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Monstruosidade

Monstruosidade

Essas narrativas, passadas de geração para geração, serviram de inspiração para monstros do cinema popularmente conhecidos como Lobisomem, Drácula, Monstro do Frankenstein, Mostro da Lagoa Negra e muitos outros. No ano de 1930 surgiu a Indústria de Terror que consolidou o gênero no cinema em várias partes do mundo. Nos Estados Unidos da América o gênero de terror teve o seu auge na década de 30 devido às grandes tensões de crise política e econômica. A população americana estava vivenciando o terror em suas próprias vidas e precisavam descarregar suas angústias de alguma forma. As pessoas iam para o cinema não mais com a intenção de assistir à um filme de guerra ou sobre romances, ao invés disso, a população estava interessada em ir aos cinemas para vivenciar Bela Lugosi se mover lentamente nas escuridões com sua capa cobrindo a boca ou o monstro de Frankenstein, criado em laboratório, mancando pelos pântanos (Stephen King, 1981, p. 46). Muitas vezes, o monstro vindo de um lugar distante, pode representar, erroneamente, o temor aos imigrantes e ao estrangeiro, ou simplesmente pode ser relacionado com pessoas que possuem algum tipo de “anormalidade”, como era feito em atrações de circos, parques de diversão e foi representado no filme “Freaks” (1932). A monstruosidade não deve ser definida, mas sim exemplificada, explicada e analisada. No filme “Freaks” (1932), dirigido por Tod Browning, os elementos ambíguos são representados nos personagens que fazem parte de um Freak Show e carregam características “contraditórias” para o público daquela época - que os consideravam monstruosidades - como por exemplo os irmão Earles que eram adultos, porém tinham a contradição criança/adulto por terem nanismo ou Daisy Hilton e Violet Hilton, também personagens do longa que eram irmãs siamesas e carregavam a ambiguidade de singular/plural.

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Cena do filme “Freaks”1932. Foto: IMDB Internet Movie Database

O filme “Freaks” (1932) foi o filme censurado mais vezes em toda a história do cinema. O filme é representado por atores com deformidades físicas reais e, por isso, foi desprezado por indústrias cinematográficas do mundo todo. A estréia foi um fracasso nas bilheterias

e não foi bem recebido pelo público graças às seus aspectos de natureza extra normal e a narrativa construída envolta disso. A construção narrativa do filme remete à uma reversão da ideia de monstruosidade, que faz com que a moral social seja questionada. Os personagens que possuíam deformidades carregavam atributos positivos de comportamento, enquanto as pessoas sem deformidade, consideradas “normais”, demonstravam uma personalidade duvidosa, desordenada e monstruosa. A sociedade daquela época se encontrava em uma condição idealista no início da II Guerra Mundial, quando Hitler assumia o poder e não é difícil imaginar que o público tinha desagrado ao ver a malícia e ganância em faces de pessoas aparentemente normais. “Como afirma Cohen (2000), o corpo monstruoso é pura cultura (p.27), pois segundo o autor, este corpo representa uma encruzilhada metafórica de um momento social e cultural muito específico de uma época, tal como ela é sentida e vivida. Ora, se tomarmos como exemplo ilustrativo a dualidade clássica da cultura como oposição a natureza, entre ambos existe um diferença crucial: enquanto o cultural está em tudo aquilo que é artificial, fazendo parte da construção social do saber humano sobre o mundo e a sua realidade, portanto variável e moldável de acordo com lugares e momentos históricos; o biológico, por outro lado, é inato e possui uma dinâmica de transformação menos plástica como a cultura”. (Fuad José Rachid Jaudy, 2010, p. 10)

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