SER TREINADOR
Os desafios de ser treinador no desporto moderno
FUTEBOL: ZONA 14
O que é? E a sua importância
PAULO BENTO
MARKETING
?Copa 2014: culpado ou réu A importância do Marketing no desporto e para os clubes
Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva
Desporto&Esport
Edição 1• 2014 /2015
NBA & Limites físicos
Os altos números de lesões na NBA faz com que se questione: estamos a chegar aos limites físicos?
Poker: Desporto?
O poker deve ser considerado como desporto? Ou não é mais que um jogo de azar?
Ténis & Formação
Quanto custa formar um tenista profissional desde os juniores até aos seniores?
Ciclismo & Futuro
Qual é o futuro desta modalidades após sucessivos casos de doping na última década?
MEGAEVENTOS Legado Positivo? Ou Herança Pesada? Especial
Brasil e pré temporada: as diferenças entre a Europa
A NÃO PERDER: A ANÁLISE AO CHELSEA 2014/2015
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EDITORIAL A Desporto&Esport é um magazine digital mensal e gratuito, suportado por uma plataforma online, que tem como seu principal propósito pensar e fazer pensar o desporto em todas as suas vertentes. Dando especial destaque a questões que derivem da estratégia e da gestão, como o negócio, o marketing ou a organização. Sem no entanto, esquecer o impacto social do desporto na nossa sociedade ou as questões éticas, legais ou filosóficas que levanta. E, não esqueceremos igualmente o que torna o desporto arte: os atletas, o jogo, as táticas. Tratamos todas as modalidades da mesma forma. Todos os atletas com o mesmo respeito e consideração. Procuramos conhecer o desporto por dentro. Como funciona. Quais são as peças que o fazem mexer. Como se gere um clube, uma competição ou um desporto. De que forma são organizados os campeonatos. Quais
Director geral e Editor Diogo Sampaio d_sampaio@desportoeesport.com
Colunistas Pedro M. Silva, Vitor E. Santos, Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago Dinis
são as responsabilidades de cada agente nestes processos. Isto sem nunca esquecer de projetar o futuro e entender como se vão desenvolver os caminhos para ai chegar.
Contatos contato@desportoeesport.com
Um Magazine escrito em português que ambiciona tratar e tocar no desporto pelos quatro continentes em que se espalham os países da lusofonia:
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Portugal, Brasil, Angola, as ilhas de cabo verde, Moçambique e timor,
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bem como todos os outros países e regiões onde a bela língua portuguesa é falada e entendida. Nesta primeira edição trazemos para tema de capa os Megaeventos, e os benefícios e desvantagens que eles trazem para os países e cidades sede. Depois da terminada a “Copa de 2014” no brasil, o legado que este evento deixará para as populações brasileiras está na ordem do dia e nas várias matérias que apresentamos ao longo das páginas da nossa revista comparamos inúmeros casos de forma a entender as verdadeiras consequências, sejam elas positivas ou negativas, de sediar um megaevento desportivo. Aproveitamos igualmente este primeiro número para introduzir alguns temas que em futuras edições serão tratados em mais pormenor como é exemplo o Marketing desportivo, tipos de treino ou formação desportiva nas mais diversas modalidades. Garrincha atleta de eleição e a saída de Paulo bento é também amplamente comentada nas nossas páginas. E não nos esquecemos de apresentar as novas tendências tecnológicas ou o entretenimento com a apresentação de filmes, software, aplicativos Web ou livros. Por fim, resta-nos dizer que vocês, os leitores, têm total acesso as páginas da nossa revista, assim como a nossa plataforma online que estão recetivas a publicar matérias, artigos de opinião, cartoons, artigos científicos ou pequenos contos e histórias reais redigidas por vos.
DIOGO SAMPAIO, DIRETOR
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LONDRES DIAS ANTES DAS OLIMPÍADAS DE 2012
: LEGADO POSITIVO OU HERANÇA PESADA? Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
O marketing, ou seja, projetar uma imagem positiva para o exterior é a principal mais-valia de um megaevento para o país sede.
Sediar grandes eventos, possam ser eles culturais, económicos ou desportivos fazem hoje parte de uma estratégia ampla de redefinir as cidades e os países organizadores assim como projetar uma imagem para o exterior positiva que traga frutos num curto, medio e longo prazo. Atrair capitais e investimento privado, apostar em novos fluxos turísticos ou lidar com problemas socias fazem também parte da ambição mais ampla que está por detrás de todo o processo de sediar um megaevento e apostar nele para uma “re-transformação” urbana e social. Na organização de um grande evento desportivo existe igualmente o desejo que o desporto se organize, se torne mais profissional e acima de tudo que se democratize a toda a população. Muito outros benefícios são apontados para suportar a ideia que desenhar e implementar um evento desportivo da envergadura de um Mundial de Futebol ou Europeu, estando a oportunidade para o progresso e o desenvolvimento à cabeça. Sem esquecer os retornos económicos.
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Apareceu, no entanto, nos últimos anos
regeneração urbana, ao desenvolvimento
e produtos, sendo o principal destes o tur-
alguma resistência por parte das popu-
desportivo e a um impacto social posi-
ismo e a criação de uma imagem positiva
lações aos megaeventos. Muitas vozes
tivo e duradouro. Nas últimas três décadas
para o exterior, acreditando dessa forma
questionam, se é possível que eventos
com desenvolvimento das tecnologias da
angariar num longo prazo os altos investi-
com tão fortes investimentos mas de tão
informação e comunicações em massa
mentos que hoje estes eventos comportam.
curta duração e com consequências de
estes eventos alcançaram uma visibilidade
Isto é de tal forma verdadeiro que a cidade
longo prazo poderá ser uma opção com
planetária à qual nenhum país é alheio,
de Chicago na disputa da candidatura para
efetivos ganhos. A literatura e os estudos
tornando a sua realização requerida por
sediar os Jogos olímpicos de 2016, gastou
académicos acompanham de certo modo
governos e administrações locais. Assim
por volta de US$ 100 milhões. Lembramos
a entoada negativa, onde apresentam os
como um grande chamariz para as grandes
que esta batalha foi ganha pela cidade do
cidadãos como os principais perdedores
corporações e as suas marcas que anseiam
Rio de Janeiro, que gastou também uns
e desmentem a maioria dos benefícios
estar associadas aos ideais positivos que
incríveis US$ 88 milhões.
apresentados. Nas próximas linhas, apre-
o desporto e os seus atletas carregam. De
Outros fatores são usualmente aponta-
sentaremos os pontos positivos e negativos
facto, olhando da perspetiva do país orga-
dos para sediar um evento desportivo de
de sediar um megaevento desportivo.
nizador e das cidades sede, elas encontram
grandes dimensões, como o desenvolvi-
nos megaeventos a plataforma ideal de
mento desportivo da região e o impacto
Os megaeventos desportivos têm sido sem-
marketing para a venda, divulgação e pro-
económico de curta e longa duração.
pre associados ao progresso económico, à
moção em grande escala das suas virtudes
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O impacto social não pode também ser
tida por diversas áreas. A necessidade de
para as populações locais. Por im, procura-
desprezado, e em casos particulares pode
construir arenas desportivas, hotéis, uma
se a reprodução dos casos de sucesso onde
ser inclusive o ponto mais importante para
infraestrutura rodoviária, aeroportos, entre
o impacto deixado pela realização de um
a decisão de sediar um megaevento. Veja-se
outros, mostra-se como um atrativo para
grande evento serviu as suas populações e o
por exemplo o caso da Alemanha e do seu
inúmeras empresas, principalmente con-
PIB do país organizador.
Mundial de 2006, apenas alguns anos após
strutoras, que olham para estes megaeven-
O caso das Olimpíadas de verão de 1992
a unificação do país e queda do muro de
tos de forma muito positiva. As populações
em Barcelona é sempre apontado como o
Berlim. Ou a Africa do Sul e a sua política
por seu lado sonham em apoiar os seus
exemplo positivo do impacto dum evento
de unificação dos seus diferentes povos
atletas ao vivo e nos seus países ao lado dos
desta natureza e o legado satisfatório para
– culturais, étnicos e religiosos - através
amigos e família e acreditam ainda que o
as suas populações.
do desporto que culminou na realização
legado após evento será positivo, dadas as
O desenvolvimento urbanístico reabilitou
do Mundial de 2010. O lado empreend-
estimativas apresentadas por diversos estu-
a cidade espanhola que até à data pos-
edor e económico não pode deixar de ser
dos feitos pré evento. Renovação urbana e
suía inúmeras áreas degradas e desenvolveu
mencionado, e os megaeventos por norma
melhores condições de vida para as popu-
fortemente a atividade turística, sendo atu-
acarretam o investimento público na ordem
lações é também um dos argumentos mais
almente a segunda cidade europeia com
dos milhares de milhão, que de outra forma
utilizados, como o já falado reorganização
mais fluxo de turistas, unicamente ultrapas-
se daria mais faseada no tempo e repar-
do desporto e da difusão da sua prática
sada por Paris.
“Olhando da perspetiva do país organizador e das cidades sede, elas encontram nos megaeventos a plataforma ideal de marketing para a venda, divulgação e promoção em grande escala das suas virtudes e produtos, sendo o principal destes o turismo e a criação de uma imagem positiva para o exterior. ” Definição Legado O impacto de um megaevento para o futur, ou por outras palavras, o legado, pode ser definido de duas formas: tangíveis ou intangíveis. Legados tangíveis são referentes ao impacto que é de possível mensuração, como a variação no emprego, PIB ou o fluxo turístico. Estes podem ainda ser diretos ou indiretos. Os legados tangíveis diretos referem-se aqueles que estão relacionados diretamente ao evento e o seu cálculo é feito por meio de um multiplicador. Os impactos intangíveis possuem um aspecto subjetivo que os tornam mais difíceis de calcular. Alguns exemplos são: o aumento de felicidade da população, a melhoria da imagem de uma cidade ou do país perante o mundo, o orgulho nacional, a unificação de um povo, etc. Ainda assim, algumas abordagens podem possibilitar algum tipo de avaliação, uma que certamente se destaca é o aumento do turismo nos anos imediatamente após o evento.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
Q
uando se iniciaram em 1992 as Olimpíadas,
pole desindustrializada com um porto marítimo decadente, com
Barcelona mostrou ao mundo uma nova cidade,
alto desemprego, altos índices de crime e elevados indicadores de
reestrutura e remodelada, projetando uma bela
violência. As olimpíadas vieram mudar este cenário e mais de vinte
imagem que perdura ainda no imaginário de todos aqueles que
anos depois, Barcelona é uma cidade viva e um dos principais centros
acompanharam o evento,
turísticos e culturais da
tenham-no feito ao vivo ou
Europa.
pela televisão. O impacto
complexo olímpico conta
urbanístico foi de tal forma,
com instalações utiliza-
que rendeu à sede olímpica
das pela população e
o prêmio Príncipe de Gales
para várias competições
de desenho Urbano, da
e continua a ter uma uti-
Universidade de Harvard.
lização constante ou pelo
A restruturação urbana de
menos periódica..
Barcelona, foi mais longe e
Barcelona
devolveu o mediterrânio às
num postal reconhecido
suas populações assim como
em qualque parte do
as ganhou novas praias –
mundo.
mais precisamente 5km de
Existe, no entanto, quem
novas praias -, numa cidade
conteste o modelo que
que tinha sempre vivido de
foi seguido pela cidade
Além disso, o
tornou-se
costas para o mar. O sistema de transporte foi totalmente remodelado
de Barcelona. Neste sentido, a leitura do livro de Manuel Delgado,
e a rede de metro foi amplamente ampliado.
La ciudad mentirosa. Fraude y miseria del modelo Barcelona do ano
O fluxo de turistas mais que duplicou e agora é mais de 7 milhões de
de 2007 torna-se obrigatória. Neste livro, o autor questiona o modelo
turistas anos para uma cidade que não chega a 2 milhões de habitan-
utilizado que invariavelmente leva ao que o mesmo autor apelida de
tes.
É importante relembrar que no século passado, Barcelona era
cidades-negócio, que idealizam unicamente o interesse das grandes
a capital industrial da Espanha mas com o declinar da ditadura nos
multinacionais e empresas ligadas ao turismo esquecendo as popula-
anos 70 e com a chegada da democracia, tornou-se em uma metró-
ções locais.
Desde há três décadas que o tema do legado deixado pelos mega-
combater a pesada herança do evento.
eventos é altamente debatido na literatura e no meio académico, e
Pragmaticamente, e olhando unicamente para os números, hospedar
progressivamente as conclusões que estes trabalhos têm chegado
grandes eventos gera indiscutivelmente mais custos do que receitas.
indicam que o impacto de
Temos, em primeiro lugar, a dura realidade do investimento ser
sediar estes eventos raramente
sobretudo feito com dinheiros públicos, com raríssimas exceções,
é positivo. Nomeadamente, o
e o superfacturamento ser uma constante, e que não raras vezes,
impacto económico de sedi-
facilmente eleva os custos previstos para o dobro, em média o
ar um evento desportivo da
faturamento fixa-se nos 1,67 ao inicialmente orçamentado. A dívida,
envergadura de um Mundial
para as gerações futuras, acaba por ser inevitável. Inclusive o caso
de futebol ou Olimpíadas pode
de sucesso de Barcelona gerou uma dívida de mais de 3 mil milhões
deixar marcas de tal forma
de euros. Em Atenas, o investimento público excedeu mais das duas
profundas, que não raras vezes
dezenas de milhares de milhão de euros e deixou rastros negativos
pode demorar gerações para
nas finanças da Grécia até hoje, que vive numa profunda crise
que essas mesmas marcas se
económica. Por outro lado, o superfacturamento, é uma verdadeira
curem. Um exemplo clássico é
mais-valia para os verdadeiros vencedores de sediar um megaevento
o das Olimpíadas de verão de
desportivo: a Banca e as Construtoras.
1976 em Montreal - Canadá
Um outro ponto que merece ser discutido, mas que poucas vezes
onde a administração local
o é de forma conveniente, é o mau uso dos terrenos e as inadequa-
criou um imposto que durou
das planificações e a, muitas vezes inexistente, subutilização de
mais de trinta anos de forma a
infraestruturas pós evento.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
OS “PREJUÍZOS” DE UM MEGAEVENTO
Elefantes brancos, dívidas e perdas de soberania, entre outros. Falamos claro dos elefantes brancos, ou seja, árenas e infraestruturas desportivas sem uso pós evento, são também bom exemplo do legado negativo. Algo que acontece sem exceção. Talvez neste ponto apenas a Alemanha e o seu Mundial de 2006 possa escapar a esta crítica. Por outro lado o caso dos estádios de Aveiro ou Algarve em Portugal após o Euro2004 são disso exemplo, tendo inclusive a autarquia de Aveiro sugerido implodir o estádio, tal os custos que a sua manutenção acarreta. No Brasil, ninguém sabe o que fazer com os estádios de Brasília e Manaus. Este último tendo sido já sugerido pelos responsáveis da cidade uma reforma pós “copa” que o transfigure este recinto num presidio de alta segurança, proposta já recusada,
Elefantes brancos são
como mandaria o bom senso.
uma “inevitabilidade” do
Socialmente, os megaeventos, na sua generalidade, não são desenhados para as populações do país organizador, pelo menos não para aquelas
legado dos megaeventos.
que possuem um rendimento financeiro baixo e o impacto económico no
O estádio de brasília (na
curto prazo é insuficiente quando comparados com o investimento inicial,
foto) é um dos que mais
e num longo prazo os prejuízos financeiros tendem-se a agravar. Para as populações locais outro duro revés é a inflação que nos meses anteriores ao evento e durante o evento disparam muitas vezes para valores incom-
preocupa as autoridades brasileiras.
portáveis. O Rio de Janeiro é talvez o melhor exemplo, sendo uma cidade central em dois megaeventos – Mundial2014 e Olimpíadas2016 – os preços, nomeadamente na restauração, subiram para valores proibitivos para a sua população local, naquela que é já uma das cidades mais cara do mundo. Muita mão-de-obra durante o evento trabalha em regime de voluntariado e não raras vezes, questões referentes aos direitos humanos são levantadas. Talvez o caso mais flagrante seja o do Mundial de 2020 do Qatar. A repressão policial durante os eventos é também um ponto de destaque, tal como aconteceu na Africa do Sul, com alguns dos seus cidadãos a serem condenados em poucos dias a mais de uma dezenas de anos por um simples furto, que na maioria dos países o castigo se. fica pela reprimenda. Existem ainda questões ambientais e o impacto que os megaeventos têm muitas vezes para a própria soberania dos países organizadores. Assim como a alteração na agenda de turistas mais frequentes e empresários de outros setores, preferindo evitar o excesso de pessoas. Outro especto que merece ser mencionado é a falacia da criação de emprego, uma vez que a maioria dos postos de trabalho criados são limitados no tempo e estinguem-se mal termine o evento ou até antes disso no casos desses empregos estarem associados construção das infraestruturas e arenas. Por fim, o real retorno económico fica sempre aquém do esperado.
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Perdas de soberania, impacto ambiental negativo e dívidas estão no topo das contrariedades de sediar um megaevento ”
PRÉ-TEMPORADA
O BRASIL COMO DESTINO DOS PRINCIPAIS CLUBES EUROPEUS PARA REALIZARAM AS PRÉ-TEMPORADAS Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
O
s maiores clubes europeus de futebol, como
As boas condições e infraestruturas futebolísticas, como os centros
Barcelona, Real Madrid, Man. United ou AC Milan,
de treino, e acessos, como os aeroportos e estradas, pode ser o ele-
trabalham com orçamentos exorbitantes para con-
mento chave para a escolha do brasil. A aposta, num mercado que
seguirem adquirir os melhores jogadores - em
conta com 200 milhões de pessoas, que já vivem apaixonadamente
transferências que chegam a valores “pornográficos”, para pagar os
o futebol, podem ser um chamativo para as marcas e investir neste
salários milionários e até para o dia-a-dia, onde os estágios, via-
mercado pode ser uma decisão com retornos.
gens e hotéis chegam a somas consideráveis no final do ano. Neste
Mudando de perspetiva, o futebol brasileiro pode ter muito a gan-
seguimento, os grandes clubes europeus tentam angariar recei-
har com este novo paradigma, caso ele se concretize.
tas de todas as formas possíveis e entrar e mercados, onde existe
Num primeiro plano, tal como aconteceu durante no mundial de
potencial de negócio. As pré-temporadas têm-se afigurado como
seleções 2014, os adeptos, mas sobretudo os dirigentes e as equipes
momentos chave para os clubes visitarem países e regiões que
técnicas teriam um acesso privilegiado as formas mais modernas
durante os apertados calendários competitivos raramente o podem
de trabalho, para além de um contacto mais ou menos formal com
fazer, como é o caso dos EUA ou a Asia. O argumento usado é que
os melhores técnicos do mundo. A troca de experiência poderia
estes mercados são primordiais para os patrocinadores. A fonte
mostra-se decisiva para os técnicos brasileiros adaptarem novos
primária é a receita, a secundária é expandir a marca
métodos de trabalho.
O brasil entra nesta equação como possível destino futuro das pré-
Este câmbio entre treinadores pode ser fortalecido com palestras
temporadas dos principais clubes europeus. Assim como acolher
e curtos estágios.
clubes do norte da Europa (Alemanha ou Rússia) quando estes
A competição, mesmo que em apenas jogos particulares, permitirá
pausam os seus campeonatos nos meses de janeiro e fevereiro por
as equipas brasileiras confrontar dentro do campo as melhores
conta das condições atmosféricas rigorosas. Até agora, o destino
equipas do mundo e modelos táticos diversos, mas igualmente
desses clubes passava por Portugal ou Espanha, mas como sugere
eficazes.
Frederico Nantes – presidente do comité organizador da copa do
Se no futuro as equipas europeias escolherão os campos brasileiros
mundo, esses países podem procurar o brasil.
para a preparação das suas épocas, ao invés dos EUA ou da Asia
De resto, esta política de “recrutamento” das equipas europeias
que hoje recolhem as preferências, ainda é incerto. Sente-se a von-
para estágios do brasil parecer fazer parte de um programa de um
tade que tal se suceda. Os benefícios são evidentes, e as vantagens
plano mais amplo de reutilização e rentabilização das infraestrutu-
ultrapassam o lado económico, o podem ser cruciais para mod-
ras deixas pela realização do Mundial de 2014.
ernizar o futebol brasileiro.
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CHELSEA:
TÁTICA 2014/2015 OS NOVOS JOGADORES, AS FORMAÇÕES TÁTICAS SOBRE A BATUTA DE HAZARD E FÁBREGAS. Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com 12 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com
A
O treinador - J. Mourinho mudança mais visível no Chelsea versão 2014/2015 foi na zona de ataque, que era de longe, pelo menos quando olhando para a época anterior, a parte mais fraca da maquina montada por
José Mourinho, como a marca de 20% de jogos sem marcar na Premier League, não deixa esconder. O contratado Diego Costa, o regressado Didier Drogba e Fernando Torres (agora saído para o Atlético de Madrid) lutaram pelo lugar de ponta de lança no início da época; lugar esse, que é agora indiscutivelmente do avançado brasileiro naturalizado espanhol, que tem estado num momento de forma absolutamente deslumbrante. O regresso de Drogba é um “docinho” para os fãs e adeptos do clube londrino que têm visto desde 2012 o desmembrar da equipa “ganhadora” que se iniciou na primeira passagem de Mourinho pelo Chelsea. E Drogba, apesar da idade, têm-se mostrado um peça fundamental e claramente que ainda não perdeu o seu instinto matador. E, agora com a saída de Fernando Torres e Demba Bamba, permite a Mourinho passar do esquema tático 4-2-3-1 da época passada e variar para o 4-4-2 com mais força de fogo no ataque. Srndo que o modelo mais utilizado continua a ser o 4-3-3. Mas, a peça chave deste Chelsea é Hazard, que como o espanhol Fàbragas afirmou é o “Messi do Chelsea”: “para nós, ele (Hazard) é a ligação entre o meio-campo e o ataque. Ele é o nosso Messi porque faz a diferença em campo”. O próprio Mourinho sublinha essa ideia quando afirma que o medio de 24 anos pode ser o melhor do Mundo e que a equipa pretende ajuda-lo a chegar a esse patamar. Pelas palavras do próprio Mourinho: “Estou muito contente pelo Eden ter assinado um novo contrato. Mostra que ele acredita na equipa técnica e nos jogadores para o ajudarem a tornar-se o melhor jogador do mundo. Ele já é um jogador de topo e a sua evolução tem sido fantástica. Ainda é muito jovem, por isso pode tornar-se no melhor”. José Mourinho tem o conjunto de jogadores que queria; O dono do Chelsea, o russo Abramovich trouxe as peças que ele pediu e o português tem um elenco que é considerado por muitos o melhor da premier league, não sendo de estranhar a sua liderança. Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo do técnico português, tecnicamente dotado, fisicamente forte e sempre pronto para a luta. A isto junta-se Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um rejuvenescido Fàbragas; e tudo isto pela batuta do belga hazard.
José Mário dos Santos Mourinho Félix, ou simplesmente Mourinho ou “the special one”, nasceu em Setúbal a 26 de Janeiro de 1963. Iniciou-se no desporto profissional na década de 90 como preparador físico e depois como técnicoadjunto, depois de uma curta e pouco gloriosa carreira coo jogador de futebol. Passou depois por uma fase de tradutor para o lendário técnico inglês Bobby Robson, passando depois a ocupar o lugar de treinador-adjunto primeiro no Sporting, depois no FC Porto e por fim no Barcelona; onde permanece, mesmo após a saída de Robson e passa a trabalhar diretamente com Louis Van Gaal. Mourinho passa enfim para o lugar de técnico principal, primeiro no Benfica onde nem chega a aquecer o lugar e depois no U. Leiria, antes de se fixar no FC Porto, onde para além de dois títulos nacionais e uma Taça de Portugal, faz a dobradinha europeia, com a conquista da Taça Uefa (antiga Liga Europa) e da Liga dos Campões. Catapultado para o sucesso, Mourinho torna-se um deus no Chelsea onde se torna bicampeão nacional; uma passagem pelo Inter de Milão onde volta a vencer a Champions; e uma passagem pelo Real Madrid onde vence a liga contra o todo poderoso Barcelona de Guardiola. Agora de volta ao Chelsea, tende de novo levar o clube londrino às vitórias.
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“Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo do técnico português, tecnicamente dotado, fisicamente forte e sempre pronto para a luta. A isto juntase Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um rejuvenescido Fàbragas; e tudo isto pela batuta do belga hazard.” Registaram-se
este
Com Thibaut Courtois na baliza, gan-
tão bem sabe fazer e já fazia no tempo em
ano ao Chelsea; Kurt Zouma (Saint-
muitas
chegadas
hando lugar ao eterno guardião checo, o
que jogava no SL Benfica. Por fim, William
Etienne), Didier Drogba (Galatasaray),
modelo tático que mais vem sendo uti-
acrescenta velocidade e qualidade no “um-
Cesc Fàbregas (Barcelona), Mario Pasalic
lizado mais regularmente é o 4-3-3 com
para-um”.
(Hadjuk Split e está emprestado ao Elche),
Diego Costa como
Thibaut Courtois, Diego Costa e Filipe
ponta de lança de
Luis (ambos do Atlético de Madrid). Por
referencia, e o meio
outro lado, muitas foram as saidas, e muitas
campo pautado por
delas emblematicas: Ashley Cole (Roma),
Fàbregas
David Luiz (Paris Saint-Germain), Frank
o génio Hazard,
Lampard (New York City FC; emprestado
cada vez mais um
ao Manchester City), Demba Ba (Besiktas),
dos melhores do
Romelu Lukaku (Everton), Samuel Eto’o ,
mundo, definitiva-
e
com
Henrique (aposentadoria), Patrick mente pelo pelos DanielHilário Ricciardo piloto da Red Bull esperando na no van Aanholt (Sunderland) e a no mercado Box.
top 5 Mundial.
de Inverno Fernando Torres (Atlético de
Terry e Cahill ocu-
Madrid).
pam o centro da
Entre as saídas e as entradas de jogadores,
defesa, e filipe Luis
permitiu a José Mourinho, entre a pré-
e azpilicueta nas
temporada e o início da época experimen-
alas; Matic no meio
tar essencialmente três esquemas táticos:
campo, fazendo o
4-3-3, 4-4-2 e 4-2-4.
“box-to-box” como Fonte imagem: chelseabrasil.com
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FORMULA1: Pedro M. Silva, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
A
Formula1 (F1) está em
que empurra o carro contra o solo, usando
rado e com a precisão necessária. Neste
plena reforma e este ano de
para isso a ação do vento e a zona de baixa
seguimento, as inconsistências a cada nova
2014 mostra-se como um
pressão criada sobre as asas. Isto obriga
utilização do freio de travagem, têm sido
dos mais importantes neste
os pilotos a uma maior concentração e
umas das principais queixas da maioria
processo. Várias alterações foram intro-
poder de manobra nas curvas para man-
dos pilotos neste pressente ano.
duzidas nos monologares tendo como
ter a estabilidade do carro. Como afirma
Por fim, a Federação Internacional de
principal objetivo a redução de custos,
Gianluca Pisanello, chefe de operações
Automobilismo (FIA) reduziu em quase
aumentar a competitividade e aproximar
de engenharia de Caterham, um carro
um terço a quantidade de combustível a
a tecnologia usada na F1 e torna-la mais
com menor aderência ao solo, é “menos
ser utilizada por carro durante uma cor-
aplicável aos carros que a maioria de nós
indulgente sobre erros”. E temos ainda que
rida - 100kg de combustível. Embora as
dirige. No entanto, as alterações introdu-
juntar a esta equação os pneus mais duros
transmissões sejam bem mais eficientes,
zidas têm mudado radicalmente a forma
introduzidos pela Pirelli que veio agravar
economizar combustível faz agora também
de condução dos pilotos e vêem forçando
mais a situação.
parte das competências do piloto, com
uma nova abordagem na condução. Na
Temos ainda, que pela primeira vez na
o risco de não conseguir terminar a cor-
pratica, os pilotos da época de 2014 estão
história da F1, os monologares passaram
rida. Normalmente, os pilotos passaram a
a reaprender a conduzir. E a refinar as suas
a ter a tecnologia brake-by-wire nas rodas
utilizar uma técnica denominada de “lift-
habilidades.
traseiras em vez do tradicional sistema
and-coast”.
Para os fãs, e para desgosto coletivo, a
hidráulico. Esta mudança é parte de trans-
O piloto ao invés de levantar o pé do
principal diferença foi a nova tranquili-
missões híbridas dos carros, que utilizam
acelerador e aplicar imediatamente o freio,
dade sonora adquirida pelos monologares
uma bateria e um pequeno motor elétrico
como ele foi ensinado desde a infância,
durante a corrida, mas as alterações foram
para fornecer um 160 cavalos de potência
ele, ao contrário, trava a aceleração bem
bem mais profundas.
adicional em rajadas de 33 segundos, usa-
antes do necessário, para permitir que o
A primeira delas foi a adoção de 1.6
dos na ultrapassagem. A bateria é carrega-
carro desacelere por si, e só depois aplica a
litros motores turbos V6 com transmissões
da, entre outras, pela captura de energia
travagem pelo freio.
híbridas sofisticados. A adoção de trans-
de frenagem que seria perdida na forma
“Em vez de travagem a 80 metros, você
missões híbridas em conjunto com as
de calor. O sistema de travagem brake-by-
tem que levantar a 120 metros e, em segui-
mudanças de aerodinâmica levam que os
wire permite aos engenheiros compensar
da, você tem que saber quando aplicar os
monologares possuam menos downforce,
a força de travagem adicional introduzida
freios, por quanto tempo para aplicar os
o que por sua vez diminui a aderência do
pelo sistema de recuperação de energia.
freios”, afirmou Pisanello. E assumidos as
carro ao solo, o que o torna o carro mais
No entanto, a sensação do pedal de freio,
dificuldades nos sistemas de travagem, o
difícil de ser conduzido. Relembramos de
dado toda a complexidade do sistema,
mesmo Pisanello afirma: “Em termos de
downforce é o nome dado à força vertical
parece não estar a responder como o espe-
condução competitiva, é um pesadelo.”
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NBA:
ESTAMOS A CHEGAR AOS LIMITES FÍSICOS?
Ricardo Reis colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
V
ivemos em sociedades capi-
Basquetebol e para a NBA. Perguntando-
Mas necessário para o negócio. Alterações
talistas. Olhando de forma gen-
nos se não podemos estar a atingir os
ou vontade para alterações parece não
eralizando para o mundo já o
limites físicos neste desporto e se os seus
existir. O negócio vai bem. E recomenda-
fazemos há quase um século. E,
responsáveis não terão forçosamente de
se. As arenas estão sistematicamente che-
apenas os mais distraídos ainda não enten-
repensar não só o jogo em si mas princi-
ias. Os direitos televisivos pagam milhões
deram que na base do capitalismo existem
palmente o seu calendário.
aos clubes e as entidades reguladoras deste
duas ideias chaves: mais e maior. O PIB
Facilmente na NBA vemos o que podem-
desporto nos EUA. Os patrocinadores pro-
precisa de disparar o seu crescimento
os apelidar de Super-Homens. Homens
curam desesperadamente associar-se a este
todos os anos, o consumo também, assim
gigantes, fortes e com uma agilidade que
desporto. E os planteis estão cheios de
como as exportações, a criação de rique-
só existe na imaginação dos simples mor-
bons jogadores que podem substituir os
za, e todos os outros pontos que fazem
tais. Aliás, a expressão super-homem não
lesionados sem grandes perdas de quali-
parte integrante da nossa sociedade atual,
é estranha à terminologia da NBA. Mas
dade exibicional para as equipas. O elo
seja ela económica ou social. O desporto
começa a parecer desajustada. O irregular-
mais fraco é o atleta.
não é diferente. Queremos mais e maior.
mente alto número de lesões nas últimas
Se a isto juntarmos a crença irracional que
E, mais rápido também. Novos records.
épocas, como foco principal na última
a maioria dos atletas têm em si mesmos, e
Performances ainda mais memoráveis.
época, é alarmante, e quer queiramos ou
nas suas capacidades sobre-humanas e na
Emoção até ao fim. Aperfeiçoamento.
não, somos forçados a refletir e a encon-
possibilidade de ultrapassarem os limites
Queremos todas as semanas ver a supe-
trar razões efetivas para esta anormalidade
dos seus corpos em todos os jugos, talvez
ração dos limites do corpo humano e da
estatística. A abundância de jogadores de
se comece a compreender a nova moda
sua fisiologia. Economicamente, em 2008
topo lesionados, com alguma gravidade,
de lesões. Alargando ainda o começa a
tivemos seria amostragem de uma politica
é alarmante e conta com nomes como
ser uma tendência, o termino de carreiras
constante de mais e melhor. No desporto
Al Horford, Brook Lopez, Kobe Bryant,
promissoras ainda no seu inicio e o afasta-
pareçam também a aparecer sinais preo-
Derrick Rose, Steve Nash, Deron Williams,
mento dos campos em largos períodos das
cupantes. O doping tornou-se numa pre-
Paul Pierce, Andrei Kirilenko, Steve Blake,
suas principais estrelas. E isto, será algo
sença constante no desporto e em todas
Luol Deng, Danny Granger ou Tyson
que prejudicará a todos.
as suas modalidades. Algumas de forma
Chandler.
Nos próximos anos não se preveem
tão visível que ameaçam de tal forma a sua
O jogo mudou. Tornou-se mais intenso,
mudanças. O negócio não o permite. Os
veracidade que se veem na iminência de
mais físico, mais disputado e claramente
adeptos não o querem. Mas estamos gri-
implodirem e passarem a ser uma sombra
mais profissional e competitivo. Não
tantemente a ultrapassar os limites físicos
do que foram. O ciclismo é o caso mais
existem mãos equipas fracas, onde os mel-
na NBA.
mediático. Mas há outros. O atletismo. A
hores jogadores se podem poupar. Mesmo
O crescimento no conhecimento médico
natação. Por outro lado, apesar dos avan-
que seja uma poupança de esforços em
e de treino não tem conseguido manter-se
ços da medicina e da qualidade do treino
competição. Hoje jogasse ao máximo.
a par da subida de nível do basquetebol
e do apoio psicológico proporcionado aos
E, jogasse sempre nesse ritmo. Os jogos
praticado na NBA. Os atletas são o elo
atletas de topo, as lesões, e lesões graves
para além de mais competitivos são tam-
mais fraco.
e que obrigam a paragem prolongadas
bém mais frequentes e numerosos, e hoje
E mais o serão, quanto mais forem
é cada vez mais comum. Olhemos neste
na fase regular que dura cinco meses,
confrontados com a sua própria mortali-
artigo, para o que esta a acontecer com o
fazem-se 82 jogos. Claramente um exagero.
dade.
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POKER: DEVE SER DESIGNADO COMO DESPORTO?
O
Poker tornou-se num dos
Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
circuito mundial.
com os “desportos mentais” acima men-
casos mais interessantes de
A capacidade que o Poker teve de entender
cionados nos World Mind Sports Games a
analisar da última década. O
a forma como se podia utilizar o digital e a
partir de 2012.
seu crescimento foi exponen-
adaptar-se aquele que é o principal veículo
No entanto, o estatuto do Poker ainda não
cial. Poucos são os jovens que não o jogam,
de informação do seculo 21: a Web. Assim,
é totalmente definido e varia consoante o
seja em rede ou rodeados de amigos à volta
não foi difícil angariar jogadores/atletas
país onde nos encontramos. Existe quem
da mesa. Durante anos, o Poker foi sempre
e fãs um pouco por todo o lado. Assim
olha para o Poker como uma atividade
visto e definido como um jogo de azar,
como criar jogadores estrela, facilmente
inofensiva ou como um jogo de perícia, e
mas a situação parece estar a alterar-se.
reconhecidos e que passam em muitas das
apoia a massificação desta atividade como
O Poker em muitos sentidos, já se asse-
várias transmissões televisivas um pouco
desporto. Quem por outro lado, muitos
melha a um qualquer desporto de alta
por todo o Mundo. Para além de tudo
outors vêem o Poker como um jogo de
competição. Muitos dos seus “atletas”, e
isto, um dos passos mais importantes foi
azar, acreditando que apenas deve ser
usemos ainda as aspas, são profissionais
a oficialização, há poucos anos, do Poker
jogado em casinos e a sua regulação deve
e são-no com rendimentos muito acima
como “desporto mental” consentida pela
ser apertada.
do que a maioria das modalidades ofer-
Associação Internacional dos Desportos
Dada toda esta duplicidade de opin-
ece.Existem um número de competições
Mentais. Estatuto semelhante ao bridge,
iões, como devemos olha para o Poker?
significativas, torneios e um importante
xadrez e damas. E participou juntamente
Desporto ou jogo de azar?
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POKER: AS RAZÕES DE SER DESPORTO
Mesmo quem olha para o Poker como desporto de azar, não o vê
técnicos e táticos e grande controlo emocional. Apesar do poker ser
unicamente como uma atividade de azar ou sorte, sem que exista a
sobretudo uma atividade mental, o físico é igualmente importante e
necessidade de perícia e estratégia para alcançar a vitória. Num jogo
uma linguagem corporal cuidada é crítica e pode ser o fator chave
longo, o jogador mais bem preparado e como uma estratégia mais efi-
para uma vitória ou uma copiosa derrota. Lembramos que muitos
ciente tem maior vantagem e por norma consagrasse como vencedor..
torneios desenrolam-se durante 12 horas consecutivas, com poucas
Seguindo nesta noção, em que o Poker não é um jogo apenas baseado
e rápidas pausas entre jogos. Assim sendo uma boa preparação física
na sorte, a Poker Players Alliance (PPA) na sua campanha para a
é básica para tomar um conjunto de decisões consecutivas positivas.
regulamentação do poker online, vem acompanhada com matemáti-
E atira por terra um dos principais argumentos contra o poker como
cos, economistas e doutorados de Havard, prontos para testemunhar
desporto: a inexistência de uma atividade física propriamente dita.
que uma partida de poker envolve um vasto conjunto de habilidades.
Por fim, como argumento em favor ao Poker como desporto, temos
Uma história famosa que atesta isto mesmo é de pertença de Anette
o fato do poker se ter tornado um evento de entretinimento, com
Obrestad que consegui derrotar 179 jogadores sem olhar uma única
audiências televisivas assinaláveis, como já tínhamos referido umas
vez para as cartas, utilizando apenas a sua posição e a leitura da lin-
linhas acima. Hoje podemos ver as cartas de um jogador, as suas táti-
guagem corporal dos jogadores adversários. Em 2007, a mesma PPA
cas e técnicas de jogo e a forma com ele reage a pressão e podemos
apresentou uma análise em que as conclusões apontam para que o
analisar ao pormenor todos os seus movimentos e de que forma ele
fator sorte no golfe não era inferior ao envolvido no poker.
muda o seu jogo consoante o adversário. Este motivo por si só tornou
Os jogadores de poker profissionais para atingirem esse estatuto de
o poker um ícone cultural do nosso tempo, algo que nenhum outro
topo, tal como em qualquer outra modalidade, necessitam de mui-
“jogo de azar” conseguiu, pelo menos não de forma tão paradigmatica
tas horas de treino e preparação. Precisam de estudo dos aspetos
como o Poker o fez.
Desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido como uma atividade física ou mental sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades, capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituídas por uma organização ou federação regente. Algumas modalidades desportivas não requerem esforço físico, sendo aí mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico
A principal e talvez o mais decisivo argu-
civil.
Assim sendo, o Poker, na nossa opinião,
mento contra o Poker enquanto desporto,
Temos ainda, que o lobby do Poker é
não deverá, pelo menos ainda, de gozar
é a importância do dinheiro e o papel fun-
“adoptado” sobretudo por interesses
do estatuto de modalidade desportiva. Se
damental que desempenha para o desen-
económicos, principalmente apoiados por
em termos de definição existe boas bases
rolar do jogo. Embora o desporto profis-
casas de jogos e casinos online, e alcançar
de argumentação, socialmente parece-nos
sional atualmente se mova juntamnente
o estatuto de desporto é um passo capital
que esta não é a melhor decisão, e a expan-
com o mercado financeiro em em grandes
para a expansão do negócio.
são do Poker enquanto desporto e sem as
maquias financeiras, ele não interfere dire-
O vício do jogo e as significativas per-
restrições legais atualmente em vigor, pode
tamente no jogo em si.
das de dinheiro, igualmente presentes no
facilmente aumentar os casos de vício e de
De certa forma, o envolvimento do din-
Poker, que andam sempre de mão dada
largas perdas de dinheiro.
heiro no jogo do Poker inviabiliza-o como
com os jogos de azar parecem ser igual-
O Poker continua e continuará a viver
desporto profissional, dado que contrar-
mente contra o espirito desportivo e a
num limbo entre jogo de azar e desporto,
ia aquilo que é a essência do desporto.
imagem que o desporto pretende projetar.
ou pelo menos desporto da mente. Qual
Talvez para muitos esta não seja uma razão
Obviamente que existem apostas ligadas
será a sua definição futura? A resposta
suficientemente forte para negar o Poker
ao desporto, mas elas vivem à margem do
ainda é incerta. Talvez os próximos anos
enquanto uma atividade desportiva. Mas
desporto e não fazem parte dele ou estão
possam ser esclarecedores.
desvirtuar os ideais do desporto pode ter
na sua génese. Quando isto não acontece
Estaremos cá para ver.
consequências graves para a sociedade
estamos a falar de corrupção.
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MARKETING DESPORTIVO
Clubes e marcas juntos numa união benéfica a ambas! Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
O
s “super-homens” medi-
No entanto, esta simbiose entre clubes e
plexos, e a sua resolução é ainda mais
aticamente, nos dias de
marcas, e a necessidade que as grandes
intricada, dai que seja fundamental que
hoje, são quase de exclu-
empresas sentem em fazer um forte inves-
os clubes e as empresas unam esforços
siva pertença do desporto.
timento em marketing desportivo, encon-
para que as dificuldades passem a opor-
É nele que procuramos, e muitas vezes
tra três fortes entraves, que podem fazer
tunidades.
encontramos, as mais incríveis perfor-
regredir esta importante fonte de receitas
Aumentar a procura do espetáculo des-
mances e a superação dos limites do corpo
para os clubes. A primeira delas, e é mais
portivo. Este ponto deve ser pensado e
humano. O desporto tem a capacidade
verdadeira para os países europeus, é a
executado pelos clubes e pela federação de
de tocar pessoas de todas as idades ou
retração generalizada do consumo após a
cada modalidade. Melhorar regulamentos,
classe social, sendo assim considerado
crise financeira de 2008. Isto traduz uma
aumentar a incerteza do resultado e recru-
parte integrante em nossas vidas. Se a isto
menor disponibilidade das corporações
tar estrelas são algumas das opções.
somarmos a beleza artística do desporto e
para investirem no desporto. O segundo
Criatividade e Inovação.
o fenómeno cultural que se tornou, não é
entrave, prende-se com as diferentes for-
E, pensar nas novas tecnologias como
de estranhar que as marcas o olhem como
mas como se consume hoje o desporto.
ferramentas amigas das marcas e do des-
um dos principais veículos de comuni-
O recinto desportivo, a televisão e radio
porto.
cação com o seu público-alvo. Isto é de
- ainda que desde há vários anos com
Criar uma maior ligação do fã com o clube
tal forma verdade, que a venda de publi-
menor peso, têm perdido espaço para as
onde a marca seja um condutor direto.
cidade às grandes marcas é cada vez mais
novas tecnologias. O que dificulta a per-
Ofertas de bilhetes ou acesso ao estádio
preponderante nas receitas dos grandes
ceção por parte das empresas da escolha
ou clube são boas oportunidades para
clubes no final do ano. Veja-se o caso da
de qual o melhor meio para difundir a
fortalecer o lado emocional do adepto.
equipa do Real Madrid e a importância
sua mensagem. Por último, nunca como
Se a marca proporcionar essa aproxima-
dos seus patrocinadores para a sustentabi-
agora, se pode afirmar que vivemos numa
ção, também ela se aproxima com o seu
lidade da sua equipa de futebol. Ou o caso
era global. Desta forma, a criatividade e a
público-alvo.
da também equipa futebolista espanhola
diferenciação é fundamental para captar
Outras práticas devem ser pensadas e uti-
Barcelona, que durante anos foi a única
a atenção do público, o que obriga a um
lizadas e serão apresentadas nas próximas
equipa de topo sem publicidade nas cami-
maior investimento na altura das cam-
edições desta revista.
solas, mas que desde há três épocas não foi
panhas de marketing.
Este é um tema da maior importância e
capaz de continuar a resistir.
Como é percetível os desafios são com-
será frequentemente revisitado.
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ENTENDENDO O QUE É O MARKETING DESPORTIVO
Segundo Kotler, o marketing “é a ferramenta de gestão que tem como principal função lidar com os clientes, visando entender o cliente, criar uma forma de comunicação, fazer novos clientes e proporcionar ao cliente valor e satisfação”. Ainda segundo Kotler “o marketing pode ser interpretado como sendo a utilização dos recursos de uma empresa com o propósito de satisfazer aos desejos e as necessidades do consumidor”. Matthew Shank define marketing desportivo como “a aplicação específica dos princípios e processos de marketing aos produtos esportivos e ao marketing de produtos não-desportivos por meio da associação com o desporto. Numa pesquisa realizada no Reino Unido sobre a eficácia do marketing desportivo indica que o patrocínio tem mais impacto numa faixa etária mais jovem - dos 15 a 24 anos. Cerca de 40% dessa faixa etária assinalou que se sentem mais confiantes em consumir produtos de marcas que patrocinam eventos desportivos como as Olimpíadas ou o Mundial de clubes de futebol de seleções.
O marketing é uma, se não mesmo a
parte de pessoas que escapavam ao públi-
Os estudos, na sua generalidade, dem-
principal, ferramenta para o posiciona-
co-alvo, caso o processo de marketing
ostram os ganhos obtidos pelas marcas
mento de uma marca no mercado, e na
apostasse em outro veículo de publicidade.
e organizações na aposta do marketing
angariação de novos clientes por parte das
O patrocínio ganhou um espaço con-
desportivo, e apontam igualmente para
organizações. Aplicar recursos em market-
siderável no que se refere à publicidade
o ainda défice de desenvolvimento que
ing no desporto mostra-se uma aposta
de marcas. É importante destacar, que
existe e nas inúmeras oportunidade de
ganha e com retornos imediatos e de longa
hoje, as campanhas de marketing não se
negócio que aqui existem.
duração. Afirmar a marca em conjunto
limitam a estampar o logotipo nas cami-
Para os clubes, os patrocínios e a aposta
com um desporto ou uma competição,
solas de um clube, mas muitas vezes, as
das marcas nas suas equipas é fundamental
para além da divulgação, cria no adepto
empresas e as suas marcas transforma-se
para a viabilidade económica. Pense-se no
– público-alvo para as organizações – não
em parceiras dos clubes e desenvolvem
ciclismo, em que o patrocínio é a sua única
só confiança mas um elo emocional que
um papel fundamental na contratação de
fonte de recita estável, para se entender a
de outra forma seria difícil de conseguir.
atletas com maior nome, para que dessa
sua importância. Deste modo, cabe tam-
Por outro lado, existem competições des-
forma aumentem a visibilidade do clube e
bém aos clubes demonstrar às marcas os
portivas que são assistidas por centenas ou
por conseguinte a dos seus produtos e da
benefícios da aposta nas suas equipas e
mesmo milhares de milhões de pessoas,
marca em que mais apostam.
atletas.
assim como atletas que são amados se
A construção de arenas desportivas ou
Por fim, cabe salientar que o marketing
não mesmo venerados por outros tantos.
de centro de treino também entram nesta
desportivo, só atinge todos os seus objeti-
Despender alguns recursos nessas com-
logica e o investimento das marcas é con-
vos, tanto para o clube como para a marca,
petições ou atletas leva as marcas a viajar
siderável, muitas vezes em troco no nam-
se for planado e perfeitamente estruturado
um pouco por todo o mundo e a torna-las
ing rights da infraestrutura. Ou seja, a
para que o retorno tanto em termos de
reconhecidas um pouco por todo o lado.
infraestrutura fica com o nome da marca
imagem quer em termos financeiros atinja
Pudendo inclusive chamar a atenção por
ou do produto que se pretende publicitar.
todo o seu potencial.
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TREINO
EM ALTITUDE
As vantagens para os atletas do treino em altitude! Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
A
s metodologias de treino
transporte do oxigénio. Como consequên-
petições também elas em altitude. E, de
estão em constante trans-
cia, cada litro de sangue contém mais oxi-
certa forma, este método de treino apenas
formação com o auxílio da
génio que anteriormente e a eficiência do
funciona para a aclimatização em alti-
medicina desportiva que esta
organismo para o transformar em energia
tude e para competições que decorram
em constante desenvolvimento. O despor-
é maximizada.
nas mesmas circunstâncias do treino. Um
to de alto rendimento e ao mais alto nível
Existem pelo menos três formas, legais, de
regime contínuo de treino e vivência em
competitivo é definido por pormenores e
obter os benefícios do treino em altitude.
altitude, mesmo fortalecendo a capacid-
é no treino que esses mesmos pormeno-
Treinar ao nível do mar e residir em alti-
ade aeróbica do atleta, diminui a inten-
res são conquistados. Nos últimos anos,
tude. Esta é a forma mais popular, a que
sidade de treino. O que em pouco tempo
tem-se ouvido insistentemente falar em
de longe se conseguem melhores resulta-
diminui a performance. Esta modalidade
treino de altitude como metodologia dife-
dos e aquela que é igualmente
renciadora. Este tipo de treino é bastante
mais testada. Desta forma
proveitoso para atletas que compitam em
consegue-se esforços físicos
provas de longa duração, e que procuram
fortes e constantes no treino
otimizar o seu organismo na produção
e angariar os benefícios do
de energia aeróbica, e assim aumentar a
défice de oxigénio de viver
resistência e a performance.
parte do dia em altitude. Este
O organismo humano foi evoluindo, dada
treino deve durar uma média
necessidade diária de água potável e espa-
de 4 semanas. A dificuldade
ços de mais fácil locomoção, para funcio-
de locais onde facilmente se
nar em pleno ao nível do mar. Ao nível
possa descer 2,000 ou 3,000
do mar, o ar respirado contém aproxima-
mil metros diariamente para
damente 21% de oxigénio, a percentagem
o treino, faz com que mui-
certa para que o nosso sistema respira-
tos atletas adquiram câmaras
tório e cardiovascular funcione na medida
hipobáricas, que permitem
exata. Na mesma simetria que subimos em
um efeito semelhante.
altitude, o nível de oxigénio no ar desce, e
Morar ao nível do mar e trein-
é exatamente esse singularidade que se
ar em altitude. Esta é uma téc-
procura em treino em altitude. A dificul-
nica usada para competições desenvolvi-
de treino é totalmente desaconselhada em
dade na captação de oxigénio em altitude
das em altitude e totalmente desaconsel-
qualquer caso.
por parte do corpo humano, propicia
hadas para competições ao nível do mar.
Os treinos em altitude têm inúmeras van-
uma possibilidade interessante ao corpo
o stress e esforço necessários para o treino
tagens e para muitos atletas pode ser o
do atleta. As primeiras alterações visíveis
em altitude afetará a performance ao nível
sistema de treino que lhe permita atingir
são o aumento dos batimentos cardíacos
do mar. O cansaço apareceria muito rápi-
os objetivos. Não é, no entanto, magia.
e do ritmo respiratório. O organismo,
do. Esta é no entanto a melhor forma de
Nem apropriada para todos os atletas ou
privado das concentrações ideais de oxi-
aclimatização à altitude.
para todas as modalidades desportivas.
génio, ordena o aumento de produção
Treinar e morar em altitude. Este conceito
E, deve ser sempre planeada e arquitetada
de hemoglobina nos glóbulos vermelhos
surgiu com a necessidade dos atletas se
num plano mais amplo de treino.
– a molécula com a responsabilidade do
adaptarem à altitude para futuras comDesporto&Esport • www. Desprto&Esport.com
Atualmente, existem já um serie numero de opções para atletas que pretendam treinos/estágios de media altitude, ou seja, um treino entre os 1550 e 2500 metros de altitude. Os mais conhecidos e mais utilizados por atletas de topo situamse na serra nevada, em Espanha - Ilhas Canárias, Font Romeu, em França e Davos, na Suíça. O japão, na altura da preparação para as Olimpíadas de 2008, criou um fortíssimo centro de alto rendimento que inclui várias plataformas de alto rendimento. Quando se pensa em treino e altitude, pensa num treino feito em qualquer local situado entre os 1800 e os 6000 metros. Sendo que a altitude indicada, dados defendidos pela maioria dos autores, deve ser de 2200 metros durante um período medio de 4 semanas.
A
O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de eritopetina (EPO) na medula óssea, o que por sua vez desperta a produção de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Este processo otimiza a performance do corpo, nomeadamente na oxigenação dos músculos, o que traduz um melhoramento da performance na ordem dos 3%, de acordo com os últimos estudos apresentados. Foi com base nestes estudos, que conduziu muitos atletas ao consumo de EPO exógena, substancia proibida pela Agencia Mundial Anti Doping. A “Operación Puerto”, que dizimou os mais importantes ciclistas da altura, teve por base a utilização desta substancia.
EPO, ou eritropoitina -
significativa de sangue do atleta, rica em
o seu nome técnico é um
oxigénio – após um efetivo treino em alti-
hormônio produzido nos
tude, e durante a competição reintroduzi-
rins, cuja função é controlar a eritropoi-
lo no organismo. Esta técnica permite
ese, ou formação de células vermelhas do
reganhar os efeitos do treino em altitude
sangue. No desporto, no entanto, tornou-
após esses mesmos efeitos se terem natu-
se sinónimo de alteração de resultados
ralmente perdido.
pelo doping, principalmente no ciclismo,
Durante muito tempo, estas foram duas
atletismo e natação.
técnicas muito utilizadas no desporto de
Vários atletas, tentando adquirir os efeitos
alta competição, devido à dificuldade de
e as vantagens de um treino em altitude,
deteção dos controlos anti doping. De
injetavam-se com este hormônio. Para
facto, aqui não existe nenhuma substancia
além da falada ilegalidade, esta técnica
exógena ao organismo e por norma os tes-
é altamente prejudicial para a saúde do
tes não conseguiam detetar qualquer irreg-
atleta. Com o aumento “não-natural” e
ularidade. Felizmente, a ciência evolui, o
exponencial dos glóbulos vermelhos, o
hoje estes procedimentos já são detetados
sangue adquire uma espessura e viscosi-
em todos os testes anti doping de rotina.
dade acima do normal, e que pode exigir
Vários casos mediáticos de atletas envolvi-
demasiado do sistema cardiovascular e
dos na prática destas técnicas maliciosas,
causar uma falha cardíaca.
tornaram-nas conhecidas da maioria do
Uma segunda técnica, para simular de
grande público. A “operacion puerto” ou
forma fraudulenta os benefícios do treino
o medalhista olimpo Alex Schwazer, são
em altitude, consiste nas famosas trans-
disso bons exemplos.
fusões de sangue. Coletar uma quantidade 24 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com
O consumo de EPO exógena provoca os mesmos efeitos que o treino em altitude. Dada a dificuldade, durante um longo período de tempo, desta substância acusar positivo para doping nas analises, foi utilizada frequentemente por vários atletas, nomeadamente, no ciclismo e no atletismo.
MOTIVAÇÃO PELO RECONHECIMENTO:
O QUE AS EQUIPAS DESPORTIVAS TÊM A GANHAR COM AS NOVAS PRÁTICAS DAS CORPORAÇÕES EMPRESARIAIS . Ricardo Reis colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
A
interação entre as equipas profissionais e as chefias
Este desafio torna-se mais precioso quando hoje existe a perceção,
nas grandes corporações empresariais têm mudado
que na maioria das vezes é real, do distanciamento entre o atleta e a
significativamente na última década. A globalização e
sua entidade patronal - o clube, a história deste e os valores que pre-
a constante necessidade de inovação e diferenciação nos produtos e
tende representar. Motivar o atleta e engajar com ele um elo emocio-
serviços prestados por essas mesmas empresas, fez com que se ques-
nal torna-se então fundamental, não só para que a sua performance
tionassem sobre qual a melhor forma de motivar e criar um elo mais
dentro de campo mas igualmente contornar os obstáculos quando o
duradouro com os seus funcionários que elevasse a performance
êxito não surge. Ou a titularidade. Ou uma proposta que sendo do
individual de cada um deles e que posteriormente essa melhoria se
interesse do atleta não é atraente para o clube.
refletisse na empresa e nos seus ganhos. O sistema hierarquizado e
Um ponto fundamental, mas que muitas vezes é esquecido pelos
a cultura de competição constante que reinava até há bem pouco
clubes, é a necessidade das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma
tempo, foi substituída por uma filosofia motivadora onde elevar a
das formas mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhece-
confiança e a moral de todos os funcionários é crucial. As empresas
las, assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel deter-
e os seus gestores, apoiadas em estudos científicos, principalmente
minante que desempenha para o êxito do projeto. Este ponto deve
na área da psicologia comportamental e da sociologia, conseguiram
ser encarado como uma necessidade básica, mal comparando, como
captar um conjunto de comportamentos e regras que permitiam
a água necessária para o bom funcionamento do corpo humano.
incutir um maior índice de felicidade aos seus funcionários e elimi-
O reconhecimento individual dado a cada atleta não necessita de
nar um conjunto de práticas que faziam exatamente o oposto. Os
benefícios tangíveis visíveis (como prémio monetários), ou formali-
resultados das empresas que seguiram esse caminho são esclarece-
dades; não se trata de um benefício que tenha como objetivo alterar
dores desta nova abordagem.
o desempenho do atleta, mas identificar a importância do individuo
Olhar para o exemplo das empresas que seguiram a via acima
dentro da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante
apresentada e introduzi-las no desporto e na forma como a equipa
para este. A quase isenção de custos desta abordagem é igualmente
técnica gere a sua equipa e interage com ela parece ser um desafio
uma vantagem para a organização, e o impacto positivo pode ser
interessante e que traz consigo consequentes retornos.
enorme. “ A crença cria a realidade”.
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ATENAS: 10 ANOS DEPOIS Dez anos depois o cenário é desolador. Uma boa parte das arenas olímpicas usadas para o evento estão abandonadas, vandalizadas e com ervas daninhas a crescer um pouco por todo o lado. No dia 13 de Agosto deste ano assinalou-se a passagem dos dez anos dos Jogos Olímpicos de Atenas na Grécia. Passada esta década existe, no entanto, poucos motivos de comemoração no país berço das Olimpíadas modernas. Após derrotar a favorita cidade de Roma, e de uma fracassada candidatura para sediar as Olimpíadas de 1996, o povo grego encheu-se de orgulho e alegria e ostentando o sentimento patriótico com bandeiras um pouco por todo o país. Quando a euforia desvaneceu, Atenas foi confrontada com a dureza e as exigências de sediar um evento da envergadura das Olimpíadas. Chamadas de atenção e alertas vigorosos por parte do COI (Comité Olímpico Internacional) que podiam por em causa a organização do evento caso não se verificasse um aumento considerável dos esforços das autoridades gregas, que tinham em larga medida desperdiçado os primeiros três anos dos sete que dispunham de período de preparação até aos jogos. O risco de perder os jogos, obrigou as autoridades gregas a despesas e investimentos extras e o evento custou o dobro do originalmente orçamentando, ficando-se nuns extraordinários 9 mil milhões de euros. Com a agravante de as obras apenas se terem concluído poucos semanas antes do dia de abertura.
Com o passar dos anos, a euforia e orgulho de sediarem as Olimpíadas foi desaparecendo, e em 2008 o preço chegou com a crise económica que apesar de ser mundial, na Grécia foi bem mais severa, algo que muito se deve aos gastos excessivos com os Jogos. Após mais de meia dúzia de anos de intensa crise financeira e social e duas intervenções por parte do FMI o legado das Olimpíadas de 2004 é ainda mais desolador, como as imagens que acompanham o artigo o tão bem o podem demonstrar. Muitas das arenas olímpicas forma abandonadas e as que ainda são utilizadas, são rentabilizadas com eventos não desportivos, como conferencias ou casamentos. Apesar de sempre negado pela Companhia de Propriedades Públicas da Grécia – entidade que desde 2011 assumiu muitas das arenas -, que as estruturas e edifícios não estão em más condições, a realidade afirma o oposto. Dez anos depois, a grande maioria dos espaços utilizados nesses Jogos estão completamente abandonados, com crescentes ervas daninhas como principal decoração, tal como o lixo e os habituais vandalismos.
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Noah Rubin vencedor de Wimbedon 2014torneio de juniores
TÉNIS
FORMAÇÃO
Os custos de formar um atleta juvenil até ao profissionalismo! Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
O
social e económico. Dai que países como
é menor e da capacidade das entidades
s desportos motorizados
a França, os Estados Unidos ou Espanha
desportivas ou que tem a cargo a si o des-
continuam a ser no imag-
tenham vários dos seus atletas no Top
porto juvenil. O caso das universidades
inário da maioria dos adep-
100 mundial e países como Portugal ou
nos Estados Unidos da América é para-
tos, aquele que necessitam de mais encar-
Brasil, apenas consigam esporadicamente
digmático, assim como o apoio prestado
gos na formação juvenil. Porém, esta é
lugares de destaque, como foi a grande
pelo sector empresarial na Espanha. Estes
uma noção cada vez mais errada, dado que
exceção Gustavo Kuerten, antigo número
dados levam-nos então a perguntar quanto
inúmeras outras modalidades abrangem
um mundial ou João Sousa, que no último
custa formar um tenista até à sua maio-
investimentos semelhantes e por vezes até
ano ocupou persistentemente um lugar
ridade e até poder disputar competições
superiores. O ténis é, surpreendentemente,
nos cinquenta melhores. Outros fatores,
profissionais?
um desses desportos. Talvez assim se com-
ligados com o próprio desenvolvimento do
A resposta como é compreensível não é
preenda, como diversos estudos o sug-
ténis e da sua tradição nesse país também
una. Dependendo muito de região e do
erem, que os países tidos como “potências”
têm influência, mas curiosamente bem
nível a que se eleva o treino, mas é possível
nesta modalidade se destacam de duas
menores. O desenvolvimento depende
partir de bases mínimas falamos de valores
formas distintas: ou pelo seu rendimento
essencialmente da capacidade económica
entre os €90000 a €100000 para todo
per capita ou pelo seu desenvolvimento
dos encarregados do atleta enquanto este
o período de formação, ou seja, aproxi-
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madamente 10 anos – dos 7 aos 17 anos.
pelo menos mais €3000, mas podendo ir
Referindo ainda, que a estes valores não
a valores bem superiores. Por essa mesma
foram somados o custo de todo o material
ordem, alguns torneios internacionais tam-
necessário para a prática do ténis.
bém aparecem no horizonte por volta des-
E, se olhando para os valores eles parecem
sas idades, o que aumenta os custos em
elevados, temos que reafirmar que se trata
mais alguns milhares de euros. Acrescenta-
apenas dos custos mínimos, e que o “inves-
se ainda, que a partir dos 16 ou 17 anos,
timento” pode facilmente duplicar ou ir
os atletas que pretendam ser profission-
inclusive mais além. Olhemos algumas das
ais, necessitam de um treinador a tempo
razões para valores tão elevados.
inteiro, o que dispara ainda mais os valores
Um atleta dos 7 aos 9 anos de idade neces-
necessários. Um bom treinador custa no
sita de duas ou três aulas semanais em
mínimo €5000.
grupos de 4 atletas e pelo menos uma aula
Olhando para estes valores acima, existe
semanal individual, o que acarreta um
uma outra pergunta, economicamente vale
custo mensal de €200 a €350, dependendo
a pena o investimento? Posta desta forma,
da região. Obviamente que dependendo
a resposta não é muito animadora. Apenas
da qualidade do treinador escolhido esse
os atletas do Top 100 mundial conseg-
valor, mesmo nessas idades, pode facil-
uem ganhar dinheiro com este desporto e
mente disparar três ou quatro vezes os
apenas os 60 melhores atletas conseguem
valores apresentados acima.
retirar dividendos suficientes para uma
Dos 10 aos 12 anos, um atleta necessita de
vida confortável, sendo que os verdadeiros
pelo menos quatro a cinco treinos semanais
ganhos vêm dos patrocinadores e isso ape-
em grupo e uma ou duas aulas particu-
nas alguns, muito poucos, o alcançam.
lares. Acrescenta-se ainda os custos dos
No entanto, não podemos reduzir o ténis
primeiros torneios locais e alguns torneios
ou o desporto em geral apenas do ponto de
regionais. Isto implicará um custo mensal
vista financeiro e económico, muitos outros
na ordem dos €600 a €900.
fatores têm de ser levados em consideração
Somando mais um ano, aos 13 anos, o atle-
para olhar este deporto como profissão.
ta necessita de pelo menos mais dois tre-
Destes valores acima apresentados, fica-nos
inos de fitness individuais o que acrescenta
igualmente a ideia que é preciso repensar
entre €50 a €150 mensais ao valor anterior.
a forma como se pensa o ténis nos países
Aos 15 anos, começa a definir-se o futuro
de língua portuguesa para que possamos
do atleta, e aqueles que mostram mais
num futuro próximo ter mais que apenas
qualidade, passam a competir em torneios
exceções no circuito profissional.
O custo de formação de um tenista varia entre os €90000 a €100000 – valores mínimos
nacionais, o que acrescenta anualmente
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POR ONDE PASSA O FUTURO DESTA MODALIDADE? QUE DESAFIOS? E QUE SOLUÇÕES?
N
ão é segredo algum que o ciclismo profissional ao
ainda extramente diminuído com os inúmeros casos de doping,
mais alto nível se encontra num ponto alarmante
mal com o qual conviveu na sua história mas que têm aumentado
de inflação e necessita de uma rápida viragem na
de mediatismo nos últimos dez anos, com casos como o Giro de
sua organização e estrutura competitiva e no seu
2001, “Operación Puerto” em 2006 ou a recente retirado dos sete
modelo de negócio para assegurar no limite a sua
triunfos a Lance Armstrong da volta a frança. Neste sentido, a
sobrevivência como desporto de elite. Neste seguimento, basta
situação geral no ciclismo profissional é bem complexa mas neces-
olhar para o que está a acontecer com o ciclismo profissional em
sita de medidas urgentes para ultrapassar os vários desafios que vai
Espanha, uma potência mundial neste desporto desde sempre,
encontrar nos próximos anos e que iremos descrever nas próximas
tem vindo a perder equipas profissionais de forma preocupante,
linhas, influenciados pelas perspetiva de Hein Verbruggen, antigo
inclusive na UCI ProTeam – a primeira liga do ciclismo mun-
presidente da UCI (Union Cycliste Internationale) – de 1991 a
dial. A crise económica mundial que se iniciou em 2008 mas que
2005-, sendo agora presidente honorário desta mesma instituição.
persiste na Europa, pode ser um dos principais culpados para o
O primeiro dos desafios é a estrutura comercial deste desporto,
declínio deste desporto, até porque é na Europa que se disputam as
onde existem três entidades chave: os organizadores das cor-
principais provas e é também na Europa onde se sedeiam as prin-
ridas/provas, as equipas de ciclismo profissional e os atletas.
cipais equipas e patrocinadores. Mas, infelizmente, os problemas
Reconhecendo que cada um destes grupos tem interesses e obje-
do ciclismo profissional não se ficam por aqui. O ProCycling vive
tivos diferentes, nenhuma das organizações que tutelam estes
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mesmos grupos tem um poder efetivo. Organizações como AIOCC
Financeiramente, os grandes beneficiários do ciclismo profissional são
(Associação Internacional de Organizadores de corrida de ciclismo) ou
os organizadores das provas, em grande medida pelas receitas televi-
AIGCP (Associação Internacional des Groupes Cyclistes Professionels)
sivas. As receitas televisivas levam-nos ao terceiro grande desafio, a
ou CPA (os Cyclistes Professionnels Associés) detém pouca ou nenhu-
agregação dos direitos televisivos, que de regra geral são “vendidos”
ma capacidade governativa ou de influenciarem positivamente os acon-
individualmente. Para se ter a noção da dificuldade neste ponto,
tecimentos de forma a atenderem aos seus objetivos. Neste particular, a
existem cerca de 700 contratos de televisão de corridas diferentes, o
organização ASO (Amaury Sport Organisation), que tutela entre outras
que é de grande vantagem para as emissoras de televisão mas péssimo
a volta a frança, detém bem mais poder que a AIOCC. Dar poder as
para o ciclismo profissional e os seus principais agentes. Centralizar os
organizações acima mencionadas e criando-lhes objetivos comuns tem
direitos televisivos é primordial de forma a fazer crescer este enorme
de passar no imediato como uma das medidas de forma a reformular a
potencial de receitas.
organização do ciclismo e com ele se move nos bastidores. É importante
O quarto desafio é diminuir o domínio esmagador da ASO que parece
relembrar que a UCI é acima de tudo um jogador comercial no campe-
pouco interessada em cooperar com as entidades desportivas desta
onato mundial de ciclismo.
modalidade desportiva, e dividir um pouco mais os quase 70% das
O segundo problema que necessita de uma intervenção imediata é o
receitas totais de televisão. Assumindo como possível a centralização
muitíssimo baixo volume de negócios a nível global que o ciclismo
dos direitos de televisão, a diminuição da percentagem de ganhos pode-
profissional movimenta por ano. A impossibilidade de cobrança de
ria não significar uma diminuição bruta dos dividendos económicos
bilhetes aos seus adeptos, os baixos prémios por vitória e a dependência
da ASO, mas infelizmente, esta organização parece não querer apostar
quase em exclusivo dos patrocinadores dificultam imenso a viabilidade
neste novo modelo de negócio.
económica desta modalidade e das suas equipas e dos seus atletas. Esta
Muito mais há a pensar e ainda mais há a fazer para que o ciclismo
falta de capacidade de gerar receitas, mostra-se também ser um forte
entre no século xxi, e se modernize, assim como existe ainda um
entrave na angariação de novos atletas, que são obrigados a ponderar
longo caminho para que a imagem negativa que hoje é associada a esta
muito bem quando e se a profissionalização é a melhor opção. Optar
modalidade se dissipe e possamos olhar para este desporto sem qual-
por uma estratégia semelhante à encontrada pela F1, onde o licencia-
quer desconfiança. É imperativo que mudanças aconteçam num curto
mento das corridas leva a que as cidades/países sede investam consid-
espaço de tempo, para que este tão belo desporto não se torne numa
eráveis valores para acolher o evento e esperar depois esse retorno como
sombra do que já foi.
destino turístico ou como promoção das suas marcas ou empresas.
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com Desporto&Esport • www. Desprto&Esport.com
PORTUGAL E OS ELEFANTES BRANCOS
Câmaras gastam aproximadamente 20 milhões de euros anualmente nos estádios municipais do Europeu 2004.
POUCA OU NENHUMA UTILIZAÇAO DE MUITAS DAS ARENAS DESPORTIVAS É O LEGADO MAIS NEGATIVO DO EURO 2004
A
euforia portuguesa de há 15 anos era compreensível
entre a cidade melhorou bastante com o ampliamento do número
e vital para um país que vivia há muito anos com
de linhas e estações do metro e um novo interface de transportes.
a cabeça em baixo, vergado por um século de vida
Quase dez anos depois, o que mais se destaca são os “Elefantes
difícil e um regime ditatorial que durou quase 50
brancos”, os estádios com pouco ou nenhuma utilização e rent-
anos. Mas no final dos anos 90, Portugal mudava o seu rumo.
abilidade económica, que se transformaram numa enorme dor de
Ajudada pelos dinheiros europeus, a economia portuguesa torna-
cabeça, nomeadamente para os autarcas. Relembramos que uma
va-se dinâmica e evoluía num sentido muito positivo. Os portu-
boa parte das arenas desportivas criadas de raiz para o europeu
gueses ganhavam algum poder de compra e as suas vidas, vividas
ficaram a cargo das autarquias.
até ai sempre com dificuldade, melhoram consideravelmente.
A cidade de Braga paga 6 milhões por ano à banca, Leiria paga 5
As universidades enchiam de jovens de todas as classes sociais.
milhões anuais só em amortizações e juros e Aveiro desembolsa
A saúde tinha evoluído em menos de uma década o que levou
quatro milhões no pagamento de empréstimos e manutenção. Faro
o dobro ou o triplo para maioria dos países europeus. De certo
e Loulé, em conjunto, pagam 3,1 milhões por ano e Coimbra, que
modo, Portugal estava a sair da “cauda da Europa” e decidiu dizer
é aquela que tem os custos mais baixos, transfere 1,8 de euros para
ao mundo isso mesmo, com a realização de dois megaeventos, a
a banca. Simplificando, as câmaras que construíram recintos para
Expo 98 e o Europeu de futebol em 2004. O investimento da Expo
o Euro 2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros.
98 - rondou os 5 mil milhões de euros, incluindo as acessibilidades
A isto soma-se mais 6,1 milhões distribuídos entre a câmara de
como a ponte Vasco da Gama e a Gare do oriente. Por seu lado, O
Guimarães e a câmara do Porto pelos apoios que deram aos clubes
estado português gastou com o euro 2004 um valor não inferior a
locais. A autarquia contraiu empréstimos de 89,8 milhões de
1035 milhões de euros. Alguns exemplos dos gastos são: estádios
euros, estando
(384 milhões), acessibilidades (228 milhões) e apoios indiretos das
previsto que este ano pague à banca seis milhões de euros, além
câmaras do Porto (152 milhões) e de Lisboa (59 milhões).
de pagar os empréstimos bancários, assume ainda uma parte da
O legado da Expo 98 é pacífico entre os portugueses, mesmo
manutenção da arena desportiva.
o que retorno económico tenha ficado aquém do prometido.
Estes custos tornam-se insuportáveis para autarquias já extrema-
Lisboa - capital de Portugal reabilitou-se e ganhou mais 5 km com
mente endividadas e em cima da mesa, particularmente no estádio
este evento. A zona oriental da cidade, antiga Doca dos Olivais,
de Aveiro, já esteve a proposta de impulsão da arena desportiva.
transformou-se, dando lugar a amplos espaços verdes com ligação
Felizmente, a proposta nunca foi avante, tendo sido permanente-
ao rio tejo e ganhou diversos pavilhões inovadores dos quais se
mente afasta.
destacam o Oceanário – um dos maiores do mundo. A mobilidade
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
Estadio do Aveiro
A expressão elefante branco tem origem na mesma expressão usada na Índia e Tailândia para designar os grandes elefantes brancos, um animal sagrado que não podia ser usado em trabalho. Muitas vezes, o rei ou o senhor de determinada região, oferecia um destes animais a um cidadão que se tivesses positivamente destacado. O animal era então protegido e alimentado a partir da oferenda do rei por parte do cidadão. Notando que algum proveito económico poderia advir do animal. Na prática, isso significava que esse cidadão possuía algo extramente valioso mas que não raras vezes se transformava numa despesa insustentável e que o levava, na maioria dos casos, à ruina. Nos últimos anos, temos visto a reutilização desta expressão para descrever as arenas desportivas, nomeadamente estádios de futebol, que somam o facto de não terem uso desportivo nem rentabilidade económica uma despesa anual significativa.
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FUTEBOL: ZONA 14 O QUE É? ONDE FICA? QUEM LÁ JOGA? E QUAL A IMPORTÂNCIA?
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
N
O desporto, como o temos vindo a salientar, tornou-
Uma equipa que explorou como nenhuma outra a Zona 14 foi o
se em todas as áreas impressionantemente profis-
Barcelona de Guardiola, que com Iniesta e Messi e um pouco mais
sional e aproximou-se de ferramentas que possibili-
atrás Xavi fazia circular sistematicamente a bola nessa área do
tam análises mais científicas deixando progressiva-
relvado na procura de desequilíbrios e passes de rutura. Um outro
mente de lado observações empíricas. No futebol, os
bom exemplo, é o da equipa do Manchester United campeã da
últimos anos têm sido de grandes mudanças, nomeadamente na
Europa em 1999, que no anterior seculo possuía um dos maiores
análise de desempenho de jogadores e equipas. Destas análises
índices de passes e de utilização na Zona 14.
tem-se chegado a interessantes conclusões. Uma das mais impor-
Por norma a Zona 14 é “habitada” por jogadores com dotes técnicos
tantes é da “Zona 14”.
acima da média, e jogam nas posições de segundo avançado centro,
Pela foto de capa deste artigo é possível percecionar a área geográ-
o número 10 – o organizador de jogo ou o que atualmente é comum
fica no campo a que pertence a zona 14. E as inúmeras pesquisas
pelo médio box-to-box. O uso eficaz desta zona passa por passes
realizadas apontam-na como um fator-chave para as equipas
positivos e de ataque e sempre para a frente. Um passe nesta zona
conseguirem resultados positivos e para chegarem ao que mais
tem quatro vezes mais hipóteses de êxito.
desejam, o golo. Esses mesmos estudos apontam quatro formas
O tempo de utilização desta área é também crucial e não deve ultra-
chaves como as equipas vencedoras exploram a esta área: Maior
passar os 8 segundos ou as chances de êxito diminuem considerav-
utilização e procura – tanto de dentro dazona para fora como de
elmente, sendo que o tempo ideal seria de 2,7 segundos.
fora para dentro, maior número de passes de rutura a partir desta
Em jeito de conclusão, a zona 14 está localizada fora da área de
local geográfica do terreno, e maior capacidade de recuperar a bola
grande penalidade, e demostrou-se que equipas com um maior
neste local.
número de êxitos são aquelas que usam mais frequentemente esta
Existem inúmeros bons exemplos de equipas que exploraram e
zona.
exploram particularmente bem a Zona 14 e se deram extrema-
A forma mais eficaz de utilizar esta zona geográfica do terrono de
mente bem com isso. O primeiro exemplo é a seleção francesa
jogo é o passe para a frente e executado rápidamente.
campeão do Mundo e da Europa em 1998 e 2000, respetivamente.
Por fim, é nesta zona que se registam as maiores taxas de sucesso
Com Zidane frequentemente a aparecer e a fazer a diferença.
em passes de rutura, quatro vezes superiores às encontradas nas alas.
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Xavi, Iniesta, Zidane ou Lionel Messi são alguns dos Mestres da zona 14 que sabem como fazer a diferença ”
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SERÁ ESTE O CAMINHO?
LIMITAÇÃO DE ESTRANGEIROS: O CASO DO CAMPEONATO RUSSO DE FUTEBOL
O GOVERNO DA RÚSSIA QUER REDUZIR PARA SEIS O NÚMERO DE FUTEBOLISTAS ESTRANGEIROS NOS CLUBES DO PAÍS Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
A motivação do governo russo passa por potenciar a progressão dos jogadores russos e tornar mais competitiva a sua seleção de seniores no panorama mundial.
E
m muitos países Europeus a progressão dos
em que se lamentava do reduzido número de jogadores sele-
seus jogadores nacionais nas principais equipas
cionáveis para o campeonato do mundo de futebol, que se veio
de futebol é restrita e ameaçada pelo elevado
a provar uma desilusão para os russos. A melhor equipa russa
número de estrangeiros que participam nos seus
dos últimos anos, o Zenit São Petersburgo – treinada pelo por-
campeonatos. Países como a Inglaterra, Portugal, Itália, França
tuguês Villas-Boas, para dar um exemplo, tem doze estrangeiros
ou Rússia são alguns dos melhores exemplos, e como tal não é
no seu plantel, sendo a grande maioria titular. O espaço para os
de estranhar que sistematicamente apareça no debate púbico
jogadores nacionais é reduzido.
a limitação de atletas estrangeiros nos clubes como forma de
Mas, é este o único caminho? Se por um lado achamos ser com-
fazer progredir com mais facilidade os jogadores nacionais. Até
preensível e entendemos as intenções do ministério do desporto
agora, esta ideia nunca passou das palavras, em vista inclusive
russo, por outro lado parece-nos que existem outras medidas
das normas europeias que negam como principio tal limitação,
mais favoráveis para alcançar os mesmos objetivos sem que
mas a Rússia, país não pertencente à União Europeia e como
para isso seja necessário apostar numa estratégia de “mercado
tal obrigada a respeitar os seus tratados, parece estar a avançar.
futebolístico protecionista”.
O ministro russo, Vitaly Mutko, afirmou no início do mês
Na nossa opinião existem pelo menos duas abordagens que
de Setembro que está em preparação uma lei que visa reduzir
devem ser iniciadas e protegidas antes de avançar para uma
drasticamente o número de jogadores estrangeiros nos diversos
medida como aquela que se pretende implementar no campe-
campeonatos. A este respeito Mutko disse: ” “Queremos que
onato russo: aumentar o numero e levar a qualidade dos centros
os desportistas russos tenham um papel de primeiro plano
de estágios jovens e assumir para as seleções nacionais o cresci-
nos clubes do país”. É importante relembrar que esta intensão
mento dos jovens jogadores nacionais, entre os 20 e os 25 anos,
de decisão surge a quatro anos do mundial de futebol sediado
quando tal não acontece nos clubes.
no país russo, e onde certamente os russos quererão fazer boa
O mercado e o negócio do futebol dão cada vez menos espaço
figura.
aos jogadores da casa, e medidas e novas abordagens têm neces-
Nos clubes de futebol pretende-se reduzir o número de
sariamente de ser pensadas, desenhadas e depois implementa-
estrangeiros a seis. A limitação não pretende restringir-se
das. Que medidas devem ser essas. Essa é uma pergunta que
apenas nos clubes de futebol, e para os clubes de hóquei no
deixamos aos nossos leitores e que esperamos uma réplica na
gelo, voleibol e basquetebol não deve haver mais três atletas
nossa plataforma online.
estrangeiros. Talvez se compreenda mais facilmente esta decisão olhando para as declarações do italiano Fabio Capello, selecionador russo,
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GARRINCHA A “ALEGRIA DO
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MANÉ GARRINCHA O MITO E O HOMEM
Quem é o melhor jogador de futebol de todos os tempos? Sempre que este debate surge, seja na televisão feita por especialistas ou no café entre amigos, dois nomes se
A:
Etiam eu eros nisl. Nunc elementum porttitor quam sed consequat. Vivamus purus nibh, condimentum sed porta non portis liberum.”
POVO”
destacam: Pelé e Maradona. Nos últimos anos Lionel Messi vai ameaçando entrar nesta luta. Inexplicavelmente o nome de Manuel Francisco dos Santos, Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha, nunca é mencionado. Talvez a rivalidade Brasil com a Argentina, faz com que mesmo os seus conterrâneos puxem por Pelé e se esqueçam d´ “O Anjo das Pernas Tortas”, nome pelo qual Garrincha também é conhecido. O vídeo, que só começou em 62, falhando os melhores anos de Garrincha, também ajudará a explicar o seu esquecimento. Contudo, o principal fator há-de ser o próprio Garrinha, a sua personalidade, ser antissistema, o alcoolismo, a vida boémia que levou pós futebol, e ter vivido os seus últimos anos em total miséria. Com o surgimento das plataformas de partilha de vídeos, existe toda uma nova geração a descobrir este craque e muitos outros a relembrar porque este homem é o melhor ponta direita de sempre do futebol Mundial.
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Manuel Santos, de sangue índio, nasceu no
“aleijado”, Garrincha chegou ao Botafogo
Fora dos campos, Garrincha casou-se com
seio de uma família extramente humilde a
para um teste. Teste esse que é hoje uma
Nair, namorada da infância, com quem
28 de Outubro de 1933, em Pau Grande,
das maiores lendas do futebol brasileiro:
teve nove filhas. Separou-se de Nair e foi
uma pequena localidade a 70km do Rio
um rapaz que nem chegava ao metro e
casado com Elza Soares por 15 anos. Os
de Janeiro. Ganhou alcunha que o haveria
setenta de altura, com as pernas tortas e a
dois tiveram um filho, Manuel Garrincha
de acompanhar para toda a vida pelo reba-
perna direita seis centímetros mais peque-
dos Santos Júnior – que faleceu ainda bem
tismo da sua irmã Rosa, que encontrou
na que a direita enfrentou no primeiro
jovem aos nove anos de idade, num aci-
semelhanças entre ele e uma ave chamada
treino Nilton Santos, o lateral-esquerdo
dente automobilístico.
Garrincha, uma ave irrequieta e que recu-
da seleção brasileira, e fintou-o e driblou
Vivendo sempre uma vida ao som das suas
sava o cativeiro. Diga-se aliás que o amor
várias vezes.
vontades, Garrincha nunca foi um atleta
aos pássaros era uma das grandes paixões
O Botafogo havia de se tornar no clube
exemplar. Demasiado álcool e constantes
de Garrincha.
de toda a sua carreira. Ao todo 95% dos
aventuras sexuais fizeram com que nem
Começou a jogar futebol no clube da
seus jogos profissionais foram lá jogados,
sempre Garrincha estivesse ao seu melhor
sua terra aos 15 anos, e a sua verdadeira
sagrando-se tricampeão carioca. Já em
e a vitória escapou-lhe por muitas vezes.
oportunidade chegou tarde, apenas aos 19.
final de carreira havia de jogar , em curtas
Mas jogava o futebol como vivia, apon-
Depois de recusado em vários dos grandes
passagens, pelo Sport Club Corinthians
tando apenas para a diversão, a sua e a
clubes da cidade do Rio de Janeiro, e
Paulista, Clube de Regatas do Flamengo e
dos adeptos. Por isso recebeu a alcunha de
sem interesse por parte deste pelo seu ar
no Olaria Atlético Clube.
“Alegria do Povo”.
Garrincha realizou 60 jogos pela seleção nacional do Brasil, apontou 16 golos e foi 2 vezes campeão do Mundo: 1958 e 1962. Em 62, com Pelé lesionado, Garrincha fez o mesmo que Maradona consegui com a Argentina em 86: ser a figura principal e marcar os golos mais decisivos. Como se costuma dizer: ser “campeão sozinho”.
Garrincha assinou algumas das páginas mais brilhantes da seleção
favorito. Mas Pelé lesionou-se gravemente no segundo jogo, con-
brasileira. Foi campeão mundial em 1958 e 1962. Estrou-se no
tra a Checoslováquia, e não atuou mais nesse Mundial. Garrincha
mundial de 58 pela amarelinha, na suécia, mas podia nem ter sido
assumiu então as rédeas da equipa, “sem Pelé, apareceu o Mané”, e
convocado tal era a desconfiança que cai sobre si por parte do
conduziu o seu país a um novo triunfo. Tal como acontece aos mel-
selecionador, que muitos acusavam de preferir jogadores brancos
hores atletas, Garrincha superou-se e mostrou atributos que até ai
a jogadores negros. João Máximo conta: “Antes da Copa de 1958,
eram pouco habituais como golos de cabeça ou de pé esquerdo.
a selecção contratou um psicólogo para examinar os jogadores.
“Garrincha, de que planeta vienes?”, foi a capa do jornal chileno
O Nilton Santos foi um dos primeiros a fazer os testes, em que
El Mercurio. L’Équipe descreveu-o como “o ponta-direita mais
tinham, por exemplo, de botar um triângulo dentro do círculo,
extraordinário que o futebol já conheceu.” O mundial de 62 tornou
depois um quadrado dentro do triângulo. O Nilton percebeu que
Garrincha em uma lenda.
algo ia correr mal com o Garrincha e disse ao médico: ‘doutor, vem
Haveria de novo de jogar em um Mundial – na Inglaterra em 66,
aí um rapaz chamado Garrincha. Ele não vai saber nada disso que
mas Garrincha era já uma sombra do que fora. A idade e a vida
o senhor está pedindo, mas não liga não, porque ele joga muito
de excesso começaram a ganhar vantagem ao génio. O brasil sairia
futebol’. Não sei o que aconteceu lá dentro, mas o João Carvalhais,
eliminado na fase de grupos com duas derrotas frente à Hungria
o psicólogo, aprovou o Garrincha.”
e a Portugal.
Com Garrincha em bom plano, o Brasil conquistou o primeiro
Depois disso jogaria mais seis anos. Mas não mais no seu Botafogo.
trofeu mundial; seleção onde também aparecia Pelé com apenas 17
E não mais com o seu génio, que só a espaços aparecia. O álcool
anos, mas já um “craque”.
tornou-se ainda mais presente na sua vida. Depois do futebol era
A consagração de Garrincha aconteceu 4 anos depois, no Mundial
a única coisa que passou a conhecer. Assim como a pobreza com
no chile. Com a dupla Pelé e Garrincha o Brasil partia como claro
que voltaria a criar laços de intimidade.
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Uma das suas características mais notadas era o fato de ter as pernas tortas. A sua perna direita, seis centímetros mais curta que a esquerda, era curvada para o lado esquerdo, e a perna esquerda seguia o mesmo sentido. Segundo o biógrafo Ruy Castro, Garrincha teria nascido assim. Outros depoimentos apontam essa característica como sequela de uma poliomielite.
“Houve um brasileiro melhor que Pelé: Garrincha. Tinha uma perna torta e outra normal, como podia fazer tudo aquilo? Era um paralítico. Ele era muito melhor do que todos nós, mas era do povo, gostava de uma bebida que não era água e, por isso, ficou marginalizado”, Eusebio, ex.jogador de futebol, eleito como um dos 10 melhores de sempre pela FIFA. Garrincha foi um fenômeno que ultrapassou as fronteiras do
Garrincha morreu. Jovem e em desgraça. As tragedia acompan-
futebol. Foi um artista que inspirou artistas por toda a américa
haram-no sempre. Atropelou o pai. Num acidente de viação, em
do sul. O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, escreveu: “Quando
1969, em que Garrincha conduzia o carro acabaria por ser fatal
ele estava em campo, o gramado virava um picadeiro de circo: a
para a sua sogra. O seu filho com Elza Soares, como já falado,
bola se tornava um animal amestrado e a partida, um convite para
acabaria por falecer também num acidente de automóvel. E o
a festa”. No mesmo texto Galeano descreveu perfeitamente o que
mesmo aconteceria com outro seu filho, Nenem, falecendo nas
era este futebolista com a bola: “Garrincha defendia o seu bicho de
estradas portuguesas.
estimação — a bola — e juntos faziam travessuras que matavam o
O que poderia ser Garrincha no futebol atual é difícil de imaginar.
público de rir. Ele pulava sobre a bola, ela saltava sobre ele e depois
Seria um génio ainda maior? Talvez o fosse. Os relvados são mel-
se escondia. Ele fugia dela e ela o alcançava. Enquanto isso, os
hores. Os equipamentos também. E todo o seu talento estaria lá.
adversários se chocavam entre si”.
Mas, num futebol de regras inamovíveis e táticas inalteráveis seria
Foi um génio. Um génio improvável. As suas pernas tortas não
a sua personalidade compatível? Poderia ele deixar-se “prender”?
o deveriam deixar jogar futebol. A sua personalidade também
Não sei. Sei apenas que Garrincha é a imagem do jogador que
não. João Máximo a esse respeito escreveu: “O Garrincha, como
todo o menino sonha ser. Com os seus dribles impossíveis e que
o Brasil, não poderia ter acontecido. E, como o Brasil, aconteceu.
desafiavam as leis da física. A arte dos seus golos. Um ídolo que
Um era analfabeto, aleijado, alcóolatra. O outro é enorme, com o
talvez até pela sua morte prematura é mitificado pelos adeptos do
número de analfabetos e a corrupção que teve, não era para acon-
seu país. Mas em grande medida esquecido pelo resto do Mundo.
tecer, mas aconteceu”.
Esperemos que o seu nome carimbado no estádio de Brasília leve
Depois do futebol, a vida de Garrincha foi difícil. Decadente.
as pessoas fora do Brasil a perguntarem-se quem era este homem.
Triste. Voltou à pobreza. O alcoolismo levou-lhe a melhor.
Quem o fizer não se irá arrepender.
Frequentemente era apanhado embriago, desmaiado na rua, e
Quando Garrinha morreu, eu ainda não tinha nascido. Nunca tive
levado para as urgências do hospital. Em 1983 e com 49 anos
a oportunidade de o ver jogar em direto. Tenho pena. Muita pena.
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com Desporto&Esport • www. Desprto&Esport.com
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EXOSQUELETOS BIOMECÂNICOS SÃO O FUTURO DO DESPORTO?
PODEMOS CRIAR SUPER-HOMENS PARA O DESPORTO! MAS SERÁ UMA POSITIVO? Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
N
o ano de 2014, um paraplé-
Garantiu Jorge Martins, investigador do
mais próximos todos procuram soluções,
gico deu simbolicamente o
Instituto Superior Técnico, em entrevista
mais ou menos inventivas, para a perceção
pontapé de saída na Copa
ao Expresso online.
da ideia de superação não desapareça da
do Mundo no Brasil, ser-
Temos ainda que estes dispositivos já
mente dos adeptos e com isso elimine um
vindo-se para o efeito de um exosqueletos
começam a ajudar os pacientes a reapren-
dos mais importantes pontos no desporto
biomecânicos, num projeto desenvolvido
der a andar e a correr com segurança, per-
da era moderna.
por um neurocientista brasileiro Miguel
mitindo que sentiu o peso do corpo para
Obviamente que introduzir toda esta nova
Nicolelis. Em Fukushima, após o acidente
ser diminuída por todo o caminho até 80%
tecnologia nas modalidades atuais seria
nuclear, foi necessário fortes trabalhos de
de desconto (similar a Alter-G a escada
no imediato impossível e um disparate,
refrigeração. Esta dura tarefa, para além de
rolante). Isto permite que um paciente
mas seria eventualmente possível criar
muito perigosa e obrigar os trabalhadores
para reconstruir a força e o exosqueleto
novas modalidades ou novas competições
a arriscarem a vida, tinham ainda que
também poderia ser usado para reapren-
onde o hibrido entre o mecânico e o
transportar fatos antirradiação que pesam
der marcha. Ou aumentar a capacidade de
corpo humano podem-se medir-se, numa
cerca de 60 quilos. A robótica solucionou
elevação e de transferência de peso.
competição de super-homens. No vídeo
esse problema com o desenvolvimento de
Em muito breve trecho, os exosqueletos
abaixo podemos ver outro excelente exem-
exosqueletos -extensões eletromecânicas
biomecânicos estarão no mercado uni-
plo de como a biomecânica pode facilitar e
do corpo humano que conferem super
camente com intuitos comerciais e des-
aumentar a capacidade do corpo humano,
poderes.
portivos. No vídeo abaixo podemos ver
novamente na corrida.
“O que o exosqueleto faz é aumentar a
observar um protótipo de um exosqueleto
Estas “maquinas” como é natural levantam
capacidade do operário para transportar
para a corrida.
inúmeras questões que podem e devem
o fato e se deslocar no interior da central
ser debatidas, e que se enquadram em
e aumentar a duração do trabalho, ou
Isto leva-nos a uma questão pertinente:
diversões e abrangentes temas, como a
seja, consegue ficar lá dentro mais horas a
deverão os exosqueletos biomecânicos
ética, a noção e definição do que é o
trabalhar porque é o exosqueleto que faz o
fazer parte do desporto?
desporto, a condição humana e do corpo
esforço, ele tem de fazer depois a operação
humano, ou ainda, como ficam os ante-
ao nível do pormenor, a carga quem trans-
Numa época desportiva em que os lim-
riores recordes e marcas. Ou mesmo a
porta é o exosqueleto e não o próprio.”
ites do corpo humano estão cada vez
segurança.
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ALEMANHA E ÁFRICA DO SUL
DOIS CASOS BEM DISTINTOS DE APROVEITAMENTO DE UM MEGAEVENTO DESPORTIVO - MUNDIAL DE FUTEBOL!
O
legado de um megaevento desportivo são bas-
exorbitantes quanto os encontrados na Africa do Sul ou no Brasil.
tante distintos entre países que possuem diferentes
Na sua grande maioria, as estruturas estavam feitas, incluindo os
níveis de desenvolvimento. Países em desenvolvim-
estádios de futebol, e foram apenas necessárias algumas remodela-
ento requerem, por norma, investimentos de maior
ções. Os orçamentos previstos em comparação com os reais apesar
envergadura, aumentando consideravelmente os riscos e custos
de pecarem por defeito não apresentaram grandes disparidades.
de oportunidade. Temos, por outro lado, que o custo de trabalho
O maior benefício alcançado foi a imagem projetada do país um
em países desenvolvidos é maior, criando desse modo maiores
pouco por todo o mundo. De acordo com o Anholt Nations Brand
custos operacionais e de infraestruturas diretas, como as arenas
Index (NBI) – Índice mundial de perceção de marcas, a Alemanha
desportivas, ou indiretas, como estradas ou aeroportos. Um bom
saltou um lugar pós Mundial, saltando para o quinto posto. Do
exemplo para analisarmos estas diferenças são o caso da realização
ponto de vista social, foi um evento igualmente fundamental
do Mundial de futebol na Alemanha e na Africa do Sul.
para o povo germânico. Realizado menos de duas décadas após a queda do muro e da reunificação da Alemanha, o Mundial de
Olhemos primeiro para o caso da Alemanha. Segundo as enti-
futebol tornou-se igualmente fundamental para a reconquista do
dades reesposáveis alemãs, o Mundial de futebol de 2006 gerou
orgulho nacional e da expressão do mesmo sem pudores. Algo
entre 25.000 e 50.000, sendo a grande maioria deles trabalhos
que nos sessenta anos anteriores, e em muito devido aos horrores
temporários. Apesar de parecerem representar bons números de
cometidos por esse país na segunda grande guerra, acontecia com
criação de emprego, a realidade mostra que são pouco significati-
muita dificuldade.
vos dado que nesse período existiam cerca de 40 milhões de trab-
Por fim, o legado desportivo é sem dúvida aquele que encontrou
alhadores. Durante o período em que se deu o evento desportivo
um retorno mais positivo no caso Alemão. Estádios cheios e um
os hotéis apresentaram uma diminuição de perto de 3% nas taxas
aumento de competitividade que adveio em grande medida de
de ocupação em relação à mesma data do ano anterior. O número
uma política desportiva e uma mudança de paradigma de forma-
de passageiros nos aeroportos apresentou somente um aumento
ção de jogadores que se desenvolveu em paralelo com o Mundial
vestigial. Economicamente a realização do Mundial de futebol não
de Futebol. Culminando com a conquista do trofeu no Mundial
trouxe grandes proveitos. Os custos, por seu lado, não foram tão
do Brasil em 2004.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
Na Africa do sul as expetativas eram
rado que chegasse à economia através do
demasiados otimistas e excediam em
turismo, nem um quinto desse valor se
grande medida o que era realisticamente
verificou – existe uma enorme discrep-
possível. Esperavam-se centenas de mil-
ância entre os valores oficiais suportados
hares de empregos, uma alta injeção de
pelo governo sul-africano e os valores
dinheiro na economia e uma melhoria
aduzidos pelas auditorias externas, para
generalizada na qualidade de vida da pop-
este texto descartamos os valores oficiais
ulação, para além da criação e posterior
por existirem serias dúvidas em relação á
usufruição de dezenas de infraestruturas
veracidade dos mesmos.
criadas especialmente para o evento. Dos
Os orçamentos iniciais, como mais facil-
10 estádios contruídos apenas um - Soccer
mente acontece em países em desenvolvi-
City, em Joanesburgo, é capaz de gerar
mento, dispararam para bem perto do
dividendos que cobrem seus custos. Os
dobro.
restantes 9 estádios são um peso para o
Os principais benefícios, para além da
erário público com custos anuais acima de
melhoria do sistema de transportes para as
5 milhões de euros. Apresentando de certo
populações locais, é a melhoria da imagem
modo os mesmos problemas encontrados
internacional do país e o grande senti-
com o caso português e grego.
mento de orgulho da população.
O legado de um megaevento desportivo são bastante distintos entre países que possuem diferentes níveis de desenvolvimento. ”
Dos mais de $ 5 mil milhões que era espeDesporto&Esport • www. Desprto&Esport.com
O DESPORTO E O SEU CONTRIBUTO SOCIAL
CARACAS
O EXEMPLO POSITIVO DO GINÁSIO VERTICAL E O SEU PAPEL NA REDUÇÃO DO CRIME NA CAPITAL DA EM TRÊS ANOS VERIFICOU-SE UMA REDUÇÃO DE MAIS 30% NA CRIMINALIDADE Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
O
desporto e a prática do desporto detêm um papel
e caminhos desviantes. A abordagem geral deste conceito em
determinante na sociedade e é fundamental na
Caracas baseou-se em três componentes base. Em primeiro lugar,
integração daqueles que tem menos oportuni-
inserir um sistema de um conjunto de estruturas pré-fabricados
dades e na reabilitação dos que seguiram uma
em uma pequena área de terra, que foi facilmente disponibilizada
vida às margens da lei. O exemplo do pavilhão
ou “arranjada” e construir um espaço atraente e vertical de des-
multidesportivo vertical, criado pelo atelier de arquitetura Urban
porto. Onde coexistem diversas modalidades. Desde a natação, ao
Think-Tank em Caracas, capital da Venezuela, no ano de 1993 é
ténis ou ao culturismo. Depois tornou-se fundamental a participa-
um perfeito exemplo disso.
ção das organizações humanitárias e as autoridades municipais no
Caracas, com mais de vinte mil homicídios por ano, é uma das
projeto. E aproveitar aquele que era o investimento e dos esforços
cidades mais violentas do mundo e durante muitos anos vivia num
que eram feitos na altura para a redução da pobreza e da criminali-
ciclo que parecia impossível de quebrar, onde a violência gerava
dade. Por fim, a inserção das comunidades da fabela também se
mais violência. Uma realidade que até há poucos anos se afigu-
mostrou uma jogada fundamental.
rava impossível de mudar. No entanto, nos últimos anos, um forte
O ginásio, através da sua estrutura vertical e com diversos pisos,
esforço com um respetivo investimento em programas socias criou
torna-se num espaço de quatro mil metros quadrados, quatro vezes
espaço para a mudança, e fez com que a pobreza caísse de 60% a
maiores que a generalidade dos grandes ginásios. Possibilitando
meio da década de 90 para 27% em 2011. Num espaço de três anos
que o espaço recebe todos os meses cerca de 15 mil visitantes.
a queda da criminalidade em 30 % no Bairro La Cruz, favela de
Este exemplo, que já encontra réplicas em cidades como São Paulo,
Caracas, local onde foi instalado o ginásio vertical.
Nova Iorque ou Zurique, reforça o papel que o desporto e espaços
O conceito de Ginásio Vertical apareceu da necessidade de
desportivos têm em cidades urbanas onde o betão figura como
enquadrar o desporto e arenas desportivas, assim como a cultura
a única paisagem. Construir arenas desportivas para as comuni-
e os ideais que acompanham o desporto para dentro das comu-
dades e trazer os seus habitantes mais desfavorecidos tem neces-
nidades urbanas, principalmente aquelas que vivem com maior
sariamente de fazer parte da ideia mais geral de inclusão social e
desigualdade e expostas a um maior conjunto de problemas
Caracas e o seu ginásio vertical é um exemplo que merece atenção.
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Campo de basquetebol - ginรกsio vertical
CFachada Ginรกsio Vertical
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PAULO BENTO:
RÉU OU VÍTIMA?
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
A
ntes de analisarmos a pergunta que faz título neste
Os lenços brancos são uma situação normal no futebol, temos de
artigo de opinião vamos tentar entender as razões
aceitá-los com naturalidade”, dizia Paulo Bento, no seu natural tom
da saída de Paulo Bento.
confrontacionista, após essa partida.
A saída de Bento de selecionador nacional dias
Se dentro da federação, o apoio de Fernando Gomes era expec-
após a derrota com a Albânia consuma-se como sendo apenas
tável, o mesmo não acontecia com a restante estrutura. O melhor
uma sequência logica de acontecimentos daquilo que é as especi-
exemplo disso foi o artigo de opinião de Herminio Loureiro
ficidades do futebol português, que na maioria das vezes se torna
dirigentes da FPF que colocava em causa algumas das decisões do
incompreensível para quem o analisa de fora. Estrategicamente e
selecionador.
como gestão a saída de Paulo Bento é incompreensível. O processo
Os lenços brancos e a clara perceção que os “adeptos” da seleção
foi mal gerido desde a sua génese. Uma semana antes a FPF em
nacional não acreditavam mais naquela equipa. A opinião publica-
conferência de imprensa atribuía poderes reforçados ao então
da na sua generalidade pedia a “cabeça” do treinador. Recorrentes
ainda selecionador nacional com vista ao apuramento para o Euro
notícias, verdadeiras ou não, que o grupo, entenda-se o núcleo
2016 e a necessária “renovação” de atletas para os próximos anos.
duro de jogadores, já não acreditavam no projeto e em Bento
Alguns meses antes, após o insucesso da participação portuguesa
enquanto seu líder faziam aumentar as hipóteses de um final pre-
no Mundial de 2014 o presidente da FPF, Fernando Gomes, reafir-
maturo na ligação entre treinador e federação.
mou a confiança no Paulo Bento, e na assinatura de renovação de
As opções eram poucas para Fernando Gomes: ou continuava com
contrato, em Abril, apelidou-o de “um dos melhores treinadores
Paulo Bento e arriscava-se a cair com ele ou despedia-o. Como diz
do mundo”. Se o plano estratégico era bom, se as pessoas eram as
o personagem Nascimento no filme Tropa de Elite 2: “o sistema
certas, como é possível explicar o seu despedimento?
corta a mão para salvar o braço”. Neste caso aconteceu isso mesmo,
Comecemos primeiro pelo próprio Paulo Bento. Logo após o desa-
o elo mais fraco caiu para que todos os outros continuassem vivos.
fio de Aveiro foi sendo-nos gradualmente percetível, desde logo na
Mas quanta cota de responsabilidade tem de facto que ser atribuí-
conferência de imprensa minutos depois do jogo, que o próprio
da a Paulo Bento? Ou ele, Paulo Bento, não é mais que uma vítima
entendia que o seu campo de manobra era demasiado estreito se
das circunstâncias?Julgo que a resposta é dúbia mas Paulo Bento
não mesmo inexistente. “Não sei se [o lugar] está em causa ou não.
consegue ser ao mesmo tempo Réu e Vítima.
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Porque réu?
A estreia como selecionador nacional deu-
semelhanças com o período de Bento no
Paulo Bento chega a técnico da seleção
se em Outubro de 2010 com uma vitória
Sporting onde surgirem também diver-
como solução de recurso após a polemica
por 3-1 frente à Dinamarca. Um resultado
sos casos de divergência com jogadores.
dispensa de Carlos Queirós do cargo de
fundamental para a seleção portuguesa e
Depois, deu-se o “auge” de Bento à frente
selecionador e a recusa de Florentino Pérez
para a colocar na rota da qualificação para
na seleção: as meias-finais e a eliminação
de “emprestar” José Mourinho para os
o Euro 2012. Lembremos que Portugal
frente à Espanha apenas nos penaltis, um
jogos da seleção.
vinha de um empate com o Chipre e uma
resultado muito acima das espectativas.
“Para mim é um orgulho e uma satisfação
derrota com a Noruega. Ainda assim, a
Algo que lhe valeu a renovação de con-
poder ser uma opção a seguir a um dos
qualificação só apareceu após um play-
trato por mais dois anos com o objetivo
melhores treinadores do mundo”, admitiu
off frente à Bósnia-Herzegovina. Pelo
de colocar a seleção portuguesa em terras
Bento nessa altura quando confrontado
meio, algumas boas exibições intercaladas
brasileiras para a “copa de 2014”. Talvez
com o facto de ter sido uma segunda
com resultados dececionantes e abaixo
aqui tenha surgido o primeiro erro. Sendo
opção. O seu curriculum era curto e con-
da qualidade dos jogadores selecionáveis.
obviamente a maior responsabilidade de F.
tava unicamente por uma passagem pelo
Surgiram os primeiros casos de incom-
Gomes. Se Bento se tinha revelado como
Sporting clube de Portugal e a vitória em
patibilidade com jogadores como Ricardo
uma boa solução de recurso em 2010,
2 Taças de Portugal e 2 Taças Cândido de
Carvalho ou José Bosingwa. “Não há pedi-
teria ele o perfil indicado para um pro-
Oliveira, para além de 4 segundos lugares
dos de desculpa que resolvam. Vão ver
jeto de longo prazo? O bom resultado no
consecutivos na Liga, sempre atrás do
o Euro como espectadores”, sentenciou
Euro 2012 talvez dissesse que sim. Outros
Futebol Clube do Porto.
o técnico. Algo que encontrava várias
indicadores diziam claramente que não.
“Paulo Bento é tanto vítima como réu. A qualidade dos jogadores potencialmente convocáveis é a mais baixa em duas décadas. Mas Bento também não soube ser solução. Quem não é solução é parte do problema.” Indicadores esses que foram aumentando
falhou em quase todos os jogos da seleção
locadas da realidade. “Sinto que é desta”,
e tornando-se mais visíveis com o passar
das quinas nos últimos dois anos.
afirmou Cristiano Ronaldo acerca do
dos jogos para a qualificação do Mundial.
E, foi dentro de campo onde foram dados
jogo com a Alemanha, o primeiro para
O seu caracter rigoroso e disciplinador,
os sinais mais preocupantes que o camin-
Portugal no Mundial, onde o capitão da
muitas vezes perpassando o marcial, levou
ho desenhado por Paulo Bento não era
seleção nacional se afirmava confiante em
com que Bento se incompatibiliza-se
o mais indicado. Mau futebol, sem uma
uma vitória. Bastaram dez minutos para
com mais jogadores, sendo o caso mais
ideia de jogo facilmente percetível, onde
que se percebesse que a superioridade
mediático o de Danny, indiscutivelmente
os jogadores atuavam bem abaixo das suas
da Alemanha se vincasse de forma avas-
o jogador português de maior-valia e
capacidades, uma super-dependência de
saladora. Pior que os quatro pontos e a
em melhor forma a seguir a Cristiano
Ronaldo, e um acumular de maus resul-
não qualificação para os oitavos de final
Ronaldo. As escolhas, muitas delas incom-
tados culminaram novamente na neces-
foi a triste imagem que Portugal mostrou
preensíveis, passavam muitas vezes por
sidade de um play-off, desta vez conta a
ao mundo. E quanto mais olhávamos
jogadores pouco ativos nos seus clubes em
Suécia. Quatro golos de Cristiano Ronaldo
para as restantes seleções mais percebía-
detrimento de atletas em melhor condição
carimbaram o passaporte para o Brasil.
mos quanto impreparada estava a equipa
física e atlética. Paulo Bento justificava as
No Brasil deu-se a derrocada. Tudo foi
nacional. Fisicamente devastada. Lesões.
suas escolhas com duas palavras: gratidão
mau. Na maioria das vezes: mau de mais.
Declarações e conferências de imprensa
e fé. Duas palavras que na minha opinião
Começando na convocatória dos 23, pas-
sem logica ou sentido pratico. Para jus-
não podem fazer parte do vocabulário de
sando pelo estágio nos EUA, ou a clausura
tificar o que era facilmente entendível:
um selecionador, pelo menos não, quan-
no centro de estágio no Brasil. Demasiadas
Portugal não foi competitivo. Quando
do em prejuízo de outras palavras como
conversas sobre o joelho do Ronaldo e
tinha obrigação de o ser. E qualidade para
competência e qualidade. Qualidade que
expetativas totalmente irrealistas e des-
o ser. E qualidade para o ser.
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Nem tudo pode ser apontado como única
pais equipas, FCP e Benfica, contam com
dor português. O perfil mais reservado de
responsabilidade de Paulo Bento mas
pouquíssimos portugueses nos seus quad-
Fernando Gomes, que prefere afastar-se
como o próprio o afirmou ele era o líder
ros. Os jogadores que saem da formação
das luzes, muitas vezes não ajuda, num
Bento apostou nos seus. E os seus fal-
ou jogam na equipa B ou em campeonatos
país em que qualquer “passo” dado no
haram. Na minha opinião a demissão era
menores e com pouca competitividade
futebol é analisado mil e uma vezes pelos
a única saída limpa e a mais aconselhada.
como o Chipre
diversos jornais e programas desportivos.
Optou por continuar. Errou. Acreditou
No fundo, Paulo Bento viu-se confrontado
Em conclusão, Paulo Bento é tanto víti-
que podia alterar tudo para a qualificação
com uma situação estrutural de fundo que
ma como réu. A qualidade dos jogadores
para o Euro 2016. Mudar a imagem do
lhe era pouco favorável com a agravante
potencialmente convocáveis é a mais baixa
fraco futebol deixado no Mundial. O jogo
de espectativas exageradas em relação a
em duas décadas. Mas Bento também não
com a Albânia mostrou que não. Paulo
resultados que a qualidade atual dos joga-
soube ser solução. Quem não é solução é
Bento caiu com as sua convicções. Poucas
dores não permite. Portugal tem “o melhor
parte do problema. A sua saída era inevi-
foram as alterações na equipa titular, varia-
do Mundo” e isso elava a seleção para um
tável. Perca por tardia. Deveria ter aconte-
ções que apareceram por circunstância. A
patamar acima daquele que é verdadeira-
cido após o Mundial. Assim, todos ficaram
derrota terminou com o percurso de Paulo
mente o seu. Mas mesmo essa subida de
mal na fotografia. Todos.
Bento. Com muitas culpas próprias.
qualidade pela presença de Ronaldo não a
A primeira entrevista do ex-selecionador,
Mas Bento também é vítima. Aparece
torna equivalente às melhores seleções do
na RTP Informação, trousse poucas ou
numa altura em que Portugal vive numa
mundo. Comparando, quantos jogadores
nenhumas novidades. A única certeza foi
“crise” de jogadores de topo mundial.
português titulares entravam no lote de
que a rescisão do contrato não partiu de
Durante uma década, com foco na pas-
convocados de seleções como Espanha,
Paulo Bento. E que a sua permanência no
sagem de Scolari, foi afastada a prepara-
Brasil, Argentina ou França?
cargo não era consensual entre os diri-
ção de uma geração que pudesse substi-
A própria FPF parece ter dificuldades em
gentes da federação, apesar do apoio de
tuir com ímpeto a atual. Os campeonatos
implementar um plano e arranjar soluções
F. Gomes.
nacionais e as duas das suas três princi-
para um maior desenvolvimento do joga-
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
LONDRES 2012
A CIDADE BRITÂNICA E AS OLIMPÍADAS DE 2012 PROMETEM TRANSFORMARSE NO PRÓXIMO EXEMPLO POSITIVO DE LEGADO DE UM MEGAEVENTO.
D
ois anos após o evento na cidade Britânica existe
deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o
um consenso entre os especialistas e académicos
que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimen-
que as olimpíadas de londres foi uma das sedes
tação, entre outros. Neste seguimento, o prefeito da cidade de
mais bem-sucedidas de todos os tempos. O mesmo
Londres, chega inclusive a afirmar que a capital inglesa é a primeira
garante Boris Johnson, prefeito de Londres, um acérrimo defensor
cidade-sede que não só conseguiu recuperar os anteriores números
do legado deixado pelas Olimpíadas. De tal forma, que o próprio
de turistas após espetáculo como registou um aumento de 6% no
assegura que os investimentos não só se pagaram como já dão
fluxo internacional 13% no nacional, nos meses seguintes, quando
lucro.
em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.
As olimpíadas de Londres foram a oportunidade perfeita para
Desportivamente e socialmente também se registaram indicado-
reurbanizar a Zona Leste de Londres, uma área tradicionalmente
res positivos. 1,4 milhões de pessoas passaram a praticar algum
carente de recursos. Nessa mesma zona, que ganhou uma cara
tipo de atividade desportiva pelo menos uma vez por semana. O
totalmente nova, foram estabelecidas novas conexões de trans-
investimento no desporto quer com dinheiros públicos que com
porte, linhas de comunicação e sistemas de abastecimento de
dinheiros privados tendo em vista as olimpíadas do Rio em 2016.
energia elétrica e água.
A qualidade das transmissões dos jogos, nomeadamente da
Segundo as fontes oficiais, o impacto económico na economia
cerimónia de abertura - uma das melhores de sempre, con-
britânica devido aos jogos foi de 11,4 mil milhões de euros. De
tribuíram imenso para gerar uma imagem positiva para o mundo,
acordo com as mesmas fontes, o impacto relacionado aos Jogos de
e acentuaram imenso o sentimento de patriotismo dos ingleses e
2012 pode atingir 41 bilhões de libras até o fim de 2020. O evento
londrinos.
teve um custo total de 8,92 bilhões de libras, e o orçamento do
O ponto mais negativos mais apontado ao legado de Londres’12,
comitê organizador local ficou na casa de 3 bilhões de libras.
para além da natural contestação aos números oficiais, refere-se
Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”
ao facto de que este evento nada mais foi que uma manobra de
deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o
fachada para a desapropriação forçada e a retirada de populações
que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimenta-
mais pobres do East End. Repassando esta zona da cidade, reur-
ção, entre outros.
bazinada, para as populações mais ricas. Para mais informações
Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”
aconselhamos a leitura de Ashok Kumar e Anna Minton.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
LONDRES 2012 - OS SEGREDOS DE GESTÃO
T
al como o resto da Europa, também o Reino unido e as suas populações vivem com dificuldades económicas e com altas taxas de desemprego. O comité olímpico local e os seus parceiros desenvolverem um programa de formação e de geração de empregos, virado especialmente para as mulheres, os afrodescendentes, os asiáticos e pessoas com necessidades físicas especiais. Capacitando-os para trabalhar em projetos diretamente ligados com o evento como, nas áreas de organização ou construção civil. Um bom exemplo foi o “Women into Construction Project”, que recrutou e empregou mulheres diretamente nas obras do Olympic Park. As vilas olímpicas e paraolímpicas, espalhadas um pouco por toda a ilha britânica, estão a ser convertidas em milhares de residências para venda e aluguer; onde será igualmente construído um campus educacional, um centro de saúde, entre muitos outros equipamentos comunitários. Durante a organização e realização dos jogos o Comitê Olímpico Internacional (IOC) granjeou de uma capacidade de decisão que se sobrepôs ao poder político local. Esta autoridade institucional faz com que decisões fossem tomadas com muito mais rapidez do que seria normal, e garante a convergência entre as dezenas de organizações envolvidas no governo local de Londres. Movimentou-se mais de US$ 11 bilhões unicamente em obras estruturais em contratos específicos. Estes negócios gerarão dezenas de milhares de empregos. Todas as empresas associadas a estes programas tiverem de alterar os seus sistemas produtivos, investindo na saúde laboral, segurança e sustentabilidade. O poder público e a imprensa, como os jornais e
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telejornais, denunciaram, regularmente, todas as irregularidades encontradas em obras e contratos, entre outros. Este ponto em conjunto com uma muito boa gestão por parte do governo e as entidades organizativas das olimpíadas fez com que os gastos realizados não fossem substancialmente superiores ao inicialmente orçamentado. Reurbanização da Zona Leste de Londres, uma área tradicionalmente carente de recursos, dando uma nova e mais moderna cara à capital inglesa e diminuindo os índices de pobreza e degradação urbana na área acima mencionada. A iniciativa privada foi fundamental em todas as obras para as olimpíadas quer para a reurbanização de londres nomeadamente da zona Este. Os planos de construção de um dos maiores shoppings da Europa no que viria a ser a entrada do parque olímpico já haviam sido aprovados ainda antes da eleição de Londres como sede. Múltiplas instalações e infraestruturas montadas para os jogos que foram totalmente entregues à iniciativa privada. De forma a garantir elefantes brancos, entenda-se infraestruturas criadas para as olimpíadas mas sem uso após o evento, foi desenhado um projeto cuja as estruturas que não se mostrem viáveis a longo prazo devem ser reduzidas ou mesmo desmontadas. Fazendo com que grandes áreas possam ser reaproveitadas para novos projetos e empreendimentos. O legado de Londres, no entanto, não ficou restrito ao Reino Unido. O programa International Inspiration, dedicado a desenvolver ações educativas por meio do esporte, beneficiou 12 milhões de crianças e jovens em 20 países.
AS DÍVIDAS DECLARADAS DOS TRÊS GRANDES EM PORTUGAL – PORTO, BENFICA E SPORTING Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
J
á é conhecido o relatório e contas dos três grandes
Por fim, o FC Porto é a equipa dos três grandes é aquela que apre-
relativo ao primeiro trimestre da época, e permite, por
senta o menor valor de divida, com um soma de 126,973 milhões
exemplo, fazer uma comparação entre a dívida que
de euros, dividida entre 91 milhões de dívida corrente e 35 milhões
cada um declarou ter ao bancos.
de dívida não corrente.
Neste seguimento, a primeira conclusão que salta à vista é que
Existe, no entanto, um ponto que tem de ser levados em conta: o
a dívida do Benfica, no seu total, é superior à divida somada
Benfica tem a dívida da construção do estádio na SAD, pelo que
declarada por Sporting e Porto.
entra no relatório e contas.
O Benfica, que é o único dos três grandes que apresenta estes
Pelo contrário o Sporting, por exemplo, tinha a dívida rela-
valores auditados, tem um valor de dívida de 317,756 milhões de
tiva à construção do novo Alvalade no clube e só com a fusão da
euros, sendo que 198 milhões são de dívida corrente e 119 milhões
reestruturação financeira vai passar para a SAD. É provável que no
são de dívida não corrente.
próximo relatório e contas já surja a dívida o estádio.
Em segundo lugar em termos de total de dívida aos bancos aparece
O FC Porto, esse, ficou com uma dívida de construção do Estádio
o Sporting, com 179,327 milhões em falta com os bancos, sendo
Dragão inferior aos rivais ao abrigo do projeto EuroAntas.
147 milhões de dívida corrente e 31 milhões de dívida não corrente.
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PRÉ-TEMPORADA A DIFERENÇA NA FILOSOFIA E NOS DIAS DE PREPARAÇÃO DE UMA PRÉ-TEMPORADA ENTRE BRASIL E OS PRINCIPAIS CLUBES EUROPEUS.
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
E
xistem várias diferenças entre o futebol de topo euro-
de jogo distinta. Enquanto na europa se privilegia o treino e a
peu e o futebol sul-americano, nomeadamente o fute-
preparação antes do jogo assente em uma estratégia tática bem
bol brasileiro e o seu brasileirão, independentemente
definida e sistematizada. Já no brasil, o talento do atleta e a sua
da beleza artística que cada um deles proporciona, e
habilidade é o que mais conta, assim como a capacidade de fazer
que é levada em ambos os casos. A intensidade competitiva, o tra-
o inesperado. Aos treinadores pede-se que sejam capazes de lidar
balho tático ou a preponderância física são alguns bons exemplos.
com o improviso. Na europa, o treinador deve antecipar o impro-
Um outro ponto que diferem é na preparação das suas pré-tem-
viso e desenhar um plano para o ultrapassar.
poradas e o menor tempo que disponibilizam os clubes brasileiros
Sem ser excessivamente duro, parece-nos que há uns anos as
para os seus treinadores trabalharem as equipas e os atletas
duas filosofias poderiam estar certas, mas atualmente a aborda-
nesta fase da época. Em média, as pré-temporadas dos clubes do
gem europeia é claramente mais vantajosa. Enquanto abordagem
brasileirão duram 12 dias. Os principais clubes europeus gastam
competitiva e técnica, olhando para a performance da equipa no
nesta fase da época pelo menos 30 dias, sendo que a maioria chega
terreno de jogo, sem dúvida que a abordagem europeia acarreta
aos 45 a 50 dias de preparação.
mais vantagens. Como aliás, muitas atletas que jogaram nos dois
Na Europa, as pré-temporadas são olhadas como a base para toda
continentes o afirmam. Na página ao lado, a descrição dos objeti-
a época, seja em termos físicos, psicológicos e principalmente na
vos da pré-temporada e da necessidade do tempo necessário, ajuda
definição de um modelo tático. E, nos últimos anos, com digressões
a esclarecer este ponto.
pelos EUA e pela Ásia, as pré-temporadas são também utilizadas
Do ponto de vista económico e de marketing os clubes brasileiros
para gerar receitas e retorno econômico, bem como angariar novos
também optam pela estratégia errada. A maioria dos clubes euro-
adeptos nos mercados já mencionados, e que só agora acordaram
peus optam, como já referido, por pré-temporadas ao estilo de
para o futebol. No brasil, as pré-temporadas são vistas como forma
digressões, nomeadamente nos EUA e Asia e aproveitam esses
de preparar a competição, principalmente a nível físico, e a compo-
mercados ainda pouco explorados mas sedentos pelas maiores
nente tática é adquirida durante a competição.
estrelas e clubes futebolísticos, como forma de recolha de receitas
Os números são esclarecedores. Olhemos primeiro as equipas do
e dividendos financeiros. Os clubes brasileiros poderiam optar por
primeiro escalão do brasil. Cruzeiro (19 dias), Palmeiras (15 dias),
uma estratégia semelhante, aproveitando a força que a marca Brasil
Botafogo (15 dias). São Paulo (13 dias), Corinthians (12 dias),
tem no futebol mundial e aumentar desse modo as suas receitas.
Flamengo (11 dias), Internacional (10 dias) e Santos (9 dias). As
Talvez o número de jogos por época no Brasil, ligeiramente
equipas europeias, revelam números totalmente opostos. Inter de
superior que na Europa, seja proibitivo de uma pré-temporada
Milão (53 dias), AC Milan (52 dias); Juventus (48 dias), Liverpool
mais longa, mas o ultimo campeonato do Mundo de seleções
(41 dias), Barcelona (40 dias), Manchester United (37 dias);
mostrou alguns dos erros que o futebol brasileiro “convive” nos
Bayern de Munique e Chelsea (35 dias); Manchester City (34 dias);
atuais dias. Uma mudança torna-se fundamental. Talvez estejas na
Arsenal (33 dias) e Real Madrid (30 dias).
mudança de filosofia perante as pré-temporadas uma ideia chave
A diferença dos números acima é representativa de uma filosofia
na mudança.
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As principais equipas europeias procuram fazer as pré-temporadas em países como os EUA, onde o mercado é imenso e ainda por explorar
FONTE E IMAGEM: GLOBOESPORTE.GLOBO.COM/
As duas realidades encontram muitas diferenças, como facilmente é visível. No entanto, que a comunidade acadêmica e cientifica define como uma boa preparação encontra na Europa um modelo mais fiel. Exatamente, pelo maior tempo disponibilizado pelos clubes europeus, que permite uma maior sistematização e cuidados em todas as áreas do treino e por conseguinte uma maior eficácia nos objetivos primordiais de uma pré-temporada. O primeiro objetivo é a preparação física. Analisar o estágio físico da equipa e de cada jogador individualmente e definir o trabalho físico necessário para a progressão da equipa e de cada jogador ao longo da época. Bem como adquirir os índices físicos necessários para o início da época. Por outro lado, é igualmente necessário sistematizar e programa os conteúdos do processo de treino. A preparação técnica é também iniciada e sistematizada neste nesta fase da época. Administrar um conjunto de trabalhos específicos que visando colocar a equipa em condições de dominar os elementos fundamentais do jogo, como o remate, o passe, o controlo de bola, as finalizações, etc. Definição e preparação de um modelo tático. A equipa técnica tem neste momento a fase ideal para implementar um modelo tático, condições estratégicas que levem à vitória e um sistema de jogo confiável e sistematizado. Um plano alternativo deve ter o seu início de preparação igualmente na pré-temporada. Por fim, a preparação psicológica, tão importante no futebol contemporâneo de alto nível, tem nesta fase da época um momento crucial e a preparação dos atletas e até da equipa técnica deve ser cuidadosamente ajustado nesta fase para que possa responder positivamente a todos os futuros estímulos dos treinos e jogos. Assim como adaptar os atletas de mecanismos que o ajudem a ultrapassar as dificuldades, como as derrotas no campo de jogo ou a pressão inerente ao futebol profissional.
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RELVA SINTÉTICA OS BENEFICIOS E DESVANTAGENS DO RELVADO SINTÉTICO EM COMPARAÇÃO COM A RELVA NATURAL A RELVA SINTÉTICA PERMITE MAIORES PERIODOS DE UTILIZAÇÃO MAS AS LESÕES SÃO MAIS FREQUENTES Ricardo Reis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
A
relva sintética tem ganho cada vez mais espaço no
melhorias continuadas no tempo, que passo a passo os aproximam
desporto profissional. Modalidades como rugby,
aos relvados de relva natural e para algumas modalidades já é a
golfe, hóquei em campo, futebol americano, ténis
melhor opção. Os relvados artificiais encontram-se em estudos
ou cricket já aderiram em massa a esta superfície
permanentes e existem um sem número de empresas que apostam
desportiva. O futebol, no entanto, continua reticente à mudança
fortemente no negócio da relva o que permite esperar mudanças
e prefere ainda tapetes de relva natural. Começa-se, no entanto, a
e melhoramentos com maior rapidez num futuro próximo. A
sentir sinais de mudança.
manutenção é mais fácil, bem como os custos que lhe estão asso-
Tapetes mistos, em que a mistura de relva artificial com relva natu-
ciados, que são também menores. Por fim, a durabilidade é bem
ral para fortalecer o tapete, é agora uma prática comum. O Estádio
superior quando comparados com os relvados naturais.
de Wembley, em Londres, é um excelente exemplo deste sistema. San Siro, casa do Inter de Milão e do AC Milan, há duas épocas
Temos, no entanto, que a relva sintética é mais adequada - e mais
apostou num relvado sintético após repetidas péssimas críticas
utilizada – em estádios ou arenas desportivas cobertas. A relva
ao seu anterior relvado natural. O Boavista FC, clube da primeira
sintética é também mais dura que a relva natural e como tal mais
divisão portuguesa, também optou por um tapete de relva arti-
propicia às lesões, caso especialmente notado no futebol e no
ficial, e muitos mais clubes e estádios podem servir de exemplo.
próprio ténis, onde entre as articulações são mais castigadas e mais
Temos que nos perguntar, então, quais são os benefícios da relva
sujeitas a lesões. Risco de queimaduras em caso de deslizamento
artificial, e porque começa a ser uma aposta de vários clubes e para
dos atletas, o que obriga regar abundantemente com água os relva-
diversos estádios? E quais as suas limitações para a escolha não seja
dos antes dos jogos e treinos e por vezes igualmente ao intervalo.
mais efetiva e generalizada?
Para atletas habituados ao relvado natural a adaptação a relvados sintéticos pode ser longa e difícil.
O primeiro e principal benefício da relva sintética é a possibilidade
A certificação é também um problema dado os parâmetros de
de um maior tempo de utilização. Os relvados artificiais permitem
critério mais apertados
mais horas e mais dias consecutivos de utilização sem que o relvado se deteriore. Em média, em perfeitas condições um relvado
Os equipamentos desportivos também têm de apresentar mel-
natural não vai além das 250 horas anuais. O segundo ponto que
horias para acompanhar o desenvolvimento da relava sintética, e
merece destaque é a evolução positiva dos relvados artificiais e as
diminuir o potencial de lesões.
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A relva artificial em comparação com a relva natural é muito mais resistente e permite um uso mais intensivo, tanto em treino como em competição. Em média, um tapete de relva natural permite apenas 250 horas de uso por ano, em casos excecionais no máximo esse valor pode aproximar-se das 300 horas. Um tapete de relva artificial pode ser utilizado 7 dias por semana. A longo prazo, a relva artificial mostra ser um investimento ganho. Requer menos manutenção e os custos dessa mesma manutenção são bem mais baixos. O investimento na primeira fase é no entanto bastante significativo. “Um campo de relva artificial é um sistema total formado por diversos componentes. Todos estes componentes têm uma função específica, que juntos determinam as características desportivas e técnicas do campo de relva artificial. As fibras de relva artificial e o infill (enchimento de borracha e/ou areia) determinam o especto final da sua relva. Se optar pela borracha pesada, o efeito será diferente do que se optar pelo enchimento com o material de borracha verde. O que não se vê, mas que é de grande importância, é a camada de base do campo de relva artificial. Esta é composta de material permeável, e dinâmico que juntamente com um sistema de drenagem evita a formação de poços no campo. Sobre esta camada de base aplica-se uma mistura de aglomerado britado selecionado, evitando-se o recurso a ao asfalto mesmo que sendo permeável e/ou borracha com cerca de 10 cm. Também se pode optar por um e-layer, ou seja, uma camada elástica formada por borracha não tecida. Esta é responsável pela absorção dos choques e a restituição de energia”
Estádio do Bessa. O Boavista FC optou por um relvado arteficial para a epoca 2014/2015 onde vai competir na primeira liga Portuguesa
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NFL: “COMUNISMO NO DESPORTO”
O MODELO DE NEGÓCIO DA NFL E A DISTRIBUIÇÃO DOS DIREITOS TELEVISIVOS NESTE DESPORTO AS RECEITAS ANGARIADAS PELAS RECEITAS TELEVISIVAS SÃO DIVIDIDAS EM IGUAL MODO PELAS 32 EQUIPAS DA NFL
O
modelo de negócio da NFL, principal campeonato
da de 2010, o Green Bay Packers. Oriundo de uma pequena cidade
de futebol americano disputado nos EUA, é um
do Winsconsin, com pouco mais de 100.000 habitantes superou o
verdadeiro caso de sucesso e que merece um estudo
New York Giants. Sem a partilha igualitária de receitas televisivas
aprofundado pelas entidades desportivas europeias
isto seria apenas uma miragem.
e sul-americanas. E, para alguns casos, nomeadamente o futebol
O aumento da competitividade no jogo aumentou igualmente a
e os principais campeonatos pode ser copiado. Desportivamente
popularidade do mesmo e em consequência as suas receitas. Hoje
a NFL nunca foi tão competitiva. Financeiramente nunca foram
dentro dos quatro grandes desportos o futebol americano domina
tão ricos.
totalmente. Por exemplo, até à poucos anos o basebol dominava
Isto é de tal forma verdadeiro, que Roger Goodell, comissário da
as preferências. Hoje, a audiência do Super Bowl supera em 85
National Football League (NFL), anunciou o ambicioso objetivo de
milhões a do World Series.
$ 25 bilhões de receitas no ano de 2027. Para colocar este número
Temos ainda, o fato de quem ganha o Superbowl é o último a
em perspetiva, os países do Panamá, Jordânia, Gana ou Islândia, na
escolher novos jogadores na temporada seguinte, ou seja “pune-se”
viragem da presente década apresentavam valores de PIB nominais
o sucesso de modo a equilibrar a competição. Criando incerteza
inferiores. Para além do impacto das receitas oriundas das trans-
quanto ao campeão, que é talvez o fator mais preponderante para
missões televisivas, que falaremos mais abaixo, o bom desempenho
gerar emoção no desporto.
e a possível alta estimativa para o futuro devem-se aos contratos de patrocínio milionários, a exploração comercial das marcas e pela
Este modelo administrativo da NFL tem-se mostrado ganhador
venda de produtos licenciados – centralizados pela liga, e por fim
em todos os sentidos. Se pode ou não ser copiado nas principais
pela receita dos estádios que estão sistematicamente cheios.
campeonatos europeus e sul-americanos, não é uma resposta
Mas um ponto fundamental para a competitividade e a saúde
fácil. O desporto é diferente. Os adeptos são outros. E os interesse
financeira dos 32 clubes da NFL deve-se à forma como as receitas
também. Mas fará sentido termos sempre os mesmos campeões,
televisivas são distribuídas: de forma igual para os 32 clubes. Ou
que saem sempre de um lote de dois ou três clubes? Faz sentido as
seja, do mesmo pote, independentemente do tamanho dos clubes
meias-finais das últimas cinco/seis edições da Liga dos Campeões
e da capacidade destes de gerar público e receitas, recebem exata-
serem disputadas invariavelmente pelos mesmo clubes, com a
mente o mesmo dos grandes clubes. Talvez por isso, o sistema da
exceção de um ou outro intruso? E, mais importante: pode o fute-
NFL é muitas vezes olhado como “o comunismo no desporto”. E
bol aguentar-se deste modo?
se olharmos para os resultados desta política podemos facilmente
Este é um tema que voltaremos recorrentemente nas páginas da
afirmar que é “ o comunismo que funciona”.
Desporto&Esporte.
Olhemos para o exemplo do campeão da Super Bowl da tempora-
Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com 58 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com
STREAMING:
O FUTURO DAS TRANSMISSÕES DESPORTIVAS EM DIRETO Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
A
s plataformas digitais de
horas transmitidas graças ao streaming,
streaming de vídeo, como
mais de mil horas de conteúdos, oferecidos
são exemplo a Netflix ou o
aos assinantes.
Hulu, ganham por dia mil-
O sucesso do streaming, de uma forma
hares de novos assinantes todos os dias. O
geral, advém de duas novas realidades. A
exemplo da Netflix é ainda mais demon-
primeira delas é a democratização de apa-
strativo com mais de cinquenta milhões
relhos com ligação à Internet, como o Pc
de assinantes globais. Estes números indi-
e sobretudo os tabletes e os telemóveis de
cam uma tendência num mercado ainda
última geração. E, a crescente vontade dos
fortemente por explorar. E, se os exem-
telespetadores de acederam aos conteúdos,
plos acima se referem à ficção criada
mesmo aqueles que são transmitidos em
pela indústria televisiva e cinematográfica,
direto, com total controlo e sem restrições
começam a observar-se sinais muito inter-
de locais ou de aparelhos eletrónicos. A
essantes relativos ao streaming de desporto
isto podemos ainda somar as vantagens
em direto. De acordo com a cadeia tele-
apresentadas pelos operadores de stream-
visiva FOX, 528 mil espectadores assisti-
ing desportivo, como escolha de câmeras,
ram ao Super Bowl de 2014, tornando o
o acesso a estatísticas ao minuto e à distân-
evento desportivo ao vivo (live-stream)
cia de um click ou acompanhar um único
mais assistido de um único evento. No
jogador durante todo um jogo, caso exista
mesmo seguimento, os Jogos Olímpicos
essa vontade por parte do espetador. O
de Inverno assistiu a uma duplicação de
potencial é imenso..
“Streaming é uma tecnologia que envia informações multimídia, nomeadamente vídeos, através da transferência de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a Internet.”.
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A MLB.tv tornou-se numa das principais operadoras de streaming para o baseball dos EUA
“O sucesso do streaming, de uma forma geral, advém de duas novas realidades: a democratização de aparelhos com ligação à Internet... e, a crescente vontade dos telespetadores de acederam aos conteúdos, mesmo aqueles que são transmitidos em direto, com total controlo e sem restrições de locais...” E, não fica por aqui. Os assinantes de TV
Com o crescente decréscimo da televisão
fundamental neste processo.
paga, ou TV Cabo como também é des-
paga e o crescente aumento de consum-
Com o crescente avançado das velocid-
ignada, começam a sentir algum descon-
idores a migrarem para o live-stream,
ades de download e upload disponibili-
forto em relação a esta forma, ainda domi-
leva-nos a questionar qual será o futuro
zadas pelas operadoras de internet – fixa
nante, de consumir televisão e eventos
das transmissões ao vivo de eventos des-
e móvel -, a qualidade de imagem e som
desportivas pela TV em direto. Olhemos
portivos.
entre o streaming e televisão não é mais
alguns números referentes ao mercado
Existem vários fatores que nos levam a
significativo. Com as vantagens, já men-
norte-americano, aquele que é sem dúvida
apontar que o futuro passa pelo streaming.
cionadas, na possibilidade de ângulos de
alguma o mais estudado. Hoje, existem
Sem que pelo menos num futuro a curto
visão ou acesso imediato a estatísticas para
cerca de 84 milhões de assinantes de Tv
prazo o domínio da televisão paga seja
o streaming online.
paga. No entanto, desde de 2010 que os
quebrado ou seriamente ameaçado.
A televisão é igualmente limitada pelo
lares americanos veem cortando as suas
Em primeiro lugar temos a assunção da
número de canais que possui e com tal é
assinaturas, sempre valores acima de 4,5%
realidade, em que um meio de transmissão
também limitada na cadência de conteú-
ao ano e chegando o ano passado ao 6,5%.
esta em crescimento e outro em perda.
dos que pode disponibilizar.
A principal razão apontada é o alto preço
Seguindo esta mesma ideia, o streaming
O streaming e as suas operadoras tem
destas assinaturas, que muitas vezes não
mais que uma moda, é uma forma de
igualmente sabido captar anunciantes, e
compensa o investimento. E um relatório
consumir conteúdos de entretenimento
integrar anúncios individualizados não
apresentado pela Experian Marketing
que vai de acordo ao que é hoje uma nova
intrusivos, o que permite por um lado,
Services revela ainda que esses números
filosofia de consumo em crescente aceita-
uma maior competitividade ao preço ofe-
disparariam não fossem os pacotes de
ção, nomeadamente pelas faixas etárias
recido aos seus anunciantes, e a oferta de
desporto distribuídos por cabo. De acordo
mais jovens, entre os dezoito e quarenta
um maior número de conteúdos.
com CouponCabin, 43% dos assinantes
e cinco anos, que significam hoje a maior
O streaming parece ser de facto o futuro,
de cabo, afirmaram que a única razão
fatia do mercado e em poucos anos o
os próximos anos serão fundamentais,
pela qual não “rasgavam” o contrato com
dominarão totalmente. Temos ainda, a
assim como se dará a adaptação das tradi-
as suas subscrições de cabo se devia ao
forma como os aplicativos Web, que anal-
cionais cadeias televisivas a esta nova reali-
desporto e à necessidade que tinham de
isamos em um outro artigo desta edição,
dade. É esperar para ver.
assistir com regularidade a eventos des-
estão a mudar o perfil dos consumidores
portivos.
e como a interação com a Web se tornou
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ACTN3: O GENE DOS CAMPEÕES Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
Realizar testes de perfil genético para o comum dos cidadãos tonou-se nos últimos anos uma tarefa relativamente simples e não muito dispendiosa. A organização atlasgene, disponível em atlasgene.com, possibilita facilmente essa análise. O primeiro passo, é obter um kit, que pode ser obtido através do Website mencionado acima. Preencher o formulário de candidatura. Realizar o teste, que consiste em molhar com saliva a almofada de algodão do kit. Enviar o kit para o laboratório e esperar o resultado, que demora cerca de três semanas a um mês.
GENE ACTN3
T
radicionalmente, o desempenho desportivo tem
ACTN3 resulta da síntese de uma forma truncada e não-funcional
sido atribuído ao treino, a uma nutrição adequada e
de alfa-actinina-3. Diversos estudos, demostraram que a presença
a um talento natural do atleta. Talento que é sempre
ou ausência de alfa-actinina-3 tem consequência no desempenho
ligado a um dom que é inexequível justificar. Nasce-
físico. Simplisticamente, a sua presença beneficia funções que
se assim, porque assim aconteceu. Porém, nos últimos anos, tem-se
exijam um maior desempenho muscular. Enquanto a sua ausência
olhado insistentemente para o perfil genético dos atletas de modo
beneficia provas de longa duração.
a entender quer se as suas características se adequam às modali-
Os cientistas expuseram que os indivíduos com a variante em
dades que praticam. Ou para compreender se os resultados obtidos
ambas as cópias do seu gene ACTN3 pode ter uma pré-disposição
se devem à superação física ou a uma predisposição genética que
natural para a resistência (eventos relacionados com cagas de
eleva determinado atleta a patamares impossíveis para os seus
energia aeróbica), tais como corrida de longa distância, natação
pares. Consequentemente, na análise de diversos fatores genéticos,
distância ou esqui. Esses atletas com uma cópia da variante no
nomeadamente através do polimorfismos de DNA, tornou-se fun-
seu gene ACTN3. Pode ser igualmente adequado para tanto
damental para a compreensão do rendimento desportivo.
resistência e Sprint / potência desportiva como o futebol ou andar
Define-se polimorfismos de DNA as sequências de bases que dife-
de bicicleta. Atletas que não possuem nenhuma cópia da variante
rem do que é tido como “normal” ou “comum”. Ou seja, presente
na sua ACTN3 gene podem ter uma predisposição natural para a
na maioria da população mundial. Essa sequências diferenciadora
velocidade desportes ou potência como eventos de futebol, levan-
podem influenciar a expressão ou percentagem de determinadas
tamento de peso e de sprint.
proteínas e desse modo influenciar e alterar o desempenho físico
Os atletas profissionais passaram a incorporar testes genéticos no
e desportivo. Diversos estudos e trabalhos começam a demonstrar
seu treino. Compreender as suas características inatas tornou-se
uma relação direta com certos polimorfismos de DNA e o desem-
fundamental para a avaliação do treino e para selecionar sistemas
penho desportivo, em particular em modalidades de alto esforço
e técnicas de treino.
muscular. Entre todos, o que indiscutivelmente mais se destaca é
Por fim, apesar das vantagens competitivas do gene ACTN3, não
o gene ACTN3.
significa que tê-lo fará de si ou do seu filho um astro no desporto.
De certo modo, este é inclusive um polimorfismo de DNA relativa-
Muitos outros fatores tem de ser levados em conta. Este é somente
mente comum. Esta presente em cerca de 18% a 25% da população
mais um.
geral, com ligeiras diferenças dependendo da região geográfica. O
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CONTRADITÓRIO:
A IMPORTÂNCIA DE DIFERENTES IDEIAS NA GESTÃO DESPORTIVA Pedro M. Silva. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
N
os últimos dez anos, em
ros de gestão e finanças, aponta diversos
alguns países isso acontece
exemplos de sucesso de empresas e clubes
há já mais tempo, uma
desportivos que alcançaram o sucesso
política de comunicação
saindo de “dentro da caixa”. Ou seja, apos-
fechada por parte dos clubes de futebol
tando em ideias e conceções de negócio
e obrigando os seus intermediários a um
inexplorados ou desvalorizados.
discurso cheio de lugares comuns e em
Neste seguimento, apostar em formar ide-
sintonia com o que a mensagem que se
ias contrárias e diferentes nas organiza-
pretende passar e sem lugar a um pensam-
ções desportivas pode ser a única forma
ento original ou individual. Vemos igual-
de sobrevivência principalmente para as
mente presidentes a agregarem significa-
organizações com menores recursos finan-
tivamente mais poder e a secarem tudo à
ceiros. E menor capacidade para se adapta-
sua volta. A crítica jornalística ou mesmo
rem rapidamente a mudanças repentinas.
dos adeptos é desvalorizada no melhor
Julian Birkinshaw, da London Business
dos cenários e severamente atacada na
School, assume a ideia que uma das prin-
maioria das vezes. Mesmo as seleções
cipais causas para o declínio das orga-
nacionais dos países, instituições de uti-
nizações, nas quais podemos colocar as
lidade pública e subsidiada em parte por
organizações desportivas: “é a perda de
dinheiros do orçamento de estado, não se
agilidade estratégica: a capacidade que
coíbem de afirmar se não for para ajudar
uma empresa tem de mobilizar as pessoas
e suportar, que é melhor nem aparecerem.
por toda a organização para manterem
Olhamos para dentro dos clubes e dificil-
seus olhos abertos para as mudanças no
mente achamos pessoas com capacidade e
ambiente externo, e assumirem a respon-
estatuto para apresentarem novas aborda-
sabilidade de disseminar suas novas ideias
gens e diferentes ideias. Vivemos numa era
e desafiar os processos atuais”.
de pensamento único e de estratégias sem
Por fim, a velha máxima que em equipa
planos B. Mas que vantagens existem nesta
que ganha não se mexe pode ser uma con-
forma de agir?
ceção falaciosa. Uma boa ideia hoje pode
Na nossa opinião muito poucas. Em última
não significar que essa mesma ideia seja
análise, um modelo de negócio desportivo
vencedora amanha.
e de treino chega a um ponto de saturação.
No fundo, a adaptabilidade, mesmo no
Como afirma Birkinshaw, “um dos inimi-
meio desportivo e nas suas organizações,
gos da agilidade estratégica é a empresa
é um ponto fundamental e isto é melhor
basear-se em métricas velhas e restriti-
conseguido quando existem ideias dife-
vas e não questionar com frequência os
rentes e abordagem que se diferenciem.
indicadores de desempenho, acarretando
Privilegiar um debate saudável é a melhor
a criação de pontos cegos muito perigosos
solução para o sucesso no presente e prin-
na visão estratégica.”
cipalmente no futuro.
Frans Johansson autor de diversos liv-
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“... um dos inimigos da agilidade estratégica é a empresa basear-se em métricas velhas e restritivas e não questionar com frequência os indicadores de desempenho, acarretando a criação de pontos cegos muito perigosos na visão estratégica”
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COPA 2014: OS NÚMEROS INVESTIMENTOS, GANHOS E PERDAS!
A
última década brasileira foi
Apesar de muitas dúvidas colocadas ao
os números e concentremo-nos apenas no
marcada por importantes
modelo adotado e do Brasil estar ou não
Mundial de 2014.
conquistas económicas e
num crescimento sustentável e viável a
O custo do Mundial de 2014 de acor-
sociais.
Transformou-se
longo prazo, existe um facto que é indes-
do com informações da Matriz de
na sexta maior economia
mentível, entre 2002 e 2012, 37 milhões de
Responsabilidades situou-se em “ R$ 28,1
a nível mundial, e acima de tudo existiu
brasileiros passaram a pertencer à classe
bilhões, sendo que os investimentos em
um esforço palpável de esbater muitas das
média. E muitos milhões mais deixaram
mobilidade urbana somam R$ 8,9 bilhões,
desigualdades socias que há muito fazem
a extrema pobreza. Os megaeventos,
para os aeroportos chegam a R$ 8,4 bil-
parte da realidade das populações brasilei-
Mundial seguido de Olimpíadas no espaço
hões, em estádios registram R$ 7,6 bilhões
ras. Na base desta transmutação passa
de apenas 2 anos, surgem dentro deste
e em portos, R$ 700 milhões. Para as
segundo as autoridades brasileiras por um
espirito e no sentido de afirmar ainda mais
estruturas, equipamentos e capacitação em
modelo de desenvolvimento baseado no
a marca “Brasil” pelo mundo.
segurança, o recurso é de R$ 1,9 bilhão. A
crescimento com estabilidade, equilíbrio
Pensando no legado e nos efeitos positivos
área de telecomunicações recebeu R$ 400
fiscal, inclusão social e competitividade.
para mais à frente, olhemos primeiro para
milhões e a de turismo, R$ 200 milhões”.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
Mais de 85% do investimento na “Copa do Mundo” foi feito com dinheiros públicos. 60,1% dos investimentos foram gastos em obras de vias e transportes públicos, bem como os aeroportos – 33,6% para as deslocações terrestes e 26,5% referentes aos transportes aéreos. A segunda maior fatia foi gasta com os 10 estádios, que somando perfazem 27,7%. Os portos somaram 2,6% do total dos investimentos, enquanto as infraestruturas e comunicação no seu conjunto chegam aos 1,4% dos investimentos.
No entanto, estes valores podem sofrer acréscimos significativos, já
das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promoveu ações
que ficaram fora das contas todas as obras que não ficaram pronta
e encontros durante a realização do torneio e trouxe mais de 2,3
a tempo para o Mundial, e não contabilizados igualmente todos as
mil empresários oriundos um pouco por todo o mundo. O mesmo
despesas com as estruturas temporárias exigidas pela FIFA para
ministério do turismo afirma que o número de turistas superou
todas as arenas do Mundial, tais como aluguel de tendas, aparel-
em mais de 100 mil as espectativas, fixando-se em 700 mil os visi-
hos de primeiros socorros, sistemas de informação, entre outros.
tantes estrangeiros que chegaram ao Brasil durante o período da
Puxando o custo total do Mundial para os R$ 30 bilhões.
“Copa”. Um acréscimo de 131% quanto comparado com o mesmo
Relativamente ao retorno económico já existem alguns dados que
intervalo do ano anterior. Os argentinos são a maior fatia e vieram
podem ser apresentados.
em grande número, cerca de 101 mil, seguidos bem de perto pelos
Pouco mais de uma semana após o se ter jogado a final e de
norte-americanos com 83 mil e os chilenos com 44 mil. As cidades
terminado o evento foi divulgado que as estimativas apontavam
que registaram um maior acentuado de número de turistas foram
para que tinha sido injetado na economia brasileira cerca de R$
Natal (RN) registrou aumento de 851%, Cuiabá (MT) de 963%,
30 bilhões em resultado direto com o Mundial de futebol. Esta
Curitiba (PR) de 167% e Manaus (AM) de 409%, novamente em
estimativa surgiu fruto de uma pesquisa efetuada pela Fundação
comparação com o mesmo período do ano passado.
Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e encomendada pelo
Segundo estimativas oficiais, o evento Mundial de futebol, desde o
Ministério do Turismo. O estudo indica que o impacto do Mundial
ano de 2011, há-de ter representado um acréscimo no crescimento
será sensivelmente três vezes maior que o valor conseguido na
do PIB brasileiro entre 1 a 1,5%.
Copa das Confederações, a partir de dados que incluem impactos
Mas nem tudo foram ganhos, de acordo com a Cielo – empresa
iniciais, diretos, indiretos e induzidos na economia. Relembramos
ligada às transferências comerciais por cartão de crédito e debito,
que os números consolidados durante a realização da Copa das
o valor gasto por turistas decaiu em 7%. O sector industrial reg-
Confederações no ano de 2013 se fixaram nos R$ 9,7 bilhões
istou uma pequena queda, em muito devido ao encarecimento do
injetados no PIB brasileiro.
crédito e ao aumento da inflação - nos últimos 12 meses até ao
Segundo estimativas do ministério brasileiro do turismo foram
Mundial um aumento de 6,52%.
criados para o Mundial quase um 1 milhão de empregos no
Por fim, o lado mais negativo, economicamente falado, deveu-se
país, sendo que 710 mil empregos são fixos e 200 mil apenas
às paragens de produção e laborais devido aos vários feriados que
temporários. Representando cerca de 15% dos empregos criados
foram acontecendo durante o Mundial. Numa estimativa previa ao
durante o mandado de Dilma Rousseff. Aproveitando a visibi-
Mundial esperava-se avultadas perdas para a economia brasileira,
lidade do Mundial de futebol a Agência Brasileira de Promoção
em um valor especialmente alarmante de R$ 30 bilhões.
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MUNDIAL BRASIL:
CRITICAS, MANIFESTAÇÕES E IMPRENSA MUNDIAL.
C
havões como “não vai ter
os mesmos valores seria possível construir
Copa” tornaram-se comuns
mais de 90 mil postos de saúde comple-
e largamente audíveis nos
tamente equipados, comprar cerca de 350
meses que antecederam a
mil ambulâncias equipadas, contratar mais
realização do Mundial do
de 2 milhões de professores por ano ou
Brasil. Ao contrário do que era espec-
construir perto de 25 mil km de estradas
tável uma boa parte da população brasileira
alcatroadas.
mostrou-se contra a realização do Mundial
Outra das críticas levantadas refere-se à
no seu país. As manifestações que se ini-
sentida falta de transparência em muitos
ciaram na Taça das confederações e se pro-
de negócios e o superfacturamento em
longaram por mais de um ano foram uma
muito deles, sem boas razões justificativas.
surpresa ainda maior. Uma surpresa que
O andamento das obras e o fato de muita
as autoridades na grande maioria das vezes
delas não se concluírem até ao Mundial
não souberam lidar. E fizeram com que
também levantavam muitas incertezas. Mas
muitas manifestações pacíficas se tornas-
a pergunta mais frequentemente feita e
sem violentas. Diga-se, a bem da verdade,
que continua atual é: depois do evento que
que existiram vários grupos que utilizaram
legado fica para a posteridade?
as manifestações para criar distúrbios e
Uma dúvida a que se juntaram muitas vozes
foram igualmente culpa deles o rastilho de
com notoriedade pública ou que ganharam
muita violência.
essa mesma notoriedade por conta do seu
As críticas da população brasileira à real-
descontentamento se ter tornado viral nas
ização do Mundial começaram a ouvir-
redes socias. Um dos casos mais notórios
se desde o ano de 2011 e iniciaram-se
é o da brasileira Carla Dauden criou um
em grande medida aos enormes gastos
vídeo No, I’m not going to the World Cup,
que a organização comportaria para os
onde nele fazia censuras à forma como a
cofres do estado, cerca de R$ 25,5 bil-
preparação e o investimento dos dinheiros
hões. Relembremos que perto de 90% do
públicos foram feitas para a organização do
investimento é público. A organização dos
Mundial.
últimos três mundiais no seu conjunto
Curiosamente, o vídeo acima referido,
não chegou a esse valor. Num país, que
surgiu exatamente no momento em que
apesar do crescimento e do esbatimento
explodiram as manifestações. Milhares de
das igualdades nos últimos anos, onde
pessoas manifestaram o seu descontenta-
existem índices preocupantes na saúde,
mento na rua, exemplificando o poder de
segurança ou educação uma boa parte dos
mobilização das redes sociais, origem da
cidadãos brasileiros e da sociedade civil,
maioria das “convocatórias”. Professores,
com destaque em muito jornalistas e “opin-
“sem tetos”, índios, estudantes e muitos
ion makers”, olhou para os gastos da “copa”
outros saíram à rua em protesto como raras
como supérfluos e desnecessários. Para se
vezes se tinha visto nas principais cidades
ter uma noção do investimento feito, com
brasileiras.
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As manifestações durante a Taça das confederações apanharam as autoridades totalmente de surpresa. Superfacturamento, desigualdades sociais e necessidades estruturais mais prioritárias quando comparadas com a realização do Mundial, foram alguns dos pontos mais escutados pelos manifestantes.
MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
Os cartoons foram um dos principais meios de mostrar o descontentamento com a realização do Mundial no Braasil.
Depois surgiram as duras críticas da Fifa aos atrasos na construção nas obras, nomeadamente dos estádios e das infraestruturas de ligação. A imprensa internacional caiu igualmente fortemente sobre a organização brasileira. Ao lado, temos a capa da revista france football, que se veio a provar falsa, mas que se tornou viral e causou imensa polemica. Mesmo a capa da revista francesa sendo falsa, muitas outras ouve, nomeadamente da imprensa britânica, com duríssimas críticas à organização brasileira e as suas autoridades.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
COPA 2014 : QUE LEGADO?
A
copa aconteceu. Dentro do campo o Mundial do
imagem negativa foram bem mascaradas e passaram quase des-
Brasil foi um sucesso, mas deixa para as populações
percebidas a quem assistia o Mundial pela televisão. Os adeptos
um legado positivo? Talvez essa seja a pergunta
que foram ao Brasil na sua grande maioria gostaram e têm e pub-
mais frequente e necessária agora que os jogos já
licaram opiniões bastantes favoráveis. As transmissões televisivas,
fazem parte do passado, mas é também a mais difícil
como norma da Fifa, foram de muito boa qualidade.
de responder. Existe ainda muita informação a necessitar de uma
Mas existiram igualmente situação negativas. A queda do viaduto
imprescindível e cuidadosa observação. Muitas obras periféricas
que resultou em algumas mortes e alguns feridos e que correu
ao Mundial que precisam de ser concluídas; e de que forma serão
mundo em pleno Mundial – numa obra construída de prepósito
concluídas e se ficaram dentro do orçamentado. Dados a ser adi-
para o campeonato do Mundo. Algumas fotos e vídeos virais nas
cionados como o fluxo turístico dos próximos meses e do próximo
redes sociais mostraram um lado do brasil que muito provavel-
ano. Deste modo, ao contrário do que aconteceu com Portugal,
mente as autoridades brasileiras dispensavam.
Grécia, Alemanha, Africa do Sul e Londres apontamos para mais
Dentro dos jornalistas internacionais que presenciaram o Mundial
tarde, em futuras edições uma resposta mais definitiva e concreta
em terras brasileiras não existe um consenso claro relativamente a
em relação ao legado deixado pelo Mundial em terras brasileiras.
questões ligadas com a organização. Enquanto muitos elogiaram,
Mas algumas considerações podem ser feitas desde já.
outros tantos teceram duras críticas. O Hélder Conduto, jornalista
O principal objetivo do Brasil, projetar uma imagem positiva e
da RTP que acompanhou a seleção portuguesa, em entrevista para
impositiva no Mundo, em grande medida falhou. E tinha falhado
a RTP Informação, afirmou, que só não podia afirmar que a orga-
ainda os jogos não se tinham iniciado. As constantes críticas da
nização da Copa de 2014 não tinha sido a pior de sempre porque
imprensa mundial, como referido na página anterior, debilitaram
não tinha estado presente em todos os Mundiais.
a perceção de muitos países em relação ao Brasil, principalmente
Por fim, como “legado” do Mundial de 2014 para o brasil, desde já
os países que têm um menor conhecimento deste país. Antes do
parecem ter-se destacado dois pontos.
mundial se iniciar, neste ponto o brasil já perdia de goleada, tal
O primeiro é a necessidade de consultar as populações e a sua
como afirmara Juca Kfouri no programa Roda Viva. Restava tentar
opinião relativa a megaeventos futuros.
empatar. A “copa das copas” era apenas uma ilusão.
Em segundo, a necessidade de reformular o futebol brasileiro
Como referido, dentro do campo o Mundial do Brasil foi um
que se mostrou claramente atrás de muitos dos países europeus e
sucesso. E os adeptos de forma generalizada ajudaram a abril-
mesmo de alguns países sul-americanos. Sendo que o Brasil tem de
hantar o evento. Muitas das situações que podiam projetar uma
longe o maior potencial de criação de taletos para o futebol.
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PLAYNIFY A REDE SOCIAL DESPORTIVA PARA TODOS OS ATLETAS AMADORES
D
Vitor E. Santos. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
esde há vários anos que as redes socias determi-
desportista e encontramos outros jogadores e jogos para partici-
nam em grande medida a forma como interagi-
par”.
mos com o mundo. Olhemos para o facebook e a
Existe igualmente espaço, na Playnify, para as associações e recin-
forma como ele se tornou o nosso bilhete de iden-
tos desportivos e possibilitam a plataforma ideal para exponenciar
tidade digital. Cumprindo um papel fundamental
e alargar o espaço de comunicação com os seus futuros utiliza-
como uma das principais, se não mesmo a principal, plataforma
dores, e melhorar a rentabilidade desses mesmos recintos.
de comunicação nesta nossa década. Com o sucesso do facebook.
Playnify aposta na facilidade de uso e na simplicidade para captar
Várias outras redes socias chegaram até nós. Nesta edição olhamos
o máximo de utilizadores possíveis, sem que o nível de conhe-
para uma rede social desportiva: Playnify.
cimentos informáticos e de adaptação à plataforma sejam um
Playnify, uma rede social portuguesa e portuense, que se assume
problema.
como um facilitador para quem quer sair de casa e praticar despor-
Disponível desde novembro de 2012, a Playnify não pretende
to, colaborando na procura de companhia e parceiros desportivos.
ser uma rede social exclusivamente portuguesa, mas sim, do
Quantas vezes acontece marcar um jogo de futebol entre amigos, e
mundo. A sua mudança para Silicom Valley, nos Estados Unidos
faltar um para fazer duas equipas completas? Ou querer fazer uma
da América, após terem vencido o AIDA Startup Challenge em
caminhada ou corrida mas por falta de companhia ficar em casa?
Aveiro, é um exemplo da ambição desta plataforma.
O Playnify pretende exatamente quebrar essas barreiras e ligar atletas amadores um pouco por todo o mundo.
O bom feedback, e a já considerável aderência a esta plataforma,
Em declarações ao Jornal de Noticias, Joaquim Valente, cofunda-
e as vantagens que ela proporciona fazem desta rede social uma
dor e CEO da Playnify, explica que “a plataforma aposta em ligar
ótima opção para pessoas que se querem exercitar e não tem
as pessoas de todo o mundo através do desporto”. “No Facebook
companhia. É possível fazer a autenticação através da conta do
partilhamos a nossa vida pessoal e interagimos com amigos, no
facebook, o que é de grande auxílio.
LinkedIn partilhamos a nossa vida profissional e encontramos oportunidades de negócios. Na Playnify, partilhamos a nossa vida
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Joze Mourinho (Por) - Futebol
Doc Rivers (USA) - NBA
Zico (Bra) - Futebol
TREINADOR
Os principais desafios e tarefas que a evolução no desporto obrigam. Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
FORMADOR GESTOR MULTIDISCIPLINAR COMUNICADOR ESTRATEGA LÍDER E MUITO MAIS...
1.
Formar e gerir uma equipa técnica multidisciplinar. O desporto de alto rendimento tornou-se nas últimas duas décadas uma atividade totalmente profissional e foi com naturalidade que se deu a segmentação das suas áreas em várias disciplinas che-
fiadas por técnicos e especialistas. O treinador tomou assim para si a responsabilidade de gerir e chefiar todos estes grupos para um objetivo comum: a vitória. É importante reconhecer que esta gestão é a cada novo dia mais complexa, na medida, que cada disciplina evolui num ritmo próprio e a necessidade de alterações constantes é uma realidade que requer adaptação constante.
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2.
Escolher e gerir atletas que se completem. Formar uma equipa, que dependendo do desporto, pode facilmente contar com mais de vinte atletas é uma tarefa ardilosa e que deve ser feita com um critério científico.
Acrescentando a isso, a mediatização dos atletas como estrelas internacionais e publicitárias. Misturar atletas de diferentes idades e diferente maturidade competitiva e diminuir a influência dos objetivos pessoais é uma tarefa herculana mas absolutamente necessária para o sucesso.
O
s clubes modernizaram-se. O jogo, dentro do campo, mudou radicalmente. O perfil do atleta também. Assim como toda a estrutura técnica de uma equipa desportiva de alto
nível. Não pode então ser surpreendente que o perfil de treinador tenha também sofrido profundas alterações. Hoje, os treinadores desportivos são obrigados a executar diariamente um largo conjunto de habilidades e conhecimentos que os auxiliem a atuar da forma mais competente com todos os desafios que lhes surgem. E, os desafios são mais que muitos que obrigam o treinador a um perfeito domínio de diversas dimensões no treino, que vai além do conhecimento técnico
3.
e tático, como são os aspetos mentais, a psicologia de grupo, Gerir uma estratégia e valores comuns. Cabe ao treinador, como primeiro e principal líder, mais do que criar, gerir uma estratégia que
leve a equipa desportiva aos seus objetivos. Atualmente, esta tarefa é bem mais complexa que numa primeira análise possa parecer. Cada atleta tem os seus objetivos próprios, e muitas vezes esses mesmos objetivos não coincidem com as necessidades da equipa. Cabe ao treinador avaliar cada situação individualmente e arranjar consensos para que pelo menos se tente arranjar uma fórmula que beneficie a todos, principalmente o clube desportivo, sem que para isso se percam ativos fundamentais.
4.
a definição de objetivos comuns que influenciam diretamente o desempenho das equipas e a classificação no final de uma época desportiva. O treinador tornou-se num “super-especialista”, com a particularidade de ser aquele que está mais próximo dos atletas, e aquele que mais influencia diretamente o comportamento destes, como educador, conselheiro, estratega e acima de tudo como líder. Muito daquilo que acontece nas equipas profissionais depende do treinador enquanto líder de todo o processo. Tanto os treinadores, como os restantes elementos da equipa técnica, influenciam a equipa com quem trabalham e interagem, seja de forma pensada ou mesmo através do próprio exemplo.
Criar um plano B. E, um plano C. É das tarefas mais importantes de um treinador antecipar o inesperado. Lesões, castigos, condições atmosféricas adversas, ou o mais frequente, uma estratégia tática eficiente da
equipa adversaria. É fundamental também mudar e saber quando deve mudar quando os resultados/exibições não aparecem.
Gerir o insucesso e os erros individuais de cada atleta de uma forma que da sua intervenção possam resultar melhorias e desenhar um plano B é igualmente uma tarefa da competência do treinador. Por fim, gerir a comunicação com a imprensa é fundamental. Na era digital em que vivemos, a informação viaja instantaneamente em todo globalmente, e erros de comunicação é fundamental. Por muito que os clubes possuam áreas de comunicação com especialistas, não raras vezes, o microfone e as câmeras de vídeo estão unicamente apontadas para o treinador e é a ele que cabe a incumbência de passar a mensagem.
5.
Formação constante. O treinador não pode parar. Como diz o ditado popular: para é morrer. Como fica facilmente percetível, os treinadores estão obrigados a dominar inúmeras disciplinas num desporto em contante mudança e
inovação. Sem formação e estudo, rapidamente o treinador, enquanto especialista que o é, torna-se obsoleto.
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CHESSBOXING: BOXE E XADREZ
A união de duas modalidades tão diferentes que está a fazer furor e pretende em breve tempo ser incluida nas Olimpiadas. Vitor E. Santos. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
D
esportos híbridos, ou seja,
Este desporto é regido pelas duas organiza-
desportos
ções, a World Chess Boxing Organisation
duas
que
fundem dis-
(WCBO) com base em Berlin e a World
tintas, e que a uma pri-
modalidades
Chessboxing Association (WCBA) com
meira vista nada têm a ver um com o
base em londres. A WCBA já acolheu e
outro, começam a ser usuais e populares.
organizou mais de 20 torneios ao longo
O Chessboxing, um desporto que junto
dos últimos 5 anos e tem como principal
no mesmo ringue, a perícia do xadrez e a
objetivo e missão unificar as organizações
força do boxe, é disso exemplo.
Chessboxing internacionais sob uma única
O Chessboxing foi inventado, na década de
bandeira. A WCBO recebeu vários eventos
90, pelo holandês Iepe Rubingh, inspirado
desde 2003, em cidades como Amesterdão,
pela banda desenhada Froid Équateur,
Berlim, Colônia, Munique, Krasnoyarsk,
do artista Enki Bilal. Ao contrario do
Moscovo ou Paris. Desempenhando um
que acontecia na obra de Bilal, um com-
papel fundamental na divulgação desta
bate de boxe seguido por um jogo de
nova modalidade e na angariação de novos
xadrez, o Chessboxing alterna um embate
fãs..
de xadrez com um combate de boxe, em
Curiosamente
onze rounds, 6 de xadrez e cinco de boxe.
improvável este novo desporto tem cada
e
apesar
de
parecer
vez mais novos seguidores, havendo É interessante constatar que este conceito,
mesmo quem afirme que esta pode vem
boxe e xadrez na mesma modalidade,
vir a ser o desporto perfeito, uma asso-
é algo recorrente na ficção. Em 1991, o
ciação entre o esforço físico e a destreza
filme finlandês Uuno Turhapuro—herra
mental, inteligência e músculos.
Helsingin herra, apresenta um conceito semelhante. Onde a personagem principal
Rubingh acredita que, tal como outros
e herói da história, joga xadrez com os
desportos híbridos como o triatlo, também
olhos vendados com uma pessoa, usando
o chessboxing pode vir a competir nos
para isso um sistema de comunicação
jogos olímpicos. E este é possivelmente a
mãos-livres, enquanto no ringue boxeia
primeira grande ambição do Chessboxing,
com outra pessoa. Um outro filme, Ninja
e talvez o ponto de viragem para este novo
Checkmate de 1979, assume estas mesmas
desporto conquistar definitivamente o seu
premissas. Sendo que, Rubingh afirma ter
lugar no desporto mundial.
conhecimento destes dois filmes na altura que criou o Chessboxing.
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Chessboxing é um jogo que funde duas modalidades: boxe e xadrez, e que contra as espectativas conquista todos os dias novos fãs. A ambição é torna-lo num desporto olímpico.
REGRAS: As regras do Chessboxing são bastante simples. Cada “embate” é composto por 11 rounds, 6 desses rounds de xadrez e 5 rounds de boxe. Cada rodada de xadrez leva 4 minutos, enquanto uma rodada de boxe leva 3 minutos. Entre rodadas, é dado um minuto de descanso, que é na maioria das vezes gasto para colocar ou tirar as luvas. O jogo só termina por xeque-mate ou K.O.
CURIOSIDADE:
Os atletas usam fones durante os rounds de xadrez para evitarem ser distraídos pela narração ao vivo do comentador, assim como pelos gritos e incentivos do público.
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LIVRO
THE FIX:
ORGANIZED CRIME AND SOCCER
DECLAN HILL
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Declan Hill é um jornalista, académico, consultor e documentarista. Nos últimos anos, ele tornou-se em um dos maiores especialistas na viciação de resultados e muito do seu trabalho mais recente incide sobre este tema. Anteriormente, Hill trabalhou em pelas sobre os assassinatos generalizados de jornalistas filipinos, o assassinato do chefe da máfia canadense, feudos de sangue no Kosovo, a limpeza étnica no Iraque, as religiões pagãs na Bolívia e os crimes de honra na Turquia.
“O Brasil 3-0 Gana é um dos casos de viciação de resultados apresentados neste livro”
C
orrupção no futebol. Este é o tema deste livro. O
era o treinador da selecção sub-17, alguém que se movimentava
jornalista e investigador canadiano Declan Hill,
à vontade no futebol do Gana. Chin assegurou-me que ele tinha
descreve minuciosamente como as máfias con-
conseguido manipular oito jogadores”, explicou Hill em entrevista
trolam os bastidores e de como a viabilidade do
a um jornal germânico. Cada jogador receberia 30 mil euros. O
futebol pode estar gravemente em perigo devido à corrupção e a
jogo apesar de bem disputado segundo as cronicas, ficou em 3-0,
todas as consequências nefastas que ela provoca. A abrangência de
vitória para o Brasil, decidido com uma serie de erros anormais,
combinação de resultados é de tal forma gigantesca que engloba
como passes falhados e descuidos na defesa inaceitáveis em joga-
desde os campeonatos juvenis da Escócia ou Finlândia, aos tor-
dores profissionais e a este nível.
neios de sub-20, até ao jogos Olímpicos e ao mundial de 2006.
Este livro é uma excelente escolha para aqueles que pretendem
Depois de três longos anos de investigação Hill afirma que o fute-
conhecer de mais de perto o lado mais negro do futebol e a forma
bol corre um grande perigo, e afiança que a maioria dos homens
como as “sombras” influenciam os resultados fora das quatro
que destruíram os campeonatos na Ásia está agora com os pés bens
linhas. Simples e de fácil leitura. Como único problema, talvez a
assentes na Europa. E os seus métodos não mudaram. O homem
narrativa na primeira pessoa e alguma tentativa de heroicidade por
por trás da cortina é Lee Chin - nome fictício. Segundo Hill, que
parte do autor. Mas, uma coisa é garantida, após a leitura da última
se encontrou pessoalmente com Chin o poder deste homem é bem
página percebesse perfeitamente como se pode manipular um
real e os seus tentáculos estão um pouco por todo o lado e por
resultado e a forma simples e eficaz como é feita. Entendendo-se
todas as competições.
igualmente as imensas fragilidades que existem no sistema fute-
Um dos casos mais bombásticos retratados neste livro é o do jogo
bolístico mundial e nas suas organizações, onde parece não existir
Gana-Brasil do mundial da Alemanha em 2006. “Ele disse-me que
vontade para mudar e aumentar as “proteções”.
Pedro Silva. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
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FILME
MONEYBALL: ESTATÍSTICA, INOVAÇÃO E ARROJO CORPORATIVO
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Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
“... é inacreditável o quanto você não sabe do jogo que tem jogado a vida toda” Frase de abertura do filme Moneyball
S
ão poucos os filmes que agregam tão bem quanto
ele tinha os melhores números e como tal era a melhor escolha.
Moneyball o faz., todas as áreas que compõem o des-
A nova estratégia montada por estes dois homens acaba por identi-
porto moderno: a gestão, a equipa técnica, o scouting
ficar um vasto conjunto de jogadores desvalorizados e esquecidos,
e os atletas. Sem esquecer o sonho e a superação dos
essencialmente pelas suas personalidades ou pela fraca espetacu-
limites que estão na base do desporto e de toda a paixão que ele
laridade que proporcionam, mas com excelentes números e talen-
nos proporciona.
tos específicos e acessíveis à bolsa do Oakland Athetics.
Realizado por Bennett Miller, que anteriormente nos tinha trazido
Talvez o lado mais feliz do filme é a forma como mostra todos os
Capote, e escrito pela dupla Steven Zaillian e Asron Sorkin, a
desafios e resistências tanto dentro como fora do clube desta nova
trama debruça-se na história verídica de Billy Beane (Brad Pitt) e
abordagem ao jogo e ao desporto que conta com mais de cem anos
a equipa Oakland Athetics e a forma como eles revolucionaram o
e onde se acreditava que tudo tinha já sido inventado. As próprias
basebol e o seu jogo e a forma de olhar para cada atleta.
dúvidas dos dois protagonistas, que aparecem de tempos a tempos,
A narrativa do filme passa como já dissemos por Billy Beane, um
demostram igualmente que atravessar um caminho nunca antes
ex-atleta que ficou aquém do seu potencial, manager da equipa de
caminhado é pantanoso e perigosos, mas que pode ser benéfico.
basebol Oakland Athetics que tem a difícil tarefa de competir com
Depois de assistirmos ao desenrolar dos primeiros jogos com a
equipas de maior nomeada e orçamento, cerca de quatro a cinco
nova estratégia e paradigma do clube, da superação de todos os
vezes mais. Com a agravante de os seus três melhores atletas da
obstáculos temos por fim a recompensa e a certeza que o método
época anterior terem sido transferidos e não ter qualquer hipótese
funcionou e as primeiras vitórias começam a aparecer.
de com os meios que dispõem poder encontrar substitutos com
Moneyball é um excelente metáfora de gestão desportiva e de
semelhantes qualidades e capacidades competitivas. Certo que a
mudança de paradigma que se aplica a qualquer desporto e a qual-
derrota é o desfecho mais provável caso aposte nas mesmas estraté-
quer clube, bem como a qualquer ambiente corporativo. Mudar,
gias e paradigmas e as mesmas ideias apoiadas pelo seu staff, Beane
reorganizar e alterar pensamentos e formas de agir é vital para
sabe que algo precisa de mudar para alterar a sua sorte, mas o quê?
encontrar a vitória. Ao mesmo tempo, este filme é também uma
É nesse ponto de indecisão que aparece Peter Brand (Jonah Hill),
fonte de inspiração na forma como categoricamente demonstra o
um recém-formado economista de Yale que impressiona Beane
poder de uma missão e da força de uma ideia pode exercer sobre
com uma abordagem ao jogo de basebol pouco convencional e
líderes e as suas equipes, os clientes e todo o público base. “A arte
assente na estatística e em equações matemáticas, que derivam da
da Estratégia é a possibilidade de lidarmos com a realidade e suas
teoria económica, e retiram grande parte da “componente humana“
limitações para garantir a adaptabilidade permanente do corpo
e a substituem por números. É disso bom exemplo, uma das cenas
empresarial.”
de seleção de um jogador, em que um dos olheiros afirma que esse jogador nunca poderá ser um atleta de topo: porque tem falta de
Bem realizado e escrito e com interpretações fortes este é assim o
confiança, dando o exemplo de esse atleta ter uma namorada feia.
filme a não perder...
Mas para o esquema de Beane e Brand isso não interessava porque
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GOLFE: E O ESTATUTO SOCIAL NA COREIA DO SUL
Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
A
o longo de toda a história do homem, mas sobretu-
avultadas quantias para contruírem os maiores e mais luxuosos
do a partir do século vinte, altura em que a atividade
campos. As zonas ao redor dos campos não se assemelham em
desportiva se popularizou e se democratizou, que
nada ou que é espectável de um local destinado para a prática do
o desporto é usado como uma forma de prestigio
golfe e assemelham-se mais a hotéis luxuosos de cinco estrelas.
social. Assim como a forma como e com quem é
A indústria da moda percebendo esta tendência têm igualmente
praticado.Um dos casos mais interessantes no momento é o golfe
feito uma forte aposta para ir de encontro às necessidades e prin-
e a forma como este desporto se está a desenvolver na Coreia do
cipalmente às vontades dos novos praticantes de golfe, que levam
Sul. Com taxas de adesão na ordem das centenas de milhares e
muito a serio o que usam quando dão “umas tacadas”.
mensalidades acessíveis apenas a uma elite, o golfe neste país mais
Praticado sobretudo ao fim da tarde, o golfe tornou-se na principal
de um exercício físico ou uma prática desportiva é um sinal de
indicação de riqueza na Coreia do Sul.
riqueza e de estatuto social.
Se usas um campo de golfe é sinonimo de riqueza, poder e influ-
Num negócio em crescendo e em clara expansão, as infraestruturas
encia.
contruídas para albergar os campos de golfes são desenhadas pelos
Num mundo de aparências, como é aquele que vivemos hoje,
melhores e mais reputados arquitetos do país. As empresas gastam
praticar golfe na Coreia do Sul tornou-se essencial para o sucesso.
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Ao lado Jack Nicklaus Golf Club Korea, em baixo Whistling Rock Country Club
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RUSSIA E CATAR: O QUE ESPERAR?
A
A eleição da Rússia e do Catar como países sede,
A primeira das críticas deve-se as falhas na democracia que existe
vem numa clara estratégia da Fifa de escolher países
neste país. A pouco cultura futebolística deste país também se tor-
em desenvolvimento e com democracias recentes.
nou uma das principais críticas. Assim como as poucas condições
Isto não é alheio o fato de desta forma se poderem
para a prática desportiva com temperaturas frequentemente acima
operar nesses países de forma mais “livre” e assim
dos quarenta graus.
construir e desenvolver as infraestruturas e arenas necessárias para
No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho, tra-
os eventos sem muitos entraves e questões.
balho escravo, na construção das infraestruturas e das arenas des-
Se a organização russa era até bem pouco tempo a decisão da Fifa
portivas, assim como, a falta de condições desse mesmo trabalho
pelo Catar sempre foi polémica.
que tem provocado vários acidentes de trabalho.
As maiores criticas à organização russa apareceram à poucos
No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho,
meses e devem-se sobretudo à sua interferência na crise/conflito
trabalho escravo, na construção das infraestruturas e das arenas
ucraniano. Neste seguimento, o vice-primeiro ministro britânico
desportivas, assim como, a falta de condições desse mesmo trab-
chegou a afirmar que a Rússia deveria de perder a possibilidade de
alho que tem provocado vários acidentes de trabalho. O facto das
sediar o Mundial de 2014.
autoridades do Catar terem afirmado mudanças no sector laboral,
O Catar recebeu desde logo bastante desconfiança um pouco por
confirmam pelo menos vários problemas.
parte de toda a imprensa mundial.
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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?
MEGAEVENTOS: CONSIDERAÇÕES FINAIS.
O
s megaeventos desportivos são acontecimentos que
internacional e o aumento de felicidade e orgulho durante as
transcendem em muito o próprio desporto em si e o
semanas do evento. Se isso por si só são razões suficientes é difícil
que se passa dentro do campo. São acontecimentos
de dizer. Talvez para alguns países valha a pena. Para outros nem
mundiais e visualizados por centenas de milhões
tanto.
de pessoas. A sua realização agrupa e afeta diferen-
Claramente, os legados são mais positivos quanto mais os mega-
tes áreas como a social, a política, a econômica, a ambiental e a
eventos estiverem inseridos numa politica mais abrangentes, que
urbana, sendo capaz, até mesmo, de transformar a autoestima de
normalmente passa por uma restruturação urbana radical de uma
toda uma nação.
cidade ou de uma parte desta. Bons exemplos são as olimpíadas de
Durante anos, sediar o Mundial de futebol, o europeu de futebol
Barcelona e Londres e o Mundial de futebol da Alemanha. Têm-se
ou as olimpíadas foram olhados como a oportunidade perfeita
também que países com maiores índices de desenvolvimento ten-
para o país sede se desenvolver por meio dos investimentos e negó-
dem a retirar mais proveitos de sediar megaeventos e como é de
cios associados a estes eventos. No entanto, esta perceção começa
esperar necessitam de fazer menos investimentos, nomeadamente
a alterar-se. Os altos custos necessários para organizar um evento
investimentos periféricos como aeroportos, ligações rodoviárias,
como os acima referidos são altíssimos e na maioria das vezes
entre outras.
suportados maioritariamente por dinheiros públicos. E o retorno
Para outros países, como Portugal, Africa do sul ou Brasil os mega-
dos gastos fica na generalidade abaixo das altas espectativas apon-
eventos parecem apostas falhadas, em que o legado nada tem de
tados pelos estudos pré eventos. Estudos esses, que carecem muitas
positivo, onde em principal destaque ficam os elefantes brancos e
vezes de conceitos económicos básicos e as suas motivações são
as dívidas.
sobretudo politicas.
Megaeventos: legado positivo ou herança pesada? Após esta maté-
De facto, os impactos mais importantes dos megaeventos são
ria, de certo modo, a pergunta mantem-se, a cabe a cada leitor,
intangíveis e pretendem-se sobretudo com a projeção de imagem
após cuidadosa analise, definir uma resposta.
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SOFTWARE
SAP MATCH INSIGHTS: O SOFTWARE “CAMPEÃO DO MUNDO”
Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
E
xiste sempre uma pergunta
SAP no Brasil, afirma: “o mundo do des-
após uma grande vitória:
porto está a mudar com as novas tecno-
Qual é o segredo? A vitória
logias e se inovando em diversas aéreas,
no campeonato do mundo
como experiencias dos adeptos, o monito-
da Alemanha não é excepção. Muito se
ramento do desempenho dos jogadores, a
tem falado das mudanças feitas pela fed-
gestão de equipas…”.
eração alemã depois das derrotas do Euro
É importante salientar que esta ferramenta
2000 para Portugal e em 2002 no Mundial
não serve apenas para analisar as nossas
para o Brasil que resultou em mais e mel-
equipas mas também analisar as equipas
hores academias de treino. E, a mudança
adversárias e os seus principais jogadores.
das características procuradas nos joga-
Esta ferramenta pode ser extremamente
dores nas formações, apostando em joga-
útil na perceção da tática e dinâmicas de
dores com mais habilidade em vez da tão
jogo praticadas pela equipa adversaria e na
característica força, sempre apontada aos
compreensão ao pormenor dos seus joga-
jogadores gemanicos.
dores. Antes do jogo Brasil – Alemanha
Mas um ponto menos abordado mas pos-
do mundial, os alguns responsáveis da
sivelmente tão importante é a utilização do
equipe técnica alemã afirmaram conhecer
software SAP match insights.
muito bem a equipa canarinha já que a
A aplicação SAP para desporto fornece
tinham analisado ao pormenor com a fer-
um vasto conjunto de soluções e fun-
ramenta aqui em observação. O resultado
cionalidades tecnológicas que garantem
foi aquele que se conhece, a superação da
avançadas análises para as equipes e para
equipa alemã em todos os aspetos do jogo,
as suas equipes técnicas com o principal
inclusive no resultado final.
propósito de aprimorar os desempenhos
O jornalismo desportivo e os adeptos
primeiro nos treinos e depois em com-
podem igualmente ter muito a ganhar
petição. A análise de desempenho dos
com esta ferramenta, uma vez que ela
jogadores auxilia os treinadores com infor-
incorpora inúmeras ferramentas para ir
mações trabalhadas dos treinos e jogos de
de encontra as necessidades destes, como
fácil compreensão e disponíveis em tempo
uma leitura exata das equipas e dos seus
real e em qualquer dispositivo móvel.
atletas preferidos.
A equipa técnica pode igualmente analisar
Por último, olhando para a SAP somos
performances individuais e por diversas
obrigados a concordar que o espaço para
categorias como velocidade, posição em
o acaso e até de algum modo a sorte está
campo, percentagens de acerto de passe –
claramente a diminuir no desporto profis-
curto e longo, capacidade de dribles, etc.
sional e mais particularmente no futebol.
Neste ponto, Stegan Wagner, diretor da
O futebol está a tornar-se científico.
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“A tecnologia no treino e no jogo é parte integrante há já muitos anos no desporto e a SAP match insights eleva em muito as tecnologias existentes para um patamar superior. ”.
A SAP é uma das empresas líderes de aplicações de software para empresas. Apostando em todo o tipo de organizações, ela desenvolve aplicações para empresas de todos os tamanhos e setores. As aplicações desenvolvidas pela SAP tem como principal objetivo capacitar e facilitar a interpretação dos enormes quantidades de dados que hoje qualquer empresa gera e que se torna impossível ser feita sem ajuda digital. A SAP aposta em melhorar as condições para operar, decidir, adaptar e de colaboração para que os seus clientes possam crescer com sustentabilidade, que são já mais de 260 mil.
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APLICATIVO WEB
YAHOO!
SPORTACULAR
O Aplicativo Web para acompanhar todas as noticias do desporto.
Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
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ESTATÍSTICAS NOTÍCIAS
A
tecnologia e mais pre-
ténis, a Formula 1 ou o ciclismo, entre
cisamente os sistemas de
muitos outros.
informação e o software
Esta ferramenta elemina a necessidade de
tem alterado se não mesmo
navegar na Web para obter notícias des-
revolucionado o desporto e a forma como
portivas. Basta selecione a opção da equipe
ele é praticado ao mais alto nível nos
que se quer seguir, a partir do menu, e abre
últimos dez anos. Mas, esta mudança,
uma nova janela com todas as notícias e
ameaça agora chegar também ao adepto e
informação atualizadas dessa equipa. É
à forma como este interage com o jogo e
igualmente possível, criar alertas ajustáveis
como acompanha as suas equipas e atletas
para jogos ou equipas: : início do jogo, fim
preferidos. A democratização de aparelhos
de jogo, mudança de pontuação, etc. O
móveis com acesso à Internet como os
aplicativo envia um ruído ou uma vibração
tablets ou telemóveis de última geração,
como aviso de nova notificações.
permitiram o rápido crescimento dos apli-
Fundamental para acompanhar as novi-
cativos Web. A imensa paixão dos adeptos
dades como uma lesão do jogador, as
e a sua imensa vontade de querer saber
transferências, o escândalo da equipe, ou
mais fez explodir o número de aplicações
simplesmente o mais recente Tweet de
ligadas ao desporto. Neste artigo, analisa-
uma estrela. Sportacular puxa links para
mos o aplicativo Web: Yahoo Sportacular.
as principais notícias de fontes como Fox,
Sportacular tornou-se numa das melhores
ESPN, Yahoo! ou The Sporting News.
e mais completas aplicações de desporto,
Sportacular também se tornou uma fer-
possibilitando acesso rápido a pontuação,
ramenta essencial para apostadores, uma
estatísticas, posições e noticias que todos
vez que indica as “odds” para cada jogo.
os adeptos anseiam. Fundamental para
Socialmente, esta ferramenta permite fazer
disseca equipas e campeonatos de um
comentários sobre o jogo e publicá-las no
conjunto alargado de modalidades, como
Facebook e interagir com outros utiliza-
são o caso do futebol – e os seus principais
dores.
PONTUAÇÃO ATUALIZADAS
Sportacular é uma ferramenta indispensável para seguir campeonatos, equipas e atletas de inúmeros campeonatos e de muitas modalidades.
campeonatos e competições-, a NBA, o Desporto&Esport • www. Desprto&Esport.com
FALÊNCIAS
A REALIDADE DE MUITOS ATLETAS POUCOS ANOS APÓS SE RETIRAREM DA COMPETIÇÃO 78% DOS ATLETAS DA NFL E 60% DOS JOGADORES DA NBA ENTRAM EM FALÊNCIA CINCO ANOS APÓS A RETIRADA Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
V
ivemos num mundo altamente mediatizado. As
Falta de conhecimento em finanças. A maioria dos atletas pro-
estrelas do nosso tempo, onde se incluem os atletas
fissionais tem uma clara falta de conhecimento de gestão dos
profissionais, ganham mais num ano que a maioria
dinheiros que aferem. a maioria doa atletas não aprendeu progres-
dos cidadãos em toda a vida. No entanto, a vida
sivamente a lidar com dinheiro nem se qualificou nas escolas e
desses mesmos atletas é bem menos glamorosa apenas alguns
universidades para isso, nem procura esse conhecimento depois.
anos após abandonarem a alta competição, onde a maioria vive
Abrindo assim caminho para o erro.
com sérios problemas financeiros. Algumas estatísticas apontam que 78% dos atletas na NFL e 60% dos jogadores da NBA entram
Maus investimentos. Investir acaba por tornar-se uma prioridade
em falência num período de cinco anos após o ultimar ano como
para a maioria dos atletas, acreditando dessa forma precaver
profissionais. Em outras modalidades, como o futebol, as per-
o futuro. No entanto, devido à falta de conhecimentos, ponto
centagens não diferem muito. Muitas são as razões que levam a
abordado acima, muitas vezes o investimento realizado mostra-se
esta triste realidade, abaixo analisamos algumas delas.
ruinoso.
Gastos excessivos. Os atletas profissionais personificam a vida sem
Más companhias. A maioria dos atletas transformaram-se em
limites. Carros, casas e mulheres bonitas. E essa vida tem custos
PMEs – pequenas e médias empresas, com uma entourage gigan-
altos. A maioria das pessoas pensa, assim como muitos dos atletas,
tesca sempre ao seu redor que precisa de ser “alimentada”. Muitas
que o dinheiro chega e sobra para todos os luxos e caprichos. No
vezes, essas mesmas más companhias estão na origem dos maus
entanto, como qualquer contabilista o pode dizer, um salário de 5
investimentos.
milhões, após impostos e agente, rapidamente se transforma em 2 milhões.
Na página ao lado, alguns doa atletas mais destacados que declararam falência.
Duração das carreiras. O tempo médio da carreira de um atleta de alta competição é baixo e o seu período auge ainda é menor, em média menor a cinco anos, o que fornece uma janela muito curta ao atleta para ganhar “milhões”. E isto assumindo que chega a um patamar superior e de destaque onde apenas os melhores dos melhores conseguem atingir.
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Nem mesmo os ganhos entre $300 e $400 milhões por Mike Tyson ao longo da sua carreira o poupara, à falência. Demasiadas extravagancias, um divórcio dispendioso e uma vida de polémicas levaram todo o dinheiro.
George Best foi no seu tempo a estrala entre as estrelas. Mas uma vida de excessos, onde o álcool e as mulheres nunca faltavam, levaram o craque á falência.
JohnArne Riise, jogador internacional pela Dinamarca, declarou falência em 2007, enquanto ainda jogava ao mais alto nível na Premier League no Fulham. A razão: as dívidas. Na altura, Riise interpôs um processo em tribunal contra o seu agente.
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PUBLIQUE CONOSCO As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores. Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons, contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos. Antes de enviar algum documento devera consultar os Termos e Condições, na nossa plataforma on-line. Para Mais informações visite: www.desportoeesport.com/publique-conosco/
90 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com
Atletas das duas delegações trocam presentes.
MOMENTO HISTÓRICO
1971 e o encontro entre as equipas de ping-pong chinesas e norte-americanas.
Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
D
urante praticamente vinte
À altura, o convite foi divulgado como
no auge, e criou o cenário perfeito para a
e dois anos, desde o perío-
espontâneo e da exclusiva responsabili-
importante viagem do presidente Nixon
do pós segunda Guerra
dade dos responsáveis pelo ténis de mesa
em 1971. E à criação de ligações comerci-
Mundial e início da década
chinesas. A realidade, é bem mais prática,
ais e diplomáticas entre estes países.
de setenta, as relações entre a China e
e foi orquestrada pelo governo Chinês.
Durante a semana de 09 de junho de 2008,
os EUA foram inexistentes. Mas, a situa-
O principal objetivo foi iniciar um primeiro
foi realizado um evento de ténis de mesa de
ção mudou em 1971, quando a delegação
contacto com o país norte-americano para
três dias na Biblioteca Presidencial Nixon
chinesa de ping-pong convidou a equipa
futuras relações futuras. Assim, a equipa
Richard e Museu Yorba Linda, Califórnia.
norte-americana a visitar a china.
americana de ping-pong tornaram-se nos
Os membros originais de ambos os chi-
A equipa dos Estados unidos de ténis de
primeiros americanos a visitar Pequim
neses e americanos equipas de pingue-
mesa estava em Nagoya, Japão, em 1971
desde 1949. Esta visita teve um extremo
pongue de 1971 estavam presentes e com-
em preparação para os campeonatos do
impacto na transformação na perceção
petiram novamente.
Mundo desta modalidade, quando surgiu
que os americanos tinham da Cina comu-
o convite por parte da delegação chinesa.
nista, lembremos que a guerra fria estava
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F1 EM PORTUGAL: QUANTO CUSTARIA?
€ 20 milhões
Segundo Carlos Barbosa, presidente do ACP, sediar uma prova de F1 custaria um valor aproximado aos vinte milhões de euros. Barbosa afirma que existe inclusive o interesse que a formula 1 volte a terras lusas, sugerindo que o próprio Ecclestone deseja voltar a Portugal. Mas a falta de apoios por parte das instituições portuguesas parece dificultar, se não mesmo condenar as possibilidades dos circuitos portugueses, nomeadamente o circuito do Estoril e do Algarve. A concorrência com países do Médio Oriente, e o seu dinheiro fresco, é também um forte entrave.
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MEDALHAS OLÍMPICAS
QUAL O CUSTO DE UMA MEDALHA DE OURO: CASO ELA FOSSE FEITA 100% DE OURO O CUSTO SERIA DE:
$75,992.5
Na sua grande maioria, os prémios e distinções desportivas individuais são feitas com trofeus e medalhas de ouro. Ou melhor, banhadas a ouro. As medalhas olímpicas não são exceção. Há alguns anos, foi notícia que a medalha olímpica é feita com apenas 1% de ouro. Assim, uma das maiores curiosidades da maioria das pessoas é: qual o custo de uma medalha totalmente feita de ouro? Felizmente a revista Wired fez as contas. A medalha olímpica de ouro olímpica 2014 tem um diâmetro de 100 mm e uma 10 mm de espessura, com uma massa de 531 gramas. Caso fosse 100% de ouro, que teria uma massa de 1,52 kg. Usando o preço de ouro de 49,5 dólares por grama de ouro, colocaria a medalha a um preço de (apenas para o ouro) $ 75,992.5.
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