Desporto&esport edição 4 2015

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ESPECIAL OS MELHORES DO ANO 2014 Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva

Desporto&Esport

Edição 4 • 2015 -

e ainda: Barcelona 2014/2015 A análise técnico-tático da equipa Catalã, E o ressurgimento do melhor Messi.

Corridas & Nutrição

Sr. José Pedroto Anemia & Performance F1 & Turismo Ayrton Senna

As necessidades nutricionais das corridas das corridas de longa distância como a Maratona.

Marketing e Projeto sócio Brasil: o projeto sócio e o marketing no futebol da primeira liga Brasileira barreirass

Futebol: Factor casa

A importância de se jogar em casa na Liga dos Campeões e na Taça Libertadores

Ciclismo & Tecnologia

As inovações tecnológicas de 2015 para o ciclismo de estrada e de lazer

VIOLÊNCIA NO DESPORTO Casos, Causas, Culpados e Soluções! WWW.DESPORTOMATOSINHOS.PT - CONHEÇA ESTA PLATAFORMA



EDITORIAL Relações cortadas. Insultos e calúnias. Discursos inflamados onde se diz unicamente os teus são piores que os meus. Assim anda o futebol português, e assim andam os emblemas maiores da cidade de Lisboa, Sporting CP e SL Benfica. Ás turras e de costas voltadas, e pior, usam os casos de violência ocorridos entre os seus adeptos como principal arma de arremesso. Mas este é só mais um capítulo. Tem existido vários e percorrido todos os emblemas de norte a sul do país. E não só em Portugal. Mas, estes acontecimentos; estes desentendimentos só potenciam a violência no desporto. E, é de violência que falamos nesta edição. Dos casos, e das causas, dos culpados e das soluções. Ao longo de vários artigos, analisamos esta problemática tentando encontrar respostas e resoluções que permitam ou que podem se implementadas impedir novos surtos de violência e novas mortes. Nesta edição temos ainda tática no futebol, ciência e desporto, saúde e performance, alimentação para corridas de longas distâncias, o Portal Matosinhos que promete maior inclusão desportiva para as gentes do norte. E marketing no Brasil e o projeto socio, entre muitas outras coisas… Por fim, agradecendo a todos os colunistas convidados a sua participação, congratulamo-nos, por cada vez mais sermos uma revista cada vez mais global com leitores um pouco por todo o mundo, com particular incidência nos países de língua portuguesa, como o Brasil, Angola ou Moçambique.

Diogo Sampaio, Director

Director geral e Editor Diogo Sampaio d_sampaio@desportoeesport.com

Colunistas Pedro M. Silva, Vitor E. Santos, Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago Dinis e Rodolfo Resende Pires.

Colunistas Convidados André Sales, Alcino Rodrigues, Mónica M. Neves, Alexandre Bonfim, Ana Ferreira, Marcos V. Cardoso e Marcelo P. Silveira, Tiago P. Nunes e Jorge Neves.

Contatos contato@desportoeesport.com

Website www.desportoeesport.com


AGENDA

EDIÇÃO NR.4

E AINDA: 28 Corfebol 25 Liga Inglesa: os pequenos serão maiores que Barcelona e Real Madrid 41 Qatar e o Mundial de andebol: faz sentido a estratégia seguida? 54 O empreendedorismo em ex atletas profissionais de topo 62 Maratona: pode um homem correr 42 km em menos de 2 horas 63 Super Bowl: o maior espetaculo televisivo do Mundo

VIOLÊNCIA NO DESPORTO - OS PRINCIPAIS CASOS E COMO ELIMINAR ESTA PROBLEMÁTICA DO DESPORTO DIOGO SAMPAIO

06

A violência, principalmente das claques, é um dos principais problemas no desporto. Nesta edição mostramos como este problema pode ser resolvido.

75 Snoker: nos jogos olimpicos de toquio em 2020? 66

10

Filme: Ayrton Senna

78 Software & Aplicativo web 80 Corrupção: qual a responsabilidade dos patocinadores para a mudança 59

“ Fair-Play”: o conceito

40

23 Jogo Duro: uma viagem pela história recente - por não haver antiga - do marketing esportivo brasileiro

O fator casa na liga dos campeões e na taça dos libertadores. E, quais são as equipas mais fortes.

14 Portal Desporto Matosinhos: “Agir Fora da Box”

Barcelona as táticas 2014/2015. E o melhor Messi!

30 4 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Apostas desportivas online: Legalização? Proibição?


39

70

20

NFL e o risco de lesões: como as prevenir!

Livro Hidratação no desporto. Que cuidados ter. Os índices de transpiração,

José Maria Pedroto: O zé do bone

04

F1 & TURISMO

56

Atletismo: corridas de fundo e alimentação:

88

Boxe: o Combate do século

16

38

A importancia do projeto sócio torcedor para o brasileirão!

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 5


VIOLÊNCIA NO DESPORTO: CASOS, CAUSAS, CULPADOS E SOLUÇÕES! Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

A 11 de Maio de 1985 no estádio de de Valley Parade. foto acima, haveria de dar-se uma das maiores tragedias da história em um recinto desportivo. Num jogo a contar para a segunda divisão inglesa, entre o Bradford City e o Lincoln City, perto do final da primeira parte, deflagrou um incendio na bancada principal, que datava de 1908. Investigações posteriores determinaram que a causa do incêndio foi um cigarro mal apagado, que junto

De que forma as autoridades inglesas erradicaram a violência dos seus estádios? 6 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

com os restos de lixo acumuladas ao longo de anos sob os bancos de madeira antiga da arquibancada teve um efeito devastador. Como resultado do incêndio e da tragédia subsequente, as autoridades britânicas decidiram implementar um largo conjunto de novas normas de segurança e antivandalismo em espaços desportivos, associadas a uma preventiva e musculada legislação que evitasse novos acontecimentos semelhantes. Tudo parecia estar em ordem, até que em Liverpool em 1989, aconteceu uma tragedia ainda com maiores proporções: Hillsborough.


Estes dois casos aconteceram no auge do

lência não é uma realidade exclusivamente

condições de temperatura, obscuridade

hooliganismo em Inglaterra, que não raras

sua. Já se registaram ocorrências graves

e ruído, álcool, racismo, grupos ultras,

vezes, envolvia invasões de campo e vio-

e com mortes em estádios de basebol,

rivalidade entre os clubes envolventes.Em

lência antes e depois do jogo. Outra trage-

futebol americano, em jogos de andebol,

Portugal soma-se ainda a falta de cultura

dia, envolvendo os adeptos ingleses deu-se

e em muitos outras modalidades e eventos

desportiva dos próprios Dirigentes das

no estádio de Heysel, em 1985, na final

desportivos.

associações desportivas e dos Presidentes

da Taça dos Campeões europeus (antiga

Muitos especialistas apontam os surtos de

dos clubes, que frequentemente, com

Liga dos Campeões), em que a equipa

violência no desporto como um subprodu-

declarações irresponsáveis, atiram mais

inglesa do Liverpool enfrentava a Juventos.

to natural das sociedades urbanas moder-

gasolina para a uma fogueira que arde à

39 adeptos, a grande maioria da italia-

nas. Outro apontam para a violência como

anos. A falta de vontade ou capacidade

nos e da Juventus, morreram imprensados

um consequência da própria condição

das entidades governativas e legislativas de

contra um muro após tumultos iniciado

humana e ser hoje o desporto a melhor

intervirem seriamente e de forma dura no

pelos Reds. Como punição ao ocorrido,

forma de a libertar. As causas de tanta

desporto, infelizmente muitas vezes com

os clubes do país foram banidos de com-

violência são ainda hoje alvo de muita

medo de perder votos, coloca um entrave

petições continentais por cinco anos.

discussão mas os seguintes fatores têm um

extra à resolução desta problemática. E

Casos como estes multiplicam-se, e apesar

consenso alargado: hooliganismo, nature-

assim caminhamos, num desporto que em

do futebol ter o historial mais grave, a vio-

za do recinto desportivo, patriotismo,

muitos sítios é dos bárbaros. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 7


JAMOR 1996: CRIME SEM

CASTIGO

(VERDADEIRO)

UMA TRAGEDIA VIVA AINDA HOJE; O RECENTE CORTE DE RELAÇÕES, ENTRE OS EMBLEMAS PORTUGUESES SPORTING E BENFICA, TEVE POR BASE ESTE INCIDENTE.

1

6 de Maio de 1996, viveu-se em

vários elementos da claque do Benfica No

lhes chamou o presidente do Sporting.

Portugal um dos seus mais triste

Name Boys. Acabaria condenado a quatro

Bruno de Carvalho. Este acto levou os

momentos desportivos, e que

anos de prisão por homicídio por neg-

responsáveis sportinguistas a cortar rela-

cobriu de vergonha as autoridades des-

ligência grosseira; uma pena bem inferior

ções com o Benfica, pela “falta de ação”

portivas portuguesas, assim como os diri-

à que era pedida pelo Ministério Público.

dos encarnados. Por seu lado, o presidente

gentes de clubes e claques.

Este não é um caso único em Portugal,

encarnado, Luís Filipe Viera, veio relem-

Na final da Taça de Portugal, entre o

mas é sem duvida o mais trágico e aquele

brar casos mais ou menos antigos de vio-

Benfica e Sporting, aos oito minutos,

que deixou mais marcas. Talvez, por isso,

lência sofrida pelos seus adeptos às “mãos

Mauro Airez marca para a equipa encar-

de quando em vez, entre as claques rivais

das claques” leoninas.Esta forma, tão por-

nado; festa nas bancadas; gritos de alegria,

e como “pedra de arremesso” ele é lemb-

tuguesa, de apagar fogos com atirando

comprimentos e euforia, até que… de

rado. O caso mais recente aconteceu no

gasolina, é contraproducente, mas demon-

repente é disparado um «very light». Na

pavilhão da Luz, num jogo de futsal, onde

strativa, que pelo discurso dos presidentes,

bancada 13, Rui Mendes, sportinguista que

foi exibida uma faixa em que se recor-

uma desgraça maior ainda não aconteceu

viera da Mealhada, cai fulminado. Viria a

dava a morte de um adepto do Sporting na

por pura sorte. Em vez, das autoridades,

morrer. O Benfica leva, mas nessa tarde,

final da Taça de Portugal de 1996. No dia

onde se incluem os presidentes de TODOS

foi o que menos importou. A festa estava

seguinte, os adeptos do sporting retaliaram

os clubes, e numa mesa redonda, discu-

há muito estragada. A polícia acabaria por

e exibiram também faixas provocatórias,

tirem o problema como homens feitos que

analisar as imagens televisivas do jogo e

usando nomeadamente o nome de Eusébio

são e eliminarem definitivamente os carros

fotos de vários espetadores e identifica

falecido à um ano. Depois, para piorar

partidos, os confrontos entre adeptos, as

o autor que lançou o artefacto pirotéc-

foram lançados para cima de adeptos do

pedras lançadas na autoestrada contra os

nico, que seria levado a tribunal junto com

Sporting “artefactos pirotécnicos”, como

carros das equipas rivais, etc, etc.

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BRASIL: UM CASO DRAMÁTICO O BRASIL ENCABEÇA A LISTA NEGRA DE VIOLÊNCIA EM ESTÁDIOS; NOS ÚLTIMOS VINTE E CINCO ANOS, AS VÍTIMAS MORTAIS ULTRAPASSAM AS DUAS CENTENAS.

A

violência nos recintos desportivos no Brasil é alar-

linhas. Transcrevendo um trecho: “Não resta a menor dúvida de

mante; e, olhando aos números, o Brasil lidera

que o futebol é um desporto em que ocorre muito contato, muitas

mesmo a lista (negra) do país com mais mortos nos

vezes até de forma bem agressiva, que pode acabar acarretando

estádios de futebol, à frente de Argentina e Itália (o Roma vs. Lazio

em agressividade física, o que caracteriza, dessa forma, o futebol

é negativamente lendário). No último quarto de século, as mortes

como um desporto violento. O futebol como meio de expressão

ultrapassam as duas centenas. Mais recentemente, entre 1999 e

de identidades nacionais ou locais tornou-se tema comum de

2008 houve 42 mortes, em 2012 registaram-se 23 mortes, e em

ensaio e pesquisa no que se refere à canalização de algumas for-

2013 foi um ano ainda mais sangrento com 30 mortes nos estádios.

mas de agressividade que têm ocorrido num jogo de futebol não

2014 acaba por ser uma exceção, mas é-o, em grande medida,

precisamente dentro do campo, mas em todo o estádio, sobre-

devido à realização da Copa do Mundo, e às fortes medidas de

tudo nas arquibancadas, o que, de certa maneira, está imbuído

segurança que foram sendo implementadas. Mas, parece que o

no contexto desse

ano passado não foi mesmo mais que um desvio de uma reali-

desporto.

dade negra; com fortes confrontos entre adeptos e claques em São

perspetiva, várias

Paulo, no presente mês de Fevereiro. Os distúrbios e atos violentos

foram as reflexões

entre as claques têm sido cada vez mais violentos e a utilização de

sobre a interfer-

armas de fogo explicam em grande medida a ocorrência de vítimas

ência da violência

mortais e dos muitos feridos com gravidade (mais de metade das

registada no ambi-

mortes ocorridas nos últimos 25 anos decorreram de disparos de

ente futebolístico”.

armas de fogo; cerca de meia centena por agressões e o resto por

A

facadas, atropelamentos ou bombas). Dois terços dessas mortes

ainda a imensa fra-

foram jovens com menos de 30 anos. Na última década têm sido

gilidade das autori-

vários os estúdios que refletem ou pelo menos tentam encontrar as

dades brasileiras na

razões de tantas violência nos estádios desportivos, “re-batizados”

prevenção e, pior

na era pós Copa, como arenas desportivas.

ainda, na reação nos primeiros momentos que surgem os prob-

No estudo “A violência nos estádios de futebol: uma análise dos

lemas, em que as suas ações potenciam muitas vezes o escalar da

pontos de vista intrínseco e extrínseco”, de Fernando Mendes

violência. Por fim, tem-se ainda, a inoperância dos clubes, e em

Júnior e colegas aponta como um dos principais fatores de violên-

muitos casos, o medo dos seus dirigentes em enfrentarem este

cia com a crescente agressividade do que ocorre dentro das quatro

problema. Os problemas sociais são também um forte entrave.

isto

Nessa

soma-se

Continua na pág. 52 Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 9


BARCELONA: TÁTICA 2014/2015

OS NOVOS JOGADORES, AS FORMAÇÕES TÁTICAS E O RENASCIMENTO DO MELHOR MESSI. Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com

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G

O treinador - Luis Enrique uardiola em Barcelona formou mais que uma grande equipa – criou aquela que é, muito provavelmente, a melhor equipa de sempre. A equipa catalã era imbatível e encontrar um antidoto para jogar contra ela parecia impossível; que o digam, todos

aqueles que tentaram. O tiki-taka tornou-se histórico e andava de boca em boca de todos aqueles que amam o desporto rei, e conferiu às vitrinas do Camp Nou: três Ligas Espanholas, duas Liga dos campeões (e duas meias-finais) e duas taças de campeão Mundial, e isto sem considerar as incontáveis exibições de “nota artística”.

Com a saída do técnico espan-

hol, em 2012, viu-se uma progressiva mas bem visível decadência do modelo da equipa catalã, juntamento com o abaixamento de performance de várias das peças que deram vida à “equipa invencível”, nomeadamente Xavi e Iniesta, com uma clara diminuição de Messi, apesar de os seus números ainda ser de outro mundo. Para combater o claro declínio das exibições dos seus jogadores e da performance da equipa, gastaram-se milhões em Neymar, tantos que levaram à renúncia do presidente. Os efeitos não foram imediatos, nem poderiam ser com o primeiro ano de adaptação do brasileiro. Então optou-se por uma nova estratégia, um novo treinador, que devolvesse o antigo jeito de jogar da equipa da Catalunha. A escolha recaiu sobre Luis Enrique, que tal como Guardiola, era uma velha glória do clube e tinha começado a acarreia nas camadas jovens do Barcelona, apesar de no caso de Luis Enrique, ele ter já feito uma passagem pelo Roma e Celta de vigo. Com Xavi nos 34 anos e com a passagem do tempo a sentir-se no seu rendimento – e tendo estado a sua saída quase certa durante quase toda a janela de transferências – foi escolhido Ivan Rakitic para o seu lugar. Rakitic, dentro do contexto da Liga espanhola e do estilo de jogo pretendido pelo Barcelona, era o homem perfeito e já com larga experiencia, depois de ter ganho na época anterior a Liga Europa. Por estranho que pareça Rakitic, um jogador acostumado a estar sempre com a bola, é mais “importante” sem ela. Não por acaso, começou no banco em três das quatro partidas de grande nível que o Barcelona fez na temporada. Estando só agora na segunda metade da época a mostrar toda a sua categoria. Com as dificuldades de adaptação de Rakitic, coube a Messi ocupar o lugar vago do meio campo, por assim dizer, e coube-lhe a ele, no início da temporada criar e definir o meio campo de passes, no 4-3-3 do Barcelona; ainda mais potenciado pela irregularidade de Iniesta. Rakitic passou nessa altura a jogar aberto nas ala, juntamente com Neymar, se bem que este ultimo, tinha liberdade para se chegar mais para o meio, o que fez com que ele estivesse no seu melhor no inicio da presente temporada. Sempre com Messi a conduzia pelo meio e chamando Neymar para a desmarcação e para o golo; tornando o brasileiro durante dois meses, o segundo melhor marcador da liga, apenas atrás de CR7.

Luis Enrique Martinez Garcia, conhecido no futebol simplesmente por Luis Enrique, nascido em Gijón, 8 de Maio de 1970, é atualmente o treinador principal do FC Barcelona. Iniciou-se no futebol como futebolista no “clube da terra”, o Sporting Gijón, e tem a particularidade de como jogador sénior ter jogado defendido as cores dos dois maiores rivais de Espanha - O Barcelona e o Real Madrid. Primeiro pelo Real Madrid vence o uma vez o campeonato nacional espanhol, uma copa do Rei e uma supertaça de Espanha. Os resultados pelo Barcelona são um pouco melhores, dois campeonatos de Espanha, e tal como na capital espanhola, uma Taça e uma Copa do Rei. Internacional pela sua seleção por 62 vezes, 81 se contarmos todos os escalões, com um total de 12 golos na seleção principal espanhola. Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992, esteve ainda nas fases finais de Mundial em 94, 1998 e 2002 e no Euro em 1996. Como treinador iniciou o seu percurso nas camadas jovens do maior clube da Catalunha e no Barcelona B até 2011 quando foi contratado pelo AC Roma, onde apenas permaneceu uma temporada (2011/2012). Em, junho de 2013 tornou-se treinador do Celta de Vigo onde terminou no (9) nono lugar da liga. Assinou pelo Barcelona em 19 de maio de 2014, com um contracto valido por duas temporadas.

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“O aparecimento de Suárez foi a peça que faltava para a equipa encontrar o melhor caminho, assim como um Rakitic cada vez mais influente; e um Messi, menos agarrado à linha e com liberdade para percorrer zonas mais centrais. ” Mas, quando tudo parecia estar a correr

junto de rumores e (falsos ou verdadeiros)

da equipa da Catalunha, que sofreu uma

bem, Luis Enrique mudou o sistema tático

desentendimentos e brigas entre os joga-

pesada derrota (3-1 a favor da equipa

e o posicionamento das suas peças. Por

dores e técnico fizeram sistematicamente

de Madrid, mas poderiam ter acontecido

exemplo, contra o PSG em Camp Nou, o

chamadas de capa nos principais jornais

um resultado histórico). E, mesmo que a

trinador dos catalães improvisou um 3-4-

desportivos espanhóis.

sua estreia não tenha sido a desejada, ele

3, sem que nessa mudança se verificassem

Mas, nem todas estas mudanças e bur-

acabou por ser a peça que faltava para que

grandes vantagens para a sua equipa. Para

burinho de bastidores, foi mau para a

o novo Barcelona voltasse a funcionar a

além disso, colocou Messi em uma faixa,

equipa de Luis Enrique. Xavi, um pre-

todo o vapor. Ainda que o seu processo

afastando do meio do terreno e igualmente

scrito, voltou com força à equipa, e apesar

de adaptação tivesse sido um pouco longo.

da zona de finalização, eliminando quase

de não ser mais o jogador que era no seu

Luiz Enrique voltou à sua formação inicial,

que por completo a sua influência no jogo.

auge, é ainda um elemento preponderante

o 4-3-3; com Suárez ao centro, Neymar

O mesmo se passou com Neymar.

na manobra da equipa, mesmo que apenas

na esquerda e Messi na direita – mas

Somando-se ainda, às maiores fragilidades

jogue 60 minutos na maioria dos jogos.

um Messi com liberdade para procurar o

defensivas que este modelo acarreta para

E, depois ouve Luis Alberto Suárez Diaz,

meio e a zona de finalização. Xavi a mel-

o Barcelona, obrigando a equipa catalã a

ou simplesmente Suárez. Afastado dos rel-

horar e Rakitic cada vez mais influente, o

medidas redobradas nos momentos defen-

vados por castigo da FIFA após a famosa

Barcelona voltou a assustar os seus rivais:

sivos, que prejudicam e muito a profun-

“dentada” no jogador italiano Chiellini

e Messi, voltou o velho Messi, aqueles que

didade ofensiva. E para completar, alguns

no Mundial do Brasil pelo sua seleção, o

muitos chamam o melhor de sempre (ver

jogadores, com Messi à cabeça, não se

Uruguai. A sua estreia oficial foi em 25 de

pág. ao lado). O Barcelona ressurgido

coibiram de mostrar o seu desagrado para

Outubro de 2014, contra o Real Madrid,

desde janeiro deste ano parece de novo

com o atual técnico principal. E, um con-

jogo que não correu bem para as cores

capaz vencer tudo e todos.

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LIONEL MESSI Messi Voltou. O Rei voltou. Cristiano Ronaldo, na gala da FiFA, com a terceira bola de ouro nas mãos, desafiou nos olhos Messi, dizendo-lhe que ele se cuidasse, porque para o ano queria voltar a estar em cima daquele mesmo palco a receber a quarta bola de ouro e igualar o astro argentino. Não se sabe se foi o desafio de CR7 que motivou Messi, mas a verdade, é que o argentino, neste ano de 2015, está demolidor e voltamos todos a perceber porque Messi é comparado com os melhores de sempre, e para muitos, é já o melhor de sempre. Não é, que a bem da verdade, o ano de 2014 de Messi tenha sido tão mau quanto muitos o pintam. Para isso, basta unicamente olhar para os números: 58 golos marcados e 22 assistências em 66 jogos. Marcou 52 vezes pelo clube e fez 14 assistências com a camisola da seleção alviceleste. Na prática, apenas menos 4 golos que Cristiano Ronaldo. A isto soma-se ainda, no ano de 2014, Messi condagrou-se como: no melhor marcador da história do FC Barcelona, no melhor marcador da história da Liga espanhola, no melhor marcador da história da UEFA Champions League, no melhor marcador dos “clásicos” em Espanha e no melhor marcador dos dérbis de Barcelona em “La Liga”. Isto sem contar com a final do campeonato do Mundo, onde Messi, foi absolutamente fundamental e decisivo, ganhando ainda, por voto, o premio de melhor jogador da competição do Brasil. E, temos ainda, que Lionel Messi, é aos 27 anos de idade, há data deste artigo, está com 105 assistências, a apenas uma assistência de ultrapassar Luís Figo como o futebolista com mais assistências nos últimos 25 anos em “La Liga” (desde que elas começaram a ser contabilizadas). Mas, vamos olhar apenas para o ano de 2015 de Messi. A meio do mês de Fevereiro, e o craque argentino, já é o melhor marcador das principais 5 Ligas europeias neste novo ano (9 golos), mas também é o futebolista com mais assistências nestes campeonatos (5 assistências). A isto soma-se os golos na taça do rei, fundamentais para afastar o Atlético de Madrid e na primeira mão contra o Villarreal. O Barcelona parece, de novo, capaz de votar a ganhar a qualquer equipa. De novo, com capacidade para ganhar a Liga espanhola. E, um forte “player” para a Liga dos Campeões. E, a isto, muito se deve o “ressurgimento” de Lionel Messi.

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AGIR “FORA DA BOX” O CASO DO PORTAL DO DESPORTO DE MATOSINHOS André Sales, Gestor da Plataforma desportomatosinhos.pt andresales@desportomatosinhos.pt www.desportomatosinhos.pt

H

á desafios que nos lançam e os quais, dificilmente,

para uma nova realidade, “obrigando-me” a desenvolver conteúdos

podemos negar. E este, o de escrever um artigo

ligados aos fundamentos do projecto, a contactar directamente

sobre algo que tem vindo a ser, nos últimos anos, a

com agentes ligados às autarquias e aos clubes, percebendo ainda

minha grande “luta”, teria de ser aceite e partilhado,

melhor a forma como se “movia” e como estava estruturado o teci-

com o objectivo de transmitir um pouco do surgimento da ideia,

do do associativismo desportivo, imaginando o quão útil poderia

da criação, do desenvolvimento e implementação de um portal

ser uma plataforma como a que hoje está disponível no concelho

(www.desportomatosinhos.pt), como o que pude construir em

de Matosinhos.

Matosinhos, cidade vizinha do Porto.

Durante alguns anos este projecto foi apresentado a diversas insti-

Muito do que aqui será dito, tem um grande suporte biográfico,

tuições no sentido de perceber a opinião das mesmas em relação

uma vez que, para mim, foi esse o grande alicerce para a con-

à aplicabilidade e vantagens que o portal poderia trazer. Órgãos

strução do portal. Através de um vasto background, com mais

autárquicos, Juntas de Freguesia, associações e colectividades do

de 20 anos ligados ao desporto e à actividade física, há factos que

concelho de Matosinhos puderam conhecer a minha vontade em

devem ser tidos em conta, que devem ter presença obrigatória

implementar este projecto, contudo nunca houve uma clara intenção

neste texto e que todos aqueles que querem singrar e deixar o seu

de unir esforços e colocar o portal “em andamento”.

legado no seio desta área tão especial da sociedade devem possuir.

Até que, em meados de 2014, obtive um orçamento para o desen-

Porque há coisas que não se explicam… sentem-se, e o desporto

volvimento do site que me pareceu viável e que eu próprio poderia

é uma delas!

suportar. Avançamos com o trabalho de “construção” do portal em

Começando com a minha ligação ao desporto desde os 6 anos de

função do que tinha idealizado, com os conteúdos que queria que

idade, foi o Karaté quem despoletou o primeiro contacto com a

contivesse, e assim nasceu o Portal do Desporto de Matosinhos, em

área desportiva, tendo conciliado essa prática, durante alguns anos

Setembro.

da adolescência, com a do Futsal.

Este é um trabalho que tem exigido grande dedicação e que nos

Depois, a licenciatura em Gestão do Desporto, no Instituto

obriga a estar constantemente à procura de conteúdos. Só assim se

Superior da Maia (ISMAI), o começar a leccionar Karaté, o dirigis-

poderá despertar o interesse das pessoas em visitarem, frequent-

mo desportivo num clube desportivo de Matosinhos e um estágio

emente, o espaço. Seja com notícias, novos eventos, fotos, vídeos,

curricular, na empresa municipal de desporto de Matosinhos, per-

recortes de jornais ou outros tipos de conteúdos.

mitiram conjugar um conhecimento teórico (universidade), com

A secção de opiniões também acaba por trazer ao portal um espaço

um conhecimento mais próximo e in loco da realidade desportiva,

com informações mais técnicas e uma perspectiva de pessoas que

mais especificamente a do concelho de Matosinhos.

estão ligadas ao universo desportivo. Englobando tanto as modali-

O convite para poder dar continuidade a um projecto do Centro

dades colectivas (Futebol, Voleibol, Futsal, por exemplo), como

para a Inovação e Desenvolvimento do Desporto – ISMAI, inti-

algumas actividades físicas que agora estão na moda como é o caso

tulado “Clubeinova”, foi um dos pontos basilares para o despertar

do running ou o ciclismo.

14 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Ao longo dos últimos meses pudemos con-

Conseguiu integrar tudo o que se relaciona

mente comprovável a grande importância

statar que esta plataforma veio dar uma

com o desporto e com a actividade física

e o enorme impacto que esta plataforma

grande ajuda aos clubes e à população

num só espaço, facilitando a busca da infor-

teve para o concelho de Matosinhos. Num

em geral. Temos constantes contactos de

mação a todos interessados, numa era onde

mundo cada vez mais virtual e onde cada

pessoas à procura de alguma actividade,

a informação se pode dispersar por sites,

vez mais pessoas utilizam a internet, uma

de algum clube em específico ou de insta-

redes sociais ou blogs. Beneficiou clubes

plataforma destas revela-se de extrema

lações. O portal tem sido uma fonte de

pois deu-lhes maior visibilidade, ajudou-

importância para todos os envolvidos.Este

informação constante e do qual as pessoas

os a estar na “rede” (quando alguns ainda

não é um projecto único e que não se possa

(cidadãos ou não de Matosinhos) socor-

nem site possuem); ajudou as pessoas e os

multiplicar. Penso que um portal como

rem-se quando querem obter determinada

cidadãos, permitindo-lhes saberem tudo

este (ajustado a cada realidade) poderá ter

informação. Todo o trabalho de conheci-

o que se passa em Matosinhos, num só

um grande impacto numa qualquer cidade

mento do “terreno” permitiu constatar que

espaço, sabendo o que podem ver e fazer de

portuguesa, lusófona e também mundial. A

Matosinhos tinha um grande e dinâmico

actividade física e desportiva é universal, é

tecido associativo, com excelentes clubes

um fenómeno à escala global que propor-

e atletas, mas que não tinham capacidade,

ciona uma melhoria de diversos itens na

por si só, de fazerem uma ampla divulga-

vida de quem pratica, sendo transversal

ção a nível local, nacional e internacional

a toda a sociedade e havendo uma diver-

daquilo que realizam e alcançam. Neste

sidade tão alargada capaz de permitir a

poucos meses online o portal veio colmatar

prática a pessoas de qualquer idade, género

essa lacuna, dando uma maior visibilidade

ou faixa social. Tudo o que devemos fazer

e concentrando num só local as informa-

é promovê-la e exponenciar ao máximo

ções que podem interessar a todos aqueles

o que cada região, cidade ou local tem de

que interagem com a área desportiva no

melhor.

concelho de Matosinhos.

Por fim, aproveitava esta oportunidade que

Este é, também, um portal que se encon-

me foi dada para falar neste projecto que

tra ao serviço da autarquia (embora seja

pude implementar para lançar o repto às

totalmente independente) pois tem vindo

autarquias, aos responsáveis pelo despor-

a divulgar algumas actividades proporcio-

to municipal, a entidades desportivas e a

nadas por si ou pela sua empresa municipal

pessoas ligadas ao fenómeno desportivo

de desporto. Temos no directório de insta-

forma prática, rápida e confortável; ajudou

para que tudo façam para implementar

lações as instalações que a mesma gere e são

a autarquia e a sua empresa municipal de

algo semelhante ao Portal do Desporto

transmitidas diversas noticias relacionadas

desporto, mostrando o quão próximas dos

de Matosinhos nas suas cidades. Esta é

com actividades da autarquia, como por

cidadãos elas estão, seja com a organização

uma excelente forma de levar o desporto

exemplo transmitindo noticias que referem

de actividades, seja com a disponibilização

às pessoas e as pessoas ao desporto por

a atribuição de votos de louvor da Câmara

de instalações, ou pelo apoio que prestam

uma verba reduzida e que poderá ser uma

Municipal de Matosinhos a atletas e clubes

ao desporto concelhio, permitindo que elas

pequena “fatia” de um orçamento de uma

que se distinguem nas competições onde

próprias possam saber, frequentemente, a

Câmara Municipal.

participam ou anunciando provas orga-

valia e os desempenhos das instituições

Pensar “fora da box”, em novas plataformas,

nizadas/co-organizadas pela autarquia.Não

desportivas no seu concelho.

em novos instrumentos, em novos mod-

tenho dúvidas que esta plataforma veio,

Em suma, e perante tudo o que pude

elos, é essencial, mas não basta… Temos,

francamente, trazer algo novo a Matosinhos.

referir anteriormente, penso que seja facil-

também, de AGIR “fora da box”!

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COMO SER UM TREINADOR DE EXCELÊNCIA

Alcino Rodrigues, Professional Coach/Formador/Consultor www.arcoaching.pt www.facebook.com/alcinorodrigues.coaching www.arcoaching.pt/ar/store

“C

omo Ser um Treinador de Excelência” é uma obra para

Muitos conceitos de gestão de equipas provenientes do desporto

todos os treinadores desportivos com funções em modal-

foram importados para o ambiente empresarial pois a uma certa

idades colectivas. Falo aqui de treinadores de futebol,

altura verificou-se que em ambiente grupal as características

futsal, basquetebol, andebol, voleibol, râguebi, hóquei

relacionais, de performance e produtividade são comuns. Outros

em patins, pólo aquático, etc. Os seus conteúdos são transversais

conceitos relacionados com a liderança e a comunicação atraves-

às modalidades em que a equipa está acima de tudo, pois é neste

sam um caminho inverso, ou seja, do contexto empresarial para o

contexto que encontramos características específicas que lhes con-

contexto desportivo.

ferem uma certa especialidade. Estas características encontram-se

O treinador que adquire a obra encontrará um guia que o irá ori-

também noutros ambientes organizacionais, pelo que o papel do

entar para a Excelência, um conceito de evolução contínua, consci-

treinador no desporto pode ser equiparado ao papel do gestor,

ente e consistente com o objectivo de se tornar exponencialmente

administrador ou encarregado numa organização empresarial.

melhor nas suas funções.

Ser treinador é uma aventura, um desafio mas quando se deseja

foco as competências comportamentais chave e é suportada pelo

ser excelente e se trabalha para isso é necessário existir um foco no todo e não só nas competências técnicas. Assim fazem os melhores e assim é a minha perspectiva, baseada em experiências, investigação, estudo e casos reais, daquilo que um treinador deve ter para ser um treinador de excelência. Para ser um treinador bem-sucedido. Para que deixe marcas nos seus atletas. Para que todos se lembrem dele para o resto da sua carreira desportiva, profissional ou amadora. Possivelmente será uma perspectiva comum a muitos, quer sejam treinadores profissionais, de alta competição, quer sejam amadores ou aspirantes a treinador, de um grande clube ou de um escalão de formação numa pequena

pressuposto de que as bases da actividade de um treinador são a Liderança e a Comunicação, com grande implicação nas Relações Interpessoais. Para atingir a excelência é necessário dirigir o foco para estas três dimensões, não menosprezando no entanto as competências técnicas adquiridas. A Pedagogia do Desporto indica-nos que existem 3 tipos de competências essenciais a serem desenvolvidas pelos treinadores, nomeadamente as

Competências

Técnicas,

as

Competências

de

Comunicação e as Competências

de

Liderança. Pensando nisto, e partindo da minha ideia base de

associação desportiva.

que, em geral, todos os treinadores são tecnicamente competentes

Fruto da minha experiência como atleta de várias modalidades

existente relacionado com a modalidade que treina, cheguei à

diferentes, dirigente e treinador, duma alargada pesquisa, do relacionamento com muitos outros treinadores, atletas, dirigentes, ao longo de 25 anos e do acumular de muitos anos de observação, com um grande alinhamento dos conteúdos com conceitos do Coaching e da Programação Neurolinguística, esta obra tem como

e têm acesso a uma quantidade quase infinita de conhecimento conclusão após algum estudo e investigação que a comunicação e a liderança são as competências que fazem a diferença efectiva no sucesso de um treinador. E aqui falo de sucesso consistente e não sucesso esporádico, pois este poderá acontecer fruto de certas circunstâncias reunidas. A chamada sorte… Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 17


Um treinador tem de ser um líder e, por conseguinte, um bom comunicador. Deve de saber interpretar os padrões de comportamento dos seus atletas, mesmo que de forma inconsciente, decidir muitas vezes intuitivamente e em poucos segundos, sabendo que essa decisão irá influenciar o rumo dos acontecimentos daí para o futuro. A filosofia de vida de um treinador de excelência está intrinsecamente ligada à sua filosofia de treino. Por vezes a fronteira é tão ténue que surgem afirmações como uma recente de Vítor Pereira: “Eu durmo a pensar futebol…”. Um treinador deve ter a capacidade de entender que ele próprio é uma obra inacabada. Isso define a sua humildade, impulsiona-o e motiva-o para a formação constante e regular. Ele coloca as coisas em dúvida regularmente e reformula o seu pensamento num ápice. Uma boa notícia é a de que todas estas capacidades são possíveis de trabalhar, na minha opinião, e o desenvolvimento da criatividade, da persistência, da resiliência e da paciência irá ser tão natural quanto a paixão que sente pela actividade

que exerce. Na ausência de alguém que treine o treinador, ele próprio deverá desempenhar esse papel. O treinador tem e sempre terá uma vida difícil. Seja ela qual modalidade for. Muitas vezes terá ao seu dispor poucos recursos externos. Terá sempre um enorme número de variáveis que precisa conhecer e, como tal, terá de buscar nos seus recursos internos o combustível para se fazer crescer na adversidade, assim como fazer crescer os seus atletas. Q uer seja com jovens, quer seja com adultos, quer seja com homens, quer seja com mulheres, quer seja com dinheiro, quer seja sem dinheiro, o treinador terá sempre a ideia que está só. Quase sempre… Nas decisões boas ou más, no “apontar do dedo”, na valorização ou desvalorização do seu trabalho, ele sentirá sempre que poderia ter feito diferente, que poderia ter dito diferente, que poderia ter escolhido diferente. Por isso é que, como treinador que também sou, senti que fazia falta algo para ajudar a ultrapassar este sentimento. Algo para auxiliar o processo de autoconhecimento do treinador e que o orientasse no seu desenvolvimento pessoal.

No prefácio, António Fidalgo, conhecido por muitos do mundo do futebol, antigo jogador do Benfica, Sporting, Salgueiros, Espinho, Braga, Leixões e Estoril, tendo tido várias presenças na Selecção Nacional, tendo sido ainda treinador no Estoril, Salgueiros, Varzim e Campomaiorense (campeão nacional da 2ª divisão), comentador e analista na RTP e Rádio Renascença, antigo Director Desportivo no Campomaiorense e no Marítimo, refere que “O domínio das componentes mentais, na vida e no desporto, permite muitas vezes, fazer a diferença pela diferença. Quem é mais competente nas áreas físicas, técnicas e estratégicas, normalmente consegue grandes feitos. Quem adiciona a estas componentes, competências nas áreas mentais e emocionais consegue feitos excepcionais”.

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Como Ser um Treinador de Excelência

A obra conta também com a colaboração de várias personalidades e treinadores ilustres nacionais, nomeadamente: Professor Jorge Tormenta (Ex-seleccionador Nacional de Andebol Feminino, comentador de Andebol da RTP, Coordenador do Desporto Federado do Colégio de Gaia), Professor Dr. Bruno Travassos (Professor na Universidade da Beira Interior, Treinador de Futsal da AD Fundão – 1ª divisão, ex-seleccionador distrital de Castelo Branco, autor da 1ª tese de doutoramento sobre o tema do futsal, autor do livro “A Tomada de Decisão em Futsal), Carlos Resende (com um currículo invejável enquanto jogador, onde foi várias vezes campeão nacional de andebol e teve inúmeras internacionalizações ao representar a selecção nacional, é

dos poucos que conta também já com um título de campeão nacional enquanto treinador), Carlos Carvalhal (Treinador de futebol, foi coordenador técnico no Al Ahly - Dubai, foi treinador no Besiktas (Turquia), Sporting, Marítimo, Braga, Belenenses, Vitória de Setúbal (onde venceu uma Taça da Liga e qualificouse para a Taça UEFA) e Leixões (onde foi a 1ª vez que uma equipa da 2ª Divisão B foi finalista da Taça de Portugal, tendo sido qualificado para a Taça UEFA), Luís Sénica (é coordenador técnico nacional e foi seleccionador Nacional de Hóquei em Patins, várias vezes campeão nacional pelo Benfica, vencedor da Taça de Portugal, vencedor da Taça CERS, tendo sido também campeão europeu).

“A Pedagogia do Desporto indica-nos que existem 3 tipos de competências essenciais a serem desenvolvidas pelos treinadores, nomeadamente as Competências Técnicas, as Competências de Comunicação e as Competências de Liderança.” O Professor Mário Barros (Treinador de

Bettencourt (foi Treinadora de futsal femi-

Braga, tendo passado anteriormente pelo

Basquetebol com 60 anos de carreira, foi

nino sénior do Sporting, campeã distrital,

Miramar, Famalicense, Fundação Jorge

coordenador técnico do basquetebol mas-

e anteriormente foi treinadora campeã

Antunes, Modicus e CSKA de Moscovo),

culino do Académico FC, foi selecciona-

nacional por 5vezes com equipa de fut-

Jorge Braz (Seleccionador Nacional de

dor nacional de Sub-18 e coordenador

sal feminino do SL Benfica), Orlando

Futsal desde 2010, anteriormente técnico-

do CAR Jamor e também seleccionador

Duarte (ex-seleccionador Nacional de

adjunto de Orlando Duarte na selecção).

nacional de Juniores; conta com 13 títulos

Futsal, ex-treinador campeão nacional

Com a colaboração destes amigos a obra

nacionais de Juniores e Cadetes mascu-

pelo Sporting por 9 vezes, tendo sido em

tornou-se mais valiosa em termos de par-

linos pelo FC Porto e Vasco da Gama e

2010/11 vencedor da Supertaça, Taça de

tilha e com mais interesse em relação às

esteve presente em 15 fases finais con-

Portugal, CampeonatoNacional e final-

suas perspectivas.

secutivas de Juniores e Cadetes mascu-

ista da UEFA Futsal Cup, Campeão actual

linos entre os anos de 1968 e 1982; é

da Letónia pelo FC Nikars Riga), Paulo

Isto será só o ponto de partida de um

prelector em várias acções de formação

Tavares (uma referência do futsal por-

caminho a fazer, em direcção a grandes

da AB Porto e EN Basquetebol),Vera de

tuguês, actual treinador de Futsal do SC

conquistas.

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PREVENÇÃO DE LESÕES CRANIANAS NA NFL. s efeitos colaterais de muitos

experiencia pessoal. Ferrara que haveria

dos desportos de contacto, no

de fundar a Xenith, e desenvolver este

qual se inclui o futebol ameri-

capacete que minimiza significativamente

cano, são há muito sabidos e

o impacto na cabeça dos jogadores de

já analisados nas páginas desta revista na

futebol americano, assim como alterações

Edição 2. As altas percentagem de apa-

bruscas de movimentos, vulgares sacudide-

recimento de doenças degenerativas em

las. O capacete é desenvolvido à medida

ex-atletas são preocupantes, e o esforço

para cada atleta, em ajustes personalizados,

para minimizar lesões ou fortes impactos

e assente numa tecnologia que coloca o

desprotegidos na cabeça no desporto é

ênfase em amortecedores, que se adaptam a

mais forte do que nunca. Até porque existe

cada golpe em todos os níveis de impacto.

atualmente um crescente movimento que

Mesmo para os amentes deste desporto tão

pretende terminar com as competições

americano desconhecem este capacete e os

profissionais da NFL apontando estas mes-

seus benefícios, mas isso é principalmente

mas questões de saúde como a questão

devido às marcas de capacete não podem

chave. A NFL, reconhecendo a importân-

publicitar em campo.

cia da necessidade de novas politica para

No entanto, desde 2013 que

a segurança e o perigo de nada fazer,

estão livres para usar os capacetes de sua

implementou um rigoroso conjunto de

escolha, e uma grande maioria escolheu o

normas de segurança para os jogadores,

Xenith X2 football helmets, entre os nomes

apostando principalmente em métodos

mais sonantes encontramos: Buccaneers TE

preventivos para combater o problema e

Dallas Clark, Patriots CB Devin McCourty

reduzir o risco de ferimentos cranianos e

e Ravens RB Ray Rice.

com consequências futuras.

As vendas têm disparado 4,000 capacetes

O Xenith X2 football helmets foi uma ideia

em 2010; 65,000 em 2011; e mais de

e desenvolvido por Vin Ferrara. Ferrara, um

80,000 no ano passado. Ferrara, no ano pas-

ex- quarterback, enquanto tirava o seu curso

sado, chegou a afirmar: “…mais de metade

de medicina na Universidade de Columbia,

das equipas da NFL estarão vestindo os

em 2004, após ter visto um curto vídeo do

(capacetes) Xenith,

os atletas

A NFL, reconhecendo a necessidade de novas politica para a segurança e o perigo de nada fazer, implementou um rigoroso conjunto de normas de segurança para os jogadores, apostando principalmente em métodos preventivos para combater o problema e reduzir o risco de ferimentos cranianos e com consequências futuras.

jogador de hóquei Eric Lindros deitado no gelo após uma concussão, para além da sua

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X2IMPACT MOUTH PREVENÇÃO DE LESÕES CRANIANAS NA NFL. A motivação de Rich Able para criar e

logia que monitora os dados fisiológicos

que avalia com precisão o estado clinico

desenvolver o X2IMPACT mouth guards

do atleta em tempo real. Ajuste person-

do atleta.

foi ainda mais pessoal que a história de Vin

alizado, faz com que os sensores captem

Os protetores bucais estão comercializados

Ferrara, e apareceu-lhe quando o seu filho,

ainda melhor os dados assim como os

à cerca de dois anos, mas os seus ensaios e

ficou inconsciente por quase um minuto

podem comparar com dados armazenados

melhorias continuam em expansão e com

de jogo de futebol, após uma farte pancada

anteriormente.

uma forte intervenção de vários programas

na cabeça em uma superfície de madeira.

Sem necessidade de fios, este aparelho

universitários, incluindo Stanford, Notre

Ao contrário do que aconteceria com mui-

envia um alerta para o treinador/equipa

Dame e da Universidade de Washington.

tos pais, e forçasse o seu filho a afastar-se

medica no momento em que o atleta sofre

Esta tecnologia tem ainda a grande van-

do desporto, Able decidiu apostar e desen-

um impacto potencialmente ameaçador à

tagem de poder ser utilizada por muitas

volver uma tecnologia de monitoramento

sua saúde. Acompanhado igualmente com

outras modalidades, e começam a divergir

em tempo real dos sinais fisiológicos e de

um programa/aplicativo, desenvolvido e

estudos para o seu uso para o lacrosse e

deteção de efeitos dos impactos na cabeça.

em desenvolvimento com a Microsoft,

hóquei em campo e hóquei em gelo.

O X2 é um protetor de boca de alta tecno-

que permite executar uma serie de testes

Pedro M. Silva, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com 22 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


JOGO DURO

UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA RECENTE – POR NÃO HAVER ANTIGA - DO MARKETING ESPORTIVO BRASILEIRO Alexandre Bonfim , Publicitário de criação e marketing esportivo, fala a língua da bola em quatro idiomas. alexandre@alexandrebonfim.com.br

E

stamos em 1987. Devido a

liga consegue patrocínios e apoios. Os

ionárias. Segundo informações, os valores

inúmeras confusões, desman-

times passam até a receber cota de TV. E a

repassados entre 2012 e 2015 foram de

dos e absurdos dos dirigentes

história começa a ser escrita.

110 milhões de reais para Flamengo e

do futebol verde-amarelo, o

Assim nasce o marketing esportivo no

Corinthians e 80 milhões de reais para o

Brasil.

São Paulo, por exemplo. Aliás, com raras

campeonato nacional está ameaçado. A CBF, Confederação Brasileira de Futebol,

exceções, direitos de transmissão são a

organizadora da principal competição do

Saltamos 28 anos no tempo. Estamos em

grande fonte de receita. E isso é preocu-

país, afirma não poder arcar com os cus-

2015. Há alguns meses, o Brasil foi humil-

pante.

tos. Os clubes, de gestões amadoras, estão

hado pela Alemanha na semifinal da Copa

Com os clubes cada vez mais endividados,

endividados - não há luz no fim do túnel

do Mundo.

o dinheiro da TV é constantemente adian-

do vestiário.

A CBF é criticada veementemente por sua

tado para pagar dívidas.

Um executivo da IBM é chamado – ou

postura para com a seleção, o desenvolvi-

O que gera dependência, proibindo nego-

melhor, desafiado desesperadamente –

mento do futebol no país e os clubes. Mas

ciações com outros parceiros ou discussão

para criar um modelo que permita a real-

ninguém fala em criar uma liga nacio-

sobre valores e divisão de cotas (com a

ização do Brasileirão. E ele cria.

nal paralela, pois os tempos são outros.

consequente “espanholização” do futebol,

Mas, sem a participação da CBF, com outro

Financeiramente falando, principalmente.

com dois clubes – no caso, Flamengo e

nome (Copa União) e formato (divisão por

E apenas em alguns aspectos, como ver-

Corinthians – recebendo muito mais din-

módulos). É formado o Clube dos 13, com

emos aí embaixo.

heiro do que os outros e aumentando o

as principais equipes do país à época. A

Os clubes recebem cotas de televisão mil-

abismo entre os clubes).

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Sobre ter direitos de transmissão como a maior fonte de receita,

do seu recém-criado programa de sócio torcedor e a evolução das

há outro problema. Isso demonstra não só a dependência citada

receitas me faz acreditar que ela está no caminho. Mas sinto falta

anteriormente como também falta de projetos consistentes para

de ações de marketing diferenciadas, que explorem o potencial do

aumento de receitas com marketing e bilheteria. Mais uma vez (e

clube e empolguem de verdade seus mais de 32 milhões de torce-

para manter a esperança no futebol tupiniquim), há exceções.

dores espalhados por todo o país.

O Internacional, de Porto Alegre, é o clube com mais associados no país e o sexto no mundo – à frente de times como Porto e

E pra ninguém dizer que não escrevi nem uma linha sobre nam-

Manchester United. Seu programa de sócio torcedor não é pio-

ing rights, aqui vão várias. Nada animadoras, pra ser sincero.

neiro por aqui (o primeiro foi do São Paulo, que hoje ocupa um

Conforme também havia falado em outro texto (também com o

tímido 8º lugar), mas já chegou à metade do Índice Benfica. Além

link no fim do artigo), essa modalidade tão comum em todo o

disso, o excelente trabalho de marketing do clube vem sendo real-

mundo sofre forte rejeição no Brasil. E, acredite se quiser – ou

izado de forma consistente há anos. Os prêmios recebidos provam

puder: isso não acontece por parte do público, mas dos meios de

que não estou exagerando.

comunicação.

O Corinthians tem evoluído muito e rápido no assunto. Falei sobre

A ponto de acontecerem casos absurdos como o do amistoso entre

ele em dois textos (os links para eles estão no fim desse artigo),

Palmeiras e Red Bull Brasil, quando a emissora que transmitia a

mas poderia ter escrito mais. O time acaba de jogar um torneio

partida chamou sistematicamente o clube do energético de RB e

nos EUA, fechou patrocínio exclusivo pra sua web TV... Basta uma

alterou seu escudo, além de chamar o Allianz Parque de Arena

pesquisa na internet pra ver o que digo.

Palmeiras.

A atual diretoria do Flamengo tem a meta de equilibrar as fontes

Uma visão de negócios mesquinha e cheia de buracos, que difi-

de receitas em três partes iguais, como os europeus. O crescimento

culta a evolução do marketing esportivo por essas bandas.

“Os clubes recebem cotas de televisão milionárias. Segundo informações, os valores repassados entre 2012 e 2015 foram de 110 milhões de reais para Flamengo e Corinthians e 80 milhões de reais para o São Paulo, por exemplo. Aliás, com raras exceções, direitos de transmissão são a grande fonte de receita.”

Ok, até agora o texto só fala sobre futebol.

cheio, aproveitam pra botar água até trans-

vai dar ao esporte brasileiro a grandeza

Acontece que isso é inevitável. Ele é o

bordar. Além do mais, acho que o Brasil

que ele merece e a posição de destaque que

esporte mais popular do país, o que o leva

está evoluindo. O surgimento de cursos

pode ocupar.

a ganhar mais espaço na mídia e dinheiro

voltados para a área com a consequente

Porque há recursos financeiros, material

de patrocinadores. Consequentemente, o

formação de especialistas ajuda, as refer-

humano e criatividade de sobra. Mas quem

que dá mais repercussão, seja positiva ou

ências encontradas na internet ajudam,

gere o esporte precisa querer que as trans-

negativa. Porque casos como o do Red Bull

a obrigação de clubes se profissionaliza-

formações aconteçam. Principalmente no

Brasil, que citei acima, acontecem há anos

rem para competir neste mundo esportivo

marketing, a primeira área a sofrer com

em esportes como vôlei e basquete e nin-

globalizado ajuda. Até as leis e a justiça

falta de atenção e corte de verbas quando a

guém nunca deu muita atenção. Por isso

ajudam, de vez em quando.

situação não vai bem – seja do clube ou da

dá pra entender quando um patrocinador

Mas, se pular essas quase três décadas,

economia – e onde sempre tem um amigo-

deixa um clube (reparem no título da

vou deixar de pensar nas questões do

do-filho-do-cliente pra ocupar a cadeira

matéria, “Campinas deve fechar as portas”,

presente. No que deve ser feito hoje para

sem ter a menor ideia do que fazer. É um

e na camisa do clube, que diz “Amil”; se o

ter acesso a um futuro maravilhoso que

jogo duro, em que os erros se repetem.

clube se chamava Amil/Campinas, por que

nunca vai acontecer caso as mudanças não

Talvez por isso bata uma sensação de déjà

ocultar a marca?).

cheguem rápido. Precisamos de mais pes-

vu às vezes, sabe?

Poderia dar mais um salto no tempo de 28

soas com formação de qualidade e conhe-

anos, como o do início do texto, pra gente

cimento sólido em posições importantes;

Bom, como eu ia dizendo. Estamos em

falar do marketing esportivo brasileiro

mais profissionalismo por parte de clubes

1987...

em 2043. Na verdade até gostaria. Sou

e empresas de mídia; mais projetos sérios e

daqueles que, quando veem o copo meio

cobranças vindas do poder público. Só isso 1) 2) 3)

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Corinthians lança cemitério oficial – http://doentesporfutebol.com.br/2014/11/corinthians-para-sempre/ Vai Curintia – http://doentesporfutebol.com.br/2015/01/vai-curintia/ Paulistão Itaipava – http://doentesporfutebol.com.br/2015/01/paulistao-itaipava/


SERÃO MAIORES QUE BARCELONA E R. MADRID OS NOVOS CONTRATOS DE TV VÃO AUMENTAR AS RECEITAS EM 70%, COM TODOS A RECEBEREM MAIS RECEITAS DO QUE BARCELONA E R. MADRID. As renegociação dos direitos de transmissão televisiva do campeonato inglês, vendidos à Sky Sports e à BT Sport, sofreram um aumento de 70%, e rendem agora 6,9 mil milhões de euros para as próximas três temporadas. Para termos ideia do aumento, olhemos para o exemplo do Cardiff. Na última distribuição dos direitos de TV em Inglaterra, o Cardiff, proveniente da II Liga, foi a equipa que menos recebeu - 74 milhões de euros por cada temporada. O novo acordo, contudo, vai injetar mais 70% em cada clube. Se esta nova redistribuição fosse válida já esta temporada, o Cardiff teria recebido cerca de 125 milhões, ou seja, apenas menos 25 milhões que Barça e Real. Relembremos que Barcelona e Real Madrid, de Espanha, são os clubes que mais recebem em direitos televisivos, na ordem dos 150 milhões de euros por temporada. Se pensarmos agora nestes valores para clubes como o Liverpool, Manchester United, Manchester City, Arsenal e Chelsea, catalães e merengues ficarão ainda mais atrás - o Liverpool é o clube que mais tem recebido em Inglaterra, com um total de 116 milhões na última distribuição, sendo que deverá passar para perto dos 200 milhões em 2016. A forma como isto irá alterar os campeonatos europeus e de que forma se irá verificar a migração de craques para o campeonato inglês é difícil de dizer, mas terá de certo enormes consequências para os clubes de media dimensão do velho continente.

Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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CICLISMO - CIÊNCIA DESPORTIVA COMO A TECNOLOGIA NOS PODE TORNAR MAIS FORTES, MAIS RÁPIDOS E MAIS VENCEDORES.

O

ciclismo de estrada , como a grande maioria concorda, é o desporto moderno e de topo mais exigente. O corpo do ciclista eleva-se aos seus próprios limites e como tal os atletas veem-se na obrigação de entender na perfeição onde se situam as suas forças e limites. A ciência tem sido a grande aliada. Olhar e utilizar a ciência é crucial para potenciar a performance desportiva; olhan-

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do não só, para o aumento da capacidade física, mas também, para a clara perceção dos limites fisiológicos de cada atleta. Nos últimos anos, surgiram quatro testes fisiológicos e biomecânicos que permitem de forma segura e bastante especifica determinar como o corpo reage ao treino e quais as melhore metodologias para melhorar a performance. Neste artigo iremos falar um pouco destes testes.


FIG.1

FIG.2

FIG.3 DXA Scan (fig. 1) Um tipo de raio X que mede a densidade óssea. Ciclistas tendem a ter menor densidade óssea do que outros atletas, como os levantadores de peso, ou corredores de longas distancia – maratonistas. Com estes resultados em mão, os atletas podem executar um conjunto de exercícios, nomeadamente pequenos saltos – entre 40 ou 100 pequenos “impactos”, de forma a chegar a valores mais favoráveis.

Dynamic Bike Fit (fig. 2) Através de uma análise computacional do atleta enquanto pedala, com uso de vídeo 3d e alinhamento de lasers, é possível verificar a forma como a bicicleta interage com o corpo do atleta durante

FIG. 4

o exercício. Com este teste é possível analisar os três pilares mais importantes para o ciclista: o conforto, a potência e aerodinâmica em cima da bicicleta. Feita a análise é possível reeducar o ciclista e a forma como ele pedala em alguns pormenores, nomeadamente questões biomecânicas únicas.

Lactate Threshold - LT Test (fig.3) LT Test marca a intensidade de esforço em exercício aeróbico em que o atleta passa de esfoço confortável para um estado de fadiga acentuado. Este teste é desenvolvido para testar a capacidade do ciclista para o contra-relógio. Usar estas informações para calcular as zonas de treino para as quais existe uma percentagem da sua frequência cardíaca no limiar do que é um esforço confortável para um esforço acima das capacidades do seu corpo.

Power Profiling (fig. 4) Teste de potência em vários sprints de 30 segundos, de forma a obter o perfil de energia do ciclista. Este teste funciona principalmente como uma comparação com outros ciclistas, dado que uma boa parte deles está disponível para consulta, e de forma de avaliar os pontos fortes/fracos e o que é necessário melhorar.

Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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CORFEBOL

Conheça este desporto que junta homens e mulheres em equipas mistas e agrega o basquetebol e o andebol numa única modalidade.

O

Corfebol (do holandês korfbal) é um desporto col-

em 1920, foi apresentada como modalidade de demonstração nos

ectivo praticado principalmente na Holanda e na

Jogos Olímpicos. A partir dai, foi-se criando várias competições,

Bélgica. Difere de outros desportos semelhantes

e o numero de praticantes aumentou progressivamente, e hoje é

porque é praticado por equipas mistas, formadas

praticada um pouco por todo o mundo, e estando, dentro da luso-

por quatro homens e quatro mulheres, e junta, de forma simplista,

fonia, presente em Portugal e no Brasil.

o andebol e o basquetebol. Surgiu na Holanda em 1902, inventado

Em Portugal o corfebol tem cerca de 1000 atletas federados sendo

por Nico Broekhuysen, inspirado num jogo sueco denominado

a sua captação efectuada essencialmente ao nível do Desporto

“Ringball”. Na Holanda, o “ring” (aro metálico) sueco foi sub-

Escolar. Alguns dos principais clubes nacionais são o Clube de

stituído pelo “korf ” (cesto de vime), originando o Korfball, que

Carnaxide Cultura e Desportos , o Núcleo de Corfebol de Benfica ,

numa tradução livre significa bola (ball) ao cesto (korf) e que em

o Clube de Corfebol de Oeiras , a Escola Secundária de Carcavelos

Portugal virou a Corfebol.

e o Grupo Desportivo dos Bons Dias.

Teve uma boa aceitação e expansão da modalidade logo após a

A nivel nacional, Portugal já alcançou um 3 lugar no campeonato

sua apresentação, principalmente na Holanda e Belgica, chegando

Mundial na India, e um 2 lugar co campeonato europeu.

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Regras do Corfebol A característica que o distingue de todos os outros desportos colectivos é o facto de ser misto: as equipas de Corfebol são constituídas obrigatoriamente por atletas de ambos os sexos. Caso o jogador golpeie a bola, ele não poderá obstruir a visão ou a passagem. O objectivo é introduzir a bola no cesto da equipa adversária. O cesto é de verga e está colocado num poste a 3.50 m do solo. A bola é disputada por duas equipas de oito elementos, quatro rapazes e quatro raparigas (2 à defesa e 2 ao ataque), e só pode ser jogada com a mão. Não pode ser driblada e os jogadores não podem dar passos com a bola na mão. A bola a utilizar é uma bola de futebol nº 5. O campo de jogo é rectangular, de dimensões 40X20 metros, e encontra-se dividido ao meio por uma linha central. Cada uma das zonas de divisão contém um cesto, colocado a 6.67 metros da linha de fundo. A 2.50 metros do cesto, no sentido da linha central, existe a marca de penalidade. Em cada uma das zonas são colocados 2 jogadores e 2 jogadoras de cada equipa, designados por “quadrado”: numa zona haverá um quadrado atacante e na outra um quadrado defensivo. Os jogos têm a duração de 1 hora, 2x30 minutos, com 10 minutos de intervalo. No início do jogo, da 2ª parte e depois de cada cesto marcado, a bola é jogada a partir da linha central (no meio desta). Cada cesto equivale a um ponto. Sempre que há cesto a bola é reposta pela equipa que o sofreu. Quando o somatório dos pontos das duas equipas é par (p.e. 1-1; 3-1; 2-2), as equipas mudam de zona. Isto significa que sempre que se marcam dois pontos, quem estava a defender passa a atacar e quem stava a atacar passa a defender. No início da 2ª parte, os quadrados atacantes (de ambas equipas) do fim da primeira parte mantêmse, mas trocam de meio-campo. A defesa deve ser individual e por sexo, o que quer dizer que cada jogador defensivo deve defender (marcar) um jogador atacante da equipa adversária do mesmo sexo. Não é permitido lançar ao cesto quando se está coberto (defendido ou marcado). Estar defendido é ter um adversário defensivo do mesmo sexo, à distância de um braço, entre si e o cesto e manifestando intenção de impedir o lançamento (de braço levantado).

É proibido: tocar a bola com a perna ou com o pé ou com o joelho; bater a bola com o punho ou com o pé; bater ou tirar a bola das mãos do adversário ou de um companheiro; correr ou andar com a bola ou driblar; lançar de uma posição defensiva; lançar de uma posição defendida: entre o atacante e o cesto; de frente para o atacante; com o braço levantado à distância de um braço.

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APOSTAS DESPORTIVAS ONLINE - LEGALIZAÇÃO? O que se pode ganhar na eventual Mundança na legislação! E quais os Perigos!

A

recente abertura legislativa da lei portuguesa ao jogo

das apostas desportivas o mais rápido possível. Pelas suas palavras

online volta a trazer para o debate a legalização das

na tomada de posse onde afirmava que:“ Regular o mercado das

apostas online desportivas em Portugal. Que até agora

apostas desportivas com receitas para os clubes que sustentam pos-

é ilegal ou pelo menos opera fora da lei e como tal

sibilidade dessas plataformas existirem” é uma das suas prioridades.

isenta de normas legais. Esta é aliás uma das grandes contradições

E, as propostas de Fernando Gomes feitas nos últimos três anos

de negócio em território luso, dado que o jogo online e de apostas

assentam numa base solida entre uma parceria entre a Santa Casa da

desportivas e um das poucas atividades que apresenta um cresci-

Misericórdia, com o propósito de fazer chegar aos clubes o dinheiro

mento e rendimentos finais de milhões, mas os clubes, a grande

que é deles por direito. Isto assente numa comissão criado para este

maioria endividada e em francas dificuldades financeiras, não

efeito: Comissão Interministerial. Em 2012, a Bwin - uma conhecida

aferem nenhum ganho de todos os ganhos gerados.

cada de apostas, pagou 23 milhões de euros para ter o seu nome nas

O crescimento do jogo online é exponencial; numa taxa de cresci-

camisolas do Real Madrid. No mesmo ano de 2012, um estudo da

mento de 50% de ano para ano, desde pelo menos 2008, onde os

consultora H2 Gambling Capital estima que este sector movimente

dados e estatísticas passaram a ser recolhidas e analisadas com mais

globalmente 200 mil milhões de euros por ano. Em Portugal, não

cuidado. A aposta desportiva, com imenso impacto nas camadas

existem números ou aproximações fidedignas, mas pensa-se que

mais jovens – 20 aos 35, encontra-se nesta estatística. Não é, pois, de

acompanhe a tendência da Europa e, dado a apetência dos portugue-

estranhar que Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa

ses ao jogo, julga-se que pode ser até um pouco superior, e tem-se

de Futebol (FPF), seja um dos principais defensores da legalização

apontado para valores na ordem dos 700 milhões de euros e a subir.

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Encontrar um modelo que procure ben-

tas desportivas. O que nos pode obrigar a

ter muito cuidado, para não criar uma

eficiar todos os envolvidos é fundamental

questionar seriamente se ainda podemos

suspeição generalizada, que ponha em

e em grande medida já feito e encontra.se

acreditar no que vemos quando vamos a

causa a credibilidade do futebol. Muitas

em análise pelas entidades competentes.

um estádio ou assistimos a um jogo de

vezes, mais do que o problema é a ameaça

Mas não só o futebol pode tirar proveito

futebol na televisão? E se legalizar as apos-

do problema que contribui para afetar a

da legalização das apostas desportivas – o

tas desportivas não vai potenciar este sen-

imagem de credibilidade do desporto”.

futsal, como a principal modalidade de

timento negativo? Emanuel de Medeiros,

Mais negativa é ainda a opinião de Emanuel

pavilhão, olha com muita aten-

de Medeiros, director-exec-

ção e sabe do muito que tem

utivo da Associação das

a ganhar. Assim como o bas-

Ligas Europeias de Futebol

quetebol, o andebol e o hóquei

(EPFL), em entrevista para

em patins.

o mesmo jornal Expresso,

Mas, apesar de todo o claro

alerta para a questão das

beneficio para os clubes por-

apostas desportivas, e para

tugueses,

questões

a seriedade com que devem

fundamentais a resolver ou

ser abordadas: “Deve-se ter

que necessitam de uma aten-

muito cuidado, para não

ção constante, nomeadamente

criar uma suspeição gener-

sobre os riscos das apostas para

alizada, que ponha em causa

com o jogo e de que forma

a credibilidade do futebol.

elas podem interferir com os

Muitas vezes, mais do que

resultados.

o problema é a ameaça do

Por

existem

exemplo,

oscasos

de

problema que contribui para

manipulação de jogos na Ásia,

afetar a imagem de credi-

na Europa de Leste e em Itália, a recente

director-executivo da Associação das Ligas

bilidade do desporto”. Como é percetível

investigação da Europol – que detectou 680

Europeias de Futebol (EPFL), em entrev-

existem duas balanças com fortes argu-

jogos viciados, 380 dos quais na Europa –

ista ao Expresso, alerta para a questão das

mentos de ambos os lados, e antes de qual-

voltou a colocar o tema no centro das aten-

apostas desportivas, e para a seriedade

quer decisão, é necessário cobrir todos os

ções, que derivam directamente das apos-

com que devem ser abordadas: “Deve-se

potenciais problemas que poderão surgir.

Tiago Dinis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 31


FUTEBOL: LIGA DOS CAMPEÕES

Existe de facto uma vantagem em jogar em casa na maior competição futebolista do Mundo – LC? Ou é apenas um mito? O que nos dizem os números!

N

o futebol sempre se associou o fator casa como determinante para a vitória final no desafio. Para a grande maioria dos adeptos é senso comum. Uma verdade sem discussão. E a realidade vai largamente de encontro a este pensamento.

Sem que com isto sejam necessários definir alguns condicionantes. Desde logo, olhando unicamente para os campeonatos nacionais, e para as suas principais equipas, aquelas que por norma dizemos “candidatas ao título”. Em campeonatos desequilibrados, como são a maioria das competições nacionais Europeias, os clubes ditos grandes têm de facto um registo esmagador em casa, onde muito raramente perdem pontos, e quando o fazem, fazem-no contra os seus rivais – também eles com pretensões ao título. Olhando de uma forma genérica e transversal – para todos os clubes, também se encontram percentagens de vitórias interessantes e significativas na maioria dos campeonatos europeus. Na Inglaterra, por exemplo, naquele é tido como o campeonato mais competitivo do Mundo, encontram-se valores de vitória em casa que variam entre os 60-65%, com diferenças não significativas entre a primeira e segunda divisão. A grande maioria dos campeonatos europeus apresenta números semelhantes, assim como o brasileirão, onde a percentagem sobe apenas um curto acréscimo e fixa-se nos 65%. Mas, estes valores são os mesmos para a melhor e maior competição futebolística do Mundo – a Liga dos campeões? Aproveitando o trabalho desenvolvido Lucas Rios e colegas no artigo “ A vantagem em casa no futebol: comparação entre Copa Libertadores da América e UEFA Champions League”, tentamos responder a esta pergunta. Analisados todos os números na Liga dos Campeões de 2004/2005 à 2011/2012, temos como resultado final um efeito positivo de jogar em casa, com valores de vitória nos UCL 60,5 ± 5%. Analisando os clubes com quatro ou mais participações no espaço temporal indicado, pela ordem decrescente,

são: Arsenal/ING, Chelsea/

ING, Real Madrid/ESP, Barcelona/ESP, Juventus/ITA, Bayern München/ ALE, Manchester United/ING, Milan/ITA, Valencia/ESP, Porto/POR, Werder Bremen/ALE, PSV/HOL, Benfica/POR, Roma/ITA, Zenit/RUS, Fenerbahçe/TUR e Shakhtar Donetsk/UCR

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TAÇA LIBERTADORES? O fator casa na taça libertadores é ainda

viagem. O América do México, é outro

mais preponderante que na Liga dos

exelente exemplo, com 100% de aproveita-

e pênaltis marcados a favor da equipe da

campeões. São vários os argumentos que

mento em casa possuidois tipos de van-

casa, e um maior número de cartões ama-

levam a essa realidade.

tagem a seu favor, pois além da longa

relos aplicados aos jogadores das equipas

distância ainda joga na altitude. O seu

visitantes.

maiores distancias geográfica e a maior

estádio “Estádio Azteca” fica a 2.240 met-

Outro fator fundamental para explicar a

diferenciação destas no continente ameri-

ros de altitude.

maior fator casa na america do sulpode

cano em relação à Europa. Por exem-

Nos estádios sul-americanos é a densidade,

ser a familiaridade com o campo de jogo,

plo, principalmente na região andina, há

o fanatismo, barulho e hostilidade, inclu-

dado que é notório que há diferenças nas

dificuldades dos visitantes por enfrenta-

sive contra árbitros e assistentes, criando

dimensões daárea do campo de jogo e

mentos degrandes altitudes, podendo

deste modo, um ambiente mais propicio

nas condições do relvado superiores às

interferir com o rendimento desportivo.

ao erro e ao beneficio da equipa da casa.

encontradas na grande maioria dos estadio

Para além, do maior número de horas de

Alguns dados estatisticos apontam para

Europeus e na Liga dos Campeões.

Incialmente, é necessario considerar

as

ado o aumento do número de faltas

Os estádios do Man. United, Barcelona e Bayer de Munich, nas fotos por esta ordem na pag. ao lado, são 3 dos estádios com maiores percentagens de vitória para a equipa da casa. Em baixo, temos o estadio com melhor percentagem de vitórias na Liga dos Campeões - Emirates Stadium - do clube Arsenal, Inglaterra.

Rodolfo Resende Pires, especialista em desporto contato@desportoeesport.com

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PEDROTO: O ZÉ DO BONÉ Erradamente esquecido da Gala dos 100 anos da FPF é homenageado nas próximas páginas

José Neto, antigo professor universitário e companheiro de muitos anos de Pedroto, aquando da homenagem dos trinta anos da morte do eterno “Zé da Boné”, descreveu assim o amigo: “José Maria Pedroto estava muito além do seu tempo. Na sua conceção de jogo, no tratamento do jogo… foi um homem para lá do tempo, que fazia da luta determinação . Da vida, paixão. Da derrota, classe. Da vitória, ousadia. Da sabedoria, humildade. E vivia no coração das gentes simples. Era o «senhor Pedroto». Formulava questões, rompia conceitos, desafiava o erudito e encorajava o intranquilo”. Pedroto foi ainda, e pelas palavras do presidente do FC Porto – Jorge Nuno pinto da Costa, “ Um homem de Grande Carácter”. A tudo ainda se soma, o facto de ter sido um dos principais responsáveis para radical alteração geográfica no mapa futebolístico e desportivo português, terminando com a hegemonia dos dois grandes clubes da capital, traçando o caminho que levou o domínio do FC Porto nos últimos trinta anos. Pedroto fundou em Portugal as bases do futebol moderno. Do passe. Da posse de bola. Do jogo bonito. Da (nova) táticas, da pressão alta, da análise estatística e da ciência, e de tudo o mais, sem nunca esquecer a emoção e de tudo o que lhe vinha do coração. E, por tudo isto, é incompreensível o esquecimento da gala dos 100 anos da FPF; as próximas páginas, são a nossa forma singela de consertar um pouquinho, ainda que diminuto, esse enorme erro cometido pelos dirigentes do futebol português. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 35


“Foi uma relação muito especial, de grande proximidade e cumplicidade nos tempos em que trabalharam juntos. Além da questão profissional, havia grande fraternidade e amizade pessoal. A relação profissional ajudou a construir à volta dela uma relação de amizade sólida e duradoura.” Rui Pedroto, filho de josé Pedroto, sobre a relação do pai com Pinto da Costa. José Maria Pedroto nasceu em em Lamego a 21 de Outubro de 1928.

Pedroto, ainda antes de iniciar a sua carreira de treinador foi pio-

Hoje, se ainda fosse vivo, teria 86 anos. O Zé do Boné como era carin-

neiro, sendo o primeiro técnico português a especializar-se com

hosamente conhecido foi um dos mais carismáticos e importantes, e

um curso em Paris em 1960. No futebol profissional sénior, Pedroto

apelidado por muitos de revolucionário, do futebol português. Iniciou-

iniciou-se na Académica, na cidade de Coimbra, onde ajudou a

se no futebol na década de 50 como jogador, um médio talentoso,

criar enormes talentos nacionais. Com o prestígio em alto rumou ao

17 vezes internacional e campeão no FC Porto com Yustrich e Béla

leixões, o único projeto onde falhou e acabou despedido. Reabilitou-

Guttman.

se no Varzim, a sensação do ano, e no ano seguinte, em 1966, realizou um sonho: tornar-se treinador principal do FC Porto. Fica até 1969 e vence uma Taça de Portugal. Depois ruma até Setúbal, altura em que o Vitória obtém alguns dos melhores resultados da sua história, sendo uma vez vice-campeão, uma vez finalista da Taça, e obtendo excelentes prestações nas competições europeias.Em 1974, mudou-se para o Boavista. Em dois anos obtém o 2º lugar no campeonato e vence 2 Taças de Portugal. Volta às Antas em 1976 para vencer dois Campeonatos (1977-78 e 1978-79) e uma Taça de Portugal. Volta às Antas em 1976 para vencer dois Campeonatos (1977-78 e 1978-79) e uma Taça de Portugal. Sai quando falha o “tri” e num dos momentos mais conturbados da história do FC Porto. O chamado “verão quente” onde futebol, politica e regionalismo caminharam lado a lado.

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O verão quente atrasou, e em muito, a afirmação da equipa nortenha

uma relação de amizade sólida e duradoura. Foi, seguramente, a pes-

no panorama do desporto Português, mas teve a virtude de levar Jorge

soa que o acompanhou mais de perto, que o conhecia melhor nas suas

Nuno Pinto da Costa à presidência do Clube. E com ele, o regres-

diversas facetas e com quem partilhou as dificuldades mas também

so de Pedroto que tinha estado em

os momentos de maior glória des-

Guimarães durante dois anos, com

portiva mas que excedem e muito,

Artur Jorge como seu adjunto, o trei-

e penso que é com essa ternura e

nador que haveria de fazer do FC

saudade que ele fala, a mera relação

Porto campeão europeu. O o Zé do

profissional, mas que lembram sim

Boné voltou entºao para a sua terceira

o amigo desaparecido”. A estratégia

e última etapa no clube que durou até

de Pedroto e Pinto da Costa passou

à sua morte, a 8 de Janeiro de 1985.

e muito pela luta contra o centralis-

Durante esse tempo Pedroto junta-

mo do Sul, e com o exacerbamento

mente com Pinto da Costa have-

regional dos adeptos do FC Porto.

riam de lançar as bases para a

Das frases célebres destaca-se: “a

Transformação do futebol português.

Ponte da Arrábida «bloqueava» os

O seu filho, Rui Pedroto, fala assim

jogadores do FC Porto (quando ia

da relação do pai com Pinto da costa:

para sul e defrontava ou Benfica Ou

“Foi uma relação muito especial, de

sporting), Atravessar o Rio Douro

grande proximidade e cumplicidade nos tempos em que trabalharam

era o início da derrota portista”. Outra das suas frases celebres foi os

juntos. Além da questão profissional, havia grande fraternidade e

“roubos de Igreja” e a preferência política pelos clubes da capital, e pelo

amizade pessoal. A relação profissional ajudou a construir à volta dela

beneficio dos árbitros a esses mesmo clubes e em desfavor do FCP.

Pedroto foi um pioneiro. Um revolucionário que revolucionou o futebol portugês. O primeiro treinador a aplicar os conceitos básicos do 4-4-2, a cultura do futebol de posse, a troca posicional de extremos e laterais para jogar com a perna trocada. Criou uma cultura de balneário impar, um corporativismo quase britânico, e exigiu apenas aos seus jogadores que encarassem cada jogo como se fosse o último. Mas foi mais além. Acreditava que o profissionalismo precisava de um conjunto de exigências de carácter técnico, físico e psicológico que ainda não havia no futebol português. Pedroto lutou ao longo da carreira por um conjunto de medidas estruturais a começar pelas condições de trabalho para os jogadores, como campos para treino, equipamentos, e os cuidados médicos indispensáveis na alta competição. O antigo médico do FC Porto, Domingo Gomes, disse: “Posso afirmar que Pedroto foi o meu primeiro professor de medicina desportiva na globalidade que esta especialidade abarca. Estava atento a tudo na minha área e aceitava tudo o que lhe propunha”. Acreditava ainda na estatística e na análise científica do jogo, que são hoje ferramentas indispensáveis de qualquer equipa técnica. Foi também um homem de polémicas e de feitio duro. Talvez a mais conhecida seja com Mario Wilson, conhecido benfiquista e na altura treinador da seleção portuguesa. Wilson convocou inúmeros jogadores do FC Porto, para num jogo particular com a Espanha, que decorreria entre dois jogos do Porto com o Milan para a Taça dos Campeões Europeus, o que evidentemente prejudicava a equipa portista. Zangado, Pedroto não se conteve, e chamou “palhaço” a Mario Wilson. Com a troca de bocas a subir de tom, Pedroto haveria de acrescentar: “ Quando disse que Mário Wilson, como treinador, era um palhaço, não tive intenção de ofender os palhaços”. Portugal já teve treinadores que atingiram o auge e fama Mundial, Mourinho, Artur Jorge ou Vila Boas, mas nenhum foi, no entanto, tão influente quanto José Maria Pedroto, ou simplesmente, O Zé do Boné. Para o Sr. Pedroto um eterno obrigado. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 37


Marcos Vinicius Cardoso e Marcelo Paciello Silveira marcelopaciello@uol.com.br

O

s clubes de futebol profis-

treinadores, que provavelmente irão con-

nal, diminuem algumas das barreiras que

sional possuem diferentes

seguir melhores resultados em campo e

teoricamente impediriam a ida do torce-

fontes de receita para cobri-

gerarão mais títulos. Com mais títulos o

dor aos estádios, levando a crer que os

rem seus custos e gerarem

clube tem mais exposição, conseguindo

principais clubes nacionais se beneficiarão

lucro visando se manterem em alto nível

atrair mais torcedores, mais premiações e

destes investimentos. Ainda que a litera-

de competitividade. As principais fontes

patrocinadores, reiniciando o ciclo nova-

tura mostre que muitos dos chamados

de receita são:

mente.

legados de Megaeventos, como a Copa

O que se observa, no entanto, no futebol

do Mundo, não se concretizem na prática

1)

Receitas com estádio (ingressos,

brasileiro é uma baixa participação das

(Cardoso, M., Fleury, F., Malaia, 2013), os

sócio torcedor, camarotes, alimentação,

receitas com estádios. Alguns dos argu-

clubes que puderem usufruir destas novas,

serviços)

mentos é a falta da qualidade dos estádios,

ou revitalizadas, praças esportivas poderão

a violência das torcidas ou até mesmo a

colher frutos de médio e longo prazo.

2)

Receitas com TV (direitos de

transmissão)

transmissão dos jogos pela TV.

Na prática hoje observa-se que os clubes

Marketing

Existem ainda a percepção de baixa quali-

das principais ligas europeias (Inglaterra,

(patrocínio, licenciamento, venda de

dade do espetáculo por falta de jogadores

Alemanha, Espanha, Itália e França) pos-

produtos)

de qualidade, ou por campos mal cuida-

suem uma relação bem equilibrada entre

3)

Receitas

de

dos ou ainda pela fórmula de disputa dos

as três fontes de receita (Tabela 1), pois

Qualquer clube que quiser se manter em

campeonatos, afugentando o consumidor

sabem que todas possuem sua importância

alto nível de performance e de fatura-

de futebol.

no faturamento, enquanto os principais

mento precisa trabalhar muito bem as três

O fato do Brasil ter sediado a Copa do

clubes brasileiros não possuem a mesma

fontes de receita acima, pois todas elas são

Mundo da FIFA 2014 traz um novo

relação equilibrada entre as três fontes

fundamentais para que consigam contratar

cenário para o futebol brasileiro. Arenas

(Tabela 2).

e/ou desenvolver melhores jogadores e

mais modernas, com patrão internacio-

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Tabela 1: Distribuições das receitas dos times europeus 2012/2013

Tabela 2: Distribuição das receitas dos times brasileiros 2013

Estes números mostram a necessidade de se aumentar as receitas advin-

para obter recursos que são escassos visando manter a sua sobrevivên-

das do estádio, diretamente ligadas a utilização deste como local da par-

cia. Existe uma demanda dos clubes e dos stakeholders em melhorar a

tida de futebol. Assim, o problema de pesquisa a ser examinado é qual

qualidade do serviço e aumentar a sofisticação e o profissionalismo com

a importância da adoção da estratégia inovadora do sistema de Sócio

tarefas administrativas (Cuskelly, Hoye & Auld, 2006).

Torcedor como fator de estabilidade nas receitas com estádios para os

Atualmente os clubes se transforam em empresas com o propósito de

clubes de futebol no Brasil. Neste sentido buscar-se-á mostrar que clubes

maximizar os lucros dependendo dos resultados esportivos. As técnicas

que adotaram o Sócio Torcedor como estratégia inovadora conseguiram

de gestão profissionais foram adaptadas para o segmento esportivo com

um novo patamar de receitas que independem da situação do clube na

planos e metas a serem atingidas. Os clubes esportivos começaram a ser

tabela do campeonato, ou do tipo de torcedor que vai ao estádio.

gerenciados como as demais empresas internacionais usando a gestão da inovação como um dos pilares. A gestão da inovação ajuda os clubes

A Inovação no Esporte

a aumentarem seus faturamentos de uma forma mais rápida e eficaz (Atalay, Yücel, & Boztepe, 2013)

A inovação é percebida como fundamental nas organizações em ter-

Os clubes esportivos procuram ser diferentes dos demais para garantir

mos de competitividade e efetividade, mas o estudo da inovação em

o seu futuro buscando diferentes fontes para aumentar a suas receitas,

organizações esportivas tem recebido muito pouca atenção por parte

sendo a mais importante delas a gestão da inovação. Clubes esportivos

dos pesquisadores (McDonald, 2007). As organizações esportivas são

utilizam de atividades inovadoras para fins determinados e também

caracterizadas por uma cultura de tradição e informalidade resultando

visando moldar o seu futuro através desta maneira. Eles tentam fazer

em uma estratégia de governança reativa e pragmática, oposto de uma

diferenças com um passo à frente dos seus concorrentes adotando

governança proativa e estratégica (Taylor, 2004).

o modelo de inovação como um dos principais princípios da gestão

De acordo com Newell e Swan (1995), as organizações precisam inovar

(Atalay et al., 2013).

Metodologia Baseado nas teorias apresentadas por Newell e Swan (1995) e Thibault, Hinings e Slack, (1993), um dos fatores de inovação para atrair mais dinheiro para os clubes é aumentar a base de sócios e de espectadores no estádio. Portanto, o programa sócio torcedor dos doze principais clubes brasileiros foi considerado como uma estratégia de inovação. Com esse objeto de estudo definido, o próximo passo foi analisar as receitas advindas dos sócios torcedores e compará-las com a receita de bilheteria. Os resultados foram então comparados com os resultados em campo das equipes brasileiras para se verificar se havia alguma relação entre bilheteria x resultados e sócio torcedor x resultados e avaliar se a implementação dos programas de sócio torcedor trouxeram uma receita adicional e estável aos clubes.

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Os resultados Como já apresentado as fontes de receita com bilheteria nos principais clubes europeus são tão relevantes como as receitas com direitos de transmissão e marketing, o que destoa dos clubes brasileiros conforme observado na Tabela 1. Um dos motivos claros é a taxa de ocupação dos estádios. Na Tabela 3 observa-se que o Brasil, a despeito de sua fama de futebol de primeira classe aparece apenas na 31

que inclui tanto a venda de ingressos como o de sócio torcedor (Tabela

posição, com apenas 38%, quando se discute taxa de ocupação.

4). Estes dados ilustram a distância em que se encontra o futebol

Este resultado se reflete diretamente no faturamento com bilheteria

brasileiro do europeu.

Tabela 4: Porcentagem de faturamento com bilheteria times brasileiros 2013 Observa-se que os dois primeiros colocados da Tabela 4, Cruzeiro e Flamengo, tiveram um grande salto com essas receitas em 2013 pois foram respectivamente Campeão Brasileiro e Campeão da Copa do Brasil, o que comprova o que foi citado por Madrigal (1995), Domazlicky & Kerr (1990) e Wakefield & Sloan (1995), que se os times que estão ganhando e/ou o torcedor tem boas experiências nos estádios, eles costumam ir mais aos jogos e gastar mais, aumentando as receitas dos clubes. O mesmo pode-se verificar na Tabela 5 quando as receitas brutas com bilheteria são apresentadas. Com isso os clubes passam a ficar na dependência de uma temporada de bons resultados o que em um esporte de alta competição dura de um a três anos. O Atlético Mineiro também teve um dos melhores faturamentos com bilheteria em 2013 por ter sido o Campão da Taça Libertadores da América. Ao analisar a Tabela 5 verifica-se que as receitas com bilheteria estão diretamente relacionadas com a performance dos clubes nos campeonatos, oscilando a cada ano de acordo com as conquistas em campo. Quando os clubes estão ganhando seus jogos e torneios o torcedor vai mais ao estádio, caso contrário deixam de frequentar.

Tabela 5: Evolução do faturamento com bilheteria entre 2006 e 2013 (milhões de R$)

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Avaliando as receitas com o programa Sócio Torcedor (Tabela 6),

com oscilações bem inferiores às encontradas nas receitas com bilheteria,

diferentemente do Cruzeiro, o Flamengo conseguiu um dos maiores

comprovando o que foi citado por Denis (1993) ao dizer que o fator

resultados em 2013. Outro exemplo desta mudança é a equipe do

de lealdade ao invés de satisfação do cliente é a principal diferença no

Corinthians cuja receita advinda de bilheteria caiu em mais de 10% de

consumidor esportivo, e essa diferença de foco deve ser considerada na

2012 para 2013. Sendo que no ano de 2012 o clube foi campeão da Taça

gestão da inovação.

Libertadores, enquanto em 2013 teve uma atuação abaixo do esperado

Outro caso que ilustra a importância do sócio torcedor é a evolução

nos campeonatos que disputou. Observando-se a tabela verifica-se que

da receita do Santos. Enquanto o sócio torcedor vem crescendo, tendo

as receitas do Corinthians com os Sócios Torcedores caem apenas em 1%

um crescimento de 68% entre 2012 e 2013, as receitas de bilheteria vem

no mesmo período. O mesmo fenômeno ocorre com o São Paulo entre

caindo de 2011 em diante. Este resultado corrobora com o encontrado

os anos de 2010 e 2011.

por Madrigal (1995), Domazlicky & Kerr (1990) e Wakefield & Sloan

Em praticamente todos os clubes a receita com Sócio Torcedor tem um

(1995), pois quando o time estava em alta 2011 as receitas de bilheteria

salto em nível de faturamento desde o primeiro ano da sua implemen-

chegaram 37.8 milhões de reais e nos últimos dois anos com resultados

tação pelos clubes e são menos dependentes dos resultados em campo,

mais modestos, o faturamento caiu.

Tabela 6: Evolução do faturamento com sócio torcedor entre 2006 e 2013 (milhões de R$)

O Internacional e o Grêmio têm uma política de Sócio Torcedor inovado-

al., 2013), é importante manter um passo à frente dos seus concorrentes

ra em relação aos demais, pois todos os associados dos programas, além

adotando modelos de inovação Essa medida adotada pelos dois clubes de

dos benefícios na compra de ingressos e descontos e promoções com

Porto Alegre pode ser considerada como um passo à frente dos demais,

as empresas conveniadas, também têm direito a voto para o Conselho

pois ambos lideraram o número de sócio torcedores e de faturamento

Deliberativo e para Presidente do Clube. Como citado por (Atalay et

entre os 12 principais clubes do Brasil até 2013.

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Considerações Finais Por meio dos dados relatados, nota-se que o programa Sócio Torcedor

jeto nos 12 clubes, a receita proveniente do Sócio Torcedor mudou de

além de ser inovador ainda tem um grande potencial a ser explorado

patamar e não retornou mais aos níveis anteriores ao projeto no período

pelos clubes brasileiros no quesito referente ao aumento de receitas,

analisado.

por meio de um aumento de diferenciação nos seus programas, como o

No Brasil, diferentemente da Europa, os fanáticos são os que mais fre-

implementado por Internacional e Grêmio.

quentam os estádios, mas esse grupo de torcedores é apenas uma parcela

Os clubes brasileiros continuam dependentes das vitórias e do sucesso

do total de torcedores de cada time. Como mencionado por Wakefield

dos seus times para atrair os torcedores aos estádios. Essa dependência

& Sloan (1995), quanto mais fanático o torcedor menos ele irá levar em

do sucesso da equipe em campo para aumentar as receitas com bilhete-

conta os serviços e a baixa qualidade do estádio. Já para os torcedores

ria pode ser frágil visando um planejamento de receita a médio e longo

menos leais, a qualidade do estádio terá forte influência na sua decisão

prazo, Com essa situação, se Cruzeiro e Flamengo não repetirem as

de compra. Esse grupo de torcedores menos leais é o que pode ser mel-

campanhas de sucesso de 2013, no final de 2014 provavelmente não terão

hor explorado pelos clubes, visando frequentarem os estádios. Como

suas receitas com bilheteria como uma das maiores em relação ao seu

citado por Atalay et al (2013) a gestão da inovação ajuda os clubes a

próprio faturamento bem como aos demais clubes.

aumentarem seus faturamentos de uma forma mais rápida e eficaz, e um

É possível observar que os clubes, ao trabalharem de forma mais eficaz

programa de vantagens visando atrair esse público alvo deve ser avaliado

o projeto Sócio Torcedor, podem conseguir um aumento significativo e

pelos clubes como parte de sua estratégia.

constante nas receitas com esse tipo de ação pois, após o início do pro-

Bibliografia *Atalay, A., Yücel, A. S., & Boztepe, E. (2013). A different approach to

Sector Quarterly, 36, 256-281

the modern sport administration: method of innovation. International

*Newell, S.,Swan, J. (1995). The diffusion of innovations in sport orga-

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Pluri Consultoria.

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*Taylor, P. (2004). Driving up sport participation: sport and volunteering.

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*McDonald, R. (2007). An investigation of innovation in nonprofitorga-

Management, 153–173

nizations: the role of organizational mission.Nonprofit and Voluntary/

Sobre os autores: Marcos Vinicius Cardoso: Economista, mestre e doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Professor do curso de Mestrado Profissional da Universidade Nove de Julho. Consultor nas áreas de gestão do Esporte e Jogos Digitais.

Marcelo Paciello Silveira: Mestrando em Gestão do Esportes, profissional no segmento comercial, gestão e marketing, atuando como consultor de negócios no segmento esportivo e industrial.

Sobre o Texto:

Este é texto é um resumo, dos meus autores, denominado “A IMPORTÂNCIA DA ADOÇÃO DO PROJETO SÓCIO TORCEDOR COMO ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO PARA AUMENTAR AS RECEITAS DOS CLUBES DE FUTEBOL NO BRASIL” disponiv+el em: http://www.podiumreview.org.br/ojs/index.php/rgesporte/article/view/99

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QATAR E MUNDIAL DE ANDEBOL: FAZ SENTIDO A ESTRATÉGIA SEGUIDA? A equipa do Qatar criada em tempo recorde com jogadores naturalizados e há custa de muito dinheiro, tornou-se vice-campeão do Mundo de andebol, mas que sentido faz? É isto o futuro? E gostamos deste futuro?

A

seleção masculina do Qatar de andebol é desde o pri-

sificado do ranking mundial passou diretamente para 2º - diga-se,

meiro dia de fevereiro deste ano, vice campeã do Mundo.

com umas sérias ajudas das arbitragens, que têm criado uma imensa

Mas, por trás deste sucesso, esta uma máquina bem

polemica nos media internacionais. Relembre-se que o Qatar jogou

oleada e cheia de dinheiro, que contribuiu decisivamente

em casa este Mundial. E não foi só dentro de campo que este

para este resultado histórico. Tão histórico, que é o melhor resul-

Mundial marcou negativamente esta modalidade. “A organização

tado de sempre de uma seleção não europeia.

recrutou em Espanha uma claque encarregada de apoiar a seleção

Olhando com atenção, para a foto acima, vemos um conjunto de

organizadora e ensinar os adeptos locais a dar vida aos novos pavil-

atletas vestindo as cores do Qatar, que nasceram em um outro

hões state of the art de Doha. Eram cerca de sessenta. Sessenta atores

local qualquer. Tem um pouco de tudo. Bósnios. Montenegrinos.

secundários nesta enorme encenação de poder com direito a viagem,

Egípcios. Tunisinos. Espanhóis. Franceses. Cubanos. Iranianos.

férias pagas, e acesso a todos os jogos, a troco de cânticos, bombos,

Sírios. E nos dezasseis homens acima, apenas cinco nasceram no

e uma mão no coração no momento do hino. Incluindo no jogo

país que envergam a camisola.

contra a Espanha, claro. O dinheiro compra a excelência, compra os

E não podemos, pelo menos não aqui, de globalização e das natu-

meios e compra tempo, já o sabíamos. O que esta foto nos diz é que

ralizações vindas dos novos fluxos de imigração. Aqui, foi o poder

também compra a paixão”.

desportivo, que cria e executa do nada uma nova equipa, com poten-

Após este Mundial de andebol, e sublinhado que as naturalizações

cial de vitória e quase exclusivamente com cidadãos estrangeiros,

em excesso não são uma exclusividade do Qatar, olhe-se para o fut-

assentes num imenso poder económico que por exemplo, oferece

sal, e temos que nos perguntar se é este o caminho para o futuro do

um inacreditável prémio de cem mil euros por vitória a cada jogador.

desporto? Ganha quem tem mais dinheiro? Mesmo nas competições

A escala deste “projeto” é alarmante. Este projeto mostra-nos quão

entre países? Faz isto algum sentido? Ficam estas perguntas para o

fácil “tudo pode ser comprado”. Até que haja dinheiro. O 20º clas-

debate!

Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 43


ANEMIA & PERFORMANCE

Analise das causas e do impacto negativo que o défice do micronutriente de ferro pode ter na performance de um atleta, nomeadamente em modalidades de longa duração aeróbica.

A

insuficiência do micronutriente

somam às advindas pela atividade física

dia dos 11 aos 50 anos, reduzindo-se para

ferro - Ferropenia, usualmente

intensa e continuada – tanto pela com-

10mg ao dia a partir dessa idade.

chamado de estado deficitário

petição como pelos treinos. Aspeto que

Nos atletas, estas doses devem ser substan-

de ferro (Fe) ou anemia for defi-

assume ainda contornos mais graves nas

cialmente aumentadas; devendo o aumen-

ciência de ferro, é a carência mais frequent-

atletas do sexo feminino, que estão mor-

to da dosagem depender tanto das perdas

emente encontrado no ser humano, de tal

fologicamente mais predispostas a perdas

associadas à prática desportiva quer à

forma, que se estima que pelo menos 600

de ferro.

própria biologia do atleta.

a 700 milhões de indivíduos, um pouco

Segundo

Recomendações

O micronutriente ferro desempenha

por todo o mundo, não tenham os níveis

Dietéticas (RDA), recomenda-se uma

um papel fundamental no transporte

aconselháveis de ferro no seu organismo.

ingestão mínima de ferro de 12mg ao dia

de oxigênio e na produção de energia

No desporto, e para os atletas, esta prob-

nos rapazes de 11 a 18 anos e de 10mg ao

e parece ainda necessária a manutenção

lemática assume uma dimensão superior,

dia a partir dos 19 anos, enquanto que

de um equilíbrio nos atletas, o que pode

dado que as perdas corporais habituais se

para as mulheres o mínimo é de 15mg ao

comprometer severamente o desempenho

44 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

as

atuais


desportivo para modalidades de longa

quentes e muito húmidos, a suor e a perdas

duração e com grandes grandes esforços

de líquidos por transpiração é frequente e

aeróbicos.

abundante, com o consequente aumento das

As perdas e/ou défice de ferro nos atle-

perdas de Ferro.

tas podem ser consequência de diversos

Eritropoiese ineficaz. Durante o exercício

fatores, e por norma da soma de vários

físico a “necessidade de oxigênio por parte

desses diversos fatores, e são classificadas

dos tecidos pode atuar como um estímulo

em 2 grupos: fatores nutricionais e as oca-

da eritropoiese, cedendo assim o oxigênio

sionadas originadas pelas maiores neces-

mais facilmente aos tecidos”, entre eles os

sidades ou perdas de ferro.

rins, nos quais ao nível da mácula densa

Os fatores nutricionais destacam-se a insu-

está reduzida a síntese de eritropoietina e

ficiência ingestão de ferro e Absorção

consumindo deste modo mais ferro.

intestinal reduzida pela própria com-

Por fim, a menstruação: Todas as perdas de

posição da dieta, que pode advir da com-

Ferro nos atletas são maiores nas mulheres,

posição da dieta, a absorção de Ferro pode

devido às perdas menstruais adicionais.

ser facilitada ou inibida.

As deficiências de Fe ocasionadas pelo

Temos em primeiro o facto mais recor-

exercício físico não conduzem bruscamente

rente: Aumento da mioglobina e dos siste-

ao surgimento de anemia mas desenvolve

mas enzimáticos devido ao treino muscu-

m-se progressivamente em três fases. Ainda

lar. O treino regular produz modificações

que tecnicamente exigente fica aqui uma

no organismo, com aumentos da massa

breve explicação:

muscular e maiores necessidades de com-

Deficiência de ferro pré-latente. “Começam

postos de Ferro, obrigando o corpo a uma

a se esvaziar os depósitos de Ferro do siste-

adaptação.

ma mononuclear fagocítico, permanecendo

Em segundo temos, perdas urinárias de

ainda intactos os depósitos dos macrófagos

Feroo, e ocorre na forma de hematúria,

da medula óssea”.

hemoglobinúria ou mioglobinúria, sendo

Deficiência de ferro latente ou eritropoiese

mais frequentes nos corredores de longa

deficiente. Os “níveis de ferritina sérica,

duração.

assim como dos macrófagos na medula

Perdas gastrointestinais de sangue. São

óssea, continuam diminuindo”, até que os

descritas muito frequentemente em mara-

depósitos de ferro do organismo estejam

tonistas. “A presença de hemoglobina fecal

quase nulos.

é um achado muito frequente e a sua causa

Por último, anemia ferropênica para além

mais comum é creditada à redução da per-

de tudo o que foi mencionado acima, insta-

fusão esplâncnica, que durante o exercício

la-se um quadro de anemia clínica, com

físico chega a 80%, com a consequente

reduções importantes da hemoglobina.

O micronutriente ferro desempenha um papel fundamental no transporte de oxigênio e na produção de energia e parece ainda necessária a manutenção de um equilíbrio nos atletas, o que pode comprometer severamente o desempenho desportivo para modalidades de longa duração e com grandes grandes esforços aeróbicos.

hipoxia e isquemia intestinal que produzirá lesões ulcerativas”. Perdas pela transpiração. Em ambientes

Jorge Nunes, especialista em desporto contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 45


1 1

2

3 4

FORMULA 1 E TECNOLOGIA A tecnologia recente dada pela F1 aos carros que todos conduzimos .

1- FREIOS ABS 2- MOTOR HÍBRIDO 3- CONTROLE DE TRAÇÃO 4- SUSPENSÃO ATIVA

1.

FREIOS ABS Acrónimo da expressão alemã Antiblockier-Bremssystem, o freio ABS é um sistema de travagem que evita que a roda bloquei em travagens bruscas e repentinas e entre em derrapagem, e deixe o automóvel sem aderência à pista. Os

freios a disco foram implantados na F1, a partir dos anos 80, com as equipes e os pilotos a beneficiar da leveza e operacionalidade dos freios a temperaturas extremas, evitando igualmente muitas derrapagens e acidentes. Atualmente este sistema utiliza sensores que monitoram a rotação de cada roda e a compara com a velocidade do carro. Auxiliando assim um maior equilíbrio das várias forças do carro aquando de travagens bruscas.

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2.

MOTOR HÍBRIDO. Um automóvel com motor hibrido combina duas ou mais fontes de potência, normalmente um motor a gasolina e um elétrico. Na formula 1 tem como principal objetivo reduzir o consumo de combustível e assim

minimizar as perdas das paragens das boxes e da diminuição das perdas de performance devido ao excesso de peso de combustível. Desde as mudanças operadas na época passada, os motores híbridos têm ainda mais preponderância. Nos nossos carros, os híbridos também diminuem as emissões de CO2 para a atmosfera. No motor eléctrico, um das suas características, é funcionar simultaneamente como um motor que fornece potência para o andamento do automóvel e como um gerador que recarrega as baterias. Quando o automóvel está a abrandar o motor eléctrico atua como um gerador que recarrega as baterias, ajudando também a travar o automóvel. Melhorando deste modo a performance do veiculo.

3.

CONTROLE DE TRAÇÃO. Apesar de atualmente abolido da Formula 1 para melhorar a competitividade, os sistemas de controle de tração, do inglês – traction control system, estão presente em quase todos sos carros que circulam nas nossas estradas.

Este sistema localizado em um processador central monitora a aderência dos pneus. Para isso, são instalados alguns sensores nas rodas do veículo e um sistema que avalia os riscos de os pneus girarem em falso. Se um risco dessa proporção ocorre, os freios são acionados apenas na roda que está patinando. Dessa forma, o controle de tração evita que o condutor perca o controle do veículo.

4.

SUSPENSÃO ATIVA. Esta é uma tecnologia automática que controla os movimentos verticais das rodas através de um sistema eletrônico. Ao contrário do sistema de suspensão comum, que trabalha de acordo com a rodagem, a suspensão ativa corrige as imperfeições da pista com mais

eficiência que, por sua vez, dá mais estabilidade e desempenho ao veiculo, seja em curvas, aceleração ou travagem, e facilita o controlo do automóvel por parte do condutor. Na Formula 1 a suspensão ativa apareceu primeiro na Williams na F1 dos anos 90, dando uma vantagem desproporcional para Nigel Mansell, no campeonato de piltos. Agora, esta tecnologia é já uma norma na F1 e cada vez mais frequente nos carros de estrada comuns, que usam inclusive, cada vez mais, a captura de vídeo para os necessários reajustes de movimentos.

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F1 & TURISMO:

O CASO DE SÃO-PAULO (BR) FÓRMULA 1 GERA R$ 260 MILHÕES PARA SÃO PAULO SENDO DESTA FORMA UM MEGAEVENTO ALTAMENTE LUCRATIVO Ana ferreira, especialista em desporto, marcas e marketing contato@desportoeesport.com

O

rendimento e retorno económico e financeiro

3. Grande oferta de produtos e serviços geralmente com pouca

de megaeventos desportivos tem sido alvo, inclu-

procura por parte das populações locais, permitindo um escoa-

sive por esta revista, de enorme debate e diversas

mento de certas empresas, e/ou a criação de empregos temporários

analises. As conclusões, como é sabido, não são una-

ou de novos serviços.

nimes, e dependem positivamente do evento analisado. Talvez em nenhum país como o Brasil este debate se tem feito de forma tão

4. Alteração positiva da rotina da cidade, com um aumento signifi-

acirrada, em muito devido à Copa de Futebol do ano passado e das

cativo de ofertas de entretinimento, e uma maior interação, sempre

Olimpíadas do próximo. Os grandes prémios de Formula 1, apesar

positiva, com comunidades turistas. E medidas mais assertivas e

de bem menos mediaticamente debatidos, entram de forma clara

apertadas na segurança.

na designação de megaevento desportivo. E no caso dos Grandes Prémios e apesar dos avultados investimentos públicos, mostram-

5. Novos eventos paralelos ao evento principal e investimento

se altamente rentáveis. Focando o caso do Grande Premio do

de empresas e marcas que geram retornos económicos para as

Brasil, em São Paulo, é inclusive um caso de enorme sucesso, e

comunidades

são várias as razões apontadas. O artigo de viviane Domingues “Turismo e Automobilismo: efeitos da formula 1 em São Paulo”

E os números confirmam estes pontos. Ao que se soma, no caso de

anuncia 5 vantagens:

São Paulo, ser o Grande Prêmio de Fórmula 1 com maior audiência do campeonato mundial. Em 2013, a prova foi assistida em

1. A visibilidade da f1 na medea intensifica a publicidade em torno

77 milhões de casas em quase 200 países. O levantamento ainda

do autódromo, aumentando as motivações ligadas à autoestima e

revela novas cifras sobre a presença de São Paulo no calendário da

ao sentimento patriótico.

Fórmula 1 e mostra a importância do evento para a cidade. O valor mensurado da exposição da cidade, por conta do GP Brasil no ano

2.Os patrocinadores, muitos deles locais ou nacionais, aproveitam

passado, atingiu a marca de US$ 234,3 milhões (aproximadamente

o evento para publicitarem os seus negócios e marcas.

200 milhões de euros), totalizando mais de 5,6 mil artigos publi-

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O AUTÓDROMO AUTÓDROMO JOSÉ CARLOS PACE) É UM AUTÓDROMO LOCALIZADO NO DISTRITO DE CIDADE DUTRA NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL. PELA PROXIMIDADE COM O BAIRRO DE INTERLAGOS É POPULARMENTE CHAMADO DE AUTÓDROMO DE INTERLAGOS. FOI INAUGURADO EM 12 DE MAIO DE 1940, E TEM UM PERCURSO 4,309 KM. cadas em 22 línguas. Este números mel-

SPTuris/Autódromo de Interlagos, Wilson

que geram receita para o município. “O

horaram para 2014 gerando um valor,

Poit.

Grande Prêmio Brasil de F1 é um ganho

unicamente, para a cidade de São Paulo

Interlagos também estave com “casa cheia”.

para a população e seus visitantes não ape-

uma movimentação econômica de cerca

O número total de adeptos presentea no

nas pela oportunidade do entretenimento

de R$ 296 milhões na cidade, segundo

Autódromo, de acordo com a organiza-

e da apreciação do esporte a motor, mas

o Observatório de Turismo e Eventos de

ção da prova, foi de 133 mil fãs nos três

também por contribuir com a maximi-

São Paulo, núcleo de pesquisas da empresa

dias de prova. O número é superior aos

zação da ocupação hoteleira e de toda a

municipal São Paulo Turismo (SPTuris).

130 mil que compareceram no circuito

cadeia produtiva do turismo, ou seja, res-

O número foi recorde e 13% acima do ano

em 2013. “O impacto econômico da F1

taurantes, compras, transportes, entre out-

passado, superando as expectativas.

em São Paulo consolida a prova como o

ros, beneficiando da economia na cidade”.

“Esperávamos que seria bom, mas foi ainda

evento anual com maior movimentação

F1 é então um dos principais e mais

melhor. Tudo ajudou. Muitos turistas, um

econômica gerada pelo turismo na cidade”,

lucrativos megaeventos desportivos e uma

campeonato competitivo e uma excelente

completa Poit.

exelente oportunidade para as grandes

organização”, disse o secretário municipal

Para Poit, o GP é responsável por impul-

cidades.

para Assuntos de Turismo e presidente da

sionar, todos os anos, diversos setores

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O PAPEL DE UM LÍDER DE CLAQUE: SEGUNDO SIGMUND FREUD

OS LÍDERES SÃO COMO UM “PAI” QUE TANTO PODEM EXERCER UMA INFLUÊNCIA POSITIVA OU NEGATIVA NA “PEQUENA MULTIDÃO” DAS CLAQUES.

F

reud analisa esta temática segundo o pressuposto do

É importante igualmente refletir de que forma o nível de organiza-

Homem inserido num grupo, e a forma como ele se

ção das claques e o papel dos líderes desempenham nesta reali-

modifica, em fenómenos como por exemplo a inibição

dade, podem potenciar os casos de violência. Sendo a principal

do intelecto do individuo, o aumento da afetividade ou o aumento

causa a restrição de locais, o que tem o lado perverso de agravar a

da sugestibilidade. No seu texto “Psicologia de grupo e análise

rivalidade entre emblemas.

do ego”, Freud destaca três características chave do que significa

Freud enfatiza a influência do líder e compara-a com a dimensão

a união de um homem a um grupo e que podem facilmente ser

que um pai tem para com um filho. O líder, para Freud, assume-se

trazidas para o desporto, as claques e o suporte do adepto da sua

como um ser irresistível e possui sobre o grupo o poder de incenti-

equipa. Primeira característica: possuir um ideal de união. Em

var ou desencorajar atos de violência. Neste seguimento, podemos

seguida, é necessária uma interação sob a forma de rivalidade

olhar para os atos de violência nas claques com uma correlação

com grupos semelhantes. Por fim, a hierarquização do grupo bem

direta com o seu líder e o seu desejo e a sua postura diante o grupo

definida, sendo que esta característica torna-se mais importante

e a sua conduta perante um determinado evento.

nas claques ou grupos organizados.

Segundo Gustavo Morais, e no seu artigo sobre este tema, “

Freud analisa a psicologia de massas como parte integrante da

podemos afirmar que um time de futebol começa a ser amado

psicologia social e que se insere o individuo enquanto membro

antes da transferência desse amor para os integrantes da sua tor-

de uma raça, profissão, nação, instituição ou multidão com fins e

cida. A reflexão freudiana sobre o “estar amando” é iniciada com

objetivos comuns e determinados. Sendo que neste ponto, pode

o estudo da identificação, que trata de laços emocionais difíceis de

entrar igualmente a ideia defendida por Freud, do narcisismo das

descrever. Esse estudo da identificação permite melhor entendi-

pequenas diferenças.

mento do grupo”.

O homem, enquanto individuo singular, apresenta em situações

Freud assume igualmente a ideia que a lei não tem a força dissua-

específicas aquilo que Freud denominou de instinto social, e apre-

sora necessária para atuar eficazmente num grupo. Pelas palavras

senta um conjunto de comportamentos em situações coletivas que

de Freud, “ a lei não é capaz de deitar a mão sobre as manifestações

superam o indivíduo e o seu comportamento tipo.

mais cautelosas e refinadas da agressividade humana”.

A mudança de comportamentos deve-se pela necessidade que

Por fim, a idealização da equipa desportiva pelo adepto nunca

coesão do grupo seja garantida. E, ao contágio que sempre se veri-

termina ou tem tréguas. Mesmo em situações que essa mesma

fica do grupo para com o individuo. A força de contágio tem uma

idealização não se justifica. O que é um enorme potencial para

relação direta com a quantidade de pessoas que o repetem.

atos de violência.

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Violência no desporto: Casos, Causas, Culpados e Soluções

AS RAZÕES PARA A VIOLÊNCIA

“MASCULINIDADE” DOS INTERVENIENTES, HOOLIGANISMO, NATUREZA DO RECINTO DESPORTIVO, PATRIOTISMO, ÁLCOOL, RACISMO, GRUPOS ULTRAS, ETC.

A

s causas da violência em recin-

só se pode fazer respeitar quando ela

caminham de mãos dadas para explicar

tos desportivos ou nas suas

própria sabe respeitar e não invoca a sua

um fenómeno.

imediações prendem-se, segun-

força como meio de coação”.

Mas, o futebol e nomeadamente as claques

do a literatura e os estudos mais

Mas, não devemos olhar para a violência

são também uma enorme e chamativa

recentes, com treze aspetos: masculinidade

no desporto e para as suas causas, de

fachada para um conjunto de pessoas

dos intervenientes, hooliganismo, nature-

forma distinta da que é olhada para a

“menos

za do recinto desportivo, patriotismo,

violência humana em qualquer outra área.

políticos extremistas, como ideologias

condições de temperatura, obscuridade e

Ainda que o desporto potencie o fana-

assentes no fascismo ou nazismo, são fre-

ruído, álcool, racismo, grupos ultras, rival-

tismo que o futebol emana, e possa ser um

quentes e servem-se das forças das claques

idade entre os clubes envolventes, laços

escape na dura realidade da vida urbana

para alcançarem poder e potenciarem

identificativos e o próprio historial vio-

atual, ou o desporto como um despertar

as suas capacidades de divulgação. E. o

lento de cada individuo particular. E isto

de angústias e frustrações que culminam

desenvolvimento de atividades criminosas

junta-se como é obvio a relação do indi-

numa vontade de rebelião.

dentro das claques é algo também muito

viduo/grupo abordado no texto ao lado.

Olhando então a problemática da violên-

frequente; atividades essas que passam

E temos ainda que contar com a ine-

cia no homem encontramos duas teorias

principalmente pelo tráfico de estupefa-

ficiência das autoridades em lidar com

dominantes:

cientes e de armas de fogo. A maioria das

estas questões tão complexas, explosivas

A teoria da emoção-instinto de Freud e

claques desportivas opera com quase, ou

e volúveis. A organização dos espetáculo

Adler influencia um estudo que leva à

mesmo nenhuma, vigilância, originando

desportivo é, em algumas modalidades,

conclusão de que toda agressão é sempre

desse modo um terreno fértil para o crime;

uma verdadeira “operação militar”. Esta

resultado duma frustração anterior. Culpa-

até porque muitas dessas mesmas claques

situações potenciam fortemente a ocor-

se a sociedade, criadora de todas as frust-

têm acesso a áreas e recintos vedadas aos

rencia de violencia; onde os adeptos se

rações. Na teoria de Bandura e Walters a

olhos das autoridades.

sentem tratados como autenticos crim-

agressão é aprendida, assim como todo

Por fim, em certos países, Portugal é um

inosos. No artigo de Mário Borgonha no

comportamento humano é aprendido com

perfeito exemplo desta realidade, são os

Publico, “ violência no desporto”, é escrito:

a vivência e as inter-relações. Sendo assim,

próprios dirigentes dos clubes que aci-

”A arbitrariedade, a prepotência e o desre-

entende-se o homem como produto do

catam os ânimos e se apoiam nas claques

speito pelas normas estabelecidas levam à

meio, influenciado pelo meio ambiente,

e nos seus adeptos como meio e forma

indignação e podem conduzir, na verdade,

levado ao comportamento criminoso pela

de poder sobre as instâncias desportivas

à violência. Reprimir a violência de forma

cruel sociedade.

de modo a retirar proveito desportivo.

insensata pode conduzir a uma violência

Estas duas teorias não devem ser enten-

Incendiando um ambiente já quente. A

ainda maior, ou seja, de grau superior. Daí

didas como antagónicas mas comple-

falta de cultura desportiva ou de “Fair.

o sermos apologistas de que a “autoridade”

mentares, em que psicologia e sociologia

play” em muitos casos é gritante.

recomendáveis”.

Movimentos

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Violência no desporto: Casos, Causas, Culpados e Soluções

ELIMINANDO A VIOLÊNCIA

FIRMEZA, MAIS ESPAÇO DE MANOBRA PARA AS POLÍCIAS E TRIBUNAIS E UMA AFIRMAÇÃO SISTEMÁTICA DO “FAIR-PLAY” E DO IDEAL DE NÃO-VIOLÊNCIA.

N

o que respeita à prevenção da violência no desporto, e

como Lei dos Espectadores de Futebol. Entre as deliberações, con-

em particular da violência associada ao futebol, vários

stava mais poder para a polícia, penas mais duras e reforma dos

autores e estudos salientam que esta deve associar-se

tribunais; as presenças nas esquadras de pessoas com histórico de

à: prevenção de outras formas de violência, nome-

violência nos estádios é celebre e constava neste pacote. Foi ainda

adamente da violência doméstica e da violência em certos bairros;

obrigatório modernizar os estádios (todos sentados, câmeras de

inserir-se em programas de educação cívica; promoção da divul-

vídeo, a melhoria do acesso); para isso o Estado concedeu emprés-

gação de normas de conduta e códigos de ética para regular com-

timos aos clubes, o que aumentou os preços dos bilhetes para trip-

portamentos em recintos desportivos, através dos próprios clubes

licar, eliminado assim também pessoas que não tenham interesse

e associações desportivas; restrição da venda de bebidas alcoólicas

unicamente no espetáculo – já que criar “confusão” passou a ser

nos recintos desportivos; regulação dos níveis de ruído e evitar que

muito caro.

os espetáculos ocorram à noite, pois a obscuridade parece facilitar

Ultimamente têm-se olhado também para as redes sociais como

a violência. E medidas anti-holiganismo musculadas e um maior

um excelente meio de consciencialização dos adeptos e de uma

controlo das claques e dos seus lideres.

forma de maior integração dos clubes com os seus sócios e sim-

No que diz respeito ao combate ao holiganismo Inglaterra é um

patizantes. Assim como passar e falar sistematicamente de ideias

exemplo a seguir. Com o pior dos registos nos anos oitenta e no

como “fair-play” e de ideologias de não-violência. E, o escape que

principio dos anos 90, conseguiu em pouco mais que um punhado

as redes socias, através por exemplo do insulto, também se tem

de anos irradiar quase que totalmente os casos de violência nos

mostrado eficaz na eliminação da angustia sem recorrer a actos

estádios de futebol. Para isso, ordenou uma investigação completa

violentos. Por ultimo, os clubes e os seus dirigentes devem dar o

e detalhado dos fenómenos de violências e das suas origens, e

exemplo e comportarem-se como homenzinhos que são e com as

após deliberação, ordenou um condensado de medidas designado

responsabilidades que têm.

Continua na pág. 67

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Desporto&Esport Edição nr.2

www.DesportoeEsport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 53


Danny Mills(Eng), Futebol

O EMPREENDEDORISMO EM EX ATLETAS PROFISSIONAIS DE TOPO

COMO ESTES ATLETAS “DRIBLARAM” A POUCA LONGEVIDADE DAS CARREIRAS DESPORTIVAS E CRIARAM NEGÓCIOS DE SUCESSO.

Tiago P. Nunes, especialista em gestão e negócios contato@desportoeesport.com

54 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


A

carreira profissional de um desportista de topo é curta; na maioria dos casos pouco mais que uma década. Se olharmos para os anos financeiramente produtivos, fixamo-nos em valores entre os 4 e os 6 anos, depen-

dendo da modalidade. E isto, se o atleta chegar a um patamar elevado e financeiramente compensador. A maioria aufere unicamente o suficiente para a sobrevivência diária. Para piorar, temos ainda as lesões e a maior irregularidade exibicional com o passar dos anos. Não é de surpreender, então, que na última década os desportistas profissionais foram ponderando as suas opções e alternativas profissionais futuras a partir de uma idade precoce da sua vida desportiva. Alguns iniciaram os seus negócios quando ainda estavam a competir. Os próximos quatro nomes, são exemplos modernos de ex-atletas de topo que após se retirarem da competição abraçaram uma vida de negócio de sucesso. Após uma carreira de sucesso na Africa do Sul como jogador de críquete, Gary Kirsten regressou à India em 2004, embarcou em uma carreira de gestão com muito sucesso. Kirsten lançou uma empresa de turismo, a Gary Kirsten Travel and Tours. Apesar de se mudar para a indústria de viagens, Kirsten não está muito longe de suas raízes no cricket. A sua empresa oferece passeios globais para jogadores e fãs de todas as nações - incluindo o Reino Unido, aproveitando e bem a sua fama global. Kirsten aposta agora na alta demanda do mercado indiano, onde o cricket é o desporto com mais adeptos e que mais curiosidade provoca. E se pensarmos que a India é o segundo país mais populoso do Mundo, e a caminho do primeiro, o potencial é ilimitado. Danny Mills, ex-jogador do Leeds e de Inglaterra, conhecido pelo seu feitio difícil e de pavio curto , foi fundamental para salvar o West Cornwall Pasty Company. Segundo o próprio: “Eles estavam com um pouco de dificuldade, mas é uma marca fantástica e um grande produto”, disse ele na época. Com o investimento feito e com os juros que recebe atualmente, Milles tem, não só o futuro assegurado, como ainda lhe dá espaço para se dedicar à caridade, mostrando que este antigo durão, tem também um coração mole. Robbie Fowler, na foto abaixo, foi outro jogador que soube adaptar-se na perfeição na

Gary Kirsten (Ind), Críquete

sua vida fora dos relvados, tornando-se num enorme “player” no imobiliário no Reino Unido, sendo também, o exemplo perfeito de alguém que soube preparar com antecedência a sua aposentadoria do desporto. A sua veia empreendedora e sucesso levou que os fãs do Liverpool gritem durante os jogos “todos nós vivemos em uma casa de Robbie Fowler” ao som de Yellow Submarine. E, os seus interesses não terminam por ai, e incuem a Robbie Fowler Sports Promotion, The Macca e Growler Group uma empresa de co-propriedade com o ex-companheiro de equipe Steve McManaman que investe em cavalos de corrida. Derek Redmond, ex-velocista dos 4x400m vencedor pela equipa norte americana no Campeonato do Mundo de 1991, em Tóquio, e mundialmente conhecido pela semifinal dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. Depois de uma lesão no tendão da perna durante a corrida, Redmond decidiu que ele ainda queria cruzar a linha como um gesto simbólico, cheio de emoção, já que o pai deste atleta desceu à pista e cruzou a com ele a linha de chegada. Radmond tornou-se em um palestrante motivacional de respeito e trabalha hoje também na Thomas International, na seção de teste de atletas

Derek Redmond (USA), 400m

na área da mentalidade. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 55


PARTICULARIDADES DA ALIMENTAÇÃO DE CORREDORES DE LONGAS DISTÂNCIAS AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DAS CORRIDAS DE 5KM, 10KM,

E DAS MEIAS-MARATONAS (~21KM) ATÉ ÀS EXIGENTES MARATONAS (~42KM). Mónica Marreiros Neves, (Membro da Ordem dos Nutricionistas, cédula 2138D) monicanevesdietista@gmail.com

E

stás quase a chegar à meta a par com um adversário,

exercício físico, para além de se considerar a quantidade e a quali-

é o tudo ou nada! A força nas pernas começa a fal-

dade dos alimentos consumidos deve ser tido ainda em conta o

tar, estás tão cansado que pensas não ser capaz de

momento da ingestão, focando especialmente os momentos antes,

ganhar a corrida. Duvidas ter energia suficiente para

durante e pós-exercício. Aconselhar um atleta relativamente ao

terminar, mas de repente encontras esse bocadinho que faltava

que deve comer e quando o deve fazer pode ser um enorme desa-

e vences a prova! É-te familiar? Já pensaste como é possível isto

fio, não só pelas exigências energéticas mas também devido aos

acontecer? As respostas para estas questões encontram-se não só

horários de treino! Todos os atletas são diferentes – é imperativo

nas longas e intensas horas de treino mas também na alimentação

ter esta noção. Têm necessidades energéticas e nutricionais únicas,

adotada durante esse período. Independentemente da distância

que dependem da sua composição corporal, do dispêndio energé-

percorrida, o planeamento da dieta é parte essencial do treino de

tico, das características do treino, dos objetivos competitivos e das

qualquer atleta (ou pelo menos deveria ser).

características fisiológicas e bioquímicas individuais.

Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a energia

O planeamento da melhor estratégia alimentar que tenha em con-

e os nutrientes necessários para suportar os treinos intensos e

sideração todos estes parâmetros pode exigir o acompanhamento

prolongados, diminuindo o risco de lesão e doença associados

por profissionais da área da dietética e nutrição, como dietistas e

ao esforço físico. No que respeita à alimentação do praticante de

nutricionistas.

56 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Fracionar as Refeições: AS CORRIDAS DE LONGA DISTÂNCIA A fadiga decorrente da prática de exercício prolongado está frequentemente associada à depleção das reservas de glicogénio muscular e à diminuição da concentração de glicose sanguínea, pelo que concentrações elevadas de glicogénio muscular e hepático parecem ser essenciais para um desempenho ótimo neste tipo de esforço físico, ainda que seja pouco provável que estes fatores per si limitem o desempenho. É importante não esquecer o impacto negativo da desidratação nestes eventos, pelo que se deve evitar níveis de desidratação superiores a 2-3% do peso corporal. Repondo energia para a prova O consumo de hidratos de carbono nos dias que antecedem a competição repõe principalmente as reservas de glicogénio muscular, enquanto o consumo deste macronutriente nas horas précompetição otimiza as reservas de glicogénio hepático. No dia da prova não devem ser feitas experiência alimentares. As estratégias alimentares devem ser colocadas em prática apenas nos dias de treino, durante a semana que antecede um evento competitivo (inclusive o próprio dia em que se desenrola) o atleta deve manter a dieta com a qual se sente confortável, sem introduzir qualquer novidade. A ansiedade natural do período précompetição per si é suficiente para provocar distúrbios gastrointestinais (náuseas, desconforto abdominal, diarreia, vómitos), não queremos aumentar esse risco com a introdução de um alimento

O fracionamento das refeições também pode ser uma estratégia viável para quem tem dificuldade em comer nos dias de prova. É importante manter a simplicidade das escolhas alimentares. Ficam algumas sugestões, que podem ser combinadas consoante a quantidade de hidratos de carbono que o atleta deve ingerir antes da prova: •Pão com doce ou marmelada; •Iogurte natural magro com fruta fresca e frutas desidratadas; •Papas de aveia com mel e fruta fresca; •Barras adequadas para desportistas (maior teor de hidratos de carbono, pobres em gordura e fibra); •Iogurte natural magro com granola e mel; •Batata-doce recheada com requeijão; •Batido de frutas (preferir o iogurte em alternativa ao leite); • Massa/arroz cozido com uma fonte de proteína magra;

novo, certo? Manter a rotina habitual ajuda o atleta a sentir-se mais confiante e calmo. Nas duas horas que antecedem a prova o atleta deve consumir, idealmente, 2g de hidratos de carbono por kg peso corporal (ou

dores escandinavos na década de 60.

seja, 1g de hidratos de carbono por cada hora de intervalo entre

O protocolo original ou clássico compreendia um total de seis dias.

o momento da ingestão e a prova), mas nem todos os atletas con-

Nos primeiros três dias os atletas eram submetidos a um programa

seguem tolerar esta quantidade de hidratos de carbono em dias

de exercício intenso combinado com uma alimentação isenta

de competição. As refeições líquidas são normalmente melhor

de hidratos de carbono, ou seja, com elevado teor de proteína e

toleradas, e são aconselhadas aos atletas mais sensíveis à ingestão

gordura, de forma a promover a depleção das reservas de glico-

de grandes volumes alimentares. Ao optar por alimentos com teor

génio. Nos últimos três dias a intensidade do treino diminuía sig-

razoável de hidratos de carbono, deve preferir aqueles com baixas

nificativamente e o consumo de hidratos de carbono aumentava,

quantidades de fibra, uma vez que pode atrasar o esvaziamento

passando a representar cerca de 70-80% do valor calórico total da

gástrico e provocar desarranjos gastrointestinais.

dieta, proporcionando assim o aumento da síntese de glicogénio muscular. Ainda que o aumento das reservas de glicogénio mus-

Estratégias para melhorar o desempenho nas corridas de longa

cular fosse notório, várias desvantagens e efeitos adversos foram

distância

detetados no seguimento deste regime, principalmente durante o período de privação de hidratos de carbono: hipoglicemia, dis-

Maximização das reservas energéticas:

túrbios gastrointestinais (diarreias devido ao consumo elevado de

A manipulação da quantidade de hidratos de carbono ingerida

gorduras), dificuldade em recuperar após o esforço físico intenso,

durante a semana que antecede um evento de longa distância é

oscilações de humor (letargia, irritabilidade) e aumento do risco

uma prática comum para maximizar as reservas de glicogénio

de lesão. Para além disso, o efeito psicológico que a redução

muscular e retardar o aparecimento de fadiga. Esta estratégia,

abrupta do treino pode ter na fase de preparação para um evento

vulgarmente conhecida como supercompensação de hidratos de

competitivo não é de todo ideal, os atletas não costumam ser rece-

carbono ou “carbohydrate loading”, foi desenvolvida por investiga-

tivos a uma exigência desta natureza. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 57


Bebidas para desportistas O volume de líquidos no estômago afeta o grau de distensão deste órgão e, consequentemente, a passagem de conteúdo do estômago para o intestino (onde é absorvido). Para acelerar este processo é essencial aumentar a distensão gástrica, pelo que se deve iniciar o exercício com o estômago “confortavelmente cheio”, isto é, deve-se comer o suficiente para estar apto a treinar e saciado. Durante o esforço físico é importante ingerir líquidos, se possível em intervalos de 15-20 minutos. Uma vez que se torna pouco prático controlar estes intervalos, aconselho aproveitar todas as oportunidades para ingerir líquidos: pouco volume, várias vezes durante o treino. Recomendase a ingestão de pelo menos 600ml por hora de exercício, contudo o volume de líquidos adequado e tolerável durante o exercício é altamente variável, pois depende das características individuais, da duração e natureza da sessão de treino, assim como da taxa de produção de suor, que deve ser calculada em várias condições. A temperatura e o tipo de hidratos de carbono que consta da bebida também desempenham um papel importante, uma vez que influenciam igualmente o esvaziamento gástrico. As bebidas frescas devem ser preferidas em relação às bebidas quentes: são mais apelativas, pelo que promovem a ingestão de maiores volumes de líquidos, principalmente em ambientes quentes. A mistura de vários tipos de hidratos de carbono (ex. glucose, frutose, maltodextrina, sacarose) permite maximizar as fontes de energia e diminuir o risco de distúrbios gastrointestinais. As bebidas do mercado contêm normalmente pelo menos dois tipos de hidratos de carbono. O consumo de hidratos de carbono e uma boa estratégia de hidratação são partes essenciais na otimização de desportos que envolvem esforços prolongados. Tanto o consumo de elevadas quantidades de hidratos de carbono como a combinação de vários tipos de hidratos de carbono na bebida utilizada durante o treino, que por sua vez permite maiores taxas de oxidação, podem resultar em melhorias do desempenho. Os atletas devem limitar a perda de massa corporal como consequência da perda de líquidos a 2-3%, sob pena de prejudicar o desempenho. Outra questão de relevo nesta matéria prendese com os distúrbios gastrointestinais, que apresentam grande variabilidade individual e podem ser minimizados recorrendo estratégias nutricionais específicas.

58 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

As bebidas para desportistas apresentam na sua constituição hidratos de carbono, água e sais minerais. Os hidratos de carbono mantêm os níveis de glicose no sangue e fornecem energia ao músculo ativo, os sais minerais repõem as perdas que ocorrem através do suor e auxiliam a retenção de água no organismo. Estes produtos foram desenvolvidos com o intuito de proporcionar um rápido esvaziamento gástrico, permitindo uma rápida absorção intestinal. Existem dois fatores determinantes para este processo: concentração de hidratos de carbono da bebida e volume de fluidos no estômago. A concentração de hidratos de carbono de bebidas desenvolvidas para suprir as exigências do exercício físico varia bastante, pelo que é importante avaliar o rótulo do produto e optar por valores entre 6 e 8%. A evidência científica sugere que as bebidas com estas características atingem a corrente sanguínea quase tão rápido como a água, para além de que parecem ser bem toleradas pelos atletas. Concentrações superiores promovem um esvaziamento gástrico mais lento e podem provocar desconforto gastrointestinal.


“Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a energia e os nutrientes necessários para suportar os treinos intensos e prolongados, diminuindo o risco de lesão e doença associados ao esforço físico... [e deve-se] considerar a quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos, e deve ser tido ainda em conta o momento da ingestão, focando especialmente os momentos antes, durante e pós-exercício.”

Nos últimos 30 anos as estratégias de

percorrer determinada distância, em 2-3%.

bui para manter os níveis sanguíneos de

supercompensação de hidratos de car-

Contudo, os estudos disponíveis sugerem

glicose e para o atraso da depleção das

bono evoluíram substancialmente, tendo

que apenas se registam benefícios a estes

reservas de glicogénio hepático.

surgido alternativas mais realistas e fáceis

níveis em esforços com duração de pelo

A forma em que os hidratos de carbono

de cumprir. Atualmente, sabe-se que o

menos 90 minutos. Outra consideração

são ingeridos parece não ter qualquer efei-

aumento das reservas de glicogénio mus-

a ser feita prende-se com o facto de o

to no rendimento desportivo. Por isso, o

cular pode ser atingido sem que ocorra

armazenamento de glicogénio no músculo

consumo de hidratos de carbono tanto na

a depleção das reservas de glicogénio e

estar associado ao aumento de peso, como

forma líquida como sólida são boas opções

através do consumo de uma dieta rica

resultado da retenção de água (aproxima-

(ex. géis, barras ou bebidas adequadas a

em hidratos de carbono (7-12 g.kg peso

damente 3g por grama de glicogénio).

desportistas). No entanto, é importante

corporal-1.dia-1) apenas nas 24-36h que

salientar que o consumo de alimentos

antecedem o evento competitivo, acom-

Fornecimento de energia durante o exer-

sólidos atrasa o esvaziamento gástrico e,

panhado de um período de repouso.

cício físico

consequentemente, poderá atrasar a absor-

A supercompensação de hidratos de car-

ção intestinal dos nutrientes, prejudicando

bono, em relação a uma dieta com baixo/

O consumo de hidratos de carbono duran-

o fornecimento de energia e de água ao

normal teor de hidratos de carbono (40-

te o exercício representa uma estratégia

organismo.

50% do valor calórico total), pode aumen-

eficaz para manter ou até mesmo melhorar

Por outro lado, os alimentos sólidos con-

tar o tempo até à exaustão (capacidade de

o desempenho do atleta durante o esforço

ferem uma maior sensação de satisfação

resistência) em cerca de 20% e melhorar o

físico, uma vez que fornece substrato ener-

no estômago, que poderá ser importante

desempenho, isto é, tempo necessário para

gético ao sistema nervoso central, contri-

nos eventos mais longos.

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“FAIR PLAY”

O QUE É, CONCEITO E DEFINIÇÃO - DE UMA DAS EXPRESSÕES MAIS USADAS NO DESPORTO MODERNO

O

termo Fair Play é um dos

hores resultados pela vitória que levaram a

mais utilizados no despor-

que muitos usassem de meios ilícitos, como

to moderno, no entanto o

o doping e corrupção.

seu conceito é ainda lar-

Por muito transversal que seja o Fair Play

gamente confuso e o seu significado não

por entre todas as modalidades desporti-

é ainda totalmente conhecido pela gen-

vas, em algumas delas é indiscutivelmente

eralidade dos adeptos desportivos. Fair

mais presente. O ténis e a Formula 1 são

Play, em tradução livre – Jogo Limpo, é

dois belos exemplos disso mesmo. Mas, é

uma expressão com mais de uma centena

no futebol que o “Fair Play”, pelo menos

de anos, nasceu em 1896, durante as pri-

enquanto ideal, atinge o seu ponto máximo.

meiras Olimpíadas da Era Moderna, em

FIFA Fair Play é a campanha criada pela

Atenas na Grécia. Escutada pela primeira

FIFA para sensibilizar os atletas e organiza-

vez, pela voz do organizador dos Jogos,

ções ao cumprimento de regras, do bom

o Barão de Coubertin, no meio do seu

senso e do respeito pelo jogo e por todos

discurso: “Não pode haver jogo sem fair

os intervenientes, incluído os espectadores.

play. O principal objetivo da vida não é a O conceito de Fair Play está então vincu-

Os principais princípios da FIFA Fair Play:

lado à ética desportiva e à ética da prática

1. Jogue limpo (sem mergulho)

do desporto e da defesa das regras e do jogo

2. Jogar para ganhar, mas aceite a derrota

e da procura da vitória de uma forma justa

com dignidade

e limpa. Fair Play engloba também uma

3. Respeite as leis do jogo

conduta de acordo com os melhores padrões

4. Respeite os oponentes, os companheiros,

éticos, desportivos e morais.

os árbitros, os oficiais e os espectadores

No entanto, o “Fair Play” reganhou uma

5. Promover os interesses do futebol

segunda vida a partir dos anos 80, em uma

6. Honre aqueles que defendem a boa repu-

relação muito estreita entre a noção de

tação do futebol

espirito desportivo e os mídia e o market-

7. Rejeitar a corrupção, drogas, racismo,

ing, com o claro objetivo de criar e ligar a

violência, jogos de azar e outros perigos

imagem do desporto como uma atividade

para o nosso desporto

positiva e superior. Por paradoxal que seja,

8. Ajudar os outros a resistir a pressões

foi exatamente por esta, que rebentou os

corruptoras

primeiros grandes escândalos de “batota”

9. Denunciar aqueles que tentam desacredi-

no desporto, onde atletas, equipas e outros

tar o desporto

agentes desportivos pressionados por mel-

10. Use o futebol para fazer um mundo

vitória, mas a luta”.

60 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

O Fair Play é de uma forma simplista da responsabilidade de todos. Assume, no entanto, que a primeira responsabilidade da pratica e da divulgação do Fair Play é dos governos, das organizações e das entidade desportivas, e só depois os indivíduos. o seu conceito deve ser igualmente uma questão central e não marginal, segundo o código da ética desportiva.


“O fair play significa muito mais do que o simples respeitar das regras; mas cobre as noções de amizade, de respeito pelo outro, e de espírito desportivo, um modo de pensar, e não simplesmente um comportamento. O conceito abrange a problemática da luta contra a batota, a arte de usar a astúcia dentro do respeito das regras, o doping, a violência (tanto física como verbal), a desigualdade de oportunidades, a comercialização excessiva e a corrupção... o fair play é um conceito positivo...” CÓDIGO DA ÉTICA DESPORTIVA: Fair play - The winning way

FAIR-PLAY FINANCEIRO: UM CONCEITO TOTALMENTE DIFERENTE O Fair Play Financeiro (FFP) é bem mais

relação a outros clubes, jogadores, segu-

5 milhões de euros do que ganham por

que apenas um termo e visa proactiva-

rança social e autoridades fiscais.

período de avaliação. No entanto, podem

mente melhor a saúde financeira do fute-

A partir desta época (2013/14), os clubes

exceder este limite até um certo nível, se

bol europeu e criar condições financei-

também tiveram de respeitar uma gestão

ele estiver inteiramente coberto por uma

ras de igualdade entre clubes para que a

equilibrada em “break-even”, que por

contribuição ou pagamento por parte dos

competição permaneça justa e igualitária.

princípio significa que não gastam mais do

donos do clube ou entidade envolvida.

Combatendo igualmente os investimen-

que ganham. A UEFA criou o Comité de

Se um clube não cumprir os regulamen-

tos desmesurados de muitos novos donos

Controlo Financeiro dos Clubes da UEFA

tos, o Comité de Controlo Financeiro dos

de clubes, que alteram drasticamente as

(CFCB) para analisar, em todas as épocas,

Clubes da UEFA decidirá as medidas e

competições.

as contas dos clubes dos últimos dois anos

sanções a aplicar, entre as quais se desta-

O “fair play” financeiro começou em 2011.

e que. Em 2014/15 passou-se a analisar

cam: repreensão, multas, perdas de pontos,

Desde então, os clubes que se qualificam

as contas consolidadas dos últimos três

retenção das receitas de uma competição

para as competições da UEFA têm de

anos desportivos. A partir de 2015 os

da UEFA ou desqualificação/retirada das

provar que não tem dívidas em atraso em

os clubes podem apenas gastar até mais

competições.

Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 61


MARATONA: PODE UM HOMEM CORRER 42 KM EM MENOS DE 2 HORAS?

O

último feito de Dennis Kimetto em Setembro deste

abaixo das 2 horas”, que como o nome indica pretende baixar a

ano onde cumpriu a distância de 42,195kms em

barreira da maratona para abaixo das duas horas. Este projeto pre-

2h2m57s, em Berlim – Alemanha, levanta positi-

tende criar um verdadeiro atalho e aumentar significativamente a

vamente a questão: poderá o Homem correr uma

diminuição do tempo necessário para percorrer uma maratona, e

maratona em menos de 2 horas?

o principal empecilho para ser apenas financeiro. Yannis Pitsiladis,

Durante muito tempo a resposta foi: impossível! Estava para lá

diretor cientifico do programa e professor de Ciências do Exercício

da capacidade do corpo humano. Mas o recente feito de Kimetto

e Rendimento e director do SESAME (Centro de Desporto,

parece querer desfazer mitos. E bem de encontro à clara tendência

Exercício e Medicina) da Universidade de Brighton (Reino Unido):

dos últimos 16 anos desta modalidade, onde o recorde foi baix-

“o único obstáculo para se atingir esse objetivo é meramente

ando progressivamente 1 minuto a cada 5 anos, fazendo no total

económico”. A convicção de Pitsiladis é a de que, investindo no

um decréscimo de 3 minutos à marca regista há década e meia.

treino, isso será alcançável.

A até há tão pouco tempo considerada utopia pode acontecer,

E por incrível que pareça, o projeto de Pitsiladis não é único. Nos

ao ritmo apresentado acima, no espaço de pouco mais de uma

estados unidos, em Oregón, desenvolve-se u projeto semelhante

década.Existem ainda estimativas mais otimistas. Segundo Haile

dirigido por Alberto Salazar e com a participação do fundista

Gebrselassie, um dos melhores fundistas de sempre e recordista

britânico Mo Farah e do norte-americano Galen Rupp.

mundial da maratona por duas vezes, a marca de menos de 2 horas

Existem contudo quem condene o entusiamo e apresente opiniões

será batida nos próximos cinco anos.

contrárias. Uma das principais vozes é Kenenisa Bekele, campeão

Esta firmeza advém de uma declaração de princípios expressa

e recordista mundial dos 5000m e dos 10.000m, que categorica-

num recente programa que ganhou o popular nome de “Projeto

mente afirma: “É impossível baixar das duas horas na maratona”.

Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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SUPER BOWL: O MAIOR ESPETÁCULO TELEVISIVO DO MUNDO

P

ara meio mundo, a final do campeonato NFL, vulgo

marcas, empresas e produtos costumam disputar um lugar no

campeonato de futebol americano, é um evento

intervalo do jogo, que carrega a fama de cobrar o segundo mais

que passa totalmente despercebido, mas por todo

caro da publicidade mundial. Diga-se, uma fama bem merecida.

o negocio que envolve e por toda a audiência que

Neste ano de 2015, o espaço comercial de 30 segundos no intervalo

atinge, o super bowl é o maior espetáculo televisivo do ano.

do Super Bowl chegou a ser vendido por mais de US$ 4,5 milhões.

Em termos de audiência, esse único jogo ficou atrás apenas das

Com uma audiência unicamente norte americana de mais de 110

finais da Copa do Mundo de futebol e da champions league. Dois

milhões, as marcas competem entre si, não só por anunciarem mas

eventos mundiais – o último, há alguns anos, passou sua final para

para terem o melhor anúncio, e aquele que deixará um “legado”

os sábados para poder atender o planeta inteiro – o Super Bowl é

mais marcante nos espetadores. Este ano, os spots publicitários

exclusivamente americano

foram marcados pela sensualidade, poder da tecnologia, supe-

O Super Bowl é um modelo de negócio desportivo e televisivo

ração, moda dos selfies e a ternura dos filhotes. A coca-cola e a

com um sucesso sem precedente e um caso de estudo para todas

Microsoft levam este ano, para muitos, o premio de melhor vídeo

as modalidades um pouco por todo o mundo.

de publicidade. A super bowl mais que um evento desportivo é um

Por reunir a maior audiência da TV norte-americana, as grandes

evento financeiro como só na américa é possível

Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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Desporto&Esport www.DesportoeEsport.com Visite-nos e dê-nos a sua Opinião 64 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


Violência no desporto: Casos, Causas, Culpados e Soluções

VIOLÊNCIA! VAMOS IMAGINAR?

V

amos começar a imaginar que tragedias como as

salutar convivo sem a presença de um pelotão policial; que no

que aconteceu Valley Parade ou em Hillsborough

estádio cantam músicas de incentivo às suas equipas, sem insulto,

não voltam mais a acontecer. Que mortes absurdas

sem ódio, sem fanatismos; e nesses mesmos estádios, nessas mes-

como a que aconteceu no Jamor não se volta a

mas bancadas, podem estar crianças, famílias inteiras, mulheres

repetir; que as novas arenas desportivas construídas para a Copa

bonitas – e, todas elas sem medo: sem medo de entoarem canções

no Brasil eliminam definitivamente o rasto de morte nas bancadas

de apoio às suas equipas, sem medo de envergarem as camisolas do

desse país nos últimos 25 anos. Mas, não vamos ficar por aqui,

clube que é a sua paixão…

vamos continuar a imaginar: que as claques, são tão só adeptos.

Vamos imaginar que não existe jaulas, medos ou violência nas

Adeptos do desporto e do seu clube; sem influências de ideolo-

bancadas; nem álcool ou drogas; gritos ou insultos; provocações

gias extremistas e nunca utilizadas como fachada para atividade

ou fanatismos;

criminosas.

Vamos imaginar que existe o jogo; e que é pelo jogo que todos lá

E, agora que entramos neste processo, não vamos ficar por aqui.

estão!

Vamos continuar a imaginar: que os dirigentes desportivos não são

E, meu caro, se não conseguiu imaginar, então o desporto não é

os principais pirómacos, cheios de discursos de odio bacoco e sem

para si… e deixe os outros, viver o desporto tal como ele deve ser:

sentido. Vamos imaginar, que são esses mesmos dirigentes que

a mais pura, limpa, não-violenta e alegre atividade humana.

apelam ao “fair-play”, ao anti-doping, à anti-violência e que não se revêm na frase: vitória a qualquer custo.

Porque o desporto não é violência!

E, imaginemos, que os adeptos caminham nas ruas misturam em

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ATLETAS DO ANO

C. RONALDO

O bola de Ouro foi o melhor no desporto Rei Apesar de uma época um tanto irregular, imensamente marcada pelas lesões, que o levou a ter um Mundial para esquecer e um final de época 2013/2014 muito abaixo das suas capacidades, voltou a ser demolidor neste final de ano, destruindo recordes atrás de recordes. E no global, no ano de 2014, os seus números são impressionantes. Somou 61 golos, em 60 jogos, e uma série de recordes individuais: bateu o máximo de golos na “Champions” numa época (17, em 2013/14), passou a ser o melhor dos Europeus, com 23, entre qualificação e fase final, e, na presente Liga espanhola, já vai em impressionantes 25, em escassas 15 jornadas. O capitão da seleção da portuguesa marcou mais de um golo por 15 vezes - um “póquer” (quatro golos num jogo), três “hat-tricks” (três) e 11 “bis” -, um golo em 26 ocasiões e ficou 19 vezes em “branco”. A média foi, pela segunda vez consecutiva, superior a um golo por jogo, por culpa do que tem feito em 2014/15: já vai em 34 golos -- em 29 jogos -, 25 dos quais na Liga espanhola, em apenas 14 encontros disputados. Para além disso, venceu ainda a Liga dos Campeões da Uefa no final da época passada. E, já nesta presente temporada, contribuiu decisivamente para a vitória folgada do real Madrid sobre o Barcelona a contar para o campeonato espanhol. É preciso dizer mais alguma coisa?

L. HAMILTON

O homem que superou o “imparável” Vettel Com 11 vitórias nas 19 corridas do circuito mundial de Formula 1, a que se somam ainda mais cinco pódios, deram a Lewis Hamilton o titulo no mundial de pilotos e tornaram-no indiscutivelmente no melhor piloto do ano. Depois das quatro vitórias consecutivas de Vettel, este ano a Mercedes apareceu claramente como a grande favorita logo nos primeiras sessões de treino ainda antes da primeira corrida. Mas havia muito quem duvidasse das capacidades do piloto inglês e apontasse o seu companheiro de equipa Nico Rosberg como o principal favorito. Muito se falava como o sucesso logo no seu ano de estreia e a incapacidade que muitas vezes demostrou em lidar com a frustração de ficar repetidamente em segundo lugar fizeram com que emocionalmente Hamilton não estivesse no seu melhor. Mas, o inglês mostrou claramente como os críticos se tinham enganados e dominou totalmente o campeonato como os números acima o demostram. 66 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


OS MELHORES DO ANO DE 2014

Atletas, treinadores e equipas no melhor do ano passado.

T

odos os anos, quando chega

qualquer estádio, olhamos pregados e sem

o mês de Janeiro e Fevereiro,

conseguir desviar o olhar, os seus feitos e

nos perguntamos o mesmo:

conquistas desportivas?

que foi o melhor do ano

Quem foram esses homens e mulheres do

anterior? Quem foi o melhor jogador, o

ano de 2014?

melhor treinador a melhor equipa? Quem

Num ano tão rico como o do ano pas-

se ultrapassou a si próprio? Quem ultrapas-

sado, com Copa do Mundo e Olimpíadas

sou os limites do corpo humano? Quem foi

de inverno, a escolha não se afigurava fácil.

o “pioneiro” e nos lembrou uma vez mais

E se a isto somar-mos ainda a F1, a Liga

porque nós, simples mortais, sentados nos

dos campeões, os mundiais de atletismo, a

nossos confortáveis sofás, ou de pé em um

NBA… a escolha não foi fácil…

LEBRON JAMES Poderá ser melhor que Michael Jordan?

Lebron James continua a ser o melhor jogador de NBA e continua a ser o nosso preferido e por isso faz parte desta lista curta lista de melhores do ano. Opinião partilhada pela maioria dos críticos que desde 2012, onde liderou o Miami para o seu segundo título da NBA e primeiro de sua carreira. No dia 03 de março de 2014, após marcar 61 pontos, 7 rebotes e 5 assistências contra o Charlotte Bobcats em Miami, James quebra seu recorde pessoal e da franquia para o maior número de pontos em um único jogo. O recorde anterior da equipe pertencia à Glen Riceque marcou 56 pontos em 1995. O americano terminou a temporada regular com médias de 27.1 pontos, 6.9 rebotes e 6.4 assistências, ajudando a sua equipa o Miami Heats a ficar com a segunda posição na conferência leste. James também foi eleito para All NBA teams pela décima vez na carreira. No dia 11 de julho de 2014, após romper o seu contrato com o Miami e muita especulação, James anunciou o seu retorno ao Cleveland Cavaliers, para alegria dos seus muitos fãs. Muitos especialistas afirmam que basta esperar para que “King James” ultrapasse Jordan como o melhor da história do desperto. De facto, basta esperar e logo saberemos se James será capaz de ultrapassar a lenda.

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 67


SERENA WILLIAMS, DANICA PATRICK E PAULA CREAMER.

A

no após anos Serena Williams consolida-se como

rápida.” Talvez esta frase, dita pela propria, que melhor define

uma das melhores tenistas de sempre, e à sua frente,

Danica Patrick. A piloto da Nascar tornou-se, até certo ponto, um

talvez tenha apenas steffi graf.

marco e um exemplo de atleta feminina que compete e ganha num

Neste ano de 2014 Serena foi numero 1 no rank-

universo marcadamente masculino onde as mulheres não têm

ing WTA durante 97 semanas (contando já com o ano de 2013)

na maioria das vezes oportunidades sequer para competir. Neste

consecutivas, ou seja, durante

ano de 2014, Danica terminou

todo o ano, venceu o US Open o

sempre nas primeiras posições,

WTA Finals, e mais seis torneios

e sempre num bom top 8, fazen-

do circuito. Este pode até não

do da rapidez a sua imagem de

ter sido o melhor ano da tenista

marca: “esmagar o acelerador e

americana, mas ela foi de longe a

que se lixem as consequências”,

melhor atleta na maior modali-

segundo palavras da propria.

dade feminina da atualidade. É

Diga-se, que a sua qualidade é

de lembrar que é a quarta vez

bem conhecida e reconhecida

que Serena garante o topo do

e fala-se na possibilidade desta

ranking da WTA ao fim de uma

piloto participar no Mundial de

temporada - as outras foram em

Fórmula 1 com a equipa de Gene

2002, 2009 e 2013. E com a con-

Haas em 2016.

quista do US Open, Serena já leva 18 titulos de Grand Slam. Sendo

Uma das mais bonitas atletas da atualidade, Paula Cramer é tam-

que ela tem uma média de 3,6 vitórias em torneios a cada ano, para

bém uma das melhores atletas da modalidade golfe da atualidade.

um total de 64. Mas não é apenas suas realizações desportivas que

A norte-americana nascida em 1986, venceu enquanto profissional

são admiráveis. Uma mulher de negócios de sucesso e também

12 torneios, sendo que 10 dessas vitórias foram eventos do LPGA

com ligações familiares fortes, tendo ainda pautado toda a sua car-

Tour. Não tão dominadora quanto as outras duas atletas que a

reira pela integridade.

acompanham neste texto, mas é um marco no desporto feminino

“Fui criada para ser o piloto mais rápido e não a rapariga mais

atual e como tal a sua presença é valida e justificada, apesar do seu

68 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


“T

rabalhei duro para este triunfo”! É assim que o “tubarão” da Sicília, como também e conhecido o ciclista italiano Vincenzo Nibali justificou a sua vitória no Tour de França. O siciliano fez uma corrida perfeita e dominadora do principio ao fim, ganhando quatro das mais dificeis e

montanhosas montanhas etapas. Nibali tornou-se ainda no sexto ciclista da história a ganhar as três maiores corridas por etapas: França, Espanha e Italia. Pelas suas palavras, em entrevista ao euronews: “ É algo de especial e particular porque há apenas algumas pessoas que o conseguiram. A Volta a Espanha (2010) foi a primeira grande vitória e deu-me realmente muito. Depois, comecei a trabalhar duro para o “Giro d’Italia” porque para um italiano essa é uma corrida muito importante. Acabei no pódio (2011) e pude tocar ao de leve no sucesso, acaricia-lo e apaixonar-me por ele. Finalmente, no ano passado, ganhei a Volta a Itália e, para mim, foi uma grande emoção porque o “Giro” é a corrida com que sempre sonhei e que costumava ver pela TV. Via grandes campeões como o Induraín ou o Pantani, sempre a correr o “Giro”. A Volta a França é também uma corrida espetacular e quando cheguei, em 2012, ao último degrau deste pódio, disse para mim próprio: “Quem sabe, um dia, eu também a posso vencer”. Sabia que não seria fácil de todo, mas trabalhei no duro para tentar conseguir este triunfo. Não foi fácil, mas, agora, já posso dizer”. Num desporto tão fatigado pelos sucessivos casos de doping, Nibali aparece como uma lufada de ar fresco e como um atleta que vai percorrendo as várias etapas da sua carreira de uma forma consistente e gradual que não deixa dúvidas à sua seriedade. E aos 26 anos, Nibali tem ainda muito para dar ao ciclismo e ao desporto. Floyd Mayweather Jr, de 37 anos, pediu 200 milhões de euros para subir ao ringue com o filipino Manny Pacquiao(ver nóticia abaixo), para aquele que muitos consideram ser o combate de boxe do milénio. Apenas por este número se entende o quão poderoso é este boxer que lidera à vários anos o boxe mun-

F. Mayweather (USA), Boxe

dial. A carreira profissional de Mayweather conta com 47 embates, e espantem-se, tem 47 vitórias. Para muitos este é já o melhor pugilista da história da modalidade. Rafael Nadal é o único tenista que ganha pelo menos um torneio de Grand Slam de 2004. Ou seja à dez anos consecutivos (Década Slam), marcando um recorde na era moderna do ténis. O tenista de 28 anos e atual número três do ranking torna-se assim cada vez mais um marco no ténis e cimenta a sua posição como um dos melhores de sempre desta modalidade. Para além de rolland Garros, Nadal foi ainda finalista do Austrália Open, venceu o Open do Rio de janeiro e várias posições de destaque em torneios masters. As lesões fizeram que não pudesse ir mais longe. Muitos outros poderiam figurar nesta lista de melhores atletas de 2014: L. Messi, M. Neuer, Robben para o futebol; Peyton ou Tom Brady para o futebol americano; Renaud Lavillenie, Renaud Lavillenie, Novak Djokovic, Rui Costa, e tantos, tantos outros...

R. Nadal(Esp), Ténis Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 69


EQUIPAS DO ANO

MERCEDES (F1), ATLÉTICO DE MADRID (FUT) E SEATLE SEAHAWKS (NFL)

T

A Mercedes ganhou 16 GPs na temporada de 2014.

Estados Unidos de futebol americano (NFL), foi totalmente a seu

Um recorde absoluto na F1. O máximo obtido

favor, ao vencerem por 43-8. Relembramos que foi no Metlife

antes tinham sido 15 da McLaren em 1988 mas

Stadium, em Nova Jérsia, os Seahawks, que haviam perdido a final

numa época com 16 GPs apenas. Não é portanto

de 2006, resolveram, praticamente, o encontro na primeira parte,

a melhor média de sempre, apenas a 4ª melhor

que terminaram a vencer por 22-0, fazendo a melhor defesa da

média atrás dessa da McLaren em 1988 (15/19), da Ferrari em

época prevalecer sobre o melhor ataque.

2002 (15/17) e da Ferrari em 2004 (15/18). Nesta época obteve

Seahawks venceram o Super Bowl pela primeira vez, juntando-se

11 dobradinhas, ultrapassou a marca da McLaren em 1988 com

assim à longa lista de vencedores do Super bowl, quando à partida

Senna e Prost que era o record até à data. Obteve ainda 19º GP

não seriam os favoritos a estar naquele que é o maior evento des-

com pódios consecutivos. A 5ª melhores sequência de uma equipa

portivo dos EUA e do Mundo, apenas superado pelo campeonato

na história da F1, iguala a Red Bull em 2010/2011 e a McLaren em

do Mundo de fute-

2007/2008. Para além disso sagrou o seu piloto, Lewis Hamilton

bol.

como vencedor do titulo no mundial de pilotos , tornarado-o

Quando em em

indiscutivelmente no melhor piloto do ano.

2000, o Atlético

A Mercedes não foi só melhor, mas muito melhor, dominando

de Madrid viveu

totalmente a época neste que é o desporto mais tecnológico nos

a pior fase do seu

dias de hoje. Quebrando ainda o ímpeto de vitória da Red Bull, que

historial ao descer

com Vettel parecia impárevl.

à II Liga espan-

Os vencedores da Super Bowl. A ideia de que a defesa é o melhor

hola,

num

ano

ataque é trans-

em que Gil Y Gil

versal a quase

se viu envolvido

todos as modali-

numa

dades

e

escândalos finan-

inclui

também

isso

série

ceiros,

de

nunca

o futebol ameri-

podia imaginar o

cano. Os Seattle

ano de gloria que seria 2014, com a conquista da Liga e a final

Seahawks, mel-

da Liga dos Campeões ganha até 30 segundos do fim. A equipa

hor defesa da

de 2014, apesar de não jogar o futebol mais bonito, mas foi com

temporada

da

certeza a equipa mais agarrida e com mais querer, à imagem do

NFL, provaram

seu treinador Diego Simeone, que é o principal obreiro do sucesso

isso

da equipa.

mesmo

ao esmagar os

A menção honrosa: a seleção alemã de futebol, vencedora sem

Denver Broncos, melhor ataque, no Super Bowl que se realizou

contestação do campeonato Mundial de Futebol, aplicando nesse

no Metlife Stadium, em Nova Iorque. A final do campeonato dos

nessa caminhada uma histórica derrota à equipa anfitriã, o Brasil.

70 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


JOACHIM LOW Campeão do Mundo é o Melhor treinador do Ano

“S

omos todos campeões do mundo”. Foi esta a frase de

Argentina por 1 a 0, no Maracanã.

Joachim Low após a vitória da Alemanha “oferecendo”

Quando Low chegou à Alemanha disse então: “Eu tenho de

um pedaço da taça a todos os seus compatriotas. O

agradecer a todos os adeptos na Alemanha. Sem vocês, nós não

treinador germânico comandou uma campanha prati-

estaríamos aqui. Somos todos campeões do Mundo”, afirmou Löw,

camente perfeita no Mundial do Brasil que terminou unicamente

perante a multidão presente junto às Portas de Brandemburgo, nas

com a conquista do trofeu e teve tempo para aplicar 4 bolas sem

celebrações do quarto título mundial da “Mannschaft”.

resposta na equipa lusa, uma goleada de 7 a 1 na equipe da casa,

O mérito do treinador germânico foi reconhecido com a nomea-

em pleno estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Na final, num

ção para melhor treinador do ano pelos prémios da fifa. Poderá

jogo amarrado, finalmente surgiu vitória, já perto do fim, sobre a

vencer? Brevemente o saberemos

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FILME

AYRTON SENNA: O FILME

O FILME EM DOCUMENTÁRIO DE UM DOS ATLETAS MAIS AMADOS DE SEMPRE E DO MELHOR PILOTO DA HISTÓRIA DA F1

72 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


O

filme abre com um Senna jovem numa pequena

além do título, o grande destaque fica por conta da primeira vitória

competição de Karts, enquanto em som de fundo

de Ayrton Senna no Brasil em condições adversas, fazendo com

escutamos a sua voz, adulta e com mais de trinta

que o brasileiro ficasse completamente desgastado ao fim da cor-

anos, recordando esses mesmos momentos com

rida. Mas, numa imensa felicidade, de ganhar pela primeira vez a

nostalgia e saudades, em um tempo em que as corridas eram

corrida do seu país.

“reais”, apenas guiadas pelo prazer e sem o envolvimento de

A parte final do filme volta atrás no tempo, e revela o início

dinheiro ou politica. Esta abertura forte captura na perfeição

difícil de Senna na Williams em 1994 além da última corrida do

o espirito com que Senna corria na juventude e que manteve

brasileiro no Grande Prêmio de San Marino no circuito de Imola.

durante todas as épocas onde competiu na formula 1, e serve de

O acidente e toda a comoção pela sua morte praticamente fecha o

contraste, com as batalhas, muitas deles fora de pista, que teve que

filme, sem antes ser mostrada uma entrevista onde ele responde a

disputar, nomeadamente com o seu eterno rival, o francês Prost.

um jornalista sobre quem ele considerava o seu maior adversário

Uma rivalidade que assumiu o seu ponto mais alto em 1989 no

nas pistas. E de novo, voltamos às suas primeiras palavras, onde

Grande Premio do Japão- Prost e Senna embatem, indo o carro

o gosto pelos carros e pelas corridas, assume contornos quase

de Senna parar a uma escapatória. Ainda assim, Senna recupera

infantis, e definitivamente de um romantismo comovedor, sobre o

e retorna à corrida e vence. No entanto, após denúncia do piloto

prazer supremo de correr pelo gosto da corrida.

francês, Ayrton é desclassificado e perde o campeonato em conse-

Mas, talvez o melhor do filme, sejam as imagens de aquivo, que

quência.

E, é este o apogeu do filme, onde, com alguma falta

tornam o filme tão real, palpável e num fim de uma beleza incom-

de imparcialidade, se coloca Senna como vítima do sistema. Como

parável. Um decisão acertada do realizador, Asif Kapadia, onde

um homem, um piloto, que deseja unicamente correr pelo prazer

a intenção inicial era fazer um trabalho de restauração total das

da corrida e da competição pura e dura dentro da pista. Neste

imagens

seguimento, vemos as imagens de tribunal, a frustração de Senna

A autorização por parte da família foi um processo compli-

e a sua raiva, assim como a do seu advogado, familiares e amigos,

cado, mas afastado esse entrave, o resultado final superou todas

criando assim o caminho para a emotividade da vitória no ano

as expectativas, e recebeu aclamação tanto da crítica quanto do

seguinte. Em 1990, Senna bate Prost no mesmo Grande Prêmio e

público, tornando-se um dos maiores do filme documentários e

com isso garantir o seu segundo título mundial. No ano seguinte,

filmes sobre o desporto e os seus desportistas de todos os tempos.

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 73


FUTEBOL - 3,6 MIL MILHÕES DE EUROS EM TRANSFERÊNCIAS EM 2014

RELATÓRIO DA FIFA CONFIRMA MANGALA, EX-FC PORTO, COMO O DEFESA MAIS CARO DA HISTÓRIA DO DESPORTO REI.

D

e acordo com o relatório

Os clubes ingleses são os maiores investi-

ceses. O francês Eliaquim Mangala, que

divulgado pela FIFA no

dores, com cerca de mil milhões de euros)

se tornou o defesa mais caro do sempre ao

final do mês de Janeiro, foi

gastos em 2014.

deixar o FC Porto rumos aos ingleses do

gasto em valor total das

A Espanha é o país que vendeu mais joga-

Manchester City, por 54 milhões de euros,

transferências de jogadores

dores em 2014, com uma receita recorde

é um dos jogadores em destaque.

de futebol no mundo de 4,1 mil milhões

de 667 milhões de dólares (cerca de 590

Em posição de destaque encontra-se tam-

dólares , cerca de 3,6 mil milhões de euros.

milhões de euros), contra 517 milhões de

bém o defesa brasileiro David Luiz, que já

Em absoluto um valor recorde na história

euros em 2013, à frente da Inglaterra (463

representou o Benfica, ao trocar os ing-

deste desporto.

milhões de euros) e de Portugal (385 mil-

leses do Chelsea pelos franceses do Paris

A Europa continua a ser, de longe, o prin-

hões de euros).

Saint-Germain, por 50 milhões de euros.

cipal mercado, com 87% das despesas,

Os jogadores mais cobiçados são os

Numa época de ainda crise, principal-

seguida pela América do Sul e pela Ásia.

brasileiros, representando 1.493 transfer-

mente no continente europeu, o futebol

As transferências de jogadores entre clubes

ências e um investimento de 448 milhões

parece, pelo menos aparentemente, a ativi-

europeus representam 78% do investimen-

de dólares (cerca de 396 milhões de euros),

dade que menos revezes sofreu. A questão

to total.

à frente de argentinos, britânicos e fran-

será: por quanto mais tempo?

Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com 74 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


SNOOKER - NOS JOGOS OLIMPICOS DE TÓQUIO-2020?

D

epois de, para o Rio de Janeiro-2016, o golfe e o

tou ainda: “O snooker é visto por quase 500 milhões no Mundo e

râguebi de sete terem sido aprovados, mais uma

em mais de 90 países há competições. Com o pool também sob a

modalidade poderá ser inscrita para os Jogos

nossa alçada, juntamente com a WCBS, essa atividade estende-se

Olímpicos de 2020, na capital japonesa. Pelo menos

a 200 países no Mundo, o que nos torna uma das modalidades

foi esta a decisão do COI, durante a reunião extraordinária no

mais praticadas a nível global... Os Jogos Olímpicos reúnem os

Mónaco, no final de 2014.

mais dotados e dedicados atletas do planeta. Há poucos desportos

A World Snooker marcou desde já, ao apresentar a candidatura

que possam igualar o snooker em técnica e concentração. Os joga-

desta variante do bilhar na semana em curso, quatro anos antes

dores são levados ao limite, em termos mentais e físicos. Estamos,

da data limite, uma posição forte, numa altura em que também o

com o programa ‘Cue Zone Into Schools’ [snooker nas escolas] a

softbol e basebol ponderam a candidatura para 2020.

educar os jovens. Não é preciso ver muito bem para perceber aqui

O chairman da World Professional Billiards and Snooker

os princípios olímpicos promovidos ao máximo, neste desporto»,

Association (WPBSA), Jason Ferguson, em entrevista afirmou:

disse Ferguson.”

“O snooker atingiu níveis sem precedentes e é nossa convicção

E vai mais longe. «A participação nos Jogos Olímpicos é parte

que deve estar no programa olímpico. Em 2001, formalizámos,

da nossa visão global para o snooker. E estamos empenhados

com sucesso, a candidatura aos Jogos Mundiais [World Games],

em honrar o compromisso de ver os jogadores lutarem por uma

em Akita, no Japão. O processo continuou e o sucesso é tamanho

medalha de ouro, a começar em 2020, em Tóquio», concluiu Jason

que acreditamos ter fortes possibilidades para 2020”. E acrescen-

Ferguson.

Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 75


LIVRO

CALOR, FADIGA E HIDRATAÇÃO CIÊNCIA DESPORTIVO ACESSÍVEL AO MAIS COMUM DOS ADEPTOS.

E

xiste um considerável défice de autores e livros sobre medicina desportiva e sobre medicina do exercício, mas “Calor, Fadiga e Hidratação” do Dr. Basil Ribeiro é uma excelente e bem vinda exceção. Focado na fadiga e na hidratação

sobre os diversos estados climatéricos, torna este livro um documento obrigatório para todos aqueles que se movem no desporto e necessitam de mais conhecimentos no âmbito medico-desportivo. E para os adeptos que pretendem conhecer e saber mais sobre a mecânica física do desporto. Mas Talvez a melhor defesa deste livro seja feita por Henrique Jones, anterior medico da seleção nacional até ao ano anterior, e a qual passamos a transcrever partes: “foi oCampeonato Mundial de Futebol de Sub-vinte anos na Nigéria, em 1999, em condições quase surrealistas, com temperaturas que rondavam os 40 oC e onde a água, além de escassa, valia o preço do ouro... Valeu na altura a prospecção do terreno, feita quatro semanas antes, e a constatação, antecipada, da realidade que me levou a organizar, juntamente com os nossos impagáveis cozinheiros, um «farnel» de dois contentores, onde não faltavam alimentos com cheiro a Portugal e cerca de 3000 litros de água lusitana. As críticas choveram, «o doutor está doido», mas foi a minha teimosia que permitiu que atletas e comitiva pudessem ultrapassar um campeonato do mundo que poderia ter tido consequências médico-sanitárias muito preocupantes... Não ganhámos títulos, nem sequer chegámos às meias-finais, mas fomos campeões da prevenção, da organização, da logística, da higiene, do rigor, num contexto de acompanhamento médico estreito, de Capítulo 18 Prefáciomonitorização da fadiga, de controlo da hidratação e da adaptação a temperatura e humidade do ar, verdadeiramente hostis. É a compreensão desta «Operação Nigéria» que o Dr. Basil, colega e amigo, nos irá mostrar nesta obra de inquestionável valor didáctico, cuidada, globalizante e que, certamente, irá enriquecer, de uma maneira marcante, a Medicina Desportiva, em Portugal.

Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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NÚMERO DO MÊS

1.OOO MIKE KRZYZEWSKI

O ALCANÇAR DE UM NÚMERO DE VITÓRIAS REDONDO PARA UM DOS MAIORES TREINADORES DE SEMPRE DE BASQUETEBOL

F

Foi em pleno Madison Square Garden, em Nova

Nomeadamente no basquetebol universitário. Onde, desde 1980,

Iorque, que 25 de Janeiro do presente ano, e frente à

que é treinador da Universidade de Duke, onde venceu quatro

Universidade St. John”s, e por uns significativos

vezes o NCAA Basketball Championship.

77-68, que Mike Krzyzewski alcançou um número

Para além disso, foi ainda treinador da Seleção norte americana

redondo no basquetebol universitário - 1000 vitórias, isto já

na Universidade de Verão em 1987, e no campeonato do Mundo

depois de medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e Campeonatos

em 1990, e um dos assistentes da equipa americana apelidada de

Mundiais, ao serviço da seleção Norte-Americana.

“Dream Team”, que deliciou com o seu espetáculo o Mundo em

O treinador K, nome pelo qual também é conhecido, Nasceu em

1992.

Chicago a 13 de Fevereiro de 1947, e tendo tido uma carreira

Venceu ainda, pela seleção americana, a medalha de ouro nos

bastante modesta, para ser simpático, enquanto basquetebolista, já

jogos olímpicos de 2008 e 2012 e o campeonato do Mundo em

que não passou para lá de equipas militares, tornou-se, ao longo

2010 e 2014.

dos últimos 35 anos, um dos treinadores norte-americanos de

Krzyzewski , desde 2001, esta no Basketball hall of fame e, é já

mais sucesso. Nomeadamente no basquetebol universitário.

reconhecido por todos como um dos melhores de sempre

Tiago Dinis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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SOFTWARE

LEAGUE TOOLBOX: SOFTWARE DE GESTÃO DESPORTIVA

L

eagueToolbox é um dos melhores serviços de software

O Registro online elimina o trabalho “re-entrar” sistematicamente

atualmente no mercado para gestão desportiva profis-

os mesmo dados, ano após ano, permitindo aos mesmo tempo

sional. Ou para academias ou ginasio. Simples, intu-

os atletas poderem fazer o próprio registo e alteração de dados.

itiva e de rápida habituação às suas funcionalidades

Possibilita igualmente pagamentos online. O registro de Equipe

e escalável é a ferramenta ideal para quem procura um software

permite o convite de jogadores, criação de listas e de pagamento.

que possa crescer consoante as necessidades do próprio clube.

Documentos de rastreamento, tais como certidões de nascimento

E a isto soma-se o facto de ser uma paltaforma Web, acessível

e comprovante de endereço está embutido no sistema de registo.

em qualquer lugar bastando para o efeito uma ligação à internet

Exportações para a documentos de Excel ou word e executa

e um qualquer dispositivo inteligente como os tablets, PC ou

uma grande variedade de relatórios. Com um largo conjunto de

smartfhones. O preço é bem razoável e adaptável por pacotes às

funcionalidade de gestão e de administração melhora de forma

necessidades. E têm também um aplicativo para android e iphone.

bem palpável o dia-a-dia de todos os funcionários de um clube

Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

78 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


APLICATIVO WEB

THUUZ SPORTS: NOTÍCIAS E RESULTADOS DESPORTIVOS

T

huuz Sports, que deriva do inglês da palavra “entusia-

depois, em Setembro de 2011, foi então lançado o aplicativo para

sta” é um aplicativo que disponibiliza um serviço de

dispositivos moveis iOS e Android. Thuuz cria, ou pelo menos

descoberta de desportos e de várias modalidades e que

tenta criar, uma classificação objetiva para cada jogo, analisando

fornece noticias e alerta para os eventos esportivos

transmissões ao vivo e estatísticas jogada-por-jogada e os fatores

através de um “rating emoção” com base no histórico e nas opções

de medição como o ritmo do jogo, a proximidade da pontuação,

dos utilizadores.

e a novidade de cada jogo.Thuuz criou ainda uma parceria com

Inicialmente, este projeto começou como um website, em setem-

a Dish Network e TV Google para integrar classificações Thuuz

bro de 2010, para auxiliar os adeptos desportivos na seleção de

com transmissões esportivas, ajudando os espectadores de tele-

informação, e melhor identificar o conteúdo que verdadeiramente

visão interativa a descobrir, ver e gravar jogos emocionantes. Os

interessa, num mundo digital que lida diariamente com milhares

Resultados dos jogos não são apresentados, para que os fãs podem

de noticias por minuto. E, como o CEO deste aplicativo, Warren

escolher os melhores jogos para assistir, sem perder o elemento de

Packard, afirma: “existe tanto a acontecer ao mesmo tempo, que é

suspense, e evitar o desperdício de tempo em jogos que acabam

extremamente fácil deixar escapar o grande jogo”-Apenas um ano

por ser maçante ou o prazer seja totalmente nula.

Tiago Dinis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com

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CORRUPÇÃO: QUAL A RESPONSABILIDADE DOS

PATROCINADORES PARA A MUDANÇA?

“A

FIFA é uma marca tóxica.

instância que dirige o futebol mundial.

& Johnson – abandonarem o organismo

Penso que é por isso que as

Estas palavras, que colocam ainda mais

que rege o futebol mundial. Um enorme

companhias que se preocu-

a FIFA de Joseph Blatter numa posição

rombo nos cofres da organização que o

pam com a sua reputação não querem mais

difícil, após a saída de 5 patrocinadores das

Telegraph estima que a FIFA receba 1.307

estar associados [à companhia]”, palavras

competições ao cargo da maior organiza-

milhões de euros dos vários parceiros

de Damian Collins, parlamentar britânico

ção do futebol.

comerciais.

e um dos promotores do New Fifa Now,

Primeiro foi a Sony e a Emirates, depois

Este afastamento das marcas referidas,

um grupo de pressão que pretende e exige

foi a vez de outros três patrocinadores

parece estar a acelerar um processo de

uma reforma urgente da governação da

– a Castrol, a Continental e a Johnson

limpeza no desporto. E não só no futebol.

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A FIFA E JOSEPH BLATTER, SEU PRESIDENTE EXECUTIVO, TÊM SIDO NOS ÚLTIMOS MESES AS ENTIDADES MAIS CASTIGADAS PELOS PATROCINADORES, EM MUITO, DEVIDO AOS INÚMEROS ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO QUE TÊM SIDO ASSOCIADOS E ESTA ORGANIZAÇÃO E AO SEU DIRIGENTE MAIOR.

O desporto profissional tem, de forma transversal a todas as

como os patrocinadores e parceiros comerciais.

modalidades, sofrido imensos reveses nos últimos anos, e sempre

A vontade das grandes marcas em associar os seus produtos como

ligados a casos de corrupção, suborno e batota. Alguns exemplos,

desporto é bem sabida, mas a insatisfação de se verem, ainda que

incluem o anúncio da Europol em fevereiro do ano passado exib-

indiretamente, no meio de escândalos de corrupção tem retraído

indo a suposta fixação de 380 jogos de futebol, a confissão pública

fortemente os seus investimentos. Ou, por outro lado, estão a

de Lance Armstrong de doping e a expulsão pela Federação

usar o seu poder e influencia para criar as condições para uma

Internacional de Badminton de jogadores que tentaram perder

mudança mais rápida, uma mudança para um jogo mais limpo.

partidas nos Jogos Olímpicos do ano passado, na esperança de

E esta influência é bem visível. E, os exemplos são vários. Várias

terem uma posição mais favorável nas competições seguintes e

empresas têm tomado medidas corretivas, ou, pelo menos, têm

claramente mais importantes.

ameaçado. Por exemplo, ING, um banco holandês, rescindiu o seu

Suprimir a corrupção e a batota tornou-se cada vez mais impor-

patrocínio da Renault Fórmula 1 da equipe depois de um incidente

tante para todos os agentes envolvidos no desporto, de órgãos

comprovada fixação de corrida em uma recente GP de Singapura.

e federações através de eventos-proprietários, clubes e equipes.

Skins, uma fabricante de roupas desportivas, tem instigado um

Organizações como o Comitê Olímpico Internacional (COI) têm-

movimento chamado “Change Ciclismo Now” em resposta ao

se insurgido e combatido de uma forma pró-ativa contra a corrup-

doping e os danos que isso causou a sua marca. Emirates Airlines

ção financeira. A Agência Mundial Anti-Doping e outros têm feito

já teria solicitado provas de que a FIFA pretende de facto terminar

grandes progressos no combate ao uso de drogas. No entanto, a

com a corrupção antes que estenda o patrocínio das próximas

corrupção continua, apesar de suas ações. No entanto, no desporto

competições Mundiais de futebol.

tal como em outra qualquer atividade, é o dinheiro e quem o tem

Existe no entanto um outro lado, onde muitos argumentam que os

quem manda, e uma nova solução para o problema está a aparece:

patrocinadores ajudaram, se não, a criar o problema, pelo menos a

a moralidade orientada pelo mercado – e entenda-se mercado

potencia-lo a níveis nunca antes experimentados.

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 81


Corrupção: Qual a responsabilidade dos patrocinadores

CHANGE CYCLING NOW - UM MOVIMENTO PARA A “LIMPEZA” NO CICLISMO Change Cycling Now representa um novo ponto de partida e a

petição nesse sentido. Ao identificar-se com pedidos de reforma,

tentativa de criar um novo paradigma para o ciclismo profissional

a Skins encontrou uma estratégia de marca que é moralmente

e de alta competição, após tantos anos a ser fustigado com casos

corajoso e comercialmente inteligente, e afasta-se das premissas

de cdoping atrás de casos de doping. Um movimento iniciado

que o desporto faz geralmente sobre seus patrocinadores. Criando,

e apoiado pela Skins, um fabricante de roupas desportivas com

no entanto, para si uma imagem positiva e de jogo justo à qual se

forte ligação ao ciclismo, E que por isso, se viu afetada, inclusive

queria associar nos primeiros momentos em que se envolveu com

nas suas vendas, com a associação ao ciclismo. O movimento

o ciclismo e os seus corredores.

definisse como “sendo uma comissão para criar uma oportunidade para que todos possam ajudar a gerar mudanças positivas para o futuro do ciclismo profissional”. No website (www.changecyclingnow.org) declara que a gestão de ciclismo deve “mudar nos seus fundamentos”, nomeadamente através da introdução de testes de drogas “independente”. Os visitantes são convidados a assinar uma

“Suprimir a corrupção e a batota tornou-se cada vez mais importante para todos os agentes envolvidos no desporto, de órgãos e federações através de eventos-proprietários, clubes e equipes. Organizações como o Comitê Olímpico Internacional (COI) têm-se insurgido e combatido de uma forma pró-ativa contra a corrupção financeira. A Agência Mundial Anti-Doping e outros têm feito grandes progressos no combate ao uso de drogas.”

O imenso fluxo de dinheiro tem vindo a gerar a necessidades ainda

algum, associarem-se a uma atividade “suja”, onde a corrupção e a

maiores de vitórias, e que a vitória a qualquer não só é aceitável,

batota sejam mais vezes escutadas que o mérito e o fair-play.

como é, a única via para o sucesso. E isto é tão verdadeiro para

O relacionamento entre patrocinadores e equipas/atletas encontra-

equipas como para atletas.

se num momento de clara mudança, assim como a relação entre

Seja como for, as empresas querem agora ser parte da solução e

os patrocinadores e o próprio desporto. Eliminar as suspeitas de

não um problema. E magoar as equipas e atletas, onde em mui-

jogo sujo ou de doping nas modalidades e organizações ou mesmo

tos casos, mais lhes dói, nas carteiras. A ameaça de perder uma

clubes e atletas que patrocinam é uma prioridade para as grandes

importante fonte de receita corrente e da publicidade negativa que

marcas e elas estão agora a vincar fortemente este ponto.

viria com a perda de patrocinadores tem vindo empurrar, ainda

E, quando os seus propósitos não são atendidos, as empresas aban-

que lentamente, os organismos desportivos para lidar com a cor-

donam sem quaisquer dúvidas o desporto. Numa era digital e da

rupção com mais urgência do que eles têm até agora. E também

informação como aquela em que vivemos atualmente, o risco de

mais eficientemente.

verem as suas marcas “contaminadas” pela má conduta desportiva

Para alguns patrocinadores, o passo em direção a uma postura

é demasiado alta, e inaceitável para os gestores e managers. Isto

mais moral e limpa, é decisivo e irredutível. Claramente muitas

fará sem dúvida alterar mais rapidamente o desporto e a forma

empresas procuram manter os mais altos padrões ético a que o

como se desenvolve a luta contra a corrupção. E responsabiliza os

desporto limpo tão bem se associa, e não pretendem de modo

patrocinadores neste processo.

82 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com


CORRIDA DE CAVALOS E DOPING: O CASO DAS CORRIDAS INGLESAS

E

steroides e anabolizantes em corridas de cavalo sem-

milhões neste e noutras modalidades. O treinador, no centro do

pre foram, até certo limite, um problema das com-

escândalo, Mahmood Al Zarooni, era um de seus dois treinadores

petições do continente americano, nomeadamente

britânicos, e está no base da sua operação na Inglaterra. Apesar

nos Estados Unidos da América, onde nos últimos

de embaraçoso, não há nenhuma implicação de que Sheikh

10 anos surgiram diversos escândalos a este respeito. Até agora, o

Mohammed tinha qualquer conhecimento do que estava acon-

Reino Unido tinha passado ao lado de qualquer suspeita de dop-

tecendo, ainda assim, pode ser um forte revês para ele, e para todo

ing nas corridas de cavalos, salve um ou dois incidentes no último

o seu investimento feito nos últimos anos nesta modalidade.

par de décadas, e sempre no foco de “pagar para perder”. Isto também se deve muito às fortes políticas antidrogas e jogo limpo

E para piorar, os cavalos não são os únicos participantes em cor-

no desporto levadas a cabo pela federação e autoridades britânicas,

ridas a serem encontrados com substâncias proibidas em seus

num desporto que é seguido por milhões e superado em termos de

sistemas. Nos últimos anos, dois dos jockeys mais famosos deste

popularidade unicamente pelo futebol.

desporto, Keiron Fallon e Frankie Dettori, ambos foram suspensos depois de testar positivo para cocaína.

Mas, esta perceção de pureza, parece estar em sérios riscos, após

O futuro desta modalidade, Incrivelmente popular, poderá a

terem sido encontrados substâncias proibidas em mais de 11

muito breve trecho estar em risco e começar a apresentar sinais

cavalos, apenas no último ano.

de deflação, um pouco à imagem do que acontece com o ciclismo. Por agora, resta esperar para ver os efeitos que as novas regras e

Godolphin, organização a que os 11 cavalos pertencem, é um dos

regulamentações terão já a breve trecho.

maiores operadores do mundo das corridas. É propriedade do Sheikh Mohammed, o governante de Dubai, que investiu muitos

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 83


O COMBATE DO SÉCULO

Vai acontecer! Está marcado! E vale 250 milhões. Desde The Rumble in the Jungle (em tradução livre: luta na floresta) em 1974, em que opôs Muhammad Ali e o então campeão, e tido por todos como invencível, G. Foreman no zaire que não se assistia a uma tamanha ansiedade e antecipação como aquele que vai opor Mayweather a Pacquiao. O duelo está marcado para 2 de Maio na MGM Grand Garden Arena. O prémio é o mais elevado da história, uns impensáveis 250 milhões de dólares; suficiente para bater a clausula de Lionel Messi, o jogador de futebol mais valioso do mundo. os pugilistas Floyd Mayweather, dos Estados Unidos, e Manny Pacquiao, das Filipinas, chegaram finalmente, a acordo para a marcação de um combate de boxe em Las Vegas, após meses de negociações. Mayweather deverá receber 60% das receitas e Pacquiao 40%. É também o norte-americano que tem mais em jogo: um recorde de invencibilidade de 47 combates. Ou seja, a Pacquiao resta fazer o que nuca foi feito: ganhar um combate profissional ao americano. É o combate do século e vai acontecer.

MANNY PACQUIAO VS.

FLOYD MAYWEATHER 84 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com


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(AS MAIS QUE PROVÁVEIS) NOVAS

REGRAS PARA O FUTEBOL

A

IFAB - International Football Association Board o organismo oficial com competência para alterar

Também vai ser analisada uma proposta da UEFA sobre o chama-

as regras no futebol profissional, terá a sua assem-

do “triplo castigo” - situação em que um jogador vê cartão ver-

bleia anual a 28 de fevereiro, na Irlanda do Norte,

melho, concede penálti e posteriormente é suspenso. O organismo

e divulgou a agenda do encontro, estando em cima da mesa,

europeu do futebol pretende que a suspensão não seja aplicada.

alterações significativas. Entre elas estão: a realização da quarta

Mais pontos serão discutidos pelo IFAB em Belfast, mas sem

substituição, a possibilidade de um jogador substituído reentrar e

decisão para este ano: expulsões temporárias no futebol jovem

o fim do “triplo castigo” (penálti, expulsão e suspensão).

amador, o toque da bola com a mão, a paragem do cronómetro oficial e a utilização eventual de repetições gravadas, para apoio

A flexibilização das substituições é o principal ponto, concre-

aos árbitros, entre outras.

tamente, está em causa a permissão de um jogador substituído para voltar a entrar no jogo, o que foi testado no futebol de base e amador.

Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 87


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