CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Erick Lohr
CONTO POPULAR BRASILEIRO EM POP-UP Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico Orientadora Profa. Denize Roma de Barros Galvão
São Paulo 2016
Lohr, Erick O Marido da Mãe D’Água / Erick Lohr - São Paulo (SP), 2016. 116f.: il. Orientadora: Denize Roma de Barros Galvão Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design - linha de formação específica em Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2016. Cordel - Livro Pop-up - Conto Popular - Mãe D’Água I. Galvão, Denize Roma de Barros (Orient.) II.Título
CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Erick Lohr
CONTO POPULAR BRASILEIRO EM POP-UP Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico Orientadora Profa. Denize Roma de Barros Galvão A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão em sessão pública realizada em __/__/____, considereou o candidato 1 - Examinador 2- Examinador 3 - Presidente
Dedico este projeto aos meus familiares e amigos.
Agradeço aos meus pais pela força e apoio, sempre. A minha orientadora pela paciência e a todos professores que passaram pela minha formação. Todos que torceram para que esse projeto torna-se realidade. Por todas as conversas, por todas as dúvidas tiradas, pelas risadas e ombros amigos. MUITO OBRIGADO!
“Me ensina a fazer renda, sereia me ensina a namorar me guarda em tua saia que eu quero na praia me molhar� Edu Lobo - Minha Sereia, 1989
RESUMO Este projeto têm como objetivo o desenvolvimento de um livro pop-up que trás um conto popular com a estética do cordel, a fim de apresentar para os leitores iniciantes uma história brasileira de maneira atraente e lúdica. Ao estruturar o projeto foram realizados estudos para compreensão do público-alvo e as características gráficas foram pensadas para haver fidelidade ao estilo escolhido. Da mesma maneira, a pesquisa imagética serviu de base para o desenvolvimento das personagens e cenário onde se passa o conto. Analisou-se também a engenharia de papel presente nesse tipo de publicação, utilizando-as na criação do material gráfico. Muitas vezes esquecido, o rico material cultural brasileiro deve ser divulgado para assim termos mais valor no nosso povo e acreditar no país. Palavras-chave: 1.Livro Pop-up. 2. Cordel. 3. conto popular. 4. infantil.
SUMÁRIO Introdução ........................................................................................15
LITERATURA DE CORDEL, CONTOS POPULARES E CÂMARA CACUDO Conto popular brasileiro em pop-up ........................................ 23 A escolha do conto: O Marido da Mãe D’Água....................... 23 Câmara Cascudo ............................................................................ 25 Literatura Popular ......................................................................... 26 Literatura Infantil.......................................................................... 26 O infantil e o Popular .................................................................... 28 O que é cordel? ............................................................................... 29 Literatura de cordel ....................................................................... 30 Xilogravura ....................................................................................... 31
LIVROS POP-UP Pop-up............................................................................................... 39 Pontos de Venda ............................................................................. 42 Análise de caso .............................................................................. 44 Técnicas Pop-up..............................................................................47 Estudo de Dobras ........................................................................... 48 Ferramentas ....................................................................................50
O PROJETO Projeto............................................................................................... 55 Tipografia para leitores iniciantes............................................ 56 Criação .............................................................................................. 58 Referencial de ilustração............................................................. 62 Documentação................................................................................ 65 As páginas ........................................................................................67 As ilustrações ................................................................................. 68 As facas .............................................................................................74
O LIVRO Livro................................................................................................... 79 O marido da Mãe D’Água ............................................................. 86 Memorial descritivo ......................................................................87
CONCLUSÃO Conclusão ........................................................................................ 95 Referências...................................................................................... 96 Lista de Imagens.............................................................................97 Anexo A ...........................................................................................108 Anexo B .............................................................................................111
INTRODUÇÃO O Brasil é um país de tamanho continental que recebeu influência de todos os povos que aqui chegaram e se misturaram com os costumes e hábitos indígenas gerando uma cultura muito rica e diversa. Cultura esta pouco lembrada nos dias de hoje, em que se consomem muitas produções culturais trazidas do exterior, ou seja, existe uma supervalorização de culturas externas, como se em nosso País não houvessem tradições e manifestações interessantes o suficiente para serem conhecidas e exploradas. O mercado infantil é bombardeado por produtos com conteúdo trazido de outros países, deixando a cultura nacional de escanteio, e assim distanciando dos novos brasileiros todo o repertório extremamente valioso existente em nosso País, que cresce acostumado a exaltar o importado. Outro ponto a ser observado é o crescente uso de mídias digitais para entretenimento infantil, prejudicando os novos consumidores ao acesso de tradições, muitas vezes analógicas, e os deixando cada vez mais preguiçosos em relação a práticas interpessoais e relações humanas.
Pensando nesse público e no espaço do mercado editorial, optou-se por desenvolver um livro de contos populares usando como referência uma estética forte do nordeste brasileiro, o cordel, visando a conexão com questões culturais da infância. O projeto foi desenvolvido tomando como base a técnica dos livros pop-up, produzindo algo lúdico em um livro que seja encantador não só para as crianças, mas também para os adultos, e que possa ser utilizado em rodas de história, momentos descontraídos entre pais e filhos e que em conjunto sejam criadas novas narrativas a partir do conhecimento das histórias existentes. O trabalho foi iniciado a partir da pesquisa bibliográfica sobre assuntos relacionados ao tema e assuntos pertinentes ao projeto final, foram explorados os campos da Literatura de Cordel, Literatura Infantil (para compreender perfil do público alvo e também características presentes nesse tipo de linguagem), Engenharia de Papel para produção de Livros Pop-up e Técnicas de Design Gráfico para produção de material Editorial. Neste momento foram utilizadas referências textuais impressas e virtuais. No segundo momento foi preciso realizar uma pesquisa de campo para compreender como os títulos Pop-up são apresentados nas grandes livrarias e identificar possíveis soluções para uma melhor apresentação/divulgação na estante. Em paralelo, análises de lojas virtuais também foram efetuadas, já que o seguimento de livros tem seu mercado muito explorado nesse tipo de comércio online. Outro processo realizado foi a análise de projetos similares, visando avaliar a maneira como são trabalhados os aspectos como diagramação, tipografia, ilustrações e as técnicas de engenharia de papel (tipos de dobras) presente nos livros. Portanto, buscou-se desenvolver um material gráfico voltado para crianças de 6 e 9 anos que apresenta a estética nordestina para os contos populares brasileiros adaptados para o universo infantil, capaz de propagar a cultura brasileira, com destaque na regionalidade do Cordel e que ao mesmo tempo abre espaço para despertar a criatividade e suas mais diversas formas de brincar.
LiteRatura DE cordel,
COnTos PopULarES & Câmara CascuDO
CONTO POPULAR BRASILEIRO EM POP-UP O presente trabalho tem como cerne a apresentação e valorização da Cultura Popular Brasileira explorando seu material e possibilidades.
A ESCOLHA DO CONTO: O MARIDO DA MÃE D`ÁGUA Retirado do Livro Contos Tradicionais do Brasil de Luís da Câmara Cascudo o conto “O marido da Mãe d’Água” foi o escolhido para a publicação do projeto, por conter um personagem folclórico, uma narrativa fantástica e regional além de possibilitar a discussão da relação do homem com a natureza. O desenho a carvão de Martha Schidrowitz faz parte de um livro de Câmara Cascudo intitulado “Lendas Brasileiras - 21 Histórias criadas pela imaginação de nosso povo” de 1945. Ilustrou a lenda da Iara, de origem indígena, comumente contada no norte brasileiro, uma das entidades que protegem as águas. No “Dicionário do Folclore Brasileiro”, Câmara Cascudo criou uma definição para a Mãe d’Água e explica que sua imagem mudou com o tempo, e que os românticos deixaram a personagem com ares de estrangeira, com uma beleza idealizada na época.
1. desenho de Martha Schidrowitz
CÂMARA CASCUDO Fernandes (2016) apresenta o ilustre autor e pesquisador como natural de Natal-Rio Grande do Norte, tendo nascido em 30 de dezembro de 1898, Luís da Câmara Cascudo ou apenas Câmara Cascudo como ficou mais conhecido, foi um dos Folcloristas que mais se dedicaram a estudar a Cultura Popular brasileira. Iniciou os estudos em Recife–Pernambuco e logo mostrou seu interesse pela área de humanas e todos assuntos correlatos com as tradições e costumes do povo. Sempre mostrou facilidade em registrar e organizar fatos e personagens históricos. Na década de 20 começou sua pesquisa sobre lendas, narrativas e literatura popular, como os cordéis. Sua primeira obra foi “Alma Patrícia” em 1921 onde descrevia a vida e a obra de autores do Rio Grande do Norte. Em 1939 “Vaqueiros e cantadores: folclore poético do sertão de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará”, mostrou a importância de sua pesquisa, apresentando o Brasil sertanejo. Seu material é um registro detalhado da época e, mais do que isso, nele é apresentado o Brasil para o povo brasileiro. Nas décadas seguintes outras obras foram publicadas como Antologia do folclore brasileiro em 1943, Geografia dos mitos brasileiros em 1947 e Os holandeses no Rio Grande do Norte em 1949, além do Dicionário do folclore Brasileiro de 1951. Sua curiosidade e estudos não se restringiram ao folclore e com a ajuda de Gilberto Freyre pesquisou e escreveu sobre a história da Alimentação no Brasil.
2. foto de Câmara Cascudo
LITERATURA POPULAR Abreu (1999) afirma que quando se busca as raízes de qualquer literatura, sempre se encontram as manifestações poéticas. A oralidade se faz mais fácil por meio de rimas, que deixam o texto com ritmo e musicalidade, mais simples para memorizar.
3. criança com livro
LITERATURA INFANTIL Coelho (2000) descreve a literatura infantil, antes de tudo, como literatura e logo se autocorrige dizendo ser arte, um fenômeno de criatividade e modo de representação do universo que cerca a vida pelas palavras, onde se encontram sonhos e realidades, o possível e o impossível. Na literatura, assim como na arte, o homem tem o poder de expor e potencializar ideias. No livro infantil não é diferente. Antigamente ele era até tratado como menor, pois se fazia um julgamento de ser uma ferramenta de mera distração, comparada ao brinquedo ou objeto para deixar a criança ocupada. É recente o pensamento de literatura destinada ao público infantil como ato de aprendizagem. Foi a psicologia a responsável pela redescoberta da literatura infantil, no século XX, apresentando a inteligência como elemento estruturador do ser, levando em conta os estágios de desenvolvimento para formação de caráter e conhecimento do futuro adulto.
O livro é entendido como mensagem de um autor-adulto (que tem experiência) para um leitorcriança (que deve adquirir certa experiência) assim completando o ciclo do aprender. A autora Coelho (2000) classifica os leitores por faixas etárias e aponta no leitor iniciante (a partir dos 6/7anos) principais características como: • Fase de aprendizagem da leitura, já reconhece com facilidade o alfabeto; • Início do processo de socialização e racionalização da realidade; • Adulto necessário para guiar explicando o mundo contido no livro e também estimulando a decodificar os sinais gráficos para o mundo da escrita. E os seguintes aspectos nos livros para esse público: • Imagem predominante sobre o texto; • Narrativa simples, linear, com inicio, meio e fim; • Humor são pontos positivos; • Personagens com caráter e comportamento bem definidos; • Texto estruturado com palavras de sílabas simples; • Estimular a imaginação, a inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir. Portanto, pode-se enquadrar o presente projeto em literatura infantil pois, segundo Azevedo (2016), que diferencia a Literatura Infantil dos demais tipos de livros produzidos para criança, apoiado em algumas afirmações: • Literatura se opõe a Ciência, fazendo parte do campo das Artes; • Utilizando de ficção para contar uma estória e tem motivação estética, poética e lúdica; • Não tem a pretensão de ensinar algo, podendo se ambígua; • Podendo até inventar palavras, já que não tem essa rigidez com as Regras Linguísticas; • Contam estórias de aventura, suspense, tragédia, comédia e romance; Sendo essas as grandes diferenças dos livros de literatura para os didáticos e paradidáticos, que tem a missão de ensinar algo.
O INFANTIL E O POPULAR Coelho (2000) conclui que os contos hoje apresentados como infantis foram originalmente escritos para os adultos, e só depois adaptados para os pequenos. Vale perceber que antes de se tornarem para crianças ele se tornaram populares, e em sua grande maioria eles detém valores ou padrões para acrescentar na vida de quem ler/ouvir.
5. chapeuzinho vermelho
4. a princesa e o sapo
6. os três porquinhos
O QUE É O CORDEL? Para Tavares (2006) o cordel é uma das mais poderosas manifestações de cultura do povo nordestino. São histórias contadas em versos, toscamente impressas e vendidas em feiras livres e mercados populares. Alguns temas são bem recorrentes no cordel como: histórias de amor, ciclo mágico e maravilhoso, cangaceiros, beatos, anti-heróis, histórias de valentias, pelejas, noticiosos e educativos. Esse último gênero é geralmente utilizado por órgãos públicos que se aproveitam do poder da literatura popular para passar informações, principalmente na área de saúde pública. Os folhetos nordestinos tem suas características como: a dimensão de 15x11cm, são impressos em papel jornal ou papel manilha, variam entre 8 à 48 páginas. Os mais curtos, de até 16 páginas, são chamados folhetos e a partir disso são chamados de romance e são sempre escritos em versos, geralmente sextilhas.
7. cordel
LITERATURA DE CORDEL Abreu (1999) aponta que o termo “literatura de cordel” começou a ser utilizado a partir da década de 1970 por estudiosos que acharam semelhanças entre as produções nacionais e as Portuguesas. É valido lembrar que em sua produção em terras brasileiras, o material foi divulgado com o nome de “literatura de folheto“ ou “folhetos” simplesmente. O termo cordel, que se popularizou é importado dos impressos portugueses. Não se tem ao certo quando iniciou a produção de livretos no Brasil, em uma publicação datada de 1907 de título: O dezréis do governo; conclusão da mulher roubada; Manoel Abernal e Manoel Cabeceira. Recife, Leandro Gomes de Barros (apud ABREU1999), autor responsável pela constância na produção desse tipo de material, afirma em poema: Leitores peço desculpas Se a obra não for de agrado Sou poeta sem força O tempo tem me estragado Escrevo há 18 anos Tenho razão de estar cansado. Mesmo com essa afirmação que nos faz chegar ao ano de 1889, o impresso mais antigo de que se tem registro é de 1893. Sua venda em lugares de grande circulação, como feiras livres, e também nas viagens dos autores ou revendedores pelos vilarejos e fazendas, era dada de forma oral, a leitura de alguns trechos era a maneira mais eficiente de divulgar e deixar desde trabalhadores da terra aos donos de fazenda interessados no conteúdo em versos rimados.
XILOGRAVURA As capas do cordel são facilmente reconhecidas pelas imagens de uma única cor, geralmente preto, as Xilogravuras. Também chamadas de gravura em madeira, Tavares (2006) explica a técnica como um trabalho artístico, em que a imagem não é produzida propriamente no papel, e sim gravada em uma matriz, prancha de madeira em que o artista grava com goivas, facas e formões as áreas que devem permanecer na cor do papel e deixando em relevo os espaços que receberão tinta. Após a gravação da peça, com um rolinho de borracha a matriz recebe a tinta para que seja iniciado o processo de impressão, semelhante ao uso de um carimbo.
8. matriz de xilogravura
A técnica de reproduzir imagens pela xilogravura surgiu por volta do século XIV, foi usada tanto no oriente quanto no ocidente onde foi um dois principais meios de reprodução de imagens da Idade Média Europeia, mas perdeu força com o surgimento da gravura em metal e da litografia, que permitiam tratamentos mais refinados de linhas e tons. No Brasil, mais precisamente no nordeste , em pleno século XX, a xilogravura ganhou espaço por ser uma forma acessível e barata de produção e reprodução em escala de imagens, sendo incorporada definitivamente no repertório da cultura brasileira.
9. xilogravura impressa
lIVrOs poP-up
POP-UP A história do livro pop-up começou em 1300 com livros feitos para explicar a astronomia, em três dimensões, e só depois de 600 anos é que passou a fazer parte da literatura infantil com um anuário chamado Daily Express Children’s. Mas até então, as imagens eram chamadas de ilustrações móveis. Só em 1930, com o escritor Harold Lentz, é que o termo pop-up surgiu. (ESTADINHO.2010, 28 de outubro)
11. mecanismo volvette
Wickings (2012) define engenharia de papel como uma combinação de ângulos, recortes, pontos de cola e dobras a fim de criar um mecanismo que transforma ou move uma imagem no papel de maneira tridimensional, saltando automaticamente quando as páginas são abertas. E aponta que as engrenagens do pop-up se firmam em duas formas básicas: o triângulo, que é obtido a partir de dobras diagonais, e a caixa que é resultado de dobras paralelas. 10. livro astronomia
12. livro anatomia de 1661
14. daily Express Children’s
13. livro anatomia com abas abertas
15. daily Express Children’s aberto
O engenheiro de papel Keith Finch (2013) desenvolveu um livro onde explica de maneira simples as complexidades das dobras que constituem as publicações Pop-up , e nele existem exemplos e abas com moldes destacáveis para o leitor montar e entender como funcionam. Algumas informações a seguir são imprescindíveis para criar esse tipo de material: •
A dobra Montanha: tem o formato que lembra os topos das montanhas, o ponto de dobra fica para cima.
•
A dobra Vale: tem o formato que lembra um vale, o ponto de dobra fica para baixo.
•
Vinco: tão importante quanto o tipo de dobra ou ponto de cola é o vinco que dará a indicação para o papel dobrar e ficar plano dentro do livro fechado. A dica para um bom resultado é vincar com sutileza para ambos os sentidos ao invés de tentar fazer isso de uma única vez, usando apenas força.
•
Cola: pode-se usar cola de contato ou fita dulpa-face. O segredo está em uma cola que seque rapidamente.
16. dobra montanha
17. dobra vale
PONTO DE VENDA Em visita a Livraria Cultura do Shopping Market Place, Livraria da Vila no Shopping JK Iguatemi, Saraiva do Shopping Morumbi e Saraiva do Shopping SP Market pode-se notar que os livros se vendem pela capa, ou melhor, ou melhor dizendo, pela lombada. O espaço é super concorrido nas prateleiras e se destaca a lombada mais colorida.
18. estante livros Cultura Shopping Market Place
Os livros Pop-up geralmente são encontrados na seção infantil, mas não tem nenhum destaque especial, disputando espaço com livros sonoros, livros brinquedo, e tomam muitas vezes menos de 10% de espaço da área destinada às crianças. O preço alto e a delicadeza do material interno fazem com que a maioria deles esteja envolta em plástico, lacrados. Geralmente apenas um exemplar fica aberto para demonstração.
19. livros na Livraria da Vila no Shopping JK Iguatemi
As editoras que atualmente mais distribuem livros pop-up em português são a Ciranda Cultural e TodoLivro, mas encontra-se também a Publifolhinha com um número considerável de publicações. Em algumas livrarias o espaço infantil conta com mesas onde ficam alguns livros
20. Saraiva do Shopping Morumbi
expostos para que as crianças tenham algum tipo de contato com os livros antes de serem adquiridos, mas é raro encontrar livros pop-up nessa seleção devido a seu custo elevado e sua fragilidade, uma vez quem esses exemplares serão manipulados por crianças de diversas idades. Quando observamos o mercado de vendas online, percebe-se que há muito espaço a ser explorado, já que a maioria das lojas só expõem a imagem da capa do livro, não apresentando ao menos como serão os tipos de interações nas publicações. 21. Saraiva SP Market
22. venda online no site da livraria Cultura
Alguns títulos como o Game Of Thrones ou o Livro Disney Princesas, ambos da PaniniBooks, tem essas imagens internas em alguns sites.
23. site da Saraiva
ANÁLISE DE CASO Alguns livros foram analisados para melhor compreensão de projetos editoriais que utilizam a técnica Pop-up: “A FAZENDA” de Jannie Ho com a engenharia de papel de Maggie Bateson, distribuído por Ciranda Cultural em 2013 Formato:28,5 x 28,5cm; Número de páginas:12; Impresso: China. Essa publicação trás um diferencial cada vez mais usado nos livros pop-up em que a técnica é empregada em um cenário interativo. Depois de ter sido apresentada a história, com o uso de personagens destacáveis, a criança pode continuar a imaginar o que acontece neste ambiente. Existe uma página com um envelope para que os bonecos de papel sejam guardados, a espera de novas aventuras. O texto desse tipo de livro é simples, geralmente uma apresentação das personagens com algumas características que auxiliem ao pequeno leitor na continuidade da brincadeira de criar sua própria história.
24. lombada do livro “A fazenda”
25. cenário interativo no fim do livro
Livro “DISNEY PRINCESAS: o mundo mágico pop-up”, assinado por Matthew Reinhart pela editora Panini Books em 2016 Formato:24 x 28,5cm; Número de páginas:10; Impresso: Tailândia. A técnica de engenharia de papel utilizada com maestria por Matthew, aliada as princesas, personagens já tão conhecidas do universo Disney, criam cenários inacreditáveis, que prendem a atenção das crianças e deixam os adultos curiosos. A edição conta com abas em praticamente todas as páginas que escondem pequenos pop-ups. O livro é muito bem acabado e tem capa dura com relevo dourado, que deixa o material ainda mais atraente. Assim como outros materiais do Reinhart as ilustrações tem no colorido padrões de aquarela, quase uma marca registrada desse grande engenheiro de papel. No livro ele criou cenas incríveis onde o leitor, ao puxar uma aba de papel, transforma tudo como num passe de mágica, assim como acontecem nos contos de fadas. Essas interações são de deixar qualquer um de boca aberta.
26. lombada do livro “Disney Princesas”
27. livro aberto, Pequena Sereia
O livro “NA FLORESTA DO BICHO-PREGUIÇA” dos autores e engenheiros de papel Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, que contaram também com a ajuda de Bernad Duisit nos mecanismos, foi lançado no Brasil pela CosacNaif em 2011, tendo como público alvo o seguimento infantil. Formato:16,5 x 30,5cm; Número de páginas: 16; Impresso: China. O livro é impresso com tinta de soja ecológica e usa uma paleta de 5 cores (verde, azul, vermelho, amarelo e marrom) sobre papel de madeira responsável. Utiliza uma linguagem gráfica simples e cheia de características primárias, utilizando formas simples para a composição e criação dos elementos visuais. O projeto tem cunho socioambiental e seu texto aborda a temática ecológica de maneira lúdica com a busca do bicho-preguiça em uma floresta que é destruída ao virar das páginas. O formato do livro o torna bem interessante e o papel utilizado é mais áspero que o normal pois não tem acabamento, que faz com que o contato com papel se torne agradável. Outro recurso interresante, e pouco explorado no mundo Pop-up, são as janelas que fazem com que a mesma imagem esteja em várias páginas.
28. lombada do livro “Na floresta do bicho-preguiça”
29. páginas abertas, recurso de janelas
TÉCNICA POP-UP O livros Pop-up tem capa dura, lombada larga e poucas páginas internas, já que o volume de papel se dá pelas dobras e sobreposições dentro de cada lâmina. As ilustrações trabalham em total conjunto com a engenharia de papel pensada para o livro, para que os efeitos façam sentido e deixem o livro atraente. Os mecanismos são aplicados em braços, imagens que se sobrepõem ou saltam das páginas em direção ao leitor criando movimento e interação.
30. detalhe da Lombada e número de páginas
31. exemplo de livro Pop-up
32. interação de um pequeno leitor
ESTUDO DE DOBRAS POP-UP Foram desenvolvidas algumas dobras básicas que em são utilizadas na maioria dos pop-ups existentes. A combinação dessas dobras são o segredo de páginas fascinantes. A dobra paralela é a mais simples delas, e geralmente serve de base para outras dobras agregadas. Ela funciona a 90° da página.
34. dobra V
A dobra V, também conhecida como dobra diagonal, pode criar uma infinidade de movimentos dependendo do ângulo em que está afixada na lâmina
33. dobra paralela
35. dobra V (outro ângulo)
Um recurso muitas vezes utilizado é um suporte central para sustentar uma camada flutuante. Ele pode ser fixado em outros pontos sempre paralelo à lâmina para que o mecanismo funcione.
38. dobra com braço móvel
36. dobra com suporte central
A dobra caixa possui algumas variações. Em uma das mais interessantes ela forma um cubo, ou seja , quando a página está aberta forma-se um objeto tridimensional perfeito no momento em que os dois triângulos em sua parte superior formam uma tampa.
Quando duas dobras são combinadas elas geram movimento, nesse caso um dobra paralela com uma das pontas alterada para uma dobra V gera um movimento quando agregado um “braço” de papel.
39. dobra cilindro
37. dobra caixa
Um cilindro pode ser obtido quando uma tira de papel está presa em um dos lados de um plano e o outro lado dele está fixo na lâmina.
FERRAMENTAS Para trabalhar com o papel, com as dobras, e para que os mecanismos funcionem corretamente, são necessárias algumas ferramentas de trabalho geralmente utilizadas nos trabalhos manuais e artesanais: •
Papel Color Plus, lápis, borracha, tesoura, estilete, régua, esquadro, transferidor, vincador, fila dupla face e base de corte.
Além de alguns materiais especificos para encadernação: •
Fio de cabelo, cola branca e rolo de espuma.
40. materiais
o PROJeto
PROJETO Utilizando as informações da pesquisa teórica determinou-se alguns pontos chave que deveriam ser seguidos na execução. A publicação explora a estética do cordel, com ilustrações autorais que são pensadas juntamente com os mecanismos do pop-up. As bases de pesquisa imagética para realização dos desenhos, são o texto original de Câmara Cascudo (Anexo A), a definição da Mãe d’Água do Dicionário do Folclore Brasileiro de mesmo autor (Anexo B) e fotografias encontradas na internet de Pescadores e do cenário de Praia onde o conto se passa. Seguindo o estilo das xilogravuras que ilustram os livretos de cordel, a cor utilizada será apenas o preto sobre o substrato, que por sua vez é azul para atender a um detalhe presente no conto. A escolha da Tipografia segue o estilo escolhido sem deixar de atender aos pontos analisados para facilitar a compreensão do público alvo, o leitor iniciante.
TIPOGRAFIA PARA LEITORES INICIANTES Em um artigo no site especializado em tipografia fonts.com a designer Ilene Strizver (2016) afirma que grande parte das crianças iniciam o aprendizado da leitura entendendo letra por letra, depois juntam letras formando sílabas e então misturam os sons e formam as palavras. O processo de leitura pode se tornar mais convidativo se a tipografia utilizada for de fácil legibilidade. Nos livros infantis nota-se o cuidado tipográfico para com o público que está começando a ler. O uso de tipografias que fazem grande distinção entre letras que graficamente são similares ou espelhadas, o espaço de entrelinha é geralmente maior que o normal, e a menor quantidade de palavras por linha também ajuda na fluidez da leitura. A escolha de um tipo para livro infantil deve buscar um design simples e formas generosas. As fontes com altura “x” maiores geralmente são mais legíveis. Podem ser utilizadas serifadas ou não, mas alguns extremos devem ser evitados Não usar fontes condensadas ou expandidas, que podem dificultar o reconhecimento de caracteres. Escolher um peso regular; pesos de linha fina ou variações muito ousadas podem fazer a leitura ser mais complicada. No caso de usar itálico, certificar que são fáceis de ler, e não excessivamente condensadas ou estilizadas demais.
41. exemplos de tipografia para livro infantil
Para os leitores iniciantes o processo de percorrer a linha da esquerda para direita e pular para a próxima pode ser auxiliado pelo uso de fontes grandes (14 a 24 pontos) e um espaço de entrelinha generoso. O comprimento das linhas também pode ajudar ou atrapalhar a leitura, por isso dar preferência a linhas curtas e não deixar blocos de texto muito densos que possam intimidar quem está iniciando a leitura. O contraste entre o fundo e o texto também são pontos importantes nos livros infantis cheios de ilustrações. Quando existir mais de um paragrafo por página, o espaço de uma linha entre eles, causa uma pausa visual ao leitor. O título é a oportunidade de ousar na tipografia de um livro infantil, pois são geralmente survivant formados por poucas palavras e será ele que atrairá a atenção do leitor.
42. testes para o título do livro
43. capa do livro finalizada
Abaixo temos as tipografias utilizadas para texto interno do livro e para o título. O texto interno está todo em caixa alta para melhor entendimento dos leitores iniciantes. Ele foi composto utilizando a tipografia Lumberjack, com o tamanho 13pt. Para o título do livro, o tipo escolhido, Hurry up, é mais dinâmico e divertido. Foi realizada uma interferência na última letra “A”, que foi refletida para melhor composição visual.
Aa Bb Cc Dd Ee Ff Gg Hh Ii Jj Kk Ll Mm Nn Oo Pp Qq Rr Ss Tt Uu Vv Ww Xx Yy Zz 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 !?&$%#*~+-={}[]()@,.
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44. familia das fontes Lumberjack e Hurry up
CRIAÇÃO Foram desenvolvidos alguns painéis semânticos para guiar a criação dos protagonistas e do ambiente onde acontece a história. Vale lembrar que o texto de Câmara Cascudo não determina um lugar onde a história se passa, portanto o ponto de partida foi baseado no fato de ser um conto que acontece às margens do mar. Contemplando assim a população caiçara, e todo o litoral brasileiro. A criação das personagens seguiu algumas referências imagéticas escolhidas para seguir alguns padrões que deviam aparecer nos desenhos como o porte fisíco do marido e os cabelos claros da Mãe D’Água.
45. painel para cenĂĄrio
Beira da Praia: Areia, Mar, palmeiras, Mata Atlântica, pedras grandes, casa simples, noite e lua cheia.
46. painel para pescador
O pescador: Caiรงara, trabalha para sustento prรณprio, canoa de pesca, rede ao mar.
47. painel para Mãe D’Água
A Mãe d’Água: Ser encantado, vive nas águas, bela voz, canta para atrair os pescadores, cabelos louros, pele branca, misteriosa.
REFERENCIAL DE ILUSTRAÇÃO Foram escolhidos três ilustradores que desenvolvem um trabalho com identidade regional, muitas vezes para livros infantis. Os trabalhos selecionados para esses painéis seguem a linha das xilogravuras, já que será a linguagem gráfica presente no projeto.
48. ilustrações de Jô Oliveira
Jô Oliveira
49. ilustrações de Jô Oliveira
50. ilustrações de Jô Oliveira
Luciano Tasso
52. ilustração de Luciano Tasso
51. ilustração de Luciano Tasso
53. ilustração de Luciano Tasso
54. ilustrações de Ricardo Azevedo
Ricardo Azevedo
55. ilustrações de Ricardo Azevedo
56. ilustrações de Ricardo Azevedo
DOCUMENTAÇÃO O projeto teve duas frentes de criação que foram trabalhadas paralelamente: as ilustrações e a adaptação do texto. Após várias leituras do texto original foi feita a divisão de trechos que foram rimados e organizados em um espelho do livro, para melhor compreenção e divisão de cada “cena”. A adaptação é como uma tradução, que ganha alguns traços do tradutor. Além disso, foi preciso respeitar as regras da rima, já que o projeto tem como linguagem o cordel. O auxilio de pessoas próximas, lendo o texto adaptado, também foi importante para ajudar em possíveis detalhes que poderiam estar sendo deixados de lado pela imersão no tema. As ilustrações sofreram algumas alterações, a fim de que as imagens transmitissem sozinhas as ideias que devem ser passadas.
57. espelho do livro
58. desenvolvimento
Com o espelho do livro definido, foram produzidas as lâminas de cada página com suas dobras correspondentes, tendo em mente quais ilustrações fariam parte de cada uma delas, ainda sem imagem, os pop-up já respeitavam os tamanhos e formas que deveriam aparecer no livro final. Alguns testes manuais foram feitos mas, as ilustrações foram desenvolvidas no Adobe Illustrator com o uso das mesas Wacom Cintiq. Quando este livro em branco (boneco) foi concluído, teve início o processo de deixar os desenhos feitos digitalmente na proporção para um teste de impressão. A impressão, por sua vez, resultou no primeiro livro que foi apresentado para algumas pessoas para análise de como os mecanismos funcionam durante o manuseio do livro. Nesse momento também foram vistos pontos onde as ilustrações necessitavam de alguma alteração para deixar o projeto mais completo. O papel utilizado para o projeto foi o Collor Plus 180g/m2 na cor Paris. 59. livro em branco (boneco)
AS PÁGINAS O formato aberto do livro é 40x20cm e o grid modular utilizado tem 4 espaços onde o texto pode estar em cada página. Ficou estabelecido que quando o texto ocupar uma das caixas, a mesma não receberia interferência de ilustrações, assim como as margens adjacentes. O espaço para as dobras que formam os pop-ups também são contemplados na impressão. São as linhas em cinza apresentadas no exemplo abaixo. Elas servem de guia e ficam exatamente onde as abas devem ser coladas para que os mecanismos funcionem corretamente.
60. uso da Wacom Cintiq
61. exemplo de página com sangria, grid, e marcações para colagem dos mecanismos Pop-up
AS ILUSTRAÇÕES Para desenvolver as imagens que estão presentes no livro utilizou-se um brush que imita os talhos feitos na matriz de madeira pelas goivas no processo manual de xilogravura.
A imagem da Mãe D’Água foi a que sofreu mais alterações. Os olhos da primeira versão deixavam a personagem mais ingenua e doce, já a expressão escolhida e que aparece no livro é de uma mulher mais decidida e menos sonhadora.
63. brushes
Um detalhe importante no pescador são seus pés e físico forte, que representam a firmeza do trabalhador. 62. primeira imagem das personagens
64. olhos da Mãe D’Água
66. primeiros estudos para posições e cenário
Após a criação das personagens e o espelho das páginas definido, inicio-se o desenvolvimento das poses que deveriam ser desenhadas para cara aparição deles. Com base no espelho do livro, foi elaborada uma lista de expressões que deviam ser desenhadas para ilustrar as mudanças de humor das personagens durante a trama.
65. pés do pescador
67. lista de expressões das personagens
Foram rabiscadas as estruturas das posições de cada personagem nas páginas que serviram de base para os desenhos feitos digitalmente.
68. rascunho das personagens de perfil
Como a maioria das ilustrações desse livro podem ser vistas de ambos os lados, foi necessário ilustrar muitas vezes o verso das imagens, respeitando a silhueta para que a “faca” não cortasse nenhum detalhe.
69. casamento
70. poses do pescador
71. poses da Mãe D’Água
AS FACAS As linhas que servem de guia para o corte das peças para os mecanismos do livro, são chamadas facas. Elas foram desenhadas depois que as ilustrações foram finalizadas, deixando uma margem proposital nas bordas da imagem. Além de apresentarem as marcas para vinco (linhas pontilhadas) e mesmo com a pouca quantidade de páginas, foram demarcadas para melhor organização. As gráficas que possuem Plotter de recorte não aceitaram cortar o projeto por se tratar de um prototipo que não seria produzido em escala. Então o processo de corte foi manual.
72. corte das personagens para montagem
73. exemplo de faca
O LiVro
LIVRO O produto final é um livro pop-up, capa dura, com 18 páginas, com ilustrações autorais e texto adaptado de um conto da obra de Câmara Cascudo.
74. o livro
75. pรกgina 1
77. pรกgina 3
76. pรกgina 2
78. pรกgina 4
79. pรกgina 5
81. pรกgina 7
80. pรกgina 6
82. pรกgina 8
83. capa e livro aberto
84. capa, lombada e contracapa
O MARIDO DA MÃE D’ÁGUA A HISTÓRIA DE UM MOÇO, NESSE LIVRO VOU DIVIDIR. UM PESCADOR, CABRA DESTEMIDO, SEM NENHUM PEIXE CONSEGUIR, CANSADO DE JOGAR A REDE NO MAR, MAIS UMA VEZ COM FOME IA DORMIR.
O QUE QUERES DE MIM ALMA PENADA? O PESCADOR COM MEDO PERGUNTOU. -NÃO SOU DE OUTRO MUNDO, CRISTÃO, JOGUE SUA REDE ONDE ESTOU. RESPONDEU A ELE A MÃE D’ÁGUA . ENTÃO, ELE FEZ O QUE ELA FALOU.
A NOITE JÁ ESTAVA AVANÇANDO, E O CABRA DESACREDITADO, O LUAR PRATA, NO CÉU BRILHANDO, A FRIAGEM CAINDO. COITADO. A REDE SEMPRE VAZIA VOLTANDO, E ELE FICANDO MAIS DESANIMADO.
COMO MILAGRE OU BRUXARIA, A REDE CHEIA LOGO FICOU. COMO HÁ TEMPOS NÃO ACONTECIA, MUITOS PEIXES ELE PEGOU. -COMO POSSO RETRIBUIR TAL AJUDA? ELE AGRADECIDO PERGUNTOU.
QUANDO FOI SURPEENDIDO, COM UM CANTO INESPERADO. UM SOM NUNCA ANTES OUVIDO. ERA DE FICAR ENCANTADO. SEM SABER DE QUEM VINHA, SE PEGOU ASSUSTADO.
-DE TI NÃO QUERO NADA, ALÉM DE SUA COMPANHIA. PARA NÃO FALTAR MAIS PEIXES, EM SUA DIARIA PESCARIA. CASA-TE COMIGO HOMEM, E TE TRAREI MUITA ALEGRIA.
NUMA PEDRA ELE AVISTOU, UM SER CHEIO DE BELEZA. MULHER, LOIRA DE OLHOS CLAROS, DE DÚVIDAVEL NATUREZA. PARECIA ANJO DO CÉU, DALI NÃO ERA COM CERTEZA.
ELE ACEITOU O PEDIDO. E CORREU PARA PROVIDENCIAR, O MAIS BELO VESTIDO, PARA A MÃE D’ÁGUA USAR. BRANCO, CHEIO DE BORDADO, NUMA BELA NOITE DE LUAR.
FEZ PROMESSA NAS ÁGUAS. QUE NUNCA IRIA ARRENEGAR. SENDO BOM E FIEL A ELA, EM HARMONIA COM O MAR. CASOU-SE COM A MÃE D’ÁGUA, QUE EM SUA CASA FOI MORAR.
VOLTANDO DA NOITADA VIRADO. CERTA VEZ, O MAL AGRADECIDO CHEGOU EM CASA IRRITADO. JÁ TINHA ATÉ AMANHECIDO. COM CHORO E NO SEU TEMPO, ELA FEZ O CAFÉ PARA O MARIDO.
E OS ANOS VÃO PASSANDO, RAPIDINHO FORAM TRÊS. MAS ALGO ABORRECIA O MOÇO, E EU VOU CONTAR PARA VOCÊS O AMOR DELES NÃO ACABAVA, MAS BRIGAVAM UMA VEZ POR MÊS.
ELE FALOU MAL DA ESPOSA. COMEÇOU A RESMUNGAR: -TUDO MISTERIOSO, CHEIO DE HISTÓRIA, POR QUE CASEI COM GENTE DO MAR? E DESCUMPRIU SUA PROMESSA DE NUNCA AO MAR ARRENEGAR.
QUANDO A LUA FICAVA CHEIA, ELE SEMPRE TENTAVA AJUDAR. MAS NADA CONSOLAVA ELA. SÓ FAZIA DAR DÓ E CHORAR. FICAVA NA JANELA, NÃO DORMIA. ELA TINHA SAUDADE DO MAR.
QUANDO ELE DISSE ESSAS PALAVRAS, UM GEMIDO COMPRIDO SE OUVIU. A DOR CHEGOU NA MÃE D’ÁGUA. FICOU PÁLIDA COMO NUNCA SE VIU. AS ÁGUAS DO MAR AVANÇARAM E CORRENDO O PESCADOR SAIU.
FOI QUANDO ELE APERREADO, COMEÇOU ENTÃO A VADIAR. FESTAVA TODA NOITE NA RUA. SÓ VOLTAVA PELO SOL RAIAR. BEBIA TODAS, PARECIA SOLTEIRO. E A MÃE D’ÁGUA SEMPRE A ESPERAR.
DO ALTO DO MONTE, PERTO DALI, ELE AVISTOU A LAGOA QUE SE FORMOU. NEM CASA, NEM CERCADO OU BARCO. NADA MAIS A ÁGUA DEIXOU. NUNCA MAIS SE VIU A MÃE D’ÁGUA, E NUNCA MAIS ELE SE QUEIXOU.
MEMORIAL DESCRITIVO PROJETOS GRÁFICOS EDITORIAIS 1 Tipo de impresso Livro Pop-up
2 Tema do projeto Conto popular brasileiro
3 Título do impresso O Marido da Mãe D’Água
4 Características da Editora
9.2 Fontes utilizadas: título e texto Hurry up Luberjack corpo 13pt, entrelinha 15,5
9.3 Padrão cromático: título e texto Preto
9.4 Imagem Ilustração Vetorial
10 Impressão Capa Silk-screen
Editora de livros de Arte e Design
10.1 Formato
Livro infantil com estética regional
10.2 Suportes utilizados:
5 Conceito editorial do impresso 7 Tiragem (estimada) 2000 exemplares
8 Público-Alvo Infanto -juvenil
8.1 Perfil demográfico 6 a 9 anos, ambos os sexos
9 Padronização gráfica: 9.1 Grid: descrição e ilustração Modular
Aberto: 450x205mm; Fechado:210x205mm. Tecido e papel Roller 2mm
10.3 Número de cores 1x0 (x) Escala Europa preto
10.4 Processo de impressão indicado Silk- screen
10.5 Acabamentos gráficos utilizados Encadernação em capa dura e montagem manual.
11 Impressão Miolo 11.1 Formato
Aberto: 400x200mm; Fechado:200x200mm
11.2 Suporte,utilizado: papel/ gramatura Collor Plus 180g/m2, Paris
11.3 Número de lâminas/ páginas 18 páginas
11.4 Número de cores/ escala utilizada para impressão 1x0 (x) Escala Europa preto
11.5 Processo(s) de impressão indicado(s) Off-set
11.6 Acabamento(s) gráfico(s) utilizado(s) Refile, faca especial e montagem manual
12 Pré-Impressão 12.1 Software utilizado para editoração Adobe Indesign 2015
12.2 Software utilizado para manipulação de imagens e criação de ilustrações Adobe Illustrator 2015
12.3 Resolução impressa a ser utilizada: 300dpi
COncLusão
CONCLUSÃO Apesar de toda a correria eu me diverti muito com o projeto. E aprendi com o tema escolhido. Os livros Pop-up são um universo que se abre em mil possibilidades, literalmente, e minha curiosidade por seu funcionamento foi o combustível necessário para essa experiência. Poder juntar minhas ilustrações a um cenário de papel e dar vida a um conto popular, foi muito gratificante e recompensador por todo trabalho e dedicação. Espero que todos que tenham acesso ao livro sintam-se apaixonados, assim como o pescador ficou ao ver a Mãe D’Água, pois nossa Cultura é verdadeiramente fasciante.
REFERÊNCIAS ABREU, Marcia – Histórias de cordéis e folhetos. Campinas, SP :Mercado de Letras, 1999. 154p. (Coleção Histórias de Leitura) AZEVEDO, Ricardo. Disponível em <http://www.ricardoazevedo.com.br/wp/wpcontent/ uploads/Livrospara-criancas-e-literatura-infantil.pdf> Acesso em 24/mar/2016 CASCUDO, Luís da Câmara – Contos Tradicionais do Brasil. 13.ed. São Paulo: Global, 2004. 320p. ______. – Dicionário do Folclore Brasileiro. 10.ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999. 930p. COELHO, Nelly Novaes – Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 7.ed. revista e atualizada. São Paulo: Moderna, 2000. 288p. FERNANDES, Claudio. Disponível em <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/folclore/folclore-brasileirona-obra- camaracascudo.htm> Acesso em 26/abr/2016 FINCH, Keith – Paper Engineering for Designers: Pop-up skills and techniques. Londres: Thames & Hudson,2013. 24p. GUIA DO ESTUDANTE. Disponível em <http://guiadoestudante.abril.com.br/aventurashistoria/ comosurgiu-literatura-cordel-683552.shtml> Acesso em 8/mar/2016 O que é um livro pop-up. Estado de S Paulo, São Paulo, 28 ago. 2010. Estadinho, Disponível em http://blogs. estadao.com.br/estadinho/2010/08/28/o-que-e-um-livro- popup/ Acesso em 29/mar/2016 STRIZVER, Ilene. Disponível em <http://www.fonts.com/content/learning/fyti/situationaltypography/ typography-for- children> Acesso em 29/mar/2016 TAVARES, Clotilde – A botija. São Paulo, SP :Editora 34, 2006. 192p. (Coleção Infanto- Juvenil)
WICKINGS, Ruth – Pop-up: tudo que você precisa para fazer seu próprio livro pop-up. São Paulo: Girassol, 2012. 14p. LISTA DE IMAGENS 1. desenho de Martha Schidrowitz ........................................................................................................................................ 24 disponível em: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-732516566-martha-schidrowitz- gravura-assinada-titulo-a-lenda-daiara-_JM acesso em 09/mai/2016
2. foto de Câmara Cascudo ...................................................................................................................................................... 25 disponível em: http://www.elfikurten.com.br/2012/04/camara-cascudo-uma-conversa- sobre.html acesso em 09/mai/2016
3. criança com livro ................................................................................................................................................................... 26 disponível em: https://www.flickr.com/photos/manoelsantosjr/21684956553/ acesso em 09/mai/2016
4. a princesa e o sapo ................................................................................................................................................................ 28 disponível em: http://www.scottgustafson.com/frogprince acesso em 09/ mai/2016
5. chapeuzinho vermelho ........................................................................................................................................................ 28 disponível em: http://tickets.bellemeadeplantation.com/shop/fairytalesfeb10/ acesso em 09/mai/2016 6. os três porquinhos ................................................................................................................................................................ 28 disponível em: http://www.scottgustafson.com/three-pigs-dancing acesso em 09/ mai/2016
7. cordel ......................................................................................................................................................................................... 29 disponível em:https://www.flickr.com/photos/lurnelfilho/5914790943/ acesso em 09/mai/2016
8. matriz de xilogravura ........................................................................................................................................................... 31 disponível em:https://www.flickr.com/photos/talhandoemsilencio/5635994505/ acesso em 09/mai/2016
9. xilogravura impressa ........................................................................................................................................................... 32 disponível em:https://www.flickr.com/photos/talhandoemsilencio/5565253275/ acesso em 09/mai/2016
10. livro astronomia................................................................................................................................................................... 39 disponível em: https://www.flickr.com/photos/odisea2008/10871167433/in/photostream/ acesso em 12/mai/2016
11. mecanismo volvette............................................................................................................................................................. 39 disponível em: https://pennrare.wordpress.com/2012/11/09/example-of-a-volvelle/ acesso em 12/mai/2016
12. livro anatomia de 1661 ......................................................................................................................................................... 40 disponível em: https://archive.org/stream/ldpd_11497246_000#page/n79/mode/1up acesso em 12/mai/2016
13. livro anatomia com abas abertas.................................................................................................................................... 40 disponível em: https://archive.org/stream/ldpd_11497246_000#page/n87/mode/1up acesso em 12/mai/2016
14. daily Express Children’s ..................................................................................................................................................... 40 disponível em: http://auction.catawiki.com/kavels/98435-pop-up-s-louis-giroud-ed-daily-express- children-s-annual-no-2-ca-1930 acesso em 12/mai/2016
15. daily Express Children’s aberto........................................................................................................................................ 40 disponivel em: http://auction.catawiki.com/kavels/98435-pop-up-s-louis-giroud-ed-daily-express- children-s-annual-no-2-ca-1930 acesso em 12/mai/2016
16. dobra montanha .................................................................................................................................................................... 41 o autor (2016)
17. dobra vale ................................................................................................................................................................................ 41 o autor (2016)
18. estante livros Cultura Shopping Market Place........................................................................................................... 42 o autor (2016)
19. livros na Livraria da Vila no Shopping JK Iguatem ................................................................................................... 42 o autor (2016)
20. Saraiva do Shopping Morumbi........................................................................................................................................ 42 o autor (2016)
21. Saraiva SP Market ............................................................................................................................................................... 43 o autor (2016)
22. venda online no site da livraria Cultura ....................................................................................................................... 43 o autor (2016)
23. site da Saraiva ...................................................................................................................................................................... 43 o autor (2016)
24. lombada do livro “A fazenda”........................................................................................................................................... 44 o autor (2016)
25. cenário interativo no fim do livro .................................................................................................................................. 44 o autor (2016)
26. lombada do livro “Disney Princesas” ............................................................................................................................ 45 o autor (2016)
27. livro aberto, Pequena Sereia ............................................................................................................................................ 45 o autor (2016)
28. lombada do livro “Na floresta do bicho-preguiça” .................................................................................................... 46 o autor (2016)
29. páginas abertas, recurso de janelas .............................................................................................................................. 46 o autor (2016)
30. detalhe da Lombada e número de páginas ...................................................................................................................47 o autor (2016)
31. exemplo de livro Pop-up .....................................................................................................................................................47 o autor (2016)
32. interação de um pequeno leitor .......................................................................................................................................47 o autor (2016)
33. dobra paralela....................................................................................................................................................................... 48 o autor (2016)
34. dobra V.................................................................................................................................................................................... 48 o autor (2016)
35. dobra V (outro ângulo) ....................................................................................................................................................... 48 o autor (2016)
36. dobra com suporte central ............................................................................................................................................... 49 o autor (2016)
37. dobra caixa ............................................................................................................................................................................ 49 o autor (2016)
38. dobra com braço móvel ..................................................................................................................................................... 49 o autor (2016)
39. dobra cilindro ....................................................................................................................................................................... 49 o autor (2016)
40. materiais................................................................................................................................................................................50 o autor (2016)
41. exemplos de tipografia para livro infantil.................................................................................................................... 56 o autor (2016)
42. testes para o título do livro ...............................................................................................................................................57 o autor (2016)
43. capa do livro finalizada ......................................................................................................................................................57 o autor (2016)
44. familia de fontes .................................................................................................................................................................. 58 o autor (2016)
45. painel para cenário ............................................................................................................................................................. 59 A: <https://www.flickr.com/photos/flores__paisagens/14232079994/> Acesso em 09/mai/2016 B: <http://www.feriasbrasil.com.br/sp/ilhabela/praiadafome.cfm> Acesso em 09/mai/2016 C: <https://www.flickr.com/photos/110404049@N08/24083670196/> Acesso em 09/mai/2016
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46. painel para pescador .......................................................................................................................................................... 60 A: <https://www.flickr.com/photos/igorsilvestre/4381528155/> Acesso em 09/mai/2016 B: <https://www.flickr.com/photos/belzinha/7173350514/> Acesso em 09/mai/2016 C: <https://www.flickr.com/photos/neloqua/2154842362/in/photostream/> Acesso em 09/mai/2016 D: <http://www.olharturistico.com.br/os-caicaras-de-toque-toque/> Acesso em 09/mai/2016
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47. painel para Mãe D’Água ...................................................................................................................................................... 61 A: <https://www.flickr.com/photos/miguelsoll/4450208364/> Acesso em 09/mai/2016 B: <https://www.flickr.com/photos/annatheodora/14159513794/> Acesso em 09/mai/2016 C: <https://www.flickr.com/photos/lifeunderyoursea/8614308287/> Acesso em 09/mai/2016 D: <https://www.flickr.com/photos/maliciousfairy/4832029942/> Acesso em 09/mai/2016 E: <http://www.123rf.com/photo_5149672_blonde-mermaid-sitting-on-the-rockybeach. html> Acesso em 09/mai/2016 F: <https://www.flickr.com/photos/126674581@N06/15113724292/> Acesso em 09/mai/2016 G: <https://www.flickr.com/photos/lavandadiffida/9650654037/> Acesso em 09/mai/2016 H: <https://www.flickr.com/photos/34421039@N02/15196044909/> Acesso em 09/mai/2016 I: <https://www.flickr.com/photos/proft/6087535822/> Acesso em 09/mai/2016
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48.ilustração de Jô Oliveira .................................................................................................................................................... 62 disponivel em: http://www.obrasildejooliveira.com.br/arte acesso em 09/mai/2016
49.ilustração de Jô Oliveira .................................................................................................................................................... 62 disponivel em: http://www.obrasildejooliveira.com.br/arte acesso em 09/mai/2016
50.ilustração de Jô Oliveira .................................................................................................................................................... 62 disponivel em: http://www.obrasildejooliveira.com.br/arte acesso em 09/mai/2016
51. ilustração de Luciano Tasso ............................................................................................................................................. 63 disponivel em: http://lucianotasso.blogspot.com.br acesso em 09/mai/2016
52. ilustração de Luciano Tasso............................................................................................................................................. 63 disponivel em: http://lucianotasso.blogspot.com.br acesso em 09/mai/2016
53. ilustração de Luciano Tasso............................................................................................................................................. 63 disponivel em: http://lucianotasso.blogspot.com.br acesso em 09/mai/2016
54. ilustrações de Ricardo Azevedo ...................................................................................................................................... 64 disponivel em: http://ricardoazevedo.com.br/ilustracoes acesso em 09/mai/2016
55. ilustrações de Ricardo Azevedo...................................................................................................................................... 64 disponivel em: http://ricardoazevedo.com.br/ilustracoes acesso em 09/mai/2016
56. ilustrações de Ricardo Azevedo ...................................................................................................................................... 64 disponivel em: http://ricardoazevedo.com.br/ilustracoes acesso em 09/mai/2016
57. espelho do livro .................................................................................................................................................................... 65 o autor (2016)
58. desenvolvimento ................................................................................................................................................................ 65 o autor (2016)
59. livro em branco.................................................................................................................................................................... 66 o autor (2016)
60. uso da Wacom Cintiq ..........................................................................................................................................................67 o autor (2016)
61. exemplo de página com sangria, grid, e marcações para colagem dos mecanismos Pop-up .......................67 o autor (2016)
62. primeira imagem das personagens................................................................................................................................ 68 o autor (2016)
63. brushes ................................................................................................................................................................................... 68 disponível em: http://blog.spoongraphics.co.uk/freebies/25-free-linocutwoodcut-brushes-for-adobe-illustrator acesso em 05/set/2016
64. olhos da Mãe D’Água.......................................................................................................................................................... 69 o autor (2016)
65. pés do pescador ................................................................................................................................................................... 69 o autor (2016)
66. primeiros estudos para posições e cenário ................................................................................................................. 69 o autor (2016)
67. lista de expressões das personagens ............................................................................................................................ 69 o autor (2016)
68. rascunho das personagens de perfil.............................................................................................................................. 70 o autor (2016)
69. casamento.............................................................................................................................................................................. 71 o autor (2016)
70. poses do pescador ............................................................................................................................................................... 72 o autor (2016)
71. poses da Mãe D’Água ...........................................................................................................................................................73 o autor (2016)
72. corte das personagens para montagem ........................................................................................................................74 o autor (2016)
73. exemplo de faca ....................................................................................................................................................................74 o autor (2016)
74. o livro ....................................................................................................................................................................................... 81 o autor (2016)
75. página 1................................................................................................................................................................................... 82 o autor (2016)
76. página 2 .................................................................................................................................................................................. 82 o autor (2016)
77. página 3 .................................................................................................................................................................................. 82 o autor (2016)
78. página 4 .................................................................................................................................................................................. 82 o autor (2016)
79. página 5 .................................................................................................................................................................................. 83 o autor (2016)
80. página 6.................................................................................................................................................................................. 83 o autor (2016)
81. página 7 ................................................................................................................................................................................... 83 o autor (2016)
82. página 8.................................................................................................................................................................................. 83 o autor (2016)
83. capa e livro aberto ................................................................................................................................................ 84 o autor (2016)
83. capa lombada e contracapa ................................................................................................................................85 o autor (2016)
ANEXO A O MARIDO DA MÃE-D’ÁGUA Era uma vez um moço pescador muito destemido e bom que lutava com as maiores dificuldades para viver. Ultimamente o vento mudara e quase não havia peixe. Passava horas na praia, com a pindaíba na mão e os peixes fugiam como o diabo da cruz. O rapaz estava mesmo desanimado e dormia com fome mais das vezes. Numa noite de luar estava ele querendo pescar e o peixe escapulindo depois de comer a isca. A noite foi avançando, avançando, o luar ficando alvo como prata e caindo mesmo a friagem. O rapaz não queria voltar para sua casinha sem levar nem que fosse um peixinho para matar a fome. Já ia ficando desanimado quando começou a ouvir umas vozes cantando tão bonito que era de encantar. As vozes foram chegando para mais perto, mais perto, e o rapaz principiou a olhar em redor para ver quem estava cantando daquele jeito. Numa ponta de pedra apareceu uma moça bonita como um anjo do céu, cabelo louro, olhos azuis e branca como uma estrangeira. Ficou com o corpo meio fora d’água cantando, cantando, os cabelos espalhados como ouro. O pescador ficou todo arrepiado mas criou coragem e disse: -Que desejais de um cristão, alma penada? A moça respondeu: -Não sou alma penada, cristão! Sou a Mãe-D’Água! Nunca uma pessoa me perguntou alguma cousa e sempre eu dei, e jamais me ofereceram auxílio. Tens coragem? -Tenho, declarou o rapaz. -Queres pegar peixe? -Quero! -Pois sacode o anzol onde eu estou. Deves vir todas as noites até o quarto minguante e só pescar de meia-noite até o quebrar da barra. Abanou a mão e mergulhou sumindo-se. O rapaz fez o que ela tinha aconselhado e pegou tanto peixe que
amanheceu o dia e não pudera carregar tudo pra casa. Nunca mais viu a Mãe-d’Água mas, no tempo da lua, vinha pescar e foi ficando mais aliviado da pobreza. Os meses iam passando e ele ficando com saudade daquela formosura. Uma noite de luar, estando na pesca, ouviu o canto da Mãe-d’Água e, largando tudo, correu na confrontação da cantiga. Quando a Mãe-d’Água botou as mãos em cima da pedra o rapaz chegou junto e, assim que ela se calou, o pescador agradeceu o benefício recebido e perguntou como pagaria tanta bondade. -Quer casar comigo? - disse a Mãe-d’Água. O rapaz nem titubeou: -Quero muito! A Mãe-d’Água deu uma risada e continuou: -Então vamos casar. Na noite de quinta pra sexta-feira, na outra lua, venha me buscar. Traga roupa pra mim. Só traga roupa de cor branca, azul ou verde. Veja que não venha alfinete, agulha ou cousa alguma que seja de ferro. Só tenho uma condição para fazer. Nunca arrenegue de mim nem dos entes que vivem no mar. Promete? O rapaz, que estava enamorado por demais, prometeu tudo e deixou a Mãed’Água, que desapareceu nas ondas e cantou até sumir-se. Na noite citada o pescador compareceu ao lugar, trazendo roupa branca, sem alfinete, agulha ou cousa que fosse ferro. Antes de o galo cantar, a Mãe-d’Água saiu do mar. O rapaz estava com um lençol bem grande, todo aberto. A Mãe-d’Água era uma moça tão bonita que os olhos do rapaz ficaram encandiados. Enrolou-a no lençol e foi pra casa com ela. Vieram como Deus com os Santos. A casa ficou uma beleza de arrumada, com um- tudo, roupa, mobília, dinheiro. Comida, água, nada faltava. O rapaz ficou rico da noite para o dia. O povo vivia assombrado com aquela felicidade que parecia milagre. Passou-se um ano, dois anos, três anos. O rapaz gostava muito da Mãe-d’Água, mas de umas cousas ia se aborrecendo. A moça não tinha falta, mas, na noite de quinta pra sexta-feira, sendo luar, ficava até o quebrar da barra na janela, olhando o mar. Às vezes cantava baixinho que fazia saudade até as pedras e aos bichos do mato. Às vezes chorava devagarinho. O rapaz tratava de consolar a mulher, mas, com o correr dos tempos, acabou ficando enjoado daquela penitência
e principiou a discutir com ela. -Deixe essa janela, mulher! Venha dormir! Deixe de fazer assombração! A Mãe-d’Água nem respondia, chorando, cantando ou suspirando na sina que Deus lhe dera. Todo mês sucedia o mesmo. O rapaz ia ficando de mal a pior. -Venha logo dormir, mulher presepeira! Que quisila idiota é essa? Largue essa mania de cantiga e choro virada para o mar! Você é gente ou é peixe? E como o melhor já possuía em casa, deu para procurar vadiação do lado de fora, chegando tarde. A Mãed’Água recebia-o bem, não se queixando de nada e tudo ia correndo com satisfação e agrado da parte dela. Numa noite o rapaz foi a um baile e ficou a noite inteira dançando, animado como se fosse solteiro. Nem se lembrava da beleza que esperava por ele em casa. Só voltou de manhã e foi logo gritando pelo café, leite, bolos e mais coisas para comer. A Mãe-d’Água, com paciência, começou fazendo mais que depressa o que ele dissera, mas não vinha na rapidez do corisco. O mal-agradecido, sentando-se numa cadeira, de cara franzida, não tendo o que dizer, começou a resmungar. -Benfeito! Quem me mandou casar com mulher do mar em vez de gente da terra? Benfeito. É tudo misterioso, cheio de histórias. Coisa do mar... hi... eu te arrenego! Logo que disse essas palavras, a Mãe-d’Água deu um gemido comprido e ficou da cor da cal da parede. Levantou as mãos e as águas do mar avançaram como um castigo, numa onda grande, coberta de espuma, roncando como um bicho feroz. O rapaz, morrendo de medo, deu uma carreira de veado; subindo um monte perto da casa. Lá de cima se virou para ver. Casa, varanda, cercado, animais, tudo desaparecera. No lugar estava uma lagoa muito calma, pegada a um braço de mar. Ao longe ouviu uma cantiga triste, triste como quem está se despedindo do mundo. Nunca mais se viu a Mãe-d’Água.
ANEXO B DEFINIÇÃO DE MÃE-D’ÁGUA NO DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO MÃE-D’ÁGUA : Em todo Brasil conhece-se por mãe-d’água a seria europeia, alva, loura, meia peixe, cantando para atrair o enamorado que morre afogado querendo acompanhála para bodas no fundo das águas. O mito é morfologicamente europeu, do ciclo atlântico, posterior à poesia de Homero, para quem as serias eram aves e não peixes cantando. As nereidas tinham pés (Hesíodo). As ninfas que mataram Hilas, companheiro de Hércules (Teócrito, XIII), não cantavam, embora residissem numa fonte. Há espalhadamente, a sereia meia mulher e tendo o apêndice caudal dos peixes, por todos os mares e rios da Europa, desde as russalcas eslavas às nixes fluviais do Reno. Mas as russalcas não cantavam. Seduzem o namorado, levam-no para o fundo das águas, onde têm palácios, e aí o matam a cócegas. A Loreley do Reno canta, mas o namorado morre, porque o barco arrebentará nas pedras, na fórmula clássica das sereias homéricas. As russalcas tiveram culto popular, ofertas de roupas e fios presos às árvores. Na África sudanesa há Iemanjá, deusa marinha sem personalização mas tendo o fetiche da água-marinha, e entre os bantos angoleses
vivem duas watergenius, Kianda em Loanda e Kiximbi em Mbaka (Heli Chatelain, Folk-Tales of Angola, 284). Recebem ofertas de alimentos. Qualquer personalização desses orixás será na forma europeia da sereia, sem cantar, apenas no nome. No Brasil dos séc. XVI e XVII não havia a mãe-d’água atual. O indígena, pela sua concepção teogônica, não podia admitir a sedução sexual nas cis, as mães, origem de tudo. Não tinham forma e a função era a defesa do elemento que tinham criado, mãe da fruta, mãe do fogo, mãe da coceira, etc. Ver Ci. O mito das águas compreendia a outra expressão misteriosa, não defensiva ou protetora, mas sempre contraria e assassina: a cobra-d’água, cobra-grande, mboiaçu, a cobra-preta, boiúna. Ver Cobra, Boiúna. O documentário indígena no Brasil só registra em duzentos anos a história inicial, o homem-d’água, Ipupiara (ver Ipupiara), faminto, esfomeado, bruto, matando para devorar, e a Mboiaçu, a Cobra-Grande, num vago vestígio cosmogônico, mas diferentíssima da mãe-d’água contemporânea. A Forma da mãe-d’água, inicialmente é ofídica. Na primeira metade do séc. XVII, o Padre Francisco de Figueroa, missionário dos indígenas maínas do Alto Maranhão. Rodolfo Schuller (“O Ynerre”etc., Arquivo da Biblioteca Nacional, XXX) informa que o Inere, o deus local, “tenía por mujer a
un culebrón grande de los que nobran Madre del Água”. Ainda em 1819 Von Martius escrevia que a mãe-d’água, paranamaía, mãe do rio, era serpente esverdeada ou parda (Viagem pelo Brasil, III, 135). Henry Walter Bates, escrevendo em 1850, no Amazonas, denunciava o boto como se transformado em mulher, de cabeleira solta atraindo os rapazes para afogá-los em Ega (O Naturalista no Rio Amazonas, 2o, 251, trad. C. Melo Leitão, Brasiliana, S.Paulo, 1944), mas não é a mãe-d’água. A notícia é outra: “Os naturais da Amazônia acreditam todos na existência de monstruosa serpente aquática, de muitas vintenas de braças de comprimento, que aparece em diversas partes do rio. Chamamlhe de mãe-d’água” (idem 112). Uma informação contemporânea de Abguar Bastos (Safra, 194, José Olympio, Rio de Janeiro, 1937) endossa o tradicional: “O moço pergunta pela mãed’água, -Mãe-d’água é uma cobra, sim senhor, -Não vira mulher? -Que eu saiba, não senhor”. Nenhum cronista do Brasil colonial registra a mãe-d’água como sereia, atraindo pelo canto ou simplesmente transformada em mulher. É sempre o Ipupíara feroz, faminto e bruto. Ver Boto. Não conheço no documentário brasileiro mãe-d’água cantando, moça bonita de cabelos louro e olho azul, senão na segunda metade do séc. XIX, e mais intensamente depois da reação romântica que se iniciou pelo indigeaníalismo
transfigurador de Gonçalves Dias. Além dos Ipupiaras, machos e fêmeas registrados em Anchieta Gabriel Soaresd e Souza, Gândavo, Vicente do Salvador, Barleu, Fernão Cardim, etc., havia a Cobra- Grande, a Boiúna, sem função sexual provada, vaga entidade poderosa, que pode enviar a noitedentro de um caroço de tucumã (Astrocaryum tucuma, Mart.). Ver Sereia (Luís da Câmara Cascudo, Geografia dos Mitos Brasileiros, Ipupiaras, Botos e Mães-d’Água”, 167-190, ed. José Olympio, Rio de Janeiro,1947, idem, Anuário de la Sociedad Folk-Lórica de Mézico, vol. V, “Los Mitos de las Águas del Brasil”, 11-34, México, 1945). Ver Avó-D’Água, Ipupiara, Sereia.