casa da Misericórdia. “Gostamos

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muito de valorizar o talento dos nossos jovens, seja em que área for, até na forma como lidam com os obstáculos com que se deparam na vida. Por isso, será com bastante gosto que levaremos uma das bandas à Feira da Serra, aliás, já é nossa prática levar jovens a esse palco”, declarou Marlene Guerreiro, Vereadora da Câmara Municipal de São Brás de Alportel, deixando ainda no ar a possibilidade dos finalistas do MÚSICA JA integrarem outros eventos promovidos por esta autarquia da Serra do Caldeirão. “O palco pode ser

uma terapia e promover uma mudança na vida das pessoas, portanto, estamos aqui para ajudar em iniciativas como estas,

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que nos dão alento e motivação para continuar a acreditar num mundo melhor”, reforçou a autarca são-brasense. Em nome da Mentecapta Produções Áudio falou Francisco Aragão, para quem o MÚSICA JA serve, essencialmente, para valorizar os projetos musicais algarvios.

“Fizemos parte do Maio Jovem, no final dos anos 90 do século passado, e pensámos em revitalizar um concurso que, acima de tudo, era um palco para darmos a conhecer o nosso trabalho. Infelizmente, noutros pontos do país valorizam-se muito mais os projetos locais e queremos mostrar que existe imensa qualidade musical no Algarve”, explicou o músico e produtor, um desafio que foi prontamente abraçado por Custódio Moreno. “Hoje, 155

qualquer pessoa consegue ir a um estúdio gravar uma demo e divulgá-la na internet, mas este concurso proporciona oportunidades fantásticas. Todos os concertos que fazem parte dos prémios do MÚSICA JA são pagos, os músicos não vão lá só para aparecer, e é para nós, na Mentecapta, uma surpresa ver o leque de eventos em que eles podem participar”, confessou Francisco Aragão. “Gravam um EP na Mentecapta, um videoclip na ETIC_Algarve, sobem aos principais palcos da região, ou seja, ficam com todas as ferramentas para se lançarem. Eu gostava de ter menos de 30 anos para poder inscrever-me”, admitiu, sem esconder o orgulho neste concurso . ALGARVE INFORMATIVO #232


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Paulo Águas, Vítor Aleixo e Renata Castanheiro Afonso

“ALGARVIOS DEVEM SENTIR UM IMENSO ORGULHO PELA SUA UNIVERSIDADE”, ENTENDE VÍTOR ALEIXO Texto: Daniel Pina| Fotografia: Daniel Pina o âmbito das comemorações do 40.º aniversário da Universidade do Algarve está patente ao público, até 7 de fevereiro, na Escola Secundária de Loulé, a exposição «Universidade do Algarve – 40 anos a criar futuro». A mostra foi inaugurada, a 9 de maio do ano transato, na Assembleia da República, por ter sido a única ALGARVE INFORMATIVO #232

universidade portuguesa nascida por Lei da Assembleia da República. O Projeto de Lei deu entrada em 19 de abril de 1977 e mereceu aprovação unânime do Parlamento a 16 de janeiro de 1979, permitindo que, em 28 de março, fosse publicada a Lei n.º 11/79, que criou a Universidade do Algarve. Essa unanimidade assinalou de forma inédita a criação da Instituição, que surgiu, assim, da «vontade dos 158


algarvios». Esta exposição itinerante e interativa pretende mostrar e explicar o que aconteceu ao longo destes 40 anos e, como a história de qualquer instituição é feita por pessoas e factos, são nela retratados momentos importantes, desde a sua génese até à atualidade, dando a conhecer ainda as linhas de investigação da UAlg. Atenta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que definem as prioridades e aspirações globais para a Agenda 2030 e requerem uma ação à escala mundial, dentro dos limites do planeta, o visitante ficará a conhecer as inúmeras linhas de investigação da Universidade do Algarve e o seu compromisso com os 17 Objetivos definidos no contexto da Organização das Nações Unidas (ONU). Estabelecendo um plano de ação assente no ambiente, no combate às alterações climáticas, nas pessoas e no

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planeta, esta exposição mostra de que forma a UAlg pretende ser um contributo local para o desenvolvimento global. E, ao longo dos anos, o Município de Loulé tem sido um importante parceiro da Universidade do Algarve, através de diversas ações e projetos que visam incrementar a competitividade da região no contexto nacional e internacional, conforme recordou, durante a inauguração da exposição, Vítor Aleixo. “Espero que esta

exposição possa servir de «detonador» na consciência daqueles que a visitem do orgulho que os algarvios devem sentir por este estabelecimento de ensino superior que se tem vindo a afirmar ao longo dos anos e a ganhar notoriedade nacional e internacional. As universidades,

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como centros de produção de conhecimento e de irradiação de cultura, precisam da sedimentação e experiência que só o tempo traz, mas, apesar de ainda só ter 40 anos, já todos sentimos a importância da Universidade do Algarve na nossa região e nas nossas vidas”, salientou o presidente da Câmara Municipal de Loulé. ALGARVE INFORMATIVO #232

O edil declarou que, nos tempos que correm, os atores públicos e privados sentem uma necessidade crescente de se articularem com a universidade para melhor prestarem o seu serviço à comunidade. “Para mim é

impensável, como autarca, perspetivar o trabalho que temos pela frente, e que é cada vez mais complexo e sistémico, sem interagirmos com a UAlg de uma 160


Loulé tem ganho com isso. Por outro lado, a nossa ligação à Escola Secundária de Loulé também é cada vez mais profunda, porque entramos numa era em que todos precisamos de todos”, frisou Vítor Aleixo. “O meu entusiasmo com os projetos ambiciosos que temos agendados para o futuro é cada vez maior porque me sinto bem acompanhado pelas escolas do concelho e pela Universidade do Algarve. Uma comunidade instruída e educada é fundamental num mundo competitivo em que o conhecimento anda à frente de tudo”, concluiu o autarca. Orgulhosa por acolher esta exposição mostrou-se igualmente Renata Castanheira Afonso, diretora da Escola Secundária de Loulé, que foi, precisamente, a primeira escola do país a receber a mostra que recorda os 40 anos de existência da Universidade do Algarve. “Hoje temos que viver em

forma regular, profunda e alargada”, afirmou, confessando que, na sua primeira passagem pela presidência da Câmara Municipal de Loulé, não existia essa articulação tão vincada com o ensino superior. “Desde

2013 que me habituei a ir frequentemente à Universidade do Algarve, a participar nas suas iniciativas, a ter uma relação mais próxima com os professores, e 161

estreita articulação com as instituições que nos rodeiam e é isso que fazemos com muito gosto com a Universidade do Algarve. Ainda este ano tivemos três alunas que receberam bolsas de mérito por ingressarem com a nota mais elevada na UAlg nos respetivos cursos e como primeira escolha”, destacou, acrescentando que o desenvolvimento ALGARVE INFORMATIVO #232


que a Academia trouxe à região é indiscutível. “O Algarve não seria o

mesmo sem esta universidade, na medida em que o conhecimento atrai sempre riqueza para as regiões em que é criado e partilhado. Vamos tentar que esta exposição seja visitada pelo maior número de pessoas, divulgando-a junto da Associação de Pais e da comunidade local”. A finalizar o momento inaugural interveio Paulo Águas, Reitor da Universidade do Algarve, que mais uma vez veio munido de números importantes para suportar as suas palavras. “Não

haverá memória de sociedades que tenham definhado por terem conhecimento a mais. Já o contrário tem grandes implicações em termos de participação cívica das pessoas e do desenvolvimento económico e social das regiões”, garantiu, enfatizando a importância dos jovens prosseguirem os seus estudos no ensino superior. “Através do Concurso

Nacional de Acesso ao Ensino Superior, a Escola Secundária de Loulé representa aproximadamente seis por cento dos alunos que chegam à Universidade do Algarve, um número bastante significativo. Na última década foi a terceira escola secundária do país que mais alunos teve a ingressarem na UAlg, o que para nós é uma honra, mas também uma responsabilidade. Este ALGARVE INFORMATIVO #232

ano, nas três fases do Concurso Nacional de Acesso, 96 jovens que concluíram a sua formação secundária em Loulé foram colocados na UAlg”, revelou. Nascer no Algarve não deve ser, na opinião de Paulo Águas, um entrave ao acesso ao ensino superior, contudo, a região está abaixo da média nacional nesse indicador. De facto, 80 por cento dos jovens que terminaram o ensino 162


secundário em 2017/2018 em Portugal estavam inscritos numa instituição de ensino superior no ano letivo seguinte, em termos de cursos científicohumanísticos, valor que, no Distrito de Faro, foi de 75 por cento. “Temos a

segunda taxa mais baixa do país de prosseguimento de estudos e não podemos ficar conformados com isso. Esse valor, em Loulé, é de 76 por cento, estando São Brás de Alportel à frente deste indicador, no 163

Algarve, com 89 por cento”, evidenciou o Reitor. “Em 2018/19, 1.469 residentes no concelho de Loulé estavam inscritos no ensino superior, uns no Norte, outros no Centro, outros em Lisboa, mas 849 estão na Universidade do Algarve. E temos igualmente uma percentagem interessante de diplomados provenientes deste concelho”, finalizou Paulo Águas . ALGARVE INFORMATIVO #232


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DIRETOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina (danielpina@sapo.pt) CPJ 3924 Telefone: 919 266 930 EDITOR: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil SEDE DA REDAÇÃO: Rua Estrada de Faro, Vivenda Tomizé, N.º 12P, 8135-157 Almancil Email: algarveinformativo@sapo.pt Web: www.algarveinformativo.blogspot.pt PROPRIETÁRIO: Daniel Alexandre Tavares Curto dos Reis e Pina Contribuinte N.º 211192279 Registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social com o nº 126782 PERIODICIDADE: Semanal CONCEÇÃO GRÁFICA E PAGINAÇÃO: Daniel Pina FOTO DE CAPA: Daniel Pina A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista regional generalista, pluralista, independente e vocacionada para a divulgação das boas práticas e histórias positivas que têm lugar na região do Algarve. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista independente de quaisquer poderes políticos, económicos, sociais, religiosos ou culturais, defendendo esse espírito de independência também em relação aos seus próprios anunciantes e colaboradores. A ALGARVE INFORMATIVO promove o acesso livre dos seus leitores à informação e defende ativamente a liberdade de expressão. A ALGARVE INFORMATIVO defende igualmente as causas da cidadania, das liberdades fundamentais e da democracia, de um ambiente saudável e sustentável, da língua portuguesa, do incitamento à participação da sociedade civil na resolução dos problemas da comunidade, concedendo voz a todas as correntes, nunca perdendo nem renunciando à capacidade de crítica. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelos princípios da deontologia dos jornalistas e da ética profissional, pelo que afirma que quaisquer leis limitadoras da liberdade de expressão terão sempre a firme oposição desta revista e dos seus profissionais. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista feita por jornalistas profissionais e não um simples recetáculo de notas de imprensa e informações oficiais, optando preferencialmente por entrevistas e reportagens da sua própria responsabilidade, mesmo que, para tal, incorra em custos acrescidos de produção dos seus conteúdos. A ALGARVE INFORMATIVO rege-se pelo princípio da objetividade e da independência no que diz respeito aos seus conteúdos noticiosos em todos os suportes. As suas notícias narram, relacionam e analisam os factos, para cujo apuramento serão ouvidas as diversas partes envolvidas. A ALGARVE INFORMATIVO é uma revista tolerante e aberta a todas as opiniões, embora se reserve o direito de não publicar opiniões que considere ofensivas. A opinião publicada será sempre assinada por quem a produz, sejam jornalistas da Algarve Informativo ou colunistas externos. ALGARVE INFORMATIVO #232

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