Desporto&esport ed 11

Page 1

A edição dos corredores

24 páginas de perguntas e respostas

Conheça todos os truques e os segredos dos ciclistas profissionais do wtour

24 pág.

Desporto&Esport Edição 11• 2017

O super atleta do ano Peter de 2016

Sagan Nuno por

Sabido

Alexandre Monteiro

Lionel

Messi

A derrota na Linguagem do Corpo José

analisa

Peseiro

O segredo do argentino está no cérebro!

Jorge Silvério

António Fidalgo

Liderança

Congruente

Psicologia no Desporto

Paris 2016 começou em Atenas 2014

Um campeão é a soma do corpo e da Mente

Futsal

Andebol

Champions que futuro?

Scouting Golfe desportivo Universalidade do futebol e dicas de fitness

#Bourne Treine como um Super Espião

MoneyBall

n o

Futebol


“Eu não quero um monte de homens como eu que jogaram o jogo. Fr ancamente, Eu quer o telas em branco; Eu quero que as pessoas venham com novas ideias. Eu não quero que os preconceitos de suas próprias experiências sejam uma parte de seu processo de tomada de decisão”, Billy Beane: o Homem que mudou o jogo de basebol e deu origem ao termo MoneyBall



“É inacreditável o quanto você não sabe do jogo que tem jogado a vida toda”, Billy Beane



Messi

O “segredo” do sucesso do argentino está no cérebro

António Fidalgo Liderança Congruente A vitória de Portugal (e de Fernando Santos) em Paris 2016 começou em Atenas 2014. Coaching e PNL nas palavras de um dos maiores especialistas nacionais.

A diferença entre a vitória e a derrota está na Liderança pág.28

Pag. 56

A l e x a n d r e Monteiro A derrota na linguagem do corpo

A análise à linguagem corporal do treinador José Peseiro; e como esta influencia a sua performance como treinador.

A importância da psicologia no desporto A ligação entre o corpo e a mente: otimizar o “espirito” é otimizar o

rendimento desportivo

pág. 39 6 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Jorge Silvério


W w w. d e s p o r t o e e s p o r t . c o m www.facebook.com/DesportoeEsport/

www.twitter.com/DesportoeEsport

S a g an

Peter

13 6

“O Incomparável” Campeão Mundial de 2016

20

Comer, pedalar, treinar e recuperar como os profissionais Ganhe velocidade e Sprint como um Pro 10 formas de melhorar a pedalada Treino para subidas curtas e longas

O Atleta do Ano

pelas palavras

A recuperação pós provas

de

Nuno Sabido

Treino para ciclistas fora de bicicleta Melhorar o aproveitamento do Oxigénio

Potência nos Sprints

Ricardo Dantas, professor e especialista em fisiologia desportiva, analisa ao detalhe a velocidade no ciclismo

pág. 130 As razões da universalidade do futebol Ricardo Serrado atual diretor do Museu do Sporting explica-nos porque o futebol vingou no Mundo como nenhum outro

pág. 42

A biomecânica aplicada ao paraciclismo

O Homem e a Maquina

Bourne Os truques e os segredos do treino de Matt Damon Musculação e Fitness pág. 160

pág. 134 Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 7


TODAS AS PERGUNTAS, TODAS AS RESPOSTAS

Corrid

Pág.172

8 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


w w w. d e s p o r t o e e s p o r t . c o m

FUTEBOL

Fitness Dicas, Saúde eCuriosidades Pág.

16 4

12

Golfe desportivo vs Golfe Turístico

O golfe entre os milhões do turismo e a beleza do desporto; texto de Júlio Coelho

Futsal

Futebol

98

Vs Futebol: As características fisicas dos atletas A fisiologia comparada dos atletas e as exigências físicas do jogo

46

Qual o futuro da Liga dos Campeões a Médio e Longo prazo? A mudança chegou! Quem ganha? Quem Perde? Como ficam os clubes Portugueses?

1 0 4 Antologia 49 A do golo de Futsal especialização Como, de Onde e de que forma tática se marcam os golos no Futsal? E, quais as diferenças entre as melhores e as médias equipas mundiais?

108

Lesões importância da prevenção

a

Morfologia dos atletas e como evitar lesões

113

O que motiva as mulheres a Jogarem o Futsal Amador O futsal para lá do profissionalismo

117

Os pilares de uma gestão de sucesso A gestão de um clube de futsal moderno

do Treinador de Futebol

Comandar equipas de futebol não há mais lugar para “achismos” ou para amadores

Andebol/

118

Qual a importância do factor casa? Quais as percentagens e quais as razões?

122 Qual o impacto de um bom início de época?

Preparar equipas ou garantir vitórias Devo trabalhar taticamente as equipas com jogos de elevada dificuldade ou devo dar confiança à equipa?

52 Scouting como 124 Nascer em perspetiva Janeiro ou Fevereiro evolucionista do futebol

Alguns princípios para a rentabilização da observação

tem mais hipóteses de sucesso de quem nasce em dezembro? A idade relativa no andebol

166 Melhores 121 Melhore e-commerce de o passe e o remate clubes de futebol no mundo

Avaliação dos melhores clubes europeus

170 Tirty years

of hurt

Porque o país da Premier League não ganha nada de jeito faz 50 anos?

Melhore o seu jogo

126 As características

fisiológicas dos andebolistas de elite

Conheça como são fisiologicamente os andebolistas profissionais

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Edição 11• 2017

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#WeB

Disponível na App Store e na Google Play Store 10 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


M oney 6 6 Ball Pág.

Quer vencer?

Treinadores: Decisões baseadas em mentiras

Saiba quando marcar… e o que não pode fazer em modo algum

Pouca realidade e muito enredo durante os jogos

Posse de bola

É reflexo de processos ofensivos eficazes? Que tática cria mais golos?

no

E se os adeptos escolhessem o 11 O erro começa antes dos jogos

Fu te bol

Moneyball: a ciência da vitória Como a matemática ganha os jogos e ajuda a montar um plantel de 23

O fator casa?

E nos clubes com o mesmo estádio? Como explicar o que ninguém explica?

Saiba como a ciência pode conquistar os 3 pontos e a levantar

troféus! Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 11


í n d i c e V e r s ã o G r a t u i t a

24 A linguagem da derrora

A. Monteiro

30

António Fidalgo: Liderança Congruente

60 Ciclismo: Sprint e Paraciclismo

36 Futebol: Treinador, Universalidade, Scouting

66 Golfe desportivo

69 Gestão digital dos clubes

52 Futsal: Lesões e futsal feminino

14 O incomparável Peter Sagan por Nuno Sabido

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33 Psicologia por Jorge Silvério


Isto só está Aceda aos conteúdos em: no blog desportoeesport.com Ciclismo Como funcionam as bicicletas a motor? http://www.desportoeesport.com/ciclismo-como-funcionam-as-bicicletas-a-motor/

A grande polémica estourou há um ano: é possível bicicletas a motor? A resposta parece ser afirmativa e a ciência apoia essa possibilidade. Entenda os mecanismos pode detrás dos “motores nas biclicletas”…

Cristiano Ronaldo Os segredos de CR7 revelados www.desportoeesport.com/ronaldo-os-segredos-do-treino-do-melhor-do-mundo/

Cristiano Ronaldo é um Mix perfeito de diversas disciplinas físicas e de diversas modalidades calibradas ao milímetro para o futebol. Tão rápido quanto um velocistas de 100 metros ou forte como um levantador de pesos, para CR7 tudo parece simples e fácil. as nada está mais longe da realidade: o seu sucesso é fruto de uma forte ética e filosofia de treino praticada 365 dias por ano, com uma compreensão e consciência exata da importância do trabalho e do seu papel decisivo para o êxito. O treino da mente é igualmente importante, aliás, assume um papel tão fundamental quanto o físico para o sucesso.

Fernando Santos

Andebol/Handebol

Porque o selecionador português

Os atributos dos jogadores de andebol que o levam ao êxito

acertou com CR7 onde Mourinho e Benitez falharam?

http://www.desportoeesport.com/os-atributos-morfologicos-do-jogador-de-andebol-para-o-sucesso/

http://www.desportoeesport.com/lideranca-porque-fernando-santos-acertou-com-cr7-onde-mourinho-e-benitez-falharam/

Usar o corpo, e a sua linguagem corporal, com inteligência pode ser a diferença entre o sucesso ou o fracasso na liderança com jogadores como Ronaldo. Liderar é muito mais que usar as palavras… ensine o seu corpo e aprenda a ser líder como Fernando Santos.

101+2 Perguntas e respostas sobre Fitness e Musculação http://www.desportoeesport.com/1012-perguntas-respostas-corrida-fitness-musculacao-saude/

O debate é longo e complexo: quais os atributos morfológicos para o êxito de um atleta no andebol. Como podemos saber se aquele atleta tem o que é preciso para se tornar em um profissional, Para saber os mais recentes conclusões sobre o tema, leia o artigo do Professor Luís da Cunha Massuça,

Pep Guardiola As táticas de Barcelona a Munich www.desportoeesport.com/pep-guardiola-taticas-de-barcelona-munique/ Pep Guardiola é técnico principal há menos de uma década mas o fascínio que exerce faz com que muitos não o apontem somente como o melhor treinador do mundo hoje, mas como o principal candidato ainda no ativo a melhor treinador de futebol de sempre. O seu sucesso não é, nem pode ser por mero acaso. As suas vitórias não se originam na sorte. Pep ganha mais, porque é melhor. Muito Melhor! Mas, primeiro, é preciso desmistificar a figura, para que possamos compreender o homem e as suas ideias...

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Nuno Sabido

Ex-ciclista profissional durante 16 anos, e conta no seu historial com cinco títulos nacionais. Atualmente desempenha o cargo de comentador desportivo na área do ciclismo na TVI. Possui ainda uma licenciatura em Educação Física, com especialização nas áreas de avaliação física e treino de alta competição, para além de formação em Biomecânica, musculação, Ergometria com análise de gases expirados, entre outras. No seu curriculum contam ainda o cargo de técnico nacional e formador na UVP/FCC, entre outros.

nuno.odibas@gmail.com Twitter: @nunoodibas Facebook: Nuno Sabido 14 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


O Incomparável

Super

campeão

Mundial de

2016

PE T ER

S

A GA N Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 15


O Campeão do Mundo

P ete r Sagan é sinónimo de prodígio mundial, atleta fenomenal.

Desde muito cedo se destacou por um estilo diferente, oposto ao convencional, numa modalidade tradicionalista e com fortes raízes centenárias. Educado, divertido, modesto no seu discurso, mas realista nas suas intenções e com uma vontade que vai muito para além do Ciclismo. É assim Peter Sagan, a quem pelas suas acções e convicções, ouso apelidar de “*Peter the Great”. Facilmente reconhecido pelo seu talento, mas também pelas suas habilidades técnicas, com manobras arrojadas sobre as bicicletas, caraterística que o levou desde muito cedo, a ser apelidado de *Terminator, pelos mecânicos e

outras estrelas do desporto mundial, mas também das artes e da cultura. Com 9 anos de idade, influenciado pelo irmão mais velho Juraj Sagan, iniciou a sua aventura como ciclista, num clube local, Cyklisticky Spolok Zilinus Associação de Ciclismo de Zilinus. Com um estilo descontraído e casual, atributos que herdou (principalmente) da sua mãe e que caracterizam a sua presença e a sua forma de estar. As suas entrevistas e conferências de imprensa são esperadas e observadas por toda a comunidade velocipédica, mas não só, com extrema ansiedade e atenção. A sua forma agradável e serena, assim como a distinta capacidade de descrever as suas experiências e ao mesmo tempo sensibilizar e emocionar. Esta é a forma natural de Peter Sagan, que em miúdo preferia usar T-Shirts, Sweatshirts e Ténis, dotado

O “maillot vert” “ Por q ue ten ho q ue mud a r a lgo q ue já é bom? S er i a e s t úpido s e o f i ze s s e .” - Peter S a g a n

companheiros na equipa Liquigas, dado a sua capacidade em levar as bicicletas para além dos seus limites. O desenvolvimento da sua técnica muitas vezes arrojada é também resultante de muitas horas a observar o seu ídolo, *”Il Doctore” Valentino Rossi. Peter Sagan tem nas motos, em particular nas motos fora de estrada, outro dos seus passatempos preferidos. Peter Sagan nasceu a 26 de janeiro de 1990, na cidade de Zilina, a ~200 kms de Bratislava, cidade capital da Eslováquia (Europa Central). Tem actualmente 26 anos, é casado e habita no principado do Mónaco, cruzando-se diariamente com muitas

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de um prematuro esplendor físico e de uma capacidade táctica, que desde muito cedo o distinguiram dos demais, tornando-o na actualidade como o ciclista mais marcado no pelotão internacional. *Peter the Great – Czar Russo do século XVII, reconhecido pela sua vontade em ajudar. Contribuindo também para a mudança dos valores sociais existentes. Levando-o á implementação de reformas sociais inovadoras e vanguardistas. *Terminator – Personagem de ficção científica cinematográfica. *Piloto de motos, italiano, multivencedor de campeonatos Moto GP. Considerado um dos melhores pilotos de de moto da história do motociclismo.


"Peter Sagan é um ídolo mundial e o seu mediatismo não tem fronteiras."

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A sua infância responsável foi passada entre a escola, a mercearia dos seus pais e as bicicletas. Os valores familiares e sociais mais importantes foram insistentemente transmitidos pelos seus progenitores, mas também pela sua irmã Daniela Gardianová, com quem Peter Sagan passou muito tempo. Para Peter Sagan a bicicleta era principalmente um objecto lúdico, com o qual ele se identificava. Os anos passavam e Peter Sagan prosseguia a sua actividade desportiva, alternando entre a bicicleta de Btt (a sua primeira opção e aquela que ainda hoje, mais o diverte) e a bicicleta de Estrada. Com um estilo muito próprio, cada vez mais dominante, mas que ainda assim não evitaram que ingenuamente vendesse a sua bicicleta Btt na véspera do campeonato nacional de XCO. A única solução foi pedir emprestada a rudimentar bicicleta á sua irmã, retirar o cesto situado na frente do guiador e aguardar, com a ansia natural de um adolescente, que a noite passasse. Na manhã seguinte, Peter Sagan capta definitivamente a atenção de todos os presentes, vencendo a corrida, tornando-se pela primeira vez Campeão Nacional no ano 2006.

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Não demorou muito, para que o mundo velocipédico ouvisse entoar o nome de Peter Sagan. Na primavera de 2008, com 18 anos, na categoria de juniores, concluí a Edição júnior do Paris-Roubaix na 2.a posição (competição que na próxima temporada - 2017, será um dos seus principais objectivos). Meses mais tarde, vence o Campeonato do Mundo XCO em Val di Sole - Itália. Finalizando a sua temporada pouco depois, também em Itália - Treviso, tornandose Vice-Campeão do Mundo na especialidade de Ciclocross. Com os bons resultados, Peter Sagan rapidamente assegurou o seu primeiro contrato profissional (2009). Passando fenomenalmente da categoria de Júnior, diretamente para a categoria Elite (profissional), com uma equipa do escalão Continental do seu país, a Dukla Trencin - Merida. A sua permanência nesta equipa foi tão rápida como o seu melhor sprint, mas suficiente para obter as primeiras vitórias como atleta profissional, que á velocidade da luz ecoaram. Não tardou para que os mais experientes directores desportivos e managers das equipas, denominadas WorldTour (actualmente ProTour), manifestassem interesse

Da d i r eit a pa ra a e squer da: na pr i mei ra i magem u m “ jovem Peter ” no i n íc io da c a r r ei ra; na s i magen s seg u i nte s , o s momento s em que Sag a n se sag ra c a mpeão do mu ndo.

no “menino-prodígio”. Patrick Lefévere CEO da equipa Quick Step seria o mais eficiente, garantido assim a preferência de Peter Sagan. O sonho de integrar e representar uma equipa de elite mundial iria concretizar-se. A integração de Peter Sagan na equipa Quick Step teve efeito imediato e fora formalizada dois meses antes da 96.ª Edição da Volta a França, edição esta que teria como vencedor o espanhol Alberto Contador. O sonho que não passou de uma aventura… Cinco meses mais tarde Peter Sagan seria dispensado pela equipa Belga. Aparentemente os “atributos técnicos” do jovem ciclista (os mesmos que iam encantando os adeptos) e a sua vontade em prosseguir em simultâneo com a prática do Btt, não convenceram os líderes da formação WoldTour. Para Peter Sagan o desapontamento foi absoluto e a sua decisão fora imediata. O Btt seria o seu futuro e a sua única modalidade.


"Com 26 anos de idade, 1.84m de

Oportunamente e muito perspicaz surge Giovanni Lombardi, reconhecido agente/ representante de alguns dos melhores ciclistas de classe mundial.

Ex ciclista profissional, ex Campeão Olímpico em ciclismo de Pista, ex sprinter e ex “lançador” de *Mário Cipollini. Giovanni Lombardi propõe um acordo a Peter Sagan, o qual prevê a assinatura de um contracto válido por dois anos (2010/2011) com a equipa italiana de Stefano Zanatta, a Liquigas, permitindo e garantindo que Peter Sagan possa continuar também a competir na vertente de Btt. Os atributos técnicos de Peter Sagan eram já reconhecidos, mas fisiologicamente permanecia “o suspense”. Os primeiros testes fisiológicos realizados pela equipa médica da Liquigas reforçaram a evidência e revelaram um atleta fenomenal (uno, su un milione -

um, num milhão). Aliada á sua capacidade em produzir Watts de potência e a capacidade do seu organismo em metabolizar Ácido Láctico, sobressaem ainda, as suas extraordinárias capacidades de recuperação, bem como o seu Consumo Máximo de Oxigénio (Vo2máx). O seu corpo é notável. Em janeiro de 2010, com 20 anos, Peter Sagan inicia a sua época, fazendo a sua estreia numa competição WorldTour, o Tour Down Under fora o destino. A sua 1.ª vitória ocorre dois meses

altura, 73 kg de peso, Peter Sagan representa o actual esplendor do ciclismo mundial."

mais tarde, a 10 de março, em França. Nesta edição da Paris-Nice, Peter Sagan (ainda sem credenciais entre os melhores do mundo) surpreende, vencendo duas etapas e em consequência, vence também a classificação geral final dos pontos (camisola verde). As suas conquistas vão-se acumulando e no Tour de 2012, obtém uma muito particular. Resultante de uma aposta com os seus diretores de equipa, Peter Sagan vence duas etapas e a classificação geral dos pontos, simbolizada pela camisola verde. As suas conquistas foram o motivo da aposta e como resultado, a equipa Liquigas oferece um Porsche ao ciclista esloveno. *Mário Cipollini – Considerado o melhor sprinter da história do ciclismo. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 19


Juraj Sagan acompanha naturalmente o seu irmão Peter Sagan na nova e memorável aventura. 2015 Foi curiosamente uma temporada marcada por menos vitórias, as quais pareciam ter-se convertido em segundos lugares e que a imprensa ridiculamente ansiosa e voraz parecia apontar o dedo a Peter Sagan, como se este fosse o principal culpado, parecendo ignorar o mérito do adversário. O melhor estava contudo guardado para o fim… No dia 27 de setembro em Richmond nos Estados Unidos, com uma exibição de força e qualidade superlativas, Peter Sagan conquista de uma forma espectacular, o título máximo ao converter-se no novo Campeão Mundial de ciclismo. Definitivamente Peter Sagan é o novo herói, mas a “saga” Peter Sagan está ainda no seu início. Com o passar do tempo vem a experiência, a qual aliada ao seu elevado potencial, poderão permitir a Peter Sagan ficar na longínqua *história do ciclismo mundial, como a maior personalidade de sempre.

Sobre a sua bicicleta, Peter Sagan é muito expressivo, para além dos seus famosos “cavalinhos”, também as suas imitações invocam alguns heróis do público em geral; - “Forrest Gump”, “Wolf of Wall Street”, “Hulk”, “Terminator”..., são apenas algumas das suas personificações, usadas para expressar e celebrar as suas vitórias. Peter Sagan é um ídolo mundial e o seu mediatismo não tem fronteiras. Em 2013, um “gesto irrefletido” causou elevada controvérsia. No final do Tour de Flandres, em plena cerimónia protocolar, beliscou o glúteo de uma das hospedeiras presentes no pódio. O momento foi aproveitado e promovido mundialmente pela imprensa, sempre sequiosa por episódios deste género. No dia seguinte ao seu estilo, Peter Sagan antes do início da corrida Brabantse Pijl, procurou Maja Leye (a hospedeira presente no pódio no dia anterior) e como um cavalheiro que é, pediu publicamente desculpa e ofereceu á pessoa ofendida, um belo “Bouquet” de flores. Curiosamente, umas horas depois Peter Sagan viria a sagrar-se vencedor da corrida. 2013 Foi para Peter Sagan o último ano ao serviço da equipa italiana Liquigas. "O de s envolv i mento d a s u a té c n ic a mu it a s veze s Novas cores invocam a r r ojad a é t a mbém r e s u lt a nte de mu it a s hor a s novos objectivos. A Tinkoff - Saxo de Oleg a ob s er v a r o s eu ídolo, ” I l Doc tor e” Va lent i no Tinkoff e Bjarn Riis, surgem como o novo desafio e Peter Ro s s i ." Sagan pretende justificar e compensar até ao último cêntimo o seu novo contrato de hor ano da sua carreira, que apenas O mundo ansiava ver o novo três anos e o seu novo salário, veio confirmar a sua evolução e Campeão mundial e não demorou 4.5 milhões de euros por temporada. consequente maior domínio e supemuito para que Peter Sagan não só rioridade. fizesse questão de confirmar o seu As Vitórias; Gent-Wevelgem, estatuto, como o reforçou de uma Tour de Flandres, três vitórias em forma como há muito não era vista. etapas no Tour de France, conquiA denominada “Maldição do stando o direito de envergar a camiArco-íris” nunca fez menos sentido, sola amarela (líder da classificação colocando (espero eu) em desuso geral individual) durante três dias. esta expressão “ancestral”, que os A classificação dos pontos mais cépticos teimam em utilizar, (camisola verde) fora outra das contalvez crentes pela existência de quistas nesta edição do Tour e ainda uma força superior, que determina o prémio final para o ciclista mais quem deve perder e quem pode combativo (dorsal vermelho). vencer. *A 1.ª Competição velocipédica data de 20 2016 Foi um ano repleto de sucde abril de 1829. essos e pródigo em vitórias, o mel20 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


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Peter Sagan O incomparável

Seguiram-se o título de Campeão da Europa (1.ª edição desta competição), Campeão do Mundo e vencedor final do Ranking UCI (União Ciclista Internacional) premiando o atleta mais pontuado na temporada. Peter Sagan foi ainda distinguido com o galardão de atleta do ano, atribuído pelo governo do seu país (Eslováquia) e premiado com o troféu Vélo D’or, nomeação atribuída pela conceituada revista francesa, Vélo. Com 26 anos Peter Sagan, pedala vertiginosamente para um sucesso arrebatador. Da sua epopeia contam já, 91 vitórias individuais e 23 conquistas na classificação por pontos. “Se perder a camisola amarela tenho a verde, se perder a camisola verde tenho a de Campeão do Mundo…”. Foi assim que Peter Sagan respondeu á preocupação dos jornalistas, no dia em que pela primeira vez se tornou líder na Volta a França. Este é o seu espírito, descontraído e que o torna “intocável”. Para Peter Sagan o importante é viver o momento e não perder energia, pensando no dia (etapa) seguinte. Reconhecido adepto e utilizador assíduo (desde os nove anos de idade) da bicicleta de montanha, Peter Sagan esteve novamente em destaque ao anunciar a sua presença nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro no Brasil, na vertente de XCO, deixando assim livre, o seu lugar na corrida de Estrada. Com um início de corrida arrebatador e absolutamente extraordinário, sobre um dos circuitos com o percurso mais espectacular, da ainda curta história do Btt como modalidade olímpica, Peter Sagan não teve a sorte necessária (se é que a mesma existe) para terminar a corrida. Vitimado por um furo, foi obrigado a abandonar e viu o atleta suiço Nino Schurter, coroar-se Campeão Olímpico. Com o anúncio da extinção da sua atual equipa, a Tinkoff do milionário russo Oleg Tinkoff, Peter Sagan assumiu um novo compro-

misso, válido por três anos, com a equipa alemã, Bora-Hansgrohe. O seu novo contrato prevê um vencimento anual de 6 milhões de euros. Na sua nova equipa, Peter Sagan irá contar com a presença do Campeão Nacional, José Mendes. Peter Sagan é um atleta e uma pessoa invulgar (no melhor sentido da palavra) e talvez por isso, assume que por vezes se aborrece quando os jornalistas fazem perguntas acerca de si, das suas façanhas e do seu futuro. Um atleta que prefere a Bicicleta de montanha á Bicicleta de estrada, porque a primeira lhe permite um divertimento superior, e passo a citar; “No Btt, 2h a 3h parecem 30 minutos, na Estrada porém, 5h parecem intermináveis. É essa a diferença e é por isso que por vezes me aborreço.” - Peter Sagan. O Tour de Flandres e o Paris-Roubaix são por isso, as suas corridas preferidas e os seus principais objectivos para 2017. A versatilidade de Peter Sagan são impressionantes, tão impressionantes quanto a sua potência e a sua capacidade de recuperação, mas o que impressiona ainda mais, é o facto de Peter Sagan não realizar treinos específicos na preparação dos seus objectivos competitivos. Apesar do êxito que lhe reconhecemos, Peter Sagan considera-se (á sua maneira) pouco ambicioso. Embora queira vencer corridas, se por vezes isso não acontecer, diz que terá sempre outras oportunidades... Talvez seja este o segredo principal para o seu sucesso… Com 26 anos de idade, 1.84m de altura, 73 kg de peso, Peter Sagan representa o actual esplendor do ciclismo mundial. Para o futuro, creio que ninguém duvida do que pode esperar a comunidade velocipédica mundial de Peter Sagan. “Porque tenho que mudar algo que já é bom? Seria estúpido se o fizesse.” - Peter Sagan

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n L

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A derrota O Caso de na J o s é P e s e i r o Linguagem do Corpo Existe uma necessidade inata de seguir ou ouvir as pessoas percebidas como lideres e afastarmo-nos das pessoas percebidas como submissas. Entre o êxito e o f racasso há esta diferença!

Alexandre Monteiro

Especialista em Decifrar Pessoas sou@pessoab.pt linguagemcorporal.blogs.sapo.pt Nº1 Nacional a partilhar a Linguagem Corporal para todos.

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“P ar ec er fr ág il to rn a- o um al vo ”

A Lideranç começa no Corpo

Durante os meus treinos “Treinador + Poderoso”, insisto sempre na questão de interpretar e contornar os sinais de domínio, não por uma questão de EGO mas sim por questão de liderança e domínio da interação. Dominar é a manifestação do sistema límbico “resposta de luta”, mesmo que raramente estejamos em situações que exigem uma luta real, usar a nosso domínio é como usarmos o nosso corpo para demonstrar liderança, confiança, profissionalismo, credibilidade, para intimidar alguém e até quando queremos ser percebidos como mais interessantes e competentes. Dominar evita que nos percebam como “alvos“ fáceis para manipular ou como fáceis de controlar, protege-nos dos “predadores” (maus chefes; maus vendedores, maus amigos, …) e mais importante ainda é a característica mais importante para transmitir carisma, competência e liderança. Existe uma necessidade inata de seguir ou ouvir as pessoas percebidas como lideres e afastarmo-nos das pessoas percebidas como submissas. Muitas pessoas acreditam de que não confrontar o dominante é a melhor maneira de agradar, o que acontece é que nós gostamos de pessoas iguais as nós e ser submisso tem efeito contrário. Para agradar os dominantes devemos exibir também comportamentos de domínio e como treinador terá obrigatoriamente 26 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


1

Submissão é exatamente o oposto de domínio mostra a ausência da resposta “luta”. Existem duas formas de uma pessoa submissa se revelar, uma através da não confrontação, decide que a melhor hipótese de sobrevivência é a de não gerar luta concordando com o domínio exercido de forma a não irritar a pessoa que se afirmou como dominante e a outra através de comportamentos de compensação definidos por “exageros comportamentais”, como agressividade excessiva, gritar, confrontar, emoções extremas ou culpabilizar. .

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2

O Submisso

O espaço do "chefe"

Já pensou porque é que os chefes são aqueles que têm os escritórios maiores? Uma das manifestações dos dominantes é exigir mais espaço. Esta é uma forma de territorialidade, requerer mais espaço para eles é uma questão territorial, uma das formas de o demonstrar é o afastamento dos pés. Os submissos, para não desafiar o dominante ocupam menos espaço, juntam os pés e demonstram muitos mais sinais de tensão e desconforto como cabeça baixa, toques repetidos no pescoço, balancear e falam mais com as palmas das mãos para cima. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 27


3

Domínar é...

A relação domínio e submissão é a responsável por definir como irão decorrer as interacções entre duas ou mais pessoas, e não ser percebido como dominante vai dificultar em muito a sua imagem de liderança, associamos os comportamentos de domínio à capacidade de liderança. Dominar, não é ser autoritário ou ditador tal como submisso não é ser escravo ou fraco, é somente a posição que ocupa numa determinada situação ou contexto, esta posição irá determinar o grau de influência que exerce é qual o poder decisão. Poderá ser dominante na sua equipa, no sentido de liderar, orientar e controlar os recursos humanos e ser mais submisso em contexto social junto dos amigos.

4

O domínio subliminar é o melhor...

Logo que começa uma interacção, os sinais começam a ser emitidos por todos os intervenientes de forma a dominarem ou a reconhecerem a submissão, é aqui que tem de estar muito atento aos sinais que cada um emite, aprender a interpretá-los e usá-los de forma a influenciar melhor o outro ou adaptar a estratégia. O melhor domínio e o mais eficaz é o domínio subliminar, não gera confronto e pode facilmente exercê-lo sem que o outro se sinta intimidado ou desafiado e em alguns casos deve emitir sinais de submissão e digo só em alguns, para dar uma percepção de domínio ao outro e evitar ser percebido como ameaça. 28 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

M icroexpressão de DE lado do lábio e revela


5

Ser Submisso é…

Para comportar-se e ser percebido de uma forma poderosa, não perder o charme e transmitir uma imagem não ameaçadora, de competência e ligação não deve colocar as mãos atrás da cabeça, braços sobre a cadeira ao lado, gritar ou colocar os pés em cima da mesa ou exibir a micro expressão de desprezo, estas não serão as melhores posturas de poder, irá sim transmitir arrogância. Um treinador tem de demonstrar domínio e ligação inconsciente e não gera desafio ou confronto e para isso existem inúmeras técnicas subconscientes e com resultados excelentes.

E SPR E ZO, demost rada pelo eleva r de u m só o sent i mento de “Super ior idade Mora l”.

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Como reconhecer se é um líder ?

Pensar que é o líder ou ser o líder é muito diferente, para um líder é importante confirmar se a liderança é reconhecida ou desafiada pelos outros, seja pelos colaboradores, amigos ou filhos. Para confirmar ou identificar o líder do grupo o melhor é observar os sinais não-verbais, caso contrário a sua liderança poderá a estar em risco e perder o respeito do grupo o que normalmente implica maus resultados, a possível demissão ou despedimento. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 29


C

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Coaching e PN L

Liderança

Congruente

E

m Maio de 2014, pouco antes do mundial do Brasil, tive a oportunidade de, em Atenas e a convite da Federação Grega de Futebol, ministrar com as equipas técnicas dos vários escalões, desde sub 16 a AA, uma formação específica direcionada para as Equipas de Alto Rendimento – Coaching e PNL (programação neuro linguística) aplicados ao desporto. - Na altura, a equipa técnica da seleção principal (A) da Grécia, era constituída por muitos dos elementos que transitaram para a homóloga portuguesa, nomeadamente Fernando Santos, e que

tão brilhantemente conquistou o Europeu de França Alguns dos módulos dessa formação, aplicados num certo contexto (alinhamento), potenciam níveis de congruência elevados tanto no relacionamento intrapessoal como no interpessoal. “Os Líderes existem para personificar os valores pelos quais os seguidores anseiam e os seguidores existem para alimentar a visão de líder que têm dentro de si” Liderança pelo exemplo - A congruência do(s) líder(es), é o factor mais relevante para a eficácia de qualquer tipo de liderança, principalmente pelo exemplo que, de forma transversal, constitui um forte estímulo inspirador e motivador para toda a estrutura;

Criar um modelo de alinhamento que permita aglutinar todas as partes, do “SER” do “FAZER” e do “TER” concede consistência a qualquer processo de liderança, elevando simultaneamente os patamares de congruência. “Quem sou eu?” – É a primeira pergunta que deve fazer a si próprio e para a qual deve encontrar uma resposta que lhe permita construir, a partir daí, um poderoso processo congruente de alinhamento. minha vida?”; “De que forma me distingo das outras pessoas?”

A n t ó n i o Fidalgo Ex-Futebolista profissional em históricos portuguese (S.L. Benfica; S.C. Braga; Sporting C .P); Ex-Técnico principal do Estoril Praia foi anda Director desportivo no SC Campomaiorense CS Marítimo; exerce há vários anos funções de jornalista e comentador/analista de futebol na RTP e RR e é formador em Couching e PNL antoniofidalgo.winow@gmail.com: http://coachepnl.blogspot.pt/

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Coaching e PNL

I magens da for mação na Grécia em 2014

Trabalhado o nível da identidade, outro patamar extremamente relevante, que tem como base as suas crenças e os seus valores, deve merecer a sua maior atenção. O que é realmente importante para si? Qual a sua hierarquia de valores neste contexto? O que quer respeitar? Acredita, congruentemente, que pode promover algo com significado? Os VALORES (aquilo qua mais valoriza) têm um poder extremamente significativo, como alicerces poderosos e imprescindíveis, na capacidade e no fortalecimento da liderança. Com a sua identidade e os seus valores bem definidos, pode começar a questionar-se sobre as

mais característicos em mim?” “Como organizo de facto a minha vida?” As nossas ações, os nossos comportamentos são potenciados pelos nossos estados emocionais, que por sua vez têm uma relação direta com os nossos pensamentos os nossos sentimentos e pela nossa fisiologia (a forma como usamos o corpo) As respostas que encontrar neste patamar, permitem-lhe, não só aceder ao conhecimento de como está a desenvolver as suas ações, como, mais importante por vezes, saber como pode fazer diferente…se necessário. Aferir do que está e como está a acontecer, a situação em que está inserido, que tipo de

"L idera nça pelo exemplo - A cong r uência do l íder, é o factor ma is releva nte pa ra a ef icácia de qua lquer t ipo de l idera nça, pr i ncipa l mente pelo exemplo que, de for ma t ra nsver sa l, const it u i u m for te est í mu lo i nspi rador e mot ivador pa ra toda a est r ut u ra"

suas intenções e os seus objectivos. “O que quero?”; “Que resultados quero gerar?” Que OBJECTIVOS quero definir?”; “O que é, para mim, mais importante e fundamental?” Que ESTRATÉGIAS e que PLANOS desenvolve para alcançar as suas metas? “Será esta a direção certa, o melhor caminho?”; “Como estou a viver esta situação?”; “ Que ações estou a promover?”; “Quem tem o maior poder de decisão?” “Como faço o que faço?”; “ Que COMPORTAMENTOS são 32 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

relacionamentos estabelece com as outras pessoas e consigo próprio…, permite avaliar o CONTEXTO em que está inserido, um dos patamares do correto “alinhamento” Todos estes degraus (patamares), facilitam o acesso ao topo desta pirâmide de congruência e alinhamento, onde lhe será entregue um RESULTADO. “O que estou a alcançar com o desenvolvimento deste processo?”; “Que resultados estou a alcançar?”; “Como consigo medir os resultados que estou a alcançar?”; “Como me sinto com estes resultados?”

Na s i m a gen s: A ntón io F id a lgo, Fer n a ndo S a nto s e r e st a nte e q u ipa té c n ic a d a sele ç ão g r eg a

O processo de Coaching, assenta na sua génese, em perguntas. Perguntas que quanto mais poderosas são, melhores e mais profícuas respostas despoletam. A grande maioria das respostas que encontra, ouso dizer, que já as tem dentro de si, só que por uma razão ou outra, podem não estar disponíveis em certas situações, contextos ou momentos. Acreditar no sucesso é o primeiro passo para o sucesso. Algo a ter presente no exercício de qualquer tipo liderança: “As pessoas pouco querem saber o quanto sabe, até saberem o quanto se preocupa”


PSICOLOGIA

mente a

co r p o

e

o

a

ligação

entre

A importância da psicologia do Desporto

Jorge Silvério

Psicólogo da Selecção Nacional de Futsal. Coordenador da Psicologia Desportiva da Clínica do Dragão FIFA Medical Centre of Excellence. Consultor de vários atletas e equipas silverioj@gmail.com

Corpo e Mente Otimizar a mente é ot i m i z a r o r end i mento de s p or t ivo Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 33


Cor po e Mente

Um campeão é a soma do seu corpo com a sua mente! Aqui há uns tempos esteve muito na voga um anúncio em que nos era perguntado se para ensinar não confiamos o nosso filho a um professor, se quando ele está doente não o levamos ao médico e termina referindo que quando queremos investir devemos também fazê-lo no Banco X. Ora, é partindo deste princípio que me interrogo ao longo deste artigo porque é que quando precisamos da ajuda de um psicólogo, no Desporto, ainda há resistências em recorrer a ele. Gostaria de começar por definir aquilo que entendo como Psicologia do Desporto e para o fazer vou recorrer a uma definição do meu amigo americano Dan Gould: “Psicologia do Desporto e da Actividade Física consiste no estudo científico do comportamento das pessoas envolvidas no desporto e no exercício ou actividade física”. É minha firme convicção que, apesar de hoje em dia, todos os intervenientes no Desporto luso (atletas, treinadores, dirigentes, árbitros, etc.) recorrerem a aspectos psicológicos quase até à exaustão, quer para justificarem os sucessos, quer os insucessos (basta lermos os jornais desportivos ou ouvirmos as declarações televisivas) a psicologia enquanto ciência e os psicólogos ainda não foram totalmente aceites no mundo do Desporto. Se para praticar a medicina desportiva se foram buscar os médicos, se quando se começou a falar em cuidados diferenciados com a alimentação se foram buscar nutricionistas, se quando há lesões se recorre a fisioterapeutas e massagistas, porque razão falando-se tanto em Psicologia e reconhecendo a sua importância não se recorre aos psicólogos e dentro destes a uma área que começa a desenvolver-se em Portugal que é a Psicologia do desporto? Talvez porque alguns treinadores insistem que também são psicólogos sendo unanimemente reconhecido que, apesar do seu papel importante como líderes, muito dificilmente dominam as técnicas psicológicas que modificam e potenciam o rendimento desportivo (também todos nós somos treinadores de bancada e não é por isso que passamos automaticamente a treinadores de campo), talvez porque ainda haja muitos “habilidosos” a intitularem-se psicólogos e a serem reconhecidos como tal por dirigentes que comandam o nosso Desporto em detrimento de psicólogos com formação sólida e reconhecida. Talvez porque ainda se partilhe da ideia ultrapassada de que o psicólogo serve apenas para curar patologias quando aquilo de que se trata é de adquirir, treinar e melhorar as competências psicológicas necessárias a rendimentos desportivos de grande qualidade. Talvez porque antes não havia psicólogos, mas se recuarmos mais também não havia preparadores físicos nem médicos desportivos e se recuarmos ainda mais nem treinadores havia... Finalmente talvez porque, como dizem alguns dirigentes, os psicólogos não marquem golos e a sua intervenção não tenha efeitos “milagrosos” a curto-prazo. 34 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Felizmente alguns dos nossos mais conceituados treinadores (talvez este seja um dos factores explicativos deste seu estatuto) já reconhecem a importância que o treino mental pode ter. Em países onde a Psicologia do Desporto está mais disseminada fala-se cada vez com mais intensidade da preparação psicológica à qual se atribui uma importância ao nível das preparações técnica, táctica e física. Se pensarmos, apenas um pouco, chegamos à conclusão que é uma loucura gastar milhares de horas e consequentemente milhões de euros com a preparação técnica, táctica e física e descurar a preparação emocional e mental que podem deitar todo esse esforço “por água abaixo” em instantes. Assim, a Psicologia do Desporto permite fazer a ligação entre o corpo e a mente proporcionando técnicas para aumentar o rendimento desportivo.

Fel i z mente a lg u n s do s no s so s m a i s conceit u ado s t r ei n ador e s já r e con he cem a i mpor t â nc i a q ue o t r ei no ment a l pode ter.

Outra tarefa secundária em relação a esta é uma intervenção de carácter mais clínico ajudando os atletas com problemas do foro psicológico. Gostaria de deixar bem claro que perspectivo a intervenção do psicólogo como mais um membro da equipa técnica ao dispôr do treinador no mesmo plano de um massagista ou nutricionista.


" Os objectivos gerais da inter venção psicológica são a optimização do rendimento desportivo do atleta e consequentemente os reflexos positivos que esta terá na própria equipa e a melhoria do bem- estar geral do atleta que também tem reflexos no seu próprio rendimento."

Os objectivos gerais da intervenção psicológica são a optimização do rendimento desportivo do atleta e consequentemente os reflexos positivos que esta terá na própria equipa e a melhoria do bem-estar geral do atleta que também tem reflexos no seu próprio rendimento. O psicólogo neste contexto deve ter uma actuação discreta: não pode “prometer a lua”, só contribuir para que a equipa tenha hipóteses reforçadas de render o máximo das suas possibilidades. Existem muitas áreas onde a Psicologia do Desporto pode ser útil: diminuição da ansiedade, aumento da auto-confiança, atenção e concentração, motivação, liderança, relação treinador-atleta, coesão (espírito de equipa), esgotamento (burnout), sobre-treino, recuperação de lesões, jet-lag (que surge após a travessia rápida de fusos horários), imaginação e visualização mental, controlo da dôr, apoio na transição de carreira. Os grupos alvo da Psicologia do Desporto e da Actividade Física são: atletas, treinadores, árbitros, dirigentes, familiares e “outros significativos” (namoradas, amigos, etc.), clubes, federações e outras organizações desportivas. Poderemos definir, assim, dois tipos de estratégias a utilizar para a intervenção psicológica: - Educativas: têm como objectivo o treino de competências, em grupo ou individualmente, segundo estratégias e planos concebidos anteriormente (deve ser esta a utilizada, por exemplo, com os árbitros de maneira a que estes estejam preparados para as situações que vão encontrar); - Clínicas: têm como objectivo responder às necessidades e pedidos individuais. Em suma parece-me claro que, apesar de alguns “Velhos do Restelo”, a Psicologia do Desporto se vai progressivamente afirmando para benefício do nosso Desporto.

A P sicolog i a do De spor to per m ite f a zer a l ig aç ão ent r e o cor po e a mente pr opor c ion a ndo té c n ic a s pa r a au ment a r o r end i mento de spor t ivo

"... Psicologia do Desporto e da Actividade Física consiste no estudo científico do comportamento das pessoas envolvidas no desporto e no exercício ou actividade física".

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Especial As razões da universalidade do futebol

R ic a r do Serrado

Doutorando em história e teoria das ideias pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e Director do Museu Sporting. Desenvolve estudos sobre a história do futebol, tendo já publicado 8 livros e inúmeros artigos sobre a tematica ricardoserrado@gmail.com

Fute

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O futebol é uma ar te que não conhece rascunho, ao contrário do cinema, do teatro ou da literatura, que pode ser repetido até à “per feição”. O futebol é uma ar te real, vivida em tempo real com consequências reais.

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F

é a modalidade desportiva mais jogada e com maior utebol popularidade na maior parte dos países do Planeta. Não será, necessariamente, o desporto predilecto de todas as sociedades do mundo, mas é, indiscutivelmente, a modalidade de maior expressão mundial, ou seja, aquela que é mais popular na maior parte dos países do Planeta. O futebol é o “desporto rei” na América do Sul e na América Central, na Europa do Sul, na Europa Central e na Europa de Leste, um pouco por toda a África e mesmo nos países asiáticos a modalidade já se estabelece como jogo preferido, como no caso do Japão, em que a modalidade superou já os jogos tradicionais mais populares, como o sumo. Apenas na América do Norte, na Austrália e em alguns países asiáticos podemos ainda encontrar, claramente, modalidades mais populares e mais praticadas que o futebol, embora os Estados Unidos tenham uma percentagem média de espectadores nos

estádios muito superior a muitos países onde o futebol é o “desporto rei” (com uma média de 20 mil espectadores por jogo o futebol nos Estados Unidos é a 3.ª modalidade mais vista no país, sendo mais vista que em Portugal, que possui uma média de 10 mil espectadores por jogo). A questão que se impõe é: qual a razão para a universalidade do futebol em detrimento de outras modalidades que nunca se conseguiram impor como predilectas das sociedades humanas? Existem várias teses para explicar a universalidade do futebol, algumas delas com pouca ou nula sustentabilidade, como a que defende que essa popularidade está dependente da comunicação social e dos media, que o exalta particularmente em detrimento de outras modalidades; ou a teoria marxista, praticamente sem força nos dias que correm, que defende que o futebol ganhou força devido a uma intensa instrumentalização política com propósitos sociais perversos.

" Em certa medida, o futebol é o jogo que mais desnuda o ser humano, que mais lhe retira consciência a civilidade, capacidade de análise e consciência, colocado a nu uma boa parte da natureza humana, seja ele o praticante seja o espectador".

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Não me pretendo alongar muito sobre estas teses, até porque as mesmas parecem-me facilmente refutáveis à luz das evidências, mas podemos apontar, rapidamente, um argumento suficiente forte sobre cada uma delas que facilmente as contradiz. No que concerne aos media, é facilmente verificável a força e a popularidade do futebol antes da existência da comunicação social moderna. No final do século XIX, ou seja, numa altura em que nem sequer existia imprensa desportiva especializada, o futebol era já, o desporto predilecto da população, nomeadamente na Europa e na América do Sul, numa altura em que vários desportos modernos iam sendo implementados um pouco por todo o mundo civilizado. A imprensa começa, isso sim, posteriormente, a dar destaque àquilo que socialmente estava a ter maior expressão e mais impacto, e o futebol surge com maior predominância na


"...o jogo de fu t e bol, ao não se r jogado com as mãos, t r anspor t a o se r humano par a um es t ado pr imi t ivo no qual o ins t in t o se sobr e põe à r azão. N ão pe r filho t o t alme n t e des t a t ese pois não conside r o que haja uma divisão t ão salie n t e e n t r e o se r ins t in t ivo e o se r conscie n t e (a consciê ncia pode r á se r um ins t in t o mais evoluído), mas julgo que a ide ia t r ansmi t e o que pr e t e ndo r e alçar : o fu t e bol é um jogo no qual a consciê ncia t e m pouco pode r de de cisão na ac ção devido à não u t ilização das mãos."

dade do futebol são muito mais complexas e muito mais profundas do que as explicações acima referidas.

" Ape nas na Amé r ica do N or t e , na Aus t r ália e e m alguns países asiá t icos pode mos ainda e ncon t r ar , clar ame n t e , modalidades mais popular es e mais pr a t icadas que o fu t e bol." comunicação social devido à sua proeminência natural perante as outras modalidades que estavam a surgir no contexto da implementação dos desportos modernos. No que concerne à tese marxista, é facilmente verificável que não foi o poder político que exaltou o futebol como desporto predilecto da sociedade. O regime de Salazar, por exemplo, implementou a ginástica como desporto obrigatório nas escolas e liceus e, segundo a ideologia desta ditadura, a ginástica deveria ser a modalidade mais praticada

do país, o que nunca acabou por acontecer, simplesmente, porque a ginástica nunca conseguiu, por razões diversas, cativar suficientemente a sociedade portuguesa para se tornar no seu desporto predilecto. Em sentido inverso, o salazarismo proibiu a prática do futebol durante vários anos nas escolas e nas ruas, o que não impediu, todavia, que esta modalidade se impusesse fortemente como a mais popular. Um determinado regime político apenas pode instrumentalizar um determinado desporto se este tiver a capacidade, de forma isolada e espontânea, ganhar a simpatia do povo, como de facto sucedeu com o futebol em Portugal desde os fins do século XIX, sem que, contudo, a ditadura o tivesse instrumentalizado por razões diversas que não temos oportunidade de discutir aqui. De forma sumária, no entanto, podemos dizer que o futebol nunca foi o desporto predilecto do salazarismo porque, devido à sua essência violenta e massificada ia contra os ideais que o regime defendia para o desporto – este deveria ser amador, racional, capaz de fortalecer e disciplinar o corpo da nação. No meu entender, as razões para a populari-

A génese da Civilização, ou seja, a altura em que o ser humano se distancia das restantes espécies e começa a fabricar instrumentos, situa-se no Homo habilis. É este antepassado do ser humano que liberta as mãos para as utilizar a fabricar instrumentos, rudimentares é certo, mas já com um propósito funcional. Este passo evolutivo veio exponenciar a inteligência cognitiva da espécie dado que o ser humano ficou dotado de um poderoso instrumento de fabrico de objectos: as mãos. As mãos são, aliás, uma ferramenta natural que apenas o ser humano possui. A partir de então, foi nas mãos que o ser humano assentou a sua superioridade e foi a partir delas que se construíram, desde simples objetos para caçar, até às naves espaciais que levam o Homem para fora do seu planeta natural. É com as mãos que o ser humano agarra, observa, analisa e constrói. É com as mãos que o ser humano controla o mundo que o rodeia. É, em suma, com as mãos que o Homem se torna Homem. É nas mãos que o homem construiu a sua inteligência cognitiva; edificou a cultura e a civilização que todos nós descendemos. As mãos são, por isso, o instrumento capital da análise e da consciência. Consciência e mãos terão, designadamente, uma relação mais ubíqua do que poderemos imaginar pois é possível que a consciência tenha crescido exponencialmente devido à utilização persistente das mãos na construção do mundo. Em poucas palavras, é nas mãos que assenta a nossa cultura, a nossa civilização e a nossa racionalidade – a nossa capacidade de manipularmos e controlarmos o mundo. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 39


Ora, o futebol é precisamente o único desporto que não permite a utilização das mãos, isto é, que proíbe a utilização do instrumento da consciência, da cultura, da civilização – da análise e do controlo. Por conseguinte, o futebol, ao amputar o uso das mãos vai negligenciar subsequentemente a consciência e abdicar da análise cognitiva. O futebol é um jogo cujo objecto e objectivo não está dependente do controlo consciente do ser humano. O futebol, em bom rigor, é jogado com o corpo, sem os membros superiores. Ao abdicar das mãos, o jogador do futebol fica diminuído ao nível da sua consciência e da sua capacidade de análise cognitiva, bem como da sua capacidade de controlar o que o rodeia. Não é que o futebolista esteja inconsciente quando está dentro de campo (claro que não está), mas a capacidade da consciência para operar num jogo que amputa as mãos é reduzida, pois a acção é rápida demais para a lentidão da consciência – a consciência actua, no mínimo, em 0,5 segundos, um tempo muito demorado em relação à automatização que um futebolista necessita para actuar. A consciência é lenta e incapaz de dar resposta à acção num jogo que não permite análise cognitiva. Neste sentido, o futebol é um jogo de instinto, de

reacção e expressão corporal, no qual a consciência tem um poder residual na acção, não obstante a consciência poder ser muito útil no treino e na tomada de conhecimento. Contudo, na acção, o futebolista não pensa – reage. Se pensar, falha. O futebol tem muito mais que ver com a inteligência do corpo do que com a inteligência cognitiva. Alguns autores acreditam, inclusivamente, que o jogo de futebol, ao não ser jogado com as mãos, transporta o ser humano para um estado primitivo no qual o instinto se sobrepõe à razão. Não perfilho totalmente desta tese pois não considero que haja uma divisão tão saliente entre o ser instintivo e o ser consciente (a consciência poderá ser um instinto mais evoluído), mas julgo que a ideia transmite o que pretendo realçar: o futebol é um jogo no qual a consciência tem pouco poder de decisão na acção devido à não utilização das mãos.

" U m de t e r minado r e gime polí t ico ape nas pode ins t rume n t alizar um de t e r minado despor t o se es t e t ive r a capacidade , de for ma isolada e espon t âne a, ganhar a simpa t ia do povo, como de fac t o suce de u com o fu t e bol e m Por t ugal desde os fins do sé culo XI X , se m que , con t udo, a di t adur a o t ivesse ins t rume n t alizado por r azões dive r sas que não t e mos opor t unidade de discu t ir aqui."

"... o futebol surge com maior predominância na comunicação social devido à sua proeminência natural perante as outras modalidades que estavam a surgir no contexto da implementação dos desportos modernose". 40 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Ora, a não utilização das mãos é, no meu entender, a principal razão para a universalidade do futebol pois dá-lhe características únicas no panorama desportivo mundial – desde logo é o único desporto no qual o poder do pensamento na tomada de decisão é diminuído ao limite. Por outro lado, o jogo torna-se mais rápido pois o objecto do mesmo nunca está verdadeiramente na posse de nenhum dos jogadores. Aliás, nenhum dos jogadores, com excepção dos guarda-redes, tem hipótese de segurar e, consequentemente, analisar o objecto de jogo. Esta característica, a incapacidade de analisar a bola, dota o jogo de maior dinâmica, velocidade, imprevisibilidade e virilidade que qualquer outra actividade desportiva. Ora, no meu entender, é na imprevisibilidade do jogo que reside uma das razões mais fortes para a universalidade do futebol. A imprevisibilidade do futebol, que não raras vezes permite a equipa teoricamente mais fraca ganhar jogo, muitas vezes até vencer títulos nacionais (as provas nacionais de todo o mundo estão cheias de exemplos destes – basta lembrar o Boavista no caso português, ou, bem recentemente, o Leicester no inglês) é uma das suas principais especificidades.


O acaso, que muitos treinadores chamam sorte, faz parte do jogo devido à sua imprevisibilidade. O acaso – ou sorte - não é mais do que a imprevisibilidade de um jogo que é jogado sem o instrumento natural do ser humano que melhor permite controlar os objectos do mundo. Tal como na vida, o acaso faz parte de um jogo de futebol, e isso dá-lhe um carácter de imprevisibilidade e de surpresa, que

de certa maneira aproxima a realidade de um jogo de futebol da vida real. Em certa medida, o futebol é o jogo que mais desnuda o ser humano, que mais lhe retira consciência a civilidade, capacidade de análise e consciência, colocado a nu uma boa parte da natureza humana, seja ele o praticante seja o espectador. Todos os desportos espelham a natureza humana – são uma extensão sociocultural da biologia humana mas nenhum outro jogo expõe com tanta intensidade um elemento que está extremamente presente na vida e no futebol: a imprevisibilidade.

" O r a, no me u e n t e nde r , é na impr evisibilidade do jogo que r eside uma das r azões mais for t es par a a unive r salidade do fu t e bol. A impr evisibilidade do fu t e bol, que não r ar as ve zes pe r mi t e a e quipa t e or icame n t e mais fr aca ganhar jogo, mui t as ve zes a t é ve nce r t í t ulos nacionais..."

"Não é que o futebolista esteja inconsciente quando está dentro de campo (claro que não está), mas a capacidade da consciência para operar num jogo que amputa as mãos é reduzida," O futebol é uma arte que não conhece rascunho, ao contrário do cinema, do teatro ou da literatura, que pode ser repetido até à “perfeição”. O futebol é uma arte real – vivida em tempo real com consequências reais. Embora os outros jogos e desportos também tenham a acção no imediato nenhum outro é tão imprevisível. Nenhum outro depende tanto do acaso. Ora a imprevisibilidade incute medo, alegria, excitação e grandes doses de emoção – tudo características inatas que são exaltadas num jogo de futebol. Embora não seja a única razão para a sua popularidade, a imprevisibilidade é, no meu entender, provavelmente, o factor mais decisivo para a universalidade do futebol. Podemos apontar razões culturais e históricos para esta universalidade, mas o facto do futebol ser jogado com o corpo, proibindo o uso das mãos, dota-o de especificidades muito próprias e uma grande dose de imprevisibilidade que remetem, por um lado, o futebolista para um estado de alguma primitividade cognitiva no qual ele tem de realizar um conjunto de acções sem o instrumento de controlo do mundo, o que por si só o obriga a realizar tarefas que em certa medida são contranatura, e por outro, o espectador para um jogo que lhe oferece um carrossel de emoções inatas, fruto dessa mesma imprevisibilidade do jogo. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 41


Futebol Europeu A Mudança chegou! Quem ganha? Quem perde? Como f icam os clubes nacionais no meio de tantas alterações?

Qual da

o

futuro

Liga

dos

Campeões

a

medio e

longo

prazo?

Filipe Revez Neves, Treinador de futebol | Autor do livro “Futebol Europeu: Que Futuro?”

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F

ormato da Liga dos Campeões da UEFA, conforme conhecemos hoje poderá estar com os dias contados. Desde a sua criação na temporada 1992/93, a Liga dos Campeões, que substituiu a Taça dos Clubes Campeões Europeus, tem vindo a sofrer alterações, sobretudo para gerar maior lucro para a UEFA, clubes e principais patrocinadores. A competição atualmente consiste em três fases: a primeira com a qualificação para a fase de grupos (pré-eliminatórias ou play-off´s), a segunda com a disputa em grupos (fase de grupos) e, depois, quatro eliminatórias (oitavos de final, quartos de final, meias final e a final). Todos os jogos realizados na fase de grupos e eliminatórias consistem em dois jogos, exceto o da final, que é jogada numa única partida, em local predefinido. Todos os clubes têm de se qualificar para a Liga dos Campeões por via da sua classificação na temporada anterior nas ligas nacionais que disputem. No entanto, a alteração que agora está em cima da mesa pode ser a maior desde a criação da Liga dos Campeões. A Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional, que substituiu o G-14 em 2008, representa 220 clubes, de 53 federações europeias, encontra-se a discutir com a UEFA a revisão profunda do formato da principal competição europeia de clubes. Os grandes clubes europeus pretendem ter uma entrada direta na Liga dos Campeões, de modo a estarem presentes todas as épocas desportivas no maior evento de clubes do mundo. A necessidade de estarem presentes todos os anos na Liga dos Campeões justifica-se pela exposição mediática e interesse desportivo, mas, acima de tudo pelo elevado retorno financeiro que gera esta competição.

A entrada nesta competição significa para os principais clubes europeus a continuidade de gerar mais receitas, melhores patrocinadores e a contratação de jogadores mais valiosos. Os clubes participantes na Liga dos Campeões, na presente temporada de 2016/17, vão receber mais de 1,3 mil milhões. O clube vencedor da prova poderá, no máximo, receber o total de 57,2 milhões de euros.

A proposta inicial da Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional é a de alterar profundamente do formato da competição, estando em cima da mesa a possibilidade de criação de uma “Liga Europeia”, na qual os principais clubes dos campeonatos nacionais mais relevantes têm entrada direta, como será o caso da Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França. A UEFA pretende uma alteração menos profunda e fraturante, estando a ponderar aumentar o número de vagas das principais três ligas europeias em mais um clube. Desta forma, Inglaterra, Alemanha e Espanha, que têm três equipas com acesso direto à fase de grupos, podem ver este número aumentar para quatro. Esta alteração não alterará o figurino atual da competição, mantendo-se a fase de grupos com 32 equipas, mas com menos lugares em aberto.

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Atlético de Madrid (finalista em 2013/14 e 2015/16), FC Porto (vencedor em 2003/04) são exceções à normalidade

Ao todo, este novo modelo prevê a existência de play-off’s de acesso à fase de grupos, mas com menos vagas. Ou seja, mais de 40 clubes vão lutar por seis vagas na fase de grupos da Liga do Campeões. O objetivo principal passa por garantir que os clubes melhores classificados nestas três ligas estão sempre presentes na competição e, desta forma, aumentar o mérito desportivo da competição.

A situação de Portugal não iria ser alterada com o novo modelo proposto. As duas melhores equipas portuguesas na Liga Portuguesa continuariam a ter apuramento direto para a fase de grupos, enquanto o terceiro classificado passaria para os play-off’s de apuramento. A principal crítica que se aponta a esta proposta da UEFA é o facto de poder ser desequilibrada para as outras ligas europeias que não os “big three”, fazendo do play-off’s de acesso à Liga dos Campeões uma verdadeira batalha pela caça aos milhões. Quer a UEFA seja mais radical e aceite a alteração do modelo competitivo, quer seja menos fraturante são previstas mudanças nos próximos anos na principal competição de clubes do Velho Continente. Qualquer alteração mais profunda ao atual modelo competitivo da Liga dos Campeões levanta resistências diversas, especialmente porque existem 44 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

interesses instalados que podem ser colocados em causa. Contudo, o histórico diz-nos que as alterações mais profundas nas competições europeias são, tendencialmente, benéficas para a generalidade dos clubes europeus. Em 1992/93 muitos foram aqueles que se opuseram a uma reestruturação profunda do modelo competitivo, especialmente com a introdução de participação de clubes não campeões dos respetivos países. Foram várias as vozes de discórdia, fundamentando que não seria um sistema justo para os campeões de países menos cotados no ranking da UEFA, que iriam ver o acesso restringido à prova. A verdade é que desde a primeira grande alteração ao formato inicial da competição, a competitividade aumentou exponencialmente, com todos os benefícios conhecidos associados. É certo que os principais clubes europeus ficaram mais fortes, mas os clubes menos cotados conseguiram gerar mais receitas e contratar mais e melhores jogadores, muito fruto dos prémios monetários de participações na liga milionária. Foram vários clubes que beneficiaram diretamente com esta alteração: alguns clubes surgiram pela primeira vez no panorama europeu (caso do Rosenborg dos anos 90, do Zenit de São Petersburgo, ou do Chelsea), outros “renasceram” com participações sucessivas na prova (exemplo do Valencia no início do Milénio, ou do Atlético de Madrid, mais recentemente).

Por outro lado, há quem questione o facto de os vencedores e finalistas serem repetidamente os mesmos, mas, a verdade, é que existem exceções que contrariaram esta tese: Atlético de Madrid (finalista em 2013/14 e 2015/16), FC Porto (vencedor em 2003/04), Mónaco (finalista em 2003/04), Bayer Leverkusen (finalista em 2001/02), Valencia (finalista em 1999/00 e 2000/01), Ajax (vencedor em 1994/95) e Olympique de Marselha (vencedor em 1992/93). A alteração do figurino da Liga dos Campeões será uma inevitabilidade nos próximos anos. Resta saber se a UEFA vai chegar a acordo com a Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional, e, aí, as alterações podem ser menos profundas, ou, por outro lado, se a Associação das Ligas Europeias de Futebol Profissional decide enveredar por um caminho mais radical e criar uma Liga Europeia. Pela análise do passado recente, a UEFA tem conseguido gerir a situação de acordo com os seus interesses, mas, nos últimos anos, a pressão dos clubes europeus, especialmente os mais poderosos, tem-se agudizado e poderá fazer com que existam alterações mais significativas.

Possivelmente não será nos próximos anos que existirá uma reformulação profunda do modelo competitivo da Liga dos Campeões com a criação de uma “Superliga Europeia”, mas, a longo prazo, essa possibilidade será, certamente, uma realidade, de modo a serem aumentados os lucros do negócio que é o futebol.


A Vitória do

TREINADOR A especialização do treinador de futebol

Profissionalismo A er a do a m ador i s mo ter m i nou

Ra f a e l Martins Cotta Graduado em educação física; Pós-graduado em treinamento desportivo e fisiologia do exercício; Auxiliar técnico do c.a.bragantino; Diretor do www.cienciadoesporte.com.br e autor do livro: “treino é jogo, jogo é treino” cde@cienciadoesporte.com.br Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 45


Especialização do

treinador

F

utebol é uma modalidade esportiva que vem passando por constante evolução. A cada dia, atletas mais preparados e inteligentes taticamente ganham espaço nesse meio. Com esses e outros pontos importantes, o treinador deve estar cada vez mais bem preparado, embasado e principalmente atualizado em relação ao que o jogo pede e para resolução dos problemas cotidianos, no que se diz respeito à treinamento e principalmente à liderança positiva perante sua equipe. Muito se discute, principalmente no brasil, sobre a preparação do treinador de futebol. Atualmente, alguns profissionais vem perdendo espaço, principalmente por desatualização. Em outros países, as confederações exigem uma carteira profissional ao treinador, podendo esta ser ou não aceita e consequentemente podendo o impedir de trabalhar à beira do campo. Vamos partir do princípio e pontuar algumas situações que ocorrem quando tratamos do assunto “especialização do treinador”:

para um comandante, que não precisa ser especialista em todas as áreas, mais deve conhecer um pouco de cada assunto para poder coordenar e supervisionar um projeto, principalmente sua comissão técnica. Com base nisso, a graduação tem grande importância, pois conhecimento e uma boa formação podem fazer a diferença.

2. O ex-jogador sai na frente quando se torna um treinador?

Se ele souber usar as coisas boas que vivenciou ao longo dos anos e a unir com conhecimento e embasamen1. A graduação em educação física ou algum curso superior relacionado ao to, com certeza encurtará seu caminho, esporte é necessária? pois a chance de cometer erros comuns A graduação, principalmente em educação física, pode não ter muito envolvimento em relação a quem nunca vivenciou com a modalidade futebol, até pela grade desta matéria não ser suficiente para preo meio é bem menor. Um ex-jogador paração de um treinador, porém, o assunto não é o futebol em si, e sim, o conhecipreparado bem preparado é infinitamento de diversas áreas que podem e devem auxiliar no processo. Conhecer o corpo mente diferente de um despreparado, humano, bases fisiológicas, formas de avaliação, metodologias, entender outras modal- principalmente em relação à cultura, idades e onde seu aprendizado pode auxiliar no desporto em questão e principalmente conhecimento de diversas áreas, liderter uma maior organização em relação à planejamento são itens primordiais para um ança, organização, entre outros itens. 46 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


" Comandar uma equipe é bem diferente de ser comandado, principalmente se a pessoa não tiver o perfil, a tendência é buscar a especialização ou abandonar a carreira por uma eventual perda de espaço."

Comandar uma equipe é bem diferente de ser comandado, principalmente se a pessoa não tiver o perfil, a tendência é buscar a especialização ou abandonar a carreira por uma eventual perda de espaço.

3. A realização de cursos específicos, pode ajudar no processo de formação do treinador?

As formas de aperfeiçoamento devem ser bem escolhidas. Verificar os palestrantes, as procedências e histórico dos cursos, os temas a serem abordados e não o fazerem simplesmente para ter a carteira ou o certificado. Sair do curso melhor do que entrou passa a ser um grande passo no que se diz respeito ao crescimento profissional.

4. O estudo diário é necessário ao treinador?

Sabemos que treinadores empregados não dispõe de tanto tempo para isso, porém, trinta minutos ao dia podem fazer uma grande diferença, sendo ao ler um livro ou artigo, seja assistindo algum vídeo, ou analisando um jogo ou movimentos individuais. Sabemos que informação e conhecimento nunca são demais, não somos os donos da verdade e ao meu modo de pensar, quanto mais assumirmos nossa burrice, mais estaremos buscando por

conhecimento e consequentemente evoluindo

5. Passar pelas categorias de base pode ajudar na formação do treinador de equipes profissionais?

Assim como os atletas em formação, o treinador também deve ter seu período de formação. Alguns países obrigam que seus treinadores passem pelas categorias de base, principalmente por estarem preocupados com a sua formação, não queimando etapas e possibilitando a ocorrência de erros comuns, porém nos momentos certos. Não dependerá somente do treinador e sim da escola onde está se formando, considerando seguir um planejamento e garantir um alto nível de preparação quando chegar à equipe profissional. Os itens acima pontuados são alguns pontos muito discutidos atualmente em relação à formação e especialização do treinador. Acredito que muitos possam discordar, porém, são assuntos importantes para nossa reflexão. Estamos num país onde a formação do treinador, se tratando de uma licença que o autorize a atuar a beira dos gramados é algo um pouco recente, onde saímos atrás de outros países que já tem essa cobrança e cultura a mais tempo. Falar sobre a grande

D u a s geraçõe s de t r ei n ador e s de suce s so e com d iver s a s competênc i a s

importância da especialização do treinador é algo lógico, pois sabemos que quanto mais bem preparado for o treinador, mais elevado será o nível do jogador e consequentemente das partidas de futebol. Para concluir este texto, gostaria de propor uma tarefa a vocês leitores: Faça uma análise do ranking mundial de treinadores de futebol, verificando entre os 50 primeiros colocados, quantos brasileiros fazem parte. Busque também, informações de como é feita a preparação dos treinadores, em relação ao curso capacitador, nos países que ocupam as melhores colocações no ranking. Com certeza irão concordar com o texto, ou pelo menos refletir sobre as idéias expostas acima. Em relação ao brasil, aos poucos, os mais bem preparados ganharão seu espaço, pois a necessidade de profissionais altamente capacitados será uma das soluções para o processo de evolução do futebol brasileiro. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 47


Alguns princípios para a rentabilização da observação

Scouting

Como perspetiva evolucionista

do futebol M uito se fala de scouting, mas afinal o que é isto do scouting? Tal como muitas outras, seja em vertente de treino, jogo, ou qualquer outra, o scouting é uma ferramenta de trabalho que permite dar respostas a algumas questões que vão surgindo. Os indicadores que se vão recolhendo ao longo deste processo são decisivos, pois são eles que permitem que se façam ajustes de forma a maximizar o tão desejado rendimento desportivo. O scouting, como processo de observação, deve colocar desde logo algumas questões que no nosso entender são essenciais, “observar o quê e com que intuito”? Antes de se começar a observar é essencial que se saiba o que se quer observar e para quê. Se isso não acontecer é provável que fiquemos perdidos mesmo antes de começar. Hoje existem muitos dados disponíveis, nomeadamente acerca de jogadores, equipas, clubes, entre tantas outras, nessa lógica por vezes isso acaba por se tornar num problema, quando na realidade deveria antes ser o caminho para encontrar soluções.

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Andr é Mendes Scout e Treinador de futebol UEFA B. Autor do livro “Scouting – O futebol (re)nasce aqui ” https://www.facebook.com/scoutingfutebol/

Olhar vs. Ver O S cout i ng t a mbém é u m a c iênc i a e em e voluç ão Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 49


Se o scouting permite atuar em áreas distintas então o que podemos explorar dentro de cada uma delas? A figura que agora apresentamos tem como objetivo vocês realizarem um exercício de análise sobre a forma como estes fatores se inter-relacionam e influenciam mutuamente, independentemente da área de atuação, em todo este processo. Apesar da extrema importância dos processos apresentados anteriormente iremos focar-nos essencialmente na observação e análise para que possamos aprofundar um pouco mais a temática. Assim, no que concerne à observação e análise estas podem focar-se em aspetos mais individuais ou coletivos, são esses aspetos que iremos desenvolver em seguida, porque acreditamos que são dois dos mais importantes a considerar no scouting, independentemente da área de intervenção ser a nossa equipa ou uma equipa adversária. " O conhecimento da equipa em vários níveis (psicológico, físico, tático, técnico e humano), é decisivo para que seja possível queimar etapas relativamente à obser vação adversária".

Observação e Análise (relativa aos jogadores) Considerando a observação individual esta pode ser relativa aos jogadores da própria equipa ou a jogadores que eventualmente possam interessar ao clube. Relativamente à observação coletiva a lógica de pensamento é a mesma. Agora se nos questionam – “E começamos por onde?” É sempre difícil responder a essa questão porque depende dos objetivos e do que se pretende analisar, assim é conveniente saber o que pretende e onde se quer chegar para que o processo seja facilitado e coerente. No entanto, algumas análises que temos vindo a observar “ … permitem-nos constatar que as mesmas tem grandes preocupações coletivas e muito pouco individuais…”, perante isto parece-nos que só é possível conhecer e analisar os coletivos se em primeira instância se conhecerem as individualidades..

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Isto poderá parecer um pouco contraditório, e causar alguma estranheza, mas reparem que um coletivo existe pelas individualidades também, cada jogador é diferente em si mesmo e tem especificidades próprias (físicas, comportamentais, sociais, etc.). Não é por acaso que muitos jogadores ao mudarem de clube perdem também um pouco da sua essência, isso acontece porque existiam fatores no anterior clube que se coadunavam melhor com a sua própria essência. Por isso, referimos que “a análise individual permite consolidar com maior eficiência a análise coletiva…”, talvez por isso achemos que a análise individual é um ponto de partida para a análise coletiva. Este tipo de conhecimentos permitem que as avaliações sejam muito mais profícuas, evitando assim equívocos que muitas vezes poderiam ser evitados e não são. No entanto, muitos outros aspetos têm de ser tidos em consideração, este (conhecimento(s) do(s) outro(s)) parece-nos um ponto de partida crucial para evitar erros que se tornam demasiado dispendiosos e não nos referimos apenas ao nível financeiro. Poderíamos citar inúmeros exemplos para explicar melhor o que dissemos anteriormente, é simples basta pensarmos em um ou dois exemplos para que perceba a influência individual de alguns jogadores no coletivo do qual fazem ou fizeram parte - ex. Iniesta no Barcelona, Ibrahimovic no PSG, Hamsik no Nápoles, entre tantos outros. No que concerne à observação, é bastante importante que o scout esteja totalmente identificado com as ideias do treinador ou com a estrutura do clube, só assim o seu trabalho será coerente e convenientemente valorizado.

Princípios a considerar para um scouting eficiente na relação scout/treinador Observação e análise individual (jogadores da nossa equipa/ adversários/ contratações): •É pertinente o scout conhecer os jogadores da equipa para ajudar a restante equipa técnica nas análises a realizar; •O scout deve conhecer as relações existentes entre os jogadores da própria equipa para entender as dinâmicas desenvolvidas no treino e no jogo;


• Este pode ter uma palavra a dizer em situações onde o treinador tenha dúvidas relativamente às suas opções; •O scout para procurar novos jogadores tem de conhecer bem as ideias de jogo, do treinador e de tudo o que ele pretende para a equipa; Observação e análise coletiva (Equipa/Adversário): •À imagem do que sucede na observação e análise individual, o conhecimento real da equipa (como um todo), para o qual se faz o scouting é essencial; •A análise à própria equipa, com dados concretos e bem trabalhados, permite ao treinador explorar alguns

aspetos com a equipa na análise pósjogo e explorar a forma como estes podem influenciar a preparação da sessão de treino/micro ciclo seguinte; •O conhecimento da equipa em vários níveis (psicológico, físico, tático, técnico e humano), é decisivo para que seja possível queimar etapas relativamente à observação adversária, pois sabendo o que se procura e o que realmente interessa permite que se simplifique um pouco todo este processo, o que por si só é já muito moroso e complexo; •O conhecimento das equipas adversárias permite que o trabalho da própria equipa seja consolidado da melhor forma exponenciando o rendimento, explorando os pontos fracos e

anulando os pontos fortes. Acreditamos que o scouting é uma ferramenta de trabalho que tem ainda muito para evoluir, por tudo o que referimos e não só, independentemente dos quadrantes de ação, sejam eles mais ou menos tecnológicos. Todas as variáveis essenciais ao “jogo” têm de ser convenientemente exploradas para que seja possível obter um rendimento elevado, pois o futebol é como um “puzzle” e para que todo ele esteja completo temos de ter todas as peças no seu devido lugar. . Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 51


Futsal *

Lesões : a

Morfol dos a

importância da prevenção O principal interesse nos estudos relacionados com as lesões prende-se com a possibilidade de entender a sua origem, incidência e mecanismos associados e procurar estabelecer programas que minimizem os fatores de risco da sua ocorrência. Em face da precocidade com que os atletas iniciam a prática desportiva, é fundamental a prevenção e a orientação da prática desportiva através da adequação da metodologia de treino às especificidades dos atletas. A análise dos trabalhos de investigação atuais na área das lesões desportivas mostra uma grande atenção para as questões das alterações posturais nos atletas, como fatores de risco, nomeadamente, do equilíbrio postural, ou da morfologia do pé e das pressões plantares, para deteção de fontes de instabilidade e, especialmente, de lesões do tornozelo ou do pé. As principais razões que são normalmente apontadas para a incidência de lesões no Futsal são: a deficiente preparação física, alterações posturais significativas, reduzidos índices de flexibilidade, erros na execução de gestos desportivos,

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equipamentos inadequados, para além de lesões de origem traumática durante a competição.

Características específicas do Futsal As características específicas do Futsal, onde sobressaem a intermitência no ritmo dos deslocamentos (aceleração/desaceleração), com mudanças bruscas de direção, envolvendo contacto com a bola e com adversários, praticado em espaços relativamente reduzidos e em pisos muitas vezes com deficientes condições, com níveis de exigência competitiva muito elevada e períodos de sobrecarga de treino e competição, propiciam o aparecimento de lesões. Esta modalidade tem sofrido uma evolução muito significativa na última década, principalmente

M ari a F.

Se r r an o Mestre em Jornalismo Desportivo pela Universidade Europeia (Madrid), Estagiária na Real Madrid TV, Madrid, Espanha;

Jo ão P . R.

Se r r an o Doutorado com Agregação; Mestre em Treino Desportivo; Treinador de Futsal de Grau III; Seleccionador de Futsal da Associação de Futebol de Évora; Escola de Ciências e Tecnologia, Universidade de Évora, Portugal; jmrs@uevora.pt

em função das crescentes exigências físicas, tácticas, técnicas e psicológicas, levando os jogadores a trabalharem perto dos seus limites, o que pode aumentar a predisposição para lesões.


logia atletas

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Futsal * Breve reflexão sobre um estudo retrospetivo Um estudo retrospetivo realizado por Serrano et al. (2013) procurou identificar potenciais causas de lesões nesta modalidade desportiva, referência necessária para o desenvolvimento de protocolos específicos de prevenção de lesões. A amostra foi constituída por 411 jogadores federados a praticar Futsal em Portugal, 284 do género masculino e 127 do género feminino.

Incidência de lesões

Dos 411 jogadores que responderam ao questionário, 98 não apresentaram lesões que tenham considerado relevantes no seu percurso na prática do Futsal, tendo sido registadas 512 lesões no conjunto dos restantes 313 jogadores. Destas, o tipo de lesão mais referida foi a entorse com 250 registos (correspondente a 48,8% do total), seguiu-se a rotura muscular com 76 registos (14,8%), a fratura com 43 registos (8,4%), o estiramento de ligamentos com 34 registos (6,6%), a contratura muscular com 25 registos (4,9%) e a pubalgia com 9 registos (1,8%). As restantes lesões, com uma ocorrência muito reduzida, representaram, no seu conjunto, os restantes 14,6% do total.

Região anatómica da lesão

Quanto à região anatómica de maior incidência de lesões, a articulação tíbio-társica apresentou 259 registos (50,6%), seguida da perna com 94 registos (18,3%), da articulação do joelho com 68 registos (13,3%) e da mão com 32 registos (6,2%). As restantes regiões anatómicas, no seu conjunto, representaram 11,5% do total. 54 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Gravidade da lesão

Relativamente à gravidade, 270 lesões (52,7%) tiveram um período de impedimento entre 8 e 28 dias (gravidade moderada), 160 lesões (31,3%) tiveram um período de impedimento superior a 28 dias (gravidade severa), 54 lesões (10,5%) tiveram um período de impedimento entre 4 e 7 dias (gravidade reduzida) e apenas 28 lesões (5,5%) tiveram um período de impedimento igual ou inferior a 3 dias (gravidade leve ou mínima). Tratandose de um estudo retrospetivo, que apela, portanto, à memória dos inquiridos, é normal que as lesões de menor gravidade sejam subvalorizadas e apresentem menor registo de incidência.

A influência da posição do jogador no campo

Este trabalho não revelou diferenças significativas entre posições no campo ao nível da incidência, do tipo e da gravidade das lesões. O rácio lesões/jogador oscilou entre 1,15 nos “alas”, 1,17 nos “guarda-redes”, 1,27 nos “universais”, 1,33 nos “pivots” e 1,40 nos “fixos”. O Futsal atual permite-nos compreender que a não existência de diferenças significativas entre posições se deve ao facto dos sistemas e métodos de jogo exigirem a movimentação dos jogadores por todas as posições do campo e com a participação crescente do guarda-redes em todas as fases do jogo, no processo defensivo, ofensivo e nas transições.

Treino versus jogo

Os resultados deste estudo também não revelaram diferenças significativas no que respeita à incidência de lesões nas situações de treino ou de jogo. Este facto pode encontrar sustentação na

metodologia de treino atual, com preponderância do treino integral, aproximando o mais possível o treino da competição. No entanto, foram encontradas diferenças significativas entre as situações de treino e de jogo no que se refere ao tipo de lesão e à sua gravidade. Verificou-se maior incidência de entorses e contraturas em situação de treino e maior incidência de roturas musculares e fraturas em jogo.


A conjugação destas variáveis é justificada uma vez que fraturas e roturas musculares são situações a que normalmente se associam períodos de recuperação mais demorados do que entorses e, especialmente, contraturas musculares.

Mecanismo da lesão (com ou sem contacto) Os resultados deste trabalho revelar-

am diferenças significativas quanto ao tipo e à região anatómica da lesão. Verificou-se uma maior incidência de lesões articulares ou ósseas (entorses e fraturas) em resultado do contacto com adversários e maior incidência de lesões musculares ou ligamentares (roturas, estiramentos e contraturas) sem contacto com adversários, o que está de acordo com a generalidade dos estudos realizados nesta área

O pé dominante e a lesão

Os resultados não evidenciaram diferenças significativas na lateralidade das lesões, independentemente do pé dominante dos jogadores. Contudo, importa referir que Baroni et al. (2008) determinaram uma maior incidência da entorse do tornozelo do membro dominante, apesar de esperarem exatamente o inverso uma vez que o membro dominante tem

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Futsal *

coordenação motora mais desenvolvida do que o membro não dominante e o deficit propriocetivo aumenta o risco de ocorrência desta lesão. Baroni et al. (2008) justificaram os resultados obtidos com base no facto do membro dominante ser o mais utilizado no remate, assumindo o membro não dominante a função de apoio. A repetição sistemática desta ação, em treinos e jogos, cria segundo estes autores, um padrão de “especialização” destes membros nas funções de remate e apoio, respetivamente, o que torna o membro dominante menos eficaz do que o membro não dominante quando o apoio é necessário, que corresponde, precisamente, ao mecanismo da grande maioria das entorses do tornozelo. Esta é uma razão suficientemente interessante para justificar a insistência que se deve ter com os jovens jogadores para utilização bilateral nos contactos com a bola, nos processos específicos de treino/aprendizagem, como forma de prevenção deste tipo de lesões.

A prevenção das lesões

A contribuição para o conhecimento do quadro de lesões desportivas associadas ao Futsal é um aspeto chave para o desenvolvimento de programas e estratégias que visem diminuir a sua incidência, para os quais os treinadores, os professores e os formadores em geral têm reservado um papel fundamental, justificando-se uma maior preocupação para esta questão ao nível das entidades responsáveis pelo planeamento dos conteúdos pro-

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gramáticos dos cursos de formadores/treinadores. A este respeito, Steffen et al. (2010) referem três estratégias a utilizar na prevenção de lesões desportivas: (1) utilizar equipamento adequado, (2) adaptar as regras do jogo e (3) desenvolver programas de exercícios específicos para redução do risco de lesões. Por exemplo, referem a importância de realização de programas de treino preventivo neuromuscular que incorporem trabalho pliométrico para reduzir o risco de incidência de lesões a nível do joelho, tal como sugerem a utilização de ligaduras funcionais na articulação tíbiotársica de jogadores que tenham tido entorses nesta articulação como forma de reduzir o risco de incidência de recidiva. Para estes autores o sucesso na implementação de programas de treino para prevenção de lesões deve estar associado a uma estratégia de base consistente, aplicada especialmente a crianças e jovens, e devem, por exemplo, incluir exercícios específicos até 20 minutos de duração, preferencialmente no início das sessões de pré-época. Outro aspeto importante na prevenção das lesões e que não é normalmente considerado tem a ver com a avaliação da fadiga. Será importante que os treinadores, professores ou formadores tenham sensibilidade para esta área. O registo do tempo de jogo (ou de treino) decorrido no momento da lesão é um indicador que pode facilitar a interpretação deste fenómeno em estudos mais complexos, relacionados com os fatores gerais de risco de lesões.

Referências bibliográficas

Baroni, B., Generosi, R., Junior, E. (2008). Incidence and factors related to ankle sprains in athletes of futsal national teams. Fisioterapia em Movimento, 21(4): 79-88. Serrano, J., Shahidian, S., Voser, R., leite, N. (2013). Incidence and injury risk factors in portuguese futsal players. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 19(2): 123-129. Steffen, K., Andersen, T., Krosshaug, T., Van Mechelen, W., Myklebust, G., Verhagen, E., Bahr, R. (2010). Prevention of acute sports injuries. European Journal of Sport Science, 10(4): 223-36.


O QUE MOTIVA MULHERES A JOGAREM O

F U T S A L A M A DOR ?

M ar i nês M. d e S ouza Licenciada em Educação Física/UFRGS Mestranda em Ciência do Movimento Humano/UFRGS

Futsal no feminino O de s p or to n ão é nem nu nc a foi só u m mu ndo de homen s , nem de pr of i s s ion a i s Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 57


Futsal *

S

exta no final do dia saio do trabalho e vou direto para a quadra, levo na bolsa um calção, uma regata e um par de tênis, e não vejo a hora de encontrar as amigas para “bater aquela bola”. Esse episódio faz parte das rotinas semanais de muitas mulheres que ao menos uma vez na semana se reúnem para praticar o futsal. Há mulheres praticantes com diversificados objetivos neste esporte. Mas minhas inquietações não ocorrem sobre as que buscam através do Futsal o profissionalismo no esporte, e sim, sobre as que ultrapassam esses limites, realizam a prática por outros diferentes sentidos e que são conhecidas como jogadoras amadoras. O Futsal feminino até o século XXI não era uma prática muito comum. Antes desse período, as mulheres encontraram muitas dificuldades para se inserirem não somente no futsal, mas em outras modalidades esportivas por diferentes razões. Razões estas ligadas ao preconceito e à falta de incentivo, visto que eram práticas predominantemente realizadas pelos homens. A prática do futsal amador feminino vem alcançando modificações recentes, crescendo constantemente, e se tornando comum em diferentes espaços, como em praças, clubes e também em quadras particulares que muitas vezes são utilizadas exclusivamente para realizar esse esporte. Para confirmar esse fato, se formos observar esses locais, por exemplo, onde ocorrem os jogos e que antes eram frequentados apenas por homens, hoje é possível verificar a presença de equipes femininas. Por que isso aconteceu? Qual motivo surgiu influenciando esse crescimento esportivo por parte desse público? 58 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Para Weinberg e Gould (2001), as pessoas podem participar de uma determinada atividade por diversos motivos ao mesmo tempo. Ou elas realizam não somente por se sentirem bem, mas também devido às amizades. Além disso, destacam que a motivação pode influenciar na permanência, na intensidade com que se dedicam, e um dos motivos da realização do esporte é a competição. Sabe-se que há dois tipos de motivação, a extrínseca e a intrínseca. A primeira é quando os fatores externos, o ambiente estimula o indivíduo a praticar determinados esporte, assim como o incentivo de familiares, ou as próprias companheiras da equipe, entre outros. Já a segunda, o estímulo advém de fatores internos do indivíduo, como o prazer, o bem-estar que o esporte proporciona. Portanto, esses estímulos podem ser influenciados pela própria praticante ou por motivos externos. As transformações no cenário esportivo para as mulheres revelam que hoje, elas, ao se deslocarem para as suas práticas, geralmente não vão sozinhas, estão acompanhadas de amigos ou de algum familiar. Ou seja, essas companhias, provavelmente de alguma maneira, vêm estimulando-as e as incentivando para continuarem se envolvendo com o esporte. É importante destacar que apesar das jogadoras amadoras geralmente não estarem visando o profissionalismo, elas realizam o futsal não só a prática pela prática, visto que geralmente há outras atividades planejadas pós jogo, como o churrasco, a bebida, o ajuntamento do grupo, entre outros. E mesmo sendo amadoras, elas podem ou não visar a competição, a busca de resultados, ou até mesmo, almejar uma melhora na performance.


Enquanto que, para algumas, o competir não é o mais importante, ou seja, o objetivo principal está centrado na prática para promoção da diversão e de um bem-estar; para outras, mesmo não treinando a parte técnica e tática, buscam participar de competições, ou seja, visam obter resultados assim como as equipes profissionais. Pesquisas já realizadas com esse público indicam que além dos motivos já citados, elas também procuram participar regularmente em uma atividade física por motivos que podem estar relacionados com a saúde, assim como por indicação de médicos, visando controlar doenças e manter controle ou redução de peso, etc. Também participam com a intenção de benefícios psicológicos, como na

diminuição do estresse. Mas há aquelas que realizam simplesmente por prazer, pela diversão. Portanto, os motivos que levam mulheres à prática do futsal feminino, sejam amadoras ou não, podem ser diversos. Mas é importante ressaltar que a maioria das equipes amadoras realizam o futsal com objetivos diferentes das profissionais, onde geralmente priorizam muito mais a diversão, o prazer de estarem reunidas, do que propriamente o resultado, a performance. Diante disso, as investigações com esse público são imprescindíveis, porque buscam entender com mais profundidade a respeito da jogadora, ou da equipe, e com isso podem ajudar para o próprio crescimento da modalidade e do ganho

de inclusão de praticantes. Mas, infelizmente ainda há poucos estudos sobre motivação com jogadoras amadoras, diferentemente das equipes profissionais femininas, que já possuem mais pesquisas preocupadas a entender o porquê elas praticam, e o porquê muitas vezes acabam abandonando o esporte. Sendo assim, espera-se que mais estudos sejam realizados com as jogadoras amadoras. Enfim, o jogo encerrou-se, foi uma sexta-feira maravilhosa, teve muitos chutes, muitas defesas e muitos dribles e muitas risadas, mas agora é hora de ir para casa, descansar e torcer para que a semana passe rápida a fim de que possamos novamente jogar na próxima sextaDesporto&Esport • www.desportoeesport.com • 59


Potência nos sprints

Ciência p e d a l a d ad a

Ricardo

Dantas de Lucas

Professor e Pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. Doutor em Educação Física, com ênfase em avaliação fisiológica e treinamento de atletas. Atua como treinador de atletas de endurance desde 1995. ricardo.dantas@ufsc.br

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C

iclismo é um dos únicos esportes de endurance em que a capacidade de realizar sprints pode ser determinante ao desempenho final. Nas provas clássicas, por exemplo, as corridas têm duração de aproximadamente 6-8 horas e os vencedores com muita frequência são os ciclistas que apresentam maior aptidão de gerar potência anaeróbia, realizando sprints com potência acima de 1500W nos últimos 200m. A capacidade máxima do músculo humano gerar força e/ou potência de curta duração vêm sendo bastante estudada nas ciências do esporte, desde a década de 1930, com especial enfoque no ciclismo nos últimos 40 anos. A produção de potência durante os sprints de ciclismo tem uma complexa relação com a cadência de pedalada e também com as marchas utilizadas nas engrenagens. Nas provas de pista, este é um dos fatores decisivos já que as bicicletas não tem combinações de marchas, sendo necessária uma perfeita combinação entre as características do ciclista e da marcha escolhida.

Potência máxima de curta duração Para medir a potência máxima de curta duração gerada por um individuo é necessário avaliar a relação entre a força e a velocidade de contração, resultando assim na produção de diferentes potên-

cias mecânicas. Desta forma pode-se construir a curva denominada como força-velocidade ou ainda potência-velocidade (SARGEANT et al., 1981; ZOLADZ et al. 2000).

" ciclistas que pretendem aumentar sua potência máxima de pedalada em sprints devem investigar a cadência ótima para selecionar bem as marchas utlizadas, e consequentemente optimizar o desempenho de velocidade. "

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Figura 1.: Modelo esquemático da relação força-velocidade e potência-velocidade (Painel

A). O painel B representa as diferentes curvas potência-velocidade para cada tipo de fibra muscular (linhas tracejadas) e para o músculo todo (linha contínua) com igual proporção de fibras tipo I e II. Vopt= é a velocidade ótima para atingir a potência pico.

A curva força-velocidade, tal como o nome indica, é resultante da relação entre a força (ou torque) produzida pelo músculo e a velocidade em que uma dada carga pode ser deslocada por esta força. Assim, quanto maior for a velocidade de execução de uma contração muscular, menor será a força produzida, ou que quanto maior a força aplicada, mais lenta será a realização do movimento. Esta relação entre a força e a velocidade pode ser explicada pela teoria das pontes cruzadas de Huxley, segundo a qual, a velocidade necessária para o acoplamento da fibras musculares está diretamente relacionado à capacidade de produção de força pelo músculo durante uma contração estática (isométrica), ou seja a força máxima absoluta produzida ocorre quando não há movimento (velocidade igual a zero). Conforme iniciamos uma contração dinâmica,

vamos reduzindo exponencialmente a capacidade de produzir força (ou tensão) muscular conforme se aumenta a velocidade do movimento (ver Figura 1A). Por outro lado, a potência muscular aumenta com o aumento da velocidade de contração, atingindo um ápice e decaindo se continuarmos aumentando a velocidade. No ciclismo, a capacidade máxima de gerar potência começou a ser melhor entendida com o desenvolvimento de ciclo-ergômetros isocinéticos (ZOLADZ et al., 2000). Neste equipamento, o ciclista realiza sprint com uma cadência pré-estabelecida, sendo que o ergometro regula a resistência para não permitir que o ciclista ultrapasse a cadência estipulada. Atualmente é amplamente conhecida que a relação potência-cadência de pedalada apresenta um comportamento de parábola (Figura 1), com o ápice da curva correspondendo à potência pico

e a cadência ótima. De uma forma geral, uma cadência entre 115 e 130 rpm parece ser a ótima velocidade para gerar a maior potência possível, para a maioria das pessoas. Um aspeto interessante é que tanto a cadência ótima quanto a potência pico dependem da distribuição de fibras musculares lentas e rápidas (ver Figura 1B), sendo que as fibras rápidas apresentam melhor desempenho em maiores velocidades (~ 140 rpm), enquanto as lentas em menores (< 100 rpm). Desta forma, a soma dos dois tipos de fibras, ou seja a musculatura composta por proporções similares de fibras rápidas e lentas produz a cadência ótima em torno de 120 rpm. Assim, as diferentes distribuições de fibras rápidas e lentas nos seres humanos, explica a variação individual da cadência ótima relatada na literatura (i.e. 100-140 rpm).

Com a possibilidade de medir potência no ciclismo em campo, vem-se questionando se as medidas obtidas no laboratório podem ser comparadas à aquelas obtidas em situação real de sprint. Gardner et al. (2007) realizaram um estudo com objetivo de comparar tais condições em sete ciclistas de velocidade de elite, da Australia. Os ciclistas realizaram sprints máximos (allout) de 6 s no laboratório, e de 65m em velódromo. Neste estudo não foram encontradas diferenças na potência pico (1791 vs. 1792 W), na cadência ótima (128 vs. 129 rpm) e no torque máximo produzido (266 vs. 266 Nm), ampliando a possibilidade de obter medidas de desempenho em sprints utilizando medidores de potência na bicicleta, tal como o SRM. Assim, ciclistas que pretendem aumentar sua potência máxima de pedalada em sprints devem investigar estes parâmetros (especialmente a cadência ótima) para selecionar bem as marchas utlizadas, e consequentemente optimizar o desempenho de velocidade.

Referências

Gardner, A. S., Martin, J. C., Martin, D. T., Barras, M., & Jenkins, D. G. (2007). Maximal torque-and power-pedaling rate relationships for elite sprint cyclists in laboratory and field tests. European Journal Of Applied Physiology, 101(3), 287-292.; Sargeant, A.J., Greig, C.A., Vollestad, N.K. (1981) Maximum leg force and power output during short-term dynamic exercise. Journal of Applied Physiology. 51, 1175-1182.; Zoladz, J. A., Rademaker, A.C.H.J., Sargeant, A.J. (2000) Human muscle power generating capability during cycling at different pedalling rates. Experimental Physiology 85(1), 117-124.

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A bio m ec â n ic a a p licada ao pa raciclis m o Ma t eus Rossato

Professor assistente na Faculdade de Educação Física e

Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (FEFF/UFAM) e membro do Laboratório de Estudos do Desempenho Humano (LEDEHU). Atualmente é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGEF/UFSC) e vinculado ao Laboratório de Biomecânica do Centro de Desportos (BIOMEC).

rossato.mateus@gmail.com

O Homem e a Máquina

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iclismo pode se dizer que é a perfeita interação entre o homem e a máquina (bicicleta), onde mudanças na sua ergonomia, como alturas de selim, guidon e comprimento do pedivela afetam diretamente as demandas físicas e consequentemente o desempenho do ciclista. No paraciclismo isso se torna ainda mais importante, uma vez que nesta interação precisa ser levada em consideração as deficiências de seus praticantes. A biomecânica dos esportes, com suas técnicas de avaliação (eletromiografia, cinemetria, dinamometria, antropometria e a termografia), tem se mostrado muito importante para a melhoria no desempenho em treinamentos e competições e também na prevenção de lesões, visto que os níveis de assimetrias entre membros na geração de forças e cargas articulares são bastante elevadas nas modalidades do ciclismo paralímpico. Porém quando se trata de paratletas, dificilmente serão encontrados dois ou mais que apresentem uma deficiência semelhante. Isso demanda por parte da biomecânica dos esportes, uma constante adaptação dos conhecimentos adquiridos a partir de ciclistas sem deficiência. Outro ponto que desafia os biomecânicos do esporte, é que ao contrário do ciclismo tradicional, onde a propulsão é dada com os membros inferiores de maneira alternada, no paraciclismo, em algumas classes ocorre

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dessa forma, mas a bicicleta possui três rodas (T1 e T2), ou é realizado em duplas com bicicletas Tandem no caso dos atletas cegos, ou com a presença de próteses acima ou abaixo do joelho ou mesmo sem (Classes C1 a C5). Ainda existem as handbikes, onde a propulsão é gerada pelos membros superiores (Classes H1 a H5) de maneira sincronizada. Essa gama de variações é muito desafiador para os cientistas do esporte. Existem poucos estudos na literatura que abordam aspectos biomecânicos no paraciclismo. Acredita-se que parte se deve a forma como a biomecânica é estudada, pois normalmente os parâmetros apresentados são decorrentes da média de grupos homogêneos que apresentam determinados padrões de movimento. No entanto, quando se trata de paraciclismo isso se torna muito difícil. Uma das formas encontradas é a apresentação de estudos na forma de estudos de caso, mas ainda temos muito a evoluir. Dentre os estudos que tem sido desenvolvidos, o principal foco tem sido a caracterização dos movimentos do ponto de vista cinemático (movimentos articulares realizados durante a execução da tarefa), e/ou eletromiográfico (refere-se a forma como os músculos se contraem) e/ou dinamométricos (diz respeito a aplicação as forças nos pedais e manivelas).


Outros estudos abordam o paraciclismo de forma mais global, incorporando medidas fisiológicas e psicológicas, como medidas de consumo de oxigênio, concentrações de lactato e percepção subjetiva do esforço. Esta abordagem deverá crescer muito nos próximos anos, e deve ser encorajada. Atualmente no Laboratório de Biomecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (BIOMEC/ UFSC), são realizadas avaliações gratuitas para paraciclistas, mediante contato prévio. Já avaliamos duas paratriatletas, um ciclista com amputação do membro superior direito e um atleta de handbike, mas o laboratório tem capacidade para realizar muito mais avaliações. Dentre as paratriatletas, uma apresentava encurtamento de membro inferior e outra deficiência intelectual e auditiva. Com exceção do atleta de handbike todos demais tiveram avaliados os níveis de assimetrias entre os membros na produção de torque, técnica de pedalada, monitoramento da frequência cardíaca e

avaliação das concentrações de lactato sanguíneo durante teste progressivo máximo. Na paratriatleta com encurtamentos de membro, onde após identificação de grandes assimetrias na geração de torque, foi sugerido a elevação em 2cm do local de fixação do pedal na lado afetado. Essa pequena mudança reduziu a assimetria em mais de 10%, além de aumentar o conforto. Para os demais era explicado qual seria a melhor técnica de pedalada, bem como intensidades para a realização dos treinamentos com base dos limiares de transição fisiológica. No paraatleta de handbike o objetivo foi avaliar os efeitos da mudança para uma postura menos danosa para a articulação do cotovelo e do ombro sobre a atividade eletromiográfica dos músculos do tronco e dos membros. Para finalizar, a biomecânica dos esportes tem se aproximado do paraciclismo, mas muita coisa ainda precisa ser feita. Pouco se conhece sobre os efeitos de mudanças na aerodinâmica

da handbike sobre os parâmetros biomecânicos, como torque, ativação eletromiográfica e padrões cinemáticos. Também não são encontrados na literatura estudos que enfoquem aspectos biomecânicos da utilização das bicicletas tandem (dois ciclistas, sendo o de traz deficiente visual). Quando o foco são ciclistas amputados, mais estudos devem ser realizados para melhor entender como o nível da amputação afeta a segurança e a transmissão de forças para os pedais. Por fim, como em outros esportes a tecnologia dos equipamentos esportivos evolui rapidamente e seria muito interessante a aproximação entre empresas desenvolvedoras dessas tecnologias e os laboratórios de biomecânica. Isso seria bom para as empresas que teriam seus produtos testados cientificamente, para os laboratórios que formariam recursos humanos e pesquisas sobre o tema e também para os paraatletas que poderiam melhorar seus desempenhos. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 65


Golfe como despor to

J úlio Co e l ho Professor do Ensino Superior na área da Gestão, ex-capitão de Clube de Golfe , Autor do livro “Formar Jovens Futebolistas: um projeto formativo dos 6 aos 18 anos” jcoelho@ipleiria.pt

Golfe Desportivo versus Golfe Turístico O Golfe surge frequentemente como um dos desportos que mais receita cria em termos de “turismo”,

em Portugal (cerca de 1,8 mil milhões de euros; e 110 milhões de euros considerando só as voltas de campo). O Golfe surgiu em Portugal em 1890 (Oporto Niblicks Club, em Espinho), pouco depois do futebol (1875, na ilha da Madeira). Foi neste período de final de século XIX que os ingleses disseminaram muitas modalidades pelo mundo, na sequência da sua própria expansão imperial. Desde então,

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em Portugal, o futebol foi ganhando espaço e foi crescendo, chegando hoje aos cerca de 160 mil atletas federados, enquanto o golfe está nos modestos 14 mil atletas federados.

Globalmente, em termos de registos federativos, mesmo este número de 14 mil atletas nem sequer é dos mais baixos em termos nacionais, o que revela bem a nossa cultura desportiva, enquanto nação. Fortemente concentrada, em termos de praticantes e espetadores, no futebol.


Para quem gosta de Golfe, questiona as razões que levam a quem esta modalidade não ganhe mais espaço no espetro do desporto nacional, pois, em geral, os mídia não lhe dispensa tempo nem espaço digno de registo (salvo honrosas exceções de algumas revistas especializadas e um canal de emissão por cabo). Ou seja, a população, em geral, por outras palavras, ou potenciais interessados, não são confrontados com a sua existência e espetacularidade.

Depois, estranhamos quando nos propomos a organizar eventos à escala mundial (tipo Ryder Cup) e estes acabam por ir para outros destinos. Mesmo assim, achamos que somos os melhores “organizadores”, temos dos melhores campos e possuímos o melhor clima para a prática da modalidade. Parece que temos tudo, mas depois não conseguimos mobilizar os interesses dos grandes patrocinadores. Porque será? Talvez tenhamos que começar a

olhar para a modalidade não apenas como uma atração turística (onde de facto, conseguimos atrair consumidores de paragens com climas mais adversos para a sua prática), mas também como uma “verdadeira modalidade desportiva”. Temos que deixar de olhar para o Golfe de “soslaio”, com um forte estigma social, como se tratasse de uma modalidade para alguns, pois, trata-se de uma modalidade para todos.

" O repetido discurso do custo elevado para a sua prática, não o é mais do que para outras modalidades tão acarinhadas pela população em geral (atualmente é possível jogar golfe a cerca de 2,5€ por hora ..."

O repetido discurso do custo elevado para a sua prática, não o é mais do que para outras modalidades tão acarinhadas pela população em geral (atualmente é possível jogar golfe a cerca de 2,5€ por hora, excluindo os equipamento, que por sua vez não são mais caros do que o de outras modalidades). Mas se assim é, o que devemos fazer para que se traduza numa modalidade para todos. Mais uma vez olhemos para o caso do futebol. Até aos finais dos anos 90 do século passado, a grande maioria dos campos para a sua prática eram “pelados”, levando a que a sua prática lúdica, muitas vezes fosse efetuada, nas ruas (e nesta fase, mesmo assim, já com pouca expressão). Os nossos resultados internacionais, particularmente em termos de seleção (aqui sim, só com atletas portugueses), não tinham qualquer expressão (por isso, o feito do Mundial de 1966). Contudo,

depois dos primeiros investimentos em infraestruturas, associada às novas práticas de treino, os resultados começaram a surgir, primeiro nas camadas mais jovens e depois, ainda hoje, nos chamados seniores (para sempre ficará o título de Campeão Europeu de 2016). Hoje, o Futebol é um dos melhores “embaixadores” de Portugal. Então, e no Golfe, será que a mesma metodologia não pode ser aplicada? Claro que sim. Comecemos por criar Driving Range e Putting Greens (campos práticos de bolas longas e curtas), indoors e outdoors, porque não, aproveitando terrenos públicos devolutos e, seguramente, começaremos a ter mais jovens interessados em “brincar” ao Golfe. Com isto, estaremos a criar uma nova geração de praticantes que irá a médio prazo conquistar títulos internacionais e assim, mobilizar maior interesse nos

mídia, nos patrocinadores e, dessa forma poderemos, então sim, conquistar a organização dos grandes eventos desportivos de Golfe, em termos internacionais. E desta forma a vertente desportiva arrastará a vertente turística para uma escala, onde as características de atração, referidas anteriormente, aí sim, terão um papel diferenciador relativamente a outros destinos. Podemos estender esta apreciação à variante de Pitch & Putt (variante de 9 buracos, com buracos de 3 pancadas – par 3). O Reino Unido, segundo alguns, berço da modalidade, apresenta hoje cerca de 1,4 milhões de jogadores registados na federação e cerca de 2,8 milhões de jogadores “nómadas” (não registados na federação). Possuem cerca de 1.200 Driving Range, dos quais 840 são independentes dos clubes (talvez isto ajude a explicar os 2,8 milhões de praticantes “nómadas”!). Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 67


Golfe como despor to

Estes Driving Range independentes criam uma receita de cerca de 216 milhões de euros ano, dando uma média de cerca de 180 mil por cada campo. A diferença entre estes e os campos de 18 buracos é que a construção destes últimos, custam cerca de 2,55 milhões de euros cada, enquanto os campos de prática podem ficar por poucas dezenas de milhares de euros. Para termos uma ideia geral de como o Golfe necessita urgentemente de uma alteração de metodologia de implementação basta olhar para os seguintes números: em 1996 estavam registados nas federações desportivas portuguesas cerca de 265.588 atletas dos quais 4.520 eram golfistas e.

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95.746 futebolistas; e em 2014 estavam registados 546.348 atletas federados, dos quais 14.094 eram golfistas e 158.738 eram futebolistas. Contudo, nos últimos 10 anos, o número de atletas registados na Federação Portuguesa de Golfe estabilizou nos 14 mil, enquanto no futebol eram cerca de 133 mil em 2004, e hoje são cerca de 160 mil. Ou seja, o número de praticantes de Golfe cresceu cerca de 17% ao ano, em 8 anos e depois estabilizou, mas no futebol cresceu cerca de 4%, de 1996 a 2004, mas continua a crescer a uma taxa

média anual de cerca de 1,7%. Não terão sido os resultados desportivos internacionais, no futebol, em termos de seleção (pós década de 90), que catalisaram este movimento mobilizador geral nos jovens? Com maior facilidade poderemos organizar um Campeonato do Mundo em Futebol do que acrescentar mais um torneio ao Circuito Europeu do Golfe Profissional (Portugal Master European Tour). Olhemos para o Golfe como um Desporto e o seu efeito no Turismo será ainda maior.


Gestão nos Clubes

e-commerce Melhores e-commerce

de

Otimizar o d i g it a l é ot i m i z a r a m a r c a como u m todo

clubes de futebol no mundo

R afael L eitã o Formado em Design Digital com Pós Graduação em Marketing e Comunicação pela Universidade Mackenzie, fundador da agência Sportt, reponsável por ações de marketing esportivo com marcas como: SCA, Sanofi e Itaú Saiba mais em: rafaleitao.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 69


Gestão e tecnologia Fizemos uma avaliação sobre os e-commerce de clubes em diversos países na Europa, clubes que dominam o mercado do futebol. Levou-se em consideração diversas características relevantes para o sucesso de um e-commerce, com números de acesso ao site baseado no Similar web. • User Experience: • Brand Experience; • Acesso ao Portfólio de Produtos; • Linguagens disponíveis; • Número de Acesso e Bounce Rate; Destaque-se para os Italianos, que seguem um modelo de negocio impressionante:

Benefícios de ter o próprio E-commerce: • Maior proximidade do público final. • Agilidade na avaliação e mensuração de vendas e KPIs em Real Time. • Promoções ligadas a outras estratégia Offline do Clube, sócios torcedores, tickets, estadio entre outros. • Navegação e design diferenciado de outros clubes de futebol, não segue um template. • Possibilidade de explorar público de outros países.

P

lanejamento e a estratégia de e-business se tornou crucial para o faturamento de uma empresa, a participação das vendas de produtos no ambiente online já representam mais do que 30% em muitas das categorias. Claro que tudo depende do amadurecimento do mercado e estrutura de e-commerce do país, afinal, muitos países ainda dependem muito do canal de E-Retail, principalmente países da America Latina.

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• Tem versão mobile ou responsivo do e-commerce. • Obtém o banco de dados de cada comprador do produto, com maior possibilidade de trabalho de CRM. • Desenvolve estratégia de investimento de mídia com conversão direta para o próprio e-commerce. Ter o próprio e-commerce, não significa ser concorrente de seus clientes no canal de e-retail, toda estratégia de preço, portfólio, promoção e distribuição podem ser planejados para não criar conflito. Sem dúvida, esse é um novo canal de vendas que pode acrescentar vendas e valor a sua empresa ou clube.

Quando analisamos o mercado brasileiro de e-commerce, falamos de um país em extremo crescimento em diversas categoria, incluso a de materiais esportivos. Mas o Brasil ainda tem muito o que amadurecer com a exploração das vendas nessa categoria, principalmente no que se refere a clubes de futebol, com próprio e-commerce. Hoje, quase 90% dos e-commerce no Brasil são terceirizados, grande parte dentro da estrutura da Netshoes.

Na Europa os clubes de futebol, quase que 100% tem seu próprio e-commerce, sua própria loja virtual. Ter seu próprio e-commerce, reflete em diversos benefícios, que estão detalhados na avaliação feita a seguir. Fizemos uma avaliação sobre os e-commerce de clubes em diversos países na Europa, clubes que dominam o mercado do futebol (ver página ao lado).


1º Inter de Milan Store

2º PSG Store

3º Benfica Store

O e-commerce com design muito focado na apresentação do produto, com identidade visual do clube e brand experience bem aplicado. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com menor foco em sku, apresenta diversos tipos de categorias de produtos. Não apresenta promoções de frete grátis e outros benefícios. Navegação bem objetiva e acompanhada por uma ótima usabilidade de tamanho de fonte. A plataforma é proprietária do time. Teve um alto crescimento de brasileiros com intenção de compra na loja, com 3% de todo acesso. Trabalha nas linguagens: Italiano e Inglês (falta Português). Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

O e-commerce com design focado no brand experience, utiliza bem da identidade do clube, com cores vibrantes e imagens impecáveis. BEST DESIGN. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com menor foco em sku camisa. A plataforma é proprietária do time. Apresenta promoção de desconto para os usuários. Trabalha nas linguagens: Frances e Inglês. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

O e-commerce com design focado em brand experience, utiliza a identidade do clube. Tem uma estrutura de navegação muito parecida com grandes e-commerce do varejo. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com menor foco em sku, apresenta diversos tipos de categorias de produtos. A plataforma é proprietária do time. Não tem beneficio de frete grátis, somente promoções de preço. Trabalha nas linguagens: Português, Espanhol, Inglês. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

Média de acesso: 119K | Bounce Rate 32% | Nota: 9

Média de acesso: 272K | Bounce Rate 36% | Nota: 9

Média de acesso: 34K | Bounce Rate 16% | Nota: 9

4º Napoli Store

5º PSV Store

6º Manchester United Store

O e-commerce com design focado no brand experience, utiliza bem da identidade do clube, com cores vibrantes e imagens impecáveis. BEST DESIGN. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com foco em sku camisa. A plataforma é proprietária do time. Trabalha nas linguagens: Italiano e Inglês. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

O e-commerce com design muito focado na apresentação do produto, com muita simplicidade e objetividade de design e navegação. Tem uma estrutura de navegação muito parecida com grandes e-commerce do varejo. Apresenta diversos tipos de categorias de produtos. A plataforma é proprietária do time. Tem benefícios de frete grátis, entrega até em 23 horas na Holanda. Trabalha somente na língua Holandesa. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

O e-commerce com design focado em brand experience, utiliza a identidade do clube. Tem uma estrutura de navegação muito parecida com grandes e-commerce do varejo. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com menor foco em sku, apresenta diversos tipos de categorias de produtos, incluso games. A plataforma é proprietária do time. Tem benefícios de frete grátis, entrega até em 8 horas na Inglaterra. Trabalha nas linguagens: Espanhol, Alemão, Chinês, Japonês, Francês, Italiano, Coreano e Inglês. Grande falha pelo site não ser responsivo ou mobile.

Média de acesso: 36K | Bounce Rate 34% | Nota: 8

Média de acesso: 35K | Bounce Rate 36% | Nota: 8

Média de acesso: 603K | Bounce Rate 29% | Nota: 8

7º Juventus Store

8º Roma Store

9º Bayer de Munich Store

O e-commerce com design focado em brand experience, utiliza a identidade do clube. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com menor foco em sku, apresenta diversos tipos de categorias de produtos. Bem objetivo com a navegação e design. A plataforma é proprietária do time. Não apresenta benefícios de frete grátis ou promoções. Trabalha com linguagens: Italiano, Inglês, Chines, Japonês e Coreano. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

O e-commerce com design focado em brand experience, utiliza a identidade do clube. Usabilidade e navegação iniciando por categorias, com menor foco em sku, apresenta diversos tipos de categorias de produtos. Bem objetivo com a navegação e design. A plataforma é proprietária do time. Apresenta beneficio de desconto para primeira compra. Trabalha com linguagens: Italiano e Inglês. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

O e-commerce com design focado em brand experience, utiliza a identidade do clube. Sua usabilidade e navegação é objetiva, com número de skus de produtos limitados. A plataforma é proprietária do time, mas utiliza a mesma URL do website institucional do clube, para vendas de produto. Tem foco total na venda de camisas, impulsionados por promoção vinculado a brinde. Tem benefícios de frete grátis e desconto para quem é associado ao clube. Trabalha nas linguagens: Alemão, Chinês e Inglês. Como elemento básico de um site, ele é responsivo e mobile.

Média de acesso: 203K | Bounce Rate 22% | Nota: 8

Média de acesso: 43K | Bounce Rate 15% | Nota: 8

Média de acesso: — | Bounce Rate — | Nota: 7

10º Real Madrid Store

11º Manchester City Store

12º Dynamo Kyiv Store

Média de acesso: 474K | Bounce Rate 36% | Nota: 7

Média de acesso: 258K | Bounce Rate 30% | Nota: 7

Média de acesso: 18K | Bounce Rate 30% | Nota: 7 Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 71


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