Expediente Todos os textos foram extraídos de peças já publicadas e fazem as devidas referências aos seus autores. Todo o conteúdo aqui apresentado não tem qualquer fim lucrativo e/ou comercial. O objetivo desta publicação é somente exercitar as habilidades adquiridas no curso de Design Gráfico. Diretor de Arte: Eduardo Mendes Machado Projeto Gráfico: Eduardo Mendes Machado e Andrezza Pereira do Nascimento Capa: Matheus Rungue* (arte); Eduardo Mendes Machado (edição) Diagramação: Andrezza Pereira do Nascimento Produção Gráfica: Eduardo Mendes Machado e Andrezza Pereira do Nascimento Impressão: Duplic - www.duplic.com.br Revisores: Eduardo Mendes Machado e Andrezza Pereira do Nascimento Fotógrafos: Google (sem referências específicas) Infográficos, ilustrações e imagens: Google (sem referências específicas)
*Fonte: www.rungue.deviantart.com/art/Conde-Sarney-142060008
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Carta
ao leitor
Caro leitor, Essa revista foi criada apartir da disciplina de prática projetual 3 do curso de bacharelado em Design Gráfico da UDESC. Foi escolhido como proposta de trabalho desenvolver o projeto de uma revista abordando assuntos relacionados à politica brasileira destinada ao público jovem, mas com caráter sério e um pouco sarcástico. Não quero aqui assumir uma posição política ou muito menos incentivar manifestações ilícitas. Apenas uma simples proposta de adequação gráfica para assuntos que envolvem a todos nós. Aqui vocês encontrarão um pouco de tudo: arte, política, sustentabilidade, rock, games e outras coisas que possam despertar o mínimo de interesse e que se relacionem à gestão pública brasileira. Espero que gostem. Valeu!
Eduardo Mendes Machado
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Arte 10
Meio Ambiente 19
Entrevista 14
Cidade
Molotov 16
Dá Play 12
Infográfico 08
ïndice
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Sรกtiras 40 Coluna Final 42
Nos ouvidos 38
Entretenimento 35 Tarifas 36
Capa 28
Cena do Senado 23
Cidade Política
Infográfico
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ENCONTRE NO MAPA O POSICIONAMENTO DOS PRINCIPAIS POLÍTICOS DA HISTÓRIA E DO MUNDO DE HOJE. E RESPONDA AO QUESTIONÁRIO PARA SABER EM QUE BAIRRO POLÍTICO VOCÊ MORA. Para mais, acesse o link http://super.abril.com.br/ multimidia/info_297190.shtml
Texto: Fabio Marton; Ilustração: Rubens Paiva; Infográfico: Marco Moreira; Consultoria: Alberto Cairo
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Arte
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N N
ascido em Bristol, Inglaterra, Banksy iniciou cedo sua carreira: aos 14 anos foi expulso da escola e preso por pequenos delitos. Sua identidade é incerta, não costuma dar entrevistas e fez da contravenção uma constante em seu trabalho, sempre provocativo. É um artivista declarado, e uma das principais marcas de seu trabalho é a criação de pequenas intervenções que geram grandes repercussões. Os pais dele não sabem da fama do filho: “Eles pensam que sou um decorador e pintor”, declarou. Recentemente, ele trocou 500 CDs da cantora Paris Hilton por cópias adulteradas em lojas de Londres, e colocou no parque de diversões Disney uma estátua-réplica de um prisioneiro de Guantánamo. Suas obras são carregadas de conteúdo social expondo claramente uma total aversão aos conceitos de autoridade e poder. Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade. Apesar de não fazer caricaturas ou obras humorísticas, não raro, a primeira reação de um observador frente a uma de suas obras será o riso. Espontâneo, involuntário e sincero, assim como suas obras. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Banksy
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Dá Play
Fernando Henrique Cardoso defende a descriminalização da
MACONHA Quebrando o Tabu estreia nesta sexta-feira (3) e trata de tema polêmico
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gente tem de sacudir a sociedade”. Com essa frase, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso resumiu bem o impacto do tema da maconha nesta segunda-feira (30). FHC é o principal entrevistado do documentário Quebrando o Tabu, que estreia nesta sexta-feira (3). O filme, que documenta a falência da guerra às drogas, política implementada e exportada pelos Estados Unidos desde 1971, chegará aos cinemas 13 dias depois de manifestantes terem sido brutalmente reprimidos em São Paulo pela Polícia Militar na Marcha da Maconha. O movimento questiona a criminalização do usuário e pretende discutir alternativas à repressão e à prisão, como já acontece em Portugal, onde o consumo diminuiu. FHC, que atualmente preside a Comissão Global de Política sobre Drogas, diz que essa discussão tem de partir da sociedade, não do Legislativo. Nesta quinta-feira (2), a comissão irá apresentar um extenso relatório propondo alternativas no assunto. – Não existem fórmulas, cada país tem de se adaptar. No Brasil, por exemplo, existe o problema social, enquanto na Suíça o uso da droga é encarado como problema de saúde. Nos últimos três anos, o ex-presidente tem se aproximado da questão e assumido abertamente a descriminalização da maconha e outras medidas que não mandem o usuário para a cadeia. Porém, durante sua presidência (1994-2001), aumentou-se a repressão e tratou-se o usuário como criminoso, importando o modelo político americano – hoje considerado falido até mesmo nos Estados Unidos. Cardoso faz mea culpa sobre o conservadorismo de sua administração.
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em filme nacional *Por Heitor Augusto, do Cineclick
– Na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade. Quando questionado sobre a eficiência para levantar o debate apenas depois do término de seu mandato, FHC diz que esbarrou em escolhas políticas. – Há limitações como presidente e existe o jogo da sociedade com o governo. Se ela não se convence, o governo não avança na conversa. Não posso dizer que, se fosse presidente hoje, faria e aconteceria, afinal não poderia prever minha relação com o Congresso e se valeria a pena politicamente. Em Quebrando o Tabu, não é apenas FHC que assume o erro de basear a política de drogas apenas na repressão. Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos entre 1993 e 2001, também atesta o fracasso da política de Guerra às Drogas, intensificada pela administração Nixon (1969-74) e que perdurou até o mandato de George W. Bush, encerrado em 2009. Entre os entrevistados do filme também estão os ex-presidentes César Gavíria (Colômbia), Jimmy Carter (Estados Unidos), além do médico Drauzio Varella, o ator Gael García Bernal e o escritor Paulo Coelho.
Legislação
brasileira e mundial
No Brasil, as principais discussões em torno da política de drogas acontecem no Conad (Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas). Atualmente, o usuário que é pego com pequena quantidade de droga não pode ser preso, mas mesmo assim terá sua ficha suja. Porém, a lei não define a quantidade de droga que diferencia usuário ou traficante, cabendo ou ao policial ou ao juiz a tipificação. Ilona Szabó, corroteirista do filme argumenta a respeito e defende também a descriminalização. – Isso gera um problema porque o policial pode extorquir. Ou, se quem for pego vier de uma comunidade pobre o tratamento será diferente. Se descriminalizar, rompe a relação com a polícia. Seis países – Espanha, Itália, Portugal, Argentina, República Tcheca e México – não mais criminalizam a posse de drogas para consumo pessoal e construíram alternativas à prisão de usuários. Sobre a repressão à Marcha da Maconha, Fernando Henrique Cardoso diz não aprovar a violência policial. – Numa sociedade democrática, você não pode impedir as pessoas de se manifestarem. Quem não concorda com a descriminalização tem de fornecer argumentos e entrar no debate.
Início
do projeto
Fernando Grostein Andrade, diretor do documentário, conta que a ideia de realizá-lo surgiu quando, há cerca de dez anos, foi à Rocinha gravar o videoclipe de uma banda de pagode. – Lá vi jovens no tráfico, segurando uma AK-47 e fiquei me perguntando: se na Holanda as pessoas vão comprar maconha legalmente num coffee shop, por que aqui elas seguram fuzis? Financiado por renúncia fiscal – Artigo 1º da Lei do Audiovisual –, o documentário não conseguiu facilmente conquistar empresas para financiar um filme sobre drogas. Daí a força do ex-presidente para atrair credibilidade ao filme, como comenta o diretor. – Quando o conheci, levei trinta argumentos para conseguir conquistá-lo para o filme. Consegui apenas mostrando como o tratamento à questão era hipócrita e que estava na hora de discuti-la seriamente.
Proibicionismo A lógica proibicionista às drogas se espalhou com força desde o início do século 20. Sustentada pelo lobby religioso inicialmente em torno do álcool nos Estados Unidos, expandiu-se para a repressão às drogas ligadas especialmente a grupos étnicos como os chineses (ópio), negros (cocaína) e mexicanos (maconha). Em 1920, a 18ª emenda à Constituição dos Estados Unidos, aprovada em 1917, começou a ser praticada, decretando a proibição da venda e consumo de álcool. Porém, movimentos a favor da repressão começaram a surgir já em meados do século 19. O proibicionismo durou até 1933: o cineasta Martin Scorsese, que produz a série Boardwalk Empire, que recupera os acontecimentos do período, diz que “essa foi uma das grandes burrices dos Estados Unidos”. No Brasil, está em discussão desde 2009 um projeto do deputado Paulo Ferreira (PT) que pretende reformar a Lei Antidrogas. Atualmente, existem cerca de dez coletivos estaduais com mínima força social que propõem a descriminalização da maconha e uma política efetiva de redução de danos aos viciados. Grostein Andrade encerra com um interessante ponto de vista. – Se você perguntar para a sociedade se ele é a favor da legalização, acho que 80% vai dizer que não. Porém, se perguntar se a solução é colocar as pessoas na cadeia, a maioria vai dizer que isso não resolve. Depende apenas de como se coloca a questão.
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/ consumoepropaganda/files/2011/05/ Quebrando_o_Tabu_Poster_Final_PEQ.jpg
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Entrevista
Um político *Por Gustavo Serrate
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o d a c deslo
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m 2010 nas eleições, São Paulo que é uma cidade que tem grande preconceito contra nordestinos sofreu um efeito paradoxal, e ele elegeu o segundo deputado mais votado do Brasil, que é um nordestino conhecido como Francisco Everaldo Oliveira da Silva. Ele nasceu em Itapipoca no Ceará. Esse cara é mais conhecido pelo nome artístico de tiririca. E na época ele fez uma campanha eleitoral bem engraçada.
Em uma entrevista para uma TV Coreana, a ideia era que Tirica explicasse como funciona o Congresso: Por que no brasil a votar é obrigatório? T:Aí dentro de novo, assim, com todo o carinho, que quero dizer o seguinte...Que eles, eles, eles...Essa lei, já, já vem, já é uma lei nossa aqui e que todo mundo tem que votar, senão votar vai levar multa, então eles não querem levar multa, e aí votam pra escolher os seus representantes. Como foi a sua eleição? T:Aí dentro,novamente,eee..Dizer que, eu fui...Muito feliz, que tive uma votação muito boa, uma votação muito grande, foi 1 milhão e 300 mil, mil, mil eleitores, que voto em min, acreditou. E fui o segundo da história do país mais bem votado, e o primeiro palhaço, assim...No país bem votado. Muito feliz! Alguma palavra para o povo Coreano. T:Hamukumi (tentando falar coreano!) aidento. Éééé...Com todo o respeito, com todo o carinho e dizer que eu admiro muito o povo Coreano, o povo pela inteligência e espero que eles admirem também a gente, pelo futebol da gente... Éee o primeiro do mundo, assim em futebol muitos craques e um abraço muito grande ao povo coreano...Arigatô! E ele fez todo mundo rir. O Tiririca é um deputado, mas mais do que um deputado, ele é um palhaço e isso não é vergonha nenhuma. Eu já fui palhaço. Mas a impressão que o Tiririca me deixou depois de eu ver ele em uma das plenárias foi de pena, porque ele está afundado dentro de um sistema monstruoso, distante de tudo que ele ja fez na vida. Eu nunca vi um cara tão triste.
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Molotov
Às 5h do dia 26 de setembro de 2009, sete carros foram destruídos por um incêndio criminoso provocado por coquetéis molotov em uma concessionária de Guadalajara, no México. Entre os veículos queimados estão modelos Chevrolet Tornado, Trail Blazer e Hummer H3.
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*Por R.B.
Oito meses e 23 dias depois, na madrugada de 18 de junho de 2010, cena similar aconteceu em uma concessionária de carros da marca Land Rover, localizada na Marginal Pinheiros, zona oeste da capital paulista. O incêndio danificou oito veículos, causando um prejuízo de cerca de R$ 1,5 milhão à loja. O vigia da concessionária disse a policiais ter visto três jovens jogarem um artefato por cima do muro da concessionária e fugido minutos depois, em um carro branco.
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s dois episódios podem ter em comum o fato de terem sido provocados por grupos de ecoextremistas ou ecoterroristas – como são chamados em alguns países. No México, uma carta supostamente assinada pela Frente de Libertação da Terra (FLT) diz que a ação foi feita com o objetivo de “destruir a tecnologia destinada a devastar o meio ambiente”. “É preciso deixar claro que nossos ataques não são para ferir as pessoas, mas destinados a atacar a economia de um sistema que destrói o meio ambiente e explora os animais. E não pararemos com esses atos (...)”, diz.
FLT No Brasil, o mesmo grupo também assume, por meio de declaração divulgada na internet, o ataque à loja da Land Rover. No início da semana, espalhou-se por blogs a carta escrita por supostos integrantes da FLT dizendo que o incêndio foi feito para marcar a “Semana Internacional de Libertação Animal e da Terra”. “O alvo foi escolhido pelo simples fato da Land Rover ser uma das marcas líderes na construção, venda e incentivo à compra e utilização de SUV’s: automóveis altamente poluentes e danosos ao meio ambiente”, diz o texto. Existem diversos grupos de eco-extremismo atuantes no mundo, mas praticamente todos defendem o mesmo fundamento: não machucar homens ou animais em seus atentados. Por isso, essas ações são definidas pelos ativistas como “sabotagem”, e não “terrorismo”. Autoridades americanas, no entanto, classificam os grupos como “ecoterroristas” e alertam para o perigo
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desses atos. Um levantamento de 2005 do FBI aponta que, desde 1990, mais de 1.200 atentados do tipo haviam sido realizados por esses grupos nos EUA - todos sem vítimas. Se comprovado, este será o primeiro atentado assumido pela Frente de Liberação da Terra (FLT) no Brasil. Entretanto, o grupo já existe há quase duas décadas e é famoso por sua atitude extremista direcionada ao patrimônio de políticos e empresários considerados anti-ambientais pelo movimento. Sua fundação ocorreu em 1992, na Inglaterra, e, desde então, a FLT foi responsável por centenas de ações em pelo menos 17 países, como Austrália, Colômbia, Suécia, Itália e Estados Unidos - país onde vários ativistas cumprem pena pelos atentados. Em 2002, o FBI a classificou como “grupo terrorista doméstico” de alta periculosidade. As ações da FLT normalmente envolvem destruição de patrimônio privado, como a queima de utilitários esportivos - como os Land Rovers - e condomínios de luxo, e a explosão de torres de celulares, caixas de banco e estações de ski. Apesar da atuação internacional, a FLT não tem hierarquia formal. Grupos de cada país agem de forma independente e assumem os atentados por conta própria. Imagens: Acervo
Nova lei ambiental pode prejudicar credibilidade brasileira no exterior Com a aprovação do novo Código Florestal, a produção agrícola no Brasil pode voltar a ser associada ao desmatamento, já que a derrubada de árvores pode aumentar com as mudanças na lei ambiental
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Meio Ambiente
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mesma plateia que aplaudiu as iniciativas brasileiras para frear o desmatamento e impulsionar o mundo rumo ao desenvolvimento sustentável, agora volta a olhar o cenário com preocupação. “O afrouxamento das leis ambientais para favorecer a agricultura terá uma repercussão negativa. Afinal, o aumento da produção (agrícola e pecuária) terá um custo ambiental à custa da Amazônia, que tem toda essa percepção no exterior”, avalia Fabíola Zerbini, secretária-executiva da Forest Stewardship Council, FSC, no Brasil. A organização é baseada em Bonn, na Alemanha, e no Brasil é conhecida como Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. O selo da FSC é encontrado em diversos produtos nos supermercados europeus, originários de florestas com manejo certificado – com garantia de boas práticas ecológicas, benefícios sociais e viabilidade econômica. A Europa, que recebe boa parte dos produtos agrícolas e da carne de origem brasileira e exige cada vez mais responsabilidade ambiental, pode voltar a ficar desconfiada. Em conversa com a Deutsche Welle, Marina Silva faz uma previsão pouco animadora. “O desmatamento vai aumentar, com prejuízo para as florestas, para a biodiversidade, para os recursos hídricos e prejuízo duplo para a agricultura, porque mina as bases naturais do nosso desenvolvimento e também porque, novamente, o agronegócio brasileiro vai ser associado ao desmatamento”, advertiu nesta quarta-feira (25/05) a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente.
Amarras
para agricultura O tema é controverso. Flávio Viegas, presidente da Associtrus, Associação Brasileira de Citricultores, diz que o setor é a favor do novo texto, aprovado na madrugada desta quarta-feira. «E rejeitamos a pecha de antiambientalistas e destruidores da natureza. A nossa posição é a do Brasil, de forma geral», disse à Deutsche Welle.
O setor é responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja, e faz do Brasil o campeão de exportações do produto. Segundo Viegas, o cenário brasileiro de citricultura é composto por 90% de pequenos produtores, cujas propriedades têm menos de 60 hectares. Na visão da Associtrus, o Código Florestal vigente, de 1965, destoa da realidade da agricultura brasileira. «E inviabiliza muitas atividades. Em Santa Catarina, por exemplo, as maçãs são plantadas em encostas. O café é plantado em região de encosta em Minas Gerais. Quanto à produção de leite, os pastos ficam em encostas de montanhas», argumenta Viegas, se referindo à proibição de atividade econômica em área de proteção permanente, APP, conforme a lei ainda vigente e prestes a mudar. Entre os produtores de laranja, o desrespeito mais comum ao código é a ausência de reserva legal. Segundo a legislação, toda a propriedade é obrigada a manter uma área de mata nativa que não pode ser desmatada. O novo texto aprovado pelos deputados isenta os pequenos produtores da obrigatoriedade de recompor a reserva legal em propriedades de até quatro módulos fiscais – um módulo pode variar de 40 hectares a 100 hectares.
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Na
contramão Marina Silva não se deixa convencer pelos argumentos dos produtores e vê, ao longo de todo o texto da proposta do novo código, pequenos incentivos para o aumento do desmatamento. A suspensão do embargo automático, por exemplo, é um dos pontos citados pela ex-ministra.
Segundo o decreto assinado ainda no governo Lula, quando o Ibama constatava um desmatamento ilegal, a área em questão era embargada. “Quem plantasse, comprasse e transportasse os produtos dessa área era passível também de ser punido. E automaticamente os créditos para os embargados eram vedados. Agora isso tudo está suspenso.” Para Flávio Viegas, a legislação atual beira a inviabilidade. «Gostaríamos que esse Código Florestal brasileiro fosse aplicado em todos os países do mundo, inclusive na Europa, o que seria inviável. O nível de proteção no Brasil é muito superior ao da Europa. A representante da FSC chama a atenção para outro caso polêmico – e que envolve os europeus: “A China nunca priorizou o meio ambiente, mas todo mundo continua comprando os produtos agrícolas chineses.” No caso do Brasil, que propaga internacionalmente uma postura mais sustentável, o caso pode ser diferente. «Se haverá efeito comercial, não podemos dizer. Mas pode ser que venham retaliações do campo público», supõe Fabíola Zerbini. A decisão final sobre as alterações do Código Florestal vai passar pelas mãos de quem é considerado o maior plantador de soja do mundo. Blairo Maggi, empresário e senador, foi eleito pelo Mato Grosso – estado responsável por 480 km2 do total de 593 km2 desmatados na Amazônia entre março e abril de 2011, segundo dados de satélites do Inpe. O Senado prevê que a discussão do texto possa durar até quatro meses, antes de seguir para a sanção da presidente, Dilma Rousseff.
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Fonte: Nádia Pontes - Deutsche Welle
O desmatamento vai aumentar, com prejuízo para as florestas, para a biodiversidade,
para os recursos hídricos e prejuízo duplo para a agricultura
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companheiro
Palocci
Cena do Senado
Presidente Dilma deve anunciar a manutenção - ou a demissão - do ministro na quarta-feira. Aliados avaliam que situação do chefe da Casa Civil é insustentável
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ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, tem pela frente uma semana decisiva: na próxima quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff dará a palavra final a respeito da manutenção – ou não – do ministro no cargo. O parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o enriquecimento de Palocci, suspeito de tráfico de influência, deverá ser divulgado na quarta. De acordo com a edição desta segunda-feira do jornal O Estado de S. Paulo, Dilma não pretende tomar nenhuma decisão sobre o ministro até ler o documento. A avaliação do Planalto é que, caso o ministro seja afastado e o procurador-geral, Roberto Gurgel, decida não abrir investigações contra Palocci, o governo poderá ser taxado de “injusto”. Já se a procuradoria alegar que há indícios o suficiente para a abertura de um inquérito, Palocci será afastado como prova de que o governo não vai interferir nas investigações. E não é só o ministro que está sob pressão. Aliados do PT e do PMDB deram um ultimato à presidente: ela deverá se posicionar sobre o caso até quarta-feira, sob pena de assistir ao agravamento da primeira crise política de seu governo. Segundo o jornal O Globo, interlocutores de Dilma creem que a crise possa complicar ainda mais sua situação com o Congresso. No Planalto, porém, cresce o temor de que a demissão de Palocci possa resultar em uma má escolha para o futuro ocupante da Casa Civil. Embora a avaliação seja de que a situação de Palocci é insustentável, aliados da presidente temem que uma escolha errada possa prejudicar a composição do governo e piorar ainda mais a situação de Dilma.
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Palocci e Dilma conversaram no domingo por telefone e acertaram que nenhuma decisão será anunciada até quarta-feira. A presidente falou também com seu antecessor. Estava prevista uma reunião entre ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas Dilma preferiu fazer o contato apenas por telefone – o que não descartou a ida de Lula a Brasília na próxima terça-feira.
Ele primeiro negou ser dono do imóvel, depois voltou atrás: “Desde que você falou comigo, não consigo dormir, por causa dessas coisas que envolvem pessoas com quem não tenho como brigar, como o Palocci, entendeu? Eu não tenho como bater de frente com essas pessoas. Sou laranja”, afirmou a VEJA.
Laranja
Uma empresa de propriedade de Palocci, a Projeto, comprou dois imóveis (um escritório de mais de 800.000 reais e um apartamento de mais de 6 milhões de reais) entre 2006 e 2010. E o ministro resiste a revelar quem eram seus clientes na Projeto para justificar a evolução do patrimônio. Além disso, circula a informação de que a empresa WTorre Empreendimentos Imobiliários, cliente da Projeto, teria recebido restituição dos impostos em prazo recorde pela Receita Federal.
O apartamento em que o ministro mora na capital paulista pertence a uma empresa fantasma, registrada em nome de um laranja que recebe 700 reais por mês. O apartamento foi repassado à companhia por Gesmo Siqueira dos Santos, que responde a 35 processos na Justiça. Dayvini Costa Nunes, sobrinho de Gesmo, admitiu ser um laranja. Ele vive em na periferia de Mauá, no ABC paulista, e recebe cerca de 700 reais por mês.
Enriquecimento
O MINISTRO DA CASA CIVIL MULTIPLICOU POR 20 O SEU PATRIMÔNIO EM APENAS QUATRO ANOS.
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Sarney, o Stálin do Maranhão, agora virou juiz da história
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“Cade a
estaca?�, perguntaria Paulo Francis
*Por Reinaldo Azevedo
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Capa
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afastamento de Collor da Presidência da República, que resultou na sua renúncia, não faz mais parte da galeria de imagens do Senado, conforme vocês lêem no post anterior. O bigodudo José Sarney — Paulo Francis sempre perguntava quem enfiaria uma estaca metafórica no coração dele… — se iguala, assim, a outro bigodudo, Josef Stalin. O tirano do Maranhão só é menos sutil. O da Geórgia mandava retocar fotos, eliminando seus inimigos da história. O homem que inventou um estado — o Amapá — só para ser senador e poder se alimentar com a seiva da política já manda eliminar a foto inteira mesmo. É um troço espantoso! Indagado a respeito da decisão, o que ele respondeu?
“Não posso censurar os historiadores que foram encarregados de fazer a história. Agora, eu acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente e não devia ter acontecido na história do Brasil. Não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados, que construíram a história e não os que de certo modo não deviam ter acontecido.”
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Hein??? Fosse uma consideração a ser levada a sério, seria só uma visão estúpida de história. No mundo dos fatos, inexiste a categoria das coisas “que deveriam e que não deveriam ter acontecido”. Imaginem se os judeus fossem eliminar as marcas deixadas pelo nazismo porque aquilo, afinal, “não deveria ter acontecido”. Ou se decidíssemos jogar fora os arquivos da ditadura porque “não deveria ter acontecido”, como um Rui Barbosa mandando queimar os documentos sobre a escravidão. Esse critério pode ser ético, pode ser moral, pode ser religioso, pode ser até estético — por exemplo, “Marimbondos de Fogo” não deveria ter acontecido… —, mas isso não é história. O que aconteceu… “acontecido” está, se me permitem a licença. Sarney, vejam só, tornou-se juiz da história. Não estivesse apenas prestando um favorzinho a seu aliado de agora, Collor — que se elegeu satanizando-o —, estaria dizendo uma grossa bobagem. O “Caçador de marajás”, de fato, não “deveria ter acontecido” no que concerne à moral e aos bons costumes, mas foi um fato. Como foi fato o notável movimento para derrubá-lo, quando as muitas lambanças vieram à luz.
Há 15 anos, ele deixou o poder
17/12/1989 - A vitória
O Brasil passou por uma tremenda reviravolta na entrada da década de 90. Após quase três décadas, finalmente um presidente civil seria escolhido pelo povo. Mas, em apenas três anos, o que parecia inacreditável aconteceu: o país que se mobilizou pela eleição de um candidato retirou-o do comando, sem qualquer alteração nas regras do jogo democrático.
Candidato do Partido da Renovação Nacional (PRN), Fernando Collor de Mello é eleito no segundo turno. A campanha destacava a juventude do “caçador de marajás”.
1991 - Denúncias
27/5/1992 - Barraco de irmãos
A inflação acumulada passava de 400%. Enquanto isso, denúncias de compras superfaturadas na Liga Brasileira de Assistência (LBA), entidade presidida pela primeira dama Rosane Collor, estampavam os jornais.
Em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão mais novo do presidente, acusa o tesoureiro da campanha, PC Farias, de usar a amizade com Collor para enriquecer. Ele entregou um dossiê e apontou operações ilegais que envolviam o irmão e o tesoureiro.
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15/3/1990 - Mau começo O presidente tinha como meta eliminar a inflação de 80% ao mês. Reduziu ministérios, demitiu servidores públicos e anunciou o Plano Collor: o bloqueio, por 18 meses, das contas correntes e poupanças que excedessem 50 mil cruzeiros (o equivalente a quase 7 mil reais).
1990 - Em baixa No início, o plano foi bem-sucedido. Em dezembro, a inflação atingiu índice próximo dos 20%, mas a queda das vendas no comércio gerou desemprego. A aceitação do governo despencou 50% em relação à do período eleitoral. As medidas também não agradaram os parlamentares.
1º/6/1992 - O congresso ataca A Câmara dos Deputados instala uma CPI para apurar as denúncias de Pedro Collor. A Comissão apurou a existência de ligações das atividades ilegais do empresário com o governo federal. Organizações da sociedade civil e partidos da oposição lançaram o Manifesto Democrático contra a Impunidade.
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Capa A deposição do primeiro presidente eleito diretamente depois do ciclo militar à esteira da revelação de um impressionante esquema de corrupção — que seria mais tarde superado com folga pelo petismo (não por acaso, estão juntos hoje Lula, Collor e Sarney) — e a posse tranqüila do vice evidenciaram que o país estava, sim, maduro para o jogo democrático. Collor talvez não “devesse ter acontecido”, mas a sociedade cumpriu um dever ao exigir a sua queda. E aquelas páginas da história são bastante meritórias. Sarney, reitero, está apenas prestando favores — por isso não se deve debater com ele a sério. Como questão geral, cumpre lembrar que, por exemplo, na cadeia de eventos, o Plano Real não deixa de ser uma conseqüência da queda de Collor. Foi ela que permitiu o acordo que levou os tucanos para a base do governo Itamar e FHC para o Ministério da Fazenda. E, bem, o resto também é… história.
16/8/1992 - Nas ruas Milhares de estudantes usam preto e fazem passeatas em dez capitais. Eles são chamados de caras-pintadas e a sociedade passa a exigir o impeachment de Collor. 29/12/1992 - No senado Collor renuncia minutos antes de ser condenado pelo Senado. Mesmo assim, seus direitos políticos são suspensos por oito anos. Horas depois, ele reúne a imprensa para justificar que a renúncia foi em defesa das instituições democráticas, que estariam sendo ameaçadas pelas elites contrárias à modernização do país.
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Sarney é o mais caro e dileto amigo do PT. É seu grande aliado no Congresso. Todos sabem que o partido de Lula foi um dos protagonistas da deposição de Collor — embora, com efeito, aquele tenha sido um movimento popular. O partido não vai esboçar nem um muxoxo contra a medida stalinista de Sarney. Não vai porque aquele PT, mesmo viciado em muitas porcarias ideológicas, ainda não era este incapaz de explicar que uma de suas estrelas fique milionária da noite para o dia. Que o partido jogue no lixo parte de sua história — afinal, o mensalão também não aconteceu… O PT e Sarney, no entanto, não têm o direito de eliminar parte da história do povo brasileiro.
29/9/1992 - Na câmara A CPI conclui que o presidente sabia da corrupção e do esquema de lavagem de dinheiro de PC. A Câmara aprovou o impeachment por 441 votos a 38. Collor, condenado por crime de responsabilidade, é afastado e, em 2 de outubro, o vice Itamar Franco assume interinamente a Presidência. 12/12/1994 - Absolvição Por falta de provas, Fernando Collor de Mello e PC Farias são inocentados da acusação de corrupção passiva. Collor continuou inelegível e respondeu a outras 35 ações judiciais. Em agosto de 1995, mudou-se para Miami e, em 2006, voltou ao cenário político nacional ao ser eleito senador por Alagoas.
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Entretenimento O jogo modern war fare é sucesso no brasileiro tambem nos games.
O jogo taikodon é desenvolido em Florianópolis - SC.
Bernardo defende política para GAMES
Trata-se de setor com enorme potencial, para o qual deveríamos adotar medidas de política industrial e tributária
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ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, defende a adoção de medidas para incentivar a produção nacional de games. “Trata-se de setor com enorme potencial, para o qual deveríamos adotar medidas de política industrial e tributária. Podemos com isso, gerar muitos empregos e movimentar mais a economia”, defende Bernardo. Sobre a matéria publicada no Correio Braziliense, Bernardo a considera errada. O ministro informa que contou ao editor de economia do jornal sua intenção de trabalhar no tema, tendo já conversado sobre isso com o colega de C&T, Aloizio Mercadante, que mostrou-se simpático ao assunto. Mas, segundo Bernardo, ainda falta conversar com os ministros da Fazenda, Guido Mantega e da Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel além, obviamente, da presidenta Dilma Rousseff.
“A matéria do Correio, assinada por dois jornalistas com os quais não conversei, “informa” que o Planalto prepara MP para dar aos games os mesmos incentivos concedidos aos tablets. Seria uma boa notícia, não fora falsa. Não falei em MP e deixei claro ao jornalista com quem conversei, que era matéria a ser trabalhada, discutida no governo” esclarece Paulo Bernardo. O ministro das Comunicações considera ainda que a matéria publicada, além de informar de maneira errônea aos leitores do jornal, ainda tem potencial para atrapalhar a produção de política para o setor. Fonte: MC | Editor: Emerson Gonzaga
Transportando o Brasil, a nova aposta nos games nacionais.
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Tarifas
Manifestação com venda de gasolina a R$ 1,73 e SEM IMPOSTOS atrai grande público em Florianópolis
Ato comemorou o direito dos consumidores ao mostrar o peso dos tributos na venda do combustível
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s dois postos que aderiram ao Dia de Liberdade de Impostos, hoje, 25.5, na Capital, registraram filas de consumidores em busca de gasolina a preços bem mais baratos que os habituais. O ato realizado pela Acif Jovem (Núcleo de Jovens Empresário de Florianópolis) promoveu a venda de 2.500 litros do combustível sem o peso dos tributos, que representa 38% do valor final do combustível. Para participar, foram distribuídas senhas e liberada a venda de até R$ 50, o equivalente a 28,18 litros para cada consumidor. A mobilização teve o objetivo de mostrar o peso dos tributos na composição dos preços de produtos e serviços, que em muitos casos passa despercebido. Para o motociclista Geovan dos Santos, 24 anos, que aproveitou a venda mais barata, ficou claro o percentual dos tributos cobrados sobre o combustível. “Sem os impostos, dá para sentir o alívio no bolso”, afirma. A economia para o autônomo Alan Satoni, 30, fica ainda mais clara. “Eu recebo R$ 120 pela diária com o carro e é parte desse valor que uso para abastecer, então se fosse vendido mais barato, eu teria mais lucro”, argumenta Satoni.
“Muitas pessoas acreditam que, por não pagar o imposto de renda estão livres de outros tributos, o que não é verdade, e por isso realizamos este tipo de protesto”, explica o vice-coordenador da entidade, Filipe Ximenes. Esta é a primeira edição do manifesto realizado pela Acif Jovem, que promovia o Feirão dos Impostos nos anos anteriores, expondo uma série de produtos e a alíquota e o valor dos impostos pagos por uma família. O Dia Nacional de Respeito ao Contribuinte foi criado no ano passado para marcar o fim do período de arrecadação de impostos. Segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), toda a receita referente aos dias trabalhados de 2011 até o próximo domingo, 29, serão destinados para o pagamento de impostos municipais, estaduais e federal.
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Nos ouvidos
RAGE AGAINST THE MACHINE *Por Diego Assis
A A
fúria da música do Rage Against the Machine contagiou os fãs da banda de rap metal norte-americana, que protagonizou o momento mais tenso deste primeiro dia de Festival SWU, em Itu, com seguranças tentando conter a massa que se espremia contra as barreiras de proteção. Quatro músicas após o início da apresentação, ocorrida às 22h20 deste sábado (9), o vocalista Zack de la Rocha teve de interromper o show pela primeira vez depois que fãs da primeira fila da pista Premium forçaram a barricada que separava o público do fosso do palco e tentaram invadir a área. Diversas pessoas tiveram de ser retiradas à força pelos seguranças e ao menos quatro foram atendidas no Posto Médico do festival. Mas apesar dos pedidos de Zack de la Rocha para que os fãs se acalmassem e dessem um passo atrás, a característica explosiva e combativa do som do Rage Against the Machine - que defende bandeiras de revoluções políticas sociais contra o sistema capitalista - foi suficiente para incendiar novamente o público minutos após o reinício do show. A banda tocou mais duas músicas e teve de fazer nova pausa enquanto a organização reforçava as barricadas com barras de ferro de apoio. Dali em diante, o Rage não parou mais - e nem poderia, sob o risco de o público se exaltar e provocar um estrago ainda maior. Ao longo dos cerca de 40 minutos restantes de show, o clima continuou tenso entre fãs e seguranças.
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Em cima do palco, no entanto, o clima era outro. Nitidamente impressionados com a resposta enérgica dos brasileiros, que tiveram a chance de ver a banda pela primeira vez desde o lançamento do álbum de estreia da banda, em 1992, Zack de la Rocha e o guitarrista Tom Morelo não tiravam o sorriso dos rostos ao ver a massa pulando com faixas poderosas como “Bombtrack”, “Know your enemy” e “Bullet in your head” - o repertório incluiu ainda faixas dos outros dois álbuns de estúdio do Rage, “Evil empire” e “Battle of Los Angeles”, último trabalho lançado pelo grupo antes do hiato que durou até 2007 quando voltaram a se apresentar ao vivo.
injeta fúria no Festival SWU Show da banda norte-americana teve de parar duas vezes para acalmar fãs. No palco, Zack de La Rocha distribuiu sorrisos e dedicou faixa ao MST.
De volta aos palcos em turnê mundial, a banda não demonstra cansaço: continuam lá os berros guturais de Zack, a guitarra virtuosa de Morelo e a cozinha pulsante de Brad Wilk e Tim Commerford. Por fim, ainda que a tônica do SWU seja de sustentabilidade, o Rage Against the Machine não fez concessões em seu engajamento: dedicou a faixa “People of the sun” aos “nossos amigos” do Movimento Sem Terra brasileiro, disparou um trecho do hino da Internacional Comunista antes do bis - fechado com as clássicas “Freedom” e “Killing in the name” -, e se despediu dos fãs de punhos cerrados repetindo o gesto dos Panteras Negras sob uma salva de aplausos, urros e uma chuva de sapatos, chinelos e CDs atirados pelos fãs contra o palco. Se era rebeldia que eles queriam promover, conseguiram.
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Sรกtiras Uns anos atrรกs os Simpsons vieram pro Brasil. Homer foi sequestrado. Bart ficou excitado com a loira de shorts enfiado na bunda que apresentava um programa infantil na tv.
O menino pobre que a Lisa ajudou nรฃo tinha o que comer, mas estava muito feliz desfilando no carnaval. *Por Danilo Gentili
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O brasileiro é uma gorda de 300 quilos que odeia ouvir que é gorda. Ela faz
um regime pra parar de ouvir isso? Não! Regime e exercicio dá muito trabalho. É mais fácil ir no shopping, comprar roupa de gente magra, vestir e depois acomodar a bunda na cadeira do McDonalds.
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sses dias Robin Willians falou o seguinte: “Claro que o Rio ganhou de Chicago a sede das Olimpíadas. Chicago levou Michele e Oprah e o Rio levou 50 strippers e 500g de cocaína”. Eu ri!
Advogados, autoridades e populares se revoltaram nos dois casos. Eles não se revoltam, não se mobilizam, não processam, não abrem inquéritos, não fazem passeatas quando o sequestro, a loira vagabunda apresentadora de programa infantil, a idiotice do carnaval, o tráfico de drogas e a prostituição acontecem na vida real bem debaixo dos nossos narizes. Eles se revoltam só quando usam isso pra fazer piada. A piada realmente boa sempre ofende alguns e mata de rir outros por um motivo simples: A boa piada sempre fala de uma verdade. Num País onde aprendemos a mentir, enganar, roubar, tirar vantagem desde cedo a verdade não diverte. Assusta. O cara engraçado pro brasileiro é sempre aquele que fala bordões manjados, dá cambolhatas no chão em altas trapalhadas, conta piadas velhas, imita o Silvio Santos e outras personalidades ou faz um trocadilho bobo mostrando ser um ignorante acerca dos assuntos. Esses bobos passivos nos deliciam porque nào incomodam ninguém! Um cara que faz um gracejo com uma verdade inconveniente pro brasileiro é como o alho pro vampiro. Merece ser execrado.
fabrica de manteiga é Barbie, só porque está com a roupa da Gisele Bundchen. Então é inevitável que mais hora menos hora alguém da multidão grite: “Volta pro circo!” ou “Minha nossa! É o StayPuff com o maiô da Dayane dos Santos?”. Então a gorda chora. Se revolta. Faz manha. Ameaça. Processa. Porque, embora ela tentou se vestir como uma magra, no fundo a piada a fez lembrar que ela é mais gorda que a conta bancária do Bill Gates. A auto-estima dela tem a profundidade de um pires cheio de água. Ao invés de dizer que Robin Willians tem dor de corno, prefeito do Rio, vai cuidar primeiro da sua dor de mulher de malandro. Sabe? Mulher de malandro sim, aquela que apanha, apanha, apanha, mas engole os dentes e o choro porque acha que engana a vizinha dizendo: “Eu tenho o melhor marido do mundo”. Advogados. Vocês já são alvos de piadas por outros motivos. Já que se incomodam com piadas evitem ser alvos de mais algumas delas não processando Robin Willians. Em vez de processo, envie pra ele uma carta de gratidão. Pense que ele estava num dos melhores programas de TV do mundo e só falou de puta e cocaína. Ele poderia ter falado por exemplo, que o turista que vier pra Olimpiadas se nào for roubado pelo taxista, o será no calçadão. Poderia também ter dito que o governo e a polícia brasileira lucram com aquela cocaíca do morro carioca que ele usou na piada. E se ele resolvesse falar algo como: “As crianças do Brasil não assistirão as Olimpíadas porque estarão ocupadas demais se prostituindo”? Ah... E se ele resolvesse lançar mais uma piada do tipo: “Brasileiro é tão estúpido que se preocupa com o que um comediante diz, mas não se preocupa no que o político em quem ele vota faz”? Enfim... são muitas piadas que poderiam ter sido feitas. Quem é imbecil e se incomoda com piada, não seja injusto e agradeça ao Robin Willians porque ele só fez aquela.
O brasileiro é uma gorda de 300 quilos que odeia ouvir que é gorda. Ela faz um regime pra parar de ouvir isso? Não! Regime e exercicio dá boa piada sempre fala muito trabalho. É mais fácil ir no shopping, comprar roupa de gente de uma verdade um aís magra, vestir e depois acomodar a onde aprendemos a mentir bunda na cadeira do McDonalds. O enganar roubar tirar problema é que nem todo mundo é obrigado a engolir que aquela vantagem desde cedo a
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E depois brasileiro insiste em fazer piada, dizendo que o Português é que é burro.”
verdade não diverte
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Coluna Final
Imagem: Acervo
Todo político sonha em ter um
Castelo Arnaldo Jabor diz que o deputado Edmar Moreira é o precursor de um regime ideal para o Brasil, o feudalismo
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u acho que o castelo do Edmar é um bom prenúncio para o Brasil. O nosso presidencialismo é esse pântano de alianças espúrias que impedem qualquer governo. O parlamentarismo prejudica a deliciosa política de chantagem ao Executivo. Assim, Edmar é um precursor do regime ideal para nós: o feudalismo. E nem precisamos dividir o Brasil em feudos, pois já o é. Vejam as terras do barão Sarney. Seu castelo da ilha de Curupu, no Maranhão. E o sucerano Renan, do feudo de Murici, de onde ele comanda fazendas imaginárias e bois abstratos. Sem falar claro, no grão senhor Niltão Cardoso que amialhou mais de cinco bilhões em seus tesouros mineiros. O castelão de Edmar realiza o sonho de centenas de políticos. É perfeito. Cada feudo teria suas aldeias miseráveis envolta, exatamente como é agora, os servos pagariam impostos e prestariam serviços à nobreza e nas guerras iriam morrer por seus senhores.
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*Por Arnaldo Jabour
Não precisaríamos mais de Câmaras de Deputados, senadores, essas hipocrisias democráticas. Haveria até o melhor nos feudos do Brasil que é o direito de pernada. Virgem que casa, primeiro passa a noite na cama do castelão, enquanto os bobos da corte cantam e riem. Boa idéia do Edmar! E nem precisa empregar bobos da corte… Bobos somos nós!
Explicando: Deputado federal pelo Democratas (DEM) de Minas Gerais, Moreira ganhou notoriedade nacional em 2009 após ser eleito corregedor da Câmara Federal e dizer que os deputados não deveriam ser julgados pela casa, pois teriam “o vício insanável da amizade”. Dias depois dessa declaração polêmica, surgiram denúncias de sonegação fiscal que o forçaram a renunciar ao cargo na mesa da Câmara[1] e a pedir a desfiliação a seu partido, que ameaçava expulsá-lo. Tentou, sem sucesso, reeleger-se deputado federal em 2010. Em 2011 tornou-se vice-presidente da Minas Gerais Participações, mas saiu do cargo onze dias depois.