Aiu-tuia - tênis de skate - Tokyo 2020

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Matheus Donato Vieira

Aiu-tuia. TĂŞnis de skate - Tokyo 2020.

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SĂŁo Paulo 2019


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Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Vieira, Matheus Donato Aiu-tuia. Tênis de skate- Tokyo 2020 / Matheus Donato Vieira - São Paulo (SP), 2019. 110 f.: il. Orientador(a): Myrna de Arruda Nascimento, Adriano de Lucca, José Luis de Andrade Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design Gráfico) Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. Tênis, cultura do skate, design, série comemorativa, Olimpíadas Tóquio 2020 I. Nascimento, Myrna de Arruda (Orient.) II. Lucca, Adriano de (Orient.) III. Andrade, José Luis de (Orient.) IV. Título


Matheus Donato Vieira

Aiu-tuia. Tênis de skate - Tokyo 2020.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Centro Universitário Senac – Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design Gráfico, sob orientação da Profa. Dra. Myrna de Arruda Nascimento

São Paulo 2019

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Resumo

まとめ

Este trabalho apresenta uma proposta de desenho para um tênis especialmente utilizado na prática do skate, afirmando o interesse do autor pelo universo cultural, urbano e contemporâneo, que se relaciona e é promovido pela sua prática. Identifica suas características do objeto e os elementos de linguagem que o constituem (desenho, materiais, texturas, cores), com a finalidade de desenvolver uma proposta de tênis para a prática do skate, tendo em vista a inclusão desta cultura na Olimpíada em Tóquio, em 2020. O processo criativo em questão consuma-se em uma apresentação do conceito e ilustração do tênis, e envolve reflexões sobre funcionalidade, sustentabilidade, contemporaneidade, e a cultura urbana. 8

skate Palavras chave キーワード Tênis, cultura do skate, design, série comemorativa, Olimpíadas Tóquio 2020


Abstract This work presents a design proposal for a shoe especially used in skateboarding, confirming the interest of the author for its cultural, urban and contemporary universe, which is related and promoted by its practice. It identifies its characteristics and the language elements that represents it (drawing, materials, textures, colors), for the proposal of a skateboarding shoe, in view of the inclusion of the sport in the 2020 Summer Olympics, in Tokyo. The creative process in question consummates in a presentation of the concept and illustration of the shoes and involves reflections on functionality, sustainability, contemporaneity and urban culture.

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Key words Sports shoes, skate culture, design, commemorative series, Tokyo 2020 Olympics.

board


まとめ

Sumário

1 2 3 .

p. 14

Introdução

Eventus Mundiais Papel do design na comunicação

p. 29

A marca

10

4

Tanuki - AIUTUIA

p. 31

Cultura do Japão

5 .

p. 37

Samurai

6 . .

p. 43

Armadura

p. 45

Olimpíadas/ esportes radicais

7 .

p. 21

p. 51

Skate, cultura urbana e sustentabilidade

p. 53

O espaço urbano como lugar: apropriação e novos usos

p. 54

Tênis de skate Efemeridade do objeto

p. 61 p. 63


. . 8 . .

A imagem cultuada nas mídias Pro models

p. 64

p. 66 p. 71

Design de tênis e contemporaneidade

9 . .

Avanços tecnológicos para o desempenho do produto

p. 76

Novos materiais para produtos conscientes e sustentáveis

p. 78

O Projeto

p. 83

Referências e primeiros esboços Design da sola

p. 99

Considerações finais

p. 101

11

Lista de Imagens

p. 103

12

Referências bibliográficas

p. 106

13

Anexos

p. 107

10

p. 96

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Introdução

はじめに

14

Este trabalho estudou a cultura do tênis, especialmente o utilizado na prática do skate, afirmando o interesse do autor para o universo cultural da prática deste meio de expressão, que é constituído por atletas, praticantes e simpatizantes do mesmo, e pela performance e filosofia do skate que incorpora aspectos da cultura urbana contemporânea. Abordou-se o produto através da ênfase em suas características de desempenho e funcionalidade, e nos elementos de linguagem que o constituem (desenho, materiais,


texturas, cores), com a finalidade de desenvolver uma proposta de tênis que celebra a inclusão desta cultura nas Olimpíadas, a partir da próxima realizada em Tóquio, em 2020. Com a popularização do skate, a partir de 1972, o tênis utilizado pelos praticantes assumiu papel de“instrumento”que dá suporte à performance. Além disso, atualmente discute-se o comportamento urbano do skatista em relação ao meio em que ele se encontra, e para o qual é desenvolvida uma série de objetos que participam como equipamentos, peças de indumentária, acessórios, etc, porém não se discute a interdependência entre o consumismo e a preservação do próprio meio (natureza).

Não existem no Brasil estudos específicos sobre esse tema; não se encontram conteúdos técnicos publicados que discutem essa conexão entre skate X urbano X tênis X performance X sustentabilidade. Em uma época em que o tênis está no seu auge midiático, skateboarding ganhando novo status como“esporte”ao ser incluído na próxima edição das Olimpíadas (Tokyo-2020), pessoas passaram a comprar tenis em grande quantidade, para exibi-los como acessório ou para guardá-los como objeto de coleção, a exemplo do que ocorre com a“Cultura Sneaker”1. O produto se tornou um bem de

consumo caro e ao mesmo tempo descartável (obsolescência programada) graças aos apelos da mídia, e não há perspectivas ecológicas, voltadas a desenvolver a consciência ambiental de seus consumidores, agregadas ao discurso que comercializa o produto.

A partir destas questões, propõe-se, neste trabalho, o desenvolvimento de um 15 projeto ilustrativo de um modelo de tênis de skate original, concebido para atender às necessidades manifestas e encontradas durante a prática do skate, portanto, também fundamentado a partir das experiências pessoais do autor. Além disso, a proposta tem como inspiração a Olimpíada de Tóquio, e materiais e tecnologias relacionados à sustentabilidade. Tendo em vista a proposta citada, este trabalho tem como

Objetivo geral 一般的な目標 Compreender a função do calçado esportivo na sociedade contemporânea, tendo em vista projetar um tênis para prática de skate que atenda a todas as necessidades que o praticante exige. 1 NETFLIX — Estados Unidos da América: Netflix, 2017. Ep 2.Disponível em:< encurtador.com.br/jHN14 >. Acesso em: 3 mai.2019.


Objetivos específicos

skate

特定の目標 Apresentamos a intenção de desenvolver uma proposta de calçado não datado, sem gênero e viável (uso) para simpatizantes e praticantes de skate (a partir dos 10 anos);considerar aspectos de sustentabilidade (materiais, processos e distribuição) na confecção do produto; preservar o apelo mercadológico e o uso híbrido (cultura de rua e moda) do objeto; compreender o fenômeno cultural e mercadológico que a cultura do tênis proporciona (tênis como objeto de coleção);e, por fim, preservar as essências e características da cultura do skate no calçado.

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Adotou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, a pesquisa iconográfica em lojas físicas e virtuais, periódicos e sites (levantamentos de produtos, descrições e análises), e a pesquisa de campo associada a entrevistas (com praticantes simpatizantes). No desenvolvimento do trabalho, inicialmente foi realizado um levantamento de bibliografias na biblioteca da faculdade que poderiam ser utilizadas como fonte de pesquisa . Após leitura e análise do material encontrado, buscou-se referências em outras bibliotecas, para a complementação de dados. Com isso acessamos alguns livros sobre modelagem, processos de desenvolvimento de um calçado, ergonomia e até mesmo sobre o crescimento do mercado de calçados como suporte para as atividades esportivas dos atletas. Foram pesquisadas entrevistas com designers aposentados e atuantes no mercado, que relataram as dificuldades do ofício e forneceram dicas para o fabricante2 ser mais efi-

ciente e coerente no design deste produto. Também assisti a documentários3 sobre o processo criativo de calçados e sobre a relevância de se projetar um design especial para uma finalidade incomum. Com a intenção de projetar um calçado com características específicas para a prática de skate, buscou-se também referências em sites e blogs sobre a história do calçado no meio dos esportes e sua evolução ao longo da passagem de tempo4. 2 CHOKLAT, Aki. Footwear design. São Paulo: Editora SENAC, 2012. 3 MOTHERSBAUGH, Mark. Abstract: The Art of Design — Estados Unidos da América: Netflix, 2017. Ep 2. Disponível em:< encurtador.com.br/bkorX >. Acesso em: 3 mai.2019. 4 Inventado ao acaso no século 19, o tênis segue nos pés de uma legião de fãs. Redação Donna, Porto Alegreabr.2014. Disponível em:< encurtador.com.br/xFIJ4 >. Acesso em: 3 mai.2019.


Envolvido com a prática do skate desde garoto, o autor deste trabalho acompanhou a evolução dos calçados utilizados pelos skatistas iniciantes e os mais famosos como, Paul Rodriguez, Mark Gonzales, Stefan Janoski, Tiago Lemos, Ryan Sheckler, Dennis Busenitz e Cezar Gordo. Na cena do skate, esses atletas foram de extrema importância para a globalização e a massificação do esporte, como executores de manobras e pela postura perante a vida. Por admiração aos atletas, na adolescência comprava os calçados que eram vinculados a eles, imaginando que, de forma indireta, o uso do tênis profissional, associado à dedicação à prática do skate, tendo como exemplo os famosos, me levaria ao sucesso e a ser tão reconhecido quanto cada um deles.

Além disso, outro aspecto que motivou este TCC foi o fato da prática do skate conviver com a efemeridade, tema frequentemente tratado na contemporaneidade. O desgaste rápido exige a troca do tênis , pelo menos uma vez a cada mês. Na infância, quando trocava de calçado, o fato era o assunto do dia inteiro. Na adolescência, seguindo o ciclo da efemeridade na moda, a dinâmica da troca ficou maior, pois, havia até competições entre o grupo de amigos para avaliar quem tinha o melhor estilo, e a possibilidade de mudança ajudava a concorrer ao título. Apesar das brincadeiras, gostávamos de ser amigos e de andar de skate, o que nos permitia trocar informações sobre o produto que tínhamos usado, como uma forma de dar feedback do calçado.

Os interesses da infância e adolescência foram se acumulando até o momento 17 atual, e , somados a eles, incluímos reflexões sobre o fato do planeta em que habitamos estar sofrendo com a falta de conscientização do homem sobre a escassez de materiais e recursos naturais. Os problemas ambientais gerados pelo excesso de produtos de consumo constituem um fato que já é alarmante na nossa sociedade. Portanto, a vontade de desenhar um modelo de tênis somou-se a de incluir nos atributos do projeto questões sustentáveis, muito discutidas no curso de Design Gráfico nos últimos 4 anos Assim, para organizar o percurso deste Trabalho de Conclusão de Curso , iniciamos apresentando o evento olímpico no capítulo 1. Neste capítulo apresentamos a competição mundial que acontece a cada 4 anos, como sua imagem é trabalhada nos meios de divulgação e o papel do designer gráfico envolvido com o projeto da marca e dos produtos de comunicação vinculados à Olimpíada.

No capítulo 2 damos especial atenção à futura Olimpíada de Tóquio, que será realizada em 2020, sua marca e a cultura japonesa que inspirou a concepção do logo e da imagem do evento como um todo. Este capítulo tem um papel chave no trabalho: inserir o tema inovador“desenho de tênis para skate, celebrando o novo esporte olímpico”neste TCC, uma vez que ele justifica o produto desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso no campo do Design Gráfico.


O terceiro capítulo aborda a marca das Olimpíadas de Tóquio, sua origem, significado, autoria, proposta.

A introdução do skate como esporte radical nas futuras Olimpíadas é o tema do capítulo 4.

O capítulo 5 aborda o design de tênis e contemporaneidade. Retomamos as raízes do surgimento do calçado esportivo e como ele assumiu um papel importante no consumo , criando uma cultura própria , cuja imagem, cultuada , nas mídias, assegura a qualidade do produto graças ao discurso construídos pelas celebridades. Discutimos a efemeridade do objeto, e a prática do marketing em lançar produtos e coleções para aumentar o consumo do produto, como o Pro model, ou seja, a representatividade da experiência do atleta é incorporada em um objeto; o tênis se transforma em uma ferramenta para andar de skate.

poderia ser uma forma de ampliar o compromisso assumido como designer, não só projetando produtos eficientes, mas também considerando posturas e preocupações coerentes com o mundo em que vivemos.

No capítulo 7, apresentamos o produto deste TCC: a proposta de desenho e construção de imagem de um tênis para skate, desenvolvido para marcar a inclusão deste esporte como um esporte olímpico na Olimpíada de Tóquio, 2020. Este Trabalho de Conclusão de Curso é finalizado pelas considerações finais, lista de imagens, referências bibliográficas e anexos.

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No capítulo 6 comentamos como se dá o projeto de tênis para prática esportiva no mundo contemporâneo, procurando discutir em que medida os avanços tecnológicos para o desempenho do produto têm sido importantes, inclusive para inserir o esporte nas modalidades da próxima Olimpíada. Portanto, destacamos a relação entre Skate, cultura urbana e sustentabilidade, para sinalizar elementos, pretendemos considerar para propor um novo desenho de tênis para skate.. Observamos também neste capítulo como o espaço urbano é assumido como lugar pelo homem contemporâneo, e como isso impacta no universo do skate, gerando novas formas de apropriação e usos do meio urbano, não mais de forma transgressiva, mas, agora, de forma legitimada. Também entendemos que pensar novos materiais para desenvolver um produto consciente e sustentável


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Eventos Mundiais Papel do design na comunicação

世界の出来事 コミュニケーションにおけるデザインの役割

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Atualmente as Olimpíadas se tornaram um dos maiores e mais vistos eventos esportivos do mundo. Evento mundial que promove competições esportivas entre atletas de diversos esportes representando a bandeira, nacionalidade do seu país.

A cada quatro anos é realizado esse evento gigantesco, e, para isso, é escolhida uma cidade para ser a sede, onde os jogos serão realizados. Consequentemente um novo


design será requerido: para identifica o evento, para criar uma marca que possa ser compartilhada e apoiada por patrocinadores e entidades culturais e esportivas, para representar o universo de notícias, sinalizações e material de divulgação que o evento exige e comporta.

O design entra como forma comunicativa e que se comunique, segundo MAGER, Gabriela B. Ora, se considerarmos que uma característica fundamental da comunicação é que informações não são transmitidas, mas sim construídas em função da integração entre os participantes deste processo, podemos afirmar que o design, hoje, fundamenta seus projetos na percepção que irá causar nas pessoas, na interação com o usuário.

br/afnZ5 >. Acesso em: 3, mai.2019)

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Para promoverem os jogos Olímpicos, os designers desenvolveram também cartazes para a divulgação. Esses cartazes tinham elementos principais como: o ano em que foi ou seria realizado o evento esportivo, o local e a identidade própria e singular, desenvolvida para representar aquele edição da Olimpíada, os valores e ideias que dominavam o período do acontecimento, e as características culturais do país que sediava a competição.

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“A ( relação entre Semiótica e Design”. Disponível em:< encurtador.com.

Segundo TEIXEIRA (2013)5

Considerando fatores como: contexto cultural, abordagem do design gráfico nas olimpíadas, padrões visuais criados para comunicação das olimpíadas, tipografia, ícones, símbolos, pictogramas, aplicação cromática, instrumentação de análise visual, análise de similares, aspectos de produção, proporção e identificação sensorial.

5 Moedas comemorativas das Olímpiadas Rio 2016. Feb 27, 2013. Disponível em:< encurtador.com.br/moCY3 >. Acesso em: 3 mai.2019.


Abaixo alguns exemplos de cartazes e logotipos já produzidos para a divulgação dos jogos.

Figura 1 Um dos cartazes mais antigos datado em 1896. Monocromático representando uma sacerdotisa com folhas de louro em suas mãos num local parecido a um templo. Característico do movimento Arts and Crafts, o cartaz, neste caso, desempenha um papel fortemente marcado pela origem do evento Olímpico. Também sinaliza quando foi oficializado o primeiro jogo olímpico da era moderna sediado em Atenas, no berço onde nasceram as Olimpíadas. 23

Figura 2 Arte desenvolvida com características predominantemente do movimento Art nouveau, com a presença de movimento nas linhas da tipografia e do grafismo que cercam as bordas. Composto de várias cores, e utilizando tipografia orgânica, esse cartaz retrata a Olimpíada que foi realizada em 1904 nos Estados Unidos. Naquela ocasião o boxe fazia a sua estreia como novo esporte nas Olimpíadas.


Figura 3

Em 1936 aconteceu as Olimpíadas em Berlim, em uma Alemanha tomada pelo nazismo. Os ideais políticos, crenças religiosas e nacionalistas estão representados neste logo monocromático.

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Figura 4 Cerimónia de acendimento da Tocha Olímpica de 1936.


Figura 5

A imagem 4 representa um logotipo desenhado pelo artista cinético, e designer, Victor Vasarely, para os jogos olímpicos de verão em Munich.

Também o designer Otl Aischer, um dos pioneiros na produção de desenho de imagem empresarial do pós-guerra alemão, participou do projeto dos Jogos Olímpicos de 1972. Designer gráfico, tipógrafo, ecologista, escultor, docente, arquitecto e Produkt Gestalter (designer industrial) Aicher foi reconhecido como dos mais influentes designers da Alemanha , no século XX, sendo mundialmente conhecido pelo seu trabalho com os pictogramas olímpicos e para a Lufthansa.

Essa olimpíada foi um das mais significativas em termos de produção de design gráfico, até hoje. O desenvolvimento da identidade visual de forma geral constituiu-se em um trabalho magnífico. Foram produzidos diversos cartazes com cores vibrantes e alegres, com um grid totalmente reformulado, tipografia uniforme e pictogramas divertidos e uniformes, na tentativa de demonstrar que a Alemanha não era mais um cenário nazista.

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“ Segundo RATHGEB (2006, p.112), a abordagem de design para a Munique posicionou Aicher na vanguarda do design, uma vez que a marca e o amplo sistema de identidade visual para os jogos olímpicos cumprir um papel além de informar o evento e criar uma imagem positiva para Alemanha. O projeto resultou em uma plataforma para interação social entre culturas, ou seja, diante da necessidade de aproximação entre os povos no pós guerra, o sistema de signos visuais criado por Aicher ultrapassou as barreiras linguísticas e da escrita, posicionando-se como elementos universais de comunicação. 26

O logo se assemelha a uma espécie de caracol, composto de formas geométrica que estimulam a metamorfose e o dinamismo da imagem, como se ela estivesse em movimento através da geometria.

Se analisarmos objetivamente, cada acontecimento é singular, cada um tem sua particularidade, identidade. Respeitando a singularidade, é necessário desenvolver uma identidade visual para cada evento, portanto é notável a importância da criação da identidade singular para as Olimpíadas, como um dos maiores eventos mundiais, que celebra a origem dos jogos e a integração entre as nações a partir de competições.


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A Marca

ブランド

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Neste capítulo apresentamos a marca das Olimpíadas de 2020, criada pelo Asao Tokoro.

Sua representação iconográfica se baseia na disposição não aleatória de alguns quadrados e retângulos, formando um círculo completo ligados pelos vértices. O resultado visual estimula a sensação de metamorfose, e de movimento, apresentando-se similar ao processo do origami na dobradura


Figura 6 Logo das OlimpĂ­adas de 2020.

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Segundo jornal Folha De São Paulo6“Os , retângulos feitos individualmente no desenho representam diferenças nas culturas e nacionalidades e simboliza“unidade na diversidade”.” Miraitowa é o novo mascote desta edição das Olimpíadas. Inspirado nos animes e mangás japoneses, esse personagem possui características visuais muito similares às dos desenhos animados populares do japão. Principalmente a similaridade estética com os pokémons, provavelmente o desenho animado mais famoso até hoje. 6 Tóquio-2020 apresenta novo logotipo após acusações de plágio. Abr, 2016. Disponível em:< encurtador.com.br/ bruIJ >. Acesso em: 3 mai.2019.

O mascote tem a mesma paleta cromática do logo. Sua personalidade deriva de um provérbio japonês que significa“aprenda bem as coisas antigas e adquira, a partir delas, novos conhecimentos”.Esse provérbio transmite a adaptação, a mudanças necessárias a partir do velhos conhecimento, para serem usados no mundo contemporâneo. Segundo a matéria do jornal Globo Esportes7, de 2018,“O mascote dos Jogos Olímpicos foi chamado de Miraitowa, que na escrita japonesa é a junção das palavras 未来 (futuro) e 永遠 (eternidade).”, foi escolhido através de votação em diversas escolas do Japão.

Tanuki - AIUTUIA Incluímos neste TCC também uma marca autoral, que tem como finalidade representar o modelo de tênis, desenvolvido para comemorar a entrada do skate nas Olimpíadas. A proposta surgiu como necessidade de batizarmos o produto com um nome 7 Miraitowa e Someity: Tóquio 2020 batiza mascotes da Olimpíada e Paralimpíada. Jul, 2018. Disponível em:< encurtador.com.br/lzFOZ >. Acesso em: 3 mai.2019.

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e, consequentemente, conferir a ela uma imagem, um logo que represente a sua essência e espiritualidade, levando em consideração o repertório oriental que mereça ser convocado , para essa criação.

Antes de conferir uma imagem a essa marca/logo , escolhemos um nome para o produto: AIUTUIA, criado a partir de uma pesquisa feita sobre o folclore japonês, através da qual buscamos identificar algumas referências básicas da cultura, ou mitos e símbolos que habitam o imaginário dos habitantes e suas histórias. Esta pesquisa nos levou até o Tanuki , uma espécie de Texugo japonês. (Figura 7)

Figura 7 32

Diagrama que resultou na pesquisa do Tanuki.

Skate Olimpíadas 2020 Japão Toquio Flaneur Samurais Histórias dos samurais

Mitos e lendas

Quadros retratando Samurais

Folclore Tanuki

Tanuki


Os japoneses tem milhares de histórias sobre esse animal que, em sua essência, é muito brincalhão, divertido, possui a habilidade de se transformar em objetos e é considerado um amante de saquê. Por essas características divertidas, pelo fato de ser“mutante”e dinâmico, ele foi escolhido como símbolo do tênis desenhado.

Figura 8

Ilustração das lenda do Tanuki durante o xogunato.

O nome foi escolhido com a proposta de ser um nome palíndromo, ou seja, um nome que se pudesse ler em qualquer sentido e direção. Para isso foram retiradas as vogais (A,U e I) da palavra, e manteve-se apenas uma consoante (T) da referência original, na palavra AIUTUIA. As letras selecionadas foram organizadas de forma agra- 33 dável. seguindo as características do logo das olimpíadas que é metamorfo, geométrico e refletivo.


Para desenvolvermos o logo optamos por usar como base o origami do Tanuki. (Figura 9)

Figura 9

Origami do Tanuki em todos os seus passos.

Apartir dessa ilustração começamos a desenvolver o logotipo para o tênis.

iutuia

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Cultura do Japão e lugar do evento, Tokyo.

日本文化 東京 のイベントと会場

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Segundo o neurocientista português António Damásio (2000) a imagem é“a principal moeda da nossa mente”,conectando nossos pensamentos e sentimentos. É correto, assim, afirmar que o ser humano se distingue de outros animais pela sua capacidade de criar imagens do mundo e, por conseguinte, as suas representações. Elas são geradas de diversas maneiras: por meio da arte


tanto visual quanto verbal ou sonora e faz uso, para a sua realização, de diversos meios ora tradicionais, ora tecnológicos ou ainda, por intermédio de imagens mentais como sonhos e memórias. (OKANO, Michiko. 2012, p.2) Sobre o uso da imagem que serve para resgatar memórias, observamos que os japoneses têm o hábito de colocar as fotografias dos ancestrais nas casas, próximas ao altar budista, evocando a presença dos antepassados mesmo quando já não estão ao lado deles. Além das imagens de pessoas, nas residências dos orientais, também outras imagens simbólicas estão sempre presentes nos ambientes em que vivem. Em São Paulo, no bairro da Liberdade, existem várias imagens urbanas japonesas, tais como:

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O portão Torii , um portal xintoísta que marca entrada em lugar considerado sagrado ou fronteiriço, ou também que faz a separação do sagrado e do profano.

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As Lanternas Chôchin: o design dessas lanternas foi baseado nas flores brancas do Jasmin, são miúdas, mas seu desenho tem pavimentos a com a heráldica mitsudomoe, um dos elementos de design mais tradicional e popular do Japão, transmitindo a o simbolismo de trazer proteção aos seus usuários.

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Esses elementos urbanos, com a adição de signos de manifestação no âmbito privado, fazem parte do projeto de orientalização do bairro da Liberdade, planejado pela Associação dos Lojistas da Liberdade e da Prefeitura de São Paulo em 1973.


Figura 10

O portão Torii

Figura 11

As Lanternas Chôchin

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Japão

Imagens em miniatura, técnicas para reduzir referências figurativas, etc. são típicas da cultura japonesa. A tendência de minimização, reconhece que a única característica preponderantemente nipônica é a da minimização que compreende as técnicas de redução, simplificação e compactação, presente em objetos fabricados pelos japoneses, como aparelhos eletrônicos, um grão de arroz , o jardim zen-budista ou produtos relacionados à culinária japonesa.

40 Produzir metáforas do mundo em miniaturas é uma maneira de criar um outro universo em que os homens possam viver e sonhar, ir além da realidade, por meio de condensação temporal de um espaço. [...] Essa inclinação, no que se refere ao que está em processo, em desenvolvimento, pode ser vista na preferência do povo japonês pelos botões em vez das flores abertas ou na aparição de meninos atores no teatro kabuki - o público costuma acompanhar a atuação do menino até ele se tornar um ator adulto. Assim, os japoneses almejam prolongar essa fase intermediária entre a infância e a maturidade, a época em que se faz a passagem entre um estado e outro. (Disponivel em: < encurtador.com.br/fquyA >. Acessado em 3, mai.2019)


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Samurai

武士

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Os samurai são também um símbolo muito presente na cultura oriental. Surgiram durante a Era Heian, 794 a 1185 d.C, quando o Japão vivia em uma era medieval, cuja sociedade era estamental e o poder político era dividido em feudos. Os samurais tinham o propósito inicial de cobrar impostos, organizar batalhas por disputas de território e servir ao imperador, Xogum, mantendo a ordem nas pequenas províncias.


Na mesma era, os Samurais provaram ser guerreiros disciplinados por seguirem a filosofia do Bushido, e, consequentemente, com este desempenho, ganharam mais respeito do imperador e do resto da sociedade.

A filosofia do Bushido servia como código de ética e moral para o Samurai e instruiu a conduta destes personagens , desenvolvendo conhecimentos e habilidades que os samurais deveriam aperfeiçoar para se tornarem grandes guerreiros. Esse código, transmitido oralmente de mestre para discípulo, abrange comportamentos, posturas e ideias perante situações de guerra, convívio familiar, cultura (conhecimentos das práticas artísticas da cultura japonesa, como escultura, pintura, poesia e Ikebana) e conhecimentos espirituais. Todo esse conhecimento era trabalhado para que os Samurais fossem guerreiros perfeitos, prontos para lutar a qualquer momento e triunfar.

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O Bushido utiliza algumas religiões para sustentar sua filosofia, como o Budismo, que traz a perspectiva sobre a reencarnação após a morte física,e, consequentemente, estimula a coragem nas batalhas e o desapego material. O Confucionismo traz a lealdade ao imperador, a forma de se relacionar com a sociedade e a importância do nome da família. Enquanto o Xintoísmo traz o respeito à terra, pelo feudo, estima pela essência, pelo espírito e pelos utensílios de um samurai. O código Samurai dita como o guerreiro deve viver e também como ele deve morrer. Sempre é importante para um guerreiro japonês manter a sua honra protegendo seu imperador e respeitando as tradições. Caso isso não ocorra, o Xogum pode ordenar que o Samurai passe pela cerimônia do Seppuku, que é o momento em que um Samurai é executado de forma honrosa como último ato de lealdade ao seu senhor, liberando seu espírito.

A família Tokugawa foi a última família do império Xogunato no Japão. Representou o ápice dos Xogunato, porém, foi também o seu fim. Quando o Japão conquistou a unificação dos feudos e a paz, muitos Samurais perderam seus cargos e migraram para outras áreas das artes, como escultura, caligrafia, Ikebana,ou se tornaram mestres de cerimônia do chá. Alguns migraram para outros feudos em busca de trabalho.

Dentro dos feudos, existiam diversos guerreiros com diversas técnicas de lutar marcadas pelo seu clã. Os clãs Samurais eram comuns em todos os feudos, e, para se provar um bom guerreiro para o imperador, o mestre de uma casa desafiava o mestre de outra casa famosa para um duelo muitas vezes mortal.


Após o Xogunato, o país sofreu grandes alterações comerciais, alimentícias, tecnológicas, porém a herança que ainda perdura nas famílias japonesas até hoje são as tradições do código Bushido. A individualidade e rebeldia, autonomia e coragem dos samurais , inspira também este TCC, portanto, gostaríamos de incorporar algumas características deste personagem da cultura japonesa no produto que será desenvolvido. Comentaremos a seguir alguns atributos e aspectos simbólicos e visuais

das representações do samurai, que serviram de informação e referência no desenho do tênis.

Armadura 鎧 As armaduras do estilo O-Yoroi “grande ( armadura”) predominaram entre os séculos 12 e 14. Além de proteger, elas precisavam ser belas e intimidar o inimigo. Destrinchamos as principais partes abaixo.

bushido

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Figura 12

Armadura O-Yoroi samurai


As armaduras se ajustam a partes do corpo: cabeça, tronco, ombros, pernas, e pés, conforme detalhamos a seguir.

Cabeça: o kabuto prote-

gia e era fashion – com crina de cavalo ou chifre imitando um búfalo no topo. Modelos mais sofisticados eram feitos de uma peça única de metal, e incluía a proteção da nuca, com escamas retráteis. Subdivide-se em proteção lateral e máscara:

Proteção lateral - Líderes de lãs usavam o fukigayeshi:“orelhas”de couro ornamentadas nas laterais da face – mas elas limitavam a visão.

Ombros:

Uma placa

Máscara- O mempo – pro-

teção no rosto – fixava o capacete ao pescoço e intimidava o inimigo com expressões demoníacas.

Tronco: a armadura não li-

mitava os movimentos do corpo; por fora, placas de metal pintadas (tosei gusoku) eram dispostas em escamas , localizadas no peito, no abdômen e nas costas; internamente, a armadura era formada por camadas de couro e de tecido – sedas estampadas. Ao tronco se amarravam as a armas, duas espadas colocadas na cintura, que compunham o arsenal do guerreiro.

metálica (sode) reforçava essa área. Ela funcionava como escudo e como aríete – para derrubar o inimigo no tranco. Camadas metálicas revestiam o capacete, peitoral, costas,“saia”, ombro e antebraço , todos compostos de placas laqueadas de diversos tamanhos. O propósito era aliar proteção, flexibilidade e baixo peso à armadura.

Pernas- Como o quadril

é fundamental nas técnicas de armas japonesas, a armadura reduz a proteção e aumenta a mobilidade nessa área. Na cintura, tiras de tecido ou de couro (Yurugi-ito) separam o tronco da saia. Alguns outros acessórios

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hido

compunham as armaduras ou eram utilizados junto com o conjunto:

- entre a pele e a armadura, os samurais vestiam uma calça de seda (hakama) ou um quimono de seda (hakamashita).

Roupas de baixo

Caneleira- três placas de metal

laqueadas e costuradas em couro (suneate) eram presas na panturrilha com tiras grossas de seda ou de couro.

- com solado de madeira ou de ossos, o calçado era coberto com pelos de urso no inverno.

Sandália

Wakizashi-

a principal arma do samurai não era a katana, mas a “espada companheira”, que ficava com o guerreiro até durante o sono. Dependendo do estilo do espadachim, a wakizashi podia ser usada em combate junto com a katana – uma em cada mão.

Katana-

arma exclusiva dos samurais a partir do período Edo (1603-1876), conhecida por aliar beleza, praticidade e durabilidade. Pesa 680 g, mede 67 cm, e sua empunhadura (tsuka) tem espaço

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bushid

A pesquisa sobre o samurai e seus“objetos”e“vestimenta”serviu para subsidiar o projeto do tênis, desenhado no capítulo 7, de referências e simbologias interessantes para serem traduzidas na imagem final do produto, e que estão comentadas no desenvolvimento do projeto (p. XXX)


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Olimpíadas/ Esportes radicais

オリンピック /エクストリームスポーツ

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Desde a origem das Olimpíadas, com o passar dos anos, diferentes esportes foram adicionados nas competições olímpicas; o boxe, por exemplo, entrou em 1904 , e em 2008 o BMX garantiu seu espaço. Agora em 2020 serão adicionados 5 novos esportes, caratê, escalada, surfe, beisebol e o skate.


Aos olhos do público em geral, a entrada do surfe, do skate e da escalada pode parecer simples e até mesmo natural, porém a história é outra. O surfista Fernando Aguerre, presidente da ISA (International Surf Association) lutou incansavelmente durante anos promovendo as competições de surfe já no formato olímpico, na esperança de que um dia esse esporte poderia fazer parte das olimpíadas. Não se esperava que o surfe fosse incluído já nos jogos de 2020, pois o COI (Comitê Olímpico Internacional) já havia negado a entrada para Tóquio. Mas a partir de uma solicitação do Japão ao COI para acolher o baseball e o caratê para 2020, o Comitê Olímpico Internacional não teve como negar a introdução de mais tres esporte, além dos dois já solicitados pelo país sede. A título de modernização dos jogos, então, segundo o jornal Diário do Nordeste,“Com isso o surfe representaria os esportes aquáticos, o skate entraria como modalidade urbana e a escalada, como esporte na natureza.”. (O Surfe nas Olimpíadas. Ago, 2018. Disponível em: < encurtador.com.br/psyM6 >. Acesso em: 3 mai.2019.)

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A exemplo da ISA de Fernando Aguerre, a ISF (International Skateboarding Federation) também lutou para que um dia o skate pudesse fazer parte dos jogos olímpicos. Durante onze anos a organização tratou com o Comitê Olímpico Internacional a participação do skate. Preocupada com a possibilidade do ingresso nas olimpíadas descaracterizar o estilo de vida e cultura urbana dos skatistas, A CBSk (Confederação Brasileira de Skate) participou ativamente deste processo representando os atletas internacionais. Ultimamente tanto no surfe quanto no skate, os brasileiro se destacam nas competições, com Gabriel Medina e Adriano de Souza no surfe e Pedro Barros, Carlos Ribeiro e Rayssa Leal no skate. Todos esses citados são campeões de competições nacionais e internacionais, como Street League Skateboarding, Vans Park Series, Skatepark of Tampa Pro e X-Game. A oportunidade de participação neste novo tipo de competição pode mudar o cenário nacional, conforme matéria publicada no site da CBSk8.

8 Confederação Brasileira de Skate anuncia seleção nacional para 2ª janela da corrida olímpica. Set, 2019. Disponível em:< encurtador.com.br/afil8 >. Acesso em: 3 mai.2019.


Skates, cultura urbana e sustentabilidade.

スケート 。

都市文化と持続可能性

O skate é uma cultura urbana, porém existe um mercado econômico ao redor dela; e a vida-útil programada de um objeto é algo inevitável e necessário para manter o consumo no eterno ciclo.

Atualmente vivemos na era das rápidas informações, da velocidade instantânea. De acordo com CHOKLAT ( data) , isso ocorre também na indústria calçadista e na moda. Lojas de varejo com o foco em roupas produzem suas coleções de acordo com as estações, e com o objetivo de aumentar as vendas e expandir as margens de lucro, desenvolvem calçados, tênis e sapatos para servirem como complemento do look. Essa estratégia de varejo é muito comum e apela para o lado impulsivo do consumidor.

Empresas que possuem poucos recursos de pesquisa e menores ainda para materiais, produzem produtos de menor qualidade. Segundo a ONU, Desenvolvimento Sustentável é“aquele que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades”.(BRIAN, 2008, p.20).

skt

A sustentabilidade pode ser uma ação estratégica para a preservação do ambiente, da cultura e da dignidade social das gerações. A partir dos pilares do Desenvolvimento Sustentável - o ambiental, o social e o econômico - e das discussões de ordem mundial sobre novos paradigmas de consumo e comportamento ressalta-se as mudanças culturais que precisam ocorrer a curto, médio e longo prazo para que se alcance a qualidade de vida almejada pela maioria da população do planeta que vive abaixo da linha da miséria. (CAVALCANTE, 2012).

O mercado atual supervaloriza o aspecto estético dos produtos, enquanto projetos a fim de transformar os paradigmas atuais de futilidade e super consumismo são ignorados ou desmerecidos. Essa deveria ser uma oportunidade para as

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empresas promover mais projetos que gerassem mais empregos, desenvolvimentos de pesquisas e qualidade de vida. O consumismo inconsciente atual é definitivamente um evento não ecológico, e nem sustentável, incentivado pelo ganho de capital, gerando efeitos prejudiciais para a sobrevivência do ser humano no planeta, e para o próprio planeta. Enquanto isso o público sofre com o consumo de projetos, com falta de criatividade e saturação de mesmice replicada. Neste ponto, ocorre a produção desnecessária, no qual diferentes marcas produzem a mesma coisa, na mesma quantidade, para o mesmo público. Com isso ocorre acúmulo de estoque nas empresas, o giro de capital, ou seja, prejuízo e desgaste de matéria prima desnecessária. Não apenas efeitos colaterais maléficos são ocasionados para o meio ambiente, mas a falta de sustentabilidade traz danos para os todos aqueles que entram em contato com o produto, indiretamente ou diretamente, tais como trabalhadores das fábricas na produção, transportadores, revendedores e outros.

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O espaço urbano como lugar: apropriação e novos usos

場所としての都市空間: 予算枠と新しい用途

Teóricos, arquitetos e urbanistas envolvidos com política pública e urbana, e outros profissionais envolvidos com as práticas e negócios que acontecem e utilizam os espaços públicos nas metrópoles contemporâneas, tem feito um apelo aos habitantes para que se integrem, ocupem e valorizem o convívio com as cidades. Procuram assim estimular os indivíduos a sair de suas casas, diminuindo assim o tempo em que ficam isolados e imersos em jogos e telas digitais, vivendo em um ambiente virtual, longe das pessoas e de experiências percebidas pelos outros sentidos (além da visão) humanos. Sair para tomar um ar na cidade permite que se escute sons, vozes, conversas, que se perceba perfumes de flores e de algumas frutas que nascem em árvores nas cal-


çadas e parques, e que às vezes podem ser até consumidas, e também possibilita a percepção da temperatura do sol, da chuva,e das sombras, na pele. O skatista vive na cidade. Depende da cidade. Respira cidade.

Enquanto explora os caminhos e relevos da metrópole com o veículo que é extensão dos seus pés, o adepto do skate apropria-se deste cenário de forma particular. No início dos anos 80 quando o esporte começou a conquistar as ruas, calçadas, ave-

nidas, praças e viadutos, escadarias e rampas, o convívio do skatista com a cidade se dava de forma“subversiva”.Associado a hábitos marginais e irresponsáveis, o skate era um objeto mal visto pela sociedade, e o praticante do skate recebia críticas, pois usava os equipamentos urbanos como pistas e desafios, tornando-se companhia indesejada na rotina da cidade. No entanto, com as novas estratégias de ocupação e uso dos espaços públicos em São Paulo, por exemplo, com as ruas fechadas para lazer, à abertura da Avenida Paulista aos domingos, a implantação das ciclovias, etc. o cenário para a prática do skate se transformou. E o que era censurado, virou um convite. Há em São Paulo, nos dias de hoje , 15 a 20 pistas de skate disponíveis para os fãs e praticantes do esporte, algumas construídas com profissionalismo e muito integradas ao relevo urbano. (FIGURA 13)

Figura 13 Pista do Parque Chácara do Jockey com projeto simulando arquiteturas da cidade de São Paulo.

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Em outras cidades metropolitanas, como Berlim, por exemplo, a cidade teve sua arquitetura reconhecida pelos skatistas e“redefinida”para a prática do skate. Ademar Lucas, carioca nascido no Santo Amaro, produz uma série de vídeos chamados Adelifes Euro Tour, que, basicamente, retratam o seu dia-dia no mundo do skate nesta cidade da Alemanha.

Durante o episódio 55, Ademar e seu primo Gabriel, se aventuram a visitar alguns “spots”(locais de boa arquitetura para skate, não necessariamente uma pista) por Berlin, porém, destacam um em especial, o Kulturforum. Trata-se de um local de diversos edifícios construídos entre os anos 50 e 60 para unificar os bens culturais da cidade. Entre eles existem galerias, bibliotecas e museus, que na descrição do skatista Ademar9“... , Pensa num museu que fizeram praticamente pensando no skatista...”.

De maneira geral, Berlin não foi construída para a prática do skate e isso é fato, porém ,suas características arquitetônicas são perfeitas para a prática do esporte.

O filósofo alemão Walter Benjamin, nos ensaios escritos sobre o poeta e escritor francês Charles Baudelaire, menciona a figura do flanêur , um indivíduo que“com um prazer quase voyeurístico, comprazia-se em observar refletidamente os moradores da cidade em suas atividades diárias”(BENJAMIN, 1994) . Da paixão do flanêur pela cidade e pela multidão, segundo Benjamin, decorre a flanêurie: um ato de apreensão e repre56 sentação do meio urbano.

A expansão sem precedência da economia industrial e a conse-

qüente explosão demográfica das cidades, em especial Londres e Paris, acarretaram no surgimento do ambiente urbano moderno, possibilitando novas formas de experimentar e perceber. Isso, por sua vez, requeria um novo modo de olhar para o mundo e novas propostas estéticas. (ROBERTO, 2008)

Tendo em vista a perspectiva apresentada pelo autor Sérgio Roberto em“Homem da multidão e o flâneur no conto“O homem da multidão”de Edgar Allan Poe”(ROBERTO, 2008), Murilo Romão, autor do filme“Flanantes”(2016) , estabelece uma relação do skatista na cidade com o conceito de“flâneur”,caracterizando o skatista como um ser vagante e contribuinte para a formação de cultura na sociedade, pela perspectiva peculiar e própria em perceber poesia no ambiente caótico urbano.“[...] a cidade a ocupar um espaço além do de pano de fundo e ambientação da narrativa.” 9“[ADMF EURO TOUR] ADELIFE#55 - KULTURFORUM ERA MENINO”.Youtube. Nov, 2015. Fonte:< encurtador.com.br/bcqLM >)


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Skatistas não precisam de mapas. Pra que se localizar quando o melhor de uma sessão é a chance de se perder? Se perder nas manobras, se perder no tempo, se perder nas ruas. Sair pela cidade e, de maneira despretensiosa, encontrar um tesouro. Tesouro este que para muitos pode ser um lixo, algo desprezível, mas que se torna valioso sob as vontades dos skatistas, como um pico com demasiadas possibilidades. Por meio de seus impulsos eles ganham velocidades, observam situações, interagem com estranhos, entram em conflitos e, quando bem sucedidos, acertam suas manobras e dão vida aos espaços públicos. Em suas sagas pelas brechas da cidade eles estão simplesmente a flanar. E é inspirado na figura do flâneur, em apresentar os sujeitos que experimentam a cidade, é que o vídeo Flanantes foi criado. Murilo Romão, skatista profissional responsável pela produção, revela que “o vídeo pretende apresentar as interações entre o corpo do skatista e os equipamentos urbanos que estão em constante mutação nas cidades, retratar o espírito libertário do skate nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro e, sobretudo, reconhecer o skate como uma prática urbana que carrega junto a sua transgressão vários outros significados positivos para cidade”.Linhas fluidas, manobras leves, situações engraçadas, embates iminentes. Entre transgressões e negociações, Flanantes é um vídeo que evidencia as controvérsias que permeiam os rolês dos skatistas pelas cidades. É um suspiro de que o skate underground ainda vive. (ROMÃO, 2016. Fonte: encurtador.com.br/hqIJN)

A partir do olhar diferenciado de um skatista, a cidade é percebida de uma forma não“comum”, pois ele se apropria de espaços e utiliza a arquitetura de uma nova maneira , desconectada da ideia predisposta pelo público“comum”.Nesse caso o atleta possuía a autonomia de organizar os obstáculos ao seu favor, o que é muitas vezes visto como uma banalização do espaço urbano.

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Durante uma sessão de skate descontraída, é satisfatória se perder no tempo, no prazer junto dos amigos compartilhando momentos que só tem significado para aqueles que conhecem o esporte. Essa é a perspectiva de um flanante, no simples ato de se locomover pela cidade, andando de skate e observando a beleza da cidade retratada principalmente nas vídeo-parts (pequenos vídeos de skate) da Adidas skateboarding (a marca de skate que é um segmento especial dentro da Adidas) e no grande filme“Away Days”10 da própria marca. Nestes registros existe uma preocupação na captação das imagens, em demonstrar a poesia desse feito, que no caso são as manobras dos skatistas, vivenciando de forma espontânea a cidade. Os videomakers utilizam-se de vários takes e fotos da cidade em movimento no seu fervor de trabalho, deslocamentos humanos e de veículos, e do caos urbano. São tomadas de câmera que exaltam a poesia do simples ato de se locomover pela cidade sem direção, sem rumo, sem destino e de se perder nas ruas e no tempo, tendo a chance de aproveitar cada segundo do dia e gozar da sensação de liberdade que o skate proporciona.

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Diferentemente, se analisarmos as vídeo-parts da Nike SB (o setor de skate dentro da marca Nike), perceberemos que a proposta do vídeo é totalmente outra.

Caracterizado pela construção narrativa de excelência em performance, o discurso da Nike sobre o esporte é construído exaltando a evolução, qualidade, ótimo rendimento, ou seja, a superioridade técnica do skatista por fazer parte do time da Nike SB11.

10 Away days, filme disponivel em: encurtador.com.br/nvN17

11 Nike SB -58 tour , filme disponível em: encurtador.com.br/gkVZ4


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Tênis de skate

スケート靴

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A cultura do skate surgiu de jovens californianos que,quando não havia ondas suficientes para surfar pegavam seus skates e surfavam pelo chão de asfalto. Inicialmente não havia lixas na superfície do skate e muito menos tênis para andar de skate. Porém a Califórnia, um dos 50 estados dos Estados Unidos, era conhecida por ser uma região portuária, de grande comercio de navios. Durante essa época, os Peer´s eram feitos de madeira aumentando o risco de acidentes. No entanto, os irmãos Van


Doren desenvolveram calçados de sola reta, unissex que tivessem boa aderência na madeira molhada, semelhante ao atualmente conhecido como Authentic pela Vans.

Figura 14 O primeiro modelo de tênis produzido pela Vans, eu abriu as portas para o mundo do skate na Califórnia e em sequência para o mundo.

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A partir dessa perspectiva, os skatistas da Califórnia dos anos 60 pela condição financeira baixa optavam em utilizar calçados semelhantes ao Authentic, mas segundo a matéria da revista Tribo Skate12 foi apenas nos anos 70 que esses tênis foram distribuídos pela Califórnia sendo usados por skatistas e surfistas de Dogtown. 12 Off the Wall: A história da Vans Disponível em:< encurtador.com.br/knpN1 > . Acesso em: 3, mai.2019


Como consequência, os skatistas e surfistas conversavam com os projetistas e expunham suas ideias em relação aos tênis; desse feedback dos atletas com os designers surgiram outros modelos atuais até os dias de hoje, como Old-School, Sk8 Hi e o Era. Cada um desses modelos fizeram muito sucesso, permitindo que a empresa Vans expandisse seus negócios para o mundo.

No verão de 1982, chegava às telas dos cinemas o filme“Fast Times at Ridgemont High”(Picardias Estudantis, em português). O filme fez pouquíssimo sucesso no Brasil, mas foi um estouro no Estados Unidos. No filme, Sean Penn é o surfista adolescente Jeff Spicoli, que usa o emblemático tênis quadriculado.13

13 Para maiores detalhes ver:“Off the Wall: A história da Vans”.12 out, 2018. Disponível em: encurtador.com.br/knpN1 >. Acesso em: 3, mai.2019

Nesse momento o skate crescia pelo mundo, milhares de jovens querendo comprar um par desses famosos tênis que haviam aparecido nas telas de cinema e símbolos de uma cultura libertadora. Empresas do mundo inteiro observaram e começaram a desenvolver protótipos de tênis para skatistas e outras criaram sua marca do zero, possibilitando a entrada da Adidas como adidas Skateboarding em 1990 e da Nike como Nike SB em 2002. Enquanto outras marcas nasciam da proposta de produzir tênis de skate, como Lakai em 1999, Emerica em 1996, Etnies em 2013, DVS em 1995 e a ÖUS (marca brasileira) em 2008.

Efemeridade do objeto

オブジェクトエフェメリティ

Um calçado é geralmente projetado pensando não somente no seu desempenho, mas também na durabilidade que ele terá, seja executando-o com diferentes materiais de maior resistência ou camadas mais espessas de borracha. No entanto, haverá um momento em que a vida útil do produto chegará ao fim, e, em relação ao skate, esse tempo é curto, o que faz a efemeridade ser um ponto importante para se pensar um produto desta natureza. O calçado, segun-

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do LIPOVETSKY (1987), é um objeto que, se usado é denominado como objeto máquina, pois ele cumpre a sua função, enquanto os objetos que não cumprem sua função são chamados de objetos singulares, ou seja, aqueles que são colecionáveis, que estão presos a outros valores. E são colecionáveis por diversos fatores, como raridade, beleza, valor sentimental e outros. Nos anos 2000 o tênis street-wear, ou moda de rua, se popularizou e houve a independência da cultura da moda, surgindo a Sneakerhead, cultura que valoriza os calçados em geral, principalmente do street-wear. Essa cultura, ou comportamento, acredita que o tênis é mais que um objeto que calça os pés, sendo, portanto, um objeto com potencial de obra de arte, o que lhe permite não considerar a efemeridade do calçado, conferindo a ele mais significado, valor e conteúdo.

Alguns sneakerheads (adeptos da cultura dos sneakers) são grandes colecionadores de calçados, e chegam a ter grandes quartos climatizados para o armazenamento da coleção.

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Entretanto, quando falamos de promodels, a perspectiva se torna outra. Um promodel é a síntese das experiências de um atleta em um objeto, e a partir do momento em que há o lançamento de um promodel, isso representa um marco de vivência. Se torna conhecimento a ser passado para outras gerações, compartilhar conhecimento.

A imagem cultuada nas mídias: a qualidade do produto legitimada pelas celebridades

メディアで崇拝されているイメージ: 有名人によって正当化された製品品質

Cada vez mais os sapatos vêm ganhando holofotes do mundo moderno. As revistas garantem cada vez mais espaços em matérias sobre assuntos exclusivos aos calçados como o acessório mais importante no campo da moda. Am-


plia-se também a oferta e a procura visando colecionismo. Segundo Choklat (data do livro, p 16)

... a série de TV Sex and the City foi uma das mais bem-sucedidas do mundo. A atriz Sarah Jessica Parker mudou (quase sozinha) a atitude das mulheres em relação a gastar dinheiro com sapatos e fez desse acessório o item de vestuário mais luxuoso. O programa também fez circular pelo mundo os nomes de Manolo Blahnik, Jimmy Choo e Christian Louboutin.

Com esses incentivos, as marcas evoluíram e começaram a apresentar linhas mais rebuscadas com materiais de maior qualidade. Para isso iniciou-se o desenvolvimento de segmentações que proporcionam sensações mais luxuosas, como a Vault by Vans14 dentro da Vans,

que teve como proposta revirar os arquivos e apresentar modelos clássicos com materiais mais rebuscados através de colaborações com outras marcas ou artistas. Apesar dos calçados conterem materiais de maior qualidade, eles são vendidos em preços diferentes pela legitimidade que o nome do artista transmite pelo reconhecimento. Em 1986, um grupo de rap chamado RUN DMC compôs uma letra cantando sobre os seus tênis, os quão legais e bonitos eram por possuírem aqueles tênis. Após o lançamento da música "My adidas"15, milhares de jovens e fãs do grupo adquiriram pares iguais aos que

comentavam na letra.

Trecho da música que alavancou a venda de tênis feita por Mc’s do rap. "My Adidas

Walk through concert doors And roam all over coliseum floors I stepped on stage, at Live Aid All the people gave an applause that paid And out of speakers I did speak I wore my sneakers but I'm not a sneak My Adidas cuts the sand of a foreign land With mic in hand I cold took command My Adidas and me both askin P"

14 Video disponivel em: encurtador.com.br/bfmrD 15 Música produzida em 1986 pelo grupo RUN-DMC, chamada My Adidas. Disponível em: encurtador. com.br/eqsF7

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Promodel de skate

プロスケートモデル

Segundo Narciso, criador da maior empresa nacional de calçados para skate, o promodel é também um negócio, para quem serve de referência para sua concepção: Desenvolvido de acordo com as especificações e necessidades de um skatista profissional, utilizar um promodel significa compartilhar a experiência de quem anda de skate há muito tempo. [...] O produto gera royalties ao profissional, que por sua vez continua andando e incentivando outros skatistas e gerações, sendo uma importante peça chave no ciclo de evolução e crescimento do skate16.

O promodel , portanto, define-se como sendo um objeto de qualquer setor da marca que patrocina o atleta, sendo ele um atleta de nível profissional que coloca o seu nome no pro66 duto, concordando em fazer um teste, e dar um feedback sobre o desempenho do objeto. Essa informação permite o aprimoramento no desenvolvimento do produto, e depois confere a ele uma estratégia de marketing.

No setor do skate, um promodel pode um objeto desenvolvido tanto para as partes que constituem o skate (shape, rodas, rolamento, trucks, parafusos e amortecedores) quanto para os acessórios relacionados (chave de roda e vela) e para os itens da vestimenta como calças, camisas, bonés e principalmente tênis. Alguns promodels possuem investimentos de suas marcas para desenvolver produtos totalmente reformulados para melhorar o desempenho do usuário.

Durante o desenvolvimento de um promodel é levado em consideração o estilo de skate que o atleta possui, seja bowl (andar em piscinas vazias), street ou half. É necessário desenvolver um objeto que seja favorável para cada estilo, e, no caso do tênis, isso significa que devemos levar em consideração a morfologia do calçado –“O sapato é composto de diversas partes que quase sempre são fabricadas de forma independente, mas que precisam atuar como um conjunto, como um todo dinâmico.”(CHOKLAT, página 34). Cabedal, forro, biqueira, contraforte, calcanheira, alma, palmilha, sola e salto são as

16 Fonte:“A importância de um promodel”.15 jun, 2011. Disponivel em: < encurtador.com.br/tEOQ6 >. Acesso em: 3, mai.2019


partes que constituem um calçado.

Para a prática de esporte como o skate, um calçado deve conter um bom amortecimento, porém não necessita de uma sola tão espessa, pois acrescentar camadas de borracha na sola se torna inútil e apenas atrapalha o desempenho do atleta. Esses detalhes são questões determinadas pelo estilo de skate, que são: street técnico (necessita de um calçado com solado durável, porém capaz de sentir o skate, leveza, durabilidade no cabedal e flexibilidade), street gap (necessita de um cabedal resistente que adere a lixa, amortecimento na parte do calcanhar e leveza) e bowl (necessita de um ótimo atrito na sola e que ao mesmo tempo permita sentir as curvas do shape).

O mercado de calçado do skate é grande, pois o calçado é um dos dois principais equipamentos de um skatista que mais se desgasta. A outra parte que rapidamente se desgasta na mesma medida que o tênis é o shape, ou prancha do skate, que possui um comércio tão grande quanto o primeiro.

Atletas de grande nome, como Paul Rodriguez, patrocinado pela Nike, tiveram uma carreira extensa como praticante de skate e são reconhecidos como grandes nomes da cultura do esporte. Devido à sua carreira, Rodriguez possui mais de dez modelos de tênis associados ao seu nome, chegando a se comparar com grandes lendas do basquete, por exemplo, Michael Jordan, que também possui mais de dez modelos de tênis assinados pela Nike. Diferentemente de collab, que é quando marcas se juntam para desenvolver um modelo ou coleção única, a proposta do promodel tem sempre a relação com um profissional, com seu estilo e com a qualidade e desempenho daquele que se tornou uma referência para os fãs do esporte. Abaixo colocamos duas imagens: uma de um produto promodel e uma de um produto collab, para comparar suas qualidades.

Na primeira imagem, um tênis promodel de Brandon Westgate , desenvolvido pela marca Emerica, permite-nos observar, detalhadamente, o sobrenome Westgate do atleta estampado sutilmente na língua do calçado.

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Figura 15 Promodel assinado por Brandon Westgate.

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Na segunda imagem (Figura 16), collab das empresas Adidas e Fucking Awesome (empresa que produz shapes), observamos a presença das duas marcas, predominantemente na palmilha e nos pads-olies na lateral. A Fucking Awesome apresenta-se mais aparente porque normalmente não é uma marca associada ao segmento dos calçados, enquanto que a Adidas, marca mais presente nesse ramo, aparece de forma mais sutil.

Figura 16 Collab elaborada entre duas marcas do setor do skate para o desenvolvimento de um calçado slip-on.


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Design de tênis e contemporaneidade

テニスデザイン と同時期

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O valor do calçado esportivo não é avaliado apenas quanto à função e utilização do objeto, mas também se relaciona com a satisfação, valores, e realizações de desejos e experiência de seus usuários. A procura pelos sapatos esportivos aumentou; é evidente o crescimento das grandes lojas que estão principalmente ligadas ao ramo dos calçados. O crescimento


foi tanto que o mercado sofreu alterações gigantescas como a produção de sites exclusivos em venda de calçados com câmera de visualização 3 d (que possibilita melhor visão do calçado), blogs e mídias sociais especializadas em comentar modelos de calçados atuais,assim como o surgimento de grandes lojas varejistas ampliando suas coleções e acrescentando calçados como complemento, marcas com investimentos milionários em campanhas de tênis e novas marcas surgindo no mercado. Porém, a massificação de uma produção de forma não ética teve consequências negativas no meio ambiente, o que fez com que a Eco produção precisasse ser repensada no meio calçadista. Compostos por inúmeros detalhes e elementos (26 ossos, 33 articulações, ligamentos, mais de 100 músculos, tendões, vasos sanguíneos, nervos, pele e unhas) nossos pés são uma das partes mais sensíveis do nosso corpo, com várias terminações nervosas, veias e pequenos ossos que estão ligados ao restante do corpo. Segundo a cultura chinesa, os pés possuem um fluxo grande de entrada e saída de energia conhecido como os pontos de chacras. 72

Figura 17 Mapa dos pés relacionados ao restante do corpo, na cultura chinesa.


BR Figura 18

Além de sustentar todo o peso do corpo humano (passamos 33% de nossa vida inteira sob os nossos pés), o calçado esportivo nos proporciona equilíbrio e movimentação.

Já há alguns anos as grandes empresas fabricantes de tênis tem se especializado no desenvolvimento de calçados para práticas esportivas específicas.

Conga, um dos primeiros tênis a serem produzidos e comercializados no Brasil.

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O primeiro calçado esportivo nacional, o CONGA (Figura 15), foi criado em 1980 e era calçado obrigatório em algumas escolas que ofereciam aulas de Educação Física para o público infantil.


Figura 19 Ki chute, tênis esportivo produzido e comercializado nacionalmente. Ganhou muito sucesso pelo fato de ser esportivo e uma novidade da época.

BR 74

Também o Ki chute (FIGURA 16), calçado lançado pela Alpargatas em 1970, por ocasião da Copa do México, tornou-se um objeto de desejo para os meninos que, nos anos 70 e 80, idolatravam o futebol. Sempre preto, com o solado imitando os cravos de uma chuteira, o Ki chute tinha um cadarço comprido, que se amarrava em volta do tornozelo, gerando um “estilo”próprio para os craques mirins, em ascensão no cenário nacional.


No cenário contemporâneo podemos encontrar várias produções no campo do tênis para skate que também são comemorativas e especiais. Edições especiais que são lançadas apenas uma única vez, com quantidades limitadas, e que acabam gerando inquietações no público, por se tratar de objetos que, ao final das vendas, tornaram-se raros e ,consequentemente, valorizados.

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Figura 20 Vans Era 30.20.10 Danilo Do Rosário, foi uma edição comemorativa de um atleta da Vans, chamado Danilo, que no momento completava 30 anos de vida, 20 anos de skate e 10 anos como skatista profissional..


Figura 21 Tênis Nike Sb Dunk Hi Dog Walkers edição especial comemorativa aos passeadores de cachorro nos Estados Unidos.

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Avanços tecnológicos para o desempenho do produto

技術の進歩 製品性能のため

Segundo Tinker Hatfield (2017) , designer de calçados da Nike:“Nossos pés foram feitos para andar, correr e escalar de vez em quando. Os pés descalços são ótimos para tudo isso, mas o que os atletas modernos exigem dos pés está muito além do que foram para suportar.”e para isso é necessário pesquisar tecnologias que permitam ao atleta alcançar este desejo. O verdadeiro desafio em propor algo funcional, leve e como o máximo de conforto, é também permitir que a natureza dos pés funcionasse ainda melhor com o uso dos tênis.


A cada momento vemos marcas lançarem no mercado novos modelos com tecnologias que prometem revolucionar o jeito que fazemos as coisas, principalmente no mundo do skate. Porém são propostas efêmeras, que, em pouco tempo, tornam-se obsoletas. Os anos 2000 foi o momento em que realmente houve um grande avanço de tecnologias em tênis de skate, sejam no cabedal, sola e entressolas. Mudanças que colocaram em questão a durabilidade e o nível de conforto que um calçado pode oferecer. Um grande exemplo do século XXI foi o desenvolvimento da empresa Footprint, especializada em skate, que entrou no ramo dos calçados com o objetivo de reduzir o impacto e proteger a região do calcanhar do skatista. A empresa apresentou uma série de palmilhas revolucionárias que prometem reduzir mais de 80% do impacto.

Figura 22 Palmilha da Footprint. 77


Novos materiais para produtos conscientes e sustentáveis.

の新素材 意識的で持続可能な製品。 Existe uma carência no mundo dos calçados quando mencionamos sustentabilidade e quando algo é divulgado como consciente ou sustentável, e isso é tratado como se fosse uma novidade, quando, na verdade, deveria ser uma qualidade dos produtos por princípio.

Existem projetos como o Parley UltraBOOST, uma iniciativa da Adidas em produzir um calçado de edição limitada, com o plástico que está depositado nos oceanos.

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Figura 23 adidas UltraBOOST Parley com proposta de recolher plásticos dos oceanos e utilizar no cabedal sem obstruir a performance.


Infelizmente essa iniciativa da Adidas foi apenas adotada em uma coleção pequena, enquanto a maioria dos seus produtos não são pesados na sustentabilidade.

Novas tecnologias de desenvolvimento rápido certamente influenciarão a maneira como projetamos, usamos e pensamos esses acessórios. Em particular, a nanotecnologia - que trabalha no nível subatômico – é uma grande promessa para muitos setores do mercado. Na indústria têxtil, essa tecnologia permitiu a melhora da impermeabilidade, combinada à maior capacidade de“respiração dos produtos.”(CHOKLAT, página 20).

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Existem casos em que a indústria desenvolve um projeto de ótima qualidade, capacitando quebrar a barreira do efêmero. Exemplo disso é o modelo Nike Nyjah Free, um tênis promodel assinado pelo skatista Nyjah Huston. Esse calçado tem o cabedal construído em duas camadas, a primeira em prime (tecido leve e confortável), e a segunda é uma espessa borracha resistente, flexível e aderente. O tênis possui o visual sólido e contemporâneo, um híbrido que perfeitamente se adéqua à prática diária do skate , quanto aos eventos mais formais.

BOOST


Figura 24 Tênis pro model do atleta Nyjah Huston, Nike Nyjah Free lançado em 2019 com uma borracha em 360 graus no cabedal, aumentando a durabilidade.

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Em embalagens, ou na produção do calçado em si, são poucas novidades que se conhece no segmento dos calçados esportivos com características ecológicas sustentáveis aplicadas.


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O Projeto プロジェクト

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Considerando o cenário apresentado e a intenção de trabalhar uma proposta de produto para o contexto da Olimpíada 2020 em Tóquio, decidimos desenvolver um projeto de um tênis para skate que estivesse alinhado com outros modelos semelhantes para a mesma categoria de uso : skate street e bowl.


Em princípio este trabalho é sobre um projeto de um tênis para prática de skate, com foco no estilo de rua, a ser comercializado internacionalmente.

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1

Cabedal contruido em duas camadas. A interna é constituida de Noeprene (material leve confortavel ao toque e respiravel) e couro vegetal

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Sola vulcanizada que permite sensibilidade com o skate

3

Peça plastica que proporciona estabilidade e evita torções

4

Furos na camurça que favorece a respirabilidade

5

Pulltab com furo no tendão. Melhor movimentação do tendão

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Camada extra de borracha que aumenta a durabilidade e atrito

7

Palmilha concava que acomoda o calcanhar

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Almofadas internas

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Elastico de compressão que ajusta de forma natural


Figura 25 O santuário de Fushimi Inari-taisha da região de Inari As linhas que dão forma e constroem o visual do calçado foram baseadas em linhas do Kabuto samurai e de templos japoneses antigos.

Figura 25 Sapato Slip-on usado tipicamente usado por estudantes nas escolas japonesas. Modelo Halter LLL.

Figura 25 Kabuto Samurai


プロジェクト

プロジェクト

foi usada como base para a paleta.

C: 52 M: 38 Y: 65 K: 26 C: 45 M: 62 Y: 79 K: 63 C: 0 M: 0 Y: 0 K: 100 C: 0 M: 0 Y: 0 K: 0 C: 0 M: 95 Y: 72 K: 0

クト

Arte japonesa que retrata o samurai,

Tokyo 2020

プロジェクト

プロジェクト

プロジェクト

プロジェクト

Figura 25

Tanuki


Figura 29 Claรงado com os materiais renderizados no Keyshot.

Figura 31

Figura 32 Figura 30


Figura 33

Figura 34


Figura 36 Figura 35

Claçado com os materiais renderizados no Keyshot. Colorway secundária.

Desenvolvemos uma Colorway secundária como estratégia de venda, é o mesmo modelo porém as cores estão localizadas em outros materiais. Entendendo a necessidades do consumidor de desejar um produto com cores diferentes do“preto e branco”. Dessa forma pretendemos atingir uma gama maior de consumidores.


Figura 37 Modelagem do tĂŞnis no processo ďŹ nal.

Figura 39

Figura 38

Forma feita para modelar apartir das medidas.

Linhas da forma.


O design do calçado de forma geral, formato, cores e materiais , foi desenvolvido em relação com a cultura japonesa, tendo como referência os samurais. As linhas retas e curvas são advindas das armaduras O-Yoroi, enquanto que as cores foram selecionadas a partir de algumas obras de arte japonesas que retratam o samurais e adotando como referência também os templos religiosos que deram origem ao código do Bushido. O resultado desta opção foi um design sóbrio e moderno. O cabedal é dividido em duas camada, a exterior composta de couro vegetal em quase 360 graus e a interna de Neoprene reciclável. O couro vegetal foi escolhido por não depender de agressões aos animais, e por ser extraído de forma consciente, o que proporciona classe para o produto pelo brilho e textura similares ao couro animal e, principalmente, pelo grip na lixa do skate, garantindo assim uma boa performance do produto, para a finalidade desejada.

Para favorecer o conforto, aplicamos furos no couro em regiões de maior transpiração, lado interno e próximo aos dedos, local que há muita transpiração e não é atingido pela lixa durante o ato de andar de skate. Cortes no couro deixando o Tendão de Aquiles livre nos movimentos também foram definidos, portanto, próximo ao ten95 dão há duas almofadas acolchoadas, uma de cada lado. O material interno de Neoprene proporciona respirabilidade e um toque macio com a pele, permitindo que o usuário possa calçar o produto sem a utilização de meias.

O calçado foi desenvolvido a partir de um cabedal de modelo Slip-on, ou seja, sem o uso de cadarços, reduzindo a utilização de materiais e o peso do produto. O elemento responsável pelo ajuste será um elástico de compressão partindo das bases laterais do cabedal até o topo formando um arco envolvendo a parte superior dos pés, resultando um ajuste mais firme e adequado, que não obstrua a circulação de sangue. Apesar de não ser necessário o uso de cadarços, colocamos um par de ilhós de cor dourada, caso o usuário queira customizar o produto ao seu gosto.

A sola vulcanizada reciclada (apartir de descartaveis pláticos) e invernizada com materiais naturais (própolis, óleo vegetal e metanol), com camada extra de borracha reciclável de maior densidade em áreas de maior desgaste. Vincos nas laterais, permite a movimentação do pé sem que ocorra o descolamento da borracha com o cabedal.


O tênis possui também linhas de costura e uma peça plástica a ser produzida por meio da reciclagem no arco plantar do pé, do lado interno, localizado bem afrente do calcanhar. Essa peça impede a torção e protege o pé de eventuais pancadas do skate. Aplicamos no conjunto do calçado uma faixa costurada no Neoprene chamada de Pull Tab, que facilita o ato de calçar o tênis de forma natural.

O projeto como um todo utiliza materiais reutilizáveis e produtos de origem vegetal. Não havendo danos ao meio ambiente e nem para o usuário. Um projeto que o conceito Upcycle é totalmente aplicável. Esse conceito se baseia em desenvolver produtos recicláveis que superam a beleza e qualidade do produto origem, dessa forma os produtos apenas evoluem em um ciclo duradouro.

Referências e esboços 参照とスケッチ 96 Neste capítulo apresentamos esboços e referências do projeto TCC 2. Esboço feito antes do TCC2. Racunho que determinou o estilo do projeto, quais caminhos deveria seguir.

Figura 40 Primeiro esboço.


Figura 41 Segundo esboço.

Após definir todos os atributos que o tênis deveria constar, foi feito um estudo imagético sobre esses atributos. A Partir da pesquisa, comecei os esboços orientados pela Myrna Nascimento.

Figura 42 Terceiro esboço.

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Refinando o design do tênis no esboço. Processo de alinhar a abordagem conceitual do projeto.(FIGURA 28)

Figura 43 Esboço da construção do volume teórico.

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As referências são das mais diversas, calçados já produzidos por grandes marcas (DC Jhosh Kalis Lite), calçados que fizeram grande sucesso (Nike SB Dunk), vestimentas que representam a cultura do street wear (Emerica Westgaste) , fotografias de lugares frequentados por skatistas, conhecimentos culturais e filmes relacionados com skate personalidades que evoluíram o mundo do skate pelo comportamento e estilo, não pelo nível de manobras (Mark Gonzales, Dennis Busenitz e Pedro Barros).


Desenho da sola ソールドローイング

O design da sola foi desenvolvido na concepção do símbolo do logo Aiutuia, formas geométricas que propõe movimento, dinâmica e metamorfose. Respeitando as linhas de flexão dos pés, os cortes favorecem a movimentação que os pés exigem. As imagens abaixo são solas de tênis de skate que o próprio autor já as testou durantes anos andando de skate e se inspirou em suas qualidades para o design da sola do AIUTUIA. (FIGURAS 30, 31 e 32)

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Figura 44 Nike Stefan Janoski Hyperfeel

Figura 45 Etnies Marana

Figura 46 adidas Dorado Boost


Considerações finais 参照とスケッチ

Durante a produção deste trabalho, todo conhecimento adquirido foi de grande importância para o desenvolvimento do produto final, o tênis. Conhecimentos que futuramente serão usados para atuar nesse ramo de trabalho profissional. Foi uma ótima experiência pesquisar, mergulhar no mundo dos tênis, do skate e sustentabilidade. Universos complexos e de conteúdo extenso, mas foi incrível aprender com todos eles e reunir-los na produção deste trabalho.

Até mesmo antes de produzir este trabalho, já havia grande respeito e admi- 101 ração pelo skate, pelo fato de ter sido inserido no meio desde muito novo. Porém nunca havia pesquisado a história do calçado e como o design do mesmo reflete no nosso cotidiano. A Partir das pesquisas foi possível ter uma visão mais ampla sobre esses assuntos.


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Lista de imagens 画像リスト 1 -Cartaz Olimpíadas Atenas. Fonte :Disponível em: <encurtador.com.br/lpuDS>. Acesso em: 3,mai. 2019., p. 21 2 - Cartaz Olimpíadas 1904. Fonte: Disponível em: <encurtador.com.br/lotX7>. Acesso em: 3, mai.2019., p.21 3 -Logo Olimpíadas Berlin 1936. Fonte:<encurtador.com.br/lDLO1>. Acesso em: 3, mai.2019., p.22 4 –Cerimônia de acendimento da Tocha Olímpica de 1936.. Fonte:<encurtador.com.br/nrsFW>. Acesso: 3, mai.2019., p.22 5 -Logotipo das Olimpíadas de Munich. Fonte:<encurtador.com.br/giEHZ>. Acesso em: 3, mai.2019., p.23 6 - Logo Tokyo 2020. Fonte: <encurtador.com.br/otwM5>. Acesso em: 3, mai.2019., p.28 7 -Diagrama que resultou na pesquisa do Tanuki. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019. p.30 8 -Ilustração das lenda do Tanuki. Fonte: <encurtador.com.br/asuM8>. Acesso em: 3, mai.2019., p.31 9 -Origami do Tanuki em todos os seus passos. Fonte: <encurtador.com.br/dnuB0>. Acesso em: 3, mai.2019., p.32 10 -O portão Torii. Fonte:<encurtador.com.br/yBNQ2>. Acesso em: 3, mai.2019., p.37 11 -As Lanternas Chôchin. Fonte:<encurtador.com.br/acuNX>. Acesso em: 3, mai.2019, p.37 12 -Armadura O-Yoroi samurai. Fonte:<encurtador.com.br/flOS6>. Acesso em: 3, mai.2019, p.44 13 -Pista do Parque Chácara do Jockey. Fonte:< encurtador.com.br/fEZ39>. Acesso em: 3, mai. 2019, p.53 14 -O primeiro modelo de tênis produzido pela Vans. Fonte:<encurtador.com.br/oACHN>. Acesso em: 3, mai.2019, p.60

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15 -Promodel assinado por Brandon Westgate. Fonte:<encurtador.com.br/ghDO3>. Acesso em: 3, mai.2019, p.66 16 -Collab elaborada entre duas marcas do setor do skate. Fonte: <encurtador.com.br/ qCIUY>. Acesso em: 3, mai.2019, p.66 17 -Mapa dos pés. Fonte: <encurtador.com.br/FKOXY>. Acesso em: 3, mai.2019, p.70 18 -Conga, um dos primeiros tênis a serem produzidos e comercializados no Brasil. Fonte: <encurtador.com.br/ozOW1>. Acesso em: 3, mai.2019, p.71 19 -Ki chute, tênis esportivo produzido e comercializado nacionalmente. Fonte:<encurtador. com.br/wzA07>. Acesso em: 3, mai.2019, p.72 20 -Vans Era 30.20.10 Danilo Do Rosário. Fonte: <encurtador.com.br/alyPR>. Acesso em: 3, mai.2019, p.73 21 -Tênis Nike Sb Dunk Hi Dog Walkers. Fonte: <encurtador.com.br/ekltY>. Acesso em: 3, mai.2019, p.74 22 -Palmilha da Footprint. Fonte: <encurtador.com.br/ceiZ8>. Acesso em: 3, mai.2019, p.75 104

23 –adidas UltraBOOST Parley. Fonte: <encurtador.com.br/iAD26>. Acesso em: 3, mai.2019, p.76 24 –Tênis pro model do atleta Nyjah Huston. Fonte: <encurtador.com.br/ikST5>. Acesso em: 3, mai.2019, p.78 25-O santuário de Fushimi Inari-taisha. Fonte: < encurtador.com.br/kzGIW>. Acesso em: 3, mai. 2019, p. 86 26- Kabuto samurai. Fonte:< encurtador.com.br/adjk5>. Acesso em: 3, mai. 2019, p. 86 27- Sapato japonês escolar. Fonte: < encurtador.com.br/bvCLV>. Acesso em: 3, mai. 2019, p. 86 28 –Arte japonesa que retrata o samurai. Fonte:<encurtador.com.br/AXZ56>. Acesso em: 3, mai.2019, p.84 29- Tênis Aiutuia Renderizado. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.89 30-Tênis Aiutuia Renderizado. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.89 31-Tênis Aiutuia Renderizado. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.90 32-Tênis Aiutuia Renderizado. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.90 33-Tênis Aiutuia Renderizado. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.91


34-Tênis Aiutuia Renderizado. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.91 35-Tênis Aiutuia Renderizado Colorway segundária. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.92 36-Tênis Aiutuia Renderizado Colorway segundária. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.93 37-Tênis Aiutuia Modelagem. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.94 38-Tênis Aiutuia Linhas do Cabedal. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.94 39-Tênis Aiutuia Forma do Pé. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.94 40 -Primeiro esboço. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019, p.88 41 -Segundo esboço. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.89 42 -Terceiro esboço. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.89 43 –Esboço da construção do volume teórico. Fonte: Foto autoral. Acesso em: 3, mai.2019 , p.90 44 –Nike Stefan Janoski Hyperfeel. Fonte:<encurtador.com.br/hKLO3> Acesso em: 3, mai.2019 , p.100 45 –Etnies Marana. Fonte:<encurtador.com.br/wDIR4>. Acesso em: 3, mai.2019 , p.100 46 –adidas Dorado Boost. Fonte:<encurtador.com.br/fmsw4>. Acesso em: 3, mai.2019 , p.100 47 – Etnie Marana. Fonte:< https://www.amazon.co.uk/Etnies-Marana-Mens-Skateboarding-Shoes/dp/B00DE3P3QQ> Acesso em: 3, mai.2019 , p.107 48 – adidas 3st00 4. Fonte:< https://www.homegrownskateshop.com/adidas-3st004.html> Acesso em: 3, mai.2019 , p. 108 49 – Nike Nyjah Free. Fonte:< https://www.nike.com.br/TENIS-NIKE-SB-NYJAH-FREE-571341.html>. Acesso em: 3, mai.2019 , p.109

105


Referências Bibliográficas 書誌参照 [ADMF EURO TOUR] ADELIFE#55 - KULTURFORUM ERA MENINO.Ademafia, Direção Ademar Lucas. Alemanha: Berlin. 3, nov. 2015. 1 vídeo disponível em:<encurtador.com. br/bcqLM>. Acesso em: 30 Abr. 2019. BENJAMIN, W. Charles Baudelaire um lírico no auge do capitalismo. In:___. Obras escolhidas. 3. ed. Tradução José Carlos Martins Barbosa e Hemerson Alves Baptista. São Paulo: Brasiliense, 1994. v. 3. BRIAN, Edwards. O guia básico para a sustentabilidade. Barcelona: Gráficas 92, 2008. CAVALCANTE, Ana Luisa; PRETO, Seila; PEREIRA, Francisco; FIGUEIREDO, Luiz. Design para a Sustentabilidade – um conceito interdisciplinar em construção. Londrina: Revista Científica de Design, V.3, N.1, jul 2012. CHOKLAT, Aki. Footwear design- São Paulo: Editora SENAC, 2012 106

FERREIRA, Natalie Rodrigues Alves. O calçado como artefato de proteção à diferenciação social: A história do calçado da Antiguidade ao século XVI. Ciência ET Praxis, [S.l.], v. 3, n. 06, p. 83-90, jul. 2010. ISSN 1983-912X. Disponível em: <encurtador.com.br/uCR68>. Acesso em: 30 Abr. 2019. Global Exclusive Interview: adidas Lucas Puig Premiere ADV Shoe. Board Sport Source. Disponivel em:<encurtador.com.br/vwFQS>Acesso em: 3, mai.2019 Netflix. Abstract, ep 2: Designer de Tênis. 10 fev, 2017. Disponível em: <encurtador.com.br/ jELOY>. Acesso em: 3, mai.2019 Off the Wall: A história da Vans. Tribo Skate, São Paulo. 17 out, 2018. Disponivel em:<encurtador.com.br/hpuP5>. Acesso em: 3, mai.2019 Okano, Michiko. A imagem do Japão contemporâneo. editora Annablume, 2012. ROBERTO, Sergio. Homem da multidão e o flâneur no conto “O homem da multidão” de Edgar Allan Poe- São Paulo: Terra roxa e outras terras – Revista de Estudos Literários Volume 12 jun. 2008 –170 p. ISSN 1678-2054 ROMÃO, Murilo. Flanantes - Youtube. 28 jun, 2016. Disponível em: <encurtador.com.br/ hqIJN>. Acesso em: 3, mai.2019


Anexos 添付ファイル Em anexo apresentamos uma tabela desenvolvida durante a pesquisa, relacionando as características dos principais modelos encontrados no mercado do tênis de skate atualmente, em termos de : estilo, material do corpo do tênis, entressola, solado, lingueta , palmilha, forro têxtil, ajuste, peso e origem. Esta tabela foi executada com a finalidade de demonstrar a falta de detalhamento na descrição dos produtos a serem vendido pela própria marca , e que, como consequência, surpreendem o usuário, pois este adquire algo de que não tinha consciência, e que talvez ele não estivesse buscando em um tênis.

Destacamos na tabela pequenos detalhes que as marcas e pontos de revenda deveriam mencionar sobre os produtos, para evitar desconforto e insatisfação dos clientes.

modelo Etnies Marana

imagem

107

descritivo

comentário

Estilo: Skate Cabedal Material:(Parte Superior Externa): camurça com detalhe em poliéster e biqueira de borracha injetada para durabilidade Entressola: Emborrachada estilo caixa

Produzido de?

Solado: Borracha antiderrapante com logo da marca em baixo relevo Lingueta: Macia e acolchoa-

aon-


da

Palmilha: Em EVA forrado, anatômica e removível; conforto e facilidade na higienização Forro Têxtil: Interno em poliéster com tramas abertas para maior absorção da transpiração, com reforço acolchoado no calcanhar para conforto e proteção Ajuste: Cadarço simétrico. Peso Aproximado: 340 g Tam 38)

108

adidas 004

3ST

Finalidade: Andar de skate depende de ver possibilidades em cada escadaria e canteiro. Este tênis une as melhores tecnologias atuais para oferecer desempenho e estilo à nova geração do skate. Entressola: Sobre uma entressola Boost para melhor proteção do calcanhar, este tênis Cabedal:conta com um cabedal em nubuck, Clipe:um clipe moldado para maior estabilidade

Sola: e uma entressola de borracha para maior dura-

O tênis possui um sistema de segurança na língua em junção

com o cabedal internos, que não é mencionado. O que é Geofit?

O que é Geoflex? Peso?


bilidade.

Forma: normal

Fecho: cadarços

Cabedal: de nubuck e língua Geofit

Solado: em espinha de peixe de borracha e Geoflex Palmilha: moldada Entressola: Boost

responsiva

Origem: Vietnã

Cor do artigo: Collegiate Orange / Core Black / Ftwr White Nike SB Nyjah Free

Assinado pelo skatista Nyjah Huston, o Tênis Nike SB Nyjah é ideal para a sessão, o solado responde bem à força da pisada e a adição de uma Cabedal: borracha ultra resistente no cabedal e no solado proporciona 360 graus de aderência e maior durabilidade. Cabedal de borracha resistente Camada interna flexível de neoprene

109 Que tipo de sessão?Gaps? Solo? Amortecimento?

A amarração, sola e a palmilha são compostas de outras tecnologias não mencionadas.


360 graus de aderĂŞncia

Sola: Inovador solado dispersa a pressĂŁo

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