Ford M-8 No Exército Brasileiro

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Expedito Carlos Stephani Bastos

Ford M-8 Greyhound no Exército Brasileiro Surge o conceito Blindado 6x6

Ilustrações: Gilson Marôco e Rubens José de Toledo Frizo (Béliko)

Apoio Cultural:

Coleção: Blindados no Brasil - Número 6


Projeto Gráfico, Diagramação e Edição de Imagens Newber Wesley de Carvalho e Silva Capa Autor Foto da Capa e Contra Capa Museu Capitão Pitaluga e Coleção Autor A foto da capa foi colorizada por “Béliko Toledo”, para esta obra

Revisão Virginia Pinto Queiroz da Silva Ilustrações Gilson Marôco Rubens José de Toledo Frizo (Béliko)

Bastos, Expedito Carlos Stephani Ford M-8 Greyhoud no Exército Brasileiro - Surge o conceito Blindado 6x6 / Expedito Carlos Stephani Bastos. – Juiz de Fora: O Autor, 2016. 152 p.: il. (Coleção Blindados no Brasil, 6) ISBN 978-85-915398-5-7 1. Carro blindado. 2. Carro de combate. 3. Exército – Brasil. I. Título. CDU 355.424.5 UFJF/Defesa Caixa Postal 314 - 36001-970 Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil Tel.: +55 (32) 2102-6370 www.ecsbdefesa.com.br defesa@ecsbdefesa.com.br


Dedico este livro a todos os integrantes do 1º Esquadrão de Reconhecimento que souberam representar e atuar, em situação real de combate, a Cavalaria Blindada Brasileira nos anos de 1944 - 1945 no teatro de operações da Itália. Dedico também aos integrantes do Parque Regional de Moto-Mecanização da 2º Região Militar - PqRMM/2 que, com persistência e força de vontade, mostraram que era possível manutenir, modernizar e projetar veículos blindados sobre rodas no país no período de 1965 a 1980. Dedico ainda, à ENGESA - Engenheiros Especializados S/A, que soube aprimorar e transformar o CRR no EE-9 Cascavel, o blindado nacional de maior sucesso, seja pelo seu desenho, desempenho, custo e produção. Foi o marco da Indústria de Material de Defesa Brasileira no período de 1971 a 1993.


Sumário Apresentação ...............................................................................................7 Origens do Ford M-8 6x6. ..........................................................................9 T-17 Deerhound: O primeiro Blindado 6x6 no Exército Brasileiro..........15 M-8 da FEB na Campanha da Itália 1944 - 1945 .....................................29 Principais Operações com o M-8 - Uma experiência real ........................45 Histórico do 1º Esquadrão de Reconhecimento ...............................46 Fase de treinamento, Campanha da Itália e operações .....................46 Embarque e Transporte do 2º Escalão ..............................................48 Defensiva no Vale do Reno - 09 Nov 44 à 18 Fev 45.......................50 Ataque a Monte Castelo....................................................................54 Ofensiva da Primavera - Abril/Maio 1945........................................57 Ensinamentos, Aprendizado e Dificuldades .....................................74 Consolidação do Conceito Blindado 6x6 no Exército Brasileiro .............95 O Embrião para a Indústria Nacional de Defesa .....................................105 Base para um Novo e Ambicioso Projeto Nacional ................................ 115 Armamento principal - A grande questão quanto ao calibre ...................131 Considerações finais................................................................................143 Propagandas do M-8 ...............................................................................145 Anexo 1 - Falsificando uma foto.............................................................148 Bibliografia .............................................................................................149 Sobre o autor ...........................................................................................152


Apresentação O conceito de veículo blindado 6x6 ainda terá uma grande vida útil no Exército Brasileiro, fruto da experiência adquirida em plena Segunda Guerra Mundial e da visão e capacidade da própria força, que conseguiram provar que era possível repotenciar, aprimorar e desenvolver um veículo nacional, e este livro, mostra como foi possível atingirmos um elevado nível com todos os erros e acertos numa área tão vital como a Defesa. Com a criação do Corpo Expedicionário, em 1943, conhecido como Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu no teatro de operações da Itália, nos anos de 1944 e 1945, a 1ª Divisão de Infantaria Brasileira (1ª DIE), composta por 25334 homens e diversas unidades, destacando-se o 1º Esquadrão de Reconhecimento, sendo a primeira e única unidade de Cavalaria do Exército Brasileiro, a participar da Segunda Guerra Mundial, onde operou 13 veículos blindados M-8 Greyhound, muito embora existissem 15. Representaram em ação, a Cavalaria de Osório e, como fruto dessa experiência, consolidou-se o conceito 6x6 de veículos blindados sobre rodas dentro do Exército Brasileiro, ainda em voga. Após a guerra, o Exército operou 150 blindados M-8 Greyhound integrados às unidades de Reconhecimento Mecanizado, além de 20 modelos M-20, versão Carro Comando, sem torre, destinados a proporcionar alta mobilidade e proteção aos seus comandantes. Usando o M-8 e M-20 como plataforma, foram desenvolvidos projetos de lançadores de foguetes de 81mm, que culminaram na elaboração de dois protótipos, em 1966. Nos anos de 1968 e 1969, o Parque Regional de Motomecanização da 2º Região Militar (PqRMM/2) em São Paulo, iniciou estudos práticos para a modernização do M-8, efetuando substituições da caixa de câmbio, transmissão, freios, suspensão, parte elétrica e seu motor original à gasolina, por um à diesel nacional. O resultado foi tão positivo que todos passaram por essas modificações, a mando da Diretoria de Motomecanização (DMM) e todo o trabalho fora realizado no PqRMM/2, e concluído em 1972. Como fruto destes e somados a outros ensinamentos, foi possível desenvolver, projetar e construir um blindado de reconhecimento 6x6 nacional, cujo protótipo denominado CRR (Carro de Reconhecimento sobre Rodas), foi inspirado no M-8. Submetido a testes pelo Exército em 1971, percorreu mais de 65 mil quilômetros, possibilitando uma produção pré-série, de oito veículos, concluída pela Engesa. Após serem testados por mais de 32 mil quilômetros e com algumas modificações, entrou em produção seriada, surgindo assim o maior sucesso brasileiro de produção e exportação, conhecido como Engesa EE-9 Cascavel. Os veículos desenvolvidos no país a partir destas experiências, não foram os melhores do mundo, mas eles possuíam alguns fatores muito importantes. Eram nacionais, projetados e construídos no País com peças da nossa então indústria automotiva, e primavam pela simplicidade, facilitando em muito sua manutenção, durabilidade e confiabilidade, tanto que permanecem em uso em diversos países. O Autor, Outubro de 2016. M-8 Greyhound

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Fotos: U.S. Ordnance

T-22E2 Light Armored Car, protótipo final do futuro M-8

M-8 Light Armored Car, versão final, pronto para entrar em produção seriada na fábrica da Ford em Saint Paul, Minnesota. Sua produção se estendeu até 1946, totalizando 11.000 exemplares

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Foto: Coleção Autor

O M-8 visto de cima

O M-20 visto de cima

O M-8/M-20 visto de baixo. Notar os componentes de caminhão

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Fotos: Ordnance Department

Três vistas do primeiro protótipo do T-17 Deerhound 6x6. Notar as caixas laterais contínuas sobre os paralamas, a traseira e o cubo das rodas

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Fotos: Autor

T-17 Deerhound 6x6, preservado no Museu Militar do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, RS. É o que se encontra em melhores condições dentre os quatro sobreviventes, preservados pelo Exército

Vista lateral do T-17 Deerhound 6x6. Notar a porta de acesso ao seu interior aberta, localizada entre a roda dianteira e as traseiras

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Ford M-8 da FEB na Campanha da Itália 1944 - 1945 Com a criação do Corpo Expedicionário em 1943, conhecido como Força Expedicionária Brasileira (FEB), que combateu no teatro de operações da Itália, nos anos de 1944 e 1945, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), composta de 25.334 homens e diversas unidades de infantaria, artilharia, engenharia, saúde, elementos de tropas especiais (Companhia do Quartel-General da 1ª DIE, Manutenção, Intendência, Transmissões, Polícia e Banda de Música). A cavalaria, também se fez presente, sendo formada por um esquadrão de reconhecimento, organizado a partir do 2º Regimento Motomecanizado da Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde tinha a denominação de 3º Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta. O Brasil foi o único país da América do Sul a enviar tropas para lutar nos campos da Europa. A primeira e única unidade a operá-los em guerra foi o 1º Esquadrão de Reconhecimento da Força Expedicionária Brasileira em 1944, em que 13 desses veículos representaram a Cavalaria de Osório, muito embora existissem 15, mas dois estavam indisponíveis: um fora atingido na traseira por um tiro de bazuca alemã, comprometendo-o seriamente, mas a tripulação nada sofreu e o outro avariado por uma mina. Havia uma grande preocupação com esse tipo de armamento, tanto que o treinamento dado à tripulação de como abandonar o veículo nessa situação era executado com frequência em exercícios de campo e, graças a ele, pôde a tripulação efetuar uma evacuação sem maiores problemas. Eram armados com um canhão de 37 mm e duas metralhadoras .30, sua blindagem variava de 0,8 a 1,5cm de espessura, guarnição de quatro homens, não muito confortável, mas confiáveis. Suas dimensões eram: 5m de comprimento, 2,54m de largura e 2,25m de altura, com peso total de 7,8 toneladas, impulsionados por um motor a gasolina Hércules JXD, de seis cilindros, 110HP, velocidade máxima de 90 km/h, autonomia de 565km, com capacidade de 261 litros de combustível. Todos receberam a marcação FEB 510, identificando assim os veículos dessa unidade, sejam os M-8, jeeps, caminhões, meias-lagartas (Half-Tracks) e reboques, nas partes frontal e traseira, mais os emblemas do Cruzeiro do Sul, variando os locais de colocação e seus tamanhos. Como os carros operavam em dupla (seção), cada um recebeu um determinado número, que na maioria das vezes era pintado na parte frontal fixa entre as M-8 Greyhound

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Fotos: Museu Capitão Pitaluga Foto: Coleção Autor

Algumas fotos do M-8 Leão do Norte. Notar o emblema da Cobra Fumando, pintado em branco na parte frontal direita do veículo, o emblema do Cruzeiro do Sul, o número 19 entre as duas escotilhas e o FEB 510 com o nome na lateral direta, estando o mesmo sem os paralamas

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Blindados no Exército Brasileiro


Principais Operações com o Ford M-8 Uma experiência real A primeira missão de guerra recebida pelo 1º Esquadrão de Reconhecimento, foi em Vechiano, em 12 de setembro de 1944, onde o pelotão foi dividido em duas patrulhas, uma no eixo Manacuiccoli-Chiese-Massarosa e outra S.Pietro-S.Macário Piano-S.Macário do Monte. A última missão se deu em 12 de maio de 1945 no eixo Gênova-LaSpezia-Viarregio-Pisa-Livorno-Roma Francolise, onde todo o material foi devolvido aos norte americanos, não só desta, mas de todas as outras unidades da FEB e as tropas repatriadas. Algum tempo depois o material foi enviado para ao Brasil direto da Itália e incorporado ao Exército Brasileiro. Os combates mais importantes aconteceram em: MASSAROSA- CAMAIORE, GAGGIO MONTANO-PORRETA TERME, MONTESE-ZOCCA, MARANO SULLPANARO-RIOLA, COLLECHIO-FORNOVO Várias foram as suas missões e consequentemente, diversas escaramuças com o inimigo ocorreram. Todo este aprendizado foi responsável pela criação de uma nova mentalidade dentro do Exército, principalmente no emprego de veículos blindados 6x6 que perdura até os dias de hoje. O 1º Esquadrão de Reconhecimento foi um dos responsáveis pela rendição da 148ª Divisão Alemã, sendo inclusive citado em publicações americanas editadas no Centro de Instrução de Blindados de Fort Knox, onde se estuda a guerra de blindados, como exemplo de uma pequena unidade a obter um grande sucesso. Dois foram seus comandantes na FEB quando de sua formação: o Capitão Flávio Franco Ferreira (03.01.1944 a 08.01.1945) que por problemas de saúde, foi substituído, já na Itália pelo Capitão Plinio Pitaluga (10.01.1945 a 07.01.1947) e suas fileiras contavam com 218 oficiais e praças efetivos. O Esquadrão teve quatro mortos durante a sua campanha no teatro europeu: o 2º Sargento Pedro Krinski, 2º Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira (nome da Unidade atual), Cabo Benedito Alves e Soldado Bernardino da Silva. A seguir veremos o Histórico, Fase de Treinamento e as Operações de destacamento envolvendo o 1º Esquadrão de Reconhecimento, durante a Campanha da Itália, no período de 1944 a 1945. Usando o próprio documento gerado pela unidade, muito bem resumido, com alterações elaboradas e ilustradas pelo autor, teremos uma visão geral das operações. M-8 Greyhound

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INSTRUÇÃO: Em 23 de março de 1945, foi organizado um programa, executado pelos pelotões com a finalidade de: a)....Melhorar a instrução no que diz respeito às ações ofensivas; b)....Desenvolver a resistência física da tropa. PERDA DE OFICIAL: No dia 02 de Abril de 1945, o cadáver do 2º Ten R/2 AMARO FELICÍSSIMO DA SILVEIRA, desaparecido quando comandava uma patrulha na região de Montiloco, (20 de Novembro de 1944) foi encontrado enterrado na localidade. OFENSIVA DA PRIMAVERA - Abril/Maio 1945 Ordem Geral de Operações número 32 (09 de Abril de 1945) - Missão do IV Corpo de Exército: Atacar entre o rio Reno e a linha M. Grande D’Aiano-Dragodena – M. Moscoso, com a 10ª Divisão de Montanha. Idéia de manobra da 1ª D.I.E.: 1º - Manter as posições do setor com maior reforço nas regiões de Montteforte – 928 – Campo Del Sole e Sassomolare; 2º - Lançar reconhecimentos fortes e profundos particularmente no eixo Maserno – Mo Tespecchio; 3º - Procurar melhora de posição com a posse da linha Montese – Montebufone – Montelo. O Esquadrão de Reconhecimento, como reserva ficará em condições de fazer a defesa aproximada de Gaggio Montano, face Norte (N) e a Nordeste (NE); - Condições de realização: Jornada dia 9: Esquadrão (menos um pelotão) se deslocará para seu novo estacionamento; Jornada dia 10: O pelotão do Esqd se transportará para seu novo estacionamento na primeira parte da jornada. P.C. do Esquadrão – 543.156. (Cason Del Poldo). O Esquadrão foi substituído por uma Cia do 370 R.I.(americano) e acampou na região escolhida, de acordo com a ordem recebida. ATAQUE: Período – 14/04 à 18/04/1945 Da O.G.O. nº 23 de 13 Abr 1945: 1)....O inimigo defenderá fortemente o triângulo de alturas Montese-888-Montelo M-8 Greyhound

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Arquivo: Museu Capitão Pitaluga

Capas do Boletim Reservado do Exército nº 18 N Especial, de 26/01/1944 com efetivo e dotação de material do Esquadrão Motomecanizado de Reconhecimento - FEB

Tratando-se de unidade de número considerável de especialistas, seus recompletamentos não poderiam ser feitos por qualquer elemento, sem grave prejuízo para eficiência técnica e tática. Assim, depois do período de 36 dias em que o Esquadrão esteve inicialmente na frente de Gaggio Montano e mais tarde na linha Colombura – Brainetta, o claro no efetivo foi grande, principalmente entre motoristas e radiotelegrafistas que foram empregados como simples fuzileiros e esclarecedores, dada a responsabilidade da vigilância e patrulhamento de uma frente que, mais tarde, coube a um Batalhão de Infantaria. Para termos uma ideia do que foi encontrado e vivido neste curto período pelas tropas brasileiras ligadas diretamente ao 1º Esquadrão de Reconhecimento, é interessante ver o relatório do 2º Sgt. Helio Caravél, responsável pela Seção de Manutenção e que adiante é transcrito na íntegra: “Seção de Manutenção - fls. 1/6: Tendo sid o transferido para o Esquadrão em princípio do ano, quando a unidade recentemente havia sido substituída nas posições e de combate que ocupava, na região de Colina, pude fazer desde então, algumas observações com referência a seção de manutenção. No começo do ano, quando se apresentou a fase mais rigorosa do inverno, tivemos que lutar com mais continuidade na manutenção M-8 Greyhound

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Fotos: Museu Capitão Pitaluga

Capitão Plínio Pitaluga, no centro, Ten Marcondes, à esquerda e Brites à direita, em S. Giugliano Vechio, quando da entrega dos M-8 em 1945, com o término da guerra. À direita, uma rara foto do Cap. Pitaluga na torre de um M-8 com capacete

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Blindados no Exército Brasileiro


Fotos: Coleção autor

Reconstituição elaborada pelo autor, a partir de um kit Monogram, escala 1:32, com figuras modificadas, retratando um M-8 do 1º Esquadrão de Reconhecimento Mecanizado, no Rio de Janeiro, nos anos de 1970, participando de manobras militares. Notar as marcações e emblemas, bem como a metralhadora Browning calibre .30 montada na torre do veículo

Reconstituição elaborada pelo autor, a partir de um kit Monogram, escala 1:32, retratando um M-20 usado em alguns Esquadrões de Reconhecimento Mecanizado, no Exército Brasileiro, como veículo comando. Notar a ausência de torre, seu grande espaço interno e o anel com a metralhadora Browning calibre .50 nele instalado

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Fotos: autor

M-8 Viva Brasil e um dos oito pré-séries do CRR (EE-9 Cascavel) produzidos, preservado no 1º Esquadrão de Cavalaria Leve - Esquadrão Tenente Amaro, em Valença, RJ. O M-8 funcionando, enquanto o CRR é apenas monumento. Notar que ele ainda possui os primeiros pneus PPB NT 2S, desenvolvidos pela Novatração S/A

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Armamento Principal A grande questão quanto ao calibre Interessante notar que, basicamente, as Unidades de Reconhecimento do Exército possuem a sua doutrina de emprego respaldada na experiência adquirida na Segunda Guerra Mundial, com pequenas modificações visando atender às nossas necessidades e condições. Como fruto dessa evolução o desenvolvimento do Carro de Reconhecimento Médio sobre Rodas (CRM-SR), derivado direto do CRR original, (que ao final se transformou no EE-9 Cascavel), acabou gerando dentro do Exército uma discussão sobre o armamento principal para equipá-lo, visto que o até então adotado era o canhão de 37 mm. Assim abriu-se uma grande discussão sobre qual seria o calibre ideal. Foram ouvidas opiniões de Exércitos, Departamentos e o próprio Estado Maior do Exército, através de todos os seus segmentos. Daí surgiram opiniões conflitantes, gerando indefinições em torno do calibre a ser adotado. Como o novo veículo não poderia apenas atender às demandas do Exército, seu fabricante necessitava exportá-lo, como forma de viabilizar a produção para atender a casa. No entanto era preciso ter recursos necessários para se manter como empresa, produzindo regularmente e tendo lucro para novos investimentos, definindo assim as premissas básicas de que o Cascavel fora criado para ser um Carro de Reconhecimento Médio integrante dos Regimentos de Cavalaria Mecanizado (Orgânicos das DE, das Bda C Mec e das Bda C Bld); dos Esquadrões de Cavalaria Mecanizados (Orgânicos das Bda Inf Bld e das Bda Inf); e dos Pelotões de Cavalaria Mecanizados (Orgânicos dos RC Bld). Tudo conforme previsto pelo Estado Maior do Exército em relação à Família dos Blindados do Exército, então em uso e como parte de seus projetos, visando rodas e lagartas. Isto no início dos anos de 1970. O Cascavel era tido como a Viatura Principal de Reconhecimento, integrante das Organizações Militares já anteriormente mencionadas. Assim desde o final de 1972, procurou-se definir o armamento principal a ser empregado pelo Cascavel, culminando com duas linhas de ação para seu artilhamento: uma com Canhão de 20/40mm e a outra com Canhão de 90mm. Tal fato ainda ocorre em nossos dias, com a Nova Família Média de Blindados sobre Rodas, denominada de Guarani, onde temos canhão de 30mm e de 90mm para a versão 6x6 e de 105mm para uma versão 8x8, apenas com uma diferença: no passado buscamos soluções nacionais, mesmo tendo de nacionalizar diversos itens como torre, canhão, munição, etc., ao contrário do que tem ocorrido na M-8 Greyhound

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Fotos: Coleção autor

Propagandas do M-8

Cartão Postal da Ford, confeccionados em plena Segunda Guerra Mundial, para venda, mostrando fotos do M-8 e M-20. No verso em que são idênticos, os slogans: “Construindo asas e rodas para a vitória”, “Há um Ford em seu futuro” e “Comprar títulos de defesa onde trabalha”.

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Sobre o autor

Expedito Carlos Stephani Bastos, formado em Eletrotécnica e Eletrônica e depois em Direito. É Pesquisador de Assuntos Militares da Universidade Federal de Juiz de Fora; membro do Conselho de Curadores, na área de blindados e veículos militares do Museu Militar Conde de Linhares (Museu do Exército), Rio de Janeiro, e integrante honorário do corpo docente do Centro de Instrução de Blindados General Walter Pires, em Santa Maria, RS. Foi professor visitante de História Militar na Academia da Força Aérea em Pirassununga, SP, (1991-1993). Em 2003, foi condecorado com a Medalha Legião do Mérito do Engenheiro Militar, no grau Alta Distinção, pela Academia Brasileira de Engenharia Militar, de São Paulo. Em abril de 2013, foi condecorado com a medalha Tenente Ary Rauen, do 5º Regimento de Carros de Combate - Rio Negro, PR. Responsável pelo portal UFJF/Defesa (www.ecsbdefesa.com.br), que trata de história militar, defesa, estratégica, inteligência e tecnologia; é membro fundador do Centro de Pesquisas Estratégicas “Paulino Soares de Sousa”, da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde coordena a área de tecnologia militar. Membro do Conselho Científico das revistas espanholas “Asteriskos” e “Strategic Evaluation”. Correspondente da revista alemã “Tecnologia Militar”, do Grupo editorial Mönch. Autor dos livros BLINDADOS NO BRASIL – Um longo e árduo aprendizado, Volume 1, e RENAULT FT-17 – O PRIMEIRO CARRO DE COMBATE DO EXÉRCITO BRASILEIRO, número 1 da série Blindados no Brasil, ambos editados pela Editoria Taller e UFJF/Defesa e BLINDADOS NO HAITI - MINUSTAH - UMA EXPERIÊNCIA REAL, BLINDADOS NO BRASIL Um longo e árduo aprendizado, Volume 2, MOTORIZAÇÃO NO EXÉRCITO BRASILEIRO 1906-1941, FIAT-ANSALDO CV 3-35 II NO EXÉRCITO BRASILEIRO, número 2, BERNARDINI MB-3 TAMOYO - O blindado nacional, número 3, M-113 NO BRASIL - O Clássico Ocidental, número 4, M-41 WALKER BULLDOG NO EXÉRCITO BRASILEIRO, número 5, da série Blindados no Brasil, estes edição do autor, em parceria com o UFJF/Defesa. Publica regularmente artigos sobre assuntos militares em veículos especializados brasileiros e europeus. | 152 |

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