Desporto&esport edição1

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SER TREINADOR

Os desafios de ser treinador no desporto moderno

FUTEBOL: ZONA 14

O que é? E a sua importância

PAULO BENTO

MARKETING

?Copa 2014: culpado ou réu A importância do Marketing no desporto e para os clubes

Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva

Desporto&Esport

Edição 1• 2014 /2015

NBA & Limites físicos

Os altos números de lesões na NBA faz com que se questione: estamos a chegar aos limites físicos?

Poker: Desporto?

O poker deve ser considerado como desporto? Ou não é mais que um jogo de azar?

Ténis & Formação

Quanto custa formar um tenista profissional desde os juniores até aos seniores?

Ciclismo & Futuro

Qual é o futuro desta modalidades após sucessivos casos de doping na última década?

MEGAEVENTOS Legado Positivo? Ou Herança Pesada? Especial

Brasil e pré temporada: as diferenças entre a Europa

A NÃO PERDER: A ANÁLISE AO CHELSEA 2014/2015




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EDITORIAL A Desporto&Esport é um magazine digital mensal e gratuito, suportado por uma plataforma online, que tem como seu principal propósito pensar e fazer pensar o desporto em todas as suas vertentes. Dando especial destaque a questões que derivem da estratégia e da gestão, como o negócio, o marketing ou a organização. Sem no entanto, esquecer o impacto social do desporto na nossa sociedade ou as questões éticas, legais ou filosóficas que levanta. E, não esqueceremos igualmente o que torna o desporto arte: os atletas, o jogo, as táticas. Tratamos todas as modalidades da mesma forma. Todos os atletas com o mesmo respeito e consideração. Procuramos conhecer o desporto por dentro. Como funciona. Quais são as peças que o fazem mexer. Como se gere um clube, uma competição ou um desporto. De que forma são organizados os campeonatos. Quais

Director geral e Editor Diogo Sampaio d_sampaio@desportoeesport.com

Colunistas Pedro M. Silva, Vitor E. Santos, Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago Dinis

são as responsabilidades de cada agente nestes processos. Isto sem nunca esquecer de projetar o futuro e entender como se vão desenvolver os caminhos para ai chegar.

Contatos contato@desportoeesport.com

Um Magazine escrito em português que ambiciona tratar e tocar no desporto pelos quatro continentes em que se espalham os países da lusofonia:

Website

Portugal, Brasil, Angola, as ilhas de cabo verde, Moçambique e timor,

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bem como todos os outros países e regiões onde a bela língua portuguesa é falada e entendida. Nesta primeira edição trazemos para tema de capa os Megaeventos, e os benefícios e desvantagens que eles trazem para os países e cidades sede. Depois da terminada a “Copa de 2014” no brasil, o legado que este evento deixará para as populações brasileiras está na ordem do dia e nas várias matérias que apresentamos ao longo das páginas da nossa revista comparamos inúmeros casos de forma a entender as verdadeiras consequências, sejam elas positivas ou negativas, de sediar um megaevento desportivo. Aproveitamos igualmente este primeiro número para introduzir alguns temas que em futuras edições serão tratados em mais pormenor como é exemplo o Marketing desportivo, tipos de treino ou formação desportiva nas mais diversas modalidades. Garrincha atleta de eleição e a saída de Paulo bento é também amplamente comentada nas nossas páginas. E não nos esquecemos de apresentar as novas tendências tecnológicas ou o entretenimento com a apresentação de filmes, software, aplicativos Web ou livros. Por fim, resta-nos dizer que vocês, os leitores, têm total acesso as páginas da nossa revista, assim como a nossa plataforma online que estão recetivas a publicar matérias, artigos de opinião, cartoons, artigos científicos ou pequenos contos e histórias reais redigidas por vos.

DIOGO SAMPAIO, DIRETOR

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LONDRES DIAS ANTES DAS OLIMPÍADAS DE 2012

: LEGADO POSITIVO OU HERANÇA PESADA? Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

O marketing, ou seja, projetar uma imagem positiva para o exterior é a principal mais-valia de um megaevento para o país sede.

Sediar grandes eventos, possam ser eles culturais, económicos ou desportivos fazem hoje parte de uma estratégia ampla de redefinir as cidades e os países organizadores assim como projetar uma imagem para o exterior positiva que traga frutos num curto, medio e longo prazo. Atrair capitais e investimento privado, apostar em novos fluxos turísticos ou lidar com problemas socias fazem também parte da ambição mais ampla que está por detrás de todo o processo de sediar um megaevento e apostar nele para uma “re-transformação” urbana e social. Na organização de um grande evento desportivo existe igualmente o desejo que o desporto se organize, se torne mais profissional e acima de tudo que se democratize a toda a população. Muito outros benefícios são apontados para suportar a ideia que desenhar e implementar um evento desportivo da envergadura de um Mundial de Futebol ou Europeu, estando a oportunidade para o progresso e o desenvolvimento à cabeça. Sem esquecer os retornos económicos.

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Apareceu, no entanto, nos últimos anos

regeneração urbana, ao desenvolvimento

e produtos, sendo o principal destes o tur-

alguma resistência por parte das popu-

desportivo e a um impacto social posi-

ismo e a criação de uma imagem positiva

lações aos megaeventos. Muitas vozes

tivo e duradouro. Nas últimas três décadas

para o exterior, acreditando dessa forma

questionam, se é possível que eventos

com desenvolvimento das tecnologias da

angariar num longo prazo os altos investi-

com tão fortes investimentos mas de tão

informação e comunicações em massa

mentos que hoje estes eventos comportam.

curta duração e com consequências de

estes eventos alcançaram uma visibilidade

Isto é de tal forma verdadeiro que a cidade

longo prazo poderá ser uma opção com

planetária à qual nenhum país é alheio,

de Chicago na disputa da candidatura para

efetivos ganhos. A literatura e os estudos

tornando a sua realização requerida por

sediar os Jogos olímpicos de 2016, gastou

académicos acompanham de certo modo

governos e administrações locais. Assim

por volta de US$ 100 milhões. Lembramos

a entoada negativa, onde apresentam os

como um grande chamariz para as grandes

que esta batalha foi ganha pela cidade do

cidadãos como os principais perdedores

corporações e as suas marcas que anseiam

Rio de Janeiro, que gastou também uns

e desmentem a maioria dos benefícios

estar associadas aos ideais positivos que

incríveis US$ 88 milhões.

apresentados. Nas próximas linhas, apre-

o desporto e os seus atletas carregam. De

Outros fatores são usualmente aponta-

sentaremos os pontos positivos e negativos

facto, olhando da perspetiva do país orga-

dos para sediar um evento desportivo de

de sediar um megaevento desportivo.

nizador e das cidades sede, elas encontram

grandes dimensões, como o desenvolvi-

nos megaeventos a plataforma ideal de

mento desportivo da região e o impacto

Os megaeventos desportivos têm sido sem-

marketing para a venda, divulgação e pro-

económico de curta e longa duração.

pre associados ao progresso económico, à

moção em grande escala das suas virtudes

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O impacto social não pode também ser

tida por diversas áreas. A necessidade de

para as populações locais. Por im, procura-

desprezado, e em casos particulares pode

construir arenas desportivas, hotéis, uma

se a reprodução dos casos de sucesso onde

ser inclusive o ponto mais importante para

infraestrutura rodoviária, aeroportos, entre

o impacto deixado pela realização de um

a decisão de sediar um megaevento. Veja-se

outros, mostra-se como um atrativo para

grande evento serviu as suas populações e o

por exemplo o caso da Alemanha e do seu

inúmeras empresas, principalmente con-

PIB do país organizador.

Mundial de 2006, apenas alguns anos após

strutoras, que olham para estes megaeven-

O caso das Olimpíadas de verão de 1992

a unificação do país e queda do muro de

tos de forma muito positiva. As populações

em Barcelona é sempre apontado como o

Berlim. Ou a Africa do Sul e a sua política

por seu lado sonham em apoiar os seus

exemplo positivo do impacto dum evento

de unificação dos seus diferentes povos

atletas ao vivo e nos seus países ao lado dos

desta natureza e o legado satisfatório para

– culturais, étnicos e religiosos - através

amigos e família e acreditam ainda que o

as suas populações.

do desporto que culminou na realização

legado após evento será positivo, dadas as

O desenvolvimento urbanístico reabilitou

do Mundial de 2010. O lado empreend-

estimativas apresentadas por diversos estu-

a cidade espanhola que até à data pos-

edor e económico não pode deixar de ser

dos feitos pré evento. Renovação urbana e

suía inúmeras áreas degradas e desenvolveu

mencionado, e os megaeventos por norma

melhores condições de vida para as popu-

fortemente a atividade turística, sendo atu-

acarretam o investimento público na ordem

lações é também um dos argumentos mais

almente a segunda cidade europeia com

dos milhares de milhão, que de outra forma

utilizados, como o já falado reorganização

mais fluxo de turistas, unicamente ultrapas-

se daria mais faseada no tempo e repar-

do desporto e da difusão da sua prática

sada por Paris.

“Olhando da perspetiva do país organizador e das cidades sede, elas encontram nos megaeventos a plataforma ideal de marketing para a venda, divulgação e promoção em grande escala das suas virtudes e produtos, sendo o principal destes o turismo e a criação de uma imagem positiva para o exterior. ” Definição Legado O impacto de um megaevento para o futur, ou por outras palavras, o legado, pode ser definido de duas formas: tangíveis ou intangíveis. Legados tangíveis são referentes ao impacto que é de possível mensuração, como a variação no emprego, PIB ou o fluxo turístico. Estes podem ainda ser diretos ou indiretos. Os legados tangíveis diretos referem-se aqueles que estão relacionados diretamente ao evento e o seu cálculo é feito por meio de um multiplicador. Os impactos intangíveis possuem um aspecto subjetivo que os tornam mais difíceis de calcular. Alguns exemplos são: o aumento de felicidade da população, a melhoria da imagem de uma cidade ou do país perante o mundo, o orgulho nacional, a unificação de um povo, etc. Ainda assim, algumas abordagens podem possibilitar algum tipo de avaliação, uma que certamente se destaca é o aumento do turismo nos anos imediatamente após o evento.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

Q

uando se iniciaram em 1992 as Olimpíadas,

pole desindustrializada com um porto marítimo decadente, com

Barcelona mostrou ao mundo uma nova cidade,

alto desemprego, altos índices de crime e elevados indicadores de

reestrutura e remodelada, projetando uma bela

violência. As olimpíadas vieram mudar este cenário e mais de vinte

imagem que perdura ainda no imaginário de todos aqueles que

anos depois, Barcelona é uma cidade viva e um dos principais centros

acompanharam o evento,

turísticos e culturais da

tenham-no feito ao vivo ou

Europa.

pela televisão. O impacto

complexo olímpico conta

urbanístico foi de tal forma,

com instalações utiliza-

que rendeu à sede olímpica

das pela população e

o prêmio Príncipe de Gales

para várias competições

de desenho Urbano, da

e continua a ter uma uti-

Universidade de Harvard.

lização constante ou pelo

A restruturação urbana de

menos periódica..

Barcelona, foi mais longe e

Barcelona

devolveu o mediterrânio às

num postal reconhecido

suas populações assim como

em qualque parte do

as ganhou novas praias –

mundo.

mais precisamente 5km de

Existe, no entanto, quem

novas praias -, numa cidade

conteste o modelo que

que tinha sempre vivido de

foi seguido pela cidade

Além disso, o

tornou-se

costas para o mar. O sistema de transporte foi totalmente remodelado

de Barcelona. Neste sentido, a leitura do livro de Manuel Delgado,

e a rede de metro foi amplamente ampliado.

La ciudad mentirosa. Fraude y miseria del modelo Barcelona do ano

O fluxo de turistas mais que duplicou e agora é mais de 7 milhões de

de 2007 torna-se obrigatória. Neste livro, o autor questiona o modelo

turistas anos para uma cidade que não chega a 2 milhões de habitan-

utilizado que invariavelmente leva ao que o mesmo autor apelida de

tes.

É importante relembrar que no século passado, Barcelona era

cidades-negócio, que idealizam unicamente o interesse das grandes

a capital industrial da Espanha mas com o declinar da ditadura nos

multinacionais e empresas ligadas ao turismo esquecendo as popula-

anos 70 e com a chegada da democracia, tornou-se em uma metró-

ções locais.

Desde há três décadas que o tema do legado deixado pelos mega-

combater a pesada herança do evento.

eventos é altamente debatido na literatura e no meio académico, e

Pragmaticamente, e olhando unicamente para os números, hospedar

progressivamente as conclusões que estes trabalhos têm chegado

grandes eventos gera indiscutivelmente mais custos do que receitas.

indicam que o impacto de

Temos, em primeiro lugar, a dura realidade do investimento ser

sediar estes eventos raramente

sobretudo feito com dinheiros públicos, com raríssimas exceções,

é positivo. Nomeadamente, o

e o superfacturamento ser uma constante, e que não raras vezes,

impacto económico de sedi-

facilmente eleva os custos previstos para o dobro, em média o

ar um evento desportivo da

faturamento fixa-se nos 1,67 ao inicialmente orçamentado. A dívida,

envergadura de um Mundial

para as gerações futuras, acaba por ser inevitável. Inclusive o caso

de futebol ou Olimpíadas pode

de sucesso de Barcelona gerou uma dívida de mais de 3 mil milhões

deixar marcas de tal forma

de euros. Em Atenas, o investimento público excedeu mais das duas

profundas, que não raras vezes

dezenas de milhares de milhão de euros e deixou rastros negativos

pode demorar gerações para

nas finanças da Grécia até hoje, que vive numa profunda crise

que essas mesmas marcas se

económica. Por outro lado, o superfacturamento, é uma verdadeira

curem. Um exemplo clássico é

mais-valia para os verdadeiros vencedores de sediar um megaevento

o das Olimpíadas de verão de

desportivo: a Banca e as Construtoras.

1976 em Montreal - Canadá

Um outro ponto que merece ser discutido, mas que poucas vezes

onde a administração local

o é de forma conveniente, é o mau uso dos terrenos e as inadequa-

criou um imposto que durou

das planificações e a, muitas vezes inexistente, subutilização de

mais de trinta anos de forma a

infraestruturas pós evento.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

OS “PREJUÍZOS” DE UM MEGAEVENTO

Elefantes brancos, dívidas e perdas de soberania, entre outros. Falamos claro dos elefantes brancos, ou seja, árenas e infraestruturas desportivas sem uso pós evento, são também bom exemplo do legado negativo. Algo que acontece sem exceção. Talvez neste ponto apenas a Alemanha e o seu Mundial de 2006 possa escapar a esta crítica. Por outro lado o caso dos estádios de Aveiro ou Algarve em Portugal após o Euro2004 são disso exemplo, tendo inclusive a autarquia de Aveiro sugerido implodir o estádio, tal os custos que a sua manutenção acarreta. No Brasil, ninguém sabe o que fazer com os estádios de Brasília e Manaus. Este último tendo sido já sugerido pelos responsáveis da cidade uma reforma pós “copa” que o transfigure este recinto num presidio de alta segurança, proposta já recusada,

Elefantes brancos são

como mandaria o bom senso.

uma “inevitabilidade” do

Socialmente, os megaeventos, na sua generalidade, não são desenhados para as populações do país organizador, pelo menos não para aquelas

legado dos megaeventos.

que possuem um rendimento financeiro baixo e o impacto económico no

O estádio de brasília (na

curto prazo é insuficiente quando comparados com o investimento inicial,

foto) é um dos que mais

e num longo prazo os prejuízos financeiros tendem-se a agravar. Para as populações locais outro duro revés é a inflação que nos meses anteriores ao evento e durante o evento disparam muitas vezes para valores incom-

preocupa as autoridades brasileiras.

portáveis. O Rio de Janeiro é talvez o melhor exemplo, sendo uma cidade central em dois megaeventos – Mundial2014 e Olimpíadas2016 – os preços, nomeadamente na restauração, subiram para valores proibitivos para a sua população local, naquela que é já uma das cidades mais cara do mundo. Muita mão-de-obra durante o evento trabalha em regime de voluntariado e não raras vezes, questões referentes aos direitos humanos são levantadas. Talvez o caso mais flagrante seja o do Mundial de 2020 do Qatar. A repressão policial durante os eventos é também um ponto de destaque, tal como aconteceu na Africa do Sul, com alguns dos seus cidadãos a serem condenados em poucos dias a mais de uma dezenas de anos por um simples furto, que na maioria dos países o castigo se. fica pela reprimenda. Existem ainda questões ambientais e o impacto que os megaeventos têm muitas vezes para a própria soberania dos países organizadores. Assim como a alteração na agenda de turistas mais frequentes e empresários de outros setores, preferindo evitar o excesso de pessoas. Outro especto que merece ser mencionado é a falacia da criação de emprego, uma vez que a maioria dos postos de trabalho criados são limitados no tempo e estinguem-se mal termine o evento ou até antes disso no casos desses empregos estarem associados construção das infraestruturas e arenas. Por fim, o real retorno económico fica sempre aquém do esperado.

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Perdas de soberania, impacto ambiental negativo e dívidas estão no topo das contrariedades de sediar um megaevento ”


PRÉ-TEMPORADA

O BRASIL COMO DESTINO DOS PRINCIPAIS CLUBES EUROPEUS PARA REALIZARAM AS PRÉ-TEMPORADAS Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

O

s maiores clubes europeus de futebol, como

As boas condições e infraestruturas futebolísticas, como os centros

Barcelona, Real Madrid, Man. United ou AC Milan,

de treino, e acessos, como os aeroportos e estradas, pode ser o ele-

trabalham com orçamentos exorbitantes para con-

mento chave para a escolha do brasil. A aposta, num mercado que

seguirem adquirir os melhores jogadores - em

conta com 200 milhões de pessoas, que já vivem apaixonadamente

transferências que chegam a valores “pornográficos”, para pagar os

o futebol, podem ser um chamativo para as marcas e investir neste

salários milionários e até para o dia-a-dia, onde os estágios, via-

mercado pode ser uma decisão com retornos.

gens e hotéis chegam a somas consideráveis no final do ano. Neste

Mudando de perspetiva, o futebol brasileiro pode ter muito a gan-

seguimento, os grandes clubes europeus tentam angariar recei-

har com este novo paradigma, caso ele se concretize.

tas de todas as formas possíveis e entrar e mercados, onde existe

Num primeiro plano, tal como aconteceu durante no mundial de

potencial de negócio. As pré-temporadas têm-se afigurado como

seleções 2014, os adeptos, mas sobretudo os dirigentes e as equipes

momentos chave para os clubes visitarem países e regiões que

técnicas teriam um acesso privilegiado as formas mais modernas

durante os apertados calendários competitivos raramente o podem

de trabalho, para além de um contacto mais ou menos formal com

fazer, como é o caso dos EUA ou a Asia. O argumento usado é que

os melhores técnicos do mundo. A troca de experiência poderia

estes mercados são primordiais para os patrocinadores. A fonte

mostra-se decisiva para os técnicos brasileiros adaptarem novos

primária é a receita, a secundária é expandir a marca

métodos de trabalho.

O brasil entra nesta equação como possível destino futuro das pré-

Este câmbio entre treinadores pode ser fortalecido com palestras

temporadas dos principais clubes europeus. Assim como acolher

e curtos estágios.

clubes do norte da Europa (Alemanha ou Rússia) quando estes

A competição, mesmo que em apenas jogos particulares, permitirá

pausam os seus campeonatos nos meses de janeiro e fevereiro por

as equipas brasileiras confrontar dentro do campo as melhores

conta das condições atmosféricas rigorosas. Até agora, o destino

equipas do mundo e modelos táticos diversos, mas igualmente

desses clubes passava por Portugal ou Espanha, mas como sugere

eficazes.

Frederico Nantes – presidente do comité organizador da copa do

Se no futuro as equipas europeias escolherão os campos brasileiros

mundo, esses países podem procurar o brasil.

para a preparação das suas épocas, ao invés dos EUA ou da Asia

De resto, esta política de “recrutamento” das equipas europeias

que hoje recolhem as preferências, ainda é incerto. Sente-se a von-

para estágios do brasil parecer fazer parte de um programa de um

tade que tal se suceda. Os benefícios são evidentes, e as vantagens

plano mais amplo de reutilização e rentabilização das infraestrutu-

ultrapassam o lado económico, o podem ser cruciais para mod-

ras deixas pela realização do Mundial de 2014.

ernizar o futebol brasileiro.

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CHELSEA:

TÁTICA 2014/2015 OS NOVOS JOGADORES, AS FORMAÇÕES TÁTICAS SOBRE A BATUTA DE HAZARD E FÁBREGAS. Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com 12 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com


A

O treinador - J. Mourinho mudança mais visível no Chelsea versão 2014/2015 foi na zona de ataque, que era de longe, pelo menos quando olhando para a época anterior, a parte mais fraca da maquina montada por

José Mourinho, como a marca de 20% de jogos sem marcar na Premier League, não deixa esconder. O contratado Diego Costa, o regressado Didier Drogba e Fernando Torres (agora saído para o Atlético de Madrid) lutaram pelo lugar de ponta de lança no início da época; lugar esse, que é agora indiscutivelmente do avançado brasileiro naturalizado espanhol, que tem estado num momento de forma absolutamente deslumbrante. O regresso de Drogba é um “docinho” para os fãs e adeptos do clube londrino que têm visto desde 2012 o desmembrar da equipa “ganhadora” que se iniciou na primeira passagem de Mourinho pelo Chelsea. E Drogba, apesar da idade, têm-se mostrado um peça fundamental e claramente que ainda não perdeu o seu instinto matador. E, agora com a saída de Fernando Torres e Demba Bamba, permite a Mourinho passar do esquema tático 4-2-3-1 da época passada e variar para o 4-4-2 com mais força de fogo no ataque. Srndo que o modelo mais utilizado continua a ser o 4-3-3. Mas, a peça chave deste Chelsea é Hazard, que como o espanhol Fàbragas afirmou é o “Messi do Chelsea”: “para nós, ele (Hazard) é a ligação entre o meio-campo e o ataque. Ele é o nosso Messi porque faz a diferença em campo”. O próprio Mourinho sublinha essa ideia quando afirma que o medio de 24 anos pode ser o melhor do Mundo e que a equipa pretende ajuda-lo a chegar a esse patamar. Pelas palavras do próprio Mourinho: “Estou muito contente pelo Eden ter assinado um novo contrato. Mostra que ele acredita na equipa técnica e nos jogadores para o ajudarem a tornar-se o melhor jogador do mundo. Ele já é um jogador de topo e a sua evolução tem sido fantástica. Ainda é muito jovem, por isso pode tornar-se no melhor”. José Mourinho tem o conjunto de jogadores que queria; O dono do Chelsea, o russo Abramovich trouxe as peças que ele pediu e o português tem um elenco que é considerado por muitos o melhor da premier league, não sendo de estranhar a sua liderança. Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo do técnico português, tecnicamente dotado, fisicamente forte e sempre pronto para a luta. A isto junta-se Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um rejuvenescido Fàbragas; e tudo isto pela batuta do belga hazard.

José Mário dos Santos Mourinho Félix, ou simplesmente Mourinho ou “the special one”, nasceu em Setúbal a 26 de Janeiro de 1963. Iniciou-se no desporto profissional na década de 90 como preparador físico e depois como técnicoadjunto, depois de uma curta e pouco gloriosa carreira coo jogador de futebol. Passou depois por uma fase de tradutor para o lendário técnico inglês Bobby Robson, passando depois a ocupar o lugar de treinador-adjunto primeiro no Sporting, depois no FC Porto e por fim no Barcelona; onde permanece, mesmo após a saída de Robson e passa a trabalhar diretamente com Louis Van Gaal. Mourinho passa enfim para o lugar de técnico principal, primeiro no Benfica onde nem chega a aquecer o lugar e depois no U. Leiria, antes de se fixar no FC Porto, onde para além de dois títulos nacionais e uma Taça de Portugal, faz a dobradinha europeia, com a conquista da Taça Uefa (antiga Liga Europa) e da Liga dos Campões. Catapultado para o sucesso, Mourinho torna-se um deus no Chelsea onde se torna bicampeão nacional; uma passagem pelo Inter de Milão onde volta a vencer a Champions; e uma passagem pelo Real Madrid onde vence a liga contra o todo poderoso Barcelona de Guardiola. Agora de volta ao Chelsea, tende de novo levar o clube londrino às vitórias.

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“Diego Costa é um jogador que tem a marca e estilo do técnico português, tecnicamente dotado, fisicamente forte e sempre pronto para a luta. A isto juntase Matic, um medio “box-to-box” e pautado por um rejuvenescido Fàbragas; e tudo isto pela batuta do belga hazard.” Registaram-se

este

Com Thibaut Courtois na baliza, gan-

tão bem sabe fazer e já fazia no tempo em

ano ao Chelsea; Kurt Zouma (Saint-

muitas

chegadas

hando lugar ao eterno guardião checo, o

que jogava no SL Benfica. Por fim, William

Etienne), Didier Drogba (Galatasaray),

modelo tático que mais vem sendo uti-

acrescenta velocidade e qualidade no “um-

Cesc Fàbregas (Barcelona), Mario Pasalic

lizado mais regularmente é o 4-3-3 com

para-um”.

(Hadjuk Split e está emprestado ao Elche),

Diego Costa como

Thibaut Courtois, Diego Costa e Filipe

ponta de lança de

Luis (ambos do Atlético de Madrid). Por

referencia, e o meio

outro lado, muitas foram as saidas, e muitas

campo pautado por

delas emblematicas: Ashley Cole (Roma),

Fàbregas

David Luiz (Paris Saint-Germain), Frank

o génio Hazard,

Lampard (New York City FC; emprestado

cada vez mais um

ao Manchester City), Demba Ba (Besiktas),

dos melhores do

Romelu Lukaku (Everton), Samuel Eto’o ,

mundo, definitiva-

e

com

Henrique (aposentadoria), Patrick mente pelo pelos DanielHilário Ricciardo piloto da Red Bull esperando na no van Aanholt (Sunderland) e a no mercado Box.

top 5 Mundial.

de Inverno Fernando Torres (Atlético de

Terry e Cahill ocu-

Madrid).

pam o centro da

Entre as saídas e as entradas de jogadores,

defesa, e filipe Luis

permitiu a José Mourinho, entre a pré-

e azpilicueta nas

temporada e o início da época experimen-

alas; Matic no meio

tar essencialmente três esquemas táticos:

campo, fazendo o

4-3-3, 4-4-2 e 4-2-4.

“box-to-box” como Fonte imagem: chelseabrasil.com

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FORMULA1: Pedro M. Silva, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

A

Formula1 (F1) está em

que empurra o carro contra o solo, usando

rado e com a precisão necessária. Neste

plena reforma e este ano de

para isso a ação do vento e a zona de baixa

seguimento, as inconsistências a cada nova

2014 mostra-se como um

pressão criada sobre as asas. Isto obriga

utilização do freio de travagem, têm sido

dos mais importantes neste

os pilotos a uma maior concentração e

umas das principais queixas da maioria

processo. Várias alterações foram intro-

poder de manobra nas curvas para man-

dos pilotos neste pressente ano.

duzidas nos monologares tendo como

ter a estabilidade do carro. Como afirma

Por fim, a Federação Internacional de

principal objetivo a redução de custos,

Gianluca Pisanello, chefe de operações

Automobilismo (FIA) reduziu em quase

aumentar a competitividade e aproximar

de engenharia de Caterham, um carro

um terço a quantidade de combustível a

a tecnologia usada na F1 e torna-la mais

com menor aderência ao solo, é “menos

ser utilizada por carro durante uma cor-

aplicável aos carros que a maioria de nós

indulgente sobre erros”. E temos ainda que

rida - 100kg de combustível. Embora as

dirige. No entanto, as alterações introdu-

juntar a esta equação os pneus mais duros

transmissões sejam bem mais eficientes,

zidas têm mudado radicalmente a forma

introduzidos pela Pirelli que veio agravar

economizar combustível faz agora também

de condução dos pilotos e vêem forçando

mais a situação.

parte das competências do piloto, com

uma nova abordagem na condução. Na

Temos ainda, que pela primeira vez na

o risco de não conseguir terminar a cor-

pratica, os pilotos da época de 2014 estão

história da F1, os monologares passaram

rida. Normalmente, os pilotos passaram a

a reaprender a conduzir. E a refinar as suas

a ter a tecnologia brake-by-wire nas rodas

utilizar uma técnica denominada de “lift-

habilidades.

traseiras em vez do tradicional sistema

and-coast”.

Para os fãs, e para desgosto coletivo, a

hidráulico. Esta mudança é parte de trans-

O piloto ao invés de levantar o pé do

principal diferença foi a nova tranquili-

missões híbridas dos carros, que utilizam

acelerador e aplicar imediatamente o freio,

dade sonora adquirida pelos monologares

uma bateria e um pequeno motor elétrico

como ele foi ensinado desde a infância,

durante a corrida, mas as alterações foram

para fornecer um 160 cavalos de potência

ele, ao contrário, trava a aceleração bem

bem mais profundas.

adicional em rajadas de 33 segundos, usa-

antes do necessário, para permitir que o

A primeira delas foi a adoção de 1.6

dos na ultrapassagem. A bateria é carrega-

carro desacelere por si, e só depois aplica a

litros motores turbos V6 com transmissões

da, entre outras, pela captura de energia

travagem pelo freio.

híbridas sofisticados. A adoção de trans-

de frenagem que seria perdida na forma

“Em vez de travagem a 80 metros, você

missões híbridas em conjunto com as

de calor. O sistema de travagem brake-by-

tem que levantar a 120 metros e, em segui-

mudanças de aerodinâmica levam que os

wire permite aos engenheiros compensar

da, você tem que saber quando aplicar os

monologares possuam menos downforce,

a força de travagem adicional introduzida

freios, por quanto tempo para aplicar os

o que por sua vez diminui a aderência do

pelo sistema de recuperação de energia.

freios”, afirmou Pisanello. E assumidos as

carro ao solo, o que o torna o carro mais

No entanto, a sensação do pedal de freio,

dificuldades nos sistemas de travagem, o

difícil de ser conduzido. Relembramos de

dado toda a complexidade do sistema,

mesmo Pisanello afirma: “Em termos de

downforce é o nome dado à força vertical

parece não estar a responder como o espe-

condução competitiva, é um pesadelo.”

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NBA:

ESTAMOS A CHEGAR AOS LIMITES FÍSICOS?

Ricardo Reis colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

V

ivemos em sociedades capi-

Basquetebol e para a NBA. Perguntando-

Mas necessário para o negócio. Alterações

talistas. Olhando de forma gen-

nos se não podemos estar a atingir os

ou vontade para alterações parece não

eralizando para o mundo já o

limites físicos neste desporto e se os seus

existir. O negócio vai bem. E recomenda-

fazemos há quase um século. E,

responsáveis não terão forçosamente de

se. As arenas estão sistematicamente che-

apenas os mais distraídos ainda não enten-

repensar não só o jogo em si mas princi-

ias. Os direitos televisivos pagam milhões

deram que na base do capitalismo existem

palmente o seu calendário.

aos clubes e as entidades reguladoras deste

duas ideias chaves: mais e maior. O PIB

Facilmente na NBA vemos o que podem-

desporto nos EUA. Os patrocinadores pro-

precisa de disparar o seu crescimento

os apelidar de Super-Homens. Homens

curam desesperadamente associar-se a este

todos os anos, o consumo também, assim

gigantes, fortes e com uma agilidade que

desporto. E os planteis estão cheios de

como as exportações, a criação de rique-

só existe na imaginação dos simples mor-

bons jogadores que podem substituir os

za, e todos os outros pontos que fazem

tais. Aliás, a expressão super-homem não

lesionados sem grandes perdas de quali-

parte integrante da nossa sociedade atual,

é estranha à terminologia da NBA. Mas

dade exibicional para as equipas. O elo

seja ela económica ou social. O desporto

começa a parecer desajustada. O irregular-

mais fraco é o atleta.

não é diferente. Queremos mais e maior.

mente alto número de lesões nas últimas

Se a isto juntarmos a crença irracional que

E, mais rápido também. Novos records.

épocas, como foco principal na última

a maioria dos atletas têm em si mesmos, e

Performances ainda mais memoráveis.

época, é alarmante, e quer queiramos ou

nas suas capacidades sobre-humanas e na

Emoção até ao fim. Aperfeiçoamento.

não, somos forçados a refletir e a encon-

possibilidade de ultrapassarem os limites

Queremos todas as semanas ver a supe-

trar razões efetivas para esta anormalidade

dos seus corpos em todos os jugos, talvez

ração dos limites do corpo humano e da

estatística. A abundância de jogadores de

se comece a compreender a nova moda

sua fisiologia. Economicamente, em 2008

topo lesionados, com alguma gravidade,

de lesões. Alargando ainda o começa a

tivemos seria amostragem de uma politica

é alarmante e conta com nomes como

ser uma tendência, o termino de carreiras

constante de mais e melhor. No desporto

Al Horford, Brook Lopez, Kobe Bryant,

promissoras ainda no seu inicio e o afasta-

pareçam também a aparecer sinais preo-

Derrick Rose, Steve Nash, Deron Williams,

mento dos campos em largos períodos das

cupantes. O doping tornou-se numa pre-

Paul Pierce, Andrei Kirilenko, Steve Blake,

suas principais estrelas. E isto, será algo

sença constante no desporto e em todas

Luol Deng, Danny Granger ou Tyson

que prejudicará a todos.

as suas modalidades. Algumas de forma

Chandler.

Nos próximos anos não se preveem

tão visível que ameaçam de tal forma a sua

O jogo mudou. Tornou-se mais intenso,

mudanças. O negócio não o permite. Os

veracidade que se veem na iminência de

mais físico, mais disputado e claramente

adeptos não o querem. Mas estamos gri-

implodirem e passarem a ser uma sombra

mais profissional e competitivo. Não

tantemente a ultrapassar os limites físicos

do que foram. O ciclismo é o caso mais

existem mãos equipas fracas, onde os mel-

na NBA.

mediático. Mas há outros. O atletismo. A

hores jogadores se podem poupar. Mesmo

O crescimento no conhecimento médico

natação. Por outro lado, apesar dos avan-

que seja uma poupança de esforços em

e de treino não tem conseguido manter-se

ços da medicina e da qualidade do treino

competição. Hoje jogasse ao máximo.

a par da subida de nível do basquetebol

e do apoio psicológico proporcionado aos

E, jogasse sempre nesse ritmo. Os jogos

praticado na NBA. Os atletas são o elo

atletas de topo, as lesões, e lesões graves

para além de mais competitivos são tam-

mais fraco.

e que obrigam a paragem prolongadas

bém mais frequentes e numerosos, e hoje

E mais o serão, quanto mais forem

é cada vez mais comum. Olhemos neste

na fase regular que dura cinco meses,

confrontados com a sua própria mortali-

artigo, para o que esta a acontecer com o

fazem-se 82 jogos. Claramente um exagero.

dade.

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POKER: DEVE SER DESIGNADO COMO DESPORTO?

O

Poker tornou-se num dos

Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

circuito mundial.

com os “desportos mentais” acima men-

casos mais interessantes de

A capacidade que o Poker teve de entender

cionados nos World Mind Sports Games a

analisar da última década. O

a forma como se podia utilizar o digital e a

partir de 2012.

seu crescimento foi exponen-

adaptar-se aquele que é o principal veículo

No entanto, o estatuto do Poker ainda não

cial. Poucos são os jovens que não o jogam,

de informação do seculo 21: a Web. Assim,

é totalmente definido e varia consoante o

seja em rede ou rodeados de amigos à volta

não foi difícil angariar jogadores/atletas

país onde nos encontramos. Existe quem

da mesa. Durante anos, o Poker foi sempre

e fãs um pouco por todo o lado. Assim

olha para o Poker como uma atividade

visto e definido como um jogo de azar,

como criar jogadores estrela, facilmente

inofensiva ou como um jogo de perícia, e

mas a situação parece estar a alterar-se.

reconhecidos e que passam em muitas das

apoia a massificação desta atividade como

O Poker em muitos sentidos, já se asse-

várias transmissões televisivas um pouco

desporto. Quem por outro lado, muitos

melha a um qualquer desporto de alta

por todo o Mundo. Para além de tudo

outors vêem o Poker como um jogo de

competição. Muitos dos seus “atletas”, e

isto, um dos passos mais importantes foi

azar, acreditando que apenas deve ser

usemos ainda as aspas, são profissionais

a oficialização, há poucos anos, do Poker

jogado em casinos e a sua regulação deve

e são-no com rendimentos muito acima

como “desporto mental” consentida pela

ser apertada.

do que a maioria das modalidades ofer-

Associação Internacional dos Desportos

Dada toda esta duplicidade de opin-

ece.Existem um número de competições

Mentais. Estatuto semelhante ao bridge,

iões, como devemos olha para o Poker?

significativas, torneios e um importante

xadrez e damas. E participou juntamente

Desporto ou jogo de azar?

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POKER: AS RAZÕES DE SER DESPORTO

Mesmo quem olha para o Poker como desporto de azar, não o vê

técnicos e táticos e grande controlo emocional. Apesar do poker ser

unicamente como uma atividade de azar ou sorte, sem que exista a

sobretudo uma atividade mental, o físico é igualmente importante e

necessidade de perícia e estratégia para alcançar a vitória. Num jogo

uma linguagem corporal cuidada é crítica e pode ser o fator chave

longo, o jogador mais bem preparado e como uma estratégia mais efi-

para uma vitória ou uma copiosa derrota. Lembramos que muitos

ciente tem maior vantagem e por norma consagrasse como vencedor..

torneios desenrolam-se durante 12 horas consecutivas, com poucas

Seguindo nesta noção, em que o Poker não é um jogo apenas baseado

e rápidas pausas entre jogos. Assim sendo uma boa preparação física

na sorte, a Poker Players Alliance (PPA) na sua campanha para a

é básica para tomar um conjunto de decisões consecutivas positivas.

regulamentação do poker online, vem acompanhada com matemáti-

E atira por terra um dos principais argumentos contra o poker como

cos, economistas e doutorados de Havard, prontos para testemunhar

desporto: a inexistência de uma atividade física propriamente dita.

que uma partida de poker envolve um vasto conjunto de habilidades.

Por fim, como argumento em favor ao Poker como desporto, temos

Uma história famosa que atesta isto mesmo é de pertença de Anette

o fato do poker se ter tornado um evento de entretinimento, com

Obrestad que consegui derrotar 179 jogadores sem olhar uma única

audiências televisivas assinaláveis, como já tínhamos referido umas

vez para as cartas, utilizando apenas a sua posição e a leitura da lin-

linhas acima. Hoje podemos ver as cartas de um jogador, as suas táti-

guagem corporal dos jogadores adversários. Em 2007, a mesma PPA

cas e técnicas de jogo e a forma com ele reage a pressão e podemos

apresentou uma análise em que as conclusões apontam para que o

analisar ao pormenor todos os seus movimentos e de que forma ele

fator sorte no golfe não era inferior ao envolvido no poker.

muda o seu jogo consoante o adversário. Este motivo por si só tornou

Os jogadores de poker profissionais para atingirem esse estatuto de

o poker um ícone cultural do nosso tempo, algo que nenhum outro

topo, tal como em qualquer outra modalidade, necessitam de mui-

“jogo de azar” conseguiu, pelo menos não de forma tão paradigmatica

tas horas de treino e preparação. Precisam de estudo dos aspetos

como o Poker o fez.

Desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido como uma atividade física ou mental sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades, capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituídas por uma organização ou federação regente. Algumas modalidades desportivas não requerem esforço físico, sendo aí mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico

A principal e talvez o mais decisivo argu-

civil.

Assim sendo, o Poker, na nossa opinião,

mento contra o Poker enquanto desporto,

Temos ainda, que o lobby do Poker é

não deverá, pelo menos ainda, de gozar

é a importância do dinheiro e o papel fun-

“adoptado” sobretudo por interesses

do estatuto de modalidade desportiva. Se

damental que desempenha para o desen-

económicos, principalmente apoiados por

em termos de definição existe boas bases

rolar do jogo. Embora o desporto profis-

casas de jogos e casinos online, e alcançar

de argumentação, socialmente parece-nos

sional atualmente se mova juntamnente

o estatuto de desporto é um passo capital

que esta não é a melhor decisão, e a expan-

com o mercado financeiro em em grandes

para a expansão do negócio.

são do Poker enquanto desporto e sem as

maquias financeiras, ele não interfere dire-

O vício do jogo e as significativas per-

restrições legais atualmente em vigor, pode

tamente no jogo em si.

das de dinheiro, igualmente presentes no

facilmente aumentar os casos de vício e de

De certa forma, o envolvimento do din-

Poker, que andam sempre de mão dada

largas perdas de dinheiro.

heiro no jogo do Poker inviabiliza-o como

com os jogos de azar parecem ser igual-

O Poker continua e continuará a viver

desporto profissional, dado que contrar-

mente contra o espirito desportivo e a

num limbo entre jogo de azar e desporto,

ia aquilo que é a essência do desporto.

imagem que o desporto pretende projetar.

ou pelo menos desporto da mente. Qual

Talvez para muitos esta não seja uma razão

Obviamente que existem apostas ligadas

será a sua definição futura? A resposta

suficientemente forte para negar o Poker

ao desporto, mas elas vivem à margem do

ainda é incerta. Talvez os próximos anos

enquanto uma atividade desportiva. Mas

desporto e não fazem parte dele ou estão

possam ser esclarecedores.

desvirtuar os ideais do desporto pode ter

na sua génese. Quando isto não acontece

Estaremos cá para ver.

consequências graves para a sociedade

estamos a falar de corrupção.

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MARKETING DESPORTIVO

Clubes e marcas juntos numa união benéfica a ambas! Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

O

s “super-homens” medi-

No entanto, esta simbiose entre clubes e

plexos, e a sua resolução é ainda mais

aticamente, nos dias de

marcas, e a necessidade que as grandes

intricada, dai que seja fundamental que

hoje, são quase de exclu-

empresas sentem em fazer um forte inves-

os clubes e as empresas unam esforços

siva pertença do desporto.

timento em marketing desportivo, encon-

para que as dificuldades passem a opor-

É nele que procuramos, e muitas vezes

tra três fortes entraves, que podem fazer

tunidades.

encontramos, as mais incríveis perfor-

regredir esta importante fonte de receitas

Aumentar a procura do espetáculo des-

mances e a superação dos limites do corpo

para os clubes. A primeira delas, e é mais

portivo. Este ponto deve ser pensado e

humano. O desporto tem a capacidade

verdadeira para os países europeus, é a

executado pelos clubes e pela federação de

de tocar pessoas de todas as idades ou

retração generalizada do consumo após a

cada modalidade. Melhorar regulamentos,

classe social, sendo assim considerado

crise financeira de 2008. Isto traduz uma

aumentar a incerteza do resultado e recru-

parte integrante em nossas vidas. Se a isto

menor disponibilidade das corporações

tar estrelas são algumas das opções.

somarmos a beleza artística do desporto e

para investirem no desporto. O segundo

Criatividade e Inovação.

o fenómeno cultural que se tornou, não é

entrave, prende-se com as diferentes for-

E, pensar nas novas tecnologias como

de estranhar que as marcas o olhem como

mas como se consume hoje o desporto.

ferramentas amigas das marcas e do des-

um dos principais veículos de comuni-

O recinto desportivo, a televisão e radio

porto.

cação com o seu público-alvo. Isto é de

- ainda que desde há vários anos com

Criar uma maior ligação do fã com o clube

tal forma verdade, que a venda de publi-

menor peso, têm perdido espaço para as

onde a marca seja um condutor direto.

cidade às grandes marcas é cada vez mais

novas tecnologias. O que dificulta a per-

Ofertas de bilhetes ou acesso ao estádio

preponderante nas receitas dos grandes

ceção por parte das empresas da escolha

ou clube são boas oportunidades para

clubes no final do ano. Veja-se o caso da

de qual o melhor meio para difundir a

fortalecer o lado emocional do adepto.

equipa do Real Madrid e a importância

sua mensagem. Por último, nunca como

Se a marca proporcionar essa aproxima-

dos seus patrocinadores para a sustentabi-

agora, se pode afirmar que vivemos numa

ção, também ela se aproxima com o seu

lidade da sua equipa de futebol. Ou o caso

era global. Desta forma, a criatividade e a

público-alvo.

da também equipa futebolista espanhola

diferenciação é fundamental para captar

Outras práticas devem ser pensadas e uti-

Barcelona, que durante anos foi a única

a atenção do público, o que obriga a um

lizadas e serão apresentadas nas próximas

equipa de topo sem publicidade nas cami-

maior investimento na altura das cam-

edições desta revista.

solas, mas que desde há três épocas não foi

panhas de marketing.

Este é um tema da maior importância e

capaz de continuar a resistir.

Como é percetível os desafios são com-

será frequentemente revisitado.

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ENTENDENDO O QUE É O MARKETING DESPORTIVO

Segundo Kotler, o marketing “é a ferramenta de gestão que tem como principal função lidar com os clientes, visando entender o cliente, criar uma forma de comunicação, fazer novos clientes e proporcionar ao cliente valor e satisfação”. Ainda segundo Kotler “o marketing pode ser interpretado como sendo a utilização dos recursos de uma empresa com o propósito de satisfazer aos desejos e as necessidades do consumidor”. Matthew Shank define marketing desportivo como “a aplicação específica dos princípios e processos de marketing aos produtos esportivos e ao marketing de produtos não-desportivos por meio da associação com o desporto. Numa pesquisa realizada no Reino Unido sobre a eficácia do marketing desportivo indica que o patrocínio tem mais impacto numa faixa etária mais jovem - dos 15 a 24 anos. Cerca de 40% dessa faixa etária assinalou que se sentem mais confiantes em consumir produtos de marcas que patrocinam eventos desportivos como as Olimpíadas ou o Mundial de clubes de futebol de seleções.

O marketing é uma, se não mesmo a

parte de pessoas que escapavam ao públi-

Os estudos, na sua generalidade, dem-

principal, ferramenta para o posiciona-

co-alvo, caso o processo de marketing

ostram os ganhos obtidos pelas marcas

mento de uma marca no mercado, e na

apostasse em outro veículo de publicidade.

e organizações na aposta do marketing

angariação de novos clientes por parte das

O patrocínio ganhou um espaço con-

desportivo, e apontam igualmente para

organizações. Aplicar recursos em market-

siderável no que se refere à publicidade

o ainda défice de desenvolvimento que

ing no desporto mostra-se uma aposta

de marcas. É importante destacar, que

existe e nas inúmeras oportunidade de

ganha e com retornos imediatos e de longa

hoje, as campanhas de marketing não se

negócio que aqui existem.

duração. Afirmar a marca em conjunto

limitam a estampar o logotipo nas cami-

Para os clubes, os patrocínios e a aposta

com um desporto ou uma competição,

solas de um clube, mas muitas vezes, as

das marcas nas suas equipas é fundamental

para além da divulgação, cria no adepto

empresas e as suas marcas transforma-se

para a viabilidade económica. Pense-se no

– público-alvo para as organizações – não

em parceiras dos clubes e desenvolvem

ciclismo, em que o patrocínio é a sua única

só confiança mas um elo emocional que

um papel fundamental na contratação de

fonte de recita estável, para se entender a

de outra forma seria difícil de conseguir.

atletas com maior nome, para que dessa

sua importância. Deste modo, cabe tam-

Por outro lado, existem competições des-

forma aumentem a visibilidade do clube e

bém aos clubes demonstrar às marcas os

portivas que são assistidas por centenas ou

por conseguinte a dos seus produtos e da

benefícios da aposta nas suas equipas e

mesmo milhares de milhões de pessoas,

marca em que mais apostam.

atletas.

assim como atletas que são amados se

A construção de arenas desportivas ou

Por fim, cabe salientar que o marketing

não mesmo venerados por outros tantos.

de centro de treino também entram nesta

desportivo, só atinge todos os seus objeti-

Despender alguns recursos nessas com-

logica e o investimento das marcas é con-

vos, tanto para o clube como para a marca,

petições ou atletas leva as marcas a viajar

siderável, muitas vezes em troco no nam-

se for planado e perfeitamente estruturado

um pouco por todo o mundo e a torna-las

ing rights da infraestrutura. Ou seja, a

para que o retorno tanto em termos de

reconhecidas um pouco por todo o lado.

infraestrutura fica com o nome da marca

imagem quer em termos financeiros atinja

Pudendo inclusive chamar a atenção por

ou do produto que se pretende publicitar.

todo o seu potencial.

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TREINO

EM ALTITUDE

As vantagens para os atletas do treino em altitude! Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

A

s metodologias de treino

transporte do oxigénio. Como consequên-

petições também elas em altitude. E, de

estão em constante trans-

cia, cada litro de sangue contém mais oxi-

certa forma, este método de treino apenas

formação com o auxílio da

génio que anteriormente e a eficiência do

funciona para a aclimatização em alti-

medicina desportiva que esta

organismo para o transformar em energia

tude e para competições que decorram

em constante desenvolvimento. O despor-

é maximizada.

nas mesmas circunstâncias do treino. Um

to de alto rendimento e ao mais alto nível

Existem pelo menos três formas, legais, de

regime contínuo de treino e vivência em

competitivo é definido por pormenores e

obter os benefícios do treino em altitude.

altitude, mesmo fortalecendo a capacid-

é no treino que esses mesmos pormeno-

Treinar ao nível do mar e residir em alti-

ade aeróbica do atleta, diminui a inten-

res são conquistados. Nos últimos anos,

tude. Esta é a forma mais popular, a que

sidade de treino. O que em pouco tempo

tem-se ouvido insistentemente falar em

de longe se conseguem melhores resulta-

diminui a performance. Esta modalidade

treino de altitude como metodologia dife-

dos e aquela que é igualmente

renciadora. Este tipo de treino é bastante

mais testada. Desta forma

proveitoso para atletas que compitam em

consegue-se esforços físicos

provas de longa duração, e que procuram

fortes e constantes no treino

otimizar o seu organismo na produção

e angariar os benefícios do

de energia aeróbica, e assim aumentar a

défice de oxigénio de viver

resistência e a performance.

parte do dia em altitude. Este

O organismo humano foi evoluindo, dada

treino deve durar uma média

necessidade diária de água potável e espa-

de 4 semanas. A dificuldade

ços de mais fácil locomoção, para funcio-

de locais onde facilmente se

nar em pleno ao nível do mar. Ao nível

possa descer 2,000 ou 3,000

do mar, o ar respirado contém aproxima-

mil metros diariamente para

damente 21% de oxigénio, a percentagem

o treino, faz com que mui-

certa para que o nosso sistema respira-

tos atletas adquiram câmaras

tório e cardiovascular funcione na medida

hipobáricas, que permitem

exata. Na mesma simetria que subimos em

um efeito semelhante.

altitude, o nível de oxigénio no ar desce, e

Morar ao nível do mar e trein-

é exatamente esse singularidade que se

ar em altitude. Esta é uma téc-

procura em treino em altitude. A dificul-

nica usada para competições desenvolvi-

de treino é totalmente desaconselhada em

dade na captação de oxigénio em altitude

das em altitude e totalmente desaconsel-

qualquer caso.

por parte do corpo humano, propicia

hadas para competições ao nível do mar.

Os treinos em altitude têm inúmeras van-

uma possibilidade interessante ao corpo

o stress e esforço necessários para o treino

tagens e para muitos atletas pode ser o

do atleta. As primeiras alterações visíveis

em altitude afetará a performance ao nível

sistema de treino que lhe permita atingir

são o aumento dos batimentos cardíacos

do mar. O cansaço apareceria muito rápi-

os objetivos. Não é, no entanto, magia.

e do ritmo respiratório. O organismo,

do. Esta é no entanto a melhor forma de

Nem apropriada para todos os atletas ou

privado das concentrações ideais de oxi-

aclimatização à altitude.

para todas as modalidades desportivas.

génio, ordena o aumento de produção

Treinar e morar em altitude. Este conceito

E, deve ser sempre planeada e arquitetada

de hemoglobina nos glóbulos vermelhos

surgiu com a necessidade dos atletas se

num plano mais amplo de treino.

– a molécula com a responsabilidade do

adaptarem à altitude para futuras comDesporto&Esport • www. Desprto&Esport.com


Atualmente, existem já um serie numero de opções para atletas que pretendam treinos/estágios de media altitude, ou seja, um treino entre os 1550 e 2500 metros de altitude. Os mais conhecidos e mais utilizados por atletas de topo situamse na serra nevada, em Espanha - Ilhas Canárias, Font Romeu, em França e Davos, na Suíça. O japão, na altura da preparação para as Olimpíadas de 2008, criou um fortíssimo centro de alto rendimento que inclui várias plataformas de alto rendimento. Quando se pensa em treino e altitude, pensa num treino feito em qualquer local situado entre os 1800 e os 6000 metros. Sendo que a altitude indicada, dados defendidos pela maioria dos autores, deve ser de 2200 metros durante um período medio de 4 semanas.

A

O défice de oxigénio - hipoxia estimula a produção de eritopetina (EPO) na medula óssea, o que por sua vez desperta a produção de glóbulos vermelhos e hemoglobina. Este processo otimiza a performance do corpo, nomeadamente na oxigenação dos músculos, o que traduz um melhoramento da performance na ordem dos 3%, de acordo com os últimos estudos apresentados. Foi com base nestes estudos, que conduziu muitos atletas ao consumo de EPO exógena, substancia proibida pela Agencia Mundial Anti Doping. A “Operación Puerto”, que dizimou os mais importantes ciclistas da altura, teve por base a utilização desta substancia.

EPO, ou eritropoitina -

significativa de sangue do atleta, rica em

o seu nome técnico é um

oxigénio – após um efetivo treino em alti-

hormônio produzido nos

tude, e durante a competição reintroduzi-

rins, cuja função é controlar a eritropoi-

lo no organismo. Esta técnica permite

ese, ou formação de células vermelhas do

reganhar os efeitos do treino em altitude

sangue. No desporto, no entanto, tornou-

após esses mesmos efeitos se terem natu-

se sinónimo de alteração de resultados

ralmente perdido.

pelo doping, principalmente no ciclismo,

Durante muito tempo, estas foram duas

atletismo e natação.

técnicas muito utilizadas no desporto de

Vários atletas, tentando adquirir os efeitos

alta competição, devido à dificuldade de

e as vantagens de um treino em altitude,

deteção dos controlos anti doping. De

injetavam-se com este hormônio. Para

facto, aqui não existe nenhuma substancia

além da falada ilegalidade, esta técnica

exógena ao organismo e por norma os tes-

é altamente prejudicial para a saúde do

tes não conseguiam detetar qualquer irreg-

atleta. Com o aumento “não-natural” e

ularidade. Felizmente, a ciência evolui, o

exponencial dos glóbulos vermelhos, o

hoje estes procedimentos já são detetados

sangue adquire uma espessura e viscosi-

em todos os testes anti doping de rotina.

dade acima do normal, e que pode exigir

Vários casos mediáticos de atletas envolvi-

demasiado do sistema cardiovascular e

dos na prática destas técnicas maliciosas,

causar uma falha cardíaca.

tornaram-nas conhecidas da maioria do

Uma segunda técnica, para simular de

grande público. A “operacion puerto” ou

forma fraudulenta os benefícios do treino

o medalhista olimpo Alex Schwazer, são

em altitude, consiste nas famosas trans-

disso bons exemplos.

fusões de sangue. Coletar uma quantidade 24 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com

O consumo de EPO exógena provoca os mesmos efeitos que o treino em altitude. Dada a dificuldade, durante um longo período de tempo, desta substância acusar positivo para doping nas analises, foi utilizada frequentemente por vários atletas, nomeadamente, no ciclismo e no atletismo.


MOTIVAÇÃO PELO RECONHECIMENTO:

O QUE AS EQUIPAS DESPORTIVAS TÊM A GANHAR COM AS NOVAS PRÁTICAS DAS CORPORAÇÕES EMPRESARIAIS . Ricardo Reis colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

A

interação entre as equipas profissionais e as chefias

Este desafio torna-se mais precioso quando hoje existe a perceção,

nas grandes corporações empresariais têm mudado

que na maioria das vezes é real, do distanciamento entre o atleta e a

significativamente na última década. A globalização e

sua entidade patronal - o clube, a história deste e os valores que pre-

a constante necessidade de inovação e diferenciação nos produtos e

tende representar. Motivar o atleta e engajar com ele um elo emocio-

serviços prestados por essas mesmas empresas, fez com que se ques-

nal torna-se então fundamental, não só para que a sua performance

tionassem sobre qual a melhor forma de motivar e criar um elo mais

dentro de campo mas igualmente contornar os obstáculos quando o

duradouro com os seus funcionários que elevasse a performance

êxito não surge. Ou a titularidade. Ou uma proposta que sendo do

individual de cada um deles e que posteriormente essa melhoria se

interesse do atleta não é atraente para o clube.

refletisse na empresa e nos seus ganhos. O sistema hierarquizado e

Um ponto fundamental, mas que muitas vezes é esquecido pelos

a cultura de competição constante que reinava até há bem pouco

clubes, é a necessidade das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma

tempo, foi substituída por uma filosofia motivadora onde elevar a

das formas mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhece-

confiança e a moral de todos os funcionários é crucial. As empresas

las, assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel deter-

e os seus gestores, apoiadas em estudos científicos, principalmente

minante que desempenha para o êxito do projeto. Este ponto deve

na área da psicologia comportamental e da sociologia, conseguiram

ser encarado como uma necessidade básica, mal comparando, como

captar um conjunto de comportamentos e regras que permitiam

a água necessária para o bom funcionamento do corpo humano.

incutir um maior índice de felicidade aos seus funcionários e elimi-

O reconhecimento individual dado a cada atleta não necessita de

nar um conjunto de práticas que faziam exatamente o oposto. Os

benefícios tangíveis visíveis (como prémio monetários), ou formali-

resultados das empresas que seguiram esse caminho são esclarece-

dades; não se trata de um benefício que tenha como objetivo alterar

dores desta nova abordagem.

o desempenho do atleta, mas identificar a importância do individuo

Olhar para o exemplo das empresas que seguiram a via acima

dentro da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante

apresentada e introduzi-las no desporto e na forma como a equipa

para este. A quase isenção de custos desta abordagem é igualmente

técnica gere a sua equipa e interage com ela parece ser um desafio

uma vantagem para a organização, e o impacto positivo pode ser

interessante e que traz consigo consequentes retornos.

enorme. “ A crença cria a realidade”.

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ATENAS: 10 ANOS DEPOIS Dez anos depois o cenário é desolador. Uma boa parte das arenas olímpicas usadas para o evento estão abandonadas, vandalizadas e com ervas daninhas a crescer um pouco por todo o lado. No dia 13 de Agosto deste ano assinalou-se a passagem dos dez anos dos Jogos Olímpicos de Atenas na Grécia. Passada esta década existe, no entanto, poucos motivos de comemoração no país berço das Olimpíadas modernas. Após derrotar a favorita cidade de Roma, e de uma fracassada candidatura para sediar as Olimpíadas de 1996, o povo grego encheu-se de orgulho e alegria e ostentando o sentimento patriótico com bandeiras um pouco por todo o país. Quando a euforia desvaneceu, Atenas foi confrontada com a dureza e as exigências de sediar um evento da envergadura das Olimpíadas. Chamadas de atenção e alertas vigorosos por parte do COI (Comité Olímpico Internacional) que podiam por em causa a organização do evento caso não se verificasse um aumento considerável dos esforços das autoridades gregas, que tinham em larga medida desperdiçado os primeiros três anos dos sete que dispunham de período de preparação até aos jogos. O risco de perder os jogos, obrigou as autoridades gregas a despesas e investimentos extras e o evento custou o dobro do originalmente orçamentando, ficando-se nuns extraordinários 9 mil milhões de euros. Com a agravante de as obras apenas se terem concluído poucos semanas antes do dia de abertura.

Com o passar dos anos, a euforia e orgulho de sediarem as Olimpíadas foi desaparecendo, e em 2008 o preço chegou com a crise económica que apesar de ser mundial, na Grécia foi bem mais severa, algo que muito se deve aos gastos excessivos com os Jogos. Após mais de meia dúzia de anos de intensa crise financeira e social e duas intervenções por parte do FMI o legado das Olimpíadas de 2004 é ainda mais desolador, como as imagens que acompanham o artigo o tão bem o podem demonstrar. Muitas das arenas olímpicas forma abandonadas e as que ainda são utilizadas, são rentabilizadas com eventos não desportivos, como conferencias ou casamentos. Apesar de sempre negado pela Companhia de Propriedades Públicas da Grécia – entidade que desde 2011 assumiu muitas das arenas -, que as estruturas e edifícios não estão em más condições, a realidade afirma o oposto. Dez anos depois, a grande maioria dos espaços utilizados nesses Jogos estão completamente abandonados, com crescentes ervas daninhas como principal decoração, tal como o lixo e os habituais vandalismos.

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Noah Rubin vencedor de Wimbedon 2014torneio de juniores

TÉNIS

FORMAÇÃO

Os custos de formar um atleta juvenil até ao profissionalismo! Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

O

social e económico. Dai que países como

é menor e da capacidade das entidades

s desportos motorizados

a França, os Estados Unidos ou Espanha

desportivas ou que tem a cargo a si o des-

continuam a ser no imag-

tenham vários dos seus atletas no Top

porto juvenil. O caso das universidades

inário da maioria dos adep-

100 mundial e países como Portugal ou

nos Estados Unidos da América é para-

tos, aquele que necessitam de mais encar-

Brasil, apenas consigam esporadicamente

digmático, assim como o apoio prestado

gos na formação juvenil. Porém, esta é

lugares de destaque, como foi a grande

pelo sector empresarial na Espanha. Estes

uma noção cada vez mais errada, dado que

exceção Gustavo Kuerten, antigo número

dados levam-nos então a perguntar quanto

inúmeras outras modalidades abrangem

um mundial ou João Sousa, que no último

custa formar um tenista até à sua maio-

investimentos semelhantes e por vezes até

ano ocupou persistentemente um lugar

ridade e até poder disputar competições

superiores. O ténis é, surpreendentemente,

nos cinquenta melhores. Outros fatores,

profissionais?

um desses desportos. Talvez assim se com-

ligados com o próprio desenvolvimento do

A resposta como é compreensível não é

preenda, como diversos estudos o sug-

ténis e da sua tradição nesse país também

una. Dependendo muito de região e do

erem, que os países tidos como “potências”

têm influência, mas curiosamente bem

nível a que se eleva o treino, mas é possível

nesta modalidade se destacam de duas

menores. O desenvolvimento depende

partir de bases mínimas falamos de valores

formas distintas: ou pelo seu rendimento

essencialmente da capacidade económica

entre os €90000 a €100000 para todo

per capita ou pelo seu desenvolvimento

dos encarregados do atleta enquanto este

o período de formação, ou seja, aproxi-

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madamente 10 anos – dos 7 aos 17 anos.

pelo menos mais €3000, mas podendo ir

Referindo ainda, que a estes valores não

a valores bem superiores. Por essa mesma

foram somados o custo de todo o material

ordem, alguns torneios internacionais tam-

necessário para a prática do ténis.

bém aparecem no horizonte por volta des-

E, se olhando para os valores eles parecem

sas idades, o que aumenta os custos em

elevados, temos que reafirmar que se trata

mais alguns milhares de euros. Acrescenta-

apenas dos custos mínimos, e que o “inves-

se ainda, que a partir dos 16 ou 17 anos,

timento” pode facilmente duplicar ou ir

os atletas que pretendam ser profission-

inclusive mais além. Olhemos algumas das

ais, necessitam de um treinador a tempo

razões para valores tão elevados.

inteiro, o que dispara ainda mais os valores

Um atleta dos 7 aos 9 anos de idade neces-

necessários. Um bom treinador custa no

sita de duas ou três aulas semanais em

mínimo €5000.

grupos de 4 atletas e pelo menos uma aula

Olhando para estes valores acima, existe

semanal individual, o que acarreta um

uma outra pergunta, economicamente vale

custo mensal de €200 a €350, dependendo

a pena o investimento? Posta desta forma,

da região. Obviamente que dependendo

a resposta não é muito animadora. Apenas

da qualidade do treinador escolhido esse

os atletas do Top 100 mundial conseg-

valor, mesmo nessas idades, pode facil-

uem ganhar dinheiro com este desporto e

mente disparar três ou quatro vezes os

apenas os 60 melhores atletas conseguem

valores apresentados acima.

retirar dividendos suficientes para uma

Dos 10 aos 12 anos, um atleta necessita de

vida confortável, sendo que os verdadeiros

pelo menos quatro a cinco treinos semanais

ganhos vêm dos patrocinadores e isso ape-

em grupo e uma ou duas aulas particu-

nas alguns, muito poucos, o alcançam.

lares. Acrescenta-se ainda os custos dos

No entanto, não podemos reduzir o ténis

primeiros torneios locais e alguns torneios

ou o desporto em geral apenas do ponto de

regionais. Isto implicará um custo mensal

vista financeiro e económico, muitos outros

na ordem dos €600 a €900.

fatores têm de ser levados em consideração

Somando mais um ano, aos 13 anos, o atle-

para olhar este deporto como profissão.

ta necessita de pelo menos mais dois tre-

Destes valores acima apresentados, fica-nos

inos de fitness individuais o que acrescenta

igualmente a ideia que é preciso repensar

entre €50 a €150 mensais ao valor anterior.

a forma como se pensa o ténis nos países

Aos 15 anos, começa a definir-se o futuro

de língua portuguesa para que possamos

do atleta, e aqueles que mostram mais

num futuro próximo ter mais que apenas

qualidade, passam a competir em torneios

exceções no circuito profissional.

O custo de formação de um tenista varia entre os €90000 a €100000 – valores mínimos

nacionais, o que acrescenta anualmente

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POR ONDE PASSA O FUTURO DESTA MODALIDADE? QUE DESAFIOS? E QUE SOLUÇÕES?

N

ão é segredo algum que o ciclismo profissional ao

ainda extramente diminuído com os inúmeros casos de doping,

mais alto nível se encontra num ponto alarmante

mal com o qual conviveu na sua história mas que têm aumentado

de inflação e necessita de uma rápida viragem na

de mediatismo nos últimos dez anos, com casos como o Giro de

sua organização e estrutura competitiva e no seu

2001, “Operación Puerto” em 2006 ou a recente retirado dos sete

modelo de negócio para assegurar no limite a sua

triunfos a Lance Armstrong da volta a frança. Neste sentido, a

sobrevivência como desporto de elite. Neste seguimento, basta

situação geral no ciclismo profissional é bem complexa mas neces-

olhar para o que está a acontecer com o ciclismo profissional em

sita de medidas urgentes para ultrapassar os vários desafios que vai

Espanha, uma potência mundial neste desporto desde sempre,

encontrar nos próximos anos e que iremos descrever nas próximas

tem vindo a perder equipas profissionais de forma preocupante,

linhas, influenciados pelas perspetiva de Hein Verbruggen, antigo

inclusive na UCI ProTeam – a primeira liga do ciclismo mun-

presidente da UCI (Union Cycliste Internationale) – de 1991 a

dial. A crise económica mundial que se iniciou em 2008 mas que

2005-, sendo agora presidente honorário desta mesma instituição.

persiste na Europa, pode ser um dos principais culpados para o

O primeiro dos desafios é a estrutura comercial deste desporto,

declínio deste desporto, até porque é na Europa que se disputam as

onde existem três entidades chave: os organizadores das cor-

principais provas e é também na Europa onde se sedeiam as prin-

ridas/provas, as equipas de ciclismo profissional e os atletas.

cipais equipas e patrocinadores. Mas, infelizmente, os problemas

Reconhecendo que cada um destes grupos tem interesses e obje-

do ciclismo profissional não se ficam por aqui. O ProCycling vive

tivos diferentes, nenhuma das organizações que tutelam estes

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mesmos grupos tem um poder efetivo. Organizações como AIOCC

Financeiramente, os grandes beneficiários do ciclismo profissional são

(Associação Internacional de Organizadores de corrida de ciclismo) ou

os organizadores das provas, em grande medida pelas receitas televi-

AIGCP (Associação Internacional des Groupes Cyclistes Professionels)

sivas. As receitas televisivas levam-nos ao terceiro grande desafio, a

ou CPA (os Cyclistes Professionnels Associés) detém pouca ou nenhu-

agregação dos direitos televisivos, que de regra geral são “vendidos”

ma capacidade governativa ou de influenciarem positivamente os acon-

individualmente. Para se ter a noção da dificuldade neste ponto,

tecimentos de forma a atenderem aos seus objetivos. Neste particular, a

existem cerca de 700 contratos de televisão de corridas diferentes, o

organização ASO (Amaury Sport Organisation), que tutela entre outras

que é de grande vantagem para as emissoras de televisão mas péssimo

a volta a frança, detém bem mais poder que a AIOCC. Dar poder as

para o ciclismo profissional e os seus principais agentes. Centralizar os

organizações acima mencionadas e criando-lhes objetivos comuns tem

direitos televisivos é primordial de forma a fazer crescer este enorme

de passar no imediato como uma das medidas de forma a reformular a

potencial de receitas.

organização do ciclismo e com ele se move nos bastidores. É importante

O quarto desafio é diminuir o domínio esmagador da ASO que parece

relembrar que a UCI é acima de tudo um jogador comercial no campe-

pouco interessada em cooperar com as entidades desportivas desta

onato mundial de ciclismo.

modalidade desportiva, e dividir um pouco mais os quase 70% das

O segundo problema que necessita de uma intervenção imediata é o

receitas totais de televisão. Assumindo como possível a centralização

muitíssimo baixo volume de negócios a nível global que o ciclismo

dos direitos de televisão, a diminuição da percentagem de ganhos pode-

profissional movimenta por ano. A impossibilidade de cobrança de

ria não significar uma diminuição bruta dos dividendos económicos

bilhetes aos seus adeptos, os baixos prémios por vitória e a dependência

da ASO, mas infelizmente, esta organização parece não querer apostar

quase em exclusivo dos patrocinadores dificultam imenso a viabilidade

neste novo modelo de negócio.

económica desta modalidade e das suas equipas e dos seus atletas. Esta

Muito mais há a pensar e ainda mais há a fazer para que o ciclismo

falta de capacidade de gerar receitas, mostra-se também ser um forte

entre no século xxi, e se modernize, assim como existe ainda um

entrave na angariação de novos atletas, que são obrigados a ponderar

longo caminho para que a imagem negativa que hoje é associada a esta

muito bem quando e se a profissionalização é a melhor opção. Optar

modalidade se dissipe e possamos olhar para este desporto sem qual-

por uma estratégia semelhante à encontrada pela F1, onde o licencia-

quer desconfiança. É imperativo que mudanças aconteçam num curto

mento das corridas leva a que as cidades/países sede investam consid-

espaço de tempo, para que este tão belo desporto não se torne numa

eráveis valores para acolher o evento e esperar depois esse retorno como

sombra do que já foi.

destino turístico ou como promoção das suas marcas ou empresas.

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com Desporto&Esport • www. Desprto&Esport.com


PORTUGAL E OS ELEFANTES BRANCOS

Câmaras gastam aproximadamente 20 milhões de euros anualmente nos estádios municipais do Europeu 2004.

POUCA OU NENHUMA UTILIZAÇAO DE MUITAS DAS ARENAS DESPORTIVAS É O LEGADO MAIS NEGATIVO DO EURO 2004

A

euforia portuguesa de há 15 anos era compreensível

entre a cidade melhorou bastante com o ampliamento do número

e vital para um país que vivia há muito anos com

de linhas e estações do metro e um novo interface de transportes.

a cabeça em baixo, vergado por um século de vida

Quase dez anos depois, o que mais se destaca são os “Elefantes

difícil e um regime ditatorial que durou quase 50

brancos”, os estádios com pouco ou nenhuma utilização e rent-

anos. Mas no final dos anos 90, Portugal mudava o seu rumo.

abilidade económica, que se transformaram numa enorme dor de

Ajudada pelos dinheiros europeus, a economia portuguesa torna-

cabeça, nomeadamente para os autarcas. Relembramos que uma

va-se dinâmica e evoluía num sentido muito positivo. Os portu-

boa parte das arenas desportivas criadas de raiz para o europeu

gueses ganhavam algum poder de compra e as suas vidas, vividas

ficaram a cargo das autarquias.

até ai sempre com dificuldade, melhoram consideravelmente.

A cidade de Braga paga 6 milhões por ano à banca, Leiria paga 5

As universidades enchiam de jovens de todas as classes sociais.

milhões anuais só em amortizações e juros e Aveiro desembolsa

A saúde tinha evoluído em menos de uma década o que levou

quatro milhões no pagamento de empréstimos e manutenção. Faro

o dobro ou o triplo para maioria dos países europeus. De certo

e Loulé, em conjunto, pagam 3,1 milhões por ano e Coimbra, que

modo, Portugal estava a sair da “cauda da Europa” e decidiu dizer

é aquela que tem os custos mais baixos, transfere 1,8 de euros para

ao mundo isso mesmo, com a realização de dois megaeventos, a

a banca. Simplificando, as câmaras que construíram recintos para

Expo 98 e o Europeu de futebol em 2004. O investimento da Expo

o Euro 2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros.

98 - rondou os 5 mil milhões de euros, incluindo as acessibilidades

A isto soma-se mais 6,1 milhões distribuídos entre a câmara de

como a ponte Vasco da Gama e a Gare do oriente. Por seu lado, O

Guimarães e a câmara do Porto pelos apoios que deram aos clubes

estado português gastou com o euro 2004 um valor não inferior a

locais. A autarquia contraiu empréstimos de 89,8 milhões de

1035 milhões de euros. Alguns exemplos dos gastos são: estádios

euros, estando

(384 milhões), acessibilidades (228 milhões) e apoios indiretos das

previsto que este ano pague à banca seis milhões de euros, além

câmaras do Porto (152 milhões) e de Lisboa (59 milhões).

de pagar os empréstimos bancários, assume ainda uma parte da

O legado da Expo 98 é pacífico entre os portugueses, mesmo

manutenção da arena desportiva.

o que retorno económico tenha ficado aquém do prometido.

Estes custos tornam-se insuportáveis para autarquias já extrema-

Lisboa - capital de Portugal reabilitou-se e ganhou mais 5 km com

mente endividadas e em cima da mesa, particularmente no estádio

este evento. A zona oriental da cidade, antiga Doca dos Olivais,

de Aveiro, já esteve a proposta de impulsão da arena desportiva.

transformou-se, dando lugar a amplos espaços verdes com ligação

Felizmente, a proposta nunca foi avante, tendo sido permanente-

ao rio tejo e ganhou diversos pavilhões inovadores dos quais se

mente afasta.

destacam o Oceanário – um dos maiores do mundo. A mobilidade

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

Estadio do Aveiro

A expressão elefante branco tem origem na mesma expressão usada na Índia e Tailândia para designar os grandes elefantes brancos, um animal sagrado que não podia ser usado em trabalho. Muitas vezes, o rei ou o senhor de determinada região, oferecia um destes animais a um cidadão que se tivesses positivamente destacado. O animal era então protegido e alimentado a partir da oferenda do rei por parte do cidadão. Notando que algum proveito económico poderia advir do animal. Na prática, isso significava que esse cidadão possuía algo extramente valioso mas que não raras vezes se transformava numa despesa insustentável e que o levava, na maioria dos casos, à ruina. Nos últimos anos, temos visto a reutilização desta expressão para descrever as arenas desportivas, nomeadamente estádios de futebol, que somam o facto de não terem uso desportivo nem rentabilidade económica uma despesa anual significativa.

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FUTEBOL: ZONA 14 O QUE É? ONDE FICA? QUEM LÁ JOGA? E QUAL A IMPORTÂNCIA?

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

N

O desporto, como o temos vindo a salientar, tornou-

Uma equipa que explorou como nenhuma outra a Zona 14 foi o

se em todas as áreas impressionantemente profis-

Barcelona de Guardiola, que com Iniesta e Messi e um pouco mais

sional e aproximou-se de ferramentas que possibili-

atrás Xavi fazia circular sistematicamente a bola nessa área do

tam análises mais científicas deixando progressiva-

relvado na procura de desequilíbrios e passes de rutura. Um outro

mente de lado observações empíricas. No futebol, os

bom exemplo, é o da equipa do Manchester United campeã da

últimos anos têm sido de grandes mudanças, nomeadamente na

Europa em 1999, que no anterior seculo possuía um dos maiores

análise de desempenho de jogadores e equipas. Destas análises

índices de passes e de utilização na Zona 14.

tem-se chegado a interessantes conclusões. Uma das mais impor-

Por norma a Zona 14 é “habitada” por jogadores com dotes técnicos

tantes é da “Zona 14”.

acima da média, e jogam nas posições de segundo avançado centro,

Pela foto de capa deste artigo é possível percecionar a área geográ-

o número 10 – o organizador de jogo ou o que atualmente é comum

fica no campo a que pertence a zona 14. E as inúmeras pesquisas

pelo médio box-to-box. O uso eficaz desta zona passa por passes

realizadas apontam-na como um fator-chave para as equipas

positivos e de ataque e sempre para a frente. Um passe nesta zona

conseguirem resultados positivos e para chegarem ao que mais

tem quatro vezes mais hipóteses de êxito.

desejam, o golo. Esses mesmos estudos apontam quatro formas

O tempo de utilização desta área é também crucial e não deve ultra-

chaves como as equipas vencedoras exploram a esta área: Maior

passar os 8 segundos ou as chances de êxito diminuem considerav-

utilização e procura – tanto de dentro dazona para fora como de

elmente, sendo que o tempo ideal seria de 2,7 segundos.

fora para dentro, maior número de passes de rutura a partir desta

Em jeito de conclusão, a zona 14 está localizada fora da área de

local geográfica do terreno, e maior capacidade de recuperar a bola

grande penalidade, e demostrou-se que equipas com um maior

neste local.

número de êxitos são aquelas que usam mais frequentemente esta

Existem inúmeros bons exemplos de equipas que exploraram e

zona.

exploram particularmente bem a Zona 14 e se deram extrema-

A forma mais eficaz de utilizar esta zona geográfica do terrono de

mente bem com isso. O primeiro exemplo é a seleção francesa

jogo é o passe para a frente e executado rápidamente.

campeão do Mundo e da Europa em 1998 e 2000, respetivamente.

Por fim, é nesta zona que se registam as maiores taxas de sucesso

Com Zidane frequentemente a aparecer e a fazer a diferença.

em passes de rutura, quatro vezes superiores às encontradas nas alas.

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Xavi, Iniesta, Zidane ou Lionel Messi são alguns dos Mestres da zona 14 que sabem como fazer a diferença ”

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SERÁ ESTE O CAMINHO?

LIMITAÇÃO DE ESTRANGEIROS: O CASO DO CAMPEONATO RUSSO DE FUTEBOL

O GOVERNO DA RÚSSIA QUER REDUZIR PARA SEIS O NÚMERO DE FUTEBOLISTAS ESTRANGEIROS NOS CLUBES DO PAÍS Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

A motivação do governo russo passa por potenciar a progressão dos jogadores russos e tornar mais competitiva a sua seleção de seniores no panorama mundial.

E

m muitos países Europeus a progressão dos

em que se lamentava do reduzido número de jogadores sele-

seus jogadores nacionais nas principais equipas

cionáveis para o campeonato do mundo de futebol, que se veio

de futebol é restrita e ameaçada pelo elevado

a provar uma desilusão para os russos. A melhor equipa russa

número de estrangeiros que participam nos seus

dos últimos anos, o Zenit São Petersburgo – treinada pelo por-

campeonatos. Países como a Inglaterra, Portugal, Itália, França

tuguês Villas-Boas, para dar um exemplo, tem doze estrangeiros

ou Rússia são alguns dos melhores exemplos, e como tal não é

no seu plantel, sendo a grande maioria titular. O espaço para os

de estranhar que sistematicamente apareça no debate púbico

jogadores nacionais é reduzido.

a limitação de atletas estrangeiros nos clubes como forma de

Mas, é este o único caminho? Se por um lado achamos ser com-

fazer progredir com mais facilidade os jogadores nacionais. Até

preensível e entendemos as intenções do ministério do desporto

agora, esta ideia nunca passou das palavras, em vista inclusive

russo, por outro lado parece-nos que existem outras medidas

das normas europeias que negam como principio tal limitação,

mais favoráveis para alcançar os mesmos objetivos sem que

mas a Rússia, país não pertencente à União Europeia e como

para isso seja necessário apostar numa estratégia de “mercado

tal obrigada a respeitar os seus tratados, parece estar a avançar.

futebolístico protecionista”.

O ministro russo, Vitaly Mutko, afirmou no início do mês

Na nossa opinião existem pelo menos duas abordagens que

de Setembro que está em preparação uma lei que visa reduzir

devem ser iniciadas e protegidas antes de avançar para uma

drasticamente o número de jogadores estrangeiros nos diversos

medida como aquela que se pretende implementar no campe-

campeonatos. A este respeito Mutko disse: ” “Queremos que

onato russo: aumentar o numero e levar a qualidade dos centros

os desportistas russos tenham um papel de primeiro plano

de estágios jovens e assumir para as seleções nacionais o cresci-

nos clubes do país”. É importante relembrar que esta intensão

mento dos jovens jogadores nacionais, entre os 20 e os 25 anos,

de decisão surge a quatro anos do mundial de futebol sediado

quando tal não acontece nos clubes.

no país russo, e onde certamente os russos quererão fazer boa

O mercado e o negócio do futebol dão cada vez menos espaço

figura.

aos jogadores da casa, e medidas e novas abordagens têm neces-

Nos clubes de futebol pretende-se reduzir o número de

sariamente de ser pensadas, desenhadas e depois implementa-

estrangeiros a seis. A limitação não pretende restringir-se

das. Que medidas devem ser essas. Essa é uma pergunta que

apenas nos clubes de futebol, e para os clubes de hóquei no

deixamos aos nossos leitores e que esperamos uma réplica na

gelo, voleibol e basquetebol não deve haver mais três atletas

nossa plataforma online.

estrangeiros. Talvez se compreenda mais facilmente esta decisão olhando para as declarações do italiano Fabio Capello, selecionador russo,

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GARRINCHA A “ALEGRIA DO

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MANÉ GARRINCHA O MITO E O HOMEM

Quem é o melhor jogador de futebol de todos os tempos? Sempre que este debate surge, seja na televisão feita por especialistas ou no café entre amigos, dois nomes se

A:

Etiam eu eros nisl. Nunc elementum porttitor quam sed consequat. Vivamus purus nibh, condimentum sed porta non portis liberum.”

POVO”

destacam: Pelé e Maradona. Nos últimos anos Lionel Messi vai ameaçando entrar nesta luta. Inexplicavelmente o nome de Manuel Francisco dos Santos, Mané Garrincha ou simplesmente Garrincha, nunca é mencionado. Talvez a rivalidade Brasil com a Argentina, faz com que mesmo os seus conterrâneos puxem por Pelé e se esqueçam d´ “O Anjo das Pernas Tortas”, nome pelo qual Garrincha também é conhecido. O vídeo, que só começou em 62, falhando os melhores anos de Garrincha, também ajudará a explicar o seu esquecimento. Contudo, o principal fator há-de ser o próprio Garrinha, a sua personalidade, ser antissistema, o alcoolismo, a vida boémia que levou pós futebol, e ter vivido os seus últimos anos em total miséria. Com o surgimento das plataformas de partilha de vídeos, existe toda uma nova geração a descobrir este craque e muitos outros a relembrar porque este homem é o melhor ponta direita de sempre do futebol Mundial.

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Manuel Santos, de sangue índio, nasceu no

“aleijado”, Garrincha chegou ao Botafogo

Fora dos campos, Garrincha casou-se com

seio de uma família extramente humilde a

para um teste. Teste esse que é hoje uma

Nair, namorada da infância, com quem

28 de Outubro de 1933, em Pau Grande,

das maiores lendas do futebol brasileiro:

teve nove filhas. Separou-se de Nair e foi

uma pequena localidade a 70km do Rio

um rapaz que nem chegava ao metro e

casado com Elza Soares por 15 anos. Os

de Janeiro. Ganhou alcunha que o haveria

setenta de altura, com as pernas tortas e a

dois tiveram um filho, Manuel Garrincha

de acompanhar para toda a vida pelo reba-

perna direita seis centímetros mais peque-

dos Santos Júnior – que faleceu ainda bem

tismo da sua irmã Rosa, que encontrou

na que a direita enfrentou no primeiro

jovem aos nove anos de idade, num aci-

semelhanças entre ele e uma ave chamada

treino Nilton Santos, o lateral-esquerdo

dente automobilístico.

Garrincha, uma ave irrequieta e que recu-

da seleção brasileira, e fintou-o e driblou

Vivendo sempre uma vida ao som das suas

sava o cativeiro. Diga-se aliás que o amor

várias vezes.

vontades, Garrincha nunca foi um atleta

aos pássaros era uma das grandes paixões

O Botafogo havia de se tornar no clube

exemplar. Demasiado álcool e constantes

de Garrincha.

de toda a sua carreira. Ao todo 95% dos

aventuras sexuais fizeram com que nem

Começou a jogar futebol no clube da

seus jogos profissionais foram lá jogados,

sempre Garrincha estivesse ao seu melhor

sua terra aos 15 anos, e a sua verdadeira

sagrando-se tricampeão carioca. Já em

e a vitória escapou-lhe por muitas vezes.

oportunidade chegou tarde, apenas aos 19.

final de carreira havia de jogar , em curtas

Mas jogava o futebol como vivia, apon-

Depois de recusado em vários dos grandes

passagens, pelo Sport Club Corinthians

tando apenas para a diversão, a sua e a

clubes da cidade do Rio de Janeiro, e

Paulista, Clube de Regatas do Flamengo e

dos adeptos. Por isso recebeu a alcunha de

sem interesse por parte deste pelo seu ar

no Olaria Atlético Clube.

“Alegria do Povo”.

Garrincha realizou 60 jogos pela seleção nacional do Brasil, apontou 16 golos e foi 2 vezes campeão do Mundo: 1958 e 1962. Em 62, com Pelé lesionado, Garrincha fez o mesmo que Maradona consegui com a Argentina em 86: ser a figura principal e marcar os golos mais decisivos. Como se costuma dizer: ser “campeão sozinho”.

Garrincha assinou algumas das páginas mais brilhantes da seleção

favorito. Mas Pelé lesionou-se gravemente no segundo jogo, con-

brasileira. Foi campeão mundial em 1958 e 1962. Estrou-se no

tra a Checoslováquia, e não atuou mais nesse Mundial. Garrincha

mundial de 58 pela amarelinha, na suécia, mas podia nem ter sido

assumiu então as rédeas da equipa, “sem Pelé, apareceu o Mané”, e

convocado tal era a desconfiança que cai sobre si por parte do

conduziu o seu país a um novo triunfo. Tal como acontece aos mel-

selecionador, que muitos acusavam de preferir jogadores brancos

hores atletas, Garrincha superou-se e mostrou atributos que até ai

a jogadores negros. João Máximo conta: “Antes da Copa de 1958,

eram pouco habituais como golos de cabeça ou de pé esquerdo.

a selecção contratou um psicólogo para examinar os jogadores.

“Garrincha, de que planeta vienes?”, foi a capa do jornal chileno

O Nilton Santos foi um dos primeiros a fazer os testes, em que

El Mercurio. L’Équipe descreveu-o como “o ponta-direita mais

tinham, por exemplo, de botar um triângulo dentro do círculo,

extraordinário que o futebol já conheceu.” O mundial de 62 tornou

depois um quadrado dentro do triângulo. O Nilton percebeu que

Garrincha em uma lenda.

algo ia correr mal com o Garrincha e disse ao médico: ‘doutor, vem

Haveria de novo de jogar em um Mundial – na Inglaterra em 66,

aí um rapaz chamado Garrincha. Ele não vai saber nada disso que

mas Garrincha era já uma sombra do que fora. A idade e a vida

o senhor está pedindo, mas não liga não, porque ele joga muito

de excesso começaram a ganhar vantagem ao génio. O brasil sairia

futebol’. Não sei o que aconteceu lá dentro, mas o João Carvalhais,

eliminado na fase de grupos com duas derrotas frente à Hungria

o psicólogo, aprovou o Garrincha.”

e a Portugal.

Com Garrincha em bom plano, o Brasil conquistou o primeiro

Depois disso jogaria mais seis anos. Mas não mais no seu Botafogo.

trofeu mundial; seleção onde também aparecia Pelé com apenas 17

E não mais com o seu génio, que só a espaços aparecia. O álcool

anos, mas já um “craque”.

tornou-se ainda mais presente na sua vida. Depois do futebol era

A consagração de Garrincha aconteceu 4 anos depois, no Mundial

a única coisa que passou a conhecer. Assim como a pobreza com

no chile. Com a dupla Pelé e Garrincha o Brasil partia como claro

que voltaria a criar laços de intimidade.

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Uma das suas características mais notadas era o fato de ter as pernas tortas. A sua perna direita, seis centímetros mais curta que a esquerda, era curvada para o lado esquerdo, e a perna esquerda seguia o mesmo sentido. Segundo o biógrafo Ruy Castro, Garrincha teria nascido assim. Outros depoimentos apontam essa característica como sequela de uma poliomielite.

“Houve um brasileiro melhor que Pelé: Garrincha. Tinha uma perna torta e outra normal, como podia fazer tudo aquilo? Era um paralítico. Ele era muito melhor do que todos nós, mas era do povo, gostava de uma bebida que não era água e, por isso, ficou marginalizado”, Eusebio, ex.jogador de futebol, eleito como um dos 10 melhores de sempre pela FIFA. Garrincha foi um fenômeno que ultrapassou as fronteiras do

Garrincha morreu. Jovem e em desgraça. As tragedia acompan-

futebol. Foi um artista que inspirou artistas por toda a américa

haram-no sempre. Atropelou o pai. Num acidente de viação, em

do sul. O escritor uruguaio, Eduardo Galeano, escreveu: “Quando

1969, em que Garrincha conduzia o carro acabaria por ser fatal

ele estava em campo, o gramado virava um picadeiro de circo: a

para a sua sogra. O seu filho com Elza Soares, como já falado,

bola se tornava um animal amestrado e a partida, um convite para

acabaria por falecer também num acidente de automóvel. E o

a festa”. No mesmo texto Galeano descreveu perfeitamente o que

mesmo aconteceria com outro seu filho, Nenem, falecendo nas

era este futebolista com a bola: “Garrincha defendia o seu bicho de

estradas portuguesas.

estimação — a bola — e juntos faziam travessuras que matavam o

O que poderia ser Garrincha no futebol atual é difícil de imaginar.

público de rir. Ele pulava sobre a bola, ela saltava sobre ele e depois

Seria um génio ainda maior? Talvez o fosse. Os relvados são mel-

se escondia. Ele fugia dela e ela o alcançava. Enquanto isso, os

hores. Os equipamentos também. E todo o seu talento estaria lá.

adversários se chocavam entre si”.

Mas, num futebol de regras inamovíveis e táticas inalteráveis seria

Foi um génio. Um génio improvável. As suas pernas tortas não

a sua personalidade compatível? Poderia ele deixar-se “prender”?

o deveriam deixar jogar futebol. A sua personalidade também

Não sei. Sei apenas que Garrincha é a imagem do jogador que

não. João Máximo a esse respeito escreveu: “O Garrincha, como

todo o menino sonha ser. Com os seus dribles impossíveis e que

o Brasil, não poderia ter acontecido. E, como o Brasil, aconteceu.

desafiavam as leis da física. A arte dos seus golos. Um ídolo que

Um era analfabeto, aleijado, alcóolatra. O outro é enorme, com o

talvez até pela sua morte prematura é mitificado pelos adeptos do

número de analfabetos e a corrupção que teve, não era para acon-

seu país. Mas em grande medida esquecido pelo resto do Mundo.

tecer, mas aconteceu”.

Esperemos que o seu nome carimbado no estádio de Brasília leve

Depois do futebol, a vida de Garrincha foi difícil. Decadente.

as pessoas fora do Brasil a perguntarem-se quem era este homem.

Triste. Voltou à pobreza. O alcoolismo levou-lhe a melhor.

Quem o fizer não se irá arrepender.

Frequentemente era apanhado embriago, desmaiado na rua, e

Quando Garrinha morreu, eu ainda não tinha nascido. Nunca tive

levado para as urgências do hospital. Em 1983 e com 49 anos

a oportunidade de o ver jogar em direto. Tenho pena. Muita pena.

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com Desporto&Esport • www. Desprto&Esport.com


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EXOSQUELETOS BIOMECÂNICOS SÃO O FUTURO DO DESPORTO?

PODEMOS CRIAR SUPER-HOMENS PARA O DESPORTO! MAS SERÁ UMA POSITIVO? Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

N

o ano de 2014, um paraplé-

Garantiu Jorge Martins, investigador do

mais próximos todos procuram soluções,

gico deu simbolicamente o

Instituto Superior Técnico, em entrevista

mais ou menos inventivas, para a perceção

pontapé de saída na Copa

ao Expresso online.

da ideia de superação não desapareça da

do Mundo no Brasil, ser-

Temos ainda que estes dispositivos já

mente dos adeptos e com isso elimine um

vindo-se para o efeito de um exosqueletos

começam a ajudar os pacientes a reapren-

dos mais importantes pontos no desporto

biomecânicos, num projeto desenvolvido

der a andar e a correr com segurança, per-

da era moderna.

por um neurocientista brasileiro Miguel

mitindo que sentiu o peso do corpo para

Obviamente que introduzir toda esta nova

Nicolelis. Em Fukushima, após o acidente

ser diminuída por todo o caminho até 80%

tecnologia nas modalidades atuais seria

nuclear, foi necessário fortes trabalhos de

de desconto (similar a Alter-G a escada

no imediato impossível e um disparate,

refrigeração. Esta dura tarefa, para além de

rolante). Isto permite que um paciente

mas seria eventualmente possível criar

muito perigosa e obrigar os trabalhadores

para reconstruir a força e o exosqueleto

novas modalidades ou novas competições

a arriscarem a vida, tinham ainda que

também poderia ser usado para reapren-

onde o hibrido entre o mecânico e o

transportar fatos antirradiação que pesam

der marcha. Ou aumentar a capacidade de

corpo humano podem-se medir-se, numa

cerca de 60 quilos. A robótica solucionou

elevação e de transferência de peso.

competição de super-homens. No vídeo

esse problema com o desenvolvimento de

Em muito breve trecho, os exosqueletos

abaixo podemos ver outro excelente exem-

exosqueletos -extensões eletromecânicas

biomecânicos estarão no mercado uni-

plo de como a biomecânica pode facilitar e

do corpo humano que conferem super

camente com intuitos comerciais e des-

aumentar a capacidade do corpo humano,

poderes.

portivos. No vídeo abaixo podemos ver

novamente na corrida.

“O que o exosqueleto faz é aumentar a

observar um protótipo de um exosqueleto

Estas “maquinas” como é natural levantam

capacidade do operário para transportar

para a corrida.

inúmeras questões que podem e devem

o fato e se deslocar no interior da central

ser debatidas, e que se enquadram em

e aumentar a duração do trabalho, ou

Isto leva-nos a uma questão pertinente:

diversões e abrangentes temas, como a

seja, consegue ficar lá dentro mais horas a

deverão os exosqueletos biomecânicos

ética, a noção e definição do que é o

trabalhar porque é o exosqueleto que faz o

fazer parte do desporto?

desporto, a condição humana e do corpo

esforço, ele tem de fazer depois a operação

humano, ou ainda, como ficam os ante-

ao nível do pormenor, a carga quem trans-

Numa época desportiva em que os lim-

riores recordes e marcas. Ou mesmo a

porta é o exosqueleto e não o próprio.”

ites do corpo humano estão cada vez

segurança.

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ALEMANHA E ÁFRICA DO SUL

DOIS CASOS BEM DISTINTOS DE APROVEITAMENTO DE UM MEGAEVENTO DESPORTIVO - MUNDIAL DE FUTEBOL!

O

legado de um megaevento desportivo são bas-

exorbitantes quanto os encontrados na Africa do Sul ou no Brasil.

tante distintos entre países que possuem diferentes

Na sua grande maioria, as estruturas estavam feitas, incluindo os

níveis de desenvolvimento. Países em desenvolvim-

estádios de futebol, e foram apenas necessárias algumas remodela-

ento requerem, por norma, investimentos de maior

ções. Os orçamentos previstos em comparação com os reais apesar

envergadura, aumentando consideravelmente os riscos e custos

de pecarem por defeito não apresentaram grandes disparidades.

de oportunidade. Temos, por outro lado, que o custo de trabalho

O maior benefício alcançado foi a imagem projetada do país um

em países desenvolvidos é maior, criando desse modo maiores

pouco por todo o mundo. De acordo com o Anholt Nations Brand

custos operacionais e de infraestruturas diretas, como as arenas

Index (NBI) – Índice mundial de perceção de marcas, a Alemanha

desportivas, ou indiretas, como estradas ou aeroportos. Um bom

saltou um lugar pós Mundial, saltando para o quinto posto. Do

exemplo para analisarmos estas diferenças são o caso da realização

ponto de vista social, foi um evento igualmente fundamental

do Mundial de futebol na Alemanha e na Africa do Sul.

para o povo germânico. Realizado menos de duas décadas após a queda do muro e da reunificação da Alemanha, o Mundial de

Olhemos primeiro para o caso da Alemanha. Segundo as enti-

futebol tornou-se igualmente fundamental para a reconquista do

dades reesposáveis alemãs, o Mundial de futebol de 2006 gerou

orgulho nacional e da expressão do mesmo sem pudores. Algo

entre 25.000 e 50.000, sendo a grande maioria deles trabalhos

que nos sessenta anos anteriores, e em muito devido aos horrores

temporários. Apesar de parecerem representar bons números de

cometidos por esse país na segunda grande guerra, acontecia com

criação de emprego, a realidade mostra que são pouco significati-

muita dificuldade.

vos dado que nesse período existiam cerca de 40 milhões de trab-

Por fim, o legado desportivo é sem dúvida aquele que encontrou

alhadores. Durante o período em que se deu o evento desportivo

um retorno mais positivo no caso Alemão. Estádios cheios e um

os hotéis apresentaram uma diminuição de perto de 3% nas taxas

aumento de competitividade que adveio em grande medida de

de ocupação em relação à mesma data do ano anterior. O número

uma política desportiva e uma mudança de paradigma de forma-

de passageiros nos aeroportos apresentou somente um aumento

ção de jogadores que se desenvolveu em paralelo com o Mundial

vestigial. Economicamente a realização do Mundial de futebol não

de Futebol. Culminando com a conquista do trofeu no Mundial

trouxe grandes proveitos. Os custos, por seu lado, não foram tão

do Brasil em 2004.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

Na Africa do sul as expetativas eram

rado que chegasse à economia através do

demasiados otimistas e excediam em

turismo, nem um quinto desse valor se

grande medida o que era realisticamente

verificou – existe uma enorme discrep-

possível. Esperavam-se centenas de mil-

ância entre os valores oficiais suportados

hares de empregos, uma alta injeção de

pelo governo sul-africano e os valores

dinheiro na economia e uma melhoria

aduzidos pelas auditorias externas, para

generalizada na qualidade de vida da pop-

este texto descartamos os valores oficiais

ulação, para além da criação e posterior

por existirem serias dúvidas em relação á

usufruição de dezenas de infraestruturas

veracidade dos mesmos.

criadas especialmente para o evento. Dos

Os orçamentos iniciais, como mais facil-

10 estádios contruídos apenas um - Soccer

mente acontece em países em desenvolvi-

City, em Joanesburgo, é capaz de gerar

mento, dispararam para bem perto do

dividendos que cobrem seus custos. Os

dobro.

restantes 9 estádios são um peso para o

Os principais benefícios, para além da

erário público com custos anuais acima de

melhoria do sistema de transportes para as

5 milhões de euros. Apresentando de certo

populações locais, é a melhoria da imagem

modo os mesmos problemas encontrados

internacional do país e o grande senti-

com o caso português e grego.

mento de orgulho da população.

O legado de um megaevento desportivo são bastante distintos entre países que possuem diferentes níveis de desenvolvimento. ”

Dos mais de $ 5 mil milhões que era espeDesporto&Esport • www. Desprto&Esport.com


O DESPORTO E O SEU CONTRIBUTO SOCIAL

CARACAS

O EXEMPLO POSITIVO DO GINÁSIO VERTICAL E O SEU PAPEL NA REDUÇÃO DO CRIME NA CAPITAL DA EM TRÊS ANOS VERIFICOU-SE UMA REDUÇÃO DE MAIS 30% NA CRIMINALIDADE Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

O

desporto e a prática do desporto detêm um papel

e caminhos desviantes. A abordagem geral deste conceito em

determinante na sociedade e é fundamental na

Caracas baseou-se em três componentes base. Em primeiro lugar,

integração daqueles que tem menos oportuni-

inserir um sistema de um conjunto de estruturas pré-fabricados

dades e na reabilitação dos que seguiram uma

em uma pequena área de terra, que foi facilmente disponibilizada

vida às margens da lei. O exemplo do pavilhão

ou “arranjada” e construir um espaço atraente e vertical de des-

multidesportivo vertical, criado pelo atelier de arquitetura Urban

porto. Onde coexistem diversas modalidades. Desde a natação, ao

Think-Tank em Caracas, capital da Venezuela, no ano de 1993 é

ténis ou ao culturismo. Depois tornou-se fundamental a participa-

um perfeito exemplo disso.

ção das organizações humanitárias e as autoridades municipais no

Caracas, com mais de vinte mil homicídios por ano, é uma das

projeto. E aproveitar aquele que era o investimento e dos esforços

cidades mais violentas do mundo e durante muitos anos vivia num

que eram feitos na altura para a redução da pobreza e da criminali-

ciclo que parecia impossível de quebrar, onde a violência gerava

dade. Por fim, a inserção das comunidades da fabela também se

mais violência. Uma realidade que até há poucos anos se afigu-

mostrou uma jogada fundamental.

rava impossível de mudar. No entanto, nos últimos anos, um forte

O ginásio, através da sua estrutura vertical e com diversos pisos,

esforço com um respetivo investimento em programas socias criou

torna-se num espaço de quatro mil metros quadrados, quatro vezes

espaço para a mudança, e fez com que a pobreza caísse de 60% a

maiores que a generalidade dos grandes ginásios. Possibilitando

meio da década de 90 para 27% em 2011. Num espaço de três anos

que o espaço recebe todos os meses cerca de 15 mil visitantes.

a queda da criminalidade em 30 % no Bairro La Cruz, favela de

Este exemplo, que já encontra réplicas em cidades como São Paulo,

Caracas, local onde foi instalado o ginásio vertical.

Nova Iorque ou Zurique, reforça o papel que o desporto e espaços

O conceito de Ginásio Vertical apareceu da necessidade de

desportivos têm em cidades urbanas onde o betão figura como

enquadrar o desporto e arenas desportivas, assim como a cultura

a única paisagem. Construir arenas desportivas para as comuni-

e os ideais que acompanham o desporto para dentro das comu-

dades e trazer os seus habitantes mais desfavorecidos tem neces-

nidades urbanas, principalmente aquelas que vivem com maior

sariamente de fazer parte da ideia mais geral de inclusão social e

desigualdade e expostas a um maior conjunto de problemas

Caracas e o seu ginásio vertical é um exemplo que merece atenção.

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Campo de basquetebol - ginรกsio vertical

CFachada Ginรกsio Vertical

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PAULO BENTO:

RÉU OU VÍTIMA?

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

A

ntes de analisarmos a pergunta que faz título neste

Os lenços brancos são uma situação normal no futebol, temos de

artigo de opinião vamos tentar entender as razões

aceitá-los com naturalidade”, dizia Paulo Bento, no seu natural tom

da saída de Paulo Bento.

confrontacionista, após essa partida.

A saída de Bento de selecionador nacional dias

Se dentro da federação, o apoio de Fernando Gomes era expec-

após a derrota com a Albânia consuma-se como sendo apenas

tável, o mesmo não acontecia com a restante estrutura. O melhor

uma sequência logica de acontecimentos daquilo que é as especi-

exemplo disso foi o artigo de opinião de Herminio Loureiro

ficidades do futebol português, que na maioria das vezes se torna

dirigentes da FPF que colocava em causa algumas das decisões do

incompreensível para quem o analisa de fora. Estrategicamente e

selecionador.

como gestão a saída de Paulo Bento é incompreensível. O processo

Os lenços brancos e a clara perceção que os “adeptos” da seleção

foi mal gerido desde a sua génese. Uma semana antes a FPF em

nacional não acreditavam mais naquela equipa. A opinião publica-

conferência de imprensa atribuía poderes reforçados ao então

da na sua generalidade pedia a “cabeça” do treinador. Recorrentes

ainda selecionador nacional com vista ao apuramento para o Euro

notícias, verdadeiras ou não, que o grupo, entenda-se o núcleo

2016 e a necessária “renovação” de atletas para os próximos anos.

duro de jogadores, já não acreditavam no projeto e em Bento

Alguns meses antes, após o insucesso da participação portuguesa

enquanto seu líder faziam aumentar as hipóteses de um final pre-

no Mundial de 2014 o presidente da FPF, Fernando Gomes, reafir-

maturo na ligação entre treinador e federação.

mou a confiança no Paulo Bento, e na assinatura de renovação de

As opções eram poucas para Fernando Gomes: ou continuava com

contrato, em Abril, apelidou-o de “um dos melhores treinadores

Paulo Bento e arriscava-se a cair com ele ou despedia-o. Como diz

do mundo”. Se o plano estratégico era bom, se as pessoas eram as

o personagem Nascimento no filme Tropa de Elite 2: “o sistema

certas, como é possível explicar o seu despedimento?

corta a mão para salvar o braço”. Neste caso aconteceu isso mesmo,

Comecemos primeiro pelo próprio Paulo Bento. Logo após o desa-

o elo mais fraco caiu para que todos os outros continuassem vivos.

fio de Aveiro foi sendo-nos gradualmente percetível, desde logo na

Mas quanta cota de responsabilidade tem de facto que ser atribuí-

conferência de imprensa minutos depois do jogo, que o próprio

da a Paulo Bento? Ou ele, Paulo Bento, não é mais que uma vítima

entendia que o seu campo de manobra era demasiado estreito se

das circunstâncias?Julgo que a resposta é dúbia mas Paulo Bento

não mesmo inexistente. “Não sei se [o lugar] está em causa ou não.

consegue ser ao mesmo tempo Réu e Vítima.

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Porque réu?

A estreia como selecionador nacional deu-

semelhanças com o período de Bento no

Paulo Bento chega a técnico da seleção

se em Outubro de 2010 com uma vitória

Sporting onde surgirem também diver-

como solução de recurso após a polemica

por 3-1 frente à Dinamarca. Um resultado

sos casos de divergência com jogadores.

dispensa de Carlos Queirós do cargo de

fundamental para a seleção portuguesa e

Depois, deu-se o “auge” de Bento à frente

selecionador e a recusa de Florentino Pérez

para a colocar na rota da qualificação para

na seleção: as meias-finais e a eliminação

de “emprestar” José Mourinho para os

o Euro 2012. Lembremos que Portugal

frente à Espanha apenas nos penaltis, um

jogos da seleção.

vinha de um empate com o Chipre e uma

resultado muito acima das espectativas.

“Para mim é um orgulho e uma satisfação

derrota com a Noruega. Ainda assim, a

Algo que lhe valeu a renovação de con-

poder ser uma opção a seguir a um dos

qualificação só apareceu após um play-

trato por mais dois anos com o objetivo

melhores treinadores do mundo”, admitiu

off frente à Bósnia-Herzegovina. Pelo

de colocar a seleção portuguesa em terras

Bento nessa altura quando confrontado

meio, algumas boas exibições intercaladas

brasileiras para a “copa de 2014”. Talvez

com o facto de ter sido uma segunda

com resultados dececionantes e abaixo

aqui tenha surgido o primeiro erro. Sendo

opção. O seu curriculum era curto e con-

da qualidade dos jogadores selecionáveis.

obviamente a maior responsabilidade de F.

tava unicamente por uma passagem pelo

Surgiram os primeiros casos de incom-

Gomes. Se Bento se tinha revelado como

Sporting clube de Portugal e a vitória em

patibilidade com jogadores como Ricardo

uma boa solução de recurso em 2010,

2 Taças de Portugal e 2 Taças Cândido de

Carvalho ou José Bosingwa. “Não há pedi-

teria ele o perfil indicado para um pro-

Oliveira, para além de 4 segundos lugares

dos de desculpa que resolvam. Vão ver

jeto de longo prazo? O bom resultado no

consecutivos na Liga, sempre atrás do

o Euro como espectadores”, sentenciou

Euro 2012 talvez dissesse que sim. Outros

Futebol Clube do Porto.

o técnico. Algo que encontrava várias

indicadores diziam claramente que não.

“Paulo Bento é tanto vítima como réu. A qualidade dos jogadores potencialmente convocáveis é a mais baixa em duas décadas. Mas Bento também não soube ser solução. Quem não é solução é parte do problema.” Indicadores esses que foram aumentando

falhou em quase todos os jogos da seleção

locadas da realidade. “Sinto que é desta”,

e tornando-se mais visíveis com o passar

das quinas nos últimos dois anos.

afirmou Cristiano Ronaldo acerca do

dos jogos para a qualificação do Mundial.

E, foi dentro de campo onde foram dados

jogo com a Alemanha, o primeiro para

O seu caracter rigoroso e disciplinador,

os sinais mais preocupantes que o camin-

Portugal no Mundial, onde o capitão da

muitas vezes perpassando o marcial, levou

ho desenhado por Paulo Bento não era

seleção nacional se afirmava confiante em

com que Bento se incompatibiliza-se

o mais indicado. Mau futebol, sem uma

uma vitória. Bastaram dez minutos para

com mais jogadores, sendo o caso mais

ideia de jogo facilmente percetível, onde

que se percebesse que a superioridade

mediático o de Danny, indiscutivelmente

os jogadores atuavam bem abaixo das suas

da Alemanha se vincasse de forma avas-

o jogador português de maior-valia e

capacidades, uma super-dependência de

saladora. Pior que os quatro pontos e a

em melhor forma a seguir a Cristiano

Ronaldo, e um acumular de maus resul-

não qualificação para os oitavos de final

Ronaldo. As escolhas, muitas delas incom-

tados culminaram novamente na neces-

foi a triste imagem que Portugal mostrou

preensíveis, passavam muitas vezes por

sidade de um play-off, desta vez conta a

ao mundo. E quanto mais olhávamos

jogadores pouco ativos nos seus clubes em

Suécia. Quatro golos de Cristiano Ronaldo

para as restantes seleções mais percebía-

detrimento de atletas em melhor condição

carimbaram o passaporte para o Brasil.

mos quanto impreparada estava a equipa

física e atlética. Paulo Bento justificava as

No Brasil deu-se a derrocada. Tudo foi

nacional. Fisicamente devastada. Lesões.

suas escolhas com duas palavras: gratidão

mau. Na maioria das vezes: mau de mais.

Declarações e conferências de imprensa

e fé. Duas palavras que na minha opinião

Começando na convocatória dos 23, pas-

sem logica ou sentido pratico. Para jus-

não podem fazer parte do vocabulário de

sando pelo estágio nos EUA, ou a clausura

tificar o que era facilmente entendível:

um selecionador, pelo menos não, quan-

no centro de estágio no Brasil. Demasiadas

Portugal não foi competitivo. Quando

do em prejuízo de outras palavras como

conversas sobre o joelho do Ronaldo e

tinha obrigação de o ser. E qualidade para

competência e qualidade. Qualidade que

expetativas totalmente irrealistas e des-

o ser. E qualidade para o ser.

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Nem tudo pode ser apontado como única

pais equipas, FCP e Benfica, contam com

dor português. O perfil mais reservado de

responsabilidade de Paulo Bento mas

pouquíssimos portugueses nos seus quad-

Fernando Gomes, que prefere afastar-se

como o próprio o afirmou ele era o líder

ros. Os jogadores que saem da formação

das luzes, muitas vezes não ajuda, num

Bento apostou nos seus. E os seus fal-

ou jogam na equipa B ou em campeonatos

país em que qualquer “passo” dado no

haram. Na minha opinião a demissão era

menores e com pouca competitividade

futebol é analisado mil e uma vezes pelos

a única saída limpa e a mais aconselhada.

como o Chipre

diversos jornais e programas desportivos.

Optou por continuar. Errou. Acreditou

No fundo, Paulo Bento viu-se confrontado

Em conclusão, Paulo Bento é tanto víti-

que podia alterar tudo para a qualificação

com uma situação estrutural de fundo que

ma como réu. A qualidade dos jogadores

para o Euro 2016. Mudar a imagem do

lhe era pouco favorável com a agravante

potencialmente convocáveis é a mais baixa

fraco futebol deixado no Mundial. O jogo

de espectativas exageradas em relação a

em duas décadas. Mas Bento também não

com a Albânia mostrou que não. Paulo

resultados que a qualidade atual dos joga-

soube ser solução. Quem não é solução é

Bento caiu com as sua convicções. Poucas

dores não permite. Portugal tem “o melhor

parte do problema. A sua saída era inevi-

foram as alterações na equipa titular, varia-

do Mundo” e isso elava a seleção para um

tável. Perca por tardia. Deveria ter aconte-

ções que apareceram por circunstância. A

patamar acima daquele que é verdadeira-

cido após o Mundial. Assim, todos ficaram

derrota terminou com o percurso de Paulo

mente o seu. Mas mesmo essa subida de

mal na fotografia. Todos.

Bento. Com muitas culpas próprias.

qualidade pela presença de Ronaldo não a

A primeira entrevista do ex-selecionador,

Mas Bento também é vítima. Aparece

torna equivalente às melhores seleções do

na RTP Informação, trousse poucas ou

numa altura em que Portugal vive numa

mundo. Comparando, quantos jogadores

nenhumas novidades. A única certeza foi

“crise” de jogadores de topo mundial.

português titulares entravam no lote de

que a rescisão do contrato não partiu de

Durante uma década, com foco na pas-

convocados de seleções como Espanha,

Paulo Bento. E que a sua permanência no

sagem de Scolari, foi afastada a prepara-

Brasil, Argentina ou França?

cargo não era consensual entre os diri-

ção de uma geração que pudesse substi-

A própria FPF parece ter dificuldades em

gentes da federação, apesar do apoio de

tuir com ímpeto a atual. Os campeonatos

implementar um plano e arranjar soluções

F. Gomes.

nacionais e as duas das suas três princi-

para um maior desenvolvimento do joga-

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

LONDRES 2012

A CIDADE BRITÂNICA E AS OLIMPÍADAS DE 2012 PROMETEM TRANSFORMARSE NO PRÓXIMO EXEMPLO POSITIVO DE LEGADO DE UM MEGAEVENTO.

D

ois anos após o evento na cidade Britânica existe

deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o

um consenso entre os especialistas e académicos

que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimen-

que as olimpíadas de londres foi uma das sedes

tação, entre outros. Neste seguimento, o prefeito da cidade de

mais bem-sucedidas de todos os tempos. O mesmo

Londres, chega inclusive a afirmar que a capital inglesa é a primeira

garante Boris Johnson, prefeito de Londres, um acérrimo defensor

cidade-sede que não só conseguiu recuperar os anteriores números

do legado deixado pelas Olimpíadas. De tal forma, que o próprio

de turistas após espetáculo como registou um aumento de 6% no

assegura que os investimentos não só se pagaram como já dão

fluxo internacional 13% no nacional, nos meses seguintes, quando

lucro.

em comparação com o mesmo período dos anos anteriores.

As olimpíadas de Londres foram a oportunidade perfeita para

Desportivamente e socialmente também se registaram indicado-

reurbanizar a Zona Leste de Londres, uma área tradicionalmente

res positivos. 1,4 milhões de pessoas passaram a praticar algum

carente de recursos. Nessa mesma zona, que ganhou uma cara

tipo de atividade desportiva pelo menos uma vez por semana. O

totalmente nova, foram estabelecidas novas conexões de trans-

investimento no desporto quer com dinheiros públicos que com

porte, linhas de comunicação e sistemas de abastecimento de

dinheiros privados tendo em vista as olimpíadas do Rio em 2016.

energia elétrica e água.

A qualidade das transmissões dos jogos, nomeadamente da

Segundo as fontes oficiais, o impacto económico na economia

cerimónia de abertura - uma das melhores de sempre, con-

britânica devido aos jogos foi de 11,4 mil milhões de euros. De

tribuíram imenso para gerar uma imagem positiva para o mundo,

acordo com as mesmas fontes, o impacto relacionado aos Jogos de

e acentuaram imenso o sentimento de patriotismo dos ingleses e

2012 pode atingir 41 bilhões de libras até o fim de 2020. O evento

londrinos.

teve um custo total de 8,92 bilhões de libras, e o orçamento do

O ponto mais negativos mais apontado ao legado de Londres’12,

comitê organizador local ficou na casa de 3 bilhões de libras.

para além da natural contestação aos números oficiais, refere-se

Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”

ao facto de que este evento nada mais foi que uma manobra de

deve dobrar o número de turistas no país nos próximos meses, o

fachada para a desapropriação forçada e a retirada de populações

que movimenta os segmentos de transporte, hotelaria e alimenta-

mais pobres do East End. Repassando esta zona da cidade, reur-

ção, entre outros.

bazinada, para as populações mais ricas. Para mais informações

Segundo autoridades de turismo, a difusão da marca “Londres”

aconselhamos a leitura de Ashok Kumar e Anna Minton.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

LONDRES 2012 - OS SEGREDOS DE GESTÃO

T

al como o resto da Europa, também o Reino unido e as suas populações vivem com dificuldades económicas e com altas taxas de desemprego. O comité olímpico local e os seus parceiros desenvolverem um programa de formação e de geração de empregos, virado especialmente para as mulheres, os afrodescendentes, os asiáticos e pessoas com necessidades físicas especiais. Capacitando-os para trabalhar em projetos diretamente ligados com o evento como, nas áreas de organização ou construção civil. Um bom exemplo foi o “Women into Construction Project”, que recrutou e empregou mulheres diretamente nas obras do Olympic Park. As vilas olímpicas e paraolímpicas, espalhadas um pouco por toda a ilha britânica, estão a ser convertidas em milhares de residências para venda e aluguer; onde será igualmente construído um campus educacional, um centro de saúde, entre muitos outros equipamentos comunitários. Durante a organização e realização dos jogos o Comitê Olímpico Internacional (IOC) granjeou de uma capacidade de decisão que se sobrepôs ao poder político local. Esta autoridade institucional faz com que decisões fossem tomadas com muito mais rapidez do que seria normal, e garante a convergência entre as dezenas de organizações envolvidas no governo local de Londres. Movimentou-se mais de US$ 11 bilhões unicamente em obras estruturais em contratos específicos. Estes negócios gerarão dezenas de milhares de empregos. Todas as empresas associadas a estes programas tiverem de alterar os seus sistemas produtivos, investindo na saúde laboral, segurança e sustentabilidade. O poder público e a imprensa, como os jornais e

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telejornais, denunciaram, regularmente, todas as irregularidades encontradas em obras e contratos, entre outros. Este ponto em conjunto com uma muito boa gestão por parte do governo e as entidades organizativas das olimpíadas fez com que os gastos realizados não fossem substancialmente superiores ao inicialmente orçamentado. Reurbanização da Zona Leste de Londres, uma área tradicionalmente carente de recursos, dando uma nova e mais moderna cara à capital inglesa e diminuindo os índices de pobreza e degradação urbana na área acima mencionada. A iniciativa privada foi fundamental em todas as obras para as olimpíadas quer para a reurbanização de londres nomeadamente da zona Este. Os planos de construção de um dos maiores shoppings da Europa no que viria a ser a entrada do parque olímpico já haviam sido aprovados ainda antes da eleição de Londres como sede. Múltiplas instalações e infraestruturas montadas para os jogos que foram totalmente entregues à iniciativa privada. De forma a garantir elefantes brancos, entenda-se infraestruturas criadas para as olimpíadas mas sem uso após o evento, foi desenhado um projeto cuja as estruturas que não se mostrem viáveis a longo prazo devem ser reduzidas ou mesmo desmontadas. Fazendo com que grandes áreas possam ser reaproveitadas para novos projetos e empreendimentos. O legado de Londres, no entanto, não ficou restrito ao Reino Unido. O programa International Inspiration, dedicado a desenvolver ações educativas por meio do esporte, beneficiou 12 milhões de crianças e jovens em 20 países.


AS DÍVIDAS DECLARADAS DOS TRÊS GRANDES EM PORTUGAL – PORTO, BENFICA E SPORTING Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

J

á é conhecido o relatório e contas dos três grandes

Por fim, o FC Porto é a equipa dos três grandes é aquela que apre-

relativo ao primeiro trimestre da época, e permite, por

senta o menor valor de divida, com um soma de 126,973 milhões

exemplo, fazer uma comparação entre a dívida que

de euros, dividida entre 91 milhões de dívida corrente e 35 milhões

cada um declarou ter ao bancos.

de dívida não corrente.

Neste seguimento, a primeira conclusão que salta à vista é que

Existe, no entanto, um ponto que tem de ser levados em conta: o

a dívida do Benfica, no seu total, é superior à divida somada

Benfica tem a dívida da construção do estádio na SAD, pelo que

declarada por Sporting e Porto.

entra no relatório e contas.

O Benfica, que é o único dos três grandes que apresenta estes

Pelo contrário o Sporting, por exemplo, tinha a dívida rela-

valores auditados, tem um valor de dívida de 317,756 milhões de

tiva à construção do novo Alvalade no clube e só com a fusão da

euros, sendo que 198 milhões são de dívida corrente e 119 milhões

reestruturação financeira vai passar para a SAD. É provável que no

são de dívida não corrente.

próximo relatório e contas já surja a dívida o estádio.

Em segundo lugar em termos de total de dívida aos bancos aparece

O FC Porto, esse, ficou com uma dívida de construção do Estádio

o Sporting, com 179,327 milhões em falta com os bancos, sendo

Dragão inferior aos rivais ao abrigo do projeto EuroAntas.

147 milhões de dívida corrente e 31 milhões de dívida não corrente.

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PRÉ-TEMPORADA A DIFERENÇA NA FILOSOFIA E NOS DIAS DE PREPARAÇÃO DE UMA PRÉ-TEMPORADA ENTRE BRASIL E OS PRINCIPAIS CLUBES EUROPEUS.

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

E

xistem várias diferenças entre o futebol de topo euro-

de jogo distinta. Enquanto na europa se privilegia o treino e a

peu e o futebol sul-americano, nomeadamente o fute-

preparação antes do jogo assente em uma estratégia tática bem

bol brasileiro e o seu brasileirão, independentemente

definida e sistematizada. Já no brasil, o talento do atleta e a sua

da beleza artística que cada um deles proporciona, e

habilidade é o que mais conta, assim como a capacidade de fazer

que é levada em ambos os casos. A intensidade competitiva, o tra-

o inesperado. Aos treinadores pede-se que sejam capazes de lidar

balho tático ou a preponderância física são alguns bons exemplos.

com o improviso. Na europa, o treinador deve antecipar o impro-

Um outro ponto que diferem é na preparação das suas pré-tem-

viso e desenhar um plano para o ultrapassar.

poradas e o menor tempo que disponibilizam os clubes brasileiros

Sem ser excessivamente duro, parece-nos que há uns anos as

para os seus treinadores trabalharem as equipas e os atletas

duas filosofias poderiam estar certas, mas atualmente a aborda-

nesta fase da época. Em média, as pré-temporadas dos clubes do

gem europeia é claramente mais vantajosa. Enquanto abordagem

brasileirão duram 12 dias. Os principais clubes europeus gastam

competitiva e técnica, olhando para a performance da equipa no

nesta fase da época pelo menos 30 dias, sendo que a maioria chega

terreno de jogo, sem dúvida que a abordagem europeia acarreta

aos 45 a 50 dias de preparação.

mais vantagens. Como aliás, muitas atletas que jogaram nos dois

Na Europa, as pré-temporadas são olhadas como a base para toda

continentes o afirmam. Na página ao lado, a descrição dos objeti-

a época, seja em termos físicos, psicológicos e principalmente na

vos da pré-temporada e da necessidade do tempo necessário, ajuda

definição de um modelo tático. E, nos últimos anos, com digressões

a esclarecer este ponto.

pelos EUA e pela Ásia, as pré-temporadas são também utilizadas

Do ponto de vista económico e de marketing os clubes brasileiros

para gerar receitas e retorno econômico, bem como angariar novos

também optam pela estratégia errada. A maioria dos clubes euro-

adeptos nos mercados já mencionados, e que só agora acordaram

peus optam, como já referido, por pré-temporadas ao estilo de

para o futebol. No brasil, as pré-temporadas são vistas como forma

digressões, nomeadamente nos EUA e Asia e aproveitam esses

de preparar a competição, principalmente a nível físico, e a compo-

mercados ainda pouco explorados mas sedentos pelas maiores

nente tática é adquirida durante a competição.

estrelas e clubes futebolísticos, como forma de recolha de receitas

Os números são esclarecedores. Olhemos primeiro as equipas do

e dividendos financeiros. Os clubes brasileiros poderiam optar por

primeiro escalão do brasil. Cruzeiro (19 dias), Palmeiras (15 dias),

uma estratégia semelhante, aproveitando a força que a marca Brasil

Botafogo (15 dias). São Paulo (13 dias), Corinthians (12 dias),

tem no futebol mundial e aumentar desse modo as suas receitas.

Flamengo (11 dias), Internacional (10 dias) e Santos (9 dias). As

Talvez o número de jogos por época no Brasil, ligeiramente

equipas europeias, revelam números totalmente opostos. Inter de

superior que na Europa, seja proibitivo de uma pré-temporada

Milão (53 dias), AC Milan (52 dias); Juventus (48 dias), Liverpool

mais longa, mas o ultimo campeonato do Mundo de seleções

(41 dias), Barcelona (40 dias), Manchester United (37 dias);

mostrou alguns dos erros que o futebol brasileiro “convive” nos

Bayern de Munique e Chelsea (35 dias); Manchester City (34 dias);

atuais dias. Uma mudança torna-se fundamental. Talvez estejas na

Arsenal (33 dias) e Real Madrid (30 dias).

mudança de filosofia perante as pré-temporadas uma ideia chave

A diferença dos números acima é representativa de uma filosofia

na mudança.

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As principais equipas europeias procuram fazer as pré-temporadas em países como os EUA, onde o mercado é imenso e ainda por explorar

FONTE E IMAGEM: GLOBOESPORTE.GLOBO.COM/

As duas realidades encontram muitas diferenças, como facilmente é visível. No entanto, que a comunidade acadêmica e cientifica define como uma boa preparação encontra na Europa um modelo mais fiel. Exatamente, pelo maior tempo disponibilizado pelos clubes europeus, que permite uma maior sistematização e cuidados em todas as áreas do treino e por conseguinte uma maior eficácia nos objetivos primordiais de uma pré-temporada. O primeiro objetivo é a preparação física. Analisar o estágio físico da equipa e de cada jogador individualmente e definir o trabalho físico necessário para a progressão da equipa e de cada jogador ao longo da época. Bem como adquirir os índices físicos necessários para o início da época. Por outro lado, é igualmente necessário sistematizar e programa os conteúdos do processo de treino. A preparação técnica é também iniciada e sistematizada neste nesta fase da época. Administrar um conjunto de trabalhos específicos que visando colocar a equipa em condições de dominar os elementos fundamentais do jogo, como o remate, o passe, o controlo de bola, as finalizações, etc. Definição e preparação de um modelo tático. A equipa técnica tem neste momento a fase ideal para implementar um modelo tático, condições estratégicas que levem à vitória e um sistema de jogo confiável e sistematizado. Um plano alternativo deve ter o seu início de preparação igualmente na pré-temporada. Por fim, a preparação psicológica, tão importante no futebol contemporâneo de alto nível, tem nesta fase da época um momento crucial e a preparação dos atletas e até da equipa técnica deve ser cuidadosamente ajustado nesta fase para que possa responder positivamente a todos os futuros estímulos dos treinos e jogos. Assim como adaptar os atletas de mecanismos que o ajudem a ultrapassar as dificuldades, como as derrotas no campo de jogo ou a pressão inerente ao futebol profissional.

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RELVA SINTÉTICA OS BENEFICIOS E DESVANTAGENS DO RELVADO SINTÉTICO EM COMPARAÇÃO COM A RELVA NATURAL A RELVA SINTÉTICA PERMITE MAIORES PERIODOS DE UTILIZAÇÃO MAS AS LESÕES SÃO MAIS FREQUENTES Ricardo Reis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

A

relva sintética tem ganho cada vez mais espaço no

melhorias continuadas no tempo, que passo a passo os aproximam

desporto profissional. Modalidades como rugby,

aos relvados de relva natural e para algumas modalidades já é a

golfe, hóquei em campo, futebol americano, ténis

melhor opção. Os relvados artificiais encontram-se em estudos

ou cricket já aderiram em massa a esta superfície

permanentes e existem um sem número de empresas que apostam

desportiva. O futebol, no entanto, continua reticente à mudança

fortemente no negócio da relva o que permite esperar mudanças

e prefere ainda tapetes de relva natural. Começa-se, no entanto, a

e melhoramentos com maior rapidez num futuro próximo. A

sentir sinais de mudança.

manutenção é mais fácil, bem como os custos que lhe estão asso-

Tapetes mistos, em que a mistura de relva artificial com relva natu-

ciados, que são também menores. Por fim, a durabilidade é bem

ral para fortalecer o tapete, é agora uma prática comum. O Estádio

superior quando comparados com os relvados naturais.

de Wembley, em Londres, é um excelente exemplo deste sistema. San Siro, casa do Inter de Milão e do AC Milan, há duas épocas

Temos, no entanto, que a relva sintética é mais adequada - e mais

apostou num relvado sintético após repetidas péssimas críticas

utilizada – em estádios ou arenas desportivas cobertas. A relva

ao seu anterior relvado natural. O Boavista FC, clube da primeira

sintética é também mais dura que a relva natural e como tal mais

divisão portuguesa, também optou por um tapete de relva arti-

propicia às lesões, caso especialmente notado no futebol e no

ficial, e muitos mais clubes e estádios podem servir de exemplo.

próprio ténis, onde entre as articulações são mais castigadas e mais

Temos que nos perguntar, então, quais são os benefícios da relva

sujeitas a lesões. Risco de queimaduras em caso de deslizamento

artificial, e porque começa a ser uma aposta de vários clubes e para

dos atletas, o que obriga regar abundantemente com água os relva-

diversos estádios? E quais as suas limitações para a escolha não seja

dos antes dos jogos e treinos e por vezes igualmente ao intervalo.

mais efetiva e generalizada?

Para atletas habituados ao relvado natural a adaptação a relvados sintéticos pode ser longa e difícil.

O primeiro e principal benefício da relva sintética é a possibilidade

A certificação é também um problema dado os parâmetros de

de um maior tempo de utilização. Os relvados artificiais permitem

critério mais apertados

mais horas e mais dias consecutivos de utilização sem que o relvado se deteriore. Em média, em perfeitas condições um relvado

Os equipamentos desportivos também têm de apresentar mel-

natural não vai além das 250 horas anuais. O segundo ponto que

horias para acompanhar o desenvolvimento da relava sintética, e

merece destaque é a evolução positiva dos relvados artificiais e as

diminuir o potencial de lesões.

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A relva artificial em comparação com a relva natural é muito mais resistente e permite um uso mais intensivo, tanto em treino como em competição. Em média, um tapete de relva natural permite apenas 250 horas de uso por ano, em casos excecionais no máximo esse valor pode aproximar-se das 300 horas. Um tapete de relva artificial pode ser utilizado 7 dias por semana. A longo prazo, a relva artificial mostra ser um investimento ganho. Requer menos manutenção e os custos dessa mesma manutenção são bem mais baixos. O investimento na primeira fase é no entanto bastante significativo. “Um campo de relva artificial é um sistema total formado por diversos componentes. Todos estes componentes têm uma função específica, que juntos determinam as características desportivas e técnicas do campo de relva artificial. As fibras de relva artificial e o infill (enchimento de borracha e/ou areia) determinam o especto final da sua relva. Se optar pela borracha pesada, o efeito será diferente do que se optar pelo enchimento com o material de borracha verde. O que não se vê, mas que é de grande importância, é a camada de base do campo de relva artificial. Esta é composta de material permeável, e dinâmico que juntamente com um sistema de drenagem evita a formação de poços no campo. Sobre esta camada de base aplica-se uma mistura de aglomerado britado selecionado, evitando-se o recurso a ao asfalto mesmo que sendo permeável e/ou borracha com cerca de 10 cm. Também se pode optar por um e-layer, ou seja, uma camada elástica formada por borracha não tecida. Esta é responsável pela absorção dos choques e a restituição de energia”

Estádio do Bessa. O Boavista FC optou por um relvado arteficial para a epoca 2014/2015 onde vai competir na primeira liga Portuguesa

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NFL: “COMUNISMO NO DESPORTO”

O MODELO DE NEGÓCIO DA NFL E A DISTRIBUIÇÃO DOS DIREITOS TELEVISIVOS NESTE DESPORTO AS RECEITAS ANGARIADAS PELAS RECEITAS TELEVISIVAS SÃO DIVIDIDAS EM IGUAL MODO PELAS 32 EQUIPAS DA NFL

O

modelo de negócio da NFL, principal campeonato

da de 2010, o Green Bay Packers. Oriundo de uma pequena cidade

de futebol americano disputado nos EUA, é um

do Winsconsin, com pouco mais de 100.000 habitantes superou o

verdadeiro caso de sucesso e que merece um estudo

New York Giants. Sem a partilha igualitária de receitas televisivas

aprofundado pelas entidades desportivas europeias

isto seria apenas uma miragem.

e sul-americanas. E, para alguns casos, nomeadamente o futebol

O aumento da competitividade no jogo aumentou igualmente a

e os principais campeonatos pode ser copiado. Desportivamente

popularidade do mesmo e em consequência as suas receitas. Hoje

a NFL nunca foi tão competitiva. Financeiramente nunca foram

dentro dos quatro grandes desportos o futebol americano domina

tão ricos.

totalmente. Por exemplo, até à poucos anos o basebol dominava

Isto é de tal forma verdadeiro, que Roger Goodell, comissário da

as preferências. Hoje, a audiência do Super Bowl supera em 85

National Football League (NFL), anunciou o ambicioso objetivo de

milhões a do World Series.

$ 25 bilhões de receitas no ano de 2027. Para colocar este número

Temos ainda, o fato de quem ganha o Superbowl é o último a

em perspetiva, os países do Panamá, Jordânia, Gana ou Islândia, na

escolher novos jogadores na temporada seguinte, ou seja “pune-se”

viragem da presente década apresentavam valores de PIB nominais

o sucesso de modo a equilibrar a competição. Criando incerteza

inferiores. Para além do impacto das receitas oriundas das trans-

quanto ao campeão, que é talvez o fator mais preponderante para

missões televisivas, que falaremos mais abaixo, o bom desempenho

gerar emoção no desporto.

e a possível alta estimativa para o futuro devem-se aos contratos de patrocínio milionários, a exploração comercial das marcas e pela

Este modelo administrativo da NFL tem-se mostrado ganhador

venda de produtos licenciados – centralizados pela liga, e por fim

em todos os sentidos. Se pode ou não ser copiado nas principais

pela receita dos estádios que estão sistematicamente cheios.

campeonatos europeus e sul-americanos, não é uma resposta

Mas um ponto fundamental para a competitividade e a saúde

fácil. O desporto é diferente. Os adeptos são outros. E os interesse

financeira dos 32 clubes da NFL deve-se à forma como as receitas

também. Mas fará sentido termos sempre os mesmos campeões,

televisivas são distribuídas: de forma igual para os 32 clubes. Ou

que saem sempre de um lote de dois ou três clubes? Faz sentido as

seja, do mesmo pote, independentemente do tamanho dos clubes

meias-finais das últimas cinco/seis edições da Liga dos Campeões

e da capacidade destes de gerar público e receitas, recebem exata-

serem disputadas invariavelmente pelos mesmo clubes, com a

mente o mesmo dos grandes clubes. Talvez por isso, o sistema da

exceção de um ou outro intruso? E, mais importante: pode o fute-

NFL é muitas vezes olhado como “o comunismo no desporto”. E

bol aguentar-se deste modo?

se olharmos para os resultados desta política podemos facilmente

Este é um tema que voltaremos recorrentemente nas páginas da

afirmar que é “ o comunismo que funciona”.

Desporto&Esporte.

Olhemos para o exemplo do campeão da Super Bowl da tempora-

Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com 58 • Desporto&Esport • www.DesportoeEsport.com


STREAMING:

O FUTURO DAS TRANSMISSÕES DESPORTIVAS EM DIRETO Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

A

s plataformas digitais de

horas transmitidas graças ao streaming,

streaming de vídeo, como

mais de mil horas de conteúdos, oferecidos

são exemplo a Netflix ou o

aos assinantes.

Hulu, ganham por dia mil-

O sucesso do streaming, de uma forma

hares de novos assinantes todos os dias. O

geral, advém de duas novas realidades. A

exemplo da Netflix é ainda mais demon-

primeira delas é a democratização de apa-

strativo com mais de cinquenta milhões

relhos com ligação à Internet, como o Pc

de assinantes globais. Estes números indi-

e sobretudo os tabletes e os telemóveis de

cam uma tendência num mercado ainda

última geração. E, a crescente vontade dos

fortemente por explorar. E, se os exem-

telespetadores de acederam aos conteúdos,

plos acima se referem à ficção criada

mesmo aqueles que são transmitidos em

pela indústria televisiva e cinematográfica,

direto, com total controlo e sem restrições

começam a observar-se sinais muito inter-

de locais ou de aparelhos eletrónicos. A

essantes relativos ao streaming de desporto

isto podemos ainda somar as vantagens

em direto. De acordo com a cadeia tele-

apresentadas pelos operadores de stream-

visiva FOX, 528 mil espectadores assisti-

ing desportivo, como escolha de câmeras,

ram ao Super Bowl de 2014, tornando o

o acesso a estatísticas ao minuto e à distân-

evento desportivo ao vivo (live-stream)

cia de um click ou acompanhar um único

mais assistido de um único evento. No

jogador durante todo um jogo, caso exista

mesmo seguimento, os Jogos Olímpicos

essa vontade por parte do espetador. O

de Inverno assistiu a uma duplicação de

potencial é imenso..

“Streaming é uma tecnologia que envia informações multimídia, nomeadamente vídeos, através da transferência de dados, utilizando redes de computadores, especialmente a Internet.”.

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A MLB.tv tornou-se numa das principais operadoras de streaming para o baseball dos EUA

“O sucesso do streaming, de uma forma geral, advém de duas novas realidades: a democratização de aparelhos com ligação à Internet... e, a crescente vontade dos telespetadores de acederam aos conteúdos, mesmo aqueles que são transmitidos em direto, com total controlo e sem restrições de locais...” E, não fica por aqui. Os assinantes de TV

Com o crescente decréscimo da televisão

fundamental neste processo.

paga, ou TV Cabo como também é des-

paga e o crescente aumento de consum-

Com o crescente avançado das velocid-

ignada, começam a sentir algum descon-

idores a migrarem para o live-stream,

ades de download e upload disponibili-

forto em relação a esta forma, ainda domi-

leva-nos a questionar qual será o futuro

zadas pelas operadoras de internet – fixa

nante, de consumir televisão e eventos

das transmissões ao vivo de eventos des-

e móvel -, a qualidade de imagem e som

desportivas pela TV em direto. Olhemos

portivos.

entre o streaming e televisão não é mais

alguns números referentes ao mercado

Existem vários fatores que nos levam a

significativo. Com as vantagens, já men-

norte-americano, aquele que é sem dúvida

apontar que o futuro passa pelo streaming.

cionadas, na possibilidade de ângulos de

alguma o mais estudado. Hoje, existem

Sem que pelo menos num futuro a curto

visão ou acesso imediato a estatísticas para

cerca de 84 milhões de assinantes de Tv

prazo o domínio da televisão paga seja

o streaming online.

paga. No entanto, desde de 2010 que os

quebrado ou seriamente ameaçado.

A televisão é igualmente limitada pelo

lares americanos veem cortando as suas

Em primeiro lugar temos a assunção da

número de canais que possui e com tal é

assinaturas, sempre valores acima de 4,5%

realidade, em que um meio de transmissão

também limitada na cadência de conteú-

ao ano e chegando o ano passado ao 6,5%.

esta em crescimento e outro em perda.

dos que pode disponibilizar.

A principal razão apontada é o alto preço

Seguindo esta mesma ideia, o streaming

O streaming e as suas operadoras tem

destas assinaturas, que muitas vezes não

mais que uma moda, é uma forma de

igualmente sabido captar anunciantes, e

compensa o investimento. E um relatório

consumir conteúdos de entretenimento

integrar anúncios individualizados não

apresentado pela Experian Marketing

que vai de acordo ao que é hoje uma nova

intrusivos, o que permite por um lado,

Services revela ainda que esses números

filosofia de consumo em crescente aceita-

uma maior competitividade ao preço ofe-

disparariam não fossem os pacotes de

ção, nomeadamente pelas faixas etárias

recido aos seus anunciantes, e a oferta de

desporto distribuídos por cabo. De acordo

mais jovens, entre os dezoito e quarenta

um maior número de conteúdos.

com CouponCabin, 43% dos assinantes

e cinco anos, que significam hoje a maior

O streaming parece ser de facto o futuro,

de cabo, afirmaram que a única razão

fatia do mercado e em poucos anos o

os próximos anos serão fundamentais,

pela qual não “rasgavam” o contrato com

dominarão totalmente. Temos ainda, a

assim como se dará a adaptação das tradi-

as suas subscrições de cabo se devia ao

forma como os aplicativos Web, que anal-

cionais cadeias televisivas a esta nova reali-

desporto e à necessidade que tinham de

isamos em um outro artigo desta edição,

dade. É esperar para ver.

assistir com regularidade a eventos des-

estão a mudar o perfil dos consumidores

portivos.

e como a interação com a Web se tornou

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ACTN3: O GENE DOS CAMPEÕES Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

Realizar testes de perfil genético para o comum dos cidadãos tonou-se nos últimos anos uma tarefa relativamente simples e não muito dispendiosa. A organização atlasgene, disponível em atlasgene.com, possibilita facilmente essa análise. O primeiro passo, é obter um kit, que pode ser obtido através do Website mencionado acima. Preencher o formulário de candidatura. Realizar o teste, que consiste em molhar com saliva a almofada de algodão do kit. Enviar o kit para o laboratório e esperar o resultado, que demora cerca de três semanas a um mês.

GENE ACTN3

T

radicionalmente, o desempenho desportivo tem

ACTN3 resulta da síntese de uma forma truncada e não-funcional

sido atribuído ao treino, a uma nutrição adequada e

de alfa-actinina-3. Diversos estudos, demostraram que a presença

a um talento natural do atleta. Talento que é sempre

ou ausência de alfa-actinina-3 tem consequência no desempenho

ligado a um dom que é inexequível justificar. Nasce-

físico. Simplisticamente, a sua presença beneficia funções que

se assim, porque assim aconteceu. Porém, nos últimos anos, tem-se

exijam um maior desempenho muscular. Enquanto a sua ausência

olhado insistentemente para o perfil genético dos atletas de modo

beneficia provas de longa duração.

a entender quer se as suas características se adequam às modali-

Os cientistas expuseram que os indivíduos com a variante em

dades que praticam. Ou para compreender se os resultados obtidos

ambas as cópias do seu gene ACTN3 pode ter uma pré-disposição

se devem à superação física ou a uma predisposição genética que

natural para a resistência (eventos relacionados com cagas de

eleva determinado atleta a patamares impossíveis para os seus

energia aeróbica), tais como corrida de longa distância, natação

pares. Consequentemente, na análise de diversos fatores genéticos,

distância ou esqui. Esses atletas com uma cópia da variante no

nomeadamente através do polimorfismos de DNA, tornou-se fun-

seu gene ACTN3. Pode ser igualmente adequado para tanto

damental para a compreensão do rendimento desportivo.

resistência e Sprint / potência desportiva como o futebol ou andar

Define-se polimorfismos de DNA as sequências de bases que dife-

de bicicleta. Atletas que não possuem nenhuma cópia da variante

rem do que é tido como “normal” ou “comum”. Ou seja, presente

na sua ACTN3 gene podem ter uma predisposição natural para a

na maioria da população mundial. Essa sequências diferenciadora

velocidade desportes ou potência como eventos de futebol, levan-

podem influenciar a expressão ou percentagem de determinadas

tamento de peso e de sprint.

proteínas e desse modo influenciar e alterar o desempenho físico

Os atletas profissionais passaram a incorporar testes genéticos no

e desportivo. Diversos estudos e trabalhos começam a demonstrar

seu treino. Compreender as suas características inatas tornou-se

uma relação direta com certos polimorfismos de DNA e o desem-

fundamental para a avaliação do treino e para selecionar sistemas

penho desportivo, em particular em modalidades de alto esforço

e técnicas de treino.

muscular. Entre todos, o que indiscutivelmente mais se destaca é

Por fim, apesar das vantagens competitivas do gene ACTN3, não

o gene ACTN3.

significa que tê-lo fará de si ou do seu filho um astro no desporto.

De certo modo, este é inclusive um polimorfismo de DNA relativa-

Muitos outros fatores tem de ser levados em conta. Este é somente

mente comum. Esta presente em cerca de 18% a 25% da população

mais um.

geral, com ligeiras diferenças dependendo da região geográfica. O

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CONTRADITÓRIO:

A IMPORTÂNCIA DE DIFERENTES IDEIAS NA GESTÃO DESPORTIVA Pedro M. Silva. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

N

os últimos dez anos, em

ros de gestão e finanças, aponta diversos

alguns países isso acontece

exemplos de sucesso de empresas e clubes

há já mais tempo, uma

desportivos que alcançaram o sucesso

política de comunicação

saindo de “dentro da caixa”. Ou seja, apos-

fechada por parte dos clubes de futebol

tando em ideias e conceções de negócio

e obrigando os seus intermediários a um

inexplorados ou desvalorizados.

discurso cheio de lugares comuns e em

Neste seguimento, apostar em formar ide-

sintonia com o que a mensagem que se

ias contrárias e diferentes nas organiza-

pretende passar e sem lugar a um pensam-

ções desportivas pode ser a única forma

ento original ou individual. Vemos igual-

de sobrevivência principalmente para as

mente presidentes a agregarem significa-

organizações com menores recursos finan-

tivamente mais poder e a secarem tudo à

ceiros. E menor capacidade para se adapta-

sua volta. A crítica jornalística ou mesmo

rem rapidamente a mudanças repentinas.

dos adeptos é desvalorizada no melhor

Julian Birkinshaw, da London Business

dos cenários e severamente atacada na

School, assume a ideia que uma das prin-

maioria das vezes. Mesmo as seleções

cipais causas para o declínio das orga-

nacionais dos países, instituições de uti-

nizações, nas quais podemos colocar as

lidade pública e subsidiada em parte por

organizações desportivas: “é a perda de

dinheiros do orçamento de estado, não se

agilidade estratégica: a capacidade que

coíbem de afirmar se não for para ajudar

uma empresa tem de mobilizar as pessoas

e suportar, que é melhor nem aparecerem.

por toda a organização para manterem

Olhamos para dentro dos clubes e dificil-

seus olhos abertos para as mudanças no

mente achamos pessoas com capacidade e

ambiente externo, e assumirem a respon-

estatuto para apresentarem novas aborda-

sabilidade de disseminar suas novas ideias

gens e diferentes ideias. Vivemos numa era

e desafiar os processos atuais”.

de pensamento único e de estratégias sem

Por fim, a velha máxima que em equipa

planos B. Mas que vantagens existem nesta

que ganha não se mexe pode ser uma con-

forma de agir?

ceção falaciosa. Uma boa ideia hoje pode

Na nossa opinião muito poucas. Em última

não significar que essa mesma ideia seja

análise, um modelo de negócio desportivo

vencedora amanha.

e de treino chega a um ponto de saturação.

No fundo, a adaptabilidade, mesmo no

Como afirma Birkinshaw, “um dos inimi-

meio desportivo e nas suas organizações,

gos da agilidade estratégica é a empresa

é um ponto fundamental e isto é melhor

basear-se em métricas velhas e restriti-

conseguido quando existem ideias dife-

vas e não questionar com frequência os

rentes e abordagem que se diferenciem.

indicadores de desempenho, acarretando

Privilegiar um debate saudável é a melhor

a criação de pontos cegos muito perigosos

solução para o sucesso no presente e prin-

na visão estratégica.”

cipalmente no futuro.

Frans Johansson autor de diversos liv-

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“... um dos inimigos da agilidade estratégica é a empresa basear-se em métricas velhas e restritivas e não questionar com frequência os indicadores de desempenho, acarretando a criação de pontos cegos muito perigosos na visão estratégica”


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COPA 2014: OS NÚMEROS INVESTIMENTOS, GANHOS E PERDAS!

A

última década brasileira foi

Apesar de muitas dúvidas colocadas ao

os números e concentremo-nos apenas no

marcada por importantes

modelo adotado e do Brasil estar ou não

Mundial de 2014.

conquistas económicas e

num crescimento sustentável e viável a

O custo do Mundial de 2014 de acor-

sociais.

Transformou-se

longo prazo, existe um facto que é indes-

do com informações da Matriz de

na sexta maior economia

mentível, entre 2002 e 2012, 37 milhões de

Responsabilidades situou-se em “ R$ 28,1

a nível mundial, e acima de tudo existiu

brasileiros passaram a pertencer à classe

bilhões, sendo que os investimentos em

um esforço palpável de esbater muitas das

média. E muitos milhões mais deixaram

mobilidade urbana somam R$ 8,9 bilhões,

desigualdades socias que há muito fazem

a extrema pobreza. Os megaeventos,

para os aeroportos chegam a R$ 8,4 bil-

parte da realidade das populações brasilei-

Mundial seguido de Olimpíadas no espaço

hões, em estádios registram R$ 7,6 bilhões

ras. Na base desta transmutação passa

de apenas 2 anos, surgem dentro deste

e em portos, R$ 700 milhões. Para as

segundo as autoridades brasileiras por um

espirito e no sentido de afirmar ainda mais

estruturas, equipamentos e capacitação em

modelo de desenvolvimento baseado no

a marca “Brasil” pelo mundo.

segurança, o recurso é de R$ 1,9 bilhão. A

crescimento com estabilidade, equilíbrio

Pensando no legado e nos efeitos positivos

área de telecomunicações recebeu R$ 400

fiscal, inclusão social e competitividade.

para mais à frente, olhemos primeiro para

milhões e a de turismo, R$ 200 milhões”.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

Mais de 85% do investimento na “Copa do Mundo” foi feito com dinheiros públicos. 60,1% dos investimentos foram gastos em obras de vias e transportes públicos, bem como os aeroportos – 33,6% para as deslocações terrestes e 26,5% referentes aos transportes aéreos. A segunda maior fatia foi gasta com os 10 estádios, que somando perfazem 27,7%. Os portos somaram 2,6% do total dos investimentos, enquanto as infraestruturas e comunicação no seu conjunto chegam aos 1,4% dos investimentos.

No entanto, estes valores podem sofrer acréscimos significativos, já

das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) promoveu ações

que ficaram fora das contas todas as obras que não ficaram pronta

e encontros durante a realização do torneio e trouxe mais de 2,3

a tempo para o Mundial, e não contabilizados igualmente todos as

mil empresários oriundos um pouco por todo o mundo. O mesmo

despesas com as estruturas temporárias exigidas pela FIFA para

ministério do turismo afirma que o número de turistas superou

todas as arenas do Mundial, tais como aluguel de tendas, aparel-

em mais de 100 mil as espectativas, fixando-se em 700 mil os visi-

hos de primeiros socorros, sistemas de informação, entre outros.

tantes estrangeiros que chegaram ao Brasil durante o período da

Puxando o custo total do Mundial para os R$ 30 bilhões.

“Copa”. Um acréscimo de 131% quanto comparado com o mesmo

Relativamente ao retorno económico já existem alguns dados que

intervalo do ano anterior. Os argentinos são a maior fatia e vieram

podem ser apresentados.

em grande número, cerca de 101 mil, seguidos bem de perto pelos

Pouco mais de uma semana após o se ter jogado a final e de

norte-americanos com 83 mil e os chilenos com 44 mil. As cidades

terminado o evento foi divulgado que as estimativas apontavam

que registaram um maior acentuado de número de turistas foram

para que tinha sido injetado na economia brasileira cerca de R$

Natal (RN) registrou aumento de 851%, Cuiabá (MT) de 963%,

30 bilhões em resultado direto com o Mundial de futebol. Esta

Curitiba (PR) de 167% e Manaus (AM) de 409%, novamente em

estimativa surgiu fruto de uma pesquisa efetuada pela Fundação

comparação com o mesmo período do ano passado.

Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) e encomendada pelo

Segundo estimativas oficiais, o evento Mundial de futebol, desde o

Ministério do Turismo. O estudo indica que o impacto do Mundial

ano de 2011, há-de ter representado um acréscimo no crescimento

será sensivelmente três vezes maior que o valor conseguido na

do PIB brasileiro entre 1 a 1,5%.

Copa das Confederações, a partir de dados que incluem impactos

Mas nem tudo foram ganhos, de acordo com a Cielo – empresa

iniciais, diretos, indiretos e induzidos na economia. Relembramos

ligada às transferências comerciais por cartão de crédito e debito,

que os números consolidados durante a realização da Copa das

o valor gasto por turistas decaiu em 7%. O sector industrial reg-

Confederações no ano de 2013 se fixaram nos R$ 9,7 bilhões

istou uma pequena queda, em muito devido ao encarecimento do

injetados no PIB brasileiro.

crédito e ao aumento da inflação - nos últimos 12 meses até ao

Segundo estimativas do ministério brasileiro do turismo foram

Mundial um aumento de 6,52%.

criados para o Mundial quase um 1 milhão de empregos no

Por fim, o lado mais negativo, economicamente falado, deveu-se

país, sendo que 710 mil empregos são fixos e 200 mil apenas

às paragens de produção e laborais devido aos vários feriados que

temporários. Representando cerca de 15% dos empregos criados

foram acontecendo durante o Mundial. Numa estimativa previa ao

durante o mandado de Dilma Rousseff. Aproveitando a visibi-

Mundial esperava-se avultadas perdas para a economia brasileira,

lidade do Mundial de futebol a Agência Brasileira de Promoção

em um valor especialmente alarmante de R$ 30 bilhões.

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MUNDIAL BRASIL:

CRITICAS, MANIFESTAÇÕES E IMPRENSA MUNDIAL.

C

havões como “não vai ter

os mesmos valores seria possível construir

Copa” tornaram-se comuns

mais de 90 mil postos de saúde comple-

e largamente audíveis nos

tamente equipados, comprar cerca de 350

meses que antecederam a

mil ambulâncias equipadas, contratar mais

realização do Mundial do

de 2 milhões de professores por ano ou

Brasil. Ao contrário do que era espec-

construir perto de 25 mil km de estradas

tável uma boa parte da população brasileira

alcatroadas.

mostrou-se contra a realização do Mundial

Outra das críticas levantadas refere-se à

no seu país. As manifestações que se ini-

sentida falta de transparência em muitos

ciaram na Taça das confederações e se pro-

de negócios e o superfacturamento em

longaram por mais de um ano foram uma

muito deles, sem boas razões justificativas.

surpresa ainda maior. Uma surpresa que

O andamento das obras e o fato de muita

as autoridades na grande maioria das vezes

delas não se concluírem até ao Mundial

não souberam lidar. E fizeram com que

também levantavam muitas incertezas. Mas

muitas manifestações pacíficas se tornas-

a pergunta mais frequentemente feita e

sem violentas. Diga-se, a bem da verdade,

que continua atual é: depois do evento que

que existiram vários grupos que utilizaram

legado fica para a posteridade?

as manifestações para criar distúrbios e

Uma dúvida a que se juntaram muitas vozes

foram igualmente culpa deles o rastilho de

com notoriedade pública ou que ganharam

muita violência.

essa mesma notoriedade por conta do seu

As críticas da população brasileira à real-

descontentamento se ter tornado viral nas

ização do Mundial começaram a ouvir-

redes socias. Um dos casos mais notórios

se desde o ano de 2011 e iniciaram-se

é o da brasileira Carla Dauden criou um

em grande medida aos enormes gastos

vídeo No, I’m not going to the World Cup,

que a organização comportaria para os

onde nele fazia censuras à forma como a

cofres do estado, cerca de R$ 25,5 bil-

preparação e o investimento dos dinheiros

hões. Relembremos que perto de 90% do

públicos foram feitas para a organização do

investimento é público. A organização dos

Mundial.

últimos três mundiais no seu conjunto

Curiosamente, o vídeo acima referido,

não chegou a esse valor. Num país, que

surgiu exatamente no momento em que

apesar do crescimento e do esbatimento

explodiram as manifestações. Milhares de

das igualdades nos últimos anos, onde

pessoas manifestaram o seu descontenta-

existem índices preocupantes na saúde,

mento na rua, exemplificando o poder de

segurança ou educação uma boa parte dos

mobilização das redes sociais, origem da

cidadãos brasileiros e da sociedade civil,

maioria das “convocatórias”. Professores,

com destaque em muito jornalistas e “opin-

“sem tetos”, índios, estudantes e muitos

ion makers”, olhou para os gastos da “copa”

outros saíram à rua em protesto como raras

como supérfluos e desnecessários. Para se

vezes se tinha visto nas principais cidades

ter uma noção do investimento feito, com

brasileiras.

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As manifestações durante a Taça das confederações apanharam as autoridades totalmente de surpresa. Superfacturamento, desigualdades sociais e necessidades estruturais mais prioritárias quando comparadas com a realização do Mundial, foram alguns dos pontos mais escutados pelos manifestantes.


MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

Os cartoons foram um dos principais meios de mostrar o descontentamento com a realização do Mundial no Braasil.

Depois surgiram as duras críticas da Fifa aos atrasos na construção nas obras, nomeadamente dos estádios e das infraestruturas de ligação. A imprensa internacional caiu igualmente fortemente sobre a organização brasileira. Ao lado, temos a capa da revista france football, que se veio a provar falsa, mas que se tornou viral e causou imensa polemica. Mesmo a capa da revista francesa sendo falsa, muitas outras ouve, nomeadamente da imprensa britânica, com duríssimas críticas à organização brasileira e as suas autoridades.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

COPA 2014 : QUE LEGADO?

A

copa aconteceu. Dentro do campo o Mundial do

imagem negativa foram bem mascaradas e passaram quase des-

Brasil foi um sucesso, mas deixa para as populações

percebidas a quem assistia o Mundial pela televisão. Os adeptos

um legado positivo? Talvez essa seja a pergunta

que foram ao Brasil na sua grande maioria gostaram e têm e pub-

mais frequente e necessária agora que os jogos já

licaram opiniões bastantes favoráveis. As transmissões televisivas,

fazem parte do passado, mas é também a mais difícil

como norma da Fifa, foram de muito boa qualidade.

de responder. Existe ainda muita informação a necessitar de uma

Mas existiram igualmente situação negativas. A queda do viaduto

imprescindível e cuidadosa observação. Muitas obras periféricas

que resultou em algumas mortes e alguns feridos e que correu

ao Mundial que precisam de ser concluídas; e de que forma serão

mundo em pleno Mundial – numa obra construída de prepósito

concluídas e se ficaram dentro do orçamentado. Dados a ser adi-

para o campeonato do Mundo. Algumas fotos e vídeos virais nas

cionados como o fluxo turístico dos próximos meses e do próximo

redes sociais mostraram um lado do brasil que muito provavel-

ano. Deste modo, ao contrário do que aconteceu com Portugal,

mente as autoridades brasileiras dispensavam.

Grécia, Alemanha, Africa do Sul e Londres apontamos para mais

Dentro dos jornalistas internacionais que presenciaram o Mundial

tarde, em futuras edições uma resposta mais definitiva e concreta

em terras brasileiras não existe um consenso claro relativamente a

em relação ao legado deixado pelo Mundial em terras brasileiras.

questões ligadas com a organização. Enquanto muitos elogiaram,

Mas algumas considerações podem ser feitas desde já.

outros tantos teceram duras críticas. O Hélder Conduto, jornalista

O principal objetivo do Brasil, projetar uma imagem positiva e

da RTP que acompanhou a seleção portuguesa, em entrevista para

impositiva no Mundo, em grande medida falhou. E tinha falhado

a RTP Informação, afirmou, que só não podia afirmar que a orga-

ainda os jogos não se tinham iniciado. As constantes críticas da

nização da Copa de 2014 não tinha sido a pior de sempre porque

imprensa mundial, como referido na página anterior, debilitaram

não tinha estado presente em todos os Mundiais.

a perceção de muitos países em relação ao Brasil, principalmente

Por fim, como “legado” do Mundial de 2014 para o brasil, desde já

os países que têm um menor conhecimento deste país. Antes do

parecem ter-se destacado dois pontos.

mundial se iniciar, neste ponto o brasil já perdia de goleada, tal

O primeiro é a necessidade de consultar as populações e a sua

como afirmara Juca Kfouri no programa Roda Viva. Restava tentar

opinião relativa a megaeventos futuros.

empatar. A “copa das copas” era apenas uma ilusão.

Em segundo, a necessidade de reformular o futebol brasileiro

Como referido, dentro do campo o Mundial do Brasil foi um

que se mostrou claramente atrás de muitos dos países europeus e

sucesso. E os adeptos de forma generalizada ajudaram a abril-

mesmo de alguns países sul-americanos. Sendo que o Brasil tem de

hantar o evento. Muitas das situações que podiam projetar uma

longe o maior potencial de criação de taletos para o futebol.

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PLAYNIFY A REDE SOCIAL DESPORTIVA PARA TODOS OS ATLETAS AMADORES

D

Vitor E. Santos. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

esde há vários anos que as redes socias determi-

desportista e encontramos outros jogadores e jogos para partici-

nam em grande medida a forma como interagi-

par”.

mos com o mundo. Olhemos para o facebook e a

Existe igualmente espaço, na Playnify, para as associações e recin-

forma como ele se tornou o nosso bilhete de iden-

tos desportivos e possibilitam a plataforma ideal para exponenciar

tidade digital. Cumprindo um papel fundamental

e alargar o espaço de comunicação com os seus futuros utiliza-

como uma das principais, se não mesmo a principal, plataforma

dores, e melhorar a rentabilidade desses mesmos recintos.

de comunicação nesta nossa década. Com o sucesso do facebook.

Playnify aposta na facilidade de uso e na simplicidade para captar

Várias outras redes socias chegaram até nós. Nesta edição olhamos

o máximo de utilizadores possíveis, sem que o nível de conhe-

para uma rede social desportiva: Playnify.

cimentos informáticos e de adaptação à plataforma sejam um

Playnify, uma rede social portuguesa e portuense, que se assume

problema.

como um facilitador para quem quer sair de casa e praticar despor-

Disponível desde novembro de 2012, a Playnify não pretende

to, colaborando na procura de companhia e parceiros desportivos.

ser uma rede social exclusivamente portuguesa, mas sim, do

Quantas vezes acontece marcar um jogo de futebol entre amigos, e

mundo. A sua mudança para Silicom Valley, nos Estados Unidos

faltar um para fazer duas equipas completas? Ou querer fazer uma

da América, após terem vencido o AIDA Startup Challenge em

caminhada ou corrida mas por falta de companhia ficar em casa?

Aveiro, é um exemplo da ambição desta plataforma.

O Playnify pretende exatamente quebrar essas barreiras e ligar atletas amadores um pouco por todo o mundo.

O bom feedback, e a já considerável aderência a esta plataforma,

Em declarações ao Jornal de Noticias, Joaquim Valente, cofunda-

e as vantagens que ela proporciona fazem desta rede social uma

dor e CEO da Playnify, explica que “a plataforma aposta em ligar

ótima opção para pessoas que se querem exercitar e não tem

as pessoas de todo o mundo através do desporto”. “No Facebook

companhia. É possível fazer a autenticação através da conta do

partilhamos a nossa vida pessoal e interagimos com amigos, no

facebook, o que é de grande auxílio.

LinkedIn partilhamos a nossa vida profissional e encontramos oportunidades de negócios. Na Playnify, partilhamos a nossa vida

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Joze Mourinho (Por) - Futebol

Doc Rivers (USA) - NBA

Zico (Bra) - Futebol

TREINADOR

Os principais desafios e tarefas que a evolução no desporto obrigam. Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

FORMADOR GESTOR MULTIDISCIPLINAR COMUNICADOR ESTRATEGA LÍDER E MUITO MAIS...

1.

Formar e gerir uma equipa técnica multidisciplinar. O desporto de alto rendimento tornou-se nas últimas duas décadas uma atividade totalmente profissional e foi com naturalidade que se deu a segmentação das suas áreas em várias disciplinas che-

fiadas por técnicos e especialistas. O treinador tomou assim para si a responsabilidade de gerir e chefiar todos estes grupos para um objetivo comum: a vitória. É importante reconhecer que esta gestão é a cada novo dia mais complexa, na medida, que cada disciplina evolui num ritmo próprio e a necessidade de alterações constantes é uma realidade que requer adaptação constante.

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2.

Escolher e gerir atletas que se completem. Formar uma equipa, que dependendo do desporto, pode facilmente contar com mais de vinte atletas é uma tarefa ardilosa e que deve ser feita com um critério científico.

Acrescentando a isso, a mediatização dos atletas como estrelas internacionais e publicitárias. Misturar atletas de diferentes idades e diferente maturidade competitiva e diminuir a influência dos objetivos pessoais é uma tarefa herculana mas absolutamente necessária para o sucesso.

O

s clubes modernizaram-se. O jogo, dentro do campo, mudou radicalmente. O perfil do atleta também. Assim como toda a estrutura técnica de uma equipa desportiva de alto

nível. Não pode então ser surpreendente que o perfil de treinador tenha também sofrido profundas alterações. Hoje, os treinadores desportivos são obrigados a executar diariamente um largo conjunto de habilidades e conhecimentos que os auxiliem a atuar da forma mais competente com todos os desafios que lhes surgem. E, os desafios são mais que muitos que obrigam o treinador a um perfeito domínio de diversas dimensões no treino, que vai além do conhecimento técnico

3.

e tático, como são os aspetos mentais, a psicologia de grupo, Gerir uma estratégia e valores comuns. Cabe ao treinador, como primeiro e principal líder, mais do que criar, gerir uma estratégia que

leve a equipa desportiva aos seus objetivos. Atualmente, esta tarefa é bem mais complexa que numa primeira análise possa parecer. Cada atleta tem os seus objetivos próprios, e muitas vezes esses mesmos objetivos não coincidem com as necessidades da equipa. Cabe ao treinador avaliar cada situação individualmente e arranjar consensos para que pelo menos se tente arranjar uma fórmula que beneficie a todos, principalmente o clube desportivo, sem que para isso se percam ativos fundamentais.

4.

a definição de objetivos comuns que influenciam diretamente o desempenho das equipas e a classificação no final de uma época desportiva. O treinador tornou-se num “super-especialista”, com a particularidade de ser aquele que está mais próximo dos atletas, e aquele que mais influencia diretamente o comportamento destes, como educador, conselheiro, estratega e acima de tudo como líder. Muito daquilo que acontece nas equipas profissionais depende do treinador enquanto líder de todo o processo. Tanto os treinadores, como os restantes elementos da equipa técnica, influenciam a equipa com quem trabalham e interagem, seja de forma pensada ou mesmo através do próprio exemplo.

Criar um plano B. E, um plano C. É das tarefas mais importantes de um treinador antecipar o inesperado. Lesões, castigos, condições atmosféricas adversas, ou o mais frequente, uma estratégia tática eficiente da

equipa adversaria. É fundamental também mudar e saber quando deve mudar quando os resultados/exibições não aparecem.

Gerir o insucesso e os erros individuais de cada atleta de uma forma que da sua intervenção possam resultar melhorias e desenhar um plano B é igualmente uma tarefa da competência do treinador. Por fim, gerir a comunicação com a imprensa é fundamental. Na era digital em que vivemos, a informação viaja instantaneamente em todo globalmente, e erros de comunicação é fundamental. Por muito que os clubes possuam áreas de comunicação com especialistas, não raras vezes, o microfone e as câmeras de vídeo estão unicamente apontadas para o treinador e é a ele que cabe a incumbência de passar a mensagem.

5.

Formação constante. O treinador não pode parar. Como diz o ditado popular: para é morrer. Como fica facilmente percetível, os treinadores estão obrigados a dominar inúmeras disciplinas num desporto em contante mudança e

inovação. Sem formação e estudo, rapidamente o treinador, enquanto especialista que o é, torna-se obsoleto.

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CHESSBOXING: BOXE E XADREZ

A união de duas modalidades tão diferentes que está a fazer furor e pretende em breve tempo ser incluida nas Olimpiadas. Vitor E. Santos. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

D

esportos híbridos, ou seja,

Este desporto é regido pelas duas organiza-

desportos

ções, a World Chess Boxing Organisation

duas

que

fundem dis-

(WCBO) com base em Berlin e a World

tintas, e que a uma pri-

modalidades

Chessboxing Association (WCBA) com

meira vista nada têm a ver um com o

base em londres. A WCBA já acolheu e

outro, começam a ser usuais e populares.

organizou mais de 20 torneios ao longo

O Chessboxing, um desporto que junto

dos últimos 5 anos e tem como principal

no mesmo ringue, a perícia do xadrez e a

objetivo e missão unificar as organizações

força do boxe, é disso exemplo.

Chessboxing internacionais sob uma única

O Chessboxing foi inventado, na década de

bandeira. A WCBO recebeu vários eventos

90, pelo holandês Iepe Rubingh, inspirado

desde 2003, em cidades como Amesterdão,

pela banda desenhada Froid Équateur,

Berlim, Colônia, Munique, Krasnoyarsk,

do artista Enki Bilal. Ao contrario do

Moscovo ou Paris. Desempenhando um

que acontecia na obra de Bilal, um com-

papel fundamental na divulgação desta

bate de boxe seguido por um jogo de

nova modalidade e na angariação de novos

xadrez, o Chessboxing alterna um embate

fãs..

de xadrez com um combate de boxe, em

Curiosamente

onze rounds, 6 de xadrez e cinco de boxe.

improvável este novo desporto tem cada

e

apesar

de

parecer

vez mais novos seguidores, havendo É interessante constatar que este conceito,

mesmo quem afirme que esta pode vem

boxe e xadrez na mesma modalidade,

vir a ser o desporto perfeito, uma asso-

é algo recorrente na ficção. Em 1991, o

ciação entre o esforço físico e a destreza

filme finlandês Uuno Turhapuro—herra

mental, inteligência e músculos.

Helsingin herra, apresenta um conceito semelhante. Onde a personagem principal

Rubingh acredita que, tal como outros

e herói da história, joga xadrez com os

desportos híbridos como o triatlo, também

olhos vendados com uma pessoa, usando

o chessboxing pode vir a competir nos

para isso um sistema de comunicação

jogos olímpicos. E este é possivelmente a

mãos-livres, enquanto no ringue boxeia

primeira grande ambição do Chessboxing,

com outra pessoa. Um outro filme, Ninja

e talvez o ponto de viragem para este novo

Checkmate de 1979, assume estas mesmas

desporto conquistar definitivamente o seu

premissas. Sendo que, Rubingh afirma ter

lugar no desporto mundial.

conhecimento destes dois filmes na altura que criou o Chessboxing.

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Chessboxing é um jogo que funde duas modalidades: boxe e xadrez, e que contra as espectativas conquista todos os dias novos fãs. A ambição é torna-lo num desporto olímpico.


REGRAS: As regras do Chessboxing são bastante simples. Cada “embate” é composto por 11 rounds, 6 desses rounds de xadrez e 5 rounds de boxe. Cada rodada de xadrez leva 4 minutos, enquanto uma rodada de boxe leva 3 minutos. Entre rodadas, é dado um minuto de descanso, que é na maioria das vezes gasto para colocar ou tirar as luvas. O jogo só termina por xeque-mate ou K.O.

CURIOSIDADE:

Os atletas usam fones durante os rounds de xadrez para evitarem ser distraídos pela narração ao vivo do comentador, assim como pelos gritos e incentivos do público.

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LIVRO

THE FIX:

ORGANIZED CRIME AND SOCCER

DECLAN HILL

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Declan Hill é um jornalista, académico, consultor e documentarista. Nos últimos anos, ele tornou-se em um dos maiores especialistas na viciação de resultados e muito do seu trabalho mais recente incide sobre este tema. Anteriormente, Hill trabalhou em pelas sobre os assassinatos generalizados de jornalistas filipinos, o assassinato do chefe da máfia canadense, feudos de sangue no Kosovo, a limpeza étnica no Iraque, as religiões pagãs na Bolívia e os crimes de honra na Turquia.

“O Brasil 3-0 Gana é um dos casos de viciação de resultados apresentados neste livro”

C

orrupção no futebol. Este é o tema deste livro. O

era o treinador da selecção sub-17, alguém que se movimentava

jornalista e investigador canadiano Declan Hill,

à vontade no futebol do Gana. Chin assegurou-me que ele tinha

descreve minuciosamente como as máfias con-

conseguido manipular oito jogadores”, explicou Hill em entrevista

trolam os bastidores e de como a viabilidade do

a um jornal germânico. Cada jogador receberia 30 mil euros. O

futebol pode estar gravemente em perigo devido à corrupção e a

jogo apesar de bem disputado segundo as cronicas, ficou em 3-0,

todas as consequências nefastas que ela provoca. A abrangência de

vitória para o Brasil, decidido com uma serie de erros anormais,

combinação de resultados é de tal forma gigantesca que engloba

como passes falhados e descuidos na defesa inaceitáveis em joga-

desde os campeonatos juvenis da Escócia ou Finlândia, aos tor-

dores profissionais e a este nível.

neios de sub-20, até ao jogos Olímpicos e ao mundial de 2006.

Este livro é uma excelente escolha para aqueles que pretendem

Depois de três longos anos de investigação Hill afirma que o fute-

conhecer de mais de perto o lado mais negro do futebol e a forma

bol corre um grande perigo, e afiança que a maioria dos homens

como as “sombras” influenciam os resultados fora das quatro

que destruíram os campeonatos na Ásia está agora com os pés bens

linhas. Simples e de fácil leitura. Como único problema, talvez a

assentes na Europa. E os seus métodos não mudaram. O homem

narrativa na primeira pessoa e alguma tentativa de heroicidade por

por trás da cortina é Lee Chin - nome fictício. Segundo Hill, que

parte do autor. Mas, uma coisa é garantida, após a leitura da última

se encontrou pessoalmente com Chin o poder deste homem é bem

página percebesse perfeitamente como se pode manipular um

real e os seus tentáculos estão um pouco por todo o lado e por

resultado e a forma simples e eficaz como é feita. Entendendo-se

todas as competições.

igualmente as imensas fragilidades que existem no sistema fute-

Um dos casos mais bombásticos retratados neste livro é o do jogo

bolístico mundial e nas suas organizações, onde parece não existir

Gana-Brasil do mundial da Alemanha em 2006. “Ele disse-me que

vontade para mudar e aumentar as “proteções”.

Pedro Silva. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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FILME

MONEYBALL: ESTATÍSTICA, INOVAÇÃO E ARROJO CORPORATIVO

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Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com


“... é inacreditável o quanto você não sabe do jogo que tem jogado a vida toda” Frase de abertura do filme Moneyball

S

ão poucos os filmes que agregam tão bem quanto

ele tinha os melhores números e como tal era a melhor escolha.

Moneyball o faz., todas as áreas que compõem o des-

A nova estratégia montada por estes dois homens acaba por identi-

porto moderno: a gestão, a equipa técnica, o scouting

ficar um vasto conjunto de jogadores desvalorizados e esquecidos,

e os atletas. Sem esquecer o sonho e a superação dos

essencialmente pelas suas personalidades ou pela fraca espetacu-

limites que estão na base do desporto e de toda a paixão que ele

laridade que proporcionam, mas com excelentes números e talen-

nos proporciona.

tos específicos e acessíveis à bolsa do Oakland Athetics.

Realizado por Bennett Miller, que anteriormente nos tinha trazido

Talvez o lado mais feliz do filme é a forma como mostra todos os

Capote, e escrito pela dupla Steven Zaillian e Asron Sorkin, a

desafios e resistências tanto dentro como fora do clube desta nova

trama debruça-se na história verídica de Billy Beane (Brad Pitt) e

abordagem ao jogo e ao desporto que conta com mais de cem anos

a equipa Oakland Athetics e a forma como eles revolucionaram o

e onde se acreditava que tudo tinha já sido inventado. As próprias

basebol e o seu jogo e a forma de olhar para cada atleta.

dúvidas dos dois protagonistas, que aparecem de tempos a tempos,

A narrativa do filme passa como já dissemos por Billy Beane, um

demostram igualmente que atravessar um caminho nunca antes

ex-atleta que ficou aquém do seu potencial, manager da equipa de

caminhado é pantanoso e perigosos, mas que pode ser benéfico.

basebol Oakland Athetics que tem a difícil tarefa de competir com

Depois de assistirmos ao desenrolar dos primeiros jogos com a

equipas de maior nomeada e orçamento, cerca de quatro a cinco

nova estratégia e paradigma do clube, da superação de todos os

vezes mais. Com a agravante de os seus três melhores atletas da

obstáculos temos por fim a recompensa e a certeza que o método

época anterior terem sido transferidos e não ter qualquer hipótese

funcionou e as primeiras vitórias começam a aparecer.

de com os meios que dispõem poder encontrar substitutos com

Moneyball é um excelente metáfora de gestão desportiva e de

semelhantes qualidades e capacidades competitivas. Certo que a

mudança de paradigma que se aplica a qualquer desporto e a qual-

derrota é o desfecho mais provável caso aposte nas mesmas estraté-

quer clube, bem como a qualquer ambiente corporativo. Mudar,

gias e paradigmas e as mesmas ideias apoiadas pelo seu staff, Beane

reorganizar e alterar pensamentos e formas de agir é vital para

sabe que algo precisa de mudar para alterar a sua sorte, mas o quê?

encontrar a vitória. Ao mesmo tempo, este filme é também uma

É nesse ponto de indecisão que aparece Peter Brand (Jonah Hill),

fonte de inspiração na forma como categoricamente demonstra o

um recém-formado economista de Yale que impressiona Beane

poder de uma missão e da força de uma ideia pode exercer sobre

com uma abordagem ao jogo de basebol pouco convencional e

líderes e as suas equipes, os clientes e todo o público base. “A arte

assente na estatística e em equações matemáticas, que derivam da

da Estratégia é a possibilidade de lidarmos com a realidade e suas

teoria económica, e retiram grande parte da “componente humana“

limitações para garantir a adaptabilidade permanente do corpo

e a substituem por números. É disso bom exemplo, uma das cenas

empresarial.”

de seleção de um jogador, em que um dos olheiros afirma que esse jogador nunca poderá ser um atleta de topo: porque tem falta de

Bem realizado e escrito e com interpretações fortes este é assim o

confiança, dando o exemplo de esse atleta ter uma namorada feia.

filme a não perder...

Mas para o esquema de Beane e Brand isso não interessava porque

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GOLFE: E O ESTATUTO SOCIAL NA COREIA DO SUL

Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

A

o longo de toda a história do homem, mas sobretu-

avultadas quantias para contruírem os maiores e mais luxuosos

do a partir do século vinte, altura em que a atividade

campos. As zonas ao redor dos campos não se assemelham em

desportiva se popularizou e se democratizou, que

nada ou que é espectável de um local destinado para a prática do

o desporto é usado como uma forma de prestigio

golfe e assemelham-se mais a hotéis luxuosos de cinco estrelas.

social. Assim como a forma como e com quem é

A indústria da moda percebendo esta tendência têm igualmente

praticado.Um dos casos mais interessantes no momento é o golfe

feito uma forte aposta para ir de encontro às necessidades e prin-

e a forma como este desporto se está a desenvolver na Coreia do

cipalmente às vontades dos novos praticantes de golfe, que levam

Sul. Com taxas de adesão na ordem das centenas de milhares e

muito a serio o que usam quando dão “umas tacadas”.

mensalidades acessíveis apenas a uma elite, o golfe neste país mais

Praticado sobretudo ao fim da tarde, o golfe tornou-se na principal

de um exercício físico ou uma prática desportiva é um sinal de

indicação de riqueza na Coreia do Sul.

riqueza e de estatuto social.

Se usas um campo de golfe é sinonimo de riqueza, poder e influ-

Num negócio em crescendo e em clara expansão, as infraestruturas

encia.

contruídas para albergar os campos de golfes são desenhadas pelos

Num mundo de aparências, como é aquele que vivemos hoje,

melhores e mais reputados arquitetos do país. As empresas gastam

praticar golfe na Coreia do Sul tornou-se essencial para o sucesso.

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Ao lado Jack Nicklaus Golf Club Korea, em baixo Whistling Rock Country Club

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RUSSIA E CATAR: O QUE ESPERAR?

A

A eleição da Rússia e do Catar como países sede,

A primeira das críticas deve-se as falhas na democracia que existe

vem numa clara estratégia da Fifa de escolher países

neste país. A pouco cultura futebolística deste país também se tor-

em desenvolvimento e com democracias recentes.

nou uma das principais críticas. Assim como as poucas condições

Isto não é alheio o fato de desta forma se poderem

para a prática desportiva com temperaturas frequentemente acima

operar nesses países de forma mais “livre” e assim

dos quarenta graus.

construir e desenvolver as infraestruturas e arenas necessárias para

No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho, tra-

os eventos sem muitos entraves e questões.

balho escravo, na construção das infraestruturas e das arenas des-

Se a organização russa era até bem pouco tempo a decisão da Fifa

portivas, assim como, a falta de condições desse mesmo trabalho

pelo Catar sempre foi polémica.

que tem provocado vários acidentes de trabalho.

As maiores criticas à organização russa apareceram à poucos

No último ano tem surgido muitas questões sobre o trabalho,

meses e devem-se sobretudo à sua interferência na crise/conflito

trabalho escravo, na construção das infraestruturas e das arenas

ucraniano. Neste seguimento, o vice-primeiro ministro britânico

desportivas, assim como, a falta de condições desse mesmo trab-

chegou a afirmar que a Rússia deveria de perder a possibilidade de

alho que tem provocado vários acidentes de trabalho. O facto das

sediar o Mundial de 2014.

autoridades do Catar terem afirmado mudanças no sector laboral,

O Catar recebeu desde logo bastante desconfiança um pouco por

confirmam pelo menos vários problemas.

parte de toda a imprensa mundial.

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MEGAEVENTOS: LEGAGO POSITIVO OU HERANÇA PESADA?

MEGAEVENTOS: CONSIDERAÇÕES FINAIS.

O

s megaeventos desportivos são acontecimentos que

internacional e o aumento de felicidade e orgulho durante as

transcendem em muito o próprio desporto em si e o

semanas do evento. Se isso por si só são razões suficientes é difícil

que se passa dentro do campo. São acontecimentos

de dizer. Talvez para alguns países valha a pena. Para outros nem

mundiais e visualizados por centenas de milhões

tanto.

de pessoas. A sua realização agrupa e afeta diferen-

Claramente, os legados são mais positivos quanto mais os mega-

tes áreas como a social, a política, a econômica, a ambiental e a

eventos estiverem inseridos numa politica mais abrangentes, que

urbana, sendo capaz, até mesmo, de transformar a autoestima de

normalmente passa por uma restruturação urbana radical de uma

toda uma nação.

cidade ou de uma parte desta. Bons exemplos são as olimpíadas de

Durante anos, sediar o Mundial de futebol, o europeu de futebol

Barcelona e Londres e o Mundial de futebol da Alemanha. Têm-se

ou as olimpíadas foram olhados como a oportunidade perfeita

também que países com maiores índices de desenvolvimento ten-

para o país sede se desenvolver por meio dos investimentos e negó-

dem a retirar mais proveitos de sediar megaeventos e como é de

cios associados a estes eventos. No entanto, esta perceção começa

esperar necessitam de fazer menos investimentos, nomeadamente

a alterar-se. Os altos custos necessários para organizar um evento

investimentos periféricos como aeroportos, ligações rodoviárias,

como os acima referidos são altíssimos e na maioria das vezes

entre outras.

suportados maioritariamente por dinheiros públicos. E o retorno

Para outros países, como Portugal, Africa do sul ou Brasil os mega-

dos gastos fica na generalidade abaixo das altas espectativas apon-

eventos parecem apostas falhadas, em que o legado nada tem de

tados pelos estudos pré eventos. Estudos esses, que carecem muitas

positivo, onde em principal destaque ficam os elefantes brancos e

vezes de conceitos económicos básicos e as suas motivações são

as dívidas.

sobretudo politicas.

Megaeventos: legado positivo ou herança pesada? Após esta maté-

De facto, os impactos mais importantes dos megaeventos são

ria, de certo modo, a pergunta mantem-se, a cabe a cada leitor,

intangíveis e pretendem-se sobretudo com a projeção de imagem

após cuidadosa analise, definir uma resposta.

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SOFTWARE

SAP MATCH INSIGHTS: O SOFTWARE “CAMPEÃO DO MUNDO”

Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

E

xiste sempre uma pergunta

SAP no Brasil, afirma: “o mundo do des-

após uma grande vitória:

porto está a mudar com as novas tecno-

Qual é o segredo? A vitória

logias e se inovando em diversas aéreas,

no campeonato do mundo

como experiencias dos adeptos, o monito-

da Alemanha não é excepção. Muito se

ramento do desempenho dos jogadores, a

tem falado das mudanças feitas pela fed-

gestão de equipas…”.

eração alemã depois das derrotas do Euro

É importante salientar que esta ferramenta

2000 para Portugal e em 2002 no Mundial

não serve apenas para analisar as nossas

para o Brasil que resultou em mais e mel-

equipas mas também analisar as equipas

hores academias de treino. E, a mudança

adversárias e os seus principais jogadores.

das características procuradas nos joga-

Esta ferramenta pode ser extremamente

dores nas formações, apostando em joga-

útil na perceção da tática e dinâmicas de

dores com mais habilidade em vez da tão

jogo praticadas pela equipa adversaria e na

característica força, sempre apontada aos

compreensão ao pormenor dos seus joga-

jogadores gemanicos.

dores. Antes do jogo Brasil – Alemanha

Mas um ponto menos abordado mas pos-

do mundial, os alguns responsáveis da

sivelmente tão importante é a utilização do

equipe técnica alemã afirmaram conhecer

software SAP match insights.

muito bem a equipa canarinha já que a

A aplicação SAP para desporto fornece

tinham analisado ao pormenor com a fer-

um vasto conjunto de soluções e fun-

ramenta aqui em observação. O resultado

cionalidades tecnológicas que garantem

foi aquele que se conhece, a superação da

avançadas análises para as equipes e para

equipa alemã em todos os aspetos do jogo,

as suas equipes técnicas com o principal

inclusive no resultado final.

propósito de aprimorar os desempenhos

O jornalismo desportivo e os adeptos

primeiro nos treinos e depois em com-

podem igualmente ter muito a ganhar

petição. A análise de desempenho dos

com esta ferramenta, uma vez que ela

jogadores auxilia os treinadores com infor-

incorpora inúmeras ferramentas para ir

mações trabalhadas dos treinos e jogos de

de encontra as necessidades destes, como

fácil compreensão e disponíveis em tempo

uma leitura exata das equipas e dos seus

real e em qualquer dispositivo móvel.

atletas preferidos.

A equipa técnica pode igualmente analisar

Por último, olhando para a SAP somos

performances individuais e por diversas

obrigados a concordar que o espaço para

categorias como velocidade, posição em

o acaso e até de algum modo a sorte está

campo, percentagens de acerto de passe –

claramente a diminuir no desporto profis-

curto e longo, capacidade de dribles, etc.

sional e mais particularmente no futebol.

Neste ponto, Stegan Wagner, diretor da

O futebol está a tornar-se científico.

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“A tecnologia no treino e no jogo é parte integrante há já muitos anos no desporto e a SAP match insights eleva em muito as tecnologias existentes para um patamar superior. ”.


A SAP é uma das empresas líderes de aplicações de software para empresas. Apostando em todo o tipo de organizações, ela desenvolve aplicações para empresas de todos os tamanhos e setores. As aplicações desenvolvidas pela SAP tem como principal objetivo capacitar e facilitar a interpretação dos enormes quantidades de dados que hoje qualquer empresa gera e que se torna impossível ser feita sem ajuda digital. A SAP aposta em melhorar as condições para operar, decidir, adaptar e de colaboração para que os seus clientes possam crescer com sustentabilidade, que são já mais de 260 mil.

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APLICATIVO WEB

YAHOO!

SPORTACULAR

O Aplicativo Web para acompanhar todas as noticias do desporto.

Tiago Dinis. colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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ESTATÍSTICAS NOTÍCIAS

A

tecnologia e mais pre-

ténis, a Formula 1 ou o ciclismo, entre

cisamente os sistemas de

muitos outros.

informação e o software

Esta ferramenta elemina a necessidade de

tem alterado se não mesmo

navegar na Web para obter notícias des-

revolucionado o desporto e a forma como

portivas. Basta selecione a opção da equipe

ele é praticado ao mais alto nível nos

que se quer seguir, a partir do menu, e abre

últimos dez anos. Mas, esta mudança,

uma nova janela com todas as notícias e

ameaça agora chegar também ao adepto e

informação atualizadas dessa equipa. É

à forma como este interage com o jogo e

igualmente possível, criar alertas ajustáveis

como acompanha as suas equipas e atletas

para jogos ou equipas: : início do jogo, fim

preferidos. A democratização de aparelhos

de jogo, mudança de pontuação, etc. O

móveis com acesso à Internet como os

aplicativo envia um ruído ou uma vibração

tablets ou telemóveis de última geração,

como aviso de nova notificações.

permitiram o rápido crescimento dos apli-

Fundamental para acompanhar as novi-

cativos Web. A imensa paixão dos adeptos

dades como uma lesão do jogador, as

e a sua imensa vontade de querer saber

transferências, o escândalo da equipe, ou

mais fez explodir o número de aplicações

simplesmente o mais recente Tweet de

ligadas ao desporto. Neste artigo, analisa-

uma estrela. Sportacular puxa links para

mos o aplicativo Web: Yahoo Sportacular.

as principais notícias de fontes como Fox,

Sportacular tornou-se numa das melhores

ESPN, Yahoo! ou The Sporting News.

e mais completas aplicações de desporto,

Sportacular também se tornou uma fer-

possibilitando acesso rápido a pontuação,

ramenta essencial para apostadores, uma

estatísticas, posições e noticias que todos

vez que indica as “odds” para cada jogo.

os adeptos anseiam. Fundamental para

Socialmente, esta ferramenta permite fazer

disseca equipas e campeonatos de um

comentários sobre o jogo e publicá-las no

conjunto alargado de modalidades, como

Facebook e interagir com outros utiliza-

são o caso do futebol – e os seus principais

dores.

PONTUAÇÃO ATUALIZADAS

Sportacular é uma ferramenta indispensável para seguir campeonatos, equipas e atletas de inúmeros campeonatos e de muitas modalidades.

campeonatos e competições-, a NBA, o Desporto&Esport • www. Desprto&Esport.com


FALÊNCIAS

A REALIDADE DE MUITOS ATLETAS POUCOS ANOS APÓS SE RETIRAREM DA COMPETIÇÃO 78% DOS ATLETAS DA NFL E 60% DOS JOGADORES DA NBA ENTRAM EM FALÊNCIA CINCO ANOS APÓS A RETIRADA Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

V

ivemos num mundo altamente mediatizado. As

Falta de conhecimento em finanças. A maioria dos atletas pro-

estrelas do nosso tempo, onde se incluem os atletas

fissionais tem uma clara falta de conhecimento de gestão dos

profissionais, ganham mais num ano que a maioria

dinheiros que aferem. a maioria doa atletas não aprendeu progres-

dos cidadãos em toda a vida. No entanto, a vida

sivamente a lidar com dinheiro nem se qualificou nas escolas e

desses mesmos atletas é bem menos glamorosa apenas alguns

universidades para isso, nem procura esse conhecimento depois.

anos após abandonarem a alta competição, onde a maioria vive

Abrindo assim caminho para o erro.

com sérios problemas financeiros. Algumas estatísticas apontam que 78% dos atletas na NFL e 60% dos jogadores da NBA entram

Maus investimentos. Investir acaba por tornar-se uma prioridade

em falência num período de cinco anos após o ultimar ano como

para a maioria dos atletas, acreditando dessa forma precaver

profissionais. Em outras modalidades, como o futebol, as per-

o futuro. No entanto, devido à falta de conhecimentos, ponto

centagens não diferem muito. Muitas são as razões que levam a

abordado acima, muitas vezes o investimento realizado mostra-se

esta triste realidade, abaixo analisamos algumas delas.

ruinoso.

Gastos excessivos. Os atletas profissionais personificam a vida sem

Más companhias. A maioria dos atletas transformaram-se em

limites. Carros, casas e mulheres bonitas. E essa vida tem custos

PMEs – pequenas e médias empresas, com uma entourage gigan-

altos. A maioria das pessoas pensa, assim como muitos dos atletas,

tesca sempre ao seu redor que precisa de ser “alimentada”. Muitas

que o dinheiro chega e sobra para todos os luxos e caprichos. No

vezes, essas mesmas más companhias estão na origem dos maus

entanto, como qualquer contabilista o pode dizer, um salário de 5

investimentos.

milhões, após impostos e agente, rapidamente se transforma em 2 milhões.

Na página ao lado, alguns doa atletas mais destacados que declararam falência.

Duração das carreiras. O tempo médio da carreira de um atleta de alta competição é baixo e o seu período auge ainda é menor, em média menor a cinco anos, o que fornece uma janela muito curta ao atleta para ganhar “milhões”. E isto assumindo que chega a um patamar superior e de destaque onde apenas os melhores dos melhores conseguem atingir.

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Nem mesmo os ganhos entre $300 e $400 milhões por Mike Tyson ao longo da sua carreira o poupara, à falência. Demasiadas extravagancias, um divórcio dispendioso e uma vida de polémicas levaram todo o dinheiro.

George Best foi no seu tempo a estrala entre as estrelas. Mas uma vida de excessos, onde o álcool e as mulheres nunca faltavam, levaram o craque á falência.

JohnArne Riise, jogador internacional pela Dinamarca, declarou falência em 2007, enquanto ainda jogava ao mais alto nível na Premier League no Fulham. A razão: as dívidas. Na altura, Riise interpôs um processo em tribunal contra o seu agente.

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PUBLIQUE CONOSCO As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores. Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons, contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos. Antes de enviar algum documento devera consultar os Termos e Condições, na nossa plataforma on-line. Para Mais informações visite: www.desportoeesport.com/publique-conosco/

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Atletas das duas delegações trocam presentes.

MOMENTO HISTÓRICO

1971 e o encontro entre as equipas de ping-pong chinesas e norte-americanas.

Vitor E. Santos colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

D

urante praticamente vinte

À altura, o convite foi divulgado como

no auge, e criou o cenário perfeito para a

e dois anos, desde o perío-

espontâneo e da exclusiva responsabili-

importante viagem do presidente Nixon

do pós segunda Guerra

dade dos responsáveis pelo ténis de mesa

em 1971. E à criação de ligações comerci-

Mundial e início da década

chinesas. A realidade, é bem mais prática,

ais e diplomáticas entre estes países.

de setenta, as relações entre a China e

e foi orquestrada pelo governo Chinês.

Durante a semana de 09 de junho de 2008,

os EUA foram inexistentes. Mas, a situa-

O principal objetivo foi iniciar um primeiro

foi realizado um evento de ténis de mesa de

ção mudou em 1971, quando a delegação

contacto com o país norte-americano para

três dias na Biblioteca Presidencial Nixon

chinesa de ping-pong convidou a equipa

futuras relações futuras. Assim, a equipa

Richard e Museu Yorba Linda, Califórnia.

norte-americana a visitar a china.

americana de ping-pong tornaram-se nos

Os membros originais de ambos os chi-

A equipa dos Estados unidos de ténis de

primeiros americanos a visitar Pequim

neses e americanos equipas de pingue-

mesa estava em Nagoya, Japão, em 1971

desde 1949. Esta visita teve um extremo

pongue de 1971 estavam presentes e com-

em preparação para os campeonatos do

impacto na transformação na perceção

petiram novamente.

Mundo desta modalidade, quando surgiu

que os americanos tinham da Cina comu-

o convite por parte da delegação chinesa.

nista, lembremos que a guerra fria estava

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F1 EM PORTUGAL: QUANTO CUSTARIA?

€ 20 milhões

Segundo Carlos Barbosa, presidente do ACP, sediar uma prova de F1 custaria um valor aproximado aos vinte milhões de euros. Barbosa afirma que existe inclusive o interesse que a formula 1 volte a terras lusas, sugerindo que o próprio Ecclestone deseja voltar a Portugal. Mas a falta de apoios por parte das instituições portuguesas parece dificultar, se não mesmo condenar as possibilidades dos circuitos portugueses, nomeadamente o circuito do Estoril e do Algarve. A concorrência com países do Médio Oriente, e o seu dinheiro fresco, é também um forte entrave.

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MEDALHAS OLÍMPICAS

QUAL O CUSTO DE UMA MEDALHA DE OURO: CASO ELA FOSSE FEITA 100% DE OURO O CUSTO SERIA DE:

$75,992.5

Na sua grande maioria, os prémios e distinções desportivas individuais são feitas com trofeus e medalhas de ouro. Ou melhor, banhadas a ouro. As medalhas olímpicas não são exceção. Há alguns anos, foi notícia que a medalha olímpica é feita com apenas 1% de ouro. Assim, uma das maiores curiosidades da maioria das pessoas é: qual o custo de uma medalha totalmente feita de ouro? Felizmente a revista Wired fez as contas. A medalha olímpica de ouro olímpica 2014 tem um diâmetro de 100 mm e uma 10 mm de espessura, com uma massa de 531 gramas. Caso fosse 100% de ouro, que teria uma massa de 1,52 kg. Usando o preço de ouro de 49,5 dólares por grama de ouro, colocaria a medalha a um preço de (apenas para o ouro) $ 75,992.5.

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