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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO PUC-RIO

TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO 2017 DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO volume 11

RIO DE JANEIRO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

2018


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Organizadores Silvio Dias - Prof. DAU/PUC-Rio Maria Beatriz Saade - Aluna DAU/PUC-Rio Gabriela Freitas - Aluna DAD/PUC-Rio Beatriz Carneiro - Aluna DAU/PUC-Rio

Design Gráfico Silvio Dias - Prof. DAU/PUC-Rio Gabriela Freitas - Aluna DAD/PUC-Rio Beatriz Carneiro - Aluna DAU/PUC-Rio

Departamento de Arquitetura e Urbanismo PUC-Rio Rua Marquês de São Vicente, 255 - Gávea, Rio de Janeiro, RJ Secretaria: Edifício Cardeal Leme, sala 327 Tel: (21) 3527-1828 Email: gradarq@puc-rio.br

Elaborado por Lizandra Toscano dos Santos – CRB-7/6915 Divisão de Bibliotecas e Documentação – PUC-Rio Trabalhos de conclusão de curso 2017 : Departamento de Arquitetura e Urbanismo / [organizadores Silvio Dias ... [et al.]. – Rio de Janeiro : PUC-Rio, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, 2018. 156 p. : il. color. ; 21 cm – (Curso de arquitetura e urbanismo PUC-Rio ; v. 11) Inclui bibliografia ISBN: 1. Arquitetura. 2. Urbanismo. I. Dias, Silvio. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Arquitetura e Urbanismo. III. Série. CDD: 720


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TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO 2017 DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO volume 11


Quem é o profissional?

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Nas grandes cidades, a demanda por profissionais capazes de melhorar o espaço urbano é nítida: gente demais, moradia de menos, transporte caótico, pouco verde, baixa qualidade de vida. Nesse cenário, o papel do arquiteto é cada vez mais importante. Mais do que qualquer outro profissional, é ele o principal responsável pelo bem-estar de todos que moram na cidade. Compreender e traduzir as necessidades de indivíduos e de comunidades, criando soluções viáveis e criativas para os problemas apresentados, é a função do arquiteto e urbanista, cujo campo de trabalho está em qualquer lugar ocupado pelo homem. No Brasil, o exercício profissional do arquiteto e urbanista é regulamentado desde 1933. A habilitação é única e a lei que rege a profissão atribui a ela o exercício de atividades referentes a edificações, conjuntos arquitetônicos, monumentos, arquitetura paisagística e de interiores, urbanismo, planejamento físico, urbano e regional. Nessas áreas, o arquiteto e urbanista pode exercer as atividades de elaboração, coordenação, supervisão, orientação técnica e especificação de projetos, planejamento e acompanhamento de obras, assessoria, consultoria, execução de perícias e de avaliações. Iluminação, comunicação visual e design também são campos de atuação do arquiteto. Não são raros, além disso, os arquitetos que atuam nas áreas de história e crítica da arquitetura, e das artes plásticas.


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Concebido de maneira a fornecer instrumentos projetuais e técnicos, assim como desenvolver o pensamento crítico necessário para a inserção do novo profissional no mercado de trabalho, o curso fundamenta-se em uma proposta de ensino integrado. Essa concepção se reflete na estrutura curricular, com grande destaque para as disciplinas de projeto de arquitetura. A participação de professores de diversas áreas, compartilhando conteúdos e desenvolvendo novas competências, busca a integração efetiva entre a teoria e a prática, a criatividade e o pensamento crítico. Já o programa de estágio possibilita ao aluno exercitar o dia a dia da profissão no Escritório Modelo, participando de projetos de cunho social ou trabalhando em escritórios de arquitetura e urbanismo. O currículo inclui, ainda, disciplinas eletivas livres, oferecidas no âmbito do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, e por outros departamentos da PUC-Rio. Outra marca da graduação em Arquitetura e Urbanismo são as chamadas atividades extracurriculares, com destaque para viagens nacionais e internacionais, organizadas por professores e alunos. Os convênios com universidades estrangeiras também oferecem aos estudantes a possibilidade de realizar viagens de intercâmbio internacional.

O que é o Departamento?

O Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio tem como objetivo formar o aluno para trabalhar como profissional de projeto em arquitetura e urbanismo, em construção civil e em paisagismo. Também prepara o estudante para atuar na área da preservação do patrimônio artístico e cultural.


Sumรกrio

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Ana Maria Ennes Annelisa de Carvalho Beatriz Lopes Dourado Bruno Senos Costa Carmem Bonilla Caroline Schlupp Clarissa Lana Franco Cristiana Villela David dos Reis Fernanda Leite Flavia Lessa Gabriel Mota Giuliana Drummond Heloisa Zegobia Isabela Lopes Isabella Peixoto Joana Martins Leticia Gaspar

Sumário

Trabalhos selecionados

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Leticia Mendonça Lucas Meneses Marcella Corrêa Maria Fernanda Stallone Mariana Vieira Marina Tinoco Milena Cutilada Natalia de Freitas Cruz Nathalia Trigo Olivia Serra Paloma da Costa Santos Renata Lima Rhaisa Capella Susan Guerra Tainá Diniz Tomas Camillis Vitor Cattete


Sumário

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Especulações sobre HIS em áreas centrais

Ana Maria Ennes Orientadora: Vera Hazan

Parque Escola

Annelisa de Carvalho Orientador: Luciano Alvares

Favelascape como infraestrutura

Beatriz Lopes Dourado Orientador: Raul Bueno

Centro comercial Leopoldina

Bruno Senos Costa Orientador: João Calafate

De hospício a parque: Uma Intervenção no Instituto Municipal Nise da Silveira

Carmem Bonilla Orientadora: Tatiana Terry

Do abrigo emergencial a habitação evolutiva Caroline Schlupp Orientadora: Nanda Eskes


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Clarissa Lana Franco Orientadora: Nanda Eskes

Vila 104: heterotopia e expressão

Cristiana Villela Orientador: Alziro Netto | Co-orientador: João Machado

Do grande Portugal ao Portugal pequeno: As influências da ocupação portuguesa no território da Ponta D’Areia David dos Reis Orientadora: Leila Silveira | Co-orientadora: Vera Hazan

Acupontos: Residência Artística Como Catalizador Urbano no Santo Cristo Fernanda Leite Orientadora: Mariana Vieira | Co-orientador: Adriano Mendonça

Dinâmicas do vazio: Transfiguração do Vazio Urbano através de estratégias produtivas Flavia Lessa Orientador: Rodrigo Rinaldi | Co-orientadora: Elena Geppetti

Residencial para idosos na cidade em construção Gabriel Mota Orientadora: Moema Loures

Sumário

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Prática da Autogestão Habitacional: definição de manuais de auxílio + assistência técnica


Sumário

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Cosme Velho

Giuliana Drummond Orientadora: Denise Solot

Baía de Guanabara como sistema cultural Heloisa Zegobia Orientador: Pedro Lobão

Esporte de alto rendimento: Requalificação dos CIEPs a partir da lógica dos GEOs

Isabella Lopes Orientador: Luciano Alvares

Costura urbana: buscando conectividade, capilaridade, vitalidade e segurança para Manguinhos e Bonsucesso Isabella Peixoto Orientador: Raul Bueno

Arquitetura e participação

Joana Martins Orientadora: Ana Luiza Nobre

Sistema construtivo em madeira: Módulo residencial progressivo e adaptável

Leticia Gaspar Marcelo Bezerra


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Leticia Mendonça Orientador: Alder Catunda

Porto de Itaguai: logística, indústria e infraestrutura verde Lucas Meneses Orientador: Marcos Favero

Zacarias: Entre a lagoa e a restinga, no litoral de Maricá Marcella Corrêa Orientadora: Vera Hazan

Campus do porto

Maria Fernanda Stallone Orientador: João Calafate | Co-orientador: Marcelo Bezerra

Estufa para mudar pessoas Mariana Vieira Orientadora: Mariana Dias

Agrocidade

Marina Tinoco Orientador: Gabriel Duarte

Sumário

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Centro de cuidado e desenvolvimento humano


Sumário

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As diferentes faces da Rua do Senado: Limites e possibilidades de habitar na área central do RJ

Milena Cutilada Orientadora: Leila Beatriz

Natureza urbana: Um estudo sobre a presença de conceitos fundamentais nos parques urbanos

Natalia de Freitas Cruz Orientador: Masao Kamita | Co-orientadora: Ligia Saramago

Habitação para a 3a idade Nathalia Trigo Orientador: Celso Rayol

Horizonte produtivo: O extravismo, o esgoto e o aterro Olivia Serra Orientador: Gabriel Duarte

Parque urbano para Duque de Caxias: Um Convite à Multiplicidade

Paloma da Costa Santos Orientador: Pierre-André Martin | Co-orientador: Leonardo Lattavo

Habitar para todos

Paula Baitelli Orientador: ALder Catunda


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Renata Lima Orientador: Alder Catunda | Co-orientadora: Ligia Saramago

Agricultura e cidade

Rhaisa Capella Orientadora: Flaviana Raynaud | Co-orientadora: Ligia Saramago

Agosto Vermelho: Quando a rua é nosso lar Susan Guerra Orientador: Cadu Spencer

Complexo da saude mental: Arquitetura na convergência com a diferença Tainá Diniz Orientador: Alder Catunda

O lugar do intangivel, por outras formas de presença Tomas Camillis Orientador: Masao Kamita | Co-orientadora: Ligia Saramago

Paisagens adaptativas Vitor Cattete Orientador: Marcos Favero

Sumário

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Territorio continuo


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Parque Escola

Annelisa de Carvalho Orientador: Luciano Alvares

O projeto de reestruturação desse grande vazio urbano busca preencher e dar vitalidade a uma área que pode ser um importante agente transformador do espaço buscando lidar com grandes problemas de mobilidade do contexto. A demanda por formação técnica foi outro assunto analisado e tido como premissa no projeto da escola técnica agrária. A proposta de projeto leva em consideração dois terrenos vizinhos e propõe a unificação de ambos. O contexto que circunda o espaço do projeto interfere diretamente nos aspectos da paisagem. A Estrada União Indústria provoca ruídos na margem que do terreno que possui vegetação menos densa e mais alta. Os espaços mais reclusos garantem áreas mais silenciosas. A cobertura vegetal é bem pouco presente. É encontrada nas margens do terreno principalmente. A grande superfície composta de paralelepípedo dificulta o escoamento das águas em inundações além de aumentar a temperatura em dias mais quentes.


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Favelascape como infraestrutura Beatriz Lopes Dourado Orientador: Raul Bueno

Visando a aplicação dos conceitos de Urbanismo e Paisagismo Infra Estrutural no contexto da favela carioca Rio das Pedras, é proposta a redefinição de sua “favelascape” ao implementar um parque linear ao longo do rio que dá nome à favela, projetando seu novo acesso a partir do transporte hidroviário pela Lagoa da Tijuca e garantindo a requalificação ambiental do mesmo. Além disso, compreende intervenções urbanas para melhorias socioambientaisme realocações para o PAL 37.215 (lotes 9, 11, 12 e 13). Dessa forma, abrange três esferas: paisagismo, urbanismo e arquitetura de interesse social. A partir de toda a análise em diferentes escalas e o entendimento dos sistemas envolvidos no processo de ocupação da favela, propõe-se um Plano Geral para Rio das Pedras: (1) a definição da área de Parque de Educação Ambiental e a implementação da via que o acompanha, em busca de uma solução para impedir o avanço da ocupação sentido Lagoa da Tijuca. A proposta contaria também com a definição do ponto do Transporte Hidroviário das Lagoas da Barra da Tijuca e a definição de uma nova “frente” para a favela; (2) a implantação de um Parque Linear Multifuncional ao longo do Rio das Pedras integrando áreas de lazer com funções ecológicas em busca da construção de um espaço natural que mitigue os efeitos da urbanização e dê resiliência aos ecossis-

temas urbanos para enfrentar os efeitos de uma ocupação irregular em área de várzea; (3) um Ensaio de Ocupação dos Areais, onde seria pensada uma nova forma de ocupação menos agressiva ao meio ambiente e menos insalubre para as pessoas. Para isso, seria pensado um faseamento para sua execução onde, pouco a pouco (de x em x quadras), as pessoas que hoje moram nessas quadras seriam provisoriamente realocadas para algumas unidades construídas nos lotes 9, 11, 12 e 13 do PAL 37.215 e, quando terminassem a construção do trecho nos Areais, seriam encaminhadas para a nova habitação - dessa vez, permanente e (4) um Ensaio de Ocupação para o novo eixo de expansão da favela, a partir do entendimento de que as outras propostas ocupariam os limites atuais - o que criaria, inevitavelmente, a procura por uma nova área para se expandir. O possível novo eixo, dentro dessa teoria, seria o crescimento lateral dos Areais - ou o terreno da Carvalho Hosken, ou o terreno do Grupo Delfim. Acreditando ser menos invasivo ao meio ambiente ocupar o terreno do Grupo Delfim, a proposta seria nessa área - precisando lidar com a pré-existência das torres construídas. A partir do plano geral, a proposta para este Projeto Final de Graduação é de projetar o Parque Linear Multifuncional, entendendo que o “sistema de drenagem deve estruturar o Mas-


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terplan, organizando os princípios e garantindo a proteção hidrológica a partir de corredores verdes - com pessoas ocupando esse espaço e a construção de novas ecologias urbanas com aspectos sociais, culturais e dinâmicas ambientais” (McHarg, 1969).


22_Livro TCC 2017 Para isso, são estudados os conceitos de urbanismo e paisagismo infraestrutural a fim de aplicá-los ao contexto da favela. A ênfase dada ao parque, portanto, é de um sistema de drenagem de baixo impacto que garanta a limpeza (e manutenção) do corpo hídrico. Para a viabilização da proposta, serão necessárias realocações para os lotes 9, 11, 12 e 13 do PAL 37.215. Para o Parque, a proposta é de criar um espaço que cumpra uma função social de área de lazer natural e uma função ecológica de mitigar as enchentes da região, além de restaurar a importância ambiental e paisagística como um espaço de convivência e de manutenção da biodiversidade. Além disso, faria uma continuidade entre o Bosque da Pedreira e o Parque de Preservação e Educação Ambiental de Rio das Pedras - servindo como um Corredor Ecológico - e restaurando, além da qualidade ambiental do rio que dá nome à favela, o “acesso à água”.


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Centro comercial Leopoldina Bruno Senos Costa Orientador: João Calafate

A estação Barão de Mauá (popularmente conhecida como Leopoldina) foi um edifício de extrema importancia desde a década de 1920 no que diz respeito ao transporte. Sendo a estação mais utilizada do Rio de Janeiro até a transposição de suas composições para a estação Central, fazendo a ligação do subúrbio ao centro da cidade. Estima-se que durante a sua vida útil, 60% da populaçao do Rio tinha a Leopoldina como ponto de chegada e partida. Com a desvalorização do transporte ferroviário, a estação foi gradati­vamente sendo modificada sem o pensamento projetual, criando diversos “puxadinhos”. Seu uso também foi sendo modificado, tornando a estação, a sede administrativa da Rede Ferroviária, assossiação de ferromodelismo do Rio, polícia ferroviária, espaço para realização de festas e eventos. Com o desinteresse governamental e a expressiva dificuldade de se manter um edifício deste porte, a estação foi sendo abandonada, tornando-se área de depósito de vagões e ocasionais eventos. Hoje, a estação está completa­mente fechada, sem luz e água. O projeto busca entender e valorizar a arquitetura histórica existente, assim como implementar novos usos, compreendendo o fator temporal no qual a arquitetura está sujeita e como sua vida útil pode ser prolongada. Busca-se o entendimento do local que o objeto está inserido, como possível

área para futuras transformações, devido a sua proximidade com o projeto do Porto Maravilha e conexão com o centro da cidade do Rio de Janeiro. Pretende-se explorar as potencialidades da estação, visando os temas de transporte, cultura, resgate histórico, áreas comerciais e de lazer. Criando uma possível centralidade e trazendo uma tranformação para o entorno. Tendo em vista o projeto Porto Maravilha, toda a área da Rua Francisco Bicalho irá se tornar, em um futuro próximo, uma grande área comercial. É proposto então a revitalização da Estação Leopoldina, transformando-a em um centro comercial. O térreo, onde se localizava a antiga Gare, se tornaria um Polo Gastronômico, nas plataformas, uma feira de alimentos e no prédio uma área comercial. É proposto também um anexo, contendo lojas, salas coworking, pavilhão de exposições, auditórios, salas de reunião, salão nobre, e cinema, juntando serviços, postos de trabalho, lazer e áreas de comtemplaç:ão.


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Do abrigo emergencial a habitação evolutiva Caroline Schlupp Orientadora: Nanda Eskes

Hoje em dia, a arquitetura emergencial relacionada aos desastres, entendendo como desastres as catástrofes naturais e os conflitos civis, está cada vez ganhando mais visibilidade e importância no cenário mundial. Dentre o total de desabrigados pós desastre, estima-se que, pelo menos, 30% das vítimas regressam as suas moradias, ou ao que sobraram delas, nas áreas de risco. (Dado fornecido a partir do seminário realizado pela Defesa Civil em Itaperuna, 2016). A partir desses dados, referentes ao significativo percentual de vítimas que regressam as áreas de risco após os desastres, surgiu o interesse de apronfudamento na pesquisa do tema afim de entender como a questão arquitetônica está atrelada a esses 30%, e como um bom planejamento arquitetônico pode auxiliar na solução dessa questão. Através de análises mais aprofundadas de alguns desastres selecionados, foi possível constatar que ainda é muito falha as estratégias do modelo habitacional existente pós desastre para prover abrigo as vítimas. A partir dessas conclusões, o presente trabalho busca modelo habitacional alternativo e complementar ao existente em resposta ao déficit habitacional proveniente de catástrofes naturais ou conflitos civis, através da identificação de um certo desperdício de tempo, material e financeiro nas

intervenções imediatas que não focam em uma resolução com continuidade, atrelada as perspectivas futuras. O que gera uma lacuna entre o período pós emergencial até a entrega da moradia permanente, fato que faz com que as famílias regressem para as áreas afetadas. Ou seja, o modelo vigente, opera apenas como um paliativo, sem resolver de fato o problema do déficit habitacional a longo prazo. O modelo habitacional proposto, não se limita a solução de um determinado período da situação transitória das vítimas, e sim um período de tempo que abrange a transição entre as fases de uso emergencial e sua reapropriação e adaptação como habitação permanente e evolutiva, propondo assim, resolver a lacuna existente no modelo habitacional atual. Devido a restrição de caráter financeiro, as unidades habitacionais entregues, levam em consideração as necessidades sociais e funcionais mínimas de cada etapa, entendo como “mínimo”, não somente as exigências físicas das atividades domésticas, mas principalmente as exigências psicossomáticas e as de relações sociais. Em resposta as habitações mínimas, propõe-se que elas sejam evolutivas, associadas a uma maior polivalência e versatilidade do espaço habitado, de modo que cada família possa adequar sua unidade de acordo com seu modo de vida,


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32_Livro TCC 2017 Em alguns casos, a concessão de terrenos definitivos para a implementação das habitações pode levar um certo tempo, sendo necessário a implantação inicial dos abrigos emergenciais em terrenos ou locais provisórios, até que o terreno definitivo seja estabelecido. Sendo assim, o modelo habitacional prevê dois diferentes ciclos. A partir de uma análise geral dos possíveis materiais a serem utilizados, o OSB e o Concreto PVC são os materiais que respondem melhor as necessidades do modelo habitacional proposto. Articulam seus elementos construtivos e sistemas de construção simples, o que possibilita uma maior evolução e adequação às mudanças dos usuários.


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Prática da Autogestão Habitacional: definição de manuais de auxílio + assistência técnica Clarissa Lana Franco Orientadora: Nanda Eskes

Se encaixa no contexto da precariedade da moradia no Brasil e trata da autogestão habitacional, da relação do morador do território informal com sua casa e da falta de diálogo entre o mesmo e o profissional de arquitetura. O projeto se desdobra em 2 partes: - Definição de manuais de auxílio; - Assessoria Técnica. Sendo assim, é composto pela pesquisa, teoria e estudo de referências; pelos Manuais de auxílio a autogestão da moradia; e pelo Projeto Morar Melhor. O principal motivador pessoal para esse tema, como estudante de arquitetura e moradora de São Gonçalo, foi o choque de realidade pelo qual eu passava toda vez que fazia o trajeto da Zona Sul do Rio até em casa. E também, no momento em que vim morar na cidade do Rio e me percebi imersa nessa paisagem que diverge entre “morro” e “asfalto”. O Rio de Janeiro, por motivos topográficos, deixa explícito o tempo todo a disparidade social dos lares brasileiros. E independente de todas as diferenças visuais entre essas residências, foi o contraste entre o modo de habitar tão estabelecido e dono do território formal comparado a provisoriedade que se vê nas margens da BR-101 e nas favelas, que me abriu os olhos para o desamparo da população de baixa renda frente seu modo de habitar. Acontece que apesar da moradia digna ser um direito constitucional de todo cidadão brasileiro, ela

é uma mercadoria e o que define sua qualidade é o quanto de dinheiro se tem disponível. Isso interfere diretamente no planejamento e execução da casa e, consequentemente, acarreta prejuízos e problemas que resultam em mais gastos com adequações e reformas para os mais pobres. Nesse ponto, o projeto começou a tomar forma como um meio de instrumentar o morador do território informal para lhe oferecer condições de lidar de uma maneira mais fácil com a autogestão da sua moradia, ou seja, se encarregar de cuidar da produção da sua casa. A partir daí surgiram os Manuais, uma compilação de informações destinadas a mostrar opções e soluções básicas para algumas situações recorrentes durante o planejamento e execução de uma casa. Com o objetivo de: - Instruir o morador de casas precárias com relação a questões básicas projetuais e construtivas; - Proporcionar ao beneficiário de políticas públicas de habitação conhecimento para questionar se aquele projeto é adequado para atender da melhor forma possível às suas demandas; - Auxiliar as Assistências Técnicas habilitando clientes a um diálogo mais equilibrado com o arquiteto. E com a meta de ressignificar frente a famílias de baixa renda do conceito de morar, para que pos-


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sam deixar de lado a provisoriedade e, mesmo que executando aos poucos, consigam elaborar um planejamento do que a moradia um dia vai ser. Tudo isso de maneira mais econômica e segura. Aproximando moradores do território informal da habitação digna, e consequentemente, ampliando suas possibilidades de desenvolvimento socital. Através de uma análise de iniciativas como os Mutirões Autogeridos durante o governo de Erundina na cidade de São Paulo, o PAP na cidade do Rio, e o trabalho da ONG Arquitetura na Periferia em numa ocupação em Minas Gerais, a Assistência Técnica, que recentemente se tornou um direito constitucional, se mostrou uma maneira eficiente e abrangente para a utilização dos Manuais. Para a aplicação da ideia optou-se por conciliar o uso dos manuais a oficinas semanais ministradas numa escola com produção conjunta e foco em melhoria residencial. Esta ação recebeu o nome de “Projeto Morar Melhor” e tem o objetivo de elaborar com cada estudante um projeto e um plano de melhorias. A escola escolhida, o Instituto Nossa Senhora de Lourdes (INOSEL), se localiza na Gávea e atende em sua grande maioria estudantes moradores da Vila Parque da Cidade e da Rocinha. Dessa maneira, o envolvimento de estudantes no processo permite trabalhar a importância de ser um agente de mudanças na sua moradia com uma nova geração.


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Do grande Portugal ao Portugal pequeno: As influências da ocupação portuguesa no território da Ponta D’Areia David dos Reis Orientadora: Leila Silveira | Co-orientadora: Vera Hazan Berço da escola de Sagres e dos princípios da navegação moderna, entreposto comercial e líder da expansão marítima, o exíguo território com extensa faixa litorânea, porção mais ocidental da europa, não tinha outra escola se não lançar-se ao mar. Publicado em 1934, as vozes de Infante D. Henrique, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães traduziam, através das grandes navegações e conquistas, o espírito português e sua forte ligação com o mar. O espírito do conquistador do passado, resgatado por essas vozes, era o mesmo espírito dos conquistador do presente, dos imigrantes que saiam de Portugal em busca de melhores condições de vida perante a miséria do campo português. Para além do tradicional estigma de colonizado e colonizador, percebemos atualmente duas identidades culturais distintas mas repletas de semelhanças e familiaridades, como duas linhas de tempo que se tangenciam ciclicamente. As duas influenciam-se de maneira mútua, seja através da arquitetura, onde a produção de Oscar Niemeyer exerceu grande influência sobre os portugueses, ou até da música, onde Carminho1 canta a obra de Tom Jobim como se canta o fado. Por outro lado, a influência portuguesa se fez presente na constituição da morfologia urbana de muitas cidades brasileiras, através das tipologias arquitetônicas, da devoção religiosa, da relação com o trabalho e com o mar.

O mar e os morros; a linha de litoral e a de cumeeira, são elementos definidores do modo de ocupar português, reproduzido em várias cidades brasileiras: “Em um novo mundo, a conquistar e a defender, os portugueses reproduziram as conformações físicas e afetivas das cidades de sua terra natal(...)” (Sigaud, Pinho, 2000)2. A linha de litoral representava o comércio, a pesca e a navegação, e a linha de cumeeira, estava associada aos espaços de poder, “(...) para que, do alto , em fortalezas e igrejas, olhos vigilantes guardassem seus domínios sobre os espaços e as almas” (Sigaud, Pinho, 2000)


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Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa


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Acupontos: Residência Artística Como Catalizador Urbano no Santo Cristo Fernanda Leite Orientadora: Mariana Vieira | Co-orientador: Adriano Mendonça Acupuntura Urbana é o estímulo de um ponto em menor escala - acuponto -, que tem potencial de transformação no entorno. Residência Artística consiste num programa de ações voltadas para o incentivo à experimentação, inovação e pesquisa no campo artístico. A Residência é composta por espaços individuais, ateliê e espaços coletivos, cozinha; café; biblioteca; oficinas de trabalho e espaço expositivo, nos quais aconteceriam o convívio entre artistas e eventualmente com o público. Além de um espaço de praça para entorno. O ateliê comporta as atividades de trabalho; residência e convivência e foi a partir dele que o módulo espacial do projeto foi desenvolvidos. Este possui pavimento térreo com pé-direito duplo, onde estão áreas molhadas e espaço de trabalho individual, e mezanino deslocado sobre o módulo, que além de ser o quarto do usuário, gera sob si um corredor de acesso aos ateliês. O sistema de fachada possibilita diferentes condições de iluminação, ventilação e privacidade, adaptando a residência à diferentes tipos de artes e necessidades dos usuários. O Laboratório Urbano é um local de trabalho e encontros públicos. Com o térreo livre, o Lab pode receber exposições, performances, workshops, e outras atividades. Seu sistema construtivo, permite desmontar e remontá-lo em outro lugar.

Cortes


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Diagrama


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Fachada Praรงa do Santo Cristo


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Fachada Laboratรณrio Urbano

Facha Rua interna


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Dinâmicas do vazio: Transfiguração do Vazio Urbano através de estratégias produtivas Flavia Lessa Orientador: Rodrigo Rinaldi | Co-orientadora: Elena Geppetti O presente trabalho busca investigar caminhos alternativos para a lonnu­lação do projeto urtiano no crescimento da cidade de Volta Redonda, a partir da identificaç/lo de um vazio urtiano estrutural na área central da cidade, anbgo aeródromo desativado há 20 anos. A área se encontra na curva do Rio Paraíba do Sul, que corta a cidade de leste a oeste, no acidente geográfico que dá nome a cidade, sendo assim, uma área de forte significado simbólico A existência desse enorme vazio traz a possibilidade de translonnação da significância negativa dessa área em oportunidade na construção de uma nova cidade, atenda à demandas ainda não atendidas pela dinâmica atual. Entender que esses vazios são possibilidade de respiro para a cidade, onde o imprevisível pode acontecer e as energias são recuperadas, nos traz uma percepção de que não devemos ocupá-lo completamente, devemos investir em estratégias para transngurá-lo. Vazio sim, mas com outro significado Pensar a cidade contemporânea e seu futuro através da transfiguração desse vazio urbaoo, buscando rof ’ll)er com o princípio de oposiç:::.O que hoje separa as cidades das realidades naturais,essenciais para aqualidade de vida no meio urtiano, através de usos complementares e não áreas monofuncionais, entendendo que não M uma relação de compelmentariedade entre os meios rural e urbano, mas sim de dualidade competitiva

A proposta tem como objetivo atuar na cidade através da criação de espaços de encontro, onde as pessoas possam ter liberdade na construção de um novo cenário urbano, que permite espaços de experimentação e prOOução colaborativa, onde o morar, prOOuzir e consumir convivam, e em que a relação de cidade, comunidade e meio ambiente ocorra de maneira equilibra­da, partindo de uma lógica diferente, do entendimento do vazio, conferindo qualidades aos lugares que devem permanecer sem ocupação para que a cidade possa existir. Pensando a paisagem urbana como um todo integrado e sistémico, com o desenvolvimento de um plano nexivel e ajustável para o desenvolvimento


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ele uma cidadeoom melhores condicoes urb;Jnas e ecológicas. Aproximar a populaclio do rio e construir um cenário urna no. onde espaços de áreas verdes e áreas úmidas agregam qualidade na vivência da cidade,permitindoque as pessoas se envolvam nos processos naturaisque são tipicamente estrangeiros nos ambientes urbanos. conferindo resiliência a uma área ambientalmente frágil. porém com alto potêncial construtivo Criando um futuro para a cidade,contrastante com a pais­agem atual, muito poulída pela presença de uma enorme us;na de aço na região central e com poucas áreas verdes.

Princípios de ação

O projeto foi pensado de modo processual, com uma estrutura dara do que seria um plano para um futuro em 10 anos, en­tendendo que a existência de espaços nexiveis. com mulbup­las bpologias urbanas e p.aisagisticas sobrepostas formando uma estrutura básica, ao invés de um desenho fechado e rígi­do, traz a possibilidade de diversas dirnlmicas ele acordo com a demanda, tendo corno base a fiexibilidade, adaptatividade e sustentabilidade. Ao pensar um sistema de espaços livres, os processos tem­porais se convertem em elemento chave para o projeto. Por um lado. as quadras que combinam diversos usos e bpologias com diferentes áreas de produção e lazer podem ser ocupa­das de acordo com as demandas de crescimento da cidade, poroutro lado os novos sistemas naturais se consolidarão através dos parques e se integrarão à matriz florestal ao longo dos anos.


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Residencial para idosos na cidade em construção Gabriel Mota Orientadora: Moema Loures

A idéia do projeto foi trabalhar com um residencial para idosos, levando em conta o envelhecimento da população carioca e brasileira. Um grande desafio nesse projeto foi lidar com as diferentes escalas, uma onde os idosos pudessem continuar em convívio com a sociedade e outra onde tivessem seu espaço íntimo que servisse as suas necessidades mais específicas.

em idade, nota-se que é um grupo diversificado e com diferentes características e objetivos. Em resumo, praticamente todo idoso quer se manter ativo e envelhecer com qualidade de vida, liberdade e independência. Isso quer dizer, se manter vivo.

Quem é o idoso e o que procura?

O projeto é situado numa área da cidade que ainda não é consolidada, mas que vem recebendo uma demanda alta de moradias.

No Brasil, são considerados idosas as pessoas a partir de 60 anos de idade. Pela grande diferença

O objetivo do projeto foi realizar uma base para implantação de um quarteirão de 16.000m². O

Perspectiva


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principal foi desenvolver a fundo um residencial para idosos em parte desse terreno, também deixando setores específicos para construções comerciais ou residenciais e uma área de transição e convívio entre os futuros edifícios.

Implantação final

Planta térreo

Entrada


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Baía de Guanabara como sistema cultural Heloisa Zegobia Orientador: Pedro Lobão

A Baía de Guanabara é um símbolo nacional, internacionalmente conhecido e protegido pela ONU, desde 2012, como patrimônio da humanidade. No entanto, desde sua descoberta, a baía tem sido destino do indevido e crescente descarte de lixo e esgoto, processo hoje drasticamente intensificado, faz com que o estuário encontre-se em extremo estado de degradação ambiental. O território da Baía de Guanabara estabeleceu-se repleto de tensões, onde as profundas desigualdades entre o poder político e econômico, impactam diretamente os usuários da água da baía. Sua atual configuração é o resultado de diferentes e indevidas formas de apropriação dos territórios, além da consolidação e sobreposição e disputa de políticas públicas variadas.

Qualidade da água

Ocupação de entorno

Diante desse contexto, hoje a baía afasta as pessoas de seu convívio. A partir do entendimento das sucessivas formas de apropriação do espelho d’água e seu entorno - resultado de um comportamento cultural - esse trabalho propõe a reaproximação das pessoas da baía e, com isso, a estimular a apropriação saudável capaz de resgatar o pensamento coletivo, o sentimento de pertencimento àquele espaço e, por fim, o elo atefivo perdido ao longo do tempo.

Aeroporto Santos Dumont

Atracadouros


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São Gonçalo

Piedade

Estrela

Duque de Caxias

Praia do Galeão - Aeroporto

Mapa da Baía de Guanabara

Mapa da Região Hidorgráfica da Baía de Guanabara


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Esporte de alto rendimento: Requalificação dos CIEPs a partir da lógica dos GEOs Isabella Lopes Orientador: Luciano Alvares

Considerando o cenário em que nos encontramos, em que o município do Rio de Janeiro é uma cidade que apesar de ao longo de sua história tenha investido em políticas de incentivo à Educação, com propostas como as de Anísio de Teixeira e Darcy Ribeiro, a cidade pouco investiu em políticas de incentivo ao Esporte, principalmente no que diz respeito ao de Alto Rendimento.

Mais do que funcionar como eixo conector e distribuidor do programa da escola, o boulevard se estabelece como um espaço de múltiplas vivências, propiciando áreas de permanência, áreas de atividades e áreas de circulação. Esse espaço, que ganha força com o uso da escola pela comunidade nos finais de semana, tem como objetivo refletir a lógica multidisciplinar que o programa proposto

Dessa maneira, a proposta é utilizar o Projeto dos CIEPs, não só a partir de sua via metodológica, mas também de sua arquitetura e espaço físico, de maneira que os blocos anexos propostos se integrem ao edifício principal existente, requalificando e estruturando o espaço físico subutilizado para obtenção de Escolas vocacionadas para o Esporte voltadas a alunos de Ensino Médio e Fundamental de maneira a oportunizar a captação e desenvolvimento de atletas de alto rendimento de forma contínua associado à uma estrutura escolar de qualidade.

exige, criando ambientes que possam ser apropriados das mais diversas formas pelos seus usuários.

No projeto, a quadra poliesportiva além de funcionar como infraestutura esportiva, configura um dos principais espaços de concentração de pessoas da escola. Esse local que se apresenta como um grande vão central e como elemento de conexão do programa, pode ser visto de quase todos os pontos da escola, o que faz com que seu espaço tenha uso multifuncional e possa abrigar atividades esportivas, atividades coletivas, reuniões e apresentações.

Partindo dos mesmos conceitos do projeto do CIEP, em que a forma atua como estrutura através da modularidade e forte identidade da arquitetura, a proposta da Madeira Laminada Colada como sistema estrutural ocorre visando a leveza da arquitetura proposta frente à construção de peso que o CIEP representa. Dessa forma, o projeto de expansão ganha identidade visual e se coloca de maneira harmônica ao concreto como materialidade existente, onde os vazios se sobressaem aos cheios, favorecendo a integração visual e física da escola com seu terreno e entorno imediato. A associação dos pórticos ao sistema de vigas e pilares permitiu uma arquitetura leve, com atravessamentos espaciais e visuais, que junto aos fechamentos verticais em brises, telas metálicas e esquadrias de vidro fortaleceram a conexão da escola com seu contexto.


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Costura urbana: buscando conectividade, capilaridade, vitalidade e segurança para Manguinhos e Bonsucesso Isabella Peixoto Orientador: Raul Bueno

Localizado no subúrbio do Rio de Janeiro, o projeto analisou a relação que a linha férrea tem com a cidade e as deficiências urbanas geradas a partir dela, uma vez que o tecido urbano nasceu após a construção do corre­dor ferroviário, tendo seu crescimento linear limitado por este, assim como a comunicação entre as diferentes partes do tecido. O objetivo é a costura urbana através da ferrovia, conectando ambos os lados, leste e oeste; o projeto conecta as margens que hoje estão rompidas devido à presença da ferrovia. Portanto, há o tratamento dos espaços de borda e dos vazios que margeiam o eixo ferroviário e também a comuni­cação entre as ruas e as comunidades que estão isoladas, além de tornar mais acessível seu atravessamento e garantir permeabilidade visual no trecho ferroviário que está em su­perfície. Ou seja, foram tomadas decisões sobre como agir perante uma situação de segregação, provocada pela linha férrea em superfície ou pelo vazio existente sob a ferrovia e como transformar o tecido urbano, resgatando, acima de tudo, o direito à cidade, que deve ser comum a todos. Com a intenção de trabalhar com ferrovia em superfície e ferrovia elevada, existentes no subúrbio, que geram questões diferentes, foram escolhidos os bairros de Manguinhos e Bonsucesso. Ambos os bairros receberam in­tervenções recentes por parte do poder públi­co, mas que não resolveram

todas as questões de isolamento entre leste e oeste, principalmente. No recorte feito para ser a área de projeto, foi realizada uma intervenção buscando conectar as diferentes partes do tecido, rompidas pela ferrovia. Buscou-se trazer vitalidade para o local através da inclusão de habitações, comércio, serviços, cultura, ensino, áreas de lazer, entre outras, necessárias na região; e conectando a população de fora desses bairros à essa área, devido à intervenção no sistema viário. Portanto, a costura urbana foi projetada através de: > Sistema viário - para pedes­tres, ciclistas e veículos; > Arquitetura - que permite o atravessa­mento do pedestre sobre a ferrovia em Bonsucesso e a densifi­cação dos vazios sob a ferrovia em Manguinhos, e principalmente, fará com que a área pública seja habitada e apro­priada; > Paisagismo - que conecta o espaço através de parques, áreas livres permeáveis e novas áreas de lazer e esportes ao longo das margens do Rio Faria Timbó; > Permeabilidade Visual conseguida através da substituição dos muros da ferrovia por fechamento vazado; > Topografia através de um mirante com acessos de pedes­tres e veículos, próximo ao Abrigo Cristo Redentor. Foi feita uma ampliação no entorno da Estação de Manguinhos, para que esta pudesse ser detalhada. Esta área foi escolhida por sua forte propensão a se tornar uma centralidade, devido à


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presença da Estação e por ser o trecho que mais necessita de intervenções, por não possuir uma infraestrutura consolidada como em Bonsucesso. O projeto tem como partido geral a conexão entre as principais vias da região, Avenida Brasil, Av. dos Democráticos e Av. Dom Hélder Câmara, que estão em lados opostos da ferrovia. Para isso, foram propostos novos acessos a essas vias para conseguir uma conexão com o entorno e com bairros externos; e foi proposta uma intervenção na malha urbana interna a fim de vencer as rupturas existentes no tecido, causadas por interrupções na malha e por barreiras, como a ferrovia, o rio e os vazios. Entorno da estação de Bonsucesso


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Mobilidade urbana

Plano de massas

Zona Norte do Rio de Janeiro

Ă rea de estudo


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Entorno da estação de Manguinhos

Plano de massas

Corte estação Manguinhos


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Sistema construtivo em madeira: Módulo residencial progressivo e adaptável Leticia Gaspar Marcelo Bezerra

O projeto tem por objetivo possibiliar a construçã de residências mais ambientalmente conscientes de forma prática. Visanso atingir este objetivo, o sistema utiliza madeira de reflorestamento como principal insumo, sendo usada tanto na estrutura, quanto nos fechamentos. O uso da madeira de reflorestamento como uma alternativamaisambientalmente consciente que os materiais usuais na construção convencional se justifica pelo fato de ser originado de uma fonte renovável, logo uma fonte inesgotável, não tendo risco de entrar em escassez e assim não prejudicando as gerações futuras. Também por ser um material de produção abundante e favorável no Brasil, ter baixo consumo de energia no seu processo de produção, assim como por contribuir para a redução de C02 na atmosfera contido pelas árvores no seu período de crescimento e por auxiliar na preservação das matas nativas. Em 1971, a porcentagem de residências em madeira no EUA era de 83%, no Canadá de 90% e no Japão de 98%, enquanto que no Brasil, cuja área florestal é bem maior do que a dos demais países, as casas construidas com estrutura em madeira não chegavam a 2% do total (Freitas, 1971 ). Tais dados, mesmo que não atuais, destacam o quanto no Brasil não há a prática de utilizar a madeira na construção civil, mesmo que possuindo um grande potencial na sua produção.


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Centro de cuidado e desenvolvimento humano Leticia Mendonça Orientador: Alder Catunda

A Proposta trata da criação de um centro de cuidado e desenvolvimento humano, a fim de prestar serviços de assistência social e reabilitação, se deve à percepção de demandas da população que são ignoradas. Estas produzem deficiências socais que podem ser constatadas em equipamentos públicos, como saúde e do ensino, que por sua vez não conseguem suprir as necessidades da comunidade.

Reestruturação social

Desta forma encontra-se a necessidade de expandir programas que promovam o acolhimento, orientação e integração, através de práticas que estimulem a participação dos beneficiados, em busca de melhorias na qualidade de vida. Visando o acolhimento e acompanhamento dos cidadãos, transmitido valores humanos por intermédio de atividades culturais, esportivas, terapêuticas e educacionais, resultando pessoas mais engajadas e qualificadas para o convívio comunitário. O projeto trabalha a arquitetura de forma mais convidativa e acolhedora, confortando as peculiaridades de ambientes que prestam serviços sociais.

Rede de conexões CCH

Sistema


a de prevenção

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Equipamentos e CCDH

Integração dos bairros e seus equipamentos


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Porto de Itaguai: logística, indústria e infraestrutura verde Lucas Meneses Orientador: Marcos Favero

A partir do estudo das dinâmicas produtivas, logísticas e ambientais no contexto regional orbitante ao Porto Indústria de Itaguaí, o projeto investiga um “outro” cenário para o planejamento e implantação das atividades produtivas e logísticas existentes e previstas vinculadas ao Porto Indústria de Itaguaí, conciliando também dinâmicas ambientais presentes e futuras de modo simbiótico conseguindo atender as necessidades sistêmicas de cada esfera sem que nenhuma seja prejudicada pela outra. Se tratando de infraestruturas que afetam, além de seus contextos imediatos, esferas regionais, é necessário compreender a condição interescalar que desempenham, mapeando os efeitos gerados e suas consequências em cada camada do território. A pesquisa busca sua fundamentação em referencial teórico que investiga as dinâmicas que o processo de globalização contemporâneo provoca, em todo o seu conjunto, do global ao local, e como esta relação entre infraestrutura e território interdependente e indissociável estrutura as relações urbanas na contemporaneidade e comanda o modelo de desenvolvimento e de processos de ocupação territorial. A bibliografia de Henri Lefebvre sobre as dinâmicas e condições urbanas, sociais e econômicas da cidade contemporânea, e a contextualização destas teorias na disciplina

de Urbanismo por Neil Brenner e Martin Arboleda aplicadas em estudos sobre as dinâmicas de economias de extração pela America latina, ajudaram a estabelecer o panorama para a intenção investigativa deste projeto. O local em questão pode ser considerado um estudo de caso destas relações interescalares. Itaguaí, antes uma região de “fundos” para o Rio de Janeiro, com pouco interesse econômico, se encontra na convergência de todo um espectro de forças da globalização. O crescimento interrupto das atividades extrativas de minério do Brasil, quase exclusivamente dependentes do mercado internacional, exporta quase exclusivamente sua matéria prima extraída no sudeste pelo Porto de Itaguaí. Os grandes investimentos em corredores industriais e logísticos interligando as regiões produtivas dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro se estabelecem a poucos quilômetros do município e de seu complexo Portuário e Industrial. Neste cenário de transfiguração da paisagem, as dinâmicas ambientais e ecológicas pré-existentes vem perdendo rapidamente seu domínio da paisagem e seus sistemas sendo comprometidos por empreendimentos que desconsideram a importância sistêmica que o meio ambiente local desempenha na manutenção da paisagem. Alem disto, estes empreendimentos de alto investimen-


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Zacarias Entre a lagoa e a restinga, no litoral de Maricá Marcella Corrêa Orientadora: Vera Hazan

Maricá, pela localização próxima às principais cidades geradoras de emprego da região, pelo ambiente mais calmo, pelo menor custo de vida e pela beleza paisagística, tem atraído grande quantidade de moradores. Se por um lado, segundo a revista “Exame”, Maricá foi a 3ª cidade do país em crescimento populacional em 10 anos, por outro crescem também seus desafios sociais e ambientais. Diante dessa situação é identificado um paradoxo. A população que valoriza a cidade por suas belezas naturais é a mesma que a trata de forma destrutiva. Diante do atual contexto da cidade, fica claro que essa precisa se organizar e se estruturar para o crescimento, viabilizando a coexistência entre a população e a natureza. A partir desse entendimento definiu-se o tema desse trabalho: Interação social e ambiental, potencializando a vivência local e a apreensão da paisagem.

Situação atual

Em virtude desse tema, a área de aproximação é a Fazenda São Bento da Lagoa (F. S. B. L.), área de proteção ambiental. Essa é uma faixa de terra entre o mar e a lagoa composta pelo ecossistema de restinga. O recorte de estudo busca entender a relação entre restinga, comunidade de pescadores, lagoa, praia e Barra de Maricá, bairro praiano adjacente, mais próximo do centro da cidade.

Situação proposta


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Conforme análise realizada, percebeu-se que o desejo de ocupação predatória do mercado imobiliário, juntamente com a desvalorização e abandono da restinga e da comunidade local, tornam a área vulnerável. Entende-se que as carcterísticas peculiares da restinga fazem parte da cultura local. A partir disso a proposta é recuperá-la, repensando a relação das ocupações adjacentes de forma a minimizar seu impacto e oferecer maiores oportunidades de interação. A revalorização do ecossitema e da cultura local pela aproximação é um instrumento na construção da ideia de pertencimento da comunidade.


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Campus do porto

Maria Fernanda Stallone Orientador: João Calafate | Co-orientador: Marcelo Bezerra

Entre o período colonial e a concepção do recente projeto Porto Maravilha, a região portuária do Rio de Janeiro, objeto do presente estudo, passou por importantes transformações físicas e sociais que definiram a sua configuração atual. De um ambiente de vigorosa atividade econômica do século XVII até meados do século XX, o porto carioca passou à qualidade de região abandonada e esvaziada, dado a redução da operação portuária e a falta de incentivo de ocupação pelo poder público. Os olhos do governo se voltaram novamente para a região apenas recentemente, quando, em 2009, a Prefeitura do Rio de Janeiro deu início ao projeto Porto Maravilha, catalisado pela realização da Copa do Mundo e das Olímpiadas. De acordo com a legislação que estabelece suas regras, o projeto tem como objetivo principal a “reestruturação urbana da AEIU [Porto], por meio da ampliação, articulação e requalificação dos espaços livres de uso público da região do Porto, visando à melhoria da qualidade de vida de seus atuais e futuros moradores, e à sustentabilidade ambiental e socioeconômica da região”. A Prefeitura acertou em dar início à reestruturação urbana da região, seja por sua relevância histórica, sua importância para o desenvolvimento econômicosocial da cidade ou pela atenção aos seus moradores ao requalificar uma área degra-

dada, no entanto, o projeto peca na escolha dos instrumentos transformadores. Os novos e modernos prédios comerciais são um acréscimo positivo para a zona portuária, mas não são capazes de promover a requalificação e ocupação pretendida. Fomentados de forma quase exclusiva, esse tipo de uso deixará lacunas abertas na necessária articulação de espaços livres, melhoria da qualidade de vida dos moradores, ocupação residencial da área e, consequentemente, na construção de uma região dotada de sustentabilidade socioeconômica. O incentivo a edificações muito elevadas cria um ambiente que distoa das construções históricas e com elas não se harmoniza, mas se sobrepõe. A função dada às novas instalações direciona-as ao viajante, seja turista ou o mesmo o morador de outro bairro que ali só aparece a trabalho ou a lazer. É nesse contexto que se insere a Universidade. O estabelecimento de uma instituição de ensino na região apresenta-se como bom instrumento para promoção dos efeitos sociais e econômicos pretendidos pelo poder público com a realização do projeto Porto Maravilha. A Universidade pode ser a peça que falta no quebra cabeça que permitirá ao projeto de reestruturação urbana cumprir sua missão de requalificar, agregando novos moradores e não segregando os antigos, modernizando instalações sem inutilizar as existentes,


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promovendo emprego e, finalmente, unindo os diferentes “portos” que compartilham um mesmo espaço.

Localização: Cidade de Seus

Barreira física

Proposta de abertura do terreno

Estrutura

Aproveitamento da estruutura e circulação existentes


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Estufa para mudar pessoas Mariana Vieira Orientadora: Mariana Dias

Estufa é uma estrutura utilizada para proteger as plantas, e criar condições ótimas para seu desenvolvimento. Traçando um paralelo com o equipamento utilizado para cumprimento da medida socioeducativa de internação, percebemos que, podemos utilizar estes espaços para auxiliar num melhor desenvolvimento dos adolescentes internados. Porém se associarmos a ideia da estufa negativa — que não possui condições internas satisfátorias — aos equipamentos atuais e observamos suas estatísticas, percebemos que más condições ambientais contribuem negativamente para a ressocialização, podendo impusioná-los para delitos maiores. Estes equipamentos não devem funcionar como um espaço de aprisionamento, mas como espaços de resgate de uma geração negligenciada pelo estado. Para isso analisei as ambiências e espacialidades destas instituições, os parâmetros arquitetônicos da legislação vigente e propus novas soluções e configurações espaciais para este tipo de equipamento. O projeto busca atenuar os impactos psicológicos que os dispositivos fundamentais destas instituições causam aos adolescentes gerando espaços que promovam bem estar ao interno.

Centralidade do terreno em relação à duas importantes vias da Baixada Fluminense, facilitando o acesso dos familiares à unidade e mantendo os jovens próximos as suas cidades. Terreno próximo ao centro do munícipio, desfaz a estigma de implantar estes equipamentos isolados. Atualmente as instituições são definidas por um “dentro” — espaço onde ocorrem as atividades, intraedificação, geralmente sem contato com o externo ou vegetação —, e por um “fora” — espaço do terreno, extraedificação, contato com a ambiência externa, vegetação. O projeto mescla estes dois cosmos criando espaços com características do “fora” dentro do “dentro”, minimizando o estresse ambiental do adolescente por estar em um ambiente fechado. As diferenças de nível no terreno, se dão pela criação de platôs que tem a função de dividir o programa e dar mais privacidade às atividades. A barreira vegetal ajuda a subdividir as atividades do equipamento e permite que o adolescente possa ocupar os espaços externos as edificações. As barreiras utilizadas para organizar as atividades internas (platôs e barreiras de vegetação) se configuram de modo camuflado e também permitem que os adolescentes possam ocupar as áreas externas as edificações.


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Espaços de lazer e convívio são distribuídos pelo terreno criando um sistema de praças. O projeto se configura como uma cidade em escala reduzida, na tentativa de reproduzir as ações diárias do jovem fora da instituição.


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88_Livro TCC 2017 Este projeto tem por objetivos: • Promover habitação na área central da cidade para a população de baixa renda aproximando a moradia à maior oferta de trabalho e infraestrutura. • Pesquisar através do projeto da habitação de interesse social sistemas construtivos passíveis de serem implementados e que possam promover um melhor custo benefício. • Estimular a diversidade sociocultural e o exercício de viver em coletividade nos espaços de convivência e de uso coletivo a serem propostos no projeto. No município do Rio de Janeiro a política habitacional que tem predominado nos últimos anos encontra-se fortemente apoiada no programa federal Minha Casa Minha Vida (MCMV). Assim sendo, foi necessário aprofundarmos nossa pesquisa sobre esta política a fim de melhor conhecer o cenário atual onde os diferentes atores envolvidos – setor imobiliário, governo e consumidor (população) elaboram suas políticas, projetos e demandas e como elas são atendidas ou não. As políticas habitacionais desenvolvidas no Brasil, em geral, têm se orientado segundo a lógica mercantil na qual a prioridade é a busca pelo lucro em detrimento da qualidade da moradia, da localidade ou mesmo em atender o direito básico à moradia do/a cidadão/cidadã. A implantação do conjunto habitacional foi determinada pela modulação de 600x600mm dos montantes do sistema construtivo de modo a criar três praças com características diferentes: uma pública para a cidade, com espaço para a re-

alização de feiras; praça seca, para atividades de lazer e recreação infantil e uma praça com maior arborização para convívio. Os edifícios estão afastados da divisa para ventilar e iluminar os apartamentos. Esse afastamento foi aproveitado como quintal dos apartamentos térreos e próximo as circulações verticais como bicicletário. Nos pavimentos superiores, os corredores localizam- se voltados para a divisa, para que as varandas dos apartamentos tenham visada para as praças. Os edifícios de dois pavimentos possuem em sua cobertura uma horta comunitária, um local que pode ser também um espaço de socialização, fortalecendo a vida social e cultural da comunidade. Além disso, há também um sistema de captação de água pluvial para irrigação dessa horta. Na cobertura dos edifícios mais altos foram instaladas placas solares capazes de fornecer energia para o conjunto habitacional.


Arquitetura e Urbanismo PUC Rio_89 Seguindo o pensamento industrial e racional do projeto, os banheiros dos apartamentos são pré-fabricados com estrutura em Light Steel Frame, para isso, são todos iguais, o que reduz o custo e o tempo da obra. Visando um menor número de paredes hidráulicas, os apartamentos foram distribuídos de modo que as prumadas fossem alinhadas verticalmente, isso permitiu uma variação de unidades por pavimento.

Mapa de usos


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Natureza urbana: Um estudo sobre a presença de conceitos fundamentais nos parques urbanos Natalia de Freitas Cruz Orientador: Masao Kamita | Co-orientadora: Ligia Saramago A necessidade de pensar a vegetação como infraestrutura e paisagismo ao mesmo tempo. Representação e fenomenologia são aspectos importantes para a compreensão do paisagismo, bem como a história das áreas verdes em cidade. Por isso, é necessário que se entenda como estes aspectos se relacionam com a vegetação, matéria-prima do paisagismo. A conscientização acerca da infraestrutura verde e proliferação de áreas vegetadas na cidade causa impactos na percepção da cidade que precisam ser entendidos e, por fim, explorados.

CONCEITO I - NATUREZA Heidegger, no livro Introdução à Metafísica, argumenta que a tradução de physis para o romano natura acarreta na perda de significado. O sentido de nascimento, assim, está mais próximo de natura do que de seu termo originário, physis, cujo conceito verdadeiro, segundo o filósofo, assemelha-se à força – no sentido de que algo move a existência para que este mesmo algo possa existir. Conforme Heidegger, “physis é o próprio Ser, na virtude em que os seres primeiramente tornam-se e permanecem observáveis.”


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CONCEITO II - PAISAGEM Sugere-se que a visualidade de paisagem como a conhecemos, tenha nascido do texto de Petrarca, sobre o que chamou de “ascensão ao Monte Ventoux” - as origens desta não se fundamentam, ao contrário do que somos levados a pensar, em representações visuais. Este relato é considerado por muitos como um marco no nascimento do humanismo renascentista – segundo Jean-Marc Besse, ele teria marcado a transição entre a concepção medieval e a renascentista acerca da paisagem. A busca desinteressada de Petrarca pe-

las visadas no Monte Venteoux é de onde nasce o olhar moderno, que trata de uma curiosidade acerca da natureza de forma a entendê-la.


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Habitação para a 3a idade Nathalia Trigo Orientador: Celso Rayol

Após uma série de pesquisas e argumentos levando em consideração dados e questões importantes na vida de idosos, a criação de um RESIDENCIAL PARA IDOSOS vem como forma de criar um lar que possibilite aos seus moradores bem-estar, autonomia e interação. O sub-bairro da Barrinha foi escolhido como local para o projeto por diversas particularidades. Entre elas está a tranquilidade nas suas ruas - que são totalmente caminháveis. Pode-se dizer que o sub-bairro possui uma escala para o pedestre, diferentemente do bairo da Barra da Tijuca onde o carro é totalmente priorizado e há uma dificuldade de se caminhar pelo bairro.

radores do bairro através de um Boulevard com comércio em forma de atravessamento do terreno até o Píer; Optou-se em se criar 3 volumes independentes dentro do terreno para que pudesse ter ambientes diferentes dentro do próprio terreno.Essa escolha permite que se crie um percurso dentro do terreno, fazendo com o que o idoso esteja sempre “passando por algum lugar diferente”. Possibilidade de caminhar pelo bairro e manter um contato com a natureza e ainda proporciona uma interação com o bairro.

Boa parte do bairro margeia a Lagoa da Tijuca, mas alguns edifícios existentes impossibilitam a percepção da mesma na principal rua do bairro (Estrada da Barra da Tijuca). Isso acontece porque os edifícios se tornam barreiras visuais para os passantes que não percebem a existência da Lagoa nessa parte do bairro. O conceito do projeto é contrapor a ideia abandono, exclusão e tristeza em uma habitação direcionada para pessoas da 3ª idade. Para isso foram traçadas algumas estratégias: Criação de um eixo semi-público de ligação com uma área livre comum a todos os moradores do bairro com o projeto, devolvendo a vista e a percepção da lagoa da Tijuca aos usuários e aos mo-

Estratégia


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ComĂŠrcio no bairro/tempo de caminhada atĂŠ o terreno

Atravessamento


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Horizonte produtivo: O extravismo, o esgoto e o aterro Olivia Serra Orientador: Gabriel Duarte

Como princípio de ação deste projeto está a criação de um horizonte produtivo e saudável para uma paisagem que passou por um processo de quase esterelização graças à poluição da Baía Sul e implantação da Via Expressa Sul. O aterro tem 120 hectares e foi terminado nos anos 2000, desde então a prática extrativista na região nunca se recuperou totalmente, além do processo de aterro, que praticamente dizimou a população de camarões, a dragagem para a sua construção foi feita no banco de areia mais prolífico da Reserva Extrativista, o que, junto com os crescentes volumes de poluição na área, que tem pouca circulação pela formação geográfica, contribuiu para isso. Na tentativa de aplicar os conhecimentos adquiridos durante a investigação na área, elaborei uma lógica de intervenção projetual baseada em componentes de implantação genérica ou de metodologia replicável, estabelecendo condicionantes de implantação baseados na análise local. O foco principal foi no tratamento das águas urbanas e na promoção de melhores ambientes para a fauna local, especialmente marinha. Quando o aterro foi feito um grande problema foi identificado na drenagem urbana, para auxiliar na dispersão das águas que caem do maciço da Costeira do Pirajubaé 11 canais foram feitos, no entanto, esse escoamento é feito sem nenhum

tratamento, jogado diretamente na Baía Sul de Florianópolis. Apesar do impacto massivo do aterro, ele também propiciou uma oportunidade de interface e tratamento da água, a aprincipal proposta do projeto é nesse sentido, cada canal é considerado um sistema linear de intermediação e tratamento de efluentes urbanos, o que seria atingido atravéz de uma série de operações topográficas para o estacionamento dessas águas nas áreas com vegetação fitorremediadora. Os canais também foram considerados oportunidades de atravessamento, já que o fluxo de carros da Via Expressa dificulta muito a atividade peatonal na área. Como os canais atravessam a via, foi proposto o cruzamento de pedestres em passarelas no nível da água e a conexão das diversas atividades que já acontecem e passariam a acontecer no aterro.


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A principal meta do projeto era realizar um caso exemplar de intermediação das águas e melhora da sua qualidade em uma área aterrada. Essa filtragem naturalizada contaria com três operações principais de deslocamento de terra, para o redirecionamento do fluxo da água e três dispositivos que auxiliariam na filtragem e na condição urbana do aterro.

Sulcos Escavações

Mangues flutuantes

Deposições

Gabiões de filtragem

Passarelas


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Diagrama de usos


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Habitar para todos

Paula Baitelli Orientador: ALder Catunda

Tem-se por objetivo estudar o contexto de uma área considerada nobre na zona sul do Rio de Janeiro e tratar da inclusão de uma população menos favorecida no contexto formal da cidade. O projeto tem o intuito de promover habitações mais dignas e confortáveis para uma população excluída que, consequentemente, sem ter outras opções, opta pela habitação informal. O projeto leva como base três palavras-chave: habitação, inclusão e articulação. Enxerga-se a habitação de uma nova forma: não somente como local para residir, mas também para se conviver e interagir com outras pessoas e espaços, sem, dessa forma, definir a população designada para aquele local. Estes espaços seriam mais voltados para o coletivo, pensando também na necessidade de cada família, com possíveis expansões das moradias e articulações dos espaços coletivos e privados e destes com a cidade, pois percebe-se que há uma necessidade cada vez menor de grandes residências e, por conseguinte, espaços de convivência maiores, que se permeiem pelas habitações. Há o entendimento da área como uma possível potencialidade para a inclusão de diferentes classes sociais convivendo em vizinhança, já que Botafogo já tem uma considerável população de baixa renda que mora nas encostas. Essa, porém, fica a margem do que se pretende, que seria: inserir

essas pessoas, promovendo maior sustentabilidade social ao local. Visto que todas as pessoas têm direito a moradias dignas e também pelo fato de haver inúmeros imóveis mal utilizados e abandonados no Rio de Janeiro, inclusive de propriedade do Poder Público, a proposta visa ainda a maior inclusão de classes desfavorecidas, assim como, a redução drástica do tempo de deslocamento entre habitação e trabalho. O ambiente interfere no comportamento das pessoas e nas inter-relações que ela terá. Com isso, trazer essas pessoas para ambientes mais bem infra estruturados e mais próximos de seus afazeres, melhorará não apenas a qualidade física delas, mas sobretudo a mental; a realocação é indispensável. Entretanto, a forma como a habitação é vista, atualmente, no Rio de Janeiro, não está solucionando a questão da falta de moradias adequadas para a população menos favorecida. O Plano Diretor de São Paulo, por exemplo, estado vizinho do Rio, já lida com a questão social de uma forma muito mais expansiva e que traz imensos benefícios para a sociedade em geral, especialmente, lidando com a questão de inserir habitações sociais no contexto formal da cidade. O início de partida do projeto foi pensado conjuntamente com a estrutura, em que se definiu as


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tipologias dos apartamentos. Pensou-se em uma arquitetura econômica, com um sistema construtivo eficiente e com o melhor custo-benefício possível. Assim, optou-se pela utilização de pré-fabricados feitos a partir de uma modulação de 1,20m, já disponível no mercado. Através desse módulo, há uma economia de tempo, custo financeiro e diminuição de resíduos.


100_Livro TCC 2017 O projeto deve trazer espaços que possam se contrair e expandir, incorporando a necessidade que cada morador venha a sofrer; a identidade da casa está relacionada com a possibilidade de recriação que o indivíduo possa ter. O empilhamento das casas forma, consequentemente, lajes que podem ser apropriadas pelos moradores, que compram ou não esse direito junto com o apartamento, podendo ser uma área de lazer ou, inclusive, um local para se realizar uma atividade de trabalho e ter um ganho extra ou podendo também expandir para um novo quarto caso a família venha a crescer por exemplo. Devido a imprevisibilidade com que as mudanças ocorrem e afetam as habitações, é indispensável fazer construções que sejam mutáveis e adaptáveis a esses incidentes. A sensação de inflexibilidade está associada com a efemeridade como acontecem as mudanças, em que rapidamente esse local ou objeto é considerado antiquado.

A implantação traz um espaço voltado para a cidade, com equipamentos públicos e comércio, que adentram ao terreno e trazem movimento ao local. Um estreitamento na passagem cria um ambiente de lazer mais reservado para os moradores ao fundo do conjunto. Essa passagem, entretanto, seria uma continuidade da própria rua, em que, se formariam alargamentos e estreitamentos, diferenciando os espaços e sensações vivenciados neles. Optou-se por um gabarito mais baixo para que pudesse acompanhar a vizinhança e não se destoasse dela; também pela questão da ventilação e insolação e pela circulação para que não haja a necessidade de elevadores e possa haver uma promenade pelos caminhos criados. Cada escada abrangeria poucos apartamentos, pois cria uma ideia de posse e apropriação por parte do morador por se tornar um espaço semiprivado. Os locais de passagem, inclusive, podem se tornar

Corte B

Corte A

Quarto menor


Arquitetura e Urbanismo PUC Rio_101 espaços de convivência, já que, o interior de uma casa, cada vez mais, está conectado ao exterior dela, fazendo com que um mesmo espaço possa ser público e privado. Com isso, o modo como o espaço coletivo é visto não se refere a como ele está organizado e nas células que o compõem, mas sim na forma como acontecem suas relações intersociais e na relação que as pessoas têm com o espaço público. Por fim, a paginação de piso no térreo, que proporciona esse caminho ao pedestre, também dentro do módulo de 1,20m, chama-se megadreno e traz a infiltração das águas nos solos, refletância solar e permeabilidade, feita através de matéria prima reciclável, seguindo o mesmo movimento dos blocos de apartamentos.

Quarto menor

Quarto maior

Quarto maior

Quarto


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Territorio contínuo

Renata Lima Orientador: Alder Catunda | Co-orientadora: Ligia Saramago

A nomeação do espaço do Parque como ‘Vortex’ vem acompanhada de diversos significados. A palavra é definida nos dicionários como um escoamento giratório ao redor de um centro de rotação onde as linhas de corrente apresentam um padrão de movimento circular ou espiral, surgindo devido a diferença de pressão de duas regiões vizinhas. Quando isso ocorre o fluido tende a equilibrar o sistema e flui para esta região, o vortex, mudando a direção original do escoamento e, com isso, gerando a chamada vorticidade.

integrar e amarrar todos seus elementos, como se fossem um só, e o todo dependesse da parte, como numa relação simbiótica.

Tal função remete diretamente à vocação do projeto, ou seja, devido a sua inserção num bairro tão caótico como a Barra da Tijuca, o Parque atua como uma zona de respiro, onde toda a tensão existente no entorno (trânsito, poluição, arranha-céus) “escoa” para o terreno e se esvai, “mudando de direção” e transformando-se em energia, criação, força e potencial, buscando criar uma relação de sinergia.

Tratar da temática tecnológica sem pensar em uma infraestrutura autossuficiente seria contraditório. Por essa razão, o projeto irá incorporar opções de energia renováveis que além de sustentar suas atividades, podem ter seu excesso de produção comercializado para as redondezas e revertido em forma de investimento para o próprio Parque, uma solução bastante contemporânea conhecida como ‘Smart Grid’. Outra forma de aliar a parte infraestrutural com o conceito visual de um parque é a implantação de um terril como uma alternativa para o recolhimento de lixo, já que essa colina artificial construída por acumulação de resíduos minerais, ressignifica o papel do lixo no sistema, tornando-o um agente relevante e ativo através da subverção desse material residual que é reinserido no contexto de uma forma positiva, ao gerar uma paisagem topográfica.

O programa do Vortex se baseia na intenção deste de além de suprir necessidades, servir como um modelo precursor a ser seguido por outros projetos arquitetônicos que visam criar uma rede infraestrutural e gerar benefícios para a região onde estão inseridos. O Parque não se limita à natureza intacta e contemplativa como acontece no Bosque da Barra, por exemplo. Ele buscar

Para que o mundo tecnológico e suas constantes atualizações sejam acompanhados de perto, o Vortex também abrigará um Centro Tecnológico- Científico (CTC) e oito Workshops espalhados pelo terreno e com programas variados. Ambos buscarão tratar o Parque como um grande campo de testes/experimentação, uma espécie de laboratório vivo que incorpora a tecnolo-


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gia descoberta e construída (dentro do próprio CTC) constantemente, voltando ao conceito de “anti-museu” proposto desde o início, onde a tecnologia está sendo incorporada e em constante mutação. Por último, mas não menos importante, o universo lúdico estará presente em cada partícula do Parque, visando uma aproximação de todas as faixas etárias com o aprendizado. Brinquedos, cores e experimentos, serão utilizados como artifício de ensino e entretenimento para os visitantes. Um meio de transporte que encurte a distância dos 20 hectares, também deve possuir essa essência de diversão, por isso a escolha do monorail (trem suspenso a uma certa altura por um trilho), que além de ter relação direta com o mundo lúdico, pode oferecer uma visão ampla tanto do Parque, quanto do panorama urbano (skyline) da Barra, que geralmente é “apreciado” sempre através de uma perspectiva “rodoviarista”.


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Agricultura e cidade

Rhaisa Capella Orientadora: Flaviana Raynaud | Co-orientadora: Ligia Saramago

Este trabalho partiu da inquietação pessoal sobre a relação da sociedade urbana com a origem do alimento, e procura entender e analisar, do ponto de vista da arquitetura, quais os fatores e atores que a influenciam, pretendendo compreender o papel do profissional de arquitetura neste entrelace. Dito isso, não há como classificá-lo nos antagônicos modelos de “teórico” ou “prático”, mas sim em um híbrido que procura questionar e atuar num âmbito mais primordial: o como agir antes do agir. Portanto, a finalidade aqui se torna uma de pesquisa e exposição dos contextos atuais, de forma gerar possíveis ações perante os desafios identificados; fornecer um panorama geral do relacionamento entre agricultura e cidade ao longo da história e através das diferentes escalas - mundial, federal, estadual, municipal e local -, e explorar os fatores que influenciaram e que moldam esta relação até hoje, com foco final na situação da agricultura urbana na cidade do Rio de Janeiro. Demonstrar que os problemas da agricultura, alimentação e saúde, são problemas urbanos de planejamento e design. Acima de tudo, é um trabalho de sonho, que busca idealizar a utopia de uma cidade social e economicamente justa, ecológica e nutricionalmente saudável, e mostrar que a utopia pode ser alcançada através da própria agricultura, unindo iniciativas populares, interdisciplinaridade e planejamento. Em um contexto mundial de mudanças climáticas

e riscos ao meio ambiente, surge a inquietação perante nossa atuação sobre o planeta e seu real impacto. Portanto, que nossa atitude não seja apenas de remediação ou conformismo, nem de acomodação no confortável colo daquilo que se é sabido; mas sim de investigação das raízes dos problemas, onde possamos nos munir do conhecimento interdisciplinar e da tecnologia para criar um novo modus operandi, uma nova forma de se pensar e atuar sobre o território. Em momentos de crise, a dificuldade sempre agiu como força motriz, que tira o pensamento da inércia e movimenta/estimula o homem a reinventar conceitos, repensar conexões e reorganizar sistemas, se utilizando da criatividade para gerar novas soluções para problemas conhecidos. Que este seja o momento de repensar nossas atitudes, no agora. Como responsável por 25% de toda a poluição mundial, a agricultura influencia cidades, modos de vida e culturas. Até o início das revoluções industrial e agrícola, o campo ditava a localização, capacidade e vias das cidades de acordo com sua capacidade de produção/fornecimento de alimentos e transporte, no entanto, tal situação se inverteu após a mecanização do campo e modernização das cidades; agora, o ritmo da vida urbana dita os modos de produção e consumo de alimentos, cidade e campo se distanciam e diversas disfunções surgem a partir dessa ruptura.


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Agosto Vermelho: Quando a rua é nosso lar Susan Guerra Orientador: Cadu Spencer

O tema que deu início ao meu projeto foi: o estudo da situação dos moradores de rua na cidade. Eu tinha como objetivos principais, entender as diversas dificuldades por eles enfrentadas, descobrir as suas necessidades básicas primordiais, e desmistificar, assim como criticar, o olhar e as posições tomadas, atualmente, para lidar com essa situação. Desde o início do Curso de Arquitetura e Urbanismo, observo o meu interesse pela informalidade urbana, as relações do corpo e a cidade e as questões sociais de forma geral. No caso dos moradores de rua todas essas questões estão envolvidas, pois temos a esfera social transbordando para situação espacial. Essa foi a razão que me fez escolher trabalhar com esse tema. O meu projeto nasce a partir de uma reflexão, não de um contexto ou programa, e cada fase da minha pesquisa levou a uma definição projetual. Esta prancha está estruturada de acordo com as minhas etapas de pesquisa, deixando claro o meu processo de trabalho. A primeira parte da minha pesquisa aborda, principalmente, o estudo das características dos moradores de rua, de suas necessidades básicas, dos tipos de apropriações realizadas por eles no ambiente urbano, das discriminações sofridas, do surgimento da cidade punitiva, das políticas públicas e dos equipamentos de apoio fornecidos na cidade do Rio de Janeiro.

Após essa fase de estudo, eu cheguei à conclusão que a maioria das pessoas imagina que para o morador de rua, a coisa mais importante é encontrar uma casa. No entanto, algumas pessoas não querem sair da rua, outras vivem a vida inteira sem ter um lar permanente. Eu gostaria de trabalhar com as necessidades primordiais daqueles que tem, mesmo que temporariamente, a rua como casa. Eu observei que uma das necessidades básicas menos atendidas, é a higiene, e permanecer limpo está ligado a nossa saúde e bem estar. Existem políticas públicas voltadas diretamente para o trabalho, moradia, alimentação e atendimento médico, mas não para higiene. No Brasil não existe um estabelecimento ou estrutura própria para banho e lavagem de roupas, por exemplo. Nesse momento, eu defini que queria trabalhar com o acesso à água no espaço urbano. Eu percebi que seria complicado abordar o tema higiene no meu projeto, pois ele possui uma carga muito negativa, está ligado a medidas agressivas e a imagem da cidade. Deste modo, eu resolvi entender a origem da ligação entre higiene, imagem e cidade. Após essa fase de estudo, eu cheguei à conclusão que várias transformações urbanas estiveram ligadas à higienização da cidade, como por exemplo, as medidas tomadas pelo prefeito Pereira


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Passos. As transformações urbanas provocaram segregações espaciais e acentuaram as desigualdades sociais.

poucos, o banho e o acesso à água potável tornaram-se uma prática individual e do domínio residencial.

A higiene foi e é até hoje muito ligada à imagem, muito mais do que à saúde. Atualmente, muitas pessoas não mais se relacionam diretamente com o espaço urbano, e fica cada vez mais clara a espetacularização da cidade, a cidade como cenografia.

Eu cheguei à conclusão que a água é um elemento de integração universal. A água é um bem fundamental, pois influencia nossa história e nossa cultura, consequentemente o nosso cotidiano. Não importa quem somos, o que fazemos, onde vivemos, nós dependemos dela para viver. A água é uma forma de contribuir com as necessidades básicas dos moradores de rua, e ao mesmo tempo ser acessível a todos com estilos de vida não concentrados em um único local, que estão sempre na estrada, que precisam de novos conceitos para viver, descansar e trabalhar.

Os moradores de rua são os que efetivamente praticam a cidade, uma vez que habitam literalmente o espaço público urbano, e o corpo é uma forma de resistência a essa espetacularização, são as apropriações que legitimam o que foi projetado. Nesse momento, eu defini que eu gostaria de fazer uma arquitetura que não só tivesse um caráter assistencial como também crítico social. Posteriormente, eu pesquisei sobre o acesso a água de forma geral e o seu processo de domesticação. As casas de banho, as bicas e chafarizes faziam parte do espaço urbano e eram polos de socialização. A lógica de racionalização e da distribuição de água trouxe a desativação de bicas e chafarizes e a substituição paulatina dos mesmos por equipamentos mais econômicos e salubres. Assim, aos

A partir dos estudos de ocupação, decidi trabalhar com uma linha metafórica, que se relaciona com o contexto da cidade. Esta linha corta o centro e se conecta à água nas suas extremidades, interligando espaços bem distintos, onde a água sofreu grandes transformações com o passar do tempo: o Porto e a Marina da Glória. Eu escolhi três pontos ao longo dessa linha para realizar minha intervenção, sendo a principal na Praça dos Arcos, na Lapa. Os outros dois locais são o Passeio Público e o Campo de Santana.


110_Livro TCC 2017 A Praça dos Arcos foi escolhida devido a sua relação com a história da distribuição da água, o seu simbolismo de manifestação e por ser uma área com grande concentração de moradores de rua no centro da cidade. Muitos dos espaços de abrigos e apoios, que deveriam ser medidas de auxílio do governo, acabam se tornando uma imposição autoritária visando uma uniformização do cidadão. Eu escolhi fazer estruturas efêmeras, levando o objeto para o contexto dos moradores de rua, ocupando espaços públicos para dar visibilidade ao projeto e trazer novas experiências e possibilidade de apropriações na cidade. A arquitetura efêmera é caracterizada por soluções de custos menos elevados e de rápida execução. Sua intenção primaria é apontar para a pura vivência do instante. A ideia principal do projeto não é solucionar um problema, e sim manifestar uma situação da cidade, além de criticar os limites entre público e privado, individual e coletivo. O material escolhido como sistema estrutural foi o andaime, porque ele afirma a crítica à imagem da cidade. É uma estrutura com cara de intrusa, que quase parece um empecilho, e ao mesmo tempo, é uma matriz espacial de baixa densidade. Este material explicita sua potência de suporte, transparência e de acolhimento dos espaços . A escolha do andaime é a busca da Tectônica e do contraste com a Arquitetura Estereotômica dos Arcos da Lapa.


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“O mundo não evoluirá para além de seu estado atual de crise usando o mesmo pensamento que criou essa situação.”

Albert Einstein


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Complexo da saude mental: Arquitetura na convergência com a diferença Tainá Diniz Orientador: Alder Catunda

A arquitetura em suas diversas dimensões possui a capacidade de propiciar aos seus usuários bem estar físico e psicoemocional. A configuração dos espaços, desde seu pé direito, materialidade, porosidade até seu dimensionamento, é capaz de despertar e influenciar as pessoas em suas atitudes e comportamentos.

As moradias assistidas terão o mesmo programa que tem hoje, porém estarão inseridas em um contexto que permita com que seus moradores interajam não so entre si, como também com a sociedade que os rodeia.

Tal fato é diretamente observado nos espaços arquitetônicos destinados à saúde, principalmente à saúde mental.

1-Atravessamento do terreno: por estar em uma esquina, é possível promover o cruzamento do lote, instigando os passantes a descobrirem o complexo

Além da problematização arquitetônica de espaços que não refletem o caráter de recuperação e ressocialização das pessoas com distúrbios e transtornos mentais, encontra-se um novo problema que contribuiu para a escolha da temática de projeto: a relação entre realidade e demanda. O programa psiquiátrico atual gira em torno de 3 edificações que geralmente funcionam de forma separada : Hospitais , CAPS e moradias assisitdas. Dessa forma, o complexo deve congregar os 3 programas acima que passarão a ser chamados aqui de programa 3 esferas, porém de forma remodelada ( conforme diagrama 1)-A parte hospitalar passará a ter um caráter mais clínico e terá internação em menor escala, somente em casos de extrema emergência. O CAPS receberá atividades mais abrangentes e que espaços que permitam o uso e a apropriação pela comunidade local.

A concepção do projeto parte de duas premissas principais:

2-Criação de uma praça central: Além de permitir trocas e encontros entre os usuários do complexo e a sociedade, a praça visa ser um local de uso para o bairro de modo que possa suprir a carência de espaços verdes no local. Dessa forma, esse espaço torna-se um atrativo para que a comunidade passe a fazer parte do cotidiano do complexo, ajudando a desmistificar a saúde mental.A implantação foi fragmentada em 3 “blocos” distintos, de forma que cada uma das 3 esferas do programa se materializasse em um edifício, cada qual com suas características de acordo com a necessidade do programa que abrigam.


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O lugar do intangivel, por outras formas de presença Tomas Camillis Orientador: Masao Kamita | Co-orientadora: Ligia Saramago

Um ferimento profundo se aloja no peito de um homem que, ao se sentir agora incompleto, escolhe descansar à sombra de uma árvore. Ele foi violentado. Sua pele abriga agora um branco pálido. Talvez, uma folha em branco que chama para si possiblidades de ação. Uma espada que, ao lado do homem, também se encosta no forte tronco da centenária árvore. Está limpa, sem marcas ou vestígios de sangue qualquer. Mas ainda está ali, à espera de alguma coisa. Em meio à essa composição de passividade e fadiga, um sinal. A mão esquerda do homem começa a se mexer, e aperta o seu outro braço, como quem procura conjurar uma energia há muito esperada. Um gesto de iniciativa. E a espada antes ociosa, ao perceber essa movimentação, se prepara para ser embainhada. O processo criativo pode rasgar cicatrizes e abrir ferimentos naquele que o imagina. Vales que cortam os limites do corpo e convidam o vazio a entrar, formando lacunas. Essas lacunas logo se tornam espaços de dúvida. Mas essa dúvida não é uma que enfraquece. É nela que reside o espectro de possiblidades que atrai a imaginação, e todo tipo de coisas frescas que se prestam a renovar e reinventar. A destruir para construir. É pelos vales cavados no peito que o coração toca a luz que o inspira a sair do conforto do corpo daquele que escreve. Onde não há a sombra de uma presen-

ça que aposta na certeza, todo tipo de vida pode florescer. As quatro histórias que habitam essas páginas possuem personalidades, essências próprias. Formas de se apresentarem ao mundo que brotaram do calor de uma busca sem rumo através da escrita. Nas próprias páginas cresceram, e delas querem navegar ao além, em direção ao vazio do mundo. Quem escreve ocupa, talvez, apenas um lugar tangencial à essa consciência própria do objeto. São criaturas selvagens. Criaturas cuja forma é aberta, mas repletas de vaidade. Pode-se dizer que exigem uma certa energia de quem escolhe as abordar. Caso contrário, não se abrirão. E mesmo quando desabrocham, não se revelam totalmente: escondem uma parte do seu ser em lugares onde as palavras impressas não conseguem alcançar. Elas não estão interessadas em informar. Não se afirmam autoridades. Não são explicativas, nem tentam convencer através de uma eficiência comunicativa repleta de argumentos convincentes. Não possuem um ponto a ser defendido, nem querem ter um objetivo final. Não desfrutam de uma agenda própria. A sua natureza não é a da retórica. Não procuram ancorar ninguém - pelo menos nem sempre. Por muitas vezes, lhe faltam informações que pavimentem a condução segura de quem as lê.


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Elas preferem ser vistas como experimentos. Experimentos que flutuam em um conjunto dissonante, formando uma atmosfera de pensamentos abertos que brotam dessas páginas com o intuito de sempre inaugurar tópicos de discussão, nunca de encerrá-los. Com o intuito de revelar, tornando alguma coisa presente. Uma atmosfera que tem um perfume, uma densidade, uma velocidade própria. Um corpo que se revela em uma dança de forças onde quem lê é por vezes obrigado a conduzir e por vezes convidado a ser conduzido. São, também, narrativas literárias que encontram na falta algum tipo de essência: seus corpos incompletos possuem fendas que rasgam e criam vazios. E é entre cada história que compõe essa atmosfera - e também dentro das próprias histórias - que essas lacunas existem. São como respiros onde o leitor é convidado a se confrontar antes de virar a página, em busca de algo que não se sabe ao certo como se revelará. Espaços ausentes, onde a suspensão da palavra suspende também a mente de quem as decifra, em um estado contemplativo que convida a imaginação - talvez por isso o uso de fotos tenha sido negado à essas páginas. Um estado de metade surpresa, metade dúvida. Metade conspiração, metade fé. Metade curiosidade, metade nostalgia. Essa sedução do sugerir faz parte do seu ser. Quem deseja imergir nessa atmosfera pode fazê-

-lo de uma forma ordenada, como a sua própria organização sugere, ou pinçando as histórias que voam acima de sua mente uma por uma, aleatoriamente. Mas essa atmosfera, mesmo que fragmentada, abriga um centro. Um centro que é da ordem de si próprio, e que não é totalmente estático. Ele se desloca conforme a leitura das histórias, sem nunca realmente sair do seu campo de conforto. O conforto das coisas que querem ser mais do que seus corpos lhe permitem ser. Temas de pesquisa que não se deixam segurar nas mãos, e permeiam - mesmo que de formas diferentes - todos os experimentos presentes nesse caderno. Esse centro está sujeito aos seus desejos, à sua vontade de ser. Pode-se dizer que a vontade desse caderno é a de não ser. A de se diluir na atmosfera, a de se deixar levar ao vento, a de sedimentar no tempo e ver o passar dos dias consumir a sua duração física, a de ser inventado e re-inventado em sonhos, a de ser esquecido e lembrado, a de ver a sua presença se tornar ausência, para que finalmente do vazio faça brotar alguma coisa. Como articular esse centro que procura através do estudo da arquitetura? A arquitetura é frequentemente vista sob a ótica da sua condição de estar presente, do seu ser material. Nossos edifícios não raramente assu-


118_Livro TCC 2017 mem um papel de controle. Suas paredes são fortes, densas, cheias, e dominam os nossos corpos - pelo menos no plano físico. Porém, não é apenas isso que corpos arquitetônicos são capazes de fazer. Eles também nos evidenciam formas de existência que compõe a alteram o mundo para além da nossa realidade mais facilmente percebida. Tornam presentes fenômenos antes ausentes, seja através de desenvolvimentos tecnológicos, de magia, misticismo e espiritualidade, ou por razões antropológicas de um mundo que começa a ver seus limites se tornarem líquidos. Um quase-toque que nos permeia com muros de pedras e lajes de concreto. Mas também com janelas que enquadram vazios. Esse caderno, como qualquer ser pensante, se vê dividido em dois pólos principais: o seu consciente e o seu inconsciente. O consciente que vê e que toca, que se entende pelas formas de presença físicas/materiais da arquitetura, e como elas revelam em si uma série de coisas que permanecem ausentes em essência. O inconsciente que se relaciona com as coisas que são em si imateriais, como o vazio, ou os sonhos - e como eles fazem aparecer coisas que são em si físicas/materiais. A presença que destrói e a ausência que constrói. Dois lados da mesma moeda, duas cobras que formam o mesmo ouroboro. E para aqueles que decidirem se aventurar por essa paisagem traiçoeira de palavras em meio-tom, um conselho: “pise suavemente, pois você anda nos meus sonhos”.


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Paisagens adaptativas Vitor Cattete Orientador: Marcos Favero

Com o cenário de mudança climática que foi apresentado, todas as cidades litorâneas do Brasil estarão vulneráveis a elevação do nível mar. A Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por ter erras litorâneas baixas, abaixo de 10 metros acima do nível do mar, é a área urbana do Brasil com maior vulnerabilidade devido ao tamanho da população que vive em áreas de risco e a importância econômica da região. Ao longo do tempo a linha costeira da Região Metropolitana do Rio de Janeiro apresenta uma estabilidade, que é perturbada apenas em ressacas, que causam erosão costeira, transtornos nas estruturas construídas na orla e o colapso das galerias de aguas pluviais, acarretando em inundações das áreas baixas, como em abril de 2010.

No cenário mais pessimista, que seria uma elevação de até 2,0 m, a cidade do Rio de Janeiro terá mais de 10% de sua área atingida, sendo o caso mais crítico o do Complexo Lagunar de Jacarepaguá, onde o espelho d’agua ira se expandir, atingindo áreas que foram ocupadas nas margens do sistema e infraestruturas que ligam a zona oeste ao centro, além de atingir áreas importantes da região e infraestruturas importantes para a cidade, como as instalações do Parque Olímpico, a comunidade de Rio das Pedras, o Bairro do Itanhangá e as ilhas habitáveis dentro do Complexo Lagunar. Como foi constado, ao longo da pesquisa, o caso mais crítico é o da região da Baixada de Jacarepaguá, sendo assim este trabalho propõe inves-


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tigar toda a região e os impactos da elevação do nível do mar na Área de Planejamento 4, que compreende as Regiões Administrativas da Barra da Tijuca, Cidade de Deus e Jacarepaguá, e que contam com um total de 19 bairros. Nas últimas décadas esta região foi o vetor de expansão urbana da cidade e consequentemente teve a maior taxa de crescimento populacional da cidade, com boa parte dessa população vivendo em áreas vulneráveis a elevação do nível do mar, e também recebeu muitos investimentos em infraestrutura, além de ser uma região com uma grande importância econômica para a cidade.

ças que vão desde os repetitivos alagamentos que a região já sofre quando ocorrem chuvas mais fortes, ao seu ecossistema frágil e degradado no Complexo Lagunar e o aumento do nível do mar que irá fazer com que o espelho d’agua das lagoas se expanda e atingia áreas que hoje são habitadas e por ondem passam infraestruturas importantes da cidade.

Nas próximas décadas a Baixada de Jacarepaguá irá enfrentar ameaças que irão afetar a vida de milhares de pessoas que vivem na região. AmeaExemplo de aplicação: Parque de Borda - Rio das Pedras


122_Livro TCC 2017 O projeto pretende idealizar soluções que possam não apenas proteger a região, mas que também explorem a relação entre água e vida urbana, combinando um espaço público de qualidade com estratégias para a gestão da água. Utilizando estratégias que combinam infraestruturas “duras” (hard infrastructure) – como diques, represa, polders, comportas e canalizações – e infraestruturas “macias” (soft infrastructure) – como zonas húmidas e relevos artificias (landform). Recuperar e reforçar o ecossistema do Complexo Lagunar, tornando-o um espaço verde central na vida urbana da Baixada de Jacarepaguá e assim aumentado a resiliência da área urbana, fornecendo uma base para o desenvolvimento urbano e a criação de novos espaços públicos que ajudem a tornar a região cada vez mais resiliente e preparada para as ameaças do futuro, mas que não deixem de tornar a vida urbana melhor.

Estratégias de projeto - Lagoa da Tijuca


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EstratĂŠgias de projeto


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