Aprender Design (produto)

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DESIGN



Contents 7 ........................................................................................................................................................................EXERCÍCIO DO BONECO 10 Pontos de aprendizado - Boneco 10

Afirmação da Identidade

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Noção de dinâmica de movimento

10

Exploração de mecanismo

11

Materiais e Procedimento

11

Mesma matriz diferentes variações

12 Desenho 12

Exemplo – Boneco

14 Desenvolvimento 15

Modelo pronto

16

Atividade - Boneco

18 ......................................................................................................................................................EXERCÍCIO DA MÁQUINA DE AR 22 Pontos de aprendizado - Máquina de Ar 22

O ar como objeto

22 Composição 22 Equilíbrio 23

Proporções Matemáticas

23

A forma além da geometria

23

Exemplo - Máquina de Ar

24 Desenho 26 Desenvolvimento 27

Modelo pronto

28

Atividade - Máquina de Ar

31 ........................................................................................................................................................EXERCÍCIO DO LIVRO ILEGÍVEL 34 Pontos de aprendizado - Livro Ilegível 34

Livro Objeto

34

Material como suporte gráfico

34 Abstração 35

Uma narrativa não verbal

35

O sentir como forma de Leitura

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Exemplo - Livro Ilegível

36 Desenho 37 Desenvolvimento

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Modelo pronto

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Atividade - Livro Ilegível

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LISTA DE IMAGENS

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PRIMEIRA ATIVIDADE

EXERCÍCIO DO BONECO Exercício do Boneco

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O exercício do Boneco traz esse pensamento para o campo material. O desafio de se autoapresentar para um grupo, descrevendo suas características próprias, de uma forma convencional, é uma ação quase que automática e acontece na maior parte das vezes por meio de diálogos, nos quais as pessoas relatam seus gostos, hábitos e costumes. A vivência diária também revela muita de você mesmo e das pessoas à sua volta, apresentando manias e tradições. Como exercício, essa dinâmica cria uma auto-avaliação da pessoa que a realiza, gerando um objeto tridimensional que expressa um comportamento, através de uma experiência tátil. Para o criador, o objeto tem uma função única, e responde ao desafio solicitado; para os outros observadores, o boneco pode inspirar informações de usos variados, ou seja, os espectadores imaginam outras possibilidades quando veem o resultado alcançado pelo colega.

O QUE ACONTECERIA SE VOCÊ TIVESSE QUE SE DEFINIR DE UMA FORMA MAIS ABSTRATA PARA ALGUÉM? COMO APRESENTAR UMA PARTICULARIDADE SUA, EM UM OBJETO COM MOVIMENTO?

Representar uma característica pessoal, algo que é evidente em sua personalidade a partir de um tubo de vitamina C, pode parecer algo difícil de ser executado, sem as ferramentas adequadas ou qualquer tipo de conhecimento técnico. Mas na verdade, não é nenhum bicho de sete cabeças e iremos demonstrar isso em algumas etapas para que você possa entender e conseguir desenvolver seu próprio boneco. Essa proposta entra como a primeira atividade do livro de Design, e possui cinco pontos muito importantes que serão trabalhados ao decorrer desse exercício.

[Figura 1] M3 – Boneco que representa uma pessoa criativa.

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Exercício do Boneco

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Pontos de aprendizado - Boneco Afirmação da Identidade

Materiais e Procedimento

O autoconhecimento é a base para estabelecer uma identidade única que o diferencia dos demais, naquilo que você faz. Assim como o artista que possui um traço único ao criar suas obras, todos levamos em nosso DNA uma característica que se destaca a mais em nossa personalidade. E conhecer essa particularidade pode trazer grandes benefícios para seus trabalhos, além de criar uma assinatura única em tudo aquilo que você desenvolve.

A manipulação do material nesse exercício é vital para que haja um entendimento do comportamento do mesmo. Compreender os limites desses materiais, por exemplo, a resistência do veio da madeira ou o limite de dobra em um tubo, ajuda no processo de criação e na seleção do objeto mais adequada para a determinadas situações. Mas. para obter essas informações é necessário que você se permita experimentar, por muitas vezes forçando o material a situações extremas, até que ele atinja seu limite mecânico.

Noção de dinâmica de movimento O movimento é um dos pontos importantes neste exercício, basicamente é ele que dá vida ao boneco. Qualquer intervenção na estrutura fixa do tubo, que permita imaginar um movimento, é uma solução original pois leva um objeto inerte a se mexer, de forma inesperada.

Mesma matriz diferentes variações Ao concluir seu projeto, respondendo ao desafio proposto; você terá desenvolvido um mecanismo único, que serve como base para ideias futuras e pode inspirar em outros observadores, possibilidades de uso variado, utilizando o seu trabalho como fundamento para agregar em suas próprias criações.

Exploração de mecanismo Quando entendemos o funcionamento de qualquer mecanismo, e o colocamos em prática criando nossa própria versão para desenvolver nosso boneco, adquirimos um conhecimento prático, que pode ser reutilizado ou adaptado em situações semelhantes ou novas. Aprender a improvisar e a adaptar estruturas, sistemas , e a nos questionar sobre como as coisas habituais são ou poderiam ser, também é um aprendizado que pode ser desencadeado por essa experiência.

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Bem, apresentados esses cinco pontos, resta-nos responder à uma pergunta-chave: Por que utilizar um tubo, para executar um objeto que representa minha característica pessoal? Este objeto entra como o desafio a ser superado, algo que você não esperava e precisa ser feito. Pense como se fosse uma fórmula matemática, você possui um problema (que neste caso é o tubo), e precisa criar uma solução para resolver.

Exercício do Boneco

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Exemplo – Boneco Para este exercício, utilizaremos como exemplo a característica de uma pessoa criativa e iremos começar a pensar o que define alguém criativo. Trazendo a definição do dicionário, uma pessoa criativa é aquela que cria ou inova em seu campo de atuação. E uma particularidade de quem busca criar algo inovador é pensar em solucionar problemas. Trazendo para o âmbito escolar, quando se tem a solução de algum problema é comum que se levante uma das mãos para responder. Esse é o gesto escolhido para o movimento do objeto.

Utilizaremos a base do boneco como um corpo, a alavanca que irá acionar o movimento será representada por um braço, trazendo o movimento de alguém que levanta a mão quando sabe a resposta. De sua parte superior sairá um objeto, que representa o cérebro, a ferramenta mais utilizada pelas pessoas criativas. Para o mecanismo interno foi pensado um sistema de mola, juntamente com um anel de madeira vinculado ao braço por um parafuso, que aciona todo o mecanismo por meio de pressão, impulsionando um cilindro de objeto (cérebro), para cima, toda vez que o gatilho (braço) for acionado.

Com uma pesquisa rápida pela Internet é possível observar que, uma busca com o tema pessoa criativa, na maior parte das vezes mostra imagens que correspondem a um cérebro com diversos pensamentos ou lâmpadas acesas. Isso nos levou a também incorporar essa informação no boneco.

Desenho Agora que temos algumas informações, de particularidades de uma pessoa criativa, iremos começar a desenhar, como será o mecanismo desse Boneco. Trazer sua ideia para o papel, em forma de desenho, auxilia na exploração do mecanismo como um todo, criando uma visão bidimensional do seu objeto e expressando formas dos movimentos e listando os componentes que serão utilizados. Então não tenha medo de rascunhar antes de começar a construir seu Boneco, mas lembre-se que os materiais podem reagir de formas inesperadas.

anel c/ cérebro limitador impulsor

[Figura 3] Representação do mecanismo (gatilho), sendo acionado, para gerar movimento no boneco.

Borboleta Mola [Figura 2] Desenho representativo do mecanismo interno.

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Exercício do Boneco

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Desenvolvimento

Modelo pronto

Após realizar um protótipo de teste, notou-se que o sistema de mola, que deveria acionar o dispositivo, não atuava de maneira correta e não possuía força o suficiente para impulsionar o cilindro de madeira (cérebro). Errar é uma parte muito importante do aprendizado, dificilmente iremos acertar todas as vezes que estamos desenvolvendo um conhecimento novo, então permita-se e não tenha medo de tentar novamente quantas vezes forem necessárias.

Depois de finalizar o mecanismo de movimento, partimos para a parte estética, onde adicionamos a cor amarela à toda estrutura do tubo, para simbolizar a energia que o pensamento traz após ser concretizado, para a pessoa que o concebeu. Para parte superior (cérebro), adicionamos um plástico de cor preta sobre a madeira para representar lugar vazio de onde surgem as ideias.

[Figura 4] Vista de corte do mecanismo com mola.

Para substituir o mecanismo de mola foi projetado um sistema que ao invés de impulsionar o cilindro de madeira (cérebro), ele empurrava o mesmo para cima, criando o movimento desejado de uma forma mais estável. Este novo sistema é composto por uma estrutura de ferro, juntamente com uma porca e um parafuso, conectados a um outra chapa metálica, travada por um único rebite.

[Figura 5] Vista interna, do novo mecanismo em movimento.

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[Figura 6] Vista explodida de todos os itens que compõem o mecanismo do Boneco.

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Exercício do Boneco

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Atividade - Boneco Dado o exemplo de como foi pensada a construção de um objeto para representar uma pessoa criativa, fica o desafio de desenvolver seu próprio boneco, utilizando sua característica mais marcante, aquilo que te auto representa. Mas lembre-se, o objeto deve ter um único movimento e sua construção deve ser realizada a partir de um tubo de vitamina C (caso não consiga um tubo de vitamina C, utilize um cano de PVC cortado, com o mesmo diâmetro e altura, para realizar o exercício). E não se limite em utilizar a estrutura do cilindro apenas como um corpo (como foi utilizado no exemplo), fique à vontade para inovar.

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Exercício do Boneco

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SEGUNDA ATIVIDADE

E XERCÍCIO DA MÁQUINA DE AR

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2 Exercício da máquina de ar

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O AR TAMBÉM PODE SER UTILIZADO COMO MATERIAL?

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Uma das interações mais fascinantes de ser observadas é o comportamento de objetos suspensos. Por exemplo os sinos de ventos, que transmitem uma energia positiva e trazem uma sensação de calma para o ambiente com seu sonido sutil agradável, é gerado pela interação do ar com objetos. Não vemos o ar, mas sabemos que ele faz parte do objeto, pois sem ele, o sino não desempenha sua função.Pode se afirmar que essa é uma das formas de utilizar o ar como um gerador de ações, uma presença invisível, assim como nosso próximo exercício utiliza desse elemento como motor. Como exercício, essa dinâmica traz para o observador a noção da espacialidade dos objetos em alteração constante, influenciados pelo ar em um movimento rítmico, que se altera constantemente em componentes suspensos sobre fios, em uma composição bidimensional e tridimensional, que varia lentamente e se organiza de diversas formas pré-programadas. No entanto, um dos aprendizados deste exercício é que a imagem do desenho, e a imagem que temos projetada em nossa mente, não tem peso, não sofre a ação da gravidade, e também não pode prever a inesperada coreografia que a máquina assume quando a frequência e a intensidade do ar que incidem sobre ela variam. Essa proposta entra como a segunda atividade do livro de Design. E possui cinco pontos muito importantes que serão trabalhados ao decorrer desse exercício.

Exercício da máquina de ar

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Pontos de aprendizado - Máquina de Ar O ar como objeto

Proporções Matemáticas

O ar funciona como o coração da máquina. É graças a ele que a máquina se coloca em movimento, e, dessa forma, conseguimos “ver” o ar como um elemento fundamental para o mecanismo funcionar, como se ele fosse um dos objetos que compõe todo o conjunto. Se não houver a passagem do ar, a máquina fica carente de uma peça.

Cada forma incluída na máquina possui uma relação com o espaço em que ela orbita, e para projetar a função que ela desempenha em relação aos objetos , é necessário criar uma harmonia entre as partes. Para que isso ocorra, deve-se estimar o tamanho das peças, levando em consideração o peso do material e o tamanho das formas, que serão utilizadas na construção do seu projeto, e garantir que a distribuição dessas peças no espaço mantenha relações de proporção, sensíveis tanto do ponto de vista do equilíbrio, como do ponto de vista composição.

Composição A composição é um diálogo visual, entre todos os componentes da máquina , criados para um determinado fim. Ela é quem complementa e conecta uma peça à outra, organizando o objeto em possíveis variações, tanto de formas como de cores, dando para o observador uma leitura rítmica e lógica . A composição se altera conforme o movimento, e não é previsível, surpreendendo sempre o observador da máquina.

Equilíbrio O objeto suspenso no ar, sofre efeito constante da gravidade. Levando em consideração peso e forma, são necessários alguns ajustes para que haja equilíbrio na composição como um todo, sem perder de vista que a máquina não pode ficar “parada”, ou seja, é preciso garantir um equilíbrio levemente “assimétrico” para a peça se mover. O equilíbrio é uma das propriedade mais importantes neste objeto. Para alcançá-lo é necessário ajustes mínimos, aos poucos, no conjunto, que só podem ser adquiridos através da tentativa e do erro. Através dessa atividade obtém-se um aprendizado que envolve: persistência ( pois o processo demanda tempo) , atenção ( para observar os efeitos das mínimas mudanças), e sensibilidade ( para perceber quando o equilíbrio gera o movimento).

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A forma além da geometria A geometria básica das formas (quadrados, triângulos, círculo e etc...) possui uma sutileza em sua aparência, que é notada facilmente para quem a observa. Mas, um olhar detalhado e um tanto quanto curioso, consegue enxergar muito além do que o objeto ‘’comum’’ apresenta. A máquina de ar, com toda sua composição, interage com o espaço em que está inserida, criando efeitos de luz e sombras, junto com seu próprio movimento. Isso nos leva à compreensão lógica de que o espaço é contaminado pelo objeto, assim como objeto também se altera quando percebido em espaços diferentes.

Exemplo - Máquina de Ar E qual a utilidade de se criar uma máquina (Inútil) cuja única função é rotacionar em seu próprio eixo? À primeira vista, desenvolver um objeto desta magnitude, parece algo um tanto quanto simples. Mas a simplicidade que a máquina de ar transparece não existe em sua construção, pois, para criar qualquer efeito de sobreposição ou até mesmo organização para equilibrar os objetos entre si, é necessário observar, compreender e controlar uma série de fatores como; ajuste do comprimento dos fios; peso da haste; centralização ou descentralização

Exercício da máquina de ar

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dos fios; peso dos objetos que serão fixados e distanciamento dos elementos no ar. Quando todos estes fatores estão bem alinhados a interação entre espaço e objeto está pronta para acontecer. Melhor do que entender todos esses princípios apenas lendo é demonstrar na prática, com um exemplo,de uma Máquina de Ar de nossa autoria, o passo a passo da criação desse objeto. Lembre-se os métodos que utilizamos para desenvolver nosso exemplo não precisam ser seguidos à risca, pois, explorar novas alternativas expande o campo do conhecimento além do comum.

Desenho Assim como na atividade passada, começaremos o desenvolvimento deste projeto a partir de um esboço. Este desenho, ser para auxiliar nas primeiras etapas de concepção e criação da máquina de ar, dando formas visíveis aos nossos pensamentos. Este é o primeiro passo na elaboração de uma composição visual. Nessa etapa, ideal que se imagine as dimensões e formas que serão atribuídas ao trabalho.

Com o esboço da estrutura já estabelecido, à segunda parte na construção deste projeto, foi o desenvolvimento da paleta cromática. A ideia utilizada para estabelecer essa composição visual, foi a transformação das formas. Para que esse efeito fosse criado, uma seção da máquina teria uma transação de 3 etapas, entre um quadrado para um triângulo; em outra parte a sobreposição de dois triângulos escaleno, formavam um retângulo, que por sua vez, construía à figura de um quadrado em seu interior; em contra peso a essa composição, um círculo e um losango apenas orbitavam a mesma haste, dando efeitos de variações em seus movimento, sobrepondo as cores de seus materiais. • Na parte frontal, as formas foram SobreposiçãoTransição das formasComposição cromática (frente) pensadas como uma variação de cor baseada nas cores primarias (vermelho, azul e amarelo). • Em seu verso, todas as figuras geométricas seriam pintadas de uma única cor (preto).

Composição cromática (frente)

[Figura 8] Variação cromática, desenvolvida para exercício da Máquina de Ar, vista dos dois lados.

75cm

Transição das formas 25cm

m

50 c

5cm

25cm

5cm

5cm

25cm

5cm 5cm 10cm

10cm

Composição cromática (verso)

5cm 5cm

5cm 5cm [Figura 7] Desenho de representação da Máquina de Ar, contendo as medidas de todos os objetos.

Sobreposição

5cm

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Exercício da máquina de ar

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Desenvolvimento Partindo da ideia representada nas figuras (7 e 8). Iniciamos a construção de todos os componentes, presentes em nossa máquina de ar. Para esse projeto foram confeccionadas: 4 hastes de madeira (com três variação de tamanhos), 7 formas geométricas (1 círculo, 1 quadrado, 2 losango e 3 triangulo), fios de nylon e papel contact (Vermelho, Azul, Amarelo, Branco e Preto), para coloração das peças.

[Figura10] Teste de equilíbrio da Máquina de Ar.

Modelo pronto Após realizar todos os ajustes necessários, a máquina de ar foi suspensa em frente a um ventilador em rotação lenta, para que houvesse uma corrente mínima de ar, que inicia-se o movimento de todas as peças do conjunto. Esse experimento foi realizado para analisar seu funcionamento e a mecânica em seu movimento.

[Figura 9] Disposição de todas as peças da Máquina de Ar, posterior ao processo de construção.

Durante esta etapa, foram realizados inúmeros ajustes, nos comprimentos dos fios de nylon, buscando alcançar o equilíbrio entre as peças da maquina de ar.

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[Figura 11] Apresentação do modelo final.

Exercício da máquina de ar

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Atividade - Máquina de Ar Dado o exemplo de como foi construída nossa máquina de ar, pensando em todas as formas e situações que seu movimento revela e pode revelar , fica o desafio para você criar o seu próprio projeto de objeto suspenso, utilizando alguns critérios para a elaboração do mesmo. Os critérios para que essa atividade se realize são: ● Os elementos devem estar suspensos por fios de nylon ou semelhantes. ● Os elementos que compõem a máquina devem rotacionar entre si e sobre si mesmo. ● A rotação deve ser executada de forma contínua, sem que haja solavancos. ● Os objetos devem possuir uma variação cromática diferenciada em cada um dos seus lados. ● os elementos devem estar em uma relação harmoniosa, em termos dimensionais e cromáticos.

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TERCEIRA ATIVIDADE

EXERCÍCIO DO LIVRO ILEGÍVEL Exercício do livro ilegível

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Quando pensamos em um livro, imaginamos um objeto retangular feito de papel, com um grafismo em sua capa e linhas cheias de caracteres. Toda informação ou conhecimento que o livro traz ao usuário, está escrito em suas páginas através de textos e imagens. O livro em si é apenas um item de transporte para todas aquelas informações. Como exercício, essa dinâmica traz para o leitor uma forma abstrata de campo visual e da textura (tátil), que cria diálogos completos e proporcionam uma experiência de aprendizado sobre a informação que os materiais transmitem de forma indireta, ao serem manuseados. Essa experiência transforma o livro em objeto, e não apenas em um meio de transporte do texto. Essa proposta entra como a terceira atividade do livro de Design. E possui cinco pontos muito importantes que serão trabalhados no decorrer desse exercício.

E SE O LIVRO NÃO PUDESSE SER LIDO? E SE SUAS PÁGINAS NÃO TIVESSEM NENHUM TEXTO OU IMAGEM E MESMO ASSIM ELE CONTASSE UMA HISTÓRIA. ISSO SERIA POSSÍVEL?

[Figura 12] Livro ilegível, produzido durante este exercício.

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Exercício do livro ilegível

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Pontos de aprendizado - Livro Ilegível Livro Objeto

Uma narrativa não verbal

Um livro comum transmite sua mensagem de forma digital¹, através das letras que se somam e formam palavras. Quando o livro se torna um objeto, ele interage com o leitor de uma forma analogica, e essa interação age de maneira visual e tátil. O livro deixa de ser o suporte tradicional, que contém as informações, e se torna o todo da experiência , passando a transmitir o conteúdo não verbal que ele carrega.

Os estímulos não são fixos, eles não possuem um destino único e linear. Para compreender a narrativa não verbal é necessário se permitir, ativar sua sensibilidade e sua interação com o objeto para produzir significados. Este tipo de narrativa não possui uma leitura particular, ela se altera conforme a compreensão do leitor.

Material como suporte gráfico Ao construir seu livro ilegível é necessário a utilização de materiais variados, para auxiliar no desenvolvimento dos “diálogos” entre as páginas . Compreender a materialidade dos objetos é fundamental na construção de uma conversa em linguagem analógica (entendimento da ideia sem o uso de texto). A “narrativa” do livro ilegível não é determinada, e se constrói de forma abstrata, a partir do suporte gráfico neste objeto.

Abstração Para o olhar desatento, duas formas similares, de cores opostas, podem parecer um dado insignificante, sem nenhuma motivação em sua elaboração. No entanto, no livro ilegível, esta informação ganha significado. A leitura do sinal mínimo é a capacidade de isolar um único objeto do conjunto , e analisar sua forma por completo, obtendo informações que estão contidas em sua composição ( no caso, na escolha deste sinal) e podem adquirir sentido na leitura imaginativa. ¹

Como o livro ilegível não possui uma única palavra, o material de sua composição se torna o locutor da história que está sendo contada, colocando o leitor em uma experiência tátil e visual, na qual ele processa informações conforme passeia pelas páginas. Por exemplo, uma folha de E.V.A. possui uma textura lisa , produzindo uma sensação macia para o toque, relacionada a algo leve e suave, enquanto a folha de papel cartão tem uma textura áspera, mais associada a materiais rústicos e naturais.

Exemplo - Livro Ilegível E por que criar um livro ilegível? Essa experiência foi desenvolvida pelo Designer Italiano², Bruno Munari, e sua ideia ao criar este livro era experimentar as possibilidades de informação transmitidas pelo material, e , se possível utilizar o mesmo como linguagem visual na composição de um livro sem texto verbal. ²

Estamos utilizando os termos linguagem e código digital , e linguagem e código analógico, segundo a teoria da comunicação apresentada por Mcluhan em sua obra “os meios de representação como extensões do homem” (1969)

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O sentir como forma de Leitura

Bruno Munari, foi um designer Italiano, nascido 24 de outubro de 1907, e conhecido por suas contribuições nas artes visuais, tinha como uma das frentes de projetos temas didáticos como o desenvolvimento da criatividade na infância.

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Exercício do livro ilegível

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Desenho

Desenvolvimento

Você deve iniciar seu pensamento, decidindo que tipo de história você quer transparecer ao projetar seu próprio livro ilegível. Utilizaremos como exemplo a construção de um álbum de fotos, sobre paisagens naturais. Primeiro passo após decidir o tema, é abstrair por completo a forma dessas imagens. No nosso caso, decidimos trabalhar com 4 paisagens, e a forma mais básica, para chegarmos a um formato abstrato, foi tornando todos os elementos, que compõem essas paisagens, em figuras geométricas.

Com o material em mãos e a e o esboço da ideia finalizado, começa a etapa de confecção das páginas do livro ilegível.

[Figura 13] Esboço colorido das paisagens representados de forma abstrata.

Após esboçar nossa ideia, partimos para a segunda etapa, a experiência sensorial. Com a imagem daquilo que você quer representar em mente, busque o máximo de informação que te faça lembrar da figura que será desenvolvida. Seja ela uma representação cromática e visual ou um estímulo sensorial, é importante que esteja alinhado com o diálogo que você quer transmitir. Para o nosso exemplo, iremos utilizar uma variação cromática que represente formas da natureza, como o amarelo para areia, o verde para grama etc. Importante que a textura do objeto que será inserido esteja no mesmo diálogo que a representação cromática.

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[Figura 15] Formas geométricas cortadas em camadas separadas, para construir o diálogo visual do livro ilegível.

[Figura 14] Variação de papeis, para estudo de composição e materialidade.

Exercício do livro ilegível

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Existe uma grande variedade e métodos utilizados para encadernação de livros. No caso do livro ilegível, essa variação é ainda mais ilimitada. Tendo em mente que o método que será utilizado, não irá alterar o seu conteúdo (incapacitar a leitura), qualquer meio de encapar seu livro é válida. Neste exemplo optamos por uma costura lateral, para fazer a junção entre as páginas. Para facilitar esse processo, alinhamos e fixamos todas as páginas com fita crepe (Figura 17), marcamos e furamos a área, por onde a costura foi passada (Figura 18) e utilizamos um pedaço de E.V.A, junto com fita crepe, para criar um acabamento de proteção para a costura do livro ilegível (Figura 19). Por fim utilizamos cola branca para fazer a junção entre a capa e o corpo do nosso livro ilegível (Firgura 20).

[Figura16] Composição abstrata formada por figuras geométricas.

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[Figura 17] Travamento do conjunto de paginas com fita crepe .

[Figura 18] Marcação de furos para junção das páginas.

[Figura 19] Coluna de proteção construída para reforçar a costura.

[Figura 20] Acabamento final (colando a capa do livro Ilegível).

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Modelo pronto Após todas as etapas, nosso livro está finalizado. Esse exemplo utilizou de uma ideia figurativa para desenvolver uma narrativa não verbal. O interessante nessa proposta, é que, se explore a linguagem dos materiais sem que a história seja contada diretamente. Depois da confecção do livro, é interessante que ele seja entregue a um leitor ‘’leigo’’ (que não fez parte do desenvolvimento do livro ilegível), para que ele explore por si mesmo, e contribua com sua própria narrativa.

[Figura 21] Capa final do Livro Ilegível.

[Figura 22] Página com conteúdo do livro finalizado.

Atividade - Livro Ilegível Dado o exemplo de como foi feito nosso livro ilegível, utilizando ao máximo as informações que o papel transmite, portanto, fica o desafio para você criar a sua própria história abstrata, utilizando dois critérios para a elaboração do mesmo: • O Livro deve ter uma história (completa e que seja justificável); • Ao encadernar seu livro não se pode utilizar grampeador (Inove em sua proposta);

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LISTA DE IMAGENS Figura 1]

Capa final do Livro Ilegível, pág 38.

M3 – Boneco que representa uma pessoa criativa, pág 4.

[Figura 22]

[Figura 2]

Página com conteúdo do livro finalizado, pág 38.

Desenho representativo do mecanismo interno, pág 10. [Figura 3] Representação do mecanismo (gatilho), sendo acionado, para gerar movimento no boneco pág 11. [Figura 4] Vista de corte do mecanismo com mola.pág 12. [Figura 5] Vista interna, do novo mecanismo em movimento, pág 12. [Figura 6] Vista explodida de todos os itens que compõem o mecanismo do Boneco, pág 13. [Figura 7] Desenho de representação da Máquina de Ar, contendo as medidas de todos os objetos, pág 22. [Figura 8] Variação cromática, desenvolvida para exercício da Máquina de Ar, vista dos dois lados, pág 23. [Figura 9] Disposição de todas as peças da Máquina de Ar, posterior ao processo de construção, pág 24. [Figura10] Teste de equilíbrio da Máquina de Ar, pág 25. [Figura 11] Apresentação do modelo final. Maquína de Ar, pág 25. [Figura 12] Livro ilegível, produzido durante este exercício, pág 31. [Figura 13] Esboço colorido das paisagens representados de forma abstrata, pág 34. [Figura 14] Variação de papeis, para estudo de composição e materialidade, pág 34. [Figura 15] Formas geométricas cortadas em camadas separadas, para construir o diálogo visual do livro ilegível., pág 35. [Figura16] Composição abstrata formada por figuras geométricas, pág 36. [Figura 17] Travamento do conjunto de paginas com fita crepe , pág 37. [Figura 18] Marcação de furos para junção das páginas, pág 37. [Figura 19] Coluna de proteção construída para reforçar a costura, pág 37. [Figura 20] Acabamento final (colando a capa do livro Ilegível) , pág 37. [Figura 21]

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