Livro TCC 2016 DAU PUC RIO

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arquitetura

20 16

T

C C

urbanismo


2 | TCC 2016


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO PUC-RIO

TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

RIO DE JANEIRO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

2018

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 3


Organizadores Silvio Dias - Prof. DAU/PUC-Rio Maria Beatriz Saade - Aluna DAU/PUC-Rio Gabriela Freitas - Aluna DAD/PUC-Rio Beatriz Carneiro - Aluna DAU/PUC-Rio

Design Gráfico Silvio Dias - Prof. DAU/PUC-Rio Gabriela Freitas - Aluna DAD/PUC-Rio Beatriz Carneiro - Aluna DAU/PUC-Rio

Departamento de Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio Rua Marquês de São Vicente, 255 - Gávea, Rio de Janeiro, RJ Secretaria: Edifício Cardeal Leme, sala 327 Tel: (21) 3527-1828 Email: gradarq@puc-rio.br

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Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 5


Quem é o profissional? Nas grandes cidades, a demanda por profissionais capazes de melhorar o espaço urbano é nítida: gente demais, moradia de menos, transporte caótico, pouco verde, baixa qualidade de vida. Nesse cenário, o papel do arquiteto é cada vez mais importante. Mais do que qualquer outro profissional, é ele o principal responsável pelo bem-estar de todos que moram na cidade. Compreender e traduzir as necessidades de indivíduos e de comunidades, criando soluções viáveis e criativas para os problemas apresentados, é a função do arquiteto e urbanista, cujo campo de trabalho está em qualquer lugar ocupado pelo homem. No Brasil, o exercício profissional do arquiteto e urbanista é regulamentado desde 1933. A habilitação é única e a lei que rege a profissão atribui a ela o exercício de atividades referentes a edificações, conjuntos arquitetônicos, monumentos, arquitetura paisagística e de interiores, urbanismo, planejamento físico, urbano e regional. Nessas áreas, o arquiteto e urbanista pode exercer as atividades de elaboração, coordenação, supervisão, orientação técnica e especificação de projetos, planejamento e acompanhamento de obras, assessoria, consultoria, execução de perícias e de avaliações. Iluminação, comunicação visual e design também são campos de atuação do arquiteto. Não são raros, além disso, os arquitetos que atuam nas áreas de história e crítica da arquitetura, e das artes plásticas.

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O que é o Departamento? O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio tem como objetivo formar o aluno para trabalhar como profissional de projeto em arquitetura e urbanismo, em construção civil e em paisagismo. Também prepara o estudante para atuar na área da preservação do patrimônio artístico e cultural. Concebido de maneira a fornecer instrumentos projetuais e técnicos, assim como desenvolver o pensamento crítico necessário para a inserção do novo profissional no mercado de trabalho, o curso fundamenta-se em uma proposta de ensino integrado. Essa concepção se reflete na estrutura curricular, com grande destaque para as disciplinas de projeto de arquitetura. A participação de professores de diversas áreas, compartilhando conteúdos e desenvolvendo novas competências, busca a integração efetiva entre a teoria e a prática, a criatividade e o pensamento crítico. Já o programa de estágio possibilita ao aluno exercitar o dia a dia da profissão no Escritório Modelo, participando de projetos de cunho social ou trabalhando em escritórios de arquitetura e urbanismo. O currículo inclui, ainda, disciplinas eletivas livres, oferecidas no âmbito do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, e por outros departamentos da PUC-Rio. Outra marca da graduação em Arquitetura e Urbanismo são as chamadas atividades extracurriculares, com destaque para viagens nacionais e internacionais, organizadas por professores e alunos. Os convênios com universidades estrangeiras também oferecem aos estudantes a possibilidade de realizar viagens de intercâmbio internacional.

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Trabalhos selecionados Adara Loureiro Ana Bรกrbara Somaglino Andreia Costa Anna Cecilia Gobbi Felipe Donato Felipe Gonzalez Isabela de Carvalho Joana Garcia Juliana Ayako Karina Cymbal

Laura Aguileras Lucas Almeida de Araujo Luisa Ellery Maria Eduarda Guimarรฃes Mariana Monnerat Miguel Darcy Pamela Iavorka Renata Raposeiras Tainรก Flores Tatiana Galiano

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Sumário Manguinhos submerso

Adara Loureiro Orientadores: Duarte Vaz e Vinícius Mattos

14

Atravessamentos poéticos: um percurso pela Barra da Tijuca Ana Bárbara Pessoa Somaglino Orientador: Massau Kamitta | Co-orientador: Raul Smith

18

Imagem e luz na paisagem entrópica

Andreia Costa Orientador: Luciano Alvares | Co-orientador: Raul Smith

24

Limites transpassados | Apropriação Individual como Agente Coletivo Anna Cecilia Farias Gabbi Orientadora: Verônica Natividade

28

Ativação de uma Superfície em Potencial

Felipe Donato Orientadores: Leila Beatriz Silveira e Pierre-André Martin

32

Dispositivos Coletivos: instrumentos de convergência social

Felipe Gonzalez Orientador: Carlos Eduardo Spencer

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36


Complexo de convívio universitário Isabela de Carvalho Orientador: Fernando Espósito

40

Reestruturação de uma empresa: um laboratório de novas proposições

Joana Garcia Orientador: Celso Rayol

44

Reinvindicação da paisagem da Guanabara Juliana Ayako Orientador: Otávio Leonídio

50

Centro de cultura judaica Karina Cymbal Orientadora: Vera Hazan

54

Complexo Gastrnômico São Pedro

Laura Aguileras Orientador: Henrique Houayek | Co-orientador: Maíra Martins

56

Um Rio para todos: requalificação urbana com infraestrutura verde no Rio Comprido Lucas Almeida de Araujo Orientadores: Duarte Vaz e Cecília Herzog

60

Utopia e apropriação da paisagem: vazios urbanos na enseada de Botafogo Luisa Ellery Orientadores: Pierre-André Martin e Vinícius Mattos

64 Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 11


Parque com atividades terapêuticas Maria Eduarda Guimarães Orientador: Pierre-André Martin

68

Lagoa para todos

Mariana Monnerat Orientador: Rodrigo Rinaldi | Co-orientador: Elena Geppetti

70

Uma Nova Central de Abastecimento em São Paulo Miguel Darcy Orientaodr: Gabriela Duarte

72

Reestruturação do Mercado São José + Edifício anexo Pamela Iavorka Orientador: Henrique Houayek | Co-orientadora: Deline Solot

76

Da performance da cidade ao dinamismo do salão: cenários espaciais para a apropriação da dança a dois Renata Raposeiras Orientador: Raul Smith | Co-orientadora: Lígia Saramago

80

Intervenções em Vazios Urbanos: Usos mistos Tainá Flores Orientadores: Rodrigo Rinaldi e Raul Bueno

mob

84

Rio

Tatiana Galiano Orientador: Leonardo Lattavo

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Manguinhos submerso Adara Loureiro Orientadores: Duarte Vaz e Vinícius Mattos

O título deste trabalho vai além do significado

Para entender a situação hoje de Manguinhos

simples da palavra submerso, o fato de ser

é preciso entender o passado remoto e

inundado pelas águas é apenas uma das

relembrar o histórico de ações inconclusas, que

questões. O bairro carioca de Manguinhos

começaram na década de 20, com projetos de

vive de forma oculta, à margem da sociedade,

industrialização, saneamento e rodoviarismo.

transbordando problemas de natureza

O vácuo dessas ações inacabadas, somado a

estrutural, social e econômica. Conhecida

localização privilegiada, abriu espaço para a

como faixa de gaza, a região de Manguinhos

favelização.

já foi objeto de estudo, tendo sido classificada como inacabada dinâmica urbana na dissertação do arquiteto Alexandre Pessoa e como broken city por Jorge Mario Jauregui.

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Trata-se de um tecido urbano caótico, dominado por escalas antagônicas, compostas por indústrias que ainda sobrevivem na região e diversas comunidades, que exercem pressão sobre as áreas industriais. A área de trabalho em destaque corresponde a 1.300.000 m2, o equivalente a cerca de 25% de toda a região administrativa de Manguinhos. Este terreno é composto pela área da refinaria, que contribui desde 1954 para a degradação da área. Hoje,

Apropriação das estruturas industriais

1/4 deste solo é contaminado e por isso, 5% da população sofre contaminação por chumbo. A área também serve de suporte a zona portuária e é utilizada como depósito de containers que são descartados no local. O projeto apresenta a possibilidade de integração entre os terrenos da refinaria e de depósitos ao tecido urbano, trazendo melhorias socioeconômicas e culturais por meio de um conjunto de ações sustentáveis, que vão desde a recuperação das áreas de mangue, tratamento

Reuso do container

e reaproveitamento de água e implantação de moradias, apropriando-se das estruturas e instalações industriais.

Recuperação dos mangues e reutilização da água 16 | TCC 2016


Camanda água

Camada vegetação Masterplan da área de intervenção

Camada pisos

Contexto de Manguinhos

Camada estrutura

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Atravessamentos poéticos: um percurso pela Barra da Tijuca Ana Bárbara Pessoa Somaglino Orientador: Massau Kamitta | Co-orientador: Raul Smith Esse trabalho teve como primeira inquietação

cada dez dias e ações do tipo mapeamento,

exploraras diversas relações entre a arte,

registros escritos, croquis e modelos em 3d são

arquitetura e cidade esuas implicações na

elaborados. Desse modo, o TCC é mais sobre

paisagem urbana.

experiência metropolitana do que expectativa

A noção do campo ampliado a partir da

de construção. A errância é praticada não

leitura do célebre artigo de Rosalind Krauss

somente no sentindo de andar sem rumo, mas

foi um dos primeiros passos para perceber a

um convite à reflexão do espaço que nos cerca.

transdiciplinaridade como caráter da prática

Como a a vivência e a experiência urbana

(não só artística) contemporânea. Os limites

podem participar no processo de imaginação

entre as disciplinas se tornaram menos rígidos,

do espaço arquitetônico? Poderia ser um

o que acarretou em desdobramentos no modo

outro partido para intervir na cidade?

da atuação de cada campo. A partir dessa

Não mais tratada como “problema a ser

pesquisa inicial, foi definido o conceito que

resolvido”, mas como campo a ser desdobrado,

deu sequência ao trabalho: a idéia do caminhar

e re-experimentado. O objetivo não é

sendo o encontro das artes e uma possível

chegar a uma resposta, mas pelo contrário,

forma de intervenção na cidade.

aumentar as possibilidades e instigar novos

A ideia do caminhar encontrou apoio no

questionamentos.

conceito situacionista de deriva, como forma

“Porém, se a experiência da cidade é ainda

de se apropriar da cidade e expandir as

fundamento da arquitetura, é preciso com

possibilidades da experiência urbana.

igual intransigência e radicalidade colocar em

O resultado foi uma “deriva programada” na

xeque o princípio que definiu o seu modo de

área da Ponte Lúcio Costa na Barra da Tijuca, em um recorte Praia- Lagoa. A evidência de um processo é um elemento forte no trabalho, no momento em que o percurso acontece a 18 | TCC 2016

ser desde a época da Renascença aos nossos dias: o conceito de projeto. É o projeto que precisa ser redefinido, reelaborado, mas fazer isso implica desconfiar, de saída, do


autor do projeto. (...) Entender, participar,

A ordem da sequência desse caderno, portanto,

transitar por essa nova continuidade talvez

não responde a ordem causal, mas surge

seja o primeiro e fundamental passo nessa

como forma de organizar os pensamentos e os

inédita entidade metropolitana. Derivas

questionamentos que aparecem ao longo da

programadas, desprogramadas, aleatórias;

investigação. Convido a começar através de

lógicas atemorizantes, tediosas, agonizantes,

uma outra linguagem que se desdobrou de tal

surpreendentes são modalidades necessárias

ensaio poético:

para desarmar o espírito e experimentar o

https://vimeo.com/173616666

urbano como se fosse pela primeira vez.” (KAMITA, 2014)

Jetty, Robert Smithson Arquitetura eSpiral Urbanismo PUC-Rio | 19


O recorte escolhido para estudo desse ensaio é transversal ao eixo principal de circulação da Barra da Tijuca. O percurso acontece através de um dos marcos do bairro, a Ponte Lúcio Costa, que conecta a avenida de mesmo nome com a Av. das Américas em um eixo marcante Praia-Lagoa. De certa forma pouco adensada e não ortogonal, a malha da Barra é bem permeável se comparada a das outras regiões da cidade. Porém, na escala do pedestre, é caracterizada por limitadores do livre trânsito e da apropriação, como os condomínios fechados e edifícios privados. A Ponte Lúcio Costa traz consigo uma condição de sobra: um recorte que ao atravessar a lateral dos edifícios, deixa como rastro um espaço paralelo à margem da setorização do restante do bairro. O trajeto, sem particularidades, se insere na lógica modernista da Barra: Passagem é a palavra síntese de um rasgo de quase 2km de extensão em homenagem à memória do arquiteto Lúcio Costa. “Como pode atuar a arquitetura no terrain vague para não se converter num agressivo instrumento dos poderes e das razões abstratas? Sem dúvidas, através da atenção à continuidade. Mas não da continuidade da cidade planejada, eficaz e legitimada, mas, todo o contrário, através da escuta atenta dos fluxos, das energias, dos ritmos que o passar do tempo e a perda dos limites têm estabelecido.” (SOLA-MORALES, 1995)

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No ensaio Terrain Vague de Solà Morales, o arquiteto debate sobre os espaços, não somente livres, mas que de algum modo não correspondam a lógica da cidade contemporânea. A partir da expressão terrain vague, o autor associa a idéia de vago com liberdade e percebe nesses espaços, plenas possibilidades de interpretação. Assim, a arquitetura é questionada como intervenção que busca reinserir essas situações à lógica produtivista que rege a metrópole: ordenando tais espaços através da setorização e funções pré-estabelecidas, não permitindo uma reflexão sobre outros modos de se apropriar destes. O conceito de deriva, como já mencionado, afirma um deslocamento não somente físico, mas de sentidos. Os indivíduos ao longo da errância procuram desfazer-se de lógicas e nomenclaturas pré-estabelecidas, afim de criar novas situações, novos modos de comportamentos e novas experiências urbanas, tendo como ponto de partida, a própria cidade existente. É uma crítica à concepção de projeto e a idéia de construções rígidas e fixas na arquitetura. O gancho com a cidade desse ensaio acontece portanto, a partir de práticas erráticas a cada 10 dias ao longo do recorte indicado. “Como a vivência da cidade participa no processo de imaginação do espaço arquitetônico?” (BUCCI, 2005) Quais reações a experiência do percurso me remete?


A experiência me remete a reações instantâneas, imaginárias, sem nenhuma programação préestabelecida. São proposições traduzidas em croquis, escritos, modelos 3d, as quais não tem o objetivo de se desdobrarem em projetos , mas de tornar visível outro modo intervir no espaço que nos cerca. Levando em consideração a pesquisa elaborada e as críticas situacionistas ao funcionalismo, as imagens que surgem, sugerem outras formas de atravessar a cidade. “A hipótese que apresento é de que as imagens poéticas são capazes de sustentar certas travessias.” (BUCCI, 2015)

Acreditava em infinitas séries de tempos numa rede crescente vertiginosa de tempos divergentes, convergentes e paralelos. Essa trama de tempos que se aproximam se bifurcam se cortam, ou que secularmente se ignoram, abrange todas as possibilidades. Jorge Luís Borges Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 21


Em meio ao trânsito intenso da Av. das Américas, uma estrutura que auxiliasse o pedestre nesse cruzamento é algo que surge logo em uma primeira instância. A travessia das Américas não acontece de forma calculada no intervalo dos sinais, e demanda uma atenção maior por parte dos pedestres, que tendem a correr ou esperar no meio fio. Da Praça Pimentinha, até os centros comerciais, a passarela teria uma outra saída extremamente útil no futuro ponto do BRT que está sendo instalado no local. A passarela ultrapassa no mesmo eixo sua utilidade imediata, e atravessa os centros comerciais adjacentes. Não mais passagem de um ponto ao outro, ela se desdobra em um caminho além. A Lagoa toma consciência e a vista é desimpedida para a Pedra da Gávea. Sem um objetivo, é um caminho que se desdobrará na imaginação de cada um. Descobre-se a paisagem.

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“E, então, se ao longo daquele mesmo trajeto, com aquela mesmíssima geografia, exatamente as mesmas edificações, se durante esse nosso segundo percurso por aquele mesmo lugar imaginarmos configurações que não fizemos na primeira vez, então, eu digo convictamente: Nós as atravessamos.” (BUCCI, 2005)

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 23


Imagem e luz na paisagem entrópica Andreia Costa Orientador: Luciano Alvares | Co-orientador: Raul Smith

A palavra Atafona significa moinho. Localizada

Como pensar o tempo e a arquitetura se o

numa área bastante interessante no ponto de

presente é uma linha tão tênue nesse lugar em

vista geológico, na foz do grande Rio Paraíba

que o processo natural é irreversível e pouco

do Sul, esta praia era originalmente uma vila

a pouco adentra a área do continente? Como

de pescadores do município de São João da

pensar a expressão humana no espaço que se

Barra, que ao longo do tempo veio sofrendo um

afunda e promove mudanças ao redor?

processo de urbanização, em sua maior parte

A percepção dessa mistura caótica com grande

por casas de veraneio de moradores de Campos dos Goytacazes, Minas Gerais e Espírito Santo.

potencial poético e a cidade que permanece em uma espécie de vida paralela, pacata e

Até a década de 50 era um lugar dito de “elite”

continuamente reconstruindo sua ordem

desses veranistas e, assim, sua economia

possível, me moveu a ponto de criar um

começou a crescer através do turismo. Desde

trabalho sobre este tema.

a década de 60/70 Atafona vem sofrendo

O conflito de se manter a expressão humana no

com um processo de desfalecimento de seu território, causado por fatores geológicos e, principalmente, humanos.

espaço precisa ser abraçado e compreendido como instrumento da identidade local. Não se trata da lógica das grandes ruínas que

As ondas do mar invadindo pisos e subindo

precisam ser mantidas para enaltecer as antigas

escadarias do que pode ter sido uma varanda,

civilizações, nem da ideia do museu e da

montes de areia que se juntam sob inúmeras

preservação do objeto para repensar o passado.

possibilidades, o constante e intenso vento me

Atafona enquanto construção humana também

despertaram fascínio e a angústia sobre o futuro

perece – este fato, é o que guia os passos

ameaçado e o passado por vezes soterrado, por

para um projeto que aceita a morte, não se

vezes naufragado. A constante transformação

esquecendo do tempo em vida. Um projeto que

da paisagem deixa vestígios que configuram um

aceita a condição entrópica do mundo em que

cenário pós apocalíptico.

vivemos.

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Conceitos bases se fazem presentes para a

pondo à prova a ideia de progresso e, no limite,

estruturação teórico-projetual, como a noção

a própria ideia de arquitetura.

de paisagem, a ruína, a ideia de duração

Como Walter Benjamin cita em seu livro

presentes na arquitetura, os princípios do “Campo Ampliado” da teórica Rosalind Krauss e principalmente da entropia da paisagem de Robert Smithson. Além disso, a mutação da vida do objeto arquitetônico parece colocar em jogo também a ideia de futuro, que se ressignifica

a Origem do Drama Barroco Alemão, o conceito de “afinidade eletiva” resulta numa nova percepção da temporalidade histórica, rejeitando o tempo homogêneo e vazio e afirmando um tempo saturado de “agoras”. Fotomontagem ilustrativa do projeto

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Colocando a memória/imagem como a base do

Julgando as interações entre todas as escalas

meu campo de trabalho e tentando resgatá-la

presentes no local, tanto fisicamente quanto

e demonstrá-la através dos próprios “vazios”

em sua história, é um passo muito importante

deixados como marcas da erosão, minha futura

para a definição de um dispositivo conseguir

intervenção tem como objetivo o resgate e a

conciliar todas as suas particularidades.

ancoragem dessa história através da arquitetura

Ainda que com distintas relações a respeito do

e dos elementos presentes no próprio local.

devir de Atafona, o encerramento do espaço é

Construo um dispositivo integrado e simbiótico

um consenso no sentido de que depois da água,

ao meio que o envolve respeitando as diferentes

nada será. O projeto abraça essa perspectiva

escalas impostas e percebidas no ambiente

com um novo olhar, não de perda, mas de

junto as diferentes ferramentas que implicam

ganho e transformação.

em séries fotográficas, depoimentos, diagramas,

A função do novo espaço projetado é de

textos e vídeo, com o objetivo de registrar o processo da memória da praia em um futuro projeto sobre a transformação do lugar.

permitir o trânsito entre essas complexidades e tensões, que possibilita o deslocamento sensorial e afetivo pelo tempo e por aqueles

Considerando a escala dos três elementos

que o esculpiram. Meu objetivo é dialogar com

físicos que formam o lugar (rio, mar e cidade),

essas instâncias e pensar em Atafona após o

juntamente com as escalas de tempo (humano

período que temos acompanhado, pois a água e

e geológico) obtemos interseções cruciais para

a lembrança não esgotam a finalidade do espaço.

entender a dimensão e a própria escala do

Juntamente, busco na arte maneiras de criticar

projeto.

Suturas da paisagem 26 | TCC 2016

as definições tradicionais da arquitetura e


romper com o funcionalismo moderno. O

“Campo Ampliado” - as

conceito artístico de site-specific, conduz a

fronteiras entre escultura,

arquitetura à ressignificação do território através

arquitetura e paisagem se

da experimentação. A principal ideia é de permanência e

tornam flexíveis e a arte começa a se inserir no espaço

transformação. A verticalidade foi pensada

real, criando uma outra

como elemento de resistência

abordagem de ocupação urbana que leva a reflexão da própria arquitetura. Rosalind Krauss

Antes e depois de Atafona

Espectros da paisagem

Croquis de processo dos dispositivos Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 27


Limites transpassados | Apropriação Individual como Agente Coletivo Anna Cecilia Farias Gabbi Orientadora: Verônica Natividade Considerando como principal crítica

crescimento populacional em Jacarepaguá que

ao Programa Minha Casa Minha Vida

já se configura há duas décadas.

(PMCMV) a predominância da tipologia

A metodologia adotada consiste na definição

condominial para a população de baixa renda, a intervenção proposta pretende minimizar impactos negativos causados pelo uso monofuncional, padronização excessiva, e dispendiosa manutenção para a faixa um no empreendimento escolhido para estudo, que está localizado no setor dois da Colônia Juliano Moreira (CJM). Além disso, intenciona antecipar uma provável pós-ocupação nas chamadas “áreas livres” do condomínio, admitindo um processo histórico de adensamento desordenado que se repete em diversos projetos brasileiros voltados para habitação social, - como Gleba H em Heliópolis, SP; Cidade de Deus em Jacarepaguá, RJ, IAP’S em Realengo, RJ, etc. - prejudicando os espaços públicos e o conforto ambiental das unidades habitacionais originais. O conjunto de condomínios da CJM foi escolhido por estar em uma região de fácil acesso, próxima a uma centralidade (Largo da Taquara), e em uma área alvo de investimentos do setor público nos últimos anos, acelerando uma tendência de 28 | TCC 2016

do perfil familiar dos moradores do condomínio em conjunto com o Mapa de Hierarquia de Valor (MHV), desenvolvido por Laura Marques (2015), e tem como objetivo prever o programa de necessidades, que provavelmente irá direcionar a pósocupação. O MHV expressa de forma resumida o “raciocínio” dos indivíduos ao associar constructos – percepção ou pensamento – entre si, evidenciando valores (parâmetros) que guiam os processos de percepção e escolha, influenciando as tomadas de decisões futuras dos moradores. A metodologia refutou opiniões pré-concebidas como, por exemplo, a de que os espaços públicos teriam menos importância que os privados. Dessa forma, o programa de necessidades atende a demandas especificadas pelos próprios moradores, tanto no que diz respeito a espaços públicos quanto privados, considerando que ambos possuem uma relevância acentuada. Para atender ao programa de necessidades, intermediando a relação entre público


e privado, foram criados os espaços de

de transição são lugares onde o morador

transição – conceito de Hertzberger (1991)

pode criar demarcações privadas no âmbito

– e as diretrizes – operações genéricas que

público, expandindo sua esfera de influência

buscam direcionar a pós ocupação. Ambas

em direção à área pública e aprimorando

estratégias possibilitam a apropriação

consideravelmente a qualidade deste espaço.

do espaço público, que já vem sendo

Os elementos que conformam os espaços de

reivindicada pelos moradores, sem sacrificar

transição no térreo variam conforme a relação

as áreas comuns do condomínio e o conforto

entre os edifícios do local onde estão inseridos.

ambiental dos apartamentos. Os espaços

Vista do cruzamento entre a Rua das Araras Claras e a Rua Projetada 12

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 29


A relação entre os edifícios é definida pela

pois determinam as características materiais

influência que o espaço entre as edificações

e dimensionais mais adequadas para cada

receberá dos cômodos que o conforma. No

fachada, conforme sua orientação. Já as

condomínio estudado existem três tipos

diretrizes para as unidades habitacionais geram

de relações: a Relação 1 ocorre no espaço

variação nos apartamentos padronizados,

conformado entre duas fachadas transversais,

atendendo perfis familiares não contemplados

compostas por cozinha, quarto e banheiro,

e possibilitando a existência de atividades

que pode ser considerado uma extensão da

geradoras de renda. O estímulo ao comércio

área de serviços; a Relação 2 ocorre no espaço

dentro do condomínio proverá qualidade para

conformado entre duas fachadas longitudinais,

o espaço público, incentivando a sociabilidade,

compostas por quarto e sala, assumindo um

modificando o caráter atualmente

caráter social; e a Relação 3 ocorre no espaço

monofuncional do empreendimento e

conformado entre uma fachada transversal

contribuindo para a permanência da faixa

e outra longitudinal, assumindo um caráter

um no local. É importante ressaltar que os

lúdico, pois possui elementos modulares

edifícios do conjunto de condomínios possuem

baseados no projeto do arquiteto José Sobreira

estrutura portante com blocos de concreto,

para recreação infantil.

o que dificulta modificações posteriores, por

As diretrizes para a ampliação nas fachadas

isso os acréscimos de área nas fachadas e nas

dos edifícios criam espaços de transição e tornam a radiação solar menos prejudicial,

Condomínio eleito para estudo e Mapa Noli das suas “áreas livres”

30 | TCC 2016

unidades habitacionais são estruturalmente independentes do edifício. Além disso, a

Em azul, pós ocupação na Cidade de Deus, Jacarepaguá

Em azul, pós ocu


possibilidade de criar portas a partir do vão das janelas do projeto original contribui para a variação das unidades habitacionais. Setor 2

Com o objetivo de estipular possíveis cenários de ocupação, através de combinações entre as diretrizes, foram realizadas duas simulações: a primeira simula um cenário onde 100% das áreas disponíveis para acréscimo estão ocupadas, com o objetivo de analisar o

Localização e setorização da CJM

resultado final da aplicação das diretrizes em um caso de adensamento extremo; a segunda simula uma ocupação de 60% das áreas disponíveis para acréscimo, onde as diretrizes foram aplicadas com o objetivo de atender diferentes perfis familiares. As simulações validam a eficácia das diretrizes e exemplificam como diferentes combinações entre estas geram inúmeras possibilidades de layout, atendendo

Tra

ns

olí

mp

ica

diversos perfis familiares.

upação no IAPI, Realengo

Conjunto de condomínios e inserção na CJM

Em azul, pós ocupação na Gleba H, Heliópolis Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 31


Ativação de uma Superfície em Potencial Felipe Donato Orientadores: Leila Beatriz Silveira e Pierre-André Martin

A proposta deste TCC visa a ativação que

RUAS

potencializa o terreno da antiga fábrica

vias públicas

de tecidos SUDAMTEX em Teresópolis

vias SUDAMTEX

transformando-o em um grande parque para a EDIFÍCIOS

cidade, com um programa diversificado. C

Edifícios

A motivação do projeto surgiu a partir do

Edifícios SUDAMTEX

meu próprio convívio em Teresópolis e de

USOS

análises feitas, em que foi possível concluir

Residenciais C

Mistos

que a cidade hoje sofre com um grande déficit

Comerciais Especiais

de incentivos, tendo sua economia estagnada,

SUDAMTEX ÁREAS VERDES

Prefeitura à beira da falência, problemas graves de moradia e questões ambientais ignoradas.

Áreas Verdes

Existe, porém, um grande potencial resiliente na cidade, ancorada principalmente no turismo

Estudo das camadas

e na produção de hortigranjeiros sendo sua produção a maior do Estado do RJ.

Projeto edifícios 32 | TCC 2016


master plan N

E B F

E C

C F

A A

D

B

D

Master plan

0M

100M

200M

Projeto Praรงa

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 33


A proposta foi desenhar um projeto de

Por fim, a intenção principal é a integração

um parque, que tem como embasamento

desta grande área com a cidade, e mostrar para

a mesclagem de projetos de paisagismo,

os habitantes de Teresópolis como um espaço

urbanismo e arquitetura e que, ao se

urbano de qualidade pode ser transformador.

mesclarem, geram uma potencialização das ações e provocam um grande impacto positivo na região, considerando também a utilização de um grande terreno, (hoje, uma indústria

CORTE A

0M

50M

100M

abandonada e que já foi símbolo da maior produção econômica da cidade, um marco histórico esquecido). Importante mencionar o protagonismo do Rio Paquequer como a coluna vertebral destas ações projetuais, um

CORTE C

CORTE B

0M

50M

0M

100M

rio poluído, considerado morto, porém que se transforma e é apresentado como maior potencial do terreno, utilizando sistemas de alagados construídos (wetlands) para seu tratamento.

Projeto Tanque 34 | TCC 2016

CORTE D

0M

25M

50M

75M

CORTE E

0M

25M

50M

CORTE F

0M

Cortes

Projeto Túnel Ferr


25M

50M

Projeto Rio 25M

50M

“É o Paquequer : saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu leito vasto.” O Guarani - José de Alencar

roviário Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 35


Dispositivos Coletivos:

instrumentos de convergência social Felipe Gonzalez Orientador: Carlos Eduardo Spencer Este trabalho pretende dinamizar as relações entre territórios formais e informais através de equipamentos de interesse comum, estruturas públicas que sejam atrativas e estimulantes para diversas comunidades e públicos. A pesquisa e o projeto foram elaborados com base nas relações existentes entre o bairro Recreio dos Bandeirantes e a Favela Canal das Tachas (Terreirão).

Perspectiva Central do Terreirão

A primeira parte do projeto é relacionada à etapa do reconhecimento do local. Por meio de entrevistas, visitas à campo, diagnósitcos urbanos e pesquisas, foi possível construir um conteúdo fundamental para o entendimento das relações existentes no tecido urbano em estudo. A segunda etapa do trabalho, trata de propostas de intervenções no ambiente construído, através de um olhar atento à escala e à diversidade de situações. Através de diferentes campos de ação, o projeto pretende ampliar o espaço público coletivo e dinamizar o uso do mesmo, criando pequenas centralidades na escala do pedestre, multiplicadas ao longo da comunidade. 36 | TCC 2016

Proposta isométrica


IsomĂŠtrica proposta e existente

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 37


Núcleo de ensino

Centro comunitário

38 | TCC 2016


Horta coletiva

Via Peatonal

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 39


Complexo de convívio universitário Isabela de Carvalho Orientador: Fernando Espósito

No contexto do bairro da Gávea encontra-se um terreno de dez mil metros quadrados localizado a aproximadamente trezentos metros da PUC-Rio e que está sem uso há cerca de vinte anos. O projeto consiste na criação de um Campus de Integração para a faculdade, com a presença de infraestrutura para esportes, lazer e estudo. Tudo isso visando a integração entre todos os alunos com os moradores e frequentadores do bairro. O programa faz parte de uma residência universitária voltada a alunos intercambistas e oriundos de outras cidades do Brasil, promovendo um convívio e criando vínculos entre os moradores, os demais alunos e a instituição. Assim, gerando uma relação de pertencimento com o local e criando uma rotina na nova cidade, promovendo uma melhoria na qualidade de vida e dos estudos. Para que isso tudo seja possível, o projeto se baseia nos conceitos de transparência e permeabilidade, onde o comportamento das pessoas passa a ser influenciado pelo meio, com atrativos convidando-os a frequentar o espaço público, ligando os dormitórios com praças externas e internas a fim de promover o encontro. 40 | TCC 2016


Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 41


42 | TCC 2016


Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 43


Reestruturação de uma empresa:

um laboratório de novas proposições Joana Garcia Orientador: Celso Rayol A escolha do tema deve-se, primeiramente,

dois grupo foram analisados trabalhando em

a um interesse pessoal em arquitetura

diferentes salas cada. O grupo que trabalhou

coorporativa e a relação entre indivíduo e

em um ambiente amistoso, descontraído e sem

espaço ali gerada, além de uma inquietação

pressão, no qual conversa era permitido, teve

com a previsibilidade recorrente vista na

sua satisfação aumentada, pois os integrantes

construção do espaço de trabalho. A grande

fizeram amizade entre si e se tornaram uma

parte dos projetos de arquitetura corporativa

equipe. O grupo teve resultados positivos como

priorizam a decoração e não o espaço em

o aumento do ritmo de produção, embora fosse

si, resultando em modelos caducos e de má

solicitado a trabalhar normalmente.

qualidade. Podemos dizer que a arquitetura

Por isso, oferecer um espaço de trabalho

corporativa não acompanhou a evolução das relações humanos no ambiente de trabalho. Os espaços continuaram “engessados”, sem oferecer a flexibilidade necessária para o envolvimento do funcionário com o espaço.

agradável para o funcionário, pensando em questões como: boa circulação, iluminação natural, espaços de descompressão, assentos e mesas que estimulam a postura saudável do corpo, é fundamental para gerar motivação,

Na experiência de Hawthorne (CHIAVENATO,

bom humor, disposição, maior produtividade e

Idalberto, Introdução à Teoria Geral da

estimular a criatividade.

Analis

Administração) em 1927, realizada para estudar e analisar como questões do espaço de trabalho (ex: intensidade da iluminação) interferem na eficiência dos operários na produção, concluindo que, eles julgavam trabalhar mais quando a intensidade de iluminação aumentava, e o contrário, quando diminuía. Na segunda fase do experimento, 44 | TCC 2016

Princípios de ação

Princípios de ação


“Se os escritórios do passado refletiam o modo de produção das fábricas, com instalações cartesianas e ambientes rígidos, os novos ambientes de trabalho permitem múltiplas combinações - tudo cuidadosamente pensado para aumentar a identificação dos funcionários e turbinar a produtividade das empresas.” Programa de necessidade da empresa

(AYRES, Marcela, artigo revista exame)

Como integrar o indivíduo

sando os fluxos

Princípios de ação

Princípios de ação Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 45


Acesso primcipal da empresa

Praรงa interna 46 | TCC 2016

Refeitรณrio


Escritórios

Escritórios

Relação entre o parque e a edificação Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 47


Visão geral

Flexibilid

Estudo de implantação Estudo de implantação 48 | TCC 2016


Cortes

Acesso Washignton LuĂ­s

dade

Corte passarela

Passarela Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 49


Reinvindicação da paisagem da Guanabara Juliana Ayako Orientador: Otávio Leonídio

Na cidade do Rio de Janeiro a urbanização

infraestruturas são reforçados os antagonismos

representa um processo de amontoamento

que operam na mentalidade atual. A

e destruição. Este trabalho baseia-se em

infraestrutura e a cidade vivem em constante

uma releitura da sua zona litorânea e

relação paradoxal de interdependência,

complexificação das relações antagônicas -

subordinação, visibilidade e invisibilidade.

autêntico e artificial, passado e futuro, terra e

Os resíduos por sua vez, enquanto produto da

mar - que operam em tal contexto, propondo um espaço de latência entre estes conceitos.

atividade humana ou da própria natureza que impacta direta ou indiretamente a qualidade

A supervalorização da paisagem originária

de vida, são percebidos apenas por seus efeitos

não-autêntica - o bom - sobre a antrópica - o

devastadores pois prejudicam o ideal da

mau - conduz o planejamento urbano na

paisagem cristalizada, não sendo assumidos

cidade fazendo com que as questões estruturais

como parte constituinte da cidade. Neste

sejam diminuídas diante das ambientais,

constante reconstruir de símbolos - físicos

agravando as adversidades da urbanização

e imaginários - seria possível uma leitura

desordenada.

das margens da cidade do Rio de Janeiro

O princípio em vigência para a sustentabilidade

como “ruínas ao avesso”, ao se distanciarem

se traduz no tripé economia, meio ambiente e sociedade em harmonia. Porém atualmente percebe-se um meio ambiente - enquanto paisagem - super valorizado, uma economia voltada à expansão da cidade e uma sociedade enraizada em realidades pristinas, claramente

de uma situação autêntica. Muito pouco do presente atualmente na cidade do Rio de Janeiro corresponde ao local autêntico - mas o que seria a autenticidade? - e a nostalgia e sentimento de preservação de uma cidade irreal constituída no imaginário estabelece um vácuo

percebido ao analisar a demolição do

entre futuro e passado.

Elevado da Perimetral como premissa para a

Na tentativa de complexificar o processo

revitalização da zona portuária. Ao ocultar as

de intervenção na paisagem questiona-se o

50 | TCC 2016


antagonismo que rege os projetos urbanos no Rio de Janeiro e assim se trabalha em uma chave de desconstruir as oposições dualistas que simplificam a leitura da cidade: autêntico e artificial, balneável e poluído, passado e futuro, terra e mar. Estas apreensões apenas perpetuam o vício das arquiteturas enraizadas em ficções.

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 51


Mapa de baixa densidade

Mapa de média densidade

Gráfico de usos r

Mapa de alta densidade

Mapa de áreas aterradas

Mapa da área de importância ambiental

Mapa da área de ETEs

52 | TCC 2016


redondo

Infra-alagados

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 53


Gráfico de ocupação 54 | TCC 2016


Hip贸tese central

Hip贸tese central

Hip贸tese perimetral

Hip贸tese perimetral

Mapa explodido

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 55


Centro de cultura judaica Karina Cymbal Orientadora: Vera Hazan

Em meio a um cenário de preconceito, onde a

das barreiras existentes entre o judaísmo e a

intolerância está presente constantemente em

sociedade brasileira e promover a articulação

nosso dia a dia, o projeto, localizado em um

entre as duas culturas. Este recurso pode ser

terreno de esquina no bairro de Ipanema, busca

visualizado nos painéis de terracota, que fazem

ser um centro de referência da cultura judaica,

referência à cor do Muro das Lamentações, e

onde as pessoas, independentemente de sua

nos painéis de aço corten perfurado, os quais

opção religiosa, possam ter o conhecimento da

apresentam um desenho inspirado na trama

história, costumes e crenças do povo judeu.

das cadeiras de palinha e na estrela de David.

O que se propõe é um espaço aberto a todos

Como o propósito é a criação de um espaço

com o intuito de desmistificar a cultura

que atraia o mais variado público, e que

judaica, disseminar o judaísmo e integrar a

apresente a ele a pluralidade existente na

população por inteiro. A fim desse objetivo,

tradição judaica, o programa explora todos os

o projeto sugere uma fuga da arquitetura de

setores presentes na cultura e na história do

lógica tradicional, ortodoxa, e atua de forma

judaísmo, e organiza-se localizando os usos de

com que esta seja capaz de expressar a quebra

caráter mais públicos em suas extremidades.

Visada 56 | TCC 2016

Mezani

Visada


ino Biblioteca

Espaço infantojuvenil

Café

Visada Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 57


Complexo Gastrnômico São Pedro Laura Aguileras Orientador: Henrique Houayek | Co-orientador: Maíra Martins

O Mercado São Pedro é um tradicional

do contato com a água, incentivo e resgate

mercadão popular de Niterói. Na década

da cultura da pesca artesanal e da agricultura

de 60, funcionava sobre palafitas na Baía de

local.

Guanabara, no centro de Niterói. Na década

Em relação a arquitetura, o mercado integra-se

de 70, foi transferido para um prédio no bairro adjacente ao centro, descaracterizando completamente a sua feição original.

a paisagem, distribuindo-se ao longo do parque e fundindo-se ao entorno urbano e paisagístico através da morfologia que ele

O Complexo São Pedro, resume-se na

assume. Destacasse a cobertura como elemento

revitalização da orla do centro de Niterói,

principal e escultural de união que delimita o

região batizada como Caminho Niemeyer. Na

espaço do mercado, evidenciando a estrutura

revitalização desta orla, insere-se um parque

e resgatando a antiga ambientação de mercado

com uma nova arquitetura do tradicional

popular, com toda a sua informalidade e

Mercado de Peixes São Pedro, a fim de resgatar

aproximação entre pessoas e espaços.

a identidade, cultura e a tradição local de cidade a beira mar. O projeto tem como conceito a união entre o mercado, água e antiga malha urbana. A intenção é resgatar a identidade, cultura e tradição do antigo Mercado de Peixes por meio de sua realocação junto a orla, unindo e integrando os espaços urbanos. Proporciona-se através da reestruturação do terreno por meio de um parque, a celebração da tradição gastronômica e uma grande área de lazer para o centro da cidade, com espaços culturais, resgate 58 | TCC 2016

Masterplan


Complexo São Pedro

Entorno do Complexo São Pedro Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 59


Desenho tĂŠrreo

Complexo SĂŁo Pedro 60 | TCC 2016

Desenho primeiro pavimento


Corte transversal do bloco

Vista transversal do bloco

Corte longitudinal do bloco

Corte transversal com entorno

Corte longitudinal com entorno

Vista da orla

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 61


Um Rio para todos: requalificação urbana com infraestrutura verde no Rio Comprido Lucas Almeida de Araujo Orientadores: Duarte Vaz e Cecília Herzog As cidades concentram uma série de problemas na escala ambiental, econômica e social causados pelo desenvolvimento descolado do ambiente natural. Sujeitas a esse “urbanismo cinza”, as pessoas vivem afastadas da natureza e sofrem diversos impactos como ilhas de calor e poluição, resultando em doenças e perdas econômicas. No Rio Comprido, o elevado Eng.º Freyssinet, uma intervenção rodoviarista de 1974, deteriorou o bairro, diminuindo a qualidade de vida e tornando-o hostil para as pessoas e o meio-ambiente. Este projeto, baseado na biofilia e na priorização dos pedestres, transforma a paisagem local, utilizando a infraestrutura verde como ferramenta para um urbanismo multifuncional. Propõe-se a requalificação da Praça Cond.ª Paulo de Frontin (centro de bairro) e do Elevado, restaurando os sistemas naturais e devolvendo espaço às pessoas. O uso intenso de vegetação nativa, compõe uma rede de corredores verdes, restaurando os serviços ecossistêmicos e mitigando os impactos negativos. É oferecida uma vida sustentável, em uma cidade mais viva e para todos. 62 | TCC 2016

Corte elevado Engenheiro Freyssinet


Diagrama corredores verdes

Corte elevado

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 63


Diagrama de ser

Diagrama barreiras verdes 64 | TCC 2016

Perspectiva da Rua Estrela


rviços ecossistêmicos

Planta geral

Perspectiva do Elevado Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 65


Utopia e apropriação da paisagem: vazios urbanos na enseada de Botafogo Luisa Ellery Orientadores: Pierre-André Martin e Vinícius Mattos Habitamos cidades cada vez mais fragmentadas

sem abandonar o distanciamento necessário

e segregadoras – o que ofusca o pensamento de

para uma conceituação unitária pautada no

que o espaço público poderia funcionar como

rompimento da apropriação privada dos

uma rede política de coletividade e estimular

espaços públicos e na busca por intervenções

o desenvolvimento de movimentos sociais.

que contribuam para uma mudança estrutural.

Como o futuro das cidades contemporâneas

A complexa situação da enseada de Botafogo

é incerto, deve-se pensar em como as práticas sociais se desenvolvem no espaço e como elas poderiam ser desenvolvidas em um campo de possibilidades. A partir de um faseamento e de uma flutuação entre escalas - desde a calçada até a infraestrutura - o urbanismo utópico aqui apresentado articula simultaneamente soluções rápidas e objetivas, soluções permanentes e estruturais e soluções graduais e transitórias.

após a sucessão de aterros realizados no século XX ilustra bem o cenário evidenciado: os três quilômetros de orla são inacessíveis ao público ora pelos 900m de extensão do muro do Iate Clube, antiga Praia da Saudade privatizada e aterrada, ora pelas 18 faixas viárias para carros, ora pelos viadutos e túneis. Em meio às vistas icônicas da Baía de Guanabara, do Pão de Açúcar e do Morro da

Propõe-se o projeto dos vazios urbanos de

Urca, visualizadas pelos olhos da cidade que

forma a serem flexíveis ao longo do tempo,

abraça a forma em anfiteatro da enseada, o

vinculados por uma rede de projetos-chave

bem público funciona como um quadro a ser

infraestruturais articuladores que possam

contemplado de longe, mas não aproveitado.

estruturar os vazios de forma a estimular sua

Dos altos prédios corporativos e comerciais,

ativação e reativação para múltiplas atividades

das moradias de classe média alta e do

e interligar diferentes fragmentos urbanos sem

elitizado Iate Clube, a vista é excepcional; das

romper com o caráter de unidade. O projeto é

calçadas e dos espaços livres, a realidade é

baseado em um levantamento empírico e em

outra - se destacam: o excesso de veículos e

análises das dinâmicas locais e históricas, mas

estacionamentos; as grades e muros do Iate

66 | TCC 2016


LOCALIZAÇÃO OS ATERROS E A EVOLUÇÃO URBANA

FLAMENGO

AS NJEIR LARA

UR CA

ITÁ MA HU

NA CABA COPA

INTENÇÕES INTENÇÕES Localização

OFERECER OFERECER ACESSO PÚBLICO ACESSO PÚBLICO À AGUA À AGUA

REDUZIR O REDUZIR FLUXO O VIÁRIO FLUXO VIÁRIO

MELHORAR MELHORAR A MOBILIDADE A MOBILIDADE E TRAVESSIAS E TRAVESSIAS

CRIAR NOVOS CRIARUSOS NOVOS E RECONFIGURAR USOS E RECONFIGURAR USOS EXISTENTES USOS EXISTENTES

CONECTAR ESPAÇOSESPAÇOS VERDES EVERDES PROJETAR CONECTAR E PROJETAR ESPAÇOSESPAÇOS RESIDUAISRESIDUAIS

CONSIDERAR CONSIDERAR O PATRIMÔNIO O PATRIMÔNIO HISTÓRICO HISTÓRICO E CULTURAL E CULTURAL

Intenções Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 67


Clube e outras construções que permitem

as escuras passagens subterrâneas, aqueles que

que se veja o mar apenas por pequenas frestas

vêm da Urca andando ou pedalando ao longo

entre suas garagens de barcos e depósitos;

do muro do Iate Clube e aqueles que vêm do

os altos edifícios corporativos que rompem

Parque do Flamengo, ligado a Botafogo por

repentinamente com o gabarito existente, a

meio de passeios pouco arborizados, estreitos

rua densa que concentra vitalidade e múltiplas

e mobiliário urbano insatisfatório. Não se

atividades, mas se segrega dos jardins e da

pode negar que a localização da enseada em

orla pelas vias de difícil travessia; o barulho

meio a esses espaços é estratégica: conectando

de buzinas e motores que se sobrepõe aos

o Parque do Flamengo, maior parque urbano

sons da fauna nos jardins e às conversas e

à beira-mar do mundo, ao Pão-de-Açúcar,

encontros nas calçadas; as áreas verdes e vazios

ela articula fluxos viários simultâneos entre o

urbanos, que poderiam estar conectados

Centro, Zona Sul e Zona Norte da cidade por

de forma a possibilitar agradáveis passeios

transporte público rodoviário e metroviário.

contínuos e visados, são isolados e precários; e

O potencial da orla como modal de transporte

o sentimento de enclausuramento de se possuir

público, como articuladora de espaços livres

o mar tão perto em questão de espacialidade,

e como estruturadora da vida urbana em

mas tão longe por sua acessibilidade, fazendo

coletividade é gigantesco: além das ligações

com que a noção de distância percebida pareça

existentes, ela poderia conectar-se também a

muito superior à distância física real. Das

Niterói, ao Galeão e ligar os dois campus da

estações de metrô de Botafogo e do Flamengo,

UFRJ por transporte público aquático. Porém,

separados da praia apenas por 200 metros,

a possibilidade de reproduzi-lo é desperdiçada

distância confortável a se andar a pé, o passeio

em detrimento das atividades dos clubes

é interrompido por barreiras viárias que

privativos - a própria baía de Guanabara, bem

tornam a dificuldade de acesso muito maior e o

público de intenso valor cultural e social, é

andar a pé bem mais árduo. O resultado disso

usada como estacionamento irregular de barcos

é o do espaço público fragmentado: uma clara

espalhados em suas águas poluídas.

diferença entre a densidade da calçada, com seu

Mediante a estruturação de seus fluxos, espaços

fluxo de trabalhadores, moradores, visitantes e estudantes, a densidade dos jardins e

livres e atividades, a proposta visa qualificar um espaço que, apesar de seu potencial

das praças, abandonados aos moradores de rua,

de mobilidade e da excepcionalidade das

e a densidade da praia. Até ela chegam somente

vistas, é praticamente inacessível ao público

aqueles corajosos o suficiente para atravessar

devido ao predomínio do tráfego de veículos

68 | TCC 2016


TRECHO 1: MURO E APROPRIAÇÃO DA PAISAGEM

TRECHO 4: METRÔ FLAMENGO E PRAÇAS

Muro e apropriação da paisagem

TRECHO 2: ARTICULAÇÕES E EXCESSO VIÁRIO

TRECHO 3: FRENTE URBANA VIVA, PRAIA VAZIA

Articulações e excesso viário

Metrô FlamengoMAPA e praças SÍNTESE DE INTERVENÇÕES Frente urbana viva, praia vazia 1.

MARINA PÚBLICA

Ligação com área verde de lazer Equipamento institucional Área de marina pública

2.

TERMINAL INTERMODAL E MARÍTIMO Terminal marítimo Terminal intermodal Terreno do Pavilhão Mourisco Rua Voluntários da Pátria Espaço residual debaixo de viaduto Metrô Botafogo

3.

PRAIA DE BOTAFOGO Praça

3km

Edificação comercial/corporativa atrativa Sobrados históricos Jardins de Paul Villon Jardins de Burle Marx

4.

MERCADO AO AR LIVRE Conexão Metrô Flamengo Praças - feira ao ar livre Jardins

CONEXÃO PARQUE DO FLAMENGO Jardins do Parque do Flamengo Promenade de conexão

Mapa síntese de intervenções Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 69


e da apropriação privada da paisagem num

os muros e a apropriação privada do bem

cenário de desenvolvimento infraestrutural

público; um terminal intermodal e marítimo

impactante para os meios natural e social.

na área com o maior número de fluxos e nós

Evidenciam-se seis intenções principais no

viários; um passeio para pedestres e ciclistas

projeto da Enseada de Botafogo: oferecer

com a diminuição das vias segregadoras e; um

acesso público à agua; reduzir o fluxo viário;

mercado público nas praças de uso residencial,

melhorar a mobilidade e as travessias; criar

onde já se realizam feiras semanais e por

novos usos e reconfigurar usos existentes;

onde se estende a ligação com o Parque do

conectar espaços verdes e projetar vazios

Flamengo. A partir desses quatro projetos-

urbanos e; considerar o patrimônio histórico

chave estruturadores se desenrolam outros

e cultural. Das intenções, são desdobrados os

projetos, tanto rápidos e objetivos quanto

projetos-chave infraestruturais articuladores de

gradativos, transitórios, mutáveis, flexíveis e

fluxo que se desenvolvem a partir da percepção

passíveis de diversos padrões de ocupação ao

fragmentada da paisagem: uma marina pública

longo do tempo.

TRECHO 2: TERMINAL INTERMODAL E MARÍTIMO em parte do atual Iate Clube, rompendo com

Terminal intermodal e marítimo 70 | TCC 2016


TRECHO 1: MARINA PÚBLICA

TRECHO 1: MARINA PÚBLICA

PASSEIO EM DECK

MIRANTE DA MARINA

QUIOSQUES

PROMENADE

CONSTRUÍDO E PATAMARES PARA SENTAR

PASSEIO DA AV. PASTEUR

TRECHO 2: TERMINAL INTERMODAL E MARÍTIMO

Marina pública

TRECHO 2: TERMINAL INTERMODAL E MARÍTIMO

Marina pública

AV PASTEUR + 7.50

PRAÇA DA AV. PASTEUR

PRAÇA ELEVADA + 4.00

PRAÇA TÉRREA

AV. REPÓRTER NESTOR MOREIRA

TERMINAL INTERMODAL

PRAÇA DO TERMINAL

PATAMARES EM DECK PARA SENTAR

TRECHO 3: PASSEIO DA ORLA DE BOTAFOGO MERGULHÃO DA AV. PASTEUR

TRECHO 3: PASSEIO DA ORLA BOTAFOGO Terminal intermodal e DE marítimo

ESTACIONAMENTO COMÉRCIO

Terminal intermodal e marítimo

PRAIA

PROMENADE DE ORLA

JARDIM CRIADO

JARDIM EXISTENTE

PASSAGEM DE PEDESTRES

JARDIM EXISTENTE

AV. PRAIA DE BOTAFOGO

CALÇADA

TRECHO 4: MERCADO E PRAÇAS

Passeio daMERCADO orla deEBotafogo TRECHO 4: PRAÇAS

Passeio da orla de Botafogo

PRAÇA MARINHA DO BRASIL

MERCADO PÚBLICO COBERTO

Mercado e praças

AV. BEIRA-MAR

PASSAGEM DA RUA MARQUÊS DE ABRANTES

PASSARELA

Mercado e praças Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 71


Parque com atividades terapêuticas Maria Eduarda Guimarães Orientador: Pierre-André Martin

Parque linear, localizado em meio a natureza

O público alvo são pessoas com qualquer

no sopé do maciço da pedra branca em

tipo de deficiência ou alguns distúrbios como

Vargem Grande (RJ), projetado para receber

é o caso dos autistas, pessoas com déficit

pessoas com diferentes demandas de

cognitivo, e falta de equilíbrio corporal, além

mobilidade. O principal objetivo deste Projeto

de pessoas que necessitam de relaxamento.

é propor espaços que acomodem atividades

O parque tratará de quatro vertentes ao

e tratamentos terapêuticos ligados à natureza por meio de soluções paisagísticas. A partir da restauração do equilíbrio ecológico, por meio da replantação de espécies nativas e por tornar visível o rio, que corta o terreno, permitindo o acesso e contato da população. O projeto também contempla um estímulo à prática da agricultura por parte da população, além de áreas recreativas e educativas.

Jardim sensorial 72 | TCC 2016

mesmo tempo. • Paisagem terapêutica que contará com 3 tipos de jardins (individuais, sensorial e clareira), um viveiro e área destinada as técnicas de jardinagem, horticultura e a equoterapia. • A restauração ecológica, dedicando a borda leste a plantações de espécies nativas


com a finalidade de voltar a ter o bom funcionamento do ecossistema primário, além de protegê-lo e preserva- lo. • A criação da relação da população com o rio por meio de espaços de contemplação e contato com o rio, deixando de ser inacessível a população.

Nature play

• A criação de áreas de lazer.

Vista de cima da clareira e da horta

Local

Masterplan

Área de intervenção Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 73


Lagoa para todos Mariana Monnerat Orientador: Rodrigo Rinaldi | Co-orientador: Elena Geppetti

O projeto Lagoa para Todos consiste

BHLS, definindo novas centralidades urbanas

num processo de recuperação da Lagoa

conectadas à Lagoa através de corredores

de Piratininga, na Região Oceânica de

verdes. O novo espaço verde garante a ativação

Niterói, RJ. A região teve uma expansão

dos novos usos de comércio e serviço no

rápida e desordenada, desde a construção

térreo dos edifícios. Tendo como vertentes a

da Ponte Rio-Niterói, o que resultou numa

mobilidade urbana, a recuperação da paisagem

série de problemas, principalmente no que

natural e um plano de ocupação, o projeto visa

diz respeito à relação lagoa-bairro. A área

recuperar a lagoa para a cidade e proporcionar

é predominantemente residencial, seus

a reinserção da Lagoa no contexto do espaço

habitantes tornam-se reféns do centro da

urbano, permitindo novas visadas, acessos e

cidade para lazer, serviços e emprego e as

uma participação ativa no bairro. Finalmente,

poucas vias de saída do bairro, recebem grande

o projeto ‘Lagoa para Todos’ não só reconecta

movimento nas ruas principais. A partir da

a Lagoa de Piratininga ao bairro, mas também

recuperação ambiental da área e do interesse da

reduz a dependência deste ao centro.

população por ela, propõe-se novos pontos de

Diagr

Perspectiva. Créditos: Tainá Binato e Marjorie Lange

Isom

74 | TCC 2016


Diagrama da boa cidade

Master plan

ramas de concepção do projeto

métrica do projetop. Créditos: Tainá Binato e Marjorie Lange Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 75


Uma Nova Central de Abastecimento em São Paulo Miguel Darcy Orientaodr: Gabriela Duarte

O projeto explora a rede de distribuição de alimentos frescos, especificamente as centrais de abastecimento brasileiras (CEASAs), e como elas interagem com a cidade e seus usuários, tanto em seus entornos imediatos como em uma escala metropolitana. Outrora palco de expressões culturais, econômicas e políticas como a Ágora, o Fórum e a praça, os locais de comércio alimentar atualmente se transformaram em estacionamentos ermos, destacados do público e afastados do centro. O projeto propõe um novo modelo de CEASA em São Paulo que seja mais eficiente do ponto de vista logístico e que se relacione com a cidade de maneira mais franca, através da inclusão de equipamentos públicos em seu programa. Os novos armazéns são empilhados de modo a transpor o Rodoanel e criam uma superfície contínua sobre a qual o tecido urbano se estende. A nova central de abastecimento cria um segundo térreo e se configura, agora, como um hub de transportes e comércio, reinserida no cotidiano da cidade.

76 | TCC 2016


Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 77


78 | TCC 2016


Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 79


Reestruturação do Mercado São José + Edifício

anexo Pamela Iavorka Orientador: Henrique Houayek | Co-orientadora: Deline Solot Localizado em Laranjeiras, o Mercado São

por meio da proposição de edifício anexo

José das Artes se estabeleceu como centro de

buscam reforçar tal potencialidade, a partir do

produção cultural, artística e gastronômica

entendimento e exploração da sua relação com

e como um dos principais atrativos da

a dinâmica do sítio e do tensionamento entre a

região. Espaço de convívio social e formação

preexistência e a intervenção, explicitando suas

de cultura do bairro e suas adjacências, o

temporalidades. O programa proposto é o de

Mercado se encontra hoje com problemas

complexo cultural, voltado para atividades de

infraestruturais, decorrentes da adequação

produção cultural e socialização, abrangendo

inadvertida do seu uso e da má conservação

bares e quiosques para venda de produtos

de seu espaço, fatos que, somados, mitigaram

gastronômicos e artesanatos, salas de aula para

a potência do espaço como equipamento

oficinas diversas (espaços multiuso), teatro de

urbano. Mediante tal panorama, a

pequeno porte, cinema ao ar livre, bem como

reestruturação do Mercado e sua ampliação

áreas de lazer e convívio.

Fachada Laranjeiras 80 | TCC 2016

Sala de aula aberta


Esquina

Corte perspectiva Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 81


DC térreo antes fluxos

DC térreo depois fluxos

DC térreo antes permanência

DC pátio central

DC térreo depois permanência

DC escadas

ISO térreo

ISO depósito

ISO 1° pavimento

DC visada da escada

ISO 3° pavimento

ISO 4° pavimento

ISO 2° pavimento

ISO Geral

82 | TCC 2016


Roof top

Esquina à noite Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 83


Da performance da cidade ao dinamismo do salão: cenários espaciais para a apropriação da dança a dois

Renata Raposeiras Orientador: Raul Smith | Co-orientadora: Lígia Saramago Partindo de que a cidade é um organismo vivo

para atrair curiosidade dos passantes. Assim,

e as pessoas vivem em constante movimento,

todas as linhas guias provém de intenções das

o tema trata de uma arquitetura de encontros

visadas.

para ocupações diversas e transições em

Os elementos de composição, buscam levar

meio ao intenso ritmo urbano. Pretende ser um espaço que acolha a cidade conectando usuários. Por ser área de grande população e haver déficit de lazer, o terreno se encontra no coração da Zona Oeste. Ponto para onde as linhas de fluxo convergem, tornando-o local estratégico de acesso e procura. Para utilizar dos fluxos naturais, a proposta permite o atravessamento e recua seus afastamentos, utilizando a ideia de vitrine

as características de termos operacionais em comum a cidade, a arquitetura e a dança a dois. O programa é distribuído com base na categorização das características dos possíveis espaços de dança. A escolha da escola de dança como tema se deve, além da paixão pessoal, pela constatação de que as escolas existentes não foram projetadas para este fim, se apropriando de espaços pré existentes que não conciliam valor cultural aos ritmos da dança a dois.

Corte long

Corte tran

84 | TCC 2016


O USUÁRIO

O ESPAÇO

A CIDADE

OBJETIVO ¹

gitudinal

nsversal

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 85


Térreo

1º Pav

Térreo

1º Pav

2º Pav

1º Pav 1º Pav

Térreo

2º Pav

2º Pav 1º Pav

1º Pav

1º Pav

2º Pav

AULA

LABORATÓRIO 2º Pav

BAILE

WORKSHOP

CONGRESSO 2º Pav

TURNO

DIÁRIO

SEMANAL

MENSAL

ANUAL

1º Pav

Térreo

Térreo

2º Pav

2º Pav

PAINÉIS ABERTOS E FECHADOS 7

Interação

Bolero

Forró

Zouk

Tango

West Coast Swing

Salsa

Performance

Samba de Gafieira

Soltinho

Integração

PISO Madeira Zouk

FORMA

Porcelanato

Cimento queimado

Lorem ipsum Chão de barro

Tango

Retangular

Lateral

Quadrado

Zenital

Irregular

Variada

Ar condicionado

Ventilação cruzada

CLIMA

86 | TCC 2016

LUZ

O USUÁRIO

O ESPAÇO

Ambiente externo

CENÁRIOS ESPACIAIS6

Lorem ipsum

A CIDADE


Inusitado Intimo Rua Salao

FLUXOS FÍSICOS E VISUAIS ³ 17.7 19.7

18.4

34.2

MERCK

42.4

4.8

GARDENIA

17.5

.d

Est

es

nt

ira

de

an

B os

8.6

35,4% 58,8% 5,8%

CATEGORIZAÇÃO 5

Evolução

Iluminação

Som

Percurso

Energia

Ritmo

TAQUARA

GARDENIA

Troca

Nuances

Movimento MERCK

CIDADE DE DEUS

Lorem ipsum

MODELOS OPERACIONAIS4

GARDENIA

Lorem ipsum

OBJETIVO ¹

Terrenos analisados Raio de reconhecimento visual Traçado BRT Raio de conforto a pé Vias principais Raio de conforto de bicleta Rios Lorem ipsum

CIDADE DE DEUS

Traçado BRT Vias principais Rios

² Terrenos analisados

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 87


Intervenções em Vazios Urbanos: Usos mistos Tainá Flores Orientadores: Rodrigo Rinaldi e Raul Bueno O projeto trata da requalificação de uma área

que priorize o pedestre. Esse novo traçado,

do bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, que

segue a premissa de liberar espaços em

encontra-se degradada devido a presença

frente a edificações com empenas cegas para

de uma série de terrenos vazios, localizados

criação de edifícios com fachadas ativas para

entre duas estações de metrô, margeado

a rua e as áreas remanescentes destinam-se a

pelo Rio Trapicheiros canalizado e pela

renaturalização do Rio Trapicheiros e criação

Pedra da Babilônia. Pretendeu-se, a partir

de áreas de lazer.

da compreensão da produção destes vazios,

A criação de residências próximas às estações

propor um projeto que levasse em consideração a natureza, os diferentes modais e a organização de fluxos, o diálogo entre público e privado e o potencial de trocas entre os sistemas. Em resumo, trata-se de um projeto que

de metrô e a implantação de comércio e serviço, principalmente no térreo, influencia na criação de novas relações e espaços de conexões e trocas, promovendo uma mais cidade compacta, sustentável, saudável e segura.

pretende reorganizar os fluxos existentes dos carros, propondo um novo traçado viário

Parque escalada Pedra da Babilônia 88 | TCC 2016

Vista aérea Igreja, parque e Estaçã Créditos: Cortesia de Felipe Chav


Vista Rio trapicheiros, edificações de uso misto e CIEP | Créditos: Cortesia de Felipe Chaves

ão São Francisco Xavier e Pedra da Babilonia. ves

Parque, Igreja e estação São Francisco Xavier

Vista Pedra da Babilônia. Créditos: Cortesia de Felipe Chaves Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 89


mob Rio Tatiana Galiano Orientador: Leonardo Lattavo

O projeto fala sobre o modo como nos

contextos existentes (culturais, sociais,

relacionamos hoje com o mobiliário urbano

econômicos, climáticos, históricos, etc.) de cada

e como ele influencia nossa vivência, laços e

comunidade, quando não considerados pela

cotidiano com a rua. É necessário refletir como

gestão pública na implantação do mobiliário

o mobiliário implantado hoje nas grandes

nos bairros, terminam por gerar mais conflitos

cidades compõe e determina a paisagem

visuais na composição do ambiente urbano

urbana, e qual impacto eles possuem sobre

e uma identidade incapaz de ser decifrada

nosso cotidiano, levando a uma reflexão em

por completo. A relação entre os diferentes

como projetar de modo que estes elementos

tipos de mobiliário urbano presentes na rua,

estejam em harmonia com os usos pré-

pode ser considerada fator que interfere na

existentes e, como podem ser determinantes

imagem que as pessoas têm de suas cidades,

na criação de uma identidade para a cidade

contribuindo para tornar o ambiente agradável

no qual forem implantados. Nos diversos

ou desagradável para a população.

Projeto de placas de sinalização 90 | TCC 2016

Projeto de cobertura multifuncional

Diagrama con


nceito multifuncionalaidade

O conceito de percepção tem sido compreendido e definido, fundamentalmente, de duas maneiras: uma cujo conceito é relacionado à interação entre o espaço e o usuário, exclusivamente, através dos sentidos básicos (visão, olfato, audição, tato e paladar); outra, relacionado à interação entre o espaço e o usuário, através dos sentidos básicos e de outros fatores tais como memória, personalidade, cultura e tipo de transmissão. Antônio Tarcísio da Luz Reis & Maria Cristina Dias Lay

Projeto de banco modular Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 91


Projeto de banco modular

Projeto de banco modular

Projeto lixeira

Projeto de cobertura multifuncional Projeto bebedouro 92 | TCC 2016


Projeto mesa de apoio

Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio | 93


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