Desporto&esport edição 5

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EDITORIAL

EDITOR Diogo Sampaio

Se o futebol é o desporto Rei, os árbitros são as rainhas de todas as conversas pós jogos, tanto nas tabernas com um copo de cerveja na mão, quer nos inúmeros programas televisivos nos vários canais por cabo. As arbitragens são sempre o assunto. E se na maioria dos países europeus existe uma cultura desportiva que relega este “debate” para segundo plano, Portugal e Brasil, aqui de facto “países irmãos”, não conseguem fugir à discussões do penalti mal marcado ou do fora-de-jogo/impedimento de mais de meio metro que o arbitro-assistente escandalosamente não marcou.

d_sampaio@desportoeesport.com

C OLONISTAS

Pedro M. Silva, Vitor E. Santos, Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago Dinis e Rodolfo Resende Pires.

C ONVIDADOS

Mónica M. Neves, Antonio Pedro Silva, Rui P. Gavião, Shara Lylian Lopes, Alexandre Pais, José Gouveia, Gina Ramos, Pedro Marra, Nilo Terra

Para muitos, a solução para ultrapassar esta fixação tão lusófona é uma aposta séria e total na tecnologia na arbitragem, independentemente dos custos tantos desportivos como económicos. No entanto, para a maioria, tecnologia é unicamente sinonimo de vídeo-arbitro – para os menos conhecedores, um árbitro fora do terreno de jogo que toma as decisões mais difíceis com acesso às imagens televisivas.

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No entanto, não devemos cometer o erro de fixar unicamente o debate no vídeo-arbitro e deixar de lado outros meios e outras ferramentas que podem inclusive ser imensamente mais vantajosas. Nesta quinta edição da Desporto&Esport trazemos para capa este debate e apontamos algumas daquelas que podem ser verdadeiras possibilidades de auxílios tecnológicos para os árbitros, sem nos esquecermos de apontar os principais vantagens e/ou entraves a adotar mais meios tecnológicos e às mudanças que inevitavelmente elas poderão criar numa partida de futebol. Chamamos o ciclismo para matéria especial nesta quinta edição, o ciclismo e a ciência. E, temos ainda José Mourinho e da forma como o seu pensamento analítico é semelhante ao de um “ceo” de uma qualquer grande empresa. E, qual é o segredo dos Alemães – campeões do Mundo? Nós respondemos. E, entre o futebol e o futsal - qual dos dois é fisicamente mais exigente? E, qual a percentagem da sorte no futebol? Ou o futuro dos jornais desportivos em papel? E, ainda qual a alimentação mais adequada para os velocistas? Ou, ainda qual a importância do pensamento para a performance? Ou… Nós temos as respostas… Diogo Sampaio, Director

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Desporto&Esport

ÍNDICE

Edição 5 - 2015

Especiais 122 O Bayern de Guardiola

A análise técnico-tático da equipa da Baviera. Os modelos e a aparente anarquia imposta por Pep Guardiola.

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Velocistas & Nutrição

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Calculando a “Sorte”

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Torcedor ganha jogos?

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Arbitragens e meios tecnológicos

As necessidades nutricionais das corridas das corridas de curta distância como os 100 ou 200m.

O futebol é também feito daqueles acasos chamados de sorte, mas qual é de facto o seu valor?

Qual a importancia do adepto e de que forma ele interfere com o jogo? Som, arquibancadas e emoção!

Prós e contras! E, as tecnologias do futuro!

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José Mourinho: Liderança. Gestão, Marketing e pensamento analítico


48 CICLISMO E CIÊNCIA - COMO A TECNOLOGIA ESTÁ A REVOLUCIONAR ESTE DESPORTO 46 Futebol: como bem defender?

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32 Messi vs. CR7 - quem toma melhores decisões 42 Futebol&Futsal: níveis musculares nas várias posições. E, qual das suas é mais desgastante?

64 A influência dos pensamentos na performance esportiva 66 Rugby & Ciência

17 Alexandre Pais escreve: 10 anos de queda da imprensa desportiva 94 Dança: Arte, beleza e poesia Um estar entre o céu e o chão

Ténis: lesões alta competição

86 O sono e a performance desportiva

110 Livro: Tecnico de futebol: a arte de comandar 106 Musculação & Dores

114 Academias: o segredo da Alemanha campeã do Mundo 100

Dança, Arte e Tecnologia

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ARBITRAGENS E

MEIOS TECNOLÓGICOS OS PRÓS E OS CONTRAS! AS TECNOLOGIAS DO FUTURO!

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Mais tecnologia é o caminho logico? Ou, as mudanças provocadas no jogo serão demasiadas?

ARBITRAGENS E MEIOS TECNÓLOGICOS Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

N

o futebol atual existem duas verdades indesmentíveis: a primeira, é que a maior abundancia de meios técnicos de apoio às transmissões televisivas dos jogos de futebol, fizeram ao longo de pelo menos a última década, disparar a perceção geral dos adeptos do número de decisões erradas tomadas pelos árbitros por partida. Muitos desses erros com influência no desfecho de muitas das competições. A segunda verdade: com o avanço dessa ciência, muitos desses erros poderiam ser mitigados ou mesmo desaparecer caso as equipas de arbitragem optassem por meios tecnológicos adequados. Mas existe ainda uma terceira verdade, o tabu e em alguns casos mesmo a oposição a ferramentas tecnológicas por parte dos homens que dirigem o futebol. E, diga-se, alguns dos seus argumentos são legítimos. Outros, nem tanto. A utilização de meios eletrónicos e digitais levanta, como é natural, algumas dificuldades que não podem ser minimizadas. Antes pelo contrário, devem ser alvo de estudo e planeamento, e só devem ser implementados após diversos testes em competições menores. A utilização de imagens televisivas para a decisão em casos polémicos levanta ainda mais questões. Vai mexer nas regras. Vai alterar a dinâmica do jogo jogado. Muitos acham que isso não terá efeitos significativos. Outros acham, que o futebol mudará radicalmente e não se sabe bem para quê, e corre o risco de perder o estatuto de desporto Rei. No meio deste debate, está a verdade desportiva e uma certeza que a tecnologia ajudará a dar a vitória à equipa que mais fez por merecer em campo. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 9


Tecnologia sim... porque já é permitida, mas qual deve ser o limite para a sua utilização? Que não mais uma equipa irá vencer porque foi marcado erradamente contra si um penalti que deu golo. Ou que uma equipa não irá perder porque não foi marcado aquele off-side escandaloso de metros. Assim, dizer tecnologia SIM não é difícil. O complicado é definir as barreiras. Tecnologias não intrusivas como a linha de golo. É neste tipo de tecnologia que devemos optar. Ou fazer logo all-in e permitir de uma vez por todas o uso de imagens televisivas. A tecnologia permitida pelas entidades desportivas Uma das razões que o debate do sim ou não à tecnologia na arbitragem do futebol é cada vez menos 10 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

importante é o facto de a tecnologia já fazer parte do quotidiano dos árbitros em dias de jogos. O sistema de comunicação entre os 4 ou 6 elementos da equipa de arbitragem foram introduzidas nas competições europeias desde 2006. O sistema de comunicação entre os 4 ou 6 elementos da equipa de arbitragem foram introdu-zidas nas competições europeias desde 2006. Talvez essa seja a altura ideal para o verdadeiro debate: até onde deve ir a tecnologia na arbitragem? E, onde os custos das ferramentas tecnológicas ultrapassam a sua mais-valia?


Alguns erros históricos: Final do Mundial de 1966 Inglaterra-Alemanha (4-2) Em Wembley, após prolongamento, os ingleses bateram os alemães com um histórico hat-trick de Geoff Hurst. No terceiro golo, depois de bater na barra, será que a bola ultrapassou a linha da baliza? A dúvida persiste e não há filmes ou fotos conclusivas. Mundial de 1986 (Quartos-de-final) Argentina-Inglaterra (2-1)Maradona saltou com Shilton e socou a bola para dentro da baliza. Perante a indignação dos ingleses, Maradona viria a proferir a célebre frase da “mão de Deus”. Mão que levou a Argentina à final da competição e à vitória do Campeonato do Mundo, no México. Taça dos Campeões Europeus 1990 Benfica-Marselha (1-0) Empatado sem golos, o Benfica precisava marcar pelo menos um para chegar à final do Prater de Viena. Aos 90 minutos, o punho de Vata marcou o único golo da noite e pôs em delírio 120 mil espectadores.

Saber definir os custos vs. Ganhos: A primeira liga de futebol da Alemanha (Bundesliga) vai adotar na próxima época, que arranca em julho de 2015, a tecnologia de linha de golo, com um investimento por clube entre os 150 e os 180 mil euros. Para um país que investiu 500 milhões em academias de formação o investimento nesta tecnologia é um ganho. As entidades federativas brasileiras, por outro lado, preferem apostar na área da formação e deixar de lado uma tecnologia que pelas próprias palavras só “de 40 anos” se mostra importante. Saber definir as prioridades é fundamental para as várias federações. Os investimentos em tecnologia podem ser altos e devem ser devidamente pensados em termos de custos vs ganhos e inclusive no desafogo financeiro dos clubes, que muitas vezes lutam para pagar os ordenados.

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Uma questão de custos: Qaunto custa a tecnologia da linha de golo, sistemas de comunicação e spray? A tecnologia linha de golo batizada de GoalControl-4D usa 14 câmeras de alta velocidade ao redor do campo de futebol, e a indicação da marcação ou não do golo é confirmada em menos de um segundo por meio de vibração e sinal visual enviados para o relógio de todos os oficiais de arbitragem da partida. Após a sua bem-sucedida utilização no campeonato do Mundo no Brasil no ano passado, é opinião geral, que esta é uma tecnologia traz vantagens e deve ser usada sempre que possível. Mas existe um fator pouco considerado o custo desta tecnologia. Vamos lá aos números: para a instalação do equipamento é necessário desembolsado o valor de US$ 260 mil, com a taxa de câmbio atual, um valor muito ligeiramente superior. Ou seja para equipar 18 equipas seria necessario um investimento de aproximadamente 5 milhões de euros. A isto soma-se US$ 3,9 mil (4 mil euros) por jogo para a operacionalidade do equipamento. Em 14 jornadas, o numero de jogos em casa por equipa no campeonato português, estamos a falar de uma conta de 68 mil euros por ano a cada clube. Isto sem contar com as obras e remodelações necessárias em muitos dos estádios para que a tecnologia possa funcionar em pleno. Devido aos altos preços desta tecnologia, ela está a ser fortemente rejeitada pelos responsáveis de várias das principais federações mundiais. Afinal, vale a pena este investimento por um tipo de erro que acontece tão raramente? Assim surge uma

das principais questões: custo vs ganhos. Sistemas de comunicação entre os vários são uma realidade há vários anos. Pelos menos desde 2006 que estes aparelhos são usados na Liga dos campeões e no Mundial desse mesmo ano. Em Portugal demorou mais um ano e custo fixou-se num total de 150.000 euros. Hermínio Loureiro à altura presidente da Liga afirmou “representa o melhor equipamento do género que existe no mercado. Vai permitir decisões mais rápidas e reduzir a margem de erro das equipas de arbitragem” e continuou “não considero que este seja um custo para a Liga. É um sistema que não acabará com os erros, mais vai permitir aos árbitros decidir melhor.” Este sistema tecnológico é um sistema um exemplar de como a tecnologia pode auxiliar as equipas de arbitragem a diminuir o número de erros sem que a suas tarefas sejam modificadas ou a dinâmica de uma partida de futebol se altere. E isto a um custo totalmente aceitável. 15 euros por lata e por jogo são usadas em média 3 latas, o que dá um total por partida de 45 euros. O suporte da lata, que os árbitros usam para transportar as latas à cintura, custa sensivelmente 20 euros. Um preço quase simbólico para os ganhos que este spray conseguiu. E, estas latas mostraram como nem sempre é necessário uma invenção de ponta para conseguir resultados positivos. Porque sim… o spray não é tecnologia. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 13


JULEN LOPETEGUI “Queremos ser Protagonistas”

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A análise do modelo de jogo:

FC PORTO: TÁTICA 2014/2015 Tiago Dinis, colunista da Desporto&Esport Contato@desportoeesport.com Segurança. posse de bola, dinamismo no passe e transições rápidas. Entenda como joga o FC Porto de Julen Lopetegiu 2014/2015.

Afirmar que o FC Porto versão 2014/2015 é fortemente baseado nos mesmos princípios que Guardiola aplicou ao seu Barcelona e emprega ao seu Bayern de Munich não é segredo para ninguém. Posse de bola, assente em passes curtos e muita mobilidade dos seus jogadores, somandose ainda uma forte pressão à equipa adversária em processo defensivo. Mas o FC Porto de Julen Lopetegui é muito mais que uma cópia da equipa da Catalunha ou da Baviera, tendo já conseguido construir um ADN muito próprio e em qualidade crescente na medida em que a época avança. Na primeira transição defesa/ataque a equipa nortenha opta pela solidez e organização, optando deliberadamente por não entrar numa vertigem ofensiva que aumenta as probabilidades de perca do esférico.

A defesa, principalmente os defesas centrais (Maicon, Martins Indi ou Marcano), são fundamentais para este processo, fazendo rolar a bola pelo primeiro terço defensivo à procura de espaços no meio campo ou de um passe mais longo para os extremos, principalmente para espanhol Tello – aproveitando a sua alta velocidade e habilidade de desmarcação.

Quando a equipa adversária taticamente opta por uma pressão alta, o guarda-redes Fabiano antes e o Helton agora funciona como libero, ajudando a circular a bola e chamando frequentemente os laterais ao jogo. Na segunda fase de construção de jogo, a equipa comandada por Lopetegui faz passar frequentemente a bola pelo seu medio defensivo - Casemiro, e alternadamente os médios centros, por norma Herrera pela direita e Oliver torres pela esquerda. Um dos pontos fundamentais para o crescimento do Porto na segunda metade da época é o melhoramento do passe curto e longo de Casemiro que faz com que exista uma menor necessidade da descida dos médios centro o que faz com o que a equipa portista ganhe mais homens em áreas mais avançadas do terreno e na zona de finalização.

No último terço do terreno, o FC Porto procura frequentemente combinações entre os laterais e os extremos, e cruzamentos para a área são frequentes. Por norma, pelo menos um dos médios, normalmente Oliver, fica posicionado na meia-lua da grande-área, possibilitando uma linha de passe, que por sua vez permite variar o flanco de jogo ou um passe de rutura. Jackson é fundamental para o jogo entrelinhas da forma como recua e distribui jogo e é o principal homem golo e ainda o principal rematador da equipa como mostram os números. E, Brahimi é o desequilibrado, facilmente driblando vários adversários, deambulando tanto pela esquerda ou pelo centro, sendo igualmente muito forte no chamado “último passe”. Por último, o Porto 2014/2015 é fortíssimo na transição defensiva e na pressão aos jogadores com o esférico. O 4-3-3 é novamente o esquema tático do FC Porto, como aliás é habitual na equipa portista, tanto que é quase do seu ADN jogar assim. Três homens no centro do terreno, com um medio defensivo bem vincado e com preocupações essencialmente defensivas. Como vem acontecendo nas últimas três épocas, grande parte da sua força atacante, surge das alas, com Danilo e Alex Sandro, sempre no apoio aos extremos e disponíveis para ir até à linha e cruzar. Danilo é hoje um dos melhores laterais do Mundo e por isso pretendido por Barcelona e Real Madrid.

Análise ao eterno 4-3-3 da equipa portista Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 15


Julen Lopetegui Como jogador – Guarda-redes Lopetegui teve uma carreira pouco gloriosa, sendo que onde mais se destacou foi com as camisas de Logronés e Rayo Vallecano. Ainda jogou pelo Real Madrid (1 jogo) e Barcelona (5 jogos), sendo companheiro de Vitor Baia – lenda do FC Porto. Pendurou as luvas em 2002, depois da descida de divisão do Rayo Vallecano. Vestiu apenas uma unica vez a camisola da seleção espanhola. Iniciou a sua carreira como técnico principal em Rayo em 2003, função que exerceu durante um ano. Passando após essa primeira experiencia por um interregno de 3 anos onde foi comentador e analista desportivo. Voltou ao futebol como técnico em 2006 como comandante da Castilla ou Real Madrid B onde este até 2010, onde passa a treinar alternadamente as seleções de Sub-19 e Sub-20 da Espanha.Chega ao FC Porto no início de maio de 2014, onde lhe é incumbida a difícil tarefa de alterar em grande medida o paradigma do clube do norte. Fundamental para contratar um conjunto de jogadores jovens espanhóis, com quem trabalhou nas camadas jovens. Com alguns erros no início do campeonato - excesso de rotatividade, sendo que muitos desses erros são naturais, de algum modo “erros de crescimento” de uma equipa jovem e sem rotinas, chegou às boas exibições a partir de dezembro do ano passado, e tem até agora a melhor participação do FC Porto na Champions em uma mão cheia de anos.

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Brahimi e Jackson: Duas peça tático do FC Porto 2014/2015


s mestres no Xadrez

Brahimi na esquerda, tanto tem a capacidade ara subir e ir cruzar à linha, como infletir mais para o centro. Este segundo ponto, torna-se crucial para uma maior aprofundamento no jogo interior do FC Porto, quer para ganhar nos jogos mais difíceis ou de maior luta ao centro mais um homem no meiocampo. Tanto Quaresma como Tello que ocupam alternadamente o lado direito apostam mais na verticalidade, sendo que o espanhol opta muitas vezes por fletir mais diretamente para a grande área, seja pelo drible ou por passe de companheiros a aproveitar a sua velocidade. Jackson contínua, como nas duas épocas anteriores, a ser o homem golo, mas com uma excelente capacidade e “olho” tático para descer no terreno e funciona quase como um número 10. É difícil não pensar no colombiano como um dos 10 melhores pontas de lança do mundo.

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José Mourinho. Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

Implementar as filosofias mais modernas na relação humana das empresas no balneário do futebol.

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osé Mourinho é indiscutivelmente um dos melhores treinadores do Mundo. Porventura até um dos melhores de sempre. Aliás, talvez apenas Pep Guardiola seja o único rival que possa concorrer com ele ao primeiro lugar. No entanto, após a eliminação da Liga dos Campeões frente ao PSG, que jogou o segundo jogo da eliminatória praticamente toda contra 10 elementos, pôs Mourinho na mó de baixo. Assim, está é sem dúvida a melhor altura para recapitular do porquê de José Mourinho ser o “special one”. José Mourinho é, como nenhum outro técnico, um CEO – Chief executive officer da forma como gera as equipas e clubes em que treina, e as metodilogias que usa. Organização máxima, detalhe a todos os pormenores, visão a curto e a médio prazo e a gestão dos recursos humanos a top e de acordo com as mais recentes prática empresariais, que privilegia a motivação dos seus colaboradores, e tudo isto, assente no seu carisma e na sua capacidade natural de liderança. E foco total nos resultados! A sua liderança, incontestável por onde quer que tenha passado, quando assim não foi ele próprio a procurou e conquistou, por vezes “à força”, é um dos seus pontos-chave para o seu sucesso enquanto técnico profissional de futebol. E, é dessa liderança, melhor, dessa liderança carismática, juntamente com a sua “inteligência emocional” no trabalho do dia-a-dia com os jogadores que faz com que os seus atletas deem tudo dentro das quatro linhas e o elogiem fora dele. Quem não se lembra das palavra de Zlatan Ibrahimovic, “ por Mourinho seria capaz de matar” ou das lagrimas de Materazzi quando mourinho abandonou o Internacional de Milão. Falemos então dos seus pontos principais da gestão de recursos humanos da filosofia de vitória de Mourinho e da sua liderança:

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José Mourinho lidera os seus grupo acente em quatro princípios base: Liderança Carismática. José Mourinho é um líder. E um homem carismático; um carisma, que em parte o próprio criou – afinal foi ele que disse que era o “Special one” na apresentação da sua primeira passagem pelo Chelsea. E o próprio Mourinho, em inúmeras ocasiões e entrevistas, explicou que se aponta como foco da imprensa como um potencial motivacional para os seus jogadores. Isto joga com uma das duas áreas da sua liderança: comportamentos não-tradicionais. Ou os “mind-games” pelos quais Mourinho é tao famoso e lhe têm causado tantas antipatias com colegas de profissão e comentadores desportivos. “Nada é por acaso, tudo é planeado” e com um propósito bem definido que na maioria dos casos é conseguido. A outra área é “sensibilidade para as diferentes necessidades dos jogadores”. Liderança emocional. “Eu não tenho problemas em beijar, chorar, ou “bater” nos meus jogadores. Tudo pertence à família. Eu aprendi isso com minha esposa e minha própria família. Na minha família, estamos

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abertos a ser criticado pelos meus filhos e o mesmo se aplica aos meus jogadores. Deve-se estar aberto a compartilhar emoções e ideias.“ Cada homem é um ser diferente e deve ter um tratamento diferenciado, principalmente no desporto de top atual onde as imposições e influências surgem de todos os lados. A sua filosofia de inteligência emocional assenta em 3 princípios básicos: lidar com a pressão, partilhar emoções e criar ligações duradouras. E a motivação? pelas próprias palavras de Mourinho: “Eu motivo os outros com a minha própria motivação. A nossa motivação deve ser o motor para que os jogadores devem, em seguida, seguir.” Os jogadores de Mourinho seguem-no então pelo exemplo, pela razão mas sobretudo pelo sentimento. Liderança Transformacional. O nome é estranho mas o conceito é simples. Mudar sistematicamente os objetivos de cada jogador de forma individualizada para que eles se aproximem da filosofia e necessidades do clube e da equipa. Este é talvez a tarefa mais dura dos treinadores modernos dos grandes clubes europeus.


Hoje os futebolistas top são PMEs – pequenas e médias empresas, inseridos em inúmeros negócios e com dezenas de pessoas a seu cargo. Assim nem sempre as suas energias estão focadas no clube – não raras vezes interesses comerciais e financeiros metem-se no caminho. Ai entra a necessidade de controlar o grupo como uno mas com um tratamento individualizado e instaurar no balneário uma filosofia comum com objetivos comuns, que na mente de cada jogador/homem passa a ser o seu objetivo principal. Liderança Integrada. Mourinho é um perfecionista e gosta de estar atento a todos os pormenores e detalhes dos clubes por onde passa, mas mesmo ele entende que ninguém pode controlar tudo a todo o tempo.

José Mário dos Santos Mourinho Félix, ou simplesmente Mourinho ou “the special one”, nasceu em Setúbal a 26 de Janeiro de 1963. Iniciou-se no desporto profissional na década de 90 como preparador físico e depois como técnico-adjunto, após uma curta e pouco gloriosa carreira coo jogador de futebol. Passou por uma fase como tradutor do lendário técnico inglês Bobby Robson, passando depois a ocupar o lugar de treinador-adjunto primeiro no Sporting, depois no FC Porto e por fim no Barcelona; onde permanece, mesmo após a saída de Sr. Robson e passa a trabalhar diretamente com Louis Van Gaal. Mourinho passa enfim para o lugar de técnico principal, primeiro no Benfica onde nem chega a aquecer o lugar e depois no U. Leiria, antes de se fixar no FC Porto, onde para além de dois títulos nacionais e uma Taça de Portugal, faz a dobradinha europeia, com a conquista da Taça Uefa (antiga Liga Europa) e da Liga dos Campões. Catapultado para o sucesso, Mourinho torna-se um deus no Chelsea onde se torna bicampeão nacional; uma passagem pelo Inter de Milão onde volta a vencer a Champions; e uma passagem pelo Real Madrid onde vence a liga contra o todo poderoso Barcelona de Guardiola. Agora de volta ao Chelsea, tende de novo levar o clube londrino às vitórias.

Nem o deve fazer. Relegar “tarefas” e “liderança” é fundamental para o êxito e inclusive para o bem estar e valorização das competências de toda a equipa, incluindo jogadores e staff técnico. Nas empresas, chama-se a esses lideres: líderes operacionais. Em campo e durante o jogo, por exemplo, é fundamental que alguns futebolistas assumam essa posição de liderança, principalmente em momentos cruciais do jogo. Isso deve ser preparado antes, com antecedência e cuidado. Uma má escolha pode significar uma derrota e a derrocada de um projeto de uma época.

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MOURINHO: TUDO É PENSADO E ANÁLISADO!

Sobre Hazard - “Acho que ele está prese entre os três melhores jogadores do mun jogador fantástico e se conquistar a Liga terá uma época a todos os níveis fantásti Mourinho defendes os seus até ao Limite

DEFINIR, DESENHAR E iagrama ao centro parece confuso e de difícil decifração. Mas, as dificuldades são apenas aparentes. A “Operacionalização da Complexidade”, por exemplo, é a junção de todas as áreas do departamento de futebol que é necessário trabalhar numa linha de trabalhos comuns. Neste seguimento, é absolutamente imprescindível uma modelização de tarefas, ou seja, delinear um plano de estratégia de forma a incorporar todas as diferentes áreas de uma forma clara e eficaz que potencialize cada uma das áreas com o objetivo da vitória. Como um carro que une várias e diferentes peças. Depois entra o jogo, a metodologia de treino e operacionalizar os jogadores dentro das táticas futebolísticas pretendidas. E, como o próprio Mourinho assume: “A coisa mais difícil é conseguir os exercícios certos. Pelo menos aqueles que o gestor pensa que podem auxiliar a equipa a tornar-se melhor”. E como chegar a esses exercícios. Mourinho recusa todos os livros, websites e “enciclopédias” de tácita futebolística e aponta o foco para os jogadores. São eles que devem “escolher”. Como o próprio Mourinho afirma “alguns jogadores são inteligentes e percebem imediatamente o que lhe é pedido para fazer. Outros jogadores não são tão inteligentes e estes jogadores atuam em pura intuição. Eles aprendem o que fazer, porque eles aprendem movimentos automáticos, sem pensar. “ E, este é um dos mais fortes fatores porque o “special one” é considerado um treinador de jogadores e porque apresenta uma ligação tão forte com os seus atletas. Ele é um técnico que molda o seu jogo aos seus jogadores. E não o oposto, como tantas vezes acontece com tantos treinadores um pouco por todo o lado. 22 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


ntemente do. É um a inglesa ica” e!

Mourinho e o treino: a sistematização do jogo e dos seus atletas e o vídeo como arma tática e de motivação José Mourinho é bem conhecido pela qualidade do processo defensivo das equipas que treina. As suas equipas sofrem poucos golos e os seus jogadores cometem poucos ou quase nenhuns erros – diga-se daqueles “erros não forçados” pelas equipas adversárias. Segundo a filosofia de mourinho, a organização defensiva centra-se na sistematização de padrões e na disposição da equipa por blocos. Mourinho aponta a simplicidade como a melhor forma de fazer chegar a informação aos jogadores, pelas palavras do próprio “curto e objetivo”. Informação em demasiado é contraproducente e está em total desacordo com a “atenção disponibilizada” dos futebolistas de topo nos parâmetros atuais do futebol espetáculo e nos seus atletas como “movie stars”. O técnico português opta então na maioria das vezes por palestras com dois ou três pequenos vídeos e durante a semana dos jogos mais importantes, esses mesmos vídeos, estão em permanente “play” um pouco por todo o edifício do clube, desde aos balneários, à sala medica ou os refeitórios. Onde estiverem os jogadores, estão os vídeos. A avaliação da progressão de cada futebolista deve ser feita segundo três parâmetros: Ligação com a bola, Conexão com bola e adversário(s) e Conexão com bola e companheiro(s) de equipe . Mourinho faz esta avaliação recorrendo a um sistema simples de notas - de 1-5. Este sistema, ainda que simples, é fundamental para que ele possa entender a progressão dos seus jogadores e da equipa e da assimilação do treino. Percebendo quando deve avançar para novos treinos e novos mecanismos. Ou por outro lado, se deve recuar. Serve também para que mourinho ganhe confiança nos seus jogadores e no jogo das suas equipas. Por fim, tal como um gestor em qualquer empresa de alguma dimensão, Mourinho usa ferramentas digitais para a filtragem e tratamento dos inúmeros dados gerados pela sua equipa e pelas equipas que defronta nas várias competições. Também no futebol já se pode falar em Big Data – quantidades gigantescas de informação e a sua recolha, tratamento e interpretação desempenham um papel fundamental para a vitória e para as diferentes variações do jogo em campo a cada novo encontro e a cada novo adversário.

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Marketing: Ninguém vende melhor a marca Mourinho - que o próprio Mourinho.

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ourinho é muito mais que um técnico de futebol. É uma figura planetária e uma marca, que gera e faz gerar milhões à sua volta. De acordo com uma das mais recentes pesquisas levadas a cabo pela empresa, 82% das pessoas no Reino Unido sabem quem é o atual treinador do Chelsea. Ainda no território dos “bifes”, 8 em cada 10 pessoas o conhecem, consideram-no “um porta-voz influente de uma marca e que certamente tendência sua opinião”. Já no âmbito global, o técnico português é reconhecido por 59% das pessoas, com destaque para a Espanha (97%) e no emergente mercado asiático, o maior prestígio do ‘The Special One’ está na China (52%) – por sinal, o maior e mais populoso da Asia.

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Estes números não passam despercebidos às grandes marcas e Mourinho é o rosto de empresas como Yahoo, Hublot, Jaguar e BT Esportes, entre muitas outras marcas passadas. Mourinho conquistou, com vitórias, o respeito dentro do Mundo do futebol, e soube criar a sua própria imagem que lhe valem os números já enumerados. Sobretudo com golas altas e roupas Armani não eram moda à 10 anos. Hoje, todos os treinadores trocaram os fatos de treino por fatos com camisa e gravata. “Mind Games” acontecem agora em todas as conferências de imprensa. E todos querem ser apelidados de génio da tática. Ninguém vende Melhor a marca Mourinho que o próprio Mourinho e a prova disso mesmo é o facto dos seus pares o seguirem os seus comportamentos e em muitos casos até o copiarem.


MOURINHO:5 LIÇÕES DE GESTÃO 5 “SIMPLES” REGRAS PARA O SUCESSO DESPORTIVO OU EMPRESARIAL

1- POLARIZAR AS OPINIÕES E ASSUMIR O RISCO 2 - ASSUMIR E ATÉ CRIAR O “NÓS CONTRA O MUNDO”

3- PROTEJER OS NOSSOS A TODO O CUSTO

4- O RESULTADO É TUDO

5 - AS REGRAS SÃO APENAS SUGESTÕES Numa época do “politicamente correto” e onde as inovações não são mais que “o velho com uma nova roupa”, José Mourinho é constantemente uma “pedrada no charco”, polêmico e nunca com medo de polarizar as opiniões e chamar para si a atenção, mesmo quando é alvo de criticas negativas. Mourinho assume o risco e vive bem com isso: “para mim, pressão é a gripe das aves.. estou com mais medo disso do que de futebol.” Uma das melhores formas de criar um espirito de grupo forte e coeso é usar e por vezes criar uma cultura de “nós contra o Mundo”, muitas vezes também apelidado de “mentalidade de cerco”. Esta abordagem pode até parecer negativa, mas é a forma mais eficaz e rápida de unificar um grupo diversificado e plural num objetivo comum. Esta abordagem é igualmente fortíssima para criar e man-

ter uma mentalidade vencedora. Um grupo unido protege os seus e goste-se ou não de Mourinho existe um facto que é inegável, o técnico português inspira um devoção feroz nos seus jogadores, mesmo naqueles que nos que não jogam. Todos nos lembramos de Marco Materazzi a chorar nos ombros de Mourinho quando este se despediu do Inter. E esse, é apenas um dos exemplos. E esta devoção em muito se deve à forma como Mourinho protege os seus, fazendo-se sempre o alvo dos média, principalmente quando as capas dos jornais estão cheios de críticas negativas. Em pouco mais de uma dezena de anos como técnico principal, Mourinho venceu duas Ligas dos Campeões, 1 Liga Europa, 7 campeonatos nacionais (Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha) e 12 taças em várias competições. Mourinho vence e vence mais que a

maioria e uma das razões é porque quer vencer sempre e o resultado é tudo. E a vitória esta nos detalhes e os detalhes encontram-se pelo trabalho, por um trabalho obsessivo, permanente e sem descanso. Quem conhece Mourinho, diz que ele vive e respira futebol 24 horas por dia. Esta vontade apenas aparece pela vontade de vencer: o êxito é tudo! Regras são sugestões. Não no sentido penal ou jurídico, mas pensar para além do óbvio é crucial ara inovar e para ultrapassar os problemas com dinamismo e determinação. E aproveitar ao máximo os regulamentos a seu favor é também uma imagem de marca do técnico português. Aplicar estas 5 regras de Mourinho é um bom caminho para o êxito em qualquer modalidade ou negócio empresarial. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 25


AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DAS CORRI

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IDAS DE 100 M, 200 M, 400 M, 4 X 100 M E 4 X 400 M ESTAFETAS, 100 M E 400 M BARREIRAS

PARTICULARIDADES DA ALIMENTAÇÃO DE CORREDORES DE CURTAS DISTÂNCIAS E DE VELOCIDADE

A

Mónica Marreiros Neves, Membro da Ordem dos Nutricionistas, cédula 2138D monicanevesdietista@gmail.com

o nível da competição olímpica, os eventos de corrida de curtas distâncias incluem 100 m, 200 m, 400 m, 4 x 100 m e 4 x 400 m estafetas, 100 m e 400 m barreiras. Nestes eventos é necessário atingir a velocidade máxima no menor período de tempo, pelo que a composição corporal dos atletas desempenha um papel fundamental. É importante maximizar a massa muscular e manter os níveis de massa gorda baixos de forma a garantir o rácio peso/potência, objetivo mais facilmente atingido pelo sexo masculino. O sexo feminino, por sua vez, tem que fazer um maior esforço para gerir a dieta no sentido de atingir os níveis de massa gorda ideais. Ainda que o potencial efeito das escolhas alimentares durante eventos competitivos de curta duração seja discutível, nos treinos pode fazer toda a diferença no desempenho do atleta e no desenvolvimento de adaptações ao treino. Para além disso, desempenha um papel fundamental na otimização da composição corporal. Construindo o músculo A estratégia mais eficaz para o aumento da força, potência e massa musculares consiste na prática de exercício de força muscular, garantindo simultaneamente o consumo adequado de hidratos de carbono, proteína e energia. A síntese de proteína muscular e o desenvolvimento de adaptações no músculo após exercícios de força é potenciada pela ingestão de 6 g de aminoácidos essenciais ou 20-25 g de proteína de elevada qualidade. A ingestão de doses superiores parece não apresentar benefícios adicionais. A qualidade nutricional das proteínas depende do seu teor em aminoácidos essenciais, da sua digestibilidade e da biodisponibilidade (determina a quantidade de nutriente que é absorvido e utilizado pelo organismo) dos seus aminoácidos. Os produtos de origem animal, como os produtos lácteos, o ovo, o peixe e a carne são fontes proteicas de alta qualidade, devido à presença, em diferentes quantidades, de todos os aminoácidos essenciais, conferindo-lhes um valor biológico elevado. A intensidade dos treinos pode diminuir o apetite e comprometer a ingestão alimentar após o exercício. Isto significa que fazer um lanche que forneça 20-25 g proteína imediatamente após um treino pode exigir alguma educação alimentar.

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Os suplementos e os riscos de consumo de proteína em execesso: desfazendo mitos! A proteína e os aminoácidos devem ser provenientes de suplementos? Não necessariamente. Embora os suplementos sejam uma fonte prática de obtenção de aminoácidos essenciais e proteína, não existe evidência científica que sustente uma resposta anabólica inferior com o consumo de proteína proveniente de fontes alimentares. Contudo, é importante reforçar que a diminuição do apetite após um treino intenso limita o consumo de grandes volumes de alimentos, por vezes necessários para suprir as necessidades pós-treino e diárias, pelo que os suplementos podem ser uma boa alternativa. Os suplementos concentram nutrientes-chave em pouco volume, são fácies de transportar e preparar e toleráveis pela maioria dos atletas. Porém, uma vez que a comercialização destes produtos não é rigorosamente controlada, não existem garantias de que a informação nutricional presente no rótulo reflita o conteúdo da embalagem, pelo que deve procurar marcas de confiança, que privilegiem o controlo da qualidade, e a ajuda de um dietista ou nutricionista que oriente a escolha do melhor produto, de acordo com as suas necessidades nutricionais e objetivo.

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Existem riscos associados ao consumo de proteína em excesso? Muitos atletas consomem dietas com elevado teor proteico acreditando ser essencial para a reparação e crescimento musculares. É frequentemente observar-se em alguns grupos de atletas consumos de proteína superiores a 2,5 g.kg peso corporal-1.dia-1 (as recomendações situam-se entre 1,2 e 1,8 g.kg peso corporal-1. dia-1). Enquanto uma dieta que não garante o aporte adequado e proteína impede/limita a hipertrofia muscular, consumos extremamente elevados (em excesso) de proteína não contribuem necessariamente para o aumento da síntese de proteína muscular, ou seja, a literatura científica não sustenta uma relação linear entre a quantidade de proteína consumida e a síntese de proteína muscular. O que acontece ao excedente de proteína? Bem, a proteína em excesso pode ser acumulada sob a forma de gordura ou oxidada para obtenção de energia. É claro que devemos olhar para esta declaração com algum viés, porque não está excluída a hipótese de os atletas desenvolverem adaptações que lhes permitam alterar/melhorar estas respostas.


Alimentos que fornecem aproximadamente 20 g de proteína (de acordo com a Tabela da Composição dos Alimentos Portuguesa): •

4 ovos pequenos

100 g de queijo fresco

• 600 ml de leite de vaca magro •

500 ml de bebida de soja

• 80 g de carne de frango, peru, vaca ou porco (preferir as partes magras) •

100 g de peixe grelhado

4 iogurtes naturais magros

• 200g de flocos de trigo integral • 260 g de pão de trigo integral ou de mistura •

600g de massa cozida

800 g de arroz cozido

• 220 g de lentilhas ou feijão frade cozido •

330 g de tofu

60 g de frutos oleaginosos

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Lesões renais e diminuição da densidade mineral óssea têm sido apontados como potenciais problemas de saúde associados ao consumo de elevadas quantidades de proteína. Atletas sem predisposição para problemas renais apresentam baixo risco de lesão renal resultante da ingestão de dietas hiperproteicas. Por sua vez, atletas com função renal comprometida não devem consumir grandes quantidades de proteína, sob pena de agravar esta condição. A consequência imediata resultante do consumo de grandes quantidades de proteína é a redução do aporte de hidratos de carbono, que pode afetar o desempenho do atleta. O consumo de hidratos de carbono O consumo de hidratos de carbono é importante para o desempenho de atividades de alta intensidade como é o caso das corridas de curta distância. A realização contínua de treinos com estas características a par com uma alimentação deficiente em hidratos de carbono resulta na depleção das reservas de glicogénio, consequente aumento do risco de lesão e doença. Contudo, os corredores de curtas distâncias apresentam necessidades de hidratos de carbono inferiores a corredores de longas distâncias. O consumo de hidratos de carbono juntamente com proteína após o treino promove um ambiente hormonal mais favorável ao anabolismo, estimulando a síntese de proteína muscular. Os corredores de curtas distâncias apresentam desafios únicos aos profissionais da área da nutrição por serem normalmente atletas bastante informados, suscetíveis ao consumo de suplementos, por apresentarem perceções da imagem corporal distorcidas associadas à exigência de baixos níveis de massa gorda e baixo peso corporal como forma de melhorar o desempenho, e ainda devido às lacunas existentes na investigação na área da nutrição deste grupo de atletas.

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Alimentação em dias de competição: Os eventos competitivos de corrida de curtas distâncias podem apresentar várias horas de duração, ainda que a corrida em si seja apenas de segundos a breves minutos. Um dia típico de competição envolve eliminatórias e finais com tempos de espera variáveis. Durante estes momentos de espera os atletas devem manter-se hidratados, evitar ingerir líquidos em excesso, e devem ainda controlar a ingestão alimentar sob pena de experienciar distúrbios gastrointestinais, mas evitando sentir fome. A preparação para este dia faz-se durante os treinos: toda a rotina alimentar e de hidratação deve ter sido testada em contexto de treino para evitar surpresas! A constituição da refeição pré-competição depende do horário da primeira prova e das preferências e tolerâncias individuais, mas faz sentido iniciar o dia com uma refeição rica em hidratos de carbono. Alguns exemplos de refeições para 3-4 horas antes do exercício: • Pão com doce ou marmelada + batido de frutas (preferir o iogurte líquido em alternativa ao leite) • Papas de aveia com mel, frutos oleaginosos, fruta fresca e canela a gosto • Barras adequadas para desportistas (preferir as que fornecem maior teor de hidratos de carbono, pobres em gordura e fibra) • Iogurte natural magro com granola e mel + fruta fresca • Batata-doce recheada com requeijão + sumo de frutas natural • Massa/arroz cozido com uma fonte de proteína magra (ex. frango, coelho, peru, ovo, queijo fresco, requeijão), pode-se adicionar molho de tomate

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MESSI VS. RONALDO 32 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

MESSI VS. RONALDO


QUEM TOMA MELHORES DESISÕES?

Messi vs. CR 7 Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

Nos últimos 7 anos, no final de cada ano, a pergunta mantém-se sempre a mesma: Quem é melhor? Quem merece mais o prémio Fifa? Ronaldo ou Messi? Felizmente, os números e a ciência tem encontrado formas de os comparar que vão para além do senso comum ou da paixão dos fãs. O grupo GoodCall desenvolveu um algoritmo que calcula a qualidade e eficácia das decisões tomadas pelos jogadores de futebol. Para um atacante, por exemplo, a Eficiência Por Jogo (EPM) , basicamente centra-se no número de golos que ele é responsável por em uma partida – tendo em conta as suas decisões durante as jogadas ofensivas da sua equipa. Portanto, se um atacante é responsável por um golo a cada jogo, a sua Eficiência Por Jogo é de 100. Se ele é responsável por dois gols por jogo sua EPM é de 200. E assim por diante. Ao medir o seu número de remates, passes, possibilidade de golo criadas, passes de ruptura, etc – e, este algoritmo vai mais longe, e pode quantificar com precisão a qualidade das decisões tomadas por um jogador durante um jogo. Messi – De outro Planeta Quem afirma que Messi não é deste mundo, não está muito longe da verdade! Por jogo, as suas decisões são responsáveis em média por 2,38 golos (entre golos marcados, assistências, ou interferências decisivas nas jogadas). A qualidade média de suas decisões é de 0,63%

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– o EPM de um jogador médio de ataque é de 34 – ou seja, o atacante em média está envolvida em 0,34 gols por jogo, a sua qualidade média da decisão é de 0,12. Olhando para os números, a matemática é simples: Messi é 7 vezes mais eficiente do que a média dos atacantes média dos campeonatos na Premier League, La Liga, Bundesliga, Serie A e Ligue 1. De forma ainda mais clara, Messi é responsável por mais 2 golos que a média dos atacantes do Big 5. C. Ronaldo – Um jogador fantástico, mas… … não é tão excepcional quanto o astro argentino. O EPM de Ronaldo é de 118, o que significa que ele é responsável por cerca de 1,18 golos por jogo, praticamente metade do valor de Messi. Aliás, está bem mais próximo de Robben do Bayern de Munich, que tem um EPM de 115. A qualidade das decisões de Ronaldo é avaliado em 0,43%, bem abaixo dos 0,63% de Messi, e inclusive dos 0,52% de Robben. Mas, Ronaldo é ainda assim, melhor 3 vezes que os atacantes dos principais campeonatos europeus. E, comparando o EPM de Messi de passe e de posse de bola, a diferença em comparação com os dois craques é mais acentuada: Messi tem uma pontuação de 87, Ronaldo apenas 23. Ou, usando a percentagem, Messi tem uma qualidade de passe e de posse de bola de 0,57%, enquanto Ronaldo não passa dos 0,30%. Valores que seriam esperados dado ao estilo de jogo que Messi jogou e foi habituado a jogar desde bem cedo, com jogadores como Xavi ou Iniesta.

MESSI VS. RONALDO

MESSI VS.

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REAL MADRID VS. BARCELONA

Onde está a melhor “tripla” . BBC Vs. MNS? 2014 O BBC – Cristiano Ronaldo, Gareth Bale e Karim Benzema em 2014 era imparável, fluido, rápido e eficaz, ganhava e goleava; nem Bayern de Munich ou Barcelona pararam a equipa da capital de Espanha. Olhemos alguns números: durante 2,014 o Real Madrid teve 18,2 remates por jogo e 46% destes foram no alvo, ou seja dentro dos postes. Cristiano Ronaldo foi o rematador mais prolífico – 5,5 remates por jogo, com 59% destes mesmos remates enquadrados com a baliza. Gareth Bale foi o segundo mais “pro-activo” com 3,2 remates por jogo e 56% à baliza. Karim Benzema, aparece em terceiro nesta estatística, com 3 remates por jogo, mas apenas 39% delas no alvo. Bale e Ronaldo foram também mais criativos e decisivos: em oportunidades de golo, Bale teve 6,7 por jogo, Ronaldo 6,3. Benzema 4 oportunidades de golo. Ronaldo foi o homem o principal marcador com uma percentagem de 1,3 golos por jogo, um valor assombroso, só superado na história recente do futebol, por de Messi em 2012. Enquanto isso, em Barcelona o começo da temporada foi difícil para o MNS – Leo Messi, Neymar e Luis Suarez, com a troca de Treinador, a entrada de novos jogadores e uma nova filosofia de jogo, fora o castigo a Suarez. E, a derrota frente ao Real foi um forte revés. Mas vamos aos números: a equipa de Barcelona rematou mais em média do que o Real Madrid – 18,6 remates por jogo -, mas eram bem menos precisos, apenas 40% desses remates saíram à baliza. Neymar foi o mais rematador, com 4,4 tiros por jogo mas apenas 42% no alvo: Messi rematou menos 4,1 por jogo, mas com maior precisão do que a do brasileiro, com 57%. Messi também criou mais oportunidades de golo 8,4 por jogo do que Neymar, 6,6 por jogo. Luis Suarez aparece por último, somente 2,9 remates por jogo e apenas 32% deles no alvo. Ele tentou criar oportunidades de golo 6.5 por jogo, mas a maioria perdeu-se sem resultados práticos

C VS. MNS

BBC VS. MNS

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O Real foi mais forte e espectacular em 2014, e a média de 3,7 golos por jogo é uma prova disso mesmo; o Barcelona marcou apenas 2,6 golos por jogo – um número de golos que muitas equipas “matavam” para ter, mas abaixo do conseguido pelo Real Madrid. 2015 E, depois 2015, um novo ano e tudo mudou. O Barcelona disparou os seus números de eficácia. Mesmo reduzindo o número de remates, passaram para 15,6 por jogo, 0. 47% deles foram bem dirigidos com Messi a assumir o comando, com 3.8 remates por jogo, em 54% ao alvo e criou quase 40% das oportunidades de golos da tripla MSN. Suarez entrou no ritmo e começou a rematar 3,8 vezes por jogo com uma precisão de 59%. Neymar não alterou muito a sua qualidade de jogo, preferindo no entanto rematar menos, apenas 3 vezes por partida, sendo que a sua precisão fica abaixo dos 40%. O Barcelona marca 3,5 golos por jogo em 2015. Uma subida de quase um golo por jogo para 2014. Enquanto isso, na capital da Espanhola, temos um Real Madrid em muito menor rotação quando comparada com o Barcelona. O Real Madrid remata menos – 17,4 vezes por jogo. A precisão terrível, Bale então com com uma precisão de apenas 29% e remata também bem menos, apenas 2,9 por jogo, com apenas 0.1 golos por jogo. Ronaldo diminui a sua precisão em 2015, apenas 35% dos seus remates seguem a direcção da baliza. O principal resultado: menos golos e menos hipoteses de golo criadas, a excepção acaba por ser os 5 golos ao Granada, O Real Madrid marca apenas 1,8 golos por jogo (retirando o jogo com o granada). Quase menos 2 golos que o Barcelona.

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OS 10 ANOS DE QUEDA DA IMPRENSA DESPORTIVA Alexandre Pais, Jornalista com larga experiencia na direção de jornais em papel, nomeadamente jornais desportivos contato@desportoeesport.com www.alexandrepais.pt

“Temo que estejamos a viver os dias do fim – em especial para os dois títulos deficitários, assustadoramente deficitários, e para os seus profissionais.”

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odos os meses, os sites portugueses especializados em desporto somam largas dezenas de milhões de pageviews, muito acima do que obtêm os sites generalistas, portal Sapo incluído. Esse crescimento exponencial, em particular o da última década, tem sido conseguido muito à conta do suporte em papel, cuja quebra de vendas em banca regista percentagens aterradoras – cerca de 60%. A passagem a diário dos títulos “desportivos”, no final do século passado, proporcionou os melhores resultados de sempre, com os três jornais de circulação nacional a venderem, por dia, perto de 250 mil exemplares. Esse período de ouro prolongou-se até 2004, ano em que a média ainda rondou os 230 mil. De então para cá, a queda acentuou-se e em 2014 as vendas em banca não chegaram a 100 mil exemplares diários, ou seja, começa a haver mercado apenas para um título, até porque as receitas de publicidade também baixaram para menos de metade. Os motivos para a diminuição das vendas são vários e vão desde o desinvestimento no número de páginas – das 56 ou 64 de outrora imprimem-se agora apenas 40 ou 48 – no redimensionamento das redações, hoje com menos dezenas de jornalistas, ou na drástica redução dos serviços de reportagem no exterior, até à incapacidade – ou impossibilidade resultante da falta de meios – de direções e chefias para refrescar os conteúdos, adequar os grafismos e aprofundar a especialização que traz a diferenciação e o rigor.

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Qual é o futuro dos jornais desportivos? Pelo meio, encontramos muitos outros factores: a aposta suicida nos sites gratuitos, a multiplicidade de redes sociais e blogs que permitem a replicação da informação não paga, a “incursão” dos jornais generalistas pela área do desporto, muitas vezes com páginas de abertura – como fazem os telejornais, de manhã, à tarde e à noite – o aumento das transmissões diretas da TV, que chegaram a treinos, sorteios e conferências de imprensa, a multiplicidade de painéis de especialistas ou supostos especialistas em análise, em quase todos os canais, e por aí fora. Como se não bastasse, a partir de 2009 caiu em cima do papel de jornal a crise do País e das famílias, com a sobrecarga de impostos,

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o desemprego e a incerteza quanto ao futuro a destruírem o apelo à compra de algo que já não é indispensável à vida de todos os dias. São muitos contratempos para uma imprensa encurralada, incapaz de se renovar ou pior ainda: sem conhecer os dados que vão ser lançados na próxima rodada e, igualmente por isso, ineficaz na definição do rumo que deveria tomar para sobreviver. Temo que estejamos a viver os dias do fim – em especial para os dois títulos deficitários, assustadoramente deficitários, e para os seus profissionais.


TORCIDA GANHA JOGO? SONORIDADES DE PARTIDAS DE FUTEBOL, PRODUÇÃO DA TORCIDA E DESEMPENHO DE ATLETAS EM CAMPO. Pedro Silva Marra, Pesquisador e doutorando em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense. pedromarra@gmail.com

Arquibancadas, som e paixão Se há uma forte sinergia entre os jogadores em campo e a torcida na arquibancada, no desenrolar de uma partida de futebol, o som constitui-se como um dos principais mediadores desta relação. Episódios da Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil, corroboram a constatação. Na ocasião, o estádio do Maracanã lotado cantou em uníssono a marchinha “Touradas em Madri”, quando a equipe local vencia a seleção espanhola pelo placar de 4 a 1, estabelecendo condições para a ampliação do placar para 6 a 1 em favor dos brasileiros. O resultado criou um clima de confiança extrema no país sede, que via como certa a conquista do campeonato, alguns dias mais tarde, contra o Uruguai. Contudo, quando a seleção platina empatou o jogo na metade do 2o tempo, os eufóricos torcedores calaram-se, ainda que o empate favorecesse o selecionado local, prevendo o 2o gol adversário. A apatia das arquibancadas contagia o time brasileiro em campo, que sofre o tento fatal 13 minutos depois, em evento que ficou conhecido entre os uruguaios como Maracanazo: o dia em que sagraram-se bicampeões do mundo. As propriedades acústicas do som apontam um caminho para compreendermos suas características quase mágicas de afetação e compartilhamento de estados de ânimo. Um som define-se como vibração de um corpo que encontra ressonância em outro, um sinal de movimento que se comunica em um meio.

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Constitui-se portanto em forma bastante íntima de conectar sujeitos, a partir da qual dinâmicas de sincronização, harmonização, amplificação ou silenciamento acontecem, de acordo com os níveis de energia (intensidade) carregados pelo som, o número de oscilações em um determinado espaço de tempo (vibração), ou as suas interações com ou espaço que determinam sua área de abrangência, reverberação, ou absorção pelas superfícies. Além disso, se faz necessário considerar que nenhuma sonoridade se realiza sozinha: vibrações se sucedem e interconectam, produzindo ritmos que embalam e imprimem uma guia temporal às práticas que ocorrem no mesmo ambiente. Tais atividades produzem também sons, já que baseiam-se no movimento de corpos no espaço, contribuindo ativamente para as construções rítmicas aqui destacadas.

Produto auditivo de toda atividade humana, as sonoridades constituem-se, portanto, como tecnologias que os sujeitos manipulam a fim de realizar certas tarefas. No caso dos esportes, percebemos esta manipulação do som como ferramenta quando o juiz apita intensamente a fim de parar a partida; quando os jogadores gritam entre si, articulando uma jogada; ou quando a torcida executa suas canções na arquibancada, imprimindo um ritmo às ações de sua equipe do coração. Estádios diferentes, com suas características arquitetônicas próprias também participam destas dinâmicas sonoras, na medida em que aproximam ou afastam grupos torcedores distintos na platéia; os dispõem mais próximo ou longe do campo de jogo; ou facilitam fenômenos como a reverberação sonora; contribuindo para que uma torcida soe mais intensa ou coesa. Ainda que as redes de televisão transmissoras de jogos de futebol venham descobrindo o poder das sonoridades na constituição da partida, o estádio se mantém como espaço privilegiado para o estudo das dinâmicas sonoras no espetáculo esportivo. É neste lugar que gritos e canções das torcidas são gestados e apresentados em sua diversidade, é aí que interagem com os acontecimentos da partida, mediando dinâmicas de (des) articulação dos presentes na arquibancada. As transmissões televisivas, para captar toda esta diversidade, posicionam vários microfones ao redor do campo, alguns captam o público, outros o campo, outros ainda o banco de reservas, de onde treinadores orientam seus comandados. Pela televisão, escutamos uma mixagem destes sons, quase sempre com predominância das canções entoadas pelas torcidas organizadas, ao fundo da narração. Quando algum som indesejado entra no campo auditivo dos microfones, ele é cirurgicamente limado por processos de edição e mixagem. Foi o que aconteceu em partida disputada no Estádio Independência, em Belo Horizonte, no dia 21 de outubro de 2012, entre Clube Atlético Mineiro e Fluminense Football Club, do Rio de Janeiro, válida pelo Campeonato Brasileiro do mesmo ano. Na ocasião, as duas equipes disputavam a liderança do certame. Ao longo do campeonato, a equipe carioca havia vencido ou empatado uma série de jogos em lances duvidosos a seu favor.

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A torcida atleticana então organizou um protesto contra a Confederação Brasileira de Futebol, CBF, na qual montou um mosaico, no momento da entrada das equipes em campo, onde se lia a sigla da instituição de cabeça para baixo, ao fundo as cores da equipe carioca. Simultaneamente, o estádio cantava: “O CBF, vá se f...! o nosso galo não precisa de você!” A rede Globo de Televisão, que realizava a transmissão em canal aberto, não mostrou o mosaico, nem a canção, ao iniciá-la após o incidente.

Desde 2008, realizamos pesquisa sobre a sonoridade de jogos de futebol em partidas do Clube Atlético Mineiro, de Belo Horizonte, Brasil, disputados nesta cidade. Buscamos compreender as formas como os sons são utilizados pelos torcedores nas arquibancadas como tecnologias afetivas para a realização do trabalho de (des)articulação de grupos torcedores no estádio, o que viabiliza o (des)estímulo dos jogadores em campo. Apesar de compartilhar a paixão por um mesmo time, o que vemos e ouvimos na arquibancada é uma miríade de formas de torcer que por vezes organizam-se em um uníssono, em outras desintegramse em balbúrdia. Os sons mediam estas dinâmicas, catalizando a boa ou má performance dos jogadores em campo.

“Se há uma forte sinergia entre os jogadores em campo e a torcida na arquibancada, no desenrolar de uma partida de futebol, o som constitui-se como um dos principais mediadores desta relação.”.

Em partida válida pelo Campeonato Brasileiro de 2013, entre Atlético e Vitória, registramos a cobrança de uma falta que resultou em gol de Ronaldinho Gaúcho para a equipe mineira. O apito do juiz incendiou a torcida que cantou alto. Em seguida uma marcação rítmica com palmas, que se acelerava ao longo do tempo, iniciou-se num setor da arquibancada e alastrou-se por todo o estádio, criando ao mesmo tempo um ambiente de suspense quanto ao desfecho do lance e uma base temporal ao qual o corpo do jogador

poderia se agarrar e tranquilizar para a realização de seus movimentos. Contudo, nem sempre estas tecnologias funcionam da maneira esperada. Na decisão da Recopa Sulamericana de 2014, disputada entre Atlético e a equipe argentina do Lanús, os minutos finais foram marcados por intensas vaias que tomaram todo o estádio, visando desestabilizar os adversários que tomavam conta das ações da partida. O placar marcava empate em dois gols, o que era favorável aos brasileiros. Apesar de toda a pressão

contrária, os argentinos marcaram o gol que levaria o jogo à prorrogação aos 45 minutos do segundo tempo, quando os torcedores atleticanos cantavam o samba “Vou Festejar”, entoado quando a partida já está decidida. Na prorrogação, o Atlético sagrou-se campeão, ao vencer o período por 2 a 0. Mas o evento mostra que torcida, embora possa mostrar-se decisiva, não ganha qualquer partida. O que se percebe é que torcida e jogo de futebol constroem mutuamente o espetáculo futebolístico. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 41


FUTEBOL & FUTSAL: OS NÍVEIS DE POTÊN MUSCULAR NAS VÁR 42 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


: NCIA RIAS POSIÇÕES Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 43


FUTEBOL & FUTSAL: DOIS DESPORTOS IRMÃOS José Gouveia, Especialista em desporto contato@desportoeesport.com O Futebol e Futsal são a uma primeira interpretação dois desportos irmãos. Partilham muitas das mesmas regras e em grande medida são jogados da mesma forma. E, acarretam consigo o mesmo objetivo: marcar mais golos que a equipa adversária. A isto soma-se ainda, a constante “transferência” de atletas de uma para a outra modalidade. Um bom exemplo, é Ronaldinho Gaúcho: começou no Futsal e a acabou sendo por mais que um ano o melhor jogador de futebol do Mundo. Casos de jogadores que se iniciaram no futebol e terminaram no Futsal são ainda mais conhecidos e em maior número. Mas com tantas semelhanças e até “transferências” entre as duas modalidades, quais as diferencias morfológicas e musculares os entre atletas profissionais e de topo de futebol e do futsal? A realidade é que tanto o futebol como o futsal são “modalidades intermitentes de elevada intensidade caracterizadas por períodos curtos de recuperação e em que ações rápidas e intensas assumem particular importância durante o jogo”. Rápidos sprints de apenas alguns segundos, entre os 2 e os 4 segundos, alternam com períodos de pouco ou nenhuma deslocação ou simplesmente curtas caminhadas em ritmo lento para reganhar posição. E neste seguimento, ambas se apoiam fortemente no treino continuado, na tática, no lado humano e psicológico dos atletas e no físico, tudo isto de forma integrada e interligada. Com relação à condição física, estudos recentes têm destacado os componentes aeróbicos (potência e capacidade) e anaeróbios como principais aspetos associados à performance de atletas de futebol. Assim, embora o futebol e o futsal apresentem predominância aeróbia, a aptidão anaeróbia demonstrada em ações de potência muscular, está relacionada com atividades decisivas das partidas como sprints, saltos, chutes ou cortes, entre outros. Mas, existem diferenças entre si, e nas próximas paginas vamos focar-nos em algumas dessas disparidades, inclusive em relação aos posições em campo. 44 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


CMJ - Counter Movement Jump: Método e medida utilizada para obter os valores das pernas dos atletas de diferentes modalidades. O Desgaste Num jogo de futebol de 90 minutos, os futebolistas fazem um sprint em média a cada 90s com durações entre 2 a 4 segundos. Sendo, que os sprints constituem 1 a 11% da distância total percorrida na partida, correspondendo de 0.5 a 3% do tempo do jogo. O futsal tem sido verificado que 13.7% dos deslocamentos são realizados em alta intensidade (18.1−25.0 km/h) e 8.9% na forma de sprints (acima de 25 km/h). Recentes estudos também verificaram que atletas profissionais de futsal obtiveram desempenho inferior no counter movement jump (CMJ) e nos tempos de sprints de 5 e 15 m quando comparados a futebolistas. Embora as razões para estas diferenças sejam ainda desconhecidas, supõem-se que as exigências físicas durante jogos (número de sprints, distância dos sprints, distância percorrida total e número de saltos), possam ser a melhor explicação Outros estudos têm demonstrado associação entre ações anaeróbias e níveis de potência muscular em atletas de futebol profissionais. Reportando uma “correlação significativa entre sprints de 10 e 30 m e o squat jump – SJ (r = .72, r = .60, p < .01, respetivamente). Além disso, sprints em distâncias de 5 m têm sido associados à potência mensurada no SJ (r = −.64, p < .01) indicando que distâncias curtas requerem elevada capacidade de recrutamento neural.” Pontos relacionados com o desenvolvimento da aceleração em curtos espaços, absolutamente necessário para os desequilíbrios ofensivos tanto no futebol como no futsal.

Potência muscular em atletas de futebol e futsal Os atletas profissionais de futebol apresentaram valores médios de CMJ de 44.2 ± 3.5 cme os atletas de futsal de 43.8 ± 6.8 cm, não sendo então observados diferenças significativas entre os atletas das duas modalidades. Com relação à análise das posições dos atletas, pode-se verificar que os valores médios apresentados pelos jogadores de futebol foram: médios − 41.4 ± 2.5 cm; laterais − 41.7 ± 2.4cm; avançados − 4 2.1 ± 3.7 cm; volantes − 43.4 ± 3.4 cm; guarda-redes − 44.8 ± 2.0 cm e centrais − 45.8 ± 4.3 cm. Por sua vez, os atletas de futsal reportam em média os seguintes valores do CMJ: pivôs − 41.5 ± 4.8 cm; alas − 42.5 ± 3.8 cm; centrais − 45.1 ± 5.7 cm e guarda-redes − 46.6 ± 7.9 cm. verifica-se que não existe diferença significativa (p = .69) entre os atletas de futsal das diferentes posições. Quanto à análise por escalão, os futebolistas apresentaram valores médios do CMJ de 42.0 ± 2.7 cm para a categoria sub17, 42.8 ± 3.7 cm para a sub20 e 44.2 ± 3.6 cm para a profissional. Os atletas de futsal reportaram valores médios de 43.7 ± 4.1 cm para a categoria sub20 e 43.8 ± 6.8 cm para os profissionais. Mostra-se assim, que não existem diferenças significativas entre os atletas de Futebol e Futsal em termos de musculatura; assim como entre as diversas posições destas duas modalidades! Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 45


FUTEBOL & FUTSAL: PARA BEM DEFENDER COORDENAÇÃO MOTOR-OCULAR! José Gouveia, Especialista em desporto contato@desportoeesport.com Diz o ditado popular, e com razão, que em terra de cegos quem tem um olho é rei. Parece que no futebol e futsal também assim o é. Pelo menos para quem tem boa coordenação entre os olhos e as pernas – para este artigo e à falta de melhor expressão chamamos de coordenação motor-ocular. Mas vamos por partes. Um cientista alemão, o Dr. Roland Loy, após ter examinado duas décadas da Bundesliga – campeonato da primeira divisão da Alemanha, descobriu que o erro desempenha um papel fundamental no jogo e no resultado final no futebol. Até aqui nada de muito novo. De surpreendente, é o facto de 50% dos golos conseguidos serem resultados de erros perfeitamente evitáveis, como saltos da bola no relvado, falhas em passes simples, falhas de concentração, “frangos” ou falhas clamorosas dos guarda-redes, entre outros fatores similares a estes. Ou seja, erros não forçados, como se diz no ténis.

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E o estudo de Loy vai ainda mais longe, e aponta o Borussia Dortmund da época 2011/2012 como exemplo. A equipa alemã efetuou um total de 3200 ataques durante toda a época referida, marcando 67 golos. Na prática, apenas 2% dos ataques resultaram em golo. E 36 desses golos foram em resultado direto de erros não forcados da equipa adversária. De forma bem prática, temos que no futebol, contando que os valores da Bundesliga não se distanciam em demasia do resto dos campeonatos de topo, que 50% dos golos são conseguidos por erros não forcados, e temos ainda que 30% dos golos são provenientes de lances de bola parada. Sendo assim, apenas 20% dos golos nascem de bola corrida e por mérito da equipa atacante. Isto acontece em grande medida, devido ao aumento progressivo e vertiginoso com que o futebol vem sendo jogado nas última duas décadas, e a maioria dos erros, os não forçados, acontecem devido à falta de capacidade de uma boa coordenação entre os olhos do atleta e as suas pernas e braços, no caso dos guarda-redes. Ou seja, a capacidade de uma melhor coordenação entre a perceção e ação. – a teoria de OCO (Optimal Coordination Order). Grande coordenação está relacionada ao músculo-memória, que por sua vez está ligada as conexões neurológicas de uma pessoa. A melhor as conexões, o nível mais elevado de coordenação é, permite que os jogadores aumentem o seu nível de reação. A boa notícia é que isto pode ser treinado, preferencialmente em idades precoces. E que os clubes para melhorarem as suas defesas e o número de erros não forçados devem optar por atletas (defesas e médios) com um maior índice de OCO. As melhores defesas são aquelas que têm maior índice de OCO.Coordenação motor-ocular parece ser então a solução para sofrer menos golos e ganhar mais jogos.

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O perfil biologico dos sprínteres

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Vencedor do Tour vs. Homem comum


CICLISMO E CIÊNCIA

A tecnologia e a ciência no ciclismo do século 21

Quando pensamos em ciência e tecnologia no desporto logo nos lembramos da Formula 1 e dos seus monolugares supersónicos. Dificilmente a imagem do ciclismo nos invade a mente em primeiro lugar. Mas, para o bem e para o mal, o ciclismo é no século 21 um dos desportos que mais aposta na ciência para aumentar a performance desportiva dos seus atletas. E, não sejamos hipócritas, o doping faz parte da ciência no ciclismo, mas talvez bem menos do que é imaginável. Como se poderá confirmar em um dos quatro artigos que fazem este especial do ciclismo e ciência. Talvez mais impacto tenha a temperatura, pressão atmosférica e humidade. Mas qual das três faz variar mais a velocidade dos ciclistas? E, o que diferencia um “vencedor de um tour” de um homem normal? Ou, por último, o que diferencia morfologicamente um sprinter – o homem mais rápido do pelotão de por exemplo de um trepador? Neste especial ciclismo e ciência, respondemos a todas estas perguntas e um pouquinho mais.

Impacto na performance da Temperatura, Pressão atmosférica e Humidade

Matemática, Doping e Performance

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O PERFIL DOS SPRÍNTERES NO CICLISMO

Análise do perfil físico dos ciclistas mais rápidos do pelotão e observação do que a ciência já descobriu! Fisiologia, aerodinâmica e tática.

Diogo Sampaio,

Diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

No ciclismo, as etapas de montanha fazem

e o seu segundo maior atrativo, são as

diários de captação de novos talentos e no

disparar os índice nos ratings das tele-

chegadas em linha, em pelotão compacto,

treino para competição, permitiu que nos

visões e milhares de pessoas, na volta à

onde apenas os homens mais rápidos de

últimos anos se reganha-se um conjunto

frança chegam a ser centenas de milhares,

todo o pelotão podem cortar a meta em

de novos saberes e uma maior compreen-

apoiam na estrada nos seus atletas preferi-

primeiro lugar. Assim, se os trepadores são

são da fisiologia nos camisolas verdes

dos, incentivando-os a pedalar com mais

fundamentais para o desfecho final de uma

do ciclismo.Percebendo-se assim, quais as

força, quando as forças já começam a fal-

grande prova, os sprínteres são essenciais

características necessárias dos sprínteres e

tar. O ciclismo, para a maioria dos adeptos

para a espetacularidade do ciclismo.

qual a fisiologia de uma atleta que conseg-

do desporto, é montanha; é subidas com

E, se o perfil fisiológico e biológico dos

ue em cerca de 10 a 15 segundos alcançar

mais de 8% de inclinação; transpiração

trepadores é amplamente debatido e deste

velocidades acima de 70 km/h.

e superação bem lá no alto, onde parece

modo conhecido pelo grande público, o

impossível um homem lá conseguir chegar

mesmo não se passa com o perfil dos

Nas próximas paginas vamos entender o

unicamente com a força das suas pernas. E,

sprínteres; e a própria literatura e trabalhos

que une Cavendish, Marcel Kittel André

e para defesa, é nos homens da montanha

científicos acompanham esta tendência de

Greipel, Mário Cipollini, Erik Zabel ou

que se encontram os camisolas amarela

menor conhecimento. Felizmente o maior

Robbie McEwen; e porque em determi-

e o vencedores das grandes provas. Mas,

profissionalismo no desporto atual com

nadas alturas uns ganham mais que os

o ciclismo é bem mais que montanha;

forte incidência da ciência nos trabalhos

outros.

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Potência (watts) por Velocidade (Km/h) Um dos pontos mais interessantes dos mais recentes estudos, aponta que os sprínteres possuem fisiologicamente mais semelhanças com os sprínteres do atletismo, como os corredores dos 100 metros, do que semelhanças com os melhores trepadores, como Contador ou Froome. Em comparação: o peso médio dos melhores trepadores (como Contador, Froome) é de 64,4 ± 4,1 kg; os melhores sprínteres do pelotão pesam 71,7 ± 1,1 kg – mais de 7 kg de diferença. Por outro lado, os sprínteres partilham muitas semelhanças com os ciclistas do BMX, onde o esforço por prova é mais curto mas mais duro e com maior desgaste energético em um menor período de tempo; à semelhança do que acontece com os sprínteres que têm que atingir grandes velocidades num curto espaço de tempo, com fortes perdas energéticas, como nos mostra o gráfico ao lado. A potência máxima nos sprints foi 1443W, e em a média é de 1.248 W. Isso corresponde a entre 17 e 18 W / kg. Para efeitos de comparação, Nibali vencedor do Tour no ano passado, fez um esforço energético, na última etapa de montanha que ven-

ceu a solo durante cerca de 30 a 40 min, na ordem de 5,9-6,2 W / kg. Marcel Kittel, vendedor de duas etapas ao sprint na volta à frança de 2014, produz os números de potencia energética mais elevado; com 82 kg e com 18W/kg ele tem uma potência energética máxima de 1476W. De destacar, que estes valores são produzidos após etapas de 150 a 200 km. Não representado com exatidão o pico de potência de cada atleta; sem fadiga e em condições ideais teríamos valor 10 a 15% superiores.

“O peso médio dos melhores trepadores (como Contador, Froome) é de 64,4 ± 4,1 kg; os melhores sprínteres do pelotão pesam 71,7 ± 1,1 kg – mais de 7 kg de diferença.” Mas, por muito importante que a potência

o ciclismo, como na maioria das modali-

fatores fundamentais para o êxito, como

desempenha, o vendedor não é sempre o

dades desportivas, a força energética não

a técnica do atleta, a tática adotada e no

homem que produz a mais alta potência

é suficiente para a vitória, e existem outros

caso dos sprínteres a aerodinâmica.

energética, como tão bem o gráfico ao lado demonstra a correlação entre vitória e potência energética não é de modo algum direta. Como podemos

observar

pelo

gráfico, existem vitórias em que o pico de potência máximo não ultrapassaram os 1100W e segundos e terceiros lugares que ultrapassaram os 1600W, em muitos casos, com picos superiores aos vencedores na ordem dos 300 a 400W. Porque isto acontece? A realidade, é que

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renças, mas que fazem a diferença para a vitória. O ciclismo é o mesmo, onde o ciclista, a bicicleta e o equipamento são um todo uno que influencia todo o movimento e como tal a velocidade para lá da potência energética emitida pelo corpo do ciclista. Um dos ciclistas que mais e melhor usa o aerodinamismo em cima de uma bicicleta é M. Cavendish. A posição de M, Cavendish em pelo sprint é ombros baixos e cabeça para baixo, como podemos observar nas imagens ao lado; sendo esta posição a ideal para o sprint. Em

aerodinâmica,

um

elemento que considera todos esses fatores, resumindo-os em um único número. É chamado de CdA (coeficiente de arrasto área) e, de forma simples,

As diferentes aerodinâmicas de cada ciclista

quanto menor o número melhor

permitem diferentes velocidades para uma mesma potência. Para comparação, pense-se na Formula 1, e como em muitos casos pequenas diferenças nos carros (aerodinâmicas) retiram no fim de cada volta centésimos de segundo – pequenas dife-

e mais eficiente será o ciclista. Por exemplo, uma redução na CdA (~ 10%) pode resultar em mais de três metros de vantagem num sprint de 14 segundo.

“o ciclismo, como na maioria das modalidades desportivas, a força energética não é suficiente para a vitória, e existem outros fatores fundamentais para o êxito, como a técnica do atleta, a tática adotada (equipa e atleta) e no caso dos sprínteres a aerodinâmica. ”

As variáveis táticas, que como é compreensível determinantes para o sucesso, são aquelas que são mais difíceis de mensurar, mas ainda assim existem já dados bem interessantes, Para o sucesso de um sprinter, verificouse, que este deve estar na 6ª (± 2) posição no pelotão à entrada do último quilo-

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metro ou no início

atleta está na nona posição, ou abaixo, nos

do último minuto

últimos 500 metros.

da etapa. Quando

Em termos de acompanhamento de equi-

o sprinter entra no

pa, o ideal é dois companheiros de equipa

último

quilómetro

fazerem a aproximação à meta, até sen-

na 9ª posição (± 5)

sivelmente aos últimos 30 segundos da

em sprints em que

meta e em alguns casos, até aos últimos 15

ele acabou no top 10

segundos da meta, já em aceleração forte;

(mas não top 5). Nos

abrindo despois caminho para o sprint

últimos 500 metros para a linha final,

final, que deve durar preferencialmente

o sprinter deve estar na 3 (± 1) posição

entre os 15 e os vinte segundos.

– essa é por norma, a posição dos vence-

Por fim, os dados utilizados neste arti-

dores. Por exemplo, quando o atleta está

go derivam de vários estudos de Paolo

na 8 (± 5), ele não vence por norma. E

Menaspa, professor e investigador des-

nenhuma vitória é conseguida, dentro das

portivo, principalmente na área do ciclis-

melhores competições mundiais, quando o

mo.


VENDEDORES DO TOUR VS. HOMEM COMUM O que nos dizem os mais recentes estudos sobre a Fisionomia dos principais ciclistas de estrada quando comparados com o homem comum No final de uma grande volta por etapas percorrem-se muitas centenas de quilómetros. Numa volta a França, podemos falar em milhares de quilómetros, a maioria das vezes, no final dos 21 dias da volta rainha do ciclismo, a contagem final dos quilómetros ronda os 3.500 km. Percorrer toda esta distância, muita dela em alta montanha e sempre nos limites do corpo humano não é para qualquer um, daí que existam diferenças fisiológicas, entre estes atletas de resistência e pessoas comuns. Existem duas grandes diferenças fisiológicas: o coração e a competência de oxigenação dos músculos. Duas características adquiridas pelo treino. O coração do ciclista tente a ter maiores dimensões quando comparado com “o comum dos mortais” o que lhe permite bombear uma maior quantidade de sangue a cada batimento. O que por sua vez, possibilita reoxigenar pela corrente sanguínea os músculos de forma mais rápida e eficiente. O ventrículo esquerdo dos ciclistas na maioria dos casos tem perto do dobro de um coração normal. Neste ponto, o número de batimentos cardíacos por minutos na média da população é de 70 quando em repouso. Em condições de forma ideal, o valor necessário seria apenas de 40 batimentos por minuto. O ex-ciclista britânico Chris Boardman no seu auge de performance tinha uma frequência cardíaca de repouso de 38. O ciclista espanhol e vencedor de grandes voltas Miguel Indurain tinha uma frequência cardíaca de repouso de apenas 28 batimentos por minuto. O potencial de resistência de um atleta/pessoa pode ser medido através de uma leitura VO2 max, o que mostra a quantidade de oxigênio é utilizado por minuto para cada quilo de peso corporal. Um homem típico de trinta anos e em relativa forma teria aproximadamente um valor em VO2 max aproximado entre 35 e 45. Wiggins, na foto, tem na mesma medida um valor acima de 70, possivelmente, até mesmo a 80. A diferença é imensa. Mais que o dobro.

Tiago Dinis,

colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 53


O MEIO E O IMPACTO NA PERFORMANCE:

TEMPERATURA, PRESSÃO ATMOSFÉRICA E HUMIDADE! Rodolfo R. Pires, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

A

temperatura, a pressão ou a humidade são fatores ambientais que afetam a densidade do ar, e por conseguinte, a relação entre a potência de um ciclista de estrada e a sua velocidade e/ou performance desportiva. Durante uma prova de três semanas, os fatores ambientais são altamente mutáveis, podendo inclusive coexistir diferentes condições atmosféricas numa mesma etapa.

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Algo, mais frequente em etapas de montanha de grande altitude. Um recente estudo de Dan B. Dwyer “ The effect of environmental conditions on performance in temed cycling events”, encontra, através da matemática, uma correlação direta entre o meio e a performance do ciclista em relação à velocidade deste. Os resultados são bem interessantes. É fundamental compreender a com-

plexidade da correlação entre estas três variáveis e o real impacto que possuem na velocidade dos ciclistas, sendo que genericamente, podesse afirmar que os efeito dos fatores ambientais podem significar uma diferença na ordem dos 1,5%, o que é significativo, dado que as margens entre desempenhos entre os primeiros classificados de grande prova, como por exemplo o Tour, são menores entre si. A magnitude do efeito das mudanças em cada fator ambiental na velocidade é diferente. Em geral, mudanças de temperatura têm o maior efeito sobre a velocidade, seguida de pressão e depois humidade. Além disso, a direção de estes efeitos não é o mesmo. A velocidade aumenta com o aumento da temperatura e humidade, mas a velocidade diminui inversamente com o aumento da pressão. Um outro ponto importante é juntando duas destas variáveis podemos ter efeitos opostos do que aconteceriam quando apenas se estudo o seu efeito individualmente. Como por exemplo, um pequeno aumento de temperatura e um grande aumento da pressão barométrica). As condições ambientais ótimas para o desempenho desportivo e no ciclismo são alcançadas quando se alcançam os seguintes valores: 20 ° C, 760 mmHg (1013,25 hPa) e 50% de humidade relativa.


Ciclismo e tecnologia: App The Bike Fit

Abaixo, podemos observar os gráficos do impacto das três vaiáveis em estudo (temperatura, pressão atmosférica e humidade) na velocidade dos ciclistas.

Temperatura (C)

Pressão atmosférica (hPa)

Um recente aplicativo para iPhone promete auxiliar os ciclistas a ajustar a pedalada d«na bicicleta coma a postura ideal. Além disso, o app, batizado The Bike Fit, armazena todas as informações sobre a bicicleta e reúne todos os dados, que podem ser compartilhados com os amigos, nas redes sociais ou diretamente. uma maior competitividade entre os ciclistas; e as bebidas energéticas que ajudam a uma maior e mais rápida reposição dos nutrientes, mesmo em corrida. O aplicativo foi desenvolvido por Dag Rutter, britânico que atua na área da Saúde e é um entusiasta do ciclismo.

Humidade relativa (%) Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 55


O AUMENTO NA PERFORMANCE NA DÉCADA DE 90 FOI CRIADA UNICAMENTE PELO DOPING? Pedro M. Silva,

colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

L

ance Armstrong, em 2003, terminou as 21 etapas da volta a França com uma média de 41,23 hm/h. Um recorde na competição que acompanhou o aumento da velocidade dessa década não só na prova rainha do ciclismo mas em todas as outras grandes provas europeias, como o Giro a Vuelta e as clássicas da primavera. Sendo, que o percursos no geral à época era os mais duros de sempre – maior número de quilómetros de montanha e maiores percentagens de índice de inclinação. Na prática, a década de 90 e inicio dos anos 2000, deu-se a ultima grande revolução (positiva) na performance dos ciclistas profissionais. Mas vamos a alguns factos. Recentes estudos, apontam 4 grandes períodos de expansão de velocidade no ciclimo. O primeiro ocorreu quando as corridas começaram a

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disputar-se de uma forma mais constante e regular, antes da I Guerra Mundial. O segundo foi entre as duas Guerras Mundiais, graças a melhorias nos treinos e ao desenvolvimento de novos materiais usados no fabrico das bicicletas. Quando terminou a II Guerra Mundial, as velocidades voltaram a subir, de forma progressiva, e estabilizaram até aos já mencionados, meados da década de 90, após um período de estagnação de quase trinta anos. Coincidente com o momento em que a EPO, um dos medicamentos com mais efeitos no desempenho desportivo, começou a ser usado como doping no ciclismo de elite. Os números não mentem. Em 10 das 11 maiores provas europeias, a performance melhorou em 6,38%. As distâncias entre os dez melhores e os restantes também diminuíram e os desempenhos tornaram-se mais similares.


MATEMÁTICA, DOPING E CICLISMO - OS NÚMEROS Diferentes estudos contradizem-se, apresentando números distintos, e o segredo do aumento da performance pode estar nos anos 80. Para El Helou, uma das principais referencias mundiais, a conclusão é clara: o aumento da performance no ciclismo é unicamente devido ao doping e à Epo – conclusões publicadas no artigo “Tour de France, Giro, Vuelta, and classic European races show a unique progression of road cycling speed in the last 20 years”. E, El Halou substância as suas conclusões em números bem concretos. Como referido, durante a década de 90 as melhorias na performance subiram 6,38% e o trabalho de Halou após estudos laboratoriais concluiu que a substancia epo concedeu uma vantagem fisiológicaaeróbica aos ciclistas na ordem dos 6,3-6,9%. Como facilmente é observável, os valores são muito próximos entre vantagem fisiológica e vantagem conseguida no terreno. Existe, no entanto, um estudo ainda mais recente que nega pelo menos em parte as conclusões de El Halou. O estudo foi conduzido por F. Hein e Bram Brouwer “Tour, Giro, Vuelta: Rapid Progress in Cycling Performance Starts in the 1980s”. Este estudo aprofunda um pouco mais as premissas e inclui nas suas analise um maior conjunto de fatores que influenciaram o aumento da performance dos ciclistas, como por exemplo, as melhores estradas, o maior tempo de descanso - devido à melhor e mais rápida rede de transportes entre etapas ou a maior gama de testes biológicos que possibilitam um treino mais adequado e personalizado a cada atleta. Assim verificou-se que a dureza das três principais voltas (França, Italia e Espanha) não apresentou acréscimos significativos – anos 90 em comparação com as décadas de 60,70 ou 80.

Ou

A década de 80 – o segredo do aumento da performance Nos anos 80 o ciclismo abriu-se deixando de ser um desporto fechado em meiadúzia de países, e ciclistas da Rússia, Colômbia, Estados Unidos ou Austrália passar a fazer parte do pelotão das grandes voltas. Nesta mesma altura, houve uma explosão comercial e uma procura pelas grandes marcas que investiram muito dinheiro, que para além de melhorarem salários elevaram a qualidade dos materiais e dos treinos e permitiram um maior nível de profissionalismo, mesmo em pequenas equipas o que fez disparar o número de potencial de atletas. Por fim, mais dois fatores ainda que marginais surtiram efeito. O início do Ranking da UCI que criou uma maior competitividade entre os ciclistas; e as bebidas energéticas que ajudam a uma maior e mais rápida reposição dos nutrientes, mesmo em corrida.

Por outro lado, colocando na equação todos estes novos dados, chegou-se à conclusão que a melhoria dos tempos era de apenas 3,18%. Valores que não são assim tão distantes das melhorias que seriam esperavéis. Por fim, este mesmo estudo, que de facto relativiza o impacto na performance da epo no ciclismo profissional, aponta a década de 80, como o período chave para o aumento da velocidade dos ciclistas nas 3 principais voltas por etapas na europa.

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PREVALÊNCIA DE LESÕES

TÉN

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S NA ALTA COMPETIÇÃO

NIS

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Antonio Pedro Silva, Fisioterapeuta desportivo contato@desportoeesport.com A prática do ténis ao mais alto nível envolve uma grande variedade e variação de movimentos, muitos deles repentinos e de grande altercação, que necessita de uma coordenação, agilidade e potência muscular acima da média e acima do que é exigido na grande maioria das modalidades. A isto junta-se ainda épocas longas, para os top 100 estamos a falar de pelo menos 10 meses de competição interrupta – entre treino e torneios, de janeiro a Outubro. As lesões são inevitáveis. Aliás, as lesões nos membros superiores, as que têm um maior grau de incidência, são na sua grande maioria resultado de sobrecarga de esforço. E, num desporto tão tecnicista como o ténis, muitas lesões aparecem também devido ao uso de uma técnica inadequada. Um bom exemplo, é Greg Rusedski, que tinha como principal arma o seu serviço supersónico que lhe valia a vitória em muito encontros, mas que ao longo dos anos lhe tinha deteriorado a sua condição física e fazia com que sofresse inúmeras dores nas costas. Felizmente ele soube adaptar-se e modificou a forma como executava o seu serviço sem que 60 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

este perdesse qualidade. E, existem ainda alguns fatores, que enganosamente podem aparentar ser pouco relevantes, mas mostram-se decisivos, como são bons exemplos: o tipo de empunhadura na raquete, a tensão utilizada nas cordas (vibração), o desequilíbrio muscular e elevada força de preensão manual. O próprio piso influencia diretamente o tipo de lesões. Os pisos mais rápidos geralmente são de material sintético ou cimento. Para aqueles que jogam regularmente neste tipo de pisos, as lesões de membros inferiores são mais frequentes dos guarda-redes, entre outros fatores similares a estes. Ou seja, erros não forçados, como se diz no ténis.


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“O próprio piso influência diretamente no tipo de lesões dos tenistas, e em caso de descuido, podem inclusive potenciá-las. Os pisos mais rápidos geralmente são de material sintético ou cimento. Para aqueles que jogam regularmente neste tipo de pisos, as lesões de membros inferiores são mais frequentes.” Frequência do tipo de lesões em tenistas profissionais Recentes pesquisas, apesar de algumas diferenças, identificam que o local da lesão mais frequente entre os tenistas o cotovelo (20,5%), seguido do ombro (13,6%), joelho (11,4%), perna (9%), coxa (9%), punho (9%), coluna lombar (6,8%), tornozelo (6,8%), coluna cervical (4,54%), coluna

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torácica (4,54%), mão (2,27%), e pé (2,27%). Dentro desta pesquisa e dentro destas lesões, o tempo de afastamento variou entre 1 a 4 semanas em 30% dos casos; sendo que tempo médio de afastamento dos atletas com lesão foi de 9,9 semanas. Apesar de não aparecer na pesquisa, pelo menos não de forma direta, As lesões musculares também são muito frequentes e podem diminuir muito a capacidade dos tenistas. A incidência de lesão em tenistas é de cerca de 56% num período de dois anos. Em outras pesquisas, realizadas por Souza, Dantas e Silva Júnior, a prevalência de atletas lesionados foi de 59,09%. Ou seja, mais de metade dos tenistas, irá ter uma lesão significativa. As lesões têm ainda mesmo mais incidência em atletas jovens, entre os 14 e os 17 anos.


O cotovelo, como vemos pelos dados acima

tratamento e a continui-

mostrados, é a lesão mais frequente, e den-

dade nos treinos e jogos,

tro das lesões no cotovelo, aquela que mais

a degeneração aumenta

vezes se verifica é epicondilite lateral, tam-

e pode levar a rupturas

bém conhecida como cotovelo do tenista.

tendinosas.

Trata-se de uma inflamação nos tendões

O tratamento deste tipo

dos extensores de punho, que ocorre na

de lesão vai desde o uso

maior parte das vezes em decorrência do

de

movimento errado de backhand. Quando

fisioterapia até a cirurgia,

não é tratada corretamente, essa inflama-

caso a lesão seja muito

ção pode causar uma desestruturação nas

crônica e o tendão esteja

fibras internas do tendão, o que pode levar

rompido.

a um processo degenerativo e consequent-

Hoje em dia também se

de ruptuta do tendão, a injeção do plasma

emente a fissuras das fibras desse tendão.

discute muito o uso de PRP (Plasma Rico

rico em plaquetas pode fazer com que a

Essas fissuras podem causar inicialmente

em Plaquetas) para tratar a epicondilite

ruptura seja cicatrizada, sem a necessidade

dores leves, porém com o tempo, a falta de

lateral. Tem- se observado, que em casos

de cirurgia.

anti-inflamatórios,

“As lesões são inevitáveis. Aliás, as lesões nos membros superiores, as que têm um maior grau de incidência, são na sua grande maioria resultado de sobrecarga de esforço. E, num desporto tão tecnicista como o ténis, muitas lesões aparecem também devido ao uso de uma técnica inadequada... outras fatores de lesão são: o tipo de empunhadura na raquete, a tensão utilizada nas cordas (vibração), o desequilíbrio muscular e elevada força de preensão manual.”

Na mesma pesquisa acima mencionada,

de lesão. Ao verificar a relação da idade

É necessário que o atleta, seja ele profis-

observa-se uma grande incidência de lesão

com o número de torneios disputados no

sional ou pré-profissional, faça um trab-

em atletas jovens, menores de 17 anos,

ano, observou-se uma relação estatistica-

alho preventivo em paralelo ao treino para

78,6% já tiveram algum tipo de lesão;

mente significativa, com p = 0,0003 para

fortalecer a musculatura. Além disso, o

alguns, inclusive, mencionaram mais que

os atletas com idade inferior a 17 anos que

atleta deve fazer alguns treinos para cor-

uma. Nessa faixa de idade, apenas 21,4%

disputam cerca de 6 a 10 torneios por ano.

reção de técnica e treinos sensório motor.

não foram lesionados em virtude da práti-

Esses são também os que mais se lesionam,

O fisioterapeuta deve igualmente saber

ca do tênis nos últimos 24 meses. Ao

seguidos pelos atletas com idade entre 21

auxiliar os tenistas por meio da preven-

relacionar-se a incidência de lesão com

e 40 anos, que disputam mais que 10 tor-

ção e reabilitação das lesões, visando à

o número de torneios disputados ao ano,

neios por ano.

melhoria e o desempenho do atleta, cor-

observou-se uma relação de dependência

A

fisioterapia aparece como a melhor

rigindo desequilíbrios musculares e erros

com p = 0,035, o que evidenciou que os

das armas, já que atua não só no trata-

biomecânicos. E junto com o treinador

atletas que disputam de 6 a 10 torneios

mento dessas lesões, mas também faz um

corrigir erros de técnica que possam preju-

por ano são os que mais têm incidência

trabalho muito importante de prevenção.

dicar o atleta.

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A INFLUÊNCIA DOS PENSAMENTOS NA PERFORMANCE ESPORTIVA Samira Saint Martin Psicóloga esportiva. Especialista em Terapia Cognitiva. samira.psicologia@gmail.com

A

influência dos aspectos psicológicos no desempenho de atletas começou a ser discutido no início do século XX. Desde essa época já falava-se sobre a importância e o diferencial da preparação psicológica e não apenas a preparação física. Segundo Weinberg & Gould (2008), a Psicologia do esporte estuda o comportamento de indivíduos no contexto de esporte e atividade física. Além disso, busca entender os efeitos de fatores psicológicos sobre o desempenho físico; e entender os efeitos da participação em atividades físicas sobre o desenvolvimento psicológico, bem estar e saúde dos indivíduos. O ambiente esportivo é rico em situações em que é preciso ajudar o atleta a entender seus pensamentos automáticos e suas crenças, pois eles podem influenciar diretamente na sua performance. Ajudando-o a avaliar essas questões e a modificar as distorções cognitivas, há uma mudança no humor e na emoção que envolve uma determinada situação, podendo então melhorar sua performance ou pelo menos, evitar uma queda de rendimento. É de fundamental importância que o psicólogo conheça o esporte no qual está atuando, pois as exigên-

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cias variam de esporte para esporte. Além disso, quando seu trabalho é constante, o psicólogo já tem conhecimento sobre as exigências psicológicas específicas do esporte em que atua, tem conhecimento sobre carga de treinamento, o calendário de competições e a necessidade e importância de se trabalhar em uma equipe multidisciplinar. A terapia Cognitiva é uma abordagem da Psicologia criada por Aaron Beck, norte-americano, professor na Universidade da Pensilvânia, na década de 60. O modelo cognitivo propõe a ideia de que as emoções e os comportamentos das pessoas são influenciados pela percepção que elas tem dos eventos em suas vidas. Não é a situação em si que determina o que as pessoas sentem, ou a forma como se comportam, mas sim a interpretação que fazem da situação. Um atleta, por exemplo, pode ficar muito ansioso ao participar de sua primeira competição internacional, mesmo tendo muita experiência em competições nacionais e competindo contra os mesmos adversários. O modelo cognitivo leva em consideração a tríade pensamento-emoção-comportamento e trabalha com a ideia de que o pensamento disfuncional ou seja, aquele que influencia negativamente o humor e o comportamento seja modificado, produzindo uma melhora em ambos.


Desde a infância, as pessoas desenvolvem determinadas crenças

no meio esportivo.

sobre si mesmas, sobre as pessoas ao seu redor e sobre o mundo.

O papel da cognição é central porque determina como o atleta

Elas tentam colocar um sentido no ambiente em que estão inseri-

reage emocionalmente à um estímulo percebido.

das desde os primeiros anos de vida e assim, vão organizando sua

Há um processo cognitivo que determina a relevância de um

experiência de uma forma que para elas se torna coerente para

evento, ou objeto, que resulta em uma resposta emocional e

funcionar de um jeito mais adaptativo. Consequentemente, suas

assim, comportamental. Segundo Jones (2003), o papel da Terapia

interações com o mundo e com as outras pessoas conduzem a

Cognitiva é fazer com que o atleta, faça uma reinterpretação de um

determinados entendimentos e aprendizagens, gerando assim suas

dado evento, para que a partir daí ele consiga modificar alguma

crenças. O trabalho do psicólogo cognitivista é ensinar o atleta a

emoção disfuncional diante de tal evento, afim de evitar uma

identificar seus pensamentos automáticos disfuncionais, avaliar

queda no seu desempenho.

e modificá-los, tendo como objetivo, um alívio dos sintomas,

Muitos teóricos como Vallerand e Blanchard, consideram a

pois sabe-se que esses pensamentos influenciam diretamente nas

emoção como uma função de adaptação que pode mediar e energi-

suas emoçoes. A Terapia Cognitivo-Comportamental utiliza uma

zar comportamentos subsequentes, garantindo uma mudança nos

variedade de técnicas cognitivas e comportamentais para ajudar o

recursos físico e mental de uma pessoa diante de uma tarefa. As

atleta na mudança de pensamento, humor e comportamento. Por

emoções geradas por pensamentos podem levar o atleta a buscar

isso essa abordagem terapêutica está sendo cada vez mais utilizada

seus objetivos ou se afastar dele.

“O ambiente esportivo é rico em situações em que é preciso ajudar o atleta a entender seus pensamentos automáticos e suas crenças, pois eles podem influenciar diretamente na sua performance. Ajudando-o a avaliar essas questões e a modificar as distorções cognitivas, há uma mudança no humor e na emoção que envolve uma determinada situação, podendo então melhorar sua performance ou pelo menos, evitar uma queda de rendimento.”

Certas emoções podem afetar positiva ou

vista como facilitadora para alguns deles,

sa orientar seus atletas a identificar seus

negativamente, dependendo do atleta e da

dependendo da modalidade esportiva.

pensamentos automáticos e questionar a

situação. Ele pode se sentir culpado por

Quando os atletas se encontram em um

sua validade.

seus erros frequentes durante uma partida

estado particular de humor, eles filtram as

A partir desses achados, o psicólogo

de futebol, e por isso, evita receber a bola

informações mantendo esse estado emo-

desenvolve um plano de ação para o tra-

para não cometer mais erros e atrapalhar

cional, interpretando-as de forma a con-

balho com o atleta e a equipe, a fim de

a equipe. Por outro lado, um atleta que

firmar suas crenças. A recordação está

reavaliar seus pensamentos disfuncionais,

passa pela mesma situação, pode querer

afetada pelo estado de humor atual da

modificando suas emoções em relação a

ter maior posse de bola para tentar mel-

pessoa, relacionado ao valor afetivo da

tal situação e consequentemente, seu com-

horar seu rendimento e reconquistar a

memória recuperada. Sentimentos como

portamento.

confiança da equipe. Muitos jogadores

raiva e alegria são significados que atribuí-

Atualmente a preparação psicológica é

dizem gostar de jogar com um nível mais

mos a conjuntos de sensações subjetivas

o diferencial entre atletas de alto nível.

alto de ansiedade, pois esse nível mais alto

associadas a reações físicas que se mani-

Centésimos de segundos separam o pri-

de excitação facilita a performance.

festam diante de um evento. Essas e outras

meiro do último colocado em provas olím-

Isso confirma a ideia de que cada atleta

emoções refletem a capacidade de atribuir

picas importantes.

faz uma interpretação diferente da situa-

valor às situações que, por fim, influen-

Sendo assim, a reestruturação cognitiva e a

ção de competição e como se sente diante

ciam o comportamento apresentado.

importância de lidar com os sentimentos,

dela, pois mesmo a ansiedade pode ser

O psicólogo atuante no esporte, preci-

podem levar um atleta à sua glória.

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RUGBY & CIÊNCIA O DESGASTE FISICO 66 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


O E PSICOLOGICO Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 67


Como a ciência está a demonstrar na perfeição o desgaste motor e mental dos atletas de Rugby profissional!

A

Rui P. Gavião, especialista em desporto contato@desportoeesport.com utilização de diversas tecnologias no Rugby profissional, como aparelhos de GPS e sensores de movimentos e de embate, tem permitido em diversas modalidades perceber de forma mais exata qual o desgaste físico dos atletas e por conseguinte quais as “perdas” psicológicas de um jogo. Informações sobre distâncias percorridas, velocidades de execução,

frequências cardíacas, necessidades respiratórias, intensidades dos impactos e energias gastas são recolhidas e analisadas por software e existem conclusões muito interessantes relativamente a estes desportos: Um defesa durante uma única partida sofre em média 120 impactos – tackle, ruck/maul ou quedas no solo; os atacantes/pontas, os jogadores mais ofensivos, mais que dobram esses valores, e sofrem em média 300 impactos por jogo – sendo que pelo menos 70 desses impactos tem uma força de 8g (G-force); os impactos ocorrem com uma maior incidência na segunda metade 65%, contra os 35% da primeira metade do jogo. Os defesas percorrem uma distância média de 7 a 7,5 km; os atacantes, um pouco menos, entre os 5 e os 7 km, dependendo da posição mais especifica em campo. Destes valores, cerca de 70% é feita andando ou em corrida lenta, 25% é gasto em corrida moderada e 5% em sprint. A distância media de cada sprint é de 20 metros e acontece 30 vezes por jogo para cada jogador; ocorrem, entre caminhar, corrida e sprint, cerca de 750 mudanças de velocidade, ou seja uma alteração de rapidez de movimentos em cada 3 a 4 segundos. Os atacantes passam mais tempo em exercícios de alta intensidade e passam por maiores períodos de maior esforço, como é aliais natural em qualquer desporto. Os atacantes queimam cerca de 2000 quilocalorias; em comparação, os defesas gastam apenas 1700 quilocalorias em média. Estes valores são 25% maiores do que os que são medidos em jogadores de futebol profissional. A carga e o desgaste psicológico, como pelos valores apresentados é facilmente adivinhável, é mais sentida na segunda parte, onde existem mais acelerações e onde existem quase o dobro dos impactos. Para não falar da maior pressão do resultado final a fazer-se sentir mais forte a cada novo minuto. Não é, então, surpreendente que muitas das goleadas se começam a desenhar nos últimos trinta minutos do jogo, onde a fisiologia, e as suas diferenças, se começam a notar com mais violência, e com isso uma menor frescura na tomada de decisão.

Ciência e Desporto 68 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


“Um defesa durante uma única partida sofre em média 120 impactos – tackle, ruck/ maul ou quedas no solo; os atacantes/pontas, os jogadores mais ofensivos, mais que dobram esses valores, e sofrem em média 300 impactos por jogo – sendo que pelo menos 70 desses impactos tem uma força de 8g (Gforce); os impactos ocorrem com uma maior incidência na segunda metade 65%, contra os 35% da primeira metade do jogo.”

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RUGBY BRASIL -

EM CLARO CRESCIMENTO, ESTÁ A TORNAR-SE UM NEGÓCIO E GANHA NOVOS ADEPTOS TODOS OS DIAS

O

Rugby no Brasil tem quase século e meio. Segundo o historiador Paulo Varzea o primeiro clube em terras brasileiras com praticas desta modalidade data de 1875. Ainda assim, a expressão do Rugby no Brasil é bastante diminuta, mas a situação está a alterar-se. E tudo graças ao impulso dado por vários ex-atletas, liderado por Sami Arap. Arap, um advogado de 50 anos, jogador nos tempos de faculdade e capitão da seleção brasileira, apesar do talento nunca chegou a profissional. Após um afastamento de quase duas décadas do Rugby, decidiu voltar, e agora como dirigente e tem mudado a face deste desporto, como era seu objetivo. Tudo começou em 2010, há apenas 4 anos, quando ajudou a profissionalizar a confederação brasileira, e os frutos já são palpáveis. O orçamento saltou de 30 000, em 2010, para 12 milhões de reais, em 2013. Em 2014 17 milhões de reais — o mesmo do handebol, que levou três décadas para atingir esse patamar – e com resultados internacionais assinaláveis, com a vitória feminina no ultimo campeonato do Mundo. Em grande medida, este impulso também advém da inclusão do Rugby de 7 nas Olimpíadas de 2016, exatamente no Brasil, e no impulso levado a cabo pelas autoridades desenvolvimento desporto brasileiro. Mas, o Rugby não vive dos dinheiros públicos,

e a lista de patrocinadores privados é de mais de 17 empresas distintas, entre elas, o banco Bradesco e a fabricante de bens de consumo Unilever, que vai montar o primeiro centro de formação de atletas da modalidade, para até 100 jovens de 15 a 19 anos. Para além de outras marcas já associadas a este desporto, com a Heineken e a Alpargatas. Com o aumento de orçamento, as equipas registadas dispararam das anteriores 70 para as atuais 2011, assim como, a qualidade do jogo praticado – em 2011 a seleção Brasileira venceu pela primeira vez a Argentina, uma das potências do Rugby, num torneio regional, por 7 a 0. E estes bons resultados têm chamado a atenção dos mídea e dos adeptos, com transmissão televisivas e com audiências estimadas em 1 milhão de espectadores. A formação de novos atletas tem sido uma das principais prioridades das entidades brasileiras e espera-se que surjam os frutos já nos próximos anos e olha-se com atenção, para não dizer que se segue o mesmo modelo, para a Confederação Brasileira de Vólei (CBV) e a sua caminhada desde os anos 70, que tornou o voleibol brasileiro uma potência mundial. O próximo passo é a profissionalização dos jogadores com ordenados que superem a atual pedia de 3 350 reais por mês, pouco mais que 1000 euros.

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Arbitragens e meios 72 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


OFFSIDE:

AS POSSÍVEIS TECNOLOGIAS NUM FUTURO PRÓXIMO. GpSorts: Um sistema utilizado no rugby que está a ser desenvolvido para o futebol! O que é? Como funciona? E quais as suas vantagens? O vídeo-árbitro, que analisamos em mais pormenor mais à frente, pode de facto ser uma imensa mais valia para a arbitragem. Mas, tem desde logo conta não ser 100% fiável e depender da análise e interpretação humana, nomeadamente de um novo árbitro ou equipa de arbitragem. Tem ainda a dificuldade de “mexer” com a dinâmica do jogo, obrigando no mínimo a novas paragens, sendo o que vulgarmente se apelida de uma tecnologia intrusiva. Assim, talvez a revolução tecnológica deva começar com ferramentas que não alterem a dinâmica do jogo tal como a tecnologia da linha de golo, por modelos tecnológicos que primeiro eliminem a subjetividade na análise e sejam não intrusivos, ou seja, não obriguem à criação de novas regras. Uma boa opção aparece pelas mãos da empresa pela GPSports e pretende utilizar a tecnologia de GPS (Global Positioning System) para o off side: lei do fora-de-jogo em Portugal ou no Brasil a lei do impedimento. No futebol, a tecnologia de posição por satélite não é sequer uma novidade, e há muito que é utilizada pelos clubes e equipas técnicas para recolher dados e informações sobre os seus atletas. Nem é de espantar que assim seja. A tecnologia GPS mostra-se uma solução portátil, não invasiva, de medição continua, de acesso livre e fácil a satélites e de fácil armazenamento para posterior análise.

tecnológicos Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 73


O sistema de fora-de-jogo que a GPSports esta atualmente a desenvolver: funciona como um sistema de alerta que envia um sinal sonoro por fone ao ouvido do árbitro que o alerta – um quarto de segundo depois, quando acontece um passe para lá das regras dos legais. O espaço de erro deste sistema é de 1cm, bem acima da margem de erro humano. O porta-voz GPSports Sistema Damien Hawes afirma: “Eu posso confirmar que vamos ter um sistema de posicionamento para o futebol que vai descer a um centímetro ade precisão e confiabilidade de onde a bola se move no campo.” O Rugby, ao contrário do futebol, tem uma ligação mais estreita e pacifica com a tecnologia na arbitragem, e o vídeoárbitro faz já parte desta modalidade há vários anos. E tem sido utilizado para retirar diversas dúvidas durante o jogo como as faltas ou o jogo sujo, falhando no entanto, na observação para os casos onde a bola é passada para a frente. Para os menos acostumados com esta modalidade, os passes tem de ser sempre efetuados para trás. Um sistema semelhante ao fora-de-jogo para o futebol, desenvolvido igualmente pela GPSports, esta a ser desenvolvido e pode entrar no jogo em muito breve tempo. O sistema funciona de forma muito simples, um microship e bateria do tamanho da uma unha do dedo mindinho está incluído na estratificação das bolas de Rugby. Os sinais são enviados e tratados via satélite e computador – vídeo-árbitro, e quando se dá alguma irregularidade no passe, um sinal sonoro dispara no ouvido do árbitro, à semelhança do sistema homónimo no futebol. Hawes relativamente ao Rugby disse: “Vai dizer (as equipas de arbitragem) exatamente o que ângulo em que a bola deixa as mãos de um jogador dentro de um quarto de segundo” A tecnologia tem muito a oferecer às equipas técnicas e à verdade desportiva do jogo, quer no Rugby, mas principalmente no futebol, onde a sua implementação está bem mais atrasada. Escolher corretamente que tecnologias apostar é crucial para que estas novas soluções possam fazer o seu caminho de forma natural e que não mexa com as leis do jogo e as suas dinâmicas. Fundamental para a vitória e para as diferentes variações do jogo em campo a cada novo encontro e a cada novo adversário.

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As possibilidades do Google Glass... Novamente neste ponto o campeonato Alemão de futebol está um pouco à frente de todos os outros e está a pensar seriamente usar a tecnologia do Google Glass possibilitando os árbitros ver repetições dos golos, eliminando assim a possibilidade de golos fantasma. O chefe da arbitragem alemã, Andreas Retting, acredita fortemente na tecnologia e está desposto a apostar em ferramentas imergentes. E, muito técnicos, apontam a validade desta tecnologia da Google para maiores horizontes e afirmam que esta ferramenta que na realidade é um computador portátil com um display óptico pode ser usado, depois de desenvolvido o software adequado para auxiliar os árbitros nos fora-de-jogo. Falta aqui ainda muita pesquisa e testes mas deve ser encarado como uma forte possibilidade. E uma possibilidade de baixo custo.

... e dos drones

Talvez ainda mais fácil será utilizar um drone, pairando sobre o terreno do jogo a várias dezenas de metros para tirar o off-side de forma correta e automática. Equipando com uma câmera de alta resolução e um software adequado pode através da realidade virtual facilmente verificar e avisar o arbitro principal quando um jogador está adiantado. Ao contrário do que é esperado esta ferramenta não comporta consigo investimentos muito elevados; hoje a maioria dos grandes jogos já são filmados usando também câmeras drone. Tal como o Google Glass precisa de mais tempo e de verdadeiros testes para garantir a sua eficácia.


RFID NO FUTEBOL RFID - IDENTIFICAÇÃO POR RÁDIO FREQUÊNCIA UMA TECNOLOGIA QUE PERMITE SABER COM EXATIDÃO A POSIÇÃO DOS JOGADORES E DA BOLA.

Originado da língua inglesa a sigla RFID tem o significado de “Radio-Frenquency IDentification” traduzindo para o português Identificação por Rádio Freqüência, o “RFID é uma tecnologia bastante flexível e de bastante utilidade” e com muitas potencialidades.

mações de um dispositivo RFID para o leitor. A contribuição do RFID dentro do futebol se dará através de informações passadas diretamente para os árbitros onde um chip se encontrará na bola que trocará informações com um relógio e pulso em poder do árbitro.”

O conceito de RFID de “é muito parecido com ao do código de barra; onde no código de barra se utilizam leitores e etiquetas contendo os códigos com informações dos produtos como valor, nome, entre outros.

As grandes vantagens desta tecnologia, se bem implementada, é saber com exatidão a posição da bola e dos jogadores em todos os momentos de uma partida de futebol.

O RFID também utiliza leitores e dispositivos que são unidos aos itens, a transferência de dados do código de barra se dá através de um sinal ótico para transferir as informações das etiquetas para o leitor, o RFID utiliza sinais de rádio para realizar a transferência das infor-

Com uma unica tecnologia seria assim possivel descortinar a lei do off-side e se a bola passou ou não a linha final e a linha de golo. Eliminando a necessidade de outras tecnologias.

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WWW. DESPORTOEESPORT.COM AS MATÉRIAS MAIS LIDAS DO BLOG Guardiola: Taticas de Barcelona a Bayerm!

NBA: Estamos a chegar ao limites fisicos?

O impacto psicologico das lesões

Futebol Zona 14: o que é?

Estatisticamente quem é o melhor guarda-redes do mundo?

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www.DesportoeEsport.com AGORA TAMBÉM DISPONÍVEL COMO APLICATIVO PARA DISPOSITIVOS MÓVEIS.

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TECNOLOGIA: O SEGREDO NA PREPARAÇÃO DE BENZEMA, BOLT, RONALDO OU NADAL

Rui P. Gavião,

especialista em desporto contato@desportoeesport.com

A

tecnologia no desporto veio para ficar! A ciência é cada vez mais a principal arma diferenciadora entre atletas de topo e de valia semelhante. Apoiar o treino numa nova ferramenta que mais ninguém tem ou sequer conhece é uma vantagem significativamente grande que no fim pode valer uma Taça de campeão. A nova e entusiasmante tecnologia do momento é o colete eletroestimulante, que ganhou grande visibilidade após o avançado do Real Madrid Benzema, colocar no seu facebook uma foto com ele posto (foto acima). Mas não é só Benzema que retira vanta-

gens desta tecnologia, também Cristiano Ronaldo o usa, bem como Nadal e toda a equipa Alemã campeã do Mundo. Como é imaginável, funciona através de pequenos choques elétricos, que apesar de não serem dolorosos podem ser desconfortáveis, que acelera a comunicação entre músculos e cérebro já é um processo de geração de energia. Entretanto, em uma atividade de uma hora e meia a duas horas, mesmo de um atleta de ponta, consegue-se utilizar no máximo 50% da capacidade das fibras musculares. A utilização deste colete faz com que a eletricidade penetre no restante e faça com que uma capa-

cidade de até 90% seja alcançada. Embora não pareça um exercício tão forte, o estímulo enviado ao cérebro é de uma prática muito mais potencializada, que traz resultados maiores. e rapidos A rapidez é alias outro atrativo para c atletas, que possuem pouco tempo de intervalo entre competições ou jogos, como jogadores como Benzema, que possuem agenda apertada. E pode e deve ser usado por atletas desde o MMA até os de golfe; e em contraciclo com atividade que m trabalha muito as pernas diariamente recebe uma maior atenção nos membros superiores - braços ou peito.

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Calcutando o

FACTOR

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SORTE

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Calcutando a “sorte” Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

Futebol: Um desporto aleatório? Ou o êxito resulta da táctica? – Uma abordagem cientifica e baseada em números Para aqueles que leram com atenção “Futebol & Futsal: para bem defender – coordenação ocular-motor” no topo da revista talvez já consiga adivinhar o “número” do fator sorte. Até porque os resultados advêm do mesmo estudo do Dr. Rolando Loy - no seu estudo futebol e a “aleatóriedade” e como ela influencia o resultado final. O resultado do estudo é surpreendente e aponta o fator aleatório, que os adeptos apelidam de sorte, como absolutamente determinante para o resultado final. E a “sorte” e o “aleatório” têm aumentando a sua influência nas última década – algo é de antemão totalmente contraditório com o aumento da importância da tática e da ciência no futebol que (promete) não deixar nada ao acaso.

“O fator “sorte” no futebol, segundo o estudo de Roy, varia entre os 40% e os 46% no total de golos marcados nos campeonatos europeus. Nos campeonatos sulamericanos, asiáticos e africanos os números são previsivelmente superiores.”.

Akinfeev (Rússia) poucos momentos após ter protagonizado o primeiro “frango” do Mundial de 2014.

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Definindo aleatório ou sorte, pelo menos no contexto em que o usamos neste texto, é um conjunto de erros não forçados, um pouco à imagem do ténis, em que os jogadores cometem falhas à margem do jogo e que surgem sem pressão da equipa adversária. Tais falhas podem ser: passes errados, frangos do Guarda-redes, falhas no relvado que fazem variar a direcção da bola, etc.

Vamos aos números Comecemos por analisar o trabalho de Loy. Ele estudou 1.200 jogos da Bundesliga – linha Alemã da primeira divisão por mais de 3 anos, e chegou à conclusão de que 60% dos golos são marcados de facto como resultado de uma capacidade atlética e/ou técnico das equipas e do seu processo ofensivo. No enquanto 40% resultam como resultado de puro acaso. Isto significa que 40% de todos os golos são resultado de erros não forçado – aleatórios e imprevisíveis. O estudou olhou ainda para outras linhas europeias como a Lida de Espanha, Inglaterra, Holanda, Suíça, Bélgica e Portugal. Os números aqui ainda sobem mais, para os 46%. Existe ainda mais um dado que nos faz entender quão aleatório pode ser uma partida de um jogo de futebol. Loy na sua pesquisa focada desta vez na Liga dos Campeões percebeu que 35% dos toques dos jogadores na bola era pura coincidência – compensações dos defesas, maus passes, recessão da bola após alivio, bola vinda de cortes, etc.

Ganhar é eliminar erros Eliminar os erros não forçados é o caminho para a vitória e quem o fizer mais eficientemente tem garantido o caminho para títulos. Um excelente caso disso mesmo, é o Borussia de Dortmund. O clube alemão pode não estar a passar um bom momento, mas na última vez que foi campeão em 2011/2012 eliminou grande parte dos seus erros. Especializada no contra-ataque e em transições defensivas rápidas, perdeu apenas 12 vezes a bola em zonas recuadas e de perigo em 3400 das suas jogadas de ataque.

As soluções? Grande capacidade de coordenação aliadas a uma técnica irrepreensível e a uma disposição física que diminua os efeitos do desgaste. Existem jogadores que possuem estas três características, alguns bons exemplos são Cristiano Ronaldo, Yaya Toure, Zlatan Ibrahimovix, Mario Gotze ou Andres Iniesta. Um outro ponto, que parece, pelos estudos feitos, ser determinante é a idade em que os jogadores começam a jogar à bola de forma mais serio e recebem uma formação condizente com as necessidades do futebol atual.

A culpa é da velocidade... Os números são claros: hoje no futebol correse mais e mais rápido. Por exemplo, de 2002 para 2006 o número de sprints – corridas a alta velocidade aumentou uns estonteantes 50%. E na última década, os médios centros passaram de distancia por jogo na ordem dos 12 km para os 16 km. Ou seja, e repetindo a ideia – mais corrida e mais rápido. E a previsão, é que nos próximos 5 anos, o futebol aumente ainda mais 15% a sua velocidade. Isto demonstra uma evolução clara no futebol a nível físico que a maioria dos jogadores actuais não foram preparados e treinados para lidar na sua formação. Sendo-lhes difícil lidar com o maior desgaste de cada partida em temporadas cada vez mais longas. Assim, não é de estranhar que más decisões e um maior número de erros sejam mais frequentes, principalmente nos últimos 25 minutos das partidas.

...que causa desgaste Um das principais questões no desgaste dos jogadores de futebol é o sprint – corrida rápida (máxima) e a sua recuperação. Por exemplo, um futebolista em média faz 100 sprints por jogo, cada um com uma duração de algo entre 2 e 5 segundos. O tempo de recuperação é mínimo – uma proporção de 1: 2 – Trabalho-Descanso. O que significa que o requisito mais importante é preparar os jogadores para a recuperação de sprints repetidos. A velocidade, a aceleração e capacidade de mudar de direção – todos prejudicados quando um jogador está “cansado” – são a diferença entre bons e grandes jogadores, e a diferença entre o êxito ou o fracasso. O esforço acumulado de sprints repetidos tem uma diminuição na capacidade do desempenho, um efeito mais devastador conforme se vai avançando na partida. Na prática, e continuando a fixar-nos na distância de 30 metros, no fim do jogo, o atleta é 8% mais lento, o que significa uma distância concreta de 2 metros de diferença.

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Estatisticamente quem são os melhores defesas do Mundo? David Luiz foi bem e mal vendido pelo Chelsea? E Marcelo – é um bom defesa? Pensando nos erros não forçados é impossível não individualizar jogadores e a realidade mostra que existem futebolistas mais propensos para o erro que outros. E existem zonas do terreno onde esses erros são mais determinantes que outros. Relativamente à época 2013/2014 pode observar em detalhe aqui as estatísticas em gráfico dos principais defesas (centrais e laterais), no website infogr.am. Ao lado, pode ver o gráfico dos melhores laterais da Europa.

% dos erros dos laterais de topo na Europa

Um caso exemplerar é o de David Luiz – bem ou mal vendido pelo Chelsea? Agora, após a sua exibição nos oitavos pelo PSG na Liga dos campeões que resultou na eliminação do Chelsea, todos dirão que foi um tremendo erro vendelo. Olhando para os seus números talvez nem tanto. Ora vejamos, 20,7% de suas acções defensivas foram erros não forçados e 2,3% foram erros críticos. Apenas 9 defesas em equipas de topo da Europa cometeram mais erros do que ele.Ele pode até marcar golos importantes. Ser um factor decisivo de motivação e carisma da equipa, ser até um dos dois defesas da FIFA mas a longo prazo, os seus erros contam mais. Um caso semelhante é o do brasileiro Marcelo do Real Madrid. Ele pode ser importantíssima para o ataque mas na defesa, 21,1% das suas acções defensivas foram erros e 1,4% de suas acções foram erros críticos que colocaram dificuldade acrescida à sua equipa e muitas delas resultaram em golo. Ele é um dos defesas menos confiaveis na Europa. A Juventus, por outro lado, tem a linha de defesas que cometeram o menor número de erros. Essa é a melhor maneira de garantir a vitória. A equipa francesa Ajaccio está no oposto da “vecchia signora” e com ambos dos seus defesas centrais com uma percentagem de erros não forçados de 20%. Facilmente se advinha o que lhe aconteceu: desceu de divisão.

David Alaba é excepcional. Marcel Schmelzer do Borussia Dortmund, frequentemente acusado de imprudente, é um dos melhores defesas da Europa. Ele quase não erros. Assim como Sagna, sempre sentado no banco de suplentes do Man City. Estes dados dizem-nos duas coisas: primeiro, a nossa impressão de qualidade de um jogador pode muito bem estar errada e em segundo apostar na intuição em razão dos números pode significar a derrota. Claro que os números não são tudo mas são bastante e nega-los pode ter consequências desastrosas.

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CORRIDA E JOGGING: PODE LITERALMENTE REJUVENESCER O CORPO HUMANO? A capacidade física do Homem conhece uma significativa desaceleração, para usar uma expressão simpática, com o passar dos anos. As pessoas mais velhas vão ganhando uma maior incidência de obesidade, artrite, doenças cardíacas e diabetes; e com maiores impactos negativos nos casos de sedentarismo. Muitos de nós, assim como a própria comunidade medica e científica, acreditam que esta é a lei da vida e as menores e a diminuição das capacidades físicas com o passar dos anos é inevitável. Mas pesquisadores da Universidade do Colorado, em Boulder e Humboldt State University, em Arcata, Califórnia., têm uma opinião ligeiramente diferente e questiona se a lenta decadência da facilidade física das pessoas mais velhas é realmente inexorável ou se ele pode ser retardado ou revertido por outros tipos de exercício e, em particular, através da execução da corrida ou jogging. Após pesquisa, a conclusão é surpreendente, sendo no entanto altamente motivadora: a corrida mitiga os efeitos do envelhecimento, assim como rejuvenescer, literalmente, o corpo. Note-se que estes resultados não são os mesmos quando se refere à simples caminhada. Os pesquisadores especulam que esta diferença reside no fundo de células musculares. Exercício aeróbico intenso ou prolongado, como correr, é conhecido por aumentar o número de mitocôndrias nas células musculares, disse Justus Ortega, agora um professor associado de cinesiologia na Universidade de Humboldt, que liderou o estudo. As mitocôndrias ajudam a fornecer energia para estas células. Então, mais mitocôndrias permite que as pessoas a se mover por longos períodos de tempo com menos esforço, disse ele. Os corredores também podem ter uma melhor coordenação entre os músculos do que os caminhantes fazer, Dr. Ortega disse, o que significa melhores resultando em termos energéticos.

Publique conosco As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores. Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons, contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos. www.desportoeesport.com/publique-conosco

Termos e Condições 1 – É permitido submeter um artigo para publicação por parte de qualquer pessoa maior de idade e de qualquer nacionalidade. Todos os textos deverão ser originais e nunca antes publicados em qualquer plataforma. A única exceção são os artigos científicos pela qual o autor deverá ter os direitos de republicação. 2 – Todos os textos têm de estar em Português. Os diferentes “sotaques” não são problema. 3 – No topo do texto deve ser indicada a preferência no meio de publicação. Ex: Exclusivamente na revista digital. Exclusivamente na plataforma Web. Ambas. Preferencialmente na revista digital. Todos os textos com mais de 430 palavras e devem vir acompanhados de um pequeno resumo ou Abstract.

...

Mas seja qual for a razão, a corrida definitivamente mitigou o declínio do envelhecimento e com resultado que tem implicações para além do laboratório de fisiologia. Num mundo onde o envelhecimento é uma doença, rejuvenescer naturalmente e pelo exercício, parece ser um excelente método e também o mais saudável.

Pedro M. Silva,

colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 85


A INFLUÊNCIA DO SONO NA PERFORMANCE ESPORTIVA AS PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS NA PERFORMANCE PELA FALTA DE SONO.

Gina Costa Ramos Fisioterapeuta clinica gianaramos@yahoo.com.br www.caespsaude.com.br

Quando não dormimos bem o corpo fica quebrado como se tivesse passado um caminhão por cima, Os músculos ficam mais lentos, ocorre queixas de dores de cabeça, não conseguimos comer bem, enfim abre-se uma cascata de problemas que não cessam até a hora de, finalmente dormir. Imagine se nesse dia houvesse uma prova das olímpiadas do Rio 2016? Pior que com toda a ansiedade certamente os atletas perdem noites de sono durante o período olímpico, pensando nisso vou escrever sobre os prejuízos que não pregar os olhos a noite inteira pode trazer para a performance esportiva. O que é o sono? Os estudos sobre sono são antigos, mas a cada em nova pesquisa são encontrados dados interessantes que muitas vezes contesta a informação anterior. Fui atrás do Instituto do sono aqui de São Paulo para entender melhor como funciona esse período que estamos de olhos fechados. Descobri que o sono utiliza-se do sistema nervoso central quase que inteiro, ao contrário do que se imaginava, pensavam que durante o sono o cérebro descansava, mas não, ele fica ativo. Existem dois momentos: sono mais lento (não REM) e o sono com atividades cerebrais mais rápidas (sono REM), esses dois estágios vão se alternando durante o tempo em que permanecemos na cama. A hipótese mais difundida é que o sono serve para a recuperação do organismo e do gasto energético durante o período de vigília, mas não é descartada as teorias que afirmam que o sono excreta substancias químicas no cérebro responsáveis por consolidar a memória, regular a temperatura corporal e recupera as células danificadas durante o dia, fazendo uma parábola é como se fechasse a loja para balanço. 86 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


O atleta e o sono! Todo aleta sonha em melhorar sua performance, diminuir o tempo, fazer mais pontos, enfim, se superar. Para isso o sono é indispensável, pois garante o bom funcionamento hormonal, fisiológico, e psicológico do corpo. Uma pesquisa realizada no laboratório do sono em Stanford testou jogadores de futebol da própria universidade, a pergunta era: Um tempo maior de descanso melhora o desempenho em campo? Os participantes foram orientados a manter os padrões de sono nas primeiras duas semanas da temporada, a maioria dormia menos que oito horas por noite; na segunda etapa da temporada com duração de oito semanas os jogadores foram orientados a dormir o máximo possível, algo em torno de 10 horas por dia. Além do desempenho foram analisadas as estatísticas das partidas que os atletas disputaram, mudanças de humor e níveis de sonolência. Os resultados da segunda etapa foram ótimos, os participantes corriam mais rápido, ficaram mais ágeis, os níveis de fadiga e sonolência caíram além de estarem mais felizes. Os pesquisadores ficaram tão entusiasmados que repetiram o estudo na equipe de nadadores e tenistas também com excelentes resultados. Desempenho esportivo e noites mal dormidas! Os atletas estão condicionados ao treinamento exaustivo, a dietas específicas, exercícios dos mais diversos, porém em muitos casos não se preocupam com as horas de sono. Dormir pouco desencadeia problemas de obesidade, pois o sono traz saciedade, diminui a fabricação de insulina podendo facilitar o aparecimento da diabetes mellitus. Os estudos mostram que oito horas de sono é o suficiente para a recuperação das fibras musculares, o estudo de Stanford concluiu que quanto mais horas de sono melhor será para a performance esportiva, além de aumentar a expectativa e vida e manter o bom funcionamento do corpo. A boa notícia é que apenas após 30 horas de restrição ao sono o desempenho físico de atletas é alterado, então mesmo sofrendo com a ansiedade pré- competição é possível manter os rendimentos. Foram avaliados também as noites com restrição parcial de sono, o atleta só podia dormir 2,5 horas e também não apresentou nenhuma alternância nos resultados aeróbicos e de força muscular, os cochilos para atletas que sofreram privação de sono é uma ótima saída.

Como dormir bem? Para ter uma ótima noite de sono existem alguns conselhos que podemos seguir: 1. Alimentação leve pelo menos 3 horas antes de dormir. 2. O quarto deve estar fresco. 3. Dormir no escuro é sempre melhor, pois o escuro estimula a produção de melatonina, hormônio responsável pela regulação da temperatura corporal, pressão arterial e níveis de glicose. 4. Crie uma rotina de sono, esse hábito traz cadência para o corpo. 5. Não ingerir cafeína de 4 a 5 horas antes de dormir. 6. Não beba muitos líquidos a noite. 7. Dormir de lado é sempre melhor. 8. Use um travesseiro que complete o espaço entre o colchão e orelha, para não acordar com dor cervical. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 87


OK... VAMOS FALAR DO VÍDEO-ARBITRO Os prós e os contra da utilização das imagens televisivas para a decisão dos principais lances num jogo de futebol.

Quando se fala em tecnologia no futebol fala-se na grande maioria das vezes na utilização de imagens televisivas e na figura do vídeo-arbitro. Assumimos para que não existam duvidas, a mesma premissa/definição de vídeo-arbitro e como deve coexistir no âmbito do futebol com a definição presente na “petição pela verdade desportiva” que tem como principal figura de apoio o jornalista Rui santos: Segundo a petição da verdade desportiva Defende-se a introdução da figura do ‘vídeo-árbitro’ nas seguintes situações: 1. NAS IMEDIAÇÕES DAS GRANDE-ÁREAS OU DENTRO DELAS a) Lances de grande penalidade; b) Lances de fora-de-jogo em que a bola entra na baliza; c) Lances de mão na bola em que a bola entra na baliza; d) Lances de natureza disciplinar 2. a) b)

FORA DAS GRANDE-ÁREAS Lances de fora-de-jogo em que a bola entra na baliza; Lances de natureza disciplinar

Admite-se que os treinadores das duas equipas, independentemente do que for a intervenção por iniciativa da equipa de arbitragem (incluindo o ‘vídeo-árbitro’), possa solicitar esclarecimentos em relação a 2 (duas) jogadas duvidosas por partida (o chamado ‘challenge’).

Analisemos alguns dos prós e contra da utilização das imagens televisivas para o julgamento dos lances mais polémicos numa partida de futebol:

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Uma abordagem positiva ao vídeo-arbitro Justiça e verdade desportiva. Numa atividade de milhões, em que os erros dos árbitros custam caro, a introdução do vídeo-arbitro, pode ajudar a reduzir a margem de erro dos árbitros, protegendo-os, e “não tem necessariamente de mudar a essência do jogo: os seus ritmos, a beleza dos movimentos, a genialidade dos protagonistas”. E, acima de tudo, o desporto e o futebol em particular devem saber projetar valores como o desportivismo, a equidade, a justiça e a verdade.

Depois acabar com esse ruído constante, às vezes fautor de violências e zangas entre dirigentes e adeptos “há que aproveitar as ferramentas à disposição para apoiar os árbitros nas suas decisões e conferir ao jogo maior verdade.” E, importantíssimo, depois de vários escândalos e suspeitas de décadas sobre os árbitros e a sua seriedade, o vídeo-arbitro pode ajudar a pacificar e a democratizar a noção de fiar-play e cultura desportiva.

Argumentos contra o vídeo-arbitro Vale a pena a mudança? Sim, porque o futebol mudará, sem que seja certo ainda bem para o quê. Os próprios critérios na arbitragem têm de mudar. A intensidade, por exemplo de um puxão na camisola, deixará de ser um critério, será sempre falta – e relembre-se que o futebol é um desporto de contacto. O número de falta por jogo

explodirá. Os cartões também. Os jogos de futebol serão decididos por quem tem o maior número de penaltis ou em alternativa o menor número de explosões. O tempo de futebol jogado atingirá valores históricos.A maioria dos campos não tem as mesmas condições de operacionalidade para as infraestruturas necessárias para

uma captação de imagens igualitárias para todos os clubes. Das duas uma: ou os clubes, afogados em dividas, investiam nos seus campos, ou a desigualdade não terminaria – quem teria um maior prejuízo é por agora indeterminável. E, falta uma verdadeira cultura desportiva para lidar com o erro - agravada pelo vídeo-arbitro.

Um sério problema: a falta de cultura desportiva! A unanimidade no julgamento de um qualquer lance de futebol é impossível. A discussão e sempre certa e no fundo ninguém tem a verdade absoluta, apenas a sua visão, tão valida como a do “seu companheiro de discussão”. O tribunal do JOGO – tribuna onde ex-árbitros analisam os lances polémicos da jornada, é disso exemplo. Raramente os três ex-árbitros estão de acordo, podemos então prever que a discussão e a polémica não terminaria com o vídeo-arbitro, e perder-se-ia o alibi do erro humano para o adepto – na sua mente o arbitro depois de ver as imagens só erra porque quer. Em muito breve trecho o ambiente futebolístico poderia ser irrespirável. E os dirigentes não ajudariam à festa. Para o vídeo-arbitro é necessário cultura desportiva. Muito mais do que sem vídeo-arbitro…

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ASPECTOS PSICOMOTORES RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO HUMANO E A APRENDIZAGEM DESPORTIVA Atualmente a Psicomotricidade é vista como uma ciência que possui uma importância cada vez maior no desenvolvimento global do indivíduo, em todas as suas fases, principalmente por estar articulada com outros campos científicos como a Neurologia, a Educação Física, a Fonoaudiologia, a Fisioterapia, a Psicologia e a Pedagogia. Isso acontece porque a Psicomotricidade, se preocupando com a relação entre o homem e o seu corpo, considera não só aspectos psicomotores, mas os aspectos cognitivos e sócio-afetivos que constituem o sujeito. Desde o nascimento, o que salta aos olhos no desenvolvimento infantil é o corpo e seus movimentos que, inicialmente, não apresentam significados ainda inscritos. Aos poucos, este corpo em movimento transforma-se em expressão de desejo e, posteriormente, em linguagem. A partir daí, a criança é capaz de reproduzir situações reais, fazendo imitações que se transformam em faz-de-conta. Assim, a criança consegue separar o objeto de seu significado, falar daquilo que está ausente e representar corporalmente. Este processo nada mais é do que a vivência dos elementos psicomotores dentro de contextos histórico-culturais e afetivos significativos. E isso é que garantirá a aprendizagem de conceitos formais aliados à aprendizagem de conceitos do cotidiano: construir textos, contar uma história, dar um recado, fazer compras, varrer a casa, utilizar as operações matemáticas para contar quantas pessoas vieram, quantas faltaram, etc.

Prof. Nilo Terra Arêas Neto, professor no Institutos Superiores de Ensino do CENSA/ISECENSA contato@desportoeesport.com

Muitos autores são enfáticos ao afirmar que a psicomotricidade ou motricidade humana, além de ser a consciência precoce, reúne em si duas componentes ontogenéticas fundamentais, a diferenciação estrutural do Sistema Nervoso Central e a aquisição progressiva de padrões comportamentais, justificadoras da hierarquia da experiência humana. É a própria motricidade que leva ao desenvolvimento do cérebro, sendo inclusive necessária a ótima mielinização dos axônios, pré requisito para as conexões sinápticas.

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Assim, o desenvolvimento maximizado da motricidade humana coloca em jogo várias estruturas de construção, a saber, as sinergias inatas edificadas (a partir da filogênese) e as sinergias automatizadas e complexas (a partir da ontogênese), a partir da aprendizagem. Também é através da motricidade humana e da totalidade expressiva que a caracteriza intrinsecamente, que esta se torna o meio pelo qual a consciência ou o ego, como queria Freud, se edifica e se manifesta. Foucault (1980) nos lembra também que o controle social não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo e pelo cerceamento do movimento corpóreo. Segundo ele o corpo é vítima de mecanismos de controle que o modela, manipula e o adapta às exigências da sociedade, de modo a torná-lo útil. São regulamentos militares, escolares, hospitalares que con-

trolam e corrigem o corpo, permitindo o controle minucioso de seus movimentos, realizando sua sujeição constante e impondo uma relação de docilidade denominada de “controle disciplinar”. O contexto social e cultural modela o corpo em suas diversas maneiras de falar, andar, pular, saltar, dançar, sentar, rir, ficar de pé, dormir, tocar, ver, viver e morrer, ou seja, o indivíduo modela seu corpo no diálogo com a sociedade. Pensando em termos de aprendizagem motora, a teoria piagetiana da equilibração diz que a criança, ao se confrontar com conflitos oriundos de uma nova aprendizagem, para resolvê-los, cria estratégias a partir de esquemas que já dispõe. Se assim o é, ao se defrontar com os obstáculos da aprendizagem formal, a criança terá que recorrer ás experiências anteriores, que são esmagadoramente psicomotoras. Se no lugar destas experiências houver um

As habilidades motoras básicas são consideradas à base da competência motora, a qual pode ser explicada como a capacidade do indivíduo em resolver problemas, enfrentar as situações, se organizar, planejar, transformar o meio, sentindo-se competente, ao ter conhecimento dos processos e atitudes e, adaptando-os a situação presente. Magill (2000) define habilidades motoras como sendo os domínios motores que exigem movimento voluntário do corpo e/ou dos membros para atingir suas metas. As habilidades motoras básicas são pré-requisitos para a aquisição de habilidades mais complexas e não seria incorreto dizer que elas são auxiliares na conquista da independência da criança, visto que, a percepção progressiva do ato motriz implica um funcionamento global dos mecanismos reguladores do equilíbrio e da atitude e, que os movimentos corporais desempenham um importante papel na melhora dos comandos nervosos e no afinamento das sensações e percepções (TAGLIARI et al, 2008). Para Zakharov (2003), é necessário que se estimule o jovem aprendiz à prática das habilidades motoras básicas oportunizando a maior gama de vivências motrizes. Isto assegurará, posteriormente, a maximização da aprendizagem específica do desporto praticado. Os elementos básicos da motricidade são: a motricidade fina, a motricidade global, o equilíbrio, o esquema corporal, a organização espacial, a organização temporal e a lateralidade, além da emoção, é claro.

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buraco, não haverá aprendizagem. Assim, o desenvolvimento adequado da motricidade constitui a via para um desenvolvimento intelectual ajustado (otimizado). Distúrbios no desenvolvimento psicomotor comprometem sempre o desenvolvimento da linguagem e da cognitividade. No que tange a urgência das aprendizagens cognitivas, por vezes, no ambiente escolar, é desconsiderado ou ignorado o fato de que a primeira via das aprendizagens é sinestésica. É corpórea. Uma criança que não consegue organizar seu corpo no tempo e no espaço, não conseguirá sentar-se numa cadeira, concentrar-se, segurar num lápis com firmeza e reproduzir num papel o que elaborou em pensamento. Diversos autores são enfáticos em afirmar que o primeiro dicionário é escrito no corpo.


Um bom controle desses elementos, ou seja, um bom controle motor permitirá a criança explorar o mundo exterior, aportando-lhe as experiências concretas sobre as quais se constroem as noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual e motor. Correr, saltar, rolar, trepar e arremessar são habilidades físicas de base e estão presentes em quase todas as modalidades esportivas. Como ações motoras naturais, as habilidades básicas significam uma função da natureza humana, bastando apenas à estimulação, para que a efetivação do aprendizado dessas habilidades seja conquistada pelas crianças e jovens (MEURER et al, 2008). Portanto, o trabalho com as habilidades motoras básicas, deveria ser o principal objetivo do professor de educação física escolar que, é comprometido com a efetividade da aprendizagem motora, e não com o aprendizado desportivo precoce. Voser e Giusti (2002) reforçam esta linha de pensamento ao afirmar que a atividade esportiva praticada na escola pode ter o intuito voltado para a iniciação e a orientação esportiva, mas jamais deve enfocar a especialização e o treinamento. A princípio, as tarefas motoras devem ter caráter simples, com ações simples, que não necessitem de ajustamentos complexos e que possam ser aprendidas na sua forma total, sem divisão de fases. As tarefas simples envolvem diretamente apenas uma parte do corpo, as demais partes atuam como estabilizadoras da ação motora. Pode-se considerar como fundamentos simples o controle do corpo, o manejo de bola, o drible e os passes, no basquete. Os saltos, a corrida e os lançamentos ou arremessos, no atletismo.

“Os elementos básicos da motricidade são: a motricidade fina, a motricidade global, o equilíbrio, o esquema corporal, a organização espacial, a organização temporal e a lateralidade, além da emoção.”

Como tarefa motora complexa entendese que são aquelas que envolvem duas ou mais ações motoras, todas separadamente, dissimilares por natureza, embora encadeadas entre si. Por exemplo: a bandeja, no basquete e, a passagem do bastão, no revezamento do atletismo. Na fase da aprendizagem, independentemente do nível, deve haver uma preocupação com a assimilação do gesto motor em si. A fluência e a velocidade serão enfatizadas em fases posteriores, onde as correções e ajustes sejam feitos gradualmente, eliminando assim, os principais erros para que numa fase posterior se possa aprimorar o movimento, a partir de ajustes mais sofisticados. Um indivíduo aprende sobre o significado da unidade motora envolvida no movimento, depois de compreender os ajustes que deverá realizar para a ótima execução do mesmo.

Quando o atleta iniciante é incentivado por meio de uma prática bioperacional a criar seus próprios caminhos na aprendizagem de uma habilidade motriz. A possível correção da habilidade sendo aprendida será facilitada, tendo em vista que, como ele mesmo criou os caminhos para a execução do movimento, sem a interferência de um instrutor, ele saberá com maior precisão sobre os mecanismos necessários para a correção do mesmo. (KIRSCH, KOCH e ORO, 1984; Da SILVA, 2002 e FERREIRA e DE ROSE, 2003). A iniciação desportiva acontece quase sempre pela inserção das crianças em escolinhas desportivas específicas que se desenvolvem na própria escola ou em clubes e/ou projetos sócio-desportivoculturais. Como cada uma das modalidades desportivas tem características

específicas de suas demandas e, o trabalho específico não contempla o trabalho global em motricidade (VIDAL FILHO et al, 2003). O resultado é um déficit motor que pode excluir o pretenso atleta do cenário da alta performance. Como o indivíduo não possui o engrama dos movimentos que servem de prérequisito a outros mais complexos, em algumas situações não consegue realizar a ação proposta com um mínimo de eficiência diante de tamanha especificidade desportiva (por exemplo, na execução de um salto com vara). Na verdade, com o aumento da complexidade, a resolução do problema é inviabilizada pelo não domínio dos movimentos básicos da motricidade e preponderantes ao aprendizado específico em desporto.

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DANÇA, ARTE, BELE 94 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


EZA E POESIA Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 95


“Um estar entre o céu e o chão” Arte, beleza e... Drummond de Andrade

É

Shara Lylian de Castro Lopes, Licenciada em Letras e amante e praticante de dança contemporânea; fotos: Jairo Galvão

indiscutível a posição âmbito da saúde; comunicar-se com divinprivilegiada da sensibil- dades, no âmbito religioso; sensualizar, e, idade à estética e ao belo até mesmo, entreter. na constituNesse percurso milenar da ição de ser humano. Não é à dança, várias transformações DANÇA: toa que a arte é manifestação se deram, estilos ascenderam e REALIDADE decaíram dando lugar a outros, humana desde a pré-história, encontrada inclusive através em virtude daquilo que as époEM FORMA de desenhos rupestres que cas e contextos sociais solicitaCÊNICA representavam ritos artísticos, vam para o momento e, desse sagrados ou de outra ordem, modo, a sociedade presenciou seguidos na história, por registros escri- estilos de dança clássicos, modernos, até tos acerca de tais manifestações desde a chegarmos à dança contemporânea, todos antiguidade. quase sempre acompanhados de outras Assim, ao lado da música, teatro, lit- manifestações culturais como a literatura e eratura, cinema e outras formas de arte, a música, por exemplo. encontramos a dança, tida por muitos A quebra de paradigmas e posturas clásestudiosos como uma das principais man- sicas, no entanto, foram balizares para a ifestações artísticas e culturais utilizadas evolução e estabelecimento da dança conpelo homem com inúmeras finalidades temporânea por parte dos artistas, à época como: condicionar o corpo, no âmbito da revolução tecnológica e cultural que da educação física; libertar a alma, sensi- acontecia em todo o mundo dos séculos XX bilizar o espírito, interagir com os outros e XXI e que forneceriam a esse movimento e representar a realidade de forma cênica, artístico recursos mais interativos como iluno âmbito cultural; desenvolver múltip- minação, som e outros contribuintes para a las habilidades mentais e corporais, no execução e continuidade da dança.

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“A dança? Não é movimento, súbito gesto musical É concentração, num momento, da humana graça natural. No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança - não vento nos ramos: seiva, força, perene estar. Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir a forma do ser, por sobre o mistério das fábulas.” Drummond de Andrade Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 97


“A dança é uma das principais manifestações artísticas utilizas para condicionar o corpo, no âmbito da educação física; libertar a alma, sensibilizar o espírito, interagir com os outros e representar a realidade de forma cênica”. A proposta era romper com os fundamentos do apreço pelo belo subjetivo e seguir rumo à possibilidade de inovar e significar o estado contemporâneo da própria sociedade. Há que se destacar dois pontos de esclarecimento: a dança contemporânea não remete, em hipótese alguma, à morte ou esquecimento da dança clássica, mas sim, a um melhoramento desta, através da utilização das bases clássicas com o intuito de aumentá-las, de expressá-las de forma mais liberal e com linguagem própria. Segundo, a dança contemporânea não significa dança sem métodos. As técnicas existem, no entanto, de forma somática e trabalham com o intuito de chegar-se à racionalização do corpo, da

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mente e do próprio movimento. Não obstante, a dança, nos seus mais diversos estilos, como instrumento da educação física, tem sido alternativa muito procurada nas atividades esportivas e no melhoramento de condições físicas, justamente, por envolver condicionamento corporal à atividade prazerosa, que corre mais naturalmente quando comprada a outras atividades físicas. De toda forma, o importante é reconhecer a beleza dessa arte e deliciar-se com as possibilidades de reflexão sobre o mundo e sobre nós mesmos, como bem descreveu certa feita nosso querido Drummond!


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DANÇA, ARTE E TECNOLOGIA

as•phyx•i•a junta dança e tecnologia de sensores de movimentos Vitor E. Santos,

colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

M

ilhares de linhas unidas

project.com.

por outros milhares de pontos desenhando o

Frederico Phillips é um português de 25

movimento do corpo

anos que aos 17 deixou Boliqueime, no

feminino em dança, em um único objecto

Algarve, para ingressar num curso de

hipnótico e belo, que não teve medo de

Media Digital na Suécia. Parte do currí-

usar a tecnologia para descrever na pre-

culo do curso incluía seis meses de estágio

cisão a expressividade da dança ao por-

obrigatório.

menor e sem constrangimentos. Frederico decidiu tentar a sorte em Nova As imagens ao lado resultam do projec-

Iorque, Estados Unidos. Acabou por ficar

to as•phyx•i•a, do português Frederico

e é aí que vive e trabalha desde 2009.

Phillips e da japonesa Maria Takeuchi, que

Designer, usa tecnologia 3D como ferra-

através de sensores pouco dispendiosos, a

menta principal para tentar encontrar um

dupla conseguiu captar dados dos movi-

equilíbrio entre o técnico e artístico.

mentos da bailarina durante 30 minutos, que foram depois trabalhados em cinco

Para este projeto uniu-se a Maria Takeuchi,

computadores com ferramentas de tec-

29 anos, uma produtora de musica e baila-

nologia 3D que transformaram a coreo-

rina.

grafia interpretada por Shiho Tanaka em imagens computorizadas, que dançam ao

O feedback, sempre positivo, tem sido tre-

som de uma banda sonora criada por

mendo, e em entrevista ao jornal Publico,

Maria Takeuchi.

os dois afirmam: ““Foi muito surpreendentemente devido ao volume de visitas

A associação da tecnologia com a arte da

[ao site de as•phyx•i•a] e ainda estamos a

dança levou a as•phyx•i•a, um filme de

tentar digerir todos os e-mails que recebe-

três minutos, onde a “performance está

mos. Faz, de facto, com que todo o trab-

centrada numa coreografia eloquente que

alho e as horas em que trabalhámos neste

enfatiza o desejo de ser expressivo sem

projecto tenham valido a pena.”

limites”. Para onde este projecto poderá ainda O filme, pequeno video, que pode ser

caminhar é ainda uma incognita, mas para

visto na generalidade das redes socias de

já, o resultado conseguido é brilhante e

video, como o Vimeo ou o Yuotube, o no

uma vez mais e repetindo: hipnótico. Não

Website oficial do projecto www.asphyxia-

perca a oportunidade de ver o video final.

As imagnes resultam do projecto as•phyx•i•a, do português Frederico Phillips e da japonesa Maria Takeuchi, e da utilização de dois sensores, para captar o máximo de informação possível, para descrever na precisão a expressividade da dança ao pormenor e sem c onst r ang i me nto s . Um projeto que está a fazer furor”.

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LENINE CUNHA:

O PORTUGUÊS MAIS MEDALHADO DE SE 102 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


S EMPRE

LENINE CUNHA Erradamente esquecido da Gala dos 100 anos da FPF é homenageado nas próximas páginas

169. É impossível não começar este texto com este número: 169 – o número de medalhas de Lenine cunha, que faz dele o português mais medalhado de sempre. 169 medalhas em campeonatos da Europa, do Mundo, Jogos Paralímpicos e Global Games (competição para atletas deficientes, em várias modalidades). Natural de Mafamude e atualmente residente no conselho do Porto é um fenómeno dentro do desporto português e mundial, e o seu objetivo é ainda mais alto, chegar ao fim dos Jogos Paralímpicos em Rio’2012, com 200 medalhas. Isto, porque atualmente com 31 anos, o recordista mundial do salto em comprimento (7,16m) e triplo salto (14,72m) reconhece que a vida como atleta de alta competição deve terminar após os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro’2016. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 103


“Ainda quero chegar às 200 medalhas”

Lenine Cunha

“Em 2014 conquistei 15 medalhas e se ganhar outras tantas em 2015 e 2016 ficarei muito perto das 200. Depois do Rio de Janeiro terei mais um ano para ultrapassar essa fasquia. É o meu objetivo”, frisa Lenine Cunha, que carrega o peso da medalha de bronze alcançada em Londres’2012 no salto em comprimento. Ambição não lhe falta, mas

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uma ambição que lhe bem do talento. Para os próximos Jogos Paralímpicos, Lenine Cunha parte com um redobrado entusiasmo. “Os últimos quatro meses antes da partida para Inglaterra foram duros. Sentia-me muito pressionado, chegava a casa depois dos treinos e começava a chorar. Queria provar a mim mesmo que era possível fazer uma boa figura. Felizmente correu tudo bem e logo no primeiro ensaio vi que poderia obter uma medalha. Fiz 6,95m e sabia que iria ao pódio”, comentou o atleta que antes dos Jogos perdeu a sua irmã, na sequência de uma operação ao coração. “Ela acompanhou-me no salto e na cerimónia do pódio”, relembra Lenine. A dois anos do Rio de Janeiro, o recordista mundial acredita novamente na superação. “Sei que há outros atletas que querem ir ao pódio tanto como eu. Vai ser muito difícil, mas tenho de acreditar em mim, da mesma maneira que o fiz para Londres. Tenho é a noção que serão os meus últimos jogos a alto nível. Quando chegar ao Brasil terei 33 anos e será mais complicado, mas tenho muito fé que tudo irá correr bem.”


CASEÍNA U

ma boa percentagem dos praticantes de musculação e culturismo procura suplementos de proteína para auxiliar o treino e um crescimento mais rápido dos músculos. Uma boa parte das pessoas, devido à enorme variedade de opções, acaba por ficar indecisa sobre qual a melhor escolha. Nesta edição, falaremos da Caseína, e nas suas vantagens e o porquê de ser uma excelente e não a melhor solução para um impulso saudável no crescimento dos músculos. A Caseína e então um aglomerado de proteína que consiste em vários tipos de caseínas (α-s1, α-s2 , ß, e 6) e cada uma dessas proteínas tem uma composição única de aminoácidos. Um estudo conduzido pelo “International Journal of Obesity” concluiu que, a

ingestão de uma quantidade elevada de cálcio ao longo de 24 horas, juntamente com uma dieta alimentar normal, aumenta a quantidade de gordura que é excretada pelas fezes, melhorando desse modo o crescimento dos músculos. O elevado conteúdo de fosfato da família das caseínas permite a sua associação com o cálcio e a formação de sais de fosfato de cálcio, melhorando imensamente deste modo e por consequência a eliminação de gordura no organismo. A isto junta-se ainda o facto da Caseína ser uma proteína de absorção lenta o que como é facilmente dedutível aumenta o tempo útil. Sendo que os dados científicos de que existem atualmente sugerem que a velocidade de digestão da proteína é um regulador importante no equilíbrio

Pedro M. Silva,

colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

da proteína corporal A Caseína é também perfeita para reduzir os efeitos de perda de massa muscular quando se segue de uma dieta de restrição calórica que visa a perda de peso. A Caseína proporciona um aumento dos níveis plasmáticos de aminoácidos. Os níveis a permanecem elevados durante mais de 300 minutos. Os investigadores sugerem que isso deve-se ao fato da caseína formar coágulos e permanecer no estômago durante mais tempo. É ideal para complementar com a proteina Whey - provoca um aumento rápido, embora pouco duradouro da síntese de proteína corporal e a caseína reduz o catabolismo protéico corporal. Vários estudos desmonstram que é perfeito uni-las, com resultados comprovados.

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106 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


MUSCULAÇÃO & DORES

POSITIVO? NEGATIVO? O QUE SIGNIFICAM AFINAL? Ricardo Reis,

colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

P

oucas são as modalidades

tura não preparada para o efeito.”

desportivas mais praticadas

Outra noção errada é o efeito positivo dos

que a musculação e o cul-

alongamentos; os estudos mostram que

turismo, e são ainda menos

nada pode ser mais errado. Inclusive, os

aquelas em que existe mais desinformação

alongamentos têm um efeito contrário

e mais ideias feitas que não correspondem

nos músculos agravando e aumentando

de todo à realidade.

o tempo de recuperação. E isto porque,

Uma das noções mais difundidas entre os

alongar em demasia os músculos aumen-

praticantes de culturismo é a avaliação da

ta consideravelmente as microrroturas;

qualidade e acima de tudo dos efeitos nos

assim não se aconselham alongamentos,

crescimentos dos músculos após um treino

estiramentos, exercícios de flexibilidade

em função das dores sentidas nas 24 horas

entre

seguintes. A realidade apoiada na ciência,

semelhantes. E as dores, como já deve ter

no entanto, mostra que essa ideia é errada

entendido não é coisa de iniciantes, mas

e pode até ser perigosa.

sim de alteração de rotina e de um esforço

Em primeiro lugar, dores não significam

para lá do habitual. Os iniciantes sentem

em proporção direta um crescimento

mais dores porque a adaptação ao exer-

muscular. Dores são sobretudo um efeito

cício e a fortes esforços é ainda superior.

“indesejado” de um esforço físico para

Para além do mal-estar, treinos em dema-

lá do habitual e em muitas vezes para

sia pode levar a lesões, e algumas bem

lá do saudável. Em muitos outros des-

graves que afetam em muitos casos a vida

portos, como desporto de resistência de

futura do praticante. E, este é um mal bem

longa duração como a corrida, aparecem

mais recorrente do que é imaginável e

dores musculares muito semelhantes com

que merece atenção de todos os atletas e

a musculação sem que exista por isso, um

praticantes.

crescimento do músculo.

Por fim, um treino demasiado forte hoje

As dores musculares são então “um pro-

irá prejudicar o treino futuro e assim o

cesso inflamatório causado por microrro-

diminuindo o efeito do plano de treino o

turas consequentes do esforço realizado

que por sua vez prejudica o crescimento

durante determinada tarefa numa estru-

dos músculos.

outros

movimentos/exercícios

“As dores musculares são então “um processo inflamatório causado por microrroturas consequentes do esforço realizado durante determinada tarefa numa estrutura não preparada para o efeito... Outra noção errada é o efeito positivo dos alongamentos; os estudos mostram que nada pode ser mais errado. Inclusive, os alongamentos têm um efeito contrário”

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RUSH:

DUELO DE RIVAIS

UM FILME SOBRE HUNT E LAUDA, E A RIVALIDADE ENTRE OS DOIS, DENTRO E FORA DE PISTAS DURANTE O CAMPEONATO DE 76.

108 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


“Quanto mais perto da morte, mais vivos nos sentimos. É uma maneira maravilhosa de viver. É a única maneira de pilotar”. James Hunt “A felicidade é o maior inimigo. Ela enfraquece. Coloca dúvidas na mente. De repente, temos algo a perder.” Niki Lauda

M

ayweather ou Pacquiao? Ronaldo ou Messi? Djokovic ou Federer? Hamilton ou Vettel? Os grandes duelos individuais entre os maiores atletas, mesmos em desportos coletivos, incendeiam as grandes competições, fazem manchetes nos jornais e a delícia dos fãs. E fazemno hoje, como o fizeram sempre. É isso que é o desporto: saber quem é o melhor; saber quem é o melhor de Nós. Poucos foram os duelos mais intenso que aquele que opôs James Hunt a Niki Lauda na temporada de Formula 1 de 1976. Hunt e Lauda eram o oposto. O primeiro era um “bon vivant”, mulherengo e casado com uma estrela de Hollywood. Vivia nos limites e a sua filosofia de condução era pé a fundo no acelerador sem medos e sem olhar para quem seguia atrás de si. Lauda era diferente. Bem diferente.

Cauteloso, obsessivo no detalhe, estratega exímio que planava ao detalhe cada futuro passo. Inabalável nas suas convicções, nem um terrível acidente que lhe queimou metade da rosto o afastou das pistas. Mas sabia quando olhar para trás, quando um ponto era melhor que nenhum ponto, e quando o risco era demasiado alto para o aceitar. Rush, dirigido por Ron Howard, retrata na perfeição no grande ecrã estes dois grandes atletas, de personalidades tão diferentes, mas que se alimentavam um no outro, para se tornarem melhores e ganharem combustível extra para cortarem a meta na primeira posição. Um filme imperdível para quem gosta de desporto, e para quem é acima de tudo amente dos desportos motorizados, já que vimos aqui algumas das melhores cenas de pista filmadas para o cinema.

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TÉCNICO DE FUTEBOL – A ARTE DE COMANDAR

COMANDAR E LIDERAR DENTRO DO BALNEÁRIO Fabio Cunha,

Técnico de Futebol, Professor e Palestrante colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

www.fcunha.com.br/livro_tecnicofutebol.htm

H

erói ou vilão, gênio ou

como funciona essa dinâmica e como

burro, amigo ou carrasco,

fazê-la ser eficiente.

moderno ou retrógrado,

O dia a dia dos profissionais do fute-

estudioso ou arcaico, dedi-

bol não é fácil como muitos imaginam, a

cado ou preguiçoso, inovador ou inventor.

maioria dos clubes não oferece condições

O técnico de futebol vive em cima de uma

satisfatórias de trabalho. A função de téc-

corda bamba, uma linha tênue entre a glória

nico de futebol é uma das mais complexas,

e o fracasso. Uma simples partida, uma má

pois ele precisa possuir uma gama muito

atuação de sua equipe, uma única derrota

grande de conhecimentos, conhecimen-

podem colocar todo o seu prestígio, todo

tos esses técnicos, táticos, físicos, fisiológi-

o seu conhecimento e até seu caráter em

cos, médicos, psicológicos, nutricionais,

dúvida.

pedagógicos, sociais, comportamentais,

Em todas as profissões existentes, os pro-

políticos, econômicos e outros, além de

fissionais precisam provar sua capacidade

exercer uma liderança eficiente e conse-

e seu conhecimento, mas no caso do técni-

guir motivar seus atletas a todo momento.

co de futebol isso atinge níveis extremos.

Não é concebível que no século XXI, com

O técnico precisa provar sua capacidade e

avanços tecnológicos incríveis, ainda ten-

competência todas as semanas, às vezes

hamos técnicos e preparadores físicos que

a cada três ou quatro dias, quando não

trabalhem com nenhum ou pouquíssimo

diariamente. Uma equipe pode vencer dez

embasamento teórico e atuem somente

partidas seguidas, depois perder duas ou

com o empirismo. A experiência prática

três e já se coloca em dúvida o trabalho

é de fundamental importância, mas essa

do comandante; pode ganhar títulos e

experiência sem a teoria fica incompleta

quando perder o próximo torneio será

ou, no mínimo, defasada.

contestado. O técnico nunca deve se iludir

Os técnicos de futebol devem possuir

ou se empolgar demais com o sucesso de

uma formação teórica bem embasada,

sua equipe. O título conquistado hoje, não

seja com cursos de educação física ou com

tem valia nenhuma amanhã. O sucesso no

algum curso de habilitação, além dos cur-

futebol é efêmero.

sos periódicos de atualização profissional.

Como o futebol é o maior esporte do

O que não pode mais ocorrer é obser-

mundo, com milhões de aficionados, é

varmos treinamentos sem o mínimo de

natural que esses milhões de pessoas se

fundamentação teórica, que acabam por

julguem capacitadas para entender do

prejudicar os atletas em vez de auxiliá-los

esporte. Uma coisa é entender o jogo,

no desenvolvimento futuro de suas car-

a sua dinâmica, outra coisa é entender

reiras ou de sua formação como cidadãos.

“O futebol de hoje não pode ser entendido sem a figura do técnico. Esse indivíduo é fundamental e indispensável no esporte, na condução e planejamento de um trabalho profissional sério É uma das profissões mais apaixonantes e gratificantes, mas sem “sangue, suor e lágrimas” não se atinge o sucesso e a felicidade pessoal e profissional. Ser técnico de futebol é acima de tudo ser um lutador, ser dedicado, ser um batalhador.”

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 111


“Ser técnico de futebol não é simplesmente pegar um apito, entrar em campo e, pronto! Ser técnico de futebol é um ato de coragem, determinação, ousadia, vocação, paixão e, principalmente, muito suor e trabalho duro. É preciso muito estudo, abdicar de muitas coisas, sacrificar momentos de lazer e convívio familiar, passar por dificuldades financeiras.“,

Não é aceitável também encontrar profis-

liderança moderna tem maiores condições

car de muitas coisas, sacrificar momentos

sionais sem o mínimo de tato para lidar

de levar sua equipe ao sucesso esportivo

de lazer e convívio familiar, passar por

com outros seres humanos, sem o mínimo

comparado aos técnicos que utilizam um

dificuldades financeiras.

de respeito e educação. Esse é um preceito

estilo de liderança voltado para pressão e

É uma das profissões mais apaixonantes

básico da convivência humana.

cobrança excessiva.

e gratificantes, mas sem “sangue, suor e

No futebol moderno, o técnico assumiu

O futebol de hoje não pode ser entendido

lágrimas” não se atinge o sucesso e a felici-

um papel de destaque. O futebol é um

sem a figura do técnico. Esse indivíduo é

dade pessoal e profissional. Ser técnico de

esporte que exige diferentes profissionais

fundamental e indispensável no esporte,

futebol é acima de tudo ser um lutador, ser

nas mais variadas áreas atuando em prol

na condução e planejamento de um trab-

dedicado, ser um batalhador.

de um resultado único, que é a vitória.

alho profissional sério. Mas acima de tudo

É recomendado a todos que desejam

Essa reunião de valores e especialidades

ele deve saber trabalhar em equipe, soz-

ingressar nessa profissão, que se preparem,

necessita ser chefiada por uma pessoa,

inho ou assumindo uma postura ditatorial

se capacitem ao máximo, seja cursando

precisa de um líder eficaz e carismático,

ele não conseguirá coordenar e conduzir

uma faculdade, fazendo cursos diversos,

ou seja, necessita de um comandante que

uma equipe ao sucesso.

lendo livros e artigos, conversando com

tenha capacitação e que saiba extrair o

Ser técnico de futebol não é simples-

profissionais mais experientes, enfim, o

melhor desempenho de sua equipe de

mente pegar um apito, entrar em campo e,

indivíduo que pretende se tornar um téc-

trabalho e atletas. Não se pode dissociar o

pronto! Ser técnico de futebol é um ato de

nico de futebol diferenciado deve evoluir

resultado final da incidência que o técnico

coragem, determinação, ousadia, vocação,

no aspecto técnico e também no lado pes-

tem sobre seu grupo. O comandante que se

paixão e, principalmente, muito suor e tra-

soal, nunca achando que sabe o suficiente.

prepara, se capacita, estuda os conceitos de

balho duro. É preciso muito estudo, abdi-

O aprendizado deve ocorrer a vida toda.

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FOOTBALL SCORES LIVE: NOTÍCIAS E RESULTADOS DE FUTEBOL!

E

sta aplicação faz exatamente o que o nome indica, resultados de futebol em tempo real. Para se saber um resultado, ver uma tabela classificativa, verificar o agendamento dos jogos ou procurar dados estatísticos sobre as equipas em campo, é uma App que funciona sem problemas.

Tem ainda um sistema de actualização em runtime que permite ao utilizador estar actualizado face aos resultados dos jogos que pretende acompanhar. Permite ainda parametrizar os clubes e ligas preferidas para que o utilizador tenha acesso imediato aos seus favoritos Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 113


ACADEMIA O SEGREDO ALEMANHA CAMPEÃ D 114 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


AS O DA A O MUNDO

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Diogo Sampaio, Director e colunista da Desporto&Esport Em pouco mais de 10 anos foram investidos mais de 500 milhões de euros nas academias. O resultado: um campeonato do Mundo! Durante os últimos largos meses tem-se discutido, um pouco por todo o mundo futebolístico, quais as razões do sucesso no Mundial do Brasil de 2014. Mas em pleno 2015, a resposta a esta pergunta parece estar em 2011, e num relatório de 48 páginas emitido pelas autoridades federativas alemãs denominado por “10 Years of Academies – Talent pools of top-level German football” – em tradução livre, 10 anos de academias – germinar talento de top no futebol alemão. Após a derrocada da Alemanha no euro 2000, as autoridades sentiram que era necessário Mudar. E a mudança ou segredo não foi então mais que criar academias de treino e de alto rendimento e formar jovens talentos num largo plano nacional com a envolvência das entidades governativas, federativas e dos clubes de futebol; e paralelamente formar e dar competências académicas aos seus treinadores. Com um investimento financeiro, nos últimos 10 anos, de mais 520 milhões de euros, como podemos ver no gráfico ao lado. Os ganhos desta nova política são imensos, na última déca-

jogadores alemães aumentou e a idade media diminui. E, ainda se

da o número de jovens nas equipas alemãs dobrou, a proporção de

soma serem campeões do Mundo.

116 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Desde

ano

de talento”, a introdução de academias para talento jovem foi

de 2001, que

o

obrigatória para todos os clubes profissionais. “Sem o trabalho

as

e apoio da Liga dos sucessos da seleção alemã seria inconcebível.

academias

alemãs

têm

Fundamentalmente, graças as academias, há hoje mais e melhor

vindo a elimi-

jogadores e mais educados do que nunca. A Liga Alemã de Futebol

nar, e entretanto

está batendo este poço de talento. A equipa nacional, portanto, tem

ultrapassar,

o

uma chance real de vencer títulos novamente “, afirma C. Seifert,

hiato que existia

diretor executivo da DFL, e principal mentor e impulsionador do

em comparação

plano das academias. O número de jovens jogadores nos vários

com as suas homónimas na França e Holanda, que eram tidas

segmentos etários é fenomenal, com mais de 5.445 atletas jovens

como o modelo padrão. Alicerçado no programa “promoção

dividos por mais de 282 clubes, um pouco por toda a Alemanha.

O modelo acima, assente em 8 pontos bases, designado por Double PASS avalia as academias de formação juventude, com pontos de ponderadas categoria, totalizando uma pontuação máxima de 5.000 pontos. A Federação Alemã certifica academias com base nesses resultados, dando a cada clube uma classificação por estrelas entre um e três. Os Clubes ganham benefícios, entre eles fortes benefícios financeiros com base em quantas estrelas têm as suas academias. E os ganhos por estrela podem ser elevados e aliciantes - três estrelas equivale a um prémio de 300.000

euros.E embora, este processo de avaliação tenha sido recebido com polêmica, os resultados tem sido bastante positivo, com melhoras de 60% das academias após uma segunda avaliação quando comparadas com a primeira avaliação. E hoje é aceite a sua influência positiva, e tal como afirma diz Andreas Nagel, Chefe de Operações dos jogos de DFL, “ o processo de avaliação introduzido desde o seu inicio assumiu uma preponderância para que se fosse desse mais intensidade ao detalhe nas academias em todas as suas áreas”. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 117


Número de técnicos alemães em atividade nas várias faixas etárias e a sua formação.

“Sem o trabalho e apoio da Liga, os sucessos da seleção alemã seria inconcebível. Fundamentalmente, graças as academias, há hoje mais e melhor jogadores e mais educados do que nunca. A Liga Alemã de Futebol está a aproveitar este poço de talento. A equipa nacional, portanto, tem uma chance real de vencer títulos novamente“, C. Seifert, diretor executivo da DFL, e principal mentor e impulsionador do plano das academias na Alemanha em 2011.

Outro ponto fundamental, e em certa medida

por trás da

tão importante quanto as academias, foi a

decisão

de

formação dos técnicos de futebol, vulgos, trei-

“sentar

no

nadores principais, treinadores adjuntos e trei-

banco da esc-

nadores de guarda-redes/goleiros. O futebol

ola” os técni-

alemão tem mais treinadores com uma Licença

cos de fute-

A ou Pro Diploma em atividade, número

bol:

muito superior à média europeia e Mundial. A

altura

formação e formação superior é fundamental

que estamos

para qualquer profissão e no futebol não é e

empurrando

não deve ser exceção. Dar as ferramentas aos

a acreditação

ciona, assente numa imensa competitividade,

treinadores para lidarem com todos os desa-

do treinador obrigatória e melhoria da educa-

olhemos para o Bayern de Munich como um

fios para um futebol altamente profissional em

ção, este deve ser um alívio bem-vindo para

caso à parte, onde só encontra comparação na

todas as faixas etárias como é hoje em dia é

aqueles que desejam participar.”

Premier Legue. E tudo isto com da vez mais

crucial para o sucesso. E os custos de formação

Os resultados desta aproximação ao conhe-

jogadores alemães, como nos mostra o gráfico

para os “alunos” têm sofrido sucessivos descon-

cimento académico tem os seus frutos bem

acima. A alemanha é assim um exemplo a

tos, o ultimo na ordem dos 33%. O Diretor téc-

visíveis, e basta ligar a TV em qualquer jogo

seguir. E a ser analisado com atenção pelas

nico de futebol Cris Ola explicou o raciocínio

da Bundesliga, e o espetáculo que propor-

entidade federativas Portuguesas e Brasileiras.

118 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

“numa em


Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 119


A ATUAÇÃO ÉTICO-PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO NO ESPORTE Samira Saint Martin

Psicóloga esportiva. Especialista em Terapia Cognitiva. samira.psicologia@gmail.com

O

prazer em apreciar um

ao pódio. Todos esses episódios são abor-

evento esportivo cresceu

dados pela mídia como falta de prepara-

no mundo inteiro. A Copa

ção psicológica: “o atleta não estava pre-

do Mundo e as Olímpiadas

parado psicologicamente”. Porém a dis-

são exemplos dos mega eventos esporti-

cussão se limita a esse tipo de comentário.

vos da atualidade que corroboram essa

A atuação de um psicólogo é desconhe-

afirmação. A espetacularização do esporte

cida para muitas pessoas e por isso ele é

moderno e a super valorização dos resul-

vítima de preconceitos como o de atender

tados alcançados pelos atletas e equipes

pessoas “loucas” ou “problemáticas”. Um

tem sugerido o protagonista do espetá-

psicólogo no contexto esportivo tem sua

culo esportivo, o atleta, como figura espe-

atuação mais desconhecida ainda.

tacular do herói.

A forma como esse profissional pode atuar

O esporte de alto rendimento ou com-

é ampla, seja ela no esporte individual ou

petitivo, apresenta atletas que são con-

coletivo, desde as categorias de base às

siderados ídolos nacionais e até mesmo

equipes profissionais, ajudando desde os

mundiais, que são também “exemplos” de

atletas à instituição esportiva.

ser humano por vencerem adversários,

As intervenções tem caráter terapêutico e

obstáculos, superarem limites e fazer-nos

educativo, através de sessões individuais

sentir orgulho da nação.

e dinâmicas de grupo, que beneficiam os

Não são poucas as pessoas que se aven-

atletas e a equipe como um todo, sendo

turam a tornarem-se um destes, inde-

o psicólogo o mediador das relações e

pendente da modalidade esportiva, como

facilitador para que as discussões ajudem

também é grande o número de profis-

o grupo a evoluir.

sionais que gostariam de trabalhar nesse

Na Psicologia os princípios de ética trazem

meio. Porém fazer parte de uma comissão

desafios importantes para a prática cotidi-

técnica de uma equipe esportiva não é

ana, sendo comum a curiosidade das pes-

um trabalho fácil, principalmente pelas

soas a respeito de algum caso específico.

exigências de rendimento por parte dos

Observa-se, hoje, uma gama enorme

atletas, clubes, mídia e patrocinadores.

desses profissionais trabalhando em insti-

A preparação física não é mais um dife-

tuições, o que antes era mais comum sua

rencial entre os atletas profissionais. Seus

presença apenas em consultórios.

rendimentos se assemelham, sendo suas

Muitas vezes esse trabalho subjetivo, pre-

habilidades psicológicas a chave mestra.

cisa apresentar resultados palpáveis para

Pode-se citar alguns atletas ou equipes

as organizações.

que perderam grandes chances de medal-

Atualmente a Terapia Cognitiva vem sur-

has, como por exemplo o ginasta Diego

preendendo por apresentar resultados em

Hipólito, favorito ao ouro nas Olímpiadas

poucas sessões, sendo estes visíveis tanto

de 2008 em Pequim e nem mesmo subiu

para o atleta quanto para o treinador.

120 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

“Um atleta ou equipe confia ao psicólogo questões que não relataria à outra pessoa. O psicólogo deve ajudá-lo nessas situações e manter o sigilo, mesmo havendo uma certa curiosidade por parte da comissão técnica em saber sobre elas... A ética do psicólogo antes de tudo, não é uma ética como uma verdade a ser transmitida, mas uma construção conjunta de sentidos, lembrando que antes de se trabalhar o atleta, ele tem diante de si um ser humano.”


“A atuação de um psicólogo é desconhecida para muitas pessoas e por isso ele é vítima de preconceitos como o de atender pessoas “loucas” ou “problemáticas”. Um psicólogo no contexto esportivo tem sua atuação mais desconhecida ainda. A forma como esse profissional pode atuar é ampla, seja ela no esporte individual ou coletivo, desde as categorias de base às equipes profissionais, ajudando desde os atletas à instituição esportiva. As intervenções tem caráter terapêutico e educativo, através de sessões individuais e dinâmicas de grupo, que beneficiam os atletas e a equipe como um todo, sendo o psicólogo o mediador das relações e facilitador para que as discussões ajudem o grupo a evoluir. “

A ética é um tema da Filosofia da Moral,

distanciando-a dos compromissos éticos

esporte que se autodenominam “motiva-

portanto, um pensamento reflexivo sobre

postos para a profissão do psicólogo. É de

dores”. Apesar de isso não ser Psicologia

os valores e as normas que regem a con-

extrema importância uma escuta clínica

em si, a equipe contratante deve saber

duta humana. É costume identificar a ética

no esporte, pois a concepção da clínica que

que a motivação assim abordada, pode ser

referindo-se a um conjunto de princípios

se tem, precisa ser ampliada para todos os

realizada pelo próprio treinador ou por

e normas que um grupo estabelece para

espaços onde o psicólogo está inserido,

outro profissional que não o psicólogo.

seu exercício profissional, por exemplo, os

exatamente porque a clínica não é um

Além de superficiais, essas “sessões de

códigos de ética dos médicos, dos advo-

lugar, mas sim uma postura ética do pro-

motivação” não são equivalentes ao trabal-

gados e dos psicólogos. No esporte, vários

fissional na escuta que faz das demandas

ho do psicólogo, pois não ajuda a equipe a

problemas podem ser observados, sejam

de seus clientes.

refletir sobre suas necessidades e a ampliar

eles no nível macro, ou seja, a instituição

Um atleta ou equipe confia ao psicólogo

seu repertório de comportamento.

esportiva, ou micro, o próprio atleta ou

questões que não relataria à outra pessoa.

A necessidade da vitória a qualquer custo,

grupo. A mediação atleta – clube, o feed-

O psicólogo deve ajudá-lo nessas situações

da adequação às mudanças de regras e

back aos gestores e a contratação de um

e manter o sigilo, mesmo havendo uma

calendários e os interesses comerciais

psicólogo permanente em uma equipe e

certa curiosidade por parte da comissão

de clubes e patrocinadores chegam ao

as “palestras motivacionais”, são algumas

técnica em saber sobre elas. Por algumas

psicólogo do esporte como uma imposição

questões éticas que podemos discutir aqui.

vezes, o treinador ou outro membro da

para sua função e permanência no clube.

É comum surgir demandas que não este-

comissão técnica tem seu nome levan-

Isso porque a lógica da sociedade contem-

jam ligadas diretamente ao contexto de

tado em reuniões com a Psicologia. Para

porânea é a de produtividade, de perfor-

treinos e competições, mas que de algu-

resolver a demanda que surgiu, não fará

mance e do sucesso. Por ser um trabalho

ma forma interferem no rendimento de

diferença e é desnecessário citar nomes,

reflexivo e subjetivo, ele requer tempo e

um atleta. Essas questões podem ser de

mesmo havendo uma pressão por parte

planejamento.

ordem pessoal, familiar ou social e nesse

da comissão em identificar os atletas.

A ética do psicólogo antes de tudo, não é

momento o psicólogo se pergunta, se ao

Comissão e equipe devem tentar entender

uma ética como uma verdade a ser trans-

trabalhar essas questões ele está saindo de

por que aquela situação está acontecendo

mitida, mas uma construção conjunta de

sua especialidade do esporte e entrando

e o que cada um se compromete a fazer

sentidos, lembrando que antes de se trab-

no âmbito clínico. Não é possível falar de

para mudá-la.

alhar o atleta, ele tem diante de si um ser

uma Psicologia Esportiva recortando-a e

Existem algumas pessoas atuando no

humano.

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Para melhor Atacar – Defender ainda melhor! Ancelotti afirmou durante esta presente temporada que “defender é uma missão de sacrifício em que com uma pressão uniforme tem-se o prémio da recuperação da bola”. Talvez possa parecer estranho começarmos este artigo com uma frase do treinador do Real Madrid, mas foi este mesmo técnico que ensinou uma lição a Guardiola na época passada na Liga dos Campeões, quando derrotou a equipa da Baviera por uns esclarecedores 4-o, apostando numa defesa . Guardiola perdeu este duelo, porque a sua equipa não soube entender os momentos em que tinha de recuar. Pressionar 100% do jogo é impossível. Tenta-lo é um tremendo erro! Como o treinador espanhol bem entendeu, é preferível apostar na inteligência e táctica dos jogadores do que na força, que inevitavelmente se esgota com o decorrer do jogo. Guardiola entendeu isso, e desde logo, da final da época anterior começou a mudar o sistema táctico da equipa do 4-2-3-1 ou 4-1-4-1 colocou em campo um 3-6-1, com Martinez a trinco, Rafinha e Lahm de alas, Kroos e Højbjerg no meio, Ribery/Götze e Robben nas alas e Müller de falso nove como homem mais avançado. Muitas dessas ideias passaram para esta presente época, com significativos ganhos em golos sofrido e na posse de bola. Os números ao lado, na tabela 1, são interessantíssimos, uma vez que demonstram de forma clara a mentalidade mais defensiva de ainda maior posse de bola da equipa alemã, Ao todo, e no mesmo período, são menos 12 golos sofridos, consentindo apenas 11 golos na liga alemã. E subindo em média mais 10% no índice de posse de bola, cifrando-se agora nos 71%. Elevando para um outro patamar a ideia que as “equipas de Guardiola jogam e não deixam jogar, porque o adversário nunca tem a bola“.

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ENTEN DE GU

A anarquia a maior difi


NDENDO O BAYERN UARDIOLA 2014/2015

tática da equipa de Guardiola é a sua principal arma e iculdade para as equipas adversárias.

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Bayern 2013/2014 vs. 2014/2015: dados até ao mês de Março unicamente da Liga Alemã

Para melhor Atacar – Defender ainda melhor! Como podemos facilmente identificar, cada elemento do onze da equipa alemã, tem um conjunto de movimentos bem definidos e que tem duas grande virtudes: proteger o meio e eliminar ao máximo as linhas de passe da equipa adversária. Os extremos são fundamentais neste processo, recuando sempre que a equipa perde a bola, principalmente quando a equipa joga com 3 defesas; uma das principais características da forma de trabalhar de Guardiola é convencer os seus jogadores de que o importante é o colectivo e só as dinâmicas de grupo interessam, deixando para segundo plano as necessidade e ambições pessoas de cada futebolista – já assim tinha acontecido em Barcelona.

A anarquia táctica e os desdobramentos do 4-2-3-1, 3-3-3-1 ao 3-4-3 e o 4-3-3 Mas, como raios joga o Bayern? A única resposta possível, para quem observa de fora, é a anarquia. Uma anarquia controlada. Varia de jogo para jogo e dentro do próprio jogo. Muito se tem dito, principalmente nos últimos anos, que mais importante que a formação e táctica de base, são as dinâmicas da equipa e dos jogadores entre si. Logicamente a dinâmica é crucial, mas não menos importante é o local de onde os jogadores começam a correr. E, neste ponto, o Bayern de Guardiola é único, e podemos descurtinar quatro modelos de jogo usados pelo técnico espanhol durante esta presente época: 4-2-3-1, 3-3-3-1, 3-4-3 e o 4-3-3. Nas imagens abaixo, podemos ver os dois mais usados: 4-2-3-1 e o 4-3-3. 124 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


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Bayern o 4-3-2-1

4-2-3-1, 3-3-3-1 ao 3-4-3 e o 4-3-3 Em vários jogos recentes, principalmente após a lesão de Robben, Pep Guardiola tem mostrado uma preferencia para jogar em 4-3-3 desdobrando-se em 3-4-3 (figura 2). Com o retorno de ambos Holger Badstuber para a defesa e Philipp Lahm no meio-campo, deu o Bayern de Munique um dilema interessante no centro do meio-campo e uma exigência de que eles abordam onde David Alaba vai jogar? Contando ainda com Thiago Alcantara após paragem prolongada por lesão já regressou aos treinos e com Javi Martinez sempre à espreita. Mas talvez, estes dilemas não sejam assim tão relevantes: O Bayern de Munique funciona com um meio-campo com Schweinstegier, Lahm, e Alonso acrescentando Thiago para a profundidade e rotação. Adicionar David Alaba à mistura quando Juan Bernat joga e Bayern de Munique têm os seus dois extremos com um menor fulgor ou lesionados.

Bayern o 4-3-3

Junta-se a isso, o fato de que Mario Götze, que tem funcionado durante toda esta época como um extremo esquerdo, Lewandowski no meio e Müller no lado direito. Obviamente, Ribery e Robben nas alas quando em condições físicas. O TiKi Taka e a Verticalidade As equipas de Guadiola têm sempre uma enorme capacidade de reter a bola, passando entre os vários jogadores o esférico, escondendo-a, conseguindo com isso progredir no terreno e criar situações de golo, ou adormecer o adversário e apostar na verticalidade. No vídeo abaixo podemos o Tiki-taka versão Bayern e como os jogadores se vão movimentando de forma a dar linhas de passe:

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A Verticalidade tenta unir na perfeição dois polos distintos: a posse de bola e o jogo direto. A Verticalidade mistura elementos de jogo direto e posse, tornando-o mais atacante e mais agressivo que o vulgo “tiki-taka” sem que para isso se perca a capacidade de reter a bola e se coloque a equipa em apuros de uma forma fácil. A Lateralização do jogo – bola jogada para os lados, para desequilibrar a posição dos defesas e encontrar espaço; quando isso não acontece, a bola deve ser jogada para a frente em um passe longo para rapidamente encontrar os avançados, e num espaço de segundo ultrapassar todo o miolo do terreno, normalmente sobrepovoado no futebol moderno. O Bayern é uma das equipas que melhor aplica esta nova forma de jogar, graças a Xavi Alonso e aos seus passes longo e certeiros, sempre imprevisíveis para as equipas adversárias:

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O factor Neuer – Um guarda-Redes de excepção

No Mundial do Brasil do ano passado, Neuer marcou um era para a posição de guarda-redes, como antes tinha acontecido com nomes como: Higuita, Jorge Campos, Chillavert, Buffon e Yashin. Mas ao contrário destes guarda-redes, Neuer pensa muito além da sua posição, joga como libero, coloca a bola onde quer com as mãos – passes de 50 metros, e dentro dos postes é uma muralha. É o melhor do Mundo e a estatística não engana. Neuer tem 1,93 m e ainda assim no Mundail do Brasil percorreu média superior a cinco quilómetros por jogo. e chegou a atingir mais de 30 km/h de velocidade máxima em “sprint” ao sair na cobertura da defesa. Ainda na Copa teve 25 intervenções decisivas e apenas sofreu 4 golos. Acabou por se tornar num dos melhores jogadores do ano e em terceiro lugar no prémio da FIFA. Este ano, a sua performance não se alterou.

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NASCAR E O PATROCÍNIO MILIONÁRIO DE US$ 1 BILHÃO

D

e acordo coma a publicação Sports Business Journal,

“As marcas relevantes e autênticas estão dentro dos setores de

a Nascar tem levado ao mercado a proposta bil-

tecnologia, seguros e vendas on-line. São marcas que poderiam

ionária, de um aumento de 33% no patrocínio da

alavancar sua propriedade por meio da Nascar como um divisor

competição, atualmente na casa dos US$ 75 milhões

de águas”, afirmou Brian Corcoran, ex-executivo da Nascar que foi

ao ano. Se for fechado, será o maior contrato de patrocínio do

responsável pelo acordo firmado com a Nextel em 2004.

desporte nos EUA. Estes valores apenas seriam validos a partir de 2016, quando se encerram os 13 anos de contrato da Sprint, atual

De acordo com o Sport Business Journal, a proposta da Nascar é

detentora do patrocínio principal.

de que metade do valor investido seja usado para ações de ativação

Muitos especialistas do mercado americano parecem ter dúvidas

desse patrocínio. Isso significaria cerca de US$ 50 milhões ao ano

relativamente à possibilidade deste acordo e dizem que a Nascar

para as ativações.

deverá ter dificuldades para achar um patrocinador nos mesmos

O modelo é similar ao que ocorre em outras ligas esportivas dos

moldes da Nextel/Sprint. A saída seria encontrar uma empresa que

EUA. Com ele, o patrocinador é obrigado a ajudar a promover a

não é líder de mercado e que esteja disposta a pagar esse montante

categoria e, da mesma forma, consegue mostrar associação com o

para ganhar mercado a partir da associação com a Nascar.

seu patrocinado.

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