ESPECIAL OS MELHORES DO ANO 2014 Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva
Desporto&Esport
Edição 4 • 2015 -
e ainda: Barcelona 2014/2015 A análise técnico-tático da equipa Catalã, E o ressurgimento do melhor Messi.
Corridas & Nutrição
Sr. José Pedroto Anemia & Performance F1 & Turismo Ayrton Senna
As necessidades nutricionais das corridas das corridas de longa distância como a Maratona.
Marketing e Projeto sócio Brasil: o projeto sócio e o marketing no futebol da primeira liga Brasileira barreirass
Futebol: Factor casa
A importância de se jogar em casa na Liga dos Campeões e na Taça Libertadores
Ciclismo & Tecnologia
As inovações tecnológicas de 2015 para o ciclismo de estrada e de lazer
VIOLÊNCIA NO DESPORTO Casos, Causas, Culpados e Soluções! WWW.DESPORTOMATOSINHOS.PT - CONHEÇA ESTA PLATAFORMA
EDITORIAL Relações cortadas. Insultos e calúnias. Discursos inflamados onde se diz unicamente os teus são piores que os meus. Assim anda o futebol português, e assim andam os emblemas maiores da cidade de Lisboa, Sporting CP e SL Benfica. Ás turras e de costas voltadas, e pior, usam os casos de violência ocorridos entre os seus adeptos como principal arma de arremesso. Mas este é só mais um capítulo. Tem existido vários e percorrido todos os emblemas de norte a sul do país. E não só em Portugal. Mas, estes acontecimentos; estes desentendimentos só potenciam a violência no desporto. E, é de violência que falamos nesta edição. Dos casos, e das causas, dos culpados e das soluções. Ao longo de vários artigos, analisamos esta problemática tentando encontrar respostas e resoluções que permitam ou que podem se implementadas impedir novos surtos de violência e novas mortes. Nesta edição temos ainda tática no futebol, ciência e desporto, saúde e performance, alimentação para corridas de longas distâncias, o Portal Matosinhos que promete maior inclusão desportiva para as gentes do norte. E marketing no Brasil e o projeto socio, entre muitas outras coisas… Por fim, agradecendo a todos os colunistas convidados a sua participação, congratulamo-nos, por cada vez mais sermos uma revista cada vez mais global com leitores um pouco por todo o mundo, com particular incidência nos países de língua portuguesa, como o Brasil, Angola ou Moçambique.
Diogo Sampaio, Director
Director geral e Editor Diogo Sampaio d_sampaio@desportoeesport.com
Colunistas Pedro M. Silva, Vitor E. Santos, Diogo Sampaio, Ricardo Reis, Tiago Dinis e Rodolfo Resende Pires.
Colunistas Convidados André Sales, Alcino Rodrigues, Mónica M. Neves, Alexandre Bonfim, Ana Ferreira, Marcos V. Cardoso e Marcelo P. Silveira, Tiago P. Nunes e Jorge Neves.
Contatos contato@desportoeesport.com
Website www.desportoeesport.com
AGENDA
EDIÇÃO NR.4
E AINDA: 28 Corfebol 25 Liga Inglesa: os pequenos serão maiores que Barcelona e Real Madrid 41 Qatar e o Mundial de andebol: faz sentido a estratégia seguida? 54 O empreendedorismo em ex atletas profissionais de topo 62 Maratona: pode um homem correr 42 km em menos de 2 horas 63 Super Bowl: o maior espetaculo televisivo do Mundo
VIOLÊNCIA NO DESPORTO - OS PRINCIPAIS CASOS E COMO ELIMINAR ESTA PROBLEMÁTICA DO DESPORTO DIOGO SAMPAIO
06
A violência, principalmente das claques, é um dos principais problemas no desporto. Nesta edição mostramos como este problema pode ser resolvido.
75 Snoker: nos jogos olimpicos de toquio em 2020? 66
10
Filme: Ayrton Senna
78 Software & Aplicativo web 80 Corrupção: qual a responsabilidade dos patocinadores para a mudança 59
“ Fair-Play”: o conceito
40
23 Jogo Duro: uma viagem pela história recente - por não haver antiga - do marketing esportivo brasileiro
O fator casa na liga dos campeões e na taça dos libertadores. E, quais são as equipas mais fortes.
14 Portal Desporto Matosinhos: “Agir Fora da Box”
Barcelona as táticas 2014/2015. E o melhor Messi!
30 4 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Apostas desportivas online: Legalização? Proibição?
39
70
20
NFL e o risco de lesões: como as prevenir!
Livro Hidratação no desporto. Que cuidados ter. Os índices de transpiração,
José Maria Pedroto: O zé do bone
04
F1 & TURISMO
56
Atletismo: corridas de fundo e alimentação:
88
Boxe: o Combate do século
16
38
A importancia do projeto sócio torcedor para o brasileirão!
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 5
VIOLÊNCIA NO DESPORTO: CASOS, CAUSAS, CULPADOS E SOLUÇÕES! Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
A 11 de Maio de 1985 no estádio de de Valley Parade. foto acima, haveria de dar-se uma das maiores tragedias da história em um recinto desportivo. Num jogo a contar para a segunda divisão inglesa, entre o Bradford City e o Lincoln City, perto do final da primeira parte, deflagrou um incendio na bancada principal, que datava de 1908. Investigações posteriores determinaram que a causa do incêndio foi um cigarro mal apagado, que junto
De que forma as autoridades inglesas erradicaram a violência dos seus estádios? 6 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
com os restos de lixo acumuladas ao longo de anos sob os bancos de madeira antiga da arquibancada teve um efeito devastador. Como resultado do incêndio e da tragédia subsequente, as autoridades britânicas decidiram implementar um largo conjunto de novas normas de segurança e antivandalismo em espaços desportivos, associadas a uma preventiva e musculada legislação que evitasse novos acontecimentos semelhantes. Tudo parecia estar em ordem, até que em Liverpool em 1989, aconteceu uma tragedia ainda com maiores proporções: Hillsborough.
Estes dois casos aconteceram no auge do
lência não é uma realidade exclusivamente
condições de temperatura, obscuridade
hooliganismo em Inglaterra, que não raras
sua. Já se registaram ocorrências graves
e ruído, álcool, racismo, grupos ultras,
vezes, envolvia invasões de campo e vio-
e com mortes em estádios de basebol,
rivalidade entre os clubes envolventes.Em
lência antes e depois do jogo. Outra trage-
futebol americano, em jogos de andebol,
Portugal soma-se ainda a falta de cultura
dia, envolvendo os adeptos ingleses deu-se
e em muitos outras modalidades e eventos
desportiva dos próprios Dirigentes das
no estádio de Heysel, em 1985, na final
desportivos.
associações desportivas e dos Presidentes
da Taça dos Campeões europeus (antiga
Muitos especialistas apontam os surtos de
dos clubes, que frequentemente, com
Liga dos Campeões), em que a equipa
violência no desporto como um subprodu-
declarações irresponsáveis, atiram mais
inglesa do Liverpool enfrentava a Juventos.
to natural das sociedades urbanas moder-
gasolina para a uma fogueira que arde à
39 adeptos, a grande maioria da italia-
nas. Outro apontam para a violência como
anos. A falta de vontade ou capacidade
nos e da Juventus, morreram imprensados
um consequência da própria condição
das entidades governativas e legislativas de
contra um muro após tumultos iniciado
humana e ser hoje o desporto a melhor
intervirem seriamente e de forma dura no
pelos Reds. Como punição ao ocorrido,
forma de a libertar. As causas de tanta
desporto, infelizmente muitas vezes com
os clubes do país foram banidos de com-
violência são ainda hoje alvo de muita
medo de perder votos, coloca um entrave
petições continentais por cinco anos.
discussão mas os seguintes fatores têm um
extra à resolução desta problemática. E
Casos como estes multiplicam-se, e apesar
consenso alargado: hooliganismo, nature-
assim caminhamos, num desporto que em
do futebol ter o historial mais grave, a vio-
za do recinto desportivo, patriotismo,
muitos sítios é dos bárbaros. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 7
JAMOR 1996: CRIME SEM
CASTIGO
(VERDADEIRO)
UMA TRAGEDIA VIVA AINDA HOJE; O RECENTE CORTE DE RELAÇÕES, ENTRE OS EMBLEMAS PORTUGUESES SPORTING E BENFICA, TEVE POR BASE ESTE INCIDENTE.
1
6 de Maio de 1996, viveu-se em
vários elementos da claque do Benfica No
lhes chamou o presidente do Sporting.
Portugal um dos seus mais triste
Name Boys. Acabaria condenado a quatro
Bruno de Carvalho. Este acto levou os
momentos desportivos, e que
anos de prisão por homicídio por neg-
responsáveis sportinguistas a cortar rela-
cobriu de vergonha as autoridades des-
ligência grosseira; uma pena bem inferior
ções com o Benfica, pela “falta de ação”
portivas portuguesas, assim como os diri-
à que era pedida pelo Ministério Público.
dos encarnados. Por seu lado, o presidente
gentes de clubes e claques.
Este não é um caso único em Portugal,
encarnado, Luís Filipe Viera, veio relem-
Na final da Taça de Portugal, entre o
mas é sem duvida o mais trágico e aquele
brar casos mais ou menos antigos de vio-
Benfica e Sporting, aos oito minutos,
que deixou mais marcas. Talvez, por isso,
lência sofrida pelos seus adeptos às “mãos
Mauro Airez marca para a equipa encar-
de quando em vez, entre as claques rivais
das claques” leoninas.Esta forma, tão por-
nado; festa nas bancadas; gritos de alegria,
e como “pedra de arremesso” ele é lemb-
tuguesa, de apagar fogos com atirando
comprimentos e euforia, até que… de
rado. O caso mais recente aconteceu no
gasolina, é contraproducente, mas demon-
repente é disparado um «very light». Na
pavilhão da Luz, num jogo de futsal, onde
strativa, que pelo discurso dos presidentes,
bancada 13, Rui Mendes, sportinguista que
foi exibida uma faixa em que se recor-
uma desgraça maior ainda não aconteceu
viera da Mealhada, cai fulminado. Viria a
dava a morte de um adepto do Sporting na
por pura sorte. Em vez, das autoridades,
morrer. O Benfica leva, mas nessa tarde,
final da Taça de Portugal de 1996. No dia
onde se incluem os presidentes de TODOS
foi o que menos importou. A festa estava
seguinte, os adeptos do sporting retaliaram
os clubes, e numa mesa redonda, discu-
há muito estragada. A polícia acabaria por
e exibiram também faixas provocatórias,
tirem o problema como homens feitos que
analisar as imagens televisivas do jogo e
usando nomeadamente o nome de Eusébio
são e eliminarem definitivamente os carros
fotos de vários espetadores e identifica
falecido à um ano. Depois, para piorar
partidos, os confrontos entre adeptos, as
o autor que lançou o artefacto pirotéc-
foram lançados para cima de adeptos do
pedras lançadas na autoestrada contra os
nico, que seria levado a tribunal junto com
Sporting “artefactos pirotécnicos”, como
carros das equipas rivais, etc, etc.
8 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
BRASIL: UM CASO DRAMÁTICO O BRASIL ENCABEÇA A LISTA NEGRA DE VIOLÊNCIA EM ESTÁDIOS; NOS ÚLTIMOS VINTE E CINCO ANOS, AS VÍTIMAS MORTAIS ULTRAPASSAM AS DUAS CENTENAS.
A
violência nos recintos desportivos no Brasil é alar-
linhas. Transcrevendo um trecho: “Não resta a menor dúvida de
mante; e, olhando aos números, o Brasil lidera
que o futebol é um desporto em que ocorre muito contato, muitas
mesmo a lista (negra) do país com mais mortos nos
vezes até de forma bem agressiva, que pode acabar acarretando
estádios de futebol, à frente de Argentina e Itália (o Roma vs. Lazio
em agressividade física, o que caracteriza, dessa forma, o futebol
é negativamente lendário). No último quarto de século, as mortes
como um desporto violento. O futebol como meio de expressão
ultrapassam as duas centenas. Mais recentemente, entre 1999 e
de identidades nacionais ou locais tornou-se tema comum de
2008 houve 42 mortes, em 2012 registaram-se 23 mortes, e em
ensaio e pesquisa no que se refere à canalização de algumas for-
2013 foi um ano ainda mais sangrento com 30 mortes nos estádios.
mas de agressividade que têm ocorrido num jogo de futebol não
2014 acaba por ser uma exceção, mas é-o, em grande medida,
precisamente dentro do campo, mas em todo o estádio, sobre-
devido à realização da Copa do Mundo, e às fortes medidas de
tudo nas arquibancadas, o que, de certa maneira, está imbuído
segurança que foram sendo implementadas. Mas, parece que o
no contexto desse
ano passado não foi mesmo mais que um desvio de uma reali-
desporto.
dade negra; com fortes confrontos entre adeptos e claques em São
perspetiva, várias
Paulo, no presente mês de Fevereiro. Os distúrbios e atos violentos
foram as reflexões
entre as claques têm sido cada vez mais violentos e a utilização de
sobre a interfer-
armas de fogo explicam em grande medida a ocorrência de vítimas
ência da violência
mortais e dos muitos feridos com gravidade (mais de metade das
registada no ambi-
mortes ocorridas nos últimos 25 anos decorreram de disparos de
ente futebolístico”.
armas de fogo; cerca de meia centena por agressões e o resto por
A
facadas, atropelamentos ou bombas). Dois terços dessas mortes
ainda a imensa fra-
foram jovens com menos de 30 anos. Na última década têm sido
gilidade das autori-
vários os estúdios que refletem ou pelo menos tentam encontrar as
dades brasileiras na
razões de tantas violência nos estádios desportivos, “re-batizados”
prevenção e, pior
na era pós Copa, como arenas desportivas.
ainda, na reação nos primeiros momentos que surgem os prob-
No estudo “A violência nos estádios de futebol: uma análise dos
lemas, em que as suas ações potenciam muitas vezes o escalar da
pontos de vista intrínseco e extrínseco”, de Fernando Mendes
violência. Por fim, tem-se ainda, a inoperância dos clubes, e em
Júnior e colegas aponta como um dos principais fatores de violên-
muitos casos, o medo dos seus dirigentes em enfrentarem este
cia com a crescente agressividade do que ocorre dentro das quatro
problema. Os problemas sociais são também um forte entrave.
isto
Nessa
soma-se
Continua na pág. 52 Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 9
BARCELONA: TÁTICA 2014/2015
OS NOVOS JOGADORES, AS FORMAÇÕES TÁTICAS E O RENASCIMENTO DO MELHOR MESSI. Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
10 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
G
O treinador - Luis Enrique uardiola em Barcelona formou mais que uma grande equipa – criou aquela que é, muito provavelmente, a melhor equipa de sempre. A equipa catalã era imbatível e encontrar um antidoto para jogar contra ela parecia impossível; que o digam, todos
aqueles que tentaram. O tiki-taka tornou-se histórico e andava de boca em boca de todos aqueles que amam o desporto rei, e conferiu às vitrinas do Camp Nou: três Ligas Espanholas, duas Liga dos campeões (e duas meias-finais) e duas taças de campeão Mundial, e isto sem considerar as incontáveis exibições de “nota artística”.
Com a saída do técnico espan-
hol, em 2012, viu-se uma progressiva mas bem visível decadência do modelo da equipa catalã, juntamento com o abaixamento de performance de várias das peças que deram vida à “equipa invencível”, nomeadamente Xavi e Iniesta, com uma clara diminuição de Messi, apesar de os seus números ainda ser de outro mundo. Para combater o claro declínio das exibições dos seus jogadores e da performance da equipa, gastaram-se milhões em Neymar, tantos que levaram à renúncia do presidente. Os efeitos não foram imediatos, nem poderiam ser com o primeiro ano de adaptação do brasileiro. Então optou-se por uma nova estratégia, um novo treinador, que devolvesse o antigo jeito de jogar da equipa da Catalunha. A escolha recaiu sobre Luis Enrique, que tal como Guardiola, era uma velha glória do clube e tinha começado a acarreia nas camadas jovens do Barcelona, apesar de no caso de Luis Enrique, ele ter já feito uma passagem pelo Roma e Celta de vigo. Com Xavi nos 34 anos e com a passagem do tempo a sentir-se no seu rendimento – e tendo estado a sua saída quase certa durante quase toda a janela de transferências – foi escolhido Ivan Rakitic para o seu lugar. Rakitic, dentro do contexto da Liga espanhola e do estilo de jogo pretendido pelo Barcelona, era o homem perfeito e já com larga experiencia, depois de ter ganho na época anterior a Liga Europa. Por estranho que pareça Rakitic, um jogador acostumado a estar sempre com a bola, é mais “importante” sem ela. Não por acaso, começou no banco em três das quatro partidas de grande nível que o Barcelona fez na temporada. Estando só agora na segunda metade da época a mostrar toda a sua categoria. Com as dificuldades de adaptação de Rakitic, coube a Messi ocupar o lugar vago do meio campo, por assim dizer, e coube-lhe a ele, no início da temporada criar e definir o meio campo de passes, no 4-3-3 do Barcelona; ainda mais potenciado pela irregularidade de Iniesta. Rakitic passou nessa altura a jogar aberto nas ala, juntamente com Neymar, se bem que este ultimo, tinha liberdade para se chegar mais para o meio, o que fez com que ele estivesse no seu melhor no inicio da presente temporada. Sempre com Messi a conduzia pelo meio e chamando Neymar para a desmarcação e para o golo; tornando o brasileiro durante dois meses, o segundo melhor marcador da liga, apenas atrás de CR7.
Luis Enrique Martinez Garcia, conhecido no futebol simplesmente por Luis Enrique, nascido em Gijón, 8 de Maio de 1970, é atualmente o treinador principal do FC Barcelona. Iniciou-se no futebol como futebolista no “clube da terra”, o Sporting Gijón, e tem a particularidade de como jogador sénior ter jogado defendido as cores dos dois maiores rivais de Espanha - O Barcelona e o Real Madrid. Primeiro pelo Real Madrid vence o uma vez o campeonato nacional espanhol, uma copa do Rei e uma supertaça de Espanha. Os resultados pelo Barcelona são um pouco melhores, dois campeonatos de Espanha, e tal como na capital espanhola, uma Taça e uma Copa do Rei. Internacional pela sua seleção por 62 vezes, 81 se contarmos todos os escalões, com um total de 12 golos na seleção principal espanhola. Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992, esteve ainda nas fases finais de Mundial em 94, 1998 e 2002 e no Euro em 1996. Como treinador iniciou o seu percurso nas camadas jovens do maior clube da Catalunha e no Barcelona B até 2011 quando foi contratado pelo AC Roma, onde apenas permaneceu uma temporada (2011/2012). Em, junho de 2013 tornou-se treinador do Celta de Vigo onde terminou no (9) nono lugar da liga. Assinou pelo Barcelona em 19 de maio de 2014, com um contracto valido por duas temporadas.
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“O aparecimento de Suárez foi a peça que faltava para a equipa encontrar o melhor caminho, assim como um Rakitic cada vez mais influente; e um Messi, menos agarrado à linha e com liberdade para percorrer zonas mais centrais. ” Mas, quando tudo parecia estar a correr
junto de rumores e (falsos ou verdadeiros)
da equipa da Catalunha, que sofreu uma
bem, Luis Enrique mudou o sistema tático
desentendimentos e brigas entre os joga-
pesada derrota (3-1 a favor da equipa
e o posicionamento das suas peças. Por
dores e técnico fizeram sistematicamente
de Madrid, mas poderiam ter acontecido
exemplo, contra o PSG em Camp Nou, o
chamadas de capa nos principais jornais
um resultado histórico). E, mesmo que a
trinador dos catalães improvisou um 3-4-
desportivos espanhóis.
sua estreia não tenha sido a desejada, ele
3, sem que nessa mudança se verificassem
Mas, nem todas estas mudanças e bur-
acabou por ser a peça que faltava para que
grandes vantagens para a sua equipa. Para
burinho de bastidores, foi mau para a
o novo Barcelona voltasse a funcionar a
além disso, colocou Messi em uma faixa,
equipa de Luis Enrique. Xavi, um pre-
todo o vapor. Ainda que o seu processo
afastando do meio do terreno e igualmente
scrito, voltou com força à equipa, e apesar
de adaptação tivesse sido um pouco longo.
da zona de finalização, eliminando quase
de não ser mais o jogador que era no seu
Luiz Enrique voltou à sua formação inicial,
que por completo a sua influência no jogo.
auge, é ainda um elemento preponderante
o 4-3-3; com Suárez ao centro, Neymar
O mesmo se passou com Neymar.
na manobra da equipa, mesmo que apenas
na esquerda e Messi na direita – mas
Somando-se ainda, às maiores fragilidades
jogue 60 minutos na maioria dos jogos.
um Messi com liberdade para procurar o
defensivas que este modelo acarreta para
E, depois ouve Luis Alberto Suárez Diaz,
meio e a zona de finalização. Xavi a mel-
o Barcelona, obrigando a equipa catalã a
ou simplesmente Suárez. Afastado dos rel-
horar e Rakitic cada vez mais influente, o
medidas redobradas nos momentos defen-
vados por castigo da FIFA após a famosa
Barcelona voltou a assustar os seus rivais:
sivos, que prejudicam e muito a profun-
“dentada” no jogador italiano Chiellini
e Messi, voltou o velho Messi, aqueles que
didade ofensiva. E para completar, alguns
no Mundial do Brasil pelo sua seleção, o
muitos chamam o melhor de sempre (ver
jogadores, com Messi à cabeça, não se
Uruguai. A sua estreia oficial foi em 25 de
pág. ao lado). O Barcelona ressurgido
coibiram de mostrar o seu desagrado para
Outubro de 2014, contra o Real Madrid,
desde janeiro deste ano parece de novo
com o atual técnico principal. E, um con-
jogo que não correu bem para as cores
capaz vencer tudo e todos.
12 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
LIONEL MESSI Messi Voltou. O Rei voltou. Cristiano Ronaldo, na gala da FiFA, com a terceira bola de ouro nas mãos, desafiou nos olhos Messi, dizendo-lhe que ele se cuidasse, porque para o ano queria voltar a estar em cima daquele mesmo palco a receber a quarta bola de ouro e igualar o astro argentino. Não se sabe se foi o desafio de CR7 que motivou Messi, mas a verdade, é que o argentino, neste ano de 2015, está demolidor e voltamos todos a perceber porque Messi é comparado com os melhores de sempre, e para muitos, é já o melhor de sempre. Não é, que a bem da verdade, o ano de 2014 de Messi tenha sido tão mau quanto muitos o pintam. Para isso, basta unicamente olhar para os números: 58 golos marcados e 22 assistências em 66 jogos. Marcou 52 vezes pelo clube e fez 14 assistências com a camisola da seleção alviceleste. Na prática, apenas menos 4 golos que Cristiano Ronaldo. A isto soma-se ainda, no ano de 2014, Messi condagrou-se como: no melhor marcador da história do FC Barcelona, no melhor marcador da história da Liga espanhola, no melhor marcador da história da UEFA Champions League, no melhor marcador dos “clásicos” em Espanha e no melhor marcador dos dérbis de Barcelona em “La Liga”. Isto sem contar com a final do campeonato do Mundo, onde Messi, foi absolutamente fundamental e decisivo, ganhando ainda, por voto, o premio de melhor jogador da competição do Brasil. E, temos ainda, que Lionel Messi, é aos 27 anos de idade, há data deste artigo, está com 105 assistências, a apenas uma assistência de ultrapassar Luís Figo como o futebolista com mais assistências nos últimos 25 anos em “La Liga” (desde que elas começaram a ser contabilizadas). Mas, vamos olhar apenas para o ano de 2015 de Messi. A meio do mês de Fevereiro, e o craque argentino, já é o melhor marcador das principais 5 Ligas europeias neste novo ano (9 golos), mas também é o futebolista com mais assistências nestes campeonatos (5 assistências). A isto soma-se os golos na taça do rei, fundamentais para afastar o Atlético de Madrid e na primeira mão contra o Villarreal. O Barcelona parece, de novo, capaz de votar a ganhar a qualquer equipa. De novo, com capacidade para ganhar a Liga espanhola. E, um forte “player” para a Liga dos Campeões. E, a isto, muito se deve o “ressurgimento” de Lionel Messi.
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AGIR “FORA DA BOX” O CASO DO PORTAL DO DESPORTO DE MATOSINHOS André Sales, Gestor da Plataforma desportomatosinhos.pt andresales@desportomatosinhos.pt www.desportomatosinhos.pt
H
á desafios que nos lançam e os quais, dificilmente,
para uma nova realidade, “obrigando-me” a desenvolver conteúdos
podemos negar. E este, o de escrever um artigo
ligados aos fundamentos do projecto, a contactar directamente
sobre algo que tem vindo a ser, nos últimos anos, a
com agentes ligados às autarquias e aos clubes, percebendo ainda
minha grande “luta”, teria de ser aceite e partilhado,
melhor a forma como se “movia” e como estava estruturado o teci-
com o objectivo de transmitir um pouco do surgimento da ideia,
do do associativismo desportivo, imaginando o quão útil poderia
da criação, do desenvolvimento e implementação de um portal
ser uma plataforma como a que hoje está disponível no concelho
(www.desportomatosinhos.pt), como o que pude construir em
de Matosinhos.
Matosinhos, cidade vizinha do Porto.
Durante alguns anos este projecto foi apresentado a diversas insti-
Muito do que aqui será dito, tem um grande suporte biográfico,
tuições no sentido de perceber a opinião das mesmas em relação
uma vez que, para mim, foi esse o grande alicerce para a con-
à aplicabilidade e vantagens que o portal poderia trazer. Órgãos
strução do portal. Através de um vasto background, com mais
autárquicos, Juntas de Freguesia, associações e colectividades do
de 20 anos ligados ao desporto e à actividade física, há factos que
concelho de Matosinhos puderam conhecer a minha vontade em
devem ser tidos em conta, que devem ter presença obrigatória
implementar este projecto, contudo nunca houve uma clara intenção
neste texto e que todos aqueles que querem singrar e deixar o seu
de unir esforços e colocar o portal “em andamento”.
legado no seio desta área tão especial da sociedade devem possuir.
Até que, em meados de 2014, obtive um orçamento para o desen-
Porque há coisas que não se explicam… sentem-se, e o desporto
volvimento do site que me pareceu viável e que eu próprio poderia
é uma delas!
suportar. Avançamos com o trabalho de “construção” do portal em
Começando com a minha ligação ao desporto desde os 6 anos de
função do que tinha idealizado, com os conteúdos que queria que
idade, foi o Karaté quem despoletou o primeiro contacto com a
contivesse, e assim nasceu o Portal do Desporto de Matosinhos, em
área desportiva, tendo conciliado essa prática, durante alguns anos
Setembro.
da adolescência, com a do Futsal.
Este é um trabalho que tem exigido grande dedicação e que nos
Depois, a licenciatura em Gestão do Desporto, no Instituto
obriga a estar constantemente à procura de conteúdos. Só assim se
Superior da Maia (ISMAI), o começar a leccionar Karaté, o dirigis-
poderá despertar o interesse das pessoas em visitarem, frequent-
mo desportivo num clube desportivo de Matosinhos e um estágio
emente, o espaço. Seja com notícias, novos eventos, fotos, vídeos,
curricular, na empresa municipal de desporto de Matosinhos, per-
recortes de jornais ou outros tipos de conteúdos.
mitiram conjugar um conhecimento teórico (universidade), com
A secção de opiniões também acaba por trazer ao portal um espaço
um conhecimento mais próximo e in loco da realidade desportiva,
com informações mais técnicas e uma perspectiva de pessoas que
mais especificamente a do concelho de Matosinhos.
estão ligadas ao universo desportivo. Englobando tanto as modali-
O convite para poder dar continuidade a um projecto do Centro
dades colectivas (Futebol, Voleibol, Futsal, por exemplo), como
para a Inovação e Desenvolvimento do Desporto – ISMAI, inti-
algumas actividades físicas que agora estão na moda como é o caso
tulado “Clubeinova”, foi um dos pontos basilares para o despertar
do running ou o ciclismo.
14 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Ao longo dos últimos meses pudemos con-
Conseguiu integrar tudo o que se relaciona
mente comprovável a grande importância
statar que esta plataforma veio dar uma
com o desporto e com a actividade física
e o enorme impacto que esta plataforma
grande ajuda aos clubes e à população
num só espaço, facilitando a busca da infor-
teve para o concelho de Matosinhos. Num
em geral. Temos constantes contactos de
mação a todos interessados, numa era onde
mundo cada vez mais virtual e onde cada
pessoas à procura de alguma actividade,
a informação se pode dispersar por sites,
vez mais pessoas utilizam a internet, uma
de algum clube em específico ou de insta-
redes sociais ou blogs. Beneficiou clubes
plataforma destas revela-se de extrema
lações. O portal tem sido uma fonte de
pois deu-lhes maior visibilidade, ajudou-
importância para todos os envolvidos.Este
informação constante e do qual as pessoas
os a estar na “rede” (quando alguns ainda
não é um projecto único e que não se possa
(cidadãos ou não de Matosinhos) socor-
nem site possuem); ajudou as pessoas e os
multiplicar. Penso que um portal como
rem-se quando querem obter determinada
cidadãos, permitindo-lhes saberem tudo
este (ajustado a cada realidade) poderá ter
informação. Todo o trabalho de conheci-
o que se passa em Matosinhos, num só
um grande impacto numa qualquer cidade
mento do “terreno” permitiu constatar que
espaço, sabendo o que podem ver e fazer de
portuguesa, lusófona e também mundial. A
Matosinhos tinha um grande e dinâmico
actividade física e desportiva é universal, é
tecido associativo, com excelentes clubes
um fenómeno à escala global que propor-
e atletas, mas que não tinham capacidade,
ciona uma melhoria de diversos itens na
por si só, de fazerem uma ampla divulga-
vida de quem pratica, sendo transversal
ção a nível local, nacional e internacional
a toda a sociedade e havendo uma diver-
daquilo que realizam e alcançam. Neste
sidade tão alargada capaz de permitir a
poucos meses online o portal veio colmatar
prática a pessoas de qualquer idade, género
essa lacuna, dando uma maior visibilidade
ou faixa social. Tudo o que devemos fazer
e concentrando num só local as informa-
é promovê-la e exponenciar ao máximo
ções que podem interessar a todos aqueles
o que cada região, cidade ou local tem de
que interagem com a área desportiva no
melhor.
concelho de Matosinhos.
Por fim, aproveitava esta oportunidade que
Este é, também, um portal que se encon-
me foi dada para falar neste projecto que
tra ao serviço da autarquia (embora seja
pude implementar para lançar o repto às
totalmente independente) pois tem vindo
autarquias, aos responsáveis pelo despor-
a divulgar algumas actividades proporcio-
to municipal, a entidades desportivas e a
nadas por si ou pela sua empresa municipal
pessoas ligadas ao fenómeno desportivo
de desporto. Temos no directório de insta-
forma prática, rápida e confortável; ajudou
para que tudo façam para implementar
lações as instalações que a mesma gere e são
a autarquia e a sua empresa municipal de
algo semelhante ao Portal do Desporto
transmitidas diversas noticias relacionadas
desporto, mostrando o quão próximas dos
de Matosinhos nas suas cidades. Esta é
com actividades da autarquia, como por
cidadãos elas estão, seja com a organização
uma excelente forma de levar o desporto
exemplo transmitindo noticias que referem
de actividades, seja com a disponibilização
às pessoas e as pessoas ao desporto por
a atribuição de votos de louvor da Câmara
de instalações, ou pelo apoio que prestam
uma verba reduzida e que poderá ser uma
Municipal de Matosinhos a atletas e clubes
ao desporto concelhio, permitindo que elas
pequena “fatia” de um orçamento de uma
que se distinguem nas competições onde
próprias possam saber, frequentemente, a
Câmara Municipal.
participam ou anunciando provas orga-
valia e os desempenhos das instituições
Pensar “fora da box”, em novas plataformas,
nizadas/co-organizadas pela autarquia.Não
desportivas no seu concelho.
em novos instrumentos, em novos mod-
tenho dúvidas que esta plataforma veio,
Em suma, e perante tudo o que pude
elos, é essencial, mas não basta… Temos,
francamente, trazer algo novo a Matosinhos.
referir anteriormente, penso que seja facil-
também, de AGIR “fora da box”!
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16 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
COMO SER UM TREINADOR DE EXCELÊNCIA
Alcino Rodrigues, Professional Coach/Formador/Consultor www.arcoaching.pt www.facebook.com/alcinorodrigues.coaching www.arcoaching.pt/ar/store
“C
omo Ser um Treinador de Excelência” é uma obra para
Muitos conceitos de gestão de equipas provenientes do desporto
todos os treinadores desportivos com funções em modal-
foram importados para o ambiente empresarial pois a uma certa
idades colectivas. Falo aqui de treinadores de futebol,
altura verificou-se que em ambiente grupal as características
futsal, basquetebol, andebol, voleibol, râguebi, hóquei
relacionais, de performance e produtividade são comuns. Outros
em patins, pólo aquático, etc. Os seus conteúdos são transversais
conceitos relacionados com a liderança e a comunicação atraves-
às modalidades em que a equipa está acima de tudo, pois é neste
sam um caminho inverso, ou seja, do contexto empresarial para o
contexto que encontramos características específicas que lhes con-
contexto desportivo.
ferem uma certa especialidade. Estas características encontram-se
O treinador que adquire a obra encontrará um guia que o irá ori-
também noutros ambientes organizacionais, pelo que o papel do
entar para a Excelência, um conceito de evolução contínua, consci-
treinador no desporto pode ser equiparado ao papel do gestor,
ente e consistente com o objectivo de se tornar exponencialmente
administrador ou encarregado numa organização empresarial.
melhor nas suas funções.
Ser treinador é uma aventura, um desafio mas quando se deseja
foco as competências comportamentais chave e é suportada pelo
ser excelente e se trabalha para isso é necessário existir um foco no todo e não só nas competências técnicas. Assim fazem os melhores e assim é a minha perspectiva, baseada em experiências, investigação, estudo e casos reais, daquilo que um treinador deve ter para ser um treinador de excelência. Para ser um treinador bem-sucedido. Para que deixe marcas nos seus atletas. Para que todos se lembrem dele para o resto da sua carreira desportiva, profissional ou amadora. Possivelmente será uma perspectiva comum a muitos, quer sejam treinadores profissionais, de alta competição, quer sejam amadores ou aspirantes a treinador, de um grande clube ou de um escalão de formação numa pequena
pressuposto de que as bases da actividade de um treinador são a Liderança e a Comunicação, com grande implicação nas Relações Interpessoais. Para atingir a excelência é necessário dirigir o foco para estas três dimensões, não menosprezando no entanto as competências técnicas adquiridas. A Pedagogia do Desporto indica-nos que existem 3 tipos de competências essenciais a serem desenvolvidas pelos treinadores, nomeadamente as
Competências
Técnicas,
as
Competências
de
Comunicação e as Competências
de
Liderança. Pensando nisto, e partindo da minha ideia base de
associação desportiva.
que, em geral, todos os treinadores são tecnicamente competentes
Fruto da minha experiência como atleta de várias modalidades
existente relacionado com a modalidade que treina, cheguei à
diferentes, dirigente e treinador, duma alargada pesquisa, do relacionamento com muitos outros treinadores, atletas, dirigentes, ao longo de 25 anos e do acumular de muitos anos de observação, com um grande alinhamento dos conteúdos com conceitos do Coaching e da Programação Neurolinguística, esta obra tem como
e têm acesso a uma quantidade quase infinita de conhecimento conclusão após algum estudo e investigação que a comunicação e a liderança são as competências que fazem a diferença efectiva no sucesso de um treinador. E aqui falo de sucesso consistente e não sucesso esporádico, pois este poderá acontecer fruto de certas circunstâncias reunidas. A chamada sorte… Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 17
Um treinador tem de ser um líder e, por conseguinte, um bom comunicador. Deve de saber interpretar os padrões de comportamento dos seus atletas, mesmo que de forma inconsciente, decidir muitas vezes intuitivamente e em poucos segundos, sabendo que essa decisão irá influenciar o rumo dos acontecimentos daí para o futuro. A filosofia de vida de um treinador de excelência está intrinsecamente ligada à sua filosofia de treino. Por vezes a fronteira é tão ténue que surgem afirmações como uma recente de Vítor Pereira: “Eu durmo a pensar futebol…”. Um treinador deve ter a capacidade de entender que ele próprio é uma obra inacabada. Isso define a sua humildade, impulsiona-o e motiva-o para a formação constante e regular. Ele coloca as coisas em dúvida regularmente e reformula o seu pensamento num ápice. Uma boa notícia é a de que todas estas capacidades são possíveis de trabalhar, na minha opinião, e o desenvolvimento da criatividade, da persistência, da resiliência e da paciência irá ser tão natural quanto a paixão que sente pela actividade
que exerce. Na ausência de alguém que treine o treinador, ele próprio deverá desempenhar esse papel. O treinador tem e sempre terá uma vida difícil. Seja ela qual modalidade for. Muitas vezes terá ao seu dispor poucos recursos externos. Terá sempre um enorme número de variáveis que precisa conhecer e, como tal, terá de buscar nos seus recursos internos o combustível para se fazer crescer na adversidade, assim como fazer crescer os seus atletas. Q uer seja com jovens, quer seja com adultos, quer seja com homens, quer seja com mulheres, quer seja com dinheiro, quer seja sem dinheiro, o treinador terá sempre a ideia que está só. Quase sempre… Nas decisões boas ou más, no “apontar do dedo”, na valorização ou desvalorização do seu trabalho, ele sentirá sempre que poderia ter feito diferente, que poderia ter dito diferente, que poderia ter escolhido diferente. Por isso é que, como treinador que também sou, senti que fazia falta algo para ajudar a ultrapassar este sentimento. Algo para auxiliar o processo de autoconhecimento do treinador e que o orientasse no seu desenvolvimento pessoal.
No prefácio, António Fidalgo, conhecido por muitos do mundo do futebol, antigo jogador do Benfica, Sporting, Salgueiros, Espinho, Braga, Leixões e Estoril, tendo tido várias presenças na Selecção Nacional, tendo sido ainda treinador no Estoril, Salgueiros, Varzim e Campomaiorense (campeão nacional da 2ª divisão), comentador e analista na RTP e Rádio Renascença, antigo Director Desportivo no Campomaiorense e no Marítimo, refere que “O domínio das componentes mentais, na vida e no desporto, permite muitas vezes, fazer a diferença pela diferença. Quem é mais competente nas áreas físicas, técnicas e estratégicas, normalmente consegue grandes feitos. Quem adiciona a estas componentes, competências nas áreas mentais e emocionais consegue feitos excepcionais”.
18 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Como Ser um Treinador de Excelência
A obra conta também com a colaboração de várias personalidades e treinadores ilustres nacionais, nomeadamente: Professor Jorge Tormenta (Ex-seleccionador Nacional de Andebol Feminino, comentador de Andebol da RTP, Coordenador do Desporto Federado do Colégio de Gaia), Professor Dr. Bruno Travassos (Professor na Universidade da Beira Interior, Treinador de Futsal da AD Fundão – 1ª divisão, ex-seleccionador distrital de Castelo Branco, autor da 1ª tese de doutoramento sobre o tema do futsal, autor do livro “A Tomada de Decisão em Futsal), Carlos Resende (com um currículo invejável enquanto jogador, onde foi várias vezes campeão nacional de andebol e teve inúmeras internacionalizações ao representar a selecção nacional, é
dos poucos que conta também já com um título de campeão nacional enquanto treinador), Carlos Carvalhal (Treinador de futebol, foi coordenador técnico no Al Ahly - Dubai, foi treinador no Besiktas (Turquia), Sporting, Marítimo, Braga, Belenenses, Vitória de Setúbal (onde venceu uma Taça da Liga e qualificouse para a Taça UEFA) e Leixões (onde foi a 1ª vez que uma equipa da 2ª Divisão B foi finalista da Taça de Portugal, tendo sido qualificado para a Taça UEFA), Luís Sénica (é coordenador técnico nacional e foi seleccionador Nacional de Hóquei em Patins, várias vezes campeão nacional pelo Benfica, vencedor da Taça de Portugal, vencedor da Taça CERS, tendo sido também campeão europeu).
“A Pedagogia do Desporto indica-nos que existem 3 tipos de competências essenciais a serem desenvolvidas pelos treinadores, nomeadamente as Competências Técnicas, as Competências de Comunicação e as Competências de Liderança.” O Professor Mário Barros (Treinador de
Bettencourt (foi Treinadora de futsal femi-
Braga, tendo passado anteriormente pelo
Basquetebol com 60 anos de carreira, foi
nino sénior do Sporting, campeã distrital,
Miramar, Famalicense, Fundação Jorge
coordenador técnico do basquetebol mas-
e anteriormente foi treinadora campeã
Antunes, Modicus e CSKA de Moscovo),
culino do Académico FC, foi selecciona-
nacional por 5vezes com equipa de fut-
Jorge Braz (Seleccionador Nacional de
dor nacional de Sub-18 e coordenador
sal feminino do SL Benfica), Orlando
Futsal desde 2010, anteriormente técnico-
do CAR Jamor e também seleccionador
Duarte (ex-seleccionador Nacional de
adjunto de Orlando Duarte na selecção).
nacional de Juniores; conta com 13 títulos
Futsal, ex-treinador campeão nacional
Com a colaboração destes amigos a obra
nacionais de Juniores e Cadetes mascu-
pelo Sporting por 9 vezes, tendo sido em
tornou-se mais valiosa em termos de par-
linos pelo FC Porto e Vasco da Gama e
2010/11 vencedor da Supertaça, Taça de
tilha e com mais interesse em relação às
esteve presente em 15 fases finais con-
Portugal, CampeonatoNacional e final-
suas perspectivas.
secutivas de Juniores e Cadetes mascu-
ista da UEFA Futsal Cup, Campeão actual
linos entre os anos de 1968 e 1982; é
da Letónia pelo FC Nikars Riga), Paulo
Isto será só o ponto de partida de um
prelector em várias acções de formação
Tavares (uma referência do futsal por-
caminho a fazer, em direcção a grandes
da AB Porto e EN Basquetebol),Vera de
tuguês, actual treinador de Futsal do SC
conquistas.
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 19
20 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
PREVENÇÃO DE LESÕES CRANIANAS NA NFL. s efeitos colaterais de muitos
experiencia pessoal. Ferrara que haveria
dos desportos de contacto, no
de fundar a Xenith, e desenvolver este
qual se inclui o futebol ameri-
capacete que minimiza significativamente
cano, são há muito sabidos e
o impacto na cabeça dos jogadores de
já analisados nas páginas desta revista na
futebol americano, assim como alterações
Edição 2. As altas percentagem de apa-
bruscas de movimentos, vulgares sacudide-
recimento de doenças degenerativas em
las. O capacete é desenvolvido à medida
ex-atletas são preocupantes, e o esforço
para cada atleta, em ajustes personalizados,
para minimizar lesões ou fortes impactos
e assente numa tecnologia que coloca o
desprotegidos na cabeça no desporto é
ênfase em amortecedores, que se adaptam a
mais forte do que nunca. Até porque existe
cada golpe em todos os níveis de impacto.
atualmente um crescente movimento que
Mesmo para os amentes deste desporto tão
pretende terminar com as competições
americano desconhecem este capacete e os
profissionais da NFL apontando estas mes-
seus benefícios, mas isso é principalmente
mas questões de saúde como a questão
devido às marcas de capacete não podem
chave. A NFL, reconhecendo a importân-
publicitar em campo.
cia da necessidade de novas politica para
No entanto, desde 2013 que
a segurança e o perigo de nada fazer,
estão livres para usar os capacetes de sua
implementou um rigoroso conjunto de
escolha, e uma grande maioria escolheu o
normas de segurança para os jogadores,
Xenith X2 football helmets, entre os nomes
apostando principalmente em métodos
mais sonantes encontramos: Buccaneers TE
preventivos para combater o problema e
Dallas Clark, Patriots CB Devin McCourty
reduzir o risco de ferimentos cranianos e
e Ravens RB Ray Rice.
com consequências futuras.
As vendas têm disparado 4,000 capacetes
O Xenith X2 football helmets foi uma ideia
em 2010; 65,000 em 2011; e mais de
e desenvolvido por Vin Ferrara. Ferrara, um
80,000 no ano passado. Ferrara, no ano pas-
ex- quarterback, enquanto tirava o seu curso
sado, chegou a afirmar: “…mais de metade
de medicina na Universidade de Columbia,
das equipas da NFL estarão vestindo os
em 2004, após ter visto um curto vídeo do
(capacetes) Xenith,
os atletas
A NFL, reconhecendo a necessidade de novas politica para a segurança e o perigo de nada fazer, implementou um rigoroso conjunto de normas de segurança para os jogadores, apostando principalmente em métodos preventivos para combater o problema e reduzir o risco de ferimentos cranianos e com consequências futuras.
jogador de hóquei Eric Lindros deitado no gelo após uma concussão, para além da sua
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 21
X2IMPACT MOUTH PREVENÇÃO DE LESÕES CRANIANAS NA NFL. A motivação de Rich Able para criar e
logia que monitora os dados fisiológicos
que avalia com precisão o estado clinico
desenvolver o X2IMPACT mouth guards
do atleta em tempo real. Ajuste person-
do atleta.
foi ainda mais pessoal que a história de Vin
alizado, faz com que os sensores captem
Os protetores bucais estão comercializados
Ferrara, e apareceu-lhe quando o seu filho,
ainda melhor os dados assim como os
à cerca de dois anos, mas os seus ensaios e
ficou inconsciente por quase um minuto
podem comparar com dados armazenados
melhorias continuam em expansão e com
de jogo de futebol, após uma farte pancada
anteriormente.
uma forte intervenção de vários programas
na cabeça em uma superfície de madeira.
Sem necessidade de fios, este aparelho
universitários, incluindo Stanford, Notre
Ao contrário do que aconteceria com mui-
envia um alerta para o treinador/equipa
Dame e da Universidade de Washington.
tos pais, e forçasse o seu filho a afastar-se
medica no momento em que o atleta sofre
Esta tecnologia tem ainda a grande van-
do desporto, Able decidiu apostar e desen-
um impacto potencialmente ameaçador à
tagem de poder ser utilizada por muitas
volver uma tecnologia de monitoramento
sua saúde. Acompanhado igualmente com
outras modalidades, e começam a divergir
em tempo real dos sinais fisiológicos e de
um programa/aplicativo, desenvolvido e
estudos para o seu uso para o lacrosse e
deteção de efeitos dos impactos na cabeça.
em desenvolvimento com a Microsoft,
hóquei em campo e hóquei em gelo.
O X2 é um protetor de boca de alta tecno-
que permite executar uma serie de testes
Pedro M. Silva, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com 22 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
JOGO DURO
UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA RECENTE – POR NÃO HAVER ANTIGA - DO MARKETING ESPORTIVO BRASILEIRO Alexandre Bonfim , Publicitário de criação e marketing esportivo, fala a língua da bola em quatro idiomas. alexandre@alexandrebonfim.com.br
E
stamos em 1987. Devido a
liga consegue patrocínios e apoios. Os
ionárias. Segundo informações, os valores
inúmeras confusões, desman-
times passam até a receber cota de TV. E a
repassados entre 2012 e 2015 foram de
dos e absurdos dos dirigentes
história começa a ser escrita.
110 milhões de reais para Flamengo e
do futebol verde-amarelo, o
Assim nasce o marketing esportivo no
Corinthians e 80 milhões de reais para o
Brasil.
São Paulo, por exemplo. Aliás, com raras
campeonato nacional está ameaçado. A CBF, Confederação Brasileira de Futebol,
exceções, direitos de transmissão são a
organizadora da principal competição do
Saltamos 28 anos no tempo. Estamos em
grande fonte de receita. E isso é preocu-
país, afirma não poder arcar com os cus-
2015. Há alguns meses, o Brasil foi humil-
pante.
tos. Os clubes, de gestões amadoras, estão
hado pela Alemanha na semifinal da Copa
Com os clubes cada vez mais endividados,
endividados - não há luz no fim do túnel
do Mundo.
o dinheiro da TV é constantemente adian-
do vestiário.
A CBF é criticada veementemente por sua
tado para pagar dívidas.
Um executivo da IBM é chamado – ou
postura para com a seleção, o desenvolvi-
O que gera dependência, proibindo nego-
melhor, desafiado desesperadamente –
mento do futebol no país e os clubes. Mas
ciações com outros parceiros ou discussão
para criar um modelo que permita a real-
ninguém fala em criar uma liga nacio-
sobre valores e divisão de cotas (com a
ização do Brasileirão. E ele cria.
nal paralela, pois os tempos são outros.
consequente “espanholização” do futebol,
Mas, sem a participação da CBF, com outro
Financeiramente falando, principalmente.
com dois clubes – no caso, Flamengo e
nome (Copa União) e formato (divisão por
E apenas em alguns aspectos, como ver-
Corinthians – recebendo muito mais din-
módulos). É formado o Clube dos 13, com
emos aí embaixo.
heiro do que os outros e aumentando o
as principais equipes do país à época. A
Os clubes recebem cotas de televisão mil-
abismo entre os clubes).
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Sobre ter direitos de transmissão como a maior fonte de receita,
do seu recém-criado programa de sócio torcedor e a evolução das
há outro problema. Isso demonstra não só a dependência citada
receitas me faz acreditar que ela está no caminho. Mas sinto falta
anteriormente como também falta de projetos consistentes para
de ações de marketing diferenciadas, que explorem o potencial do
aumento de receitas com marketing e bilheteria. Mais uma vez (e
clube e empolguem de verdade seus mais de 32 milhões de torce-
para manter a esperança no futebol tupiniquim), há exceções.
dores espalhados por todo o país.
O Internacional, de Porto Alegre, é o clube com mais associados no país e o sexto no mundo – à frente de times como Porto e
E pra ninguém dizer que não escrevi nem uma linha sobre nam-
Manchester United. Seu programa de sócio torcedor não é pio-
ing rights, aqui vão várias. Nada animadoras, pra ser sincero.
neiro por aqui (o primeiro foi do São Paulo, que hoje ocupa um
Conforme também havia falado em outro texto (também com o
tímido 8º lugar), mas já chegou à metade do Índice Benfica. Além
link no fim do artigo), essa modalidade tão comum em todo o
disso, o excelente trabalho de marketing do clube vem sendo real-
mundo sofre forte rejeição no Brasil. E, acredite se quiser – ou
izado de forma consistente há anos. Os prêmios recebidos provam
puder: isso não acontece por parte do público, mas dos meios de
que não estou exagerando.
comunicação.
O Corinthians tem evoluído muito e rápido no assunto. Falei sobre
A ponto de acontecerem casos absurdos como o do amistoso entre
ele em dois textos (os links para eles estão no fim desse artigo),
Palmeiras e Red Bull Brasil, quando a emissora que transmitia a
mas poderia ter escrito mais. O time acaba de jogar um torneio
partida chamou sistematicamente o clube do energético de RB e
nos EUA, fechou patrocínio exclusivo pra sua web TV... Basta uma
alterou seu escudo, além de chamar o Allianz Parque de Arena
pesquisa na internet pra ver o que digo.
Palmeiras.
A atual diretoria do Flamengo tem a meta de equilibrar as fontes
Uma visão de negócios mesquinha e cheia de buracos, que difi-
de receitas em três partes iguais, como os europeus. O crescimento
culta a evolução do marketing esportivo por essas bandas.
“Os clubes recebem cotas de televisão milionárias. Segundo informações, os valores repassados entre 2012 e 2015 foram de 110 milhões de reais para Flamengo e Corinthians e 80 milhões de reais para o São Paulo, por exemplo. Aliás, com raras exceções, direitos de transmissão são a grande fonte de receita.”
Ok, até agora o texto só fala sobre futebol.
cheio, aproveitam pra botar água até trans-
vai dar ao esporte brasileiro a grandeza
Acontece que isso é inevitável. Ele é o
bordar. Além do mais, acho que o Brasil
que ele merece e a posição de destaque que
esporte mais popular do país, o que o leva
está evoluindo. O surgimento de cursos
pode ocupar.
a ganhar mais espaço na mídia e dinheiro
voltados para a área com a consequente
Porque há recursos financeiros, material
de patrocinadores. Consequentemente, o
formação de especialistas ajuda, as refer-
humano e criatividade de sobra. Mas quem
que dá mais repercussão, seja positiva ou
ências encontradas na internet ajudam,
gere o esporte precisa querer que as trans-
negativa. Porque casos como o do Red Bull
a obrigação de clubes se profissionaliza-
formações aconteçam. Principalmente no
Brasil, que citei acima, acontecem há anos
rem para competir neste mundo esportivo
marketing, a primeira área a sofrer com
em esportes como vôlei e basquete e nin-
globalizado ajuda. Até as leis e a justiça
falta de atenção e corte de verbas quando a
guém nunca deu muita atenção. Por isso
ajudam, de vez em quando.
situação não vai bem – seja do clube ou da
dá pra entender quando um patrocinador
Mas, se pular essas quase três décadas,
economia – e onde sempre tem um amigo-
deixa um clube (reparem no título da
vou deixar de pensar nas questões do
do-filho-do-cliente pra ocupar a cadeira
matéria, “Campinas deve fechar as portas”,
presente. No que deve ser feito hoje para
sem ter a menor ideia do que fazer. É um
e na camisa do clube, que diz “Amil”; se o
ter acesso a um futuro maravilhoso que
jogo duro, em que os erros se repetem.
clube se chamava Amil/Campinas, por que
nunca vai acontecer caso as mudanças não
Talvez por isso bata uma sensação de déjà
ocultar a marca?).
cheguem rápido. Precisamos de mais pes-
vu às vezes, sabe?
Poderia dar mais um salto no tempo de 28
soas com formação de qualidade e conhe-
anos, como o do início do texto, pra gente
cimento sólido em posições importantes;
Bom, como eu ia dizendo. Estamos em
falar do marketing esportivo brasileiro
mais profissionalismo por parte de clubes
1987...
em 2043. Na verdade até gostaria. Sou
e empresas de mídia; mais projetos sérios e
daqueles que, quando veem o copo meio
cobranças vindas do poder público. Só isso 1) 2) 3)
24 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Corinthians lança cemitério oficial – http://doentesporfutebol.com.br/2014/11/corinthians-para-sempre/ Vai Curintia – http://doentesporfutebol.com.br/2015/01/vai-curintia/ Paulistão Itaipava – http://doentesporfutebol.com.br/2015/01/paulistao-itaipava/
SERÃO MAIORES QUE BARCELONA E R. MADRID OS NOVOS CONTRATOS DE TV VÃO AUMENTAR AS RECEITAS EM 70%, COM TODOS A RECEBEREM MAIS RECEITAS DO QUE BARCELONA E R. MADRID. As renegociação dos direitos de transmissão televisiva do campeonato inglês, vendidos à Sky Sports e à BT Sport, sofreram um aumento de 70%, e rendem agora 6,9 mil milhões de euros para as próximas três temporadas. Para termos ideia do aumento, olhemos para o exemplo do Cardiff. Na última distribuição dos direitos de TV em Inglaterra, o Cardiff, proveniente da II Liga, foi a equipa que menos recebeu - 74 milhões de euros por cada temporada. O novo acordo, contudo, vai injetar mais 70% em cada clube. Se esta nova redistribuição fosse válida já esta temporada, o Cardiff teria recebido cerca de 125 milhões, ou seja, apenas menos 25 milhões que Barça e Real. Relembremos que Barcelona e Real Madrid, de Espanha, são os clubes que mais recebem em direitos televisivos, na ordem dos 150 milhões de euros por temporada. Se pensarmos agora nestes valores para clubes como o Liverpool, Manchester United, Manchester City, Arsenal e Chelsea, catalães e merengues ficarão ainda mais atrás - o Liverpool é o clube que mais tem recebido em Inglaterra, com um total de 116 milhões na última distribuição, sendo que deverá passar para perto dos 200 milhões em 2016. A forma como isto irá alterar os campeonatos europeus e de que forma se irá verificar a migração de craques para o campeonato inglês é difícil de dizer, mas terá de certo enormes consequências para os clubes de media dimensão do velho continente.
Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 25
CICLISMO - CIÊNCIA DESPORTIVA COMO A TECNOLOGIA NOS PODE TORNAR MAIS FORTES, MAIS RÁPIDOS E MAIS VENCEDORES.
O
ciclismo de estrada , como a grande maioria concorda, é o desporto moderno e de topo mais exigente. O corpo do ciclista eleva-se aos seus próprios limites e como tal os atletas veem-se na obrigação de entender na perfeição onde se situam as suas forças e limites. A ciência tem sido a grande aliada. Olhar e utilizar a ciência é crucial para potenciar a performance desportiva; olhan-
26 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
do não só, para o aumento da capacidade física, mas também, para a clara perceção dos limites fisiológicos de cada atleta. Nos últimos anos, surgiram quatro testes fisiológicos e biomecânicos que permitem de forma segura e bastante especifica determinar como o corpo reage ao treino e quais as melhore metodologias para melhorar a performance. Neste artigo iremos falar um pouco destes testes.
FIG.1
FIG.2
FIG.3 DXA Scan (fig. 1) Um tipo de raio X que mede a densidade óssea. Ciclistas tendem a ter menor densidade óssea do que outros atletas, como os levantadores de peso, ou corredores de longas distancia – maratonistas. Com estes resultados em mão, os atletas podem executar um conjunto de exercícios, nomeadamente pequenos saltos – entre 40 ou 100 pequenos “impactos”, de forma a chegar a valores mais favoráveis.
Dynamic Bike Fit (fig. 2) Através de uma análise computacional do atleta enquanto pedala, com uso de vídeo 3d e alinhamento de lasers, é possível verificar a forma como a bicicleta interage com o corpo do atleta durante
FIG. 4
o exercício. Com este teste é possível analisar os três pilares mais importantes para o ciclista: o conforto, a potência e aerodinâmica em cima da bicicleta. Feita a análise é possível reeducar o ciclista e a forma como ele pedala em alguns pormenores, nomeadamente questões biomecânicas únicas.
Lactate Threshold - LT Test (fig.3) LT Test marca a intensidade de esforço em exercício aeróbico em que o atleta passa de esfoço confortável para um estado de fadiga acentuado. Este teste é desenvolvido para testar a capacidade do ciclista para o contra-relógio. Usar estas informações para calcular as zonas de treino para as quais existe uma percentagem da sua frequência cardíaca no limiar do que é um esforço confortável para um esforço acima das capacidades do seu corpo.
Power Profiling (fig. 4) Teste de potência em vários sprints de 30 segundos, de forma a obter o perfil de energia do ciclista. Este teste funciona principalmente como uma comparação com outros ciclistas, dado que uma boa parte deles está disponível para consulta, e de forma de avaliar os pontos fortes/fracos e o que é necessário melhorar.
Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
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CORFEBOL
Conheça este desporto que junta homens e mulheres em equipas mistas e agrega o basquetebol e o andebol numa única modalidade.
O
Corfebol (do holandês korfbal) é um desporto col-
em 1920, foi apresentada como modalidade de demonstração nos
ectivo praticado principalmente na Holanda e na
Jogos Olímpicos. A partir dai, foi-se criando várias competições,
Bélgica. Difere de outros desportos semelhantes
e o numero de praticantes aumentou progressivamente, e hoje é
porque é praticado por equipas mistas, formadas
praticada um pouco por todo o mundo, e estando, dentro da luso-
por quatro homens e quatro mulheres, e junta, de forma simplista,
fonia, presente em Portugal e no Brasil.
o andebol e o basquetebol. Surgiu na Holanda em 1902, inventado
Em Portugal o corfebol tem cerca de 1000 atletas federados sendo
por Nico Broekhuysen, inspirado num jogo sueco denominado
a sua captação efectuada essencialmente ao nível do Desporto
“Ringball”. Na Holanda, o “ring” (aro metálico) sueco foi sub-
Escolar. Alguns dos principais clubes nacionais são o Clube de
stituído pelo “korf ” (cesto de vime), originando o Korfball, que
Carnaxide Cultura e Desportos , o Núcleo de Corfebol de Benfica ,
numa tradução livre significa bola (ball) ao cesto (korf) e que em
o Clube de Corfebol de Oeiras , a Escola Secundária de Carcavelos
Portugal virou a Corfebol.
e o Grupo Desportivo dos Bons Dias.
Teve uma boa aceitação e expansão da modalidade logo após a
A nivel nacional, Portugal já alcançou um 3 lugar no campeonato
sua apresentação, principalmente na Holanda e Belgica, chegando
Mundial na India, e um 2 lugar co campeonato europeu.
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Regras do Corfebol A característica que o distingue de todos os outros desportos colectivos é o facto de ser misto: as equipas de Corfebol são constituídas obrigatoriamente por atletas de ambos os sexos. Caso o jogador golpeie a bola, ele não poderá obstruir a visão ou a passagem. O objectivo é introduzir a bola no cesto da equipa adversária. O cesto é de verga e está colocado num poste a 3.50 m do solo. A bola é disputada por duas equipas de oito elementos, quatro rapazes e quatro raparigas (2 à defesa e 2 ao ataque), e só pode ser jogada com a mão. Não pode ser driblada e os jogadores não podem dar passos com a bola na mão. A bola a utilizar é uma bola de futebol nº 5. O campo de jogo é rectangular, de dimensões 40X20 metros, e encontra-se dividido ao meio por uma linha central. Cada uma das zonas de divisão contém um cesto, colocado a 6.67 metros da linha de fundo. A 2.50 metros do cesto, no sentido da linha central, existe a marca de penalidade. Em cada uma das zonas são colocados 2 jogadores e 2 jogadoras de cada equipa, designados por “quadrado”: numa zona haverá um quadrado atacante e na outra um quadrado defensivo. Os jogos têm a duração de 1 hora, 2x30 minutos, com 10 minutos de intervalo. No início do jogo, da 2ª parte e depois de cada cesto marcado, a bola é jogada a partir da linha central (no meio desta). Cada cesto equivale a um ponto. Sempre que há cesto a bola é reposta pela equipa que o sofreu. Quando o somatório dos pontos das duas equipas é par (p.e. 1-1; 3-1; 2-2), as equipas mudam de zona. Isto significa que sempre que se marcam dois pontos, quem estava a defender passa a atacar e quem stava a atacar passa a defender. No início da 2ª parte, os quadrados atacantes (de ambas equipas) do fim da primeira parte mantêmse, mas trocam de meio-campo. A defesa deve ser individual e por sexo, o que quer dizer que cada jogador defensivo deve defender (marcar) um jogador atacante da equipa adversária do mesmo sexo. Não é permitido lançar ao cesto quando se está coberto (defendido ou marcado). Estar defendido é ter um adversário defensivo do mesmo sexo, à distância de um braço, entre si e o cesto e manifestando intenção de impedir o lançamento (de braço levantado).
É proibido: tocar a bola com a perna ou com o pé ou com o joelho; bater a bola com o punho ou com o pé; bater ou tirar a bola das mãos do adversário ou de um companheiro; correr ou andar com a bola ou driblar; lançar de uma posição defensiva; lançar de uma posição defendida: entre o atacante e o cesto; de frente para o atacante; com o braço levantado à distância de um braço.
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APOSTAS DESPORTIVAS ONLINE - LEGALIZAÇÃO? O que se pode ganhar na eventual Mundança na legislação! E quais os Perigos!
A
recente abertura legislativa da lei portuguesa ao jogo
das apostas desportivas o mais rápido possível. Pelas suas palavras
online volta a trazer para o debate a legalização das
na tomada de posse onde afirmava que:“ Regular o mercado das
apostas online desportivas em Portugal. Que até agora
apostas desportivas com receitas para os clubes que sustentam pos-
é ilegal ou pelo menos opera fora da lei e como tal
sibilidade dessas plataformas existirem” é uma das suas prioridades.
isenta de normas legais. Esta é aliás uma das grandes contradições
E, as propostas de Fernando Gomes feitas nos últimos três anos
de negócio em território luso, dado que o jogo online e de apostas
assentam numa base solida entre uma parceria entre a Santa Casa da
desportivas e um das poucas atividades que apresenta um cresci-
Misericórdia, com o propósito de fazer chegar aos clubes o dinheiro
mento e rendimentos finais de milhões, mas os clubes, a grande
que é deles por direito. Isto assente numa comissão criado para este
maioria endividada e em francas dificuldades financeiras, não
efeito: Comissão Interministerial. Em 2012, a Bwin - uma conhecida
aferem nenhum ganho de todos os ganhos gerados.
cada de apostas, pagou 23 milhões de euros para ter o seu nome nas
O crescimento do jogo online é exponencial; numa taxa de cresci-
camisolas do Real Madrid. No mesmo ano de 2012, um estudo da
mento de 50% de ano para ano, desde pelo menos 2008, onde os
consultora H2 Gambling Capital estima que este sector movimente
dados e estatísticas passaram a ser recolhidas e analisadas com mais
globalmente 200 mil milhões de euros por ano. Em Portugal, não
cuidado. A aposta desportiva, com imenso impacto nas camadas
existem números ou aproximações fidedignas, mas pensa-se que
mais jovens – 20 aos 35, encontra-se nesta estatística. Não é, pois, de
acompanhe a tendência da Europa e, dado a apetência dos portugue-
estranhar que Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa
ses ao jogo, julga-se que pode ser até um pouco superior, e tem-se
de Futebol (FPF), seja um dos principais defensores da legalização
apontado para valores na ordem dos 700 milhões de euros e a subir.
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Encontrar um modelo que procure ben-
tas desportivas. O que nos pode obrigar a
ter muito cuidado, para não criar uma
eficiar todos os envolvidos é fundamental
questionar seriamente se ainda podemos
suspeição generalizada, que ponha em
e em grande medida já feito e encontra.se
acreditar no que vemos quando vamos a
causa a credibilidade do futebol. Muitas
em análise pelas entidades competentes.
um estádio ou assistimos a um jogo de
vezes, mais do que o problema é a ameaça
Mas não só o futebol pode tirar proveito
futebol na televisão? E se legalizar as apos-
do problema que contribui para afetar a
da legalização das apostas desportivas – o
tas desportivas não vai potenciar este sen-
imagem de credibilidade do desporto”.
futsal, como a principal modalidade de
timento negativo? Emanuel de Medeiros,
Mais negativa é ainda a opinião de Emanuel
pavilhão, olha com muita aten-
de Medeiros, director-exec-
ção e sabe do muito que tem
utivo da Associação das
a ganhar. Assim como o bas-
Ligas Europeias de Futebol
quetebol, o andebol e o hóquei
(EPFL), em entrevista para
em patins.
o mesmo jornal Expresso,
Mas, apesar de todo o claro
alerta para a questão das
beneficio para os clubes por-
apostas desportivas, e para
tugueses,
questões
a seriedade com que devem
fundamentais a resolver ou
ser abordadas: “Deve-se ter
que necessitam de uma aten-
muito cuidado, para não
ção constante, nomeadamente
criar uma suspeição gener-
sobre os riscos das apostas para
alizada, que ponha em causa
com o jogo e de que forma
a credibilidade do futebol.
elas podem interferir com os
Muitas vezes, mais do que
resultados.
o problema é a ameaça do
Por
existem
exemplo,
oscasos
de
problema que contribui para
manipulação de jogos na Ásia,
afetar a imagem de credi-
na Europa de Leste e em Itália, a recente
director-executivo da Associação das Ligas
bilidade do desporto”. Como é percetível
investigação da Europol – que detectou 680
Europeias de Futebol (EPFL), em entrev-
existem duas balanças com fortes argu-
jogos viciados, 380 dos quais na Europa –
ista ao Expresso, alerta para a questão das
mentos de ambos os lados, e antes de qual-
voltou a colocar o tema no centro das aten-
apostas desportivas, e para a seriedade
quer decisão, é necessário cobrir todos os
ções, que derivam directamente das apos-
com que devem ser abordadas: “Deve-se
potenciais problemas que poderão surgir.
Tiago Dinis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 31
FUTEBOL: LIGA DOS CAMPEÕES
Existe de facto uma vantagem em jogar em casa na maior competição futebolista do Mundo – LC? Ou é apenas um mito? O que nos dizem os números!
N
o futebol sempre se associou o fator casa como determinante para a vitória final no desafio. Para a grande maioria dos adeptos é senso comum. Uma verdade sem discussão. E a realidade vai largamente de encontro a este pensamento.
Sem que com isto sejam necessários definir alguns condicionantes. Desde logo, olhando unicamente para os campeonatos nacionais, e para as suas principais equipas, aquelas que por norma dizemos “candidatas ao título”. Em campeonatos desequilibrados, como são a maioria das competições nacionais Europeias, os clubes ditos grandes têm de facto um registo esmagador em casa, onde muito raramente perdem pontos, e quando o fazem, fazem-no contra os seus rivais – também eles com pretensões ao título. Olhando de uma forma genérica e transversal – para todos os clubes, também se encontram percentagens de vitórias interessantes e significativas na maioria dos campeonatos europeus. Na Inglaterra, por exemplo, naquele é tido como o campeonato mais competitivo do Mundo, encontram-se valores de vitória em casa que variam entre os 60-65%, com diferenças não significativas entre a primeira e segunda divisão. A grande maioria dos campeonatos europeus apresenta números semelhantes, assim como o brasileirão, onde a percentagem sobe apenas um curto acréscimo e fixa-se nos 65%. Mas, estes valores são os mesmos para a melhor e maior competição futebolística do Mundo – a Liga dos campeões? Aproveitando o trabalho desenvolvido Lucas Rios e colegas no artigo “ A vantagem em casa no futebol: comparação entre Copa Libertadores da América e UEFA Champions League”, tentamos responder a esta pergunta. Analisados todos os números na Liga dos Campeões de 2004/2005 à 2011/2012, temos como resultado final um efeito positivo de jogar em casa, com valores de vitória nos UCL 60,5 ± 5%. Analisando os clubes com quatro ou mais participações no espaço temporal indicado, pela ordem decrescente,
são: Arsenal/ING, Chelsea/
ING, Real Madrid/ESP, Barcelona/ESP, Juventus/ITA, Bayern München/ ALE, Manchester United/ING, Milan/ITA, Valencia/ESP, Porto/POR, Werder Bremen/ALE, PSV/HOL, Benfica/POR, Roma/ITA, Zenit/RUS, Fenerbahçe/TUR e Shakhtar Donetsk/UCR
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TAÇA LIBERTADORES? O fator casa na taça libertadores é ainda
viagem. O América do México, é outro
mais preponderante que na Liga dos
exelente exemplo, com 100% de aproveita-
e pênaltis marcados a favor da equipe da
campeões. São vários os argumentos que
mento em casa possuidois tipos de van-
casa, e um maior número de cartões ama-
levam a essa realidade.
tagem a seu favor, pois além da longa
relos aplicados aos jogadores das equipas
distância ainda joga na altitude. O seu
visitantes.
maiores distancias geográfica e a maior
estádio “Estádio Azteca” fica a 2.240 met-
Outro fator fundamental para explicar a
diferenciação destas no continente ameri-
ros de altitude.
maior fator casa na america do sulpode
cano em relação à Europa. Por exem-
Nos estádios sul-americanos é a densidade,
ser a familiaridade com o campo de jogo,
plo, principalmente na região andina, há
o fanatismo, barulho e hostilidade, inclu-
dado que é notório que há diferenças nas
dificuldades dos visitantes por enfrenta-
sive contra árbitros e assistentes, criando
dimensões daárea do campo de jogo e
mentos degrandes altitudes, podendo
deste modo, um ambiente mais propicio
nas condições do relvado superiores às
interferir com o rendimento desportivo.
ao erro e ao beneficio da equipa da casa.
encontradas na grande maioria dos estadio
Para além, do maior número de horas de
Alguns dados estatisticos apontam para
Europeus e na Liga dos Campeões.
Incialmente, é necessario considerar
as
ado o aumento do número de faltas
Os estádios do Man. United, Barcelona e Bayer de Munich, nas fotos por esta ordem na pag. ao lado, são 3 dos estádios com maiores percentagens de vitória para a equipa da casa. Em baixo, temos o estadio com melhor percentagem de vitórias na Liga dos Campeões - Emirates Stadium - do clube Arsenal, Inglaterra.
Rodolfo Resende Pires, especialista em desporto contato@desportoeesport.com
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 33
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PEDROTO: O ZÉ DO BONÉ Erradamente esquecido da Gala dos 100 anos da FPF é homenageado nas próximas páginas
José Neto, antigo professor universitário e companheiro de muitos anos de Pedroto, aquando da homenagem dos trinta anos da morte do eterno “Zé da Boné”, descreveu assim o amigo: “José Maria Pedroto estava muito além do seu tempo. Na sua conceção de jogo, no tratamento do jogo… foi um homem para lá do tempo, que fazia da luta determinação . Da vida, paixão. Da derrota, classe. Da vitória, ousadia. Da sabedoria, humildade. E vivia no coração das gentes simples. Era o «senhor Pedroto». Formulava questões, rompia conceitos, desafiava o erudito e encorajava o intranquilo”. Pedroto foi ainda, e pelas palavras do presidente do FC Porto – Jorge Nuno pinto da Costa, “ Um homem de Grande Carácter”. A tudo ainda se soma, o facto de ter sido um dos principais responsáveis para radical alteração geográfica no mapa futebolístico e desportivo português, terminando com a hegemonia dos dois grandes clubes da capital, traçando o caminho que levou o domínio do FC Porto nos últimos trinta anos. Pedroto fundou em Portugal as bases do futebol moderno. Do passe. Da posse de bola. Do jogo bonito. Da (nova) táticas, da pressão alta, da análise estatística e da ciência, e de tudo o mais, sem nunca esquecer a emoção e de tudo o que lhe vinha do coração. E, por tudo isto, é incompreensível o esquecimento da gala dos 100 anos da FPF; as próximas páginas, são a nossa forma singela de consertar um pouquinho, ainda que diminuto, esse enorme erro cometido pelos dirigentes do futebol português. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 35
“Foi uma relação muito especial, de grande proximidade e cumplicidade nos tempos em que trabalharam juntos. Além da questão profissional, havia grande fraternidade e amizade pessoal. A relação profissional ajudou a construir à volta dela uma relação de amizade sólida e duradoura.” Rui Pedroto, filho de josé Pedroto, sobre a relação do pai com Pinto da Costa. José Maria Pedroto nasceu em em Lamego a 21 de Outubro de 1928.
Pedroto, ainda antes de iniciar a sua carreira de treinador foi pio-
Hoje, se ainda fosse vivo, teria 86 anos. O Zé do Boné como era carin-
neiro, sendo o primeiro técnico português a especializar-se com
hosamente conhecido foi um dos mais carismáticos e importantes, e
um curso em Paris em 1960. No futebol profissional sénior, Pedroto
apelidado por muitos de revolucionário, do futebol português. Iniciou-
iniciou-se na Académica, na cidade de Coimbra, onde ajudou a
se no futebol na década de 50 como jogador, um médio talentoso,
criar enormes talentos nacionais. Com o prestígio em alto rumou ao
17 vezes internacional e campeão no FC Porto com Yustrich e Béla
leixões, o único projeto onde falhou e acabou despedido. Reabilitou-
Guttman.
se no Varzim, a sensação do ano, e no ano seguinte, em 1966, realizou um sonho: tornar-se treinador principal do FC Porto. Fica até 1969 e vence uma Taça de Portugal. Depois ruma até Setúbal, altura em que o Vitória obtém alguns dos melhores resultados da sua história, sendo uma vez vice-campeão, uma vez finalista da Taça, e obtendo excelentes prestações nas competições europeias.Em 1974, mudou-se para o Boavista. Em dois anos obtém o 2º lugar no campeonato e vence 2 Taças de Portugal. Volta às Antas em 1976 para vencer dois Campeonatos (1977-78 e 1978-79) e uma Taça de Portugal. Volta às Antas em 1976 para vencer dois Campeonatos (1977-78 e 1978-79) e uma Taça de Portugal. Sai quando falha o “tri” e num dos momentos mais conturbados da história do FC Porto. O chamado “verão quente” onde futebol, politica e regionalismo caminharam lado a lado.
36 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
O verão quente atrasou, e em muito, a afirmação da equipa nortenha
uma relação de amizade sólida e duradoura. Foi, seguramente, a pes-
no panorama do desporto Português, mas teve a virtude de levar Jorge
soa que o acompanhou mais de perto, que o conhecia melhor nas suas
Nuno Pinto da Costa à presidência do Clube. E com ele, o regres-
diversas facetas e com quem partilhou as dificuldades mas também
so de Pedroto que tinha estado em
os momentos de maior glória des-
Guimarães durante dois anos, com
portiva mas que excedem e muito,
Artur Jorge como seu adjunto, o trei-
e penso que é com essa ternura e
nador que haveria de fazer do FC
saudade que ele fala, a mera relação
Porto campeão europeu. O o Zé do
profissional, mas que lembram sim
Boné voltou entºao para a sua terceira
o amigo desaparecido”. A estratégia
e última etapa no clube que durou até
de Pedroto e Pinto da Costa passou
à sua morte, a 8 de Janeiro de 1985.
e muito pela luta contra o centralis-
Durante esse tempo Pedroto junta-
mo do Sul, e com o exacerbamento
mente com Pinto da Costa have-
regional dos adeptos do FC Porto.
riam de lançar as bases para a
Das frases célebres destaca-se: “a
Transformação do futebol português.
Ponte da Arrábida «bloqueava» os
O seu filho, Rui Pedroto, fala assim
jogadores do FC Porto (quando ia
da relação do pai com Pinto da costa:
para sul e defrontava ou Benfica Ou
“Foi uma relação muito especial, de
sporting), Atravessar o Rio Douro
grande proximidade e cumplicidade nos tempos em que trabalharam
era o início da derrota portista”. Outra das suas frases celebres foi os
juntos. Além da questão profissional, havia grande fraternidade e
“roubos de Igreja” e a preferência política pelos clubes da capital, e pelo
amizade pessoal. A relação profissional ajudou a construir à volta dela
beneficio dos árbitros a esses mesmo clubes e em desfavor do FCP.
Pedroto foi um pioneiro. Um revolucionário que revolucionou o futebol portugês. O primeiro treinador a aplicar os conceitos básicos do 4-4-2, a cultura do futebol de posse, a troca posicional de extremos e laterais para jogar com a perna trocada. Criou uma cultura de balneário impar, um corporativismo quase britânico, e exigiu apenas aos seus jogadores que encarassem cada jogo como se fosse o último. Mas foi mais além. Acreditava que o profissionalismo precisava de um conjunto de exigências de carácter técnico, físico e psicológico que ainda não havia no futebol português. Pedroto lutou ao longo da carreira por um conjunto de medidas estruturais a começar pelas condições de trabalho para os jogadores, como campos para treino, equipamentos, e os cuidados médicos indispensáveis na alta competição. O antigo médico do FC Porto, Domingo Gomes, disse: “Posso afirmar que Pedroto foi o meu primeiro professor de medicina desportiva na globalidade que esta especialidade abarca. Estava atento a tudo na minha área e aceitava tudo o que lhe propunha”. Acreditava ainda na estatística e na análise científica do jogo, que são hoje ferramentas indispensáveis de qualquer equipa técnica. Foi também um homem de polémicas e de feitio duro. Talvez a mais conhecida seja com Mario Wilson, conhecido benfiquista e na altura treinador da seleção portuguesa. Wilson convocou inúmeros jogadores do FC Porto, para num jogo particular com a Espanha, que decorreria entre dois jogos do Porto com o Milan para a Taça dos Campeões Europeus, o que evidentemente prejudicava a equipa portista. Zangado, Pedroto não se conteve, e chamou “palhaço” a Mario Wilson. Com a troca de bocas a subir de tom, Pedroto haveria de acrescentar: “ Quando disse que Mário Wilson, como treinador, era um palhaço, não tive intenção de ofender os palhaços”. Portugal já teve treinadores que atingiram o auge e fama Mundial, Mourinho, Artur Jorge ou Vila Boas, mas nenhum foi, no entanto, tão influente quanto José Maria Pedroto, ou simplesmente, O Zé do Boné. Para o Sr. Pedroto um eterno obrigado. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 37
Marcos Vinicius Cardoso e Marcelo Paciello Silveira marcelopaciello@uol.com.br
O
s clubes de futebol profis-
treinadores, que provavelmente irão con-
nal, diminuem algumas das barreiras que
sional possuem diferentes
seguir melhores resultados em campo e
teoricamente impediriam a ida do torce-
fontes de receita para cobri-
gerarão mais títulos. Com mais títulos o
dor aos estádios, levando a crer que os
rem seus custos e gerarem
clube tem mais exposição, conseguindo
principais clubes nacionais se beneficiarão
lucro visando se manterem em alto nível
atrair mais torcedores, mais premiações e
destes investimentos. Ainda que a litera-
de competitividade. As principais fontes
patrocinadores, reiniciando o ciclo nova-
tura mostre que muitos dos chamados
de receita são:
mente.
legados de Megaeventos, como a Copa
O que se observa, no entanto, no futebol
do Mundo, não se concretizem na prática
1)
Receitas com estádio (ingressos,
brasileiro é uma baixa participação das
(Cardoso, M., Fleury, F., Malaia, 2013), os
sócio torcedor, camarotes, alimentação,
receitas com estádios. Alguns dos argu-
clubes que puderem usufruir destas novas,
serviços)
mentos é a falta da qualidade dos estádios,
ou revitalizadas, praças esportivas poderão
a violência das torcidas ou até mesmo a
colher frutos de médio e longo prazo.
2)
Receitas com TV (direitos de
transmissão)
transmissão dos jogos pela TV.
Na prática hoje observa-se que os clubes
Marketing
Existem ainda a percepção de baixa quali-
das principais ligas europeias (Inglaterra,
(patrocínio, licenciamento, venda de
dade do espetáculo por falta de jogadores
Alemanha, Espanha, Itália e França) pos-
produtos)
de qualidade, ou por campos mal cuida-
suem uma relação bem equilibrada entre
3)
Receitas
de
dos ou ainda pela fórmula de disputa dos
as três fontes de receita (Tabela 1), pois
Qualquer clube que quiser se manter em
campeonatos, afugentando o consumidor
sabem que todas possuem sua importância
alto nível de performance e de fatura-
de futebol.
no faturamento, enquanto os principais
mento precisa trabalhar muito bem as três
O fato do Brasil ter sediado a Copa do
clubes brasileiros não possuem a mesma
fontes de receita acima, pois todas elas são
Mundo da FIFA 2014 traz um novo
relação equilibrada entre as três fontes
fundamentais para que consigam contratar
cenário para o futebol brasileiro. Arenas
(Tabela 2).
e/ou desenvolver melhores jogadores e
mais modernas, com patrão internacio-
38 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Tabela 1: Distribuições das receitas dos times europeus 2012/2013
Tabela 2: Distribuição das receitas dos times brasileiros 2013
Estes números mostram a necessidade de se aumentar as receitas advin-
para obter recursos que são escassos visando manter a sua sobrevivên-
das do estádio, diretamente ligadas a utilização deste como local da par-
cia. Existe uma demanda dos clubes e dos stakeholders em melhorar a
tida de futebol. Assim, o problema de pesquisa a ser examinado é qual
qualidade do serviço e aumentar a sofisticação e o profissionalismo com
a importância da adoção da estratégia inovadora do sistema de Sócio
tarefas administrativas (Cuskelly, Hoye & Auld, 2006).
Torcedor como fator de estabilidade nas receitas com estádios para os
Atualmente os clubes se transforam em empresas com o propósito de
clubes de futebol no Brasil. Neste sentido buscar-se-á mostrar que clubes
maximizar os lucros dependendo dos resultados esportivos. As técnicas
que adotaram o Sócio Torcedor como estratégia inovadora conseguiram
de gestão profissionais foram adaptadas para o segmento esportivo com
um novo patamar de receitas que independem da situação do clube na
planos e metas a serem atingidas. Os clubes esportivos começaram a ser
tabela do campeonato, ou do tipo de torcedor que vai ao estádio.
gerenciados como as demais empresas internacionais usando a gestão da inovação como um dos pilares. A gestão da inovação ajuda os clubes
A Inovação no Esporte
a aumentarem seus faturamentos de uma forma mais rápida e eficaz (Atalay, Yücel, & Boztepe, 2013)
A inovação é percebida como fundamental nas organizações em ter-
Os clubes esportivos procuram ser diferentes dos demais para garantir
mos de competitividade e efetividade, mas o estudo da inovação em
o seu futuro buscando diferentes fontes para aumentar a suas receitas,
organizações esportivas tem recebido muito pouca atenção por parte
sendo a mais importante delas a gestão da inovação. Clubes esportivos
dos pesquisadores (McDonald, 2007). As organizações esportivas são
utilizam de atividades inovadoras para fins determinados e também
caracterizadas por uma cultura de tradição e informalidade resultando
visando moldar o seu futuro através desta maneira. Eles tentam fazer
em uma estratégia de governança reativa e pragmática, oposto de uma
diferenças com um passo à frente dos seus concorrentes adotando
governança proativa e estratégica (Taylor, 2004).
o modelo de inovação como um dos principais princípios da gestão
De acordo com Newell e Swan (1995), as organizações precisam inovar
(Atalay et al., 2013).
Metodologia Baseado nas teorias apresentadas por Newell e Swan (1995) e Thibault, Hinings e Slack, (1993), um dos fatores de inovação para atrair mais dinheiro para os clubes é aumentar a base de sócios e de espectadores no estádio. Portanto, o programa sócio torcedor dos doze principais clubes brasileiros foi considerado como uma estratégia de inovação. Com esse objeto de estudo definido, o próximo passo foi analisar as receitas advindas dos sócios torcedores e compará-las com a receita de bilheteria. Os resultados foram então comparados com os resultados em campo das equipes brasileiras para se verificar se havia alguma relação entre bilheteria x resultados e sócio torcedor x resultados e avaliar se a implementação dos programas de sócio torcedor trouxeram uma receita adicional e estável aos clubes.
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Os resultados Como já apresentado as fontes de receita com bilheteria nos principais clubes europeus são tão relevantes como as receitas com direitos de transmissão e marketing, o que destoa dos clubes brasileiros conforme observado na Tabela 1. Um dos motivos claros é a taxa de ocupação dos estádios. Na Tabela 3 observa-se que o Brasil, a despeito de sua fama de futebol de primeira classe aparece apenas na 31
que inclui tanto a venda de ingressos como o de sócio torcedor (Tabela
posição, com apenas 38%, quando se discute taxa de ocupação.
4). Estes dados ilustram a distância em que se encontra o futebol
Este resultado se reflete diretamente no faturamento com bilheteria
brasileiro do europeu.
Tabela 4: Porcentagem de faturamento com bilheteria times brasileiros 2013 Observa-se que os dois primeiros colocados da Tabela 4, Cruzeiro e Flamengo, tiveram um grande salto com essas receitas em 2013 pois foram respectivamente Campeão Brasileiro e Campeão da Copa do Brasil, o que comprova o que foi citado por Madrigal (1995), Domazlicky & Kerr (1990) e Wakefield & Sloan (1995), que se os times que estão ganhando e/ou o torcedor tem boas experiências nos estádios, eles costumam ir mais aos jogos e gastar mais, aumentando as receitas dos clubes. O mesmo pode-se verificar na Tabela 5 quando as receitas brutas com bilheteria são apresentadas. Com isso os clubes passam a ficar na dependência de uma temporada de bons resultados o que em um esporte de alta competição dura de um a três anos. O Atlético Mineiro também teve um dos melhores faturamentos com bilheteria em 2013 por ter sido o Campão da Taça Libertadores da América. Ao analisar a Tabela 5 verifica-se que as receitas com bilheteria estão diretamente relacionadas com a performance dos clubes nos campeonatos, oscilando a cada ano de acordo com as conquistas em campo. Quando os clubes estão ganhando seus jogos e torneios o torcedor vai mais ao estádio, caso contrário deixam de frequentar.
Tabela 5: Evolução do faturamento com bilheteria entre 2006 e 2013 (milhões de R$)
40 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Avaliando as receitas com o programa Sócio Torcedor (Tabela 6),
com oscilações bem inferiores às encontradas nas receitas com bilheteria,
diferentemente do Cruzeiro, o Flamengo conseguiu um dos maiores
comprovando o que foi citado por Denis (1993) ao dizer que o fator
resultados em 2013. Outro exemplo desta mudança é a equipe do
de lealdade ao invés de satisfação do cliente é a principal diferença no
Corinthians cuja receita advinda de bilheteria caiu em mais de 10% de
consumidor esportivo, e essa diferença de foco deve ser considerada na
2012 para 2013. Sendo que no ano de 2012 o clube foi campeão da Taça
gestão da inovação.
Libertadores, enquanto em 2013 teve uma atuação abaixo do esperado
Outro caso que ilustra a importância do sócio torcedor é a evolução
nos campeonatos que disputou. Observando-se a tabela verifica-se que
da receita do Santos. Enquanto o sócio torcedor vem crescendo, tendo
as receitas do Corinthians com os Sócios Torcedores caem apenas em 1%
um crescimento de 68% entre 2012 e 2013, as receitas de bilheteria vem
no mesmo período. O mesmo fenômeno ocorre com o São Paulo entre
caindo de 2011 em diante. Este resultado corrobora com o encontrado
os anos de 2010 e 2011.
por Madrigal (1995), Domazlicky & Kerr (1990) e Wakefield & Sloan
Em praticamente todos os clubes a receita com Sócio Torcedor tem um
(1995), pois quando o time estava em alta 2011 as receitas de bilheteria
salto em nível de faturamento desde o primeiro ano da sua implemen-
chegaram 37.8 milhões de reais e nos últimos dois anos com resultados
tação pelos clubes e são menos dependentes dos resultados em campo,
mais modestos, o faturamento caiu.
Tabela 6: Evolução do faturamento com sócio torcedor entre 2006 e 2013 (milhões de R$)
O Internacional e o Grêmio têm uma política de Sócio Torcedor inovado-
al., 2013), é importante manter um passo à frente dos seus concorrentes
ra em relação aos demais, pois todos os associados dos programas, além
adotando modelos de inovação Essa medida adotada pelos dois clubes de
dos benefícios na compra de ingressos e descontos e promoções com
Porto Alegre pode ser considerada como um passo à frente dos demais,
as empresas conveniadas, também têm direito a voto para o Conselho
pois ambos lideraram o número de sócio torcedores e de faturamento
Deliberativo e para Presidente do Clube. Como citado por (Atalay et
entre os 12 principais clubes do Brasil até 2013.
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Considerações Finais Por meio dos dados relatados, nota-se que o programa Sócio Torcedor
jeto nos 12 clubes, a receita proveniente do Sócio Torcedor mudou de
além de ser inovador ainda tem um grande potencial a ser explorado
patamar e não retornou mais aos níveis anteriores ao projeto no período
pelos clubes brasileiros no quesito referente ao aumento de receitas,
analisado.
por meio de um aumento de diferenciação nos seus programas, como o
No Brasil, diferentemente da Europa, os fanáticos são os que mais fre-
implementado por Internacional e Grêmio.
quentam os estádios, mas esse grupo de torcedores é apenas uma parcela
Os clubes brasileiros continuam dependentes das vitórias e do sucesso
do total de torcedores de cada time. Como mencionado por Wakefield
dos seus times para atrair os torcedores aos estádios. Essa dependência
& Sloan (1995), quanto mais fanático o torcedor menos ele irá levar em
do sucesso da equipe em campo para aumentar as receitas com bilhete-
conta os serviços e a baixa qualidade do estádio. Já para os torcedores
ria pode ser frágil visando um planejamento de receita a médio e longo
menos leais, a qualidade do estádio terá forte influência na sua decisão
prazo, Com essa situação, se Cruzeiro e Flamengo não repetirem as
de compra. Esse grupo de torcedores menos leais é o que pode ser mel-
campanhas de sucesso de 2013, no final de 2014 provavelmente não terão
hor explorado pelos clubes, visando frequentarem os estádios. Como
suas receitas com bilheteria como uma das maiores em relação ao seu
citado por Atalay et al (2013) a gestão da inovação ajuda os clubes a
próprio faturamento bem como aos demais clubes.
aumentarem seus faturamentos de uma forma mais rápida e eficaz, e um
É possível observar que os clubes, ao trabalharem de forma mais eficaz
programa de vantagens visando atrair esse público alvo deve ser avaliado
o projeto Sócio Torcedor, podem conseguir um aumento significativo e
pelos clubes como parte de sua estratégia.
constante nas receitas com esse tipo de ação pois, após o início do pro-
Bibliografia *Atalay, A., Yücel, A. S., & Boztepe, E. (2013). A different approach to
Sector Quarterly, 36, 256-281
the modern sport administration: method of innovation. International
*Newell, S.,Swan, J. (1995). The diffusion of innovations in sport orga-
Journal of Academic Research, 5(2), 109–115. doi:10.7813/2075-
nizations :aAn evaluative framework. Journal of Sport Management, 9,
4124.2013/5-2/B.16
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*Cardoso, M. V., Fleury,F.A., & Santos, J.M.C.M. (2013). O legado da
*Pluri Consultoria (2013). Ranking mundial de ocupação dos estádios.
Copa e seu impacto no
Pluri Consultoria.
futuro da cidade de São Paulo. Future Studies
Reserach Journal, 5, 164-197.
*Pluri Consultoria (2014). Análise de balanço dos clubes brasileiros
*Cuskelly, G., Hoye, R., & Auld, C. (2006). Working with volunteers in
2013, Pluri Consultoria.
sport: Theory and practice. London: Routledge.
*Taylor, P. (2004). Driving up sport participation: sport and volunteering.
*Deloitte Consultoria (2014). Football Money League. Deloitte
Driving up participation: The challenge for sport (pp. 103-110). London:
Consultoria, Sport Business Group.
Sport England.
*Domazlicky, B. & Kerr, M.(1990). Baseball attendance and designated
*Thibault, L., Hinings, B., & Slack. T. (1993). A framework for the
hitter. American Economist, 34(1), 62-69.
analysis of strategy in nonprofit sport organizations. Journal of Sport
*Madrigal, R. (1995). Cognitive and affective determinants of fan satis-
Management, 7(1), 25-43.
faction with sport event attendance. Journal of Leisure Research, 27(3),
*Wakefield, K. L., & Sloan, H. J. (1995). The effects of team loyalty
205–227.
and selected stadium factors on spectator attendance. Journal of Sport
*McDonald, R. (2007). An investigation of innovation in nonprofitorga-
Management, 153–173
nizations: the role of organizational mission.Nonprofit and Voluntary/
Sobre os autores: Marcos Vinicius Cardoso: Economista, mestre e doutor em Administração pela Universidade de São Paulo. Professor do curso de Mestrado Profissional da Universidade Nove de Julho. Consultor nas áreas de gestão do Esporte e Jogos Digitais.
Marcelo Paciello Silveira: Mestrando em Gestão do Esportes, profissional no segmento comercial, gestão e marketing, atuando como consultor de negócios no segmento esportivo e industrial.
Sobre o Texto:
Este é texto é um resumo, dos meus autores, denominado “A IMPORTÂNCIA DA ADOÇÃO DO PROJETO SÓCIO TORCEDOR COMO ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO PARA AUMENTAR AS RECEITAS DOS CLUBES DE FUTEBOL NO BRASIL” disponiv+el em: http://www.podiumreview.org.br/ojs/index.php/rgesporte/article/view/99
42 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
QATAR E MUNDIAL DE ANDEBOL: FAZ SENTIDO A ESTRATÉGIA SEGUIDA? A equipa do Qatar criada em tempo recorde com jogadores naturalizados e há custa de muito dinheiro, tornou-se vice-campeão do Mundo de andebol, mas que sentido faz? É isto o futuro? E gostamos deste futuro?
A
seleção masculina do Qatar de andebol é desde o pri-
sificado do ranking mundial passou diretamente para 2º - diga-se,
meiro dia de fevereiro deste ano, vice campeã do Mundo.
com umas sérias ajudas das arbitragens, que têm criado uma imensa
Mas, por trás deste sucesso, esta uma máquina bem
polemica nos media internacionais. Relembre-se que o Qatar jogou
oleada e cheia de dinheiro, que contribuiu decisivamente
em casa este Mundial. E não foi só dentro de campo que este
para este resultado histórico. Tão histórico, que é o melhor resul-
Mundial marcou negativamente esta modalidade. “A organização
tado de sempre de uma seleção não europeia.
recrutou em Espanha uma claque encarregada de apoiar a seleção
Olhando com atenção, para a foto acima, vemos um conjunto de
organizadora e ensinar os adeptos locais a dar vida aos novos pavil-
atletas vestindo as cores do Qatar, que nasceram em um outro
hões state of the art de Doha. Eram cerca de sessenta. Sessenta atores
local qualquer. Tem um pouco de tudo. Bósnios. Montenegrinos.
secundários nesta enorme encenação de poder com direito a viagem,
Egípcios. Tunisinos. Espanhóis. Franceses. Cubanos. Iranianos.
férias pagas, e acesso a todos os jogos, a troco de cânticos, bombos,
Sírios. E nos dezasseis homens acima, apenas cinco nasceram no
e uma mão no coração no momento do hino. Incluindo no jogo
país que envergam a camisola.
contra a Espanha, claro. O dinheiro compra a excelência, compra os
E não podemos, pelo menos não aqui, de globalização e das natu-
meios e compra tempo, já o sabíamos. O que esta foto nos diz é que
ralizações vindas dos novos fluxos de imigração. Aqui, foi o poder
também compra a paixão”.
desportivo, que cria e executa do nada uma nova equipa, com poten-
Após este Mundial de andebol, e sublinhado que as naturalizações
cial de vitória e quase exclusivamente com cidadãos estrangeiros,
em excesso não são uma exclusividade do Qatar, olhe-se para o fut-
assentes num imenso poder económico que por exemplo, oferece
sal, e temos que nos perguntar se é este o caminho para o futuro do
um inacreditável prémio de cem mil euros por vitória a cada jogador.
desporto? Ganha quem tem mais dinheiro? Mesmo nas competições
A escala deste “projeto” é alarmante. Este projeto mostra-nos quão
entre países? Faz isto algum sentido? Ficam estas perguntas para o
fácil “tudo pode ser comprado”. Até que haja dinheiro. O 20º clas-
debate!
Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 43
ANEMIA & PERFORMANCE
Analise das causas e do impacto negativo que o défice do micronutriente de ferro pode ter na performance de um atleta, nomeadamente em modalidades de longa duração aeróbica.
A
insuficiência do micronutriente
somam às advindas pela atividade física
dia dos 11 aos 50 anos, reduzindo-se para
ferro - Ferropenia, usualmente
intensa e continuada – tanto pela com-
10mg ao dia a partir dessa idade.
chamado de estado deficitário
petição como pelos treinos. Aspeto que
Nos atletas, estas doses devem ser substan-
de ferro (Fe) ou anemia for defi-
assume ainda contornos mais graves nas
cialmente aumentadas; devendo o aumen-
ciência de ferro, é a carência mais frequent-
atletas do sexo feminino, que estão mor-
to da dosagem depender tanto das perdas
emente encontrado no ser humano, de tal
fologicamente mais predispostas a perdas
associadas à prática desportiva quer à
forma, que se estima que pelo menos 600
de ferro.
própria biologia do atleta.
a 700 milhões de indivíduos, um pouco
Segundo
Recomendações
O micronutriente ferro desempenha
por todo o mundo, não tenham os níveis
Dietéticas (RDA), recomenda-se uma
um papel fundamental no transporte
aconselháveis de ferro no seu organismo.
ingestão mínima de ferro de 12mg ao dia
de oxigênio e na produção de energia
No desporto, e para os atletas, esta prob-
nos rapazes de 11 a 18 anos e de 10mg ao
e parece ainda necessária a manutenção
lemática assume uma dimensão superior,
dia a partir dos 19 anos, enquanto que
de um equilíbrio nos atletas, o que pode
dado que as perdas corporais habituais se
para as mulheres o mínimo é de 15mg ao
comprometer severamente o desempenho
44 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
as
atuais
desportivo para modalidades de longa
quentes e muito húmidos, a suor e a perdas
duração e com grandes grandes esforços
de líquidos por transpiração é frequente e
aeróbicos.
abundante, com o consequente aumento das
As perdas e/ou défice de ferro nos atle-
perdas de Ferro.
tas podem ser consequência de diversos
Eritropoiese ineficaz. Durante o exercício
fatores, e por norma da soma de vários
físico a “necessidade de oxigênio por parte
desses diversos fatores, e são classificadas
dos tecidos pode atuar como um estímulo
em 2 grupos: fatores nutricionais e as oca-
da eritropoiese, cedendo assim o oxigênio
sionadas originadas pelas maiores neces-
mais facilmente aos tecidos”, entre eles os
sidades ou perdas de ferro.
rins, nos quais ao nível da mácula densa
Os fatores nutricionais destacam-se a insu-
está reduzida a síntese de eritropoietina e
ficiência ingestão de ferro e Absorção
consumindo deste modo mais ferro.
intestinal reduzida pela própria com-
Por fim, a menstruação: Todas as perdas de
posição da dieta, que pode advir da com-
Ferro nos atletas são maiores nas mulheres,
posição da dieta, a absorção de Ferro pode
devido às perdas menstruais adicionais.
ser facilitada ou inibida.
As deficiências de Fe ocasionadas pelo
Temos em primeiro o facto mais recor-
exercício físico não conduzem bruscamente
rente: Aumento da mioglobina e dos siste-
ao surgimento de anemia mas desenvolve
mas enzimáticos devido ao treino muscu-
m-se progressivamente em três fases. Ainda
lar. O treino regular produz modificações
que tecnicamente exigente fica aqui uma
no organismo, com aumentos da massa
breve explicação:
muscular e maiores necessidades de com-
Deficiência de ferro pré-latente. “Começam
postos de Ferro, obrigando o corpo a uma
a se esvaziar os depósitos de Ferro do siste-
adaptação.
ma mononuclear fagocítico, permanecendo
Em segundo temos, perdas urinárias de
ainda intactos os depósitos dos macrófagos
Feroo, e ocorre na forma de hematúria,
da medula óssea”.
hemoglobinúria ou mioglobinúria, sendo
Deficiência de ferro latente ou eritropoiese
mais frequentes nos corredores de longa
deficiente. Os “níveis de ferritina sérica,
duração.
assim como dos macrófagos na medula
Perdas gastrointestinais de sangue. São
óssea, continuam diminuindo”, até que os
descritas muito frequentemente em mara-
depósitos de ferro do organismo estejam
tonistas. “A presença de hemoglobina fecal
quase nulos.
é um achado muito frequente e a sua causa
Por último, anemia ferropênica para além
mais comum é creditada à redução da per-
de tudo o que foi mencionado acima, insta-
fusão esplâncnica, que durante o exercício
la-se um quadro de anemia clínica, com
físico chega a 80%, com a consequente
reduções importantes da hemoglobina.
O micronutriente ferro desempenha um papel fundamental no transporte de oxigênio e na produção de energia e parece ainda necessária a manutenção de um equilíbrio nos atletas, o que pode comprometer severamente o desempenho desportivo para modalidades de longa duração e com grandes grandes esforços aeróbicos.
hipoxia e isquemia intestinal que produzirá lesões ulcerativas”. Perdas pela transpiração. Em ambientes
Jorge Nunes, especialista em desporto contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 45
1 1
2
3 4
FORMULA 1 E TECNOLOGIA A tecnologia recente dada pela F1 aos carros que todos conduzimos .
1- FREIOS ABS 2- MOTOR HÍBRIDO 3- CONTROLE DE TRAÇÃO 4- SUSPENSÃO ATIVA
1.
FREIOS ABS Acrónimo da expressão alemã Antiblockier-Bremssystem, o freio ABS é um sistema de travagem que evita que a roda bloquei em travagens bruscas e repentinas e entre em derrapagem, e deixe o automóvel sem aderência à pista. Os
freios a disco foram implantados na F1, a partir dos anos 80, com as equipes e os pilotos a beneficiar da leveza e operacionalidade dos freios a temperaturas extremas, evitando igualmente muitas derrapagens e acidentes. Atualmente este sistema utiliza sensores que monitoram a rotação de cada roda e a compara com a velocidade do carro. Auxiliando assim um maior equilíbrio das várias forças do carro aquando de travagens bruscas.
46 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
2.
MOTOR HÍBRIDO. Um automóvel com motor hibrido combina duas ou mais fontes de potência, normalmente um motor a gasolina e um elétrico. Na formula 1 tem como principal objetivo reduzir o consumo de combustível e assim
minimizar as perdas das paragens das boxes e da diminuição das perdas de performance devido ao excesso de peso de combustível. Desde as mudanças operadas na época passada, os motores híbridos têm ainda mais preponderância. Nos nossos carros, os híbridos também diminuem as emissões de CO2 para a atmosfera. No motor eléctrico, um das suas características, é funcionar simultaneamente como um motor que fornece potência para o andamento do automóvel e como um gerador que recarrega as baterias. Quando o automóvel está a abrandar o motor eléctrico atua como um gerador que recarrega as baterias, ajudando também a travar o automóvel. Melhorando deste modo a performance do veiculo.
3.
CONTROLE DE TRAÇÃO. Apesar de atualmente abolido da Formula 1 para melhorar a competitividade, os sistemas de controle de tração, do inglês – traction control system, estão presente em quase todos sos carros que circulam nas nossas estradas.
Este sistema localizado em um processador central monitora a aderência dos pneus. Para isso, são instalados alguns sensores nas rodas do veículo e um sistema que avalia os riscos de os pneus girarem em falso. Se um risco dessa proporção ocorre, os freios são acionados apenas na roda que está patinando. Dessa forma, o controle de tração evita que o condutor perca o controle do veículo.
4.
SUSPENSÃO ATIVA. Esta é uma tecnologia automática que controla os movimentos verticais das rodas através de um sistema eletrônico. Ao contrário do sistema de suspensão comum, que trabalha de acordo com a rodagem, a suspensão ativa corrige as imperfeições da pista com mais
eficiência que, por sua vez, dá mais estabilidade e desempenho ao veiculo, seja em curvas, aceleração ou travagem, e facilita o controlo do automóvel por parte do condutor. Na Formula 1 a suspensão ativa apareceu primeiro na Williams na F1 dos anos 90, dando uma vantagem desproporcional para Nigel Mansell, no campeonato de piltos. Agora, esta tecnologia é já uma norma na F1 e cada vez mais frequente nos carros de estrada comuns, que usam inclusive, cada vez mais, a captura de vídeo para os necessários reajustes de movimentos.
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F1 & TURISMO:
O CASO DE SÃO-PAULO (BR) FÓRMULA 1 GERA R$ 260 MILHÕES PARA SÃO PAULO SENDO DESTA FORMA UM MEGAEVENTO ALTAMENTE LUCRATIVO Ana ferreira, especialista em desporto, marcas e marketing contato@desportoeesport.com
O
rendimento e retorno económico e financeiro
3. Grande oferta de produtos e serviços geralmente com pouca
de megaeventos desportivos tem sido alvo, inclu-
procura por parte das populações locais, permitindo um escoa-
sive por esta revista, de enorme debate e diversas
mento de certas empresas, e/ou a criação de empregos temporários
analises. As conclusões, como é sabido, não são una-
ou de novos serviços.
nimes, e dependem positivamente do evento analisado. Talvez em nenhum país como o Brasil este debate se tem feito de forma tão
4. Alteração positiva da rotina da cidade, com um aumento signifi-
acirrada, em muito devido à Copa de Futebol do ano passado e das
cativo de ofertas de entretinimento, e uma maior interação, sempre
Olimpíadas do próximo. Os grandes prémios de Formula 1, apesar
positiva, com comunidades turistas. E medidas mais assertivas e
de bem menos mediaticamente debatidos, entram de forma clara
apertadas na segurança.
na designação de megaevento desportivo. E no caso dos Grandes Prémios e apesar dos avultados investimentos públicos, mostram-
5. Novos eventos paralelos ao evento principal e investimento
se altamente rentáveis. Focando o caso do Grande Premio do
de empresas e marcas que geram retornos económicos para as
Brasil, em São Paulo, é inclusive um caso de enorme sucesso, e
comunidades
são várias as razões apontadas. O artigo de viviane Domingues “Turismo e Automobilismo: efeitos da formula 1 em São Paulo”
E os números confirmam estes pontos. Ao que se soma, no caso de
anuncia 5 vantagens:
São Paulo, ser o Grande Prêmio de Fórmula 1 com maior audiência do campeonato mundial. Em 2013, a prova foi assistida em
1. A visibilidade da f1 na medea intensifica a publicidade em torno
77 milhões de casas em quase 200 países. O levantamento ainda
do autódromo, aumentando as motivações ligadas à autoestima e
revela novas cifras sobre a presença de São Paulo no calendário da
ao sentimento patriótico.
Fórmula 1 e mostra a importância do evento para a cidade. O valor mensurado da exposição da cidade, por conta do GP Brasil no ano
2.Os patrocinadores, muitos deles locais ou nacionais, aproveitam
passado, atingiu a marca de US$ 234,3 milhões (aproximadamente
o evento para publicitarem os seus negócios e marcas.
200 milhões de euros), totalizando mais de 5,6 mil artigos publi-
48 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
O AUTÓDROMO AUTÓDROMO JOSÉ CARLOS PACE) É UM AUTÓDROMO LOCALIZADO NO DISTRITO DE CIDADE DUTRA NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL. PELA PROXIMIDADE COM O BAIRRO DE INTERLAGOS É POPULARMENTE CHAMADO DE AUTÓDROMO DE INTERLAGOS. FOI INAUGURADO EM 12 DE MAIO DE 1940, E TEM UM PERCURSO 4,309 KM. cadas em 22 línguas. Este números mel-
SPTuris/Autódromo de Interlagos, Wilson
que geram receita para o município. “O
horaram para 2014 gerando um valor,
Poit.
Grande Prêmio Brasil de F1 é um ganho
unicamente, para a cidade de São Paulo
Interlagos também estave com “casa cheia”.
para a população e seus visitantes não ape-
uma movimentação econômica de cerca
O número total de adeptos presentea no
nas pela oportunidade do entretenimento
de R$ 296 milhões na cidade, segundo
Autódromo, de acordo com a organiza-
e da apreciação do esporte a motor, mas
o Observatório de Turismo e Eventos de
ção da prova, foi de 133 mil fãs nos três
também por contribuir com a maximi-
São Paulo, núcleo de pesquisas da empresa
dias de prova. O número é superior aos
zação da ocupação hoteleira e de toda a
municipal São Paulo Turismo (SPTuris).
130 mil que compareceram no circuito
cadeia produtiva do turismo, ou seja, res-
O número foi recorde e 13% acima do ano
em 2013. “O impacto econômico da F1
taurantes, compras, transportes, entre out-
passado, superando as expectativas.
em São Paulo consolida a prova como o
ros, beneficiando da economia na cidade”.
“Esperávamos que seria bom, mas foi ainda
evento anual com maior movimentação
F1 é então um dos principais e mais
melhor. Tudo ajudou. Muitos turistas, um
econômica gerada pelo turismo na cidade”,
lucrativos megaeventos desportivos e uma
campeonato competitivo e uma excelente
completa Poit.
exelente oportunidade para as grandes
organização”, disse o secretário municipal
Para Poit, o GP é responsável por impul-
cidades.
para Assuntos de Turismo e presidente da
sionar, todos os anos, diversos setores
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O PAPEL DE UM LÍDER DE CLAQUE: SEGUNDO SIGMUND FREUD
OS LÍDERES SÃO COMO UM “PAI” QUE TANTO PODEM EXERCER UMA INFLUÊNCIA POSITIVA OU NEGATIVA NA “PEQUENA MULTIDÃO” DAS CLAQUES.
F
reud analisa esta temática segundo o pressuposto do
É importante igualmente refletir de que forma o nível de organiza-
Homem inserido num grupo, e a forma como ele se
ção das claques e o papel dos líderes desempenham nesta reali-
modifica, em fenómenos como por exemplo a inibição
dade, podem potenciar os casos de violência. Sendo a principal
do intelecto do individuo, o aumento da afetividade ou o aumento
causa a restrição de locais, o que tem o lado perverso de agravar a
da sugestibilidade. No seu texto “Psicologia de grupo e análise
rivalidade entre emblemas.
do ego”, Freud destaca três características chave do que significa
Freud enfatiza a influência do líder e compara-a com a dimensão
a união de um homem a um grupo e que podem facilmente ser
que um pai tem para com um filho. O líder, para Freud, assume-se
trazidas para o desporto, as claques e o suporte do adepto da sua
como um ser irresistível e possui sobre o grupo o poder de incenti-
equipa. Primeira característica: possuir um ideal de união. Em
var ou desencorajar atos de violência. Neste seguimento, podemos
seguida, é necessária uma interação sob a forma de rivalidade
olhar para os atos de violência nas claques com uma correlação
com grupos semelhantes. Por fim, a hierarquização do grupo bem
direta com o seu líder e o seu desejo e a sua postura diante o grupo
definida, sendo que esta característica torna-se mais importante
e a sua conduta perante um determinado evento.
nas claques ou grupos organizados.
Segundo Gustavo Morais, e no seu artigo sobre este tema, “
Freud analisa a psicologia de massas como parte integrante da
podemos afirmar que um time de futebol começa a ser amado
psicologia social e que se insere o individuo enquanto membro
antes da transferência desse amor para os integrantes da sua tor-
de uma raça, profissão, nação, instituição ou multidão com fins e
cida. A reflexão freudiana sobre o “estar amando” é iniciada com
objetivos comuns e determinados. Sendo que neste ponto, pode
o estudo da identificação, que trata de laços emocionais difíceis de
entrar igualmente a ideia defendida por Freud, do narcisismo das
descrever. Esse estudo da identificação permite melhor entendi-
pequenas diferenças.
mento do grupo”.
O homem, enquanto individuo singular, apresenta em situações
Freud assume igualmente a ideia que a lei não tem a força dissua-
específicas aquilo que Freud denominou de instinto social, e apre-
sora necessária para atuar eficazmente num grupo. Pelas palavras
senta um conjunto de comportamentos em situações coletivas que
de Freud, “ a lei não é capaz de deitar a mão sobre as manifestações
superam o indivíduo e o seu comportamento tipo.
mais cautelosas e refinadas da agressividade humana”.
A mudança de comportamentos deve-se pela necessidade que
Por fim, a idealização da equipa desportiva pelo adepto nunca
coesão do grupo seja garantida. E, ao contágio que sempre se veri-
termina ou tem tréguas. Mesmo em situações que essa mesma
fica do grupo para com o individuo. A força de contágio tem uma
idealização não se justifica. O que é um enorme potencial para
relação direta com a quantidade de pessoas que o repetem.
atos de violência.
50 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Violência no desporto: Casos, Causas, Culpados e Soluções
AS RAZÕES PARA A VIOLÊNCIA
“MASCULINIDADE” DOS INTERVENIENTES, HOOLIGANISMO, NATUREZA DO RECINTO DESPORTIVO, PATRIOTISMO, ÁLCOOL, RACISMO, GRUPOS ULTRAS, ETC.
A
s causas da violência em recin-
só se pode fazer respeitar quando ela
caminham de mãos dadas para explicar
tos desportivos ou nas suas
própria sabe respeitar e não invoca a sua
um fenómeno.
imediações prendem-se, segun-
força como meio de coação”.
Mas, o futebol e nomeadamente as claques
do a literatura e os estudos mais
Mas, não devemos olhar para a violência
são também uma enorme e chamativa
recentes, com treze aspetos: masculinidade
no desporto e para as suas causas, de
fachada para um conjunto de pessoas
dos intervenientes, hooliganismo, nature-
forma distinta da que é olhada para a
“menos
za do recinto desportivo, patriotismo,
violência humana em qualquer outra área.
políticos extremistas, como ideologias
condições de temperatura, obscuridade e
Ainda que o desporto potencie o fana-
assentes no fascismo ou nazismo, são fre-
ruído, álcool, racismo, grupos ultras, rival-
tismo que o futebol emana, e possa ser um
quentes e servem-se das forças das claques
idade entre os clubes envolventes, laços
escape na dura realidade da vida urbana
para alcançarem poder e potenciarem
identificativos e o próprio historial vio-
atual, ou o desporto como um despertar
as suas capacidades de divulgação. E. o
lento de cada individuo particular. E isto
de angústias e frustrações que culminam
desenvolvimento de atividades criminosas
junta-se como é obvio a relação do indi-
numa vontade de rebelião.
dentro das claques é algo também muito
viduo/grupo abordado no texto ao lado.
Olhando então a problemática da violên-
frequente; atividades essas que passam
E temos ainda que contar com a ine-
cia no homem encontramos duas teorias
principalmente pelo tráfico de estupefa-
ficiência das autoridades em lidar com
dominantes:
cientes e de armas de fogo. A maioria das
estas questões tão complexas, explosivas
A teoria da emoção-instinto de Freud e
claques desportivas opera com quase, ou
e volúveis. A organização dos espetáculo
Adler influencia um estudo que leva à
mesmo nenhuma, vigilância, originando
desportivo é, em algumas modalidades,
conclusão de que toda agressão é sempre
desse modo um terreno fértil para o crime;
uma verdadeira “operação militar”. Esta
resultado duma frustração anterior. Culpa-
até porque muitas dessas mesmas claques
situações potenciam fortemente a ocor-
se a sociedade, criadora de todas as frust-
têm acesso a áreas e recintos vedadas aos
rencia de violencia; onde os adeptos se
rações. Na teoria de Bandura e Walters a
olhos das autoridades.
sentem tratados como autenticos crim-
agressão é aprendida, assim como todo
Por fim, em certos países, Portugal é um
inosos. No artigo de Mário Borgonha no
comportamento humano é aprendido com
perfeito exemplo desta realidade, são os
Publico, “ violência no desporto”, é escrito:
a vivência e as inter-relações. Sendo assim,
próprios dirigentes dos clubes que aci-
”A arbitrariedade, a prepotência e o desre-
entende-se o homem como produto do
catam os ânimos e se apoiam nas claques
speito pelas normas estabelecidas levam à
meio, influenciado pelo meio ambiente,
e nos seus adeptos como meio e forma
indignação e podem conduzir, na verdade,
levado ao comportamento criminoso pela
de poder sobre as instâncias desportivas
à violência. Reprimir a violência de forma
cruel sociedade.
de modo a retirar proveito desportivo.
insensata pode conduzir a uma violência
Estas duas teorias não devem ser enten-
Incendiando um ambiente já quente. A
ainda maior, ou seja, de grau superior. Daí
didas como antagónicas mas comple-
falta de cultura desportiva ou de “Fair.
o sermos apologistas de que a “autoridade”
mentares, em que psicologia e sociologia
play” em muitos casos é gritante.
recomendáveis”.
Movimentos
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 51
Violência no desporto: Casos, Causas, Culpados e Soluções
ELIMINANDO A VIOLÊNCIA
FIRMEZA, MAIS ESPAÇO DE MANOBRA PARA AS POLÍCIAS E TRIBUNAIS E UMA AFIRMAÇÃO SISTEMÁTICA DO “FAIR-PLAY” E DO IDEAL DE NÃO-VIOLÊNCIA.
N
o que respeita à prevenção da violência no desporto, e
como Lei dos Espectadores de Futebol. Entre as deliberações, con-
em particular da violência associada ao futebol, vários
stava mais poder para a polícia, penas mais duras e reforma dos
autores e estudos salientam que esta deve associar-se
tribunais; as presenças nas esquadras de pessoas com histórico de
à: prevenção de outras formas de violência, nome-
violência nos estádios é celebre e constava neste pacote. Foi ainda
adamente da violência doméstica e da violência em certos bairros;
obrigatório modernizar os estádios (todos sentados, câmeras de
inserir-se em programas de educação cívica; promoção da divul-
vídeo, a melhoria do acesso); para isso o Estado concedeu emprés-
gação de normas de conduta e códigos de ética para regular com-
timos aos clubes, o que aumentou os preços dos bilhetes para trip-
portamentos em recintos desportivos, através dos próprios clubes
licar, eliminado assim também pessoas que não tenham interesse
e associações desportivas; restrição da venda de bebidas alcoólicas
unicamente no espetáculo – já que criar “confusão” passou a ser
nos recintos desportivos; regulação dos níveis de ruído e evitar que
muito caro.
os espetáculos ocorram à noite, pois a obscuridade parece facilitar
Ultimamente têm-se olhado também para as redes sociais como
a violência. E medidas anti-holiganismo musculadas e um maior
um excelente meio de consciencialização dos adeptos e de uma
controlo das claques e dos seus lideres.
forma de maior integração dos clubes com os seus sócios e sim-
No que diz respeito ao combate ao holiganismo Inglaterra é um
patizantes. Assim como passar e falar sistematicamente de ideias
exemplo a seguir. Com o pior dos registos nos anos oitenta e no
como “fair-play” e de ideologias de não-violência. E, o escape que
principio dos anos 90, conseguiu em pouco mais que um punhado
as redes socias, através por exemplo do insulto, também se tem
de anos irradiar quase que totalmente os casos de violência nos
mostrado eficaz na eliminação da angustia sem recorrer a actos
estádios de futebol. Para isso, ordenou uma investigação completa
violentos. Por ultimo, os clubes e os seus dirigentes devem dar o
e detalhado dos fenómenos de violências e das suas origens, e
exemplo e comportarem-se como homenzinhos que são e com as
após deliberação, ordenou um condensado de medidas designado
responsabilidades que têm.
Continua na pág. 67
52 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Desporto&Esport Edição nr.2
www.DesportoeEsport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 53
Danny Mills(Eng), Futebol
O EMPREENDEDORISMO EM EX ATLETAS PROFISSIONAIS DE TOPO
COMO ESTES ATLETAS “DRIBLARAM” A POUCA LONGEVIDADE DAS CARREIRAS DESPORTIVAS E CRIARAM NEGÓCIOS DE SUCESSO.
Tiago P. Nunes, especialista em gestão e negócios contato@desportoeesport.com
54 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
A
carreira profissional de um desportista de topo é curta; na maioria dos casos pouco mais que uma década. Se olharmos para os anos financeiramente produtivos, fixamo-nos em valores entre os 4 e os 6 anos, depen-
dendo da modalidade. E isto, se o atleta chegar a um patamar elevado e financeiramente compensador. A maioria aufere unicamente o suficiente para a sobrevivência diária. Para piorar, temos ainda as lesões e a maior irregularidade exibicional com o passar dos anos. Não é de surpreender, então, que na última década os desportistas profissionais foram ponderando as suas opções e alternativas profissionais futuras a partir de uma idade precoce da sua vida desportiva. Alguns iniciaram os seus negócios quando ainda estavam a competir. Os próximos quatro nomes, são exemplos modernos de ex-atletas de topo que após se retirarem da competição abraçaram uma vida de negócio de sucesso. Após uma carreira de sucesso na Africa do Sul como jogador de críquete, Gary Kirsten regressou à India em 2004, embarcou em uma carreira de gestão com muito sucesso. Kirsten lançou uma empresa de turismo, a Gary Kirsten Travel and Tours. Apesar de se mudar para a indústria de viagens, Kirsten não está muito longe de suas raízes no cricket. A sua empresa oferece passeios globais para jogadores e fãs de todas as nações - incluindo o Reino Unido, aproveitando e bem a sua fama global. Kirsten aposta agora na alta demanda do mercado indiano, onde o cricket é o desporto com mais adeptos e que mais curiosidade provoca. E se pensarmos que a India é o segundo país mais populoso do Mundo, e a caminho do primeiro, o potencial é ilimitado. Danny Mills, ex-jogador do Leeds e de Inglaterra, conhecido pelo seu feitio difícil e de pavio curto , foi fundamental para salvar o West Cornwall Pasty Company. Segundo o próprio: “Eles estavam com um pouco de dificuldade, mas é uma marca fantástica e um grande produto”, disse ele na época. Com o investimento feito e com os juros que recebe atualmente, Milles tem, não só o futuro assegurado, como ainda lhe dá espaço para se dedicar à caridade, mostrando que este antigo durão, tem também um coração mole. Robbie Fowler, na foto abaixo, foi outro jogador que soube adaptar-se na perfeição na
Gary Kirsten (Ind), Críquete
sua vida fora dos relvados, tornando-se num enorme “player” no imobiliário no Reino Unido, sendo também, o exemplo perfeito de alguém que soube preparar com antecedência a sua aposentadoria do desporto. A sua veia empreendedora e sucesso levou que os fãs do Liverpool gritem durante os jogos “todos nós vivemos em uma casa de Robbie Fowler” ao som de Yellow Submarine. E, os seus interesses não terminam por ai, e incuem a Robbie Fowler Sports Promotion, The Macca e Growler Group uma empresa de co-propriedade com o ex-companheiro de equipe Steve McManaman que investe em cavalos de corrida. Derek Redmond, ex-velocista dos 4x400m vencedor pela equipa norte americana no Campeonato do Mundo de 1991, em Tóquio, e mundialmente conhecido pela semifinal dos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. Depois de uma lesão no tendão da perna durante a corrida, Redmond decidiu que ele ainda queria cruzar a linha como um gesto simbólico, cheio de emoção, já que o pai deste atleta desceu à pista e cruzou a com ele a linha de chegada. Radmond tornou-se em um palestrante motivacional de respeito e trabalha hoje também na Thomas International, na seção de teste de atletas
Derek Redmond (USA), 400m
na área da mentalidade. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 55
PARTICULARIDADES DA ALIMENTAÇÃO DE CORREDORES DE LONGAS DISTÂNCIAS AS NECESSIDADES NUTRICIONAIS DAS CORRIDAS DE 5KM, 10KM,
E DAS MEIAS-MARATONAS (~21KM) ATÉ ÀS EXIGENTES MARATONAS (~42KM). Mónica Marreiros Neves, (Membro da Ordem dos Nutricionistas, cédula 2138D) monicanevesdietista@gmail.com
E
stás quase a chegar à meta a par com um adversário,
exercício físico, para além de se considerar a quantidade e a quali-
é o tudo ou nada! A força nas pernas começa a fal-
dade dos alimentos consumidos deve ser tido ainda em conta o
tar, estás tão cansado que pensas não ser capaz de
momento da ingestão, focando especialmente os momentos antes,
ganhar a corrida. Duvidas ter energia suficiente para
durante e pós-exercício. Aconselhar um atleta relativamente ao
terminar, mas de repente encontras esse bocadinho que faltava
que deve comer e quando o deve fazer pode ser um enorme desa-
e vences a prova! É-te familiar? Já pensaste como é possível isto
fio, não só pelas exigências energéticas mas também devido aos
acontecer? As respostas para estas questões encontram-se não só
horários de treino! Todos os atletas são diferentes – é imperativo
nas longas e intensas horas de treino mas também na alimentação
ter esta noção. Têm necessidades energéticas e nutricionais únicas,
adotada durante esse período. Independentemente da distância
que dependem da sua composição corporal, do dispêndio energé-
percorrida, o planeamento da dieta é parte essencial do treino de
tico, das características do treino, dos objetivos competitivos e das
qualquer atleta (ou pelo menos deveria ser).
características fisiológicas e bioquímicas individuais.
Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a energia
O planeamento da melhor estratégia alimentar que tenha em con-
e os nutrientes necessários para suportar os treinos intensos e
sideração todos estes parâmetros pode exigir o acompanhamento
prolongados, diminuindo o risco de lesão e doença associados
por profissionais da área da dietética e nutrição, como dietistas e
ao esforço físico. No que respeita à alimentação do praticante de
nutricionistas.
56 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Fracionar as Refeições: AS CORRIDAS DE LONGA DISTÂNCIA A fadiga decorrente da prática de exercício prolongado está frequentemente associada à depleção das reservas de glicogénio muscular e à diminuição da concentração de glicose sanguínea, pelo que concentrações elevadas de glicogénio muscular e hepático parecem ser essenciais para um desempenho ótimo neste tipo de esforço físico, ainda que seja pouco provável que estes fatores per si limitem o desempenho. É importante não esquecer o impacto negativo da desidratação nestes eventos, pelo que se deve evitar níveis de desidratação superiores a 2-3% do peso corporal. Repondo energia para a prova O consumo de hidratos de carbono nos dias que antecedem a competição repõe principalmente as reservas de glicogénio muscular, enquanto o consumo deste macronutriente nas horas précompetição otimiza as reservas de glicogénio hepático. No dia da prova não devem ser feitas experiência alimentares. As estratégias alimentares devem ser colocadas em prática apenas nos dias de treino, durante a semana que antecede um evento competitivo (inclusive o próprio dia em que se desenrola) o atleta deve manter a dieta com a qual se sente confortável, sem introduzir qualquer novidade. A ansiedade natural do período précompetição per si é suficiente para provocar distúrbios gastrointestinais (náuseas, desconforto abdominal, diarreia, vómitos), não queremos aumentar esse risco com a introdução de um alimento
O fracionamento das refeições também pode ser uma estratégia viável para quem tem dificuldade em comer nos dias de prova. É importante manter a simplicidade das escolhas alimentares. Ficam algumas sugestões, que podem ser combinadas consoante a quantidade de hidratos de carbono que o atleta deve ingerir antes da prova: •Pão com doce ou marmelada; •Iogurte natural magro com fruta fresca e frutas desidratadas; •Papas de aveia com mel e fruta fresca; •Barras adequadas para desportistas (maior teor de hidratos de carbono, pobres em gordura e fibra); •Iogurte natural magro com granola e mel; •Batata-doce recheada com requeijão; •Batido de frutas (preferir o iogurte em alternativa ao leite); • Massa/arroz cozido com uma fonte de proteína magra;
novo, certo? Manter a rotina habitual ajuda o atleta a sentir-se mais confiante e calmo. Nas duas horas que antecedem a prova o atleta deve consumir, idealmente, 2g de hidratos de carbono por kg peso corporal (ou
dores escandinavos na década de 60.
seja, 1g de hidratos de carbono por cada hora de intervalo entre
O protocolo original ou clássico compreendia um total de seis dias.
o momento da ingestão e a prova), mas nem todos os atletas con-
Nos primeiros três dias os atletas eram submetidos a um programa
seguem tolerar esta quantidade de hidratos de carbono em dias
de exercício intenso combinado com uma alimentação isenta
de competição. As refeições líquidas são normalmente melhor
de hidratos de carbono, ou seja, com elevado teor de proteína e
toleradas, e são aconselhadas aos atletas mais sensíveis à ingestão
gordura, de forma a promover a depleção das reservas de glico-
de grandes volumes alimentares. Ao optar por alimentos com teor
génio. Nos últimos três dias a intensidade do treino diminuía sig-
razoável de hidratos de carbono, deve preferir aqueles com baixas
nificativamente e o consumo de hidratos de carbono aumentava,
quantidades de fibra, uma vez que pode atrasar o esvaziamento
passando a representar cerca de 70-80% do valor calórico total da
gástrico e provocar desarranjos gastrointestinais.
dieta, proporcionando assim o aumento da síntese de glicogénio muscular. Ainda que o aumento das reservas de glicogénio mus-
Estratégias para melhorar o desempenho nas corridas de longa
cular fosse notório, várias desvantagens e efeitos adversos foram
distância
detetados no seguimento deste regime, principalmente durante o período de privação de hidratos de carbono: hipoglicemia, dis-
Maximização das reservas energéticas:
túrbios gastrointestinais (diarreias devido ao consumo elevado de
A manipulação da quantidade de hidratos de carbono ingerida
gorduras), dificuldade em recuperar após o esforço físico intenso,
durante a semana que antecede um evento de longa distância é
oscilações de humor (letargia, irritabilidade) e aumento do risco
uma prática comum para maximizar as reservas de glicogénio
de lesão. Para além disso, o efeito psicológico que a redução
muscular e retardar o aparecimento de fadiga. Esta estratégia,
abrupta do treino pode ter na fase de preparação para um evento
vulgarmente conhecida como supercompensação de hidratos de
competitivo não é de todo ideal, os atletas não costumam ser rece-
carbono ou “carbohydrate loading”, foi desenvolvida por investiga-
tivos a uma exigência desta natureza. Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 57
Bebidas para desportistas O volume de líquidos no estômago afeta o grau de distensão deste órgão e, consequentemente, a passagem de conteúdo do estômago para o intestino (onde é absorvido). Para acelerar este processo é essencial aumentar a distensão gástrica, pelo que se deve iniciar o exercício com o estômago “confortavelmente cheio”, isto é, deve-se comer o suficiente para estar apto a treinar e saciado. Durante o esforço físico é importante ingerir líquidos, se possível em intervalos de 15-20 minutos. Uma vez que se torna pouco prático controlar estes intervalos, aconselho aproveitar todas as oportunidades para ingerir líquidos: pouco volume, várias vezes durante o treino. Recomendase a ingestão de pelo menos 600ml por hora de exercício, contudo o volume de líquidos adequado e tolerável durante o exercício é altamente variável, pois depende das características individuais, da duração e natureza da sessão de treino, assim como da taxa de produção de suor, que deve ser calculada em várias condições. A temperatura e o tipo de hidratos de carbono que consta da bebida também desempenham um papel importante, uma vez que influenciam igualmente o esvaziamento gástrico. As bebidas frescas devem ser preferidas em relação às bebidas quentes: são mais apelativas, pelo que promovem a ingestão de maiores volumes de líquidos, principalmente em ambientes quentes. A mistura de vários tipos de hidratos de carbono (ex. glucose, frutose, maltodextrina, sacarose) permite maximizar as fontes de energia e diminuir o risco de distúrbios gastrointestinais. As bebidas do mercado contêm normalmente pelo menos dois tipos de hidratos de carbono. O consumo de hidratos de carbono e uma boa estratégia de hidratação são partes essenciais na otimização de desportos que envolvem esforços prolongados. Tanto o consumo de elevadas quantidades de hidratos de carbono como a combinação de vários tipos de hidratos de carbono na bebida utilizada durante o treino, que por sua vez permite maiores taxas de oxidação, podem resultar em melhorias do desempenho. Os atletas devem limitar a perda de massa corporal como consequência da perda de líquidos a 2-3%, sob pena de prejudicar o desempenho. Outra questão de relevo nesta matéria prendese com os distúrbios gastrointestinais, que apresentam grande variabilidade individual e podem ser minimizados recorrendo estratégias nutricionais específicas.
58 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
As bebidas para desportistas apresentam na sua constituição hidratos de carbono, água e sais minerais. Os hidratos de carbono mantêm os níveis de glicose no sangue e fornecem energia ao músculo ativo, os sais minerais repõem as perdas que ocorrem através do suor e auxiliam a retenção de água no organismo. Estes produtos foram desenvolvidos com o intuito de proporcionar um rápido esvaziamento gástrico, permitindo uma rápida absorção intestinal. Existem dois fatores determinantes para este processo: concentração de hidratos de carbono da bebida e volume de fluidos no estômago. A concentração de hidratos de carbono de bebidas desenvolvidas para suprir as exigências do exercício físico varia bastante, pelo que é importante avaliar o rótulo do produto e optar por valores entre 6 e 8%. A evidência científica sugere que as bebidas com estas características atingem a corrente sanguínea quase tão rápido como a água, para além de que parecem ser bem toleradas pelos atletas. Concentrações superiores promovem um esvaziamento gástrico mais lento e podem provocar desconforto gastrointestinal.
“Uma alimentação equilibrada e variada proporciona a energia e os nutrientes necessários para suportar os treinos intensos e prolongados, diminuindo o risco de lesão e doença associados ao esforço físico... [e deve-se] considerar a quantidade e a qualidade dos alimentos consumidos, e deve ser tido ainda em conta o momento da ingestão, focando especialmente os momentos antes, durante e pós-exercício.”
Nos últimos 30 anos as estratégias de
percorrer determinada distância, em 2-3%.
bui para manter os níveis sanguíneos de
supercompensação de hidratos de car-
Contudo, os estudos disponíveis sugerem
glicose e para o atraso da depleção das
bono evoluíram substancialmente, tendo
que apenas se registam benefícios a estes
reservas de glicogénio hepático.
surgido alternativas mais realistas e fáceis
níveis em esforços com duração de pelo
A forma em que os hidratos de carbono
de cumprir. Atualmente, sabe-se que o
menos 90 minutos. Outra consideração
são ingeridos parece não ter qualquer efei-
aumento das reservas de glicogénio mus-
a ser feita prende-se com o facto de o
to no rendimento desportivo. Por isso, o
cular pode ser atingido sem que ocorra
armazenamento de glicogénio no músculo
consumo de hidratos de carbono tanto na
a depleção das reservas de glicogénio e
estar associado ao aumento de peso, como
forma líquida como sólida são boas opções
através do consumo de uma dieta rica
resultado da retenção de água (aproxima-
(ex. géis, barras ou bebidas adequadas a
em hidratos de carbono (7-12 g.kg peso
damente 3g por grama de glicogénio).
desportistas). No entanto, é importante
corporal-1.dia-1) apenas nas 24-36h que
salientar que o consumo de alimentos
antecedem o evento competitivo, acom-
Fornecimento de energia durante o exer-
sólidos atrasa o esvaziamento gástrico e,
panhado de um período de repouso.
cício físico
consequentemente, poderá atrasar a absor-
A supercompensação de hidratos de car-
ção intestinal dos nutrientes, prejudicando
bono, em relação a uma dieta com baixo/
O consumo de hidratos de carbono duran-
o fornecimento de energia e de água ao
normal teor de hidratos de carbono (40-
te o exercício representa uma estratégia
organismo.
50% do valor calórico total), pode aumen-
eficaz para manter ou até mesmo melhorar
Por outro lado, os alimentos sólidos con-
tar o tempo até à exaustão (capacidade de
o desempenho do atleta durante o esforço
ferem uma maior sensação de satisfação
resistência) em cerca de 20% e melhorar o
físico, uma vez que fornece substrato ener-
no estômago, que poderá ser importante
desempenho, isto é, tempo necessário para
gético ao sistema nervoso central, contri-
nos eventos mais longos.
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“FAIR PLAY”
O QUE É, CONCEITO E DEFINIÇÃO - DE UMA DAS EXPRESSÕES MAIS USADAS NO DESPORTO MODERNO
O
termo Fair Play é um dos
hores resultados pela vitória que levaram a
mais utilizados no despor-
que muitos usassem de meios ilícitos, como
to moderno, no entanto o
o doping e corrupção.
seu conceito é ainda lar-
Por muito transversal que seja o Fair Play
gamente confuso e o seu significado não
por entre todas as modalidades desporti-
é ainda totalmente conhecido pela gen-
vas, em algumas delas é indiscutivelmente
eralidade dos adeptos desportivos. Fair
mais presente. O ténis e a Formula 1 são
Play, em tradução livre – Jogo Limpo, é
dois belos exemplos disso mesmo. Mas, é
uma expressão com mais de uma centena
no futebol que o “Fair Play”, pelo menos
de anos, nasceu em 1896, durante as pri-
enquanto ideal, atinge o seu ponto máximo.
meiras Olimpíadas da Era Moderna, em
FIFA Fair Play é a campanha criada pela
Atenas na Grécia. Escutada pela primeira
FIFA para sensibilizar os atletas e organiza-
vez, pela voz do organizador dos Jogos,
ções ao cumprimento de regras, do bom
o Barão de Coubertin, no meio do seu
senso e do respeito pelo jogo e por todos
discurso: “Não pode haver jogo sem fair
os intervenientes, incluído os espectadores.
play. O principal objetivo da vida não é a O conceito de Fair Play está então vincu-
Os principais princípios da FIFA Fair Play:
lado à ética desportiva e à ética da prática
1. Jogue limpo (sem mergulho)
do desporto e da defesa das regras e do jogo
2. Jogar para ganhar, mas aceite a derrota
e da procura da vitória de uma forma justa
com dignidade
e limpa. Fair Play engloba também uma
3. Respeite as leis do jogo
conduta de acordo com os melhores padrões
4. Respeite os oponentes, os companheiros,
éticos, desportivos e morais.
os árbitros, os oficiais e os espectadores
No entanto, o “Fair Play” reganhou uma
5. Promover os interesses do futebol
segunda vida a partir dos anos 80, em uma
6. Honre aqueles que defendem a boa repu-
relação muito estreita entre a noção de
tação do futebol
espirito desportivo e os mídia e o market-
7. Rejeitar a corrupção, drogas, racismo,
ing, com o claro objetivo de criar e ligar a
violência, jogos de azar e outros perigos
imagem do desporto como uma atividade
para o nosso desporto
positiva e superior. Por paradoxal que seja,
8. Ajudar os outros a resistir a pressões
foi exatamente por esta, que rebentou os
corruptoras
primeiros grandes escândalos de “batota”
9. Denunciar aqueles que tentam desacredi-
no desporto, onde atletas, equipas e outros
tar o desporto
agentes desportivos pressionados por mel-
10. Use o futebol para fazer um mundo
vitória, mas a luta”.
60 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
O Fair Play é de uma forma simplista da responsabilidade de todos. Assume, no entanto, que a primeira responsabilidade da pratica e da divulgação do Fair Play é dos governos, das organizações e das entidade desportivas, e só depois os indivíduos. o seu conceito deve ser igualmente uma questão central e não marginal, segundo o código da ética desportiva.
“O fair play significa muito mais do que o simples respeitar das regras; mas cobre as noções de amizade, de respeito pelo outro, e de espírito desportivo, um modo de pensar, e não simplesmente um comportamento. O conceito abrange a problemática da luta contra a batota, a arte de usar a astúcia dentro do respeito das regras, o doping, a violência (tanto física como verbal), a desigualdade de oportunidades, a comercialização excessiva e a corrupção... o fair play é um conceito positivo...” CÓDIGO DA ÉTICA DESPORTIVA: Fair play - The winning way
FAIR-PLAY FINANCEIRO: UM CONCEITO TOTALMENTE DIFERENTE O Fair Play Financeiro (FFP) é bem mais
relação a outros clubes, jogadores, segu-
5 milhões de euros do que ganham por
que apenas um termo e visa proactiva-
rança social e autoridades fiscais.
período de avaliação. No entanto, podem
mente melhor a saúde financeira do fute-
A partir desta época (2013/14), os clubes
exceder este limite até um certo nível, se
bol europeu e criar condições financei-
também tiveram de respeitar uma gestão
ele estiver inteiramente coberto por uma
ras de igualdade entre clubes para que a
equilibrada em “break-even”, que por
contribuição ou pagamento por parte dos
competição permaneça justa e igualitária.
princípio significa que não gastam mais do
donos do clube ou entidade envolvida.
Combatendo igualmente os investimen-
que ganham. A UEFA criou o Comité de
Se um clube não cumprir os regulamen-
tos desmesurados de muitos novos donos
Controlo Financeiro dos Clubes da UEFA
tos, o Comité de Controlo Financeiro dos
de clubes, que alteram drasticamente as
(CFCB) para analisar, em todas as épocas,
Clubes da UEFA decidirá as medidas e
competições.
as contas dos clubes dos últimos dois anos
sanções a aplicar, entre as quais se desta-
O “fair play” financeiro começou em 2011.
e que. Em 2014/15 passou-se a analisar
cam: repreensão, multas, perdas de pontos,
Desde então, os clubes que se qualificam
as contas consolidadas dos últimos três
retenção das receitas de uma competição
para as competições da UEFA têm de
anos desportivos. A partir de 2015 os
da UEFA ou desqualificação/retirada das
provar que não tem dívidas em atraso em
os clubes podem apenas gastar até mais
competições.
Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 61
MARATONA: PODE UM HOMEM CORRER 42 KM EM MENOS DE 2 HORAS?
O
último feito de Dennis Kimetto em Setembro deste
abaixo das 2 horas”, que como o nome indica pretende baixar a
ano onde cumpriu a distância de 42,195kms em
barreira da maratona para abaixo das duas horas. Este projeto pre-
2h2m57s, em Berlim – Alemanha, levanta positi-
tende criar um verdadeiro atalho e aumentar significativamente a
vamente a questão: poderá o Homem correr uma
diminuição do tempo necessário para percorrer uma maratona, e
maratona em menos de 2 horas?
o principal empecilho para ser apenas financeiro. Yannis Pitsiladis,
Durante muito tempo a resposta foi: impossível! Estava para lá
diretor cientifico do programa e professor de Ciências do Exercício
da capacidade do corpo humano. Mas o recente feito de Kimetto
e Rendimento e director do SESAME (Centro de Desporto,
parece querer desfazer mitos. E bem de encontro à clara tendência
Exercício e Medicina) da Universidade de Brighton (Reino Unido):
dos últimos 16 anos desta modalidade, onde o recorde foi baix-
“o único obstáculo para se atingir esse objetivo é meramente
ando progressivamente 1 minuto a cada 5 anos, fazendo no total
económico”. A convicção de Pitsiladis é a de que, investindo no
um decréscimo de 3 minutos à marca regista há década e meia.
treino, isso será alcançável.
A até há tão pouco tempo considerada utopia pode acontecer,
E por incrível que pareça, o projeto de Pitsiladis não é único. Nos
ao ritmo apresentado acima, no espaço de pouco mais de uma
estados unidos, em Oregón, desenvolve-se u projeto semelhante
década.Existem ainda estimativas mais otimistas. Segundo Haile
dirigido por Alberto Salazar e com a participação do fundista
Gebrselassie, um dos melhores fundistas de sempre e recordista
britânico Mo Farah e do norte-americano Galen Rupp.
mundial da maratona por duas vezes, a marca de menos de 2 horas
Existem contudo quem condene o entusiamo e apresente opiniões
será batida nos próximos cinco anos.
contrárias. Uma das principais vozes é Kenenisa Bekele, campeão
Esta firmeza advém de uma declaração de princípios expressa
e recordista mundial dos 5000m e dos 10.000m, que categorica-
num recente programa que ganhou o popular nome de “Projeto
mente afirma: “É impossível baixar das duas horas na maratona”.
Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
62 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
SUPER BOWL: O MAIOR ESPETÁCULO TELEVISIVO DO MUNDO
P
ara meio mundo, a final do campeonato NFL, vulgo
marcas, empresas e produtos costumam disputar um lugar no
campeonato de futebol americano, é um evento
intervalo do jogo, que carrega a fama de cobrar o segundo mais
que passa totalmente despercebido, mas por todo
caro da publicidade mundial. Diga-se, uma fama bem merecida.
o negocio que envolve e por toda a audiência que
Neste ano de 2015, o espaço comercial de 30 segundos no intervalo
atinge, o super bowl é o maior espetáculo televisivo do ano.
do Super Bowl chegou a ser vendido por mais de US$ 4,5 milhões.
Em termos de audiência, esse único jogo ficou atrás apenas das
Com uma audiência unicamente norte americana de mais de 110
finais da Copa do Mundo de futebol e da champions league. Dois
milhões, as marcas competem entre si, não só por anunciarem mas
eventos mundiais – o último, há alguns anos, passou sua final para
para terem o melhor anúncio, e aquele que deixará um “legado”
os sábados para poder atender o planeta inteiro – o Super Bowl é
mais marcante nos espetadores. Este ano, os spots publicitários
exclusivamente americano
foram marcados pela sensualidade, poder da tecnologia, supe-
O Super Bowl é um modelo de negócio desportivo e televisivo
ração, moda dos selfies e a ternura dos filhotes. A coca-cola e a
com um sucesso sem precedente e um caso de estudo para todas
Microsoft levam este ano, para muitos, o premio de melhor vídeo
as modalidades um pouco por todo o mundo.
de publicidade. A super bowl mais que um evento desportivo é um
Por reunir a maior audiência da TV norte-americana, as grandes
evento financeiro como só na américa é possível
Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 63
Desporto&Esport www.DesportoeEsport.com Visite-nos e dê-nos a sua Opinião 64 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
Violência no desporto: Casos, Causas, Culpados e Soluções
VIOLÊNCIA! VAMOS IMAGINAR?
V
amos começar a imaginar que tragedias como as
salutar convivo sem a presença de um pelotão policial; que no
que aconteceu Valley Parade ou em Hillsborough
estádio cantam músicas de incentivo às suas equipas, sem insulto,
não voltam mais a acontecer. Que mortes absurdas
sem ódio, sem fanatismos; e nesses mesmos estádios, nessas mes-
como a que aconteceu no Jamor não se volta a
mas bancadas, podem estar crianças, famílias inteiras, mulheres
repetir; que as novas arenas desportivas construídas para a Copa
bonitas – e, todas elas sem medo: sem medo de entoarem canções
no Brasil eliminam definitivamente o rasto de morte nas bancadas
de apoio às suas equipas, sem medo de envergarem as camisolas do
desse país nos últimos 25 anos. Mas, não vamos ficar por aqui,
clube que é a sua paixão…
vamos continuar a imaginar: que as claques, são tão só adeptos.
Vamos imaginar que não existe jaulas, medos ou violência nas
Adeptos do desporto e do seu clube; sem influências de ideolo-
bancadas; nem álcool ou drogas; gritos ou insultos; provocações
gias extremistas e nunca utilizadas como fachada para atividade
ou fanatismos;
criminosas.
Vamos imaginar que existe o jogo; e que é pelo jogo que todos lá
E, agora que entramos neste processo, não vamos ficar por aqui.
estão!
Vamos continuar a imaginar: que os dirigentes desportivos não são
E, meu caro, se não conseguiu imaginar, então o desporto não é
os principais pirómacos, cheios de discursos de odio bacoco e sem
para si… e deixe os outros, viver o desporto tal como ele deve ser:
sentido. Vamos imaginar, que são esses mesmos dirigentes que
a mais pura, limpa, não-violenta e alegre atividade humana.
apelam ao “fair-play”, ao anti-doping, à anti-violência e que não se revêm na frase: vitória a qualquer custo.
Porque o desporto não é violência!
E, imaginemos, que os adeptos caminham nas ruas misturam em
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 65
ATLETAS DO ANO
C. RONALDO
O bola de Ouro foi o melhor no desporto Rei Apesar de uma época um tanto irregular, imensamente marcada pelas lesões, que o levou a ter um Mundial para esquecer e um final de época 2013/2014 muito abaixo das suas capacidades, voltou a ser demolidor neste final de ano, destruindo recordes atrás de recordes. E no global, no ano de 2014, os seus números são impressionantes. Somou 61 golos, em 60 jogos, e uma série de recordes individuais: bateu o máximo de golos na “Champions” numa época (17, em 2013/14), passou a ser o melhor dos Europeus, com 23, entre qualificação e fase final, e, na presente Liga espanhola, já vai em impressionantes 25, em escassas 15 jornadas. O capitão da seleção da portuguesa marcou mais de um golo por 15 vezes - um “póquer” (quatro golos num jogo), três “hat-tricks” (três) e 11 “bis” -, um golo em 26 ocasiões e ficou 19 vezes em “branco”. A média foi, pela segunda vez consecutiva, superior a um golo por jogo, por culpa do que tem feito em 2014/15: já vai em 34 golos -- em 29 jogos -, 25 dos quais na Liga espanhola, em apenas 14 encontros disputados. Para além disso, venceu ainda a Liga dos Campeões da Uefa no final da época passada. E, já nesta presente temporada, contribuiu decisivamente para a vitória folgada do real Madrid sobre o Barcelona a contar para o campeonato espanhol. É preciso dizer mais alguma coisa?
L. HAMILTON
O homem que superou o “imparável” Vettel Com 11 vitórias nas 19 corridas do circuito mundial de Formula 1, a que se somam ainda mais cinco pódios, deram a Lewis Hamilton o titulo no mundial de pilotos e tornaram-no indiscutivelmente no melhor piloto do ano. Depois das quatro vitórias consecutivas de Vettel, este ano a Mercedes apareceu claramente como a grande favorita logo nos primeiras sessões de treino ainda antes da primeira corrida. Mas havia muito quem duvidasse das capacidades do piloto inglês e apontasse o seu companheiro de equipa Nico Rosberg como o principal favorito. Muito se falava como o sucesso logo no seu ano de estreia e a incapacidade que muitas vezes demostrou em lidar com a frustração de ficar repetidamente em segundo lugar fizeram com que emocionalmente Hamilton não estivesse no seu melhor. Mas, o inglês mostrou claramente como os críticos se tinham enganados e dominou totalmente o campeonato como os números acima o demostram. 66 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
OS MELHORES DO ANO DE 2014
Atletas, treinadores e equipas no melhor do ano passado.
T
odos os anos, quando chega
qualquer estádio, olhamos pregados e sem
o mês de Janeiro e Fevereiro,
conseguir desviar o olhar, os seus feitos e
nos perguntamos o mesmo:
conquistas desportivas?
que foi o melhor do ano
Quem foram esses homens e mulheres do
anterior? Quem foi o melhor jogador, o
ano de 2014?
melhor treinador a melhor equipa? Quem
Num ano tão rico como o do ano pas-
se ultrapassou a si próprio? Quem ultrapas-
sado, com Copa do Mundo e Olimpíadas
sou os limites do corpo humano? Quem foi
de inverno, a escolha não se afigurava fácil.
o “pioneiro” e nos lembrou uma vez mais
E se a isto somar-mos ainda a F1, a Liga
porque nós, simples mortais, sentados nos
dos campeões, os mundiais de atletismo, a
nossos confortáveis sofás, ou de pé em um
NBA… a escolha não foi fácil…
LEBRON JAMES Poderá ser melhor que Michael Jordan?
Lebron James continua a ser o melhor jogador de NBA e continua a ser o nosso preferido e por isso faz parte desta lista curta lista de melhores do ano. Opinião partilhada pela maioria dos críticos que desde 2012, onde liderou o Miami para o seu segundo título da NBA e primeiro de sua carreira. No dia 03 de março de 2014, após marcar 61 pontos, 7 rebotes e 5 assistências contra o Charlotte Bobcats em Miami, James quebra seu recorde pessoal e da franquia para o maior número de pontos em um único jogo. O recorde anterior da equipe pertencia à Glen Riceque marcou 56 pontos em 1995. O americano terminou a temporada regular com médias de 27.1 pontos, 6.9 rebotes e 6.4 assistências, ajudando a sua equipa o Miami Heats a ficar com a segunda posição na conferência leste. James também foi eleito para All NBA teams pela décima vez na carreira. No dia 11 de julho de 2014, após romper o seu contrato com o Miami e muita especulação, James anunciou o seu retorno ao Cleveland Cavaliers, para alegria dos seus muitos fãs. Muitos especialistas afirmam que basta esperar para que “King James” ultrapasse Jordan como o melhor da história do desperto. De facto, basta esperar e logo saberemos se James será capaz de ultrapassar a lenda.
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SERENA WILLIAMS, DANICA PATRICK E PAULA CREAMER.
A
no após anos Serena Williams consolida-se como
rápida.” Talvez esta frase, dita pela propria, que melhor define
uma das melhores tenistas de sempre, e à sua frente,
Danica Patrick. A piloto da Nascar tornou-se, até certo ponto, um
talvez tenha apenas steffi graf.
marco e um exemplo de atleta feminina que compete e ganha num
Neste ano de 2014 Serena foi numero 1 no rank-
universo marcadamente masculino onde as mulheres não têm
ing WTA durante 97 semanas (contando já com o ano de 2013)
na maioria das vezes oportunidades sequer para competir. Neste
consecutivas, ou seja, durante
ano de 2014, Danica terminou
todo o ano, venceu o US Open o
sempre nas primeiras posições,
WTA Finals, e mais seis torneios
e sempre num bom top 8, fazen-
do circuito. Este pode até não
do da rapidez a sua imagem de
ter sido o melhor ano da tenista
marca: “esmagar o acelerador e
americana, mas ela foi de longe a
que se lixem as consequências”,
melhor atleta na maior modali-
segundo palavras da propria.
dade feminina da atualidade. É
Diga-se, que a sua qualidade é
de lembrar que é a quarta vez
bem conhecida e reconhecida
que Serena garante o topo do
e fala-se na possibilidade desta
ranking da WTA ao fim de uma
piloto participar no Mundial de
temporada - as outras foram em
Fórmula 1 com a equipa de Gene
2002, 2009 e 2013. E com a con-
Haas em 2016.
quista do US Open, Serena já leva 18 titulos de Grand Slam. Sendo
Uma das mais bonitas atletas da atualidade, Paula Cramer é tam-
que ela tem uma média de 3,6 vitórias em torneios a cada ano, para
bém uma das melhores atletas da modalidade golfe da atualidade.
um total de 64. Mas não é apenas suas realizações desportivas que
A norte-americana nascida em 1986, venceu enquanto profissional
são admiráveis. Uma mulher de negócios de sucesso e também
12 torneios, sendo que 10 dessas vitórias foram eventos do LPGA
com ligações familiares fortes, tendo ainda pautado toda a sua car-
Tour. Não tão dominadora quanto as outras duas atletas que a
reira pela integridade.
acompanham neste texto, mas é um marco no desporto feminino
“Fui criada para ser o piloto mais rápido e não a rapariga mais
atual e como tal a sua presença é valida e justificada, apesar do seu
68 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
“T
rabalhei duro para este triunfo”! É assim que o “tubarão” da Sicília, como também e conhecido o ciclista italiano Vincenzo Nibali justificou a sua vitória no Tour de França. O siciliano fez uma corrida perfeita e dominadora do principio ao fim, ganhando quatro das mais dificeis e
montanhosas montanhas etapas. Nibali tornou-se ainda no sexto ciclista da história a ganhar as três maiores corridas por etapas: França, Espanha e Italia. Pelas suas palavras, em entrevista ao euronews: “ É algo de especial e particular porque há apenas algumas pessoas que o conseguiram. A Volta a Espanha (2010) foi a primeira grande vitória e deu-me realmente muito. Depois, comecei a trabalhar duro para o “Giro d’Italia” porque para um italiano essa é uma corrida muito importante. Acabei no pódio (2011) e pude tocar ao de leve no sucesso, acaricia-lo e apaixonar-me por ele. Finalmente, no ano passado, ganhei a Volta a Itália e, para mim, foi uma grande emoção porque o “Giro” é a corrida com que sempre sonhei e que costumava ver pela TV. Via grandes campeões como o Induraín ou o Pantani, sempre a correr o “Giro”. A Volta a França é também uma corrida espetacular e quando cheguei, em 2012, ao último degrau deste pódio, disse para mim próprio: “Quem sabe, um dia, eu também a posso vencer”. Sabia que não seria fácil de todo, mas trabalhei no duro para tentar conseguir este triunfo. Não foi fácil, mas, agora, já posso dizer”. Num desporto tão fatigado pelos sucessivos casos de doping, Nibali aparece como uma lufada de ar fresco e como um atleta que vai percorrendo as várias etapas da sua carreira de uma forma consistente e gradual que não deixa dúvidas à sua seriedade. E aos 26 anos, Nibali tem ainda muito para dar ao ciclismo e ao desporto. Floyd Mayweather Jr, de 37 anos, pediu 200 milhões de euros para subir ao ringue com o filipino Manny Pacquiao(ver nóticia abaixo), para aquele que muitos consideram ser o combate de boxe do milénio. Apenas por este número se entende o quão poderoso é este boxer que lidera à vários anos o boxe mun-
F. Mayweather (USA), Boxe
dial. A carreira profissional de Mayweather conta com 47 embates, e espantem-se, tem 47 vitórias. Para muitos este é já o melhor pugilista da história da modalidade. Rafael Nadal é o único tenista que ganha pelo menos um torneio de Grand Slam de 2004. Ou seja à dez anos consecutivos (Década Slam), marcando um recorde na era moderna do ténis. O tenista de 28 anos e atual número três do ranking torna-se assim cada vez mais um marco no ténis e cimenta a sua posição como um dos melhores de sempre desta modalidade. Para além de rolland Garros, Nadal foi ainda finalista do Austrália Open, venceu o Open do Rio de janeiro e várias posições de destaque em torneios masters. As lesões fizeram que não pudesse ir mais longe. Muitos outros poderiam figurar nesta lista de melhores atletas de 2014: L. Messi, M. Neuer, Robben para o futebol; Peyton ou Tom Brady para o futebol americano; Renaud Lavillenie, Renaud Lavillenie, Novak Djokovic, Rui Costa, e tantos, tantos outros...
R. Nadal(Esp), Ténis Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 69
EQUIPAS DO ANO
MERCEDES (F1), ATLÉTICO DE MADRID (FUT) E SEATLE SEAHAWKS (NFL)
T
A Mercedes ganhou 16 GPs na temporada de 2014.
Estados Unidos de futebol americano (NFL), foi totalmente a seu
Um recorde absoluto na F1. O máximo obtido
favor, ao vencerem por 43-8. Relembramos que foi no Metlife
antes tinham sido 15 da McLaren em 1988 mas
Stadium, em Nova Jérsia, os Seahawks, que haviam perdido a final
numa época com 16 GPs apenas. Não é portanto
de 2006, resolveram, praticamente, o encontro na primeira parte,
a melhor média de sempre, apenas a 4ª melhor
que terminaram a vencer por 22-0, fazendo a melhor defesa da
média atrás dessa da McLaren em 1988 (15/19), da Ferrari em
época prevalecer sobre o melhor ataque.
2002 (15/17) e da Ferrari em 2004 (15/18). Nesta época obteve
Seahawks venceram o Super Bowl pela primeira vez, juntando-se
11 dobradinhas, ultrapassou a marca da McLaren em 1988 com
assim à longa lista de vencedores do Super bowl, quando à partida
Senna e Prost que era o record até à data. Obteve ainda 19º GP
não seriam os favoritos a estar naquele que é o maior evento des-
com pódios consecutivos. A 5ª melhores sequência de uma equipa
portivo dos EUA e do Mundo, apenas superado pelo campeonato
na história da F1, iguala a Red Bull em 2010/2011 e a McLaren em
do Mundo de fute-
2007/2008. Para além disso sagrou o seu piloto, Lewis Hamilton
bol.
como vencedor do titulo no mundial de pilotos , tornarado-o
Quando em em
indiscutivelmente no melhor piloto do ano.
2000, o Atlético
A Mercedes não foi só melhor, mas muito melhor, dominando
de Madrid viveu
totalmente a época neste que é o desporto mais tecnológico nos
a pior fase do seu
dias de hoje. Quebrando ainda o ímpeto de vitória da Red Bull, que
historial ao descer
com Vettel parecia impárevl.
à II Liga espan-
Os vencedores da Super Bowl. A ideia de que a defesa é o melhor
hola,
num
ano
ataque é trans-
em que Gil Y Gil
versal a quase
se viu envolvido
todos as modali-
numa
dades
e
escândalos finan-
inclui
também
isso
série
ceiros,
de
nunca
o futebol ameri-
podia imaginar o
cano. Os Seattle
ano de gloria que seria 2014, com a conquista da Liga e a final
Seahawks, mel-
da Liga dos Campeões ganha até 30 segundos do fim. A equipa
hor defesa da
de 2014, apesar de não jogar o futebol mais bonito, mas foi com
temporada
da
certeza a equipa mais agarrida e com mais querer, à imagem do
NFL, provaram
seu treinador Diego Simeone, que é o principal obreiro do sucesso
isso
da equipa.
mesmo
ao esmagar os
A menção honrosa: a seleção alemã de futebol, vencedora sem
Denver Broncos, melhor ataque, no Super Bowl que se realizou
contestação do campeonato Mundial de Futebol, aplicando nesse
no Metlife Stadium, em Nova Iorque. A final do campeonato dos
nessa caminhada uma histórica derrota à equipa anfitriã, o Brasil.
70 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
JOACHIM LOW Campeão do Mundo é o Melhor treinador do Ano
“S
omos todos campeões do mundo”. Foi esta a frase de
Argentina por 1 a 0, no Maracanã.
Joachim Low após a vitória da Alemanha “oferecendo”
Quando Low chegou à Alemanha disse então: “Eu tenho de
um pedaço da taça a todos os seus compatriotas. O
agradecer a todos os adeptos na Alemanha. Sem vocês, nós não
treinador germânico comandou uma campanha prati-
estaríamos aqui. Somos todos campeões do Mundo”, afirmou Löw,
camente perfeita no Mundial do Brasil que terminou unicamente
perante a multidão presente junto às Portas de Brandemburgo, nas
com a conquista do trofeu e teve tempo para aplicar 4 bolas sem
celebrações do quarto título mundial da “Mannschaft”.
resposta na equipa lusa, uma goleada de 7 a 1 na equipe da casa,
O mérito do treinador germânico foi reconhecido com a nomea-
em pleno estádio do Mineirão, em Belo Horizonte. Na final, num
ção para melhor treinador do ano pelos prémios da fifa. Poderá
jogo amarrado, finalmente surgiu vitória, já perto do fim, sobre a
vencer? Brevemente o saberemos
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FILME
AYRTON SENNA: O FILME
O FILME EM DOCUMENTÁRIO DE UM DOS ATLETAS MAIS AMADOS DE SEMPRE E DO MELHOR PILOTO DA HISTÓRIA DA F1
72 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
O
filme abre com um Senna jovem numa pequena
além do título, o grande destaque fica por conta da primeira vitória
competição de Karts, enquanto em som de fundo
de Ayrton Senna no Brasil em condições adversas, fazendo com
escutamos a sua voz, adulta e com mais de trinta
que o brasileiro ficasse completamente desgastado ao fim da cor-
anos, recordando esses mesmos momentos com
rida. Mas, numa imensa felicidade, de ganhar pela primeira vez a
nostalgia e saudades, em um tempo em que as corridas eram
corrida do seu país.
“reais”, apenas guiadas pelo prazer e sem o envolvimento de
A parte final do filme volta atrás no tempo, e revela o início
dinheiro ou politica. Esta abertura forte captura na perfeição
difícil de Senna na Williams em 1994 além da última corrida do
o espirito com que Senna corria na juventude e que manteve
brasileiro no Grande Prêmio de San Marino no circuito de Imola.
durante todas as épocas onde competiu na formula 1, e serve de
O acidente e toda a comoção pela sua morte praticamente fecha o
contraste, com as batalhas, muitas deles fora de pista, que teve que
filme, sem antes ser mostrada uma entrevista onde ele responde a
disputar, nomeadamente com o seu eterno rival, o francês Prost.
um jornalista sobre quem ele considerava o seu maior adversário
Uma rivalidade que assumiu o seu ponto mais alto em 1989 no
nas pistas. E de novo, voltamos às suas primeiras palavras, onde
Grande Premio do Japão- Prost e Senna embatem, indo o carro
o gosto pelos carros e pelas corridas, assume contornos quase
de Senna parar a uma escapatória. Ainda assim, Senna recupera
infantis, e definitivamente de um romantismo comovedor, sobre o
e retorna à corrida e vence. No entanto, após denúncia do piloto
prazer supremo de correr pelo gosto da corrida.
francês, Ayrton é desclassificado e perde o campeonato em conse-
Mas, talvez o melhor do filme, sejam as imagens de aquivo, que
quência.
E, é este o apogeu do filme, onde, com alguma falta
tornam o filme tão real, palpável e num fim de uma beleza incom-
de imparcialidade, se coloca Senna como vítima do sistema. Como
parável. Um decisão acertada do realizador, Asif Kapadia, onde
um homem, um piloto, que deseja unicamente correr pelo prazer
a intenção inicial era fazer um trabalho de restauração total das
da corrida e da competição pura e dura dentro da pista. Neste
imagens
seguimento, vemos as imagens de tribunal, a frustração de Senna
A autorização por parte da família foi um processo compli-
e a sua raiva, assim como a do seu advogado, familiares e amigos,
cado, mas afastado esse entrave, o resultado final superou todas
criando assim o caminho para a emotividade da vitória no ano
as expectativas, e recebeu aclamação tanto da crítica quanto do
seguinte. Em 1990, Senna bate Prost no mesmo Grande Prêmio e
público, tornando-se um dos maiores do filme documentários e
com isso garantir o seu segundo título mundial. No ano seguinte,
filmes sobre o desporto e os seus desportistas de todos os tempos.
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 73
FUTEBOL - 3,6 MIL MILHÕES DE EUROS EM TRANSFERÊNCIAS EM 2014
RELATÓRIO DA FIFA CONFIRMA MANGALA, EX-FC PORTO, COMO O DEFESA MAIS CARO DA HISTÓRIA DO DESPORTO REI.
D
e acordo com o relatório
Os clubes ingleses são os maiores investi-
ceses. O francês Eliaquim Mangala, que
divulgado pela FIFA no
dores, com cerca de mil milhões de euros)
se tornou o defesa mais caro do sempre ao
final do mês de Janeiro, foi
gastos em 2014.
deixar o FC Porto rumos aos ingleses do
gasto em valor total das
A Espanha é o país que vendeu mais joga-
Manchester City, por 54 milhões de euros,
transferências de jogadores
dores em 2014, com uma receita recorde
é um dos jogadores em destaque.
de futebol no mundo de 4,1 mil milhões
de 667 milhões de dólares (cerca de 590
Em posição de destaque encontra-se tam-
dólares , cerca de 3,6 mil milhões de euros.
milhões de euros), contra 517 milhões de
bém o defesa brasileiro David Luiz, que já
Em absoluto um valor recorde na história
euros em 2013, à frente da Inglaterra (463
representou o Benfica, ao trocar os ing-
deste desporto.
milhões de euros) e de Portugal (385 mil-
leses do Chelsea pelos franceses do Paris
A Europa continua a ser, de longe, o prin-
hões de euros).
Saint-Germain, por 50 milhões de euros.
cipal mercado, com 87% das despesas,
Os jogadores mais cobiçados são os
Numa época de ainda crise, principal-
seguida pela América do Sul e pela Ásia.
brasileiros, representando 1.493 transfer-
mente no continente europeu, o futebol
As transferências de jogadores entre clubes
ências e um investimento de 448 milhões
parece, pelo menos aparentemente, a ativi-
europeus representam 78% do investimen-
de dólares (cerca de 396 milhões de euros),
dade que menos revezes sofreu. A questão
to total.
à frente de argentinos, britânicos e fran-
será: por quanto mais tempo?
Vitor E. Santos, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com 74 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
SNOOKER - NOS JOGOS OLIMPICOS DE TÓQUIO-2020?
D
epois de, para o Rio de Janeiro-2016, o golfe e o
tou ainda: “O snooker é visto por quase 500 milhões no Mundo e
râguebi de sete terem sido aprovados, mais uma
em mais de 90 países há competições. Com o pool também sob a
modalidade poderá ser inscrita para os Jogos
nossa alçada, juntamente com a WCBS, essa atividade estende-se
Olímpicos de 2020, na capital japonesa. Pelo menos
a 200 países no Mundo, o que nos torna uma das modalidades
foi esta a decisão do COI, durante a reunião extraordinária no
mais praticadas a nível global... Os Jogos Olímpicos reúnem os
Mónaco, no final de 2014.
mais dotados e dedicados atletas do planeta. Há poucos desportos
A World Snooker marcou desde já, ao apresentar a candidatura
que possam igualar o snooker em técnica e concentração. Os joga-
desta variante do bilhar na semana em curso, quatro anos antes
dores são levados ao limite, em termos mentais e físicos. Estamos,
da data limite, uma posição forte, numa altura em que também o
com o programa ‘Cue Zone Into Schools’ [snooker nas escolas] a
softbol e basebol ponderam a candidatura para 2020.
educar os jovens. Não é preciso ver muito bem para perceber aqui
O chairman da World Professional Billiards and Snooker
os princípios olímpicos promovidos ao máximo, neste desporto»,
Association (WPBSA), Jason Ferguson, em entrevista afirmou:
disse Ferguson.”
“O snooker atingiu níveis sem precedentes e é nossa convicção
E vai mais longe. «A participação nos Jogos Olímpicos é parte
que deve estar no programa olímpico. Em 2001, formalizámos,
da nossa visão global para o snooker. E estamos empenhados
com sucesso, a candidatura aos Jogos Mundiais [World Games],
em honrar o compromisso de ver os jogadores lutarem por uma
em Akita, no Japão. O processo continuou e o sucesso é tamanho
medalha de ouro, a começar em 2020, em Tóquio», concluiu Jason
que acreditamos ter fortes possibilidades para 2020”. E acrescen-
Ferguson.
Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 75
LIVRO
CALOR, FADIGA E HIDRATAÇÃO CIÊNCIA DESPORTIVO ACESSÍVEL AO MAIS COMUM DOS ADEPTOS.
E
xiste um considerável défice de autores e livros sobre medicina desportiva e sobre medicina do exercício, mas “Calor, Fadiga e Hidratação” do Dr. Basil Ribeiro é uma excelente e bem vinda exceção. Focado na fadiga e na hidratação
sobre os diversos estados climatéricos, torna este livro um documento obrigatório para todos aqueles que se movem no desporto e necessitam de mais conhecimentos no âmbito medico-desportivo. E para os adeptos que pretendem conhecer e saber mais sobre a mecânica física do desporto. Mas Talvez a melhor defesa deste livro seja feita por Henrique Jones, anterior medico da seleção nacional até ao ano anterior, e a qual passamos a transcrever partes: “foi oCampeonato Mundial de Futebol de Sub-vinte anos na Nigéria, em 1999, em condições quase surrealistas, com temperaturas que rondavam os 40 oC e onde a água, além de escassa, valia o preço do ouro... Valeu na altura a prospecção do terreno, feita quatro semanas antes, e a constatação, antecipada, da realidade que me levou a organizar, juntamente com os nossos impagáveis cozinheiros, um «farnel» de dois contentores, onde não faltavam alimentos com cheiro a Portugal e cerca de 3000 litros de água lusitana. As críticas choveram, «o doutor está doido», mas foi a minha teimosia que permitiu que atletas e comitiva pudessem ultrapassar um campeonato do mundo que poderia ter tido consequências médico-sanitárias muito preocupantes... Não ganhámos títulos, nem sequer chegámos às meias-finais, mas fomos campeões da prevenção, da organização, da logística, da higiene, do rigor, num contexto de acompanhamento médico estreito, de Capítulo 18 Prefáciomonitorização da fadiga, de controlo da hidratação e da adaptação a temperatura e humidade do ar, verdadeiramente hostis. É a compreensão desta «Operação Nigéria» que o Dr. Basil, colega e amigo, nos irá mostrar nesta obra de inquestionável valor didáctico, cuidada, globalizante e que, certamente, irá enriquecer, de uma maneira marcante, a Medicina Desportiva, em Portugal.
Ricardo Reis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
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NÚMERO DO MÊS
1.OOO MIKE KRZYZEWSKI
O ALCANÇAR DE UM NÚMERO DE VITÓRIAS REDONDO PARA UM DOS MAIORES TREINADORES DE SEMPRE DE BASQUETEBOL
F
Foi em pleno Madison Square Garden, em Nova
Nomeadamente no basquetebol universitário. Onde, desde 1980,
Iorque, que 25 de Janeiro do presente ano, e frente à
que é treinador da Universidade de Duke, onde venceu quatro
Universidade St. John”s, e por uns significativos
vezes o NCAA Basketball Championship.
77-68, que Mike Krzyzewski alcançou um número
Para além disso, foi ainda treinador da Seleção norte americana
redondo no basquetebol universitário - 1000 vitórias, isto já
na Universidade de Verão em 1987, e no campeonato do Mundo
depois de medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e Campeonatos
em 1990, e um dos assistentes da equipa americana apelidada de
Mundiais, ao serviço da seleção Norte-Americana.
“Dream Team”, que deliciou com o seu espetáculo o Mundo em
O treinador K, nome pelo qual também é conhecido, Nasceu em
1992.
Chicago a 13 de Fevereiro de 1947, e tendo tido uma carreira
Venceu ainda, pela seleção americana, a medalha de ouro nos
bastante modesta, para ser simpático, enquanto basquetebolista, já
jogos olímpicos de 2008 e 2012 e o campeonato do Mundo em
que não passou para lá de equipas militares, tornou-se, ao longo
2010 e 2014.
dos últimos 35 anos, um dos treinadores norte-americanos de
Krzyzewski , desde 2001, esta no Basketball hall of fame e, é já
mais sucesso. Nomeadamente no basquetebol universitário.
reconhecido por todos como um dos melhores de sempre
Tiago Dinis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 77
SOFTWARE
LEAGUE TOOLBOX: SOFTWARE DE GESTÃO DESPORTIVA
L
eagueToolbox é um dos melhores serviços de software
O Registro online elimina o trabalho “re-entrar” sistematicamente
atualmente no mercado para gestão desportiva profis-
os mesmo dados, ano após ano, permitindo aos mesmo tempo
sional. Ou para academias ou ginasio. Simples, intu-
os atletas poderem fazer o próprio registo e alteração de dados.
itiva e de rápida habituação às suas funcionalidades
Possibilita igualmente pagamentos online. O registro de Equipe
e escalável é a ferramenta ideal para quem procura um software
permite o convite de jogadores, criação de listas e de pagamento.
que possa crescer consoante as necessidades do próprio clube.
Documentos de rastreamento, tais como certidões de nascimento
E a isto soma-se o facto de ser uma paltaforma Web, acessível
e comprovante de endereço está embutido no sistema de registo.
em qualquer lugar bastando para o efeito uma ligação à internet
Exportações para a documentos de Excel ou word e executa
e um qualquer dispositivo inteligente como os tablets, PC ou
uma grande variedade de relatórios. Com um largo conjunto de
smartfhones. O preço é bem razoável e adaptável por pacotes às
funcionalidade de gestão e de administração melhora de forma
necessidades. E têm também um aplicativo para android e iphone.
bem palpável o dia-a-dia de todos os funcionários de um clube
Pedro M. Silva colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
78 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
APLICATIVO WEB
THUUZ SPORTS: NOTÍCIAS E RESULTADOS DESPORTIVOS
T
huuz Sports, que deriva do inglês da palavra “entusia-
depois, em Setembro de 2011, foi então lançado o aplicativo para
sta” é um aplicativo que disponibiliza um serviço de
dispositivos moveis iOS e Android. Thuuz cria, ou pelo menos
descoberta de desportos e de várias modalidades e que
tenta criar, uma classificação objetiva para cada jogo, analisando
fornece noticias e alerta para os eventos esportivos
transmissões ao vivo e estatísticas jogada-por-jogada e os fatores
através de um “rating emoção” com base no histórico e nas opções
de medição como o ritmo do jogo, a proximidade da pontuação,
dos utilizadores.
e a novidade de cada jogo.Thuuz criou ainda uma parceria com
Inicialmente, este projeto começou como um website, em setem-
a Dish Network e TV Google para integrar classificações Thuuz
bro de 2010, para auxiliar os adeptos desportivos na seleção de
com transmissões esportivas, ajudando os espectadores de tele-
informação, e melhor identificar o conteúdo que verdadeiramente
visão interativa a descobrir, ver e gravar jogos emocionantes. Os
interessa, num mundo digital que lida diariamente com milhares
Resultados dos jogos não são apresentados, para que os fãs podem
de noticias por minuto. E, como o CEO deste aplicativo, Warren
escolher os melhores jogos para assistir, sem perder o elemento de
Packard, afirma: “existe tanto a acontecer ao mesmo tempo, que é
suspense, e evitar o desperdício de tempo em jogos que acabam
extremamente fácil deixar escapar o grande jogo”-Apenas um ano
por ser maçante ou o prazer seja totalmente nula.
Tiago Dinis, colunista Desporto&Esport contato@desportoeesport.com
Desporto&Esport • www.desportoeesport.com • 79
CORRUPÇÃO: QUAL A RESPONSABILIDADE DOS
PATROCINADORES PARA A MUDANÇA?
“A
FIFA é uma marca tóxica.
instância que dirige o futebol mundial.
& Johnson – abandonarem o organismo
Penso que é por isso que as
Estas palavras, que colocam ainda mais
que rege o futebol mundial. Um enorme
companhias que se preocu-
a FIFA de Joseph Blatter numa posição
rombo nos cofres da organização que o
pam com a sua reputação não querem mais
difícil, após a saída de 5 patrocinadores das
Telegraph estima que a FIFA receba 1.307
estar associados [à companhia]”, palavras
competições ao cargo da maior organiza-
milhões de euros dos vários parceiros
de Damian Collins, parlamentar britânico
ção do futebol.
comerciais.
e um dos promotores do New Fifa Now,
Primeiro foi a Sony e a Emirates, depois
Este afastamento das marcas referidas,
um grupo de pressão que pretende e exige
foi a vez de outros três patrocinadores
parece estar a acelerar um processo de
uma reforma urgente da governação da
– a Castrol, a Continental e a Johnson
limpeza no desporto. E não só no futebol.
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A FIFA E JOSEPH BLATTER, SEU PRESIDENTE EXECUTIVO, TÊM SIDO NOS ÚLTIMOS MESES AS ENTIDADES MAIS CASTIGADAS PELOS PATROCINADORES, EM MUITO, DEVIDO AOS INÚMEROS ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO QUE TÊM SIDO ASSOCIADOS E ESTA ORGANIZAÇÃO E AO SEU DIRIGENTE MAIOR.
O desporto profissional tem, de forma transversal a todas as
como os patrocinadores e parceiros comerciais.
modalidades, sofrido imensos reveses nos últimos anos, e sempre
A vontade das grandes marcas em associar os seus produtos como
ligados a casos de corrupção, suborno e batota. Alguns exemplos,
desporto é bem sabida, mas a insatisfação de se verem, ainda que
incluem o anúncio da Europol em fevereiro do ano passado exib-
indiretamente, no meio de escândalos de corrupção tem retraído
indo a suposta fixação de 380 jogos de futebol, a confissão pública
fortemente os seus investimentos. Ou, por outro lado, estão a
de Lance Armstrong de doping e a expulsão pela Federação
usar o seu poder e influencia para criar as condições para uma
Internacional de Badminton de jogadores que tentaram perder
mudança mais rápida, uma mudança para um jogo mais limpo.
partidas nos Jogos Olímpicos do ano passado, na esperança de
E esta influência é bem visível. E, os exemplos são vários. Várias
terem uma posição mais favorável nas competições seguintes e
empresas têm tomado medidas corretivas, ou, pelo menos, têm
claramente mais importantes.
ameaçado. Por exemplo, ING, um banco holandês, rescindiu o seu
Suprimir a corrupção e a batota tornou-se cada vez mais impor-
patrocínio da Renault Fórmula 1 da equipe depois de um incidente
tante para todos os agentes envolvidos no desporto, de órgãos
comprovada fixação de corrida em uma recente GP de Singapura.
e federações através de eventos-proprietários, clubes e equipes.
Skins, uma fabricante de roupas desportivas, tem instigado um
Organizações como o Comitê Olímpico Internacional (COI) têm-
movimento chamado “Change Ciclismo Now” em resposta ao
se insurgido e combatido de uma forma pró-ativa contra a corrup-
doping e os danos que isso causou a sua marca. Emirates Airlines
ção financeira. A Agência Mundial Anti-Doping e outros têm feito
já teria solicitado provas de que a FIFA pretende de facto terminar
grandes progressos no combate ao uso de drogas. No entanto, a
com a corrupção antes que estenda o patrocínio das próximas
corrupção continua, apesar de suas ações. No entanto, no desporto
competições Mundiais de futebol.
tal como em outra qualquer atividade, é o dinheiro e quem o tem
Existe no entanto um outro lado, onde muitos argumentam que os
quem manda, e uma nova solução para o problema está a aparece:
patrocinadores ajudaram, se não, a criar o problema, pelo menos a
a moralidade orientada pelo mercado – e entenda-se mercado
potencia-lo a níveis nunca antes experimentados.
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Corrupção: Qual a responsabilidade dos patrocinadores
CHANGE CYCLING NOW - UM MOVIMENTO PARA A “LIMPEZA” NO CICLISMO Change Cycling Now representa um novo ponto de partida e a
petição nesse sentido. Ao identificar-se com pedidos de reforma,
tentativa de criar um novo paradigma para o ciclismo profissional
a Skins encontrou uma estratégia de marca que é moralmente
e de alta competição, após tantos anos a ser fustigado com casos
corajoso e comercialmente inteligente, e afasta-se das premissas
de cdoping atrás de casos de doping. Um movimento iniciado
que o desporto faz geralmente sobre seus patrocinadores. Criando,
e apoiado pela Skins, um fabricante de roupas desportivas com
no entanto, para si uma imagem positiva e de jogo justo à qual se
forte ligação ao ciclismo, E que por isso, se viu afetada, inclusive
queria associar nos primeiros momentos em que se envolveu com
nas suas vendas, com a associação ao ciclismo. O movimento
o ciclismo e os seus corredores.
definisse como “sendo uma comissão para criar uma oportunidade para que todos possam ajudar a gerar mudanças positivas para o futuro do ciclismo profissional”. No website (www.changecyclingnow.org) declara que a gestão de ciclismo deve “mudar nos seus fundamentos”, nomeadamente através da introdução de testes de drogas “independente”. Os visitantes são convidados a assinar uma
“Suprimir a corrupção e a batota tornou-se cada vez mais importante para todos os agentes envolvidos no desporto, de órgãos e federações através de eventos-proprietários, clubes e equipes. Organizações como o Comitê Olímpico Internacional (COI) têm-se insurgido e combatido de uma forma pró-ativa contra a corrupção financeira. A Agência Mundial Anti-Doping e outros têm feito grandes progressos no combate ao uso de drogas.”
O imenso fluxo de dinheiro tem vindo a gerar a necessidades ainda
algum, associarem-se a uma atividade “suja”, onde a corrupção e a
maiores de vitórias, e que a vitória a qualquer não só é aceitável,
batota sejam mais vezes escutadas que o mérito e o fair-play.
como é, a única via para o sucesso. E isto é tão verdadeiro para
O relacionamento entre patrocinadores e equipas/atletas encontra-
equipas como para atletas.
se num momento de clara mudança, assim como a relação entre
Seja como for, as empresas querem agora ser parte da solução e
os patrocinadores e o próprio desporto. Eliminar as suspeitas de
não um problema. E magoar as equipas e atletas, onde em mui-
jogo sujo ou de doping nas modalidades e organizações ou mesmo
tos casos, mais lhes dói, nas carteiras. A ameaça de perder uma
clubes e atletas que patrocinam é uma prioridade para as grandes
importante fonte de receita corrente e da publicidade negativa que
marcas e elas estão agora a vincar fortemente este ponto.
viria com a perda de patrocinadores tem vindo empurrar, ainda
E, quando os seus propósitos não são atendidos, as empresas aban-
que lentamente, os organismos desportivos para lidar com a cor-
donam sem quaisquer dúvidas o desporto. Numa era digital e da
rupção com mais urgência do que eles têm até agora. E também
informação como aquela em que vivemos atualmente, o risco de
mais eficientemente.
verem as suas marcas “contaminadas” pela má conduta desportiva
Para alguns patrocinadores, o passo em direção a uma postura
é demasiado alta, e inaceitável para os gestores e managers. Isto
mais moral e limpa, é decisivo e irredutível. Claramente muitas
fará sem dúvida alterar mais rapidamente o desporto e a forma
empresas procuram manter os mais altos padrões ético a que o
como se desenvolve a luta contra a corrupção. E responsabiliza os
desporto limpo tão bem se associa, e não pretendem de modo
patrocinadores neste processo.
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Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&Esport d_sampaio@desportoeesport.com
CORRIDA DE CAVALOS E DOPING: O CASO DAS CORRIDAS INGLESAS
E
steroides e anabolizantes em corridas de cavalo sem-
milhões neste e noutras modalidades. O treinador, no centro do
pre foram, até certo limite, um problema das com-
escândalo, Mahmood Al Zarooni, era um de seus dois treinadores
petições do continente americano, nomeadamente
britânicos, e está no base da sua operação na Inglaterra. Apesar
nos Estados Unidos da América, onde nos últimos
de embaraçoso, não há nenhuma implicação de que Sheikh
10 anos surgiram diversos escândalos a este respeito. Até agora, o
Mohammed tinha qualquer conhecimento do que estava acon-
Reino Unido tinha passado ao lado de qualquer suspeita de dop-
tecendo, ainda assim, pode ser um forte revês para ele, e para todo
ing nas corridas de cavalos, salve um ou dois incidentes no último
o seu investimento feito nos últimos anos nesta modalidade.
par de décadas, e sempre no foco de “pagar para perder”. Isto também se deve muito às fortes políticas antidrogas e jogo limpo
E para piorar, os cavalos não são os únicos participantes em cor-
no desporto levadas a cabo pela federação e autoridades britânicas,
ridas a serem encontrados com substâncias proibidas em seus
num desporto que é seguido por milhões e superado em termos de
sistemas. Nos últimos anos, dois dos jockeys mais famosos deste
popularidade unicamente pelo futebol.
desporto, Keiron Fallon e Frankie Dettori, ambos foram suspensos depois de testar positivo para cocaína.
Mas, esta perceção de pureza, parece estar em sérios riscos, após
O futuro desta modalidade, Incrivelmente popular, poderá a
terem sido encontrados substâncias proibidas em mais de 11
muito breve trecho estar em risco e começar a apresentar sinais
cavalos, apenas no último ano.
de deflação, um pouco à imagem do que acontece com o ciclismo. Por agora, resta esperar para ver os efeitos que as novas regras e
Godolphin, organização a que os 11 cavalos pertencem, é um dos
regulamentações terão já a breve trecho.
maiores operadores do mundo das corridas. É propriedade do Sheikh Mohammed, o governante de Dubai, que investiu muitos
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O COMBATE DO SÉCULO
Vai acontecer! Está marcado! E vale 250 milhões. Desde The Rumble in the Jungle (em tradução livre: luta na floresta) em 1974, em que opôs Muhammad Ali e o então campeão, e tido por todos como invencível, G. Foreman no zaire que não se assistia a uma tamanha ansiedade e antecipação como aquele que vai opor Mayweather a Pacquiao. O duelo está marcado para 2 de Maio na MGM Grand Garden Arena. O prémio é o mais elevado da história, uns impensáveis 250 milhões de dólares; suficiente para bater a clausula de Lionel Messi, o jogador de futebol mais valioso do mundo. os pugilistas Floyd Mayweather, dos Estados Unidos, e Manny Pacquiao, das Filipinas, chegaram finalmente, a acordo para a marcação de um combate de boxe em Las Vegas, após meses de negociações. Mayweather deverá receber 60% das receitas e Pacquiao 40%. É também o norte-americano que tem mais em jogo: um recorde de invencibilidade de 47 combates. Ou seja, a Pacquiao resta fazer o que nuca foi feito: ganhar um combate profissional ao americano. É o combate do século e vai acontecer.
MANNY PACQUIAO VS.
FLOYD MAYWEATHER 84 • Desporto&Esport • www.desportoeesport.com
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(AS MAIS QUE PROVÁVEIS) NOVAS
REGRAS PARA O FUTEBOL
A
IFAB - International Football Association Board o organismo oficial com competência para alterar
Também vai ser analisada uma proposta da UEFA sobre o chama-
as regras no futebol profissional, terá a sua assem-
do “triplo castigo” - situação em que um jogador vê cartão ver-
bleia anual a 28 de fevereiro, na Irlanda do Norte,
melho, concede penálti e posteriormente é suspenso. O organismo
e divulgou a agenda do encontro, estando em cima da mesa,
europeu do futebol pretende que a suspensão não seja aplicada.
alterações significativas. Entre elas estão: a realização da quarta
Mais pontos serão discutidos pelo IFAB em Belfast, mas sem
substituição, a possibilidade de um jogador substituído reentrar e
decisão para este ano: expulsões temporárias no futebol jovem
o fim do “triplo castigo” (penálti, expulsão e suspensão).
amador, o toque da bola com a mão, a paragem do cronómetro oficial e a utilização eventual de repetições gravadas, para apoio
A flexibilização das substituições é o principal ponto, concre-
aos árbitros, entre outras.
tamente, está em causa a permissão de um jogador substituído para voltar a entrar no jogo, o que foi testado no futebol de base e amador.
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