David Bowie é Chibi: o artista como produto colecionável (volume teórico)

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David Bowie é Chibi ☆ Beatriz Torquato





Beatriz Carvalho Torquato

DAVID BOWIE É CHIBI O artista como produto colecionável Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha específica em Design Gráfico. Orientadora: Fabia T. Campos

São Paulo 2020


Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Torquato, Beatriz Carvalho David Bowie é CHIBI / Beatriz Carvalho Torquato - São Paulo (SP), 2020. 240 f.: il. color. Orientador(a): Fabia Tuchsznajder Campos Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design - Linha de Formação Específica em Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2020. 1. Design Gráfico 2. David Bowie 3. Kawaii 4. Chibi 5. Colecionável I. Campos, Fabia Tuchsznajder (Orient.) II. Título


Beatriz Carvalho Torquato

DAVID BOWIE É CHIBI O artista como produto colecionável Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha específica em Design Gráfico. Orientadora: Fabia T. Campos

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão de Curso, em sessão pública realizada em __/__/__, considerou a candidata 1º Examinador (a) 2º Examinador (a) Orientadora



“O amanhã pertence àqueles que podem ouvi-lo chegando.” - David Bowie, 1977.



Agradecimentos Agradeço imensamente a todos aqueles que me acompanharam e me ajudaram na realização desse projeto. Obrigada também àqueles que fizeram parte da minha vida acadêmica de alguma forma.



Resumo Este trabalho consiste na criação de uma linha de produtos colecionáveis do artista britânico David Bowie, voltada às fãs do mesmo. Para tanto, pesquisou-se a carreira de Bowie, com foco em suas colaborações com o mundo da moda e estilistas durante determinadas fases; o conceito de ilustração em estilo Chibi, bem como sua origem na cultura japonesa, especialmente através do Shoujo Mangá, e a relação entre Bowie e esse estilo de ilustração. Também foram feitas pesquisas de campo e com fãs, buscando identificar a existência demanda de produtos de coleção do artista e como estes poderiam ser vendidos. A fim de levantar elementos de design na obra de Bowie, analisou-se capas de CD de quatro momentos específicos de sua carreira, recortados a partir do estilista com quem trabalhava e, dentro de tal análise, buscou-se identificar tipografia, uso de cores e texturas e diagramação e, ainda dentro de cada fase, escolheu-se um figurino utilizado por Bowie durante o período, apontando principais características e elementos estéticos do mesmo para aplicação em texturas que, posteriormente foram aplicadas nos produtos desenvolvidos.

Palavras chave:

Design gráfico; David Bowie; kawaii; chibi; colecionável.



Sumário 1. Introdução

1.1 Objetivos 1.2 Justificativa 1.3 Procedimentos Metodológicos

2. David Bowie

2 David Bowie 2.1 David Bowie e suas colaborações com estilistas

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4.3 Análise de capas de CDs 19 e figurinos relacionados 4.3.1 Hunky Dory (1971) 21 4.3.2 Aladdin Sane (1973) 23 4.3.3. Heroes (1977) 4.3.4 Earthling (1997)

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5. Projeto

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3. Shoujo Mangá 3.1 Kawaii 3.1.1 Chibi 3.2 David Bowie, os garotos de shoujo mangá e a cultura otaku 3.3 Colecionismo

38 5.1 Estudos de Concepção 5.2 Desenvolvimento do Projeto 5.2.1. Baralho 5.2.2 Estêncil 5.2.3 Pin de Esmalte 50 5.2.4 Stand de Acrílico 52 5.2.5 Caderneta 54 5.2.6 Estampa 57 62

4. Resultados da Pesquisa

65 Referências

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Anexos

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3. Shoujo Mangá

4.1 Pesquisa Qualitativa 4.2 Pesquisa de Campo

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Considerações Finais

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97 123 124 170 177 182 190 200

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1. Introdução


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Introdução •

1.1 Objetivos

Este projeto propõe o desenvolvimento de uma linha de produtos colecionáveis inspirada no artista britânico David Bowie, voltada para as fãs do artista.

Serão criadas versões do artista no estilo japonês chibi , comum na cultura otaku , além do desenvolvimento de padrões gráficos baseados em estudos envolvendo as parcerias do cantor com estilistas como Kansai Yamamoto e Alexander McQueen ao longo de seus cinquenta anos de atividade. O projeto levará em consideração os desejos das fãs, para promover o encantamento através do design gráfico.

Chibi: estilo de desenho em que o personagem aparece pequeno e deformado. Otaku: termo usado para designar pessoas que gostam de mangás e animes japoneses.

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Introdução •

1.2 Justificativa O mercado de colecionáveis vem aumentando consideravelmente, como pode-se observar com o crescimento da marca de bonecos em PVC FUNKO POP (MAKING FUN, 2018), que apresenta cada dia mais versões de personagens de desenhos, séries e artistas. Não só isso, marcas como a japonesa SUPER GROUPIES buscam alcançar os colecionadores através de produtos fashion ou de uso frequente, como bolsas, sapatos e relógios. Em seu estudo sobre colecionismo, Toledo, Faria e Corrêa (2006) dizem: Em alguns casos, a compra decorre da necessidade do consumidor de se divertir, criar fantasias, obter emoções e sentimentos. Sob essa perspectiva pode-se ampliar a análise do comportamento do consumidor. (...). Ainda sob a ótica ampliada, pode-se considerar colecionismo como um comportamento do consumidor, o qual utiliza o produto de forma diferenciada. (Toledo, Farina e Corrêa, 2006. p2)

Dessa forma, o ato de colecionar envolve mais que comprar itens sem justificativa. Trata-se também de um modo de dar suporte a um artista, além de uma forma de diversão e manifestação de emoções acerca de algo. A escolha pelo artista David Bowie se dá por sua influência e relação com a moda mas, principalmente por seus fãs. Bowie conquistou incontáveis fãs ao longo de seus cinquenta anos de carreira, como é possível constatar através do site oficial , grupos e comunidades em redes sociais, como Facebook, que revelam a existência de um número de fãs ainda expressivo, mesmo passados três anos da morte do cantor.

Site oficial de David Bowie: https:// www.davidbowie.com/

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Introdução •

1.3 Procedimentos Metodológicos

As pesquisas realizadas neste projeto abordaram temas como David Bowie, Shoujo Mangá, Cultura Kawaii, tendo como base livros como David Bowie (Cosac Naify, 2014) e Anime & Media Mix: Franchising Toys and Characters in Japan (University Of Minnesota Press, 2012); teses como Colecionismo: uma perspectiva abrangente sobre o comportamento do consumidor (FEA-USP, 2006) e os documentários David Bowie: Five Years (2013), Brinquedos que marcaram época: Hello Kitty (2018) e Making FUN: The history of Funko (2018).

Também foram realizadas pesquisas de campo em lojas como Studio Geek, Piticas e Power Toys, além de lojas online, com o intuito de conhecer objetos colecionáveis diversos e o modo como são comercializados. As pesquisas também incluem questionários em fóruns e grupos de fãs do artista, buscando conhecer seus desejos e os tipo de produtos que consomem.

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2. David Bowie de “David Bowie” até “Earthling”


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David Bowie (1947-2016) foi um músico, compositor, ator e produtor

musical britânico que ainda hoje exerce grande influência sobre as artes e a moda. Também é conhecido pelas inovações e variações estéticas e de personagem que apresentou em sua carreira ao longo de cinco décadas. Em relação à cultura japonesa não foi diferente, uma vez que Bowie é conhecido por ser nipófilo e, ao longo de sua carreira, apresentou uma série de influências e realizou colaborações com artistas japoneses, sendo sua parceria com Kansai Yamamoto uma das mais conhecidas. A especialista em arte japonesa Helene Thian (2013) explicou como Bowie emprestou elementos da cultura tradicional japonesa em sua carreira: A aparência andrógina de Bowie homenageou os onnagata, os atores masculinos que se especializam em interpretar papéis femininos no (teatro) kabuki. (...)Bowie usava “shortinho de quimono” com botas de seda combinando, sua maquiagem era inspirada em onnagata, e seu famoso penteado, criado por Yamamoto, era de cor vermelha elétrica, imitando a aparência de uma peruca de dança de leão-vermelho do teatro kabuki. Como descreve a letra de Bowie para a música “Ziggy Stardust”, o roqueiro alienígena era “como um gato do Japão”. (THIAN, 2013. p1)

Teatro Kabuki: teatro japonês notável pela estilização do drama. Encenado somente por homens.

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A relação entre Bowie e a cultura japonesa, no entanto, não aparece de imediato. O uso de uma imagem semelhante aos demais artistas da época para capa de seu primeiro LP (FIGURA 1) quase joga David Bowie no ostracismo logo no início de sua carreira, de modo que, para o lançamento de The Man Who Sold the World (FIGURA 2), em 1970, o músico se colocou em ambientes criativos mais sugestivos, já influenciado pelo mímico e dançarino Lindsay Kemp (FIGURA 3). Se assemelhando a uma odalisca, Bowie flertou com a ambiguidade sexual e com uma plateia que aguardava uma “cultura gay contemporânea” (BREWARD, 2014).


Figura 1: Capa do primeiro LP de Bowie, 1967

Figura 2: Capa original de “The Man Who Sold the World”, 1971

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Figura 3: Mímico e bailarino, influenciador de Bowie, Lindsay Kemp

Quando, em 1972, Bowie decidiu deixar de lado os longos cabelos loiros para criar uma nova imagem de si mesmo, usou como referência fotografias de diversas revistas; entre elas, designs de Kansai Yamamoto na revista Vogue Bait (FIGURA 4). Tingido de ruivo, foi feito um corte de cabelo que remetia a uma peruca de kabuki. Bowie se tornou então irreconhecível e começava a surgir o alienígena Ziggy Stardust (FIGURA 5).

A princípio, o artista vestia o que estava na moda ou recorria ao também britânico Freddie Burretti e à figurinista Natasha Korniloff para desenvolvimento de peças exclusivas. Seus figurinos deveriam servir como uma vitrine natural para o álbum e eram inspirados nos filmes 2001: Uma odisseia no espaço (1968) e Laranja Mecânica (1972), de Stanley Kubrick. Apenas em 1973, Bowie se viu em condições de encomendar figurinos ao japonês Kansai Yamamoto; peças que descrevia como sendo muito mais do que queria, além de inacreditavelmente quentes. Eram figurinos muito inspirados no teatro kabuki e em samurais, estrambóticos e provocantes. Ainda nesse período, primeira metade da década de 1970,

Figura 4: Vogue Paris, ago 1971, de onde Bowie tira a ideia de seu corte de cabelo 27


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Figura 5: David Bowie como Ziggy Stardust durante a turnê de Aladdin Sane (1973) fez aulas de técnicas de maquiagem no estilo kabuki com uma das estrelas do gênero, Tamasaburo. Na mesma época, Pierre La Roche se junta à equipe de Bowie como seu maquiador pessoal, colaboração que trouxe o icônico relâmpago de Aladdin Sane (FIGURA 6). Em 1973, quando Ziggy Stardust e os Spiders from Mars se aposentaram, Bowie já tinha um amplo guardaroupas e maquiagens (BROACKES, 2014). Art decó: estilo de artes visuais de origem francesa, surgido por volta de 1910.

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Até o último álbum do período, Pin Ups (1973) (FIGURA 7), as referências à moda continuaram claras. A capa, na qual o artista era exposto junto à modelo Twiggy, transmite sensação de fragilidade e artificialismo, tal como a moda internacional da época, que valorizava uma falsa art déco, dando atenção a superficialismos e ao fulgor cintilante do futurismo (BREWARD, 2014).


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(acima) Figura 6: Capa do disco Aladdin Sane, 1973 (ao lado) Figura 7: Álbum PinUps, 1973. Último álbum do personagem Ziggy Stardust com os Spiders from Mars

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Glam ou glam rock (abreviação de glamour rock): subgênero do rock que surgiu na Inglaterra no final dos anos 1960 e se disseminou, principalmente nos anos 1970. Caracterizou-se por performances cheias de brilho, figurinos e maquiagens espalhafatosos, e normalmente camp ou andróginos. Foi um estilo marcado por artistas como David Bowie, Rod Stewart e Iggy Pop. Punk ou punk rock: subgênero do rock emergente nos meados da década de 1970, cujas músicas ruidosas e rápidas evocavam revolta, niilismo, revolução e anarquismo. Popularizou-se com bandas como Sex Pistols, The Clash e New York Dolls. Plastic Soul: termo usado nos anos 1960 principalmente por músicos negros para designar músicos brancos que cantavam soul music.

O álbum Diamond Dogs (FIGURA 9) marca o aparente fim do período glam de David Bowie. A última aparição de Ziggy na capa do álbum de 1974 traz o personagem como um mutante canino-humano, evidenciando o interesse do artista por sinistrose e desintegração cultural. A estética glam foi substituída por algo mais perturbador, evocando suposto interesse do artista pelo punk, embora Halloween Jack (FIGURA 10) possa ser considerado um personagem que suavizou a transição da fase glam para a seguinte, plastic soul, já que trazia elementos do visual glam em conjunto com os terninhos que marcariam seus trabalhos com soul music (BREWARD, 2014).

Soul Music: gênero musical estadunidense surgido no final da década de 1950 a partir de uma fusão do Rhythm and Blues e música gospel. A música emotiva e de melodia ornamental era cantada por artistas afro-americanos, como Ben E. King e Ray Charles, o que se tornou característica do estilo.

Figura 8: Ilustração feita por Guy Peellaert para capa do disco Diamond Dogs 30


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(ao lado) Figura 9: Capa do disco Diamond Dogs, com aplicação da arte de Guy Peellaert, 1974 (abaixo) Figura 10: Bowie como Halloween Jack, protagonista do distópico universo “glam-futurista” de Diamond Dogs. A direita, Bowie durante a turnê do mesmo disco (1974)

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Figura 11: Capa do disco Young Americans, 1975

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Young Americans (1975) (FIGURA 11), seu trabalho seguinte, abrange o período em que Bowie, voluntariamente, se exilou nos Estados Unidos, temporada em que experimentou trabalhar com soul music. Nessa fase, Bowie reprisou a suavidade nostálgica de Hunky Dory (1971) e, seguido de sua atuação no filme O Homem que caiu na Terra (1976), a suavidade deu lugar à sua nova persona, Thin White Duke; consolidado na faixa inicial do álbum seguinte, Station to Station (BROACKES, 2014). O período marcado pelo altíssimo consumo de cocaína por Bowie trouxe um personagem controverso, a quem o próprio artista considerou posteriormente como “desagradável”. Duke vestia roupas mais simples do que as personagens anteriores, monocromáticas, em estilo cabaré e cabelos loiros muito bem arrumados, passavam a imagem de um homem ariano sem emoções. Era um homem vazio, que cantava canções de amor com intensidade agonizante, sem sentir qualquer coisa. (FIGURA 12). (BROACKES, 2014). Figura 12: Bowie como o personagem Thin White Duke 33


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A Trilogia de Berlim (1977 - 1979) (FIGURA 13), como ficou conhecida a fase seguinte, trouxe Bowie em uma versão mais discreta de si mesmo, quando se mudou para a Alemanha Ocidental em busca de tratamento para seu vício em cocaína. Trata-se de três álbuns experimentais (Low, Heroes e Lodger), em colaboração com Brian Eno. Heroes apresenta em sua capa algo de neoexpressionista e Die Brücke, enquanto Lodger, álbum final da trilogia, traz um projeto gráfico trabalhado em um conceito de luto. (BREWARD, 2014).

Em 1980, o lançamento de Scary Monsters... and Super Creeps (FIGURA 14) vinha, segundo o próprio artista, como forma de purgação pela década de 1970, afastando as lembranças e excessos de Los Angeles e Berlim. Foi um álbum preparado na época em que a influência das mídias visuais chegava à cultura pop; uma época em que ser uma estrela pop não era mais o suficiente. Esse álbum apresenta Bowie como Pierrot (FIGURA 15), devolvendo sua metamorfose do

Die Brücke: (em português: “a ponte”) grupo artístico inserido no expressionismo alemão, fundado por Fritz Bleyl em 1905

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(acima) Figura 13: Capas do discos da chamada “Trilogia de Berlim” a esquerda, o álbum Low, 1977. Ao centro, Heroes, de 1977 e, à direita, Lodger, 1979, que marca o fim do período de David Bowie na Alemanha. (ao lado) Figura 14: Arte da capa do disco Scary Monsters...and Super Creeps 1980 (ao lado) Figura 15: David Bowie como Pierrot (ou Palhaço Azul), para o clipe de “Ashes to Ashes”. 35


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começo dos anos 1970 ao mesmo tempo em que parecia revelar que suas encarnações anteriores não passavam de teatro. Bowie indicava, nessa fase, uma compreensão dos superficialismos e da contingência da moda, além de sua importância para seu próprio trabalho, como observa Christopher Breward. É nesse álbum que Bowie faz uma homenagem bastante cínica ao mundo da moda com a canção “Fashion” (1980), onde diz “Oh, fashion! It’s loud and tasteless and I heard it before” (BROACKES, 2014). As influências de Bowie na moda foram logo reconhecidas por Peter York, em seu ensaio “Them” [Eles], para a revista Harpers & Queen de outubro de 1976, em que afirma: [São] exemplos de uma raça nova, os criadores da alta moda dominante na década de 1970. Esses novos estetas têm em comum uma sensibilidade visual tão exigente que se dispõem a sacrificar quase tudo pelo visual [...]. Eles são o verbo encarnado. Eles inserem a ideia em sua vida, vestem seus cômodos, comem sua arte. (YORK, 1976, apud BREWARD, 2014. p193.)

“Oh, moda! É alto e sem gosto e já ouvi isso antes.” Tradução da autora

Them ou Themness: Precursores do pré-punk, grupos de aficionados em Pop Art que rejeitavam a estética hippie enquanto enalteciam a novidade camp, estilo e design retrô pós-moderno.

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Janice Miller, historiadora cultural, sugere que a moda volte seu olhar para o rock por causa de sua autenticidade, suas credenciais underground e, principalmente, pela ideia do rock como algo forte e perigoso. Observa ainda que a “verdade e autenticidade na música têm um poder de penetração que, por sua vez, acrescenta valor quando associadas à moda” (MILLER, 2011). Não à toa, a indústria da moda recorre a efeitos musicais em seus desfiles como forma de ampliar a visão do estilista (CULLEN, 2014). A causa de sua importância contínua para o mundo da moda estaria no impacto que Bowie teve sobre diferentes gerações de adolescentes. O cantor teria levado a sensibilidade a um grau tão


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alto que as pessoas influenciadas por ele, mais tarde, exerceriam semelhante influência ao se tornarem estilistas, músicos, designers e artistas. Ao lançar mão do trabalho de estilistas e fashion designers, Bowie via a moda como ferramenta para incrementar suas apresentações. Suas interpretações teatrais, frequentemente andróginas, da roupa, ao lado de sua música mantiveram o mundo da moda fascinado durante todo esse tempo. Com frequência, estilistas buscam referências na carreira de David Bowie e apresentam eu suas coleções releituras e composições inspiradas em seus figurinos (FIGURAS 16 a 19). A carreira de Bowie foi permeada por intensidade e reações igualmente intensas às suas músicas, letras, declarações, figurinos e, até mesmo, seu corpo; de modo que ainda hoje todo esse material segue sendo analisado em busca de significados e pistas sobre novidades (CULLEN, 2014). Como disse CULLEN (2014): “o mundo da moda encontra repetidamente, em Bowie e suas personae, o ponto em que o estilo, o desempenho e a apresentação convergem.”

Figura 16: Bowie com o macacão de Aladdin Sane

Figura 18: Bowie em sua fase náutica (1978)

Figura 17: Releitura de Jean Paul Gaultier do figurino de Figura 19: Releitura de Dries van Noten para sua coleção de inverno de 2011 do “ready-to-wear” de sua grife. Aladdin Sane para sua coleção primavera-verão de 2013 37


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Figura 20: Figurinos variados de David Bowie na exposição “David Bowie”, no Museu da Imagem e do Som.

2.1 David Bowie e suas colaborações com estilistas O figurino é parte importante no desenvolvimento de uma personagem. Roupas revelam não só a personalidade, como também a situação, status e grupo ao qual alguém pertence. A vestimenta é, também, uma estratégia de comunicação, capaz de provocar, persuadir e mexer com a personalidade, através da linguagem visual. (NÓBREGA E FIGUEIREDO, 2008). NÓBREGA e FIGUEIREDO (2008), analisando CRANE (2006), observam a situação dos estilistas na interpretação de códigos, observando que, na projeção de produtos, são frequentemente influenciados por pessoas, procurando “não só estilos dos indícios emergentes nas ruas, mas também trajes usados por pessoas com um talento especial para manipular signos do vestuário” (CRANE, 2006. p.330).

Entendendo a importância que a vestimenta certa teria para seus personagens, Bowie tratou de defini-las claramente a cada ciclo pelo qual passou, de forma que é fácil identificar trajes que pertençam à era “Ziggy 38


☆ David Bowie e seus estilistas •

Stardust”, “Tin Machine” ou “Berlim”, por exemplo. Para tanto, ao longo de suas cinco décadas de carreira, David Bowie trabalhou em conjunto com estilistas diversos - alguns deles amigos pessoais do artista - em busca de figurinos condizentes com seus projetos (FIGURA 20). Versátil, o artista trabalhava ativamente na elaboração dos conceitos de vestimenta, trazendo seus gostos pessoais e interesses para os projetos. (BROACKES, 2014). Bowie não só dava ideias, como ajudava no desenvolvimento da peça até sua completude. Entre os fashionistas com quem o artista realizou colaborações notáveis é possível citar: Freddie Burretti, Kansai Yamamoto, Natasha Korniloff e Alexander McQueen. Estas foram selecionadas como base de estudo para o desenvolvimento desse projeto e, por isso, terão alguns itens analisados. 1. Freddie Burretti

Estilistas

Estilista e alfaiate, era também um velho conhecido de Bowie (FIGURA 21), e o auxiliava com seus figurinos. Freddie desenhava os moldes e uma vizinha do cantor costurava as peças. É Burretti quem assina os primeiros figurinos exclusivos de Bowie (FIGURAS 22 e 23), desenvolvidos com ajuda do mesmo e inspiração em filmes de Stanley Kubrick, emprestando a estética futurista da obra. Em sua fase distópica, com o personagem Halloween Jack (FIGURAS 24 e 25), é Burretti quem produz os trajes que Bowie utiliza em cena durante a turnê, além de outros ternos com os quais o cantor era visto durante a mesma. Figura 21: Freddie Burretti (à esquerda) e David Bowie em 1973. O ousado terno listrado é projeto do estilista. 39


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(acima) Figura 22: Capa do álbum “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars”, 1972. (ao lado) Figura 23: Traje usado na foto de capa do LP “Ziggy Stardust”, por Freddie Burretti. (acima, direita) Figura 24: Figurino feito por Burretti para o personagem Halloween Jack (1974). (ao lado, direita) Figura 25: Terno amarelo desenhado por Burretti que Bowie usou durante a turnê “Diamond Dogs”. 40


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2. Kansai Yamamoto

Atualmente (2019) conhecido por suas produções de “supershows” que combinam moda com música, dança e entretenimento em larga escala (FIGURA 27); Kansai Yamamoto colaborou com Bowie durante seu período mais icônico: glam rock, quando fez os figurinos da turnê do disco Aladdin Sane (1973) (FIGURA 26); com peças brilhantes e extravagantes - inspiradas na rapidez de troca dos figurinos de kabuki (hikinuki) -, que colaboraram para a imagem do alienígena Ziggy Stardust, transportando o público para outra dimensão. Em entrevista ao Hollywood Reporter (2016), o estilista diz: “Some sort of chemical reaction took place: My clothes became part of David, his songs and his music. They became part of the message he delivered to the world. He even wanted to go a bit crazier.”

Figura 26: Kansai Super Show, 2017.

Hikinuki: termo usado para definir a troca de figurinos extremamente rápida, necessária nos bastidores de kabuki. “Algum tipo de reação química tomou conta: Minhas roupas se tornaram parte do David, suas canções, sua música. Elas se tornaram parte da mensagem que ele enviou ao mundo. Ele até queria ir mais longe.” Tradução da autora.

Figura 27: David Bowie e Kansai Yamamoto, em 1973. 41


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Figura 28: Figurinos de Kansai Yamamoto para a turnê do álbum “Aladdin Sane”. Abaixo, à direita, capa com ideogramas que significam “aquele que cospe palavras flamejantes” e, que foneticamente podem ser lidos como “David Bowie”.

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☆ David Bowie e seus estilistas •

3. Natasha Korniloff

Figura 30: David Bowie, Natasha Korniloff e Robert Sharah durante a caracterização do pierrot de “Ashes to Ashes”, em 1980. Assim como Burretti, a figurinista Natasha Korniloff já era amiga de Bowie quando começaram a trabalhar juntos, ainda no começo da década de 1970, durante a produção de Ziggy Stardust. A figurinista aparece com destaque na fase “New Romantics” com a produção do traje de Pierrot (FIGURA 31) para o clipe de Ashes to Ashes, peça de grande destaque na carreira do músico. Korniloff também teve participação significativa durante a chamada fase “náutica” de Bowie, quando aparecia com calças mais largas, figurinos mais claros e quepe, o famoso figurino de marinheiro (FIGURAS 32 e 33).

New Romantics: Movimento musical que aparece durante a New Wave (1980), cujo som era marcado pela presença de sintetizadores e linhas de baixo, além da batida eletrônica.

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☆ David Bowie e seus estilistas •

(ao lado) Figura 31: David Bowie caracterizado como pierrot para o clipe “Ashes to Ashes”. A peça também pode ser vista na capa do disco “Scary Monsters... and Super Creeps”. (abaixo) Figuras 32 e 33: David Bowie com figurino de marinheiro desenhado por Natasha Korniloff para a turnê Isolar II.

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4. Alexander McQueen

Bowie se interessou por McQueen (FIGURA 34) quando a mídia da moda ainda o desprezava. Trabalharam juntos na turnê de I Outside (1995) e, para o projeto seguinte, Earthling (1997), Bowie insinuou que gostaria de usar a bandeira britânica, de modo que o jovem estilista elaborou uma sobrecasaca de aspecto danificado, ilustrada com a bandeira da Grã-Bretanha (FIGURAS 35 - 37). Era esta a peça que Bowie sempre usava no início dos shows da turnê, surgindo no palco de costas para o público. McQueen ainda fez outras sobrecasacas além daquela com a bandeira, para que fossem usadas durante a divulgação de Earthling, e voltou a trabalhar com Bowie posteriormente. O estilista unia arte e tecnologia em verdadeiros espetáculos e a colaboração entre ambos durante as duas turnês rendeu, principalmente, casacos marcantes, caracterizados pela riqueza de detalhes. 46

Figura 34: O estilista Alexander McQueen


☆ David Bowie e seus estilistas •

(acima) Figura 35: Sobrecasaca feita com a bandeira da Grã-Bretanha. (ao lado) Figura 36: Capa de Earthling, onde Bowie vestiu a peça inicialmente. (ao fundo) Figura 37: Bowie durante a turnê de Earthling; 47



3. Shoujo Mangรก o Kawaii, o Chibi e o Bowie


David Bowie é CHIBI •

a trazer tanto temas mais próximos da realidade das leitoras como histórias fantasiosas mais complexas. O shoujo mangá (quadrinhos japoneses para meninas) Vários subgêneros passaram a coexistir, tornando se desenvolveu a partir das histórias curtas e narrativas a produção de shoujo mangá bastante diversificada. seriadas que eram publicadas nas revistas ilustradas (TORQUATO, 2014). para garotas existentes desde o início do século XX e serviram como base para a construção do repertório narrativo do gênero (YOKO, 1997). Como os quadrinhos para meninas eram vistos como um gênero menor, os autores não se preocupavam muito em desenvolver tramas elaboradas, fazendo histórias sobre aquilo que eles julgavam interessar às meninas: histórias açucaradas com personagens de aparência ocidentalizada.

3. Shoujo Mangá

A virada estética e narrativa do shoujo mangá ocorre entre o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, quando as obras do gênero passam a ser produzidas majoritariamente por mulheres que cresceram lendo as revistas ilustradas e os quadrinhos voltados para o público feminino. Nessa época foram incorporadas ao shoujo mangá muitas daquelas que se tornariam suas características mais marcantes, como a diagramação fragmentada, as flores como elemento simbólico nos fundos dos painéis (FIGURAS 36 e 37). Além das transformações no âmbito visual, houve transformações na parte narrativa do gênero. As novas autoras tinham o mangá como um meio de expressão e passaram a incluir em suas histórias temas que antes não eram abordados no shoujo mangá, como política, Figura 36: Página do mangá “Ouran High School Host sexualidade, questões de gênero, entre outros. Os Club”, onde se pode ver alguns dos elementos que enredos se tornaram mais diversificados e passaram caracterizam o gênero, como uso de retículas e flores.. 50


Shoujo Mangá e David Bowie •

Figura 37: Páginas de capítulos distintos do mangá “Ouran High School Host Club”. Destaque para diagramação e uso constante de retículas.

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David Bowie é CHIBI •

3.1 Kawaii

Kawaii (“bonitinho”) é um termo com múltiplas definições. O dicionário Oxford define como “afetadamente atrativo”, mas também pode ser “atrativo por razões de delicadeza ou maneiras pitorescas, como uma criança ou um animal pequeno”. É um adjetivo japonês para lindo, fofo, gracioso e semelhantes, muito usado por adeptos da cultura pop que valorizam estética. É normalmente empregado na caracterização de personagens de animes e mangás (FIGURA 38), embora também possa ser utilizado para designar pessoas tímidas ou infantilizadas ou, ainda, a maneira de vestir da juventude japonesa (com tendências que vão de princesa a outros estilos românticos). É um termo que celebra o doce e adorável. (SUZUKI, 2016).

Figura 38: Hello Kitty e sua (irmã Mimi), um dos exemplos mais notáveis da “cultura Kawaii”

Site oficial Sanrio (em português): http://www.sanrio.com.br/

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Escrito 「 可愛い 」, (com os ideogramas “ka”, de tolerável e “ai”, de amor) o fenômeno se apresentou através de bonecos, na década de 1960, e tornou-se aceito por adultos a partir de 1980, quando a pressão social japonesa para o indivíduo se comportar com maturidade começou a cair por terra. Enquanto no Ocidente existe a cultura de jogar fora as coisas infantis, no Japão a fofura passa a ser considerada como algo bom e virtuoso (RICHIE, 2003).


A marca Sanrio, com a gata Hello Kitty, ajudou a reforçar essa ideia. Com o lema “presente pequeno, sorriso grande”, os itens da personagem consistiam em bolsinhas (FIGURA 39), espelhos, moedeiros; produtos pequenos que poderiam ser carregados facilmente e que seriam considerados “fofos” por quem os usava. Outras empresas, com o tempo, começaram a desenvolver produtos com desenhos que tinham traços de ternura e encanto (BRINQUEDOS...2017). Ainda tendo como base a Sanrio, aponta-se que as mulheres japonesas continuam a consumir produtos fofos mesmos depois do que se considera “idade ideal”. Enquanto nos Estados Unidos certos produtos são consumidos por garotas apenas até os sete anos, no Japão esses mesmos produtos seguem sendo consumidos por mulheres até a idade em que se casam (RICHIE, 2003). Esse apontamento atribui às mulheres uma das explicações para a demanda de uma “cultura Kawaii” existente. Ao mesmo tempo,

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tratando-se de consumidoras mulheres, Kawaii pode manifestar uma alegria admirativa, através de um “Bonitinho” ou “Legal”, como também pode manifestar um desejo espontâneo em um “Eu quero!”; o termo tem essa força e variedade de sentidos. Um bom exemplo da disseminação da cultura kawaii é o uso massivo de mascotes e personagens tidos como fofos no Japão. Até mesmo órgãos públicos têm seus mascotes oficiais e logos, que são apresentados e usados em campanhas.

Como aponta BOGARÍN (2009) em seu estudo, no início dos anos 80, o estilo de vida das estudantes japonesas passou a ser um modelo de kawaii, como veículo de extensão de infância e adolescência indefinidas. Acompanhando este fenômeno, o shoujo mangá conta as histórias de suas vidas em revistas e

Figura 39: Bolsa da personagem Hello Kitty: o Kawaii presente em produtos. 53


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séries, orientadas para um público feminino.

3.1.1 Chibi

De acordo com SUZUKI (2016), chibi é um termo usado para designar algo pequeno e caracteriza um estilo de caricatura através do qual os personagens são desenhados em proporções exageradamente pequenas (FIGURA 40), e também é conhecido como “super deformado” ou, simplesmente, SD. A princípio aparecia nos mangás como uma forma de expressar que aquele personagem passava por uma emoção muito forte, como raiva, medo, piedade ou interesse amoroso. É um estilo ilustrativo que faz parte da caracterização de personagens, dependendo da imagem que o autor quer passar dos mesmos. Existem inclusive histórias que fazem uso integral do estilo. Em títulos e notas finais é comum ver os autores representando a si mesmos em formas chibi (FIGURA 41) São personagens que, independentemente de seus sentimentos, evocam fofura, e por isso são considerados kawaii. Segundo SATO (2004), um personagem em tamanho chibi deve ter uma proporção de cabeça para corpo entre 1: 1 e 4: 1, ou seja, não necessariamente maior do que o corpo. As características faciais são geralmente exageradas e reunidas em direção ao centro do rosto. Os olhos costumam ser grandes e espaçados para que a boca esteja quase entre eles. O cabelo costuma ser a única característica intocada do personagem, forma de deixar claro quem é representado mesmo em uma figura estilizada. Se um personagem apresenta alguma característica marcante, como uma cicatriz ou óculos, isso também aparece na simplificação (FIGURAS 42, 43 e 44).

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(página anterior) Figura 40: Capa do álbum “Reality”, onde se pode ver uma versão chibi de David Bowie. (ao lado) Figura 41: Página do volume 16 do mangá “Ouran High School Host Club”. Na lateral, é possível ver notas da autora com uma versão em chibi da mesma. (abaixo) Figura 42: A animação Mônica Toy traz os conhecidos personagens da Turma da Mônica em versão chibi;

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(acima) Figura 43: Personagens de “Ouran High School Host Club” em versões chibi. (ao lado) Figura 44: Personagens de “Ouran High School Host Club” com sua caracterização normal.

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3.2 David Bowie, os garotos de shoujo mangá e a cultura otaku Existe uma espécie de tradição na cultura japonesa em que figuras históricas e/ou respeitáveis são recriadas como personagens para determinados tipos de mídias. No âmbito dessa recriação não importa como era a pessoa originalmente, mas sim o simbolismo atribuído a essa, a forma como será vendida ao público alvo e o que representa para o mesmo - muitas vezes, provocando a adoração à pessoa-personagem (MILLER, 2008). Um exemplo disso é o mangá Bungou Stray Dogs (FIGURA 45) publicado no Brasil pela Panini/ Planet Mangá, escrito por Kafka Asagiri e ilustrado por Sango Harukawa, no qual escritores famosos, tanto da literatura japonesa quanto da ocidental são dotados de habilidades especiais, e coexistem, trabalhando juntos em uma agência de detetives, na qual resolvem mistérios considerados irresolúveis pela polícia ou pelo serviço militar. Na história é possível encontrar personagens inspirados em escritores como Edgar Allan Poe e Agatha Christie ou ainda Osamu Dazai e Ryunosuke Akutagawa, do próprio Japão. Figura 45: Capa da edição brasileira de Bungou Stray Dogs 57


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Outro exemplo desse tipo de simbolismo é o lendário mago onmyōji, Abe no Seimei (921-1005), uma figura histórica muito popular no Japão. Há uma peregrinação realizada todos os anos até o santuário construído em sua homenagem e, além disso, a figura de Seimei foi recriada como personagem em inúmeras mídias, como jogos, quadrinhos, filmes e outros, consolidando a imagem de uma personalidade bastante forte e versátil, que vem sendo usada durante muitos anos sem desgaste e mantém o apelo entre os fãs, com destaque para o consumo de produtos destinados ao público feminino. Ainda de acordo com MILLER (2008): (...) a produção e consumo de Seimei é uma ilustração do poder do mercado para meninas. Garotas japonesas têm impulsionado a economia de consumo de várias maneiras por mais de uma década, formando uma rica contraparte à cultura otaku de inspiração masculina. (MILLER, 2008).

Onmyōji é o nome dado aos praticantes profissionais de onmyōdō, uma cosmologia esotérica japonesa, que mistura ciências naturais e ocultismo.

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Um personagem criado a partir da figura de Abe no Seimei (FIGURA 46) é o antagonista de Nura: A ascensão do clã das sombras, publicado no Brasil pela editora JBC, que aparece como um vilão estilo bishonen, ou seja, um personagem masculino cuja beleza física transcende limites de gênero e orientação sexual; as feições afeminadas, em conjunto com corpo de proporções e características claramente masculinas, dão ao personagem uma caracterização ímpar, marcada pela beleza andrógina e traços delicados, representando o objeto de afeição ideal: belo, delicado, sensível e, às vezes, inseguro. O conceito de bishonen é uma manifestação da cultura popular japonesa que ganhou bastante destaque com as bandas de glam rock dos anos 70 e 80, com seus músicos andróginos e de estética apurada. Como tal, David Bowie pode ser considerado bishonen, dadas suas características físicas e o estilo apresentado pelo artista em suas diversas “personas” ao longo de sua carreira. Ao mesmo tempo, ainda hoje existem inúmeras referências ao “camaleão


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do rock” dentro da cultura japonesa, seja em música, moda, artes ou mesmo criação de personagens, principalmente no que tange às personagens com esse perfil bishonen, os quais costumam ser fortemente apreciados pelo público feminino, além de serem tomados como referência na produção de itens de merchandising, ou colecionáveis.

Figura 46: Página dupla do capítulo 131 do mangá “Nura: a Ascensão do Clã das Sombras”, onde aparece o personagem de Abe no Seimei 59


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Muitos personagens de animes e mangás shoujo se relacionam com a aparência de Bowie: esbeltos, com as faces finas e ligeiramente angulares, suas roupas muitas vezes inspiradas em glam rock, ternos elegantes e penteados que lhes conferem um ar de sofisticação (OHANESIAN, 2009). Um bom exemplo de personagem bishounen que pode ser relacionado a Bowie é Tamaki Suou, do mangá Ouran High School Host Club (FIGURA 47). Assim como o personagem Thin White Duke (FIGURA 47), Tamaki é - a seu modo -, um esnobe aristocrata entediado e muitas vezes fora de contato com o mundo exterior, que trata as pessoas comuns como algo exótico, um circo, e frequentemente faz comentários insensíveis. Apesar disso, ao contrário de Thin White Duke, no geral, Tamaki tem boas intenções e seus comentários são carregados de ingenuidade. THISTLETHWAITE (2009) sugere que Tamaki seria uma leitura de personagens principescos, o que também é possível ver em Thin White Duke, ele próprio um bishounen, é também uma interpretação satírica de Bowie sobre ricos ociosos.

Figura 47: Página do volume um de “Ouran High School Host Club”, com Tamaki sentado ao centro (esq) e David Bowie como Thin White Duke (dir) 60


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Ainda dentro desse espectro, o recurso da ilustração de bishonen é usado massivamente em produtos de séries de animação e jogos, sendo feita uma ilustração para uma linha inicial de produtos simples, geralmente broches, marca páginas e adesivos e, após a consolidação do mercado, o personagem é explorado em diversos modos além de sua caracterização «normal». Ilustrações (FIGURA 48) temáticas dão origem a produtos mais elaborados, como toalhas, pastas, bolsas e acessórios, bonecos em PVC (FIGURA 49), guarda-chuvas e até mesmo roupas e sapatos. Utilizando de outros recursos, como colaborações com marcas famosas (como exemplo Sanrio), criouse um nicho de consumo para fãs da cultura otaku, focado principalmente no consumo feminino que, até então, era negligenciado por não haver, por parte das empresas produtoras de colecionáveis, intenção ou conhecimento sobre o modo mais adequado de dialogar com a forma de consumo dessa parcela do nicho (produtos além dos action figures).

Figura 48: Ilustração de divulgação da colaboração entre Bungou Stray Dogs e Sanrio. Figura 49: Foto de divulgação de Nendoroid (boneco colecionável em pvc) de Abe no Seimei na sua versão para o jogo “Onmyoji”. 61


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3.3 Colecionismo Colecionismo é o processo de adquirir coisas de forma ativa, seletiva e apaixonada (Belk 1995 apud Toledo, Faria e Corrêa, 2006). O ato de colecionar está ligado ao ato de adquirir algo. Vai além dos conceitos de comprar e consumir. É um comportamento do consumidor, que utiliza o produto de forma diferenciada. Envolve esforços como pesquisa, negociação, compra, venda, troca e armazenamento de um produto que não necessariamente será consumido (FIGURAS 50 e 51). Difere-se do ato de consumir por indicar a formação de um conjunto de coisas (a coleção) e pelo comportamento específico durante o processo de formação desse conjunto. É um processo que implica alto envolvimento e tempo por parte do colecionador (BELK 1982 apud TOLEDO, FARIA E CORRÊA, 2006).

Outro fator associado ao colecionismo é a extensão do self. A pessoa é também reflexo daquilo que possui. Uma coleção diz coisas a respeito daquele que coleciona; como uma linguagem não verbal das roupas que se usa. A pessoa confere a si mesma os significados que confere aos seus objetos, assim como se distingue através de sua coleção. De forma geral, a coleção é um retrato da personalidade do colecionador (TOLEDO, FARIA E CORRÊA, 2006).

Figura 50: Coleção de itens do personagem Renji Abarai, do mangá “Bleach”. é possível ver que além de bonecos, existem acessórios, itens de papelaria e outros.. (próxima página) Figura 51: Montagem de fotos de coleção de itens relacionados ao mangá “Haikyuu”. 62


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4. Resultados da Pesquisa


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4. Resultados das Pesquisas

A partir das pesquisas feitas para fundamentação do projeto, buscou-se levantar frente ao público com potencial consumidor, os itens de maior interesse dentro de uma linha de produtos relacionados ao artista David Bowie, para fins de estudos de possibilidades. Também foram observadas lojas que comercializam produtos colecionáveis, sejam de banda ou relacionados à Cultura Pop em geral. Além dessas, também foram analisadas as capas dos CDs referentes aos períodos em que o artista trabalhou com os quatro estilistas destacados anteriormente, buscando relacionálas com os figurinos utilizados nessas fases a fim de desenvolver texturas a serem propostas para uso nos produtos desenvolvidos.

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Resultados da Pesquisa •

4.1 Pesquisa Qualitativa Através da pesquisa qualitativa pode-se estimar a demanda entre fãs brasileiros de David Bowie, com foco no público feminino. A partir dos dados obtidos e que podem ser vistos no questionário em anexo, é possível dizer que uma parcela significativa do fandom atual é composto por mulheres jovens, entre 15 e 35 anos. Tal público ainda encontra dificuldades em comprar itens oficiais do artista, seja pela dificuldade de importação - que acarreta preço final mais elevado -, seja por desconhecer lojas que atuem com esse tipo de produto.

Não só isso, a pesquisa também buscou conhecer os objetos colecionáveis em que se tem mais interesse, sendo os itens mais votados: camiseta, caneca, pôster, caderno, capinha de celular e chaveiro. A partir desses resultados, serão feitas análises dos possíveis produtos a serem desenvolvidos no projeto, levando em consideração o interesse e a viabilidade na execução. É importante ressaltar, no entanto, que embora a pesquisa qualitativa tenha servido para levantar os itens de maior procura, a escolha de objetos a serem produzidos não se pautará exatamente nos produtos elencados pelo público. Com base nisso, é possível se valer da comunidade já consolidada de fãs e fundi-la com o nicho de mercado, cuja abertura pode ser destacada a partir de objetos pré-existentes do artista, como POP FUNKO, pins e outros itens “fofos”, encontrados inclusive em sua loja oficial.

Fandom: o inglês “Fan Kingdom” ou Reino dos Fãs. Nome que se dá para a comunidade de fãs de determinado assunto.

David Bowie - Loja Oficial: https:// store.davidbowie.com/store/

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4.2 Pesquisa de Campo

Foram visitadas, para pesquisa in loco, as lojas de toyart Piticas, Studio Geek, Passatempo, LojaTip, Power Toys e Joker Store, todas em São Paulo, capital. Tais lojas usualmente são classificadas como lojas de presentes, já que muitos dos consumidores vão em busca de presentes, não necessariamente procurando itens para si. Nessas lojas, buscou-se observar a organização dos produtos, como eram dispostos e agrupados, além do tipo de produto comercializado e o que os consumidores buscam quando vão a esses locais.

Entre as lojas visitadas, apenas a “Passatempo” (FIGURA 52), localizada no Shopping Eldorado, não trabalha com foco em cultura nerd, oferecendo toyarts de marcas como Disney e Turma da Mônica (FIGURA 53 e 54). Ainda assim, é possível notar, na organização da loja, a categorização das mercadorias de acordo com tipo de produto, marca e, no caso de alguns objetos, até mesmo o público alvo (FIGURAS 55 e 56).

Toyart é o nome dado aos “brinquedos de arte”, ou seja, brinquedos que não são feitos para brincar, mas sim para coleção ou decoração.

Figura 52: Fachada da loja Passatempo. 68


Figura 53: Toyarts da Disney na loja Passatempo

Figura 54: Estante de Toyarts da Turma da Mônica.

Figura 53: Objetos dispostos por tipo na Passatempo

Figura 54: Gôndola da loja Passatempo onde os objetos são dispostos por tipo e faixa etária

Pesquisa de Campo •

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Figura 57: Prateleira de FUNKO POP, onde se podem ver bonecos da banda sul-coreana BTS.

Figura 58: Display de produtos da franquia “Harry Potter” na loja Piticas.

As lojas Piticas (unidade visitada: Shopping Eldorado) e LojaTip (Rua Augusta) trabalham principalmente com FUNKO POP, camisetas e acessórios como copos e almofadas. Ambas têm como foco produtos baseados na cultura geek, oferecendo itens de jogos, séries e filmes. De acordo com os funcionários da loja Piticas - cujo produto de maior saída são as camisetas originais - anteriormente a marca possuía licença para vender itens de bandas, o que faz com que, ainda hoje, pessoas vão à loja em busca de camisetas de um determinado artista ou banda, principalmente da banda britânica QUEEN. A LojaTip, por sua vez, entre os itens ofertados, traz a linha “Rocks” de FUNKO POP, uma série específica de bonecos de músicos (FIGURA 57). O fato de ser uma loja cujo produto de maior saída é o próprio FUNKO POP mostra que a busca por colecionáveis do tipo é considerável. A Piticas expõe seus produtosde acordo com o tema, ou seja, elabora displays de séries e universos específicos (FIGURA 58) e, junto a este, araras e prateleiras onde os objetos são separados por tipo (FIGURA 59). A LojaTip, por sua vez, separa seus produtos unicamente por tipo de objeto (FIGURA 60). 70


Pesquisa de Campo •

(ao lado) Figura 59: Produtos expostos por tipo na loja Piticas. (abaixo) Figura 60: (montagem) Produtos expostos de acordo com a classificação da própria loja, na LojaTip.

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A loja Studio Geek (Alameda Jaú) trabalha principalmente com camisetas voltadas ao público geek (FIGURA 61). Existe procura por materiais de banda, insinuando a existência de uma demanda. Em sua organização, é possível notar alguns displays de séries e produtos específicos (FIGURA 62) mas, em geral, o agrupamento é por tipo de produto

Figura 61: Mesa de exposição de camisetas na loja Studio Geek.

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Figura 62: Produtos dispostos na loja Studio Geek, separados por tipo ou série.


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Já as lojas Power Toys e Joker Store se localizam na Galeria do Rock, centro comercial conhecido por lojas focadas em produtos relacionados a Rock e Heavy Metal, situado no Centro antigo de São Paulo. Ambas as lojas comercializam FUNKO POP como produto principal, já que este atualmente é o produto colecionável mais popular no meio. Na Joker Store, as buscas por produtos relacionados a David Bowie se limitam ao FUNKO POP de Jareth, personagem do cantor no filme Labirinto - A Magia do Tempo (1986) (FIGURA 46), único produto do tipo relacionado ao artista. Funcionários da loja, porém, acreditam na existência de demanda por produtos oficiais.

Figura 63: Funko POP do personagem Jareth, interpretado por David Bowie. A loja Power Toys, por sua vez, oferece também action figures de outras linhas, além de FUNKO. O dono da loja, entusiasta do assunto, afirma que as buscas por produtos relacionados a David Bowie são constantes, havendo uma parcela expressiva de fãs em busca de mais itens além das figuras de Jareth.

Diante disso, é possível concluir que a busca por produtos relacionados a David Bowie acontece mais intensamente na Galeria do Rock, onde consumidores já buscam normalmente por produtos de bandas e relacionados. A linha “Rocks” de FUNKO POP, que trabalha com bonecos de ícones do mundo da música, consolidou as vendas de itens colecionáveis no lugar, além de abrir portas para outros produtos do tipo. 73


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4.3 Análise de capas de CDs e figurinos relacionados

Foi feito um recorte de quatro dos estilistas que trabalharam com David Bowie ao longo de sua carreira: Freddie Burretti, Kansai Yamamoto, Natasha Korniloff e Alexander McQueen. A partir desse recorte, foram definidos quatro momentos distintos da carreira de Bowie, nos quais trabalhou em colaboração com cada um desses estilistas. Dentro de cada período, foi selecionado um CD e um figurino relacionado ao mesmo para análise cromática, tipográfica, diagramação, texturas e possíveis referências.

4.3.1 Hunky Dory (1971)

Figura 64: Capa do álbum Hunky Dory, 1971. 74


Hunky Dory (FIGURA 64), de 1971, apresenta em sua capa um Bowie ainda muito ligado às questões da androginia, mostrando-se bastante feminino. Figura central da capa, a foto é semelhante a um retrato da atriz alemã de filmes mudos Marlene Dietrich (FIGURA 65), passando a sensação de uma foto antiga colorizada.

Análise de CDs e figurinos •

quais Andy Warhol colorizava fotos de celebridades com cores marcantes (FIGURA 66).

Na foto, os cabelos já aloirados de Bowie foram destacados com um tom de amarelo saturado. O mesmo foi feito com os olhos, na cor azul. O casaco de pelos quadriculado em preto e branco aparece um tanto desfocado, enquanto a luz contrária a Bowie A imagem desfocada, praticamente granulada, somada deixa sua pele bastante clara. Bowie contrasta e, ao à colorização feita, também remete a alguns trabalhos mesmo tempo, se funde ao fundo de cor cinzenta (um de PopArt, movimento que se deu nos anos 1960, nos pouco amarelado).

Figura 65: Atriz alemã Marlene Dietrich.

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Figura 66: Merilyn Monroe Series - Andy Warhol. 76


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Hunky Dory - Elementos Fotografia David Bowie posando em fundo acinzentado, olhando para o alto. Apesar do amarelo intenso, a granulação da foto, somada aos demais elementos, dá sensação de frieza. Texto e tipografia Texto em tipografia do tipo fantasia, remete a “diversão” ou algo animado. A tipografia escolhida, “Zipper”, data de 1970 e é possivelmente inspirada em tipos de madeira. O texto posiciona-se no canto superior esquerdo da capa, como se na direção em que Bowie olha. Escrito em branco e todo em caixa alta, tem bom contraste com o fundo cinzento.

Cores Amarelo, azul, preto, branco, cinza, cinza “quente” (cinza amarelado), magenta e meios-tons. 77


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Figurino relacionado ao período Estilista: Freddie Burretti

Uso: Clipe “Life on Mars?” (FIGURA 67)

Peça: Terno azul-claro (FIGURAS 68 e 69) Ano: 1972

Figura 67: Fotografia de David Bowie durante gravação do clipe Life on Mars? 78


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Para o clipe de Life on Mars?, Bowie vestiu um terno azul-claro (turquesa) bastante acinturado, desenhado por Freddie Burretti. O conjunto trazia ainda uma camisa de listras verticais em preto e branco com gola branca e uma gravata colorida, dourada com estampa de poá azul e duas listras (vermelho e branco). O terno em uma única cor ofusca o brilho da gravata, tornando-a quase discreta. Os sapatos eram pretos, com detalhe e cadarços em branco e, já nessa época, Bowie usava saltos. Nesse figurino, os primeiros traços do personagem que viria a seguir podem ser notados: Bowie já usava maquiagem carregada, caracterizada como feminina, além dos cabelos já apresentarem o corte característico de Ziggy Stardust. Bowie também usa pulseiras prateadas, deixando a composição mais sutil e feminina, apresentando mais uma vez a questão da androginia já trabalhada na capa do disco.

Figura 68: Terno de Life on Mars?

Figura 69: Detalhe da gravata do terno azul claro 79


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4.3.2 Aladdin Sane (1973)

Figura 70: Capa do álbum Aladdin Sane, 1973. Edição Japonesa. Auge do personagem ‘Ziggy Stardust’, o álbum Aladdin Sane (FIGURA 53), de 1973, traz em sua capa Bowie caracterizado como o alienígena, sua figura centralizada no quadro, contrastando com o fundo completamente branco, remete a um pôster.

O artista apresenta o torso nu, branco e com brilho estourado, enquanto o rosto traz uma maquiagem carregada, cenográfica, com acentuado róseo, além da pintura de um relâmpago estilizado, nas cores vermelho e azul, com uma sutil linha preta que traz sensação de tridimensionalidade à figura. A pintura do raio começa rente ao cabelo do artista, ocupando o meio de sua testa e percorrendo o rosto - por cima do olho direito - até sua bochecha. Os cabelos, característicos do personagem, se mantinham vermelho elétrico, quase cor de cobre, penteados para 80


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trás, imitando perucas de kabuki. Há também uma gota escorrendo pela clavícula de Bowie, ressaltando o fundo róseo da maquiagem de seu rosto.

Em contraste com o branco que transmite sensação fria, a maquiagem carregada e os cabelos de Bowie saltam aos olhos, ocupando toda a área central do quadro.

Aladdin Sane - Elementos

Cores cores com mais destaque: Branco, vermelho, ciano, magenta, preto, azul e castanho/cobre.

Fotografia David Bowie fotografado sobre fundo branco. Uso de cores “quentes” (vermelho e magenta) de forma destacada na maquiagem transmite sensação de calor.

Texto e tipografia Textos na tipografia “Initiales Cristal”, de 1953, parte do primeiro set de tipografias impressas em transfer. No CD, foi usada com gradiente magenta, branco e azul, sempre em caixa alta. O nome de Bowie aparece no canto superior direito da composição, enquanto o nome do álbum, embora na mesma proporção, está centralizado na base da foto, alinhado ao próprio artista. 81


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Figurino relacionado ao período Estilista: Kansai Yamamoto Uso: Ensaios fotográficos na fase “Aladdin Sane” (FIGURA 71) Peça: Macacão TokyoPop (FIGURAS 72 E 73) Ano: 1973

Figura 71: David Bowie no ensaio “Watch That Man”, de 1973. 82


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Um dos figurinos feitos por Kansai Yamamoto para a turnê de Aladdin Sane foi o “TokyoPop”, um macacão de material brilhoso, semelhante ao vinil, com corte assimétrico nas pernas, formando curvas. Todo em preto, a peça tem debrum branco que se repete por toda sua extensão, lembrando um disco de vinil. O debrum permite observar que a peça em si é simétrica: o desenho se repete de forma idêntica em ambos os lados, tendo as “pontas” unidas no centro do traje.

Bowie ainda utilizava sapatos de vinil vermelho, com altas plataformas pretas; além da maquiagem e cabelos vermelhos característicos de seu período como Ziggy Stardust (FIGURA 72).

Figura 72: Macacão TokyoPop.

Figura 73: Detalhe na textura do figurino Tokyo Pop.

Debrum: tipo de acabamento em costuras em que se cose uma tira de tecido dobrada sobre outro tecido. Serve para reforçar e fazer relevos e detalhes em peças.

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4.3.3. Heroes (1977)

Figura 74: Capa do álbum “Heroes”, 1977. Heroes (FIGURA 74), 1977, é o segundo CD da “Trilogia de Berlim” e apresenta em sua capa uma foto de Bowie ocupando quase todo o espaço, com uma expressão solene, quase melancólica. O artista aparece pálido e amadurecido, o olhar desvia-se do espectador, encarando algum ponto indecifrável. A fotografia em preto e branco deixa a arte ainda mais sombria. A atmosfera mecânica e gélida evoca o período em que a Alemanha se encontrava, no auge da Guerra Fria (1947 - 1991), cujos horrores parecem ser explorados no álbum e, ao mesmo tempo, parece haver referência à depressão e frieza do contemporâneo Trans-Europa Express (FIGURA 75), álbum de pop experimental da banda alemã Kraftwerk. Na composição há ainda referência ao expressionismo alemão (FIGURA 76) pela forma como é apresentada 84


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- com a figura central de Bowie completamente pálido em contraste com as roupas negras e fundo escurecido - a temática sombria que se faz presente não só na foto, mas na tipografia escolhida (FIGURA 77), trazendo a ideia de um álbum mais denso e aterrorizante do que seu antecessor, Low (1997).

Figura 75: Capa do álbum Trans-Europa Express, da banda Kraftwerk

Figura 76: Cena do filme “Nosferatu”.

Expressionismo Alemão: estilo cinematográfico caracterizado pela distorção de cenários e personagens através de maquiagem e recursos de fotografia. Teve seu auge durante os anos 1920.

Figura 77: Tipografia do título do CD “Heroes” 85


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Heroes - Elementos Texto e tipografia Tipografia geomética, remete à família “Futura”. Possivelmente “Resolute NF”, de 1934. Topo, lateral direita da capa. Texto apresentado em branco, alto contraste com o fundo escuro. Título do CD separado do nome do artista por aspas, todas as informações em caixa alta. A tipografia escolhida, com suas terminações agudas, de certo modo ajuda a ressaltar a estranheza da fotografia.

Cores Preto, branco, cinza (meio tom).

Fotografia Busto de Bowie posando enquanto observa o vazio. Foto em preto e branco.

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Figurino relacionado ao período Estilista: Natasha Korniloff Uso: Turnê Stage/Isolar II (FIGURA 77) Peça: Figurino Náutico (FIGURAS 78 e 79) Ano: 1978

Figura 77: David Bowie trajando figurino náutico durante performance da Turnê Isolar II. 87


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Durante a Stage Tour, período no qual Bowie performou as canções do álbum Heroes, o figurino utilizado era desenho de Natasha Korniloff; um traje náutico, lembrando uniformes de marinheiros. O figurino era composto por camisa polo, largas calças de tecido de nylon e um estreito cinto de couro, todos em branco. Nos pés, tênis com material semelhante a veludo azul, com solado, cadarços e viés marrons. Os cadarços, por sua vez, parecem cordas. Nas apresentações, Bowie ainda usava um quepe para completar o figurino (FIGURA 77). O figurino de poucas cores (branco, azul, marrom e preto) é harmônico e bem organizado, confortável aos olhos. Transmite a ideia de um Bowie menos “carregado” do que em seus trabalhos anteriores.

Figura 78: Figurino náutico da turnê Isolar II

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Figura 79: Detalhe do figurino utilizado durante a turnê de 1978, “Isolar II”


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4.3.4 Earthling (1997)

Figura 80: Capa do álbum “Earthling”, 1997. A capa do CD Earthling (FIGURA 80), de 1997, apresenta Bowie como figura central, de costas, vestindo uma sobrecasaca feita a partir da bandeira da Grã-Bretanha; uma peça envelhecida, com marcas de desgaste, corrosões e queimaduras. Além desta, Bowie veste calças e sapatos pretos, dando mais contraste ao traje elaborado por Alexander McQueen.

Bowie, de costas no centro da capa, atrai o olhar diretamente para o centro da foto e, consequentemente, da bandeira, onde suas mãos estão enlaçadas em suas costas. Ao fundo, é possível notar que o cantor encara uma pradaria, um descampado que remete aos jardins clássicos ingleses (FIGURA 81), com arvoretas dispersas sem organização, um lago e grama verdejante. 89


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Há um contraste nítido ente as vestes de Bowie e a paisagem. O vermelho envelhecido da bandeira se contrapõe ao verde de alto valor tonal da grama, assim como ao ciano usado no céu, cujas nuvens esbranquiçadas balanceiam a saturação. A proximidade entre azul e verde ao fundo colocam em evidência a figura central (Bowie), cuja roupa em tons de vermelho, azul, bege e preto “salta” aos olhos do espectador. A imagem central, somada ao contraste, parece enaltecer a Union Jack, bandeira da Grã-Bretanha (FIGURA 82), ao mesmo tempo em que Bowie parece contemplar o vazio enquanto observa o nada. A bandeira em primeiro plano traz uma ideia de patriotismo, anglomania.

Figura 81: Jardim Inglês de Munique.

Figura 82: Bandeira da Grã-Bretanha, “Union Jack”. 90


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Earthling - Elementos

Texto e tipografia Título do CD como elemento central no topo da imagem, alinhado ao corpo do artista. As letras espaçadas podem dar margem a outras interpretações. Tipografia clássica, Berkeley Old Style, bom contraste e legibilidade, embora pareça apagada diante do azul do fundo. Nome do artista em destaque na cor magenta, apresentando alto contraste dentro um box preto com margem dourada e branca.

Cores cores com mais destaque: Vermelho, azul, preto, ciano, verde e branco. Dourado e magenta.

Fotografia Montagem de Bowie diante de um descampado. A foto apresenta cores estouradas.

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David Bowie é CHIBI •

Figurino relacionado ao período Estilista: Alexander McQueen. Uso: Turnê de Earthling (FIGURA 83) Peça: Casaco de brocado dourado (FIGURAS 84 e 85) Ano: 1997

Figura 83: David Bowie se apresentando durante a turnê de Earthling, em 1997.

92


Análise de CDs e figurinos •

Para a turnê do álbum Earthling, Bowie manteve seu trabalho colaborativo com Alexander McQueen. Ambos projetavam os figurinos juntos, como vinha sendo desde o álbum anterior, Outside. Entre os casacos desenvolvidos no período, pode-se destacar um feito em brocado dourado, uma peça de alfaiataria, simétrica, com fendas nos punhos (desde a metade das mangas), que chamavam atenção pelo acabamento em renda da camisa. Brocado dourado sobre fundo preto, era ainda mais destacado pelas peças completamente pretas que o músico vestia por baixo (FIGURA 83).

Figura 84: Casaco de brocado dourado usado durante a turnê Earthling.

Figura 85: Detalhe do casaco de brocado dourado.

Brocado: tipo de tecido ricamente decorado com técnica de aparência semelhante a um bordado, usualmente em ouro ou prata.

93



5. Projeto


“Eu não tenho lealdade estilística. É por isso que as pessoas me percebem como alguém que muda o tempo todo. Mas há uma continuidade real na minha identidade. [...], acredito que tenho mais integridade que qualquer outro artista com trabalho contemporâneo ao meu.” - David Bowie em entrevista para a revista GQ em 2003.


Estudos de Concepção •

5.1 Estudos de Concepção O projeto se desenvolveu a partir dos estudos de criação do modelo em versão chibificada de David Bowie, trazendo o cantor para a estética utilizada nos produtos escolhidos. Os objetos em que a arte desenvolvida foi aplicada foram escolhidos de acordo com a pesquisa qualitativa feita entre o público-alvo, na qual foram levantados os itens de maior interesse entre os fãs do artista (ANEXO 1). Entretanto, como alguns dos itens solicitados pelos fãs são facilmente encontrados, seja em lojas como as pesquisadas ao longo deste projeto, seja como objetos fan made, decidimos propor artigos que permitam a personalização de objetos preexistentes. Deste modo, há possibilidade de interação, o que faz com que as peças criadas possam ser usadas para compor versões dos objetos desejados, porém diferenciando-os, trazendo para o fã um produto mais exclusivo. Escolheu-se fazer um modelo de estampa autocolante para personalização de camisetas e superfícies em tecido, bem como um estêncil para ser usado em tênis ou em outra peça desejada. Além desses, foram desenvolvidos também itens básicos como chaveiro, stand de acrílico, caderno e pin esmaltado.

Foi desenvolvido também um baralho, pré-determinado para explorar mais da linguagem escolhida para o projeto, dadas as possibilidades que o objeto oferece entre diagramação, substrato, formato, linguagem, entre outras informações presentes nas cartas que poderiam ser relacionadas ao artista. Levando em conta o interesse em explorar esse tipo de material, o desejo dos fãs por baralho não foi abordado na pesquisa.

Fan made: produto não oficial, feito por fãs.

97


David Bowie é CHIBI •

• David Bowie em versão CHIBI Seguindo as proporções estudadas, um chibi em tamanho convencional, apresenta a cabeça e corpo do mesmo tamanho, ou ainda, com altura total de duas cabeças e meia. Há ainda uma terceira proporção, mais longilínea (FIGURA 86), cuja silhueta se torna mais alongada e, que pensando nos figurinos que David Bowie apresentava, bem como em seu próprio biotipo esguio, foi tomado como forma preferencial para representação do artista.

Figura 86: Exemplos de chibis de corpo alongado. Nesses casos, o rosto ser em estilo chibi é fundamental. 98


Estudos de Concepção •

Figura 87: David Bowie em versão Chibi 1

99


David Bowie é CHIBI •

Figura 88: Estudo de proporção de um chibi Além da proporção, foram testados diferentes modelos de olhos para o rosto, buscando o que se adéque melhor às figuras criadas a partir de Bowie e, pensando também no fato de o artista apresentar anisocoria, sendo preferível um modelo onde se possa representar com clareza as duas cores diferentes dos olhos de Bowie.

Figura 89: Estudos de olhos e expressões para os chibis. 100


Estudos de Concepção •

Tendo em mente a figura alongada, um corpinho vazio (com cerca de quatro cabeças de altura) serviu como estrutura base sem perder as proporções da estética escolhida. A partir dessa estrutura seria possível abrigar diversos figurinos e visuais do artista.

Figura 90: Teste de corpo e dimensões base para um chibi Bowie

101


David Bowie é CHIBI •

• Baralho Entre os objetos selecionados, está um jogo de baralho padrão, com cinquenta e quatro cartas (treze cartas de naipes e dois curingas). Como referência para criação do mesmo, foram separados quatro modelos distintos de baralho, o clássico DUNGA, da brasileira Copag (FIGURA 91); os baralhos de colecionador ICE, da Bicycle (FIGURAS 98 - 100), e TRUMP (FIGURAS 101 - 103), brinde da edição comemorativa de 45 anos da revista japonesa Hana to Yume; e um baralho comemorativo da chegada da família real ao Brasil, projeto do estúdio MAIS GRUPO nomeado Baralho Brasileiro.

a. Baralho Dunga

Figura 91: Baralho Dunga

Figura 92: Carta numérica “3 de Copas” do baralho Dunga

Dunga é um baralho casual das linhas mais básicas da COPAG, facilmente encontrado em qualquer lugar e tem tamanho Bridge Size, com naipes em tamanho convencional (1cm). Como a própria empresa sugere, é feito em papel cartão e ideal para reuniões. 102


Estudos de Concepção •

Baralho tradicional da Copag. Características - tamanho bridge size (5,7 x 8,9cm) com os cantos arredondados e acabamento em cartão laminado; - margem superior e inferior com 1,5cm, lateral com 1cm; - número e índice de naipe em tamanho e posicionamento padrão. - cartas de imagens respeitam a mesma margem das cartas numéricas, repetindo o ícone do naipe ao lado da figura; - as figuras apresentadas são diferentes de um naipe para outro.

Figura 93: Padrão repetido no verso das cartas.

Figura 94: Canastra de ouros. 103


David Bowie é CHIBI •

Figura 95: Cartas variadas do baralho Dunga

104


Baralho comemorativo de 200 anos da chegada da família real ao Brasil, projeto do estúdio MAIS GRUPO.

Estudos de Concepção •

b. Baralho Brasileiro

Características - cartas alongadas e mais estreitas; - naipes e números maiores do que o usual; - verniz fosco e acabamento plastificado; - fundo branco com baixa porcentagem de cor para que não haja reflexo; - todas as cartas seguem a estética naipe centralizado e sob a numeração; - cartas de figuras (J, Q, K) apresentam ilustrações simples, baseadas nos desenhos da coroa da família real portuguesa; - verso personalizável.

Figura 96: Cartas do baralho brasileiro Layout

Figura 97: Baralho Brasileiro

Margem de segurança delimitada por uma linha bem marcada que corre por todo o contorno, no mesmo formato do corte. Os números e índices dos naipes aparecem nos dois cantos opostos; na vertical, isso se dá no canto superior esquerdo, como de praxe, e são circulados por linha levemente mais fina que a de margem. No centro, há um único índice de naipe ou figura (J, Q, K), a despeito de qual seja a carta; as figuras também foram substituídas por ícones desenvolvidos exclusivamente para o jogo. 105


David Bowie é CHIBI •

c. Baralho ICE

Baralho colecionável da Bicycle. Características - tamanho poker size (5,7 x 8,9cm) com os cantos arredondados e acabamento em papel especial; - margens superior e inferior com 4mm, lateral com 2mm; - número e índice de naipe em tamanho e posicionamento padrão (standard); - cartas de imagens respeitam a mesma margem das cartas numéricas, embora nestas não haja uma margem visível. Nas cartas de figuras há, ainda, repetição do ícone do naipe ao lado da figura; - as figuras apresentadas são diferentes de um naipe para outro.

Figura 98: Cartas de espadas do baralho ICE

- tendo o fundo preto, a diferenciação entre os naipes vermelhos (ouros e copas) e pretos (paus e espadas) se dá por tons de azul, sendo usado o azul acinzentado para os naipes pretos e azul (quase ciano) para os naipes vermelhos. O contraste entre os naipes não dificulta a jogabilidade; - as figuras apresentadas são diferentes de um naipe para outro.

106

Figura 99: Variação cromática do baralho ICE


Estudos de Concepção •

Figura 100: Canastra de espadas do baralho ICE

107


David Bowie é CHIBI •

d. Baralho TRUMP

Baralho comemorativo de 45 anos de publicação da revista de shoujo mangá Hana to Yume, lançado em 2019. Características - tamanho especial (5,2 x 8,1cm) com os cantos arredondados e acabamento laminado em cartão; - margens de 3mm em todos os lados, com recuo elíptico na área onde o número e índice aparecem; - número e índice de naipe em tamanho reduzido e posicionamento padrão; - todas as cartas, numéricas ou de figuras contém ilustrações diferentes de títulos publicados pela revista, não havendo cartas iguais.

Figura 101: Frente e verso das cartas Layout Apesar do índice presente nos dois cantos opostos (superior esquerdo e inferior direito), a presença da ilustração ocupando todo o centro da carta dá à mesma um direcionamento preferencial, esperando-se que a ilustração fique na posição correta. As margens brancas, com recuo elíptico na área do índice, dão destaque não só à ilustração, já que funcionam como moldura, mas também ao próprio índice, que apresenta contraste com o restante da carta por estar sobre fundo branco. Há ainda a moldura de cor castanha, em traçado que remete ao art nouveau. 108

Figura 102: “6 de copas” do baralho TRUMP


Estudos de Concepção •

Figura 103: Cartas avulsas do baralho TRUMP

109


David Bowie é CHIBI •

O jogo trouxe ilustrações baseadas no sobretudo de brocado dourado usado por Bowie durante a turnê Earthling (1997), salvo nas cartas de figuras (Rei, Dama, Valete e Curinga), ilustradas com chibis de Bowie em momentos diversos.

2.

1.

1.

3.

2.

Figuras 104: Mapeamento de padrões no bordado utilizado Na figura 104, temos o detalhe do bordado, no qual se pode analisar a textura geométrica. Seus principais elementos são a flor de lis presente no centro dos quadrados e os punhais e flores que ajudam a delimitar o grid, funcionando como moldura. Estudou-se utilizar tais elementos para compor os naipes, substituindo as imagens clássicas de copas, paus, espadas e ouros. 110

3. Figuras 105 - 107: Traçado dos padrões selecionados.


Estudos de Concepção •

Figura 108: Estudos de ocupação das cartas do baralho

111


David Bowie é CHIBI •

Figura 109: Estudos de versos Estudos de possibilidades de fundos/versos para as cartas, baseados no padrão existente no bordado utilizado (pequenas flores, quadriculado, moldura).

112

Comparação entre verso de carta do baralho Dunga e estudo mais próximo do resultado desejado como verso das cartas, no qual a moldura espessa remete à “moldura” utilizada no bordado como demarcador do quadriculado.


Estudos de Concepção •

Figura 110: Construção dos naipes a partir dos componentes levantados

113


David Bowie é CHIBI •

• Estêncil Para aplicação em tênis e demais superfícies existe a possibilidade de pintar a estampa, sendo escolhido o figurino TokyoPop (FIGURA 111) para desenvolvimento de um estêncil. O macacão apresenta estampa simétrica, as linhas prateadas são espelhadas na outra metade do figurino de cor preta, formando uma composição única que remete a discos de vinil.

Figura 111: Figurino “TokyoPop”

114

Figura 112: Esboços para o estêncil


Estudos de Concepção •

Figura 113: Gabarito inicial para estêncil

Figura 114: Aplicações em tecido

115


David Bowie é CHIBI •

• Tecido Aplicável Termocolante Também foi proposto um tecido autocolante, para ser aplicado onde desejar. A peça, trabalhada a partir das estampas escolhidas anteriormente, seria disponibilizada em tamanhos e formatos diferentes. Dessa forma, seria possível customizar a peça de diversas maneiras, trazendo resultados variados. No primeiro momento, a estampa escolhida para o trabalho foi a do terno azul de Life on Mars? (FIGURA 115), pensando nos elementos que compõem a estampa original do figurino, além das cores.

A gravata apresenta em sua composição, um fundo dourado, sobre o qual foram inseridas uma faixa branca e uma vermelha, ambas transversais; além de estampa de poá azul, da mesma cor do tecido do terno. A camisa, por sua vez, apresenta listras pretas verticais estreitas, contrastando com a gola branca. Figura 115: Detalhe terno azul turquesa de Life on Mars? 116


Estudos de Concepção •

Figura 116: Estudos de estampas para tecido autocolante. 117


David Bowie é CHIBI •

Figura 117: Esboços de aplicação do tecido autocolante

118


Estudos de Concepção •

• Stand de Acrílico Tipo de boneco impresso em uma placa de acrílico, cortado no formato da ilustração. Alguns possuem furo na cabeça para passagem de argola de chaveiro e a base pode ser lisa, ilustrada ou recortada em algum formato especial (FIGURAS 118 e 119)

Figura 118: Stands de acrílico desmontados

119


David Bowie é CHIBI •

Figura 119: Stand de acrílico montado, em pé

120

Figura 120: Esquema de Bowie que serviria para stand


Estudos de Concepção •

Figura 121: Esboços de stands

121


“Suponho que para mim, como um artista, não queria só expressar meu trabalho. Queria mesmo, mais do que tudo, contribuir de alguma forma para a cultura em que eu estava inserido.” - David Bowie em entrevista para a revista GQ em 2002.


Desenvolvimento do Projeto •

5.2 Desenvolvimento do Projeto Seguindo os estudos feitos, optou-se pelos seguintes itens: chaveiro de acrílico com suporte para ficar em pé (stand), pin de esmalte e caderno; esses produtos usaram como referência a linguagem semelhante à de pôsteres. Também foram escolhidos estêncil para aplicar estampa em tênis e demais superfícies, estampa autocolante para tecidos em geral e baralho de cartas. Como nome da coleção, foi pensado na união dos elementos de estudo, David Bowie e chibi, definindo como nome algo simples que evoque de imediato a composição do projeto por esses dois elementos.

CHIBI + BOWIE = CHIBOWIE

123


David Bowie é CHIBI •

5.2.1. Baralho

Segundo as informações oficiais da Copag - atualmente, a maior fabricante de baralhos de cartas no Brasil -, um baralho de cartas consiste em um conjunto de cartas, ou seja, um grupo de objetos planos e uniformes cuja face apresenta símbolos que serão agrupados em conjuntos homogêneos aos quais damos o nome de naipe. Um naipe nada mais é do que uma série de cartas com o mesmo símbolo e valores diferentes.

Embora a origem do baralho seja incerta, estudos encontram registros de cartas vindos do Egito, Ásia e Península Arábica ao longo da história e, tal surgimento teria facilitado a mescla de estilos e adaptações das cartas. Fabricantes de cartas absorviam elementos de baralhos de outros países, fazendo modificações de acordo com a cultura local. Isso resulta em ampla variedade de baralhos nas regiões europeias, mantendo características como a bidimensionalidade das figuras, 124

naipes e índices numéricos nos cantos das cartas. (NEGRA, 1992 apud GENTILE, 2016)

Para esse projeto, tomou-se como referência o baralho de padrão internacional, originalmente o baralho francês, composto por cartas de um (A) a dez, valete (J), dama (Q), rei (K) e curinga; com versos trabalhados em algum tipo de ornamentação. Nesse tipo de baralho, as cartas representam figuras do período medieval, K (King) e Q (Queen) eram rei e rainha, enquanto J (Jack) representava a corte e, as cartas numéricas (2 a 10), representavam os soldados. O ás foi incorporado como símbolo do espírito esportivo. Os naipes, por sua vez, representavam os quatro poderes: religião (copas), dinheiro (ouros), belicismo (espadas) e política (paus). (MESQUITA, 2011 apud GENTILE, 2016).


Desenvolvimento do Projeto •

• Projeto

Tendo como objetivo um baralho no qual todos os elementos estejam relacionados a David Bowie, a escolha para o projeto foi fazer a substituição dos elementos do baralho tradicional por outros, relacionados ao artista, dando a ele características de baralhos de edições especiais ou de colecionador. Nesse processo, foram escolhidos como referência o baralho “DUNGA”, da Copag, o Baralho Brasileiro, projeto do estúdio Mais Grupo para comemorar duzentos anos desde a chegada da família real ao Brasil, o baralho ICE, da Bicycle, cujas cartas apresentam fundo em preto e o baralho TRUMP, comemorativo de 45 anos de publicação da revista de Shoujo Mangá Hana to Yume. 3.00

Dimensões e Margens

(ao lado) Figura 122: Dimensões da carta de baralho (em cm)

8.20

10.20

O formato do baralho desenvolvido é mais alongado do que o usual para acompanhar o desenho do personagem criado. As cartas deixam de ter o tamanho padrão (Bridge Size) 5,7 x 8,9cm, dando lugar às cartas de 5x10,2cm. A mudança sutil não compromete a ergonomia do manuseio e mantém a equivalência entre as áreas de impressão. Os cantos arredondados foram mantidos do modelo original, salvo pelos cantos superior direito e inferior esquerdo que receberam um arredondamento maior (FIGURA 122), o que também facilita o embaralhamento.

R1.50

5.00

R0.50

125


David Bowie é CHIBI •

Área de ocupação das cartas

Figura 123: Layout frontal das cartas. 126


As cartas apresentam direcionamento único, da mesma forma que as cartas do baralho TRUMP apresentam suas ilustrações apenas em um sentido. As figuras estão na vertical, exibindo seu corpo por inteiro ao jogador, o que dá à carta apenas uma direção correta. O mesmo foi feito com os índices nos cantos, sendo mantido apenas o índice no canto superior, quebrando a estética do baralho convencional.

Desenvolvimento do Projeto •

Também foi abolida a repetição do ícone de naipe no centro da carta da forma convencional, ou seja, em quantia igual ao valor apresentado na carta. Optou-se por um único elemento, completamente centralizado, em escala maior do que o existente no índice e a repetição do mesmo em tamanho maior, com baixa opacidade no fundo da carta, ultrapassando as margens.

Figura 124: Layout frontal das cartas. Curinga 127


David Bowie é CHIBI •

Cores Pensando no fator contraste e levando em conta o exemplo do baralho ICE, em que todos os elementos eram azuis sobre fundo preto, foram selecionados alguns tons de amarelo a partir da cor do casaco escolhido como motivo para o baralho e, dentro dessas, feito um recorte do que melhor se encaixava na proposta, remetendo à cor dourada. Além dos dois tons de amarelo usados para o contraste entre naipes pretos e vermelhos, as cartas - necessariamente aquelas com figuras - também usam dois tons de azul diferentes, usados nos olhos dos chibis - já que a anisocoria de Bowie em um dos olhos fazia parecer que tinham cores diferentes. As mesmas cores também estão nas letras que os acompanham.

paleta de cores final para o baralho Figura 125: Paleta de cores selecionada a partir do figurino. 128


Desenvolvimento do Projeto •

Tipografia Para a tipografia das cartas criou-se um lettering inspirado nos rascunhos escritos pelo próprio Bowie (FIGURA 126), trazendo ao projeto letras com aspecto corrido, de escrita manual, assimétricas como a caligrafia e desenhadas a pincel (FIGURA 127). A estruturação das letras seguiu o padrão para desenho de tipos, levando em consideração as dimensões como altura de x, ascendente e descendente. (FIGURAS 128 e 129)

Figura 126: Manuscritos de David Bowie

Figura 127: Esboço do lettering criado. 129


David Bowie é CHIBI •

Figura 128: Construção dos tipos para uso nas cartas. 130


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 129: Construção dos números. 131


David Bowie é CHIBI •

Foram desenhadas apenas as letras que seriam utilizadas nas cartas do baralho, ou seja, os números de 0 a 9, as letras J, Q, K, O, E e R.

Além dessas, como alternativa à palavra “Joker” também foram desenhadas as letras B e T em caixa alta e as letras e, i, n, o, r, t e w em caixa baixa, para que se pudessem formas os nomes dos curingas. (FIGURA 130).

Embora seja um estudo de letras mais orgânicas, mais próximo do lettering ou da caligrafia, os desenhos dos tipos foram feitos seguindo a estrutura base da tipografia, respeitando alturas de x, caixa alta e largura para harmonizar o conjunto.

Figura 130: Os nomes de “Bowie” e “Trent” como aparecem nos Curingas.

Tipografia de apoio Existe ainda uma segunda tipografia em uso nas cartas, direcionada às cartas J, Q, K e Curinga, em que letras de canções acompanham a figura, reforçando o período do qual cada chibi foi tirado. Para essas observações, foi escolhida uma tipografia que também representa escrita manual e remete levemente à escrita do Bowie, como se simulando que aquelas letras teriam sido escritas pelo próprio artista.

Covered by Your Grace (Kimberly Geswein)

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 132


Desenvolvimento do Projeto •

CANÇÕES - cartas de ouros

Rebel, rebel, you’ve torn your dress Rebel, rebel, your face is a mess Rebel, rebel, how could they know? Hot tramp, I love you so

We met upon a hill Mother, she blew my brain I will go back again My God, she shook me cold

Rebelde, rebelde, você rasgou seu vestido Rebelde, rebelde, tua cara é uma zona Rebelde, rebelde, como eles poderiam saber? Vagabunda gostosa, te amo tanto

Nos encontramos numa colina Mãe, ela explodiu meu cérebro Eu vou voltar Meu deus, ela me sacudiu friamente There’s my baby, lost that’s all Once I’m begging you save her little soul Golden years, gold whop whop whop Come get up my baby

Rebel Rebel

She shook me cold

Ali, minha querida, tudo está perdido Uma vez que estou implorando, salve sua pequena alma Anos dourados, dourados wu hu hu Levante, minha querida Golden Years

133


David Bowie é CHIBI •

- cartas de espadas The return of the Thin White Duke Throwing darts in lovers’ eyes The return of the Thin White Duke Making sure white stains A volta do magro Duque Branco Atirando dardos nos olhos dos amantes A volta do magro Duque Branco Se certificando que o branco manche Station to Station

Boys Boys Boys keep swinging Boys always work it out Garotos Garotos Garotos continuam requebrando Garotos continuam fazendo funcionar Boys Keep Swinging

134

Who knows? Not me We never lost control You’re face to face With the man who sold the world Quem sabe? Eu não Nós nunca perdemos o controle Você está cara a cara Com o homem que vendeu o mundo

The Man Who sold The World


Desenvolvimento do Projeto •

- cartas de copas

Keep your ‘lectric eye on me, babe Put your ray gun to my head Press your space face close to mine, love Freak out in a moonage daydream, oh yeah! Mantenha seu olho elétrico em mim, baby Coloque sua arma laser na minha cabeça Aperte sua face espacial contra a minha, amor Enlouqueça em um devaneio da era lunar, oh yeah! Moonage Daydream

Heaven loves ya The clouds part for ya Nothing stands in your way When you’re a boy O céu te ama As nuvens se abrem para você Nada fica no seu caminho Quando se é um garoto Boys Keep Swinging

As the world falls down, Falling, falling, falling Makes no sense at all Makes no sense to fall Falling As the world falls down Enquanto o mundo desaba Caindo, caindo, caindo Não faz sentido afinal Não faz sentido cair Caindo Enquanto o mundo desaba

As the world falls down

135


David Bowie é CHIBI •

- cartas de paus All night She wants the Young american, She wants the All right She wants the

young american young american young american young american

Toda noite Ela deseja o jovem americano Jovem americano, jovem americano Ela deseja o jovem americano Oh, certo Ela deseja o jovem americano Young Americans

They’ll never clone ya You’re always first on the line When you’re a boy Eles nunca te copiam Você é sempre o primeiro da fila Quando se é um garoto Boys Keep Swinging

Oooh Who’ll love Aladdin sane millions weep a fountain, just in case of sunrise Oooh Who’ll love Aladdin sane We’ll love Aladdin sane Who’ll love Aladdin sane Ohh, quem amará Aladdin Sane? Milhões choram rios, apenas no caso do sol nascer Ohh, quem amará Aladdin Sane? Nós amaremos Aladdin Sane Quem amará Aladdin Sane?

Aladdin Sane

136


Desenvolvimento do Projeto •

- curingas Johnny’s in America Low-tech’s at the wheel No one needs anyone They don’t even just pretend Johnny’s in America I’m afraid of Americans I’m afraid of the world I’m afraid I can’t help it I’m afraid I can’t I’m afraid of Americans Johnny quer um cérebro Johnny quer uma Coca Johnny quer uma mulher Johnny quer pensar em uma piada Johnny está na América Eu tenho medo dos americanos Eu tenho medo do mundo Eu tenho medo de não poder evitar Eu tenho medo, eu não posso Eu tenho medo dos americanos

Johnny está na América A baixa tecnologia da roda Ninguém precisa de ninguém Eles nem sequer fingem Johnny está na América Eu tenho medo dos americanos Eu tenho medo do mundo Eu tenho medo de não poder evitar Eu tenho medo, eu não posso Eu tenho medo dos americanos Johnny wants a brain Johnny wants to suck on a Coke Johnny wants a woman Johnny wants to think of a joke Johnny’s in America I’m afraid of Americans I’m afraid of the world I’m afraid I can’t help it I’m afraid I can’t I’m afraid of Americans

I’m Afraid of Americans

137


David Bowie é CHIBI •

138


Desenvolvimento do Projeto •

Verso No desenvolvimento das artes que compuseram esse baralho, foi usado como referência o casaco feito em tecido brocado dourado (FIGURA 131), feito por Bowie e Alexander McQueen para a turnê do álbum Earthling. O traje foi desconstruído para ser aplicado ao baralho. Para a ilustração presente no verso das cartas, foi mantido o grid quadriculado, com repetição de elementos como flores e pontos sobre fundo preto. (FIGURA 132). Além desses, fez-se uma interpretação do bordado que se assemelha a uma moldura para composição das margens.

Figura 131: Sobretudo dourado.

Figura 132: Construção do padrão usado no verso das cartas.

139


David Bowie é CHIBI •

Quando aplicado nas cartas, o padrão desenvolvido é usado inclinado a 45º, simulando a inclinação do bordado original. Para complementar o verso, as cartas apresentam moldura espessa, semelhante ao traçado que a estampa original faz nas áreas onde os quadrados se aproximam (FIGURAS 133 e 134).

Figura 133: Layout do verso

140

Figura 134: Composição das margens e padrão em relação ao figurino utilizado.


Desenvolvimento do Projeto •

Na face frontal, a moldura espessa dá lugar a uma moldura dupla menos encorpada, que acompanha o formato da carta ao mesmo tempo em que reserva a área para informações de número e naipe (FIGURA 135). O fundo colorido é substituído por um fundo todo preto, com as informações em dourado e, no caso das cartas J, Q, K e Curinga, tons de azul.

área reservada

Figura 135: Margens frontais. 141


David Bowie é CHIBI •

Ícones Ainda tratando de elementos do casaco, a substituição dos ícones de naipe foi feita a partir de pequenos elementos presentes na peça, mapeando o padrão até que pudessem ser retirados elementos que possam ser facilmente associados aos naipes originais, mantendo a jogabilidade. (FIGURA 136).

Figura 136: Símbolos dos naipes de espadas, paus, copas e ouros. 142


Desenvolvimento do Projeto •

Foi feita ainda a construção geométrica de cada um dos quatro ícones desenhados, para que a forma ficasse mais harmoniosa e coerente.

Ø23.39

Ø24.17 Ø1.22

Ø1.89 Ø0.11

Ø69.71

Ø15.28

Ø0.07

Figura 137: Construção geométrica do símbolo de espadas

143


David Bowie é CHIBI •

Ø3.76 Ø0.40

Ø1.20

Ø0.06 Ø0.91

Ø0.51 Ø0.39

Ø3.84

Ø0.26

Ø8.52 Ø4.09

Ø0.82

Ø0.68 Ø1.78 Ø0.26

144

Figura 138: Construção geométrica do símbolo de paus.


Desenvolvimento do Projeto •

Ø3.24 Ø0.15 Ø0.10

Figura 139: Construção geométrica do símbolo de ouros

Ø3.17 Ø1.51

Ø0.55 Ø2.06

Ø2.01

Figura 140: Construção geométrica do símbolo de copas 145


David Bowie é CHIBI •

Chibis Para os chibis utilizados como figuras das cartas J, Q, K e Curinga foram escolhidos visuais de Bowie ao longo de sua carreira, entre videoclipes, performances e ensaios fotográficos.

O único chibi que não se baseia em figurinos de Bowie é um dos curingas, cujo personagem é criado a partir de Trent Reznor (Nine Inch Nails), que participa do clipe de I’m Afraid of Americans, canção do álbum escolhido para o baralho (Earthling).

Figura 141 David Bowie e Trent Reznor no clipe “I’m Afraid of Americans” 146


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 142: David Bowie no clipe “I’m Afraid of Americans”

Figura 143: Trent Reznor perseguindo Bowie em “I’m Afraid of Americans”

147


David Bowie é CHIBI •

Figura 144: David Bowie durante a turnê Station to Station

148

Figura 145: Bowie em 1983 durante a “Serious Moonlight Tour”.


Figura 146: Bowie caracterizado como “Thin White Duke”.

Desenvolvimento do Projeto •

Figura 147: Bowie em photoshoot do álbum “Pin Ups” em 1973.

149


David Bowie é CHIBI •

Figura 148: Bowie no clipe “Boys Keep Swinging”.

150

Figura 149: Bowie vestido como mulher no clipe “Boys Keep Swinging”.


Figura 150: Bowie modelando um “vestido de homem” feito por Mr Fish em 1971.

Desenvolvimento do Projeto •

Figura 151: Captura de tela do clipe “Boys Keep Swinging”. 151


David Bowie é CHIBI •

Figura 152: Bowie caracterizado como “Halloween Jack”, em 1974.

152

Figura 153: Bowie vestindo Kansai Yamamoto durante a turnê de Aladdin Sane


Figura 154: Performance de “The Man Who Sold The World” no Saturday Night Live.

Desenvolvimento do Projeto •

Figura 155: Jareth de Labirinto - a magia do tempo.

153


David Bowie é CHIBI •

Cartas

♠ ESPADAS

Figura 156: Cartas numéricas de Espadas. 154


☆

The return of the Thin White Duke Throwing darts in lovers' eyes The return of the Thin White Duke Making sure white stains

Desenvolvimento do Projeto •

Who knows? Not me We never lost control You're face to face With the man who sold the world

Figura 157: Valete, Dama e Rei de Espadas (em tamanho real). 155


David Bowie é CHIBI •

♦ OUROS

Figura 158: Cartas numéricas de Ouros. 156


☆

There's my baby, lost that's all Once I'm begging you save her little soul Golden years, gold whop whop whop Come get up my baby

Desenvolvimento do Projeto •

We met upon a hill Mother, she blew my brain I will go back again My God, she shook me cold

Figura 159: Valete, Dama e Rei de Ouros (em tamanho real). 157


David Bowie é CHIBI •

♣ PAUS

Figura 160: Cartas numéricas de Paus. 158


☆

All night She wants the young american Young american, young american, she wants the young american All right She wants the young american

Desenvolvimento do Projeto •

They'll never clone ya You're always first on the line When you're a boy W

Figura 161: Valete, Dama e Rei de Paus (em tamanho real). 159


David Bowie é CHIBI •

♥ COPAS

Figura 162: Cartas numéricas de Copas. 160


☆

Keep your 'lectric eye on me, babee Put your ray gun to my head Press your space face close to mine, love Freak out in a moonage daydream, oh yyeah!

Heaven loves ya The clouds part for ya Nothing stands in your way When you're a boy

Desenvolvimento do Projeto •

As the world falls down, falling Falling Falling Makes no sense at all Makes no sense to fall Falling As the world falls down

Figura 163: Valete, Dama e Rei de Copas (em tamanho real). 161


David Bowie é CHIBI •

☆ CURINGAS Os curingas são compostos por um par de cartas referentes ao clipe de I’m Afraid of Americans, canção pertencente ao álbum Earthling e trazem a única carta de figura que não se trata de um Chibowie.

Johnny wants a brain Johnny wants to suck on a Coke Johnny wants a woman Johnny wants to think of a joke Johnny's in America I'm afraid of Americans I'm afraid of the world I'm afraid I can't help it I'm afraid I can't I'm afraid of Americans

Johnny's in America Low-tech's at the wheel No one needs anyone They don't even just pretend Johnny's in America I'm afraid of Americans I'm afraid of the world I'm afraid I can't help it I'm afraid I can't I'm afraid of Americans

Figura 164: Curingas. Bowie aparece em uma das cartas, enquanto a outra é ilustrada pelo perseguidor do músico no clipe, Trent Rezor. Em ambas as cartas, os trechos de música vêm da mesma canção. 162


Desenvolvimento do Projeto •

Embalagem Para o acondicionamento das cartas, foi escolhida uma caixa com faca padrão, tomando cuidado para que as abas não criem impedimentos que possam amassar as cartas na hora de guardar o baralho. Para o layout usouse o mesmo padrão do verso das cartas, sobre fundo branco, com caixas de texto apresentando as informações necessárias ao produto.

Figura 165: Modelo de embalagem. 163


David Bowie é CHIBI •

Figura 166: Cartas avulsas. 164


Desenvolvimento do Projeto •

(acima) Figura 167: Canastra de paus. (acima, à direita) Figura 168: Detalhe dos curingas. (ao lado) Figura 169: Detalhes dos Ás de Copas e espadas. 165


David Bowie é CHIBI •

Figura 170: Cartas de figuras.

166


☆

Desenvolvimento do Projeto •

Figura 171: Cartas do baralho

167


David Bowie é CHIBI •

Figura 172: (montagem) Verso e manuseio das cartas. 168


☆

Desenvolvimento do Projeto •

Figura 173: Manuseio das cartas. 169


David Bowie é CHIBI •

5.2.2 Estêncil

por onde passará a tinta, usando os mesmos princípios da serigrafia, inclusive para o uso de múltiplas cores. Usualmente, pode ser feito em folhas de papéis mais resistentes (como alguns tipos de cartão) ou adesivos, até mesmo em metal, dependendo da finalidade. Quando há necessidade de maior resistência ou de peças laváveis, são cortados em materiais poliméricos, Estêncil consiste em uma técnica de pintura em que como acetato ou, ainda, folhas de PET-G - padrão a superfície é desenhada a partir de moldes vazados, encontrado no mercado. A opção pelo estêncil se deu como resposta ao interesse que existe do público em ter sapatos ou tênis com temas do artista. Sendo o estêncil uma peça versátil, dá a opção de a pessoa customizar, não só os próprios sapatos à sua escolha, como usar a ferramenta para estampar outras superfícies, têxteis ou não.

170


Desenvolvimento do Projeto •

• Projeto - modelo 1

16.00

Para esse item, foi escolhido como base o figurino Tokyopop (FIGURA 174), desenhado por Kansai Yamamoto. O traje preto em vinil é ornamentado por debrum prateado, com as riscas formando um padrão que remete ao disco de vinil. Para o estêncil foi escolhido o início desse debrum, na região do peito, onde ele começa levemente angular.

13.00 15.00

Figura 174: Macacão TokyoPop.

Figura 175: Modelo de Estêncil. 171


David Bowie é CHIBI •

16.00

1.00

1.00

15.00 172


Desenvolvimento do Projeto •

(página anterior) Figura 176: Estrutura (grid) do estêncil desenvolvido (em centímetros). Figura 177: Estêncil TokyoPop em tamanho real.

173


David Bowie é CHIBI •

(acima) Figura 178: Estêncil aplicado em tênis. (ao lado) Figura 179: Mesmo modelo de estêncil em outra superfície.. 174


Desenvolvimento do Projeto •

• Modelo 2 O segundo modelo de estêncil foi feito mesclando o traçado do figurino escolhido, TokyoPop, com a estrela incompleta usada na capa do último álbum lançado por Bowie, Blackstar, de 2016 (FIGURA 175).

6.00

1.00

1.00

6.00 Figura 180: Capa do álbum “Blackstar” (2016).

Figura 181: Construção do segundo estêncil (em centímetros - tamanho real).

175


David Bowie é CHIBI •

(acima) Figura 182: Estêncil “Blackstar” (acima, a direita) Figura 183: Estêncil 2 aplicado em tecido. (ao lado) Figura 184: Mesmo modelo de estêncil aplicado em caneca. 176


Desenvolvimento do Projeto •

5.2.3 Pin de Esmalte

Pins de esmalte (ou broche de lapela) são alfinetes ou broches com metal em relevo e pintura nas áreas de sulco, podendo ter dois tipos de acabamento: esmalte mole, quando há relevos entre tinta e metal e esmalte duro, quando a superfície é nivelada, normalmente, por resina.

Embora seja um objeto normalmente usado como brinde, a facilidade de troca da peça, permitindo o uso em situações diversas, fez com que esse tipo de objeto caísse nas graças do público em geral, não sendo diferente entre os colecionadores. Entre esse grupo, existe uma brincadeira de que os pins cumprem o uso que os adesivos não cumprem, já que muitas pessoas não colam seus adesivos porque os estragariam, o que não acontece com os objetos metálicos.

177


David Bowie é CHIBI •

• Projeto

Seguindo a linha do personagem estudado, para esse objeto a proposta foi apresentar três alternativas iniciais: um pin com um chibi de corpo inteiro, um que seja apenas a cabeça e, um terceiro que seja um símbolo que remeta ao artista.

3.00

Tomando como referência a maior parte dos pins e bottons existentes na loja oficial do artista, onde se trabalha o nome do mesmo com as tipografias usadas nas capas de discos, para este projeto, o objetivo foi caminhar em um sentido oposto, explorando mais o personagem em si em vez das tipografias usadas, como acontece nos oficiais. Assim, escolheu-se trabalhar em cima de uma das ilustrações já desenvolvidas durante a execução do baralho para o pin de cabeça, além de outras duas que contemplem os outros dois tópicos; apresentando-as com cores simplificadas para o tipo de impressão específico.

Loja oficial David Bowie: https://store.davidbowie. com/dept/buttons-andpins?cp=99486_99538_99849

2.50 Figura 185: Dimensões e pintura de pin em modelo estrela com acabamento dourado ou prateado.

178


Desenvolvimento do Projeto •

3.50

3.00

5.00

Figura 186: Dimensões e pintura de pin de cabeça de chibi com acabamento dourado ou prateado.

2.70 Figura 187: Dimensões e pintura de pin de corpo inteiro com acabamento dourado ou prateado. 179


David Bowie é CHIBI •

Figura 188: Pins de esmalte.

180


☆

Desenvolvimento do Projeto •

Figura 189: Frente e verso do pin pronto.

181


David Bowie é CHIBI •

5.2.4 Stand de Acrílico Stand de acrílico é um item cada vez mais comum entre fabricantes de colecionáveis relacionados ao universo de anime e mangá. É um objeto versátil, visto que pode funcionar tanto como boneco, quanto como chaveiro. Embora os stands usualmente sejam de acrílico, uma alternativa de material possível de sustentar a impressão seria o policarbonato, que daria ao objeto o mesmo acabamento, porém com maior resistência. Qualquer imagem pode ser facilmente reproduzida em um stand, tanto que, atualmente, até mesmo bandas japonesas utilizam o recurso como produto para venda em shows (FIGURA 189), como uma forma de aproximar o fã do artista ou simplesmente ter um tipo de boneco de um artista estimado. Tendo isso em mente, qualquer Chibowie apresentado poderia ser transformado em stand. Como exemplo, foi utilizado o personagem da turnê Aladdin Sane, com a mesma ilustração que aparece na carta do baralho “Rei de Paus” (FIGURA 190), porém em cores, além de um dos chibis utilizado como modelo para pin.

Figura 189: Stand de acrílico da banda Alice Nine. 182


Desenvolvimento do Projeto •

• Projeto - modelo 1

Figura 190: Ilustração para stand - modelo 1 183


David Bowie é CHIBI •

0.30

7.50

5.60

1.69

Figura 191: Faca do stand de acrílico.

184

Figura 192: Stand de acrílico com arte aplicada


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 189: Ilustração para base de stand - modelo 1

2.50

0.30

1.70

5.40

Figura 193: Faca da base.

Figura 194: Base com arte aplicada.

185


David Bowie é CHIBI •

Figura 195: Modelo digital do stand nº1

186


Desenvolvimento do Projeto •

• Modelo 2

Figura 196: Ilustração para stand - modelo 2 187


David Bowie é CHIBI •

0.30

7.50

4.30

Figura 197: Faca do segundo modelo de stand de acrílico.

188

Figura 198: Stand com arte aplicada


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 199: Ilustração para base de stand - modelo 2

2.30 2.30

0.30

1.22 0.70 1.08 0.70 1.22

Ø 4.30

Figura 200: Faca da base.

Figura 201: Base com arte aplicada.

189


David Bowie é CHIBI •

5.2.5 Caderneta

Em geral, cadernos e agendas são itens de papelaria bastante procurados, mesmo dentro de linhas de objetos de coleção. Para esse projeto, a ideia foi iniciar com três modelos de cadernos pequenos, de 9x15cm, dois deles inspirados no figurino TokyoPop, com capa em cartão laminado, miolo em pólen pontilhado ou quadriculado e lombada canoa, com costura na mesma cor da ilustração da capa.

O terceiro modelo se inspirou no figurino náutico de Bowie. Com mais páginas, apresenta miolo em canson 180g, folhas lisas e capa dura com textura de tecido, semelhante ao do traje de referência.

190


Desenvolvimento do Projeto •

• Projeto - modelo 1

Especificação Modelo 1

Figura 202: Modelo digital do caderno 1

Capa: cartão 200g Acabamento: laminação fosca Encadernação: costura (lombada canoa) Cores: preto e cinza Miolo: pólen 90g pontilhado Número de folhas: 40 Tamanho fechado: 9x15cm Tamanho aberto: 18x15cm 191


David Bowie é CHIBI •

Figura 203: Ilustração para capa do caderno 1.

192


☆

Desenvolvimento do Projeto •

15.00

Figura 204: Layout da folha do caderno 1.

9.00

R0.50 193


David Bowie é CHIBI •

• Modelo 2 Especificação Modelo 1I Capa: cartão 200g Acabamento: laminação fosca Encadernação: costura (lombada canoa) Cor: cinza Miolo: pólen 90g quadriculado Número de folhas: 40 Tamanho fechado: 9x15cm Tamanho aberto: 18x15cm

Figura 205: Modelo digital do caderno 2. 194


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 206: 2.

195


David Bowie é CHIBI •

15.00

Figura 207: Layout da folha do caderno 2.

0.50x0.50 9.00

196

R0.50


Desenvolvimento do Projeto •

• Modelo 3

Especificação Modelo 3

Figura 208: Modelo digital do caderno 3.

Acabamento: capa dura com acabamento em tecido e detalhe em elástico Encadernação: costura Cores: branco e azul Miolo: couché 180g Número de folhas: 80 Tamanho fechado: 9x15cm Tamanho aberto: 19x15cm

197


David Bowie é CHIBI •

Figura 209: Ilustração para capa do caderno 3.

198


☆

Desenvolvimento do Projeto •

15.00

Figura 210: Layout da folha do caderno 3.

9.00

R0.50 199


David Bowie é CHIBI •

5.2.6 Estampa Como alternativa à procura por camiseta, propôs-se um tecido autocolante para que a estampa desejada possa ser aplicada sobre a superfície escolhida, dando a pessoa a opção de estampar camisetas, bolsas, calças ou outras superfícies têxteis. O material seria disponibilizado em tamanhos variados, sendo possível especificar o tamanho desejado e cor do fundo. Para criação desse tipo de estampa, foram usados como referência trabalhos da marca japonesa Super Groupies, cujos produtos de jogos e animações apresentam estampas trabalhadas em cima de elementos da mídia. (FIGURAS 211 e 212)

Loja oficial Super Groupies: https://www.super-groupies.com/

200

Figura 211: Acessórios inspirados no uniforme escolar de Sakura Card Captors, criados pela Super Groupies

Figura 212: Personagens do anime “Sakura Card Captors” com uniforme escolar


Desenvolvimento do Projeto •

Foi utilizado o figurino de Life on Mars? (FIGURA 213), composto por um terno azul-turquesa, com gravata vermelha, azul e dourada e uma camisa com listras preto e branco. Na composição do padrão, foram usadas as cores vermelho, azul e dourado, marcando em linha pontilhada uma trilha, como marcação de passos de dança (FIGURA 214); enquanto estrelas azuis representaram momentos em que há uma parada para realizar um passo e as estrelas douradas representam momentos em que a parada se daria por mais tempo. Há ainda, uma versão chibi de Bowie complementando o padrão.

(acima) Figura 213: Detalhe do figurino usado durante o clipe “Life on Mars?” (ao lado) Figura 214: Exemplo de marcação de passos de dança. 201


David Bowie Ê CHIBI •

Figura 215: Rapport (unidade base) da estampa desenvolvida. 202


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 216: Estampa desenvolvida sobre fundo preto

Figura 217: (montagem) Versões para fundo preto. 203


David Bowie é CHIBI •

Figura 218: Aplicação do padrão em camiseta 204


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 219: Aplicação do padrão recortado em camiseta 205


David Bowie é CHIBI •

Figura 219: Modelo de aplicação do padrão em sacola de tecido. 206


Desenvolvimento do Projeto •

Figura 220: Sacola de tecido com aplicação de estampa, estêncil e pin. 207



Considerações Finais


David Bowie é CHIBI •

Considerações Finais

Como fã, elegi David Bowie como assunto de meu trabalho final de graduação pensando no quanto o músico foi influente em minha vida desde criança. “David Bowie está em todos os lugares”, como dizem no livro lançado durante a exposição de 2014 (Museu da Imagem e do Som, São Paulo) e isso é evidente dentro dos produtos de cultura pop consumidos por mim. Jogos, histórias em quadrinhos e até mesmo uma vertente do rock japonês se inspiram e reverenciam esse artista e, pensando nessas questões e na minha relação com as produções do próprio Bowie, concluí que não poderia fazer diferente. Ao refletir sobre como trazer isso para o ambiente do Design Gráfico, logo pensei na dificuldade que, não só eu tenho em encontrar produtos além dos convencionais (pôsteres, canecas e camisetas), como outros fãs também devem ter, na escassez de produtos estilizados além daqueles vendidos na loja oficial de Bowie ou colaborações que, muitas vezes, não são tão acessíveis a algumas camadas de fãs - como foi o caso da colaboração Vans x David Bowie.

Diante disso, decidi trazer para o projeto duas outras coisas que me interessam e têm forte relação com a carreira de Bowie: moda e cultura japonesa, transformando David Bowie em uma linha de produtos na qual o artista é estilizado em forma chibi, me inspirando em produtos colecionáveis para fãs de shoujo mangá, onde essa linguagem é bastante explorada

210


Considerações Finais •

. A experiência durante todo o projeto foi bastante interessante. Foi necessário atingir um nível de afastamento para que o mesmo não tivesse como base o do ponto de vista de uma fã, mas sim de uma designer e, a partir disso, pude aprender ainda mais sobre um artista a quem admiro intensamente, esmiuçando detalhes de sua carreira e relacionado a outros assuntos. Os tópicos apresentados (carreira do artista, shoujo mangá, colecionismo) bem como as pesquisas de campo e com fãs e, posteriormente, as análises feitas, foram fundamentais para melhor entendimento da ideia existente, assim como para direcionar o projeto à linha que tomei durante a execução. Saber o que funciona, o que não, o que as pessoas esperam desse tipo de produto tornou a pesquisa muito mais interessante do que se tivesse mantido apenas uma idealização. Ver o projeto ganhando forma depois de tanta pesquisa foi gratificante. Durante o processo, por vezes, me afastei das minhas ideias originais e acabei dando outra face, o que de certo modo criou inseguranças, ainda que eu me lembrasse que as ideias eram coerentes e fundamentadas e que, na verdade, não estavam tão distantes do que havia pensado inicialmente. Não bastasse, o cenário pandêmico (e acho importante lembrar que foi um projeto concluído em meio à pandemia), trouxe dificuldades além das esperadas para um projeto final de graduação. Alguns testes tiveram mais empecilhos que outros e, sem a possibilidade de visitar possíveis pontos de venda, a interação e validação de alguns itens acabou sendo feita entre nichos. Foi um projeto dispendioso. Não poderia definir de outra forma, custou bastante esforço e atenção; mas o trabalho me permitiu aprender muito mais, não só sobre um artista que admiro, mas sobre o que escolhi fazer como graduação, então, foi uma experiência proveitosa.

211



ReferĂŞncias


David Bowie é CHIBI •

Referências • Livros

AOYAMA, Tomoko; HARTLEY, Barbara (Ed.). Girl reading girl in Japan. New York: Routledge, 2010.

CRANE, Diana. A Moda e seu Papel Social: Classe, gênero e identidade das roupas. São Paulo: Senac São Paulo, 2006. Tradução de Cristiana Coimbra. ECO, Humberto. História da Feiura. Rio de Janeiro: Record, 2007. Tradução de Eliana Aguiar.

FRITH, Simon; HORNE, Howard. The Pop Situationists. In: FRITH, Simon; HORNE, Howard. Art Into Pop. New York: Methuen, 1987. Cap. 4. p. 123-161.

FUJINO, Yoko. Narração e Ruptura no Texto Visual do Shojo-Manga: Estudo das Histórias em Quadrinhos para Público Adolescente Feminino Japonês. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Escola de Comunicação e Artes - Universidade de São Paulo, 1997.

MILLER, Laura. Extreme Makeover for a Heian-Era Wizard. Mechademia: Second Arc: Limits of the Human, Minneapolis, v. 3, p.30-45. 2008 PAYTRESS, Mark. Estilo Bowie. São Paulo: Madras, 2011. Tradução de Bianca Rocha.

PROUGH, Jennifer S. Straight from the Heart. Honolulu: University Of Hawaii Press, 1968.

RICHIE, Donald. Image Factory: Fads and Fashions in Japan. Londres: Reaktion Books, 2004.

STEINBERG, Marc. Anime’s Media Mix: Franchising Toys and Characters in Japan. Minneapolis: University Of Minnesota Press, 2012.

214


Referências •

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TORQUATO, Adriane Carvalho. Quatro retratos de Rokujô: releituras das narrativas de Genji no shôjo manga. 2014. 149 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Letras, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014 VÁRIOS AUTORES. David Bowie. São Paulo: Cosac Naify, 2014. Tradução de Donaldson M. Garschagen.

• Vídeos

David Bowie: Five Years. Direção de Francis Whately. Reino Unido: BBC, 2013. (60 min.), son., color. Legendado. Disponível em: <https://www.amazon.com/David-Bowie-Five-Years/dp/B017T5G8DG>. Acesso em: 25 ago. 2019.

David Bowie: The Last Five Years. Direção de Francis Whately. Reino Unido: BBC, 2017. (90 min.), son., color. Legendado. Disponível em: <https://www.amazon.com/David-Bowie-Last-Five-Years/dp/ B078RNQ9Y7>. Acesso em: 25 ago. 2019.

Brinquedos que marcam época : Hello Kitty. Direção de Brian Volk-weiss; Tom Stern. Eua: Netflix, 2017. (43 min.), son., color. Legendado. Série Brinquedos que marcam época. Disponível em: <https://www.netflix. com/br/title/80161497>. Acesso em: 14 jan. 2019.

Making Fun - The History of Funko. Direção de David Romero. Música: Daniel Slatkin. Eua: Netflix, 2018. (99 min.), son., color. Legendado. Disponível em: <https://www.netflix.com/br/title/80244272>. Acesso em: 16 mar. 2019.

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David Bowie é CHIBI •

• Websites

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THIAN, Helene M.. For David Bowie, Japanese style was more than just fashion. 2013. Disponível em: <https://www.japantimes.co.jp/life/2013/06/11/style/for-david-bowie-japanese-style-was-more-than-justfashion/#.XQb7GxZKgdW>. Acesso em: 15 jun. 2019.

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David Bowie é CHIBI •

Lista de Figuras Figura 1: Capa do primeiro LP de Bowie, 1967 Figura 2: Capa original de “The Man Who Sold the World”, 1971 Figura 3: Mímico e bailarino, influenciador de Bowie, Linday Kemp Figura 4: Vogue Paris, ago 1971, de onde Bowie tira a ideia de seu corte de cabelo Figura 5: David Bowie como Ziggy Stardust durante a turnê de Aladdin Sane (1973) Figura 6: Capa do disco Aladdin Sane, 1973 Figura 7: Álbum PinUps, 1973. Figura 8: Ilustração feita por Guy Peellaert para capa do disco Diamond Dogs Figura 9: Capa do disco Diamond Dogs, com aplicação da arte de Guy Peellaert, 1974 Figura 10: Bowie como Halloween Jack, protagonista de Diamond Dogs. A direita, Bowie durante a turnê do mesmo disco (1974) Figura 11: Capa do disco Young Americans, 1975 Figura 12: Bowie como o personagem Thin White Duke Figura 13: Capas do discos da “Trilogia de Berlim” (Low, 1977, Heroes, de 1977 e Lodger, 1979) Figura 14: Arte da capa do disco Scary Monsters...and Super Creeps 1980 Figura 15: David Bowie como Pierrot (ou Palhaço Azul), para o clipe de “Ashes to Ashes”. Figura 20: Figurinos variados de David Bowie na exposição “David Bowie”, no Museu da Imagem e do Som. 38 Figura 21: Freddie Burretti e David Bowie em 1973. Figura 22: Capa do álbum “The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders From Mars”, 1972. Figura 23: Traje usado na foto de capa do LP “Ziggy Stardust”, por Freddie Burretti. Figura 24: Figurino feito por Burretti para o personagem Halloween Jack (1974). Figura 25: Terno amarelo desenhado por Burretti que Bowie usou durante a turnê “Diamond Dogs”. Figura 26: Kansai Super Show, 2017. Figura 27: David Bowie e Kansai Yamamoto, em 1973. Figura 28: Figurinos de Kansai Yamamoto para a turnê do álbum “Aladdin Sane”. 218

27 27 27 27 28 29 29 30 32

32 33 33

35 35 35 39

40 40 40

40 41 41 42


Figura 30: David Bowie, Natasha Korniloff e Robert Sharah durante a caracterização do pierrot de “Ashes to Ashes”, em 1980. Figura 31: David Bowie caracterizado como pierrot para o clipe “Ashes to Ashes”. Figura 32: David Bowie com figurino de marinheiro durante a turnê Isolar II. Figura 33: David Bowie com figurino de marinheiro desenhado por Natasha Korniloff para a turnê Isolar II. Figura 34: O estilista Alexander McQueen Figura 35: Sobrecasaca feita com a bandeira da Grã-Bretanha. Figura 36: Capa de Earthling, onde Bowie vestiu a peça inicialmente. Figura 37: Bowie durante a turnê de Earthling; Figura 36: Página do mangá “Ouran High School Host Club”. Figura 37: Páginas de capítulos distintos do mangá “Ouran High School Host Club”. Figura 38: Hello Kitty, um dos exemplos mais notáveis da “cultura Kawaii” Figura 39: Bolsa da personagem Hello Kitty: o Kawaii presente em produtos. Figura 40: Capa do álbum “Reality”, onde se pode ver uma versão chibi de David Bowie. Figura 41: Página do volume 16 do mangá “Ouran High School Host Club”. Figura 42: Animação Monica Toy. Figura 43: Personagens de “Ouran High School Host Club” em versões chibi. Figura 44: Personagens de “Ouran High School Host Club” com sua caracterização normal. Figura 45: Capa da edição brasileira de Bungou Stray Dogs Figura 46: Página dupla do capítulo 131 do mangá “Nura: a Ascensão do Clã das Sombras” Figura 47: Página do volume um de “Ouran High School Host Club”, (esq) e David Bowie como Thin White Duke (dir) Figura 48: Ilustração de divulgação da colaboração entre Bungou Stray Dogs e Sanrio. Figura 49: Foto de divulgação de Nendoroid de Abe no Seimei na versão do jogo “Onmyoji”. Figura 50: Coleção de itens do personagem Renji Abarai, do mangá “Bleach”. Figura 51: Montagem de fotos de coleção de itens relacionados ao mangá “Haikyuu”. Figura 52: Fachada da loja Passatempo. Figura 53: Toyarts da Disney na loja Passatempo Figura 53: Objetos dispostos por tipo na Passatempo Figura 54: Estante de Toyarts da Turma da Mônica. Figura 54: Gôndola da loja Passatempo onde os objetos são dispostos por tipo e faixa etária

Figuras •

43 45 45 45 46 47 47 47 50 51 52 53 55 55 55 56 56 57 59

60 61 61 62 62 68 69 69 69 69

219


David Bowie é CHIBI •

Figura 57: Prateleira de FUNKO POP, onde se podem ver bonecos da banda sul-coreana BTS. Figura 58: Display de produtos da franquia “Harry Potter” na loja Piticas. Figura 59: Produtos expostos por tipo na loja Piticas. Figura 60: Produtos expostos de acordo com a classificação da própria loja, na LojaTip. Figura 61: Mesa de exposição de camisetas na loja Studio Geek. Figura 62: Produtos dispostos na loja Studio Geek, separados por tipo ou série. Figura 63: Funko POP do personagem Jareth, interpretado por David Bowie. Figura 64: Capa do álbum Hunky Dory, 1971. Figura 65: Atriz alemã Marlene Dietrich. Figura 66: Merilyn Monroe Series - Andy Warhol. Figura 67: Fotografia de David Bowie durante gravação do clipe “Life on Mars?” Figura 68: Terno de Life on Mars? Figura 69: Detalhe da gravata do terno azul claro Figura 70: Capa do álbum Aladdin Sane, 1973. Figura 71: David Bowie no ensaio “Watch That Man”, de 1973. Figura 72: Macacão TokyoPop. Figura 73: Detalhe na textura do figurino Tokyo Pop. Figura 74: Capa do álbum “Heroes”, 1977. Figura 75: Capa do álbum Trans-Europa Express, da banda Kraftwerk Figura 76: Cena do filme “Nosferatu”. Figura 77: Tipografia do título do CD “Heroes” Figura 77: David Bowie trajando figurino náutico durante performance da Turnê Isolar II. Figura 78: Figurino náutico da turnê Isolar II Figura 79: Detalhe do figurino utilizado durante a turnê de 1978, “Isolar II” Figura 80: Capa do álbum “Earthling”, 1997. Figura 81: Jardim Inglês de Munique. Figura 82: Bandeira da Grã-Bretanha, “Union Jack”. Figura 83: David Bowie se apresentando durante a turnê de “Earthling”, em 1997. Figura 84: Casaco de brocado dourado usado durante a turnê “Earthling”. Figura 85: Detalhe do casaco de brocado dourado. Figura 86: Exemplos de chibis de corpo alongado. Figura 87: David Bowie em versão Chibi 1 220

70 70 71 71 72 72 73 74 75 76 78 79 79 80 82 83 83 84 85 85 85 87 88 88 89 90 90 92 93 93 98 99


Figura 88: Estudo de proporção de um chibi Figura 89: Estudo de olhos e expressões para os chibis Figura 90: Teste de corpo e dimensões base para um chibi Bowie Figura 91: Baralho Dunga Figura 92: Carta numérica “3 de Copas” do baralho Dunga Figura 93: Padrão repetido no verso das cartas. Figura 94: Canastra de ouros. Figura 95: Cartas variadas do baralho Dunga Figura 96: Cartas do baralho brasileiro Figura 97: Baralho Brasileiro Figura 98: Cartas de espadas do baralho ICE Figura 99: Variação cromática do baralho ICE Figura 100: Canastra de espadas do baralho ICE Figura 101: Frente e verso das cartas Figura 102: “6 de copas” do baralho TRUMP Figura 103: Cartas avulsas do baralho TRUMP Figura104: Mapeamento de padrões no bordado utilizado Figuras 105 - 107: Traçado dos padrões selecionados. Figura 108: Estudos de ocupação das cartas do baralho Figura 109: Estudos de versos Figura 110: Construção dos naipes a partir dos componentes levantados Figura 111: Figurino “TokyoPop” Figura 112: Esboços para o estêncil Figura 113: Gabarito inicial para estêncil Figura 114: Aplicações em tecido Figura 115: Detalhe terno azul turquesa de Life on Mars? Figura 116: Estudos de estampas para tecido autocolante. Figura 117: Esboços de aplicação do tecido autocolante Figura 118: Stands de acrílico desmontados Figura 119: Stands de acrílico montado, em pé Figura 120: Esquema de Bowie que serviria para stand Figura 121: Esboços de stands

Figuras •

100 100 101 102 102 103 103 104 105 105 106 106 107 108 108 109 110 110 111 112 113 114 114 115 115 116 117 118 119 120 120 121 221


Figura 122: Dimensões da carta de baralho (em cm). Figura 123: Layout frontal das cartas. Figura 124: Layout frontal das cartas. Curinga Figura 125: Paleta de cores selecionada a partir do figurino. Figura 126: Manuscritos de David Bowie Figura 127: Esboço do lettering criado. Figura 128: Construção dos tipos para uso nas cartas. Figura 129: Construção dos números. Figura 130: Os nomes de “Bowie” e “Trent” como aparecem nos Curingas. Figura 132: Construção do padrão usado no verso das cartas. Figura 131: Sobretudo dourado. Figura 133: Layout do verso Figura 134: Composição das margens e padrão em relação ao figurino utilizado. Figura 135: Margens frontais. Figura 136: Símbolos dos naipes de espadas, paus, copas e ouros. Figura 137: Construção geométrica do símbolo de espadas Figura 138: Construção geométrica do símbolo de paus. Figura 139: Construção geométrica do símbolo de ouros Figura 140: Construção geométrica do símbolo de copas Figura 141: David Bowie e Trent Reznor no clipe “I’m Afraid of Americans” Figura 142: David Bowie no clipe “I’m Afraid of Americans” Figura 143: Trent Reznor perseguindo Bowie em “I’m Afraid of Americans” Figura 144: David Bowie durante a turnê Station to Station Figura 145: Bowie em 1983 durante a “Serious Moonlight Tour”. Figura 146: Bowie caracterizado como “Thin White Duke”. Figura 147: Bowie em photoshoot do álbum “Pin Ups” em 1973. Figura 148: Bowie no clipe “Boys Keep Swinging”. Figura 149: Bowie vestido como mulher no clipe “Boys Keep Swinging”. Figura 150: Bowie modelando um “vestido de homem” feito por Mr Fish em 1971. Figura 151: Captura de tela do clipe “Boys Keep Swinging”. Figura 152: Bowie caracterizado como “Halloween Jack”, em 1974. Figura 153: Bowie vestindo Kansai Yamamoto durante a turnê de Aladdin Sane. 222

125 126 127 128 129 129 130 131 132 139 139 140 140 141 142 143 144 145 145 146 147 147 148 148 149 149 150 150 151 151 152 152


Figura 154: Performance de “The Man Who Sold The World” no Saturday Night Live. Figura 155: Jareth de “Labirinto - a magia do tempo”. Figura 156: Cartas numéricas de Espadas. Figura 157: Valete, Dama e Rei de Espadas (em tamanho real). Figura 158: Cartas numéricas de Ouros. Figura 159: Valete, Dama e Rei de Ouros (em tamanho real). Figura 160: Cartas numéricas de Paus. Figura 161: Valete, Dama e Rei de Paus (em tamanho real). Figura 162: Cartas numéricas de Copas. Figura 163: Valete, Dama e Rei de Copas (em tamanho real). Figura 164: Curingas. Figura 165: Modelo de embalagem. Figura 166: Cartas avulsas. Figura 167: Canastra de paus. Figura 168: Detalhe dos curingas. Figura 169: Detalhes dos Ás de Copas e espadas. Figura 170: Cartas de figuras. Figura 171: Baralho completo. Figura 172: Verso e manuseio das cartas. Figura 173: Manuseio das cartas. Figura 174: Macacão TokyoPop. Figura 175: Modelo de Estêncil. Figura 176: Estrutura (grid) do estêncil desenvolvido (em centímetros). Figura 177: Estêncil TokyoPop em tamanho real. Figura 178: Estêncil aplicado em tênis. Figura 179: Mesmo modelo de estêncil em outra superfície.. Figura 180: Capa do álbum “Blackstar” (2016). Figura 181: Construção do segundo estêncil (em centímetros - tamanho real). Figura 182: Estêncil “Blackstar” Figura 183: Estêncil 2 aplicado em tecido. Figura 184: Mesmo modelo de estêncil aplicado em caneca. Figura 185: Dimensões e pintura de pin em modelo estrela.

153 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 165 165 166 167 168 169 171 171 173 173 174 174 175 175 176 176 176 178 223


Figura 186: Dimensões e pintura de pin de cabeça de chibi. Figura 187: Dimensões e pintura de pin de corpo inteiro. Figura 188: Pins de esmalte. Figura 189: Frente e verso do pin pronto. Figura 189: Stand de acrílico da banda Alice Nine. Figura 190: Ilustração para stand - modelo 1. Figura 191: Faca do stand de acrílico. Figura 192: Stand de acrílico com arte aplicada Figura 193: Faca da base. Figura 189: Ilustração para base de stand - modelo 1 Figura 194: Base com arte aplicada. Figura 195: Modelo digital do stand nº1 Figura 196: Ilustração para stand - modelo 2 Figura 197: Faca do segundo modelo de stand de acrílico. Figura 198: Stand com arte aplicada Figura 200: Faca da base. Figura 199: Ilustração para base de stand - modelo 2 Figura 201: Base com arte aplicada. Figura 202: Modelo digital do caderno 1 Figura 203: Ilustração para capa do caderno 1. Figura 204: Layout da folha do caderno 1. Figura 205: Modelo digital do caderno 2. Figura 206: Ilustração para capa do caderno 2. Figura 207: Layout da folha do caderno 2. Figura 208: Modelo digital do caderno 3. Figura 209: Ilustração para capa do caderno 3. Figura 210: Layout da folha do caderno 3. Figura 211: Acessórios inspirados no uniforme escolar de Sakura Card Captors, criados pela Super Groupies Figura 212: Personagens do anime “Sakura Card Captors” com uniforme escolar Figura 213: Detalhe do figurino usado durante o clipe “Life on Mars?” Figura 214: Exemplo de marcação de passos de dança. 224

179 179 180 181 182 183 184 184 185 185 185 186 187 188 188 189 189 189 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 200 201 201


Figura 215: Rapport da estampa desenvolvida. Figura 216: Estampa desenvolvida sobre fundo preto Figura 217: Versões para fundo preto. Figura 218: Aplicação do padrão em camiseta. Figura 219: Aplicação do padrão recortado em camiseta. Figura 219: Modelo de aplicação do padrão em sacola de tecido. Figura 220: Sacola de tecido com aplicação de estampa, estêncil e pin.

202 203 203 204 205 206 207

• Aberturas de capítulo Epígrafe: David Bowie fotografado por Steve Schapiro. 1975. Introdução: David Bowie fotografado por Patrick Jarnoux. 1976. David Bowie: David Bowie fotografado por Masayoshi Sukita.1973. Shoujo Mangá: David Bowie caracterizado como Jareth, Rei dos Duendes em Labirinto - A magia do tempo. 1986. Resultados da Pesquisa: David Bowie em apresentação durante a Earthling Tour. 1997. Projeto: David Bowie caracterizado como Thomas Jerome Newton, em O homem que caiu na Terra. 1976. Considerações: David Bowie fotografado por Dave Hogan. 2001. Referêcias: David Bowie em ensaio para Tommy Hilfiger. 2003. Anexos: (recorte) David Bowie em sua casa, Haddon Hall em Beckenham, Kent ,Inglaterra. 1970. (Pictorial Press)

8-9 18 - 19 24 - 25 48 - 49 64 - 65

94 - 95 208 - 209 212 - 213

226 - 227

225



Anexos


David Bowie é CHIBI •

Anexos

Anexo 1: Resultados da pesquisa qualitativa de interesse em merchandise de David Bowie.

228


Anexos •

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David Bowie é CHIBI •

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Anexos •

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David Bowie é CHIBI •

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Anexos •

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