Destaque Rural - 24ª Edição

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ANO V NÚMERO 24 RIO GRANDE DO SUL NOVEMBRO | DEZEMBRO | 2019

INFORMAÇÃO COM PROPRIEDADE

MAIS VALOR À SOJA Aprovação dos 11% de mistura de biocombustível ao diesel no Brasil deve influenciar toda cadeia do agronegócio LEITE

INVERNO

CRÉDITO

Mapa exige novos padrões

Opções de cobertura para entressafra

Plano Safra reflete economia do País




EDITORIAL

Ainda mais valor à soja

#edição 24 #Ano V #Nov e Dez

E

m setembro a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP publicou a portaria que aumenta de 10% para 11% a obrigatoriedade de mistura de biodiesel ao óleo diesel fóssil. A adição de biodiesel ao diesel derivado de petróleo é uma excelente iniciativa, pois cria demanda para a soja, atribui valor a comoditie, gerando emprego e renda no campo, além disso, reduz a emissão de poluentes nas cidades. Em entrevista à Destaque Rural, Erasmo Battistela, presidente da BS Bios, descreve o impacto desse aumento na cadeia produtiva da soja. Os números são muito atrativos e demonstram a importância de agregarmos valor ao grão produzido no país.

Editora Riograndense CNPJ 17.965.942/0001-07 Inscrição Municipal 66829 Endereço Rua Cacilda Becker, 30 Boqueirão Cep 99010-010 Diretor Leonardo Wink Jornalista João Vicente Mello da Cruz Estagiária Larissa Schäfer Projeto Gráfico Cássia Paula Colla

Outro tema importante nesta edição trata das coberturas de inverno, cada vez menos utilizadas no Rio Grande do Sul, mas que garantem a proteção dos solos, evitando erosões e a perda da camada mais fértil e contribuindo com o manejo de plantas daninhas. Estamos iniciando mais uma safra de verão e a Destaque Rural acompanhará de perto a produção e trazendo informação, um insumo fundamental para o sucesso da colheita. Boa leitura!

Diagramação Ângela Prestes Colunista Elmar Luis Floss Impressão Gráfica Tapejarense Contatos leonardowink@destaquerural.com.br redacao@destaquerural.com.br (54) 3632 5485 Tiragem 8 mil exemplares

Leonardo Wink Diretor

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22 ÍNDICE

Chegada do B11 vai demandar mais soja

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Leite: novas regras para entrega do produto cru inverno: 4 opções de cobertura na entressafra

inovação: Soja preta tem sabor suave e mais proteína

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evento: Simpósio discute o futuro da agricultura

maquinário: Plantio preciso para altas produtividades

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crédito: Plano Safra 2019/2020 reflete a economia do país

peste suína: O Brasil diante da crise dos suínos na China

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ARQUIVO DESTAQUE RURAL

PECUÁRIA

Novas regras Setor leiteiro enfrenta dificuldades para se adequar à instrução normativa. Entre as exigências está a que obriga que o leite cru chegue à temperatura de 4°C três horas após a ordenha 8 |

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Redação Destaque Rural

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Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) fixou novas regras para a produção de leite no país, especificando os padrões de identidade e qualidade do leite cru refrigerado, do tipo A e do pasteurizado. As mudanças foram publicadas no Diário Oficial da União no dia 30 de novembro de 2018 e estão em vigor desde o final de maio, nas Instruções Normativas (INs) 76, e, na 77. A instrução normativa 76 trata das características e da qualidade do produto

na indústria. Já na instrução normativa 77 são definidos critérios para obtenção de leite de qualidade e com segurança para o consumidor. O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini, ressaltou que entre as exigências, a obrigatoriedade que o leite cru chegue a temperatura de 4°C três horas após a ordenha (antes da saída da propriedade) é o que mais tem gerado apreensão no setor, e a chegar na plataforma com temperatura máxima de 7°C ou até 9°C em casos excepcionais. “Alguns produtores alegam que essa instrução normativa poderia ter chego antes na atividade leiteira, pois justamente quando se trata da contagem bacteriana e de células somáticas nada mudou do que já estava sendo feito, o que houve de avanço foi com relação a temperatura que tem que chegar na indústria, porém um grande problema é com relação a qualidade de energia elétrica, pois com uma estrutura ruim de energia dificilmente o produtor irá conseguir fazer o leite sair de 34ºC, temperatura ambiente após a ordenha, para 4Cº em apenas três horas”, salientou Palharini. Juntamente com as preocupações do produtor e da indústria para se adequar às normativas, o secretário ainda ressaltou que as novas regras são positivas para o setor leiteiro. “As normativas são um ganho para o produtor, pois a partir de agora as indústrias tem que fazer um plano de qualificação desse fornecedor de leite, assim como se atentar à saúde do produtor, ao descarte correto dos objetos e a conservação de medicamentos. Parece que estamos caminhando para que ocorra efetivamente uma assistência técnica ao produtor”, explicou. Conforme os novos parâmetros de qualidade do leite, especialmente em relação à Contagem Bacteriana (CPP) e a Contagem de Células Somáticas (CCS), as IN’s vão manter as contagens bacterianas máximas de 300 mil unidades por mililitro e 500 mil células somáticas por mililitro para o leite cru refrigerado. A CPP para o leite cru de silo na indústria ficará em 900 mil ufc/ml antes do processamento. Sobre a exclusão do produtor no processo de fornecimento do leite, somente ocorrerá após três meses consecutivos onde a média geométrica final extrapole o padrão. Como a amostragem se dará trimestralmente, serão conhecidos em outubro de 2019 os primeiros resultados de propriedades que não conseguiram atingir. Essas e outras mudanças, como o teste de resíduo de antibiótico no leite cru, demonstram uma maior se-

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gurança ao consumidor e a indústria. Então, são assim definidos critérios para a obtenção de leite de qualidade e seguro ao consumidor, que englobam desde a organização da propriedade, suas instalações e equipamentos, até a formação e capacitação dos responsáveis pela coleta do leite. Algumas destas mudanças nas tarefas cotidianas ajudarão no controle sistemático das mastites, da brucelose e da tuberculose.

4º Produtor do Mundo O leite é um produto que sempre está presente na mesa dos brasileiros e em variadas receitas, o que é positivo à saúde do consumidor, bem como para o setor econômico brasileiro. Atualmente, o país ocupa o quarto lugar como maior produtor leiteiro em todo o mundo, conforme resultado apontado pela Embrapa Gado de Leite. Porém, mesmo tendo alcançado essa posição, o Brasil ainda é dependente da importação para suprir o mercado interno. Portanto, se forem realizadas mudanças no setor e na infraestrutura energética e de logística é possível aumentar a produtividade do leite. “A padronização mínima da qualidade do leite é um pontapé inicial para que o setor, junto com o governo federal, possa avançar no sentido de que possamos ser um exportador de lácteo e não um grande importador mundial. Nós já temos uma produção significativa no país, mas não suficiente para atender todo o mercado interno”, ressaltou Palharini.

O teste de resíduo de antibiótico no leite cru dá mais segurança para o consumidor e à indústria 10 |

O QUE DIZ A NORMATIVA 76 No art. 3º, o item I trata da temperatura do recebimento do leite no estabelecimento que passa a ser de 7,0 °C, admitindo-se, excepcionalmente, o recebimento até 9,0 °C. O art. 5º descreve que o leite cru refrigerado deve atender no mínimo aos seguintes parâmetros físico-químicos: Indicador

% (mínimo)

Gordura 3,0 Proteína 2,9 Lactose 4,3 Sólidos não gordurosos

8,4

Sólidos totais

11,4

Estabilidade alizarol Acidez titulável Densidade a 15 °C Crioscopia

72 entre 0,14 e 0,18 centésimos expressa em gramas de ácido lático/100 mL entre 1,028 e 1,043 -0,530 °H e -0,555 °H; equivalentes a -0,512 °C e -0,536 °C

O art. 7º traz que o leite cru refrigerado de tanque individual ou de uso comunitário deve apresentar médias geométricas trimestrais de Contagem Padrão em Placas (CPP) de no máximo 300.000 UFC/mL e Contagem de Células Somáticas (CCS) de no máximo 500.000 CS/mL. O art. 8º limita o leite cru refrigerado ao máximo de 900.000 UFC/mL (CPP) antes do seu processamento no estabelecimento beneficiador. Ficam revogadas: I – a Portaria DILEI/SIPA/SNAD/MA Nº 08, de 26 de junho de 1984; II – a Instrução Normativa Nº 51, de 18 de setembro de 2002; III – a Instrução Normativa SDA/MAPA Nº 22, de 07 de julho de 2009; IV – a Instrução Normativa Nº 62, de 29 de dezembro de 2011; V – a Instrução Normativa Nº 07, de 03 de maio de 2016; e VI – a Instrução Normativa Nº 31, de 29 de junho de 2018. As novas normas seguem uma natural evolução desde a IN 51/2002, exigindo cada vez mais profissionalismo de todos os envolvidos na atividade. Evidentemente, as mudanças destacam a necessidade da capacitação continuada no campo e do monitoramento diário da qualidade em toda a cadeia produtiva.

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ARTIGO

Crédito agrícola e o desenvolvimento do campo

O

crédito agrícola, uma espécie de financiamento concedido aos produtores rurais, conta com taxas de juros mais baixas que as de um empréstimo comum. Assim, é um tipo de incentivo que o governo dá a esses trabalhadores, que não costumam obter retorno imediato e preciso no negócio. Além disso, é uma forma de estimular o crescimento das atividades agrícolas, fazendo gerar mais recursos ao país. OS PRINCIPAIS DESTINOS DO CRÉDITO AGRÍCOLA Existem três categorias do crédito rural que beneficiam os agricultores. Cada uma pode ser usada para um destino específico: Crédito para Custeio: tem o objetivo de auxiliar nos custos habituais da produção. Por exemplo: comprar insumos, terras, animais, ou realizar outras despesas que tenham relação com o ciclo produtivo; Crédito para Investimento: direcionado a benfeitorias, que ajudem o negócio a se expandir, como reformas, aquisição de máquinas, melhorias no solo, instalações; Crédito para Comercialização: aqui a finalidade é financiar operações relativas à compra e venda de produtos. A IMPORTÂNCIA DESSE TIPO DE CRÉDITO O objetivo fundamental é aumentar o desenvolvimento no campo. Por ser um tipo de financiamento

a juros mais baixos, associações, cooperativas e produtores rurais passam a ter mais facilidade para otimizar suas produções e processos de comercialização.

FOTO: DIVULGAÇÃO

AS PROPOSTAS DO PLANO SAFRA 2019/2020 Segundo a Ministra da Agricultura Tereza Cristina, o plano 2019/2020 “beneficiará os pequenos e médios agricultores”, já que a taxa de juros ficará ainda mais em conta para eles. No Pronaf, por exemplo, a expectativa é uma redução de 4,6% para 4% ao ano. O Pronamp poderá reduzir de 6% para 5,5% ao ano. Em contrapartida, o governo sinaliza o aumento de juros para alguns programas destinados aos grandes agricultores. OS DESAFIOS ATUAIS DO CRÉDITO AGRÍCOLA A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) tem demonstrado preocupação com a falta de recursos para o programa Moderfrota (destinado a facilitar aquisição de tratores, pulverizadores, semeadoras e etc.) Em resposta a isso, Eduardo Sampaio, secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, afirmou que, no momento, não será realizado aporte de dinheiro para esta finalidade. Com isso, o agricultor terá dificuldades de obter crédito agrícola nessa modalidade de programa, o que afetará com certeza, suas possibilidades de compra.

DR. CAIUS GODOY, é advogado especialista em Agronegócios na AgroBox Advocacia em Agronegócios. E-mail: caius.godoy@agroboxadv.com.br Novembro e Dezembro - 2019 | Rio Grande do Sul | Ano V | nº23

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INVERNO

Opções de cobertura na entressafra

A incerteza do inverno pode ser substituída por ganhos fisiológicos e financeiros João Vicente Mello da Cruz

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período de entressafra é de incerteza para os produtores gaúchos. Durante o inverno, muitos agricultores preferem não implantar nenhuma cultura na propriedade por medo de perdas devido ao clima e também pelas dificuldades na comercialização. É o pousio. Porém, se o produtor trabalha em um sistema de Plantio Direto, vai precisar escolher uma cultura que além de proteger o solo e contribuir para a manutenção dos nutrientes, também seja capaz de trazer lucro. A safra de inverno que se estabelece no Rio Grande do Sul se dá através de 4 aspectos: lavouras produtivas

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com fins de comercialização, nas quais estão a canola, o trigo, a cevada ou a aveia; a cobertura com nabo, aveia preta ou azevém apenas com intenção de implantar uma cobertura de solo e produção de palhada para receber no verão a introdução de culturas como milho e soja; há também um sistema de pousio, em que o produtor não utiliza área em período de inverno, apenas na safra de verão e que é uma característica regional; o Estado ainda conta com uma cultura na Região do Planalto e dos Campos de Cima da Serra que é a introdução de aveia preta e azevém para a pecuária de corte, havendo uma troca da matriz produtiva se convertendo em outro sistema de produção, também lucrativo, no qual os produtores vão até a fronteira e trazem o gado

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culturas que tenham a capacidade de auxiliar no processo de reciclagem de nutrientes, como a ervilhaca e as crotalárias, que são espécies que além de auxiliar na manutenção de nutrientes, auxiliam na adição de matéProteção de solo São várias as opções para cobertura. O importante é ria orgânica no solo”, explica. A aveia preta e sua palhada, por uma análise específica da propriedaexemplo, promovem a redução da de. Principalmente em relação à atipopulação de plantas espontâneas vidade que o produtor irá desenvolem razão do seu efeito supressor/ ver dentro da propriedade rural, se alelopático. Ou seja, é capaz de é econômica ou se é simplesmente Quando o problema produzir substâncias prejudiciais para proteção do solo. do produtor passa às invasoras, principalmente sobre Se o produtor optar pela cobera ser um problema as de folhas estreitas, reduzindo-se, tura e proteção, a importância é químico é necessário assim, os custos ou herbicidas nas diagnosticar qual a necessidade do optar por culturas culturas seguintes. Essa prática é solo: se existe alguma condição de que tenham a particularmente benéfica antes das compactação, por exemplo, será capacidade de culturas de verão. No feijão, o benecessário escolher culturas que na auxiliar no processo nefício pode chegar a 69% e na soja, descompactação. Para o assistente 38%, segundo dados da Embrapa de reciclagem de técnico da Emater de Passo Fundo, Trigo. Ilvandro de Mello, espécies difenutrientes rentes trazem benefícios diferentes. Ilvandro de Mello “Podemos inserir uma cultura como Lucro com a cevada Assistente Técnico Emater a aveia preta ou o nabo forrageiro O agricultor profissional precisa que são espécies que tem a capacidade de auxiliar na pensar nas culturas no solo durante o inverno, porque descompactação. Quando o problema do produtor pas- além de ter uma proteção do solo, melhorando as casa a ser um problema químico é necessário optar por racterísticas físicas, químicas e biológicas do solo, está

para ser engordado em áreas onde antes havia campo nativo e se inseriram as lavouras de soja e milho.

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trazendo também a rentabilidade. Na região de Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, serão cultivados cerca de 12 mil hectares de cevada na safra de inverno de 2019. Segundo dados da Emater, da safra de 2018, houve um aumento de área de 1000 hectares. Pensando na rentabilidade oferecida pela cultura do cereal este ano, o produtor rural de Passo Fundo, Ricardo Tonial, está apostando em 135 hectares semeados, que serão entregues a uma maltaria da região que beneficia a cevada. “Esta é uma área de perfil mais arenoso, onde há 4 anos começou a ser feito um trabalho de correção”, afirma. Esse ano é o primeiro em que Ricardo e a família apostam em uma cultura de inverno visando a colheita. “Em safras passadas, nós fazíamos a cobertura com aveia e centeio para fugir da contaminação por mofo branco que se reproduzida nas safras com nabo forrageiro e ervilhaca. Então, esse ano, estamos apostando em 135 hectares de cevada”, detalha o produtor. A expectativa da safra de inverno é sempre uma incerteza. Quase uma loteria. O produtor, que vai semear na expectativa da obtenção de uma rentabilidade extra, precisa avaliar detalhadamente qual é a realidade de sua propriedade e de seu negócio. Ricardo pensa na correção de solo como uma forma de garantir a entrega de uma safra de inverno satisfatória. “No nosso caso, fazendo uma cobertura de gesso e também de calcário, principalmente em áreas onde havia menor qualidade de solo. A nossa real intenção é ter um ganho de produtividade na soja, uma média de 3 a 4 sacas de soja a menos de custo, fazendo essa adubação de inverno”, destaca o produtor. A correção de solo para a obtenção de resultados mais significativos na safra também é contemplada através de investimentos em infraestrutura. “Este ano estamos investindo em um escarificador, onde com teste de penetrômetro conseguíamos antes perfurar a 5 cm nos rastros do pulverizador, agora conseguimos até 50 cm após a utilização da escarificação. Em um ano chuvoso isso significa que a cada 60 cm teremos um corte no chão de 50 cm de profundidade permitindo que a água penetre no solo, não causando erosão e no caso de um ano seco teremos o acúmulo de umidade permitindo a garantia de água e nutrientes. Com essa série de medidas e investimentos altos, esperamos no ano que vem estarmos aqui nessa mesma área falando dos ganhos em produtividade que serão obtidos”, comenta. O investimento em culturas de inverno que visem trazer lucro para a propriedade deve ser amparado por 14 |

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vada ou na canola, nós temos uma área muito parecida com as áreas dos anos anteriores na Região Norte do estado. São 52 mil hectares no trigo, 12 mil hectares na cevada, com um aumento de cerca de 1 mil hectares da cultura na região. A cultura da canola, na região, não ultrapassa 2 mil hectares. Conforme explica o gerente regional adjunto da Emater do Passo Fundo, Dartanhã Luiz Vecchi, a implantação da cultura de inverno é sempre pautada pela expectativa de comercialização e também pelas garantias. “Quanto à cevada e a canola, o produtor não vai plantar se ele não tiver uma integração com as empresas que compram e beneficiam essas culturas. São culturas que exigem muito profissionalismo e organização do produtor porque não são culturas plantadas esporadicamente. Possuem menos liquidez de comercialização porque as empresas compradoras não estão disponíveis à negociação sem contratos prévios de entrega para garantir a proTradição do trigo O interessante no manejo das propriedades rurais é dução na nossa região. Diferente de grandes commodities aproveitar a área durante o maior tempo possível, ocu- como a soja e o trigo que podem ser entregues a qualquer pando ela tanto para as culturas de verão como para as dia do ano”, explica o gerente. As culturas de inverno deculturas de inverno. Dentro das características que envol- veriam ser mais adotadas pelos produtores pensando na manutenção do trabalho no camvem a rentabilidade do produtor, o trigo po, já que durante o inverno o maé a que consegue maior área de produtiquinário e a mão de obra ficam pavidade, seguido da cevada e da canola. rados. Assim como, para atender as O trigo é a cultura de inverno mais anpráticas conservacionistas do solo tiga e tradicional da Região Norte do Rio Escolhemos a mantendo sempre chão coberto, Grande do Sul. Com isso, a escolha da cevada este ano, segundo o gerente regional. cultura a ser inserida no inverno, visando principalmente, A cultura do trigo possui uma ino lucro do produtor, depende da tradição devido ao preço tenção de plantio de 740 mil hectana produção naquela área. Outro aspecto que foi fixado pela res para o estado do Rio Grande do que está decidindo hoje qual cultura que maltaria que vai Sul. Na região de Passo Fundo, são será colocada dentro da propriedade rural comprar a produção. 52 mil hectares de trigo que corresna safra de inverno é o nível tecnológico do pondem a 8% da produção do estaprodutor. É necessário profissionalismo. do. Essa área teve um aumento de “Hoje compreendemos a produção de triRicardo Tonial Produtor 4,61%. Na região de Passo Fundo, go para produtores que assumem a tecnoa produção da área de 52 mil hectalogia bastante avançada para ter certeza que terá uma rentabilidade. Na mesma ordem segue a cevada, há res de trigo corresponde ao volume de R$ 90 milhões de necessidade de se ter cuidado com a tecnologia que vai ser reais que ficam na região e são agregados na propriedade. aplicada para que isso dê resultado. Porque sem isso não exis- Porém, apesar de o trigo vir para suprir essa necessidade tirá resultado tanto no trigo quanto na cevada ou na canola, uma renda no inverno, percebe-se que ainda é uma área a melhor opção é se fazer apenas a cultura de proteção de muito menor do que as dedicadas às culturas de verão solo. Assim como o produtor de pecuária, que está trazendo como milho e soja. também aporte econômico no período de inverno onde não plantaria nada e daí está tendo uma opção de renda” é a opiAveia na Integração lavoura-pecuária nião do assistente técnico regional da Emater de Passo FunPara os produtores que apostam na pecuária no inverdo, Ilvandro de Mello. O inverno é uma época que requer no, a aveia preta é a cultura mais utilizada. “Nós temos maiores cuidados e preocupações para o produtor que pre- uma evolução significativa sobre aveia, nós temos hoje tende fazer as culturas semeadas renderem o lucro desejado. várias cultivares de aveia que têm desenvolvimento satisRelacionado às quantidades plantadas no trigo, na ce- fatório no aspecto da produção de massa quanto também

uma comercialização com garantias de rendimentos concretos. “Escolhemos a cevada este ano, principalmente devido ao preço que foi fixado pela maltaria que vai comprar a produção”, diz o agricultor. Ricardo Tonial ainda explica que depois do investimento em preparo do solo e também em infraestrutura, espera o retorno da venda. No caso da cevada, a cultura ainda conta com a característica de possuir um ciclo mais curto e diminui o risco de atrapalhar o calendário de semeadura da safra da soja. Ricardo faz a projeção da cultura de inverno mantendo o olho na safra de soja onde visa ter uma rentabilidade maior. “Nossos testes têm mostrado que o plantio da soja no cedo tem apresentado maiores produtividades. Assim, uma cultura como a cevada promete entregar um rendimento e também não atrasar a cultura da soja”, avalia.

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no aspecto nutricional e outro fator importante é o ciclo da cultura”, é o que explica Ilvandro de Mello da Emater. Para ele, devemos observar que é importante que a aveia se desenvolva e que após a retirada dos animais do campo sobre massa e que haja suficiente tempo para a implantação das culturas de verão sobre o plantio direto. Ou seja, que ainda exista palhada sobre o solo. Discute-se muito a questão da pecuária sobre a agricultura, a chamada integração lavoura-pecuária e que tem trazido resultados satisfatórios e significativos. Porém, existe a necessidade de uma compreensão do manejo dos animais sobre essa área. É importante pensar a quantidade de gado que essa área suporta e também o tempo de permanência desses animais no campo, deixando um restante de massa orgânica para servir de palhada durante a implantação das culturas de verão. “O manejo errado nesse aspecto é quando se coloca uma lotação animal muito maior do que a pastagem suporta e quando chega o momento de fazer a introdução das culturas de verão, seja a soja ou o milho, não existir mais palha sobre o solo”. Ilvandro salienta que

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a utilização de raças com maior potencial genético e que ganham peso com maior velocidade contribui para o manejo no período do inverno. “Justamente esse intervalo entre a colheita da soja, por exemplo, até o cultivo de sua próxima safra, é possível o cultivo de aveia ou azevém e passar o período de engorda e o produtor tem a possibilidade de tirar os animais da pastagem já prontos para o abate”. O ganho de valor econômico produzido pela carne no inverno e permite a implantação das culturas de verão, sem prejuízo de qualidade ou de perdas por compactação de solo sem perder o período do calendário de plantio. “Temos várias cultivares de aveia preta desenvolvidas para alimentação dos animais e outro componente interessante é o azevém. A diferença é que a aveia tem uma capacidade de desenvolvimento maior do que azevém e uma produção de massa maior, porém a aveia tem um ciclo menor que o azevém, este possibilita a produção de massa por maior tempo. Ou seja, a combinação desse dois elementos permite um fornecimento de pastagem por um período maior ampliando o ciclo de pastagem”, conclui.

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MANEJO INOVAÇÃO

Soja preta tem sabor suave e mais proteína Leguminosa tem mais proteína que o feijão

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caba de ser iniciada, na safra 2019/2020, a produção de sementes da BRSMG 715A, soja de coloração preta desenvolvida pela Embrapa, em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e com a Fundação Triângulo. A nova leguminosa é rica em antioxidantes e apresenta sabor suave. Essa característica é importante porque a resistência ao gosto forte da soja foi por muito tempo um desafio para a pesquisa científica, que tentava promover a

adoção da leguminosa na alimentação humana de maneira mais ampla. Os cientistas acreditam que as características inovadoras do produto abrem novos espaços para a soja no cardápio de brasileiros e já chamaram a atenção de interessados em alimentos mais saudáveis e nutritivos. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja (PR) Roberto Zito, a produção de sementes da BRSMG 715A está sendo iniciada nesta safra para aten-

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der a uma expectativa inicial de cultivo em 50 hectares. “É muito gratificante ver uma cultivar atender a um nicho de mercado, tanto pelo seu potencial produtivo quanto pelas qualidades nutricionais”, ressalta. Mais fácil de cozinhar que a soja comum A BRSMG 715A é capaz de enriquecer nutricionalmente uma feijoada, ou mesmo substituir completamente o feijão, já que é uma excelente fonte de proteína. “Os testes que fizemos mostraram que a soja preta tem sabor mais agradável e maior facilidade de cozimento do que a comum. Ela ainda é rica em antocianina, um antioxidante natural que reduz o envelhecimento das células”, explica a pesquisadora Ana Cristina Juhász, da Epamig. De acordo com Juhász, as avaliações sensoriais indicaram que o sabor da soja preta foi consideraÉ resistente do suave e bem aceito no preparo às principais de saladas, na mistura com feijão doenças, inclusive preto e até mesmo na elaboração a nematoides de de “sojoada”, ou feijoada de soja cisto e galha, que são preta. problemas para a Nas avaliações realizadas pela região de indicação. cientista, o tempo de cozimento foi menor quando comparado Roberto Zito ao de outras cultivares, principalPesquisador Embrapa mente em relação à soja marrom, que possui o maior tempo de cozimento entre as cultivares para alimentação humana (as cultivares para indústria possuem menor tempo de cozimento). “Essa característica é importante para a dona de casa que vai cozinhar a soja”, ressalta. “Os grãos também não soltam a casquinha (tegumento) e não formam espuma na panela de pressão durante seu cozimento, características que as cultivares para indústria possuem e que o consumidor não aprecia”, explica.

a capacidade antioxidante da BRSMG 715A, a Embrapa concluiu que a soja preta tem pelo menos 1,8 vez mais atividade antioxidante que a soja amarela. Isso significa que a nova variedade tem maior capacidade para prevenir o envelhecimento, por exemplo. A pesquisadora Priscila Bassinello, da Embrapa Arroz e Feijão (GO), que conduziu as análises das amostras, entende que a nova leguminosa traz mais benefícios para a saúde humana. “Podemos dizer que, com atividade antioxidante maior, a soja preta pode colaborar com o bom funcionamento de órgãos como o coração e também proteger o organismo contra doenças degenerativas (artrite, aterosclerose, diabetes e câncer), relacionadas aos danos causados pelo oxigênio extremamente reativo”, frisa a pesquisadora. Segundo ela, esses compostos antioxidantes (como os fenólicos) possuem a propriedade de proteger os tecidos contra radicais livres. Produtividade similar No Brasil, serão multiplicados inicialmente mil quilos de sementes até que se consiga volume suficiente para atender a demanda de mercado. Indicada inicialmente para Minas Gerais, a BRSMG 715A apresenta produtividade similar à de outras cultivares convencionais disponíveis. “Além disso, é resistente às principais doenças, inclusive a nematoides de cisto e galha, que são problemas para a região de indicação”, declara Zito. Mandarino informa que o laboratório da Embrapa Soja é referência no Brasil em equipamentos e na utilização de metodologias para análises de composição química de grãos e de produtos à base de soja, análise de ácidos graxos, isoflavonas, açúcares, inibidor de tripsina, entre outros compostos. “Temos um forte trabalho de pesquisa básica e um amplo envolvimento com universidades e outras instituições de ensino e pesquisa para quem realizamos análises e fornecemos matéria-prima para projetos de pesquisa”, explica o cientista.

Rumos da pesquisa O dobro de atividade antioxidante Pesquisas mais recentes focaram no desenvolviOs grãos da soja preta possuem grande quantida- mento de produtos de soja verde e de broto de soja de de ácidos graxos monoinsaturados, o que lhes (moyashi). “Avaliamos os parâmetros de produção confere maior estabilidade oxidativa. Ao comparar de brotos de soja e sua aceitabilidade”, diz o pes-

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quisador Marcelo Álvares de Oliveira. Além disso, estudos no processo de armazenagem da soja também vêm sendo conduzidos. Há ainda trabalhos, em parceria com outras instituições, para garantir segurança na armazenagem e que estimulam o processo de rastreabilidade, avaliam resíduos de agrotóxicos e de micotoxinas e, também, estudos para evitar deterioração dos grãos por ataques de pragas. Os brotos são apreciados na culinária por seu paladar agradável e alto valor nutritivo, e a soja é rica em proteínas capazes de incrementar a dieta do brasileiro. A cultivar BRS 216 apresenta características adequadas à produção de brotos, pois suas sementes são pequenas. “Os grãos dessa cultivar têm ainda tegumentos e hilo amarelos, que são aspectos importantes no processamento de alimentos para melhorar a coloração no produto final. Ela também apresenta altos teores de óleo, em torno de 17%, e de proteína próximo a 43%”, explica Oliveira. O desafio do sabor da soja Melhorar o sabor da soja para consumo in natura era um dos desafios da pesquisa na década de 1980, quando o Programa de Soja na Alimentação, da Embrapa Soja, foi idealizado. Ao longo dos anos, esse programa avaliou e lançou cultivares de soja com características especiais para a alimentação humana; publicou livros de receitas e outras publicações técnico-científicas; treinou milhares de pessoas em cursos de culinária; orientou diversos trabalhos de estudantes de graduação e pós-graduação; e prestou assessoria técnica a inúmeras empresas e instituições públicas. A Embrapa e seus parceiros lançaram cultivares de soja com diferentes características especiais para o consumo humano, entre elas a soja com sabor mais suave e agradável ao paladar do brasileiro, além de sementes sem as enzimas lipoxigenases, responsáveis pelo gosto de “feijão cru” da soja. As cultivares especais são: BRS 267, BRS 257, BRS 213, BRS 216, BRS 155, BRSMG 790A e BRSMG 800A. Paralelamente ao trabalho de melhoramento genético, a Embrapa Soja deu início a ações de educação e informação sobre a utilização da soja na culinária e sobre as qualidades nutricionais da leguminosa. De acordo com o pesquisador da Embrapa José Marcos Gontijo Mandarino, o trabalho de

UM EQUIPAMENTO QUE PRODUZ BROTOS DE SOJA

Com o desenvolvimento do Tecnobroto, equipamento para produção de brotos de soja, a Embrapa abriu um novo nicho de mercado. Segundo Oliveira, da Embrapa, o equipamento permite produzir brotos de forma automatizada e sem produtos químicos, utilizando um dispositivo para controle de temperatura da água e tempo de irrigação. “O Tecnobroto é de baixo custo e pode ser desenvolvido em comunidades, associações de produtores e agricultores familiares”, explica o especialista. A produção do broto de soja leva entre três e sete dias e pode ser feita em qualquer época do ano sem a necessidade de solo, de fertilizantes, de agrotóxicos e de luz solar direta. “Para cada quilo de semente de soja, produzimos cerca de 2,5 kg de brotos”, conta. O custo da montagem do equipamento é de aproximadamente três mil reais. Para construí-lo, são necessários componentes como caixas d’água, bombas de drenagem de água e mangueiras de PVC. A Embrapa Soja preparou um hotsite para facilitar o acesso às informações aos interessados em conhecer e montar o Tecnobroto. Essa tecnologia também será apresentada no Workshop Nichos de Mercado.

promoção da soja orientava sobre melhorar o seu sabor via tratamento térmico de grãos para inativar as enzimas lipoxigenases. “É o que passamos a chamar de choque térmico, técnica usada nos grãos das cultivares comuns, nas quais estão presentes essas enzimas”, explica. Nos anos 2000, a utilização da soja na alimentação humana ganhou impulso com novas pesquisas que mostraram sua relação com a manutenção da saúde. “A literatura científica tem mostrado que a soja possui compostos fitoquímicos benéficos para a saúde. No entanto, essa leguminosa, como qualquer outro alimento funcional, não cura doenças, mas reduz os seus riscos”, pondera o pesquisador.

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MANEJO EVENTO

Simpósio discute o futuro da agricultura Evento comemorou os 20 anos da Fundação Pró-Sementes

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om a presença de palestrantes de renome nacional, a Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa reuniu mais de 200 participantes no Simpósio da Semente. O evento aconteceu em Passo Fundo (RS), no dia 22 de agosto, em comemoração às duas décadas de atuação da entidade. A programação foi aberta com a palestra “Políticas no Negócio de Sementes”, proferida pelo consultor técnico da revista SeedNews e professor da 20 |

Faculdade de Agronomia da UFPel por mais de 40 anos, Silmar Teichert Peske. Ele abordou o dinamismo do setor sementeiro frente às inovações tecnológicas do setor. O evento também teve a palestra “Gestão de Pessoas na Era Digital”, do CEO da Futuro S/A, André Souza. Ele abordou as mudanças que as novas tecnologias estão gerando no mundo do trabalho, nos negócios, nas organizações e na gestão de talentos.

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FOTOS: LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA

O engenheiro agrônomo João Alberto Oliveira Júnior, diretor comercial da Ag.In, falou sobre como era a agricultura no passado, como se deu o surgimento da agricultura de precisão, que ajudou a criar o setor como conhecemos hoje, e quais são os próximos passos a partir da agricultura 4.0, na palestra intitulada “Do arado à agricultura 4.0”. O palestrante deixou um recado para os participantes: “não tenham medo de compartilhar suas ideias”. A pesquisadora de ecofisiologia e biotecnologia da Embrapa Soja, Liliane Mertz Henning, encerrou a programação do Simpósio com a palestra Pedro Tombini - Vice-Presidente da Fundação Pró-Sementes, José Américo Pierre “Ferramentas de Biotecnologia na agricultura: pas- Rodrigues - Presidente Executivo ABRASEM, Rui Rosinha - Ex-diretor da Fundação Osvaldo Vieira -Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Hugo Boff - Presidente sado, presente e futuro”. A engenheira agrônoma Pró-Sementes, Fundação Pró-Sementes, Valmir Pavesi - Secretário Executivo da APROSESC, Josef Filho - Presidente da Fundação Meridional, e Alexandre Levien - Diretor da abordou temas como o impacto da transgenia e do Pfann Fundação Pró-Sementes melhoramento genético na agricultura, bem como as novas ferramentas de edição gênica, em especial a ferramenta CRISPR/Cas, que permite alterar o genoma das plantas de forma precisa, e imitar mutações que poderiam ocorrer na natureza, mas que levariam anos. O diretor da Fundação Pró-Sementes, Alexandre Levien, destacou o sucesso do Simpósio da Semente, bem como o empenho dos profissionais envolvidos na organização do evento. Levien afirmou que, diante da experiência bem-sucedida da primeira edição, a entidade deve dar continuidade ao Simpósio. Os participantes foram convidados a doar aliLevien - Diretor da Fundação Pró-Sementes, João Alberto Oliveira Júnior mentos não-perecíveis. Foram arrecadados mais Alexandre palestrante, Liliane Mertz Henning - palestrante , Hugo Boff - presidente da Fundação de 160 kg de mantimentos que serão encaminha- Pró-Sementes, Silmar Teichert Peske - palestrante, e André Souza - palestrante dos para o Centro de Referência de Assistência Social. geradoras de novas tecnologias e o setor produtivo do agronegócio. Fundação Pró-Sementes A Fundação Pró-Sementes atua como entidade A Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa certificadora de sementes credenciada junto ao surgiu com o objetivo de apoiar a pesquisa e a di- Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecivulgação de cultivares obtidas pela Embrapa Trigo. mento (MAPA). Além disso, conta com uma rede Com sede em Passo Fundo (RS), filial em Cam- experimental que desenvolve pesquisas com cultupo Mourão (PR) e escritório em Rondonópolis ras de verão e inverno. É responsável pelo licencia(MT), é uma instituição privada, brasileira e sem mento de cultivares de soja, trigo e aveias, através fins lucrativos. Atualmente, é uma das mais im- de parcerias com empresas de melhoramento geportantes instituições do país no setor sementeiro, nético vegetal. Desde 2012, conta também com a prestando serviços diferenciados e de qualidade a unidade de Capacitação Profissional, oferecendo obtentores, produtores e comerciantes de semen- diversos cursos que visam atender as atuais detes, sendo um elo de ligação entre organizações mandas do agronegócio brasileiro.

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MANEJO BIOCOMBUSTÍVEL

Chegada do B11 vai demandar mais soja Conheça os impactos da aprovação dos 11% de mistura de biocombustível ao diesel no Brasil

mistura de biodiesel ao óleo diesel. Dessa forma, 11% passam a ser o percentual mínimo de mistura. Esse aumento vai gerar uma demanda por investualmente, o Brasil é o segundo maior timentos na cadeia do biodiesel que irá refletir na produtor mundial de biodiesel, atrás demanda por matéria-prima, influenciando toda a apenas dos EUA. A produção total do cadeia do agronegócio. Com o B11, a Associação ano de 2018 foi de 5,3 bilhões de litros. de Produtores de Biodiesel do Brasil - APROBIO Baseado em um cronograma que aumenta grada- estima que a produção brasileira alcance o recorde tivamente, ano a ano, o percentual da mistura do de 6 bilhões de litros em 2019. Em entrevista, o biodiesel ao diesel produzido no Brasil, em agosto, diretor da BSBios, Erasmo Carlos Battistela, exa ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Na- plicou como esse processo vai acontecer e como o tural e Biocombustíveis - divulgou a portaria que aumento no percentual de mistura vai mexer com aumenta de 10% para 11% a obrigatoriedade de a economia ao redor da commoditie. João Vicente Mello da Cruz

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DESTAQUE RURAL F Qual o impacto da evolução de B10 para B11 na produção de biocombustíveis? ERASMO CARLOS BATTISTELA: É um impacto importante. Nós estamos começando um novo ciclo no biodiesel. Esse aumento de 10% para 11% vai trazer um incremento de mercado de 600 a 700 milhões de litros/ano. Isso vai demandar um aumento de 3 milhões de toneladas de soja que serão processados no Brasil e a parte do óleo da soja será aproveitada para a produção do biodiesel. Esse cronograma de mistura do diesel não para nos 11%. Nós teremos, a partir de agora, o incremento de 1% de biodiesel a cada ano no óleo diesel. Em 2020, 12%. 2021, 13%. Em 2022 para 14%, chegando em 2023 com 15%. É isso que a lei permite. Nesse cronograma, nós vamos sair de um patamar de produção de 6 bilhões de litros de biocombustível para um patamar de 12 bilhões de litros nos próximos anos. Então, será necessário investimento. Não somente na parte de usinas, mas também na parte de processamento de matérias-primas, na parte agrícola. O biodiesel, além de beneficiar o país, porque assim importamos menos diesel, gera mais PIB e mais emprego. Gera investimento. O setor agrícola se beneficia, seja o pequeno ou grande produtor, porque o biodiesel é o único programa de energia do mundo que reserva parte da matéria-prima para ser comprada de pequenos agricultores. Hoje, no Brasil, já são mais de 100 mil famílias que fornecem matéria-prima para essa agroindústria. O biodiesel no Brasil, de acordo com estudos da FAO, ajuda a aumentar a oferta de alimentos. E por que ele ajuda a aumentar a oferta de alimentos? Quando aumenta-se o esmagamento de soja, por exemplo, aumenta-se a oferta de farelo de soja que é utilizada como base da ração animal. Assim barateia-se o custo de produção para alimentar gado, suínos e aves. Além disso, o Brasil tem um compromisso ambiental para os próximos anos. Ano passaso foi criado o programa Reno-

vabio, que é o compromisso do Brasil em reduzir as emissões em até 10,1% até 2028 e, sem o biocombustível, será impossível o Brasil atingir esses objetivos. Quando nós olhamos para o ano de 2030, nós vemos o Brasil utilizando 20% de biodiesel misturado à matriz de diesel. DESTAQUE RURAL F O que limita a expansão da utilização do biocombustível para 30% no óleo diesel, por exemplo? ERASMO CARLOS BATTISTELA: Os biocombustíveis têm um fator limitante que é, obviamente, a oferta de matéria-prima. Nós não temos em nenhum lugar do mundo a quantidade necessária de matéria-prima para substituir a matriz de combustível fóssil. Por outro lado, se nós acelerarmos muito o percentual de mistura das matérias-primas, nós teremos um “boom” no preço das matérias-primas e não é isso que nós queremos. Não podemos gerar instabilidade e nem gerar inflação. Nós também precisamos seguir um cronograma alinhado com toda a ca-

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deia. A cadeia de produção e a cadeia de consumo que são os donos de caminhão e de ônibus e a Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores que precisa dar garantia na fabricação dos motores. Toda a cadeia precisa estar alinhada porque sabe que vai precisar fazer investimentos, seja na área de distribuição ou na área de produção de veículos, na área de produção de matéria-prima ou até mesmo na área de produção do biodiesel. Nós estimamos que até 2030 serão necessários e serão aplicados mais de R$ 6 bilhões na cadeia, como um todo. Precisamos de tempo. Não existe uma forma de fazer uma mudança de matriz de uma forma drástica ou rápida. Em nossa avalização, essa mudança, esse crescimento de mercado, é um sucesso. Nós começamos em 2008, quando nós não tínhamos biodiesel adicionado e começamos com 2% e não paramos o crescimento. Em 10 anos, nós estamos com 11% de mistura de biodiesel em todo o diesel consumido no Brasil.

A Região Sul do Brasil, em especial o Rio Grande do Sul, tem um grande potencial no inverno. Nesse período, nós temos uma fase em que as áreas, o maquinário e a mão de obra ficam subutilizados. Nós temos uma grande oportunidade de desenvolver, realmente, a cadeia da canola no estado do Rio Grande do Sul”.

DESTAQUE RURAL F Como a produção de biodiesel poderia ajudar o desenvolvimento da safra de inverno no Rio Grande do Sul? ERASMO CARLOS BATTISTELA: A Região Sul do Brasil, em especial o Rio Grande do Sul, tem um grande potencial no inverno. Nesse período, nós temos uma fase em que as áreas, o maquinário e a mão de obra ficam subutilizados. Nós temos uma grande oportunidade de desenvolver, realmente, a cadeia da canola no estado do Rio Grande do Sul. A canola é uma excelente alternativa para nós do setor do biodiesel a ser colhido no inverno. Precisamos da decisão do país em realmente ser um produtor de canola. Precisa-se investir em pesquisa. Precisa-se envolver a Embrapa. Precisa-se ter linha de crédito para financiar o produtor. Precisa-se ter seguro agrícola. E, com isso, poderemos transformar o Brasil em um grande produtor de canola.

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A canola é a terceira maior produtora de óleo no mundo. E ela ainda pode substituir o óleo de soja para o consumo humano.

O diesel aumentou e tivemos a greve de caminhoneiros, por exemplo. Isso é economia.

DESTAQUE RURAL F O que é bioeconomia?

DESTAQUE RURAL F Como a BSBios tem utilizado a gordura animal na composição do biodiesel?

ERASMO CARLOS BATTISTELA: A bioeconomia é uma palavra nova que nós vamos ouvir falar muito. O biodiesel é bioeconomia. O etanol é bioeconomia. Assim como o biogás, o diesel verde HVO, o querosene de avião à base de óleos vegetais, é bioeconomia. Utilizar um manejo florestal adequado é bioeconomia. Reutilizar resíduos é bioeconomia. O Brasil, dependendo de como souber aproveitar suas condições, será o país que mais se beneficiará dessa nova forma de ver a economia. Precisamos ver a economia de forma sustentável e ganhar dinheiro com isso. Porque o mundo está demandando práticas mais sustentáveis. E ser sustentável, não é parar a produção agrícola. É continuar a produção agrícola como nós temos no Brasil com Plantio Direto, utilizando menos água, fazendo manejo adequado, preservando as margens dos mananciais de água como o agricultor brasileiro faz, utilizar a matéria-prima para gerar maior valor e renda. Nós temos muitas oportunidades como setor agro e agroenergético nessa nova forma de economia, também em função das mudanças climáticas que estão aí. DESTAQUE RURAL F O valor alto da soja influencia no valor do biocombustível? ERASMO CARLOS BATTISTELA: O nosso biocombustível é praticamente uma commoditie, porque é feito a base de uma commoditie. Assim como a gasolina é uma commoditie. Então, toda a vez que a soja encarece, vai encarecer um pouco o biodiesel. É claro que nós utilizamos apenas 20% do grão para a produção de biodiesel, o resto é farelo de soja. Então não é um impacto direto. É um sistema cíclico.

ERASMO CARLOS BATTISTELA: Na unidade de Marialva/PR nos conseguimos utilizar até 50% de gordura animal na composição de biodiesel. Em Passo Fundo/RS nós ainda temos a limitação de 30%, mas planejamos um investimento para poder chegar até os 50% de mistura de gordura animal. Esse é outro grande benefício que o programa de biodiesel trouxe para o Brasil. A gordura era uma matéria-prima proveniente de um resíduo industrial e que muitas vezes ía para o descarte. Não tinha valor e que hoje tem um valor significativo no mercado. E grande parte desse valor acabou voltando paro o produtor agropecuário porque valorizou o resíduo, melhorou a condição de o frigorífico pagar por frango, por gado, por suíno e, consequentemente, melhora rentabilidade ao produtor. DESTAQUE RURAL F Quais os principais desafios para a indústria do biocombustível? ERASMO CARLOS BATTISTELA: Os nossos desafios são os mesmos desafios de qualquer outra indústria. Nós temos aqui uma expectativa muito grande de que o Brasil entre em um novo ciclo econômico porque nós passamos pela pior crise da nossa história e, então, o mercado parou. Esperamos que a partir de 2020, o Brasil entre em um ciclo de crescimento econômico para ajudar a aumentar mercado e também para a retomada de investimentos. Acreditamos que o Brasil aprovando as reformas que precisam ser aprovadas, o nosso setor também será beneficiado. Assim com a recente aprovação pela Câmara dos Deputados da MP da Liberdade Econômica. Precisamos de mais liberdade para diversificar e comercializar. Esse é nosso maior desafio.

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MANEJO MAQUINÁRIO

Plantio preciso para altas produtividades A importância da regulagem da semeadora para alcançar altos rendimentos Redação Destaque Rural

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estimativa para a produção mundial de soja no ciclo 2019/20 está em 342 milhões de toneladas, de acordo com a projeção de safra do Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês). No entanto, para obter bons resultados na safra é necessário planejamento e seguir algumas recomendações técnicas desde o início da semeadura da soja, o que vai da qualidade do fertilizante, vigor das sementes até a revisão e regulagem dos maquinários. Para estabelecer um plantio de qualidade é preciso 26 |

ter muita atenção com a manutenção das semeadoras, que inclui lubrificação, verificação de peças e calibração, além das etapas pré-plantio como dessecação completa e antecipada das culturas de serviço e/ou a distribuição homogênea e perfeita da palhada da cultura anterior (trigo, aveia, canola, cevada, entre outras) que possibilitam maior rendimento operacional e produtivo. O consultor Marcos Haerter explica que existem duas formas de semeadura, a pneumática e a mecânica. “Na pneumática os discos trabalham na vertical e existem discos com 40 furos, 56 furos, 78 furos ou 100 furos. Diante disso, é importante o produtor saber que com menos furos muitas

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vezes, na questão da soja com até 12 ou 13 sementes a distribuição fica mais homogênea, aumentando a singularidade da distribuição das sementes”. Caso o produtor optar por uma variedade que necessite um número maior de sementes (20 ou 22 sementes) deve-se utilizar um disco com mais furos, pois neste caso se for usado um disco com menos furos vai exigir uma maior rotação do mecanismo o que, segundo Haerter, pode desgastar o sistema ou até comprometer a eficiência. Ao utilizar o sistema mecânico é importante que o produtor saiba que neste tipo de disco as sementes são calibradas por bitola. Então falando em seleção de disco, tem que deixar a semente com uma certa folga, de modo que a semente balance um pouco. “Na hora de selecionar o melhor disco o produtor deve perceber que não pode ir duas sementes no mesmo furo e também que a semente não pode ficar apertada ou presa. Pois se a semente estiver apertada pode trancar o furo, o que vai ocasionar uma falha a cada volta que o furo estiver obstruído”. Outro cuidado a ser observado é na hora da substituição do disco, quando o produtor deve verificar qual o tipo de roseta está no equipamento. Se o disco possuir 64 ou 90 furos (para plantio entre 12 a 16 sementes por metro linear), deve ser usado uma roseta dupla. Caso o disco tenha apenas uma fileira é necessário o uso de uma roseta simples. Nas semeaduras mecânicas é importante que a soma do disco e do anel seja de 8,5 milímetros deixando meio milímetro de folga, isto porque, no gabarito de todas as semeadoras a medida é de 9 milímetros. “Caso o produtor use uma determinada marca de disco com 4,5 mm, o anel então deve ser de 4 mm, só que este anel 4mm deve ser rebaixado por conta da altura da semente. É importante cuidar para que a semente não fique muito saliente sobre o disco, pois se sobrar muito pode danificar a semente, comprometendo a sua germinação”. Outro fator importante são os produtos utilizados no tratamento de sementes, pois estes podem causar desgastes ao mecanismo, causando falhas na semeadura. O que pode ser facilmente solucionado adicionando grafite no processo. “O grafite mesmo nas semeadoras pneumáticas é indispensável. O uso se faz necessário, pois o sistema precisa estar lubrificado e a única forma para fazer isto é através do grafite ou assemelhado.” O sistema de monitoramento de interrupção do fluxo de semente e fertilizantes tem a função de alertar o operador quando houver alguma interrupção do fluxo. Este equipamento pode ser por sensor ótico, o qual é muito

Consultor Marcos Haerter

O sistema precisa ser lubrificado com grafite.

afetado pelo tratamento das sementes, por isso é necessária uma limpeza criteriosa com escova. “Neste sistema um sensor emite o sinal e o outro recebe, então quando está obstruída pela sujeira, a emissão acontece, porém, a recepção não, avisando o operador. Com a falta de manutenção pode acontecer a sinalização ao operador do problema mesmo que ele não exista. Então a limpeza garante o funcionamento perfeito do sensor”. É imprescindível que o produtor fique atento a distribuição de sementes, pois tão importante como a distribuição horizontal e singularidade das sementes, também a destruição vertical no sulco de plantio, pois para sementes que ficarem muito profundas, haverá um desgaste muito grande do vigor, com a consequente emergência de plantas de baixo potencial produtivo. Deve-se levar em conta que as condições do solo podem mudar de talhão para talhão. Desta forma, a regulagem da semeadoura deve ser constantemente monitorada e, caso necessário, devem ser feitas novas regulagens durante o dia de plantio.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

CRÉDITO

Plano Safra 2019/2020 reflete a situação econômica do país Este ano a política agrícola de segurança da produção no campo terá R$ 225,59 bilhões em créditos para agricultores Redação Destaque Rural

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Plano Safra reafirma o compromisso do Governo Federal na ampliação da produção de alimentos e na garantia de crédito mais barato para aqueles que produzem a comida que chega à mesa dos brasileiros. Para financiar pequenos, médios e grandes agricultores, o governo anunciou no dia 18 de junho a liberação de R$ 225,59 bilhões em créditos para financiamento do Plano Safra 2019/2020. Deste total, R$ 222,74 bilhões vão para o crédito rural, R$ 1 bilhão para subvenção ao seguro rural e R$ 1,85 bilhão para 28 |

apoiar à comercialização. Segundo o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/ RS), Paulo Pires, com mais políticas públicas para o rural brasileiro, os agricultores têm conquistado segurança, respeito e autonomia. “Temos que ter um modelo de seguro como qualquer país desenvolvido em agricultura possui. A agricultura é uma indústria a céu aberto, por isso há riscos de ocorrer perdas e estas devem ser pagas através de um fundo ou de uma equalização por parte do governo federal”, salientou. Os agricultores que se enquadram no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ) terão taxas de juros entre 3% e 4,6%

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ao ano. Para pequenos (que estão fora do Pronaf ) e médios, o índice é de 6% ao ano. Os demais terão juros de 8% ao ano. Pires ressaltou que este aumento é um ponto negativo, no entanto, o dirigente enfatizou que o governo sempre sinalizou a intenção de manter o mesmo volume de recursos e que para isso seria necessário elevar os juros. “Mesmo assim, foram anunciados incentivos importantes como, por exemplo, o financiamento para a assistência técnica”, ressaltou. O presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, acredita que a taxa de juros deveria ser menor que a Selic e igual a inflação. “O Plano Safra foi muito bem construído, porém é importante que o produtor consiga plantar com custo igual ou menor que o do ano passado, o que não está acontecendo hoje. O custo está acima e temos que compensar isso com produtividade e aplicação. Esperamos que o mercado se estabilize em um preço razoável para que o produtor possa ganhar dinheiro”. A liderança também considerou positiva a junção da agricultura familiar com o Ministério da Agricultura. A unificação dos ministérios apresentou uma política para todos os produtores brasileiros, o que mostra a força do setor. “O produtor é um só no Brasil, então essa união deixa o ministério mais forte para atender todas as camadas e culturas de norte a sul. O anúncio também ficou dentro da expectativa e seguiu a realidade da economia brasileira. O governo entendeu que o produtor necessita de um seguro rural robusto, com garantia de custeio da produção, com renda. O que para esse ano conseguimos é um bom avanço”, destacou Mânica. O Plano Safra não traz nenhum alento para o setor arrozeiro segundo o ex-presidente da Federarroz, Henrique Dornelles. “Observando de maneira ampla, é um plano inovador, obviamente que os juros seguem altos em relação aos nossos competidores, mas é inovador porque traz a questão do endividamento, e da agricultura unificada”.

Crédito rural Dos recursos destinados ao crédito rural, R$ 169,33 bilhões vão para o custeio, comercialização e industrialização. Para investimento, são R$ R$ 53,41 bilhões. O montante é semelhante ao do ano passado, quando as cifras para a agricultura empresarial e a familiar eram separadas. Na parte de custeio, comercialização e industriali-

zação, os juros para o Pronaf, que reúne os pequenos agricultores, são de 3% a 4,6% ao ano. Para o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), que reúne os médios agricultores, os juros serão de 6% ao ano e para os demais produtores, de 8% ao ano. Nos programas de investimento os juros vão de 3% a 10,5% ao ano.

Seguro Rural O volume de recursos de R$ 1 bilhão para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) mais que dobrou nesta temporada. A estimativa do Ministério da Agricultura é que a área segurada chegue a 15,6 milhões de hectares em 2020. Pires destacou a importância da pré-equalização do seguro rural e ainda afirmou que o importante é o produtor ter recursos na hora certa, com os volumes necessários que a agricultura demanda. “Afinal, a agropecuária brasileira é a grande protagonista da economia do Brasil nos últimos anos, então para que continue tendo resultado não podem faltar recursos. Acredito que o governo foi muito pontual nisso”, pontuou o presidente da FecoAgro.

Pronaf Pela primeira vez, recursos do Pronaf podem ser usados na construção e reforma de moradias de pequenos agricultores, com juros de 4,6 % ao ano. Com carência de três até 10 anos para pagar. Foram destinados R$ 500 milhões para essa finalidade, valor suficiente para construir 10 mil casas, de acordo com o Ministério da Agricultura. O Seguro da Agricultura Familiar (Seaf) e o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) terão disponíveis R$ 13,4 bilhões para segurar 120 diferentes culturas. Nei Mânica destacou a importância do produtor poder construir ou reformar a sua residência, “antes havia recurso para construir pocilga, estábulo e aviário, mas não havia para a própria residência, para melhorar a qualidade de vida do produtor, então esta foi uma mudança muito importante”, salientou o presidente da Cotrijal.

Apoio à comercialização Para 2020, está programado R$ 1,85 bilhão para apoio à comercialização nas modalidades de aquisição direta do produtor, contratos de opção de venda e subvenção de preços.

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Moderfrota O programa Moderfrota é a principal linha de crédito com juros subsidiados para a compra de máquinas agrícolas do país. No plano safra 2019/20 o financiamento de máquinas, equipamentos e implementos agrícolas novos e usados aumentou um ponto percentual do que era cobrado no plano anterior. Para o dirigente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da ABIMAQ, Pedro Estevão Bastos, a perspectiva para 2019 é um crescimento de 10% nas vendas do setor, quando comparado ao ano anterior. “O principal programa para compra de máquinas é o Moderfrota com orçamento de R$ 9,690 milhões para o plano safra 2019/20, contra R$ 9,645 da safra 2018/19, um aumento de 0,4%. Consideramos este orçamento insuficiente para o período. Os juros do Moderfrota estão em 8,5% aa para clientes com faturamento anual de até R$ 90 milhões e 10,5% aa para clientes com faturamento anual superior a R$ 90 milhões”, afirmou Bastos.

Custos de produção A FecoAgro/RS, realizou um levantamento dos custos estimados de produção para as safras 2019/20 de soja e milho. A entidade acredita que se o produtor estiver ciente dos custos de produção, ele poderá adotar estratégias de comercialização como fixar preço para entrega futura garantindo melhor margem de lucro ao produtor. É importante salientar que o controle de custos é fundamental para análise de resultado de cada lavoura garantindo sustentabilidade na produção futura. Os dados divulgados no dia 26 de junho, apresentam um custo estimado de R$ 3.388,37 por hectare para a soja, enquanto no milho é de R$ 4.583,80. Na avaliação de rentabilidade atual, o estudo considerou os preços praticados dos principais insumos, máquinas e implementos, referência pelo produtor, além dos demais fatores que compõem os custos de produção, bem como o preço de mercado de grãos, com base na primeira semana de junho de 2019. A estimativa de custos elevados para safra 2019/2020 preocupa o setor. A queda de preços da soja ficou na ordem de 0,54% no primeiro semestre de 2019 e o milho teve redução de 1,36% em valores nominais. O dirigente da entidade destacou que os insumos possuem um custo bastante elevado para a produção, “dentro deste estudo nós tivemos um custo de 14% 30 |

de insumos por hectare, e se somarmos todos os insumos, sementes, agroquímicos e fertilizantes vamos ter um custo de 42%, só o fertilizante tem o custo de 14%, sendo o maior custo tanto na soja, quanto no milho”, ressaltou Pires. A análise prevê que fatores como os preços, tanto dos insumos como das máquinas e equipamentos, atrelado a valorização do dólar frente ao real, junto a insegurança na logística ocasionada pela greve dos transportadores com a indefinição da tabela de frete, vem deteriorando o poder de compra do produtor frente aos insumos e máquinas. O estudo também avalia que, comparativamente em relação à 2018, o produtor está numa relação desfavorável na relação de troca, isto associado também aos fatores conjunturais como elevação nas taxas de juros para custeio da próxima safra, questão cambial, guerra comercial entre Estados Unidos e China, elevação de preços de insumos e máquinas em média de 10% em decorrência de inovações e tecnologias, o que vem reduzindo a rentabilidade. A liderança ainda salientou que a expectativa é que não haja algo fora da curva que mude este cenário ao produtor. “Teremos um certo equilíbrio no custo quanto na precificação do produto que o produtor colher. Agora, se houver algo inesperado, como um agravamento da situação de perdas na safra americana, pode ajudar o produtor com um preço maior e a rentabilidade aumenta. Se tivermos algo em relação ao dólar, mesmo que haja uma desvalorização, que vá para o lado de aumentar os preços, não é repassado diretamente este aumento, mas impacta no custo. Temos uma questão de estabilidade, não temos nada que diga que teremos algo muito forte que vá mudar este cenário”, observou Pires.

Soja e Milho O custo total estimado para a produção da soja é de R$ 3.388,37 por hectare e para o milho é de R$ 4.583,80. Se considerado só o desembolso na soja este valor é de R$ 2.300,95, e para o milho é de R$ 3.384,52. Para que o produtor consiga cobrir os custos de produção será preciso colher 47,72 sacas de 60 quilos de soja e 152,79 sacas de 60 quilos de milho. Em relação ao custo variável os números para soja e milho ficam em 32,41 e 112,82 sacas, respectivamente. A rentabilidade por hectare, conforme o levantamento da entidade, é de R$ 871,63 ou 12,28 sacas para a soja e R$ 216,20 ou 7,21 sacas no milho.

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DESTAQUE EMPRESAS OPINIÃO elmar@incia.com.br

Elmar Luiz Floss Engenheiro Agrônomo e licenciado em Ciências, Dr. em Agronomia, Diretor do Instituto Incia

Fatores essenciais para altos rendimentos do milho

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ara obtenção de altos rendimentos do milho, com qualidade, há necessidade da conjugação de mais de 50 fatores/processos, dentre os genéticos (híbridos), ambientais (solo e clima), práticas de manejo (implantação, adubação, sanitários,..) e fatores fisiológicos da planta. O desenvolvimento das plantas de milho deve ocorrer com o menor estresse possível. Especialmente, nos estádios de desenvolvimento em que ocorrem os principais processos morfo-fisiológicos envolvidos com a formação econômica (componentes de rendimento). Destaca-se os estádios V3-V4, onde inicia a diferenciação do primórdio floral, início da definição do potencial de rendimento. Entre os estádios V3-V4 a V7-V8 define-se o número de fileiras por espiga. Nos estádios V7-V8 a V11-V12, ocorre a definição do comprimento da espiga ou número de grãos por fileira, e, o número final de espigas. A fase reprodutiva (R1 a R6), ocorre a fecundação definindo o número final de grãos por espiga e a fase de enchimento de grãos (massa de grãos). O milho exige solos com adequadas propriedades físicas (permeabilidade e alta capacidade de armazenamento de água e ar), químicas (pH entre 6 a 6,5, saturação de bases acima de 70% e alta disponibilidade e equilíbrio entre nutrientes), além das propriedades biológicas (predominância de organismos benéficos). A formação de raízes é de fundamental importância na obtenção de altos rendimentos. Com o aumento do potencial de rendimento e a redução no ciclo, as

plantas precisam ser mais eficientes na absorção de nutrientes e água. Como a eficiência de absorção é uma relação do volume de raízes em contato com o volume de solos, o investimento em raízes é essencial para obtenção de altos rendimentos. Sete nutrientes são essenciais na formação de raízes: nitrogênio, fósforo, cálcio, enxofre, boro, manganês e zinco, bem como a ausência de alumínio tóxico. O bioregulador citocinina promove o aumento do número de raízes e as auxinas, o aumento do comprimento. Para a produção de cada tonelada de grãos milho, a cultura extrai do solo, em média, 23,8 kg de N; 9,5kg de P2O5, 16,8 kg K2O, 4,8 kg de Ca; 4,9 kg de Mg e 6,6 kg de SO42 (adaptado de Bender et al., 2013). O milho exige pouco N inicialmente e a absorção aumenta entre os estádios V4 até a floração, e, reduz no final do ciclo. O ideal é que um terço da adubação nitrogenada seja aplicada na semeadura e dois terços em cobertura (metade no estádio de V4 a V5 e a outra metade no estádio V 7 a V8. A necessidade de K e P se distribui durante todo o período de crescimento e desenvolvimento do milho. Com respeito aos micronutrientes, os mais exigidos pela cultura são o zinco, o molibdênio e o boro. É fundamental diversificar híbridos de diferentes ciclos (reduzir o risco de ocorrência de estiagens na floração), de estatura baixa (resistentes ao acamamento e mais responsivos à adubação nitrogenada), folhas curtas e eretas (reduz o auto-sombreamento), com sementes de alto vigor e uniformes,

dentre aqueles de maior potencial e estabilidade de rendimento, adaptados a cada região edafo-climática, época de semeadura, nível de fertilidade do solo e com uma qualidade de grãos requerida pelo mercado. Realizar a semeadura do milho quando a temperatura do solo estiver acima de 15oC. (garantir uma emergência rápida e uniforme), com velocidade de semeadura não superior a 6 -8 km/h, numa profundidade entre 3 a 5 cm, em diferentes épocas (minimizar efeitos de estiagem na floração), numa densidade de plantas recomendada para cada híbrido, disponibilidade hídrica na região e nível de fertilidade do solo. Estabelecidos os principais fatores promotores do rendimento, é fundamental um controle rigor controle fitossanitário no milho, para não perder rendimento pela competição da cultura com plantas daninhas, pragas e moléstias. Em resumo, a capacidade produtiva do milho será maximizada em condições em que as plantas apresentam equilíbrio nutricional (macro e micronutrientes), equilíbrio hormonal (maiores teores de hormônios promotores e menores teores de hormônios inibidores) e sanidade. Nessas condições, as plantas apresentam um melhor sistema de absorção (raízes), uma maior capacidade produtiva das folhas (índice de área foliar entre 3,5 a 5, maior duração da área foliar verde e sadia, altos teores de clorofila, e uma arquitetura de folhas curtas e eretas) e adequado enchimento de grãos (disponibilidade de água e boro).

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PESTE SUÍNA

O Brasil diante da crise dos suínos na China

Novos mercados podem ser abertos para a proteína brasileira diante do novo cenário mundial João Vicente Mello da Cruz

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s pandemias globais causam impacto nos suprimentos de comida. A mais recente ameaça vem da Peste Suína Africana, um vírus altamente contagioso, sem cura conhecida, e com uma taxa de sobrevivência quase nula para os animais infectados. O epicentro da atual crise é a China, maior produtora e consumidora de carne suína do mundo. O país é responsável por mais da metade da população global de porcos. A China está lutando para conter a doença, que se espalhou para todas as partes do país desde agosto do ano passado. Após meses afirmando que a situação estava sob controle, Pequim alerta que o preço da carne suína pode subir ainda mais. Segundo o Banco Bocom, houve um aumento de 93% do preço no acumulado até agosto. Um impacto negativo sobre a economia chinesa, uma vez que os preços da carne suína contribuem de forma importante para seus níveis de inflação. Para o Brasil, surge aí uma oportunidade de explorar mercados para comercialização de proteína animal diante da qualidade dos rebanhos brasileiros e da alta tecnologia empregada em nossa agroindústria.

China é uma incógnita Ainda existe uma grande desinformação a cerca do real número de animais abatidos na China. Os relatórios dão conta de cerca de 20 a 25% do


número total de animais já abatidos. Mas, algumas fontes relatam uma redução de até 50% do plantel chinês. Levando em conta que a China tem 50% dos suínos do mundo, uma redução de 50% em seu plantel seria a morte de 25% dos suínos de todo o mundo. Isso combinado com a morte de animais já registrados em países vizinhos como o Camboja, Vietnã e Filipinas gera um deficit global expressivo. Este novo cenário acaba reposicionando toda a produção de proteína animal no mundo. A China é também um dos grandes mercados consumidores de carne suína no mundo, logo, com uma queda de produção interna, é necessário reposicionar todo o planejamento para atender uma demanda expressiva dado o volume da população chinesa. Existe também o fato de não existir um mercado fornecedor de suínos que atenda a esse mercado em volume, o que vai demandar um reposicionamento do mercado da proteína animal global. O cenário ainda pode se transformar diante de uma mudança no perfil de consumo de proteína animal da população mundial. Essa nova demanda gerada irá influenciar na produção da carne de frango e de gado. Então, se esse cenário se concretizar, será uma oportunidade ímpar para o Brasil na produção de proteínas em geral. A evolução de preços no mercado da proteína animal para suinocultora, no ano de 2018, foi de baixos rendimentos para produtor. O ano contou com acréscimo no preço dos insumos. O preço do milho e da soja para a alimentação animal esteve alto e o quilo do porco acabava sendo vendido com uma cotação muito baixa. Vendeu-se animais para a terminação a R$ 2,60 o quilo com um custo de produção de R$ 3,50. Um prejuízo de R$ 80,00 reais por cabeça de animal comercializado. Porém, no início de 2019 houve uma melhora na perspectiva da cotação de preços. Em parte, em detrimento do aumento da demanda gerada na China. Em Julho, a média do estado do Rio Grande do Sul estava em R$ 5,05. Em São Paulo, as cotações chegaram a R$ 5,80. Atingindo uma média uma boa média favorável ao produtor. “O modal de produção da suinocultura chinesa se assemelha ao modal utilizado no Brasil durante os anos 1960 e1970 utilizando formatos de agricultura de subsistência e com suínos criados no funNovembro e Dezembro - 2019 | Rio Grande do Sul | Ano V | nº23

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do do quintal”. O médico veterinário e responsável técnico pela Granja Fontana no interior de Charrua/RS, Jean Marcelo Fontana faz um prospecto de como a peste suína africana tem atingido o mercado mundial de proteína animal. “A nossa suinocultura é muito tecnificada no Brasil. Precisamos manter o nosso status sanitário para poder aproveitar o cenário dos próximos anos no mercado internacional de proteína animal. Os agricultores, as associações e a indústria precisam ter esse cuidado. Cuidado com produtos de origem animal, trânsito de pessoas que tenham contato com locais infectados”. Para o médico veterinário, descuidos na prevenção do avanço da doença para a escala global foram responsáveis por registros de focos da PSA na Bélgica, na Rússia e países do leste europeu. “O grande problema é a contaminação dos rebanhos. A peste suína africana causa problemas reprodutivos nos animas, abortos, febres, óbitos. Por isso a preocupação, pois a China é exportadora de diversos artigos que circulam o mundo, então é necessária a fiscalização e controle desses artigos, principalmente produtos de origem animal”, explica.

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Brasil no cenário mundial Para médico veterinário, Jean Marcelo Fontana, esse é o momento de o Brasil se consolidar como grande fornecedor de proteína animal no mundo. “Quando no mundo tem a capacidade de produção de alimentos como o Brasil tem? Temos um grande potencial na produção de grãos como milho e soja. Exportamos o grão, por que não exportar proteína processada, agregando valor ao negócio? Temos espaço físico para a construção de frigoríficos e granjas para a criação de animais. Contamos com uma agroindústria de alta tecnologia que fornece produtos de alta qualidade. O Brasil precisa aproveitar esse reposicionamento e acessar novos mercados e manter esses mercados. O simples fato de transformar o grão em carne é um grande avança na exportação. E a oportunidade é agora. Os mercados japoneses, sul-coreano, americanos estão ai para exportarmos. Um exemplo disso é a exigência do mercado para a exportação da ausência de um aditivo chamado ractopamina que serve para ganho muscular em animais de corte e a nossa indústria está isenta da utilização deste aditivo”, conclui.

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grรกfica

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