Expedito Carlos Stephani Bastos
M-113 no BRASIL O CLÁSSICO OCIDENTAL
Ilustrações: Rubens José de Toledo Frizo (Béliko)
Apoio Cultural:
Coleção: Blindados no Brasil - Número 4
Projeto Gráfico e Diagramação Newber Wesley de Carvalho e Silva Capa Autor Foto da Capa e Contra Capa Autor, PqRMnt/5 e 29º BIB Ilustrações Rubens José de Toledo Frizo (Béliko) Revisão Josélia Barbosa Miranda Edição de Imagens e Diagramação Newber Wesley de Carvalho e Silva
Bastos, Expedito Carlos Stephani M-113 no Brasil - O clássico ocidental/ Expedito Carlos Stephani Bastos. - Juiz de Fora: O Autor, 2015. 130 p.: il. (Blindados no Brasil, 4) 2ª Tiragem ISBN 978-85-915398-2-6 1. Carro blindado. 2. Carro de combate. 3. Exército Brasil. I.Título. CDU 355.424.5
UFJF/Defesa Caixa Postal 314 - 36001-970 Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil Tel.: +55 (32) 2102-6370 www.ecsbdefesa.com.br defesa@ecsbdefesa.com.br
Sumário Prefácio........................................................................................................7 Origens....................................................................................................... 11 No Exército Brasileiro...............................................................................15 Modernização no Brasil
Primeira Fase - Anos 1980 ................................................................23
Outros Estudos e Tentativas de Modernização, anos 1990................49
Segunda Fase - Modernização, Ano 2000: A importância
do Pq R Mnt/5 neste ambicioso projeto...................................67
Testes com um modelo de Lagarta de Borracha................................91
No Corpo de Fuzileiros Navais - Marinha do Brasil.................................95
VtrBldEsp SL M-113MB1 após modernização.................................99
Seu emprego na Garantia da Lei e da Ordem..........................................109 Considerações finais................................................................................. 116 Anexo 1 - VBTP Charrua I e II................................................................ 118 Anexo 2 - Camuflagens curiosas em alguns M-113 do EB.....................125 Anexo 3 - Evolução da camuflagem nos M-113A1 TP do CFN..............127 Bibliografia..............................................................................................128 Sobre o autor:...........................................................................................130
Prefácio Trata-se o presente livro de mais uma obra bem elaborada e rica em detalhes do autor e pesquisador, Professor Expedito Carlos Stephani Bastos. O primeiro contato direto do Parque Regional de Manutenção/5 (Pq R Mnt/5) com o Professor Expedito data de outubro de 2006. À época, o professor veio ao Parque/5 após sua participação como palestrante do tema Blindados no Brasil, no I Encontro Brasileiro de Viaturas Militares Antigas (I EBVMA). Como apaixonado pelo assunto, solicitou a visita ao Pq R Mnt/5 para conhecer as oficinas onde, naquela época, era realizada a manutenção das Viaturas Blindadas de Combate M60 (VBC M60 A3 TTS), cuja gestão era uma das missões da Organização Militar (OM) em nível nacional. Os contatos foram estreitados e, em 2014, uma nova visita o trouxe ao Pq R Mnt/5, desta vez para conhecer a Linha de Modernização dos M113BR. Ao final deste mesmo ano, e com base nos bem sucedidos livros da série Blindados no Brasil, surge a ideia de trabalhar em um novo exemplar, desta vez retratando a trajetória do M113 no país. A apresentação do M113 dispensa maiores comentários: trata-se de um dos veículos de combate mais amplamente utilizados, constituindo a maior família de blindados sobre lagartas do mundo. São mais de 80.000 veículos, em suas mais de 40 variantes, utilizados pelas Forças Armadas de cerca de 50 países. Desde o início da Guerra no Iraque, o M113 ressurgiu com destaque, desempenhando papéis importantes tanto no combate urbano quanto nas diversas funções de manutenção da paz, provando sua versatilidade e a combinação precisa de volume interior, perfil exterior, construção simples e fácil utilização. Em razão disto, a obra se traduz em interessante leitura para os aficionados tanto por blindados quanto por assuntos históricos. Rica em detalhes, caracteriza bem o trabalho meticuloso e interessado do autor, um especialista consagrado no assunto. O primeiro capítulo trata das origens dessa bem sucedida Viatura Blindada de Transporte de Pessoal (VBTP). Com o segundo capítulo, ilustrado por interessantes fotos da época do desembarque ainda no final da década de 60 e início da década de 70, o autor nos apresenta o início da longa história do M113 no Brasil, em M-113
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especial no Exército Brasileiro, sua chegada e distribuição às primeiras Organizações Militares. O capítulo intitulado “Modernização no Brasil” foi um desafio à parte ao autor. Seu trabalho de pesquisa permitiu reaver e analisar documentos e fontes já consideradas esquecidas, relativas a esse importante e emblemático período da história dos blindados no país. O texto retrata os primórdios das iniciativas de modernizar o M113, através de estudos e trabalhos de empresas como a Biselli e a Lacombe, culminando com o gigantesco trabalho de Repotencialização realizado pela Moto Peças (Sorocaba-SP), entre 1984 e 1989, época áurea da nossa Indústria de Defesa. Este trabalho consiste na última intervenção de vulto ocorrida no M113 em território nacional, e que resultou no modelo brasileiro, o M113B. Os dados técnicos que fazem parte do escopo da Repotencialização, bem como as sequências de ações envolvidas para sua validação, são descritos com riqueza de detalhes. Seguindo esta linha, o capítulo também explora o estado de indisponibilidade vivido no final da década de 80 e década de 90, reflexo da situação econômica conturbada pela qual passava o país. Nesse cenário, surgem iniciativas e protótipos que tentavam apresentar solução para o alto índice de indisponibilidade operacional dos M113B. No tópico intitulado “Outros Estudos e Tentativas”, são apresentados os casos do Charrua, veículo que nasceu da parceria do Centro Tecnológico do Exército (CTEx) com a Moto Peças S/A e cuja relevância o fez merecedor de um anexo a parte, ao final da obra. O trabalho em andamento no Pq R Mnt/5 é explorado na sequência da obra. A procura do Exército Brasileiro por novas alternativas que pudessem proporcionar uma ampliação do ciclo de vida de sua frota de VBTP M113B vinha desde meados da década de 90. As duas linhas seguidas, Modernização e Modernização, foram o fruto da 4ª Reunião Decisória (RD), realizada em 02 de dezembro de 2009. O objetivo maior da 4ª RD foi o de decidir quanto ao destino a ser dado às VBTP M113B, haja vista ter sido atingido o fim do ciclo de vida do Material de Emprego Militar (MEM), de acordo com as Instruções Gerais 20-12 (Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos MEM). A Linha de Modernização, conduzida pela Brasília Motors Ltda (BML), contemplava 208 VBTP M113B. Previa a inspeção e, se fosse necessária, a retífica do motor MBB OM 352A, além das substituições |8|
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obrigatórias das lagartas, coroas das polias motoras, anéis decagonais, tencionadores de lagartas, amortecedores e do emborrachamento das rodas de apoio. O Projeto de Modernização tinha, como escopo, as ações de Manutenção de 4º Escalão e o recompletamento de componentes, não havendo alterações nas características originais das VBTP, na sua versão Moto Peças, de 1985. A falência da empresa, decretada em 28 de fevereiro de 2013, interrompeu este Projeto, após a aprovação, recebimento e pagamento do protótipo pelo EB. Os trabalhos pendentes em seis VBTP M113B, de um total de treze do lote piloto, foram finalizados pelo Pq R Mnt/5 em abril de 2013. Já a Linha de Modernização surgiu da análise do desempenho operacional das VBTP M113B, que indicava que o consagrado blindado de transporte de pessoal não acompanharia as VBC CC Leopard 1A5 BR quando constituindo Força Tarefa (FT), devido, principalmente, a menor relação peso/potência das VBTP. Foi implementada através do Programa Foreign Military Sales (FMS), junto ao Governo dos EUA (USG), tratando-se, em verdade, de um acordo Governo a Governo: USG/FMS e Governo Brasileiro/EB. Desse acordo resultou a contratação da empresa de defesa BAE Systems para fornecer os kits de modernização, manuais técnicos, maquinário e ferramental especializados, além de treinamento inicial do pessoal. O autor descreve todas as etapas do processo produtivo em andamento nas oficinas do Pq R Mnt/5, com mão de obra inteiramente nacional, atualmente, uma referência em termos de produtividade e gestão de processos. As viaturas modernizadas passam a ser denominadas VBTP M113BR, com a mesma configuração básica do modelo M113 A2Mk1, desenvolvido pela BAE Systems, um dos mais avançados em utilização no mundo. O livro nos brinda ainda com descrição sobre os testes e a aquisição das lagartas de borracha pelo EB, as quais permitem diversificar o emprego dos M113, possibilitando sua utilização em melhores condições em Operações de Paz e de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Ao analisar a trajetória do M113, no Brasil, não se poderia deixar de dar destaque à frota de veículos empregados pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil. O livro apresenta seu histórico desde o recebimento, na década de 1970, até o processo atual de modernização para a versão denominada de M113MB1. M-113
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Por fim, o autor discorre sobre o emprego em operações de GLO, no Rio de Janeiro, entre os anos de 2010 e 2015, expondo seu ponto de vista, como especialista em blindados, desse marco histórico, segundo sua descrição. O leitor é brindado, desta forma, com o fruto de mais um trabalho de pesquisa do Professor Expedito Carlos Stephani Bastos, cuja abordagem aprimorada confere ao texto um caráter dinâmico e didático, contribuindo, significativamente, para a História dos Blindados em nosso país. Neste ano de 2015, em que se encerram os trabalhos de produção relativos ao primeiro contrato FMS para as VBTP M113BR, após 150 viaturas modernizadas em menos de três anos, e se iniciam as atividades da cadeia de produção do segundo contrato, nada poderia ser mais apropriado do que esta obra, cuidadosamente produzida, retratando com clareza e objetividade a trajetória do M113 no Brasil. Boa leitura! Cel Everton Pacheco da Silva – Diretor do Pq R Mnt/5 Curitiba, 30 de Junho de 2015.
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Foto: Coleção Autor
M163A1 Vulcan; - Transporte de carga M548; Posto de Comando M577; - Transporte de mísseis M667 Lance; - Sistema autopropulsado de mísseis superfíce-ar M727 Hawk; - Veículo de recuperação (socorro) XM806E1; - Veículo antitanque M901; - Veículo com equipamento de apoio de fogo XM981; - Veículo blindado de combate de infantaria; M-113 ambulância; Países como Austrália, Canadá, Chile, Estados Unidos, Alemanha, Israel, dentre outros, desenvolveram projetos e programas de modernização alternativos para a frota de M-113, visando prolongar seu tempo de vida útil, oferecendo “kits” de modernização que são oferecidos aos interessados, a custos diversos, e como forma de revitalizar esta frota existente e muito representativa, que se manterá na ativa ainda por muitas décadas.
Versão do M-113, adquiridos pelo Exército Brasileiro, a partir de 1965: A - Polia tratora; B - Desengate do quebra ondas; C - Lagarta; D - Conjunto de iluminação direita; E - Alça de suspensão; F - Saia de flutuação; G - Tampa do compartimento de carga; H - Escotilha do motorista; I – Cúpula do comandante; J - Grade de exaustão; K - Conjunto de Iluminação esquerda; L - Quebra ondas; M - Olhal de reboque; N - Entrada de ar, escotilha de ventilação; O - Acesso do tanque de combustível
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Fotos: Coleção Autor
M-113 desembarcado no porto de Rio Grande, RS em 1971. Notar os avisos em inglês pintados nas laterais, antes de receber as marcações do Exército Brasileiro
Kit na escala 1/35 do fabricante japonês Tamiya, montado pelo autor, com pequenas modificações, retratando um M-113 dos anos de 1970, quando de sua chegada ao país. Notar a pintura verdeoliva e os emblemas do Cruzeiro do Sul
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MODERNIZAÇÃO NO BRASIL Primeira Fase – Anos 1980 Os primeiros estudos, visando uma modernização (ou repotencialização para o Exército) do M-113, datam de 1968, com autorização da Diretoria de Moto-Mecanização - DMM, elaborado pelo PqRMM/2, com vistas a adaptação de um motor, a ar, Deutz V-8 diesel, o qual envolveu a própria fabricante daquele motor, mas que acabou por não vingar em virtude desta empresa deixar o país, com o encerramento de suas atividades. Os primeiros grandes problemas ocorreram a partir do rompimento do acordo militar Brasil - Estados Unidos, no Governo Geisel, em 1977, devido à falta de peças de reposição, que elevou a números alarmantes a quantidade de veículos indisponíveis em suas unidades operadoras, agravado com a crise do petróleo que assolou o mundo naquela década. Em 1979, surgiram as primeiras idéias para a modernização dos M-113, devido principalmente às dificuldades de importação de itens específicos para sua manutenção. Nos Estados Unidos, nos anos de 1963 e 1964, foi iniciado um processo de modernização destes veículos blindados de transporte de pessoal, cuja modificação mais importante havia sido a troca do motor a gasolina Chrysler 75M-V8, de 215 HP, por um a diesel Detroit 6V-53 de 215 HP, e a caixa de transmissão Allison TX-200-2 foi trocada por uma Allison TX 100-1, surgindo assim a nova família, denominada de M-113 A1. No Brasil, o projeto inicial de modernização dos M-113 teve origem na empresa Biselli – Viaturas e Equipamentos Industriais Ltda, de São Paulo, em 1981, onde foi adaptado um motor de caminhão Fiat diesel, 8210.22. Iveco 150, o qual não produziu os resultados esperados pelo Exército, não trazendo no seu bojo um estudo mais apurado e que realmente fosse a solução. Em 1982, o Exército estabeleceu um Plano Geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Exército (PGPDEx) para a área de material, surgindo assim o Projeto M.01.11 – Viatura Blindada de Transporte de Pessoal VBTP, XM113-B, Lagarta, que visava dotar as unidades do Exército com os M-113 modernizados, cujo prazo para início datava de 1979. M-113
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Fotos: Arquivo Guy Ubirajara Meyer
Os responsáveis pela remotorização do M-113 no PqRMnt/5 realizando um curso sobre este veículo, nas dependências do 5º R.C.C. em Rio Negro, PR, em 13 de setembro de 1982
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Outros Estudos e Tentativas de Modernização, a partir dos anos 1990 As demandas nos conflitos ocorridos no mundo, a partir dos anos de 1990, trouxeram uma grande evolução em relação aos Veículos Blindados de Transporte de Tropas (VBTP) que culminou no conceito do Veículo de Combate de Infantaria (IFV), maior, mais pesado, mais bem armado, com alto grau de blindagem, desenvolvidos e operados por diversos países para seus exércitos, com custos altíssimos, muito longe de nossa realidade, nos obrigando a pensar em uma solução caseira, mais uma vez. Como resultado desta tendência e analisando o desempenho dos VBTP M-113B modernizados, aqui, nos anos de 1980, foi cogitada a sua substituição por um projeto nacional de uma Viatura Blindada de Combate de Infantaria (VBCI), que chegou à fase de protótipo e ficou conhecida como CHARRUA, prevista para ser produzida seriadamente, formando uma família com diversas versões para equipar os Regimentos de Cavalaria Blindado e de Infantaria Blindada. (Ver anexo 1) Aqui, vale lembrar que o carro de combate padrão, junto ao Exército, era o M-41 Walker Bulldog, em sua versão modernizada pela Bernardini S/A Indústria e Comércio, denominado de M-41 C armado com canhão de 90 mm e motor diesel Scania DS-14. Neste quadro, o M-113B o acompanhava bem, mascarando, assim, sua inferioridade, em especial no quesito desempenho. Mas a situação financeira do país afetava e afeta em muito o Exército, e o projeto Charrua acabou por ser abandonado na grande crise enfrentada pelo setor de Defesa na década de 1990. Logo em seguida, os M-41C foram sendo, gradativamente, substituídos por veículos mais pesados, de dimensões bem maiores, armados com canhão de 105 mm, quando da chegada do M-60 A3 TTS, Leopard 1 A1 e, em pleno anos 2000, dos Leopard 1 A5, este acompanhados de uma família com diversas versões utilizando o mesmo chassis. Assim, a frota de M-113B continuou a ser a alternativa em nossas brigadas blindadas, que viram características positivas, até em razão do grande número existente. Do ponto de vista operacional, alguns aspectos justificaram uma nova sobrevida para esta frota de 584 veículos. M-113
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Fotos: Autor
O protótipo do M-113 BR, que manteve o motor original Mercedes-Benz OM352, o qual sofreu algumas modificações, tornando-o muito mais eficaz e bastante silencioso
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Segunda Fase - Modernização, Ano 2000: A importância do Pq R Mnt/5 neste ambicioso projeto A partir de toda as experiências anteriores, e com todos os seus erros e acertos, ocorreu a 4ª Reunião Decisória, seguindo o Modelo Administrativo do Ciclo de Vida dos Materiais de Emprego Militar (IG 20-12), o qual prevê o fim do ciclo de vida do Material de Emprego Militar - MEM - para se definir qual o destino deveria ser dado ao M-113B. Em 02 de dezembro de 2009, nesta reunião, foi decidido que se deveria partir para uma modernização parcial da frota de M-113B, cujo escopo inicial previa a modernização de 376 destes veículos. Os objetivos deste projeto visavam manter elevado o índice de disponibilidade das VBTP M-113B, que, após esta modernização seriam denominadas de BR; reduzir o custo e o tempo das manutenções preventivas e corretivas, com o aperfeiçoamento de sistemas e componentes das viaturas; além de estender seu ciclo de vida útil, por pelo menos, mais vinte anos. Uma das justificativas principais do Projeto residia no fato de as VBTP, distribuídas aos elementos dos Batalhões de Infantaria Blindada - BIB e dos Regimentos de Cavalaria Blindada - RCB -, não possuírem as características necessárias a uma viatura blindada de combate de fuzileiros, nos atuais conceitos dos combates blindados. Comprar substitutos é algo impensável no momento, ficando alguns estudos para serem decididos a longo prazo, podendo vir de fora ou retomar um projeto de concepção nacional. No Exército, estes veículos ainda possuem emprego previsto pelas Organizações Militares - OM - das Brigadas Blindadas para serem empregados nas Seções de Operações e nas Seções de Inteligência dos Regimentos de Carros de Combate, dotando ainda, em pequena quantidade, as OM de Apoio ao Combate destas Grandes Unidades; lembrando também que existe a necessidade de dotar as OM das Brigadas Blindadas com Viaturas Blindadas Especializadas - VBE e Viaturas Blindadas de Combate -VBC- tais como: M-113
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Fotos: Autor
O prot贸tipo do M-113BR, ap贸s a primeira bateria de testes, volta ao PqRMnt/5 para os ajustes necess谩rios e parte para a segunda bateria que o homologa
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Fotos: Autor
Carcaça do M-113B já devidamente preparada e recebendo os novos componentes que a transformará no M-113BR
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No Corpo de Fuzileiros Navais Marinha do Brasil Em 07 de novembro de 1974, foram incorporadas ao extinto Batalhão de Manutenção e Abastecimento, trinta Viaturas Blindadas - VtrBld - M-113, sendo 24 VtrBld modelo M-113A1 TP (Transporte de Pessoal), 2 VtrBld modelo M125 A1 Morteiro, 2 VtrBld modelo M-577 A1 Comando, 1 Vtr XM806E1 Socorro e 1 VtrBld M-113 A1G Oficina, que foram transferidas para o extinto Batalhão de Transporte Motorizado. As versões empregadas, apenas pelo CFN, que diferem das do Exército, são: a XM806E1 e o M113A1G. Possuem dois homens na guarnição e transportam um mecânico. A viatura Socorro é empregada para realizar operações de salvamento de viaturas acidentadas ou impossibilitadas de manobrar, que possuam peso e características semelhantes ao de uma viatura M-113, por meio de reboque direto com cabo de aço ou barra de reboque ou com o auxílio do guincho (dotado de cabo de aço de 91,4m, capaz de sustentar até 11.340 kg). Essa versão é empregada, ainda, em apoio a reparos em campanha. Para realização desse tipo de apoio, a viatura conta com guindaste com capacidade de içar material com peso de até 1.360 kg. Já o M577A1 é guarnecido por dois homens (comandante e motorista), e pode transportar cinco tripulantes (especialistas em Comunicações Navais). A guarnição do M125A1 também é composta por comandante e motorista, e a viatura transporta um morteiro M29A1 de 81mm e os quatro militares que operam a arma. Em 20 de dezembro de 1977, a então denominada Companhia de Viaturas Anfíbias, do extinto Batalhão acima mencionado, passou a denominar-se Companhia de Viaturas Blindadas (CiaVtrBld) e, em 26 de fevereiro de 1985, recebe nova designação de Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf). Em março de 2003, com a ativação do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav), todas as viaturas blindadas são para lá transferidas, onde encontram-se em operação, com diversos outros modelos além dos M-113. Ocorre que, próximo dos seus 40 anos de operação, estes blindados apresentaram um considerável desgaste, sendo que apenas 66% estavam em condições operacionais, e como não seria viável sua substituição, partiu-se para uma modernização. A empresa selecionada foi a Israel Military M-113
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Foto: Autor Foto: MB/CFN
O novo motor Caterpillar C7 (224 kW-300HP) automático, com injeção eletrônica, e a caixa de transmissão Allison 3200S automática
Pintura da carcaça, já toda modernizada, com as novas furações e calços do motor instalados, pronto para receber todos os componentes
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Anexo 1 Viatura Blindada de Combate de Fuzileiros, XMP1 SL CHARRUA I e II Em meados dos anos de 1980, a Moto Peças Transmissões S/A, de Sorocaba, SP, em parceria com o Exército, iniciou um programa de estudos para a modernização das vinte Viaturas Blindadas Transporte de Pessoal M-59, oriundas do Acordo Militar Brasil - Estados Unidos, nos anos de 1960. Inicialmente, pensou-se na substituição de seus dois motores, à gasolina, montados nas laterais do veículo, por um motor diesel nacional, visto que o espaço interno deste era muito maior do que o do M-113, pois podia levar um Jeep 1/4 tonelada em seu interior. Devido à pequena quantidade recebida, optou-se por elaborar um novo projeto voltado para uma Viatura Blindada de Combate de Fuzileiros, que congregasse a mobilidade do M-113, com o espaço interno da M-59. Surgiu, assim, o projeto XMP1 SL (Sobre Lagarta) de concepção nacional para uma Viatura Blindada de Combate de Infantaria (VBCI), que chegou à fase de protótipo e ficou conhecida como CHARRUA I e II, prevista para ser produzida, seriadamente, formando uma família com diversas versões, para equipar os Regimentos de Cavalaria Blindado e de Infantaria Blindada, numa parceria Centro Tecnológico do Exército - CTEx e Moto Peças S/A. Nasceu assim o CHARRUA, que na linguagem dos índios quer dizer ágil, robusto e que tem garra. Esse Carro Blindado de Transporte de Pessoal CBTP, ou Viatura Blindada de Combate de Fuzileiros - VBCFz, ou Viatura Blindada de Combate de Infantaria - VBCI, foi concebido visando dar uma maior flexibilidade e grande agilidade às unidades de Fuzileiros Blindados do Exército, pois possuía também a capacidade de ser anfíbio, podendo transpor rios e lagos com grande facilidade, muito comum no extenso território brasileiro. Inicialmente, pensou-se numa família básica que comportasse três versões, uma leve, uma média e uma pesada, sendo a leve na ordem de até 18 toneladas, anfíbia, destinada ao transporte de pessoal, comunicações, ambulância, combate de fuzileiro, porta morteiro, comando, e antitanque. A média, na ordem de até 21 toneladas, anfíbia, destinada a combate de fuzileiros, armada com canhão de 20/25mm, uma para defesa antiaérea com o mesmo calibre e outra com torre para canhão de 60 a 90mm, além da versão radar. Por fim, a versão pesada, na ordem de até 24 toneladas, | 118 |
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Sobre o autor:
Expedito Carlos Stephani Bastos, formado em Eletrotécnica e Eletrônica e depois em Direito, é Pesquisador de Assuntos Militares da Universidade Federal de Juiz de Fora; membro do Conselho de Curadores, na área de blindados e veículos militares do Museu Militar Conde de Linhares (Museu do Exército), Rio de Janeiro, e integrante honorário do corpo docente do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires, em Santa Maria, RS. Foi professor visitante de História Militar na Academia da Força Aérea em Pirassununga, SP, (1991-1993). Em 2003, foi condecorado com a Medalha Legião do Mérito do Engenheiro Militar, no grau Alta Distinção, pela Academia Brasileira de Engenharia Militar, de São Paulo. Em abril de 2013, foi condecorado com a medalha Tenente Ary Rauen, do 5º Regimento de Carros de Combate - Rio Negro, PR. Responsável pelo portal UFJF/Defesa (www.ecsbdefesa.com.br), que trata de história militar, defesa, estratégica, inteligência e tecnologia; é membro fundador do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”, da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde coordena a área de tecnologia militar. Membro do Conselho Científico das revistas espanholas “Asteriskos” e “Strategic Evaluation”. Correspondente da revista alemã “Tecnologia Militar”, do Grupo editorial Mönch. Autor dos livros BLINDADOS NO BRASIL – Um longo e árduo aprendizado, Volume 1, e RENAULT FT-17 – O PRIMEIRO CARRO DE COMBATE DO EXÉRCITO BRASILEIRO, número 1 da série Blindados no Brasil, ambos editados pela Editoria Taller e UFJF/Defesa e BLINDADOS NO HAITI - MINUSTAH - UMA EXPERIÊNCIA REAL, BLINDADOS NO BRASIL - Um longo e árduo aprendizado, Volume 2, MOTORIZAÇÃO NO EXÉRCITO BRASILEIRO 1906-1941, FIAT-ANSALDO CV 3-35 II NO EXÉRCITO BRASILEIRO, número 2, BERNARDINI MB-3 TAMOYO - O blindado nacional, número 3, da série Blindados no Brasil, estes edição do autor, em parceria com o UFJF/Defesa. Publica regularmente artigos sobre assuntos militares em veículos especializados brasileiros e europeus. | 130 |
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