INVESTIMENTOS
Brasil entra na era das short lines PEQUENAS LINHAS TERÃO PAPEL COMPLEMENTAR, AMPLIANDO A AGILIDADE E EFICIÊNCIA DO SISTEMA
O novo marco legal, instituído pelo Governo Federal, representa uma mudança significativa da configuração do sistema ferroviário no Brasil, permitindo a entrada de novos atores neste cenário. Com a participação de grupos econômicos de fora do segmento, muitos dos quais vinculados à operação de terminais portuários de uso privados, ou ainda identificados como clientes, usuários das ferrovias, o Brasil entra definitivamente na era das short lines. Caracterizadas por seu pequeno ou médio porte, as short lines são ferrovias que operam a uma distância relativamente curta quando comparadas às malhas ferroviárias troncais, operadas pelas chamadas Ferrovias Classe 1. Elas têm por vocação atender a propósitos específicos, oferecendo um serviço customizado no transporte de cargas de baixa densidade e, em alguns casos, permitindo o acesso a uma ferrovia troncal, a usuários situados fora do alcance dessas malhas. Sem uma short line, essa tarefa é hoje desempenhada pelo modal rodoviário, com custos bem 12
ENGENHARIA COMPARTILHADA
Por Paulo Espírito Santo
elevados e dificuldades consideráveis, no aspecto logístico. Outro nicho de mercado explorado pelas short lines é o serviço de trens de passageiros em média distância ou em linhas de turismo. Para Rafael Barros Pinto de Souza, engenheiro especialista em infraestrutura e superestrutura ferroviária, as novas permissões ferroviárias não se contrapõem ao modelo tradicional das concessões via leilão, iniciado em 1996. Tão pouco as short lines oferecem concorrência às grandes ferrovias troncais. Barros, diretor da RB Assessoria e Treinamento, que oferece cursos de pós-graduação em Engenharia Ferroviária e Metroferroviária, acredita que as short lines são complementares às ferrovias Classe 1 e que assumirão, daqui para frente, um papel estratégico, ampliando a agilidade e eficiência do modal ferroviário como um todo. SÃO 603 NOS ESTADOS UNIDOS Nos Estados Unidos, onde se encontra a maior malha ferroviária do mundo – cerca de 255 mil km – as