s e s a r f Éc s i a t n e i Amb Artef
cia n ê i C o azend
Prefeito de São Paulo Ricardo Nunes Secretário do Verde e do Meio Ambiente Eduardo de Castro Realização UMAPAZ Coordenação da Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz - UMAPAZ Meire Aparecida Fonseca de Abreu Direção da Divisão de Formação em Educação Ambiental e Cultura de Paz Andréa Bossi Organização Andréa Bossi Caetano Norichika Maíra Kahl Ferraz Pedro Cardoso Smith Diagramação e Ilustração Caetano Norichika
Concepção Multimídia Bruno Rossi Caetano Norichika Web Design/Concepção do Site Bruno Rossi Revisão de texto e ortográfica Mayara Parolo Colombo Nadime Boueri Netto Costa
Equipe de Comunicação da UMAPAZ Bruno Rossi Plínio Damin Facilitadores do curso Alberto Luiz dos Santos Alberto Tembo Duvivier Carlos Geraldino Christiane Tragante Elisabete de Fátima Farias Silva Estela Maria Guidi Pereira Gomes Flávia Vargas Luciano Sousa Ramos Maíra Kahl Ferraz Pedro Cardoso Smith
Participantes do curso Alberto Tembo Duvivier Aline Rigamonti Ramos Antônio Fernando Jorge Piragino Caetano Norichika Clélia Regina de Carvalho Camargo Daniela Batista da Silva Diane Cristina Oliveira Macagnan Fernanda Eiras Rubio Helena Quintana Minchin Isabela Lombardo Meniz
Jeimy Marcela Cortes Suarez Luciana Battelli de Mello Luciana Dias do Nascimento Marcus Vinicius Pinto Nunes Maria Isabel Veiga Bueno Paulo Eduardo Zioni Ferretti Rosana A. Candido Roseli Aparecida Silva Suzana Aparecida Barroso
1 - APRESENTAÇÃO O PROCESSO DE CONCEPÇÃO DO CURSO Página 5
4 - O QUE NÓS BUSCAMOS? Página 22
7 - COMO ESTE LIVRO MULTIMÍDIA "FUNCIONA" Página 28
10 - VÍDEO DE ENCERRAMENTO DO CURSO Página 138
13 - FIGURINHAS Página 143
Índice 2 - CONHECENDO AS PESSOAS QUE SONHARAM COM ESTE CURSO Página 8
5 - PROCESSO CRIATIVO DESTE LIVRO MULTIMÍDIA Página 23
8 - MONTAGENS "ÉCFRASEANAS" Página 30
11 - PLAYLIST DO ÉCFRASES Página 139
3 - PARTICIPANTES DO CURSO Página 11
6 - INTRODUÇÃO OS TEMAS DE CADA ENCONTRO Página 26
9 - PRODUÇÕES ARTÍSTICAS Página 32
12 - REGISTROS DO SARAU Página 141
DO CAOS NASCE A ÉCFRASE!
1 o ã ç a t n e s Apre e d o s s e O proc o s r u c o d o ã ç p conce
Como aconteceu com muitas pessoas, o percurso da vida foi totalmente modificado por conta da pandemia do coronavírus (COVID- 19). O mesmo aconteceu com o rumo deste curso, que foi idealizado no final de 2019, em parceria entre a Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ) e o Instituto Federal de São Paulo (IFSP)¹, duas instituições públicas voltadas à educação. Com a intenção de elaborarmos um curso que relacionasse questões da educação ambiental com outros campos científicos como a geografia, ecologia, arquitetura, biologia entre outros; e, tendo a paisagem como conceito suleador de nossas discussões, tínhamos, naquele momento, o plano de um curso que possibilitasse o desenvolvimento de uma reflexão para as questões ambientais e trouxesse oportunidade à tomada de decisões a partir de um olhar integrador entre os seres humanos e a natureza. _______________ ¹ A UMAPAZ foi instituída em 2006 e é vinculada à Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (SVMA) de São Paulo. Trabalhamos com a concepção do Livre Percurso e de metodologias integrativas nos temas relacionados ao Meio Ambiente e Cultura de Paz. O IFSP foi criado originalmente como Escola de Aprendizes e Artífices de São Paulo, em 1909 e se transformou em Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia a partir de 2007.
Entendíamos que a nossa sociedade apresentava incontáveis problemas de ordem social, econômica e ambiental, fato que ao nosso ver tinha relação intrínseca com a maneira que vivenciamos o mundo e entendemos a natureza, que ocorre de maneira primordialmente utilitarista. Nesse sentido, Krenak apontou que não somos a humanidade que pensamos ser, pois “[...]se acreditamos que quem apita nesse organismo maravilhoso que é a Terra são os tais humanos, acabamos incorrendo no grave erro de achar que existe uma qualidade especial humana” (KRENAK, 2020, p.42).² Este erro vem sendo apontado por muitos cientistas, especialmente a partir da década de 1970 com o surgimento da Educação Ambiental e a manifestação de movimentos sociais e organizações pautadas em causas ambientais. Há tempos os povos originários têm dado o alerta de uma crise ambiental atualmente evidenciada pela pandemia do coronavírus. Seria impossível discorrer aqui sobre as causas e consequências dessa pandemia para a nossa vida. Contudo, queremos compartilhar que as ideias de progresso e desenvolvimento econômico tão difundidas em nossa época, _______________ ² KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
embasadas por narrativas neoliberais, são o alicerce para que pandemias ocorram atualmente numa escala global. Isso porque o atual sistema econômico tem como objetivo incorporar ao máximo novos espaços e encapá-los na ordem produtiva do capital e da exploração humana. E assim, em nome desse “avanço”, biomas são destruídos e a vida humana, animal e vegetal são ameaçadas a todo momento. Esse pensamento faz com que muitas espécies de animais percam seus habitats e, consequentemente, passem a ter maior contato com os seres humanos, propiciando assim o surgimento de novas doenças. Portanto, entendemos que a pandemia do coronavírus é uma consequência das ações que estamos tomando enquanto sociedade e da maneira como entendemos a natureza. Enquanto educadores, sabemos do nosso papel social para contribuir na busca das construções e discussões que proponham outras alternativas a esse viés tão arraigado em nossa sociedade. Entendemos também que não são as ações individualizadas que acarretarão as grandes mudanças sociais que tanto precisamos, porém a sensibilização para essas temáticas se faz mais que necessária. Enquanto planejávamos nosso curso, nos deparamos com todas essas questões e uma mais, que não havíamos vivenciado até o presente momento: o confinamento. As medidas de segurança adotadas para conter a disseminação da COVID-19 incluem o isolamento social, e com isso
passamos a despender muito mais tempo em nossas casas, afastados não somente de pessoas, mas de muitos elementos naturais, especialmente aqueles que vivem em grandes centros urbanos. Assim, muitos de nós fomos buscar válvulas de escape para superar esse período, e nos reencontramos com as artes. A arte era algo que faltava em nosso primeiro esboço do curso, apesar de já estarmos atentos a ela. Naquele momento carecíamos de mecanismos e ferramentas para inseri-la em nossos planos. Contudo, a pandemia escancarou aos nossos olhos a necessidade de incluí-la nas aulas. Além disso, como educadoras e educadores, tivemos a liberdade de colocar em prática a metodologia da UMAPAZ, que propõe um ensino aberto, de livre percurso e com ferramentas de integração e desenvolvimento pessoal. E assim, reformulamos todo um curso, que intitulamos como: Écfrases Ambientais: Artefazendo a Ciência. E que “diábéisso”? Écfrases? Écfrases foi o conceito escolhido para estabelecer a ligação entre arte e ciência, pois segundo Martins (2020) é “modernamente” uma descrição de um objeto artístico ou de um experimento científico, o que não desvincula esse último de uma ideia de arte. O termo também possibilita a intersecção de linguagens e através das múltiplas expressões _______________ ³ Martins, Paulo. Écfrase. Vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HAhi44seGJ4>. Acesso 10/09/2021
artísticas, como desenho, cinema, poesia, escultura, arquitetura, fotografia, música, teatro e dança, estabelecendo o diálogo com a natureza e a ciência. Foi através da arte e suas diferentes facetas que o nosso curso se desdobrou. Todas as aulas foram permeadas por uma expressão artística em consonância com questões ambientais e da natureza. Para isso contamos com a participação e apoio de diversos/as professores/aseducadores/as-artistas, o que contribuiu para a amplitude e diversidade do debate e reflexão. No decorrer desse livro multimídia compartilharemos com as leitoras e os leitores as atividades desenvolvidas, apresentaremos também algumas ideias que permearam as discussões e exporemos trabalhos desenvolvidos por nossas alunas/os. Partindo do pressuposto da importância de conectarmos diferentes campos do saber, nosso curso foi estruturado a fim de contribuir com as práticas artistas-educadores/as e propor uma sensibilização para com a arte, natureza e ciências, permeadas por práticas acolhedoras e integrativas. Então, convidamos vocês a navegarem na nossa jornada multi diversa e cheia de aventuras artísticas!
Com carinho, A equipe organizadora do livro: Andréa, Caetano, Maíra e Pedro
2 s a o d n e c Conhe e u q s a o s s pe e m a r a h n o s m a r a j e n a l p o s r u c este
O curso Écfrases Ambientais veio do nosso desejo de estudar, profunda e diversificadamente, os meios de vida, natureza, cultura e ciência, através de uma ampla gama de expressões artísticas entendidas como ferramentas necessárias e emancipatórias. Além disso, a vontade de consolidar a parceria entre o Instituto Federal de São Paulo (IFSP) e a Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), iniciada em 2019 com o curso Dinâmicas da Terra e Reflexões Ambientais, nos motivou a desenvolver o curso e, consequentemente, este livro. A seguir, as nossas minibiografias.
Carlos Francisco Gerencsez Geraldino
Andréa de Almeida Bossi Graduada em Ecologia pela UNESP Rio Claro e Especialista em Educação Ambiental e Recursos Hídricos pelo CREA/USP São Carlos. Atuou por 13 anos em programas e projetos socioambientais em entidades como SESC, Instituto ECOAR para a Cidadania, Instituto Supereco, entre outras. Desde 2011 é Analista de Meio Ambiente da SVMA/PMSP e desde 2018 coordena o Programa Aventura Ambiental/UMAPAZ/SVMA. Atualmente está diretora da Divisão de Formação em Educação Ambiental e Cultura de Paz da UMAPAZ. Dentre as atividades mais recentes, destacam-se a participação na construção do Plano Municipal de Educação Ambiental e da Agenda 2030 Municipal.
Possui graduação em Geografia e especialização em História e Filosofia da Ciência pela Universidade Estadual de Londrina, mestrado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professor do Instituto Federal de São Paulo, campus São Paulo, onde também coordena o Laboratório de Pesquisa em Biogeografia (Bio.Geo.Lab.IFSP).
Pedro Cardoso Smith Maíra Kahl Ferraz Doutora em geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Tem mestrado pela mesma instituição. Sempre teve interesse em entender a relação das artes com as ciências, por isso suas pesquisas na pós-graduação foram desenvolvidas por este viés. O seu interesse em educação a levou a cursar o Seminário de Pedagogia Waldorf, que concluiu em 2017. Atualmente é docente, com dedicação exclusiva, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, onde ministra aulas no curso de Licenciatura em Geografia e participa dos grupos de pesquisas NOMEAR Fenomenologia e Geografia da UNICAMP e do Bio.Geo.Lab do IFSP. Suas pesquisas recentes são acerca da natureza e da relação entre as ciências e as artes e também tem interesse em fenomenologia, educação e pedagogia Waldorf.
Graduado e mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com especialização em Habitação e Cidade pela Escola da Cidade. Docente no curso de Habitação Coletiva na Universidade Paulista (Unip). Pela Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo (Sehab), trabalhou com urbanização de favelas, elaboração do Plano Diretor vigente, entre outros; pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC), atuou como supervisor de grupos em programas de fomento cultural à periferia. Participou do 3o Inventário Ambiental de Gases de Efeito Estufa do município de São Paulo e atualmente está na equipe do Plano Municipal de Educação Ambiental. É docente da UMAPAZ desde 2018.
Somos um grupo de pessoas comprometidas com a educação, formado a partir do curso Écfrases Ambientais, promovido pela UMAPAZ e pelo IFSP, que culminou neste livro multimídia, sedimentado ao longo de nossos encontros. Somos aproximadamente 40 integrantes, entre participantes, coordenadores e facilitadores (pessoas que conduziram cada encontro), além da equipe de apoio da UMAPAZ não contabilizada aqui, mas essencial para a realização de tudo!
3 s e t n a p i c i Part o s r u do c
Além de habitantes originários da cidade de São Paulo, trouxemos gente do Ceará, de Minas Gerais, da Bahia, além de outras cidades do Estado e de outros países, residentes no nosso Estado (o que foi possibilitado pelo caráter remoto do curso). Temos uma diversidade muito grande de atuação entre as pessoas participantes: estudantes, professora(e)s de artes, de educação infantil, fundamental, médio e universitário, pesquisadora(e)s, arquiteta(o)s, aposentadas, terapeuta ayurvédica, geóloga(o)s, auxiliar técnico de educação, fotógrafa(o)s, pedagoga, empresário, autônoma, arte educadora, produtora de ovos e mel, produtores rurais, educadores ambientais, artesãs, diretor de escola, agricultor familiar, guia de turismo, engenheira ambiental, educadora social, servidor público, educomunicadora, desempregadas, designer, gestora cientifica, técnica de laboratório, oficineira em permacultura urbana e terapeuta ocupacional. Conheça a nossa turma!
Suzana Aparecida Barroso Suzana, 34 anos, libriana bastante indecisa, mas não mais do que descabelada, pois a vida é intensa e os pensamentos são muitos e tentam sair de alguma forma e encontrar com outros no mundo. Moradora inconformada da selva de pedra, amante dos matos que nascem nas frestas das calçadas, uso meu tempo livre confabulando em como quebrar a dureza do asfalto e concreto para deixar mais vida brotar. Daquelas que não arreda o pé da cor do mundo mudar. Sou terapeuta ocupacional feliz por poder usar meu cotidiano a favor da minha grande pira: vivenciar o cotidiano das pessoas, seus jeitos singulares de fazer e transformar, criarem conexões, novos mundos e assim produzirem saúde, dessas que dá pra ver nos olhos e sorrisos. Adoro ser fermento de descobertas e encontros e encontrei no Écfrases mais gente encantada com a vida.
Roseli Aparecida Silva Roseli Aparecida Silva. ROSE. Apaixonada pela VIDA e EDUCAÇÃO. Encanta-se com gestos e elementos cotidianos. Se abastece com a alegria e energia das crianças. Mora em Jacareí, mas vive no mundo por meio dos livros, das artes, das relações que tece, das belezas e encantos deste Planeta que busca cuidar e deixar mais lindo, sustentável, justo, ético e feliz. Adora interrogações e exclamações. Dança, ri e paga mico “facinho”. Saboreia as gentes, os lugares e as bonitezas diárias. Olha o passado. Pisa o Presente. Mira o futuro. SONHA.
Rosana A. Candido Certa vez me pediram uma foto minha de careta. Justo num momento da vida, que eu não estava com vontade de sair em foto nenhuma. Numa época em que todo mundo posta imagens de si o tempo todo. Mas era a pura verdade… eu andava carregando comigo naqueles dias, que iria cumprir os desejos do meu coração. E tudo era tão simples, complicado seria explicar. Mas pouca gente tinha interesse genuíno de saber quem eu era. Fui estranha a vida toda, esquisita certamente. Lenta e devagar. Minha idade poderia ser qualquer uma que me ofertassem. Mas era a idade que se carrega o corpo, certamente. Quando se é jovem o corpo é que carrega a pessoa em si. O meu nome poderia ser qualquer um. Mas nessa existência me deram o nome de Rosana, o Shine, foi apenas enfeite e um pouco de brilho. Eu atualmente aprendo a usar as mãos para fazer coisas lindas. Aprendo a andar de bicicleta. Eu não tenho mais boca pra nada. Embora tenha grandes capacidades de ouvir. É isso, prefiro ouvir crianças. E quando abro minha boca é pra contar histórias que ninguém lembram mais. Eu tenho essa tarefa agora. Busco ser feliz em tudo. Já senti alegria hoje. E vocês?
Paulo Eduardo Zioni Ferretti Paulo Ferretti é a persona que acompanha a minha trajetória profissional, mezzo hoteleiro, mezzo professor. Cético, palestrino, ascendente em gêmeos com lua em escorpião, também respondo pela alcunha de Calabar (seria traidor ou herói?). Entre um e outro também experimentei o jornalismo e otras cositas más... E nessa mistura toda já abri um bar na praia, um restaurante no interior, andei de terno como executivo e até participei das Olimpíadas, cuidando da comida dos atletas. Sem muitas certezas, com pouco foco, sigo tentando cuidar das pessoas, dos bichos e as vezes de mim. Hoje em dia vivo entre Piracicaba, SP e o resto do país, vou pela estrada como consultor de hospitalidade e professor pra ver se ajudo a profissionalização com ética desse Brasilzão. Desafiando constantemente Khronos, ganhei um sopro de utopia quando caí feito peixe macaco no bando Écfrases. Fui arrebatado pela arte e presenteado com pessoas que nem encontrei e já levo numa sala dourada dentro de mim.
Marcus Vinicius Pinto Nunes
Maria Isabel Veiga Bueno Me chamo lsabel, gosto de escutar histórias e aprender com os outros. Gosto do calor, da natureza e dos encontros que a vida trás. Busco fazer perguntas e me movimentar. Sou economista em busca de outra carreira, ser professora de geografia. Quero relacionar a prática com o cotidiano e ajudar as pessoas no seu caminhar.
Não consigo "jogar papel na rua" Jogo o lixo no lixo Separo o lixo, inclusive Não consigo dar esmola Reparto o pão, a mesa Mas não alimento a pobreza O que fui Tenho consciência Percebo algumas insistências Sou taurino com ascendente em virgem Elemento terra², Homem verde, tupi Prefiro a vida com poesia Yo suis garatujo; Je soy poesudo;
Luciana Dias do Nascimento Luciana Dias do Nascimento. Leva o sobrenome do avô paterno que viveu 100 anos no sertão da Bahia. Geógrafa pela USP, daquele tipo que gosta de meter o bedelho em tudo que está na relação entre o ser humano e a Natureza. Servidora pública, há mais de 15 anos, por pura paixão por cuidar das pessoas. Mente inquieta e questionadora, sonha com um monte de coisas e também com um mundo melhor pra todo mundo. Quando começa a escrever tem dificuldade de parar. Dança em roda, mas só canta no chuveiro. Adora bicicleta e brincadeira de criança. Estuda não violência pra ser uma pessoa melhor. Apaixonou-se pela UMAPAZ no primeiro dia em que pisou no prédio.
Luciana Battelli de Mello Luciana Battelli. Bióloga de nascença. Professora por escolha e educadora pela transformação. Caminhante do mundo, mesmo com perninhas curtas. Observadora de detalhes aleatórios. Emocionada com a natureza de todos os lugares. Adora escrever, mas não sabe. Adora fazer poemas, mas também não sabe. Adora desenhar, mas não faz ideia. Segue um dos conselhos do seu paizinho: “é melhor ser alegre que ser triste”. Com um leve déficit de atenção, se perde nos pensamentos cheios de digressões e perde as chaves. Já perdeu muito tempo da vida com a rotina, mas aprendeu a ganhar tempo com o Écfrases.
Jeimy Marcela Cortes Suarez Sou uma menina mulher, com idade suficiente para ter RN e assumir que sou uma adulta um pouco incompreendida para a sociedade. Gosto de idiomas, amo cantar, lê poesia, tocar ukelele, gosto de comer queijos e tomar vinho enquanto escuto sambas se tornou um prazer auditivo desde que conheci e habito neste Brasil, que me acolheu para fazer o que mais amo na vida – estudar –. Sou uma migrante que sofre e ama e sempre sentirá saudade por dois países. Quero aposentar-me em viagens com sentido e proposito, gosto observar o mar em silencio, gravar e fazer curtas-metragens do cotidiano, disfruto aprender junto aos encontros e potencias, foi assim que cheguei a umapaz e a Écfrases. Sou uma educadora em constantes transformações de uma das ciências que mais medo tem colocado no humano, e o humano tem uma certa aversão dela, acredito que precisam ficar com afetividades para que entre elas não fiquem distantes, atualmente sou estudante de Doutorado em Educação Matemática, na UNESP de Rio Claro, trazendo e abrindo passagens para o pulso da vida, propondo uma perspectiva de gênero de uma matemática sensível, procurando uma partilha do sensível nos aprendizagens das matemáticas e no universo acadêmico.
Isabela Lombardo Meniz Isabela, ou Bela, ou Isa, 22 anos. Já sai do útero de minha mãe perguntando o por quê, tudo me intriga e me cutuca, quero saber dondé que vem. Não à toa, cai no universo da biologia, e neste, cai mais fundo ainda em meu próprio, descobrindo cada vez mais um imenso amor pela vida. Estar na natureza, pintar, rir alto, cantar, tocar, plantar, militar, educar, aprender, écfrasear, passar o máximo de tempo possível com quem me lembra e compartilha a maravilhosidade que é estar nessa Terra, dividindo as diversas e bonitas existências! É o que mais me aquece o coração!!
Fernanda Eiras Rubio
Helena Quintana Minchin Adoro o nome que recebi, Helena - e o seu significado: luz, tocha, brilhante... Simplesmente amo lugares frios mas... quis a cegonha – aquela danada! – encantar-se por uma das mais belas cidades do nosso Litoral... e assim a “encomenda” foi entregue em Santos, num Domingo, 5 de Maio – com DNA irlandês, americano, espanhol e italiano, numa casa grande, com muita música, jardim, quintal (com caramboleira, abacateiro, mamoeiro e horta), pianos e harpa na sala de música, quarto de brinquedos, muros baixos com portão sem chave... e o direito ao convívio com a vizinhança (e seus gatos, cachorros, galinhas, coelhos etc). “Metamorfose ambulante”, fui criada praticamente por meus avós maternos, estudei em Colégio de freiras e formei-me em Piano e Arquitetura e Urbanismo. E nunca paro de apre(e)nder - e de comprovar a importância dos amigos... Fotografia, Viagens, Gastronomia, viver (um dia de cada vez) e conhecer pessoas – e suas histórias - são as minhas maiores paixões. Desde 1991 em São Paulo, o Parque Ibirapuera é agora a minha “praia”. “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara” (Saramago).
Fernanda Rubio. Experiencio a Terra. Me tornei mãe aos 20 anos sendo imigrante. Sou ativista internacional, rural e urbana. Tenho formação técnica-profissionalizante em Art, Craft and Design pelo Liberties College, trabalhei como artista comunitária no City Artsquad em Dublin. Participei do Lady Fest Berlim em 2010 com a instalação da "Tree of Life". Trabalhei como voluntária em sítios ecológicos pelo WWOOF em Málaga. Sou pedagoga, professora de Arte na rede estadual de ensino em São Paulo e idealizadora da Escola Comunitária - Integração Escola e Comunidade na região da Aclimação. Inquieta por natureza em devir com a pesquisa-ação! Gosto de viajar em todos os sentidos...
Daniela Batista da Silva Diane Cristina Oliveira Macagnan Eu sou Diane, mas às vezes Daiane também. Cresci em um quintalzão e ali aprendi a natureza amar. Minha missão como professora de educação infantil é criar experiências com bebês e crianças para que eles cultivem o amor pelo planeta do qual fazem parte. Gosto das coisas simples: brincar com meus bichos, ler, escrever, estudar, contar histórias, desenhar, dobrar origamis, ouvir música e apreciar um bom vinho. E assim como Raul Seixas, sigo 'controlando minha maluquez, misturada com minha lucidez'.
Daniela, Geocientista, Educadora Ambiental pela USP Pós agraduada também pela USP Intrutora e praticante de Tai Chi Chuan comecei meu Caminho Verde bem cedo... aos dez anos num trabalho escolar para a feira de Ciências decidi logo meu tema! De cara disse à professora: - Quero falar sobre os chás que minha mãe planta no quintal. E assim levei para a exposição minha primeira mudinha: A Avence e também meu primeiro catálogo de amostras coletadas cuidadosamente do quintal: arruda, camomila, erva doce, picão e alecrim. Cada uma delas coladas no papel almoço com fita adesiva e ao lado as legendas de usos, aplicações, nome científico e como realizar o preparo para tratar os males. Minhas fontes e referências? Minha mãe, Jurandir. Ela mulher negra de nome indígena que me inspirou e me inspira a continuar no plantio, no cultivo e no compartilhar do amor pelo verde. 💚
Clelia Regina de Carvalho Camargo Clelia Regina, ou rebatizada como Rex, e também fui conhecida nos tempos de colégio como "Barata", além de ser considerada um "barato" para quem é gringe, também tinha o estranho poder de atrair este ser cosmopolita e ser resiliente. Meio século de vida, com despertar para primavera silenciosa em 2018 quando ingressei na Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental, na USP, incentivada pela minha filha geógrafa, Elis Regina. Formada Ecochata, pós graduada Ecossexy e PhD em Teorias Humanas. Ex-morada da Caverna de Platão. Sou, chocólatra voleira, amante dos Chicos - Rei, Mendes, Buarque, Assis, Anísio e Chica da Silva e Pereira (minha mãe). Turismóloga, Lazarenta, Museóloga e Mercadóloga. Atualmente sou bolsista no Projeto RedEcost Comunicação de erosão em praias costeiras e tenho essa paixão por me aprofundar na dinâmica do mar e da terra.
Caetano Norichika Caetano "Kaê" Norichika. Teve uma infância no meio do mato, dos livros e dos papéis e tintas. Fez Pedagogia, por achar divertido ensinar e ver o momento em que as pessoas aprendem algo novo. Foi estagiário do Programa Aventura Ambiental (UMAPAZ) como mediador cultural e gostou tanto que ainda está lá como voluntário. Hoje em dia tenta misturar tudo isso e mais algumas coisas, enquanto busca ser um ecopedagogo. Gosta de pensar que é bom em criar conexões entre temas diferentes, tem um jabuti (que morde), faz uns rabiscos (por hobby) e adora pão de queijo (aceito de presente).
Antonio Fernando Jorge Piragino Fernando Jorge Piragino, professor e geógrafo com passagens insólitas e incompletas nas faculdades de Direito, Língua Portuguesa e Jornalismo. Sou vidrado em misturar cores, números, letras, músicas. Estive em muitas cavernas e lasquei meu joelho esquerdo. Já lancei um livro com pseudônimo e até hoje, um exemplar foi vendido. Tento destruir o significado das palavras e nas cores só vale a mistura.
Aline Rigamonti Ramos Eu ia amar me chamar Lua, ou algum nome meio de bruxinha da natureza assim. Mas me chamo Aline mesmo... Meus pais me deram um nome da moda na época. Tenho 32 anos. Estudei Saneamento Ambiental na Unicamp. Minha expectativa era aprender sobre natureza e na verdade, vi tanta coisa ambiental para empresas... Acabei estudando sozinha sobre coisas que eu gostava e uns anos depois aprendi que isso que eu gostava já existia e se chama Permacultura! Fui estudar mais sobre o tema e participei de vários cursos e encontros que me formaram muito. Atualmente sou muito feliz dando oficinas de Permacultura. E assim vou também estudando e aprendendo cada vez mais sobre natureza, arte, plantas e tudo que me brilham os olhos.
Alberto Duvivier Tembo Alberto Duvivier Tembo foi um elefante na sua última encarnação. Na atual, é educador, artista, desenvolvedor de jogos, ambientalista, vegano, pai de crianças e bichos, leitor ávido de HQs e torcedor vibrante do Fluminense, tudo junto e misturado - o que inevitavelmente leva à desastres logísticos. Acredita no diálogo, mas se não dá certo, vai no humor. Tem uma relação de amor e ódio com a humanidade, essa coisa esquisita que destrói tudo mas produz arte. Na próxima encarnação quer ser uma pedra para não pensar nisso. Ou Deus, pra resolver. Eis um dilema.
4 s ó n O que ? s o m busca
Buscamos, nós da organização e coordenação deste livro multimídia, levar práticas de conscientização de respeito e integridade com tudo que nos cerca, inclusive propondo atividades de autoconhecimento também, associadas a provocações que estimulem o fazer artístico em todo este processo. Entendemos que, construindo um percurso coletivo, emancipatório e integralmente artístico (todo mundo teve que colocar a mão na massa, em todas as linguagens artísticas, desde o primeiro encontro até o último), teremos, de fato, ferramentas para transformação individual, social e ambiental nos espaços educativos ou em qualquer outro.
5 o s s e Proc o v i t cria o r v i l deste a i d í m i mult Por
Cae
ika h c i r o N tano
Durante uma das reuniões de produção desse livro multimídia, o Pedro (um dos organizadores do curso) pediu para que eu escrevesse um texto sobre o meu processo criativo na elaboração do layout e da parte visual e, sendo sincero, não acho que posso falar que foi realmente "criativo". Se você está lendo isso aqui esperando uma história sobre como tive momentos de explosão de criatividade, onde fiz diversos esboços e uma bagunça de papéis pelo chão... não foi isso que aconteceu na maior parte do tempo. Participei do Écfrases Ambientais como aluno e após o final do curso surgiu a ideia de produzir uma publicação que reunisse todo o rico material produzido. Os organizadores convidaram os alunos para participarem de uma produção coletiva e eu me voluntariei. Entrei na equipe de produção do livro multimídia pensando em colaborar com a parte visual dele. Minha principal preocupação era ajudar a encontrar uma paleta de cores, um layout e um visual que me fizesse pensar: "isso tem a cara do curso" ou "acho que todo mundo vai gostar disso". E com isso em mente, procurei referências, olhei livros, diversas mídias, cartazes, revistas e modelos de projetos no programa que usei para produzir o livro multimídia, separei uma diversidade de ideias (algumas mais minimalistas e outras mais carregadas de informação visual), pensei no que foi feito e nas pessoas do curso, preparei várias propostas (capas, paletas de cores, elementos, cores de letras, etc.), e mostrei para a equipe de produção do livro. E aí foi conversar e decidir qual usar.
Falando em "conversar", as escolhas do visual desse livro multimídia podem ser definidas em "conversar" e "liberdade". Tive muita liberdade para ter ideias, brincar com cores, fazer desenhos (vou falar um pouco mais sobre isso no próximo parágrafo), testar elementos e apresentar tudo. E foi com muita conversa com os organizadores, minis “brainstormings” pelo aplicativo de mensagens, ajustar os gostos e opiniões, ter mais ideias, até chegar em um resultado final que deixasse todo mundo satisfeito (ou concordando).
Meu trabalho foi pegar as ideias criativas de todos, misturar com algumas das referências que encontrei, lembrar o que foi apresentado nas aulas, pensar nas pessoas que participaram e fazer ter cores e formas. Então, apesar de eu ser a pessoa que fez o visual desse livro multimídia e alguns desenhos, o processo criativo não foi só meu, mas de todos.
Caetano Massato Norichika* Sobre os desenhos… de vez em quando eu faço desenhos de observação das pessoas e pensei em usar desse meu hábito no livro multimídia (um momento realmente criativo meu). Pedimos para os participantes enviarem “selfies” para ilustrar, para fazer montagens parecidas com a que está na capa, mas aproveitei para também fazer os desenhos. A minha ideia inicial era transformar os desenhos em figurinhas para aplicativos de mensagens e mimar a turma (o grupo do Écfrases no aplicativo tem uma imensa empolgação por figurinhas), mas quando mostrei para os organizadores do curso que eu estava fazendo desenhos, eles falaram: “você tem que colocá-los no livro multimídia”.
Minibiografia no capítulo “Participantes do curso”.
Propostas de capas elaboradas no começo do processo de produção deste livro multimídia.
Algumas das imagens que foram produzidas para o curso Écfrases Ambientais: Artefazendo a Ciência e para ilustrar esse livro multimídia.
6 o ã ç u d o r t n I a d a c e d s a m os te o r t n o c en
Nosso curso veio da proposta de conectar os conceitos ambientais às expressões artísticas representadas pelo desenho, cinema, escrita, escultura, arquitetura, fotografia, música, teatro e dança. Por meio de atividades síncronas e assíncronas, as pessoas foram convidadas a trocar conhecimentos e experimentar a arte nas suas mais variadas formas. Cada encontro virtual semanal foi desenhado em três etapas, estruturadas da seguinte forma: O primeiro momento consistiu em uma troca de experimentações artísticas feitas pelas participantes ao longo da semana, de acordo com o tema da aula anterior; O segundo, numa aula conceitual sobre o tema do dia; Por fim, uma reflexão sobre a atividade que seria elaborada para a semana seguinte. O pré-requisito mais importante para a inscrição das pessoas foi: ninguém precisava ser artista! Ao final, todas as pessoas se tornaram (já eram) artistas incríveis! Definimos para cada encontro alguns conceitos voltados à educação ambiental, além de um trabalho artístico a ser desenvolvido por cada pessoa, baseado na aula facilitada. Foram estes:
Temas 1º encontro: desenho 06/02/21 Conceito: biogeografia Desenhos e pinturas de viajante
4º encontro: escultura 27/02/21 Conceito: efemeridades orgânicas Artes da Terra
7º encontro: música 20/03/21 Conceito: ecos ecológicos - a vida e o som Batuques e sambas
10º encontro: encerramento 17/04/21 Conceito: trocas de aprendizagem e autoavaliação do curso
2º encontro: escrita 13/02/21 Conceito: desantropocentrismo Poesia
5º encontro: arquitetura 06/03/21 Conceito: sustentabilidade Arquitetura originária e sustentável
8º encontro: teatro 27/03/21 Conceito: a natureza como sujeita Monólogos da Conservação Internacional
3º encontro: cinema 20/02/21 Conceito: questão socioambiental sob a ótica do cinema Curta metragem
6º encontro: fotografia 13/03/21 Conceito: intervenção urbana/ambiental e direito à cidade Obra do artista Zé Vicente
9º encontro: dança 10/04/21 Conceito: natureza e ancestralidade Dança circular como exercício comunitário para a construção de um mundo mais justo, amoroso e fraterno
7 o r v i l e t s e Como a i d í m i mult " a n o i "func
Para conseguirmos registrar tudo o que foi construído, visto ter sido um curso transdisciplinar, com diversas facetas de expressões artísticas, desenvolvido justamente no período pandêmico (o que nos fez, sem outra opção, ter que entender minimamente desta nova tecnologia de encontros virtuais), pensamos num livro multimídia. Sua estrutura é linear, baseada num livro convencional, onde se segue um sumário e os diversos links ao longo dos textos que levarão para os trabalhos feitos. Estes conteúdos apresentam formatos variados, podendo ser textos, imagens, vídeos e áudios. Vídeos e músicas (áudios) estarão disponíveis em plataforma de compartilhamento de vídeo, enquanto que textos e imagens, ficarão armazenados no site da UMAPAZ.
Para acessar todo o material produzido durante o curso, basta clicar na imagem a seguir.
Ao escolher um tema de encontro, um site com ilustrações dos participantes irá abrir. Aqui, você pode escolher o participante cujas obras deseja ver.
Site ses Écfra
Você irá acessar o site da UMAPAZ, onde poderá escolher o tema do encontro cujas obras deseja ver. Basta clicar na imagem da encontro para ir para o site. Abaixo, uma imagem do site.
Ao longo deste livro multimídia, haverá outros links, para os site de cada encontro, produções dos alunos e até mesmo para um playlist. Os links terão sempre o mesmo visual, círculo verde e texto indicativo. A seguir, um exemplo:
"texto " tivo indica
8 s n e g a t n O M " s a n a e s a "Écfr
Arte, quebra-gelo ou quebra-cabeça? Tão divertida e curiosa a identidade visual do curso Écfrases, praticamente um quebra-cabeça, que não resistimos e bolamos uma dinâmica quebra-gelo para o primeiro encontro. As imagens eram apresentadas na tela e a turma escrevia no chat tentando adivinhar quem era a pessoa ou a espécie arbórea que compunha cada montagem. Quer tentar? As respostas estão no fim do nosso livro virtual.
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9 s e õ ç Produ s a c i t s í t r A
As produções artísticas de cada participante do curso, nas diversas linguagens sugeridas em cada aula, seguem o cronograma de aulas proposto: desenho, cinema, escrita, escultura, arquitetura, fotografia, música, teatro e dança. Os textos abaixo foram elaborados pelos facilitadores de cada encontro.
o r t n o c 1ª en
o h n e Des Por
Maíra
* z a r r e Kahl F
Acredito que a maioria de nós foi se afastando cada vez mais da produção artística no decorrer de nossas vidas. Quando crianças tínhamos liberdade e tempo para observar o nosso redor com curiosidade, correr por entre as árvores ou até mesmo nos corredores das escolas, pular sobre as poças de água e fazer muitas outras peripécias que viessem à nossa mente. Porém, como sabemos, a nossa organização escolar, que coaduna com a ideia de uma sociedade mecânica e utilitarista, foi tolhendo não somente nossa criatividade, mas também nossas ações e consequentemente, paulatinamente, paramos ou com mais sorte, diminuímos os momentos de contemplação do nosso meio. Foi pensando nessa problemática que, a meu ver, existem duas questões centrais, as quais propus no trabalho com desenho. Antes de me adentrar na metodologia que utilizei, queria brevemente lhes revelar tais incômodos. Começo elucidando duas situações que presenciei: a primeira é uma recordação de infância, quando pintava aqueles livros de colorir e era instruída a pintar as copas das árvores de verde, os troncos de marrom, o céu de azul...como se ao olhar para o horizonte sempre as mesmas cores se revelassem. Isso me gerava certa angústia e aos poucos fui parando de pintar e desenhar. Outra história aconteceu com meu sobrinho, que por volta dos seus cinco anos foi advertido pela professora que seus desenhos estavam “errados” pois não se podia desenhar pessoas como bolas únicas, cheias de braços, parecendo polvo, e não é que ela usou essa expressão:
"parece polvo”! Isso, é lógico, o deixou totalmente desconsolado e até hoje ele carrega esse desgosto ao desenhar, o que sempre tento, ao meu jeito, reverter. Junto ao problema de nos afastarmos da ação de desenhar, entendo que nos distanciamos da natureza e, aos poucos, estamos ficando “botanicamente cegos”, “geologicamente cegos”, “zoologicamente cegos”, “atmosfericamente cegos” e a lista poderia se estender tanto quanto são os diversos fenômenos naturais que nos cercam. Essa cegueira, somada a mais horas debruçadas em meios eletrônicos, tem gerado diversos problemas de saúde mental e físicos, como mostram várias pesquisas recentes. Sobre esse assunto recomendo a leitura de “Princípios da Natureza” e “A última criança”, de autoria de Richard Louv. Foi pensando nesses problemas que tanto me inquietam, que propus no nosso curso uma aula sobre desenho, como caminho para observação da natureza. Minha metodologia se embasou em meus estudos e vivências acerca do método de Goethe. Não vou aqui me adentrar nesse profundo método, mas destaco que Goethe, através de seus estudos científicos, nos deixou o legado da observação do fenômeno, com a intenção de que ele se revelasse por ele mesmo (ver artigo “O experimento como mediador do sujeito e objeto” nas referências bibliográficas). Isso porque ele entendia que a natureza era uma totalidade orgânica e viva, que deveria ser contemplada.
Pautada nessas ideias e também em experiências que tive em cursos de ciência goethiana e Pedagogia Waldorf, propus ao grupo que trouxesse uma planta para o nosso encontro. Então, após uma conversa prévia sobre natureza, pedi que observassem a planta trazida por algum tempo, (que eu controlei), depois voltamos e eles tiveram que desenhar de memória aquilo que tinham visto. Em seguida, voltaram a observar a planta por mais algum período, mas dessa vez com seus papéis e lápis, desenhando aquilo que estavam vendo. Depois de realizar os desenhos, conversamos sobre como foi o processo, em qual situação eles se sentiram mais confortáveis e qual havia sido mais desafiadora. Por fim, pedi que observassem a planta selecionada por uma semana e fizessem desenhos no decorrer desse período. Em nossas conversas foi retratada a dificuldade de desenhar, pois como sabemos, essa foi uma atividade que muitos de nós interrompemos ainda na infância. Apesar disso, as/os educadoras/os demonstraram interesse em desenvolver o desenho, e nesse ponto, ressaltamos a importância do desenhar enquanto processo. Pois, muitas vezes, nas artes, nos apegamos ao produto final e não no que o desenrolar da feitura nos proporcionou. Além disso, elas/eles elucidaram como o exercício auxiliou a ver o entorno de outra maneira. Agora deixo com vocês alguns dos processos produzidos em nosso encontro e a partir dele.
Bibliografia Sugerida:
Maíra Kahl Ferraz*
FERRAZ, Maíra. Um caminhar pelo método de Goethe: primeiros passos para análise de paisagem. Revista Geograficidade (no prelo).
Minibiografia no capítulo “Apresentação: o processo de concepção do curso”.
GOETHE, Johann Wolfgang. The experiment as mediator of object and subject. In: In Context, New York, p. 19-23, Fall, 2010. Disponivel em: <https://static1.squarespace.com/static/5d41f82684370e000 1f5df35/t/5f3f153baa34794fc9b090d3/1597969723327/Goet he+The+Experiment+as+Mediator.pdf>. GOETHE, Johann Wolfgang. A natureza. In: GOETHE. Ensaios científicos. Uma metodologia para o estudo da natureza. São Paulo: Barany Editora, p. 107-110, 2012. HOLDREGE, Craig. Praticando a Ciência Goetheana. Janus Head vol. 8(1), 2005, pp. 27-52. Disponível em: <https://static1.squarespace.com/static/5d41f82684370e000 1f5df35/t/5f3dca28047c4c21ea0a7234/1597884984425/CHo ldrege+Doing+Goethean+Science+%28Portugese%29.pdf>.
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Desen
ho
Alberto
Alguns desenhos acabaram sendo molhados de modo inesperado por uma chuva torrencial, e posteriormente retocados no mesmo papel, em cima das manchas borradas.
Caetano
Luciana Battelli
Drummond entre outros mundos
o r t n o 2ª enc
a t i r c Es Por
Carl
* o n i d l a os Ger
Na divisão das artes, peguei a escrita. Nem tanto pelo incondicional amor às letras e muito menos por qualquer conhecimento técnico sobre o assunto. Escolhi a escrita porque escolhi Drummond. Já há algum tempinho, nas aulas de Educação Ambiental que ministro na Licenciatura em Geografia do Instituto Federal de São Paulo, Drummond está lá — involuntariamente, talvez — nos ajudando a refletir sobre nosso estar no mundo. Foi o que fiz no acolá virtual da UMAPAZ. Trouxe meu xará para nos falar de tucanos, bois e czares naturalistas. Pois então fizemos as écfrases dos poemas "Um boi vê os homens", "Elegia a um tucano morto" e "Anedota Búlgara"; nos valendo dos vídeos produzidos pelo Instituto Moreira Salles-IMS disponíveis no YouTube. A ideia toda era, por meio deles, “desantropocentrar” nossas cosmovisões. Premissa básica de toda e qualquer educação ambiental que se queira. No "Anedota Búlgara", o itabirano nos conta a história de um czar naturalista que caçava homens, indignado pela notícia que também se caçava borboletas por aí. O que vale mais, borboletas ou homens? Para nós, seres-não-borboletas, é bem provável puxar uma sardinha a favor dos humanos.
Compreensível até. Mas sob a ótica natural, um outro Carlos — esse, por ser inglês, Charles — já havia nos dito não haver seres na natureza mais ou menos valorosos. Este Charles, de sobrenome Darwin, trouxenos uma concepção de natureza não-essencialista (as espécies se modificam, evoluem), não-hierárquica (estando vivas, todas as espécies estão bem adaptadas), nãoteleológica (não há finalidade, plano ou projeto para a existência das espécies), não-progressista (evoluir significa mudar, não melhorar) e, principalmente, nãoantropocêntrica (o macaco "sábio" que somos, iguala-se ontologicamente ao Lactobacillus casey chirota). Todos os seres vivos são expressões diversas de uma única grande árvore da vida. No diálogo entre esses dois Carlos, o Drummond e o Darwin, foi que toda nossa atividade se deu. Passado o czar abre-alas, atentamos ao poema que mais gosto do Drummond, o "Elegia a um tucano morto"; na verdade, passei a tê-lo como preferido só depois que me deparei com ele recitado pelo seu neto, Pedro. No vídeo que vimos, Pedro aparece recitando num primeiro momento o poema para, em seguida, contar uma breve história do contexto em que esse se deu. Não vou dizê-la aqui, mas para aguçar a curiosidade de você leitor em querer ir lá conferir e se embasbacar, vou me limitar a dizer que esse foi o último poema feito pelo avô do Pedro. Afora a belíssima história, o poema em si nos motivou a pensar sobre o trato que damos hoje aos seres sencientes e, com isso, a refletir sobre o que sustenta a nossa insustentável sociedade.
O terceiro e último poema apresentado foi o mote da atividade de escrita passada para a turma. Em "Um boi vê os homens" o poeta se corporifica em boi. Um boi que descreve a condição humana. Este, dos três poemas, é o que mais força o deslocar do olhar antropocentrado. O anteposto do antropocentrismo é o biocentrismo, teoria que traz a relevância de outras formas de vida não sapiens. Ao boicentrar, o poema nos biocentra. Essa foi a inspiração da proposta de atividade: "Escolher um ser vivo e escrever, em forma de poema e/ou prosa, como este ser observa a humanidade. Deve ter o seguinte título: 'Um____vê os homens'''. E aí, bem, e aí a maravilha se deu. Floresceram olhares de tudo quanto é expressão viva. Porcos, formigas, goiabas, abelhas, ipês, quokkas, flamboyants, cães, baratas, aranhas, tatus, mosquitos e pitanguás; todos viram, sob seus singulares pontos de vista, a condição humana. Do olhar erótico (uma espécie de sadomasoquismo soft) que o mosquito tem para conosco, nas noites quentes entre zumbidos, lençóis, tapas e esconde-mostra de pele e carne suculenta, ao olhar piedoso e resignado do porco (Sus scrofa domesticus), no sacrifício de sua carne aos humanos, entender-se como ser-para-a-morte: "Je-Sus". Agradeço à UMAPAZ pela paz do encontro com essa turma ecfrásica.
Bibliografia Sugerida:
Carlos Geraldino*
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
Minibiografia no capítulo “Apresentação: o processo de concepção do curso”.
DARWIN, Charles Robert. On the origin of species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life. London: Murray, 1859.
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Escrit
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Uma abelha vê os humanos a
Á S P U LIMP
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RTIL
Tese: desmonte das fábricas, cidades, jornais. Antítese: 121212121212 Tese: quem poliniza cuida. Antítese: CO2 Tese: orgasmo Antítese: bateria do celular 100%
Fernando
Diane Poema: Como tartarugas veem a humanidade, Diane Nosso povo veio primeiro Tantas espécies se extinguiram E nós nos adaptamos, evoluimos Em nossos encontros sempre há histórias Nas florestas, nos lagos, no mar De medo, de humor, de memórias Há um bicho muito esquisito Que gostamos de observar Estocam tantas coisas, Apetrechos, panos, comidas Mas nunca vão hibernar Correm como formigas, Atrás de poder, de dominar Não conseguem se acalmar Para apreciar um por do sol
Pacientemente observamos sua ingenuidade Esqueceram que são natureza também Destroem o lar de todos nós Constroem grandes cidades Deixam-se escravizar por coisas tão pequenas Papeis de troca e dizem valer a pena E criam tantas coisas para preencher O vazio de suas almas E rezam para um Deus invisível: "Que desfaça a desgraça que nós cultuamos. Amém." Tão frágeis sem suas carapaças... Pouco a pouco nosso povo vai diminuindo Muitos não estão se adaptando Ao concreto e à fumaça Nosso futuro é incerto Talvez não será tão próspero Esperamos ansiosos Pelo próximo meteoro.
Um Araguaney - ou Guayacan - vê os humanos Jeimy Cortes Pois bem, tenho que dizer infelizmente que algumas vezes nem me olham os humanos, acredito que perderam a possibilidade de olhar pra dentro, ficam muito distraídos olhando em uma caixa diminuta que levam em suas mãos. Eu sou um ipê no Brasil, guayacan na colômbia, multiplex nomes multiplicidade de sentidos, meu tronco está fissurado, indica a dor que tenho por este mundo e entre menos jovem menos oxigeno tenho. Minhas flores são hermafroditas e livres, os humanos continuam em suas opções binarias e os dissidentes continuam lutando contra essas ideias. Os humanos me utilizam como buque de flores, minha madeira é útil, quando estou em seu quarteirão, me olham como paisagismo, mais não me comtemplam como eu a eles, nem me escutam meus sentimentos. Humanos eu sou um amigo! sempre quero conversar saibam isso, deixa de passar com tanta pressa. Lembrei-me deles os humanos ultimamente já ne passam com pressa e senti saudades... Tanto tempo que a gente não se vê.
Jeimy
Paulo
o r t n o c 3ª en
a m e n Ci Por
* s a g r a V a i v á l F
Numa bela tarde de inverno, uma grande amiga me convidou para dar uma aula de cinema com três horas de duração, que focalizasse o racismo ecológico. Uau! Lá fui eu procurar alguns curtas que falassem do assunto. Que delícia! Encontrei cada filme lindo, que foi difícil escolher três… Em seguida, pensei por onde começar e por que não pelo argumento, afinal é esse um grande desafio na realização de um filme, no meu ponto de vista. Sendo assim, defini meu objetivo: explicar o conceito do argumento e mostrar três curtas, para que eles pudessem imaginar como ele foi pensado, assim como escrever o argumento de um curta metragem. Para que a aula fosse ainda mais interessante, convidei Larissa Fernandes, Andréa Eichenberger e Kaco Olimpio, os realizadores dos filmes, para um bate papo virtual com os participantes, direcionado, sobretudo, na construção do argumento. Nesse contexto, estruturei a aula usando o método ativo, para estabelecer relações entre os alunos e os realizadores convidados. Ainda bem que a aula podia ser síncrona e assíncrona e assim pudemos dividir o curso em três momentos e ganhar um tempinho.
O primeiro momento foi uma aula síncrona de 2h30, com a introdução sobre o argumento cinematográfico, seguida da apresentação virtual dos filmes feita pelos realizadores e a exibição dos curtas, depois um bate papo entre os alunos e os realizadores. Durante a conversa perguntei como eles imaginaram o argumento de cada curta visto. Para finalizar este primeiro encontro, preparei uma parte assíncrona, ou seja, o segundo momento, que consistiu na realização de um argumento para um curta feito em grupo. No terceiro momento apresentei uma segunda aula síncrona de 30 minutos, onde nos reencontramos para ler os argumentos e comentá-los. Esta atividade me permitiu fazer algo concreto em pouco tempo, levando em conta que fazer um curta é complexo e demorado e escrever um argumento em grupo pode ser algo bem legal. Nosso encontro foi mágico, com muita emoção, troca de ideias e aprendizagem. Quem sabe, podemos pensar na próxima etapa, que é a realização de um roteiro.
Bibliografia Sugerida: SGANZERLA, R. Por um Cinema sem Limite. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2001. J. C. BERNARDET. Cineastas e Imagens do Povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003 PIMENTA, T. A. S. Cinema, Geografias e Ensino: Diálogos, Encontros e Atravessamentos. Tese (Doutorado em Geografia,) Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2018. Disponível em: <http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/bitstream/prefix/448/1/T hiagoAlbanodeSousaPimenta.pdf>. Acesso em 20/08/2020.
Flávia Vargas* Formou-se em Cinema na FAAP - Fundação Armando Alvares Penteado - em 1997 e em seguida iniciou sua carreira de pós-produtora e assistente de montagem. Durante 15 anos trabalhou em São Paulo em produtoras como O2 Filmes, Video Filmes e Film Planet. Antes de se mudar para França em 2009, trabalhou com Daniel Rezende na montagem do filme “Blindness” de Fernando Meirelles. Desde 2010 é relações internacionais, curadora, e tradutora-intérprete para Festivais de Cinema. De 2010 a 2015 trabalhou para o Festafilm Montpellier; desde 2014 trabalha com a Katia Martin-Maresco, primeiro para o Festival de Filmes Curtíssimos e em seguida para o FIFH - Festival International du Film Sur Les Handicaps. Colabora para o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, onde é a curadora da seleção intitulada “Diferente como todo mundo”.
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
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a
Alberto Duvivier, Alice Leal, Aline Rigamonti, Fernando Piragino e Rosana Shine
Alberto
Aline
Tema: Solidão. A princípio, a solidão remete a algo, triste mas pode proporcionar momentos satisfatórios, fazendo coisas que gostam. A ideia é mostrar 3 mulheres, de diferentes idades, solitárias, fazendo coisas que são prazerosas. São cenas curtas de alguns segundos. O movimento é a entrada no ambiente, aproximação da pessoa, aproximação do objeto (desenho/bolo/plantas) e depois volta na expressão de paz da pessoa. Os ambientes são cinzas, para dar o “ar” da solitude, destaques no desenho, no bolo e nas plantas com as cores deles.
Fernando
Rosana
Cena 1- A Menina: Uma criança, aproximadamente 8 anos, a câmera vem de longe aproximando, mostra a criança, ela está sozinha no local, desenhando com materiais como canetinhas, folhas, giz de cera. Retratar um sentimento de solidão mas um desenho feliz, sozinha mas em paz. Ela desenha com muita vontade e está entretida nessa atividade, está completamente entregue. Foco na menina e logo em seguida o foco é no desenho. Cena 2 - A Moça: Ela está num ambiente doméstico, na cozinha. A câmera entra numa cozinha sozinha, vem aproximando da jovem perto do fogão, ela abre o fogão tira um bolo, ainda quente, sente o cheiro, dá um suspiro e uma expressão de um sorriso leve. Sozinha, mas fazendo algo que gosta. Cena 3- A Senhora: Um ambiente doméstico. A senhora sozinha numa casa, tem o hábito de cuidar da planta. Ela está regando as plantas, num ato solitário, mas em paz. Retratando um hábito que gosta. Música de fundo: Yann Tiersen - Comptine d`un autre ete l`apres-midi
Caetano, Daniela, Diane, Elis, Roseli e Vanessa. Argumentação baseada no poema "Como tartarugas veem a humanidade" de Diane Oliveira. (Com voz off, leitura do poema "Como tartarugas veem a humanidade")
Caetano
Daniela
Em alto-mar, sem indicação de local, e com o sol brilhando forte no céu, uma tartaruga nada sozinha, lenta, atenta, passando e desviando de lixo. Entre ondas, seu olhos imensos e brilhantes parecem relembrar memórias e refletir sobre o que aprendeu. A tartaruga lembra de seus parentes distantes, em lagoas e na terra firme, cágados e jabutis diversos interagindo com seus habitats e com os humanos.
Diane
Roseli
Em uma cidade litorânea, algumas pessoas (3 pessoas para mostrar diferentes locais e hábitos, mas também suas semelhanças) estão concentradas na sua rotina cotidiana. Arruma a casa, treina na academia, corre na rua, passeia com o cachorro, vai ao trabalho, come algo, interage com outras pessoas, caminha pela cidade com pressa e sem pausas.
Em uma rua cheia de lojas, shopping ou no celular, com olhos imensos e brilhantes, admiram as vitrines. Entram em uma loja. Entram em outra loja. Compram objetos supérfluos e os guardam em armários e prateleiras sem usá-los. Roupas, objetos de decoração, acessórios, eletrônicos, latas de comida etc. são guardados. As rotinas dessas pessoas não param, mostrando dia e noite, ignorando o nascer e o pôr do sol. Objetos ainda em condição de uso são descartados sem cuidado, poluindo o ambiente. Animais comem plástico. Pássaros fazem ninhos com pontas de cigarro. Árvores são cortadas para construírem objetos, móveis e casas. Uma floresta abre espaço para um campo, casas são construídas em sequência e logo surge um bairro e a cidade fica maior. Cidades, casas cheias de pessoas e cheias de pessoas sem casas. Nas ruas, debaixo de marquises e dos viadutos, moradores de rua construindo "carapaças" com várias camadas de roupas ou com papelão. (Alterar cortes entre as 3 pessoas de antes, mostrando a mesma situação de diferentes formas). Andando pelas ruas no começo da noite, usando máscara N95, "faceshield" e luvas descartáveis. Uma nova "carapaça". Pendurada no ombro, a bolsa (ou a carteira no bolso da calça).
Na mão esquerda, uma sacola cheia com compras. Na outra mão, o celular, postando fotos e "selfies" para exibir as compras para os amigos das redes sociais. Percebe um morador de rua deitado na calçada, guarda o celular, agarra a bolsa (confere a carteira no bolso) e a sacola, desvia o olhar, abaixa a cabeça e acelera o passo. Outra "carapaça". As compras dentro da sacolas, que no momento da compra eram tão necessárias e importantes, exibidas com orgulho nas redes sociais, logo são esquecidas dentro da mesma sacola. Largada em cima da mesa ou jogadas no sofá. Dorme segurando o celular, olhando quantas curtidas suas fotos teve, sozinho/a e triste. De noite, tartarugas deitadas nas praias, com olhos fechados, mortas pela poluição, presas em rede de pesca. Ao fundo, a cidades litorânea brilhando com suas luzes, com chaminés de fábricas expelindo fumaça. A tartaruga do começo, de noite, nadando próxima à superfície e olhando para o céu estrelado. Um meteoro cruza o céu. A tartaruga respira e volta a mergulhar.
Clélia Carvalho, Fernanda Eiras Rubio, Isabela Lombardo Meniz, Luciana Battelli e Suzana Barroso Festa interrompida
Clélia
Isabela
Uma flor está em um jardim e espera ansiosamente por uma abelha. É uma onze-horas, uma pequena flor vermelha de uma suculenta muito resistente e que pode ficar dias sem receber água. Suas 5 pétalas vermelhas exalam um odor atraente para as abelhas. Seu nectário está produzindo néctar, e, aproveitando que as abelhas virão, as anteras estão cheias de pólen, na esperança de que hoje será um dia de festa com muito pólen grudado nos corpinhos das abelhas graças ao néctar grudento.
Luciana Battelli
Fernanda
São pequenas abelhas que apresentam um lindo voo ziguezagueante que as faz parecer atrapalhadas e com dificuldades de pousar nas flores. Esse voo é típico de uma abelha nativa sem ferrão chamada Mirim-preguiça. Elas são chamadas assim pois só saem para ‘trabalhar’ das 10h às 11h, retornando para o ninho nas horas mais quentes. Só voltam para a coleta de pólen e de néctar das 15h às 16h. Elas só trabalham quando a temperatura está agradável. Nada do frio da manhã, nem do calor excessivo do meio-dia. Também não trabalham se está chovendo forte ou ventando.
Suzana
As abelhas começam a chegar, inicialmente apenas curiosas, olhando as flores com cuidado e timidez. Nenhuma abelha encosta na flor imediatamente. Elas mantêm uma certa distância de forma respeitosa. A última coisa que a flor quer é essa ação respeitosa. Ela quer mesmo é ver a abelha toda melada. A abelha quer o mesmo. Quer ficar toda melada de néctar e ficar cheia de pólen nas suas cerdas e em suas corbículas, mas, será necessário quebrar essa sensação inicial de timidez. Uma abelha mais atirada, se joga de uma vez dentro da flor. É o que precisava acontecer para as outras abelhas fazerem o mesmo. E assim começa a festa da melação e polinização. Abelhas entram e saem da flor e imediatamente vão para outra. Insaciáveis, elas se sujam de pólen ao buscar o futuro mel dentro da flor. Elas voam de uma flor para outra até não conseguirem mais carregar tanto néctar e tanto pólen em seus pequenos corpos. Voltam para seus ninhos e avisam outras abelhas sobre o local da festa da melação. Em pouco tempo, muitas outras abelhas chegam na flor que não está mais cheia de néctar e logo não atrai mais as abelhas. Não tem problema, outras flores ao seu redor estão cheias e preparadas para tentar saciar as abelhas. A flor vê, agora, a festa acontecendo ao seu redor e se sente muito satisfeita com isso.
Tudo parece acontecer conforme planejado. Mas, a festa está para acabar. Está chegando uma frente fria de forma inesperada. Não é a primeira vez que uma frente fria chega de repente. Isso tem acontecido com frequência, atrapalhando o mutualismo entre ela e as abelhas que a visitam. Sem saber do frio que se aproxima, a flor observa as abelhas entrando e saindo todas meladas das flores vizinhas. Em poucos minutos o tempo muda e uma forte rajada de vento muito frio afeta o voo das pequenas abelhas. Começa uma chuva muito forte e grandes granizos caem sobre as abelhas e sobre as flores. Em menos de uma hora, todas as abelhas ao redor das flores estão mortas, todo aquele pólen em seus corpos está no chão e não em outras flores, todo aquele néctar está dentro dos pequenos corpos desses animais fundamentais, ao invés de compor o mel que deveria alimentar suas larvas dentro dos ninhos.
Helena, Luciana Nascimento, Marcus e Paulo YAKU´LA (em Tupi significa “sombra”)
Helena
Luciana Nascimento
Marcus
Paulo
Planeta Terra. Os imensos buracos na camada de ozônio elevam a temperatura no nível do solo e impulsionam severas mudanças climáticas. A chuva ácida corrói as plantações e as peles dos animais, que precisam se abrigar do sol a todo custo. O aumento da temperatura elevou também a evaporação e a evapotranspiração, impactando diretamente nas dinâmicas atmosféricas, reduzindo a disponibilidade de água na superfície e nos lençóis freáticos. O solo está pobre, a vegetação devastada e a biodiversidade reduzida. Resíduos contaminam os oceanos, ilhas submergem e desaparecem pelo mundo – e poucos têm acesso à água potável. Há baixa produção de oxigênio e o ar é impuro, podendo ser mortal. E a maior ameaça se aproxima: um Meteoro se chocará com a Terra em poucos dias, extinguindo a vida existente...
Brasil, cidade de São Paulo. Uma Flamboiã vistosa – e única sombra que permanecia de pé naquele lugar, mesmo após ter sobrevivido a diversas intempéries - observa alguns animais ao redor de uma pequena nave, com partes cobertas pela areia. O porco, quokka, tuiuiú e a formiga comemoram essa descoberta - que representa a chance para a construção de uma nova vida em outro planeta. Surge, entre eles, uma dúvida: o que levar nesta viagem para construir essa nova vida? Uma necessidade básica imediatamente: alimentação!
é
reconhecida
por
todos
Enquanto decidem o que coletar (sementes, plantas aquáticas e o que mais estivesse vivo na Terra) elegem as atribuições de cada um: preparação da nave, abastecimento, comando e navegação, organização da bicharada etc. Ao embarcar na nave a água potável, percebem que não há necessidade de levar tantos galões pois no planeta para onde estão indo, existe água em abundância. Separam o necessário e se lembram que sabem da existência deste planeta porque os humanos o descobriram recentemente. Na Terra ainda existem alguns deles. Sobrevivem a longos períodos de pandemia e severas doenças nunca compreendidas. Os poucos que sobram, mantêm-se afastados uns dos outros. Reproduzem-se em laboratório, pois o contato entre eles não é permitido poderia levar à morte de sua espécie.
Mergulhados na tarefa de colocar dentro da nave ao menos um casal de cada espécie animal que ainda pudesse ser encontrado, em um tempo mínimo, perguntam a si mesmos se deveriam levar um casal de humanos. Mas como se eles não podem se aproximar? Quais humanos devem ser levados? Na corrida contra o tempo, surge no céu uma enorme bola de fogo que aos poucos, se agiganta: o meteoro. Do alto do céu, planando em um forte vento quente, o Tuiuiú avisa que não há mais tempo. Todos se aglomeram na entrada da nave. O vento levanta uma poeira densa e tóxica que derruba as sementes do Flamboiã pelo chão. A árvore desaparece frente aos olhos de todos. Em meio à tormenta, muitos animais não conseguem chegar à nave. Na sala de comando, o porco dá a ordem e as portas se fecham. A nave levanta voo e segue para o novo planeta. Após atravessar a atmosfera com muita turbulência, encontram finalmente um voo tranquilo. Neste momento, um dos sacos embarcados parece mover-se, emitindo um som baixinho... A Formiga se adianta e, surpresa, vê - misturado a sementes e alimentos – um bebê! Todos se aproximam e começam a discutir o destino daquela carga inesperada. Surge uma questão: Quem o teria colocado ali?
Neste momento, o porco avisa a todos e do espaço, os animais assistem, pelas janelas da nave, o meteoro colidir com a Terra e formar uma grande onda de poeira que recobre todo o planeta. Assustados, todos olham para o bebê. Uma tristeza toma todos na nave. Os animais se perguntam se são capazes de cuidar daquele que talvez fosse o último humano. Coletivamente decidem que precisam preservar o máximo de espécies animais possível e sendo ele o único humano na nave, deve ser cuidado e preservado a todo custo. Sabem que cada animal que desaparece na Terra provoca grande impacto na continuidade da vida de todos. E assim, partem em sua longa viagem. Aterrissam. No novo planeta, constroem uma vida comunitária. Plantam, semeiam, cuidam. Ao longo dos anos, percebem que o humano tem um comportamento diferente dos que conheceram na Terra. O bebê, ao crescer, aprende a valorizar sua conexão com a natureza e vive de forma cooperativa com os outros animais. Então, após 18 anos, percebem que para manter a espécie humana viva, é necessário reproduzi-la e decidem voltar ao planeta Terra em busca de outro exemplar da espécie. Ao chegar, deparam-se com algo pior que um planeta destruído e seres humanos em guerra, a maior de todas. Olham para o jovem humano em busca de sua decisão. O jovem decide juntar-se aos demais - e vai para a guerra...conhecer a sua própria espécie.
Recebi o convite para conduzir uma atividade no inédito curso Écfrases Ambientais, da UMAPAZ, com grande entusiasmo. O convite se deu por meio de Andréa Bossi, funcionária da instituição e amiga de longa data, com quem tive o prazer de trabalhar por dois anos em um projeto socioeducativo do SESC Interlagos.
o r t n o c 4ª en
a r u t l Escu Por
r* e i v u v Du o t r e b Al
Andréa me convidou para ser professor do módulo de escultura, mas me interessei por fazer o curso também como aluno, basicamente por dois motivos: 1. Conhecer a turma que se inscreveu no curso, para que pudesse adequar minha atividade aos interesses e conhecimentos do grupo. Além disso, estaria a par do conteúdo apresentado até minha atividade, evitando possíveis redundâncias e fazendo ligações com experiências prévias (a minha atividade foi a 4ª em ordem cronológica). 2. Aproveitar o conteúdo do curso e conhecer as pessoas (professores e inscritos) ligadas a ele. O programa do Écfrases me interessou demais, uma vez que busco no meu trabalho, e na minha vida, as intersecções entre arte e natureza. Écfrases Ambientais foi um presente para mim! O fato de ser um agente duplo, aluno/professor, influenciou na própria estruturação da atividade que propus. Pude ter experiências como um participante que foram cruciais para algumas escolhas que tomei, como condutor do módulo de Escultura.
Centrei minha atividade em três partes: 1. Apresentação de questões por um viés pessoal, interseccionando arte e natureza; e posterior relação com conceitos do filósofo Pierre Hadot, que explicita dois modos (Prometeico e Orfeônico) de relação da humanidade com o meio natural; 2. Apresentação imagética de obras de artistas contemporâneos que trabalham essencialmente no meio natural, usando a natureza como suporte para suas obras ambientais; 3. Exposição virtual de todos os trabalhos produzidos pelos alunos, a partir da proposta prática elaborada para o módulo. As etapas A e B ocorreram em um dia – o primeiro - e a etapa C na semana seguinte, antes do módulo de arquitetura. A primeira etapa se centrou mais na conversa e, neste sentido, ter participado do módulo do Carlos Geraldino foi importante. Gostei muito do modo como conduziu um papo entre todos nós sem grandes aparatos tecnológicos; de certa forma isto esteve em meu horizonte para estruturar este início de curso. Pude também, por ter participado das atividades anteriores, traçar um paralelo do binômio de Hadot com as duas produções audiovisuais apresentadas a nós no módulo de cinema, na semana anterior. A etapa B se deu por meio do compartilhamento de imagens, em uma apresentação virtual: primeiro, das obras emblemáticas do início do movimento artístico conhecido como land-art; depois, da produção de cinco artistas
contemporâneos² que trabalham diretamente no ambiente usando quase que exclusivamente, elementos naturais. Busquei priorizar este tipo de produção por ser o link que julguei importante para minha proposição de prática de escultura neste curso. Solicitei para a semana seguinte dois exercícios: um, que envolvia um olhar fotográfico de algum elemento natural, retratado de modo não convencional, distante da tradicional fotografia de paisagem. O objeto fotografado não deveria sofrer qualquer interferência da mão humana ou arranjo, e de algum modo, a imagem retratada conteria alguma sensação de admiração ou encantamento com a natureza (alusão ao modo orfeônico). O segundo exercício já se configurava em um arranjo, disposição ou montagem tridimensional deliberada, usando apenas elementos naturais, seguida de seu registro fotográfico ou em vídeo (a manipulação da natureza segundo um fim – no caso estético – alusão ao modo prometeico).
_______________ ² Nils Udo, Chris Drury, Jacek Tylicki, Jim Denevan, Andy Goldsworthy. Houve um questionamento da aluna Fernanda (no chat) sobre todos os escolhidos serem homens, além do hemisfério norte. O questionamento me fez pensar a respeito - na verdade, até hoje. Na busca de artistas que se encaixassem nos parâmetros que eu definira para a atividade (artistas cuja maior parte de suas produções se caracteriza pelo uso primordial de elementos naturais no ambiente) não havia de fato encontrado expoentes latinos ou femininos. Ainda penso sobre isso. Aliás, estou pensando agora mesmo!
Por fim, a etapa C tratou da exposição de todos os registros das produções enviados pelos participantes. Ter participado das experiências prévias como aluno foi essencial para que optasse por este caminho; julguei ser melhor, neste caso, priorizar a exposição dos resultados totais ao invés da discussão de apenas alguns casos, para que pudéssemos ver a produção de todo mundo. Porém, por conta da grande quantidade de fotos recebidas, de espantosa qualidade e profundidade, pedi que recebêssemos em silêncio as imagens mostradas; eu mesmo nada falei, ficando apenas como condutor temporal da incrível coleção de imagens produzidas pelos participantes. A escolha desta atividade visou propiciar uma conexão profunda dos participantes com a natureza, de modo contemplativo e estético; primeiro, pela sensibilidade da observação e percepção; depois, pelo contato e manuseio com materiais naturais. Não propus um tema ou enfoque político ou teórico para as produções; tentei priorizar as simples relações de contemplação e de imersão sensorial, quase em oposição ao momento que vivemos, de excessiva informação mediada por eletrônicos. Também propus esta atividade, que se distancia da ideia de escultura tradicional, para que pudéssemos criar sem os referenciais clássicos de beleza, proporção e equilíbrio atribuídos à prática escultórica, e com isso, pudéssemos acessar de modo mais orgânico o potencial criativo que certamente habita cada um ou uma de nós.
Fiquei muito impressionado com as produções; gostaria muito de ter tido mais tempo para conversar a respeito delas, para desdobrar caminhos e processos. Este resultado, de algum modo, me indica que o módulo transcorreu de um modo fértil e pulsante. Particularmente, me senti muito movido por este encontro, e penso que poderíamos ter tranquilamente extensões dele e dos outros. Principalmente no que diz respeito às discussões sobre as produções realizadas. Acredito que a reflexão sobre a relação humana com a natureza urge, por motivos de sanidade - do planeta e de nós, indivíduos. Estamos à beira de um colapso ecológico, e uma existência ecfrasística como esta é de suma importância para novos meios de convivermos no planeta. Seria muito salutar e auspicioso que este curso pudesse ser revivido, desdobrado, continuado, aprimorado. Quero ressaltar a abertura e gentileza com que os proponentes deste curso, Andréa e Pedro, sempre tiveram comigo. Isto foi essencial para um desenvolvimento livre e criativo das proposições. Foi um grande prazer fazer parte da nau. Estou à disposição para qualquer empreitada nesta direção, sempre. Evoé!
Alberto Tempo Duvivier*
Bibliografia Sugerida: HADOT, Pierre. O Véu de Isis. Edições Loyola, 2004. WALLIS, Brian e KASTNER, Jeffry. Land and Environmental Art. Phaidon, 1998;
Educador, artista, ambientalista e desenvolvedor de jogos. Formado em Artes Plásticas pela FAAP, com pós em Educação Lúdica pelo Instituto Superior de Ensino Vera Cruz e em Ciências Holísticas e Economia para a Transição pelo Schumacher College Brasil. Pesquisa a intersecção entre arte e ecologia, tanto por meio da produção artística quanto pela condução de cursos e encontros educativos. A partir da criação do coletivo Zebra5, em 2009, passa a estudar e explorar o campo do jogo, atuando em diversas instituições culturais com propostas variadas que integram jogo, arte e educação.
Sites: Andy Goldsworthy: https://goldsworthy.cc.gla.ac.uk Chris Drury: https://chrisdrury.co.uk Jacek Tylicki: http://www.tylicki.com Jim Denevan: https://www.jimdenevan.com
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Nils Udo: https://www.nils-udo.com/?lang=en
Escult
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Daniela
Gota
Luciana Battelli
Gota
Conjunto
Paulo
Roseli
Salve salve, pessoal!
o r t n o 5ª enc
a r u t e t i u q Ar Por
Ped
* h t i m S so o d r a C ro
Minha proposta para o encontro sobre arquitetura e sustentabilidade foi, antes de mais nada, de questionar o termo - sustentabilidade - já tão absorvido pela nossa sociedade capitalista de consumo desenfreado. Onde então buscar reflexões que possam trazer, de fato, um entendimento mais completo, simbiótico e integrado ao meio ambiente que não no povo originário? Mais notadamente os Guarani Mbya, nossos vizinhos habitantes do município de São Paulo. Como um “juruá” (não indígena) que sou, também busquei algumas referências mais “científicas convencionais” para esta reflexão, que se associam muito à dos Guarani Mbya: a Teoria de Gaya (vejam as referências bibliográficas!). Busquei também trazer arquitetura sustentável de outras fontes tão necessárias e diversas, como exemplos na África, no Norte do nosso país, de mulheres porretas, entre outras! Como eu tinha muitooooo slide para apresentar, sugeri que o pessoal escrevesse no chat: “O que vem à cabeça quando se deparam com o termo sustentabilidade”? A maioria, formada por educadoras tão empenhadas, idealistas e comprometidas (fomos sacando isto ao longo do curso), teceu seu olhar mais genuíno e utópico sobre o termo, mas não deixando de haver a crítica ao uso - como supus indiscriminado dele.
Bom, focando agora na atividade proposta ao final deste dia, que é o material MARAVILHOSO produzido aqui neste capítulo do livro multimídia (vulgo PeDêÉfão!), a ideia foi de, a partir de uma aula onde se buscou mostrar concepções e formas genuinamente sustentáveis de se viver, em conjunto com a música “A cidade ideal” dos Saltimbancos (quem não conhece? Ah, e escute o álbum inteiro de uma vez! Trata-se também de uma história de utopia e resistência!), sugerir que fizessem um desenho, croquis ou mesmo uma maquete sobre sua cidade ou bairro ou casa ideais! Entendendo que a sustentabilidade na sua forma mais ampla e integradora seria a busca de uma sociedade ideal, absolutamente respeitosa, a vontade foi de trazer esta reflexão do viver coletivamente, comumente, simbioticamente, criativamente, corporalmente e espiritualmente! Já escrevi demais! Divirtam-se agora com as artes tão diversificadas e realmente incríveis (nos seus sentidos prático e filosófico), feitas pelas pessoas participantes. Espero que toda esta avalanche de criatividade e idealismo sirva para possíveis percursos para você que lê, seja para a utilização em salas de aula (melhor ainda se forem embaixo de uma linda mangueira), seja para o uso na sua casa, no seu trabalho ou em qualquer outro local ou outra finalidade de integração e reflexão coletiva sobre a vida!
Bibliografia Sugerida: ALENCAR, Jackson de. A Terra sem Males: mito Guarani. Paulus Editora, São Paulo, 2009; BORTOLINI, José César. Sustentabildade nas comunidades tradicionais Guarani do oeste do Paraná: a trajetória so silenciamento de um povo. Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Lin., Mestrado. Letras. UEMS/ Campo Grande, v.5, n. 15, maio de 2015; CARRINHO, Rosana Guedes. Habitação de interesse social em aldeias indígenas: algumas abordagens sobre o ambiente construído Mbyá-Guarani no litoral de Santa Catarina. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2008; ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo, 2008; KOURY, Ana Paula. Grupo Arquitetura Nova: Flávio Império, Rodrigo Lefèvre e Sérgio Ferro. Romano Guerra Editora: Editora da Universidade de São Paulo; FAPESP, São Paulo, 2003;
Neves, 2006 (Severiano Porto): Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18141/tde03012007232857/publico/dissertacaoNEVES_compactada.pdf>.;
Pedro Cardoso Smith* Minibiografia no capítulo “Apresentação: o processo de concepção do curso”.
PRUDENTE, Letícia Thurmann. Arquitetura Mbyá-Guarani na Mata Atlântica do Rio Grande do Sul: estudo de caso do Tekoá Nhuu Porã. Dissertação de mestrado. Universidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2007; Site Peabiru. Disponível em: <http://www.peabirutca.org.br/>. Acesso em Novembro de 2020; Site Usina-Ctah. Disponível em: <http://www.usina-ctah.org.br/>. Acesso em Novembro de 2020.
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Arquit
etura
Daniela
PROCESSO CRIATIVO
Diane
Essa micro-maquete foi feita com uma caixinha de fósforos, pintada com tinta acrílica branca e marcadores coloridos. Linhas, cortiça, miçanga e uma pedrinha no lado de dentro. O provérbio chinês escrito na minha micro-maquete pode transformar minha casa utópica em realidade um dia. Quem sabe? Pequenas mudanças no nosso dia a dia podem fazer a diferença. Além disso, essa micro-maquete também traz a ideia de que menos é mais. Enquanto construía essa pequena casinha lembrei daquelas gravuras que vinham nas revistinhas que os testemunhas de Jeová entregavam na minha casa. Homens, mulheres, crianças e animais selvagens todos juntos em um lugar paradisíaco. Meus deuses! Que vontade de viver nesse lugar eu tinha! Talvez minha cidade utópica pudesse ser como aquelas gravuras. Foi um grande desafio realizar essa atividade, quase desisti pois não tenho muita habilidade com desenho, muito menos com maquete. Mas adorei o resultado.
Fernanda
Fernando
Casa "Forma Terrestre" A partir da obra de Hans Arp, 1917.
Helena
Jeimy
Uma cidade melhorada pode ser sonhada
o r t n o c 6ª e n
a i f a r Fotog Por
Christi
e* t n a g a ane Tr
Recebi o convite para participar de um encontro do curso Écfrases Ambientais por meio da professora e minha amiga Maíra Kahl Ferraz, ainda no ano de 2020. Na época, Maíra me pediu para pensar em algo relacionado à fotografia e ao direito à cidade. Como já havia trabalhado com meus alunos do Ensino Médio no Instituto Federal de São Paulo, campus Matão, onde sou professora, com o trabalho do artista Zé Vicente, foi por meio dele que estruturei esta aula. Zé Vicente trabalha com colagens e recortes na cidade de São Paulo e seu processo passa pelo encontro com as imagens das revistas (à maneira de um “objet trouvé” dos surrealistas), pelos recortes e, finalmente, pelas derivas às ruas de São Paulo na busca de um lugar onde as imagens possam se encaixar perfeitamente. Encontrado este lugar, o artista fotografa a cena e esta imagem vai posteriormente fazer parte de uma exposição sua. O trabalho de Zé Vicente nos devolve o direito à cidade, nos faz olhar com calma, pertencer aos seus mais ínfimos cantos. Assim, sendo sua produção o pilar estruturante da aula, busquei outras referências visuais e teóricas a respeito das potencialidades da fotografia e de seu uso como forma de vivenciar a cidade. O referencial teórico sempre me pareceu muito importante, mesmo diante da produção artística e das possibilidades de criações sensíveis. O processo criativo de um artista não acontece de um experimentalismo infundado, mas a partir de um trabalho árduo e da pura necessidade de se criar um
plano de composição. Compor com imagens, com palavras, textos e fotografias, para voltar a ter a cidade um pouco para si. Essa foi a ideia da aula.
propus uma experimentação: que nós também pudéssemos recortar imagens de revistas e sairmos à deriva pela cidade, buscando um “cantinho” no qual nosso recorte se encaixasse.
Diante disso, dividi a aula em três partes: 1. Experiência com a fotografia, 2. Balaio de conceitos e 3. Direito à cidade. Na primeira parte me debrucei sobre o texto de Walter Benjamim, “Pequena história da fotografia”, para mostrar as potencialidades da fotografia e o que ela guarda de história, de magia, do gesto congelado e o quanto ela pode exigir de nós uma criação. Por isso, experimentamos contar histórias a partir de algumas fotografias e todos foram convidados à criação de um texto em forma de poema, haicai ou micro conto. Em seguida, trouxe alguns conceitos baseados na obra de Giorgio Agamben, principalmente no que diz respeito às ideias de jogo, profanação, tempo Áion e, por fim, do capitalismo como religião, de modo a compreender que, se o capitalismo nos tira o direito à cidade, somente por meio do jogo, do tempo aiônico, do retorno à infância e da arte podemos profanar essa religião e ter de volta a cidade que um dia nos pertenceu.
Para compartilharmos nossas produções, criamos um mural virtual no Padlet e conversamos sobre a experiência no encontro seguinte.
Na terceira parte da aula apresentei o trabalho de Alexandre Orion e de Zé Vicente e discutimos sobre a forma como esses trabalhos nos ajudam a retirar a cidade do deus do capitalismo e devolvê-la ao uso da humanidade por meio da ideia do jogo e do tempo aiônico. Baseados em tudo isso,
Apesar de toda potencialidade das obras apresentadas, tive a impressão que alguns conceitos discutidos foram tanto ou mais significativos que a própria produção artística. Na verdade, tive a impressão de que juntos: os trabalhos de arte e os conceitos de tempo aiônico e jogo, capturaram o grupo, convidando cada participante a repensar/sentir inúmeras questões, a ponto de, posteriormente, o grupo escolher o conceito de Aión como parte do nome do Sarau de final de curso. Apesar de não ter podido participar dos encontros seguintes e nem do Sarau, fiquei com a sensação de que as obras realmente geraram intensidades e os conceitos puderam mover o mundo de ideias e de ações dos participantes. Para onde caminhou esse movimento? Talvez essa resposta não esteja ao meu alcance. Mas, certamente, podemos dizer que fizemos dessa aula (e tenho certeza de que também das outras), um verdadeiro encontro: entre pessoas, estudantes, arte e ideias, que nos possibilitou explorar novos lugares e inventar novas sensações.
Bibliografia Sugerida:
Christiane Tragante*
AGAMBEN, G. Elogio da profanação. In: Profanações. Tradução: Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015;
Christiane Tragante é professora de Arte no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, campus Matão, desde 2015. É formada desde 2005 em Educação Artística pela UNESP, atuando na rede pública e privada. Formou-se mestre em Antropologia Social pela UFSCar e doutorou-se em Educação também pela UNESP. Estuda arte, educação e infância e atualmente faz pós-graduação em "O livro para a infância" pela Casa Tombada.
AGAMBEN, G. O dia do Juízo. In: Profanações. Tradução: Selvino J. Assmann. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015; AGAMBEN. Disponível em: <https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/106/o/AGAMBENGiorgio-Profanacoes.pdf>; BENJAMIN, W. O capitalismo como religião. Tradução: Nélio Schneider. [s.l.] Boitempo Editorial. Edição Kindle, 2015; BENJAMIN, W. Pequena história da fotografia. In: Magia e técnica, Arte e política. Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense, 1994; KOHAN, W. O. A escola como experiência: entrevista com Walter Omar Kohan. Revista Eletrônica de Educação, v. 12, n. 1, p. 298–304, abr. 2018.
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Fotogr
afia
Rega
Alberto
Manda comprar a Amazônia
A espiã
Fala que eu te escuto
Fauno tupi
Quebracadabra Gênio do futebol
Daniela
Cacto Estrela - Faça download
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Um bom lugar
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Na telinha
Varanda do chalé
Helena
VERDEVEJO I
VERDEVEJO II
VERDEVEJO III
Suzana
A ciência
Isabela
A ciência
Luciana Nascimento
Janelas
Mergulho no mar
Meteoro
Plantado
O que há para notar?
Rebrotaremos Unicidade
A VIDA E O SOM: FAZER MUSICAL COLETIVO A PARTIR DE COMUNIDADES DE TAMBOR
o r t n o nc
7ª e
a c i s ú M Por
os d z i u L Alberto s* Santo a m i t á F de e t e b Elisa a** v l i S s Faria
Pelos idos de 2007, nós, Beto e Lisa, entre outros interessados em estudar “cultura”, nos encontramos na graduação em Geografia, Unesp - Ourinhos, e nos ensaios da Batucada Resistência – grupo percussivo de estudantes da mesma instituição. Desde então nos aproximamos cada vez mais das sonoridades e musicalidades. Inclusive na pósgraduação, continuamos estudando essas temáticas. Recentemente conversávamos sobre a fria objetificação acadêmico-científica com que eram tratadas as expressões culturais e, em específico, as musicais, na Geografia. Destoando da paixão com a qual as artes e o fazer nos tomam. Seria possível um encontro mais tocante a partir da arte-ciência, ainda assim, rigoroso e plural às tantas vozes/realidades desconsideradas em formulações universais indistintas de cultura e espaço? O convite para o módulo Música, no curso Ecfrases, em março de 2021, por Maíra - inclusive participante nos tempos de Ourinhos - foi oportuno para retomarmos essa inquietação. Desde então, realizamos várias videoconferências para organizar o que abordaríamos, não só devido ao isolamento social necessário à contenção da Covid, mas por estarmos distantes, no interior paulista: Beto em Valinhos e Lisa em Rio Claro.
Em meio a sugestões teóricas e de atividades para o curso, conversávamos ainda sobre família, rotina, prazos apertados, aumento do custo de vida... problemas vividos por muitos, mas que cada um respondia dentro de suas condições (financeiras, sociais, culturais), adotando estratégias para enfrentar esse momento desafiador. A música, certamente, era/é uma dessas estratégias comuns entre nós! Não apenas ouvir músicas, mas também compor com nossos parceiros de isolamento e, sobretudo, pensar como lidávamos com as sonoridades diárias: trabalhar no computador em casa, enquanto os filhos/sobrinhos brincam/brigam no cômodo ao lado, quando não estavam no nosso pé – literalmente; conviver com o cotidiano dos vizinhos de muro colado; afastar-nos das ruidosas e convidativas praças públicas e centros culturais e experimentar os instrumentos mais individualmente, em casa. Nessas conversas, a inseparabilidade entre vida e som – daí a ideia central do módulo: não nos voltaríamos para a interpretação de músicas já dadas, ou para os valores técnicos em si que acabam por limitar quem (e o que) se pode (ou não) tocar/cantar/dançar. Miramos a abertura e a escuta atenta às sonoridades que nos envolvem, mesmo que não nos demos conta permanentemente dessas narrativas: o tilintar das panelas no almoço, as
paisagens sônicas dos bairros em certos períodos, o barulho da chuva depois de semanas aguardando-a, o choro da criança naquela reunião importante, a risada da criança naquele dia exaustivo... Disso desdobramos no curso as sonoridades das lavadeiras, cozinheiras, engraxates, batuqueiros, brincantes, entre outros, e tencionamos repensar a ideia habitual de que a cidade é apenas e sempre barulhenta, sem arte e criatividade, e que o rural, por sua vez, é silencioso. Problematizando essa concepção simplista, que ignora as múltiplas sonoridades entrecortadas no cotidiano, que nos motiva a concepções de musicalidades mais plurais. O fazer musical coletivo, ao sintonizar as pessoas em um pulso comum de afinidade, perpassa essa sensibilidade de ouvir-com, tocar-com, ser-com. Como um pequeno sinal sonoro metálico, por exemplo, que no momento adequado pode dar um “molho”... tiiiin e arrancar sorrisos nesse fazer coletivo, a criatividade intrínseca das artes aparecia para nós, durante a pandemia, como um reencantamento à vida e às pequenas coisas compartilhadas sensivelmente, mesmo e, inclusive, com perdas, sofrimentos, lamentações... tooon. Por isso, trouxemos para o curso o fazer coletivo como propósito pedagógico de estar junto, a fim de habilitar um mundo que nos motive a recriar.
Durante o encontro, trouxemos exemplos de grupos culturais em que o fazer musical coletivo é essencial, tanto nas técnicas empregadas quanto como na sociabilidade (disposição dos corpos, feitura e execução dos instrumentos musicais, composição coletiva etc.), que nos remete a uma horizontalidade de concepção musical: todos estão aprendendo juntos e têm seu lugar no fazer coletivo, ainda que guiados e respeitando uma hierarquia. De crianças a idosos, de quem não tem conhecimento técnico a quem é mestre, o encontro musical acontece em sintonia, reverberando repetição e improvisação, circularidade e conexão entre os participantes. Assim, em chamada-e-resposta, também nós, junto aos cursistas, fomos compondo coletivamente ao alternar nossas falas, cruzando saberes, cada um com sua experiência, referência e habilidade. Além das reflexões teóricas, preparamos três atividades. Na primeira, Lisa conduziu os cursistas a se imaginarem tocando, envolvendo conceitos como corpo, imagem e imaginação: para uns, o exercício incitou enfrentar medo/vergonha; para outros, trouxe tempos musicais saudosos.
Na segunda, Beto conduziu tocarmos juntos remotamente: percutiu a frase-tema na bancada, e cada cursista foi abrindo seu microfone e contribuindo: teve pandeiro, chocalho, percussão de garrafa, flauta, voz... E ouvimos nossos lares: latido de cachorro, barulho de carros e buzina, conversas ao fundo. Foi um momento para reencontrar a abordagem proposta: vida e som pelo viés do fazer coletivo. A terceira atividade foi a “criação de casa”: composição sonora de 1 minuto que instigasse a sequência SAUDADE, ANGÚSTIA, ESPERANÇA, ENCONTRO, ABRAÇO. Recebemos trabalhos lindíssimos, além de reclamações para criar tanto em tão pouco, nos ensinando sobre a imersão demandada nesse processo. Na semana seguinte, ouvimos as composições e seus criadores. Foi uma troca multiplicadora que ampliou a escuta e vibrou a potência da educação como ato criador capaz de interpretar/criar/transformar. Notamos, irresistivelmente, as musicalidades perfazendo geografias!
Bibliografia Sugerida: CESPEDES, Fernando Gaspini. Ser sonoro: história sobre músicas e seus lugares. Tese (Doutorado) Comunicação. ECA-USP, São Paulo, 2019;
SANTOS, Luana Zambiazzi. Todos na produção: etnografia de narrativas sônicas e raps em espaços urbanos populares. Jundiaí: Paco, 2017;
DIAS, Paulo. A outra festa negra. In: JANCSO, István e Kantor (orgs). Festa, Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa. v.I. São Paulo: EDUSP/HUCITEC/FAPESP, 2001;
SILVA, Elisabete de Fátima Farias. Entre corpos e lugares: experiências com a Congada e o Tambu em Rio Claro/SP. Dissertação (Mestrado em Geografia). UNESP, Rio Claro, 2016;
MAKL, Luis Ferreira. Artes musicais na diáspora africana: improvisação, chamada-e-resposta e tempo espiralar. Outra travessia, Florianópolis/SC, n.11, p.55-70, 2011;
SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. Trad. Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. São Paulo: Editora UNESP, 1991;
PAULA JUNIOR, Antonio Filogenio de. Filosofia afrobrasileira: epistemologia, cultura e educação na Caiumba Paulista. Tese (doutorado em Educação). UNIMEP, Piracicaba, 2019;
SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo. Trad. Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. 2ª ed. São Paulo: Editora UNESP, 2011;
PINTO, Tiago de Oliveira. Som e música. Questões de uma Antropologia Sonora. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 44, p.222-286, 2001; SANTOS, Alberto Luiz dos. O samba como patrimônio cultural em São Paulo (SP): As batucadas de beira de campo e o futebol de várzea. Tese (Doutorado em Geografia). USP, São Paulo, 2021;
SERSONORO: sons, música e o mundo da escuta. Disponível m:<https://sersonoro.net/>; SODRÉ, Muniz. Samba, o dono do corpo. 2ª ed., Rio de Janeiro: Mauad,1998; WISNIK, José Miguel. O som e o sentido: uma outra história das músicas. 2.ed. São Paulo, 1989.
Alberto Luiz dos Santos*
Elisabete de Fátima Farias Silva*
Possui Graduação em Geografia (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP (2010), Mestrado em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP (2014). Doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo, com a pesquisa: "O samba como patrimônio cultural em São Paulo (SP): As batucadas de beira de campo e o futebol de várzea". Possui produção acadêmica voltada às relações entre patrimônio cultural e espaço urbano. Integra a Rede Paulista de Educação Patrimonial (REPEP). Como docente, atua no Ensino Superior e no Ensino Básico e Técnico. <albertosantos@usp.br>
Possui Graduação em Geografia (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho UNESP (2012), Mestrado em Geografia pela Unesp – Rio Claro (2016). Atualmente cursa o Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, com a pesquisa: "Saber-fazendo tambores: ancestralidade desde corpo-terra". Possui produção acadêmica voltada às relações culturais e étnico-raciais, linguagens no ensino de Geografia e filosofias latino-americanas. Integra o Grupo de Fenomenologia – NOMEAR, Unicamp. <lisafariasgeografia@gmail.com>
Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Músic
a
Teatro – lugar de onde se vê
o r t n o c 8ª en
o r t a Te Por
Luciano
s* o m a R Sousa
No ano de 2019, antes da pandemia, o Professor Carlos Geraldino me fez o convite para participar de um minicurso da UMAPAZ, no qual eu abordasse algo em torno de minhas pesquisas em Filosofia e que pudesse trazer alguma relação com a temática sobre Natureza e Meio Ambiente. De início, preciso apenas citar, tais temas não seriam falados como sinônimos de Ecologia, já que minha ideia era discutir questões sobre a natureza humana, morte e luto. Confesso que não imaginava que o tema do luto seria tão valioso meses depois. Bem, com o desenrolar da peste, o minicurso foi reelaborado via on-line e, agora, com abordagens no campo artístico também. Aí, o tema da morte e do luto não me pareceu tão lúdico e o Carlos me cutucou para que eu resgatasse experiências de um passado um pouco remoto, quero dizer, o trabalho nas artes circenses, do qual eu tinha participado numa outra década. A coisa realmente se transmutou. O circo, como a mistura de treinamentos rigorosos de números, improvisações, criatividade e interação com uma plateia bagunceira, mas, igualmente, como um espaço para a interpretação de papéis em seus esquetes cômicos ou dramáticos, me fez decidir pela abordagem Meio Ambiente e Teatro. Há que se lembrar que, apesar de nos grandes circos os esquetes dos palhaços ocuparem breves espaços nos intervalos para preparações dos números, nos circos pequenos e médios essas encenações teatrais, entradas e reprises são sua força motriz.
O desafio neste momento era pensar a interpretação dramática em alguma relação com o meio ambiente, coisa aparentemente distante, mas que se resolveu facilmente ao lembrar que criar uma personagem é um processo de se transpor ao outro, tentar pensar como o outro pensaria, e ainda assim, não abandonar seu próprio lugar. O outro, no caso da nossa atividade, foi algum fenômeno da natureza como o solo, o oceano, o céu, a montanha, o gelo, o recife de coral etc. Um céu que ri, que odeia, que mata, que fica em dúvida. Ou seja, a representação da vida do espírito humano em um fenômeno da natureza. Lembro que certa vez um diretor perguntou ao ator Eugênio Kusnet, se ele aceitaria fazer o papel de um objeto, como uma cadeira, ao que Kusnet respondeu: “Se essa cadeira tem amor por uma outra cadeira; se nutre a esperança de um dia se tornar poltrona; se tem medo de morrer queimada num incêndio, então eu aceito o papel. Do contrário, você não precisa de um ator – ponha uma cadeira verdadeira e que os seus atores falem com ela”. A atividade proposta neste quadro foi, a partir de uma série de vídeos da Conservação Internacional intitulada: “A natureza está falando”, escolher um dos vídeos da série e gravar uma interpretação do personagem (Gelo, Montanha, Floresta, Oceano, Solo, etc.). A partir daí, preparei a nossa conversa sobre interpretação e, principalmente, uma brincadeira com alguns exercícios. A ideia era tentar deixar sensível que a interpretação não é só a palavra, mas sim, a expressão
corporal, o gesto. E para chegarmos a isso, precisávamos construir uma vida anterior e uma lógica de cada personagem. Nessa preparação dialogamos com os métodos de Stanislavski, Diderot, Sábato Magaldi e Eugênio Kusnet. Os exercícios passaram pela fé cênica: acreditar na realidade que se apresenta, sem esquecer a situação; pela ação lógica: a ação da personagem sempre obedece à lógica (o ontem, hoje e amanhã da ação). Cada ação tem um passado que a faz resultar e tem um futuro que é o objetivo a alcançar pela personagem; pela visualização ativa: um dos participantes, a partir do olhar físico para um celular, chegou a visualizar a sua fabricação em outro país, as vestimentas dos operários, suas relações, intrigas, amizades, etc. É incrível pensar que tudo isso se deu numa experiência tão curta como um encontro virtual, com suas limitações de contato. Obviamente que o valor da experiência não esteve na tecnologia utilizada, mas sim, na grandeza dos participantes que, com seus conhecimentos e disposição, realmente criaram personagens dramáticos. E personagens com vidas curtas, efêmeras, personagens que viveram apenas aqueles minutos da apresentação, e devo dizer isso com satisfação, pois a criatura que o ator cria tem a duração do espetáculo. Aqueles que viram, puderam admirar, gostar ou odiar. Aqueles que não viram, bem...
Luciano Sousa Ramos*
Bibliografia Sugerida: DIDEROT, Denis. Paradoxe sur le comédien. Paris: Éditions Nord-Sud, 1949; KUSNET, Eugênio. Iniciação à arte dramática. São Paulo: Brasiliense, 1968. MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 1994; PEIXOTO, Fernando. O que é teatro. São Paulo: Brasiliense, 1980; STANISLAVSKI, Constantin. A preparação do ator. São Paulo: Civilização Brasileira, 1994. ______. A construção da personagem. São Paulo: Civilização Brasileira,1993; TOUCHARD, Pierre-Aimé. Dioniso – Apologia do teatro e O amador de teatro ou a regra do jogo. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1978;
Iniciei os estudos em Filosofia na virada do século XXI na UNESP, em Marília. Assim se deu a minha saída de casa aos 17 anos. Depois de terminar o bacharelado em Filosofia com um estudo sobre estética, arte moderna, pintura e poesia, me dediquei a duas atividades distintas: o mestrado, sobre alguns autores da Teoria Crítica e simultaneamente, um aprendizado sobre artes circenses, acrobacia, pirofagia, interpretação e outras peripécias. São essas histórias que acabei usando no curso Écfrases – teatro. Voltando ao mundo acadêmico depois de sete anos, realizei a tese de doutorado pela UNIFESP e com estágio na Freie Universität zu, Berlin. É nesse momento que ingressei no IFSP como professor de Filosofia. A seguir, imagens das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
WEKWERTH, Manfred. Diálogo sobre a encenação. São Paulo: Hucitec/Secretaria Municipal de Cultura, 1984.
Teatr
o
Caetano
Helena
SOSolo
Isabela
Mãe natureza
Luciana Battelli
Uma flor
Roseli
DANÇANDO A NATUREZA no curso Écfrases ambientais
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a ç n a D Por
i d i u G a ri a M a l Este s* e m o G a r i e r e P
“A educação é uma obra de arte. É nesse sentido que o educador é também artista: ele refaz o mundo, ele redesenha o mundo, repinta o mundo, recanta o mundo, redança o mundo” Paulo Freire Recebi o convite dos coordenadores do curso Pedro Smith e Andréa Bossi com muita alegria para participar do Curso Écfrases ambientais e vislumbrei a oportunidade de contribuir com o entrelaçamento da dança, enquanto uma das primeiras manifestações artísticas da humanidade, com o trabalho de Educação Ambiental que realizamos na UMAPAZ, especificamente na Divisão de Formação da qual integramos o corpo técnico. Refletir sobre o intercâmbio entre arte e natureza, considerar a arte como recurso para o autoconhecimento e expressão integradora e trabalhar por uma Educação Ambiental participativa, reflexiva e transformadora, tanto do indivíduo quanto do coletivo, foram minhas inspirações para criar o percurso do encontro. Conforme orientação da coordenação do curso também foi considerado e preparado um caminho a ser trabalhado antes, durante e após o encontro com os participantes do curso.
Para o encontro com os participantes do curso escolhi o tema “Dançando a Natureza”, que tem sido o tema do meu trabalho na UMAPAZ, unindo Educação Ambiental com os valores da Cultura de Paz. Dançar a natureza, para mim, é dançar tudo do que somos feitos, que nos habita e move: os elementos terra, água, fogo, ar e éter; o vento, as árvores, a lua, o sol, a flor, o fruto, os ciclos, as mudanças, as estações, as transformações; os sentimentos e emoções; os pensamentos, palavras, sentidos; a alma, o espírito, o grande Sopro, o Sagrado. Significa também dançar a natureza das nossas relações conosco mesmo, com os outros seres viventes e com tudo aquilo que nos rodeia. E também significa levar para o corpo estas reflexões sobre nós mesmos na relação com o mundo e tudo que vive; um caminho de autoconhecimento, de revisão de atitudes, conceitos e formas de ser, habitar e viver. A natureza sempre foi inspiração para todos os povos, fonte de cura, busca de equilíbrio e aprendizado sobre os ciclos. Observo que, “Dançando a natureza”, podemos ampliar nossa consciência individual e de grupo, gerando um sentimento de pertencimento e conexão da nossa natureza interior com a natureza exterior que nos cerca. A dança sempre fez parte da história da humanidade e para o ser humano a dança é expressão de experiências que transcendem a comunicação verbal. Pode ser compreendida como conexão com a natureza, a sociedade, o tempo, o espaço, o transcendente.
A dança é uma das expressões mais antigas da humanidade e parte essencial da vida dos povos. Uma ação espontânea presente na vida dos povos antigos, que fazia parte de seu cotidiano. O homem primitivo dançava em todas as ocasiões: nos momentos de alegria, sofrimento, amor, medo; dançava ao amanhecer, no plantio, na colheita, na morte, no nascimento. As Danças Circulares nascem a partir desta origem das Danças dos Povos, Danças Tradicionais e Danças Folclóricas. A partir da década de 70 surge um movimento mundial iniciado por Bernhard Wosien, dançarino, coreógrafo, artista plástico e cênico, com influência expressionista que, ao resgatar as Danças dos Povos dançadas em alguns países da Europa, especialmente Grécia e países balcânicos, observou o sentido de irmandade, alegria, união e conexão com a vida, partilhados nas comunidades. Bernhard levou estas danças para a Comunidade de Findhorn, no norte da Escócia em 1976, e a partir deste encontro nasce o Movimento das Danças Circulares, que se espalha por todo o planeta, propiciando o encontro consigo mesmo, com o outro, com o ambiente e a reconexão com a totalidade. Com o decorrer dos anos, muitas outras danças, tanto inspiradas em passos tradicionais, como outras coreografias contemporâneas, foram incorporadas ao repertório conhecido atualmente como Danças Circulares Sagradas, Danças Circulares dos Povos ou simplesmente Danças Circulares (DC).
As DC resgatam passos e músicas inspirados na cultura dos povos, trazendo ao momento presente valores como respeito, união e cooperação. Estas danças possibilitam vivenciarmos de modo especial a alegria, a irmandade, o contato com a natureza numa comunicação não verbal, sendo um rico instrumento no trabalho de inclusão das questões sociais que envolvem nossa relação com o meio em que vivemos, ressaltando a necessidade de convivência pacífica, inclusiva e sustentável.
No sentido dos participantes do curso se envolverem com o tema do encontro, propus a eles uma preparação e ambiência tanto corporal quanto espacial, indicando alguns cuidados com a vestimenta e a construção de um centro de roda como costumamos utilizar nas Danças Circulares. A seguir, imagem e registro de centro, construído pela participante Suzana:
Nos trabalhos da UMAPAZ usamos as DC como ferramenta ou metodologia para o trabalho na Educação Ambiental. Para sensibilizar sobre a temática socioambiental, para aproximar as pessoas da natureza (que somos), para sensibilizar e despertar a curiosidade e o interesse sobre os recursos naturais, para permitir a reflexão sobre o consumo, sobre o descarte dos resíduos, o uso da água, a importância da vegetação, aprender a cooperar, tantos temas necessários e atuais em nosso cotidiano. Para o encontro do curso pensei em “Dançar a natureza” através da conexão com os elementos: terra, água, fogo e ar e como eles podem se manifestar em nosso corpo e movimentos, compondo uma dança livre e com significado. Minha intenção foi conectar os participantes com seu mundo interior, de onde pulsam todas as possibilidades de outras conexões, podendo assim se manifestar em movimento e dança. Utilizei a metodologia participativa, exposição dialogada, vivência de meditação em movimento e danças.
Após o encontro, foi proposto o desenvolvimento de um trabalho individual com a dança a partir de duas inspirações: expressão do momento atual de cada participante ou conexão com pelo menos um dos elementos (terra, água, fogo e ar). O trabalho poderia ser apresentado por um relato escrito sobre o processo de criação e/ou em vídeo.
Quatorze trabalhos foram apresentados e compartilho aqui o do Marcus, que relatou inicialmente ter dificuldade para se expressar e criar através do corpo, mas mesmo assim mergulhou na proposição, buscando pequenos gestos e movimentos na criação da sua dança. Escolheu o elemento terra e contou uma história a partir da conexão com o solo, crescendo como árvore, trazendo o movimento do vento balançando os galhos e as folhas caindo e retornando à terra. Me encantei com o resultado expresso em sua dança, sua conexão com a terra e manifestação a partir de seu coração. Penso que este curso abriu espaços internos nos participantes para conhecerem e experimentarem várias formas de fazer arte e como podem ser incluídas em suas vidas e cotidianos. O curso foi realizado de forma virtual em tempos de pandemia, COVID-19, e penso que também pode ter sido um bálsamo, no sentido de trazer beleza, sensibilidade e criatividade para tempos tão desafiantes. Ao dançar em círculo, mesmo que neste momento seja um círculo virtual criado a partir do encontro nas janelas das telas do computador ou celular, o indivíduo coloca-se em contato com o seu corpo em movimento, com o seu ser em expressão e com o grupo, estabelecendo e transformando suas relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo.
Bibliografia sugerida: BARTON, A. Danças Circulares - Dançando o Caminho Sagrado, Editora TRIOM, SP Brasil, 2006; DUBNER, D. Dançando a vida, SP Brasil, Taygeta Consultoria, 2019; DUBNER, D. O poder terapêutico e integrativo da Dança Circular, SP Brasil, 2015; GAURADY, R. Dançar a vida, Rio de janeiro, Nova Fronteira, 1980; GIANNELLA, V. e BATISTA, V. L. Metodologias Integrativas: tecendo saberes e ampliando a compreensão disponível em <https://periodicos.ufba.br/index.php/rigs/article/view/9691>; GOMES, E.M.G.P. Capítulos: Danças Circulares como Metodologia Integrativa e Dançando e convivendo nos Parque Públicos de São Paulo disponível em <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/ chamadas/livro__aprendizagem_socioambienta_em_livre_percurso_-_v12__web_1355257931.pdf>;
Estela Maria Guidi Pereira Gomes*
LEITE, A.P. Paulo Freire e arte educação. Considerações sobre a estética freiriana e a arte na educação/formação disponível em: <https://www.fpce.up.pt/ciie/sites/default/files/ESC54_ALeite. pdf>; LELOUP, J.Y. O corpo e seus símbolos, Editora Vozes, 9ª edição, Petrópolis, RJ, 1998; RAMOS, R: org. Danças Circulares Sagradas - Uma proposta de Educação e Cura, Editora TRIOM, 2ª. Edição, SP Brasil, 2002; WOSIEN, B. Dança - Um Caminho para a Totalidade, Editora TRIOM, SP Brasil, 2000.
Fonoaudióloga, Focalizadora de Danças Circulares, Coordenadora do Programa Metodologias Integrativas da UMAPAZ. Especialização em Educação em Saúde Pública e Antropologia da Saúde. Designer em sustentabilidade pelo Programa Gaia Education. Formada no Treinamento Internacional da Academy for Movement & Awareness - Método Harmony de Nanni Kloke, integra a Rede Harmony Brasil. Membro certificada do CID – Conselho Internacional de Dança.
A seguir, algumas das obras produzidas nesse encontro que foram selecionadas pelos próprios participantes. Para acessar todo o material produzido neste encontro, clique na imagem a seguir. Nesse site, você conseguirá acessar as obras produzidas pelos participantes do Écfrases Ambientais.
Dança
Luciana Nascimento Relato - Dança circular Olá. Estou de férias. Nem tanto às férias. Mas um tanto às reformas. O corpo anda rígido, a mente um tanto cansada. Dançar… estive a adiar, mesmo. Foi na última hora. Havia tanta força da dança em minha vida. Os passos aos poucos parece que se perderam. Procurei entre as anotações, os passos da dança que tinha criado para que fossem simples e fáceis de repetir nos encontros em que eu focalizava. Foi um ano de projeto. E há mais de um ano interrompido, como interrompida tem estado minha trajetória na dança.
Mas "Todo Cambia", de Mercedes Sosa, não estava lá, entre as anotações. Vasculhei na mente. E pensei: tudo bem se não for exatamente a dança que criei meses atrás. Vamos gravar logo de primeira, assim, no final da noite de um dia cansativo, entregue à resistência do corpo ao transformar meu futuro lar em algo novo - o corpo sente o peso do dia de reforma quebrando tetos e paredes, desprendendo-se dos entulhos! Já não importa que os passos sejam os mesmos nesta hora, a partir da transformação do meu próprio lugar de viver. Afinal, Todo Cambia! Os passos mudam ao longo da dança, a direção em que seguimos muda. Sim, "cambia" com alegria e liberdade de escolher a própria direção ao fim de cada história. Cambia, todo cambia!
Fernanda Relato - Dança circular Como ideia para o exercício da dança pensei no afrobeat e outros ritmos africanos com percussões principalmente que sempre me convidam a dançar de forma bem primitiva e me conectando com a terra pelos movimentos, não importa se em casa, em uma festa com amigos ou ao ar livre e em shows. Escolhi a música “Autority stealing” do Fela Kuti para dançar, pois a letra traz críticas políticas bem atuais que estamos vivendo na pandemia em um contexto de necropolítica. Tentei elaborar em casa uma brincadeira de dança com meu companheiro onde revezamos a criação de movimentos e coreografias durante a dança, mas ele não quis dançar por timidez com o vídeo, mas ele criou alguns movimentos e reproduzi estes no vídeo dançando como se fosse um
espelho imitando a coreografia em par (essa brincadeira coletiva é bem interessante em grupos maiores tanto para dança como movimentos de alongamento, ginástica, etc.) Em alguns momentos esquecia os movimentos elaborados meus e do meu companheiro durante a dança e improvisava algo que dialogava com a música. Ao final preferi dançar de forma mais livre sentindo mais a letra da música que reflete bem o momento difícil na humanidade que estamos vivendo e principalmente no Brasil, além do ritmo suave e alto atral do afrobeat. Quando parei de me movimentar me senti realmente a terra bem pesada na barriga depois de ter jantado batatas hehe... nutrida com os tubérculos da terra!
10 e d o e Víd o t n e m a r r ence o s r u do c
Para o último dia de encontro, nós da organização produzimos um vídeo para celebrar a conclusão do curso. O vídeo foi elaborado com as obras dos participantes e algumas falas que marcaram o curso.
Para acessar o vídeo de encerramento do curso, clique na imagem abaixo.
Vídeo to ramen r e c n E
11 o d t s i Playl s e s a Écfr
Para deixar o intervalo do primeiro encontro animado, foram colocadas músicas para fazer a trilha sonora e gerar interação entre os participantes. As músicas escolhidas tinham letras relacionadas à natureza, humanidade, pensamento crítico etc. A ideia fez sucesso e os intervalos com músicas se tornaram obrigatórios ao longo de todo o curso. Inspirado por essa ideia, Paulo Ferretti, participante do curso, criou uma playlist colaborativa em um aplicativo de streaming de músicas, onde todos podem adicionar músicas e foi assim que nasceu a Playlist Écfrases Ambientais.
Para acessar a Playlist Écfrases Ambientais, basca clicar na imagem a seguir.
st Playli s se Écfra
Imagens da Playlist Écfrases Ambientais no aplicativo de streaming de músicas.
Aiônico Sarau Écfrases Não poderia ter fim.
12
A conexão se estabeleceu logo no primeiro encontro e foi se fortalecendo ao longo do curso. Tanta criatividade, tantos aprendizados, tantos talentos, tantas (re)descobertas e a vontade de eternizar os momentos matutinos dos sábados.
o d s o r t s i g Re u a r a s
Eis que pouco tempo após a finalização formal do processo surgiu a ideia de propiciar um espaço de reencontro e expressão, unindo os festejos juninos com o mês do meio ambiente, o Aiônico Sarau Écfrases, que ainda teve a graça de acontecer no dia 12 de junho. Músicas, cantorias, poesias, intervenções, risadas, lágrimas... todes ainda em afastamento, mas só físico. Registro dessa arte toda? Praticamente só na memória e nos corações...
Imagem elaborada para o site do evento.
""Cadê o pédéfão?" é a forma dos participantes "cobrarem" a publicação desse livro multimídia.
Desenhos de observação feitos pelo Caetano Norichika durante o Sarau Écfrases.
Captura de tela durante o Sarau.
13 s a h n i r u g i F
Para ilustrar os capítulos sobre os organizadores e participantes do curso Écfrases, foram pedidas fotos das pessoas. A ideia inicial era fazer montagens divertidas parecidas com a da capa, misturando imagens de plantas, artistas, cientistas e dos organizadores e participantes. Mas o Caetano Norichika, por diversão, fez ilustrações com os desenhos e, após conversar com a equipe de organização deste livro multimídia, foi decidido usar essas artes para ilustrar os capítulos sobre os organizadores e participantes. Além disso, como os participantes do Écfrases têm um grupo animado em um aplicativo de mensagens, os desenhos foram convertidos em figurinhas para presentear as pessoas.
Uso das figurinhas no aplicativo de mensagens. Elaboração das figurinhas - inserção dos textos e emojis nas ilustrações.
Fim...
Será?
Aion, sempre A ilimitação do ser na dança cósmica dessa energia quântica dos seres indivisíveis, porém únicos Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver
Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver
Rio Aiônico banhar nas suas águas escorregar no limo queimar a pele ao sol arrepiar de frio sentar pular conversar fumar nas suas pedras deixar-se levar por suas águas fazer o tratado: odiar quem dever ser odiado e amar quem deve ser amado
Só é possível um ser aiônico cruzar um rio aiônico duas vezes em sonhos arcaicos, em desuso, como aquelas antigas programações de TV. Se correr em suas veias sangue primitivo, cruzará as estonteante aguas aionicas em um cavalo prateado, Aiôn Silver, e entenderá esta zorra toda que chamamos de vida. Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver
Busco este ser, a medida do crescer em passos largos, logos, entrelaçados e espaçados percebo que é sobre o permitir, sentir e deixar ir o oposto do proposto do apego, material, mundo irreal ao meditar consigo acessar este mundo que está para começar
Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver
Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver Tempo aiônico Ser presente; estar presente. Agora. Sem obrigações, tarefas e cobranças. Fruir e viver a Vida. Apreciar. Degustar. Perceber. Sentir...a si, o outro, o entorno. Pertencer. Respirar. Enredar se à natureza. Olhar nuvens. Pisar o chão. Sentir o vento. Ver linhas, formas e cores. Degustar cheiros, aromas e sabores. Ter tempo. Ser tempo. Ser....
afazeres,
Numa casa sertaneja Numa dança de roda No samba da vela No ar nuvens O mar transcende O azeite de dendê O sonho modernista A volta na estrela Atonal Aion
Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver Vaga lumes, vaga mundos e vira latas, Invisíveis na lua cheia, margeiam, aturdidos, a cabeça do gigante que, recostada na serra que chora, observa, enfeitiçado, o céu de Aion. Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver
Permito-me estar sob o poder desta helenistica divindade que, regendo ilimitadamente as efêmeras eternidades cotidianas, me reconecta com o Universo. Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver Do tempo, Do tempo de viver, do tempo de ser, do tempo do vir a ser Infinito-possibilidades. Na amplidão do olhar De quem olha puro-ver Pureza do ser Transparência da alma Iluminar-e-ser-há De amor profundo
Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver dormir sob o céu lotado de estrelas ao redor da fogueira com o som do mar caminhadas nas densas florestas cheias de vida conhecer lugares não imagináveis banhos revitalizantes nas cachoeiras.. coisas menos processadas mais integração! minha casa o perigo de caminhar, ver, sentir, refletir, melhorar ..e se sentir bem ao ar livre (direito de revigorar em sintonia com a natureza. Direito de saber que somos um país fascista, que exterminou povos originários e sequestrou africanos. Enfim, eurocentrismo. Transvestido de capitalismo.)
Sentir a gravidade no chão Aion é amigo dos povos baseados na natureza! Como os tupis chamavam aion? Ara ara ara! Para descolonizar Com Exu nas escolas! Abya Yala em nós No bem viver
Ara em nós Prosa elaborada de forma coletiva pelos participantes do curso Écfrases Ambientais para o aniversário de 16 anos da UMAPAZ e lançamento deste livro multimídia.
s a i c n ê Refer
REFERÊNCIA BIOGRÁFICA KRENAK, Ailton. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, 2020. Martins, Paulo. Écfrase. Vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HAhi44seGJ4>. Acesso 10/09/2021
HOLDREGE, Craig. Praticando a Ciência Goetheana. Janus Head vol. 8(1), 2005, pp. 27-52. Disponível em: <https://static1.squarespace.com/static/5d41f82684370e000 1f5df35/t/5f3dca28047c4c21ea0a7234/1597884984425/CHo ldrege+Doing+Goethean+Science+%28Portugese%29.pdf>.
BIOGRAFIA SUGERIDA
Encontro 02 - Escrita
Encontro 01 - Desenho
ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
FERRAZ, Maíra. Um caminhar pelo método de Goethe: primeiros passos para análise de paisagem. Revista Geograficidade (no prelo). GOETHE, Johann Wolfgang. The experiment as mediator of object and subject. In: In Context, New York, p. 19-23, Fall, 2010. Disponivel em: <https://static1.squarespace.com/static/5d41f82684370e000 1f5df35/t/5f3f153baa34794fc9b090d3/1597969723327/Goet he+The+Experiment+as+Mediator.pdf>. GOETHE, Johann Wolfgang. A natureza. In: GOETHE. Ensaios científicos. Uma metodologia para o estudo da natureza. São Paulo: Barany Editora, p. 107-110, 2012.
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Encontro 03 - Cinema SGANZERLA, R. Por um Cinema sem Limite. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2001. J. C. BERNARDET. Cineastas e Imagens do Povo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003
PIMENTA, T. A. S. Cinema, Geografias e Ensino: Diálogos, Encontros e Atravessamentos. Tese (Doutorado em Geografia,) Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2018. Disponível em: <http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/bitstream/prefix/448/1/T hiagoAlbanodeSousaPimenta.pdf>. Acesso em 20/08/2020.
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Encontro 05 - Arquitetura ALENCAR, Jackson de. A Terra sem Males: mito Guarani. Paulus Editora, São Paulo, 2009; BORTOLINI, José César. Sustentabildade nas comunidades tradicionais Guarani do oeste do Paraná: a trajetória so silenciamento de um povo. Web-Revista SOCIODIALETO: Bach., Lin., Mestrado. Letras. UEMS/ Campo Grande, v.5, n. 15, maio de 2015; CARRINHO, Rosana Guedes. Habitação de interesse social em aldeias indígenas: algumas abordagens sobre o ambiente construído Mbyá-Guarani no litoral de Santa Catarina. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina, 2008;
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s a t s o p Res 01
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Respostas das Montagens "Écfraseanas" 01) Ipê-rosa / Monalisa / Einstein 03
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02) Araucária / Carlos Drumond de Andrade / Cecília Meireles 03) Ipê-amarelo / Milton Santos / Van Gogh (auto retrato) 04) Jerivá / Frida Kahlo / Milton Santos
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05) Pau-brasil / Carlos Chagas /Tarsila do Amaral (auto-retrato) 06) Santos Dumond / Frida Kahlo (auto-retrato) / O lavrador de café (Portinari)
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07) Frida Kahlo / Operários (Tarsila do Amaral) / Carlos Chagas 08) Araucária / Bertha Luz / A boba (Anita Malfati)
São Paulo - SP - Brasil Janeiro de 2022
Trabalhos Incríveis Desenvolvidos no Curso Écfrases Ambientais - Artefazendo a Ciência