Destaque Rural 12ª Edição

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ANO II NÚMERO 12 RIO GRANDE DO SUL MAIO | JUNHO | 2016 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

INFORMAÇÃO COM PROPRIEDADE

SUPERANDO

AS 100 SACAS MICOTOXINAS Mais um desafio aos produtores de trigo

SEGURANÇA NO CAMPO Desativação da patrulha rural em Soledade deixa produtores inseguros

INVERNO La Niña deve beneficiar as culturas


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Alta produtividade

índice

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Superando

As 100 sacas

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MICOTOXINAS: DESAFIO AOS PRODUTORES DE TRIGO

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segurança: desativação da patrulha rural

pesquisa: Agrotedências 2016

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ORGÂNICOS: MERCADO EM EXPANSÃO

CELULAR NA LAVOURA TECNOLOGIA E FACILIDADE

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culturas de inverno: la niña trará benefícios


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ciRcULAÇÃO

ediTORiAL

Desafio da produtividade

O

s resultados apresentados pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), em 2015, demonstraram produtividades de soja acima de 140 sacas/ha, este é o teto produtivo que sabemos ser possível alcançar hoje. Quando a soja é semeada na terra o potencial de colheita é superior a 8.000 kg/ha, isso é o que o produtor pode colher. No meio do caminho, entre a semeadura e a colheita é que começa a se perder produtividade, o manejo das doenças, das pragas, a escolha da cultivar, o clima e outros tantos fatores influenciam na perda ou na manutenção da produtividade. Todos os dias, produtores, pesquisadores e empresas buscam o desenvolvimento de insumos, máquinas, técnicas e manejos adequados que propiciem o máximo em produtividade e rentabilidade ao produtor rural. Conhecer a realidade do produtor que vem alcançando resultados acima da média, buscar informações com pesquisadores e transformar isso em informação para o maior número de produtores possível é o propósito da Revista Destaque Rural desde sua criação. Superando as cem sacas é o tema principal da 12ª Edição. Fomos até Santa Bárbara do Sul conversar com dois irmãos produtores que obtiveram picos de produtividade em algumas áreas, superiores a cem sacas, alcançando uma média de oitenta. Números bem acima da média do Rio Grande do Sul, que está em torno de cinquenta sacas. Esperamos que as informações contidas nas próximas páginas, com a experiência desses produtores e pesquisadores auxiliem os leitores da Destaque Rural a melhorarem seus resultados na produção de soja. Boa leitura! Leonardo Wink

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destaquerural.com.br | Maio e Junho - 2016 |

#edição 12 #Ano II #Maio e Junho Editora Riograndense CNPJ 17.965.942/0001-07 Inscrição Municipal 66829 Endereço Rua Cacilda Becker, 30 Boqueirão Cep 99010-010 Diretor Leonardo Wink Jornalista Responsável Ângela Prestes (MTB/RS 17.776) Jornalistas Priscila Dalzotto Ângela Prestes Projeto Gráfico Cássia Paula Colla

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Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

Diagramação Ângela Prestes Colunistas Gilberto Cunha Elmar Luis Floss Fernanda Falcão Comercial Leonardo Wink Impressão Gráfica Tapejarense Contatos leonardowink@destaquerural.com.br redacao@destaquerural.com.br

(54) 9947- 9287 Tiragem 8 mil exemplares

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OPiniÃO

Elmar Luiz Floss

elmar@incia.com.br

Engenheiro-agrônomo e consultor Instituto Incia

Viabilidade da propriedade requer cultivos de inverno

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viabilização econômica/financeira das propriedades agrícolas da região também depende dos cultivos de inverno. No verão, 100% das áreas de terras estão ocupadas com o cultivo da soja, milho, arroz, feijão e outras. No entanto, a maior parte dessa área fica sem uma ocupação econômica no período de inverno. O pousio, além do aumento da compactação do solo e erosão, devido à falta de coberturas, ainda propicia o desenvolvimento de plantas daninhas, cujo controle, antes do cultivo da soja em sucessão, tem alto custo. Dessa forma, todos os custos fixos da propriedade são cobertos apenas com as culturas de verão. A integração das lavouras de verão com a pecuária leiteira ou de corte, é uma importante alternativa econômica, independentemente do tamanho da propriedade. Para que os objetivos sejam plenamente alcançados é preciso implantar forrageiras como aveia, azevém, centeio, triticale, trigo forrageiro e leguminosas, dentre outras, imediatamente após a colheita da soja ou milho. Somente colocar os animais na pastagem quando tiver uma disponibilidade de 800 a 1000g/m2 de pasto verde, cortado a 7cm de altura, de forma rotativa (uso de cerca elétrica) e somente retornar para a mesma área quando tiver a mesma disponibilidade de forragem. Para otimizar o rendimento da soja, em sucessão, deve-se tirar os animais, pelo menos 21 dias antes da dessecação e aplicar 20kg/ ha de nitrogênio. O rebrote produz palhada e a renovação do sistema radicular reduz a compactação superficial provocada pelos animais. Cultivo de trigo Dentre as culturas produtoras de grãos, o trigo é o cereal de inverno mais importante no Rio Grande do Sul, seja pela demanda quanto pela área de cultivo e produção. Apesar da disponibilidade de tecnologias de manejo, solos, clima e interesse de produtores, a área de cultivo está aquém da potencialidade existente. O principal motivo são as políticas governamentais de importação de trigo, gerando instabilidade no mercado interno e baixos preços. Em função da frustração de safra de trigo nos

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dois últimos anos e os altos custos da importação de trigo, há uma escassez de grãos para os moinhos, que proporcionou um aumento expressivo nos preços internos desse cereal nas últimas semanas. Por isso, o preço mínimo deverá ter um reajuste, podendo chegar a R$ 38,50 a saca de 60 kg. Além da demanda interna, também, são crescentes as exportações de trigo. Essa situação representa uma oportunidade aos produtores em cultivar uma área maior de trigo, inserido num sistema de produção. Temos cultivares de alto potencial e tecnologias de manejo disponíveis para altos rendimentos da cultura, sob condições de clima favorável. Além dos aspectos econômicos/financeiros, a geração de renda aos produtores, o cultivo de trigo alimenta todo o agregado econômico dos municípios produtores, gera empregos diretos e indiretos, tributos, poupança de divisas ao país e também outros aspectos positivos ao sistema de produção da propriedade, como: a) o benefício mútuo entre os cultivos de soja e trigo – o trigo aproveita a reciclagem de nitrogênio da soja (30-40 kg/ha) e a soja após trigo pode ter um incremento no rendimento de até 500 kg/ha, dependendo do manejo utilizado; b) o efeito do trigo na supressão de plantas daninhas de difícil controle, como buva e outras; c) O controle de patógenos necrotróficos e pragas devido a rotação de culturas: d) a redução da ociosidade na propriedade de máquinas, equipamentos e mão de obra; e) o aumento da produção de palha, de relação C/N larga, que contribui para maior sustentabilidade do sistema plantio direto (SPD); f) a estimativa de um clima propício ao trigo na próxima safra, pois os prognósticos climáticos indicam menos chuva, temperaturas baixas e dias ensolarados na primavera, que propicia um melhor enchimento de grãos e aumento do rendimento e qualidade do grão. Manejo para altos rendimentos Para obter rentabilidade com trigo, é preciso realizar o manejo utilizando a melhor tecnologia disponível, para obter a maior expressão do potencial genético dos cultivares. É preferível cultivar uma área menor com alta tecnologia do que uma área menor com baixa tecnologia. A

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rentabilidade é maior com rendimentos do trigo acima de 60 sacas/ha, no Sul do Brasil. É preferível plantar uma área menor com alta tecnologia, do que uma área maior com baixa tecnologia! No planejamento da lavoura de trigo, o produtor deve considerar como essencial na implantação desse cereal, os seguintes fatores: a) cultivar em áreas onde não teve cultivo de trigo, cevada, triticale ou centeio na safra de inverno do último ano, reduzindo a incidência das moléstias necrotróficas, como as manchas foliares; b) diversificar cultivares, com diferentes ciclos, dentre os de maior potencial de rendimento e adaptados às condições de solo e clima da região e com qualidade para panificação, o maior mercado); c) utilizar sementes de alto vigor e tratadas com fungicidas e inseticidas adequados para cada situação; d) adequada qualidade de semeadura, com profundidade entre 2 a 3cm, distribuição espacial e época de semeadura de acordo com a recomendação do obtentor do cultivar, para cada região e época de semeadura; e) adubação racional, considerando a extração e exportação de nutrientes e a disponibilidade no solo, multiplicado pela fator de eficiência de cada fertilizante; f) adubação nitrogenada parcelada, atendendo a necessidade da cultura nas diferentes fases de desenvolvimento e evitando perdas; e, g) controle rigoroso de plantas daninhas, pragas e moléstias. O alto potencial de rendimento biológico e econômico do trigo requer mais de 50 fatores (genéticos/cultivares, de manejo, ambientais e fisiológicos). Essa alta capacidade produtiva é obtida quando as condições de solo, clima e manejo da cultura propiciem o desenvolvimento de plantas com equilíbrio nutricional e hormonal e rigoroso controle sanitário. O rendimento do trigo é função do número de grãos por unidade de área (determinado pelo número de espigas e número de grãos por espiga) x massa individual do grãos. O número de espigas é definido pelo número de plantas emergidas e pelo índice de afilhamento (número de espigas por planta). A massa de grãos é definida a partir da antese (50% das espigas emergidas) até a maturação fisiológica.


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MICOTOXINAS MANEJO

Desafio aos produtores de trigo Legislação cada vez mais restrita exige maiores cuidados na produção e armazenamento. O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais tem problemas com micotoxinas e onde mais ações têm sido feitas para superá-los Ângela Prestes

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pesar de o trigo ser um importante aliado na cadeia produtiva, os agricultores enfrentam inúmeros desafios para levar adiante a cultura no Estado. Fatores como logística e alta carga tributária desvalorizam a triticultura gaúcha e desanimam aqueles que apostam no trigo como opção de plantio no inverno. A legislação que determina a quantidade de micotoxinas toleradas no trigo – progressivamente mais restritiva - é mais um fator que acaba dificultando a produção. O cuidado, porém, é necessário para garantir grãos mais sadios, alimentos de qualidade e sanidade pecuária. No Brasil, o limite máximo tolerável de micotoxinas varia conforme o tipo de alimento e foi estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Resolução nº 7, de 18 de fevereiro de 2011. Hoje, os níveis são similares ao EUA e Canadá. Em 2017, o Bra10 |

sil terá uma legislação ainda mais restritiva, equivalente a União Europeia. Na Embrapa Trigo uma pesquisa monitora a ocorrência desses contaminantes desde 2009. Em 2011, com a publicação da legislação, a pesquisa na área, em todo o Brasil, ganhou um impulso ainda maior. Além do monitoramento nas diferentes safras, a Embrapa Trigo também trabalha em apoio ao melhoramento genético para selecionar cultivares mais resistentes, tanto a doença giberela, quanto a diminuição do acúmulo de micotoxinas. De acordo com a responsável pela pesquisa, a engenheira agrônoma e pesquisadora da Embrapa Trigo, Casiane Tibola, o desoxinivalenol (DON) é a micotoxina mais comum no trigo, não só aqui no Brasil como em outros países. “Isso ocorre porque as condições climáticas favorecem mais o desenvolvimento dessa micotoxina. Então ela é a mais prevalente e mais estudada, no caso do trigo. Avaliando várias safras, a gente pode observar que ela é muito dependente das condições climáticas. A doença giberela ocorre no campo quando as condições climáticas são de alta temperatura e períodos prolongados de chuva, no período de floração até o enchimento de grãos. Então, quando ocorrem essas condições, como em 2015, com a ocorrência do El Niño, caracterizado por um grande período de chuvas, nós registramos altos níveis de micotoxinas nos grãos”, explica. O Rio Grande do Sul é um dos estados que mais tem problemas com micotoxinas e é onde também mais ações têm sido feitas para impedir esse problema. Como reduzir a contaminação Casiane aponta algumas estratégias. “No armazenamento as condições que favorecem o desenvolvimento dos fungos são a alta umidade e a alta temperatura. Então

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O que é?

As micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por fungos toxigênicos que infectam e/ ou colonizam os grãos e seus subprodutos, especialmente cereais, durante seu crescimento no campo e/ou na fase de armazenamento.


sempre que há uma demora para fazer a secagem dos grãos ou quando eles são armazenados em silos com contaminações de insetos que criam bolsões de calor e umidade, por exemplo, são criadas situações que favorecem o desenvolvimento de fungos”. Assim, o produtor deve secar rapidamente, logo após a colheita, descartar os grãos leves e chochos na limpeza e pré-limpeza, onde normalmente há maior concentração de fungos. Além disso, é importante controlar os insetos no armazenamento para prevenir bolsões de calor e usar aeração, présilagem para diminuir a temperatura e a umidade nos lotes. No campo, uma das estratégias é utilizar cultivares mais resistentes. “Nós temos estudos tanto de casos de vegetação, como estudos a campo que determinam que utilizando cultivares moderadamente resistentes se reduz pela metade a produção de micotoxinas. Enquanto uma cultivar suscetível produz em torno de 4 mil ppbs de desoxinivalenol, uma cultivar moderadamente resistente, nas mesmas condições, produz em torno de 2 mil ppbs”.

casiane Tibola Pesquisadora da Embrapa Trigo

No armazenamento as condições que favorecem o desenvolvimento dos fungos são a alta umidade e a alta temperatura”.

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Outra estratégia possível é o escalonamento de semeadura, plantar em diferentes épocas. “Essa estratégia foi pouco efetiva em 2014 e 2015 porque os períodos de chuva foram muito prolongados, então não teve muitas opções para plantar em diferentes épocas”, explica Casiane. Outra estratégia é o monitoramento de doenças e das condições climáticas para fazer o controle químico. Cultivares resistentes Utilizar uma cultivar mais resistente pode fazer a diferença e se tornar a saída para evitar a contaminação por micotoxinas. Um dos focos da Biotrigo Genética, por exemplo, é inserir novos gens para tornar as cultivares de trigo menos propensas à giberela. De acordo com o diretor técnico da empresa, Ottoni Rosa Filho, quando foi publicada a legislação, a empresa passou a ter um foco maior na resistência à

Níveis máximos tolerados para alimentos a base de trigo, destinados ao consumo humano no Brasil, confome Resolução n. 7 de 18 de fevereiro de 2011.

Micotoxina

giberela. “Vínhamos fazendo melhoramentos, assim como fazíamos para a mancha, por exemplo. Com a legislação nós vimos que era importante mesmo que subíssemos o nível”, explica. Segundo ele, a incidência de micotoxinas no trigo está ligada à giberela, mas essa correlação não é perfeita. “É óbvio que tem uma ligação, mas não é 100%. O que nós estamos fazendo é incorporar novos gens para piramidizar, o que significa colocar um gen em cima do outro para chegar em um produto melhor, estratégia básica para ter alta resistência. A gente já vem selecionando para essa doença há muito tempo. Nós sempre acreditamos que era uma doença importante. Queríamos ter o melhor material possível em termos de giberela e agora está valendo a pena”. Entretanto, a resistência genética depende de outro fator. A proteção química, com fungicidas, pode ajudar muito. “Não dá pra esperar que a genética

Produto

2012

LMT (ppb)

LMT (ppb)

2017 LMT (ppb)

200

Deoxinivalenol Alimentação infantil

200

Zearalenona

3000

Trigo em grãos Trigo integral e farelo Deoxinivalenol

Produtos derivados de trigo: farinha, massa, crackers, biscoitos e pão Trigo integral e farelo

Zearalenona

Produtos derivados de trigo: farinha, massa, crackers, biscoitos e pão

Ocratoxina A

Produtos derivados de cereais

Ocratoxina A

Cereais em grãos

(-) não determinado 12 |

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resolva tudo. O melhoramento é lento, estamos subindo o nível de resistência, mas isso leva tempo, não é de um dia para o outro”, explica Ottoni. Seguir a recomendação na aplicação dos fungicidas, então, pode determinar a quantidade de micotoxinas presentes no trigo no momento da colheita. Ingestão pelos seres humanos De acordo com o Professor do curso de Engenharia de Alimentos e gerente técnico do Laboratório de Cereais da UPF, Luiz Carlos Gutkoski, as micotoxinas podem aumentar a incidência de doenças em humanos e são decorrentes de três mecanismos primários: alteração do conteúdo nutricional, absorção e metabolismo; alteração na função endócrina e neuroendócrina; e supressão do sistema imune. “Por isso, desde a descoberta das aflatoxinas que ocorreu Diferenças em 1960, diversos países adotaram limites máximos Conforme Gutkoski, cada micotoxina causa de tolerância em produtos destinados ao consumo humano. As aflatoxinas são as micotoxinas que mais toxidade conhecida, sendo que os efeitos aumencausam preocupação, pois apresentam proprieda- tam proporcionalmente com a quantidade ingerida. Assim, existe diferenças des carcinogênicas, mutagênicas na ingesta de desoxinivalenol e teratogênicas, causando grandes (DON) ou zearalenona (ZEA) danos à saúde humana e elevados presente no trigo e em outros prejuízos econômicos no rendialimentos. “Porém, as micotomento de animais domésticos, tais xinas podem ocorrer simultacomo bovinos, ovinos, suínos, aves neamente, quer a partir da mese coelhos”. ma ou de diferentes espécies de O desoxinivalenol, uma das fungos. A presença de múltimicotoxinas mais comumente plas micotoxinas em um único encontradas em grãos, quando alimento pode levar a efeitos ingerido em doses elevadas por sinérgicos, aditivos e antagoanimais, causa náuseas, vôministas. A toxicidade combinada tos e diarreia. “Quando ingeriLuiz carlos Gutkoski é muito difícil prever porque é da por animais, em pequenas Gerente técnico do Laboratório de Cereais da UPF influenciada por vários fatores, doses, pode provocar perda de incluindo a química do mecapeso e recusa alimentar. Tamnismo de ação, toxicodinâmica bém podem surgir abortos, e toxicocinética, planejamento hemorragias e através de um experimental, bem como os asmecanismo complexo, surgem Quando ingerida por pectos estatísticos”. Devido aos alterações no sistema imunolóanimais, em pequenas efeitos sinérgicos, as combinagico. Por induzir esses sintomas doses, pode provocar ções de micotoxinas têm maior o desoxinivalenol é conhecido perda de peso e impacto sobre a saúde do que como vomitotoxina ou fator recusa alimentar. as toxinas isoladas. “Por isso, de recusa de alimento. Embora Também podem surgir níveis aparentemente baixos de menos tóxico que outras micoabortos, hemorragias e toxinas individuais tornam-se toxinas, o DON é mais comum alterações no sistema importantes quando combinaem grãos de trigo, cevada, cenimunológico”. dos”, explica. teio e em misturas de alimentos”. Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

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Efeito das micotoxinas do trigo na produção animal

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s micotoxinas são substâncias biossintetizadas a partir do metabolismo secundário de certos fungos (bolores) que crescem nos alimentos em geral quando as condições de umidade, temperatura e umidade relativa do ar são favoráveis. Elas são muito resistentes ao calor, suportando até 200°C, sua atividade tóxica persiste por um longo tempo nos alimentos, mesmo após o desaparecimento dos bolores que as originavam. A presença de micotoxinas nos alimentos constitui-se num risco à saúde pública e pode proporcionar grandes perdas econômicas na produção animal. Muitas micotoxinas provocam manifestações toxicológicas agudas e crônicas no homem e nos animais, dependendo da concentração, do tempo de exposição à micotoxina, do sexo, idade e estado nutricional. Além disso, um alimento pode estar contaminado com mais de uma toxina ao mesmo tempo, podendo levar a um efeito sinérgico, aditivo ou antagônico das micotoxinas. As micotoxinas constituem um grave problema em saúde pública principalmente pelo consumo de cereais, leite, carne e derivados contaminados com aflatoxinas B1 M1 e zearalenona. O consumo de carne bovina contaminada por zearalenona, assim como por seu análogo sintético, o zeranol, pode ser a causa de manifestações clínicas típicas de hiperestrogenismo em crianças e jovens. O máximo tolerável de aflatoxina na ração do gado de leite ou

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corte é de 20ppb. Níveis superiores a este, após 24 horas de ingestão, contaminam não só o animal como o leite; assim o nível máximo permitido no leite é de 0,5 ppb. Para cada ppb de aflatoxina na ração aparecerá 0,91 ppb no leite. O gado de leite é resistente a aflatoxicose, porém o efeito da toxicose é desastroso. Os bezerros são extremamente sensíveis com redução de crescimento e danos aos rins A aflatoxina afeta o fígado, coração, rins e certas glândulas com claras reduções no apetite e na produção de leite. Observam-se também nos bezerros e lactentes quedas no sistema imunológico, interferência no metabolismo de proteínas, gorduras, e nas várias fases do processo digestivo. Em caso agudo verifica-se depressão, queda ou falta de apetite, desequilíbrio nervoso, crises abdominais, diarréia e prolapso retal. Observou-se a morte de novilhos após 100 dias com rações infectadas com 100 ppb. Outra preocupação está relacionada com os tricotecenos produzidos por Fusarium roseum e F. graminearum diretamente ligados à umidade e temperatura. Estas toxinas inibem a síntese de DNA e proteínas, as quais interferem no crescimento, na reprodução e na integridade estrutural dos tecidos. As toxinas dos tricotecenos mais encontradas são a zearalenona, DON, e T2. A zearalenona causa respostas estrogênicas no gado e produz efeito cumulativo, sendo suficiente a ingestão de 200ppb para que num período de três meses apareçam as

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Fernando Pilotto Professor da Universidade de Passo Fundo Mestre em Ciências Veterinárias Doutor em Zootecnia

primeiras alterações na pigmentação, e os primeiros cistos ovarianos; com quatro meses de ingestão há uma redução na produção de leite. As micotoxinas originárias do fungo Fusarium como a DON (vomitoxina) normalmente estão associadas com a redução na ingestão de ração, baixa produção de leite, alto índice de células somáticas no leite e baixa eficiência reprodutiva. A queda na produção de leite surge em níveis superiores a 500ppb, no campo observasse este fato quando a produção diária de uma cabeça cai por volta de 11,4 kg, o que sugere uma fonte quantitativa da sua atividade no campo. Há diarréia e vômitos. A toxina T2 não aparece com frequência no Brasil, seu nível máximo tolerável não deve ultrapassar 50ppb. Deve-se acompanhar, através de técnicas laboratorias, a presença de aflatoxinas, zealeranona, DON, T2 e ocratoxina, sendo que 5ppb de aflatoxina afeta o


FOTOS: DIVULGAÇÃO

leite, a produção, o fígado e leva à morte do animal; 200ppb de zearalenona afeta a reprodução, pigmentação e causa abortos; 500ppb de DON ocasiona vômito, diarréia e queda na alimentação, 50ppb de T2 provoca hemorragia e morte, e 5ppb de ocratoxina ocasiona crises renais. Em relação ao uso do trigo na alimentação dos animais, um dos grandes problemas enfrentados é a utilização de grãos de trigo que não tiveram qualificação para serem usados para alimentação humana e a presença de tricotecenos. Entre as micotoxinas dos tricotecenos destaca-se o desoxinivalenol (DON ou vomitoxina). Em animais, o DON causa recusa de alimento e vômitos, principalmente em suínos. Em humanos foram relatados vários surtos de doenças agudas com sintomas de náuseas, vômitos, vertigens, problemas gastroitestinais e diarréia. A fusariose, também conhecida como giberela (“Fusarium head blight ou Scab”) é uma doença que ocorre frequentemente em trigo, devido às em níveis seguros de umidade (atividade de condições climáticas, às práticas culturais e água e teor de umidade). Todavia, tal práà susceptibilidade dos cultivares. É causada tica não oferece garantias quando as conpor fungos do gênero, Fusarium, sendo mais dições de armazenamento e transporte dos freqüentes, F. graminearum, F. culmorum e F. produtos não são adequados, havendo com avenaceum. Está presenisso o risco de se reumete em toda América do decerem em razão aos Sul e também de forma diversos fatores, tais generalizada em todo como: más condições mundo principalmende ventilação, presença te em áreas úmidas e de goteiras e vazamentemperadas. A doença tos nos armazéns ou Um dos grandes é observada durante o silos ou mesmo ganho espigamento da plande umidade durante problemas ta, sendo a fase mais o transporte. Assim, a enfrentados é a crítica a floração, popesquisa de fungos, dendo se estender até o utilização de grãos efetuada através dá inicio da maturação do contagem de colônias de trigo que não grão. Algumas glumas em meio de cultura (n° da espiga ou mesmo tiveram qualificação de unidades formadoras toda espiga podem ser colônias por grama para serem usados de infectadas e facilmente de alimento) é de granidentificadas no campo de utilidade para assepara alimentação principalmente quando gurar a qualidade da há formação de uma humana e a presença secagem. Como altermassa rosada de esponativa, existem métodos de tricotecenos”. ros. No Brasil, a fusarioque utilizam substâncias se tornou-se, nos últimos químicas (fungicidas) no anos, a principal doença nas regiões tritícotratamento de grãos e rações que, apesar las, principalmente na região Sul do País. de não destruírem as micotoxinas, inibem o A prevenção pode ser feita pela redução desenvolvimento fúngico. Na prática, as técda contaminação fúngica dos grãos ainda nicas utilizadas na prevenção da contaminano campo, mediante secagem dos produtos ção, às vezes, são de difícil execução e de

resultado incerto, pois são dependentes das condições climáticas e práticas realizadas por produtores e cerealistas. Assim sendo, quando as medidas preventivas não forem eficientes devem-se utilizar técnicas de destoxificação. Tais técnicas, criadas e aplicadas para o controle das aflatoxinas, baseiam-se na utilização de propriedades físicas e químicas de solubilidade, sensibilidade à luz ultravioleta e degradação química, transformando-as em produtos não tóxicos. Entre estas técnicas destaca-se a de absorção onde é adicionado nas rações uma argila de origem vulcânica natural ou sintética, especialmente bentonitas e aluminosilícatos de sódio e cálcio. Estes compostos agem como adsorventes neutralizando a ação tóxica das micotoxinas. O controle das micotoxinas através das técnicas de destoxificação vem sendo efetuado, com relativo sucesso, principalmente em relação às aflatoxinas. Entretanto, a prevenção, por meio de práticas agrícolas adequadas, ainda é a melhor maneira para se combater a problemática das micotoxinas e micotoxicoses. Quanto ao controle das micotoxinas nas rações, o produtor deverá ficar sempre atendo a qualidade dos grãos que esta utilizando, verificando, através de análises laboratoriais, a quantidade de micotoxinas que apresentam e, nos casos de contaminação acima do permitido, fazer uso de adsorventes nas rações.

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ESPECIAL

Superando as 100 sacas Altas produtividades de soja já são realidade em muitas propriedades. Para produtor, segredo está no manejo adequado e na informação

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Ângela Prestes

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uando começou a trabalhar na lavoura, há 21 anos, Rogério não imaginava que poderia colher mais do que 100 sacas de soja por hectare. Alcançar altas produtividades é um desafio que move vários dos grandes produtores e pesquisadores mundo afora. Ainda há muito que se fazer, mas hoje, a realidade é mais animadora que alguns anos atrás. O produtor Rogério Costella, 43, é de Santa Bárbara do Sul/RS e é um exemplo de que alcançar altas produtividades já não é mais um sonho. Nesta safra, ele chegou a colher, em determinadas áreas, 120 sc/ha. Com 1200 ha de soja plantados, a produtividade média atingiu 80 sc/ha, e todas as áreas deram picos de 100. “Para nós, é uma felicidade muito grande. Há 10, 15 anos não se pensava em 100 sacas, era um sonho”, conta ele. Para Rogério, a alta produtividade é um conjunto de fatores, onde cada detalhe importa. Contudo, o principal foco é cuidar da planta. “São muitos fato-

res. Eu acho muito importante o plantio direto, cronograma da lavoura, agricultura de precisão, assessoria, produto, conhecer a área, a fertilidade do solo. É um conjunto de coisas. O clima também tem que ajudar. Porém, o nosso principal foco é fertilidade, manejo, é cuidar da planta. Cuidar da planta é tudo”. Conforme ele, o que proporciona um respaldo maior é assistência, tecnologia e mão de obra. “Tem que estudar e não só chegar na hora e decidir o que vai plantar. Esse é o diferencial. Nós estamos tendo sorte e ao mesmo tempo informação”, afirma. Gustavo Gomes também é produtor e, no ano passado, foi um dos ganhadores do Desafio da Soja, promovido pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb). O Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja tem como objetivo criar um ambiente nacional e regional que estimule os sojicultores e os consultores técnicos a desafiar seus conhecimentos e incentivar o desenvolvimento de práticas de cultivo inovadoras, que possibilitem extrair o potencial máximo da cultura, com sustentabilidade e rentabilidade. Na safra 2014/15, Gustavo chegou a colher 107

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sc/ha em uma área não irrigada, em Coxilha/ RS. A produtividade média ficou em 71 sc/ ha. Para ele, também são muitos os fatores que envolvem altas produtividades. “Correção da fertilidade do solo equilibrada, não mais nem menos; perfil de solo corrigido e com boas condições físicas; atenção nos manejos básicos, como boa cobertura de palha, velocidade de semeadura, profundidade, inoculação bem feita; atenção na população de plantas e época de semeadura e controle muito eficiente de doenças, desde o início”. Neste ano, porém, as chuvas em excesso no início do desenvolvimento da cultura e na fase reprodutiva e a maior incidência de doenças fizeram com que a produtividade média baixasse para 64 sc/ha. Rio Grande do Sul A área cultivada no Rio Grande do Sul foi 3,92% superior a do ano passado. Foram 5,4 milhões de hectares de soja plantados no Estado. O último levantamento feito pela Emater/RS apontou uma produtividade média de 2988 kg/ha, quase 50 sc/ha. Conforme o gerente adjunto da Emater Regional/RS, Cláudio Dóro, em 2015, entre os meses de junho e julho, quando o produtor fez o planejamento das culturas de verão, ele tinha um indicativo muito bom para a soja. Os boletins meteorológicos apontavam para o fenômeno El Niño, caracterizado por chuvas acima da média. “O agricultor aproveitou essa condição climática favorável e investiu na lavoura, com o uso de muita tecnologia. Ele fez uma boa adubação, comprou sementes de alto potencial produtivo, aplicou os defensivos agrícolas na hora certa. Fez um investimento grande nos insumos”. Na época de implantação da lavoura, entre os meses de outubro e dezembro, ocorreram chuvas acima da média, consequentemente, algumas áreas tiveram que ser replantadas. “Choveu demais, alagou nas partes baixas, houve erosão de solo, cobrindo sementes nas partes mais baixas da lavoura. Como a maioria dos produtores ainda não tem um sistema de conservação de solo eficiente, houve perda de fertilizante, lavou muito o adubo”, lembra Dóro. Essa arrancada inicial roubou um pouco o potencial produtivo da soja. Para Gustavo, essas chuvas em excesso no início da cultura e 18 |

Rogério e o irmão, Fernando, alcançaram uma produtividade média de 80 sc/ha

da fase reprodutiva foram determinantes para a queda na produtividade. Rogério já esperava colher uma boa safra. Sempre atento às previsões, ele antecipou o plantio, prevendo dificuldades ocasionadas pelas chuvas. “Estamos sempre atentos às previsões, que nos deram um suporte para fazer investimentos. Para nós, foi um fator importante”, conta. Mesmo assim, o problema com as chuvas atingiu a lavoura. “Poderia ter sido melhor”. Doenças O ano chuvoso possibilitou as doenças e exigiu um controle químico mais apurado. “Temos uma boa assessoria, dois agrônomos na lavoura. Não perdemos para a ferrugem. Tivemos áreas com quatro aplicações, áreas com cinco, com seis, conforme a variedade e a época de plantio. Em dezembro, com a chuva, tivemos que entrar com avião, o que proporcionou uma aplicação a mais. É preciso estar atento. Você pode plantar a melhor variedade,

| Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

Para nós, é uma felicidade muito grande. Há 10, 15 anos não se pensava em 100 sacas, era um sonho”. Rogério Costella Produtor


Alta produtividade O doutor em agronomia e pesquisador da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol, indica cinco pontos essenciais para obter altas produtividades: A alta produtividade responde à conjugação de muitos fatores:

1. Solo bem manejado ao longo de anos, o

que favorece o acúmulo de matéria orgânica, a qual retém mais água em períodos de estiagens;

2. Adubação de acordo com as neces-

sidades do solo, que são indicadas pela amostragem bem feita e posterior análise;

3. Controle eficiente de pragas e doenças,

utilizando eficientemente o manejo integrado de pragas;

4. Plantio na época mais adequada e com

a variedade mais indicada para a época e a região consideradas;

5. Chuva na quantidade e hora certas.

Isto o produtor não controla, a menos que conte com um sistema de irrigação.

mas qualquer deslize, não vai conseguir controlar as doenças, então nós fazemos o manejo correto. Se em 15 dias tem que fazer a aplicação e passar dois dias já vai fazer diferença. Cada detalhe é importante”, destaca Rogério. Como em outros anos, a principal doença foi a ferrugem asiática. Segundo Dóro, o clima ideal para a ferrugem é umidade relativa do ar alta, temperatura de 18°C a 28°C e molhamento superficial por mais de 6 horas. “O que nós tivemos quase que direto nesse ano. Claro que os produtores já sabendo dessa condição climática, que seria boa para a soja, mas também seria boa para as doenças, fizeram aquisição antecipada do fungicida e tentaram fazer o melhor possível para aplicar na hora certa. Só que em muitos casos, devido a chu-

Pragas Gustavo Gomes foi um dos vencedores do Desafios da Soja, no ano passado. Ele alcançou, em alguns pontos, produtividade de 107 sc/ha.

va, não conseguiam entrar com as máquinas nas lavouras”. Consequentemente a ferrugem se alastrou na lavoura, o que também prejudicou um pouco a produtividade. Para o agrônomo, mesmo assim, as produtividades alcançadas foram boas. “O clima foi bom, os agricultores investiram, estiveram muito atentos às pragas e doenças. As pragas foram controladas antecipadamente. Diante disso estamos colhendo uma safra de soja com bons resultados”. Rotação e integração Rogério tinha 22 anos quando o negócio da família caiu em suas mãos. Ele e o irmão, Fernando Costella, 39, apostaram tudo na terra. “Resolvemos investir na lavoura. Sofremos no começo, principalmente com dificuldades financeiras. Mas sempre acreditamos e investimos no solo”, conta. Hoje ele aposta na diversificação, com rotação de culturas e gado na pastagem. “O fundamental é diversificar”. O gado ajuda a melhorar o preço do grão, enquanto a aveia é fundamental para descompactar o solo. “O nosso carro-chefe é soja, trabalhamos pra ela, mas não deixamos de lado o inverno. Se nós pudermos produzir e tirar grão, vamos fazer. Nós estamos plantando aveia, que nos dá um respaldo muito bom, fertilidade, equilíbrio do solo e matéria orgânica”, explica. A Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

Apesar de mais amenas, as pragas também foram motivo de preocupação. Confira quais são as pragas mais comuns:  A falsa medideira é uma espécie de lagarta que inicia sua alimentação pelo centro da folha formando furos circulares podendo desfolhar até o terço superior das plantas.  A mosca branca se multiplica geralmente onde tem calor e umidade. O inseto ataca as folhas e reduz a produtividade do grão.  Já o percevejo atinge diretamente os grãos em formação devido à sua picada. O resultado final é o prejuízo pela queda no rendimento e qualidade e, no caso de produção de sementes, pela sua inviabilização. | 19


estratégia vem dando certo e, a cada ano, com um solo mais fértil, as condições para plantio são melhores. “É preciso fazer um planejamento já no inverno para saber o que se plantar no ano que vem”. O doutor em agronomia e pesquisador da Embrapa Soja, Amélio Dall’Agnol, lembra da importância da rotação de culturas para o bom rendimento da soja. “A soja é uma leguminosa e faz boa rotação com uma gramínea (trigo, milho...). Seria importante evitar que uma leguminosa seja plantada depois de outra leguminosa ou uma gramínea depois de outra gramínea, para evitar a proliferação das pragas e doenças. Via de regra, as pragas e doenças das leguminosas não atacam as gramíneas e as que atacam as gramíneas não atacam as leguminosas”, explica. O importante é não repetir culturas da mesma família, como soja, feijão e amendoim. Clima Depois de uma safra marcada pelo El Niño, com boa incidência de chuvas para a cultura da soja, a previsão de La Niña preocupa os produtores. Ao mesmo tempo benéfico para as culturas de inverno, como o trigo, por exemplo, o fenômeno, caracterizado pelo tempo seco e frio, pode prejudicar a safra 2016/17 de soja. Pensando nisso, Gustavo já está investindo em estratégias para minimizar esse provável déficit hídrico. “A redução da chuva pode prejudicar o desenvolvimento da cultura, mas depende da fase que vai acontecer. Um ponto positivo é que deve ocorrer uma diminuição da incidência de ferrugem também”.

Preço A alta do dólar foi, em geral, benéfica para o produtor de soja. Quem comprou os insumos quando a moeda estava mais estável, ainda em processo de valorização, fez bom negócio. Na hora de vender, a conta valeu a pena. “O preço está muito bom. Dá para dizer que o ano é de uma boa lucratividade”, avalia Dóro. A instabilidade política e econômica do país está influenciando muito nos preços da leguminosa. O preço, atrelado ao câmbio instável, acaba deixando o produtor confuso. Para Dóro, a solução é manter o custo de produção atualizado, estipular qual é a margem de lucro e, quando ela for atingida, vender.

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MILHO

Nessa safra, foi registrada a menor área de milho plantada nos últimos 20 anos no Rio Grande do Sul. Foram cerca de 752 mil hectares, uma redução de 12.54% em relação ao último ano. O principal motivo dessa redução foi a relação entre o preço do milho e o preço da soja. “Nos meses de maio e junho do ano passado, precisava três sacos de milho para comprar um saco de soja. Era muito desproporcional. O ponto de equilíbrio é em torno de dois sacos de milho para um de soja”, explica Dóro. O milho é uma cultura dependente de água e de nitrogênio e as condições climáticas dessa safra foram essenciais para os bons resultados alcançados. “O milho foi agraciado com boas chuvas”. Conforme Dóro, os agricultores que apostaram na cultura estão muito satisfeitos e aqueles que não plantaram ou plantaram pouco estão arrependidos devido a excepcional produtividade. “Nós não tivemos em termos de produtividade um ano tão bom quanto foi esse”. Outro fator importante foi o preço. “O milho teve uma evolução de preço fantástica. Isso se deve principalmente ao grande volume de exportação e a baixa oferta no mercado interno, devido a redução de área. O câmbio também ajudou a puxar os preços. Temos, hoje, preços recordes de milho. É um bom sinal para o agricultor pensar bem o que ele vai fazer na próxima safra de verão”, finaliza.


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O campo

avança

Fernanda Falcão

tecnico@sementesfalcao.agr.br

Engenheira Agrônoma e Gerente Técnica da Sementes Falcão

A importância das culturas de inverno no sistema agrícola produtivo

F

inalizamos mais uma safra de verão com estimativas abaixo das médias esperadas em alguns locais devido as condições climáticas adversas que ocorreram durante o desenvolvimento das culturas e ao excesso de chuvas na colheita. Nos últimos anos em razão da utilização de cultivares super precoces e precoces, estamos colhendo soja antecipadamente, aumentado assim o período outonal. No momento que colhemos as culturas de verão devemos implementar culturas produtoras de grãos ou coberturas/adubos verdes para que possamos ter palhada o ano todo e assim fazer o verdadeiro plantio direto, com o solo permanentemente coberto. Sabemos dos riscos das culturas de inverno, entretanto precisamos pensar no benefício que elas trazem a todo sistema agrícola. O plantio direto com qualidade é fundamental para minimizar a degra-

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dação do solo e o assoreamento das águas que juntamente com outras técnicas complementares de manejo garantem a sobrevivência do sistema agrícola produtivo. Os benefícios para o sistema são vários, como aumento da palha na superfície, manejo e controle de plantas da-

Sabemos dos riscos das culturas de inverno, entretanto precisamos pensar no benefício que elas trazem a todo sistema agrícola.

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ninhas, aumento da fertilidade do solo, contribuindo física, química e biologicamente para o sistema, amortização dos custos fixos, aumento da produtividade das culturas de verão aumentando do assim a rentabilidade do produtor. As previsões climáticas indicam condição favorável as culturas de inverno para a safra 2016, entretanto o planejamento é fundamental para o sucesso de qualquer atividade. Semear dentro do zoneamento climático, escolher os melhores cultivares para a região de adaptação, dessecar antecipadamente, adubar de acordo com necessidade, utilizar semente com alta qualidade e de procedência, com o tratamento de semente adequado e buscando realizar a semeadura corretamente são fatores fundamentais para termos sucesso. Os riscos climáticos e de mercado sempre existirão, mas os benefícios das culturas de inverno são muito maiores quando pensamos no sistema de produção.



SEGURANÇA NO CAMPO

Desativação da patrulha medo e insegurança para Há quase um ano projeto está desativado no município de Soledade. Número de abigeatos nesse período aumentou mais de 100%

24 |

Redação Destaque Rural

U

ma parceria entre a Brigada Militar e o Sindicato Rural de Soledade/RS era uma das garantias de segurança para os produtores do município. A conta era simples: o sindicato oferecia apoio financeiro e, em troca, os agricultores ganhavam segurança para suas propriedades, com uma equipe de policiais bem equipada. A patrulha rural no município, porém, foi desativada há cerca de um ano. Desde então, os abigeatos aumentaram mais de 100%. No primeiro semestre de 2015, quando ainda existia uma equipe específica para atuar no interior, o número de abigeatos registrados no município foi de seis casos. Já no segundo semestre, após a desativação, esse número passou para 17. Os dados são da Brigada Militar de Soledade e demonstram a relevância da atuação forte no interior para o combate ao crime.

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rural traz a o interior Parceria A parceria entre o sindicato rural e a Brigada Militar existia há cerca de 15 anos. Segundo o secretário executivo do sindicato, Zaluar Pedro, ela foi criada para combater o abigeato e dar mais segurança ao homem do campo. “Marcamos ações para que essa patrulha agisse no meio rural, como por exemplo, conhecer os produtores rurais e a sua localização e também conhecer quem estava trabalhando como empregado nas propriedades. Aonde eles chegavam, eram recebidos, conversavam, explicavam a situação e deixavam um cartão para denúncias”, explica. Conforme Pedro, o retorno dos produtores foi muito bom e o número de denúncias aumentou consideravelmente. O agricultor se tornou um parceiro da polícia, sempre que via um carro ou uma pessoa suspeita no interior, entrava em contato com a Brigada. Quando acontecia um assalto no centro da cidade, produtores e a Brigada trabalhavam em sintonia, o que acabou com as rotas de fuga pelo interior. O sindicato dava apoio financeiro, colaborando

Abigeatos em Soledade 2013........15 2014........12 2015........23 2015 1º semestre: 6 Patrulha rural em funcionamento

2º semestre: 17 Patrulha rural já desativada

Aumento de 183%

na reforma de viaturas, combustível e armamento. Para o ex-presidente do Sindicato Rural, Josoé Samir Silva Lamaison, um dos esquadrões mais bem armados do Rio Grande do Sul é o de Soledade, já que o sindicato auxiliou na compra do armamento. “Fizemos uma campanha, onde outras empresas também ajudaram. A Patrulha Rural trouxe uma segurança no campo em níveis muito baixos de abigeatos, de assaltos, muito inferior ao normal do Estado”. Antes da parceria, o número de abigeatos era muito alto. “Eles estavam dentro das propriedades tomando chimarrão com os produtores. O trabalho foi fabuloso e o resultado fantástico”, lembra Lamaison. A desativação, porém, deixou uma lacuna no trabalho com a comunidade rural. “O setor rural está desassistido”, lamenta Pedro. Para o Capitão Nelson Ceolan, que foi por seis anos comandante da Brigada Militar de Soledade, o trabalho da patrulha rural é essencial e deveria ser prioridade. “Ele não inibe somente o roubo nas fazendas, mas o trânsito dos marginais”, afirma. Conforme ele, a patrulha do município foi uma das precursoras do Rio Grande do Sul. Porém, a área rural de cobertura é muito extensa, as estradas são de difícil acesso e a equipe tinha uma caminhoneta de 2008, que já não possui condições de rodar. “O trabalho era extremamente importante. Não somente para impedir o abigeato, mas porque o produtor rural, hoje em dia, é uma empresa, possui defensivos e produtos de valor muito elevado”. A Brigada está no aguardo de um novo veículo, mas não há previsão de recebimento. Conforme o Capitão Ceolan, apesar de reduzida, a Brigada Militar continua atuando no interior. “Nós trabalhávamos junto com os produtores, tínhamos uma relação muito próxima, uma rede de informações. Continuou a assessoria, mas não é a mesma coisa”, finaliza. Região de Passo Fundo Segundo o Comandante Interino do 3º RPMon, Major Paulo Cesar de Carvalho, na região de Passo Fundo a patrulha rural nunca foi desativada. Em alguns momentos, porém, teve sua operacionalidade reduzida em função de deslocamento de efetivo para Operação Golfinho, todavia, ainda no mês de fevereiro desse ano o trabalho foi intensifi Maio e Junho - 2016 |cado. Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

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Patrulha A patrulha ao longo dos anos sofreu algumas modificações e hoje, com novas estratégias de policiamento, é desenvolvida de acordo com os princípios de polícia comunitária. “Composta por uma guarnição de pronto emprego do Pelotão de Operações Especiais, o POE, a patrulha rural é empregada nas comunidades do interior conforme uma escala de trabalho, suprindo parte das demandas dos agricultores. Assim como o crime migra do centro para o bairro o interior também sofre ações criminosas, o crime se desloca pelas estradas vicinais, e no intuito de aproximar o policiamento preventivo destas comunidades rurais, visando a repressão e prisão de delinquentes, inúmeras barreiras foram formadas e muitas pessoas foram identificadas no primeiro trimestre de 2016”, explica Carvalho. Para o comando do 3° RPMon as patrulhas seguirão realizando o policiamento preventivo, bloqueio de estradas rurais tidas como rota de passagem usadas por delinquentes para fuga com veículos furtados, tráfico de drogas e armas. Conforme os policiais que patrulham o interior os proprietários rurais, sejam de grandes ou pequenas propriedades, os produtores sempre demonstram boa receptividade ao trabalho desenvolvido pelo 3° RPMon e participam ativamente no abastecimento de informações importantes, informações estas que já levaram infratores à prisão. A Orientação do 3° RPMon aos agricultores é, em caso de movimentação estranha na propriedade, acionar o 190 da Brigada Militar. Casos Dentre os casos mais graves atendidos em 26 |

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Para Carvalho, a patrulha rural se reveste de grande importância já que muitos delitos migram para a área rural. “Se antigamente tínhamos tão somente o abigeato, hoje temos quadrilhas que assaltam residências do interior à procura de armas, veículos e outros bens. Como referi, nunca foi desativada na região de Passo Fundo, motivo pelo qual não suscita maiores preocupações. A patrulha rural estará sempre em atividade com o apoio de guarnições do 3º Batalhão de Operações Especiais, sempre engajado em apoiar tanto a cidade quanto o interior do município de Passo Fundo.

Atuação da Patrulha Rural no interior de Passo Fundo

2016, estão a recuperação de implementos agrícolas, carros e a prisão de um foragido que agia com arma no interior de Nicolau Vergueiro. Segundo o Major Carvalho, não houve um acréscimo sugestivo de crimes no interior de Passo Fundo entre os casos registrados. “É importante que as pessoas registrem as ocorrências de forma que possamos planejar o emprego das patrulhas de acordo com a demanda”. No primeiro quadrimestre de 2016 já foram realizadas nove prisões somente pela patrulha rural, bem como centenas de abordagens de pessoas e veículos. Apesar das dificuldades com baixo efetivo, a pretensão é, no mínimo manter as atividades da patrulha rural na região. “No que for possível intensificar as ações, dependendo unicamente de maior disponibilidade de efetivo”, finaliza.

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AGRONEGÓCIO

“Uma ilha de prosperidade Estudo traz os principais indicadores do setor nos últimos 10 anos e revela seu protagonismo em meio à crise nacional Ângela Prestes

O

ano de 2016 trouxe ainda mais recessão para a economia brasileira, que já passava por situação delicada em 2015. Os reflexos da crise, que gerou desemprego, desvalorização cambial e inflação, ainda se estenderão por alguns anos. Nesse cenário, entre os setores da economia, o agronegócio foi o que menos sofreu. A produção agropecuária, hoje, representa 22% do PIB, 37% dos empregos e 46% das exportações brasileiras. Os dados fazem parte do estudo Agrotendências 2016 realizado pelo Canal Rural por meio da Wedekin Agribusiness Consulting. De acordo com o presidente da Câmara de Crédito e Comercialização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ivan Wedekin, nesse momento de recessão, o ar mais alto favorece a ia, cuja retomada seráagronegócio sofre um impacto menor safios são aumentar a ndo menos (queda deque outros setores da economia. “As os gastos no exterior. vendas de alimentos, bebidas e fumo vo da nossa economia.nos hipermercados e supermercados saldo positivo de US$ conomia” (a indústriacaíram 2,5% no ano passado, contra 9 bilhões de 2014 para o do mercado captadauma queda de 4,2% no comércio em

É

geral e de quase 18% nas vendas de máquinas e veículos”. A desvalorização cambial acaba favorecendo o setor, já que incentiva as exportações. Conforme Wedekin, apesar de aumentar o custo de produção da agricultura, por conta dos insumos importados, o impacto da desvalorização sobre a receita compensa esse aumento de custos. “A situação do agronegócio é, de certa forma, uma ilha de prosperidade num mar de crise na economia brasileira. Para os próximos anos, o potencial de crescimento do agronegócio é menor, mas continua tendo uma competitividade baseada na sua tecnologia, no crescimento da produtividade e na capacidade de empreendimento dos produtores”, afirma.

Para os próximos anos, o potencial de crescimento do agronegócio é menor, mas continua tendo uma competitividade baseada na sua tecnologia, no crescimento da produtividade e na capacidade de empreendimento dos produtores.”

O Brasil no cenário mundial De acordo com o estudo, o Brasil é o terceiro maior exportador mundial de

MESMO COM A QUEDA DOS PREÇOS DAS COMMODITIES, O AGRONEGÓCIO CONTINUA SALVANDO A BALANÇA NACIONAL.

SALDO DA BALANÇA COMERCIAL: TOTAL BRASIL X AGRONEGÓCIO (US$ BILHÕES) Exportação 2014

2015

Total Brasil

225,1

191,1

Demais Setores

128,4

Agronegócio % Participação Agro

saldo comercial acima S$ 40 bilhões em 2016.

28 |

Ivan Wedekin

| Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

Importação

Saldo

2014

2015

2014

-15,1%

229,2

171,4

-25,2%

-4,1

2015 19,7

102,9

-19,8%

212,5

158,4

-25,5%

-84,2

-55,5

96,7

88,2

-8,8%

16,6

13,1

-21,3%

80,1

75,2

43%

46%

7%

8% Canal Rural Fonte: AgroStrat Brasil/MAPA/MDIC | Elaboração: Wedekin Consultores


em um mar de crise” SOJA PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES, 2015 PRODUÇÃO POR REGIÕES, 2015

UF

Norte

4%

Nordeste

8%

Sudeste

6%

Sul

35%

Centro-Oeste

46%

AGRONEGÓCIO GLOBAL

MT PR RS GO MS Top 5 Brasil

Produção (milhões t)

% Part.

Área Produtividade (milhões ha) (t/ha)

VBP 2015 (R$ bilhões)

28,0

29%

8,9

3,14

27,9

17,2

18%

5,2

3,29

18,6

14,9

15%

5,7

2,84

17,3

8,6

9%

3,3

2,59

9,0

7,2

7%

2,3

3,12

8,0

75,9

79%

25,0

3,03

80,9

96,2

100%

32,1

3,00

103,4

COMPLEXO SOJA: EXPORTAÇÃO POR PRODUTO, 2015 E 2020

EXPORTAÇÃO:

O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de produtos agrícolas, atrás do conjunto de países da União Europeia (UE) e dos EUA.

Mas quandoProjeção o assunto é balança 2015 2020comercial, o Brasil tem o maior saldo do comércio agrícola mundial. US$ Bilhões Milhões t Milhões t

AGRONEGÓCIO GIGANTE Soja em grãos Farelo de soja Óleo de soja

20,98

Os concorrentes entendem que,59,00 em termos de agricultura, o Brasil 54,32

5,82

não avançam na Organização Mundial 14,83 16,43 do Comércio as negociações

PRINCIPAIS PRODUTOS E MERCADOS

não é país emergente, é avançado, líder global. Por esse motivo, para um comércio agrícola mais livre. Países desenvolvidos e em

1,15

1,67 1,62as portas de seus mercados para desenvolvimento não querem abrir o agronegócio brasileiro. Novas conquistas de mercado dependem de engenho e arte pelos exportadores brasileiros. Canal Rural Fonte: Outlook Fiesp 2025, Conab e AgroStat Brasil/SECEX/MDIC | Elaboração: Wedekin Consultores

MAIORES EXPORTADORES MUNDIAIS DE PRODUTOS AGRÍCOLAS - 2014

BALANÇA COMERCIAL AGRÍCOLA - MAIORES EXPORTADORES EM 2014

US$ Bilhões

700

670

US$ Bilhões

600 500 400 300

68

44

43

40

39

38

Canadá

Índia

Tailândia

Austrália

Argentina

74

Indonésia

100

88

Brasil

200

China

182

EU 28 EUA Brasil China Canadá

Exportação

Importação

Saldo

670

675

-5

182

157

25

88

14

74

74

170

-96

68

40

28

EUA

EU 28

0

14

produtos agrícolas, atrás do conjunto de países da União Europeia (UE) e dos EUA. Entre os produtos com maior relevância, o país tem 40% das exportações mundiais de aves, 22% de carne bovina e

representa em torno de 50% do mercado de açúcar. Para Wedekin, essa relevância do agronegócio brasileiro será ainda maior no futuro porque o Brasil está preparado para atender a demanda crescente de alimentos. “Nós temos um estoque de terras agricultáveis, milhões de hectares de pastagens, com baixa produtividade da pecuária que certamente serão transferidas A soja em grão é o principal produto exp para a produção de alimentos O complexo soja (grão, farelo e óleo) fa representando 14,6% da exportação tot e de florestas. Temos um proUS$ 14,7 bilhões. Os produtos florestais o complexo sucroalcooleiro e o café com grama muito auspicioso que importantes nas exportações do agrone é a integração lavoura-pecuáEm poucos anos, a China se transformou ria-floresta que vai mudar a exportações, alcançando US$ 21,3 bilhõe os EUA (US$ 6,5 bi) e a Alemanha (US$ 5 cara da agricultura brasileiimportada pela China. ra nas próximas décadas”. A Ásia (excluindo o Oriente Médio) ultra como principal bloco econômico deman O ponto fundamental nessa conta é que o crescimento da agricultura é baseado em PRINCIPAIS DESTINOS 2015 –últimos produtividade. “Nos BLOCOS ECONÔMICOS 40 anos a produtividade to-EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS 2015 US$ Bilhões tal dos fatores de produção, US$ Bilhões % 38,1 43 Ásia Complexo Soja ou seja, a produtividade da 18,3 21 EU 28 Carnes 7,8 9mãoterra,Naftado capital e da Produtos Florestais 10.3 7,2 8 Oriente Médio Compl. Sucroalcooleiro 8.5 de-obra cresceu no 5,9Brasil a 7 África (excl. Or. Médio) Café 6.2 5 que Mercosul de 3,5% ao 4,1ano, Outros 5.9 uma taxa 3,1 3 Aladi Farinhas e Preparações 5.9 é o dobro do crescimento daCereais, Couros 3,0 3 Europa Ocidental e seus produtos 2.7 1,0 1 Demais da Eur. Ocidental da agricultura Fumo e seus produtos 2.2 produtividade 0,2 0 Oceania Sucos 2.1 dos EUA”, explica. A0,1 terra e Fibras e produtos têxteis 1.8 Demais da América as instituições de pesquisa e empresas, que geram tecnologia de altíssima qualidade, são essenciais para que esse crescimento aconteça. Outro fator apontado por Wedekin é a alta capacidade de empreendimentos da agricultura brasileira. “Os nossos agri-

Canal Rural Fonte: OMC - International Trade Statistics 2015 | Elaboração: Wedekin Consultores

até 7% de suínos. Isso sem contar a importância que o Brasil tem na produção e exportação mundial de café, na ordem de 40%. Além disso, o Brasil tem 80% do mercado mundial de suco de laranja e

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Fonte: Agrostra

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VELOZ

real, ou seja, acima da inflação do IGP.

Centro-Oeste na dianteira. Crescimento real, ou seja, acima da inflação do IGP.

FERTILIZANTES

RAÇÕES

FERTILIZANTES(Milhões t)

RAÇÕES

(Milhões t)

MÁQUINAS MÁQUINAS

(Milhões t)

(Milhões t)

(Mil unidades)

(Mil unidades)

35%

ESTADOS: OS 10 MAIORES VBPs EM 2015 (R$ BILHÕES)

geração de receita dentro das propriedades rurais, a posição fundamental na agroindústria, no processamento de produtos DEFENSIVOS AGRÍCOLAS DEFENSIVOS AGRÍCOLAS e matérias-primas agrícolas, (Mil t) agregando valor nas suas cidades. “A agricultura brasileira não seria a mesma se não tivesse a contribuição das pessoas e dos empreendedores do Sul do 2008 2014 Brasil”, conclui. 22.4

OS MAIS VELOZES

ESTADOS: OS 10 MAIORES VBPs EM 2015 (R$ BILHÕES)

66.3

30.2

35%

58.6

42.7

58.6

SÃO PAULO

PARANÁ

PARANÁ

RIO GRANDE DO SUL

55

RIO GRANDE DO SUL

MINAS GERAIS

50

MINAS GERAIS

GOIÁS

39

GOIÁS

MATO GROSSO DO SUL SANTACATARINA CATARINA SANTA

55

63

2,0%

63

7,9% 6,9%

50

5,0%

39

8,7% 9,8%

27 27

6,4%

22 22

BAHIA BAHIA

11,6% 11,6%

28

28

MATO GROSSO DO SUL

PARÁ PARÁ

66

66

13 13

2008

7,9%

6,9% 5,0% 8,7%

9,8%

6,4%

5,3%

5,3%

6,1%

6,1%

36%

36%

(Mil t)

2015*

914

7.1

2014

33%

(US$ Bilhões)

9.5

33%

9.5

7.1

352

313

352

Ingrediente Ativo

Ingrediente Ativo

2008

*Estimativa 2008 2015*

Fonte: Anda, Sindirações, An Fonte: Anda, Sindirações, Anfavea, Sindiveg| Elaboração:

Empreendedor Outro ponto que merece destaque é a característica empreendedora e criativa do produtor rural brasileiro. Com uma das menores taxas de subsídio público do mundo, de apenas 4,4% de investimento governamental, quem atua no campo precisa encontrar alternativas para continuar produzindo com qualidade e menos recursos. A competitividade do agrobrasileiro é posta a toda prova na crueza do mercado global. A concorrer saídacoméo tesouro o crédito rural, Para vencer, o Brasil precisa dos competidores (paísesque produtores) e clientes (importadores),saltou que subsidiamde fortemente agricultura. É o que mostra a Organização R$ a42 bilhões em para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE. 2005 para R$ 154 bilhões em 2015. A estratégia parece es- – o PSE, A OCDE calcula para as principais economias do mundo a Estimativa de Apoio ao Produtor sigla em inglês para o indicador Producer Support Estimate. ONão PSE representa quantoada receita bruta tar funcionando. à toa, dos produtores rurais é proveniente de gastos das políticas agrícolas dos governos. Na Noruega, 58% produtividade lavouras do faturamento dos produtores em 2014 veio do governo. nas Os agricultores da Nova Zelândia e da Austrália são os que menos dependem do governo, pois suas economias são abertas, tem mantido crescimento deexpostas à concorrência internacional. 3,53% ao ano desde 1975 e o Brasil é deconsiderado refeNo Brasil, o PSE é de apenas 4,4%, comjá gastos R$ 20,5 bilhões em 2014. Este valor engloba todos os programas pararência a agricultura empresarial e a agricultura familiar nos 5,2 milhões em pesquisa e tecnode estabelecimentos rurais. Em resumo, o agricultor brasileiro é como empresário competente, logia no campo. tira quase todo seu sustento do mercado.

0

58,4 49,2 Percentual da receita dos produtores que vem do governo 20,2

18,0

13,3

9,8

9,0

8,9

4,4

EUA

Canadá

Rússia

Brasil

2,3 Noruega

Japão

China

EU 28

México

| Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

*Estimativa

2015*

ESTIMATIVA DE APOIO AO PRODUTOR - PSE 2014 (EM %) 70 60 50 40 30 20 10

2015

2015

13%

13%

Produto Comercial 2008

2008 2008

(US$ Bilhões)

313

COMPETINDO CONTRA OS SUBSÍDIOS

16

30 |

42.7

2015*

674

674

mento Brasil afora”. Além da relevância da produção de arroz, trigo e da pecuária. “Do ponto de vista da produção animal, o Sul do Brasil ocupa o primeiro lugar na geração do valor bruto da produção agropecuário, que alcançou R$ 58 bilhões em 2015”. Para ele, essa característica da região, pela sua formação de gente, espalhou empreendedores pelo Brasil, promoAGRONEGÓCIO vendo o desenvolvimento da GLOBAL agricultura no Centro-Oeste, Norte e Nordeste brasileiro. “Essa capacidade empreendedora, associada a sua estrutura fundiária de propriedades menores, que vêm, nessas últimas décadas, incorporando muita tecnologia, faz da agricultura do Sul do Brasil um dos pilares nacionais .” Wedekin ainda cita a importância da

O Sul do Brasil Em 2015 o valor bruto da produção agropecuária no Sul do Brasil alcançou R$ 87 bilhões, ficando em segundo lugar, pouco atrás do Centro-Oeste que faturou R$ 93 bilhões. O Rio Grande do Sul é o quarto estado no ranking dos dez maiores produtores, com um total de R$ 55 bilhões. Wedekin lembra que o Sul, e especialmente o Rio Grande do Sul, é o berço da soja. “Do nascedouro no Rio Grande do Sul se gerou toda essa expansão da soja que é a grande lavoura que espalha riquezas, renda e desenvolvi-

2008

914

Fonte: AGE-MAPA dadosFGVDADOS, do IBGE, FGVDADOS, Cepea-Esalq-USP, Conab |Wedekin Elaboração: Wedekin Consultores Canal Rural Fonte: AGE-MAPA com dadoscom do IBGE, Cepea-Esalq-USP, Conab | Elaboração: Consultores

cultores são mais novos do que os americanos e os europeus e isso é uma vantagem. O que nós precisamos ter é uma combinação de políticas macroeconômicas mais ajustadas, uma política agrícola muito mais eficiente e investimentos do Brasil em infraestrutura. Do lado do produtor , o foco é na gestão microeconômica da sua propriedade para que ele continue tendo ainda mais eficiência, especialmente no financiamento, na comercialização e correndo menos riscos no negócio”.

2008

2015

Produto Comercial

32

2015

2008

2,0% Taxa anual de crescimento (2006-2015)

67

SÃO PAULO

Taxa anual de crescimento (2006-2015)

67

MATO GROSSO MATO GROSSO

-15%

-15%

13%

22.4

OS MAIS VELOZES

50.4 50.4

66.313%

30.2

O agricultor produz muito e recebe pouco do governo federal. As transferências de recursos da sociedade para a agricultura são menores, por exemplo, do que o Bolsa Família (R$ 25,8 bilhões em 2015).

1,0

Austrália Nova Zelândia Canal Rural Fonte: OCDE | Elaboração: Wedekin Consultores


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ORGÂNICOS MANEJO

Mercado deve crescer 30% em 2016 Criação de programas de incentivo e maior procura pelos consumidores atraem olhares dos produtores para a área

32 |

Priscila Dalzotto

A

pesar de o Brasil ser rico em biodiversidade e recursos naturais, é o pais que mais consome agrotóxicos no mundo, segundo informações do último relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Apesar disso, as notícias são boas para os adeptos aos produtos orgânicos: a produção aumentou mais de 300% nos últimos 10 anos, informações também do relatório do Inca, e movimentou mais de R$ 2 bilhões em 2014, conforme dados do projeto Organics Brasil. A expectativa para 2016 é que o mercado movimente mais de R$ 2,5 bilhões e cresça entre 20% e 30%. A discussão envolvendo os produtos orgânicos e o agronegócio está sempre em pauta. Há quem defenda o uso dos agrotóxicos e, por outro lado, há aqueles que lutam por uma agricultu-

| Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

ra livre de defensivos agrícolas. Porém, para que o mercado orgânico cresça de maneira adequada, é preciso mais apoio econômico e tecnológico. Ainda existem muitas dúvidas em relação ao tema. Muitos agricultores convencionais querem trabalhar com os orgânicos, mas não sabem como e acabam desistindo por falta de informação. Outros, ainda, não abrem mão da tradicional agricultura. No Brasil Ainda que não o suficiente, o Brasil tem se preocupado cada vez mais com o desenvolvimento do setor orgânico, devido ao crescimento pela sua busca. Prova disso são as políticas públicas de incentivo à agricultura familiar. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) existe desde a década de 40, porém, foi depois da criação do Programa de Aquisição de Alimentos


(PAA), lançado em 2007, que ganhou força. O PNAE determina que pelo menos 30% dos alimentos consumidos nas escolas públicas, sejam oriundos da agricultura familiar. O Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) foi criado pelo governo federal em 2013, e prevê investimento de R$ 8 bilhões no setor, mas ainda não se tem dados concretos sobre as metas estabelecidas. Já o Ministério da Agricultura, com a regulamentação nacional dos orgânicos, que existe desde 2011, trabalha com o cadastro de dados dos orgânicos. São aproximadamente 750 mil hectares divididos entre mais de 10 mil produtores. Vale lembrar que esses dados são correspondentes aos cadastros feitos pelo Ministério da Agricultura e que muitos desses agricultores ainda não são cadastrados.

Por que consumir? Para quem busca um estilo de via mais saudável, os produtos orgânicos saem na frente nesse quesito. Seu ramo é amplo e a lista de produtos que podem ser orgânicos é extensa, vai desde uma maçã, até produtos de limpeza ou mesmo maquiagem. Segundo Lauro Foschiera, coordenador executivo do Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), as vantagens de produzir e consumir orgânicos são muitas. “Com certeza a maior vantagem é a saúde de quem consome, pois os alimentos, além de mais saudáveis, são mais nutritivos, mas também podemos e devemos destacar que para o meio ambiente também é muito bom, já que polui e contamina bem menos”, relata. Apesar dessas vantagens, há ainda quem prefira a agricultura tradicional, por já ter um caminho traçado, ou mesmo pelo preço, pois devido aos cuidados que os orgânicos necessitam, acabam se tornando um pouco mais caros.

Como produzir? Para consumo próprio é simples, basta plantar, sem uso de agrotóxicos, colher e consumir. Já para poder revender esses produtos, é necessário que o agricultor tenha uma certificação, que pode ser realizada de três maneiras: pelo Sistema Participativo de Garantia (SPG), pela Organização de Controle Social (OCS), ou ainda por auditagem, em que uma empresa competente deve ser contratada, todos eles fiscalizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O agricultor pode escolher qual das certificações se adapta melhor a sua forma de trabalho. O produtor que quiser trabalhar com orgânico e tiver qualquer dúvida sobre isso, pode se informar nas entidades que prestam esse serviço de auxílio e que dão informações sobre o mercado, desde como o produto deve ser plantado até onde procurar uma entidade que certifique os produtos. O Cetap, por exemplo, é uma dessas entidades. Em

A expectativa para 2016 é que o mercado movimente mais de

R$ 2,5 bilhões

Cetap O Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap) é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos criada em 1986 por lideranças de organizações sociais e profissionais ligados às temáticas da produção de alimentos e da vida no meio rural. É uma entidade que assessora e trabalha pela defesa e garantia de direitos, formação, capacitação e promoção da cidadania através de organizações sociais. Desta forma, o Cetap tem como objetivo estimular o desenvolvimento de uma agricultura saudável, dando suporte e orientações para agricultores do ramo e aqueles que querem trabalhar com a agroecologia. O público principal de atuação é composto por pequenos agricultores e agricultoras familiares e camponeses, agricultores assentados, pessoas e organizações urbanas que dialogam com a Economia Solidária. A atuação é realizada prioritariamente na região norte do Rio Grande do Sul, mas existem projetos que abrangem diferentes regiões do Estado. Para facilitar o contato e aproximar a entidade do seu público, o CETAP mantém uma estrutura descentralizada, com escritórios em diferentes municípios gaúchos. Conforme Foschiera, mil e trezentas famílias fazem parte do Cetap, sendo que aproximadamente sessenta tem certificação, além de novecentas famílias que ainda estão em trabalho de sensibilização.

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Case de sucesso Um exemplo de produção orgânica que deu certo é a Uva’Só Produtos Orgânicos de Garibaldi/RS. Localizada na Serra Gaúcha - a mais tradicional região produtora de sucos de uva e vinhos do Brasil - a Econatura 34 |

elabora produtos orgânicos desde 1996. Com a marca Uva’Só 100% dos produtos comercializados têm origem orgânica e certificada. Toda a matéria prima se origina da agricultura familiar. A Econatura é uma Ecofábrica e adota práticas sustentáveis em todas as etapas dos processos de elaboração dos produtos. Bruna Mara Postinguer, nutricionista responsável pela empresa explica o porquê e como a Uva’Só nasceu: a uva é reconhecida como sendo uma das maiores fontes naturais de antioxidantes, que por sua vez são substâncias relacionadas com a prevenção de uma série de doenças, como as doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas, alguns tipos de câncer, entre outras, conta. A empresa, já está no mercado há vinte anos, e sempre vem aperfeiçoando seus produtos e sua forma de produzir. “Ao longo de 20 anos de história, viemos buscando aperfeiçoar a elaboração de produtos derivados da uva orgânica, buscando manter ao máximo as propriedades nutricionais e o sabor da fruta e aproveitando todas as suas partes, pois uma série de estudos vêm demonstrando que a maior concentração de antioxidantes da uva está presente em suas cascas e sementes”, relata. Os produtos que a Uva’Só produz são o suco de uva, linha de vinagres orgânicos (vinagre de vinho tinto, vinagre balsâmico e vinagre balsâmico envelhecido), óleo de semente de uva, farinha de semente de uva, e, segundo Bruna, em 2016 será lançada a farinha de casca de uva. “Todos os produtos são feitos com uvas orgânicas da variedade bordô, e são certificados pela Ecocer”, descreve. A

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Passo Fundo/RS, o centro fica localizado na Rua Luiz Feroldi, nº 50, Bairro Boqueirão. A certificação do produtor orgânico só é dada se o agricultor seguir determinadas regras. O primeiro passo, para quem é agricultor convencional e quer passar a produzir produtos orgânicos, é a desintoxicação do solo, depois a capacitação e o preparo, tanto do solo quanto do agricultor. Foschiera lembra que as regras são bastante rígidas: por exemplo, se você é produtor orgânico, mas um vizinho muito próximo usa agrotóxico e atinge sua plantação, você pode acabar perdendo a certificação e tendo que voltar à agricultura convencional. Foschiera também reitera que ainda existe bastante dificuldade nesse ramo, e que a agricultura convencional acaba se tornando mais cômoda. “A agricultura convencional tem um ambiente mais favorável, tem mais investimento do governo e é um mercado certo, já o mercado de orgânico ainda é novo e acaba gerando insegurança”, afirma. Os produtos, geralmente, são vendidos em feiras orgânicas, mas também são encontrados em mercados e, por isso, a importância da certificação: fica mais fácil de diferenciar um produto orgânico devido ao selo que carrega. Os produtos devem estar com o selo e os mercados devem diferenciá -los dos demais.

nutricionista também acha que os produtos orgânicos são mais saudáveis, além de sustentáveis. “Os alimentos orgânicos são livres de resíduos de agrotóxicos, são mais ricos em antioxidantes, ajudam na preservação da natureza e da saúde do agricultor que os cultiva”, finaliza.


CT& Bio

Gilberto Cunha

gilberto.cunha@embrapa.br

Pesquisador do Laboratório de Meteorologia Aplicada à Agricultura - Embrapa Trigo

Emoções e OGMs

A

inda que os autores do artigo “Fatal attraction: the intuitive appeal of GMO opposition” (Trends in Plant Science, v. 20, n.7, jul. 2015, p.414-418, que leva a assinatura de Stefann Blancke e colaboradores da Universidade Ghent/Bélgica) tenham frisado que a intenção não fora rotular a preocupação pública com o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), os populares transgênicos, especialmente em agricultura, como sendo uma decorrência da irracionalidade humana, houve quem não entendesse bem assim. Muito pelo contrário, insistiram os autores do referido artigo, há necessidade de um melhor entendimento da discrepância entre a opinião pública contrária ao uso de OGMs, especialmente na Europa, e as evidências científicas que apontam para o lado oposto. Então, foi lançando mão de análises cognitivas e ideias da psicologia evolucionária que eles chegaram ao veredito de que, nesse assunto, intuições e emoções, mais que razão, são responsáveis por tornar a mente humana altamente suscetível à propaganda contrária aos OGMs. O debate público sobre o uso de OGMs, envolvendo preocupações com riscos à saúde humana e ameaças ambientais, não pode ser reduzido a uma batalha entre racionalidade e irracionalidade ou, simplesmente, civilização versus barbárie. Nesse caso, o entendimento da comunidade cientifica e os interesses da sociedade deveriam convergir para um ambiente de respeito, cabendo aos cientistas, como pretensos especialistas no uso do pensamento racional aplicado a coisas altamente complexas, como são inegavelmente os OGMs, o ônus de tentar entender o fundamento das preocupações públicas sobre o assunto em vez de, simplesmente, desconstruí-las; rotulan-

do-as de “ignorâncias descabidas”; por exemplo. Stefann Blancke e colaboradores ao tirarem suas conclusões a partir de premissas embasadas em conhecimentos de biologia folclórica (falsa ciência), no pensamento teleológico (intencional) e em emoções (repulsa intuitiva), deram demasiada ênfase à importância da irracionalidade na formação da opinião pública contrária ao uso de OGMs. E mais, ao descreverem, na sua análise, uma realidade que é muito vivenciada na Europa, suscitaram críticas, pois, nesse

O debate público sobre o uso de OGMs, envolvendo preocupações com riscos à saúde humana e ameaças ambientais, não pode ser reduzido a uma batalha entre racionalidade e irracionalidade ou, simplesmente, civilização versus barbárie.

caso, estão envolvidas sociedades que se caracterizam pelo elevado nível de democracia, por respeito pela diversidade de credos religiosos e elevada secularização, possuidoras de alto grau de escolaridade e detentoras de instituições de ensino e pesquisa de vanguarda. A relação entre cientistas e cidadãos, quando estão envolvidos temas complexos como é o uso de OGMs, por exemplo, apesar de bastante intricada, mais que um mero conflito entre racionalidade e irracionalidade, merece ser vista como um desafio estimulante para comunidade científica. O embate entre ciência e opinião pública, no caso dos OGMs, soa como um falso dilema. Eis que, uma vez entendido como surgem as crendices populares, quase sempre embasadas em falsas premissas cientificas ou fontes pouco confiáveis, a conciliação pode ser construída. Do lado dos cientistas, esse entendimento facilita a compreensão do papel e do impacto da inovação tecnológica nas sociedades, afastando o mito da prática científica hermética e distanciada de compromissos com o mundo real. E, do lado dos cidadãos, pela percepção que algumas das suas concepções não passam de ilusões ou peças de ficção de má qualidade, podendo levá-los à reconsideração das suas posições sobre o assunto. Após 19 anos de uso de OGMs no mundo (desde 1996), são 28 países que adotam essa tecnologia (EUA, Brasil Argentina, Índia e Canadá ocupam as 5 primeiras posições), apesar dos questionamentos suscitados, tem sido mostrados mais benefícios do que malefícios pelo emprego desse tipo de cultivo. Os grandes desafios que se apresentam em agricultura, especialmente na busca pela intensificação sustentável, não podem prescindir de técnicas de biologia avançada.

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TECNOLOGIA MANEJO

Facilidade na palma da mão Em 2014, mais da metade da população rural passou a contar com as vantagens do telefone celular. O uso do aparelho no meio rural ainda está em expansão, mas já facilita o trabalho de muitos produtores

36 |

Redação Destaque Rural

O

produtor rural está rodeado de tecnologia por todos os lados. As máquinas modernas, o uso de drones e até mesmo as cultivares, cada vez mais resistentes, ajudam no manejo da lavoura e são importantes aliadas na busca por produtividades cada vez maiores. Mas é um pequeno aparelho, escondido no bolso do agricultor, que vem ganhando espaço no meio. O te-

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lefone celular pode facilitar, e muito, o trabalho no campo. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade da população rural brasileira passou a contar com celular em 2014 (52,4%), após aumento de 4,6 ponto percentual em relação a 2013. A maioria dos celulares está na área urbana (82,3%), mas em todas as regiões a diferença entre as proporções do uso do celular nas áreas urbanas e rurais diminuiu. O local que registrou maior crescimento foi a área rural na Região Sudeste, com 5,6 pontos percentuais a mais que em 2013.

época. Em seguida começaram a vir os primeiros aparelhos celulares, que só funcionavam conectados na antena ou se subíssemos no meio da lavoura para conseguir sinal. Ainda bem que evoluiu a tecnologia, veio para facilitar, agilizar e otimizar nosso trabalho, infelizmente deixa a desejar na qualidade do sinal de telefonia e ainda poucos conseguem custear a colocação de antenas para um bom serviço de internet. Acredito que a tecnologia deverá melhorar ainda, tornar-se viável e acessível para todos, dada sua grande importância no nosso trabalho”. Conforme com Denise, até agosto Elemento básico do ano passado a família contava apePara Denise Rosso Casanas com o sinal do 3G. nova, nutricionista e agri“Era muito ruim, já que o cultora na agroindústria sinal de telefone é fraco, de laticínios Della Rosso, tínhamos que nos posio celular é elemento básico cionar em determinados O celular e a para o trabalho na proprielugares para conseguir internet facilitam dade. As encomendas dos antena, desde agosto conmuito nosso clientes, os orçamentos de trabalho, poupando seguimos colocar internet insumos e ingredientes e via rádio, com custo bem muitas vezes a contatos diversos são feitos elevado, mas a necessidaida para o centro, basicamente pelo telefone de é muito grande, já não resolvendo celular. “Como a proprienos vimos sem internet”. problemas, enfim, dade fica a 15 km do centro Para o professor da Unijá não nos vimos de Passo Fundo, o celular e versidade de Passo Fundo vivendo sem ele.” a internet facilitam muito e coordenador do Grupo nosso trabalho, poupande Estudo e Pesquisa em do muitas vezes a ida para o centro, Inclusão Digital (GEPID), Adriano resolvendo problemas, enfim, já não Canabarro Teixeira, a utilização das nos vimos vivendo sem ele”. Ainda tecnologias tem se destacado em todas que em número menor, algumas tranas áreas e demonstra um grande posações bancárias, como pagamentos tencial para a agricultura, em especial e transferências também já são feipela sua mobilidade e acesso a dados tas pelo celular. Denise lembra que, em tempo real. Duas variáveis funquando era criança, seu pai tinha que damentais ao agricultor que está em ir na cidade para conseguir ligar para campo e precisa de dados atualizados. a Frangosul, hoje JBS, para encomen“São aplicativos que vão de previsão dar ração, ou agendar a retirada dos climática, como é o caso do aplicativo frangos. “Até que em 1994 colocamos INMET Tempo e Clima desenvolvido telefone fixo, o rural cel, chamado na pelo Instituto Nacional de Metereologia,

Algumas dicas GPS Fields Area Measure Medidor de área Gratuito O app permite fazer, Android com alguns toques na Em inglês tela, toda a medição do perímetro e o cálculo de áreas utilizando imagens de satélite. Basta localizar a propriedade por meio das coordenadas GPS e fazer a marcação dos pontos. Outra possibilidade é utilizar o modo rastreamento, assinalando as coordenadas em uma caminhada ou usando um veículo.

Agri precision Agricultura de Precisão Gratuito Realiza as funções Android de um GPS portátil de Em port. mão, guiando os usuários ponto a ponto para que sejam coletadas as amostras em campo. Além disso pode ser utilizado para calcular as áreas dos talhões, geração de grade amostral, e exportação dos pontos de contorno e da grade para que sejam criados os mapas amostrados e de recomendação nos softwares de Agricultura de Precisão para PC.

TeeJet Pulverização na dose certa Gratuito Auxilia o produtor Android a definir os atributos iOS Em inglês para fazer a pulverização das lavouras. Basta inserir dados como a velocidade, o espaçamento e a taxa de precisão da aplicação desejada para receber uma lista com os melhores bicos que podem ser utilizados para o trabalho nos pulverizadores.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Della Rosso A Della Rosso é uma agroindústria de laticínios. A propriedade rural, localizada em Santa Gema, no interior de Passo Fundo, envolve toda a família na fabricação de produtos como queijos e iogurtes e doce de leite. O trabalho de Denise é mais focado na agroindústria. “Também trabalho com os animais na ordenha, onde minha mãe Maria Rosicler quem está mais envolvida, na lavoura meu pai Edemir, e nos aviários meu marido Leandro. Na agroindústria temos uma colaboradora, Jéssica, produzimos queijos 4 vezes por semana, nas segundas feiras eu faço o contato com os clientes para fazer as entregas na terça feira, seja pelo Wathsapp ou por ligações”, conta.

até aqueles que reúnem cotações de commodities agrícolas em Bolsas espalhadas pelo mundo como, por exemplo, o aplicativo Commodities Market Prices”, destaca. Aplicativos Dos aplicativos, os mais utilizados são o Whatsapp, o Facebook e o aplicativo próprio do banco, que auxilia na hora de checar saldos, extratos e conferências de entradas e saídas nas contas. Contudo, aplicativos mais simples, como calculadora, lanterna e despertador também cumprem seu papel. “A lanterna já nos ajudou muitas vezes, até mesmo para medicar uma vaca no campo”, relata Denise. Teixeira dá algumas dicas de aplicativos que podem ser úteis: “é possível encontrar aplicativos que auxiliam na simulação de mistura de produtos em tanques de pulverização - Tankmix; apps que ajudam na realização de agricultura de precisão através da utilização do GPS do celular na identificação de pontos de coleta de amostras em campo antes de aplicar insumos - Agri Precision”. Na sua maioria os apps são gratuitos e rodam em Andoid e IOs. Todos podem ser encontrados na Google Play ou na Apple Store e precisam que o celular esteja conectado à internet para funcionar. 38 |

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CULTURAS MANEJO DE INVERNO

Clima será de poucas chuvas e possibilidade de geadas Outono inverno será marcado por precipitações dentro da média em todas as regiões produtoras de trigo do Brasil. Apesar disso, área plantada deve diminuir 13% no Estado

EL NIÑO El Niño é um fenômeno atmosféricooceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias. 40 |

Redação Destaque Rural

O

enfraquecimento do fenômeno El Niño trará benefícios para as culturas de inverno neste ano. Ao contrário do ano passado, quando a incidência de chuvas baixou as produtividades no Rio Grande Sul, 2016 deve ser um ano mais tranquilo. Apesar disso, a aproximação da La Niña preocupa quanto à possibilidade de ocorrência de geadas. O agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos, apresentou, durante o Seminário Técnico Biotrigo Genética, em Campo Mourão, no Paraná, as condições climáticas para todo o Brasil, América do Sul, Ásia e América do Norte. De acordo com ele, diferentemente dos últimos três anos, os pró-

ximos seis meses serão marcados por um clima dentro da neutralidade, já se encaminhando para uma La Niña que deverá se configurar entre o final do ano e começo de 2017. “O outono/inverno será marcado por chuvas dentro da média e temperaturas abaixo da média em, praticamente, todas as regiões produtoras de trigo do Brasil”, explicou. Assim, o risco neste ano não será o regime de chuvas, mas sim, o frio. “Em anos que não há uma influência do El Niño, as massas de ar polar conseguem entrar no Brasil com maior frequência e até mesmo com maior intensidade. Desse modo, a probabilidade de ocorrência de geadas é maior quando comparado aos anos anteriores”. Com relação ao regime de chuvas, quando não há a influência do El Niño

IMPACTOS NO BRASIL NORDESTE

NORTE

Secas severas.

Diminuição da precipitação e secas. Aumento do risco de incêndios florestais.

SUDESTE Moderado aumento das temperaturas médias. Não há padrão característico de mudanças nas chuvas.

CENTRO-OESTE Não há evidências de efeitos pronunciados nas chuvas dessa região. Tendências de chuvas acima da média e temperaturas mais altas no Sul do MS.

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SUL

Precipitações abundantes, principalmente na primavera e chuvas intensas de maio a julho. Aumento da temperatura média


a primavera tende a ser com precipitações dentro da média e não com longos períodos de invernada e até mesmo altíssimos volumes de chuvas, que prejudicam e causam perdas significativas a produção de trigo. De acordo com Santos, na Argentina o risco para a cultura também está associado ao frio, já que a probabilidade de ocorrência de geadas é muito maior no país vizinho do que no Brasil. Já na Ásia, caso venha ocorrer realmente a La Niña, como os modelos de previsão climática estão prevendo, há a tendência de chuvas dentro ou até mesmo acima da média ao longo do outono/inverno. O que beneficiaria as lavouras. Nos Estados Unidos e Canadá as condições serão muito boas para a cultura de inverno do Trigo, mas com a tendência também de temperaturas bem abaixo da média, principalmente no inverno de 2017. Previsão de plantio O primeiro levantamento divulgado pela Emater/RS-Ascar a respeito da intenção de plantio e estimativas iniciais de produção e produtividade da safra

LA NIÑA La Niña representa um fenômeno oceânicoatmosférico com características opostas ao EL Niño, e que caracterizase por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña.

IMPACTOS NO BRASIL NORDESTE

NORTE

Aumento de precipitação e vazões de rios.

Aumento de precipitação e vazões de rios.

SUDESTE Área com baixa previsibilidade.

CENTRO-OESTE Área com baixa previsibilidade.

SUL

Secas severas.

Maio e Junho - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº12

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de inverno 2016 apontam redução de área. Have- os 35,46 mil ha plantados na safra passada. Com rá diminuição de 13,11% da área destinada ao tri- uma produtividade estimada inicialmente em 1,8 go no Estado e deverá ser colhida 1,697 milhão de mil kg/ha, a produção chegaria a 73,1 mil tonelatoneladas do grão. Na cevada, a expectativa é de das. Uma diferença positiva de 54,45% em relação aumento de 14,45% da área total e uma produção a 2015, quando foram colhidas 47,4 mil tonelade 73,1 mil toneladas. Para a canola das, segundo o IBGE. O levantamentambém é esperado um aumento de to levou em conta informações de 64 cerca 4% da área de plantio e a comunicípios, que representam 80% da lheita de 51,33 mil toneladas. Conárea a ser plantada. A canola é outra forme o gerente adjunto da Emater cultura que terá um pequeno aumenRegional/RS, Cláudio Dóro, devido to de área (4%), se comparada ao aos dois últimos anos terem sido de ano passado, passando de 37,27 mil safra frustrada, há uma tendência neha plantados em 2015 para 38,77 mil gativa em relação a plantar de novo ha projetados para 2016. A produção o trigo nesse ano. “O agricultor está Haverá diminuição poderá chegar a 51,33 mil toneladas, saindo de uma safra de verão com contra 42,98 mil toneladas colhidas na da de bons lucros e não está na obrigação safra passada, o que representa um aude ter que se lançar em uma ativida- área destinada ao mento de 19,43%. Para a canola foram trigo no Estado e de para recuperar alguma perda. O consultados 86 municípios, que repreque sentimos, pelas revendas de in- deverá ser colhida sentam 83% da área a ser plantada. sumos e pelos agentes financeiros, é 1,697 milhão de toneladas do que não há um otimismo em relação Safra 2015 grão. a cultura”. Os altos custos da lavoura 2015 não foi um bom ano para as aliados ao preço baixo da venda faculturas de inverno. Apesar de o prorão com que, com otimismo, a área se mantenha dutor ter investido em sementes de qualidade e a mesma do ano passado. “O custo de lavoura de em bons tratamentos, o clima não colaborou e a trigo é muito alto hoje. É um grande desafio. O tri- produtividade sofreu mais uma baixa. As geadas, go se for plantado tem que ser com uma boa tec- junto com o excesso de chuvas nos meses de senologia, em áreas nobres da propriedade para não tembro e outubro, acompanhados da umidade e ter prejuízo”, explica Dóro. elevação da temperatura, fez com que as doenças Realizada durante a última semana de abril e fúngicas se alastrassem. Algumas culturas chegaa primeira de maio, a pesquisa sobre a intenção ram a sofrer perdas de mais de 50% em relação à de plantio para 2016 abrangeu os 240 principais expectativa. O trigo, principal cultura de inverno municípios produtores de trigo, que representam do Rio Grande do Sul, na região do Planalto Mé83% da área a ser plantada. Os dados indicam que dio, sofreu uma quebra de 47% em relação a exa área deverá encolher 13,11% em relação ao ano pectativa inicial de colheita. A expectativa de propassado, quando foram cultivados 882,57 mil hec- dutividade era 3 mil kg/ha, mas a realidade ficou tares, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia longe disso, 1600 kg/ha. e Estatística (IBGE). Se confirmados os números projetados pela pesquisa da Emater/RS-Ascar, a área cultivada será de 766,9 mil ha. Considerando a produtividade média dos últimos anos, que foi de 2.214 kg/ha, a Emater/ RS-Ascar projeta uma produção total de 1,697 milhão de toneladas de trigo para o RS, caso as condições meteorológicas sejam favoráveis. Na cevada, ao contrário do que ocorre no trigo, a área deverá ter um acréscimo de 14,45% em relação ao ano anterior, passando para 40,59 mil ha, contra 42 |

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