PROJETO EXPOGRÁFICO
BEATRIZ CARVALHO DA SILVA CAMPOS 2019
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AFROFUTURO EM TRANSIÇÃO PROJETO EXPOGRÁFICO
Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a)2019
Campos, Beatriz Carvalho da Silva AFROFUTURO EM TRANSIÇÃO Projeto Expográfico / Beatriz Carvalho da Silva Campos - São Paulo (SP), 2019. 102 f.: il. color. Orientador(a): Jair Alves da Silva Junior Silva, Tadeu Luís Costa, Marcos Pecci Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design com linha de formação específica em Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de bacharel em Design Gráfico Orientador: Prof. Jair Alves da Silva Junior
Beatriz Carvalho da SIlva Campos
São Paulo, 2019
1. Afrofuturismo 2. Exposição 3. Sociedade 4. População negra 5. Movimento artístico I. Silva, Jair Alves da Silva Junior (Orient.) II. Costa, Tadeu Luís (Orient.) III. Pecci, Marcos (Orient.) IV. Título
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SUMÁRIO SUMARIO
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AGRADECIMENTOS
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INTRODUÇÃO
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OBJETIVOS
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JUSTIFICATIVA
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METODOLOGIA DA PESQUISA
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FUNDAMENTOS TEÓRICOS
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RESULTADOS DA PESQUISA
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REQUISITOS PARA O PROJETO
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ESTUDOS DE CASO
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DESENVOLVIMENTO INICIAL
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ESTUDOS DE CONCEPÇÃO
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DETALHAMENTO E DOCUMENTAÇÃO DO PROJETO
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MEMORIAL DESCRITIVO
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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BIBLIOGRAFIA
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LISTA DE IMAGENS
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AGRADECIMENTOS Este projeto foi realizado com a ajuda e incentivo de pessoas que são inspiradoras para mim, como minha mãe, Dulcinèa Carvalho, minha maior inspiração, com quem eu pude contar em todas as etapas do projeto e da vida. Também da minha tia Daisy Carvalho por me apoiar sempre no que foi preciso, da minha avó do coração, Maria José dos Santos, que entrou em minha vida para muita alegria e axé e me auxiliou com conselhos durante todas as etapas e por fim as amigas Juliana Santos, Gabrielle Neves e Fare Fatto Eventos que auxiliaram na análise do espaço, respectivamente, ajustando as medidas da planta, me acompanhando até o local para fotografá-lo e analisá-lo presencialmente e analisando materiais. Não posso deixar de agradecer à minha ancestralidade: aos meus orixás, guias espirutais e minha mentora mestra Maria Luziaria por me sustentaram nos maiores momentos de dificuldade e desestabilidade emocional e me acolherem nos momentos de felicidade e realização. Agradeço ao meu professor e orientador Jair Alves Jr. por todo o auxílio, incentivo, paciência e respeito para comigo, como também com o tema e todo o projeto em si. Com certeza ter um professor aberto à ter esse diálogo e sensibilidade fez toda a diferença. Obrigada aos professores Tadeu Costa e Marcos Pecci por auxiliar com sugestões de referências bibliográficas e artísticas. Fico feliz por ter me mantido persistente e empenhada, com certeza as músicas do Emicida fizeram parte desse processo e eu o agradeço por ser inspiração e por ter plantado a semente da curiosidade, da autoestima e da ousadia em mim. Foi pensando na frase: “Você é o único representante do seu sonho na face da Terra” que consegui prosseguir e realizar este projeto da forma que eu acredito. Também quero agradecer a todos os amigos e familiares que me incentivaram durante todos esses meses, em especial às colegas de turma e posteriormente de profissão Carolina Bleinat, Heloysa Rocha e Bianca Calixto. Agradeço ás referências Fábio Kabral, Karolina Desirée, e Maysa Martins pela realização de oficinas sobre Afrofuturismo que serviram de base para toda a elaboração do projeto além de abrir minha mente para diversos assuntos. Por fim, dedico este projeto à minha mãe, que me inspira a ser melhor todos os dias, à minha tia Daisy Carvalho por ser referência pra mim e pra tantos e principalmente à minha avó materna Maria José Carvalho, que sempre será, pra mim, um dos maiores símbolos de resistência e excelência que já se passou por esse plano. Tenho certeza que onde quer que ela esteja, está feliz como avó e como educadora com o que realizei e de onde cheguei (e vou chegar).
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INTRODUÇÃO O presente trabalho teve por finalidade explicar o que é o Afrofuturismo contemplando o conceito, a origem, o início e como ele resistiu ao tempo, sendo atualmente assunto de um crescente interesse por abordar uma nova maneira de resgatar a ancestralidade africana e por sua importância e influência positiva para o povo negro ao redor do mundo. É um tema que vem ganhando força pois possibilita recuperar culturalmente um passado no qual sempre esteve limitado ou até mesmo oculto, como o protagonismo do negro nas artes, na ciência, na estética visual e na escrita. Este movimento cultural tem por fio condutor a criatividade, a inovação e a informação de valores que levam ao autoconhecimento e instigam a inventividade. O afrofuturismo estimula a romper as barreiras das limitações e focar nas inúmeras possibilidades no campo das ideias concretizando-as de maneira a exaltar e valorizar a capacidade intelectual de uma parcela da sociedade injustamente pouco valorizada. Palavras-chave: 1. Afrofuturismo 2. Exposição 3. Sociedade 4. População negra 5. Movimento artístico
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1. OBJETIVOS GERAL Este projeto tem caráter exploratório e visa apresentar o Afrofuturismo tanto historicamente quanto como representação estética e analisar como este movimento cultural se comporta dentro da cultura popular através de diversas vertentes e como pode ser explorado imergido no universo do design.
ESPECÍFICOS Explicar o que é o Afrofuturismo, qual a sua origem, abordagem, como ele atua na nossa sociedade atual e como está ligado diretamente com as necessidades da população negra. Além disso, este projeto pretende mostrar a influência do movimento na cultura popular e fazer uma conexão entre o movimento cultural e o design, mostrando a importância desses segmentos artísticos e como eles se relacionam com os jovens negros. Como produto final, pretende-se desenvolver uma exposição, seu material de divulgação e sinalização interna.
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2. JUSTIFICATIVA A falta de representatividade da população negra em todos os meios de comunicação ainda é algo muito comum atualmente mesmo com todas as discussões existentes sobre racismo e inclusão na sociedade. Há uma pergunta que ainda ecoa na mente das pessoas que discutem essas pautas: onde estão os artistas negros? Essa pergunta reforça um desejo antigo dos negros de serem vistos e ouvidos e de estarem representados nos locais e nas mídias. Observem que os imigrantes europeus geralmente sabem descrever com detalhes suas histórias e erguem museus para preservar a memória do seu povo. Onde está a valorização da nossa? (RAMOS, 2017)
Um estudo realizado pela UCLA - Universidade da Califórnia em Los Angeles (2017) no Ralph J. Bunche Center for African American Studies at UCLA (centro para estudantes afro-americanos da UCLA) sobre a diversidade nos filmes de Hollywood com maior bilheteria de 2017, constatou que o número de atores negros representavam apenas 13,6% desses filmes, sendo ainda, subrepresentados. Este desnível de protagonismo não se dá somente no exterior. No Brasil, segundo dados do IBGE (2017), 54,9% da população se declarava negra ou parda, mesmo assim, segundo uma pesquisa realizada pela ANCINE - Agência Nacional de Cinema em 2016, foi possível analisar que dos 142 longas-metragens lançados, 97 desses filmes com um total de 827 atores e atrizes tinham em seu elenco apenas 13,4% dos atores negros ou pardos, sendo que quase metade dessas produções - todas de ficção - não houve a participação de nenhum ator negro ou pardo. A ausência de personagens negros em filmes de ficção científica se dá por conta da sua origem. Alexander Meireles da Silva (2012) explica:
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Intimamente relacionada em suas origens ao
racionalismo oitocentista, a vertente romanesca da Ficção Científica se estabeleceu, desde essa época e até meados do século passado, como um veículo do
fascista e com isso, através da sua perspectiva social, ele colocava o imaginário através da arte por uma ótica onde a imagem do negro não estaria representada no futuro, como podemos concluir através da definição dada pela enciclopédia do Itaú Cultural:
Imperialismo. Expressando a visão eurocêntrica de culturas periféricas e marginalizadas as narrativas da
A base ideológica do movimento é anticlerical
Ficção Científica promoveram um olhar superior sobre
- revelam os manifestos políticos lançados em 1909,
o outro marcado pelo preconceito, fato observado na
1911, 1913 e 1918 - e, em seguida, anti-socialista, pela
representação de um dos principais grupos minoritários -
defesa da modernização da indústria e da agricultura,
o Negro. Todavia, a partir das últimas décadas do século
do irredentismo e de uma política exterior agressiva. As
vinte, diferentes escritores têm abordado a realidade
afinidades com o fascismo, entrevistas pelo nacionalismo
negra visando promover um contra-discurso a esta
e pela exaltação do ímpeto e da ação, se concretizam
ideologia. (p. 1)
quando diversos membros do grupo aderem ao partido fascista. Em Futurismo e Fascismo (1924), Marinetti reúne
Essa falta de representatividade não acontece apenas no cinema, ela se estende pela literatura, pelo audiovisual e no design. Quando, principalmente, ingressa-se na graduação de Design, é comum procurar por referências e artistas influentes nessa área, mas dentro e fora das salas de aula é difícil o acesso à essas informações. Colocar estes artistas em evidência é, além da valorização da contribuição desses designers para o meio, é mostrar para a população negra que também são pertencentes à área do design, que ainda é majoritariamente ocupada por pessoas brancas. É necessário colocar artistas negros em evidência não apenas no design, mas em todos os segmentos da arte, como a fotografia, literatura e até mesmo na música, pois mesmo que se saiba que a cultura negra influencia a maioria dos estilos musicais, poucos cantores e músicos negros chegam ao mainstream ou recebem a visibilidade necessária dos seus trabalhos. Analisando a origem do movimento futurista, que teve seu reconhecimento em 1909 com a publicação do Manifesto Futurista feito pelo poeta, escritor e ideólogo italiano Filippo Marinetti foi possível identificar seu flerte com a ideologia
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discursos e relatos em que apresenta o futurismo como parceiro e precursor do fascismo. Nesse primeiro de uma série de manifestos veiculados até 1924, Marinetti declara a raiz italiana da nova estética: “...queremos libertar esse país (a Itália) de sua fétida gangrena de professores, arqueólogos, cicerones e antiquários”. Falando da Itália para o mundo, o futurismo coloca-se contra o “passadismo” burguês e o tradicionalismo cultural. À opressão do passado, o movimento opõe a glorificação do mundo moderno e da cidade industrial.
O Afrofuturismo vem contrapor essa ideia, tendo como objetivo mostrar que os negros estarão representados no futuro, e, assim, “recriar o passado que nos foi negado, transformar o presente que nos foi imposto e projetar um novo futuro através da nossa própria ótica” (Kabral, 2015) através da intelectualidade, tecnologia e arte.
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3. METODOLOGIA DA PESQUISA Através de pesquisas em livros, artigos, sites, podcasts e entrevistas, foi colocada em pauta a história do afrofuturismo. Uma análise foi feita de como ele se relaciona com a nossa sociedade contemporânea e a representação do negro tanto na sociedade quanto na ficção antiga e atual, além da verificação da importância de construir novas narrativas à partir do olhar da população negra. Além disso, foi realizada uma pesquisa sobre estéticas visuais afrofuturistas através de sites, filmes, exposições e oficinas. Referências visuais africanas e afrobrasileiras também foram analisadas. Uma pesquisa sobre expografia também está presente, com o intuito de explorar as técnicas usadas para criar um ambiente expográfico conciso e agradável para os espectadores que consiguisse passar as informações de forma coesa e objetiva, analisando legibilidade, iluminação, logística e o próprio design. Para que fosse desenvolvida uma exposição que tivesse boa recepção do público, uma pesquisa para definição do público alvo foi realizada, além de uma análise do nível de conhecimento das pessoas sobre o tema. Tendo todos esses itens previamente definidos, foram criados moodboards com referências estéticas, testes tipográficos e de paletas de cores. Também foram realizadas duas visitas técnicas em exposições para analisar suas estratégias de funcionamento, estudo de espaço, iluminação, cores e tipografias utilizadas que agregaram à elaboração do projeto expográfico.
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4. FUNDAMENTOS TEÓRICOS 4.1 O MOVIMENTO CULTURAL AFROFUTURISMO O Afrofuturismo é um movimento cultural e social que se consolidou em 1994 ao ganhar este nome, mas que já estava presente em muitas manifestações artistísticas, principalmente musicais e de moda, há pelo menos 30 anos por meio da inovação tecnológica nas produções independentes de artistas negros, como por exemplo nos projetos de Sun Ra, músico de jazz e criador do longa-metragem “Space is the Place” (1972-1974) que acreditava ter vindo do planeta Saturno, local de onde os egípcios também teriam vindo antes de chegar à Terra. Fotografia 1: Capa do LP “Space is the Place” (1973) de Sun-Ra, onde o mesmo encontra-se no centro da capa com uma vestimenta predominantemente egípcia usada principalmente pelos faraós. Também há elementos da astronomia como planetas e estrelas, além da imagem de pessoas negras praticando experimentos científicos.
Fonte: Mercado Livre (1974)
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De acordo com o site Fronteiras do Pensamento (2007), o termo afrofuturismo foi usado pela primeira vez por Mark Dery, autor americano, palestrante e crítico cultural quando o artista desenvolveu um ensaio fotográfico batizado de Black To The Future: ficção científica e cibercultura do século XX, o definindo na época como movimento de ficção especulativa que trata os termos afro-americanos no contexto da tecnocultura do século 20. Com o passar dos anos, seu significado se tornou mais abrangente incluindo as necessidades de toda a população negra, não exclusivamente a afro-americana. Hoje, o movimento afrofuturista é conhecido por consistir em recriar novas narrativas de ficção científica com elementos da cosmologia, mitologia e tradições africanas através do olhar e protagonismo do próprio povo negro, por meio da arte em todos os seus segmentos, como a música, cinema, literatura, pintura, ilustração, artes plásticas, design, audiovisual e fotografia.
Whether through literature, visual arts, music,
or grassroots organizing, Afrofuturists redefine culture and notions of blackness for today and the future. Both an artistic aesthetic and a framework for critical theory, Afrofuturism combines elements of science
from the sci-fi gods, so to speak, that was unthinkable at the turn of the century. The storytelling gatekeepers vanished with the high-speed modem, and for the first time in history, people of color have a greater ability to project their own stories. (idem, p. 129)²
A curadora da mostra de filmes “Afrofuturismo: cinema e música em uma diáspora intergaláctica” Kênia Freitas diz:
Acreditamos que, mais do que previsões ou
premonições do futuro, as narrativas de ficção científica são formas especulativas de pensar o presente. Kudwo Eshun traduz essa ideia em uma concisa e certeira frase: “A existência negra e a ficção científica são uma e a mesma”. Acessar o universo narrativo das obras afrofuturistas é lidar, concomitantemente, com a sua dupla natureza: a da criação artística, que une a discussão racial ao universo do sci-fi, e a da própria experiência da população negra como uma ficção absurda do cotidiano.
fiction, historical fiction, speculative fiction, fantasy, Afrocentricity, and magic realism with non-Western beliefs. In some cases, it’s a total reenvisioning of the past and speculation about the future rife with cultural critiques (...).” (WOMACK, 2013, p. 117) ¹
This blossoming culture is unique. Unlike previous
eras, today’s artists can wield the power of digital media, social platforms, digital video, graphic arts, gaming technology, and more to tell their stories, share their stories, and connect with audiences inexpensively - a gift
¹ Seja através da literatura, artes visuais, música ou organização de base, os afrofuturistas redefinem a cultura e as noções de negritude para hoje e para o futuro. Tanto uma estética artística quanto uma estrutura para a teoria crítica, o afrofuturismo combina elementos de ficção científica, ficção histórica, ficção especulativa, fantasia, afrocentricidade e realismo mágico com crenças não ocidentais. Em alguns casos, é uma revisão total do passado e especulações sobre o futuro repleto de críticas culturais. (WOMACK, 2013, p. 117) ²Essa cultura florescente é única. Ao contrário das épocas anteriores, os artistas de hoje podem usar o poder da mídia digital, plataformas sociais, audiovisual, artes gráficas, games e muito mais para contar suas histórias, compartilhar suas histórias e se conectar com o público a baixo custo - um presente dos deuses sci-fi, por assim dizer, isso era impensável na virada do século. Os guardiões da narração de histórias desapareceram com o modem de alta velocidade e, pela primeira vez na história, as
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pessoas de cor têm maior capacidade de projetar suas próprias narrativas. (idem, 2013) - idem
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4.2 A IMAGEM DO NEGRO NA SOCIEDADE E NA CULTURA
Os indianistas, no século passado, justiça seja
feita, tentaram incorporar ao país imaginário à uma parcela do país real: puseram o índio nos seus romances
Toda essa atmosfera estrutural onde pessoas brancas são vistas como superior em todos os aspectos, fez com que narrativas tivessem uma ótica eurocêntrica na maioria das vezes, excluindo a presença de personagens negros, e quando estes eram retratados, eram sempre estereotipados e conectados à inferioridade. Colocar esses personagens dessa forma, contribuiu para que a população - inclusive os próprios negros - enxergassem essa realidade como correta, tirando não só sua voz, como a autoestima e a capacidade de enxergar novas possibilidades. Fotografia 2: “Basicamente, os donos de escravos brancos promoviam a noção de que os homens africanos escravizados eram animais por natureza. Diziam, por exemplo, que “Nos negros, todas as paixões, emoções e ambições são quase que totalmente dominadas pelo instinto sexual” colaborando assim para noções de bestialidade e primitivismo. (...) Os Black Bucks são homens geralmente musculosos, que desafiam a vontade dos brancos e são um puta perigo pra sociedade americana. Eles são nervosos, agitados, temperamentais, impulsivos, extremamente violentos e, claro, sexualmente atraídos por mulheres brancas — só elas.” (JARDIM, 2016)
e poemas. Os sertanistas, no começo deste século, acrescentaram mais tarde, uma outra fatia: o homem da roça. Ora, índio e o homem da roça são de cor - moreno jambo, café-com-leite, acaboclado, uma infinidade de cores reais e imaginárias. (...) A Sociedade Brasileira não tinha, naquele tempo [1900], condições de ir além. ‘Os “morenos” são, de fato, a maior parte do nosso povo, mas a melhor somos nós, os brancos; ninguém precisa, também, ficar preocupado, a tendência do Brasil é embranquecer. ’ - era, mais ou menos, o que pensava um intelectual brasileiro, no final de século, sobre as relações raciais do seu país. (SANTOS, 2005, p.51)
A mídia e o entretenimento sempre influenciaram na forma como enxergamos o mundo e as pessoas, e tem afetado cada vez mais na forma como nos relacionamos, agimos e nos comunicamos, mas ao contrário de como eram veiculadas há 30 anos atrás, hoje existem diversos novos meios de comunicação e formas de disseminar conhecimento e informação, tornando maior as possibilidades de alterar esse cenário positivamente através de novas informações antes não evidenciadas, visões e histórias.
Mais recentemente, numa conversa com o
professor Muniz Sodré, percebi que, mais do que a filosofia e a ciência, o que traz mudança mesmo são as representações coletivas, e a ficção tem um papel fundamental nessa construção. “A literatura sempre
Fonte: Medium (2016)
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disse mais sobre o homem no Brasil que a sociologia até hoje, muito preocupada apenas com lutas de classes. O cinema e a novela, com a força que têm hoje no nosso país, podem trazer um ataque forte aos preconceitos”, me disse o Muniz em uma entrevista para o Espelho.³ (RAMOS, 2017, p.33)
Á partir das novas narrativas, é possível também quebrar estereótipos presentes na sociedade, criando um novo imaginário que muitas vezes se conectam com a realidade.
“While technology empowers creators, this
intrigue with sci-fi and fantasy itself inverts conventional thinking about black identity does not have to be a negotiation with awful stereotypes, a dystopian view of
race
(remember
thos
black-man-as-endagered-
species stories or the constant “Why are black women single?” reports?), an abysmal sense of powerlessness, or a reckoning of hardened realities. Fatalism is not a synonym for blackness.” ⁴ (WOMACK, 2013, p.142)
4.2 AFROFUTURISMO NO BRASIL Apesar de ser um tema relativamente novo e pouco conhecido pela maioria das pessoas, o Afrofuturismo vêm crescendo no Brasil e ganhando notoriedade desde meados de 2010, quando os projetos principalmente musicais que estavam sendo feitos no exterior começaram a ganhar destaque no país, como o clipe de Prototype do grupo Outkast, os livros da autora Ytasha L. Womack e os trabalhos de Janelle Monáe, como o EP Metropolis: Suite I (The Chase) (2007) - inspirado no filme futurista de mesmo nome lançado em 1927 e dirigido por Flitz Lang e os discos Archandroid (Suites II and III) (2010) e Eletric Lady (2013). Os três trabalhos formam uma linha narrativa e contam a história de Cindi Mayweather, uma androide que faz uma viagem pelo tempo com o objetivo de salvar as nações de Metropolis - onde reside - e de The Great Divide. A história gira em torno de assuntos como liberdade, amor e crítica social, e as músicas atrelam ritmos como o funk dos anos 80 e o rock, com a música techno e sintetizadores. Desde então, as discussões sobre o movimento cultural vem se tornando cada vez maiores através de pesquisas, exposições, criação de narrativas através de livros, como também em obras de arte, na música e no audiovisual. Rodas de conversa e mostras culturais sobre o tema também estão cada vez mais presentes com pesquisadores e escritores como Fábio Kabral, Karolina Desirée, William “Mumu” Silva, Maysa e Kênia Freitas, uma das primeiras pessoas a introduzir o tema no país. O intuito é deixar em voga a importância dessa cultura principalmente quanto ao modo em que as representações afrofuturistas estão ligadas à realidade da população, mesmo contendo ficção e mitologia africana como principais elementos, já que uma das principais causas que levaram ao nascimento do movimento cultural, seu desenvolvimento e disseminação estão ligadas à necessidades reais, como a falta de representatividade, exclusão da população negra no meio artístico e sub representação. No Brasil, é possível notar a influência musical, social e estética do Afrofuturismo no trabalho de artistas como Baiana System, Chico Science & Nação Zumbi, Emicida e Elllen Oléria, tendo Oléria, feito um disco totalmente voltado para o tema.
³ Programa de entrevistas do Canal Brasil apresentado por Lázaro Ramos.³ ⁴ “Enquanto a tecnologia empodera os criadores, essa intriga com a ficção científica e a própria fantasia invertendo o pensamento convencional sobre a identidade negra não precisar ser uma negociação com estereótipos terríveis, uma visão distópica da raça (lembre-se dessas histórias sobre homens-negros-são- espécies-em-extinção ou as constantes “Por que as mulheres negras são solteiras?”, rumor?), uma sensação abismal de impotência ou um cálculo das realidades endurecidas. Fatalismo não é sinônimo de negritude.” (WOMACK, 2013, p.142) - Tradução livre da autora
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Fotografia 3: Capa do disco “Archandroid” da cantora Janelle Monáe. Inspirada no pôster do filme “Metropolis. Na capa de Monáe, sua alter ego Cindi Mayweather está no centro, utiliza uma coroa dourada que na realidade é a cidade fictícia da narrativa, além de uma vestimenta que faz alusão as vestes utilizadas pelos astronautas e brincos geométricos dourados. Para a capa do disco, foi utilizada a tipografia modernista Futura, inspirada nos ensinamentos da Bauhaus que estavam ligados à inovação através da produção de arte, artesanato e tecnologia.
Fotografia 5: Capa do disco “Afrofuturismo” (2016) da cantora Ellen Oléria, onde a artista se encontra no universo, ao seu redor há símbolos de estrelas e planetas, a mesma se encontra com um colar que vêm da cultura africana. Nos seus brincos como entre suas mãos é possível notar o Sankofa, símbolo que provém do povo Akan, oriundo da África Ocidental e que hoje estão presentes pelos territórios de Gana e Costa do Marfim e que significa “volte e pegue”, filosofia que explica que devemos nos voltar para a ancestralidade, absorver tudo o que ela tem a nos oferecer e ensinar e aplicá-las no nosso presente e futuro. Esta filosofia está muito ligada ao que o movimento afrofuturista prega. Fotografia 4: Pôster do filme “Metropolis”, onde a cidade acaba se tornando a coroa do personagem.
Fonte: Letras (2016) Fonte: Spotify (2010)
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Fonte: ArchDaily Brasil (1927)
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4.3. EXPOGRAFIA
A tradição africana me ensina que a ficção é um
complemento da realidade. A ficção e a mitologia não têm como pretensão substituir a realidade. Os mitos de criação não têm como pretensão negar o que a ciência determinou como certo e sim complementar, por que a ficção existe não como fato e sim como metáfora, existe no mundo das ideias, dar a imaginação o seu devido valor. Então a tradição africana me ensina que a ficção serve para nos inspirar e nos dar força para enfrentarmos os problemas da vida real, do nosso dia-a-dia. Serve como uma reflexão para lidar com essas questões (KABRAL,
Neste capítulo irá se discorrer sobre a importância da expografia, como aplicá-la de forma técnica, coesa e que atraia a população. Também será abordado os resultados da pesquisa quanto aos conhecimentos sobre a temática do público alvo. As exposições tornaram-se democráticas, abertas ao público e voltada para a memória do passado e para construção do futuro” (GONÇALVES, 2004) após a Revolução Francesa, se estendendo pelo século XIX, quando tornou-se um diálogo com o meio social contribuindo inclusive para a concepção de identidade de uma sociedade.
Anticast, 2015. Acesso em 22. Abr. 2019).
O Afrofuturismo vem com a ideia de resgatar toda a cultura ancestral africana musical, cultural, estética, visual, organizacional e política e trazer para um contexto atual e principalmente de futuro tecnológico, assim, trazendo ideias inovadoras que possam contemplar uma parte da sociedade antes esquecida.
“A história do museu e da exposição está assim,
ligada a própria história humana, dando testemunhos fundamentais da cultura da humanidade. (...) Porém o museu e a exposição, no sentido que lhes é dado hoje, são uma realidade bastante diferente de seus conceitos originais.” (GONÇALVES, 2004)
Para
concluir:
o
Afrofuturismo
pode
ser
caracterizado como um programa para recuperar as histórias de contrafuturos criadas em um
século hostil
à projeção afrodiaspórica (...). A migração, a criação e a mutação de conceitos e abordagens nos campos do teórico e do ficcional, do nós, conexões, anéis e estrelas do Atlântico Negro. Como uma caixa de ferramentas desenvolvida por e para intelectuais afrodiaspóricos, o imperativo de codificar, adotar, adaptar, traduzir, reinterpretar, retrabalhar e revisar esses conceitos, sob as condições espacificadas neste ensaio, provavelmente persistirá nas próximas décadas.
Hoje em dia, “o design das exposições é um elemento fundamental de comunicação com o público visitante. Através dele o público percebe a intencionalidade da curadoria não só pelo conteúdo escrito, mas também por todas as linguagens não verbais da exposição. [...] É a disciplina que possibilita a construção dos dispositivos que vão disseminar o conhecimento para o público” (LANZ, 2016). Philip Hughes (2010) coloca que existem quatro tipos de público que comparecem à exposições: especialista, turista habitual, aventureiro e desorientado. Analisando os quatro, concluí que o público que visitará à mostra afrofuturista serão identificados em dois grupos:
(ESHUN, 2003, p.287 - 302.)
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“Aventureiro: por não conhecer o assunto, o aventureiro busca informações mais superficiais que deem um panorama geral sobre o tema. As informações devem ter um nível básico mas estar muito bem organizadas. A organização espacial também é muito importante: o ideal é que o projeto defina um circuito claro e bem sinalizado, para que o visitante se localize facilmente na exposição. A repetição é bastante importante para este visitante: os códigos cromáticos ou ainda formas repetidas podem ajudá-lo a compreender os signos visuais, estabelecer um sentido para eles e orientar-se dentro do espaço expositivo. Turista habitual: é o visitante que tem familiaridade com o tema e deseja se aprofundar. Longos catálogos, textos explicativos e mídias interpretativas tem a potencialidade de gerar interesse para o turista habitual, além de um website que pode ser consultado antes da visita.” (LANZ, 2016). Além do público, é necessário estudar o ambiente como um todo, desde a escolha do local, do percurso e o design. A pesquisa de percurso foi baseada na análise de Jean Avallon (2000) de duas perspectivas: o encadeamento de transformações e o encadeamento de significados. Mais conectado à segunda perspectiva, este projeto expográfico dialoga com a “obtenção de valores, que trata da união do repertório já existente no visitante – anterior a entrada na exposição – e o repertório apreendido na exposição. Ou seja, a construção de um repertório novo, de novos valores. Sob esta perspectiva então pode-se analisar a exposição de um museu imaginando que ela deva ter uma sequência de pontos mais interessantes e menos interessantes, para, em um primeiro momento despertar o interesse do visitante e num segundo momento dar a ele um tempo para que reflita sobre as informações que viu anteriormente. Na sequência mais informações podem ser passadas para que o visitante faça as devidas conexões. “ (idem). Quando abordamos o design na pesquisa, podemos voltar o nosso olhar para a análise de signos e repetições já abordada nos outros setores, como também a parte de layout, escolha tipográfica, disposição do que será exposto e material de divulgação, por exemplo. Todos esses itens precisam conter uma familiaridade e trazer o espectador para dentro da exposição, deixando-o confortável durante a visita.
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“O design de exposições é um meio de
comunicação e permite a mediação e interpretação dos objetos expostos, sejam eles a partir de um acervo material ou imaterial. O conjunto de elementos da exposição é capaz de produzir um significado para o visitante. Mas estes elementos de comunicação são extremamente poderosos e podem facilitar a apreensão dos conteúdos ou dificultá-la.
A forma de comunicação com um público que
circula por ambientes e adquire informações de maneira sequencial tem características próprias e bastante peculiares e as formas de se comunicar com o público e atraí-lo para as exposições tem sido crescente objeto de estudos nas ultimas décadas. Sendo assim, uma abordagem crítica do design de exposições busca criar, de forma experimental, bases para ampliar o conhecimento a respeito desta mídia complexa e multidisciplinar.” (LANZ, 2016) p. 11
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Para concluir, existem 3 setores importantes que conversam entre si e que serão pensados para desenvolver o projeto expográfico: tipografia, cores e ilustrações e iluminação. Quando se trata da tipografia, precisamos voltar nosso olhar com atenção à legibilidade. Uma tipografia que será lida em um folder sobre a exposição não terá a mesma legibilidade ao ser aplicada em um painel, por exemplo, da mesma forma que esta não terá a mesma legibilidade ao ser aplicada como legenda de uma obra. A análise ao tipo de tipografia também inclui tamanho, estilo (com serifa, sem serifa, manuscrita, etc.) e espaçamento. O espectador precisa se sentir confortável na hora de realizar a leitura, se tornando melhor ainda quando esta é feita de forma intuitiva. As cores atribuem diversos papéis e podem ser lidas de forma que gerem significado como paz ou amor, sensações como tristeza, alerta, felicidade e calmaria, ou ainda colaborando com a legibilidade, formando contrastes (altos ou baixos) entre tipos e formas, dificultando (tornando os textos cansativos de serem lidos) ou facilitando a leitura de textos e títulos. Culturalmente as cores também podem ser associadas à sentimentos e significados diferentes dos conhecidos habitualmente. Outro item que pode facilitar ou dificultar a leitura de uma exposição é a iluminação. Quando esta é utilizada para trazer dramaticidade ao ambiente, pode acarretar na baixa legibilidade quando leva-se em consideração a baixa luminosidade ou a alta luminosidade em apenas um ponto específico da exposição, como em um painel explicativo, estourando a luminosidade no local de leitura.
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Considerando portanto museus com ampla variedade de públicos, como o Museu da Língua Portuguesa (recentemente
incendiado),
que
podem
despertar
interesse em todos os falantes deste idioma, deve-se pensar em estratégias para atingir todos os tipos de público explicitados por Hughes. O designer deve então, pensar em um público abrangente e, consequentemente, em desenho de displays que atinjam desde o especialista até uma criança. Portanto, o projeto de design de exposição já se torna desde início, bastante complexo em seu programa de necessidades, extrapolando as noções de design gráfico, arquitetura, educação, entre outras áreas, tornando-se assim, multidisciplinar. (LANZ, 2016) p. 3
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4. RESULTADOS DA PESQUISA 4.1 RISCOS E RABISCOS: LENDO A CIDADE Esta exposição abriga dois andares do Farol Santander no centro da cidade São Paulo. A exposição têm como objetivo principal mostrar como a tipografia está diretamente ligada à cidade pela história, cultura e sociedade. No primeiro andar há grande iluminação e uma explosão de cores vivas sendo o vermelho, o branco e o amarelo predominantes, marcado por letreiros antigos do exterior, painéis com imagens e uma instalação com luzes de led sobre pixo. Fotografia 6: Letras dos letreiros antigos instalados na entrada da exposição.
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Fotografia 7: Painel sobre pixo com as luzes de LED atrás, modeladas no estilo dos pixos da cidade de São Paulo. Também é possível ver um trecho do letreiro da Brodway.
O primeiro andar é mais voltado para a parte técnica e histórica da tipografia, mostrando tipografias conhecidas que são presentes no nosso cotidiano como Helvetica e Frutiger, além de tipografias inspiradas no cotidiano brasileiro. Para as informações, foram utilizadas placas brancas e uma tipografia sem serifa em preto. Nos locais de leitura, a iluminação é média, mais baixa que a iluminação dos painéis, o que tornou a leitura confortável. Fotografia 8: Painéis e tipografias conhecidas que estão presentes no nosso cotidiano, nessa ala, apresentam-se tipografias nacionais.
Fotografia 9: Explicação sobre o que são as fontes com e sem serifa e quando são utilizadas.
Fotografia 10: Fotos tiradas ao redor da cidade de São Paulo onde estão presentes diversos estilos tipográficos.
Em um segundo momento, o espectador se depara com uma parede em lettering e uma oficina de carimbos, onde você pode criar uma gravura através de carimbos de letras e símbolos. No segundo andar, a exposição mostra como as tipografias estão presentes no cotidiano da cidade de São Paulo desde o início do surgimento da cidade até os dias atuais. A iluminação é baixa, escura, dando mais ênfase às imagens. Por conta da disposição expográfica acontecer em dois andares onde você precisa sair do ambiente da exposição, voltar para um ambiente neutro para depois retornar à outro ambiente da exposição, há uma ruptura de continuidade do que está sendo apresentado, principalmente pela iluminação diferenciada nos dois ambientes, em um primeiro momento com luz ambiente e em um segundo, escuro, onde as luzes vêm diretamente das obras, quase nos levando a entender que outra exposição se inicia.
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4.2 ENTRA QUE LÁ VEM HISTÓRIA: 50 ANOS DA TV CULTURA Essa exposição mostra a versatilidade e importância dos programas da TV Cultura no decorrer dos seus 50 anos, mostrando desde seus programas jornalísticos e de entrevistas, até seus programas infantis. Com muitos espaços multimídias e interativos, a exposição localizada no shopping Morumbi na cidade de São Paulo conta com um percurso único, muitas cores, fotos, vídeos, materiais em áudio e um cenário para cada sala de acordo com a temática do programa a ser citado. Para as informações de toda a exposição foi utilizada uma tipografia sem serifa de tamanho médio de fácil leitura, porém nem sempre a disposição das informações eram intuitivas para o expectador. Para as salas que falam sobre programas jornalísticos e de entrevistas, geralmente uma cor principal era escolhida pra todo o espaço, sendo na maioria das vezes utilizada a cor preto. A luz usada é mais baixa, introspectiva, dando mais ênfase aos vídeos que são mostrados e sempre fazendo alusão aos próprios cenários dos programas como o “Provocações” e o “Ensaio”, com exceção do espaço para o programa “Roda Viva”, com luzes brancas, fortes e já que foi montado um cenário igual ao do programa, que tinha a disposição espacial de um “júri”. Fotografia 11: Instalação sobre o programa “Jornal da Cultura.
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Fotografia 12: Placa de introdução à exposição.
Fotografia 13: Cenário do programa: “Roda Viva”, em cima as imagens dos participantes do programa e á baixo, os expectadores da exposição.
Fotografia 14: Jornais da época que noticiavam o ínicio da TV Cultura e sua repercurssão.
Para as salas que falavam sobre programas infanto-juvenis e infantis, as luzes eram mais claras, os cenários eram coloridos e interativos, com objetivos decorativos, portas que abrem, paredes que giram e revelam curiosidades ou fotos e botões que emitem sons, se destacando mais do que os textos sobre os progamas, já que estes já são de grande conhecimento do público alvo principal. Os expectadores dessa exposição podem ser associados ao nicho “turista habitual” e “desorientado” - visitante que não sabe para onde ir e procura referências para entender o espaço e se situar dentro dele - se levarmos em consideração as crianças que acompanham os pais na exposição.
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Fotografia 15: Cenário criado para o programa “Vila Sésamo”imitando o cenário origanal do seriado.
5.3 ANÁLISE DE PÚBLICO-ALVO À fim de ter um panorama mais específico quanto ao público que iria consumir o produto final, foi realizada uma pesquisa através de um formulário com 115 pessoas a fim de entender o quanto estas entendiam - e se entendiam sobre o Afrofuturismo. Este público é composto em grande maioria (72,9%) por pessoas que se identificam com o sexo feminino e por um público menor mas considerável que se identifica com o sexo masculino (25,7%). Com faixa etária entre 20 á 24 anos (52,9%), esse público reside na cidade de São Paulo (53,4%) seguido por um público menor que mora no Rio de Janeiro (24,1%). 58,6% dessas pessoas se identificam como negras ou pardas e tem como nível de escolaridade o ensino superior incompleto (50%) seguido pelo ensino superior completo (24,3%). 51,4% das pessoas, ou seja, apenas a metade delas, já ouviram falar sobre o tema e sabem sobre superficialmente. Entendem que se trata de forma geral sobre representatividade de pessoas negras na ficção científica. mas que seu conhecimento sobre o tema é básico, e acreditam que apesar do cenário representativo estar evoluindo, muito ainda precisa ser feito e mudado. Com isso, é possível concluir que mesmo que o público esteja inserido no movimento negro e tenha bastante acesso à informação, não conhecem o movimento afrofuturista e, consequentemente não enxergam quão amplo consegue ser o diálogo entre o manifesto social e a arte, mas compreendem que movimentos como esse são importantes, principalmente pela falta de protagonismo negro nas narrativas, pontualmente quando se trata de ficção científica.
Fotografia 16: Ala sobre “O mundo da lua”, onde a fotografia é uma porta que revela uma curiosidade
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Fotografia 17: Ala sobre “Castelo Rá-Tim-Bum”, personagem “Porteiro”com o qual as pessoas podiam tirar fotos
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6. REQUISITOS PARA O PROJETO Analisando o Afrofuturismo tanto no contexto cultural e artístico quanto como uma tentativa de solucionar os problemas causados por conta do racismo estrutural, a proposta desse projeto foi criar uma exposição, sendo este um formato diferenciado dos que são apresentados normalmente dentro do assunto, que conseguisse mostrar de forma mais aprofundada o afrofuturismo, deixando claro que é um movimento ainda em construção. Por ser um assunto ainda pouco discutido no Brasil - e até mesmo fora dele - foi necessário estudar uma linguagem que fosse clara e objetiva para o público, que estivesse longe de parecer um conhecimento “raso” mas de uma forma que também não soasse complexo demais, utilizando do design gráfico como meio de informação através de uma identidade visual, organização espacial, materiais de divulgação, sinalização interna e externa e um fluxo adequado. A proposta é disseminar conhecimento e entretenimento à um nicho específico de pessoas que têm interesse pelo assunto de forma prática e divertida., mas que abragesse a maior quantidade de pessoas possível e que conseguisse dialogar com todas elas, desde o público infantil até os idosos. Para isso foi necessária uma pesquisa sobre técnicas de montagem de projetos expográficos, experiência do usuário e sinalização. Foi escolhida para abrigar a exposição um local que dialogue com a cidade de São Paulo e sua história com a população negra de forma positiva e atual, que também fosse de fácil acesso e que fosse inclusivo. Por fim, a exposição tem como intuito imergir os expectadores no universo afrofuturista, podendo proporcionar um momento de conhecimento, identificação pessoal, interação entre os expectadores e entretenimento.
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7. ESTUDOS DE CASO Fotografia 18: Capa do livro “O Caçador Cibernético da Rua 13” (2017) do escritor afrofuturista Fábio Kabral. O personagem principal, João Arolê tem partes do corpo automatizadas como um robô. Usa dreads oriundos da cultura Rastafari e em seu pescoço é possível notar um fio de contas, elemento das religiões de matriz africana na cor azul, pertencendo então ao orixá Oxóssi. Nas ilustrações do livro, o personagem usa um cinto com o símbolo de uma flecha, que também simboliza o orixá, deus ligado a natureza e a aventura, Oxóssi é o orixá protetor das matas. Ainda na capa, é possível notar que o fundo é composto por uma dualidade: à esquerda, a cidade, escura, monocromática e realista; à direita, algo mais metafórico simbolizando o céu, a luz e o espiritual. Foi utilizada uma tipografia bold e geométrica na cor amarela, remetendo à ficção científica e ao futurismo porém texturizada, remetendo às ruas. Na história, João Arolê vive no universo Ketu 3, um lugar cheio de tecnologia onde acontece uma série de assassinatos e, a fim de obter redenção por ser um matador de aluguel, decide solucioná-los, mas acaba tendo que lidar com problemas do passado, dentro de um universo onde o bem e o mal andam lado a lado. A forma como a civilização Ketu 3 funciona e a relação de bem e mal tratados na trama foram inspirados na ótica das religiões de matriz africana - mais especificamente do candomblé - de se organizar.
Fonte: Editora Malê (2017)
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Fotografia 19: Tipografia utilizada na comunicação visual do disco “Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa” do rapper Emicida, A família tipográfica remete à uma “África moderna”, conversando com o universo afrofuturista através das formas geométricas e símbolos.
Fotografia 21: Personagens do filme “Pantera Negra” (2018) que faz parte do universo Marvel e foi totalmente baseado no movimento afrofuturista. O filme conta a história de T’challa que assume o posto de rei de Wakanda tornando-se Pantera Negra no lugar de seu pai após o mesmo ser assassinado por proteger o minério mais poderoso do universo, responsável por fazer todas as roupas e objetos dos super heróis, o vibranium. Wakanda é a cidade com o mais alto avanço em tecnologia onde reside a personagem mais inteligente do universo Marvel: Shuri. O povo de Wakanda quer vingança e conta com T’challa para que o culpado da morte de seu pai sofra as consequências, mas uma reviravolta acontece quando Killmonger também almeja ser rei e propõe um duelo com T’challa para assumir o posto. Os personagens presentes nas imagens são de civilizações diversas que constituem o reino de Wakanda. Todas elas possuem uma hierarquia matriarcal, muito comum nas sociedades africanas. As vestes dos personagens foram inspiradas nos distintos povos africanos como os Zulus, Dogons e os Maasai que têm roupas específicas para eventos pontuais. O filme também retrata a conexão com a ancestralidade e a dualidade entre o bem e o mal de forma linear, onde os dois coexistem, filosofias muito comuns nas religiões de matriz africana.
Fonte: Lab Fantasma
Fotografia 20: Tipografia utilizada na comunicação visual do disco “Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa” do rapper Emicida, A família tipográfica remete à uma “África moderna”, conversando com o universo afrofuturista através das formas geométricas e símbolos.
Fonte: B9
Fonte: Medium
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Fotografia 22: Os chapéus Zulu ou “Isicholos” que serviram de inspiração para o chapéu da rainha de Wakanda, Ramonda.
Fotografia 23: Trajes do povo Masaai que vivem no norte da Tanzânia e no sul do Quênia que inspiraram os trajes das guerreiras de Wakanda, as Dora Milaje.
Fonte: Papel Pop
Fonte: Papel Pop
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Ainda observando como a moda acontece dentro do afrofuturismo, temos um bom exemplo aqui no Brasil de como abordá-lo de maneira original. O desfile "Yasuke" (2017) da empresa Laboratório Fantasma dos músicos Emicida e Fióti, trouxeram para o São Paulo Fashion Week as estampas de saias e kimonos da coleção inspiradas no tecido angolano “Samakaka”, enquanto as tipografias e geometria ficaram por conta da influência Japonesa. Tudo isso foi aliado à moda streetwear, que se tornou grande tendência em 2016 e que perdura até atualmente.
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7.1 APÊNDICE
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8. DESENVOLVIMENTO INICIAL Está apresentado à seguir as partes mais significativas do processo de construção do projeto expográfico, que foram primordiais para a construção de um conceito e posteriormente de uma narrativa que criasse um sentido único à toda a exposição. no caso, a ideia de que o Afrofuturismo é um movimento de grande importância que ainda está em construção e por conta disso, sofreu transformações através do tempo. Aqui estão destacadas as soluções encontradas para amarrar este universo encontrado em segmentos artísticos tão diversos, o conceito, local, data e escolha dos temas e espaços presentes na exposição. Estão aqui presentes também os estudos e testes da construção do espaço à partir do fluxo de pessoas, o nome da exposição, e descrições detalhadas de cada etapa.
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LOCAL A cidade de São Paulo foi escolhida por ser uma das cidades em que o assunto têm sido discutido. Mais especificamente o local selecionado está localizado no bairro da República, centro da cidade, por ser abrigo desde os anos 70 de episódios ativistas da população negra, ser berço de bailes blacks e da cultura hip-hop no Brasil até hoje e por possibilitar um acesso numeroso de pessoas na exposição. O espaço selecionado para abrigar a exposição foi o Sesc 24 de Maio, por possibilitar um percursso menos complexo até o local até mesmo para os moradores das periferias de São Paulo e também por ser gratuito, inclusivo e acessível. A instituição já recebeu exposições sobre a Jamaica e periferias ao redor do país, além de se preocupar em disseminar e promover cultura e informação para a população de forma didática. O 5º andar do Sesc é destinado à exposições e tem espaço suficiente para abrigar o projeto de maneira adequada. Além do público frequentador conversar diretamente com o público alvo da exposição.
Com aproximadamente 40mx30m², será utilizado apenas uma parte do espaço, abrigando aproximadamente 12x10m². Para a disposição dos elementos, foi utilizado como referencial o Cosmograma Bakongo, que explicava que a vida era composta de um processo cíclico em quatro etapas, sendo essas: Mûsoni: concepção (criação do mundo), Kala: nascimento (transformações), Tukula: amadurecimento (processos sociais) e Luvemba: encerramento do ciclo (morte), que conversa diretamente com o contexto do Afrofuturismo de sofrer transformações através do tempo e com seu conceito de integrar mitologias africanas e sociedade que no cosmograma poderiam ser vistos como mundo físico e espiritual. Fotografia 25: Cosmograma Bakongo
Fotografia 24: Planta do 5 pavimento do Sesc 24 de Maio
Fonte:Terreiro de griots
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CONCEITO
DATA E DURAÇÃO
À partir dos anos 60 surge uma expressão artística à partir do uso da cosmologia, ficção científica, mitologia africana e afrocentricidade. Essa movimento artístico foi experimentado e consolidou-se nos anos 90, quando foi denominado Afrofuturismo pelo crítico cultural Mark Dery. À partir dessa década ele deixa de suprir apenas as necessidades da população negra afro-americana e passa a contemplar toda a população negra enquanto diáspora e surgem novas formas para contemplar a diversidade do tema, como no design e no audiovisual. Na última década o Afrofuturismo se reinventou, começando a ser cada vez mais discutido em terras brasileiras e criando novos diálogos ao redor do mundo. Esta forma de expressão passou por diversas modificações e provavelmente, ainda passará por várias outras, pois estamos falando de futuro! Diante disso existem duas certezas: novas narrativas estão sendo criadas e que o diálogo sobre essas transformações está aberto.
As exposições do Sesc 24 de Maio costumam ser mensais, pensando nisso, a exposição deve começar no mês de Novembro e terminar em Dezembro, mais precisamente em 20 de novembro, dedicado ao dia da consciência negra. A ideia é inaugurar a exposição com rodas de conversas pela manhã e uma performance á noite. Colocar a exposição entre esses dois meses é uma forma de pontuar que as pautas do movimento negro não devem ter apenas um dia ou um mês específico para serem discutidas, além de ressifnificar o sentimento que temos à cerca do dia 20, sempre relacionado às feridas deixadas pelo processo escravagista. Propor novas narrativas é, também, mostrar e reforçar que civilizações negras tem muitas histórias além dessa. O final no mês de Dezembro permite que as pessoas visitem a exposição em seus respectivos períodos de férias/recesso. Abertura: 20/11/2020 Término: 20/12/2020
NOME Um dos diálogos abertos sobre o Afrofuturismo é sobre o seu próprio nome, já que o termo “ismo” pode ser associado à contextos contrários aos que são propostos pelo movimento, como “eurocentrismo”, “facismo”, “nacionalismo” e até mesmo, o próprio “futurismo”. Unindo essa questão à ideia do conceito, foi escolhido o nome “Afrofuturo em transição”, para que o expectador já tenha uma breve ideia sobre do que se trata a exposição sem deixar que o nome da mesma fique muito extenso.
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PESQUISA DE CONTEÚDO A coleta de dados que foram selecionados e exibidos no projeto está organizado de acordo com os principais segmentos artísticos em que o Afrfofuturismo aparece, como a música (discos com influência do tema), design e ilustração (desenhos e colagens), audiovisual (curtas-metragens e documentários), artes plátiscas (objetos afrofuturistas), moda (coleções streewear) e Literatura (apresentação dos autores e suas obras) e, em seguida, por ordem cronológica de seus acontecimentos partindo dos anos 60 até os dias atuais, mostrando como o afrofuturismo sempre esteve presente no que cosumimos de forma direta ou indireta no que conhecemos de entretenimento e arte. Os textos utilizados foram de própria autoria ou adaptações de trechos retirados de artigos ou da internet.
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9. ESTUDOS DE CONCEPÇÃO Está apresentado à seguir as partes mais significativas do processo de construção do projeto expográfico, que foram primordiais para a construção de um conceito e posteriormente de uma narrativa que criasse um sentido único à toda a exposição. no caso, a ideia de que o Afrofuturismo é um movimento de grande importância que ainda está em construção e por conta disso, sofreu transformações através do tempo. Aqui estão destacadas as soluções encontradas para amarrar este universo encontrado em segmentos artísticos tão diversos, o conceito, local, data e escolha dos temas e espaços presentes na exposição. Estão aqui presentes também os estudos e testes da construção do espaço à partir do fluxo de pessoas, o nome da exposição, e descrições detalhadas de cada etapa.
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Fotografia 27: Primeira ideia de disposição da exposição, com os anos setorizados em fileiras.
Fotografia 26: Primeiro estudo da disposição do espaço expositivo.. Foi necessário ajustar proporções e a ordem dos fatos
Fotografia 28: Disposição final da exposição, em ciclos.
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Fotografia 29: Capa da revista “Afro-Tech Magazine”
Fotografia 30: Pôster experimental da cantora afrofuturista Janelle Monáe por Florencia Adobbato.
Fotografia 31: Exposição sobre o designer e integrante dos Panteras Negras Emory Douglas no Sesc Pinheiros
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Fotografia 32: Colagem por Autumn Keiko Polk
Fotografia 33: Arte de divulgação do evento “BAILAUM BLVCK BVNK”do grupo musical ÀTTØØXXÁ.
Fotografia 35: Entrada da exposição “Todo poder ao povo! Emory Douglas e os Panteras Negras” no Sesc Pinheiros.
Fotografia 34: Colagem do artista visual Manzel Bowman
Fotografia 36: Projeto acadêmico de Vitória Cribb com a ideia de uma edição afrofuturista para o evento “Afropunk”.
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10. DETALHAMENTO E DOCUMENTAÇÃO DO PROJETO O conteúdo da exposição foi distribuído parcialmente pela área expositiva localizada no 5º pavimento (andar) do Sesc 24 de Maio. A disposição foi construída em formato circular referenciado no cosmograma Bakongo. Dividido em 4, cada setor representa um período do Afrofuturismo: Anos 60 á 80 (concepção), 90 á 2000 (nascimento), 2010 á 2018 (processos sociais) e 2018 á ... (encerramento do ciclo). Seguindo o fluxo intuitivo, o expectador inicia a visita pelos anos 60, seguindo pelos anos 90 e assim por diante, finalizando no mesmo setor dos anos 60, mostrando como apesar das mudanças, tudo está interligado. No centro da exposição há um espaço reservado para apresentações, palestras e rodas de conversa que pode ser organizado da forma que for prefirível para cada evento. Neste capítulo cada setor é detalhado apresentando os elementos que compõem os espaços, sendo alguns selecionados para serem apresentados através de mockups e renderizações dos espaços em 3D utilizando-se de softwares de modelagem e renderização, além de ilustrações em vetor, apresentando o desenvolvimento do projeto ordenado pelos setores, com seus respectivos conteúdos e representações espaciais.
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VISÃO GERAL
CONCEPÇÃO: 1960 Á 1980
Dividida em quatro setores, a área da exposição foi isolada pois o espaço expositivo do Sesc 24 de maio é maior do que o espaço necessário do projeto. A parede de isolamento contém 4m de altura e 20cm de expessura enquanto as paredes dos painéis expostos e do isolamento da área de convivência tem 2m de altura e 6cm de espessura. A exposição tem sentido preferencial anti-horário e em torno de 12x10m². O tamanho das obras varia de acordo com os setores.
Neste setor é apresentada uma linha do tempo introduzindo tudo o que estará exposto. Existem dois painéis sobre o que foi experimentado e criado pelos artistas Sun Ra, Parliament Funkdelic, Grace Jones e Octavia Butler através da música, da moda e da literatura que são entendidos como os primeiros passos para o que entenderíamos mais tarde como Afrofuturismo, além de três cabines musicais contendo em cada uma: 1 headphone, vinis dos artistas Grace Jones, Sun Ra Arkestra e Parliament Funkdelic á mostra para que os expectadores possam olhar em mãos e um apoio para os vinis.
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Fotografia 37: Painel falando brevemente sobre a importância da autora Octavia Butler em que são citadas algumas obras e painel sobre moda explicando como a música e a forma de se vestir estavam atreladas nas performances dos artistas.
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Fotografia 38: Cabines musicais e placas com informações do disco e do artista.
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NASCIMENTO: 1990 Á 2000 Um painel sobre o autor e palestrante cultural Mark Dery, cujo deu nome ao segmento cultural. Neste setor também estão presentes televisões exibindo documentário e clipes da época que seguiam essa temática, principalmente dos artistas presentes no painel sobre moda, que mostra como a música e a a forma de se vestir continuavam caminhando juntas, mas agora no universo audiovisual. Há também uma cabine musical de musicas experimentais.
Fotografia 39: Painel Saída do setor “1960-1980” e entrada do setor “1990-2000” Fotografia 40: Televisões com documentários e clipes da época.
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PROCESSOS SOCIAIS: 2010 Á 2018 Neste setor, o Brasil começa a ganhar voz. Há uma instalação com as obras do artista Manzel Bowman, outra com as obras dos artistas Mshindo Kuumba e Rodrigo Cândido e um painel sobre autores literários que voltaram suas obras para o Afrofuturismo com bastante propriedade.
Fotografia 41: Painel sobre a moda nos clipes de R&B e rap dos anos 90.
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Fotografia 42: Aplicação feita no verso da instalação das obras de Manzel Bowman, com uma definição sobre Afrofuturismo feita pelo pesquisador Kodwo Eshun.
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Fotografia 43: Instalação com as obras dos ilustradores Rdorigo Cândido e Mshindo Kuumba
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Fotografia 44: Instalação com as obras de autoria de Manzel Bowman.
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ENCERRAMENTO DE CICLO: 2018 Á ... Neste setor, são apresentadas as obras mais atuais envolvendo a temática, como cabines musicais com discos dos últimos anos, uma aplicação nas paredes das cabines sobre o quadrinho e o filme do herói Pantera Negra, uma tela com projeções do artista indígena Denilson Baniwa, manequins com as roupas da coleção “Yasuke” da Laboratório Fantasma como também uma TV passando este desfile. Nesse setor ainda está presente a obra do artista plástico Cyrus Kabiru e também uma réplica interativa de sua obra, onde as pessoas podem se posicionar para tirar fotos.
Fotografia 45: Instalação sobre autores de livros afrofuturistas
Fotografia 46: Projeção da obra “Yawareté” e manequins com as roupas da coleção “Yasuke”
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Fotografia 47: Manequins com as roupas da coleção “Yasuke” e televisão passando o desfile, além da projeção sem título da obra “ de Denilson Baniwa.
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Fotografia 48: Aplicações sobre o graphic novel e filme “Pantera Negra” na cabine musical.
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Fotografia 50: Óculos e réplica mais detalhado.
Fotografia 49: Ao fundo, obra original de Cyrus Kabiru e á frente, réplica interativa.
Fotografia 51: Fachada da exposição, estratégica para que o expectador possa tirar fotos.
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11. MEMORIAL DESCRITIVO
p. 84 >>> Marca p. 86 >>> Padrão Cromático p. 87 >>> Padrão Tipográfico p. 88 >>> Padrões p. 89 >>> Folder e Convite p. 90 >>> Pôster p. 91 >>> Comunicação nas mídias digitais p. 92 >>> Projeção p. 93 >>> Cabines musicais p. 94 >>> Painéis p. 97 >>> Adesivos p. 98 >>> Óculos afrofuturista p. 99 >>> Multimídia
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MARCA A marca foi construída à partir das tipografias Beyno e Futurafrica sofrendo pequenas alteração em relação à expessura e altura. Sua versão preferencial é usada somente em fundo escuro dentro das aplicações.
CONSTRUÇÃO DA MARCA Cada
é equivalente á 1u, sendo 36 x 11u e área de não interferência de 2x2u
Construção da marca - grid
VERSÕES POSITIVA E NEGATIVA
Área de não-interferência
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PADRÃO CROMÁTICO
PADRÃO TIPOGRÁFICO
As cores foram escolhidas de acordo com as cores encontradas nos painéis semânticos desenvolvidos para o desenvolvimento do projeto. São cores contrastantes e saturadas.
A tipografia Gotham foi escolhida para ser utilizada marjoritariamente em subtítulos e textos corridos, podendo ser uilizada em sua versão Black para títulos também. Além da marca, as tipografias Beyno e Futurafrica são usadas em títulos.
CMYK: 75 100 0 0 | PANTONE 93-8C | #662483
CMYK: 0 100 0 0 | PANTONE Process Magenta C | #E6007E
CMYK: 97 81 0 0 | PANTONE 102-8C | #274193
CMYK: 0 0 0 100 | PANTONE Process Black C | #1D1D1B
CMYK: 0 7 84 0 | PANTONE 4-7C | #FFE433
CMYK: 60 0 41 0 | PANTONE 133-5C | #6ABFAA
FUTURAFRICA ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ abcdefghijklmnopqrstuvxwyz 1234567890 ()!@#$%&*
BEYNO ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ
GOTHAM BLACK
GOTHAM BOOK
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ abcdefghijklmnopqrstuvxwyz 1234567890 ()!@#$%&*
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ abcdefghijklmnopqrstuvxwyz 1234567890 ()!@#$%&*
GOTHAM EXTRA LIGHT
GOTHAM MEDIUM
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ abcdefghijklmnopqrstuvxwyz 1234567890 ()!@#$%&*
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ abcdefghijklmnopqrstuvxwyz 1234567890 ()!@#$%&*
BEBAS NEUE ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVXWYZ 1234567890 ()!@#$%&* A tipografia Beyno, feita por Fabian Korn foi inspirada na tipografia utilizada no filme afrofuturista “Pantera Negra”, enquanto a Futurafrica é uma tipografia brasileira criada por Matias Romero inspirada na afrobrasilidade. Essas duas essências em conjunto criam uma linguagem que conversa com o conceito do projeto. Gotham é uma tipografia de fácil leitura com formas arredondadas assim como as outras citadas, impendindo que haja uma quebra de continuidade. Bebas Neue é própria para títulos e serviu de apoio para a exposição.
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FOLDER
PADRÕES
225mm
Uma mistura das reticências (...) que vêm com a ideia de um diálogo que ainda não foi finalizado com a pintura de rosto africana.
14mm
Os padrões são símbolos que foram utilizados nos materiais de divulgação, abertura de capítulos e como ilustração em algumas paredes da exposição.
60mm
Inspirado no Cosmograma Bakongo.
4x4 alto alvura 180g
125mm
CONVITE 1505mm
Inspirado no conceito Akan: “volte e pegue”. Olhar para o passado para aplicar os ensinamentos no futuro.
Frente 210mm
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Verso 4x4 alto alvura 250g
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POSTER
COMUNICAÇÃO NAS MÍDIAS DIGITAIS
420mm
INSTAGRAM/FACEBOOK
297mm SITE SESC
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PROJEÇÕES
Presente em algumas estações da exposição, nas cabines estão presentes: um headphone tocando em sequência discografias completas de artistas afrofuturistas da época e os dos mesmos artistas expostos.
2,0 m
2,0 m
2,0 m
São ilustrações animadas do artista Denilson Beniwa que aparecem em um painel de LED no setor “2018 -...” , onde as imagens aparecem se movendo.
CABINE MUSICAL
4,5m
92
80 cm
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PAINÉIS São envelopados com vinil adesivo e impressão digital São 3 unidades nesse formato.
65 cm
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2,0 m
1,70 m
2,0 m
1,70 m
São 3 unidades nesse formato.
2,0 m
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ADESIVOS
1,70 m
2,0 m
2,0 m
Apenas essa unidade nesse formato.
1,60m
2,0 m
65cm
3,0m
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4,5 m
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MULTIMÍDIA
ÓCULOS - RÉPLICA
Aqui estão as proporções dos assentos e televisões da exposição. Sendo as TV’s de 30 polegadas (16:9) e os bancos de gesso.
8 cm
2,30 m
Inspirada na obra original de Cyrus Kabiru, a réplica é feita de alumínio, assim como a original e conta com uma haste de borracha para que seja possível fácil ajuste de acordo com a altura do expectador
m
10c
Fotografia 52: Cyrus Kabiru usando um de seus óculos afrofuturistas.
98
40cm
1,70 m
65cm
20cm
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12. CONSIDERAÇÕES FINAIS Á partir das pesquisas realizadas, foi possível constatar que, apesar do Afrofuturismo ser um movimento cultural existente desde os anos 60, o debate e pesquisa aprofundada sobre ele ainda é muito recente por não ter tido relevância de forma contínua, sendo assim deixado de lado muito por conta da capacidade de dar voz ao povo negro em uma época onde a segregação era muito grande. O racismo estrutural impacta direta e indiretamente na nossa sociedade por diferentes canais. Pela arte, sempre procurou invisibilizar, deslegitimar ou rebaixar as manifestações artísticas de pessoas negras, estereotipando seus personagens, desacreditando suas ideias e transferindo esse reconhecimento à pessoas brancas ou simplesmente vetando esses projetos, à ponto de que fosse natural um movimento artístico excluir essa parte da população da sua realidade, como aconteceu com o Futurismo de Marinetti. Com o passar dos anos, com muito esforço a comunidade negra vêm lutando para conquistar cada vez mais o espaço que nos foi negado, trazendo de volta conhecimento, autoestima e cultura acerca do negro à partir da nossa história e ancestralidade. Utilizar a tecnologia e a ficção científica para contálas é fazer com que elas sempre estejam em alta e se renovando e para isso, é necessário ocupar lugares e disseinar informações. Uma das formas encontradas para que isso se faça possível foi a elaboração de uma xposição em um lugar acessível, que tenha relevância e que dê a devida importância ao tema. Com muito esforço estudo à cerca do tema e sobre expografia foi possível realizar um projeto coeso que consiga elucidar de forma mais didática o que é o Afrofuturismo para as pessoas que se interessam pela causa e pelo assunto.
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13. BIBLIOGRAFIA AFROFUTURISMO #1 - O Grande Vídeo que vocês estavam esperando. Produção de Karolina Desireé. Realização de Fábio Kabral. Rio de Janeiro: Fábio Kabral, 2018. Son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-_K7BQU7Hek>. Acesso em: 06 abr. 2018. ANCINE. ANCINE publica Informe sobre Diversidade de Gênero e Raça no cinema em 2016. 2018. Disponível em: <https://www.ancine.gov.br/pt-br/salaimprensa/noticias/ancine-publica-informe-sobre-diversidade-de-g-nero-e-ra-nocinema-em-2016>. Acesso em: 03 abr. 2019. ANDERSON FIGO (Brasil). Exame. 11 brasileiros estão entre os afrodescendentes mais influentes do mundo. 2018. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/ estilo-de-vida/11-brasileiros-estao-entre-os-afrodescendentes-mais-influentesdo-mundo/>. Acesso em: 29 abr. 2019. ANTICAST et al. AntiCast 209 – Afrofuturismo. 2015. Disponível em: <https://www. b9.com.br/61899/anticast-209-afrofuturismo/>. Acesso em: 05 abr. 2019. CAMILA SOUSA (Brasil). Omelete. "Shuri é a personagem mais inteligente do MCU", diz Joe Russo. 2018. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/marvelstudios/shuri-e-a-personagem-mais-inteligente-do-mcu-diz-joe-russo>. Acesso em: 14 maio 2018. Emicida e Lázaro Ramos - parte 2 | Espelho. Direção de Renato de Paula, Elísio Lopes Jr., Paulo Mendonça. Produção de Tânia Rocha, Carlos Wanderley, Arnaldo Tolubara. Coordenação de Beth Couto. Roteiro: Elísio Lopes Jr.. Música: Emicida. Rio de Janeiro: Canal Brasil, 2017. (48 min.), son., color. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=HAqWy3ruoZg>. Acesso em: 05 abr. 2019.
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DANIEL SILVEIRA (Rio de Janeiro). G1. População que se declara preta cresce 14,9% no Brasil em 4 anos, aponta IBGE. 2017. Disponível em: <https://g1.globo. com/economia/noticia/populacao-que-se-declara-preta-cresce-149-no-brasilem-4-anos-aponta-ibge.ghtml>. Acesso em: 07 abr. 2017. FREITAS, Kênia. Afrofuturismo: Cinema e música em uma diáspora intergaláctica. São Paulo: Caixa Cultural, 2015. Disponível em: <http://www.mostraafrofuturismo. com.br/Afrofuturismo_catalogo.pdf>. Acesso em: 07 abr. 2018. FUTURISMO . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/ termo358/futurismo>. Acesso em: 04 de Abr. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7 HONORATO, Ludimila. Conheça o afrofuturismo, movimento presente em 'Pantera Negra': No Brasil, artistas adotam estética da cultura africana negra unida a mundos futuros sofisticados na música, escrita e artes visuais. 2018. Publicada pelo Estadão. Disponível em: <https://emais.estadao.com.br/noticias/ comportamento,conheca-o-afrofuturismo-movimento-presente-em-panteranegra,70002257251>. Acesso em: 07 abr. 2018. JARDIM, Suzane. Reconhecendo estereótipos racistas na mídia norteamericana. 2016. Disponível em: <https://medium.com/@suzanejardim/algunsestere%C3%B3tipos-racistas-internacionais-c7c7bfe3dbf6>. Acesso em: 16 jul. 2016. LEONARDO FERNANDES. Voicers. Pantera Negra traz o Afrofuturismo para o Mainstream. 2018. Disponível em: <http://www.voicers.com.br/pantera-negra-
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MAGALHÃES, Paulo. Saberes da Kalunga – pensando o mundo contemporâneo a partir da epistemologia bakongo. Disponível em: <http://www.edgardigital. ufba.br/?p=6464>. Acesso em: 16 fev. 2018.
WOMACK, Ytasha L.. Afrofuturism: The World of Black Sci-Fi and Fantasy Culture. Chicago: Lawrence Hill Books, 2013. Disponível em: <https://www. amazon.com.br/Afrofuturism-World-Sci-Fi-Fantasy-Culture/dp/1613747969>. Acesso em: 10 abr. 2019.
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14. LISTA DE IMAGENS Fotografia 1: Capa do LP “Space is the place” (1974)
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disponível em: https://bit.ly/2Yy92
Fotografia 2: Mandigo the buck (2016)
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disponível em: acervo pessoal
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Fotografia 21: Personagens do filme “Pantera Negra” (2018)
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Fotografia 22: Chapéus Zulu ou “Isicholos” (2018)
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Fotografia 23: Trajes do povo Massai (2018)
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Fotografia 24: Planta Sesc 24 de Maio (2018)
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Fotografia 25: Cosmograma Bakongo (2018)
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Fotografia 26: Primeiro estudo da área (no papel) (2019)
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disponível em: acervo pessoal
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disponível em: acervo pessoal
Fotografia 14: Documentos da TV Cultura (2019)
46
disponível em: http://www.edgardigital.ufba.br/?p=6464
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 13: Roda Viva (2019)
Fotografia 20: LP Bitches Brew (1970)
disponível em: https://bit.ly/337lKOQ
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 12: Entrada da exposição (2019)
46
disponível em: https://bit.ly/37qPry3
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 11: Jornal da Cultura (2019)
Fotografia 19: tipografias do projeto do Emicida (2015)
disponível em: https://bit.ly/37qPry3
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 10: Segundo andar (2019)
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disponível em: https://bit.ly/2X0bUMs
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 9: Uso das serifas (2019)
Fotografia 18: Capa do livro “O caçador cibernético da Rua 13 (2017)
disponível em: https://bit.ly/2T93kd8
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 8: Painéis de tipografia (2019)
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disponível em: laboratoriofantasma.com/loja
disponível em: acervo pessoal
Fotografia 7: Exposição Riscos e rabiscos: lendo a cidade (2019)
Fotografia 17: Porteiro, Castelo Rá-Tim-Bum (2019)
disponível em: https://bit.ly/2ODOWq2
disponível em: https://www.letras.mus.br/ellen-oleria/discografia/afrofuturista-2016/
Fotografia 6: Letreiros da exposição Riscos e rabiscos: lendo a cidade
40
disponível em: acervo pessoal
disponível em: https://bit.ly/2CZroIu
Fotografia 5: Capa do disco “Afrofuturismo” (2016)
Fotografia 16: Mundo da Lua (2019) disponível em: acervo pessoal
disponível em: https://bit.ly/2VP92Wk
Fotografia 4: Pôster do filme “Metropolis” (1927)
. 40
disponível em: acervo pessoal
disponível em: https://bit.ly/2QCPGjr
Fotografia 3: Capa do disco “Archandroid” (2010)
Fotografia 15: Vila Sésamo (2019)
Fotografia 27: Primeira ideia de disposição da exposição (2019)
61
disponível em: acervo pessoal
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Fotografia 28: Disposição final da exposição (2019)
61
disponível em: acervo pessoal
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Fotografia 29: Afrotech Magazine (2018)
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Fotografia 30: Pôster Janelle Monáe (2018)
62
disponível em: https://www.behance.net/gallery/61413929/Janelle-Monae-Outtakes
Fotografia 31: Exposição sobre o Emory Douglas (2017)
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disponível em: https://bit.ly/2OyEjq2
Fotografia 32: Colagem afrofuturista (2019)
62
disponível em: https://www.behance.net/gallery/77281949/The-Landing
Fotografia 33: Arte do evento "BAILAUM BLVCK BVNG"
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disponível em: https://bit.ly/2OAgBK0
Fotografia 34: Colagem do artista visual Manzel Bowman (2018)
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disponível em: https://bit.ly/2OrM3Kw
Fotografia 35: Entrada da exposição sobre Emory Douglas (2017)
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disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=of0zhYrk9so
Fotografia 36: Projeto acadêmico - Afropunk edição afrofuturista
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disponível em: https://bit.ly/3481Ftk
Fotografia 37: Painéis sobre Octavia Butler e Moda (2019)
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disponível em: acervo pessoal
Fotografia 38: Cabines musicais
Fotografia 44: Ilustrações - Rodrigo Cândido e Mshindo Kuumba pessoal Fotografia 45: Colagens Manzel Bowman disponível em: acervo pessoal Fotografia 46:Literatura disponível em: acervo pessoal Fotografia 47: Projeções disponível em: acervo pessoal Fotografia 48: Moda disponível em: acervo pessoal Fotografia 49: Painel Pantera Negra disponível em: acervo pessoal Fotografia 50: Óculos interativo disponível em: acervo pessoal Fotografia 51: Óculos Cyrus Kabiru disponível em: acervo pessoal Fotografia 52: Cyrus Kabiru usando seu óculos disponível em: acervo pessoal
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disponível em: acervo
disponível em: https://www.behance.net/gallery/72112759/Afro-Tech-Magazine
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disponível em: acervo pessoal
Fotografia 39: Entrada do setor 1990 - 2000
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disponível em: acervo pessoal
Fotografia: 40: Multimídia disponível em: acervo pessoal Fotografia 41: Moda anos 90 disponível em: acervo pessoal Fotografia 42: Entrada para o setor 2000 - 2010 disponível em: acervo pessoal
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