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Opinião Amílcar Falcão - Reitor da Universidade de Coimbra
1500 Maiores Empresas
Papel do PRR no pós-pandemia
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Amílcar Falcão
Reitor da Universidade de Coimbra
Oano de 2022 vai certamente corresponder ao início de um período de retoma nas suas mais variadas vertentes. É, no entanto, necessário evitar que a sociedade caia na tentação de pensar que voltaremos ao período pré-pandémico nas suas diferentes dimensões. Devemos por isso esperar disrupções que obrigarão a reajustes relevantes nos modelos de negócio das diferentes instituições. E isso é válido tanto para o setor público como para o setor privado.
Dito isto, a crise política que se instalou no país não é definitivamente uma boa notícia para a retoma. Não é uma boa notícia porque se perde tempo (precioso), porque não se adivinha se vamos ter alguma mudança relevante no arco da governação, e também porque, havendo alteração na composição da maioria parlamentar, isso significará sempre alterações de algumas políticas que, no momento que vivemos, é como se estivéssemos a adiar o início do “jogo”. Esta é uma constatação e não uma crítica a nada nem a ninguém, sendo certo que é sempre saudável que a democracia funcione.
O PRR pretende cumprir uma missão muito específica. Deveria ser por isso muito claro o que deveria ser financiado pelo PRR e o que deveria ser financiado pelo PT2030. Por outro lado, a descentralização das decisões poderia ser uma forma de aproximar a sua execução às necessidades e realidade do país. Os primeiros sinais relativamente ao PRR não parecem ser muito auspiciosos. Infelizmente, estes sinais não se ficam a dever a um único ator. Pela amostra que já temos, existe uma angústia instalada que leva a precipitações que seriam de evitar.
Seja como for, parece óbvio que o PRR pode e deve ser decisivo para a retoma da economia no seu sentido mais lato. Quero acreditar que é isso que irá acontecer, e a forma mais direta de sermos bem sucedidos é apostar na inovação. Creio que já toda a gente terá percebido que ao querer ir pela componente material irá ser mal sucedida. As matérias primas escasseiam, o seu preço aumentou (e continuará a aumentar), e a mão de obra cada vez mais é um fator limitante.
Sabendo-se que uma parte importante do emprego privado se encontra nas PMEs, arriscaria dizer que seria dinheiro bem empregue olhar de forma cuidada para este segmento. Manter empregos, apoiar inovação e criar condições para a sustentabilidade destas empresas deveria ser uma prioridade da aplicação dos fundos do PRR. Estou certo de que as instituições de ensino superior estarão preparadas para dar o seu contributo, mas para que isso aconteça é necessário que se comece por reconhecer que a nossa guerra é a inovação e não o betão.