O Marco Zero do Hip Hop Nacional - a comunicação de um elemento urbano

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yuri gomes malvezzi

O MARCO ZERO DO HIP-HOP NACIONAL yuri gomes malvezzi

a comunicação de um elemento urbano

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Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau do Bacharelado em Design com linha de formação específica em design gráfico.

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resumo O principal objetivo do projeto é evidenciar o marco zero do hip-hop enquanto elemento de comunicação urbana e movimento cultural ainda presente e atuante na região onde iniciou-se a partir de uma comunicação que converse diretamente com seu público. Entre estas culturas urbanas contemporâneas existe o hip-hop, presente na cidade de São Paulo desde a década de 80. Em 2014 foi concebido no centro da cidade o marco zero do hip-hop, uma placa de granito com os nomes dos precursores do movimento no centro da cidade de São Paulo que busca representar o início deste movimento no Brasil, sendo o objeto de estudo central desta pesquisa descrever a atuação deste elemento enquanto comunicação urbana evidenciando a relevância da região para o hip-hop nacional e propor uma comunicação que converse diretamente com seu público. Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Malvezzi, Yuri O marco zero do hip-hop nacional / Yuri Malvezzi - São Paulo (SP), 2019. 90 f.: il. color. Orientador(a): Nelson Urssi Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design - LFE Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. 1. Hip-hop 2.Comunicação urbana 3. Cultura de rua 4. Design de cartazes 5. Intervenção gráfica I. Urssi, Nelson (Orient.) II. Título

A pesquisa está baseada na análise de documentos e o curso de graduação em design foi fundamental para compreensão de alguns dos métodos de manifestações sociais e artísticas existentes na cidade de São Paulo para o desenvolvimento de um projeto que evidencie a existência do marco zero do hip-hop em uma região que ainda é extremamente relevante e presente para tal cultura.


sumário

justificativa

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objetivos

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• objetivos gerais

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• objetivos específicos

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métodos e instrumentos

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fundamentação teórica

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• metodologias antropológicas sobre a comunicação urbana • culturas juvenis e suas manifestações na metrópole

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• pixação, graffiti, stickers e lambe-lambes

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• o marco zero do hip-hop nacional

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resultados da pesquisa

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requisitos para o projeto

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estudos de concepção

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desenvolvimento do projeto

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memorial descritivo e documentação

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considerações finais

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• referências

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• lista de imagens

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justificativa A comunicação urbana atua de diferentes formas nos elementos de uma cidade, podendo ser compreendida e estudada em diversas áreas, como arquitetura, antropologia, design, artes e sendo analisada a partir dos aspectos socioeconômicos, políticos e culturais. Considera-se aqui a comunicação como um processo de troca simbólica que pressupõe uma interlocução, que se materializa através dos sons, das escrita, dos gestos, das imagens; cujo sentido expressa e ao mesmo tempo constitui as relações dos sujeitos com os outros e com o mundo. A cidade de São Paulo possui inúmeras linguagens visuais e culturas urbanas que desenvolvem essa comunicação urbana dos elementos presentes nela. A atuação das pessoas e suas necessidades de adaptação do local em que habitam fazem parte da construção dessa comunicação. São Paulo possui incontáveis culturas que evidenciam e influem no ethos1 da cidade, entre elas está a cultura hip-hop presente na mesma desde a década de oitenta. Em 2014 foi concebido o marco zero do hip-hop, um elemento no centro da cidade onde começaram as reuniões do primeiros b.boys, estes os dançarinos de break, estilo de dança da cultura hip-hop com o objetivo de demonstrar e evidenciar sua existência e importância. Entretanto, o marco comunica-se de um modo diferente que a própria cultura hip-hop dentro da metrópole, diferente das suas intervenções, comunicações e questionamentos no ambiente urbano. 1. Ethos: conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento (instituições, afazeres etc.) e da cultura (valores, ideias ou crenças), característicos de uma determinada coletividade, época ou região.

justificativa

Nesse contexto, o objetivo final dessa pesquisa é desenvolver um projeto de comunicação de apoio ao marco zero do hip-hop conforme as intervenções visuais que a cultura hip-hop provoca na cidade com seus questionamentos, discursos e afirmações. Para propor uma comunicação que apoie este elemento na tarefa de evidenciar sua região e cultura é preciso compreender a atuação das culturas e comportamentos das pessoas em volta dele, para assim desenvolver uma comunicação e mensagem que proporcione um sentimento de identificação e que exprima sua história

objetivos O principal objetivo do projeto é evidenciar o marco zero do hip-hop enquanto movimento cultural ainda presente e atuante na região onde iniciou-se a partir de uma comunicação que converse diretamente com seu público.

Objetivos específicos • Compreender os estudos sobre a comunicação urbana. • Identificar as intervenções e manifestações visuais das culturas juvenis nas metrópoles. • Identificar o marco zero do hip-hop e a razão de sua localização. • Desenvolver um objeto de comunicação de apoio que identifique o marco zero e descreva os discursos e questionamentos da cultura que ele busca representar.

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métodos e instrumentos

fundamentação teórica

Esta é uma pesquisa de caráter descritivo com objetivo apresentar o marco zero do hip-hop presente na cidade de São Paulo e estabelecer uma relação da sua existência com a ação da cultura hip-hop na metrópole, basicamente, descrever o objeto enquanto comunicação urbana e oferecer um novo modelo de expressão do mesmo conforme as práticas de comunicação/expressão da cultura. O método escolhido para a pesquisa foi a análise de documentos a partir de uma abordagem qualitativa levando em consideração para análise dos dados os métodos dos estudos antropológicos sobre os modos de comunicação existentes nas metrópoles.

Metodologias antropológicas sobre a comunicação urbana

O levantamento dos métodos adotados por autores relacionados ao estudo da comunicação urbana foi priorizado com o intuito de desenvolvimento dos fundamentos para compreensão da atuação do objeto de estudo, no caso um elemento arquitetônico citadino. Para a compreensão deste elemento e sua atuação foi necessário pesquisar sobre as culturas juvenis, suas manifestações e comportamentos.

Para compreendermos o modo que um elemento citadino, no caso o objeto de estudo desta pesquisa, se expressa na cidade foram estudadas as metodologias antropológicas referentes a comunicação urbana. “Não saber se orientar numa cidade não significa muito. Perder-se nela, porém, como a gente se perde numa floresta é coisa que se deve aprender a fazer” (BENJAMIN, 1971, p.76).

É com esta citação que Canevacci inicia sua obra, A cidade polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana, que foi utilizada como referência e base inicial desta pesquisa no intuito de compreender a comunicação urbana enquanto contadora de histórias. A obra retrata a experiência pessoal do antropólogo recém chegado na cidade de São Paulo em 1984 quando foi convidado pela primeira vez pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP para lecionar sobre “antropologia da cultura ocidental” como professor visitante. O autor relaciona os métodos antropológicos de comunicação urbana que utilizou para compreensão da ethos (conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento) da cidade, onde aponta a necessidade

métodos e instrumentos

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de uma base teórica que abrace a pluralidade existente na mesma. A cidade de São Paulo comporta uma multiplicidade de “vozes” que juntas desenvolvem a “fala” da cidade, seus comportamentos, seus estilos. Para a compreensão da comunicação urbana e o objeto de estudo, Canevacci adotou um método semiológico, a observação de cenas da cidade, realizando uma conexão com autores como Walter Benjamin, que a partir da premissa qual deve-se primeiramente colher os dados da comunicação urbana para posteriormente expô-los, método que Benjamin utilizou para produção de Passagen-Werk utilizando os dados que o mesmo havia coletado em Paris a capital do século XIX onde observou o cotidiano das figuras de Paris frente as suas galerias comerciais durante o período de transição da cidade para uma Paris urbana, moderna a partir da evolução da indústria. “Método deste trabalho; montagem literária” (BENJAMIN, 1982, p.595).

desenvolvendo e descrevendo sua característica polifônica. Polifonia que por sua vez segundo o Canevacci é caracterizada devido a mistura das diferentes vozes presentes nos espaços públicos, privados, ruas, centros culturais, lojas e outros locais da comunicação urbana. (...) a cidade em geral e a comunicação urbana em particular comparam-se a um coro que canta com uma multiplicidade de vozes autônomas que se cruzam, relacionam-se, sobrepõem-se umas às outras, isolam-se ou se contrastam… dar voz a muitas vozes (CANEVACCI, 2004, p.17).

Segundo o estudo de Canevacci (2004) a cidade é um organismo subjetivo que desenvolve sua própria linguagem e

“Compreender uma cidade significa colher fragmentos. E lançar entre eles estranhas pontes, por intermédio das quais seja possível encontrar uma pluralidade de significados. Ou de encruzilhadas herméticas.” CANEVACCI, 2004, p.35).

Canevacci (2004) em seu primeiro momento na cidade “classifica” os comportamentos urbanos de São Paulo em três ritmos, a imobilidade doméstica, a hipervelocidade noturna e a lentidão do passeio solitário. Entretanto evidencia tal feito como um “erro útil” já que havia uma impossibilidade de classificar e mapear o paulistano através de explorações superficiais dos espaços da metrópole, assim,

fundamentação teórica

Centro de São Paulo, rua 25 de março Marcelo Camargo, Agência Brasil (2016). fig. 1

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comportamento com base na ação dos indivíduos que fazem parte deste espaço urbano. A partir dos dados levantados pelo método de pesquisa adotado por Canevacci e suas devidas conclusões ao modo que os elementos da metrópole comunicam entre si e se influenciam é possível realizar uma correlação com o modo que Kevin Lynch define a importância e construção da imagem da cidade em A Imagem da Cidade. Segundo Lynch, uma imagem é sempre composta de vários elementos e nunca um único elemento isolado, ou seja, um elemento implementado em determinado espaço quando presente em outro espaço apresenta outra imagem distinta da anterior. Apesar de Lynch desenvolver uma investigação para compreender o planejamento da estrutura urbana da cidade com o propósito de introduzir a ideia de que a imagem da cidade pode atuar funcionalmente auxiliando nos deslocamentos e comunicações urbanas, talvez este um contraponto a questão da necessidade em se perder no meio urbano para conseguir compreendê-lo que Canevacci assim como Benjamin apontam, Lynch também evidencia que a composição da imagem da cidade não é composta apenas dos elementos físicos, arquitetônicos, mas também das pessoas e suas atividades. Por assim dizendo, a imagem de uma cidade é contida no imaginário de cada habitante, ou seja, cada pessoa traz consigo elementos de interpretação que implicam no modo que compreendem a imagem da cidade, sejam eles memórias a respectivos elementos arquitetônicos ou experiências passadas em devidos locais.

fundamentação teórica

Culturas juvenis e suas manifestações na metrópole Inseridos numa discussão teórica que busca uma compreensão da comunicação urbana e suas culturas a partir da sua condição de multiplicidade de vozes, apresentaremos considerações tendo como referência as culturas jovens. Este recorte por sua vez foi escolhido para que consigamos compreender melhor a relação de ação direta de um cidadão perante a cidade, os espaços públicos, tendo como fundamento as metodologias discutidas no capítulo anterior. Além do fato que objeto de estudo desta pesquisa, o marco zero do hip-hop, trata-se de um elemento referente a uma cultura de caráter jovem principalmente em sua instituição, o início do movimento hip-hop ocorreu a partir dos jovens dos bairros periféricos da cidade de Nova Iorque devido ao momento político-econômico que estavam imersos. Insatisfeitos com a situação de exclusão a que eram submetidos, alguns jovens do Bronx propuseram resistir a partir do resgate de sua autoestima e de uma crítica sistematizada à sua condição socioterritorial. Surgiram então manifestações culturais de caráter urbano, alicerçadas sobre uma série de valores, tais como o conhecimento da cultura negra e de seu próprio entorno, que deram corpo ao movimento hip-hop. (ALVES, 2005, p.7). Entretanto vamos desenvolver as questões quanto a cultura hip-hop no próximo capítulo, por momento iremos buscar compreender a atuação dos movimentos juvenis na metrópole conforme as metodologias apresentadas pelos autores do capítulo anterior e tendo como objetivo de-

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senvolver uma comunicação para o marco zero similar as técnicas utilizadas pelas culturas juvenis. Apresentaremos como referências os trabalhos da doutora em antropologia Rita de Cássia Alves Oliveira1, Estéticas juvenis: intervenções nos corpos e na metrópole e Metrópole e culturas juvenis: estéticas e formas de expressão, sendo o segundo um trabalho em equipe com a Dra. Andréa de Souza Almeida2 e Marlyvan Moraes de Alencar.3

Seguindo a linha de pensamento de Edgar Morin, Oliveira (2007) conclui que a maior característica do homem moderno é a sensibilidade perante a estética das formas, o desenvolvimento de um novo universo estético. Esse novo universo estético revela que um poderoso imaginário emerge no Homo sapiens e mobiliza-se para enfrentar a morte e dar conta dos medos, desejos, frustrações e afetividades que o movimentam (MORIN, 1987).

Segundo Oliveira1 (2007) em Estéticas juvenis: intervenções nos corpos e na metrópole os universos simbólicos e estéticos das cidades estão em constante transformação devido às práticas cotidianas, sendo o simbólico fundamental para o desenvolvimento das identidades dos grupos juvenis.

Em contrapartida as culturas de massa que surgiram na época da reprodutibilidade das obras de arte, a partir das ideias apresentadas por Walter Benjamin, a era moderna desenvolveu uma nova cultura sobre a imagem graças às novas técnicas de reprodutibilidade que surgiram. Nova cultura essa que está relacionada aos resultados das culturas de massas, que por sua vez deram início ao bombardeio de imagens ao homem moderno no meio urbano.

A dinâmica cultural cria linguagens (orais, escritas, imagéticas) decorrentes dessas práticas culturais mutantes. Assim, refletir sobre as imagens significa olhar para os imaginários, as afetividades, os desejos, os medos e as frustrações; implica voltar nossos olhos para as práticas, linguagens, identidades e estéticas que envolvem o cotidiano; requer analisá-las com base em sua constituição histórica e suas matrizes culturais e inseri-las no campo da cultura para que seja possível captar os significados presentes na sua produção e apropriação (OLIVEIRA, R. C. A., 2007, p.64). 1. Doutora em Antropologia, pertence ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais e ao Departamento de Antropologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 2. Andréa de Souza Almeida, Graduada em Desenho Industrial na Sociedade Universitária de Santos (1986). Mestre em Comunicação e Artes na Universidade Presbiteriana Mackenzie (1998). Doutora em Ciências da Comunicação na Universidade de São Paulo (2005). 3. Marlyvan Moraes de Alencar é mestre em Comunicação e Semiótica, doutoranda em Ciências Sociais pela PUC-SP. Atualmente é professora dos cursos de Multimeios e Publicidade da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, tendo trabalhado durante 11 anos no Centro Universitário Senac como professora dos cursos de Fotografia, Design Gráfico e Design Digital.

fundamentação teórica

“Com a modernidade as ruas metropolitanas transformam-se em labirintos de imagens; as cidades transformam-se, mais do que nunca, espaços de escritura e de leitura.” (OLIVEIRA, 2007, p.66).

A metrópole passou desde então a apresentar-se a partir das imagens, dar a possibilidade de ser compreendida através da análise de suas superfícies, contar histórias, apresentar sua época, manifestar seu ethos. Por meio das intervenções urbanas, esses jovens refazem sua relação com a metrópole; transformam paredes, muros e postes em territórios apropriados, repletos de afetividades, relações, histórias. Nas cidades,

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no final do século XX, as intervenções urbanas trazem o mais recente capítulo dessa grafologia recheada dos imaginários juvenis (OLIVEIRA, 2007, p.70). As relações dos jovens com a cidade é feita a partir de suas intervenções diretas na mesma, principalmente em sua superfície, sejam artísticas através dos grafites, pichações, suas modificações corporais ou a estética de suas formas, todas influem suas práticas de expressão. As apropriações simbólicas e as relações estéticas apontam-os como sujeitos ativos que atuam na cidade, ressignificam formas e conteúdos, expressam-se por meio de seus corpos, assim Crítica aos grafites apagados na cidade de São Paulo devido a Lei Cidade Limpa - Os Gêmeos (2017), fig. 2

como das paredes, dos postes e muros urbanos. É possível, desse modo, captar os significados que as formas culturais assumem para os indivíduos, assim como as dimensões simbólicas e os imaginários que são articulados por meio das imagens e das ações (OLIVEIRA, 2007). Vale lembrar que toda manifestação artística representa a situação histórica em que esta ocorre, não porque necessariamente toda arte deva ser engajada, mas porque é realizada pelo sujeito histórico dentro de um contexto histórico-social e econômico. (GITAHY, 1999, p.17). As técnicas adotadas pelos jovens como a pixação, graffiti, stickers, lambe-lambes são modelos de atuação direta na superfície da cidade, modelos esses que contrapõem a comunicação das massas existentes e são utilizados como desenvolvimento e afirmação de uma identidade, exercício de expressão e ocupação do espaço urbano. Quase toda a cidade é ocupada por essas ilegais apropriações juvenis, especialmente as vias de fluxo e o centro da cidade, que são disputados por jovens de todos os bairros. Com uma lógica publicitária, quanto melhor o local de sua aplicação, mais resultados positivos trará para quem a produziu (OLIVEIRA, 2007, p.68). O conceito de pertencimento é desenvolvido e explorado a partir destas práticas, o desdobramento da sociabilidade juvenil com base nas afetividades, a constituição das “tribos urbanas” acompanhando o pensamento por Michel Maffesoli (2000) em O Tempo das Tribos, são comunidades de afetividades intensas e instáveis, por meio das quais os jovens definem suas identidades e pertencimentos.

fundamentação teórica

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SLAM, batalhas de poesia similares as batalhas de MC’s, Praça Roosevelt, São Paulo - Folha de São Paulo (2018), fig. 3

capítulo mae

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O pichadores se organizam em grupos (gangues ou grifes), se identificam através de códigos, siglas, desenvolvem linguagens visuais similares, criam uma voz única, uniforme dentro do seu grupo. Na saída noturna para pixar, os pertencimentos formais às gangues e grifes exigem a regularidade dos traços, que devem ser iguais, com a mesma espessura, a mesma tipografia, como se as inscrições fossem realizadas por um corpo coeso e uniforme. (OLIVEIRA, 2007, p.71). Os grafiteiros são ligados ao movimento hip-hop, organizam-se em crews que contém não apenas eles como membros mas também outros atuantes da cultura, como os MC’s, DJ’s ou dançarinos (b.boys e b.girls). Além da crews também existem os coletivos que por sua vez buscam desenvolver uma relação entre os artistas de modo que viabilizem o trabalho um dos outros compartilhando conhecimento. Agrupam jovens por afinidades e sabedorias interdisciplinares, mesmo que anarquicamente organizadas; produzem uma arte que dialoga com vários conhecimentos, como arquitetura, política, geografia, história, sociologia, ciência, artes gráficas e plásticas (OLIVEIRA, 2007, p.72). Estes agrupamentos e organizações proporcionam uma relação de pertencimento social diferente das instituições formais existentes, classe social, política, religiosa. E independente de qual seja essa forma de agrupamento ele sempre carrega consigo um viés político onde carregam consigo questionamentos sobre os espaços públicos, a ocupação da cidade e seu pertencimento (OLIVEIRA, 2007).

fundamentação teórica

Pixação, Graffiti, Stickers e Cartazes lambe-lambe Pixação Essa técnica de expressão não é exclusividade do século XX, as paredes das cidades antigas eram tão pichadas quanto as de hoje, ou muito mais. As paredes de Pompeia eram cheias de xingamentos, poesias, anúncios, praticamente de tudo era escrito nas paredes (GITAHY, 1999). Foi utilizada como prática de protesto em diversos momentos da história, principalmente após a Segunda Guerra mundial, com a advento do aerossol e por assim a invenção das tintas spray, possibilitando a maior velocidade e praticidade da técnica. Um exemplo foram as revoltas estudantis em Paris em 1968 onde a tinta spray proporcionou que as reivindicações gritadas nas ruas também fossem rapidamente registradas nos muros da cidade. Entretanto a pichação foi se popularizando, mesmo sendo uma prática considerada ilegal, e não ficando apenas com seu caráter político mas dando espaço para manifestações humoradas, poéticas ou apenas os nomes dos autores. Gitahy (1999) dividi a pichação após sua popularização nos anos 80 em 4 fases: Primeira fase: Carimbar o próprio nome pela cidade em grande escala, apropriar-se de todo o espaço. Chamar atenção para si mesmo, sair do anonimato. Segunda fase: Competição pelo espaço, ao invés do nome

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começam a utilizar pseudônimos ou símbolos de identificação dos grupos. Fase resultado da saturação do espaço físico da cidade. Terceira fase: Momento no qual os pixadores iniciam a pixar lugares mais complexos, os prédios mais altos, os locais de acesso mais difícil, monumentos públicos e ícones arquitetônicos da cidade viraram os novos alvos. Neste momento a imprensa começa a atuar combatendo a prática entretanto a circulação das matérias produzidas serviram para incentivar e acentuar o trabalho dos pixadores. Quarta fase: A partir da atenção da imprensa o foco nesta fase era aparecer, acontecer, desafiar as autoridades ou realizar obras inusitadas.

Atualmente é uma predominância de todas estas fases, mesmo sem esse concurso por mídia, mas ainda buscando chamar atenção para si mesmo, apropriar-se do território, dizer algo. Apesar da agressividade e do maior individualismo das ações e objetivos da pixação, muitos jovens pixadores a consideram “um tapa na cara da burguesia” (Poato 2006), que se vê obrigada a conviver, a contragosto, com a paisagem marcada por toda a cidade; a pixação é o espelho de uma sociedade com vontade de falar, mas com uma forma tortuosa e desorganizada de dizer (OLIVEIRA, 2007, p.72).

Edifício São Vito (São Paulo) com cerca de 50 equipes diferentes

Prédio em São Paulo com pichações de diversas grifes

Wikipédia, a enciclopédia livre, fig. 4

Pixação: São Paulo Signature (2004), fig. 5

fundamentação teórica

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Fachada pixada no centro de São Pulo Pablo López, The Guardian (2016), fig. 7

Prédio pixado, São Paulo Pablo López, The Guardian (2016), fig.6

fundamentação teórica

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O graffite

Museu Aberto de Arte Urbana, São Paulo Guia da Semana (2017), fig. 8

Esta prática é mais ligada às artes visuais, o graffite assim como a pichação também utiliza a superfície da cidade como suporte. Por sua vez o graffiti desenvolve uma comunicação nas malhas da cultura urbana, escrever nas superfícies e fissuras das metrópoles como forma de resistência, um exercício de singularidade porém com uma base coletiva de agrupamento e pertencimento, técnica que procura desenvolver um lado humano no caráter cinza das cidades, uma expressão artística. Na década de 1970, alguns jovens de Nova Iorque começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade e, algum tempo depois, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos. O grafite está ligado diretamente a vários movimentos culturais, em especial ao hip-hop onde a prática é utilizada para expressar suas opiniões, experiências, realidades e percepções para a sociedade. A cultura hip-hop tem o grafite como veículo de comunicação mesmo quando ainda atua como prática de escrever seus nomes ou grupos, ainda sim deve-se passar uma mensagem sem deixar de lado a questão de evidenciar-se, uma arma de contestação política das questões sociais (Diógenes, 1998).

O rock, o rap e o grafite recolocam as questões-chave da contracultura: consciência, expressão e denúncia. (Martín-Barbero 1998).

fundamentação teórica

Trens pintados na plataforma 180th Street Bronx, Nova York - Martha Cooper (1980), fig. 9-

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Stickers São pequenos adesivos produzidos artesanalmente em quantidades suficientes para serem espalhados pela cidade, criando percursos, apropriações territoriais e reconhecimento em bairros distintos, versáteis e de fácil aplicação (Oliveira, 2007). Assim como as outras práticas citadas os stickers provocam a reunião de grupos com propósito de trocarem os stickers produzidos e conhecimentos sobre as técnicas de produção ou informações sobre seus trabalhos. Devido a essas características de versatilidade e praticidade os stickers possibilitam intervenções visuais em locais diferentes dos grafites e pichações, geralmente os alvos da prática são sinalizações de trânsito, postes e fachadas publicitárias. Os stickers carregam consigo a identidade do autor, de um grupo ou mensagens de caráter político ou poéticas. Avenida 23 de maio na cidade de São Paulo, 2015 Flávio Croffi/Geekness (2015), fig. 10 e 11

fundamentação teórica

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Lambe-lambes: São cartazes que buscam expressar mensagens complexas, utilizam da repetição por serem feitos em materiais e a partir de técnicas que facilitem a grande reprodutibilidade, como serigrafia, fotocópias ou técnicas de impressão de baixo custo. Suas atuação é indicativa, ele aponta um acontecimento ou determinado tema para o contexto urbano. O lambe-lambe, também um cartaz de rua, ocupa o mesmo lugar do grafite e é por si só subversivo e por isso tão intrínseco aos manifestos sociais e políticos. Sua fácil reprodução e repetição no meio urbano permitem levar uma mensagem complexa e cheia de nuances a um grande número de locais (SILVA, 2016, p. 613). Os cartazes lambe-lambe utilizam-se de elementos do design gráfico para transmitirem suas mensagens dentro do meio urbano, sua interferência na cidade precisa ser efetiva assim como os cartazes de publicidade, que por sua vez também adotam a técnica. O suporte é facilmente encontrado sendo utilizado como material de divulgação para festas e eventos, geralmente aplicados em grande quantidade lado a lado.

Poste com stickers em São Paulo George Leoni, Instagram (2019), fig. 12

capítulo mae

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Lambe-lambe na Av. Paulista Christy Wickoff (2009), fig. 13

Muro com divulgação de festas Pinterest, fig. 14

fundamentação teórica

Lateral de prédio coberta com cartazes lambe-lambe Coletivo SHN (2019), fig. 15

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O marco zero do Hip-hop nacional O Marco Zero do Hip-hop Nacional está situado na cidade de São Paulo e ele tem como finalidade demonstrar e evidenciar a existência e importância do movimento hip-hop na metrópole. A cultura Hip-hop chegou no Brasil por volta da década de oitenta, ao contrário que muitos leigos no assunto podem pensar Hip-hop não se trata apenas de um gênero musical, mas sim toda uma cultura de manifestação social e política tendo como sua base a união da população negra nos bailes de música black majoritariamente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O movimento hip-hop teve seu início nos Estados Unidos na década de 70 em meio às contradições da cidade de Nova Iorque, no bairro do Bronx onde os jovens encontravam-se em meio as desigualdades sociais amplificadas pela centralização da modernização nos centros econômicos da cidade. Tais lugares sofrem com mais empobrecimento pelo abandono dos direitos constituídos...projetos que desconsideram a cidade nos seus usos locais. Os bairros não interessantes para esses projetos coincidiam com a moradia, em sua maioria, de negros e imigrantes hispânicos (principalmente jamaicanos, caribenhos e porto-riquenhos). (GOMES, 2008, p. 41). A população jovem do Bronx começou a se reunir em seus bairros com a finalidade de elevar sua autoestima e se manifestar. Através de festas (block partys) com música negra e diferentes elementos, assim surgiu o movimento hip-hop. O rap é um estilo musical presente dentro da cultura hip-hop, este por sua vez originou-se da atuação dos DJ’s

fundamentação teórica

A primeira block party foi realizada pelo DJ Kool Herc Autor desconhecido (1973), fig. 16

que realizavam a troca das músicas dos bailes com técnicas como o looping, tocavam um mesmo trecho de um disco em repetição e os scratchs, em tradução literal arranhões, onde desenvolviam novas possibilidades sonoras que futuramente foram adiciondas as práticas de misturar trechos de diversas músicas (sampling) afim de desenvolver novas. Além destas técnicas para agitar os bailes os DJ’s geralmente atuavam junto a MC’s que rimavam em cima das músicas. Entretanto tal modelo não era inédito, os bailes jamaicanos, “sound systems”, em meados da década de 60 funcionavam de modo similar onde por sua vez os MC’s eram os “toasters” que discursavam sobre os temas que assolavam sua realidade como a violência em Kingston, capital da Jamaica, sua situação política e até mesmo falar sobre as festas, sexo e drogas.

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expressar, marcar sua existência e região como já citado anteriormente. Assim foram definidos os 4 pilares da cultura: break, DJ, MC e grafite.

Soundsystem jamaicano, DJ e toaster - autor desconhecido, fig. 17

A imigração de inúmeros jovens jamaicanos para os EUA foi um dos fatores precursores para a disseminação das festas como realizavam na Jamaica que posteriormente foram se tornando o movimento hip-hop, onde o ritmo musical que era voltado para os bailes com rimas cativantes e dançantes foi desenvolvendo um discurso político assim como os jovens jamaicanos realizavam e assim criando o rap, onde as rimas eram desenvolvidas com ritmos mais incisivos e marcantes. Os ritmos hip-hop e rap possuem essa diferenciação, porém o rap é um dos pilares da cultura hip-hop.

No Brasil, o Hip-hop chegou no início da década de 80 por intermédio das equipes de baile, principalmente a Furacão 2000, do Rio de Janeiro, e das revistas de pequenas tiragens, tidas como publicações alternativas e dos discos vendidos na 24 de Maio (São Paulo). Os pioneiros do movimento, que inicialmente dançavam o Break, foram Nelson Triunfo, depois Thaíde & DJ Hum, MC/DJ Jack, Os Metralhas, Racionais MC’s, Os Jabaquara Breakers, Os Gêmeos e muitos outros. Eles dançavam na Rua 24 de Maio, mas foram perseguidos por lojistas e policiais; depois foram para a São Bento e lá se fixaram. (BARRADAS, 2008. Acesso em: 08 dez. 2018. 13:00). Baile Black Rio - Almir Veiga (1976), fig. 18

Assim como ocorreu o surgimento do rap, grupos de dança também foram surgindo, as crews de break, realizavam coreografias nos bailes. Do mesmo modo o grafite também fez parte da cultura hip-hop, onde os jovens buscavam se

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A comunicação do elemento é diferente das práticas e intervenções desenvolvidas pela cultura, a placa presente no chão das pedras existe com o intuito de proteger o local de modificações perante o âmbito arquitetônico da cidade, por ter se tornado um local histórico a rua não pode ser asfaltada (TRIUNFO, 2014).

Para compreendermos melhor a comunicação urbana do marco zero é preciso entender o desenvolvimento da cultura hip-hop na cidade de São Paulo.

Vista superior do Marco Zero do Hip-hop na rua 24 de maio, imagem da inauguração - Portal Vai Ser Rimando (2014), fig. 19

Vista superior do Marco Zero do Hip-hop na rua 24 de maio Wikipédia, a enciclopédia livre (2018), fig. 20

O local citado por Barradas, Rua 24 de Maio, recebeu através da iniciativa de Nelson Triunfo, um dos pioneiros que estava presente nas primeiras rodas de break do local, uma placa representando o marco zero da cultura hip-hop nacional, inaugurado em 26 de setembro de 2014, a placa presente nas pedras da esquina das ruas 24 de Maio e Dom José de Barros no centro de São Paulo passa despercebida pelas pessoas que transitam o local, até mesmo por aqueles que fazem parte ou admiram a cultura hip-hop.

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Na década de 80, a maior parte da população paulistana morava longe dos centros em que muitos trabalhavam; tanto o velho centro paulistano, ou mesmo a região da Avenida Paulista, eram lugares de passagem e serviços para muitos jovens. Na prestação de serviço, ou mesmo na busca de emprego, no estudo, o centro passou a ser para alguns jovens o lugar em que se iniciaram os encontros do que viria a ser o Hip-hop paulistano (GOMES, 2013, p.46). O centro da cidade tornou-se local de encontro da população jovem e periférica, local onde difundiam conhecimentos sobre aquilo que estava surgindo na metrópole, falavam sobre a dança: break, sobre a música: rap e sobre as manifestações visuais: os grafittis. Esses temas eram relacionados às suas experiências, histórias e conhecimentos.

Assim como Canevacci evidenciou, é necessário compreender o centro para entender o que acontece nas periferias. É o centro que “fala” da periferia e que a “contém”, mesmo porque todas as periferias se encaminham para os vários centros. A análise destes policentros nos permite compreender as modalidades de transformação de todo o mais, que deve ser estudado somente a partir de base, contextual. Estudar o marginal sem relacioná-lo com o centro, ou tomando-o pelo que é, significa, por melhores que sejam as intenções continuar a reproduzir a mesma marginalidade (CANEVACCI, 2004, p.141).

fundamentação teórica

Os participantes dos bailes blacks que dançavam o funk e o soul se reuniam para ensaiarem e apresentarem o break no centro da cidade, a princípio as reuniões ocorriam em frente ao Teatro Municipal, na Praça Ramos e, logo depois, no cruzamento da Rua 24 de Maio com a Rua Dom José de Barros (GOMES, 2013). Na Galeria 24 de Maio era possível encontrar músicas e artigos da cultura hip-hop, transformando-se assim no ponto de encontro da cultura black e dos hip-hoppers. Mais tarde os encontros mudaram-se para a estação São Bento graças a pressão imposta pelos comerciantes locais que não gostavam da aglomeração no local e recorriam a polícia para remoção dos artistas. “os policiais alegavam que a aglomeração que ali se formava em torno dos breakers facilitava o aumento do número de furtos”. (ROCHA, 2001, p.49). A estação São Bento era um importante elo na rede de transporte metroviário, um símbolo das modernizações de fluxos existentes na cidade de São Paulo na década de 80. Esse local se tornou um marco histórico para o hip-hop paulistano, o break chamava atenção dos jovens por ser uma curtição diferente, logo em seguida passou a assimilar cada vez mais informações sobre a cultura Hip-hop. Com o tempo começaram a descobrir que o break fazia parte de uma forma cultural maior, que também engloba a pintura (grafite) e a própria música rap, que começou a se desenvolver a partir dessas manifestações na Estação São Bento. (YOSHINAGA, 2001). Na estação começou o aumento das crews de break, dando início as batalhas desse elemento e também lá começou o encontro dos primeiros MC’s que rimavam em cima das batidas improvisadas com os elementos presentes no local.

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De acordo com pesquisador Gilberto Yoshinaga (2001), em 1998 o primeiro disco de rap nacional foi lançado, a coletânea “Hip-hop cultura de Rua”, cuja capa do disco é uma fotografia dos rappers presentes da coletânea na estação São Bento. Outro ponto importante de encontro foi a Praça Roosevelt, também na região central, onde por sua vez grande parte do público destes encontros eram os MC’s até por volta de 1991. Contudo, para muitos, essa experiência foi fundamental na organização e no desenvolvimento do rap. (YOSHINAGA, 2001, p.60). Capa do disco, Hip-hop cultura de rua Dj Willians, Blogspot (2014), fig. 21

Os conteúdos referentes a cultura hip-hop norte americana chegavam apresentando novas ideias e informações sobre a cultura negra e o próprio hip-hop. Como vimos, o Hip-hop, pela técnica, chega à década de 80 através de alguns elementos (Dj, Mc, break e grafitti) e, através das possibilidades de circulação (pelo período informacional que se inicia) da época, chega com a dada cultura estadunidense, por agentes, pelas técnicas possíveis de comunicação (vinis, K7, vídeos) e equipamentos eletrônicos e por uma configuração do soul e funk pelos bailes black que já se encontravam híbridos nos lugares de São Paulo. (GOMES, 2013). Nesse cotidiano, entre a Galeria 24 de Maio, a São Bento e a Praça Roosevelt, foi-se criando um circuito horizontal pelo território paulistano. Esse circuito solidarizou, cada vez mais, informações das formas e conteúdos intrínsecos e possíveis a todo o movimento, por todo o território paulistano: fossem pelas produções fonográficas, pelas crews de break, ou pelo graffiti que iam estendendo como expressão artística pelos muros e paredes de São Paulo, aprimorando o conhecimento sobre a arte gráfica (GOMES, 2013). A partir destes encontros que a cultura hip-hop foi se desenvolvendo, começou a surgir um circuito dos eventos referentes a cultura hip-hop e a compreensão da importância das posses dos territórios para as atuações da cultura. A década de 90 é um período de grande desenvolvimento das organizações territoriais pelas posses. Este processo foi marcante para a formação, informação e organização do movimento, na prática cotidiana de suas necessidades. Suas produções, circulações e

fundamentação teórica

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consumo foram compreendendo a dinâmica territorial e iniciando o que conhecemos dos usos do território pelas configurações presentes (GOMES, 2013). Os encontros dos jovens na cidade de São Paulo foi de suma importância para o início da cultura hip-hop no território nacional, essa apropriação do espaço público e concepção que o mesmo poderia ser utilizado para manifestação de suas ideias e troca de conhecimento foi o elemento chave para seu desenvolvimento.

resultados da pesquisa A pesquisa foi dividida em etapas que se correlacionam para compreensão do tema abordado, o marco zero do hip-hop e seu comportamento enquanto comunicação urbana. Foram realizados pesquisas bibliográficas sobre os métodos antropológicos de estudo sobre a comunicação urbana, quais os métodos e melhores abordagens a serem escolhidas para coletar resultados referentes a um objeto e seu comportamento na cidade. Posteriormente a este levantamento de procedimentos metodológicos e seguindo seus resultados foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre as culturas juvenis atuantes em torno do objeto de estudo central desta pesquisa, o marco zero, com a finalidade de descrever os comportamentos juvenis e suas intervenções nas cidades. O terceiro e último passo da etapa de fundamentação teórica foi o estudo do marco zero do hip-hop levando em consideração sua fundação e início da cultura hip-hop nacional devido a ser um elemento representativo do local de início da mesma no país. No capítulo referente às metodologias antropológicas sobre a comunicação urbana foram levantados dados a partir da análise de alguns autores, o primeiro e central para essa pesquisa foi o antropólogo Massimo Canevacci que defende a necessidade do uso de uma base teórica que a abrace a pluralidade de culturas e comportamentos em uma cidade. É necessário observar os costumes, hábitos, comportamentos, a cultura de uma cidade e seus habitantes para entender a comunicação urbana presente na mesma. Segundo o estudo de Canevacci a cidade é um organismo subjetivo que desenvolve sua própria linguagem e compor-

fundamentação teórica

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tamento com base na ação dos indivíduos que fazem parte deste espaço urbano. Assim como Canevacci, Kevin Lynch em Imagem da Cidade desenvolveu uma investigação sobre como a imagem de uma cidade pode atuar de modo funcional perante a mesma. O autor assim também aponta a necessidade de compreender as pessoas e suas atividades na cidade, pois diferentes imagens da cidade são formadas nos imaginários de cada habitante, cada pessoa traz uma diferente série de elementos que influem na sua interpretação sobre a cidade e os elementos presentes nela. Como elemento sequencial do referencial teórico e seguindo os dados previamente coletados foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os comportamentos das pessoas perante no meio urbano. Foram levantados dados sobre um recorte específico, as culturas juvenis, os jovens foram os precursores do início da cultura hip-hop e atualmente estão presentes em torno do objeto de estudo desta pesquisa, o marco zero do hip-hop. As culturas juvenis desenvolvem suas próprias linguagens decorrentes das suas práticas culturais mutantes, seus desejos, medos e frustrações. Os jovens nas metrópoles procuram se expressar de diferentes formas, principalmente através de intervenções visuais que por sua vez alteram os universos simbólicos e estéticos das cidades, interferem na superfície da cidade de forma artística através dos grafites, pichações, stickers, festas e reuniões ou até mesmo com a estética de suas formas, expressam-se por meio de seus corpos, assim como dos muros e postes. É desenvolvido um conceito de pertencimento e comunidade a partir dessas práticas de expressão, os jovens se organizam

resultados da pesquisa

em grupos que desenvolvem identidades particulares de cada uma das práticas. Os pichadores, por exemplo, se organizam em grupos que se identificam através de siglas ou de uma uniformidade visual, os grafiteiros organizam-se em crews juntos com os outros atuantes da cultura hip-hop. Essa organização em grupos é desenvolvida para fortalecerem a expressão de suas ideias e compartilhamento de experiências. No terceiro capítulo da fundamentação teórica, após compreender um pouco dos comportamentos juvenis com o propósito de compreender a comunicação urbana concebida pelos mesmos, foram levantados os dados referentes ao marco zero do hip-hop, com objetivo de entender a história de sua fundação, razão e assim poder entender o objeto enquanto comunicação urbana neste momento de análise dos resultados. O marco zero do hip-hop está em um local que marcou a transição dos bailes blacks que ocorriam na cidade de São Paulo para de fato o desenvolvimento do break, vertente de início da cultura hip-hop. O desenvolvimento da mesma na cidade de São Paulo se deu pelos encontros dos jovens praticantes e interessados pela cultura, estes encontros ocorreram em diversos locais, não apenas na rua 24 de Maio (local do marco zero). Em vista dos argumentos apresentados o marco zero do hip-hop de fato encontra-se em um ponto crucial para o desenvolvimento da cultura hip-hop no Brasil, este local que por sua vez segue relevante para a disseminação e atuação desta cultura no presente momento. Entretanto o marco zero não utiliza das práticas de manifestações visuais propostas pela própria cultura hip-hop ou das culturas juvenis para comunicar sua história, consequentemente discursar pela cultura que busca representar e que

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segue atuante justamente na região em que está localizado. A placa atua sim como um objeto que simboliza e protege o local, porém basta relacionar os fatos coletados sobre a comunicação urbana para concluir que o maior marco da cultura hip-hop é a relevância ainda atual das regiões apontadas, a atuação dos hip-hoppers nos seguintes locais é o fator crucial para evidenciar a importância dos mesmos, tantos os locais quanto os membros da cultura. Tal fator justifica o desenvolvimento de uma comunicação que incentive e evidencie a presença dos hip-hoppers na região que consequentemente evidenciará a importância da mesma. Levando em consideração esses aspectos, a existência de uma comunicação efetiva, enquanto material de design gráfico, ao redor das regiões historicamente relevantes para o desenvolvimento do hip-hop nacional promoverá a identificação, agrupamento, pertencimento e reconhecimento dos locais e suas respectivas importâncias para a cultura.

resultados da pesquisa

requisitos para o projeto A partir dos temas investigados para o desenvolvimento do projeto foi concebida a proposta de uma comunicação visual sobre a região do marco zero sua resistência e importância ainda atual para a cultura que representa. Para a elaboração dos materiais de comunicação selecionados a partir dos resultados da pesquisa como os cartazes lambe-lambe, serão exploradas técnicas de caráter artesanal, como desenho, colagem e serigrafia. Com a finalidade de produzir um material com características similares as produções dos atores das culturas de rua. Entretanto, serão aplicadas técnicas e processos de design para elaboração de materiais de comunicação gráfica com a finalidade de desenvolver uma linguagem que expresse visualmente os elementos e discursos da cultura. Não se distanciando das técnicas de expressão artística utilizadas pelos hip-hoppers, mas sim uma adicionando elementos e boas práticas de design que ampliam o potencial e o poder dos cartazes.

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estudos de concepção

Painel semântico Desenvolvido pelo autor, fig. 22

Os estudos de concepção foram realizados se embasando nas técnicas utilizadas pelas culturas juvenis em suas intervenções artísticas no meio urbano e nos modelos de produção artística da cultura hip-hop. Entre elas a mais relevante para aplicação deste projeto, visando concluir seu objetivo, foram os cartazes lambe-lambe devido sua utilização de manifestação artística com suas mensagens e discursos mas também informativa como quando atuam sendo peças de comunicação publicitária para festas e eventos. A partir da exploração desta mídia foram produzidos os materiais comunicacionais sobre a região do marco zero, sua localização, os questionamentos e discursos da cultura hip-hop. Tendo esta premissa de comunicar os discursos deste movimento político cultural o material utilizado como referência gráfica para os estudos de concepção foram as peças do Partido dos Panteras Negras (organização urbana socialista revolucionária dos anos 60) e o Construtivismo Russo (movimento estético-político iniciado em 1913), ambos movimentos que defendiam características de igualdade, autonomia e poder através do conhecimento. Os cartazes atuarão nos três pontos de encontro importantes para início da cultura no Brasil: Rua 24 de maio (local do marco zero), estação São Bento e a Praça Franklin Roosevelt como evidenciado na pesquisa. Tais locais seguem sendo pontos de reunião de elementos e membros das culturas de rua, sendo assim, poderão comunicar-se diretamente com eles e realizar esta conexão de reconhecimento do local e sua devida importância até o presente momento.

estudos de concepção

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Rascunhos do projeto

Teste padrões cromáticos - Desenvolvido pelo autor, fig. 25

Estes rascunhos são referentes as escolhas das famílias tipográficas, padrões cromáticos e discursos para o desenvolvimento futuro dos cartazes. Conteúdo dos cartazes - Desenvolvido pelo autor, fig. 23

Áreas de intervenção Teste famílias tipográficas - Desenvolvido pelo autor, fig. 24

Considerando a importância dos locais levantados nesta pesquisa e a os objetivos do projeto foram traçados trajetos entre eles para definir os locais de aplicação dos cartazes. Local do marco zero, ruas 24 de maio e Dom José de Barros. Ponto que ainda ocorre o encontro de hip-hoppers principalmente devido as lojas e bares da região. Praça Roosevelt onde ainda ocorrem batalhas de MC’s e ponto de encontro de jovens de diferentes culturas de rua. Estação São Bento devido o reconhecimento de diversos hip-hoppers como local ponto inicial da disseminação da cultura.

estudos de concepção

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desenvolvimento do projeto Tendo como objetivo evidenciar o discurso e a atuação da cultura hip-hop na região central da cidade e até mesmo seu impacto social foi desenvolvida uma estética que se baseou em transcrever os elementos e características artísticas desta cultura como movimento dos dançarinos de break, ritmo presente na musicalidade, poesia e o contraste do estilo visual. A partir da pesquisa de referências e o desenvolvimento do painel semântico foi possível desenvolver vários modelos de cartazes que reproduziam os elementos citados a partir de diferentes elementos gráficos. O desenvolvimento também se embasou nos modos da produção artística da vertentes musical da cultura hip-hop, a produção das batidas de hip-hop e rap, que utilizam de samples, trechos de outras musicas que são recortados, reunidos e reorganizados afim de formarem uma nova música. Tal característica ficou evidente na decisão de utilizar a colagem de imagens de outros autores para ilustrar os cartazes, esse método de desenvolvimento possibilita a descoberta de soluções visuais diferentes das previamente rascunhadas e a exploração de novas linguagens. Além deste desenvolvimento visual, também foi selecionado os discursos condizentes com a temática abordada com a finalidade de evidenciar a importância dos hip-hoppers nas regiões mapeadas pela pesquisa para o surgimento, desenvolvimento e atualização da cultura hip-hop.

desenvolvmento do projeto

memorial descritivo Neste capítulo será apresentada a argumentação do projeto e os processos de produção dos produtos.

Tipo de impresso A partir dos resultados da pesquisa o produto escolhido para desenvolvimento do projeto foram os cartazes lambe-lambe. Foi desenvolvido um jogo de cartazes (7 cartazes) impressos em serigrafia e impressão digital.

Tema do projeto A finalidade é promover os discursos da cultura hip-hop e a indicar a importância da presença e atuação de seus membros no meio urbano, mais especificamente nas regiões apontadas pelos resultados da pesquisa. A temática visual dos cartazes e seu desenvolvimento foi embasado nos diferentes elementos presentes na cultura hip-hop com objetivo de transcrevê-los visualmente, como o ritmo musical, poético e seus métodos de produção artística que visam utilizar obras já criadas para concebimento de novas, a exemplo do sampling realizado pelos DJ’s e produtores musicais. A tiragem (estimada) foi de 70 cartazes (10 de cada modelo).

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Público-Alvo

Perfil demográfico: público diversificado, majoritariamente jovens adultos entre 18 a 28 anos. Perfil psicográfico: autuantes das culturas de rua, principalmente do hip-hop. Frequentadores da região central para aquisição de roupas, elementos diretamente relacionados com a cultura hip-hop ou participação de festas e reuniões.

Padronização gráfica Os cartazes foram desenvolvidos no mesmo formato utilizando um leiaute de 4 colunas junto de uma margem (10mm) para que possam atuar livremente ou em grupo quando aplicados. Formato: A3 (292x420mm). Suportes utilizados: papel jornal 70g/m2 e papel off-set 75g/ m2 para os cartazes lambe-lambe e papel Canson Debret 120g/m2 para as reproduções de colecionador. Número de cores: 2 cores, tinta serigráfica ideal para papel. Tons misturados artesanalmente. Impressões digitais com padrão CMYK de cores. Cores do projeto - Desenvolvido pelo autor, fig. 26

Processo de impressão indicado: Serigrafia. Telas com fios de lineatura 90 e 77. Fontes utilizadas: foram utilizadas duas famílias tipográficas Tupã e Terrorista, ambas desenvolvidas por uma type foundry nacional (Just in Type). A hierarquia das famílias ficou dividida como: Tupã - primária, textos grandes, títulos e parágrafos curtos. Terrorista - secundária, subtítulos e frases mais extensas. A hierarquização variou conforme a necessidade e objetivo de cada um dos cartazes e materiais de apoio. Tipografias do projeto - Desenvolvido pelo autor, fig. 27

EXISTIR NAS RUAS É RESISTIR! essas ruas resistem enquanto você existe Tupã - Regular, 24/28pt

EXISTIR NAS RUAS É RESISTIR! essas ruas resistem enquanto você existe Terrorista - Dilma, 24/28pt

memorial descritivo

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Padrão cromático: o padrão cromático foi escolhido visando alto contraste entre duas cores, além deste fator também foi decidido trabalhar com limite de 2 cores afim de facilitar a reprodutibilidade a partir da serigrafia. A variação tonal das cores principais foi realizada a partir da reticulação das imagens, dada a questão de serem impressas com serigrafia e também pela característica visual da técnica fazer parte do estilo visual do projeto. Padrão cromático do projeto - Desenvolvido pelo autor, fig. 28

Viaduto Santa Ifigênia - Google Imagens, fig. 30

O viaduto Santa Ifigênia é um dos caminhos que conecta a estação São Bento com o centro histórico. Sua aplicação foi realizada com o discruso das culturas de rua passarem por essas ruas, devido o reconhecimento da regiõ como local importante. B.Girl - Amy Sackett, fig. 31

Imagem: como previamente citado, as imagens selecionadas são de outros autores, todas coletadas de diferentes sites. Cada imagem foi selecionada devido a uma razão específica relacionada com a mensagem de cada cartaz. Roda de break - Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, fig. 29

O B.boy chama atençõ do público com suas habilidades. A imagem foi aplicada junto a mensagem de poder.

memorial descritivo

As B.Girls são um dos melhores exemplos de resistência, poder e atitude. Consequentemente esta foi a mensagem presente no cartaz com essa imagem. Moda streetwear estilo anos 90 Highsnobiety, Eva Al Desnudo, fig. 32

Um dos discrusos mais importântes da cultura hip-hop é a liberdade e autonomia para ser quem e como você realmente é. A moda representa bem a impotância do estilo, principalmente nessa cultura.

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Cruzamento das ruas 24 de maio e Dom José de Barros - Renato Molas, Instagram, fig. 33

Este é o exato local onde se encontra a placa que representa o marco zero do hip-hop, por isso o discurso abordado foi a existência da cultura e sua história no local enquanto seus participantes estiverem naquelas ruas.

Documentação da produção serigráfica Todo o processo de impressão serigráfica foi desenvolvido pelo autor, os fotolitos, as telas, gravações e impressões. A documentação fotográfica a seguir foi realizada pela fotógrafa Lux Sakurai.

Pré-Impressão A plataforma utilizada para editoração e manipulação das imagens foi o Adobe Photoshop CC.

memorial descritivo

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memorial descritivo

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documentação do produto Jogo de cartazes lambe-lambe (7 cartazes) impressos em serigrafia. O produto pode atuar em grupos diversos, porém alguns padrões de montagem preestabelecidos auxiliam na leitura visual das mensagens presentes na palavra chave de cada cartaz. Aplicação dos cartazes, rua Dom José de Barros Beatriz Futigami (2019), fig. 46

memorial descritivo

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capĂ­tulo mae

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documentação do produto

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documentação do produto

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documentação do produto

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Exemplos dos padrões de aplicação.

documentação do produto

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considerações finais Quando iniciou-se a pesquisa, constatou-se que o marco zero do hip-hop, presente na cidade de São Paulo, não utilizava dos métodos de comunicação urbana adotados pela própria cultura hip-hop e que sua região continua sendo extremamente relevante para a resistência e desenvolvimento da cultura que ele representa. Desta forma, foi apontado como objetivo geral deste projeto descrever este elemento, sua história e, o fator mais importante com base na pesquisa teórica, a atuação ainda existente dos hip-hoppers na região a partir de uma comunicação similar a utilizada pelas culturas de rua. Constata-se que o objetivo geral foi atendido pois o trabalho conseguiu descrever os métodos de comunicação utilizados pelas culturas juvenis e consequentemente da cultura hip-hop, a partir dessas técnicas foi possível desenvolver uma comunicação urbana para o marco zero esteticamente relacionada com a cultura hip-hop promovendo seu discurso e a importância daquela região.

indicar o próximo passo do estudo, a compreensão das culturas juvenis. O desenvolvimento da pesquisa ocorreu de forma coesa, porém devido às limitações alguns pontos da pesquisa possuem abrangência para uma abordagem mais profunda, poderia ter sido realizada uma coleta de dados para análise da atual percepção dos hip-hoppers ao marco zero e também um aprofundamento nas pesquisas bibliográficas sobre arte urbana, sendo estes pontos relevantes para a continuidade do projeto ou atuando como recomendações para pesquisas futuras sobre este assunto. Outro ponto para continuidade do projeto seria o desenvolvimento de uma consolidação dessa identidade visual para que possa atuar com outros temas ainda relacionados as culturas urbanas além do hip-hop.

Consequentemente, os objetivos específicos foram atendidos pois através da pesquisa foi possível compreender as metodologias antropológicas de estudo da comunicação urbana, em consequência identificar as intervenções e manifestações visuais realizadas pelas culturas juvenis nas metrópoles e por fim identificar a história do objeto de estudo. A metodologia adotada de análise de bibliografias foi útil para o desenvolvimento da pesquisa, a leitura dos autores sobre antropologia e comunicação urbana serviu para

considerações finais

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referências

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ROCHA, Janaina. Hip-hop: a periferia grita: Ed. Fundação Perseu Abramo, São Paulo – SP. 2001.

YOSHINAGA, Gilberto Kurita. Resistência, Arte e Política: Registro histórico do Rap no Brasil. Projeto experimental de conclusão de curso de graduação em Comunicação Social / habilitação em Jornalismo. Universidade Estadual Paulista, Bauru – SP. 2001.

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LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

referências

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lista de imagens Figura 1 - Centro de São Paulo, rua 25 de março. Fonte: Marcelo Camargo, Agência Brasil (2016). Figura 2 - Crítica aos grafites apagados na cidade de São Paulo devido a Lei Cidade Limpa. Fonte: Os Gêmeos (2017). Figura 3 - SLAM, batalhas de poesia similares as batalhas de MC’s, Praça Roosevelt, São Paulo. Fonte: Folha de São Paulo (2018).

Figura 12 - Poste com stickers em São Paulo. Fonte: George Leoni, Instagram (2019). Figura 13 - Lambe-lambe na Av. Paulista. Fonte: Christy Wickoff (2009). Figura 14 - Muro com divulgação de festas. Fonte: Pinterest. Figura 15 - Lateral de prédio coberta com cartazes lambe-lambe. Fonte: Coletivo SHN (2019). Figura 16 - A primeira block party foi realizada pelo DJ Kool Herc. Fonte: Autor desconhecido (1973).

Figura 4 - Edifício São Vito (São Paulo) com cerca de 50 equipes diferentes. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Figura 17 - Soundsystem jamaicano, DJ e toaster. Fonte: Google imagens, autor desconhecido.

Figura 5 - Prédio em São Paulo com pichações de diversas grifes. Fonte: Pixação - São Paulo Signature (2004).

Figura 18 - Baile Black Rio. Fonte: Almir Veiga (1976).

Figura 6 - Prédio pixado, São Paulo. Fonte: Pablo López, The Guardian (2016).

Figura 19 - Vista superior do Marco Zero do Hip-hop na rua 24 de maio, imagem da inauguração. Fonte: Portal Vai Ser Rimando (2014).

Figura 7 - Fachada pixada no centro de São Pulo. Fonte: Pablo López, The Guardian (2016).

Figura 20 - Vista superior do Marco Zero do Hip-hop na rua 24 de maio. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre (2018).

Figura 8 - Museu Aberto de Arte Urbana, São Paulo. Fonte: Guia da Semana (2017).

Figura 21 - Capa do disco, Hip-hop cultura de rua. Fonte: Dj Willians, Blogspot (2014).

Figura 9 - Trens pintados na plataforma 180th Street Bronx, Nova York. Fonte: Martha Cooper (1980).

Figura 22 - Pinel semântico. Fonte: desenvolvido pelo autor.

Figura 10 e 11 - Avenida 23 de maio na cidade de São Paulo, 2015. Fonte: Flávio Croffi/Geekness (2015).

lista de imagens

Figura 23 - Conteúdo dos cartazes. Fonte: desenvolvido pelo autor.

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Figura 24 - Teste famílias tipográficas. Fonte: desenvolvido pelo autor. Figura 25 - Teste padrões cromáticos. Fonte: desenvolvido pelo autor. Figura 26- Cores do projeto. Fonte: desenvolvido pelo autor. Figura 27 - Tipografias do projeto. Fonte: desenvolvido pelo autor. Figura 28 - Padrão cromático do projeto. Fonte: desenvolvido pelo autor. Figura 29 - Roda de break. Fonte: Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Figura 30 - Viaduto Santa Ifigênia. Fonte: Google Imagens. Figura 31 - B.Girl. Fonte: Amy Sackett. Figura 32 - Moda streetwear estilo anos 90. Fonte: Highsnobiety, Eva Al Desnudo. Figura 33 - Cruzamento das ruas 24 de maio e Dom José de Barros. Fonte: Renato Molas, Instagram. Figura 34 a 45 - Produção serigráfica. Fonte: Lux Sakurai Figura 46 a 54 - Aplicação dos cartazes. Fonte: Beatriz futigami

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