À Descoberta da Região Centro

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Este suplemento faz parte integrante da edição de hoje do Diário de Coimbra e não pode ser vendido separadamente

À DESCOBERTA DA REGIÃO Faltam adjectivos para descrever tanto a beleza como a diversidade da oferta que hoje em dia a região tem para oferecer. Desde as dezenas de praias com Bandeira Azul, às Aldeias do Xisto, passando pelas termas, gastronomia ou pelos muitos monumentos (parte deles mesmo classificados como Património da Humanidade), não há razão para, nas próximas semanas, com este suplemento como seu guia, não partir à descoberta de novas experiências.



Introdução | 03

À descoberta da região

UM VERÃO DIFERENTE MAS COM MUITO PARA FAZER

São diversos os monumentos Património da Humanidade, com a chancela da UNESCO, mas a oferta em termos de museus e monumentos, bem como de património natural, não se esgota nessa lista, como verá neste suplemento. Ao mesmo tempo, entre uma e outra visita, há um vasto conjunto de praias com Bandeira Azul (costeiras e fluviais) um pouco por toda a região para uns mergulhos refrescantes. A elas se juntam a rede das Aldeias do Xisto bem como das Aldeias Históricas, hoje em dia todas recuperadas e com serviços vários a quem as visita. Acreditamos assim que este suplemento possa ser bastante útil no momento de decidir o que fazer e onde ir nas próximas semanas. O forte investimento que tem sido feito nos últimos anos no Turismo - quer pelas entidades privadas quer pelas públicas faz desta grande região um centro de oportunidades. Há que as aproveitar ajudando também ao reerguer da nossa economia.

E

ste querido mês de Agosto vai ser, certamente, bem diferente daqueles que temos todos vivido em anos anteriores. A pandemia da Covid-19 obriga a uma alteração de comportamento que, todavia, não nos impede de tentar aproveitar ao máximo as próximas semanas. Antes pelo contrário. Depois de tempos de maior incerteza, há que recuperar ânimo e forças para os próximos meses e quem vive nesta nossa região tem bastante sorte. Como os leitores podem ver nas próximas páginas, as opções para uns dias bem passados são diversas, de grande qualidade e para todos os “bolsos”. Há mesmo muito para ver (ou rever) e para aproveitar.

FICHA TÉCNICA Director: Adriano Callé Lucas Directores-adjuntos: Miguel Callé Lucas e João Luís Campos.

Directora geral: Teresa Veríssimo Textos: Andrea Trindade e Sónia Morgado. Informação recolhida nos sites das Câ-

maras Municipais e outras entidades oficiais.

Coordenação Comercial: Mário Rasteiro

Rocha, Luís Ferrão e Marta Santos.

Publicidade: Rui Semedo.

Fotografia: Arquivo

Vendas: Ana Lopes, Fernando Gomes, Hélder

Design Gráfico: Pedro Seiça

Impressão: FIG – Indústrias Gráficas, S.A.


04 | Opinião

À descoberta da região

Chegou o tempo de descobrir o Centro de Portugal Pedro Machado Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal

B

em-vindo ao Centro de Portugal, a região mais surpreendente do país, que tem na diversidade o seu maior trunfo e onde quem a visita descobre sempre algo de novo que o faz voltar vezes sem conta! Com um território que vai desde Ovar, Castro Daire, Meda e Figueira de Castelo Rodrigo, a norte, até Torres Vedras, Torres Novas, Abrantes e Vila Velha de Ródão, a sul, o Centro de Portugal representa quase um terço do território de Portugal. Esta é uma região que concilia a natureza em estado puro com a vibrante vida nas suas cidades e vilas, integrando parques e reservas naturais, paisagens protegidas, sítios classificados pela UNESCO como Património da Humanidade, importantes destinos de turismo religioso, Aldeias Históricas, do Xisto e de Montanha, castelos, mosteiros e conventos onde se conta a história do país... No Centro de Portugal, existem muitos recantos para viver e contar. Muitas vezes, é nos locais menos improváveis e mais afastados dos roteiros turísticos que se descobre “aquele” pormenor que fica gravado na memória. Comece, por exemplo, uma viagem inesquecível em Pombal. Suba ao castelo fundado em 1171 por Gualdim Pais. Dirija-se à encantadora Praia do Pedrógão, atravessando o Pinhal de Leiria. Percorra a ciclovia da Estrada Atlântica, até à Praia da Vieira, antiga praia de pescadores, e encaminhe-se para São Pedro de Moel, praia coroada por um passado poético e ambiente elegante. Rume à vibrante cidade de Leiria e, do seu imponente Castelo, encanto de Reis e Rainhas, desça até ao núcleo de becos e ruelas, outrora centro da judiaria medieval. Não se esqueça de comprar as

famosas “Brisas do Lis”. De Leiria à Marinha Grande, uma curta viagem levá-lo-á até ao Museu do Vidro onde se encontram extraordinárias obras de arte moldadas por conhecimentos centenários. E por falar em obra de arte, sabe qual é o monumento português onde despontou o estilo manuelino? O Mosteiro da Batalha, pois claro. Daqui, deslumbrado, parta à aventura por trilhos do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Visite o castelo de Porto de Mós e, a pé ou de bicicleta, passeie pela ecopista, antigo caminho de ferro. Em Terras de Sicó, nos concelhos de Ansião e Alvaiázere, vale a pena adquirir os produtos locais, como o Queijo do Rabaçal, e percorrer a rede de percursos pedestres. Refresque-se nas praias fluviais das Rocas e do Poço de Corga, em Castanheira de Pera, de Ana de Aviz e das Fragas de São Simão, em Figueiró dos Vinhos, ou do Mosteiro e Cabril, em Pedrógão Grande. Cumprindo todas as normas de segurança e regras de acesso a estes locais paradisíacos, desfrute de

momentos de puro lazer e relaxamento. Rumando ainda mais para o interior do Centro de Portugal, não faltam alternativas para descontrair dos dias mais agitados. Não é por acaso que defendemos que estes territórios são o luxo do século XXI. Experimente, por exemplo, relaxar o corpo e a mente nas Termas de Monfortinho e nas Termas de Águas, concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor, respetivamente. Aqui, no coração da Beira Baixa, há ruínas romanas, castelos medievais, solares e palacetes. Assim como finos bordados, queijos, vinhos e enchidos para saborear antes ou depois de uma visita ao Museu do grande Mestre Cargaleiro. O Geopark Naturtejo inclui os concelhos de Castelo Branco, Idanha-aNova, Oleiros, Penamacor, Proença-aNova e Vila Velha de Ródão, e mostra-lhe um surpreendente território, um dos mais genuínos do País. O Parque Natural do Tejo Internacional, a Reserva Natural da Serra da Malcata, as Aldeias Históricas e Aldeias do Xisto são

apenas alguns dos muitos pontos de atração para descobrir, ao som do adufe de Idanha-a-Nova, primeira Cidade Criativa da Música em Portugal. Vai ficar encantado. Visitar o Centro de Portugal é olhar para a vida a sorrir. E se destacámos hoje as regiões de Leiria e da Beira Baixa, os territórios de Coimbra, Aveiro, Viseu, Serra da Estrela, Médio Tejo e Oeste merecem igual protagonismo. Seja qual for o destino que escolher, ficará agradavelmente surpreendido! Chegou o tempo de descobrir o Centro de Portugal como se fosse a primeira vez! ←

Esta é uma região que concilia a natureza em estado puro com a vibrante vida nas suas cidades e vilas



06 | Património UNESCO

À descoberta da região

Faculdade de Letras

Real Paço das Escolas sofreu várias reformas e acolhe alguns dos mais importantes edifícios classificados

Laboratório “Chímico”

Coimbra detém património histórico único e de visita obrigatória A cidade de Coimbra é, desde Junho de 2013, Património Mundial da Humanidade. O galardão atribuído pela Unesco à Universidade, Alta, Rua da Sofia e, mais recentemente, ao Museu Nacional Machado de Castro, tem contribuído, desde então, para a presença de um maior número de turistas na cidade do Mondego, tanto nacionais como internacionais, motivados pela curiosidade de ficar a conhecer in loco o motivo da atribuição desta classificação a Coimbra. E são mais que muitas as razões para visitar uma cidade onde se respira cultura e conhecimento, através dos seus monumentos. Em Coimbra não faltam sítios para visitar e razões para ficar

um ou mais dias. Na Alta e na Universidade de Coimbra, é de visita obrigatória o Real Paço das Escolas, antiga habitação da coroa e que sofreu várias reformas ao longo dos séculos. Este espaço, está rodeado pela Capela de S. Miguel (Capela da Universidade), Colégio de S. Pedro (actual reitoria), Porta Férrea, Sala dos Capelos, Biblioteca Joanina, Escadas de Minerva, Faculdade de Direito e Torre da Universidade. São também Património da Humanidade, o Colégio de S. Jerónimo (onde funcionaram os Hospitais da UC antes de passarem para Celas), a Faculdade de Letras (inaugurada em 1951 e construída no âmbito das alte-

rações arquitectónicas da cidade universitária durante o Governo de Oliveira Salazar), o Colégio de S. Bento, e ainda o Laboratório “Chímico” que funciona como Museu da Ciência, depois de ser remodelado e valorizado, mantendo toda a sua estrutura inicial. Além dos edifícios aqui referenciados, tantos outros que fazem parte da história da mais antiga Universidade portuguesa e uma das mais antigas da Europa fazem jus à classificação atribuída pela Unesco. Ainda na Alta da cidade, o Museu Nacional Machado de Castro, monumento nacional desde 1910, foi centro administrativo, político e religioso na época romana, templo cristão, pelo me-

nos desde o século XI e ainda paço episcopal a partir da segunda metade do séc. XII. Recorde-se que o Museu não foi incluído na área classificada em 2013 por se encontrar em trabalhos de restauro e remodelação na ocasião em que foi apresentada a respectiva candidatura (quando a Alta Universitária e Rua da Sofia foram classificadas Património da Humanidade, os trabalhos no museu já estavam concluídos). Criado em 1911 e aberto ao público em 1913 apresenta-se, assim, mais ampliado e renovado, oferecendo um ambiente relaxante e inspirador. Já na emblemática Baixa da cidade, o turista é convidado a descobrir a Rua da Sofia, tam-

bém classificada pela Unesco, e onde se situam os Colégios, no passado geridos pelas Ordens Religiosas, criados para instalar o acentuado afluxo de estudantes a Coimbra que, durante séculos, acolheu a única universidade portuguesa. Refira-se que entre 1535 e 1557 foram instalados 14 colégios religiosos na Rua da Sofia, constituindo um novo paradigma europeu da cultura e ensino, revolucionando, igualmente, o conceito urbanístico existente na cidade. São muitas as razões para visitar Coimbra, entre eles os imponentes edifícios da Sé Velha e do Mosteiro e Igreja de Santa Cruz. A Sé Velha apresenta-se como um dos edifícios de estilo



08 | Património UNESCO

À descoberta da região

românico mais importante do país, cuja construção terá começado depois da Batalha de Ourique (1139), quando Afonso Henriques se declarou Rei de Portugal e escolheu Coimbra como capital do reino. O Mosteiro e a Igreja de Santa Cruz (Panteão Nacional) onde é possível visitar o túmulo de D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal e do seu filho, D. Sancho I, além de um imenso património religioso e histórico, também ele ligado às ordens religiosas. O mosteiro foi fundado em 1131 pela Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, com o apoio de D. Afonso Henriques e D. Sancho I. A qualidade das intervenções artísticas no mosteiro, particularmente na época manuelina, fazem deste um dos principais monumentos históricos e artísticos do país.

Edifícios classificados: Real Paço das Escolas O Paço das Escolas foi habitação da coroa, sofreu várias reformas ao longo dos séculos e acolhe alguns dos mais importantes edifícios classificados, como é o caso da Capela de S. Miguel, Colégio de S. Pedro (actual Reitoria), Porta Férrea, Sala dos Capelos, Gerais, Biblioteca Joanina, Escadas de Minerva, Torre da Universidade, Observatório Astronómico ou o auditório da Faculdade de Direito.

Colégio de S. Jerónimo O edifício colegial, cuja construção teve início em 1565, é constituído por um núcleo central representado pelo claustro, em torno do qual se desenvolviam as principais áreas. O claustro, o último a ser traçado por Diogo de Castilho, revela ainda uma gramática e estética decorativa idêntica aos que foram edificados na Coimbra quinhentista, com suas abóbadas, colunas e capitéis. No lanço Norte daquele, entre o átrio de entrada e o antigo corredor de acesso ao primeiro andar, ficava a Sala do Capítulo, enquanto, no sector poente, no primeiro piso, funcionava a livraria do Colégio. Foi um dos edifícios, em Coimbra, mais afectados pelo terramoto de 1755. Acolheu secções da Faculdade de Medicina e o dispensário farmacêutico do Colégio de Jesus. O funcionamento, neste espaço, dos Hospitais da Universidade de Coimbra foi um dos momentos mais

Museu Nacional Machado de Castro importantes da sua história. Actualmente funciona no Colégio de S. Jerónimo a Faculdade de Letras, serviços administrativos, Museu Académico, cantina e centros de investigação.

Faculdade de Letras Inaugurado em Novembro de 1951, o edifício da FLUC foi construído no âmbito das alterações arquitectónicas da cidade universitária durante o Governo de Oliveira Salazar, que destruíram grande parte da Alta de Coimbra. Com sete pisos, destacam-se na sua construção as quatro estátuas do escultor Barata Feyo, colocadas na fachada, e que representam a Eloquência, a Filosofia, a História e a Poesia.

Palácio dos Grilos Anteriormente conhecido como Colégio de Santa Rita, foi construído pelos Eremitas Descalços, tendo passado, ao longo da história, por várias fases de ocupação. Chegou a ser sede da Associação Académica de Coimbra, antes da deslocação para a Rua Padre António Vieira, onde hoje funciona. Neste momento, funcionam naquele edifício a secretaria-geral, a tesouraria e a Casa de Pessoal da UC.

Laboratório “Chímico” O edifício do Laboratório “Chímico” foi remodelado e valorizado, acolhendo o Museu da

Galardão foi atribuído pela Unesco, em 2013, à Universidade de Coimbra, Alta, Rua da Sofia e mais tarde ao Museu Nacional Machado de Castro

Esta distinção tem contribuído, ano após ano, para atrair um maior número de turistas, sejam eles nacionais ou internacionais

Na Baixa, o turista é convidado a descobrir a Rua da Sofia, onde se situam os Colégios, no passado geridos pelas Ordens Religiosas

Ciência. O MCUC detém o mais antigo núcleo museológico português de história natural e instrumentos científicos, indissociável do património edificado de matriz Jesuíta e Pombalina, ao qual se associam outras colecções que reflectem a evolução da Universidade de Coimbra e a sua influência em Portugal e no mundo.

Colégio de S. Bento Fundado em 1555, está localizado na Calçada Martim de Freitas e Rua do Arco da Traição, na Alta Universitária, acolhendo serviços pedagógicos e administrativos dos Departamentos de Botânica e Antropologia. A construção deste Colégio teve início em 1576. O programa arquitectónico inicial, imbuído numa forte estética maneirista, materializou um volume rectangular, com amplo pátio e fachadas exteriores seccionadas em três planos horizontais nos quais se abrem fileiras de janelas simétricas. No topo, o entablamento é coroado com fogaréus, setecentistas, assentes em plintos, correspondentes a cada uma das pilastras existentes.

Colégios da Rua da Sofia São vários, na Baixa de Coimbra, e foram criados para instalar o acentuado número de estudantes existente na cidade. Entre 1535 e 1557 foram instala-

dos 14. Constituíram um novo paradigma europeu de cultura e ensino, revolucionando, igualmente, do ponto de vista urbanístico.

Museu Nacional Machado de Castro O grande pátio, dominado pela loggia quinhentista que exerce uma grande atracção sobre quem passa neste ponto da cidade, é um exemplo impressivo de sobrevivência da carga simbólica de um lugar. Ele foi centro administrativo, político e religioso na época romana, foi templo cristão, pelo menos desde o séc. XI, paço episcopal a partir da segunda metade do séc. XII, e museu desde 1911. É, por isso, um dos lugares mais complexos e aliciantes da cidade. Entregue, naquela data, ao Estado Português, para instalação do Museu Machado de Castro, o edifício, já então classificado como Monumento Nacional, sofreu sucessivas obras de adaptação que foram permitindo conhecer a sua história e o valor arqueológico do sítio. Contudo, só o recente e profundo projecto de requalificação e ampliação permitiu aprofundar e dar visibilidade ao estudo científico do conjunto, graças a um programa global de intervenção que contemplou a arqueologia, a arquitectura e a museografia. ←



10 | Património UNESCO

À descoberta da região

Mosteiro da Batalha é património da Humanidade desde 1983 Construído como forma de agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, o monumento foi eleito em 2007 uma das “7 Maravilhas de Portugal” É longa a lista de distinções que o Mosteiro da Batalha tem somado ao longo dos anos, entre elas o facto de ter sido eleito uma das “7 Maravilhas de Portugal” e, portanto, um monumento que é obrigatório conhecer numa visita ao Centro do país. Mandado construir em 1386, por D. João I, como forma de agradecimento à Virgem Maria pela vitória na Batalha de Aljubarrota, o monumento é considerado o mais significativo edifício gótico português. Monumento Nacional desde 1910, é Património da Humanidade da Unesco desde 1983 e

Mosteiro da Batalha impressiona logo pelo grande portal da entrada. A visita a este antigo mosteiro dominicano começa pela Igreja que, com os seus 32 metros de altura, detém

o título de mais alta de Portugal. Foi ainda a primeira a ser construída inteiramente em pedra e tem os vitrais mais antigos do país, do século XV. Segundo a

Regra de Santo Agostinho, e à semelhança de outras ordens religiosas, os monges não poderiam ter posses. No entanto, pela ausência de povoados nas imediações do Mosteiro que pudessem contribuir para as suas despesas, através de esmolas ou donativos, foi pedida ao Rei uma autorização especial para lhes serem cedidas terras para sobreviverem. Mosteiro dominicano, foi sendo construído ao longo de dois séculos (durante sete reinados) sendo, por isso, um interessante monumento para perceber a evolução da arquitectura, desde os tempos medievais até ao início do século XVI. Apesar de ter, fundamentalmente, soluções góticas e manuelinas, no Mosteiro da Batalha,também chamado Mosteiro de Santa Maria da Vitória, encontram-se também apontamentos da época renascen-

tista, o que faz dele uma das mais belas obras arquitectónicas portuguesas e até europeia. Argumentos para que seja visitado não faltam a este monumento, daí serem já milhares os turistas que visitaram este mosteiro do distrito de Leiria, composto por uma igreja, dois claustros, dois panteões reais (D. João I e D. Duarte), a Capela do Fundador e as Capelas Imperfeitas, que podem ser percorridos e descobertos. Depois de ter estado na posse da Ordem de S. Domingos (por doação de D. João I), o mosteiro passou a ser incorporado na Fazenda Pública. Hoje, está na dependência do IGESPAR, assumindo-se como um espaço onde são desenvolvidos os mais diversos eventos culturais, para além de ser um pólo turístico do concelho da Batalha, do distrito de Leiria e da grande região das Beiras, e um espaço de devoção. ←


Património UNESCO | 11

À descoberta da região

Alcobaça acolhe Mosteiro de arquitectura notável

Mosteiro de Alcobaça

Património da Humanidade desde 1989, demorou seis séculos a ser concluído. D. Afonso Henriques, em 1153, mandou-o construir

Corria o ano de 1153 quando D. Afonso Henriques atribuiu à Ordem de Cister um terreno com cerca de 44 mil hectares para a construção de um templo, que viria a ser considerado uma das

mais importantes casas cistercienses da Península Ibérica. A construção do Mosteiro de Alcobaça iniciou-se em 1178, pela Igreja - que viria a ser maior abacial gótica do país - e só terminou seis séculos depois, em

1770, com a construção da Sala dos Túmulos. O tempo que demorou a ser construído fez com que o Mosteiro de Alcobaça fosse considerado um conjunto único no mundo e um importante testemunho da evolução da arquitectura portuguesa. Ao longo do tempo foi ganhando importância. É Monumento Nacional desde 1910, zona especial de protecção desde 1957, e faz parte, desde 1989, dos monumentos portugueses classificados como Património da Humanidade, num processo iniciado em Abril e que foi terminado em Dezembro do mesmo ano, numa reunião do Comité da Unesco, realizada em Paris. A extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834, não retirou ao Mosteiro de Alcobaça a importância que foi conquistando ao longo dos séculos. Depois da saída da Ordem de Cister, que ocupou o monumento durante vários anos, o mosteiro foi reconvertido e adaptado para as mais variadas funções. Foi Paços do Concelho e Câmara Municipal de Alcobaça. Foi também sede da Administração do

Concelho, prisão, Tribunal Judicial, Teatro Municipal, entidade bancária, repartição da Fazenda e de Finanças, Conservatória de Registo Predial, escola, quartel, lar residencial e biblioteca municipal. Não lhe faltam, portanto, vidas, histórias e modos de vida. Entre 1928 e 1948 foi recuperado pelo Estado e as obras devolveram-lhe as características e funções iniciais, preservando, assim, a importância cultural, religiosa e ideológica que foi conquistando ao longo da sua vasta e diversificada história. Hoje mantém-se como um monumento de visita obrigatória, até porque é um dos mais imponentes e importantes de Portugal. ←

A construção do Mosteiro teve início em 1178 e só terminou seis séculos depois, em 1770, com a construção da  Sala dos Túmulos


12 | Património UNESCO

À descoberta da região

Convento de Cristo distingue-se como pólo cultural e turístico da região Convento de Cristo, Património da Humanidade desde 1983, guarda tesouros da nossa história e ostenta traços distintos de diferentes estilos arquitectónicos Ex-libris da cidade de Tomar, o Convento de Cristo é um dos que mais atrai turistas e visitantes, apresentando-se como um importante espaço cultural da região. Sede das ordens religiosas e militares do Templo e de Cristo foi classificado como património da humanidade e inscrito na lista do património mundial da UNESCO, em 1983. Os critérios que presidiram à sua classificação tiveram em conta, particularmente a Charola dos templários e a invulgar janela ocidental da nave manuelina, cuja construção amplia e prolonga para fora do castelo a própria rotunda, primitivo oratório dos cavaleiros. A Charola, para além de ser um dos melhores entre os raros exemplares existentes de igreja em rotunda, simboliza o mundo medieval europeu, das cruzadas e da defesa da fé. A janela manuelina na originalidade da sua gramática decorativa constitui a primeira síntese das artes europeia e oriental.

Convento de Cristo, em Tomar

O monumento abrange o castelo templário, cuja construção se iniciou em 1160,com o convento a ser edificado em 600 anos

A história do Convento de Cristo remonta há muitos séculos. O monumento abrange o castelo templário, cuja construção se iniciou em 1160, tendo todo o convento sido edificado em 600 anos, entre os séculos XII e XVII. Foi o Grão-Mestre dos Templários, D. Gualdim Pais,

quem decidiu o início da sua construção e ainda hoje o monumento conserva recordações desses monges cavaleiros e da Ordem de Cristo, que ali esteve sediada. Muitas dessas recordações podem ser apreciadas durante uma visita ao monumento, que

é Património da Humanidade da Unesco desde 1983. Sendo mais um monumento construído ao longo do tempo, a sua arquitectura tem exemplares de vários estilos, sendo, por isso, possível encontrar aqui traços românticos, góticos, manuelinos, renascentistas, maneiristas e barrocos. A arquitectura do lugar evoca um vasto reportório da arte europeia plasmada nos estilos que os séculos trouxeram à sua edificação.O próprio convento de renascentista foi tido em conta na classificação do complexo monástico, por este ser um dos maiores da Europa e pelo facto do seu claustro principal ser uma obra-prima da arquitectura do Renascimento. Destaque para os claustros, construídos no século XV, a Charola e a Fortaleza dos Templários, a Igreja, dos arquitectos João de Castilho e Diogo de Arruda, ou ainda a Janela Manuelina, que é ainda hoje um dos maiores pontos de curiosidade das milhares de turistas, nacionais e estrangeiros, que visitam o monumento anualmente.Isto acontece desde que, em 1980, o Estado tomou posse do monumento ao Exército e ao Seminário das Missões Ultramarinas, e lhe conferiu funções culturais e turísticas. ←



14 | Património UNESCO

À descoberta da região

Geopark Naturtejo é Geoparque Mundial da UNESCO

Geopark Naturtejo da Meseta Meridional

Gerido pela Naturtejo, o Geopark da Meseta Meridional percorre sete concelhos e oferece cerca de cinco mil quilómetros quadrados de terra para descobrir Nascida do espírito de união e da partilha de objectivos, a Naturtejo é a entidade que gere e

promove o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, Geoparque Mundial da UNESCO, que inclui os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Penamacor, Proença-aNova e Vila Velha de Ródão. Da Raia à Beira Interior, passando pelo Pinhal Interior até ao Alto Alentejo, este é um território de elevado potencial turístico e

com inúmeros factores de atracção. Por ser uma região vasta mas homogénea, o Geopark Naturtejo oferece uma grande variedade de produtos turísticos, tendo como mais-valia comum a natureza e as excelentes infra-estruturas. Tudo para satisfazer as necessidades e exigências de todo o tipo de visitantes. Gozando de uma excelente lo-

calização e acessos, o Geopark Naturtejo abre os horizontes e oferece-lhe cerca de 5000 quilómetros quadrados de terra para descobrir. O vasto património geomorfológico, geológico, paleontológico, e geomineiro, apresenta elementos de relevância nacional e internacional, de que são exemplos os icnofósseis de Pe-

nha Garcia, os canhões fluviais de Penha Garcia, das Portas do Ródão e de Almourão, a mina de ouro romana do Conhal do Arneiro e as morfologias graníticas da Serra da Gardunha e Monsanto. Para além dos geossítios, o Geopark Naturtejo conta com o Parque Natural do Tejo Internacional e com áreas protegidas no âmbito da Rede Natura 2000 (sítios Gardunha, Nisa e S. Mamede) e das Important Bird Areas (Penha Garcia - Toulões e as serranias quartzíticas do Ródão), que testemunham a sua riqueza ecológica. A história milenar desta região dotou-a de inúmeros castelos, igrejas e palácios, atingindo uma diversidade rara em Portugal. As ruínas da Civitas Egitania em Idanha-a-Velha, as estações paleolíticas e a Arte Rupestre do Tejo, bem como as regiões megalíticas de Nisa e Rosmaninhal constituem pólos de relevante interesse arqueológico. As práticas ancestrais, testemunhos vivos das múltiplas singularidades da cultura raiana, têm fortes raízes na paisagem. O estatuto de “Aldeia mais portuguesa de Portugal”, conferido a Monsanto, e as Aldeias de Xisto, espalhadas pelo Geopark Naturtejo, são símbolos desta riqueza etnográfica ainda muito bem preservada. ←



16 | Monumentos & Museus

À descoberta da região

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra

Pedaços da nossa Cultura para descobrir nos museus No Centro estão alguns dos mais importantes museus do país e visitá-los é oportunidade para descobrir pedaços da nossa História Coimbra

Museu Nacional Machado de Castro Com nova vida, após obras de requalificação, o Museu Nacional Machado de Castro é um dos mais importantes e mais visitados da região e do país, tendo vindo a alcançar recordes de visitantes. Concretizado o projecto do arquitecto Gonçalo Byrne, o museu mostra a evolução histórica do edifício e permite desfrutar de grande parte do seu es-

pólio, repartido por colecções provenientes de mosteiros, conventos e igrejas da região Centro e dos colégios universitários e do bispado. Sobressaem os núcleos de escultura, ourivesaria, pintura e paramentos, assim como faianças, azulejos, mobiliário e tapeçaria. É obrigatória a passagem pelo criptopórtico romano. Tudo isto num espaço localizado na Alta Universitária, classificada Património da Humanidade pela Unesco, que é uma varanda privilegiada para parte da cidade, nomeadamente para

outro monumento importante, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha.

Mosteiro de Santa Clara-a-Nova No retábulo da capela-mor da Igreja encontra-se a urna de prata e cristal onde é venerado o corpo incorrupto da Rainha Santa Isabel, diante da qual se encontra a famosa imagem da Rainha Santa, da autoria de Teixeira Lopes, oferecida pela Rainha D. Amélia, Grã-Mestra da

Real Ordem da Rainha Santa Isabel, e que é transportada nas célebres procissões das festas que se realizam nos anos pares. Na capela-mor, destacam-se ainda várias telas setecentistas, sobre alguns episódios da vida da Rainha Santa, de São Francisco e de Santa Clara, aos quais subjazem as representações dos quatro Evangelistas. O corpo da igreja possui várias telas representando os Doutores da Igreja e variadíssimos retábulos com representações de episódios da vida da Rainha Santa e de São

Francisco, entre muitos outros elementos artísticos. O visitante pode ainda ter acesso aos majestosos claustros do convento, dos maiores do país, e ao coro baixo, onde se encontra o belíssimo túmulo primitivo da Rainha Santa, executado por Mestre Pêro, em 1330.

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha Os últimos 30 anos do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha têm muitas histórias e muitas delas estão contadas no espaço museológico, disponível depois da sua abertura em 2009. No centro interpretativo estão expostos os testemunhos materiais da vivência quotidiana das clarissas, numa visita complementada por suportes audiovisuais e painéis interpretativos. No exterior, destaque para o mosteiro do século XIV, que contém o maior claustro gótico de



18 | Monumentos & Museus Portugal, e que já venceu e foi nomeado para os mais influentes prémios internacionais. Este espaço tem-se assumido também como pólo cultural da cidade. Após uma intervenção arqueológica em grande escala e a valorização de todo o espaço da antiga cerca monástica, o Mosteiro de Santa Clara de Coimbra abriu ao público em 2009 oferecendo ao visitante a possibilidade de fazer uma verdadeira viagem ao passado deste mosteiro mandado edificar por D. Isabel de Aragão, em 1314. No centro interpretativo a visita percorre a exposição “Freiras e donas de Santa Clara: arqueologia da clausura, exposição ancorada nos testemunhos materiais da vivência quotidiana das clarissas, exibindo objectos requintados (porcelanas e faianças, vidros e adornos pessoais, como simples fusos, agulhas e dedais), bem como suportes audiovisuais e painéis de interpretação. Dois documentários, um incidindo sobre a fundação e história do convento e outro focando o abandono do mosteiro e seu resgate para a contemporaneidade, completam o percurso pelo centro interpretativo. O Mosteiro é usualmente cenário de vários eventos, porquanto se assume igualmente como pólo cultural aberto à cidade e às manifestações artísticas, que podem surpreender o visitante no decurso da sua visita.

Museu Monográfico de Coimbra Fundado em 1962, o Museu tutela as ruínas da cidade romana de Conímbriga. As suas colecções são diversificadas e ilustrativas da evolução histórica do lugar, entre finais do 2.º milénio a.C. e o século VI d.C. É Monumento Nacional desde 1910 e considerado o sítio arqueológico mais notável da época Romana em Portugal. A maioria das ruínas data da época Romana e o visitante pode contemplar os vestígios de inúmeros edifícios

À descoberta da região

metralmente à insulae da plebe, pela complexidade da sua construção e requinte decorativo.

PO.RO.S – Portugal Romano em Sicó

PO.RO.S - Museu Portugal Romano em Sicó e construções de natureza pública e privada: o fórum, edifícios termais, o aqueduto, o anfiteatro, edifícios comerciais e industriais, assim como luxuosas residências privadas, entre as quais sobressai a magnífica Casa dos Repuxos, conhecida pelos jogos de água no centro do peristilo ajardinado, pelos belos pavimentos de mosaicos geométricos e figurativos ou pelos revestimentos com estuques moldados e pintados. O Museu Monográfico de Conímbriga é um serviço dependente do Instituto dos Museus e da Conservação, cabendo-lhe a missão de gerir as ruínas da cidade romana, promover a sua exposição pública e prosseguir a investigação arqueológica sobre o sítio. A exposição permanente exibe unicamente objectos provenientes da escavação de Conímbriga e reparte-se por dois blocos.

Ruínas de Conímbriga O conjunto das Ruínas de Co-

Museu da Guarda tem no seu acervo 4.800 peças de várias colecções. A exposição é organizada de forma cronológica, desde a pré-história

O PO.RO.S é uma viagem à presença romana nas Terras de Sicó, dando a conhecer as culturas que moldaram a história do território

Museu de Aveiro possui uma exposição permanente com imagens e relíquias do culto da Princesa Santa Joana, entre outras peças de grande valor

nímbriga, do Museu Monográfico – construído na sua imediata proximidade – e do castellum de Alcabideque consubstancia um complexo arqueológico de peso, que permite reconstituir uma célula importante do grandioso Império Romano. Juntamente com Mirobriga (Santiago do Cacém) e Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), forma o grande triângulo da memória romana em Portugal. A imponência e pragmatismo da arquitectura romana estão bem representados em Conímbriga. Iniciadas em 1928, as escavações arqueológicas foram pondo a descoberto uma parte muito significativa do traçado desta cidade possibilitando, ao visitante das ruínas, a comprovação de uma planificação urbanística laboriosa e atenta a todas as necessidades: o fórum, o aqueduto, os bairros de comércio, indústria e habitação, uma estalagem, várias termas, o anfiteatro, as muralhas para circunscrição e defesa da cidade. Deste conjunto, sobressai um bairro de ricas casas senhoriais, que se opõe dia-

O PO.RO.S, Museu Portugal Romano em Sicó, é o mais recente equipamento museológico de Condeixa. Trata-se de um projecto cultural que faz parte da rota da romanização composta pelos concelhos de Condeixa, Penela, Ansião, Alvaiázere e Tomar. Enquanto espaço multimédia e virtual, funciona em articulação com Conímbriga. O Museu Portugal Romano em Sicó, ocupa a antiga casa solarenga da Quinta de São Tomé, classificada como Valor Concelhio. Aqui o visitante tem a oportunidade de conhecer e experienciar, tridimensionalmente, uma grande aventura: a epopeia da romanização da Lusitânia, em geral, e do território de Sicó, em particular. O PO.RO.S - Museu Portugal Romano em Sicó é uma viagem à presença romana nas Terras de Sicó, que dá a conhecer o encontro de culturas que moldou a história do território. A tecnologia estimula os sentidos e dá à exposição um carácter vivo e dinâmico, capaz de aliar conhecimento e entretenimento e, com isso, contribuir para a salvaguarda e divulgação da memória histórica da romanização. O PO.RO.S é, assim, um espaço atractivo e inovador, levando o visitante numa aventura pela memória da romanização e do legado que perdura até hoje.

Aveiro

Museu de Aveiro O Museu de Aveiro possui uma exposição permanente com imagens e relíquias do culto da Princesa Santa Joana – que ali se recolheu, em 1472, contra a vontade do pai D. Afonso V –, e também obras de pintura, escultura, talha, mobiliário e azulejo, desde o século XV ao XIX.


Monumentos & Museus | 19

À descoberta da região

Do acervo constam ainda peças de ourivesaria, têxteis, cerâmica, livros antigos e manuscritos. Instalado no antigo Convento de Jesus, da Ordem Dominicana feminina, em Aveiro, em 1911, o Museu de Aveiro foi criado legalmente pela Portaria de 16 de Junho de 1912. Ao longo do séc. XX, o Museu de Aveiro foi alvo de diversas intervenções. Em 2006, iniciaram-se as suas mais recentes obras de ampliação e requalificação, co-financiadas pelo Plano Operacional da Cultura, que culminaram em 2008, com a apresentação renovada da Exposição Permanente. Esta apresenta obras de Pintura, Escultura, Talha, Azulejo, Ourivesaria e Têxteis, dos séculos XIV-XV ao século XIX, provenientes de conventos extintos de Aveiro e de outras regiões do país. Da colecção do Livro Antigo e dos Manuscritos, documentos da fundação do convento e da vida da Princesa Santa Joana, filha de D. Afonso V, figura incontornável na história do convento, onde ingressou em 1472 e morreu em 1490. Do acervo do Museu constam ainda as colecções de Cerâ-

mica, Vidros, Metais e a Arqueologia.

Museu do Vinho

Museu de Aveiro

O Museu do Vinho Bairrada foi inaugurado a 27 de Setembro de 2003. Sob a tutela da Câmara Municipal de Anadia, está instalado num edifício construído de raíz para o efeito, dotado de mobiliário adequado aos espaços e funções, com equipamentos informáticos e audiovisuais, e sistema de segurança. A Exposição Permanente, designada por Percursos do Vinho, encontra-se no piso zero do museu e exposta ao longo de seis salas temáticas, com peças de valor arqueológico, etnográfico e técnico, reunidas com a colaboração de diversos vitivinicultores, entidades locais e nacionais.Contempla uma programação de exposições temporárias, a realizar três a quatro projectos por ano, com actividades pedagógicas, animação do livro, debates sobre temáticas ligadas ao vinho, vinha, mundo rural, arte e documentalismo, etc. O museu tem ainda uma enoteca, uma loja de vinhos, um auditório para 80


20 | Monumentos & Museus

À descoberta da região

Museu Judaico de Belmonte pessoas, com equipamento multimédia, uma mediateca, uma biblioteca e zona de restauração com jardim.

Guarda

Museu da Guarda Instalado no antigo Seminário Episcopal - o mais emblemático edifício da época moderna da cidade - o Museu da Guarda tem no seu acervo 4.800 peças de várias colecções. A exposição é organizada de forma cronológica, desde a pré-história até à actualidade, incluindo vestígios do Calcolítico, cerâmica, escultura e numismas da época romana e medieval, provenientes da região. Inclui também peças de pintura e escultura sacra dos sé-

culos XIII a XVIII e de pintura e desenho dos finais do século XIX e primeira metade do século XX. Detém colecções etnográficas sobre as principais actividades económicas da região. Com um espólio de cerca de 4.800 peças, integra colecções de arqueologia, numismática romana, escultura sacra dos séculos XIII a XVIII, pintura sacra dos séculos XVI a XVIII, armaria dos séculos XVII a XIX. Tem ainda cerâmica, etnografia regional, fotografia, pintura e desenhos de finais do século XIX e primeira metade do século XX.

Museu Judaico de Belmonte Responsabilidade da Câmara de Belmonte, o Museu Judaico é um

espaço pedagógico sobre o Judaísmo, a cultura do povo judeu e a presença judaica em Portugal. Inaugurado em Abril de 2005, o projecto de musealização engloba mais de uma centena de peças originais, da Idade Média até ao século XX, peças genuínas que foram utilizadas por judeus, cristãos-novos e seus descendentes, nos seus actos religiosos, na sua vida quotidiana e nas suas profissões. Inaugurado em 2005, permite uma viagem no tempo, destacando os rituais da Comunidade Judaica de Belmonte, que resistiu durante vários séculos à perseguição religiosa de que foi alvo por parte dos reis católicos. O Museu Judaico de Belmonte reúne peças da Idade Média ao século XX, utilizadas por judeus

e cristãos novos no quotidiano ou nas práticas religiosas.

Leiria

Abrigo do Lagar Velho O Abrigo do Lagar Velho situa-se no Vale do Lapedo e corresponde a um sítio arqueológico, descoberto em 1998, no qual se destaca uma sepultura de criança do Paleolítico Superior, mais conhecida como Menino do Lapedo. Tal facto, torna o espaço tão especial por se tratar da única sepultura humana deste período conhecida em toda a Península Ibérica, que testemunha a partilha de rituais fúnebres pelos homens que viveram na Europa, há cerca de 29 mil anos. A

sepultura infantil, com perto de 25 mil anos indicado para monumento nacional, concentra boa parte da atracção turística do município. O esqueleto tornouse ainda protagonista da problemática em torno da extinção dos Neandertais, sendo visto como resultado da miscigenação prévia entre esta espécie humana e a nossa. O Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho tem como objectivo principal dar a conhecer os resultados da investigação realizada no sítio arqueológico do Abrigo do Lagar Velho e a sua contextualização na história da evolução humana. Actualmente monumento nacional, os achados arqueológicos foram recentemente propostos para classificação como bem de interesse



22 | Monumentos & Museus nacional, com a designação de tesouro nacional. Para os mais aventureiros, a Rota do Vale do Lapedo apresenta-se como uma excelente oportunidade para conhecer a beleza natural que a zona oferece.

Castelo de Leiria O Castelo de Leiria permanece, até aos dias de hoje, como um símbolo monumental da história da cidade.O conjunto arquitectónico é constituído pelo Palácio Real quatrocentista, Torre de Menagem, Igreja de Santa Maria da Pena, espaço da antiga Colegiada, celeiros medievais e muralhas exteriores. Mandado construir em 1135 por D. Afonso Henriques, nessa altura ainda como Príncipe, e entregue a sua chefia a D. Paio Guterres (primeiro alcaide-mor), o Castelo viria a ser reconquistado pelos muçulmanos, cinco anos depois, voltando para a mão dos cristãos, novamente, em 1142. Mas as lutas pela sua posse estavam longe de terminar tendo sofrido diversos ataques, como os de 1144 e 1195. Este último

deverá ter sido intenso, de tal modo que vem referido no foral que D. Sancho I atribuiu a Leiria nessa mesma data, tendo aquele monarca conquistado uma vez mais o Castelo. Em 1325, D. Dinis mandou edificar a Torre de Menagem, que após algumas reformulações é agora um núcleo museológico. Pensa-se que a Igreja de Nossa Senhora da Pena e os Paços Episcopais tenham também sido construídos por ordem de D. Dinis. Este terá sido o rei que mais tempo passou em Leiria, juntamente com a sua esposa, a Rainha Santa Isabel. Vários séculos depois, o Castelo, bem como a cidade, viriam ainda a sofrer danos, com as invasões francesas, ficando quase ao abandono. De referir que até 2021, o Castelo está encerrado para a realização de obras. No entanto, o município de Leiria convida a uma visita virtual ao espaço, acompanhando, no facebook, as principais descobertas arqueológicas feitas durante o decorrer das obras, como por exemplo uma eventual fortificação anterior à actual muralha.

À descoberta da região

Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho tem como objectivo dar a conhecer os resultados da investigação realizada no sítio arqueológico

Instalado no antigo seminário, o Museu Grão Vasco é dos mais importantes espaços museológicos do Distrito de Viseu

Castelo de Leiria permanece, até aos dias de hoje, como um símbolo monumental da história da cidade. Foi mandado construir em 1135

Museu de Imagem em Movimento O m|i|mo, nasceu em 1996, em Leiria, por ocasião da comemoração dos 100 anos do Cinema em Portugal. O espólio reunido desde então, leva a que a constituição do Museu fosse autorizada na Reunião de Câmara de 22 de Janeiro 1997, tendo sido solicitado a concepção de um projecto de exposição que se adequasse ao espaço do Teatro José Lúcio da Silva. Simultaneamente foi-se procedendo à pesquisa e recolha sistemática de espólio para integrar a exposição permanente, dando particular ênfase ao pré-cinema. Inicialmente denominado como Museu da Imagem, em 1999 sentiu-se necessidade de alterar o nome para Museu da Imagem em Movimento, uma vez que responde melhor aos conteúdos da exposição permanente. A missão do m|i|mo reside, em primeiro lugar, na recolha, salvaguarda, conservação e inventariação de objectos e técnicas relacionadas com as imagens em movimento, dando condições para o estudo e pesquisa nessa

área e permitindo, através da exposição das colecções, organização de acções e publicação de documentos, a fruição dos recursos de uma forma lúdica, trabalhando com o público na construção de conhecimentos sobre cinema e fotografia como técnicas de arte, convidando para um diálogo processual sobre a criação de imagens e imaginários.

Viseu

Museu Grão Vasco Instalado no antigo seminário, o Paço dos Três Escalões, com construção de final do século XVI, o Museu Grão Vasco é dos mais importantes espaços museológicos do distrito de Viseu. Possui um acervo que inclui obras de arte de diversa tipologia e cronologia. A colecção principal do Museu é constituída por um conjunto notável de pinturas de retábulo, provenientes da Catedral, de igrejas da região e de depósitos de outros museus, da autoria de Vasco Fernandes, de colaboradores e contemporâneos. O acervo inclui ainda objectos e suportes figurativos ori-


Monumentos & Museus | 23

À descoberta da região

ginalmente destinados a práticas litúrgicas (pintura, escultura, ourivesaria e marfins, do Românico ao Barroco), maioritariamente também provenientes da Catedral e de igrejas da região, a que acrescem peças de arqueologia, uma colecção importante de pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, exemplares de faiança portuguesa, porcelana oriental, mobiliário e têxteis.

Museu da Misericórdia No Adro da Sé, voltada para a catedral, encontra-se a Igreja da Misericórdia que alberga um núcleo museológico destinado a realçar as acções misericordiosas da sua irmandade. O acervo do museu é composto por mais de uma centena de objectos que, pela sua diversidade, desde a civil, com destaque para os beneméritos e a assistência aos enfermos, passando pela religiosa, com as inúmeras obras de fé, são o corolário do carácter humanístico dos homens e mulheres que ao longo dos séculos se encarregaram de aplicar as 14 obras da Misericórdia. ←

Museu Grão Vasco, em Viseu


24 | Património Natural

À descoberta da região

Caminhos da Região de Coimbra têm propostas com um total de 700 quilómetros de rotas

Região com várias opções de aventura em contacto com a natureza A Região das Beiras não é só património ou gastronomia. Passear pela região é também descobrir a beleza dos cenários naturais, numa multiplicidade de aventuras possíveis numa região que prima pela diversidade: serras, espaços protegidos, fauna e flora, únicas no mundo, e paisagens de cortar a respiração. Praticar desporto em contacto com a natureza, nadar em belas praias fluviais, fazer uma pausa no stress do dia-a-dia. Conhecer de perto o património que a natureza nos dá são prazeres possíveis numa viagem pelo Centro, onde o património natural também é cultura Caminhos da Região de Coimbra “Caminhos da Região de Coimbra” é uma nova rede de oferta turística e de valorização dos corredores de património natural da região, dinamizada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM Região de Coimbra). Com o grande ob-

jectivo de promover os recursos naturais da região através de uma rede de trilhos pedestres (com maior ou menor dimensão e com algumas actividades integradas) , os “Caminhos da Região de Coimbra” incluem quatro grandes rotas: a Grande Rota do Alva (106 km), a Grande Rota do Bussaco (56 km), a Grande Rota do Mondego (124 km) e o

Caminho Natural da Espiritualidade (67 km). Trata-se de um total de mais de 700 quilómetros de rotas municipais e intermunicipais que sofreram um reforço das condições físicas de apoio à visitação para afirmar a Região de Coimbra como um destino turístico de excelência, nomeadamente a requalificação de cami-

nhos e percursos, sinalética, estruturas de observação e de relação com a natureza, unidades de visitação e de apoio ao visitante, rotas temáticas, estruturas de informação e suportes de comunicação e divulgação.

Grande Rota do Alva A Grande Rota do Alva, com 77

km de extensão, passa pelos concelhos de Penacova, Vila Nova de Poiares, Arganil, Tábua e Oliveira do Hospital. O rio Alva, que nasce na Serra da Estrela e desagua no rio Mondego, é o elemento identitário da região atravessada pela rota, assinalada por planaltos e vales marcantes. O seu percurso, marcado nas encostas da Serra da Estrela e Serra



26 | Património Natural do Açor, permite descobrir um conjunto de atracções naturais e turísticas de grande qualidade e importância local.Este cenário de belezas naturais é completado por uma diversidade florística, na qual se destacam os salgueiros, amieiros, freixos, choupos, sanguinho-de-água, fetos-reais e largas encostas com medronheiros.

Grande Rota do Bussaco A Grande Rota do Bussaco é um percurso com um total de 56 km, cujo epicentro é a Mata Nacional do Buçaco. Desenvolve-se nos concelhos da Mealhada, Penacova e Mortágua e promove o potencial natural deste território, alavancada na qualidade e exuberância da biodiversidade da Mata Nacional do Buçaco, um verdadeiro oásis da Região Centro para os amantes do turismo de natureza, possuindo uma das melhores colecções dendrológicas da Europa. Esta grande rota permite ainda a descoberta dos vinhos da Bairrada e as suas caves e adegas, onde se produzem os vinhos tintos, brancos e espumantes, o típico leitão assado e, ainda, a vila de Luso, conhecida pela sua estância termal e pelo consumo de água mineral.

Grande Rota do Mondego A Grande Rota do Mondego é um percurso com 142 km de extensão, que visa dinamizar turisticamente os territórios compreendidos entre a Figueira da Foz e Oliveira do Hospital, cruzando os concelhos de Montemor-o-Velho, Coimbra, Penacova e Tábua, tendo o rio Mondego como denominador comum. Permite descobrir a Figueira da Foz, com o seu imenso areal de areia fina e dourada e as suas atracções turísticas, passando pelas vilas de Montemoro-Velho e Pereira, com a forte presença dos marcantes campos de arroz do Baixo Mondego e da textura de outros cultivos; Coimbra, eterna cidade dos estudantes, património da Unesco, com o fado como elemento cultural exclusivo e diferenciado; e Penacova, como região de transição para um cenário de montanha, proporcionando uma significativa alteração da paisagem, com vales mais ou menos cavados e espelhos de água a perder de vista, com origem na Barragem da Aguieira. Pelos concelhos de Tábua e Oliveira do Hospital o cenário vai-se repetindo,

sendo constantes, ao longo do percurso, elementos do modo de vida local, tais como moinhos de água, açudes, socalcos, levadas, entre outros.

Caminho Natural da Espiritualidade O Caminho Natural da Espiritualidade liga Coimbra a Santa Comba Dão numa extensão de cerca de 67 km, percorrendo os concelhos de Coimbra, Penacova e Mortágua. Explora a relação da motivação da viagem espiritual com o património natural no qual esta rota se desenrola, tendo o Caminho Português do Interior, das Rotas de Santiago, como contexto de base e elo de ligação. Os caminhos da peregrinação e da espiritualidade são produtos que atraem cada vez mais visitantes. Respondendo às expectativas de públicos oriundos de vários quadrantes religiosos, que procuram nestas jornadas a serenidade, a contemplação, momentos de introspecção e o bem-estar espiritual, esta rota apresenta-se como uma dimensão fundamental da qualidade de vida. Para além do pendor religioso, a qualidade paisagística e o património natural são suplementos que motivam a procura, completando o bem-estar interior.

Reserva Natural das Berlengas

À descoberta da região

Pequenas Rotas Para os que não procuram distâncias tão grandes, a Região de Coimbra tem pequenas rotas pedestres que vão deste a Rota da Vinha, um percurso com 14 km nos vinhedos de Cantanhede, os 23 km da Rota de Sicó em Condeixa, os 13 km do Trilho do Vale do Ceira em Góis, entre mais de 30 Pequenas Rotas nos 19 municípios da CIM Região de Coimbra que permitem desconectar de um mundo sempre conectado, estar em comunhão com a natureza, descobrir aldeias perdidas no tempo, recordar tradições que já julgavam perdidas e provar algumas das melhores iguarias regionais. Não há, por isso, melhor maneira, nem mais sustentável, de conhecer os segredos deste território do que percorrer a pé os trilhos e percursos pedestres da Região de Coimbra.

Grutas Naturais Descobertas em 1947, as Grutas de Mira de Aire, a cerca de 15 km de Fátima, são as maiores do país e uma das maravilhas naturais da Península Ibérica. São centenas de metros subterrâneos que é possível percorrer e que permitem apreciar as cascatas do Rio Negro, que desce até ao Grande Lago, onde está pre-

parado um espectáculo de luz e som. Visitar este paraíso calcário é uma experiência inesquecível, ou não estivéssemos a falar de 130 metros de profundidade com escadas, passadeiras, galerias e cursos de água únicas no país. Não muito longe, em Porto de Mós, estão as Grutas de Alvados, com várias salas de estalactites e estalagmites, assim como lagos naturais. Imperdíveis são também as Grutas da Moeda (em S.Mamede, Fátima) formadas por processos de erosão e corrosão.

cas da Europa, como conhecer mais de centena e meia de espécies de animais vertebrados (algumas delas protegidas), ou ainda com os mais notáveis monumentos. O Palace Hotel do Bussaco é um dos exemplo, mas a ele junta-se o Convento de Santa Cruz, o Museu Militar ou o monumento comemorativo da Batalha do Bussaco - um dos momentos históricos mais marcantes da história da mata, que ainda agora é recriado anualmente -, que prometem contactos inesquecíveis com o nosso património e a nossa história.

Mata do Buçaco Mata da Margaraça É um mundo natural e patrimonial a descobrir, numa área que ocupa mais de 100 hectares e de uma riqueza que deslumbra qualquer pessoa que o visite. Classificado como “Imóvel de Interesse Público”, a Mata Nacional do Buçaco, na Mealhada, é um dos mais importantes espaços naturais da região Centro e do país, embora a sua importância se deva também, e muito, ao património histórico e monumental que acolhe. Quem visitar a mata, gerida pela Fundação Mata do Buçaco, e considerada uma das mais ricas em património natural, arquitectónico e cultural, não só pode tomar contacto com uma das melhores colecções dendrológi-

Esta Mata, no concelho de Arganil, corresponde a uma das mais notáveis florestas caducifólias existentes em Portugal. Desenvolve-se numa encosta orientada a Norte- Noroeste e em altitudes entre os 600 e os 850 metros. Carvalhos, castanheiros, cerejeiras, ulmeiros, azevinhos, freixos, azereiros, loureiros e outras, são algumas das espécies que constituem o seu estrato arbóreo. O estrato arbustivo conta com o folhado, medronheiro, aveleiras, aderno, gilbardeira. O Selo-de-Salomão, o Lírio-martagão, a Veronica micrantha, bem como algumas espécies de orquídeas, são raridades que se abrigam nesta



28 | Património Natural

À descoberta da região

Parque Natural da Serra da Estrela

Mata do Buçaco mata. A Mata da Margaraça está documentalmente referenciada desde a segunda metade do século XIII. Dela saiu madeira para o retábulo da Igreja da Sé Nova, em Coimbra, e para a construção de uma antiga ponte sobre o Mondego, também em Coimbra. No início do século XVIII, forneceu ainda madeira para a construção do Convento de Santo António na Aldeia do Xisto de Vila Cova do Alva. Actualmente, é propriedade do ICNFInstituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Pode ser visitada ao longo de todo o ano, mas na Primavera pode ser observada a floração das muitas espécies herbáceas e, nomeadamente, das mais raras. No Outono as tonalidades das folhas dão ao espaço um ambiente de mudança em serenidade. As visitas são livres e gratuitas. Existem cinco percursos pedestres (não homologados) estabelecidos e geridos pelo ICNF, que possibilitam uma agradável e fácil visita a toda a Área Protegida.

Serra da Estrela Percorrer o Parque Natural da Serra da Estrela é actividade quase obrigatória para quem decide viajar pelo Centro de Portugal. Quem por ali passa leva consigo uma experiência única,

Grutas de Mira de Aire com a particularidade de este ser um espaço possível de ser visitado durante todo o ano. De Dezembro a Maio é quase garantido que encontrará neve em algum ponto da serra. Mesmo para aqueles que não sabem ou têm medo de esquiar, são sempre possíveis agradáveis e refrescantes brincadeiras na neve com a família e amigos, aproveitando depois o calor e aconchego nas várias pensões e hospedarias nas povoações à volta. Nos meses em que não há neve, a Serra da Estrela apresenta-se ainda como um mundo de aventuras a descobrir, em passeios pedestres ou de carro por alguns dos pontos de interesse da zona. Em Celorico da Beira, a Penha de Prados é um dos locais a visitar. Na Covilhã, o Covão do Boi, a Pedra do Urso, os Vales de Unhais e das Cortes ou Vila de Mouros, entre outros. Em Gouveia, para além do Mondeguinho (nascente do rio Mondego), sempre muito visitado, é possível descobrir a Cabeça do Velho ou o Curral do Negro. Também em Gouveia, no Parque Ecológico há uma oportunidade única de interagir com os “amigos de quatro patas”. O parque não é apenas uma “montra”, mas sim um espaço interactivo onde os visitantes podem participar em actividades que combinam o lazer com a educação

ambiental de uma forma divertida para todos. Na Guarda, a Barragem do Caldeirão é paragem obrigatória e em Manteigas, será interessante visitar o Vale do Zêzere, Covão d´Ametade, a Nave de Santo António ou o Poço do Inferno. Por fim, em Seia, entre muitos cenários naturais possíveis, destaque para a Cabeça da Velha, Fervença, Garganta de Loriga ou Fraga do Alvoco.

Reserva natural das Berlengas O Arquipélago das Berlengas é um pequeno arquipélago situado na plataforma continental portuguesa, a 5,7 milhas do Cabo Carvoeiro (Peniche). É formado por um conjunto de pequenas ilhas e recifes costeiros distribuídos por três grupos: Ilha da Berlenga, as Estelas e os Farilhões-Forcadas. As ilhas de maior dimensão atingem uma altura de cerca de 90 metros, mas as restantes ilhéus e rochedos são de pequenas dimensões, por vezes apenas aflorando a superfície do mar. O Arquipélago das Berlengas apresenta um património biológico com elevado interesse de conservação, quer ao nível do seu ecossistema insular terrestre que engloba plantas endémicas, habitats protegidos e acolhe a

nidificação de várias espécies de aves marinhas ameaçadas, como ao nível do vulnerável ecossistema marinho envolvente, um dos mais ricos das águas portuguesas. Também a complexa geomorfologia das ilhas e ilhéus que formam o arquipélago é única. A presença e influência humana ao longo dos tempos são indissociáveis do arquipélago. A importância do Arquipélago das Berlengas enquanto ecossistema insular, o valor biológico da área marinha envolvente, o elevado interesse botânico, o papel da ilha em termos de avifauna marinha e a presença de interessante património arqueológico e subaquático contribuíram para que, em Setembro de 1981, o arquipélago fosse classificado como Reserva Natural. A Reserva Natural das Berlengas (RNB) inclui toda a área emersa do conjunto de pequenas ilhas e ilhéus, bem como a área marinha adjacente, com fundos até uma profundidade máxima de 520 metros. O valor e importância desta área para a conservação de biodiversidade a nível europeu foram posteriormente reconhecidos ao ser classificada como Zona de Protecção Especial para Aves Selvagens e integrada na Rede Natura 2000. Refira-se ainda que em 2011 a Unesco atribuiu a classificação de Reserva Mundial da Biosfera

ao Arquipélago das Berlengas, a quinta de Portugal. O airo - Uria aalge, ave adoptada como símbolo da Reserva Natural e, em muitos aspectos, muito semelhante ao pinguim das paisagens antárticas, tem na Ilha da Berlenga o seu único local de nidificação em Portugal.

Parque Biológico da Serra da Lousã Com o objectivo de privilegiar e ajudar na conservação das espécies que habitam ou habitaram o território português, o Parque Biológico, no concelho de Miranda do Corvo, é a maior amostra da fauna selvagem de Portugal. Situado na encosta da Serra da Lousã, ocupa uma área de 33 000 m2 de Reserva Ecológica Nacional. Ao longo do passeio pelos caminhos do Parque Biológico encontramos várias espécies de fauna e flora. No caso da fauna, poderão ser observadas várias espécies de aves de rapina (águias, corujas, entre outras), ursos pardos (actualmente extintos em Portugal), linces, lobos, raposas, javalis, mas também vários herbívoros como gamos, veados, corços, cabras entre muitos outros animais. Ao longo do percurso pode-se descansar à sombra de castanheiros, carvalhos, medronheiros entre outras espécies.



30 | Património Natural Ria de Aveiro A Ria de Aveiro, que é também a foz do rio Vouga, é uma das mais belas paisagens de costa em Portugal. Está desde 2014 na lista nacional de sítios de importância comunitária, no âmbito da Rede Natura 2000, assumindo-se o Centro Municipal de Interpretação Ambiental (CMIA) como a plataforma principal de divulgação deste ambiente tão característico e responsável pelo desenvolvimento da região ao longo dos tempos. A importância ecológica da Ria de Aveiro vai muito além do seu papel como habitat da avifauna. Ela é utilizada por espécies migratórias de peixes, como é o caso da lampreia, do sável, da savelha e da enguia. O CMIA pode ser o ponto de partida para biodiversidade da região, onde se inclui o Ecomuseu Marinha da Tronchada, o Cais da Ribeira de Esgueira e os Parques Ribeirinhos de Requeixo e Carregal. A miríade de canais, por onde as águas da Ria serpenteiam, permitem as melhores condições para a prática de desportos náuticos.As salinas garantem, como há centenas de

anos, o tratamento e comercialização de sal, inerente à sobrevivência do homem. Aos turistas é dada a oportunidade de passear nos moliceiros, embarcações cuja técnica de construção é específica e que são atracção turística da Ria com as suas cores e decorações sugestivas e únicas. Efectuam o transporte de passageiros em passeios turísticos pelos canais navegáveis da laguna.

À descoberta da região

por entre vales e montes à beira do Rio Tejo. Entre eles, destacase a magnífica paisagem do monumento natural das Portas de Ródão, local privilegiado para a observação de aves e para todos os admiradores da natureza. Nesta viagem pelos encantos naturais da região, fica ainda o convite para a subida ao Pico da Milriça, em Vila de Rei, onde está o Centro Geodésico de Portugal e onde também pode ser visitado o Museu da Geodesia.

Encanto natural da Beira Baixa

Matas da região Oeste

É grande a diversidade de actividades ligadas à natureza que podem ser encontradas nesta zona do país. No Parque Natural do Tejo Internacional, são os animais e as plantas que reinam sob os vales profundos e o silêncio tranquilo da natureza. Já na Reserva Natural da Serra da Malcata, cada passo que se dá é uma nova oportunidade para se encontrarem animais raros e uma serenidade inabalável. Também o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional é local de visita obrigatória, onde podem ser explorados 16 geomonumentos

Numa região tão rica como esta seria um desperdício passar todo o tempo “entre quatro paredes”. Assim, as matas da região Oeste convidam ao descanso ao ar livre com paisagens deslumbrantes. Os amantes da observação de aves terão dificuldade em escolher por onde começar a sua aventura na natureza. No fino areal da Lagoa de Óbidos, cada passo que se dá é uma nova oportunidade de encontrar animais raros. Já na Serra de Montejunto, é feito o convite para que se explore ao ritmo da natureza, indo ao encontro de mais

de 115 espécies de aves que por ali passam durante o ano.

Passadiços revelam belezas ímpares Os passadiços que têm vindo a surgir um pouco por toda a região são para todos os gostos: mais curtos ou mais longos, uns serpenteiam a orla costeira, outros atravessam densas florestas; uns brindam os visitantes com idílicas cascatas e riachos, outros com formações rochosas ímpares e paisagens de cortar a respiração. Os Passadiços de Aveiro, com início no Canal de São Roque (perto do centro da cidade) e término junto ao rio Vouga, em Vilarinho, atravessam sapais, pequenos bosques e pinhais, brindando o visitante com vistas soberbas sobre a maravilha natural que é a Ria de Aveiro. A distância total dos Passadiços da Ria de Aveiro é de 7,5 km (15 km ida e volta). Os Passadiços da Ribeira das Quelhas – Serra da Lousã, tornam mais acessível a visita a um dos locais mais belos e selvagens da Serra da Lousã: A Ribeira de Quelhas, com as suas magníficas

cascatas e lagoas. A distância total é de 1,2 km (2,4 km ida e volta). No coração da Beira Baixa, em pleno Geopark Naturtejo, escondem-se os Passadiços do Orvalho.Estão inseridos no PR3 GeoRota do Orvalho e permitem conhecer uma série de geomonumentos classificados pela Unesco, como a Cascata da Fraga de Água d’Alta e o Cabeço do Mosqueiro, brindando ainda o caminhante com paisagens icónicas. Tem a distância de 9 Km.O Passadiço das Fragas de São Simão, no concelho de Figueiró dos Vinhos, tem sensivelmente 2 km e liga a Aldeia de Xisto de Casal de São Simão ao altaneiro Miradouro das Fragas de São Simão. Pelo caminho, o visitante tem possibilidade de cruzar um exuberante bosque, caminhar à beira da Ribeira de Alge e visitar a deslumbrante Praia Fluvial das Fragas de São Simão. Já os Passadiços do Penedo Furado (distrito de Castelo Branco), de menor extensão (1,4 km ida e volta), unem a galardoada Praia Fluvial do Penedo Furado à Cascata do Penedo Furado, um dos segredos mais bem guardados da Região.←


À descoberta da região

Passadiço das Fragas de São Simão

Património Natural | 31

Passadiços da Ribeira das Quelhas – Serra da Lousã


32 | Praias | Bandeira Azul

BANDEIRA AZUL CONVIDA A BANHOS

À descoberta da região

palheiros tradicionais.De morfologia arenosa e espaços verdes amplos, está dotada de parque de campismo. Mantém as tradições de praia de pescadores, com arte xávega e os referidos palheiros a definir a imagem do local. Latitude:40° 19' 45.31" N (40.329254 ) Longitude:8° 50' 39.24" W (-8.844232 )

Ovar

M Murtosa

Sever Sever Vouga o a do Vouga

Aveiro

Ílhavo Ílha vo

Guarda

agos Vagos

Seia

Mira Mira Cantanhede Oliveira Oliveira do Hospitall

Penacova Penacova

Coimbra

Arganil Arga anil

Coimbra Coimbra

Figueir a Figueira da F oz Foz

Pampilhosa Pampilhosa Serra da Serra

Lousã Lousã Góis Penela Penela

Pombal P ombal

L Leiria eiria

Vila de Rei

Ourém Nazaré

Mação

Alcobaça lcobaça

Caldas da Rainha R

Abrantes Abr antes

MAPA DAS PRAIAS COM BANDEIRA AZUL

Peniche Peniche

Lourinhã L ourinhã

Torres o V e edras Torres Vedras

OVAR Cortegaça Esmoriz Furadouro São Pedro da Maceda Torrão do Lameiro/Marreta

MIRA Poço da Cruz Praia de Mira

ALCOBAÇA Paredes de Vitória S. Martinho do Porto

CANTANHEDE Praia da Tocha

MURTOSA Bico Monte Branco Torreira

FIGUEIRA DA FOZ Buarcos Cabo Mondego Costa de Lavos Cova Gala Cova Gala-Hospital Figueira da Foz-Relógio Leirosa Murtinheira Quiaios Tamargueira

NAZARÉ Nazaré Salgado

AVEIRO São Jacinto ÍLHAVO Barra Costa Nova VAGOS Areão Vagueira

POMBAL Osso da Baleia LEIRIA Pedrogão Centro Pedrogão Sul

Distrito de Coimbra

Arganil Praia de Côja Localizada numa privilegiada zona beirã, Côja foi alcunhada por poetas e pintores como a “Princesa do Alva”, primando por belezas naturais, uma das quais a sua zona balnear. É, por isso, um local de passagem para aqueles que pretendem conhecer as belezas que a zona serrana encerra.Côja está junto à confluência da ribeira da Mata com o Rio Alva, evidenciam-se os açudes do Rio Alva, com particular destaque para o existente, junto ao Parque de Campismo, que pelas suas características naturais permite

CALDAS DA RAINHA Foz do Arelho-Lagoa Praia do Mar PENICHE Baleal Norte Baleal Sul Consolação Cova da Alfarroba Gambôa Medão-Supertubos S. Bernardino LOURINHÃ Areia Branca Areia Sul Porto Dinheiro

a localização da zona balnear. Na Margem direita do Rio Alva existe um antigo lagar e moinho, que foram convenientemente recuperados, onde funciona um bar, restaurante e esplanada.Na margem esquerda existe ainda um parque de campismo, com esplanada e bar que normalmente funcionam durante a época balnear. Latitude: 40° 16' 5.02" N (40.26806 ) Longitude: 7° 59' 40.99" W (-7.99472 ) Praia Fluvial da Peneda Cascalheira-Secarias A Praia Fluvial de Cascalheira situa-se a poucos metros (cerca de 500) da localidade de Secarias, que por sua vez dista a 3,5

TORRES VEDRAS Azul Centro Física Formosa Foz do Sizandro-Mar Mirante Navio Pisão Porto Novo Santa Helena Santa Rita Norte Santa Rita Sul SEVER DO VOUGA Quinta do Barco GUARDA Valhelhas SEIA Lapa dos Dinheiros Loriga

COIMBRA Palheiros-Zorro

GÓIS Canaveias Peneda

PENACOVA Reconquinho Vimieiro LOUSÃ Bogueira Senhora da Piedade

OURÉM Agroal

PENELA Louçainha ARGANIL Côja Peneda Cascalheira-Secarias Piódão OLIVEIRA DO HOSPITAL Alvôco das Várzeas Avô

km da sede do concelho de Arganil.A extensão reservada à praia fluvial já possui rede de águas e electricidade, bem como um espaço reservado ao parque de estacionamento, sendo que nas proximidades existe um restaurante. As suas margens e toda a área envolvente encontram-se bastante arborizadas, permitindo zonas de lazer. Latitude: 40° 13' 10.07" N (40.219465) Longitude: 8° 3' 13.85" W (-8.053846) Praia Fluvial do Piódão Esta praia, como o nome indica, situa-se na Aldeia de Piódão, aldeia classificada como “imóvel de interesse público”. Na

PAMPILHOSA DA SERRA Janeiro de Baixo Pessegueiro Praia de Pampilhosa da Serra Santa Luzia

VILA DE REI Bostelim MAÇÃO Carvoeiro ABRANTES Aldeia do Mato Fontes

ribeira de Piódão foi construída uma represa que criou uma zona fluvial que reúne condições para a prática da actividade balnear.As suas margens e toda a área envolvente, encontramse bastante arborizadas, permitindo zonas de lazer. Latitude: 40° 13' 10.07" N (40.219465) Longitude: 8° 3' 13.85" W (-8.053846)

Cantanhede Praia da Tocha A Praia da Tocha localiza-se no município de Cantanhede e tem um vasto areal e uma pequena área urbana caracterizada por construções recentes, mantendo no entanto alguns

Praia Fluvial de Palheiros e Zorro A Praia Fluvial de Palheiros – Zorro, situada na freguesia de Torres do Mondego, é uma das mais importantes infraestruturas de veraneio fluvial de toda a bacia hidrográfica do Mondego. A qualidade da água e a segurança do local fazem desta praia um local ímpar na região, com alcance para além da sazonalidade estival.Com vigilância balnear, para além dos banhos, a morfologia da paisagem e a beleza do vale fluvial permitem a prática de vários desportos. Latitude: 40° 12' 9.81" N (40.202725 ) Longitude: 8° 21' 54.71" W (-8.365197 )

Figueira da Foz Praia de Buarcos É a praia mais a Norte do maior areal urbano de Portugal, conhecido por Praia da Claridade.Junto à Avenida Infante Dom Pedro erguem-se as muralhas da Fortaleza de Buarcos.O areal extenso e amplo, é delimitado a Sul pela Ribeira da Várzea. De referir ainda que nesta praia é frequente a prática de diversas actividades náuticas e também alguns eventos desportivos. Latitude: 40° 9' 2.82" N (40.150784 ) Longitude: 8° 51' 4.37" W ( -8.851213 ) Cabo Mondego A Praia do Cabo Mondego tem um areal muito extenso que durante a maré cheia fica reduzido a uma fina língua de areia. A zona de banhos encontra-se repleta de formações rochosas nas quais, durante a maré baixa, se formam poças naturais. As condições bravias do mar fazem com que seja um destino de eleição para amantes de desportos náuticos. Latitude: 40° 10' 20.04" N (40.172233 ) Longitude: 8° 53' 38.91" W (-8.894141 )



34 | Praias | Bandeira Azul

À descoberta da região

Praia Fluvial de Palheiros e Zorro

Praia da Tocha Cova Gala Praia arenosa a Sul do Rio Mondego, situada na Freguesia de S. Pedro. A esta freguesia pertencem os lugares Cova, Gala, Cabedelo e Morraceira. Praia equipada com bares, restaurantes, parque campismo próximo e colónia de férias. Latitude: 40° 7' 31.13" N (40.125314 ) Longitude: 8° 51' 49.76" W (-8.863823 ) Cova Gala - Hospital A Praia do Hospital tem uma ligação muito marcada às artes da pesca, o que ilustra o barco que orgulhosamente se encontra perto do areal. Conta com uma simpática extensão de areia, que se encontra dividida por pequenos pontões a delimitar as diferentes praias. Latitude: 40° 7' 31.17" N (40.125326 ) Longitude: 8° 51' 49.96" W (-8.863878 ) Praia da Figueira da Foz - Relógio Praia arenosa, bastante extensa, a Norte do Rio Mondego. Praia urbana equipada com campos desportivos (futebol, basquetebol e ténis), palco para a prática de ginástica, parque infantil, ciclovia e estacionamento de bicicletas, balneários, chuveiros e lava pés, ponto água potável, passadiços em madeira até à zona de lazer na praia e torres de iluminação nocturna. Latitude: 40° 8' 59.48" N ( 40.149855 ) Longitude: 8° 52' 4.63" W (-8.867953 )

Praia Fluvial de Avô Praia da Leirosa Possui um areal muito vasto banhado por forte ondulação marítima, com boas condições para a prática de surf mas também para banhos, uma vez que não existem fundões ou correntes. Situa-se a Sul do rio Mondego, na Freguesia da Marinha das Ondas. Latitude: 40° 8' 52.88" N (40.148023 ) Longitude: 8° 50' 55.65" W (-8.848793 ) Costa de Lavos A Praia da Costa de Lavos oferece não só um mar a perder de vista como também toda a natureza envolvente que lhe dá uma beleza única. Dividida por pontões, torna-se mais abrigada em dias de mar mais tempestuoso. Latitude: 40° 9' 2.82" N (40.150784 ) Longitude: 8° 51' 4.37" W (-8.851213 )

mentos desportivos, piscina, balneários, chuveiros, água potável e passadiços de madeira sobre as dunas. Latitude: 40° 8' 52.88" N (40.148023 ) Longitude: 8° 50' 55.65" W (-8.848793 ) Praia da Tamargueira Para quem quer andar aos bivalves recomenda-se a Praia da Tamargueira, que acompanha o passeio atlântico e é imperdível para os mais pequenos durante a maré baixa, altura do dia em que se formam pequenos lagos. Latitude: 40° 9' 2.82" N ( 40.150784 ) Longitude: 8° 51' 4.37" W (-8.851213 )

Góis

Praia da Murtinheira É uma das praias que se encontram ao longo da costa da povoação de Quiaios. Um extenso areal e uma riqueza dunar selvagem faz desta praia um local a visitar, para quem gosta de ter o seu espaço para estender a própria toalha. Latitude: 40° 9' 2.82" N (40.150784 ) Longitude: 8° 51' 4.37" W (-8.851213 )

Praia Fluvial das Canaveias Situada nas margens do rio Ceira, em Vila Nova do Ceira, a Praia Fluvial das Canaveias é um óptimo local de descanso, tranquilo e que permite um contacto próximo com a natureza. Possui uma extensa área relvada e tem excelentes infraestruturas de apoio, nomeadamente um bar com esplanada, um parque infantil, acesso para pessoas com deficiência e uma zona de estacionamento. Latitude: 40° 11' 4.99" N ( 40.18472 ) Longitude: 8° 9' 0.00" W ( -8.15 )

Praia de Quiaios Praia arenosa a Norte do Rio Mondego e da Serra da Boa Viagem, situada na Freguesia de Quiaios. Equipada com equipa-

Praia Fluvial da Peneda A praia fluvial da Peneda/Pêgo Escuro, localizada na vila, freguesia e concelho de Góis, encontra-se situada nas margens

do Rio Ceira, cuja pureza das suas águas proporcionam aos muitos turistas e visitantes irresistíveis e refrescantes banhos. Possui uma vasta área relvada e uma ilha de areia no meio do rio e apresenta também um imponente enquadramento paisagístico, dominado por altas e majestosas serras. Latitude: 40° 9' 15.05" N ( 40.15418 ) Longitude: 8° 6' 42.96" W ( -8.111933 )

Lousã Praia da Bogueira Perto da aldeia de Casal de Ermio no concelho da Lousã, a Praia Fluvial da Bogueira insere-se numa paisagem deslumbrante, onde é possível usufruir da natureza em total segurança e tranquilidade. Esta área de lazer junto ao Rio Ceira faz parte da rede de praias fluviais das Aldeias do Xisto e possui uma infraestrutura de equipamentos de apoio muito completa, incluindo até campo de jogos, mesas de piquenique e piscina fluvial para as crianças. Latitude: 40° 9' 13.64" N ( 40.153789 ) Longitude: 8° 14' 31.43" W (-8.242065 ) Praia da Senhora da Piedade A praia fluvial natural na ribeira de S. João encontra-se num local deslumbrante caracterizado pelas Ermidas da N. Sra. da Piedade e o Castelo da Lousã, antigo burgo da medieval. A praia e a envolvente tem inúmeros recantos propícios para descansar, merendar ou sonhar

com as lendas da Princesa Peralta. Latitude: 40° 6' 0.81" N (40.100225 ) Longitude: 8° 14' 4.23" W (-8.234508 )

Mira Praia de Mira É a única zona balnear do Mundo com Bandeira Azul desde 1987.Trata-se de um local de intenso veraneio balnear, com uma praia de extenso areal, banhada pelo Oceano Atlântico e, para o interior, com dunas, frondosos pinhais e a bela lagoa da Barrinha. Pela excelência destas paisagens, estes locais integram a zonas de protecção europeia classificadas de Rede Natura 2000 e designada por: “Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas” – Sítio de Importância Comunitária. Mira é uma vila com tradições piscatórias bem enraizadas, onde ainda se pode assistir à prática da artexávega, com seus bonitos barcos “meia-lua”. Latitude: 40° 27' 20.35" N (40.455654) Longitude: 8° 48' 11.27" W (-8.803131 ) Poço da Cruz É um local de moderado veraneio balnear e com condições óptimas para o surf. Afastada da zona urbana, esta praia de extenso areal, banhada pelo Oceano Atlântico, tem para o seu interior dunas, pinhais, campos agrícolas e a ria de Aveiro. Todas essas paisagens encontram-se protegidas e classificadas como “Sítio de



36 | Praias | Bandeira Azul

À descoberta da região

Importância Comunitária – Rede Natura 2000”. Latitude: 40° 29' 24.70" N (40.490195 ) Longitude: 8° 47' 31.08" W (-8.791967 )

Praia de Avô Esta praia é constituída por dois açudes de água na zona circundante da ilha, com um ponto de passagem de peões, uma piscina infantil alimentada com água do rio, zonas de relva, equipamento para piqueniques, balneários e zonas pedonais. Latitude: 40° 21' 34.98" N ( 40.359716 ) Longitude: 7° 51' 41.99" W (-7.861663 )

Pampilhosa da Serra Janeiro de Baixo Com um amplo areal, está inserida num rico e vasto património histórico e etnográfico. É um local idílico, com os vales serpenteados pelo Zêzere, relevante património natural das Beiras e de Portugal. Latitude: 40° 2' 45.81" N Longitude: 7° 57' 5.30" W Pessegueiro Está inserida numa envolvência aldeã, tipicamente serrana, e tem na frescura das suas águas e nas condições de apoio ao banhista as suas maiores riquezas. A sua beleza ímpar proporciona a todos os visitantes momentos únicos. Latitude: 40° 1' 50.16" N Longitude: 8° 0' 45.36" W Praia de Pampilhosa da Serra Situada na sede de concelho, a praia fluvial é um dos seus maiores postais ilustrados. As águas límpidas e cristalinas do Rio Unhais proporcionam banhos refrescantes e momentos de diversão a todos que nelas

Murtosa

Aveiro

Praia do Bico Situada em pleno percurso visitável da Natureza – NaturRia, esta é uma praia fluvial/estuarina do tipo I/II, isto é, uma praia cuja envolvente é um misto entre o núcleo urbano e rural, possuindo, assim, na sua envolvente, um conjunto de equipamentos de lazer e serviços. São muitos os veraneantes que a procuram, no período de Verão, pela tranquilidade que oferece. Latitude: 40° 43' 48.82" N (40.730228 ) Longitude: 8° 38' 59.75" W (-8.649931 )

Praia de São Jacinto O encanto singular da sua paisagem dunar faz desta praia um óptimo local de lazer e excelente espaço para férias em qualquer época do ano. Situada nos limites da Reserva Natural das Dunas de São Jacinto, área protegida onde se conservam espécies de fauna e flora únicas, esta praia possui um areal bastante extenso, em estado quase selvagem. A sua localização ímpar faz com que do lado do mar se possam praticar desportos mais radicais, como o surf e o bodyboard, e que do lado da ria, mais calmo e aprazível, sejam a vela e a pesca desportiva as actividades mais procuradas. Latitude: 40° 40' 8.12" N ( 40.668921 ) Longitude: 8° 44' 39.95" W (-8.744431 )

Oliveira do Hospital Praia Fluvial de Alvôco das Várzeas De água cristalina, é envolta por um parque de merendas com frondosas árvores que proporcionam um ambiente verdejante e pleno de frescura. A zona fluvial oferece grandes espaços verdes e de lazer, parque de merendas com um bar que serve pequenas refeições e deliciosos petiscos sobre as muitas sombras proporcionadas pelos grandes salgueiros. Latitude: 40° 21' 34.98" N ( 40.359716 ) Longitude: 7° 51' 41.99" W (-7.861663 )

Distrito de Aveiro

Praia de Mira

Ílhavo Praia do Osso da Baleia

Santa Luzia Construída entre dois enormes rochedos,é bastante aprazível para a canoagem, passeios pedestres, escalada, pesca, actividades náuticas, ou simplesmente deixar-se estar a banhos na piscina flutuante. Latitude: 40° 3' 6.15" N Longitude: 7° 30' 45.51" W

verde luxuriante, a Praia Fluvial do Vimieiro proporciona a tranquilidade e descanso necessário. Na encosta da praia é possível encontrar um conjunto de casas edificadas em xisto, assim como um moinho de água e uma roda de rio que proporcionam ao local um ambiente pitoresco e acolhedor. Latitude: 40° 9' 49.65" N ( 40.163793 ) Longitude: 8° 6' 54.62" W (-8.115172 )

Penacova

Penela

Praia do Reconquinho A Praia Fluvial do Reconquinho situa-se em pleno Rio Mondego na área em que o rio serpenteia à volta da vila de Penacova, por entre montes e vales. Envolta numa paisagem natural verdejante, a Praia do Reconquinho proporciona uma excelente vista sobre Penacova de onde se pode deslocar a pé, descendo a colina.Dispõe de parque de estacionamento, parque de campismo e apoios de praia. Latitude: 40° 16' 0.70" N ( 40.266861 ) Longitude: 8° 16' 44.62" W (-8.279061 )

Praia da Louçainha A sua localização geográfica confere-lhe uma rota turística com excelentes atracções culturais, tais como as Aldeias do Xisto, as piscinas do empreendimento do Dr. Bacalhau, Miradouros, grutas da Talismã, Villa Romana do Rabaçal, entre outras.A proximidade com os concelhos envolventes serve como estímulo de grande procura da prática de banhos, natação, desportos radicais e lazer.Devido à forte presença do espaço natural da zona, com elementos importantes como o rio e a floresta, a fauna local tem alguma diversidade de espécies. Latitude: 40° 1' 34.21" N ( 40.026169 ) Longitude: 8° 18' 37.65" W (-8.310458 )

mergulham. Latitude: 40° 2' 49.82" N Longitude: 7° 56' 56.22" W

Praia do Vimieiro A praia situa-se em pleno Rio Alva, já próximo da sua foz. De águas cristalinas e rodeada de

Praia da Barra Galardoada com a Bandeira Azul desde 1988, as suas características mais marcantes são o seu enquadramento paisagístico pelo Farol (o mais elevado em Portugal e um dos mais altos no Mundo, com 62 metros de altura e 66 metros acima do nível do Mar), o areal dourado a perder de vista, a qualidade das suas águas e a animação estival. Insere-se numa península que também inclui a Praia da Costa Nova, separada do continente pelo Canal de Mira, da Ria de Aveiro. Latitude: 40° 38' 9.75" N (40.636042 ) Longitude: 8° 44' 54.89" W (-8.74858 ) Praia da Costa Nova Constitui, sem dúvida, uma das mais marcantes imagens das praias portuguesas, com os seus coloridos “Palheiros”, residências balneares pintadas com riscas coloridas e contrastantes que, inicialmente, mais não eram do que armazéns para guardar as alfaias da actividade piscatória. A Costa Nova encanta pelo seu charme que nos recorda a segunda metade do século XIX mas também pelas espectaculares paisagens da Ria e dos pores do sol oceânicos. Latitude: 40° 37' 3.76" N ( 40.61771 ) Longitude: 8° 45' 10.01" W ( -8.75278 )

Praia de Monte Branco Foi, durante décadas, um dos locais de veraneio mais procurados, devido às suas características naturais de praia estuarina,abrigada dos ventos que normalmente fustigam a orla costeira, assumindo-se,por isso, como uma excelente alternativa à praia de mar. Latitude: 40° 44' 13.39" N (40.737052 ) Longitude: 8° 38' 18.93" W (-8.638591 ) Praia da Torreira Com acesso a Norte, por Ovar, e pelo Nascente, por Estarreja, e a cerca de 20 Km da A1 e da A29, a Praia da Torreira apresenta-se como uma praia marítima urbana, com areia fina e limpa, acessos fáceis e devidamente equipada. A vila está servida de bons restaurantes com especialidades de mariscos e peixes, especialmente a caldeirada de enguias. Latitude: 40° 45' 41.03" N ( 40.761396 ) Longitude: 8° 42' 47.34" W ( -8.71315 )

Ovar Praia de Cortegaça A Praia de Cortegaça é uma praia urbana envolvida por espaços naturais próximos complementares, de grande atracção, como a Barrinha de Esmoriz, a Floresta de Pinheiro Bravo integrada no Regime Florestal das Dunas de Ovar e o Parque Ambiental do Buçaquinho. A Praia de Cortegaça tem cada vez mais a presença constante de surfistas e praticantes de bodyboard, dadas as condições favoráveis à prática destas modalidades. Latitude:40° 56' 30.01" N (40.94167 ) Longitude: 8° 39' 32.91" W (-8.659142 )



38 | Praias | Bandeira Azul

À descoberta da região

agrícolas próximas às margens dos canais da ria de Aveiro.A Norte da praia ainda se verifica a pesca artesanal, “Arte Xávega”, sendo este um ponto de atracção turística. Latitude: 40° 33' 47.46" N (40.563184) Longitude: 8° 46' 10.19" W (-8.769497)

Distrito de Leiria

Leiria

Praia Fluvial de Piódão Praia de Esmoriz A Praia de Esmoriz é uma praia tipicamente urbana da cidade de Esmoriz. É a praia mais próxima das cidades de Espinho e Santa Maria da Feira, sendo um pólo de atracção da região, em particular da população de concelhos vizinhos a Norte. É uma praia de areias finas e extenso areal na continuidade da marginal urbana, com águas frias e mar agitado. A Barrinha de Esmoriz constitui-se como referência do Património Natural do concelho, complementado com a Floresta de Pinheiro Bravo integrada no Regime Florestal das Dunas de Ovar e o Parque Ambiental do Buçaquinho. Latitude: 40° 57' 29.20" N (40.95811 ) Longitude: 8° 39' 17.14" W (-8.65476 ) Praia do Furadouro A Praia do Furadouro é uma praia urbana da cidade de Ovar, encontrando-se a 4 km do centro da cidade. O aglomerado urbano adjacente é servido dos serviços básicos de saúde, com dinamismo comercial crescente e com uma população durante a época balnear na ordem dos 20 mil habitantes. A praia é envolvida por espaços naturais próximos complementares, de grande atracção, como a Ria de Aveiro e a Floresta de Pinheiro Bravo integrada no Regime Florestal das Dunas de Ovar. É uma praia de areias finas na continuidade da marginal urbana, com águas frias e mar agitado, onde a pesca desportiva e a Arte

Xávega com a sua técnica ancestral são o factor de grande atracção. Latitude: 40° 52' 25.14" N (40.87365 ) Longitude: 8° 40' 39.49" W (-8.677635 )

esta praia. Latitude: 40° 49' 43.70" N (40.828806 ) Longitude: 8° 41' 24.94" W (-8.690261 )

Praia de São Pedro de Maceda A Praia de São Pedro de Maceda é uma praia tipicamente seminatural, despertando o interesse dos surfistas para uma área costeira tranquila. Nas extremidades desta praia é possível a observação de escarpas de erosão de grande altitude, provocadas pela forte erosão costeira que se faz sentir nesta zona, durante o Inverno. Com um extenso areal, situa-se junto ao parque florestal. A sua combinação com o mar torna-se numa óptima opção para quem gosta de floresta e praia. O acesso é feito pela Avenida da Nato que atravessa a mata de pinhal do Perímetro Florestal das Dunas de Ovar. Latitude: 40° 55' 44.33" N (40.92898 ) Longitude: 8° 39' 40.45" W (-8.661236 )

Praia “Quinta do Barco” A Praia Fluvial “Quinta do Barco” é uma zona de grande beleza paisagística, inserida num cenário natural verdejante, num vale aberto e cheio de luz. Oferece aos banhistas todas as condições necessárias para usufruírem deste espaço de uma forma confortável, segura, divertida e saudável. O espelho de água é proporcionado pelo açude da Grela, e este marca o início do sítio da Rede Natura do Rio Vouga que se estende por mais de 2.769 hectares até Segadães (já no município de Águeda). Este Sítio de Importância Comunitária visa a protecção dos peixes migradores, nomeadamente do sável, da savelha, da lampreia-marinha e da enguia. A este leque de espécies protegidas, junta-se a lampreia-de-rio, o ruivaco, o bordalo, a boga e o barbo. Além destas espécies também é fácil avistar um elenco de fauna, desde os invertebrados (libélula esmeralda; macrómia, borboleta apatura-pequena, etc), as aves (guarda-rios, garças, milhafre, etc) e os mamíferos (lontra, etc). Latitude: 40° 42' 26.50" N ( 40.707361 ) Longitude: 8° 21' 42.21" W (-8.361725 )

Praia do Torrão do Lameiro A Praia do Torrão do Lameiro é uma praia natural caracterizada pelo seu extenso areal de areias finas e mar agitado, onde está presente a Arte Xávega com a sua técnica ancestral. A praia apresenta um extenso areal de cerca de 3 quilómetros. A zona envolvente de mata de pinhal e o sistema dunar repleto de vegetação trazem no ar um perfume de natureza intocada a

Sever do Vouga

Vagos Praia do Areão A zona envolvente encontra-se ainda num estado natural, com o sistema dunar com a estrutura e vegetação natural desse ecossistema. A praia do Areão assume-se como uma praia mais reservada e menos concorrida, sendo óptima para quem aprecia a calma de uma praia mais natural. O seu areal extenso é ideal para as brincadeiras dos mais novos, bem como a prática de desportos, com o à vontade que essas práticas exigem. Ambas as praias de Vagos dispõem de rampas de acessos, passadiços, estacionamento reservado e instalações sanitárias de apoio a pessoas com mobilidade reduzida, e que merecem a atribuição do galardão “Bandeira Acessível”. Latitude: 40° 31' 14.81" N (40.520781 ) Longitude: 8° 46' 52.51" W (-8.781252) Praia da Vagueira Nesta zona, a orla costeira é constituída por um cordão dunar que delimita a zona húmida da ria de Aveiro. Quer a Norte, quer a Sul do centro urbano da Praia da Vagueira, encontram-se as dunas frontais e posteriores a estas surge a vegetação herbácea característica, desenvolvendo-se para o interior o pinhal. O pinhal encontra-se fragmentado nalgumas áreas

Praia do Pedrógão Sul Esta praia adquiriu o seu nome devido à formação rochosa com cerca de 370 metros de comprimento que a separa da praia vizinha a Norte. O areal é muito extenso com cerca de 1,2 Km. Na zona Norte, existe um parque de merendas com infraestruturas de entretenimento para crianças. A Mata Nacional do Pedrogão e o longo cordão dunar na sua frente de mar são elementos paisagísticos de extrema beleza. Latitude: 40° 37' 3.76" N ( 40.61771 ) Longitude: 8° 45' 10.01" W (-8.75278) Pedrógão Centro A Praia do Pedrógão é conhecida pelo seu mar de iodo, de espuma fresca e salgada, que banha um extenso areal dourado, entre as dunas e os pinhais.De outros tempos, mantém-se a tradição da Arte Xávega, com os barcos de proa afilada e cores vivas, que avançam pelas ondas à força de remos, para lançar as redes e fazer a faina da pesca.Esta praia, que possui a bandeira “Praia Acessível”, revela excelentes condições para a prática do surf, considerando que se trata de uma praia aberta, facilmente exposta aos diferentes tipos de ondulação. Latitude: 39° 55' 13.59" N ( 39.920442 ) Longitude: 8° 57' 11.11" W (-8.953086)

Pombal Praia do Osso da Baleia Está situada em plena Mata Nacional do Urso, na freguesia de Carriço, no concelho de Pombal. O nome desta praia tem origem no início do século XX devido ao aparecimento de um esqueleto de Baleia que, segundo testemunhos orais, terá dado à costa naquele areal. Esta praia é um local perfeito para quem gosta de grandes caminhadas, pesca desportiva, bodyboard, surf,


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À descoberta da região

prática de voleibol de praia, bem como para quem aprecie a beleza natural de uma praia (dunas, flora e fauna). Recebeu o galardão “Praias Douradas”, em 1998, pelos valores singulares do ponto de vista geológico, florístico, faunístico, paisagístico ou patrimonial.Foram efectuadas obras de requalificação ambiental, nomeadamente a implantação de apoios de praia e construção de passadiços, em madeira, utilizados como acesso pedonal à praia, de forma a preservar as dunas e a vegetação existente. . Latitude: 40° 0' 9.90" N ( 40.00275 ) Longitude: 8° 54' 45.18" W (-8.91255)

Alcobaça Paredes de Vitória Com um vasto areal, é abraçada por duas encostas com boas condições para a prática de parapente. A Norte, é limitada por uma enorme formação rochosa que, moldada pelo vento e o mar,se assemelha a um leão. Latitude: 39° 42' 4.48" N Longitude: 9° 3' 0.88" W

S. Martinho do Porto Estende-se ao longo de uma baía deslumbrante banhada pelo azul do mar. Pelas suas características, é ideal para as crianças e desporto náuticos. Na Avenida Marginal, os restaurantes convidam a degustar os sabores do mar. Latitude: 39° 30' 28.43" N Longitude: 9° 7' 59.37" W

Nazaré Nazaré A Nazaré é uma encantadora e animada vila balnear, sendo considerada a mais típica praia portuguesa. No seu imenso areal há ainda uma forte presença das gentes do mar, com os veraneantes a terem possibilidade de observar as suas tradições. Para apreciar toda a extensão desta beleza natural, vale a pena subir ao Sítio da Nazaré, pelo ascensor, a funcionar há mais de um século. Latitude: 39° 35' 56.48" N Longitude: 9° 4' 12.11" W Salgado Devido às suas condições naturais, é um destino muito procu-

rado não só por veraneantes mas também por praticantes de desportos de aventura, como asa delta ou parapente. Latitude: 39° 32' 53.09" N Longitude: 9° 6' 42.91" W

agitado. Com uma grade extensão de areia, é uma das muitas praias da costa de Peniche com uma beleza natural muito particular. Latitude: 39° 22' 25.15" N Longitude: 9° 20' 19.73" W

Caldas da Rainha Foz do Arelho-Lagoa Apresenta um magnífico areal situado na confluência da Lagoa com o mar. Além de proporcionar agradáveis banhos de mar, pode-se desfrutar de uma bonita paisagem. Latitude: 39° 25' 42.78" N Longitude: 9° 13' 24.60" W Praia do Mar O areal da Praia do Mar é amplo e muito extenso, mesclando-se com as água do mar e da Lagoa de Óbidos em diversas zonas, consoante a abertura da barra. Latitude: 39° 25' 52.65" N Longitude: 9° 13' 33.26" W

Peniche Baleal Norte É sobejamente conhecida entre surfistas, sendo uma das suas principais características o mar

Baleal Sul Com um mar relativamente calmo, permite ir a banhos tranquilamente, usufruindo de uma beleza natural e de um areal muito extenso que cativa até os veraneantes mais exigentes. Latitude: 39° 22' 14.42" N Longitude: 9° 20' 19.00" W

numa extensão de areia branca de onde se pode observar Peniche. É uma praia muito frequentada por famílias e habitantes locais, com condições propícias à pesca. Latitude: 39° 21' 37.74" N Longitude: 9° 21' 50.55" W Gambôa Situada a Norte de Peniche, a sua grande extensão de areia só termina na praia do Baleal. É vigiada e tem todos os apoios necessários. Junto à praia existem muitos restaurantes típicos. Latitude: 39° 21' 51.02" N Longitude: 9° 22' 21.91" W

Consolação É dotada de excelentes condições terapêuticas: o iodo, aliado a outras condições naturais, e a exposição ao sol, proporciona o bem-estar de numerosas pessoas que procuram alívio e cura para as dores reumáticas e ósseas. Latitude: 39° 19' 27.61" N Longitude: 9° 21' 30.83" W

Medão-Supertubos A Praia de Medão, mais conhecida por Supertubos, é paragem obrigatória para os praticantes de surf e bodyboard. O extenso areal, envolvido pelas dunas, permite contemplar a natureza e o mar imponente. Latitude: 39° 20' 44.39" N Longitude: 9° 21' 48.78" W

Cova da Alfarroba A área dunar protegida por cercas de madeira, debruça-se

S. Bernardino Com uma extensão de areia não muito grande, esta praia tem


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À descoberta da região

Loriga Com águas puras e cristalinas que brotam de uma nascente na serra, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, a praia está rodeada por um ambiente preservado, numa área de relevo acidentado e grande beleza natural. Latitude: 40° 19' 38.11" N Longitude: 7° 40' 42.48" W

um ar acolhedor que se deve ao facto de estar abrigada entre as arribas que a rodeiam. Permite a combinação da beleza do mar com a vegetação natural envolvente. Latitude: 39° 21' 23.35" N Longitude: 9° 22' 53.30" W

Distrito de Lisboa

Lourinhã Distrito de Santarém Areia Branca Possui todas as condições necessárias para longos momentos de lazer. Com um leque variado de opções, como mini-golfe e aulas de surf e bodyboard, é o local ideal para quem procura animação e divertimento. Latitude: 39° 16' 5.50" N Longitude: 9° 20' 4.73" W Areia Sul Palco de eventos nacionais de surf, esta praia possui as condições ideais para a prática da modalidade. Possui um extenso areal que permite usufruir de uma enorme tranquilidade, mesmo em plena época alta. Latitude: 39° 15' 32.79" N Longitude: 9° 20' 13.22" W Porto Dinheiro Esta bela e extensa praia situada junto ao pequeno aglomerado populacional de pescadores. A partida de pequenas embarcações que saem diariamente para a faina é um momento a não perder. Latitude: 39° 12' 49.76" N Longitude: 9° 20' 39.78" W

Torres Vedras Azul O extenso areal e as suas dunas caracterizam esta praia, ideal para praticantes de surf e de bodyboard no Inverno, tendo águas mais calmas no Verão. Está localizada entre falésias e o rio Sizandro. Latitude: 39°06'46.4"N Longitude: 9°23'37.1"W Centro É uma praia marítima, urbana, sem rochas e com um mar sem fortes correntes, com cerca de 300 metros de extensão de areias brancas. De fácil acesso, localiza-se no centro de Santa Cruz, no início da Avenida do Atlântico. Latitude: 39°08'04.6"N Longitude: 9°23'02.0"W Física É uma das praias mais cosmopolitas, apresentando um areal

Ourém

Praia Fluvial do Reconquinho extenso e, uma ampla zona de mar sem rochas. Praia não muito convidativa para "ir a banhos" mas uma das mais concorridas na prática de actividades radicais. Latitude: 39°08'24.8"N Longitude: 9°22'44.3"W Formosa É uma praia marítima, urbana, com rochas junto à Rampa dos Crocodilos, com um mar sem fortes correntes, com uma extensão de mais de uma centena de metros de areias finas e brancas. Latitude: 39°07'54.4"N Longitude: 9°23'08.1"W

Pisão Esta praia combina o verde da vegetação envolvente com o azul do mar. É procurada pelas suas ondas, sendo os surfistas uma presença permanente durante todo o ano. Latitude: 39°08'25.3"N Longitude: 9°22'43.5"W Porto Novo Esta praia, onde desagua o Rio Alcabrichel,encontra-se no limiar de um vale paradisíaco, entre escarpas de vegetação luxuriante, onde se encontram grutas com vestígios pré-históricos. Latitude: 39°10'44.7"N Longitude: 9°21'34.2"W

Foz do Sizandro-Mar Combina a beleza das águas batidas do oceano, com a beleza da paisagem natural da vegetação envolvente. Com um extenso areal, tem a particularidade de se tornar quase numa ilha, fruto da água que envolve a praia. Latitude:39°06'15.4"N Longitude: 9°23'59.9"W

Santa Helena Praia urbana com areal de média dimensão, encostada à vila de Santa Cruz, de morfologia arenosa. A Praia de Santa Helena integra a grande Praia de Santa Cruz. Latitude: 39°08'15.1"N Longitude: 9°22'51.7"W

Mirante Praia de areal extenso, que deve o seu nome ao miradouro que se situa na falésia atrás dela. É muito procurada por praticantes de surf e de bodyboard. Latitude:39°08'38.5"N Longitude: 9°22'32.3"W

Santa Rita Norte Praia de extenso areal, com boas infra-estruturas de apoio. De mar revolto e com correntes, é aconselhada a surfistas e bodyboarders experientes. É frequente ver-se praticantes de parapente. Latitude: 39° 10' 22.58" Longitude: 9° 21' 29.38" W

Navio O nome da praia deve-se ao facto de, em 1929, um navio norueguês ter encalhado aqui. A debruçar-se nesta praia, está uma extensa área de rocha que confere às praias de toda esta costa uma beleza única. Latitude: 39°08'52.2"N Longitude: 9°22'22.4"W

Santa Rita Sul Com um areal de cerca de 1,2 Km, uma saliência da arriba interrompe o areal e delimita a praia. Com um mar agitado, é muitas vezes procurada por amantes de desportos náuticos. Latitude: 39° 9' 58.93" N Longitude: 9° 21' 44.46" W

Distrito da Guarda

Guarda Valhelhas Em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, esta praia aproveita o curso do Rio Zêzere, numa área de grande beleza paisagística. Oferece óptimas condições para momentos de lazer e descontracção na frescura das águas do rio. Latitude: 40° 32' 9.32" N Longitude: 7° 16' 1.39" W

Seia Praia Fluvial de Lapa dos Dinheiros Localizada na Ponte da Caniça, está enquadrada numa paisagem de montanha dominada pelo souto da Lapa e imponentes afloramentos graníticos. A ribeira da Caniça, um afluente do rio Alva, é aí represada para criar um espelho de água que permite os banhos. O relevo acidentado do vale faz com que a ribeira forme uma sucessão de pequenas cascatas que, associadas à inacessibilidade das encostas, permitem o desenvolvimento de uma vegetação ribeirinha densa e diversificada. Partindo da ponte, um caminho pedonal dá acesso ao buraco da Moura e a um miradouro sobre as quedas de água da Caniça. O buraco da Moura constitui um sistema cavernícola natural originado pelo deslizamento e acumulação de grandes blocos graníticos, que formaram um complexo sistema de salas e galerias. Latitude: 40° 23' 7.18" N ( 40.385328) Longitude: 7° 41' 49.19" W (-7.696998)

Agroal Situado na freguesia de Formigais, é um espaço privilegiado no troço médio do Rio Nabão, marcado pela paisagem natural e pela nascente que corre com abundância durante todo o ano, permitindo ao rio manter um caudal razoável até à sua foz, no Rio Zêzere. Latitude: 39° 38' 34.95" N Longitude: 8° 35' 28.77" W

Mação Carvoeiro Rodeada por pinheiros altos e verdes, longe de qualquer fonte de poluição, tem um extenso espelho de água, bons acessos, piscina para crianças, iluminação nocturna, parque de merendas e uma cadeira anfíbia. Latitude: 39° 37' 49.00" N Longitude: 7° 55' 23.00" W

Abrantes Aldeia do Mato Situada na albufeira da Barragem de Castelo de Bode, a praia fluvial esta rodeada por uma natureza exuberante, onde predomina o verde e o aroma do pinhal. Latitude: 39° 32' 42.36" N Longitude: 8° 16' 38.89" W Fontes Localizada perto da aldeia de Cabeça Ruiva, é muito procurada para a prática de actividades náuticas e de recreio. Latitude: 39° 36' 18.77" N Longitude: 8° 15' 49.07" W

Dist. de Castelo Branco

Vila de Rei Bostelim Situada perto da ponte sobre a ribeira do Bostelim, desenvolve-se numa zona florestal montanhosa, próxima da povoação de Cabeça do Poço, nas margens da Ribeira da Isna. Latitude: 39° 43' 24.89" N Longitude: 8° 6' 28.65" W ←



42 | Aldeias do Xisto

À descoberta da região

DE XISTO E DE HISTÓRIAS ÚNICAS, AS ALDEIAS QUE NOS FICAM NA MEMÓRIA

Vil Cova Cova Vila o Alva Alv do eia ia Aldeia das Dez Benfeita

Candal Cerdeira Cerdeira Novo Casal Novo

Comarei areira Comareira Aigra Nova Aigra No va Pena Pena

Fajão Janeiro de Cima

Aigra Velha Aigra V e elha lha ha Gon amaz Gondr Gondramaz

Sobral Sobral de São Miguel

B Barroca

Chiquei ei eiro Chiqueiro Ta T alas ala a as a asnal Talasnal Janeiro Jane eiro de Baixo Baix aix ix xo xo

Ferrarria r ri Ferraria o JJoão de São

MAPA DAS ALDEIAS DO XISTO

Casal a de São São Simão Sã Si S

Mosteiro M Moste te eiro

Álvaro Martim Br anco Branco Pedrógão e Pedrógão Pequeno Pequeno Sarzedas

Figueira Figueira

Água Formosa Formosa

Há aldeias de apenas uma rua e há aldeias que são um emaranhado de ruelas, aldeias cravadas na montanha, perdidas no silêncio das serras, outras rodeadas de árvores, algumas com ribeiras que lhes correm aos pés e convidam a passeios ou mergulhos refrescantes. Todas nos contam histórias de outros tempos e enaltecem memórias ancestrais. Ao mesmo tempo que nos proporcionam experiências inesquecíveis. São 27 as Aldeias do Xisto distribuídas pela Região das Beiras, território de enorme beleza e grande diversidade. Se outro não houvesse, o roteiro que as percorre seria por si uma excelente forma de conhecer as nossas paisagens, tradições e gastronomia. E dificilmente as esquecerá.

Talasnal, a mais emblemática Quem visita traz mais um amigo na volta. O Talasnal, no concelho da Lousã, é a aldeia do xisto mais emblemática e uma das mais visitadas de toda a rede. Os seus dois últimos habitantes naturais, Ti Manel e Ti Lena, saíram do Talasnal em 2009 e já faleceram, mas vieram novos guardiões de fora, fiéis às tradições que os homenageiam. No bar “O Curral” há uma exposição que evoca os dois ilustres e histórias contadas à mesa com petiscos e bom vinho. O restaurante típico Ti Lena serve o cabrito assado com batata e castanha, na chanfana e no bacalhau com batata a murro. No “Retalhinho”, que até criou o seu próprio doce de amêndoa e casta-

nha, também há boa comida e, de volta ao largo da entrada, na “Taberna” o bacalhau com broa lembra o Ti Manel. A Casa da Eira, gerida pela associação Activar, é cafetaria, loja de produtos locais (licores, compotas, chá e infusões, mel, artesanato), espaço de acolhimento e informação turística de uma aldeia com 15 alojamentos locais. Os percursos marcados e bem sinalizados desafiam os visitantes a embrenharem-se no verde da serra. Até ao Castelo ou a Vaqueirinho (2,5km), até Casal Novo (2km) ou a Chiqueiro (1,5km). E a Activar ainda organiza as caminhadas “Talasnal ao Luar”.

Gondramaz, das ruínas se fez museu Longe vão os tempos em que Gondramaz, no concelho de

Miranda do Corvo, era um lugar semi-abandonado, encravado na Serra de Lousã. Com o asfalto, e apesar das curvas, chegaram mais pessoas e com elas investimento, apoiado em fundos europeus. Das ruínas se fez um “museu” vivo hoje visitado por turistas de toda a parte. As casas – a maioria segundas habitações e alguns alojamentos locais -, os becos e as ruelas são feitos de xisto e partem de uma rua principal que vai descendo e termina onde o declive já não permitiu mais construção. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição abre pelas festas, em Agosto. Há um lavadouro popular e parque de merendas, trilhos pedestres a começar ou acabar na aldeia. A aldeia está adaptada a pessoas portadoras de incapacidade. O Pátio do Xisto é casa de campo com alojamento e res-

taurante. O Mountain Whisper é uma unidade de turismo rural e de aventura com cinco casinhas, totalmente equipadas. Na loja de Manuel e Celeste todo o “bezitante” é bemvindo, para provar e comprar mel e licores caseiros, bonecos de pedra, saquinhos em pano e outras recordações.

Ferraria de S. João, com grande pedalada Do encantador sobreiral centenário, ex-libris poderoso da aldeia de xisto quartzítico, ao conjunto de currais antigos de pedra, disposto ao longo de um caminho de terra - e onde alguns moradores ainda guardam as suas cabras -, ao moderno Centro de BTT, ao FunTrail para os mais pequenos, aos Caminho de Xisto e aos inúmeros percursos pedestres, são mui-

tas as razões para conhecer Ferraria de S. João, no concelho de Penela. Ferraria é visitada por inúmeros ciclistas ao longo do ano. O Centro de BTT dispõe de estação de serviço para bicicletas com lavagem, ar e mini-oficina self-service disponíveis 24 horas por dia, bem como casas de banho e duches quentes disponíveis das 8h00 às 20h00. Ali começam e terminam diferentes percursos. A aldeia que atrai ainda praticantes de caminhadas, apreciadores de paisagens e fãs das aldeias do xisto, dispõe de espaços de alojamento turístico como a Casa do Zé Sapateiro e o Vale do Ninho Nature House. Destaque para a capela de São João, para a Alminha na rua que desce ao centro da povoação e para a uma eira em lajes de calcário.


Aldeias do Xisto | 43

À descoberta da região

Aigra Nova, agreste mas pura Aigra Nova, no concelho de Góis, está integrada numa estrada panorâmica que faz ligação ao Trevim, o ponto mais alto da Serra da Lousã (1.204 metros de altitude), a Santo António da Neve e a outras aldeias situadas na vertente oposta da Serra da Lousã. O clima é agreste, principalmente nos picos do Verão ou do Inverno, mas o ar puro e a tranquilidade que se ali respiram são impagáveis. Tem em seu redor uma outra Aigra, a Velha, bem como as aldeias da Pena e da Comareira. Todas de xisto, todas de Góis. Na Nova está localizada a Lousitânea - Liga dos Amigos da Serra da Lousã, que “toma conta” daquele território, levando a cabo a árdua tarefa de não deixar que as aldeias do xisto morram, mantendo os seus habitantes (um punhado apenas) e atraindo novos. A associação desenvolve o projecto de educação ambiental “Maternidade de árvores”, de onde saem espécies autóctones para

Comareira, Aigra Nova e Pena, o caminho de xisto das quatro aldeias. Da aldeia avista-se a Serra da Estrela e em frente, a Este, elevam-se os colossais Penedos de Góis, ex-libris local. A Casa Banda de Além é o espaço de turismo rural da aldeia.

Comareira, num pequeno socalco de terra

Talasnal reflorestar a serra ou para venda, e dinamiza o eco-museu, onde se pode saber mais da história destas aldeias. Além do bar da Lousitânea, existem alojamentos locais.

Aigra Velha, a mais alta de todas É uma aldeia de topo, porque é

a mais alta de todas as aldeias de xisto. Mas na Aigra Velha tudo é simples, das construções, aos hábitos de vida dos seus poucos moradores, dando ainda mais protagonismo à natureza no seu estado puro e à bela paisagem envolvente. As casas distribuem-se por uma rua principal, que em tempos se fechava para

proteger os habitantes das intempéries, dos intrusos e até de animais selvagens que vinham à procura dos rebanhos. O alambique e o forno da família Claro integram um núcleo do Ecomuseu Tradições do Xisto, que abre para grupos mediante marcação. Um percurso pedonal de cerca de nove quilómetros liga Aigra Velha,

O nome Comareira derivará de cômoro, com significado de pequeno socalco de terra, idêntico aos que envolvem a aldeia. «Se queremos olhar, serenamente, o mundo de um ângulo diferente, basta sentarmo-nos no banco à entrada da aldeia», desafia o “cartaz turístico”. Na mais pequena aldeia de toda a rede, as poucas construções existentes, predominantemente de xisto e quartzito, encavalitadas umas nas outras, eram para habitação e para acolher o gado doméstico. A Casa de Campo da Comareira, gerida pela Lousitânea, é resposta de alojamento da aldeia e factor de atracção de visitantes, mas também fazem por ali


44 | Aldeias do Xisto passar os entusiastas das caminhadas. É ainda um ponto estratégico para os visitantes das Aldeias do Xisto que se interessem pelas praias fluviais desta região ou pelo Parque Florestal da Oitava.

Pena, enamorada dos Penedos “Enamorada dos Penedos” é como se referem à pequena aldeia feita de xisto e de quartzito, cravada na rocha da Serra da Lousã, a equilibrar-se sobre o vale escavado pela Ribeira de Pena. Com os Penedos de Góis a “reinar” e entre o verde da vegetação, a aldeia da Pena é a mais populosa das quatro aldeias de xisto do concelho. As casas estão bem conservadas e os quintais cultivados. A Natureza foi generosa e os moradores sabem cuidá-la como devem. Pena tem uma única rua e várias quelhas entre as casas. A levada de água que envolve todo o aglomerado e alimenta os vários “quintais”, o alambique (particular), o fontanário, no centro da aldeia e sempre bem adornado pelos moradores, a alminha ou o moinho de água – Moinho de Rodízio do Poço da Lontra - merecem destaque num passeio demorado pela aldeia. Pode aproveitar para se refrescar e descansar sobre as pedras da margem da ribeira, mas, num raio de 20 quilómetros, existem diversas quedas de água, piscinas naturais e praias fluviais. Percursos marcados levam-nos mais perto dos Penedos de Góis e há inúmeras outras propostas para aventureiros dos desportos de natureza.

Casal de S. Simão, aldeia de amigos Casas reconstruídas a preceito e adornadas com varandas, cancelas de madeira, portões castanhos a combinar com o xisto, pátios asseados, vasos de barro e pipas que viraram floreiras. Casal de S. Simão, no concelho de Figueiró dos Vinhos, foi renascendo à medida que conseguiu atrair novos habitantes e é hoje um “cantinho” que junta os amigos, cada um na sua casa, mas todos na casa uns dos outros. Todos os visitantes podem apreciar este espírito e são bem acolhidos. No restaurante “Varanda do Casal” provam-se os saberes e sabores da aldeia, do pão caseiro ao borrego dos casamen-

tos, tiborna de bacalhau, à chanfana e ao cabrito. No mesmo edifício funciona a Loja do Xisto, com produtos genuínos e de qualidade seleccionada para levar no regresso a casa. Entre duas imponentes fragas, onde é praticada escalada, rappel ou slide, está a praia fluvial Fragas de São Simão, local de grande beleza natural e ideal para refrescar os dias de Verão. À ribeira de Alge, que corre em direcção ao Zêzere, junta-se este ano um novo atractivo: o recém-inaugurado Passadiço das Fragas de S. Simão, de onde pode desfrutar de todo o conjunto paisagístico.

À descoberta da região

Benfeita

nossos dias, e uma vista de cortar a respiração, o convite é para uma pausa na agitação dos dias, em comunhão com a natureza. Cerdeira é mágica para quem a visita, mas também para quem escolhe ali morar, porque, como todas as 27 aldeias da rede, Cerdeira só faz sentido se for insuflada de vida. Para receber os visitantes, a aldeia dispõe de nove habitações de turismo rural. Como infraestruturas de apoio possui o Café da Videira (local onde é servido o pequeno-almoço), a Casa das Artes (espaço para eventos), a Casa das Broas (forno a lenha para cozer pão), Biblioteca, Galeria de Arte, Capela e uma represa natural no ribeiro, perfeita para refrescar nas tardes de verão. A aldeia do concelho da Lousã é local de criação e inspiração para muitos artistas que, em certas alturas do ano, ali se instalam em residências artísticas, e promove diversos workshops e experiências criativas.

Cerdeira

Chiqueiro, uma ode à simplicidade

Candal, um refúgio aqui tão perto A bacia hidrográfica da Ribeira de S. João encaixa, entre outros, este anfiteatro onde se alojou o Candal e a sua ribeira. A aldeia de xisto está aninhada numa colina da Serra da Lousã voltada a Sul. Estrategicamente colocada junto à Estrada Nacional, que liga Lousã a Castanheira de Pera, está habituada a receber visitantes. São recompensados por subir as suas ruas inclinadas pois, chegados ao miradouro, uma belíssima vista sobre o vale se apresenta, refrescada pela Ribeira do Candal. E quando voltam a descer, a Loja do Xisto e o restaurante “Sabores da Aldeia” aguardam-nos. Considerada uma das aldeias serranas mais desenvolvidas, Candal é uma povoação com as casas de xisto dispostas em anfiteatro, numa curva. Não moram ali mais de 10 pessoas durante o ano, mas todos os fins-de-semana são muitos os que por lá passeiam. O Chafariz do Candal/ Tem duas pedras de assento/ Uma é para namorar/ Outra para passar o tempo. A quadra inscrita no chafariz revela, desde logo, a tranquilidade que se vive na aldeia. Não perder os cinco moinhos, um lagar de azeite, o lavadouro público com telheiro e uma “Alminha”. Para pernoitar, há alojamentos rurais como a Casa das Bugalhas.

Janeiro de Cima

Cerdeira, onde o tempo não voa De aldeia sem vida e condenada ao abandono, a Cerdeira transformou-se numa das mais belas e cuidadas da rede de Aldeias do Xisto. Com as casas recuperadas à imagem das originais, mas com o conforto dos

Figueira

É a mais pequena aldeia de xisto, entre as cinco que pertencem ao concelho da Lousã, e deve o seu nome à actividade pastorícia que os dois únicos habitantes ainda mantêm. Humilde como na origem, praticamente inalterada, permite-nos viajar no tempo. “Isto é Lousã” é, mais do que um slogan, uma imagem (ou várias) de marca na Serra da Lousã. E, a caminho da aldeia de Chiqueiro, logo a seguir a um pequeno parque de merendas, encontramos a palavra Lousã escrita a madeira. Num local que, com céu limpo, nos permite observar todo o vale, com a vila lá em baixo, são muitos os que param para a fotografia da praxe. Caminhar ou correr pelos trilhos, usufruir da Natureza no seu estado mais puro é o que de melhor podemos fazer num dia de visita à aldeia do Chiqueiro. Dali a Casal Novo são 1,1 km e ao Talasnal 1,5 km, as três aldeias fazem parte do mesmo núcleo, que em tempos partilhou recursos. Há ainda trilhos que ligam a Candal ou a Cerdeira e também é possível descer à vila da Lousã, sempre a pé. Além das caminhadas e do trail, a Serra da Lousã é muito procurada pelos praticantes de BTT e Downhill.



46 | Aldeias do Xisto Casal Novo, com vista para o castelo Só descendo se percebe que as casas estão ali mesmo. Sem acesso automóvel, apenas a pé, escada abaixo, descobrindo os cantos e recantos da aldeia do xisto que se apresenta como «diferente» de todas as outras, porque ali reina sempre o sossego. Casal Novo desenvolve-se na dobra da encosta, em declive acentuado, orientando-se a Norte, e a envolvente arbórea da aldeia não permite perceber o seu perfil. A malha urbana corresponde, quase exclusivamente, ao eixo criado pelo caminho que atravessa a aldeia no sentido ascendente-descendente, e que a liga ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade. Da eira da aldeia pode observar-se a Lousã e o seu castelo. Praticamente sem habitantes permanentes, a aldeia dispõe de alojamentos turísticos, abrindo as portas a todos os que a queiram visitar. A Casa dos Amigos e a Casinha do Conde são disso exemplo.

Benfeita, a aldeia da Torre da Paz É uma das duas aldeias que o concelho de Arganil tem na Rede de Aldeias do Xisto. O Casario Branco é uma das suas

À descoberta da região

imagens de marca, mas é a tranquilidade que a eleva a maravilha das gentes da terra. Benfeita está aninhada na vibrante paisagem protegida da Serra do Açor e a sua torre sineira, Torre da Paz, celebra o fim da II Guerra Mundial com 1620 badaladas todos os dias 7 de Maio. Fica próxima da Fraga da Pena e a Mata da Margaraça, que é uma das mais importantes florestas caducifólias do país. Ao contrário de outras aldeias, aqui mora cerca de uma centena de pessoas, um número que chega a multiplicarse por seis nas férias do Verão. Percorra as ruas e sinta a frescura no encontro de duas ribeiras, a do Carcavão e a da Mata. No recuperado moinho do Figueiral e alambique ainda é possível ver como antigamente se aproveitava a força da água. Do outro lado da rua descubra a Igreja Paroquial e o atelier da Feltrosofia, onde se fazem artesanalmente peças de feltro de design inovador. Não se esqueça de visitar também o Centro Documental, na Casa Simões Dias.

graça ao nosso olhar”. À boleia das palavras do poeta/tecelão Viriato Gouveia “abrem-se as portas” da aldeia-miradouro, onde o tempo anda devagar, embalado por uma banda sonora única com origem nos riachos e ribeiras. Entre património, artesanato e gastronomia, há muito para viver e sentir nesta aldeia do concelho de Oliveira do Hospital. A Igreja matriz que data do século XVIII com os seus retábulos em talha dourada, a Igreja de Santa Maria Madalena ou a capela de Nossa Senhora das Dores; as fontes do Povo, do Marmeleiro, do Soito Meirinho e do Cabo do Lugar. Um troço de calçada romana, de ligação a Avô, localiza-se a três quilómetros da aldeia, no Caminho das Tapadas e no Areal. O Hotel Rural Quinta da Geia, o espaço Quinta da Moenda, a Casa da Eira de Cima e o Restaurante João Brandão são algumas das ofertas de cama e mesa, mas há muito mais para explorar em redor da aldeia. Para casa leve miniaturas de xisto, tecelagem e outras peças de artesanato local.

Aldeia das Dez, de belas paisagens

Fajão, imortalizada em contos e xilogravuras

“Ó minha Aldeia das Dez/Maravilhas de Encantar/São as paisagens que ofereces/ De

Os painéis em ardósia, desenhados por Monsenhor Nunes

Pereira, remetem para os pitorescos contos, que fazem parte da cultura popular da aldeia. Com o xisto a dominar, a gastronomia é também motivo para um passeio. Fajão convive com as escarpas quartzíticas dos Penedos de Fajão e com o Rio Ceira. A aldeia a 20 quilómetros de Pampilhosa da Serra, viveiro de cultura, tem o seu próprio museu, que ficou com o nome do Monsenhor Nunes Pereira, e guarda um espólio de xilogravuras, aguarelas de Fajão e objectos pertencentes à história da aldeia (como o seu primeiro telefone público). A Capela de Nossa Senhora da Guia, a Capela de S. Salvador e a antiga Casa da Câmara, Tribunal e Cadeia, a antiga escola primária e o lavadouro público merecem visita. O Restaurante O Pascoal e as Casas do Rio são espaços para comer ou pernoitar.

Vila Cova de Alva, de património quinhentista É a aldeia do Xisto que possui o maior conjunto monumental, por nela uma ordem religiosa ter estabelecido um convento. Em Vila Cova de Alva, concelho de Arganil, caminhe ou descanse pelos espaços públicos da aldeia, do Largo da Igreja Matriz ao Pelourinho, onde coabitam

Mosteiro

Sarzedas

Janeiro de Cima

dois solares do século XVII. Descubra os muitos monumentos religiosos e civis, como o Solar dos Condes da Guarda, o edifício dos Osórios Cabrais ou ainda a Rua Quinhentista. Ao todo cerca de 25 edifícios espalhados pela aldeia possuem elementos quinhentistas, mas há duas ruas que se destacam, a Joaquim Antunes Leitão e a José de Abreu Mesquita. O rio Alva, com a sua praia fluvial, é uma refrescante tentação nos dias quentes. No que toca a gastronomia, o bucho de Vila Cova é uma das iguarias mais afamadas do concelho de Arganil.

Sobral de S. Miguel, coração do xisto Os seus habitantes consideram que a aldeia é o "Coração do Xisto". A sua relação com o xisto é por demais evidente. Mas não só da pedra se construiu esta povoação. Vale a pena descobrir os pequenos tesouros que Sobral de São Miguel esconde, desde as suas três pontes, das quais a mais emblemática é a Ponte do Caratão, por onde passava a Rota do Sal, até à Casa Museu João dos Santos, onde se encontram expostas várias peças do antigo quotidiano dos habitantes da aldeia. No património religioso, além da Igreja Matriz visite a capela em homenagem a Santa



48 | Aldeias do Xisto

À descoberta da região

Barroca, no centro da rede

Bárbara, mandada erigir pelos mineiros em 1938. O Caminho do Xisto de Sobral de São Miguel é um percurso circular com cerca de oito quilómetros de extensão, com início e fim no centro da aldeia. No final, mergulhe nas águas puras e cristalinas da zona balnear de Sobral de S. Miguel. A Casa da Sobreira oferece alojamento e O Ferrolho um bar com esplanada.

Na aldeia de Barroca, concelho do Fundão, continua a respirar-se um ambiente rural, pautado pelos seus ciclos agrícolas e pela herança mineira. É aqui a sede da Rede e das Lojas das Aldeias do Xisto. Antigo solar do século XVIII, a Casa Grande acolhe o Centro Dinamizador das Aldeias do Xisto e alberga um Centro de Interpretação. A não perder também a Capela de São Roque, com o seu altar em madeira pintada, com imagem do mártir São Sebastião. O espelho de água do Zêzere e a paisagem impõem um momento de pausa, antes de se atravessar a ponte pedonal para a outra margem e descobrir as gravuras rupestres que os nossos antepassados ali deixaram gravadas na rocha há milhares de anos. A Casa do Silvério e o Solar Vicente são dois espaços de turismo rural, para os que queiram aproveitar por mais tempo a aldeia e toda a sua envolvente. Os percursos pedestres marcados são um excelente desafio.

Janeiro de Baixo, abraçada pelo Zêzere Rodeada por um conjunto harmonioso de serras, penedos e vales, albufeiras, rios e ribeiras que apetece explorar. Um moinho escavado na rocha saúda os visitantes à chegada. Um pouco mais à frente podemos desfrutá-lo no parque de campismo ou na praia fluvial com o seu extenso areal. O núcleo central da aldeia de Janeiro de Cima, no concelho de Pampilhosa da Serra, a sua igreja e as capelas sentem a envolvência do rio e tranquilizam-no com os murmúrios de xisto que ele voltará a receber em Álvaro e Pedrógão Pequeno. Do património religioso e arquitectónico, passando pelas recentes infraestruturas para acolher os visitantes, até à curiosa memória do "Tronco", lugar onde antigamente se ferravam os animais, há todo um conjunto de pontos de interesse nesta aldeia dos cinco parques: parque infantil, parque desportivo, parque de lazer, parque fluvial e parque de campismo.

Mosteiro, abençoada pela água Tudo na aldeia de Mosteiro, em Pedrogão Grande, sempre girou em torno da água. Hoje é sinónimo de lazer, com a praia fluvial, dentro da povoação, a atrair inúmeros visitantes, mas noutros tempos foi este elemento que assegurou a subsistências das gentes da terra. Sob as diversas formas em que está presente e se movimenta, tanto pelo caudal da Ribeira de Pera, como pelas levadas que circunda a localidade, a água é uma fonte de riqueza que causou um efeito benéfico para travar as chamas dos incêndios de 2017. Numa visita, aproveite para conhecer moinhos, lagares, levadas e regadios que serviram de infraestruturas base durante séculos para a sustentação

Aigra Velha

Álvaro, rica em património religioso

Pedrõgão Pequeno desta povoação. Os moinhos de rodízio representam as raízes históricas e culturais do concelho de Pedrógão Grande. De entre todos os cursos de água do concelho de Pedrógão Grande, a ribeira de Pera - que nasce entre o Trevim e Santo António da Neve, nos pontos mais elevados da Serra de Lousã - assumiu especial importância na implementação de fábricas têxteis, lagares de azeite e moinhos.

Pedrógão Pequeno, a aldeia branca É de xisto, mas outros materiais saltam à vista no património natural e edificado, com o granito a marcar cantarias de portas e janelas. Nesta “aldeia branca” do concelho da Sertã reina a tranquilidade. Do seu património destacam-se a Igreja Matriz, que pertenceu à Ordem de Malta e terá sido edificada na primeira metade do

século XVI, e a Ponte Filipina sobre o Zêzere, construída entre 1607 e 1610 e hoje classificada monumento nacional. É difícil lá chegar, mas vale a pena. Realce também para a ponte romana do Cabril ou para a via romana, que dava acesso a Nossa Senhora da Confiança. Este último local é um miradouro natural, com paisagens a perder de vista e quem sobe ao monte não fica indiferente à Via Sacra, um circuito de 14 estações que tem início no centro da aldeia. Em Pedrógão Pequeno, a sopa de peixe é a “rainha” dos sabores

Janeiro de Cima, de paredes de seixos rolados Numa zona quase plana da margem esquerda do Zêzere, rodeada por uma extensa manta de terrenos agrícolas, está a aldeia de Janeiro de Cima, do concelho do Fundão. No nú-

cleo antigo da povoação, as casas ostentam as características fachadas em xisto, ponteadas por seixos redondos e brancos, provenientes do leito do rio. As primeiras habitações cresceram em torno da Igreja Velha e é dali que saem um conjunto de ruas estreitas e orgânicas, de fisionomia própria, que se vão articular com becos e ruelas, pátios e quelhas, numa estrutura medieval de grande valor patrimonial. Merecem ainda ser apreciadas a Casa das Tecedeiras, um espaço onde se reinventa a tradição do linho apostando em peças de design moderno, a Capela de São Sebastião, a Roda de Janeiro, que continua a girar, o Tear Gigante, a Barca que faz a travessia do rio e a Igreja Nova. A Casa Cova do Barro, a Casa do Quelho, a Casa da Pedra Rolada e a Casa de Janeiro são os espaços de alojamento em turismo rural e O Fiado é o restaurante da aldeia.

Rica em património religioso, Álvaro foi outrora uma importante povoação da Ordem de Malta, que deixou inúmeros testemunhos da sua presença. Capelas são sete e igrejas cinco, sem esquecer as 23 “alminhas” que vão surgindo pelos caminhos desta aldeia do concelho de Oleiros. A Igreja da Misericórdia exige uma visita, mas para conhecer bem esta Aldeia há que fazer o circuito das capelas. Nelas encontrará manifestações importantíssimas de arte sacra, desde pinturas a artefactos singulares, como por exemplo uma imagem do Senhor dos Passos, um Sacrário Renascentista ou ainda um Cristo morto com as Santas Mulheres e S. João Evangelista. Aos pés da aldeia, estende-se a refrescante albufeira da Barragem do Cabril e as suas infraestruturas fluviais, um lugar para ir a banhos ou simplesmente para se apreciar a paisagem ondulante de montes e serras que se alonga até à Estrela. A loja das Aldeias de Xisto, entre as duas igrejas, é o ponto de encontro e a receber quem chega está sempre alguém com a história da aldeia



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À descoberta da região

Barroca

Álvaro

Casal Novo

Figueira “na ponta da língua” e um enorme gosto em a partilhar.

Sarzedas e a memória da vila condal Foi vila condal e sede de concelho, esta aldeia do xisto hoje com escassos 100 habitantes. Mas Sarzedas, no concelho de Castelo Branco, é agregadora de outras 43 pequenas aldeias e não só vê agora muitos sarzedenses a regressar à terra como atrai cada vez mais estrangeiros. Aldeia de torre sineira, miradouro para o povoado e para a serra da Gardunha. A malha urbana é composta por casas rebocadas e pintadas, existindo um núcleo onde o material de construção predominante é o xisto. Caminhando na sua direcção, podemos parar na Fonte da Vila ou Fonte dos

Água Formosa Namorados, com cantaria de granito, seguir até à Capela da Misericórdia, na Praça Gil Sanchez, e apreciar o histórico Pelourinho. A Igreja Matriz, do séc. XVII, merece visita demorada e cá fora há mesas e recantos com sombra. Outros monumentos de interesse, nesta que é a única aldeia do xisto que teve um título nobiliárquico atribuído, são a Capela de São Pedro, de 1603, e a Capela de Santo António.

Figueira com o seu charme rural Percorrendo o emaranhado de ruelas, já não ouvimos o toque do búzio que chamava para a ceia todos os que trabalhavam no campo, mas ainda vemos cozer pão no forno comunitário. Na aldeia de Figueira, concelho de Proença-a-Nova, de-

leitamo-nos com marcas bem preservadas do passado. Ainda que, e bem, quem ali more tenha presente e futuro em mente, pedindo mais projectos e investimento que fixe pessoas. Um conjunto de cancelas em locais estratégicos do núcleo central de casas, permitiu, em tempos, que a aldeia se fechasse sobre si mesma, protegendo moradores e o seu gado dos avanços de lobos, mas hoje esta aldeia de charme rural abre-se cada vez mais ao mundo. A Casa Ti’Augusta, um projecto turístico que inclui bar, loja do xisto, restaurante e alojamento, deve o seu nome a uma antiga moradora da aldeia - nascida há mais de 130 anos muito querida dos antigos figueirenses. Num passeio pela aldeia é ainda possível apreciar,

do exterior, a Casa da família Balau, o edifício mais notável da aldeia (séc. XIX) que possui no seu interior uma pequena capela particular, onde, no passado, era diariamente celebrada missa.

Água Formosa, de frescas ribeiras Água Formosa, no concelho de Vila de Rei, é a aldeia mais a Sul na rede de Aldeias do Xisto. A 10 km do Centro Geodésico de Portugal, esconde-se entre a Ribeira da Corga e a Ribeira da Galega, numa encosta soalheira. Deve o seu nome a uma fonte de água puríssima, que não pode deixar de ser visitada. O material de construção predominante é o quartzito, mas o xisto também está bastante presente. As casas são em alvenaria de pedra, cobertas de te-

lha de canudo apoiada em estruturas de madeira. Os estreitos caminhos de pedras são usados para percursos pedestres entre duas a quatro horas, e servem para apreciar e conhecer a verdadeira essência da aldeia. Fazer um passeio de barco até Dones, pescar ou fazer BTT são actividades que atraem visitantes a Água Formosa. No Verão, o convite será ainda para desfrutar das praias fluviais do Penedo Furado, Zaboeira, Fernandaires, do Bostelim e do Pego das Cancelas, no concelho de Vila de Rei. Para descansar, há seis casas de alojamento rural na aldeia.

Martim Branco, renasce a cada Verão Como outras aldeias da rede, Martim Branco, renasce a cada Verão, juntando aos poucos


Aldeias do Xisto | 51

À descoberta da região

moradores os que regressam às suas raízes e os muitos turistas que descobrem este pequeno paraíso. Não há ali monumentos, nem sequer igreja ou capela. Mas há alojamento de turismo rural no Xisto Sentido e um restaurante, Bem Me Quer, que asseguram, por marcação, resposta a quem visita, recordando certamente nos produtos e nos serviços a história de uma comunidade de tradições rurais. Os fornos comunitários são um dos ex-libris da aldeia e um “museu dos ofícios” homenageia uma das mais ilustres figuras da terra: Aurélio Martins, mestre e poeta que assinava como João Terra e que fez a sua formação académica e acabou por se tornar professor na Universidade de Salamanca Por detrás das casas da última rua, a ribeira de Almaceda faz cantar as águas e os rouxinóis. O “Caminho do Xisto de Martim Branco” leva-nos, ao longo de 9,5 quilómetros de baixo grau de dificuldade, por caminhos e carreiros que atravessam açudes, ribeiros e uma paisagem profundamente rural. ←

Sobral de S. Miguel

Fajão

Pena


52 | Aldeias Históricas

À descoberta da região

ALDEIAS HISTÓRICAS PARA (RE)DESCOBRIR PORTUGAL Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso formam a Rede de Aldeias Históricas de Portugal. Reunidas no Interior de um território ímpar e diversificado como é a região das Beiras, são como 12 capítulos de uma história única. Têm em comum a arquitectura dos castelos, torres, muralhas ou pelourinhos, mas distinguem-se pelo património natural que as enquadra, pelas lendas e tradições de cada uma, pela gastronomia e pela maneira de ser das suas gentes. Todas merecem visita e juntas constituem um acervo vivo sem igual. Num Verão em que o convite é para (re)descobrir o que é nosso, as aldeias históricas são um excelente ponto de partida.

A Almeida, fortaleza em forma de estrela Almeida é uma notável vila fortificada. A sua Praça-forte (edificada nos séculos XVII e XVIII) é de planta hexagonal, com seis baluartes aos que correspondem o mesmo número de revelins, num perfeito exemplar da arquitectura militar barroca. Vista do céu, parece uma estrela de 12 pontas. Almeida terá tido origem na migração dos habitantes de um castro lusitano, localizado a Norte do lugar do Enxido da Sarça, ocupado em 61 a.C. pelos Romanos, e depois pelos povos bárbaros. Por estar num planalto, os Árabes chamaram-na Al-Mêda (a Mesa) e foi ali construído um pequeno castelo (séc. VIII- IX). No período da Reconquista, os Cristãos tomaram-na definitivamente (1190), sendo sucessivamente disputada a Leão até à posse portuguesa com o Tratado de Alcanizes, em

1297. Foi palco de lutas ao longo dos séculos, destacando-se as Guerras da Restauração (século XVII), em que os espanhóis foram definitivamente afastados do trono de Portugal, e as invasões francesas no século XIX, em que esteve cercada durante um longo período pelas tropas napoleónicas, com o castelo e parte da muralha gravemente danificados. Vale a pena visitar as ruínas do castelo; a Casamatas ou “Quartéis Velhos”, dispositivo de arquitectura militar com 20 compartimentos abobadados de cobertura megalítica, adaptados a museu em 2009; o Centro de Estudos de Arquitectura Militar, nas Portas Exteriores do Revelim de Santo António, para saber interpretar a fortaleza e as características do núcleo urbano onde sobejam marcas de convívio entre a vida militar e civil. Ali perto, o Paiol, ladeado por um fosso, destaca-

MAPA DAS ALDEIAS HISTÓRICAS DO PAÍS

-se pela sua originalidade e dimensão. O Picadeiro D’El Rey, as Portas Duplas de Santo António e de S. Francisco da Cruz; a Torre do Relógio; a Casa da Câmara, edifício datado do século XVI, que ostenta o brasão Manuelino com as armas do concelho; as diversas casas brasonadas e palácios do século XVII e XVIII; a Igreja Matriz e a Igreja da Misericórdia são alguns dos muitos pontos de interesse, dentro e fora de muralhas, que Almeida tem para oferecer.

Belmonte dos Cabrais e dos judeus Diz a tradição que o nome Belmonte provém do lugar onde a Vila se ergue (monte belo ou belo monte). Terra do navegador Pedro Álvares Cabral, situada em plena Cova da Beira e com ampla vista sobre a encosta oriental da Serra da Estrela, a vila de Belmonte justi-

fica plenamente as características que lhe terão dado o nome. Porém, há quem lhe atribua a origem de “belli monte” – monte de guerra. A história de Belmonte surge, normalmente, associada à história dos Cabrais e dos judeus. Embora pertencendo à Coroa, o Castelo de Belmonte era administrado por um alcaide local e já desde 1398 que este cargo estava ligado aos Cabrais. O primeiro alcaide foi Luís Alvares Cabral. Fernão Cabral, pai de Pedro Alvares Cabral, foi o primeiro alcaidemor. No século XIII, a vila encontrava-se já em franco desenvolvimento justificando a existência de duas Igrejas - a de São Tiago e de Santa Maria (perto do velho cemitério, junto ao Castelo) e de uma Sinagoga. A comunidade de Belmonte era essencialmente rural, dependente da pecuária e da agricultura, mas a presença de Judeus favoreceu também a existência de algum comércio.

O castelo, a estátua com representação de uma prensa – diz a lenda que o senhor de Belmonte preferiu assistir ao esmagamento da filha a entregar o castelo ao inimigo -; o candelabro de Hanukkah, que assinala a libertação e purificação do Templo de Jerusalém e a revolta contra os selêucidas, marca da presença de judeus; a Capela novecentista de Santo Antão; a Torre de Centum Cellas, situada em Colmeal da Torre, monumento enigmático, provavelmente vestígio de uma vila romana do século I d.C, a Judiaria de Belmonte e a estátua de Pedro Álvares Cabral, estão entre os pontos de paragem obrigatória.

Castelo Mendo e os dois núcleos amuralhados Castelo Mendo, é uma aldeia de características predominantemente medievais, constituída



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À descoberta da região

Belmonte

Piódão por dois núcleos amuralhados, a Cidadela e a Barbacã. A cidadela de formato oval corresponde ao burgo velho, formado após o foral de D. Sancho II. O burgo novo ou Arrabalde de S. Pedro protegido por uma muralha dionisiana, foi no passado guarnecida por oito torres, parcialmente destruídas com o terramoto de 1755. A estrutura fortificada e o modelo urbanístico caracterizadores de Castelo Mendo, são uma criação medieval concebida para enfrentar as necessidades impostas pela Reconquista Cristã nos séculos XII e XIII: promover o repovoamento dos territórios muçulmanos anexados ao reino português e sustentar as disputas territoriais fronteiriças com os reinos cristãos de Leão e Castela na região de Riba-Côa. Diz a lenda que quem lançar uma pedra na direcção do Barroco dos Desejos e formular um desejo, tê-lo-á realizado se a pedra cair em cima do penedo e porque não tentar? Visitar a cisterna de água pluvial, de onde, diz o povo, brotavam flores leitosas que juntamente com papas de linhaça curavam feridas; a calçada medieval, a casa quinhentista ou as casas manuelinas, a Igreja de S. Vicente (séc. XIII); descobrir o Mendo e a Menda nos elementos decorativos de edifícios,

Castelo Mendo apreciar o Pelourinho, percorrer as diversas portas, a D. Sancho, a da Guarda, do Castelinho, a da Vila ou a do Sol; viajar no tempo a olhar para as ruínas da Igreja de Santa Maria do Castelo (séc. XIII) ou da Torre de Menagem, adossada ao exterior da muralha do lado Sudoeste, característica das estruturas de defesa activa góticas são outras das propostas enriquecedoras de uma visita.

Castelo Novo na alma da Serra da Gardunha Em plena alma da Serra da Gardunha, numa paisagem em anfiteatro natural, em tons de verde e cinza, descobrimos Castelo Novo, envolto numa aura de misticismo. Do som da água que brota das fontes ao granito que ergue a aldeia e talha o casario, as calçadas, as praças, tudo neste património arquitectónico único é inspirador e cativante. Começou por pertencer aos extensos territórios doados pelos monarcas portugueses à Ordem dos Templários, depois Ordem de Cristo, para, em terras da Beira promoverem e assegurarem a posse dos domínios conquistados aos muçulmanos no séc. XIII. Com D. Manuel I, já na centúria de Quinhentos, recebe foral, encontrando-se bem testemunhada a intervenção deste rei no património arqui-

tectónico da antiga vila. A estrutura de ocupação do espaço é assim caracteristicamente medieval, sendo significativas as intervenções do período Manuelino (séc. XVI) e Barroco (séc. XVIII). Constituem disto exemplo, o invulgar conjunto arquitectónico do Largo do Pelourinho: Casa da Câmara e Cadeia e Pelourinho, da época Manuelina; e Chafariz D. João V, do período Barroco. Visite o Cabeço da Forca constituído por dois blocos graníticos de forma irregular, onde estão esculpidas em relevo, duas caveiras acompanhadas de um jogo de tíbias; percorra a Calçada da Ordem dos Templários, a Calçada Romana e o Caminho do Moleiro; aprecie a influência manuelina e maneirista na Casa da Comenda ou a casa de arquitectura beirã; admire a torre quadrangular que resta do castelo construído no século XII e abandonado no século XVII; refresque-se nos chafarizes durante o passeio ou demore-se um pouco mais na praia fluvial banhada pela Ribeira de Alpreade. Retemperadas forças, há muito mais para ver e conhecer.

Castelo Rodrigo, corajosa e leal à coroa A aldeia histórica de Castelo Rodrigo é, no seu todo, um autêntico espaço monumental

que conserva importantes referências no plano medieval. Entre os monumentos que acrescentam valor ao património histórico são de destacar as velhas muralhas, as ruínas do palácio de Cristóvão de Moura, o Pelourinho quinhentista, a igreja matriz, a cisterna medieval e os vestígios que atestam a presença de uma importante comunidade de cristãos-novos. Durante mais de 600 anos, a povoação foi vila e sede de concelho. Em vários momentos da história nacional, os seus habitantes destacaram-se pela sua coragem e lealdade à coroa. A preocupação com a reorganização e povoamento do território na época da Reconquista é patente nas doações aos freires Salamantinos, fundadores da Ordem de S. Julião do Pereiro, e aos primeiros frades de Santa Maria de Aguiar, oriundos de Zamora, de que o Mosteiro de Santa Maria de Aguiar, de fundação cisterciense do séc. XII, é importante testemunho. Historicamente, nenhuma povoação raiana exerceu por tão longo período um lugar tão relevante nas relações LusoCastelhanas e na defesa do território português. Castelo Rodrigo está rodeado por uma cintura amuralhada inicialmente composta por 13 torreões (à semelhança de Ávila), mantém a sua traça me-

dieval, que irradia da alcáçova e acompanha a topografia. No flanco noroeste do interior das muralhas existe um "assento" escavado na rocha, que a população conhece por "Cadeira do Rei". Pelas ruas encontram-se casas manuelinas, outras construções árabes, para além da cisterna medieval, de 13 metros de fundo, com uma porta em arco de ferradura e outra ogival. O Cristo Rei, a Cruz da Vila, a antiga Judiaria Medieval, o Palácio de Cristóvão de Moura e a Torre Albarrã estão entre os muitos locais a visitar.

Idanha-a-Velha, de fundação romana Pelo notável conjunto de ruínas que conserva, ocupa um lugar de realce no contexto das estações arqueológicas do país. Ergue-se no espaço onde outrora existiu uma cidade de fundação romana capital da Civitas Igaeditanorum (séc. I a.C.), mais tarde sede episcopal sob domínio suevo e visigótico. Doada à Ordem do Templo no séc. XIII, mantém vestígios de diversas épocas que evidenciam uma grande permanência civilizacional. Ocupada pelos muçulmanos no séc. VIII, foi reconquistada pelos cristãos no séc. XII. D. Afonso Henriques entregou-a aos Templários e em 1229 D.


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À descoberta da região

Sancho II deu-lhe foral. D. Dinis incluiu-a na Ordem de Cristo (1319), seguindo-se outras tentativas de repovoamento. D. Manuel I, em 1510, institui-lhe novo foral de que o Pelourinho ainda é testemunho. Intencionalmente, e ao longo dos séculos, pretendeu-se reorganizar todo o espaço urbano, revitalizando-o no domínio social, económico, político e cultural. Porém o seu percurso histórico, de desertificação, estava traçado. Hoje, Idanha-aVelha (Monumento Nacional) surge renovada e criteriosamente adaptada para os que aqui residem e para os que a visitam. A colecção epigráfica romana de Idanha-a-Velha constitui uma das maiores e mais representativas colecções do país, recolhida em diversas fases da exploração arqueológica da aldeia, não podendo falhar uma visita ao Arquivo Epigráfico. Os baptistérios, a Capela de S. Sebastião, a Igreja de Santa Maria (Sé Catedral) e ruínas envolventes, os Palheiros de São Dâmaso, em cujo interior passa

um troço de muralha com uma torre semicircular, as 43 poldras sobre o Rio Pônsul, a ponte de origem romana e as portas da muralha devem constar de um plano de visita.

Linhares da Beira e o imponente castelo Aldeia medieval do século XII, Linhares da Beira possui uma diversidade arquitectónica e artística ímpar, fruto do legado de várias épocas. Em 1169, recebeu o seu primeiro foral, atribuído por D. Afonso Henriques, mas só no reinado de D. Dinis foi erigido o seu imponente Castelo, ex-libris da aldeia e principal cartão de visita nos nossos dias. Deambular pelas ruas desta aldeia museu é fazer uma incursão ao passado, à sua história. O castelo, implantado num cabeço rochoso a cerca de 820 metros de altitude e dominando o Vale do Mondego, constitui o núcleo gerador do aglomerado. Na encosta, cruzada por antiga via romana, estendeu-se a povoação: o sistema fortificado, entregue a um

alcaide e dispondo de pequena guarnição militar, defendia um território bem como a sua população e bens; o foral, concedido pelo Rei, prescrevia a autonomia concelhia e organizava a vida económica e social do povoado; a Igreja estabeleceu as paróquias. Além da casa tradicional e popular disseminada por toda a vila, contam-se as casas nobres dos séculos XVIII-XIX, destacando-se janelas e portas decoradas ao gosto Manuelino (século XVI), quase sempre de proprietários agrícolas mais abastados ou da burguesia local ligada ao comércio, alguns da comunidade judaica ali residente. A Fonte de Mergulho e Forum, onde se reuniam para tomar decisões os homens bons da terra, o Solar Corte Real (séc. XVIII) e o solar setecentista Pina Aragão são outros dos pontos de interesse de Linhares da Beira.

Marialva, imponente praça de guerra A poucos minutos da cidade de Mêda surge-nos a aldeia histó-

rica de Marialva, uma das relíquias vivas da ancestralidade portuguesa. Povoada pelos aravos, povo lusitano, foi posteriormente conquistada pelos romanos, seguidos dos árabes, até à vitória final de D. Fernando Magno de Leão, em 1063, na sua emblemática conquista das Beiras. Despovoada pelas lutas da Reconquista, D. Afonso Henriques mandou-a repovoar e concedeu-lhe o primeiro foral (1179) e D. Sancho I reconquistou-a em 1200, altura em que o povoado extravasou a cerca amuralhada. D. Dinis, que criou a feira (dia 15 de cada mês) em 1286, e D. Manuel, que lhe concedeu Foral Novo (1512), procederam a obras no castelo, transformando Marialva numa das mais imponentes e fortes praças de guerra do reino. Na margem esquerda da ribeira de Marialva, é constituída por três núcleos distintos: a Cidadela ou Vila no interior do Castelo, agora despovoada; o Arrabalde que prolonga a Vila para além da zona amuralhada; e a Devesa, situada a sul da cidadela, que se estende pela pla-

nície até à ribeira e assenta sobre a antiga cidade romana. Visite, além do castelo, a Capela de Santa Bárbara, que é miradouro sobre a parte baixa da povoação, o campanário da antiga Igreja de S. João, a Capela do Senhor dos Passos (séc. XVII), a Casa do Leão, a Cisterna, o Cruzeiro (séc. XV), a Fonte de Mergulho, a que se acede protegida por uma cobertura em abóboda de berço, a que se acede passando um arco de volta perfeita e descendo alguns degraus, percorra as Portas do Anjo da Guarda, do Monte, de Santa Maria e da Traição, a Torre do Relógio (séc. XIII) e a Tulha, antiga capela usada como celeiro.

Monsanto, a mais portuguesa de Portugal A nordeste das Terras de Idanha, aninhada na encosta de uma elevação escarpada que irrompe abruptamente na campina e que, no seu ponto mais elevado, atinge 758 metros, está a “aldeia mais portuguesa de Portugal”. Monsanto é local


56 | Aldeias Históricas muito antigo, onde se regista a presença humana desde o paleolítico. D. Afonso Henriques conquistou-a aos Mouros e em 1165 faz a sua doação à Ordem dos Templários, que sob as ordens de D. Gualdim Pais, mandou edificar o Castelo. O primeiro Foral foi concedido por este rei em 1174, sucessivamente confirmado por D. Sancho I (1190) - a quem se deve a repovoação e reedificação da fortaleza desmantelada nas lutas contra Leão -, e D. Afonso II (1217). D. Manuel I outorgoulhe Foral Novo (1510) e deu-lhe a categoria de vila. Resistiu, nos contrafortes da escarpada elevação, a invasões de Castela em meados do séc. XVII e no início do século XVII pelo Duque de BerwickI. Já no século XIX, o imponente Castelo medieval de Monsanto foi parcialmente destruído pela explosão acidental do paiol de munições. Deve visitar-se o que resta do poderoso Castelo, de onde se pode observar a alcáçova, a cintura de muralhas e torres de vigia, bem como as ruínas da Capela de S. Miguel (séc. XII) e a Capela de Santa Maria do Castelo; a Capela de S. Pedro de Vir-à-Corça, situada na base do monte nos arredores da povoação (séc. XIII), em redor da qual se realizava a feira autorizada por D. Dinis em 1308; e a Estação Arqueológica romana de São Lourenço, na Freguesia de Monsanto, vila romana que integra um complexo termal.

Piódão, aldeia presépio na Serra do Açor Escondida na Serra do Açor, a aldeia histórica de Piódão surge inesperadamente para nos deslumbrar com a sua arquitectura, que tão bem exemplifica a capacidade que temos para nos adaptarmos aos mais inóspitos e também mais sublimes locais. Como se de um presépio se tratasse, as casas distribuem-se em redor dos socalcos, nas quais pontuam o azul e o xisto, por entre sinuosas e estreitas ruelas. Foram as pastagens da Serra de S. Pedro do Açor, recheada de nascentes, que atraíram os pastores lusitanos com os seus rebanhos. Na época medieval, formou-se um pequeno povoado a que foi dado o nome de Casas Piódam, depois transferido para a actual localização, talvez devido à instalação de um Mosteiro de Cister (de que

já não restam vestígios) o que fará remontar o lugar ao séc. XIII. É a este mosteiro que poderá estar ligada a antiga invocação de Santa Maria da Igreja Matriz (reformulada no séc. XVIII/XIX), que hoje guarda uma imagem da Senhora da Conceição (do séc. XV), actual invocação da igreja. Conta-se que aqui se teria fixado um dos assassinos de Inês de Castro Diogo Lopes Pacheco, apelidos ainda hoje existentes no Piódão. No Numeramento Joanino de 1527, o primeiro recenseamento populacional nacional, Piódão aparece inserido na vila de Avô, a que se mantém ainda hoje ligado no que respeita à jurisdição religiosa. Deve percorrer tranquilamente a ruelas estreitas e íngremes da aldeia, apreciando o casario, em alvenaria de pedra de xisto e cobertura de lajes no mesmo material, com aros de portas e janelas coloridos. De realçar a singela Fonte dos Algares, a Eira, donde se desfruta uma bela panorâmica, e o Forno do Pão.

À descoberta da região

ocupante - Casa do Escrivão, Casa do Governador e Casa do Juiz.

Trancoso, de distinto ilustre passado

Castelo Novo

Castelo Rodrigo

Sortelha, de núcleo bem preservado Sortelha é uma das mais belas e antigas vilas portuguesas. Tendo mantido a sua fisionomia urbana e arquitectónica inalterada até aos nossos dias, é também considerada uma das mais bem conservadas. A visita pelas ruas e vielas do aglomerado, enclausuradas por um anel defensivo e vigiadas por um sobranceiro castelo do século XIII, possibilita ao forasteiro recuar aos séculos passados, por entre as sepulturas medievais, junto ao pelourinho manuelino ou defronte igreja renascentista. No ponto mais elevado situase o Castelo, que era o pólo exclusivamente militar, marcado pelo perfil destacado da Torre de Menagem - no seu interior ainda se pode ver a Cisterna, para o abastecimento de água e uma Porta Falsa. Já a serpentear o cabeço e tomando-lhe a forma oval, levantou-se a muralha, no seio da qual se estabeleceu a população da antiga vila. Como espaços urbanos mais significativos surgem: o Largo do Corro, onde se ergue uma árvore secular e se destaca uma Fonte de mergulho medieval ou quinhentista; o Largo do Pelourinho, com a Casa da Câmara, Cadeia e Pelourinho e zona de acesso ao castelo; o Largo da

Almeida

Marialva Igreja, articulação entre a Rua da Fonte e a Rua Direita; e, por fim, um espaço extramuros onde se encontram as ruínas da Igreja de Santa Rita, o antigo Hospital da Misericórdia, do séc. XVII e a Capela de Santiago.

Dominam as habitações de dois pisos e planta rectangular, com materiais da região e arquitectura discreta. As que ostentam pormenores mais cuidados correspondem a uma singular identidade social do

O seu castelo milenar (fundado nos séc. VIII-IX) contrasta com os sobressaltos e temores vividos pelas gentes de outrora. Foi terra de fronteira, palco de diversas lutas e batalhas marcantes para a formação e independência do reino. Recebeu importantes privilégios. D. Afonso Henriques concede-lhe a carta de Foral e D. Afonso III a carta de Feira em 1273, que foi uma das mais concorridas feiras francas do reino. D. Dinis manda construir as muralhas que ainda hoje protegem um burgo onde conviveram cristãos e judeus. A cintura de muralhas que ainda rodeia a antiga vila medieval, bem como o vasto património arquitectónico civil e religioso, conferem ao centro histórico de Trancoso uma imagem única. Foi em Trancoso que D. Dinis celebrou as suas bodas com a Rainha Santa, D. Isabel de Aragão, em 1282. E durante a crise dinástica que se sucedeu à morte de D. Fernando, foi palco de uma das mais fascinantes páginas da História de Portugal, quando a 29 de Maio de 1385, um pequeno exército liderado por Gonçalo Vasques Coutinho, alcaide de Trancoso, derrotou o poderoso exército castelhano junto à vila, contribuindo para consolidar a autoridade do Mestre de Avis, D. João, e para reforçar a viabilidade da causa portuguesa nele personificada. Com a instalação da Inquisição em Portugal (1536), a vila de Trancoso, que albergava uma das mais numerosas e importantes comunidades judaicas, viveu tempos de enorme agitação social, que se prolongaram pelos séculos XVII e XVIII. Mas foram igualmente tempos de grande dinamismo e intensa renovação do conjunto edificado da vila, que também não escapou às Invasões Francesas e a lutas entre liberais e absolutistas. Com um distinto e ilustre passado, a vila está associada a inúmeras figuras históricas e lendárias, como João Tição, Gonçalo Vasques Coutinho, o Magriço, Gonçalo Annes Bandarra, Gonçalo Fernandes Trancoso, Fernando Isaac Cardoso, entre outros que pode “conhecer” melhor numa visita à aldeia. ←



58 | Roteiro Religioso

À descoberta da região

Santuário de Fátima atrai milhares de pessoas todos os anos

Turismo religioso é cada vez mais um motivo para partir à descoberta Todos os anos, mais de 600 milhões de viagens têm como destino locais associados ao património religioso. O Santuário de Fátima é expoente máximo nacional nesta vertente Fátima, lugar de fé e de esperança Todos os anos, milhões de peregrinos rumam ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. 2020 terá sido, até à data, o ano em que menos fiéis acorreram a este local, fruto das restrições impostas pela pandemia da Covid19, com um 13 de Maio celebrado com o Santuário praticamente vazio. Mais de um século após as aparições de Nossa Senhora do Rosário aos três pastorinhos, a força da devoção fez, deste altar mariano, um dos mais visitados. A Capelinha das Aparições marca o local das aparições e é aí, aos pés da Virgem Maria, que os muitos fiéis fazem as suas orações.O local do pedestal com a imagem de Nossa Senhora marca o sítio exacto da pequena azinheira (desaparecida devido à devoção dos primeiros peregrinos que a levaram, ramo a ramo) mencionada nos relatos das aparições aos pas-

torinhos no dia 13 dos meses de Maio, Junho, Julho, Setembro e Outubro de 1917. Construída em 1919, a Capelinha acolheu a primeira missa a 13 de Outubro de 1921. Foi dinamitada em Março de 1922 e reconstruída nesse mesmo ano. Da capelinha original, que foi sofrendo ligeiras reparações, mantém as características de uma ermida popular. Neste Santuário existem outros pontos de interesse, para oração e reflexão, como a Capela da Morte de Jesus, a Capela da Ressurreição de Jesus, as capelas da Reconciliação e a Capela do Santíssimo Sacramento. Quem entra no Santuário pelo lado Sul, depara-se com um monumento constituído por um módulo de betão do Muro de Berlim, cuja construção começou na noite de 12 para 13 de Agosto de 1961, sendo demolido a partir de 9 de Novembro de 1989. Em 2007, o Santuário inaugurou a Basílica da Santíssima Trindade, o quarto maior templo

católico do mundo, com 8.633 lugares sentados e 40 mil metros quadrados, tendo 12 portas laterais, dedicadas aos 12 apóstolos. A obra, que marcou o 90.º aniversário das Aparições, terá sido integralmente paga com dádivas dos peregrinos ao longo dos anos.

Memorial Irmã Lúcia em Coimbra No Carmelo de Santa Teresa, onde a vidente de Fátima, viveu em reclusão durante 57 anos, foi criado o Memorial Irmã Lúcia, espaço museológico que inclui a sua cela, o relato histórico da sua vida, trabalhos manuais que executou, fotografias e objectos usados por Lúcia no tempo das aparições, objectos oferecidos pelos vários Papas a Lúcia e ainda um espaço multimédia. Lúcia dos Santos nasceu em Aljustrel, Fátima, a 22 de Março de 1907. Na sua biografia diz-se que recebeu, na companhia dos seus primos Jacinta e Francisco

Marto, a visita de um anjo por três vezes (1916), e seis de Nossa Senhora (1917) que lhes terá pedido oração e penitência. Saiu de Fátima para o Asilo de Vilar, no Porto, onde entrou a 17 de Junho de 1921. Foi depois para Tuy, Espanha (1925), como postulante do Instituto de Santa Doroteia, seguindo, nesse ano, para o convento de Pontevedra. Em 1926 regressa a Tuy onde toma o hábito de noviça. Fez os primeiros votos temporários, em Tuy, a 3 de Outubro de 1928, e votos perpétuos a 3 de Outubro de 1934. Regressou a Portugal em 1946, tendo visitado Fátima entre 20 e 22 de Maio desse ano. Em 1948, entrou para o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, e tomou o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado. Voltou a Fátima a 13 de Maio de 1967, no cinquentenário das aparições, a pedido do Papa Paulo VI, e depois em 1982, 1991 e 2000, aquando das peregrinações do Papa João Paulo II.

Segundo as suas memórias, Nossa Senhora voltou a aparecer-lhe em 26 de Agosto de 1923, no Asilo do Vilar, 10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, em Pontevedra, e 13 de Junho de 1929, em Tuy. A Irmã Lúcia viria a falecer num dia 13, em Fevereiro de 2005, tinha 97 anos. Em 2008, no 3.º aniversário da sua morte, o Papa Bento VI deu o seu consentimento para que se realizasse a abertura do Processo de Beatificação da Irmã Lúcia, dispensando assim dois anos de espera para o prazo estabelecido pela Igreja.

Rainha Santa Isabel e o milagre das rosas D. Isabel foi amada pelo povo que via nela um anjo protector. Atenta às necessidades dos mais humildes e carenciados, empenhou-se em criar instituições para acolher e auxiliar doentes e pobres. Mandou edificar hospitais em Coimbra, Santarém e Leiria e albergarias para mulheres. Diz a lenda que o marido não aprovava esta política social de proximidade e que um dia a surpreendeu durante uma das suas acções, perguntando-lhe o que tinha no regaço. Isabel levava pão para distribuir pelos pedintes, mas sabendo como isso desagradava o seu rei, disse que eram rosas. Seria perfeito se não



60 | Roteiro Religioso

À descoberta da região

Templo Ecuménico

Memorial Irmã Lúcia fosse Janeiro, o mês em que as rosas não desabrocham. A Rainha, percebeu que tinha sido descoberta e abriu o manto. Em vez de pão, rosas perfeitas caíram-lhe do colo. Estava feito o primeiro milagre. O segundo que lhe foi atribuído, aconteceu 23 dias após a sua morte.Em 1516 é beatificada pelo Papa Leão X e santificada por Urbano VIII. A Rainha Santa Isabel deixou um invulgar tesouro ao mosteiro de Santa Clara, em Coimbra: uma imagem da virgem em ourivesaria primorosa, o relicário de Santo Lenho com um pedaço da Cruz de Cristo, que se perdeu, um colar de granadas e outro guarnecido por outras gemas raras. São estes objectos de ourivesaria que sobreviveram sete séculos, mais o seu primeiro tú-

Rede de Judiarias de Portugal mulo, que revela muito da sua personalidade mística. Descendente da Casa Real de Aragão, Isabel nasceu em 1270, em Saragoça. Onze anos depois, por procuração, casou com D. Dinis, tornando-se Rainha de Portugal, ficando conhecida como a rainha que protege os mendigos com o coração e o milagres de rosas. A Rainha acompanhava o marido em várias áreas da governação, nomeadamente nas deslocações pelo país e estrangeiro. Chegou a ter um papel importante na mediação dos conflitos entre o rei e o irmão D.Afonso, e entre o rei e o príncipe herdeiro. Quando fica viúva, em 1325, retira-se para o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, vestindo o hábito das Clarissas sem fazer votos. Só voltaria a sair dele uma vez,

pouco antes da morte, em 1336, para evitar uma guerra entre o seu filho, Rei Afonso IV, e Afonso XI, rei de Castela. Viria a morrer em Estremoz, a 4 de Julho de 1336, e, cumprindo-se as suas últimas vontades, o seu corpo é trasladado para Coimbra, onde chegaria dias depois, sem mostrar qualquer sinal de decomposição. Não tardou, por isso, a que o povo lhe desse foros de santidade e a intensificação do culto levou D. Manuel I a solicitar à Santa Sé a sua beatificação, concedida pelo Papa Leão X, a 15 de Abril de 1516. Viria a ser canonizada em 1625 pelo Papa Urbano VIII com a Rainha Santa a ser celebrada todos os anos nas festas da cidade de Coimbra, em Julho, com as procissão em sua honra a realizar-se apenas nos anos pares. A

Procissão em Honra da Rainha Santa Isabel procissão que se deveria realizar este ano foi adiada devido à pandemia da Covid-19.

Templo Ecuménico Universalista é “um hino à paz” Inserido na estratégia da Fundação Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP), «de tolerância, de paz e de respeito pelos outros», a direcção da Fundação idealizou e fez nascer o Templo Ecuménico Universalista. Foi inaugurado a 11 de Setembro de 2016, e apresenta-se como «um hino à paz», onde têm lugar todas as religiões, aberto também a não crentes. Situado no cimo da montanha, em Miranda do Corvo, o Templo

Ecuménico, é um espaço único no mundo e faz parte do “Trivium”, conceito imaterial onde o Parque Biológico da Serra da Lousã (também da ADFP) lembra a igualdade da vida, o Espaço da Mente exige a liberdade e o Templo apela à fraternidade com a natureza. A viagem até lá pode ser feita a pé, numa caminhada espiritual de algum esforço, por caminhos pedestres, durante cerca de 45 minutos, ou então de carro, numa viagem de aproximadamente 15 minutos. A imponência do monumento, uma pirâmide de 13,4 metros de altura e cor laranja, e toda a sua carga simbólica, tem atraído muitos curiosos. E de facto é paz que ali se respira e onde nada foi feito ao acaso. Tudo tem um sentido e um significado. Subindo


Roteiro Religioso | 61

À descoberta da região

as escadas de acesso à pirâmide, passamos por um patamar, onde 15 bancos representam as 15 religiões, apelando ao diálogo inter-religioso. No topo, o chão que circunda o Templo vai sendo cada vez mais regular à medida que nos aproximamos da sua entrada, convidando o visitante a percorrer um caminho até ao divino, aqui representada pela pedra de grandes dimensões que ocupa o centro da sala interior. O seu significado não é estanque, porque cada pessoa que a observa é convidada a fazer as suas próprias leituras. “Silêncio” é o que se lê nas paredes da sala e é assim que os visitantes sentem que devem estar naquele espaço: em silêncio, em reflexão. Antes, no exterior do Templo, onde abundam representações das diversas religiões, a água que escorre nas paredes laterais que convidam a entrar no monumento, lembra a purificação e a fachada principal da pirâmide ostenta três palavras comuns às religiões: Bondade, Verdade e Moral. A cada uma delas associa-se uma letra, M, J e R, respectivamente, que podem ser interpretadas como miseri-

córdia, justiça e regra ou razão. Por todos estes motivos, saliente- se que o projecto que inclui o Parque Biológico da Serra da Lousã e o Templo Universalista, foi escolhido em 2014, para representar Portugal no Prémio Internacional da Unesco-Madanjeet Singh para a promoção da tolerância e não-violência.

A Rede de Judiarias de Portugal pretende conjugar a valorização histórica e patrimonial com a promoção turística. Belmonte preside à Rede

Rede de Judiarias destaca importância da herança judaica

Os Caminhos de Fátima criaram condições seguras e aprazíveis para os peregrinos que se dirigem a pé ao Santuário

Foi em Março de 2011 que nasceu a Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, uma associação com carácter público mas de direito privado que visava a actuação conjunta, na defesa do património urbanístico, arquitectónico, ambiental, histórico e cultural, relacionado com a herança judaica. No fundo, a Rede de Judiarias de Portugal pretende conjugar a valorização histórica e patrimonial com a promoção turística, acção que permite descobrir uma forte componente de identidade portuguesa e peninsular. Foram muitas as áreas em que o papel dos sefardistas nacionais se tor-

Templo Ecuménico Universalista foi inaugurado no dia 11 de Setembro de 2016, onde têm lugar todas as religiões, aberto também a não crentes

nou preponderante ao longo dos séculos. Desde a ciência náutica, que há mais de 500 anos deu ao país um avanço decisivo para o início da globalização, à evolução da economia mundial e da medicina. A presença judaica em território nacional é, pois, significativa, e assume particular relevância na região das Beiras. Belmonte – cujo município preside à Rede de Judiarias – apresenta-se como um dos locais com maior presença e tradição judaica em Portugal, sobretudo a partir do século XVI, aquando da expulsão dos mouros da Península Ibérica, e da reconquista das terras espanholas e portuguesas pelos reis católicos e por D. Manuel. Foi então instaurada uma lei que obrigava os judeus portugueses a converterem-se ou a deixarem o país. Um grupo decidiu isolar-se do mundo exterior, cortando o contacto com o resto do país e seguindo suas tradições à risca. Apelidados de “marranos” - numa alusão à proibição ritual de comer carne de porco – mantiveram durante séculos as suas tradições judaicas quase intactas, tornando-se um caso excepcional de comunidade

criptojudaica. Apenas nos anos 70 do século passado, a comunidade de Belmonte estabeleceu contacto com os judeus de Israel e oficializou o judaísmo como sua religião. Sabugal, Almeida, Guarda, Seia, Figueira de Castelo Rodrigo, Leiria e Tomar são outras localidades onde a presença judaica deixou marcas. Também em Belmonte, foi inaugurada em 1996, ano em que se assinalaram os 500 anos do Édito de D. Manuel que ordenava a expulsão de judeus e muçulmanos do território português, a sinagoga Bet Elihu. Próxima do castelo, de traça arquitectónica recente, a sinagoga, além de estar orientada para Jerusalém, apresenta representações do candelabro na porta e nas grades e, da estrela de David, nos portões.

Caminhos de Fátima Os Caminhos de Fátima, identificados e desenvolvidos pelo Centro Nacional de Cultura desde 1996, em parceria com múltiplas instituições, nomeadamente o Turismo Centro de Portugal, e em articulação com o Santuário de Fátima, criam


62 | Roteiro Religioso LOCAIS DE CULTO Fátima Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Nazaré Santuário de Nossa Senhora da Nazaré – No interior do templo sobressaem a azulejaria e a imagem da Virgem, envolta num manto verde bordado a ouro.

Alcobaça Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça – Foi contruído em cumprimento de uma promessa do rei D. João I feita à Virgem Maria, agradecendo a vitória na batalha de Aljubarrota. Inclui a igreja, Capela do Fundador, Casa do Capítulo e Capelas Imperfeitas.

Batalha Mosteiro de Santa Maria da Vitória

Dornes Igreja de Nossa Senhora do Pranto

Viseu Sé de Viseu e Museu da Misericórdia de Viseu – De destacar a monumental fachada da Sé e as torres sineiras. No interior, realçam-se as abóbadas e o enriquecimento em talha dourada, azulejo e pintura

Manteigas Altar de Nossa Senhora da Boa Estrela

condições seguras e aprazíveis para os peregrinos que se dirigem a pé ao Santuário de Fátima, evitando as estradas de grande circulação automóvel, em favor de caminhos de terra e de pequenas estradas rurais. Esta rede de itinerários religiosos e culturais partem de diversos locais e terminam no Santuário de Fátima, proporcionando uma verdadeira espiritualidade, em ligação com a natureza e as vivências religiosas e culturais. Percorrem territórios variados, com grande interesse cultural e paisagístico e articulam-se com outros itinerários de âmbito nacional e internacional. Actualmente existem três roteiros dos Caminhos do Tejo, da Nazaré e do Norte, estando em preparação novos caminhos: Caminho do Mar (entre Cascais /Estoril e Fátima), Caminho da Beira (no Centro de Portugal, zona da Beira Interior) e Caminho do Sul (no território do Alentejo). Os Caminhos podem ser percorridos durante todo o ano. No entanto, é durante a Primavera, o Verão e o Outono que pode ter as melhores condições. No Verão, podem esperar-se alguns dias de elevada temperatura, com os peregrinos a serem convidados a adequar o seu horário, aproveitando para sair bem cedo. Em cada jornada, o ponto de partida e o ponto de chegada ficam sempre num local público, junto da igreja paroquial ou de uma capela significativa como espaço religioso e valor cultural. Ao longo de cada jornada, so-

À descoberta da região

Santuário de Nossa da Nazaré integra Rota dos Templos Marianos bretudo nas povoações, peregrinos e caminhantes encontram locais para abastecimento de água e alimentação e ainda albergues e outro tipo de alojamento. Estes itinerários de peregrinação são identificados pela marca Caminhos de Fátima, que incorpora elementos simbólicos:uma azinheira, local de aparição da virgem aos pastorinhos, árvore característica da paisagem onde se enquadra Fátima e espécie botânica protegida em Portugal (quercus ilex), apresenta-se em tons de azul, símbolo do azul celeste e da ambiência atmosférica que se experiência directamente no Santuário e no espaço envolvente. Mais informações em caminhosdefatima.org.

Rota dos Templos Marianos Em Portugal, os lugares dedicados ao culto mariano proporcionam uma viagem pela história, pela cultura e pela arte, cruzando o sagrado e a devoção em igrejas, pinturas e esculturas, romarias e peregrinações, autênticos ícones vivos da cultura de um povo. Fátima, onde Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos em 1917, é sem dúvida o principal local de culto. Desde então, e especialmente nos dias 13 de cada mês, este lugar de fé e de paz recebe peregrinações que atingem o expoente máximo em Maio e Outubro, quando multidões

expressam a sua fé de um modo que impressiona, crentes e não crentes. A devoção a Maria, Mãe de Deus, marca a história do mundo cristão, e em Portugal remonta à fundação da Nação, quando se foram construindo igrejas e mosteiros dedicados a Santa Maria, como a Abadia de Santa Maria de Alcobaça e do Mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha), dois dos monumentos mais emblemáticos do país. Os locais de veneração mariana, bem como festas e romarias, multiplicaram-se ao longo dos séculos, marcando de forma decisiva a vivência espiritual portuguesa, com templos antigos a conviverem com outros mais contemporâneos. ←

Mealhada Via Sacra do Bussaco – Estende-se por cerca de 3,5 Km com 20 Passos da Prisão e da Paixão de Cristo, incluíndo o Horto, a sentença de morte no Pretório, o Calvário e o Sepulcro.

Aveiro Sé de Aveiro

Mangualde Ermida de Nossa Senhora do Castelo

Santarém Sé de Santarém

Braga Sé de Braga e Santuário de Nossa Senhora do Sameiro

Lisboa Igreja da Madre de Deus

Vila Viçosa Santuário de Nossa Senhora da Conceição ←

Milhões seguem o “Caminho de Santiago” O Caminho de Santiago é uma rota milenar seguida por milhões de peregrinos desde o início do século IX, quando foi descoberto o sepulcro do Apóstolo Santiago o Maior. Desde então, pessoas das mais diversas origens percorrem os Caminhos que conduzem à Catedral onde se veneram as relíquias do Santo Apóstolo, dando origem a um fenómeno que se mantém e reforça de dia para dia. As peregrinações a Santiago de Compostela a partir de Portugal intensificaram-se no século XII com a independência do país, assumindo assim, particular relevo a estrada real Porto/Barcelos/Ponte de Lima/Valença onde confluem quase todas as demais, reforçando este percurso como

Peregrinação teve início no século IX a espinha dorsal dos caminhos portugueses de Santiago. O Caminho Português de Santiago faz uso de trajectos antigos que cruzam bosques, campos agrícolas, aldeias, vilas e cidades

históricas bem como cursos de água através de pontes, algumas deixadas pela ocupação romana. O Caminho é ainda marcado por capelas, igrejas, conventos, alminhas e cruzeiros, nos quais

não falta a imagem do Apóstolo Santiago. É ainda uma oportunidade de descobrir a hospitalidade das gentes do Norte de Portugal e da Galiza.O seu vasto património arquitectónico, as suas seculares tradições culturais e a sua riquíssima gastronomia são de grande valor histórico. Em Portugal, existem várias rotas para Santiago: Caminho Português Central, também conhecido como Caminho Português de Santiago e o mais percorrido do país, o Caminho Português do Interior, o Caminho Português Nascente/Via Portugal Nascente e o Caminho Português da Costa. Todos estes caminhos constam da Lista Indicativa de Portugal a Património Mundial da Unesco. ←



64 | Gastronomia

À descoberta da região

São muitas e para todos os gostos as iguarias típicas do Centro de Portugal É grande a variedade de produtos endógenos que fazem as delícias de todos aqueles que visitam ou Centro do país. Desde o Leitão da Bairrada, à lampreia, passando pelos doces, queijos e mel, conheça alguns dos “prazeres à mesa” Leitão da Bairrada é conhecido internacionalmente A carne é tenra, a pele estaladiça, no tempero sobressaem o sal e a pimenta preta e o sabor, difícil de descrever, atrai multidões à região da Bairrada. Distinguido como uma das “7 Maravilhas da Gastronomia” de Portugal, o leitão da Bairrada terá nascido no século XVII, possivelmente devido a uma criação excedentária de suínos na região. A sua comercialização ganhou impulso já no século XX, com a abertura do primeiro restaurante a abrir em 1941, na Mealhada. A raça, a preparação e assadura do leitão fazem a diferença. Dizem os entendidos que a escolha do leitão é fundamental para um produto final excelente, preferencialmente nascido e criado na região da Bairrada, de raça Bísaro ou Malhado de Alcobaça, alimentado de forma natural, que tenha um mês ou mês e meio de idade e que pese entre sete ou oito quilos. Depois de abatido, é mergulhado em água quente antes de ser amanhado e arranjado, colocado posteriormente numa arca frigorífica. Na altura de confeccionar é posto num espeto e assado em forno a lenha. O leitão da Bairrada é tradicionalmente temperado com uma pasta que leva sal, pimenta, alhos, banha, louro, salsa e azeite. Há quem não dispense comer esta iguaria sem o seu tradicional molho, também à base de banha de porco, sal grosso e pimenta preta. O leitão assado, que não era prato de dias comuns, mas reservado para festas, era tradicionalmente servido com batata e legumes cozidos, com um copo de vinho tinto a acompanhar. As batatas fritas têm agora mais protagonismo, a laranja cortada às rodelas e as saladas de alface e tomate equilibram o prato, que por norma é degustado com espumante também da Bairrada. Poderoso motor de desenvolvimento económico e turístico, o leitão da Bairrada é “rei” das “4 Maravilhas da Mesa da Mealhada”, um projecto de promoção da autarquia da Mealhada, que junta a água (do Luso), o vinho e o pão da Mealhada.

Leitão da Bairrada

Chanfana é um dos pratos mais apreciados na região Depois de dar os cabritos e leite para deliciosos queijos, a cabra é ainda transformada numa preciosa iguaria. A chanfana é um dos pratos mais apreciados na nossa região e nasce, precisamente, do talento que as gentes antigas tinham para aproveitar tudo o que a terra lhes dava, de transformar o pouco em muito, e muito bom. Miranda do Corvo e Vila Nova de Poiares, outrora terras de pastorícia, são os concelhos onde o prato ganhou mais fama e são berço das confrarias que mais o têm promovido, a Confraria da Real Cabra Velha e a Confraria da Chanfana, respectivamente. Colocada em caçoila de barro, a carne de cabra velha é temperada e coberta de vinho, indo a assar em forno de lenha durante quatro a cinco horas. Serve-se com batata e legumes cozidos, regados com o próprio molho da

carne. A gordura que a carne liberta e os temperos que se acrescentaram formam o molho que, solidificado, conserva a carne durante muito tempo. Reza a história que as freiras do Mosteiro de Semide guardavam religiosamente a chanfana nas caves frescas do mosteiro, consumindo a carne ao longo do ano. Segundo registos históricos, a chanfana terá surgido em Portugal, na região Centro, aquando das invasões francesas. Uma das versões conhecidas é a de que o prato foi inventado pelas monjas do Mosteiro de Semide, em Miranda do Corvo, usando os únicos animais que os soldados não haviam confiscado para sua alimentação, as cabras velhas, e vinho, porque as águas haviam sido envenenadas. Verdade ou não, certo é que a chanfana nasceu como prato de subaproveitamento, que bem pode ter nascido do povo, especialmente do que se dedicava à pastorícia. Apesar de Poiares e Miranda serem “capitais” da chanfana,

este é um prato característico de toda a região da Beira Serra e Pinhal Interior. As duas confrarias existentes têm contribuído para divulgar não apenas o prato principal que é a chanfana, como também os negalhos (tripas cozinhadas segundo a receita da chanfana) e a sopa de casamento (que junta couves cozidas e fatias de pão ao molho e sobras de chanfana, na respectiva caçoila de barro).

Lampreia é prato sazonal que atrai muitas pessoas Todos os anos, entre Fevereiro e Abril, a lampreia atrai pessoas de todo o país a Penacova, mas também a Montemor-o-Velho, para degustarem o famoso arroz de lampreia apanhada no rio Mondego. Banhada pelo maior rio totalmente português e outrora terra de Barqueiros, Penacova tem na lampreia uma das suas principais especialidades gastronómicas e, sem dúvida, a mais

emblemática. O prato ganhou maior dimensão nos últimos anos devido a um intenso trabalho de promoção desenvolvido pelas entidades locais, como a autarquia, a Confraria da Lampreia e a restauração. Dizem os entendidos, que na sua preparação há alguns segredos e que começam, por exemplo, na escolha da própria lampreia – quanto mais próxima do mar, mais branca e mole se apresenta, o que não convém -, no tratamento (em tanques próprios para ficar mais “batida” e liberta do lodo), no amanho e na forma de confecção. E todos os segredos se reflectem, depois, no sabor que chega ao prato. No que toca à última fase, já na cozinha, a marinada, feita com vinho e sangue da lampreia, dura 24 horas. A lampreia é depois colocada num refogado com ingredientes que vão do azeite ao alho, cebola, alho porro, louro, salsa, vinagre, vinho (preferencialmente Dão ou Bairrada), noz moscada, pimenta e arroz carolino.


Gastronomia | 65

À descoberta da região

A lampreia é um animal do grupo dos Agnatas, o que significa que não tem verdadeiras maxilas nem barbatanas, apresentando a boca redonda e uma ventosa. É uma espécie migradora anádroma que vive entre seis a sete anos: é nos rios que as larvas nascem e as lampreias permanecem até à idade adulta, iniciando depois a migração para o mar e voltando ao rio na altura de desovar. A escada de peixe, durante anos reclamada em Coimbra, tem permitido que esta e outras espécies subam mais facilmente o rio Mondego, completando o seu ciclo de vida natural e permitindo que esta iguaria continue a ser apreciada por um número crescente de pessoas.

Cabrito é iguaria transversal a toda a região O cabrito é um símbolo gastronómico transversal a toda a região das Beiras e ainda se estende a boa parte do nosso país, nomeadamente nas áreas mais rurais. É difícil encontrar um concelho na nossa região em que não exista uma tradição gastronómica ligada

ao cabrito e são inúmeros os festivais que se realizam ao longo do ano, enfatizando os pratos associados a este produto. Lousã, Penacova, Góis e Miranda do Corvo, entre outros, são alguns dos municípios que chamam às suas ementas típicas o cabrito assado no forno. Já Condeixa-a-Nova, em ligação a outros concelhos da Serra de Sicó, acrescenta-lhe especificidades, aludindo a tradições ancestrais do “Cabrito à moda de Condeixa”, com um sabor especial devido a alimentação nas pastagens onde abunda a erva-de-santa-maria. Consumido em qualquer altura do ano, o cabrito tem presença garantida nas mesas beirãs por altura da Páscoa. Bem lavado, cortado aos pedaços e temperado com sal, piripiri, colorau, louro e alhos esmagados, o cabrito é regado com vinho e deixado a marinar de um dia para o outro. Assa em forno aquecido a 160 graus, durante duas horas, aproximadamente, sendo várias vezes regado com o próprio molho. Batatas também assadas no forno e verduras cozidas, grelos por exemplo, arroz de miúdos de cabrito são os acompanhamentos

Todos os anos a lampreia atrai muitas pessoas a Penacova, mas também a Montemor-o-Velho, para degustarem o famoso arroz de lampreia

Apesar de Poiares e Miranda serem “capitais” da chanfana, este é um prato característico de toda a região da Beira Serra e Pinhal Interior

O cabrito é símbolo gastronómico transversal a toda a região das Beiras e ainda se estende a boa parte do nosso país, sobretudo às zonas mais rurais

de eleição. Em Oleiros, distrito de Castelo Branco, a tradição é o cabrito estonado, que demora a preparar mas é muito apreciado. Trata-se de uma receita de origem medieval, em que o cabrito é estonado – coberto de água quente – para melhor se retirar o pêlo e manter a pele. Limpo e amanhado, é barrado com uma pasta feita de alho, sal, pimenta e vinho branco e a barriga recheada com miúdos do cabrito, presunto, louro e salsa, fechada depois de cozida. Ao fim de quatro horas, o cabrito é barrado com banha e vai ao forno a lenha sobre paus de loureiro colocados em assadeira de barro. Ainda no forno, é regado com vinho branco e está pronto quando tostado. Enquanto Góis é berço da Confraria do Cabrito, da Castanha e do Mel, Oleiros tem, desde 2015, a sua Confraria do Cabrito Estonado.

Fruta da região faz as delícias do país Nesta viagem gastronómica, de referir ainda a variedade de fruta que se produz na região e que é

referência nacional. A Maçã Bravo de Esmolfe apresenta características únicas, sendo extremamente aromática e sumarenta, doce e simultaneamente ácida. Produz-se em Penalva do Castelo, no “coração” do Dão, e é um dos “ex-libris” da fruticultura portuguesa. Foi a partir de Setembro de 2004, que a Maçã Bravo de Esmolfe passou a ser considerada um produto DOP (Denominação de Origem Protegida). Esta classificação é o reconhecimento da especificidade deste produto e da imposição, por obrigação legal, de apenas poder ser comercializado com esta designação se ostentar a respectiva certificação. A Feira da Maçã Bravo de Esmolfe, que por norma acontece todos os anos, é um momento privilegiado para incentivar os produtores para o criterioso cumprimento das normas conducentes à certificação. Mais a Sul, é nos concelhos do Oeste que se concentra a produção de Pêra Rocha, e alguns concelhos do Sul do Distrito de Leiria têm a sua “marca” neste fruto, que é já uma “marca” do turismo gastronómico do Oeste. Os seus produtores garantem que tem uma


66 | Gastronomia cor, textura e sabor “apetecíveis” e ainda uma “excelente capacidade de conservação”. Quando está mais verde, a Pêra Rocha é crocante, podendo ser comida à mão. Quando está mais madura, adquire um tom mais amarelo tornando-se mais doce, macia e sumarenta. Esta pêra portuguesa pode ser comida com ou sem casca, mas no primeiro caso deve ser lavada primeiro. As pêras rochas são colhidas em Agosto e é tradição os jovens e os estudantes auxiliarem os produtores da Região Oeste na colheita da fruta. Com maior destaque no Algarve, mas também com “tradição” na região das Beiras - sobretudo no espaço florestal do Buçaco e nas serras que abrangem a extensa área das Aldeias de Xisto – o medronho é muito apreciado ao natural, mas transforma-se em imensos derivados, tais como geleias e compotas, passando pela aguardente e licores. No Fundão, destaque para a cereja, ingrediente central do Festival da Cereja que acontece quando o calor começa a apertar, em meados de Junho. A zona da Serra da Gardunha e a Cova da Beira é dominada pelas cerejeiras que quando estão em flor atraem muitos turistas. A cereja do Fundão e os produtos criados com esta matéria-prima representam mais de 20 milhões de euros por ano na economia local. Já são mais de 30 os produtos confeccionados, desde gelado, bombom de gelado, chocolates, pastéis, iogurte, bola de berlim com creme de cereja, barras energéticas, chás ou perfumes.

Queijo do Rabaçal, uma das maravilhas de Sicó Como o próprio nome indica, trata-se de um queijo originário do Rabaçal, concelho de Penela, mas a sua produção é transversal à sub-região de Sicó, em algumas freguesias de municípios como Condeixa-a-Nova, Soure, Alvaiázere, Ansião e Pombal, sem que, na maioria dos casos, se percam as características tradicionais. O seu sabor e odores ímpares provêm das pastagens de erva-desanta-maria, apresentando-se como um alimento completo, rico em gordura, proteína de alto valor biológico, ácidos aminados e orgânicos, e elementos minerais, especialmente cloro, sódio, cálcio, fósforo e vitaminas A, B2 e B1. Desde 1994, o Queijo do Rabaçal obteve a Denominação de Origem Protegida, um garante da sua qualidade e autenticidade. A atribuição DOP a este queijo obriga a

À descoberta da região

Arroz de lampreia

Chanfana que o fabrico respeite determinadas condições de produção do leite, higiene da ordenha, conservação do leite e fabrico do produto, havendo ainda obrigações em termos de rotulagem. Também o tamanho e peso é regulado.

Queijo Serra da Estrela com dois mil anos de história O mais antigo queijo português, com referências documentadas muito anteriores à nacionalidade, vindo mesmo do tempo dos romanos na Península Ibérica, é feito na Serra da Estrela e de lá chega à mesa das pessoas um pouco por todo o mundo. Com um sabor distinto, foi eleito, em 2011, uma das “7 Maravilhas da Gastronomia de Portugal” e ostenta ainda a Denominação de Origem Protegida (DOP). O Queijo Serra da Estrela é originário de uma área geográfica de excelência para a pastorícia,

Queijo do Rabaçal

Na região “mora” uma grande tradição de fabrico de queijo. O Queijo do Rabaçal e Queijo Serra da Estrela são dois dos produtos mais apreciados

A doçaria conventual faz as delícias de todos aqueles que se deslocam ao Centro do país. Pastel de Tentúgal é um dos mais conhecidos

com tradições e conhecimentos que se foram transmitido ao longo das gerações. Em paralelo, desenvolveu-se uma raça autóctone de ovelhas – Bordaleira da Serra da Estrela – juntando-se à raça Churra Mondegueira. Produto nobre da região, o Queijo Serra da Estrela tem uma pasta semimole, amanteigada e resulta de produção artesanal. Obtido por esgotamento lento da colheita (o leite é aquecido em banho-maria a uma temperatura próxima dos 28 graus, sendo adicionada uma infusão de cardo). O processo de coagulação demora cerca de uma hora, seguindo-se manobras de retirada total do soro. Durante a maturação, que leva mais de um mês, é lavado e virado com frequência.

Mel cada vez mais usado na confecção de vários pratos Para além dos vários benefícios para a saúde atribuídos ao mel,

também na gastronomia esta iguaria integra, cada vez mais, as várias sugestões. No distrito de Coimbra, o Mel da Serra da Lousã é a escolha de muitos chefs, seja no uso em pratos principais, doçaria, entradas ou petiscos. Esta iguaria da Lousã, apresenta características específicas, com cor âmbar, um cheiro sui generis, um sabor forte devido ao néctar das urzes e uma textura média e cristalização regular. Apesar de ser um produto doce, o mel contém proteínas, diversos sais minerais e vitaminas, propriedades essenciais à saúde.

Doçaria conventual é uma das riquezas da região Era a forma como as freiras, nos conventos, davam as boas-vindas às pessoas que recebiam. As receitas foram passando de mão em mão e hoje em dia é ainda notório um esforço para recuperar o património desta região


Gastronomia | 67

À descoberta da região

Nevadas de Penacova e Pastéis de Lorvão

Bolo de Ançã

Pastel de Tentúgal no que diz respeito à doçaria conventual. Um dos mais afamados é o Pastel de Tentúgal, reconhecido desde 2013 pela União Europeia com a Indicação Geográfica Protegida (IGP). A confecção deste doce é muito sensível e a sua qualidade pode sofrer alterações com as características das farinhas, ovos e condições climatéricas. Ao longo dos tempos, as freiras foram apurando os seus dotes e criaram novos doces como as queijadas de Tentúgal. Também no Baixo Mondego temos a “Queijada de Pereira”. Os segredos do seu fabrico têm passado de geração em geração, mantendo-se o rigor dos ingredientes usados e do tempo de cozedura. Em Penacova, moram duas delícias conventuais: As Nevadas de Penacova, de cor branca e interior de ovo húmido, e os Pastéis de Lorvão, de massa castanha e recheio de amêndoa, ambos com origem no Mosteiro de Lorvão.

Brisas do Lis As Nevadas de Penacova levam quatro horas para serem confeccionadas, cobertas, no exterior, com uma camada fina de açúcar e claras, e o interior composto de pão de ló recheado com ovo. Bem diferentes de aspecto e sabor, os Pastéis de Lorvão, um doce que tem na amêndoa e nos ovos os seus principais ingredientes, são igualmente de confecção demorada, exigindo, pelo menos três horas de dedicação. Em Coimbra, as arrufadas são consideradas o bolo mais famoso da cidade e por isso, apesar da sua simplicidade, ganharam o nome da cidade. De origem conventual, mais propriamente no Convento de Sant’Ana – embora seja possível encontrar também referências ao Convento de Santa Clara-a-Velha – as Arrufadas de Coimbra têm uma apresentação arredondada, com a reconhecida argola de massa de farinha, assemelhando-se a uma coroa. O Manjar Branco, também conhecido por “Maminha de Freira”,

é o mais peculiar dos doces da cidade, pela forma sui generis como se apresenta e ainda porque, apesar de ser um doce, tem carne de galinha nos ingredientes. A sua origem remonta à Idade Média e é um dos mais antigos da cidade. Ainda em Coimbra, é possível provar o pastel de Santa Clara, um dos mais populares doces conventuais de Coimbra e o que mais se notabilizou no vasto e rico receituário do Mosteiro das Clarissas. O pudim das Clarissas, “um doce de colher” tradicional da cidade, onde predominam as gemas de ovos, o açúcar e a calda de açúcar feita com casca de laranja, é igualmente iguaria muito apreciada. Associadas às ordens religiosas de Coimbra, desde o século XV, as Barrigas de Freira são igualmente um doce muito apreciado. Com forma de meia-lua, distingue-se pelo pão, canela e de outros ingredientes secretos que, juntamente com os ovos e amêndoa moída, conferem ao

recheio um sabor muito característico, numa perfeita combinação com a massa tenra, polvilhada com lascas de amêndoa. Também o Crúzio tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos. Lançado em 2012 está à venda no Café Santa Cruz, o mais histórico da cidade, apresentandose como uma aposta de sucesso na inovação e na modernidade do património doceiro de Coimbra, cujas raízes são monásticas. Este doce conquistou inclusive Medalha de Ouro na categoria “pastéis com amêndoa” no 7.º Concurso Nacional de Doçaria Rica Tradicional Portuguesa. O segredo do fabrico do Bolo de Ançã (Cantanhede), que continua a ser muito apreciado, tem vindo a ser passado de geração em geração. De confecção simples, e com ingredientes naturais, é amassado manualmente, cozido em forno de lenha, existindo três versões deste bolo: bolo fino, bolo de cornos e bolo de ovos. De referir ainda a escarpiada, um produto

típico de Condeixa. As suas origens podem estar ligadas à presença dos romanos em Conímbriga e são confeccionadas com pão, azeite, canela, e açúcar amarelo. Na região Centro, destaque ainda para os ovos moles de Aveiro, nascidos no Mosteiro de Jesus, apresentando-se dentro de moldes de obreia (hóstia) com motivos normalmente ligados ao mar, como conchas, búzios ou peixes. Os ovos moles conquistaram a denominação de Indicação Geográfica Protegida, por decisão da Comissão Europeia, e posterior certificação em 2010. À semelhança dos muitos doces da região das Beiras, também as “Brisas do Lis” são de origem conventual (antigo Convento de Sant’Ana, actual Centro Cultural Mercado de Santana. A base desta iguaria regional é o miolo de amêndoa, açúcar e gema de ovo. Também as Brisas da Figueira fazem “crescer água na boca”, receita que tem vindo a ganhar cada vez mais adeptos. ←


68 | Termalismo

À descoberta da região

Termal e Medical Center. As instalações diferenciadoras das Termas de Luso, rodeadas pela beleza indescritível da Serra do Bussaco com a sua arborização secular, permitem a recuperação do equilíbrio perfeito entre corpo, mente e alma. Telefone: 231 937 910 Email: geral@termasdeluso.pt

Termas de Longroiva Mêda A utilização das águas medicinais de Longroiva remontam à era romana, mas a referência mais antiga data do século XVIII, da autoria do médico Del’ Rei D. João V, que já na altura falava dos seus notáveis efeitos curativos. São uma tranquila e aprazível estância de reconhecidas qualidades terapêuticas, proporcionando saúde e bem-estar. Telefone: 279 849 230 Email: geral@termasdelongroiva.com

Termas de Almeida – Fonte Santa Almeida Termas da Curia

Termas são cada vez mais espaços de saúde e bem-estar É grande a oferta de espaços termais na região Centro do país. São locais de saúde e bem-estar muito procurados todos os anos por pessoas de várias faixas etárias

A

região Centro possui um dos maiores conjuntos de termas do território português. Espaços de saúde e bemestar que se têm procurado adaptar-se às necessidades e à procura dos novos públicos sem se esquecerem de continuar a “mimar” os seus clientes tradicionais. As termas de Alcafache, de Almeida – Fonte Santa, Termas de Águas – Penamacor, Caldas da Felgueira, Caldas da Rainha, Termas do Carvalhal, Termas da Curia, Termas do Cró, Termas da Ladeira de Envendos, Termas de Longroiva, Termas de Luso, Termas de Manteigas, Termas de Monfortinho, Termas de Monte Real, Termas de Sangemil, Termas de S. Pedro do Sul, Termas de Unhais da Serra, Termas de Vale da Mó Termas da Cavaca e Termas de Aregos encontram-se no Centro, contribuindo para o desenvolvimento e afirmação desta

região. Águas puras que nascem a temperaturas elevadas, ricas pela diversidade da sua composição mineral, com benefícios reconhecidos em diversas terapias. Acrescentando-se ao que a natureza dá, bons equipamentos, técnicas de tratamento especializadas e profissionais qualificados, é possível encontrar nestas estâncias uma alternativa interessante para uns dias de repouso, aliando os cuidados de saúde ao bem-estar e ao lazer. Por isso, estas são fundamentais para cativar turistas e visitantes para os municípios onde funcionam, contribuindo igualmente para promover toda a região. E foi como reconhecimento da importância destes espaços que nasceu a Termas Centro, que engloba um conjunto significativo de estâncias definindo programas de promoção e de lazer para cativar um cada vez maior número de utilizadores e

visitantes. O projecto Termas Centro, cujo promotor é a delegação do Centro da Associação das Termas de Portugal, co-financiado pelos programas operacionais Centro 2020, Portugal 2020 e pela União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), no âmbito do Provere – programas de valorização económica de recursos endógenos, integra as termas de Alcafache, de Almeida (Fonte Santa), de Penamacor (Termas de Águas), Caldas da Felgueira e da Rainha, Longroiva, Luso, Manteigas, Monfortinho, Monte Real, Sangemil, S. Pedro do Sul, Unhais da Serra e Vale da Mó. Trata-se de uma rede que pretende reforçar a competitividade turística das estâncias termais da região Centro, através de uma lógica de trabalho em rede vocacionada para várias temáticas. É, igualmente, um projecto que visa incentivar e dinamizar o

desenvolvimento regional e a empregabilidade da região das Beiras. Dar a conhecer os benefícios das águas termais e combater a ideia de que as termas são apenas para seniores ou pessoas doentes, a Termas Centro apresenta estes espaços como uma experiência única, aliando os benefícios das águas nas vertentes da saúde e bem-estar à riqueza dos ambientes onde as estâncias se situam, com um vasto património cultural e gastronómico. Tratam-se, na sua maioria de espaços, de uma beleza e de um enquadramento paisagístico ímpar e próximos de locais de elevado interesse histórico e património natural.

Termas de Luso Mealhada As Termas de Luso contam com um conceito inovador de Medical Spa suportado por três valências complementares: Termalismo Terapêutico, Spa

Envolvida por uma paisagem verde, é um óptimo destino para fugir ao stress do dia-a-dia, recarregando energias através do bem-estar que um programa termal pode oferecer. As águas minerais do complexo termal brotam nas escarpas dos montes que formam o vale por onde corre o rio Côa a uma altitude de 560 metros. Telefone: 271 571 123 Telemóvel: 938607662

Termas do Carvalhal Castro Daire Estão situadas no limite Norte da Beira Alta, Distrito de Viseu, concelho de Castro Daire, no meio das bacias hidrográficas do Vouga e do Paiva, enquadradas pelas serras de Montemuro e de Arada. Dotadas de um moderno balneário, as suas águas são procuradas para doenças de pele, do aparelho digestivo e respiratório, reumáticas, apresentando-se como uma óptima estância de repouso. Telefone: 232 382 342 Telemóvel: 93 546 33 23

Termas de Monte Real Leiria A sua água é indicada para tratamento de afecções do aparelho digestivo (regularização da função intestinal), do aparelho respiratório (sinusite, bronquite, rinite, entre outras) e do aparelho músculo-esquelético (músculos, ossos e articulações).



70 | Termalismo

À descoberta da região

Termas de Monfortinho

Termas de Luso Conservando a sua fachada histórica, as Termas de Monte Real constituem-se como um dos maiores e modernos balneários termais em Portugal,ocupando mais de 5.000 metros quadrados inteiramente dedicados ao Termalismo Clínico e de Bem-Estar. É, por isso, um excelente local para descanso, revitalização e recuperação da forma física e mental. Telefone: 244 618 900 Email: info@@termasdemontereal.pt

Termas da Ladeira de Evendos Mação Enquadradas pela beleza agreste dos montes que a rodeiam, oferecem um conjunto de práticas termais que utilizam, desde há mais de cem anos, a riqueza hidromineral da água que brota da rocha a 21ºC, em abundante caudal, no chamado “Desfiladeiro de Águas Quentes”, para contribuir no restabelecimento da qualidade de vida de quem as procura e com efeitos terapêuticos reconhecidos. O balneário é um edifício de dois pisos, renovado em 1997, conservando a sua anterior estrutura simples dos anos 60. Telefone: 276 990 000 E-mail: termas@unicer.pt / termas.ladeira@unicer.pt

Termas de S. Pedro do Sul

Termas de Manteigas Manteigas Inseridas na Região Hidrotermal de Montanha, a sua água mineral é captada a cerca de 100 metros de profundidade, o que lhe garante pureza bacteriológica e estabilidade físico-química. Estas águas, que brotam de três nascentes distintas, atingem temperaturas elevadas (48ºC), o que as torna numa boa opção para curar doenças do aparelho respiratório, reumáticas e músculo-esqueléticas. Telefone: 275 980 300 Email: inatel.manteigas@inatel.pt

Termas do Cró Sabugal A utilização das águas medicinais do Cró remontam à era romana, mas a referência mais antiga data do Séc. XVIII, da autoria do médico Del’ Rei D. João V, que já na altura falava dos seus notáveis efeitos curativos. Dispõem de um novíssimo e moderno balneário termal com equipamentos de tecnologia de ponta e recursos humanos altamente qualificados, aliando a saúde, a prevenção e a manutenção ao bem-estar, através de serviços de termalismo terapêutico, bem-estar e fisioterapia. Telefone 271 589 000 Email:geral@termasdocro.com

Termas de Sangemil Tondela Abertas ao público desde 1994,com instalações renovadas em 1999, as características das suas águas têm levado à sua utilização para fins terapêuticos vários, com indicações para as patologias do foro reumatológico, em particular osteoartrites, e ainda na reabilitação das patologias músculo-esqueléticas e das artropatias resultantes de traumatismos com origens diversas. As Caldas de Sangemil são também indicadas para doenças respiratórias das vias superiores. Situam-se na freguesia da Lajeosa do Dão, junto às margens do rio Dão. Telefone: 232 672 460 Email:termasdesangemil@cmtondela.pt

Termas de S. Pedro do Sul São Pedro do Sul São a principal estância termal de Portugal e uma das maiores da Península Ibérica. Abertas durante todo o ano, estas termas dispõem de dois balneários termais que dão resposta a diferentes valências: termalismo terapêutico, fisioterapia e bem-estar termal. A água termal emerge do interior da terra com uma temperatura natural de 68,7º C. Caracteriza-

se como uma água fracamente mineralizada, “doce”, com reacção muito alcalina. É bicarbonatada, sódica, carbonatada, fluoretada, sulfidratada e fortemente silicatada. Telefone 232 720 300 Email geral@termasspsul.com

Termas de Alcafache Alcafache São uma tranquila e aprazível estância de tratamento, lazer e repouso, com um clima ameno e ficam bem no centro da Beira Alta, no belo cenário do vale do rio Dão. A funcionar desde 1962, o seu balneário tem sofrido um constante processo de crescimento e de melhorias, procurando oferecer maior qualidade e conforto. São um pequeno paraíso protegido da poluição e do stress das cidades num ambiente 100% ecológico com mais de 20.000 m2. Telefone: 232 479 797 Email: reservas@termasdealcafache.pt

Aquadome - Termas de Unhais da Serra Covilhã Inseridas no complexo hoteleiro H2otel/Aquadome, integram-se na paisagem, em perfeita comunhão com o Parque Natural da Serra da Estrela, centrando os seus serviços na

área de saúde, prevenção e bem-estar, em cinco áreas funcionais e complementares: aquatermas, aqualudic, aquacorpus, aquafisio e clínica. As termas situam-se na vila de Unhais da Serra, na vertente Sudoeste da Serra da Estrela, num vale de origem glaciar, a uma altitude de 750 metros e a cerca de 20 quilómetros da cidade da Covilhã. Telefone: 275 970 030 E-mail: geral@aquadome.com.pt

Termas de Águas – Fonte Santa Penamacor Situam-se numa zona calma e bucólica, ideal para o relaxamento e escape do stress urbano. A sete quilómetros da sede do concelho, Penamacor, esta vila apresenta-se como uma boa opção para umas férias repousantes, conciliáveis com as sessões de tratamentos. A sua água termal apresenta-se fracamente mineralizada, com reacção alcalina, sulfúrea, bicarbonatada sódica, levemente fluoretada e com significativa quantidade de sílica, estando indicada no tratamento de doenças de foro reumatológico (gonoartrose e dorsolombalgia) e de foro respiratório (rinosinusite). Telefone: 277 305 491


Termalismo | 71

À descoberta da região

Termas Vale da Mó Anadia A água mineral nasce bacteriologicamente pura, sem cheiro, e de sabor ligeiramente férreo. Tem uma elevada estabilidade, sendo, do ponto de vista iónico, uma água bicarbonatada magnesiana ferruginosa. “Moderadamente doce”, mas de reacção ácida, é hipotermal e fracamente mineralizada. Trata-se de uma “representante única deste tipo no património hidrológico português”. A única técnica termal utilizada é a ingestão de água. Para quem pretende tratar doenças do aparelho digestivo, tais como gastrohepáticas e anorexias, e do sangue, como anemias e carência de ferro, pode fazer a toma de água durante 14 ou 21 dias, de acordo com a prescrição médica. Telefone: 231 510 730 E-mail: geral@cm-anadia.pt

Termas de Caldas da Felgueira Canas de Senhorim Têm sido uma das grandes referências nacionais do termalismo nas últimas décadas, graças à aposta constante na formação

e na qualidade, tendo contribuído muito para uma nova imagem do termalismo português. A utilização da sua água mineral remonta ao século XIX, sendo indicada para o tratamento de doenças do foro respiratório, como asma, bronquite, rinite e sinusite, do foro músculo-esquelético, como a osteoartrose e a reabilitação articular e muscular, e dermatológico, como as dermatites e eczemas. Telefone: 232 941 740 E-mail: geral@grandehoteldafelgueira.pt

que ao longo do tempo foram procuradas pela maioria dos reis de Portugal para aí fazerem a sua cura anual. Telefone: 262 240 012 E-mail: termas@cm-caldasrainha.pt

Termas de Monfortinho Idanha-a-Nova

Termas da Curia Anadia O turismo de saúde e bemestar é o produto de excelência destas termas que, aliado a um conjunto de valências, promove um destino com todas as condições de conforto, tranquilidade e lazer para quem procura quebrar a rotina e recuperar energias. As características mineromedicinais das suas águas termais são um elemento diferenciador na prevenção e tratamento de patologias relacionadas com hipertensão arterial, metabólico-endócrinas, apare-

Termas de Unhais da Serra lho nefro-urinário, aparelho circulatório, reumáticas e músculo-esqueléticas. Telefone: 231 519 800 Email: reservas@termasdacuria.com

Termas das Caldas da Rainha Caldas da Rainha O Hospital Termal das Caldas da Rainha é o mais antigo do

mundo, datando do século XV (1485) a fundação, por ordem da Rainha D. Leonor, de um estabelecimento de banhos e um hospital termal. O pavilhão do Hospital Termal, construído em finais do século XIX, com as suas altas janelas, é um belo exemplo de arquitectura termal. As Caldas da Rainha são uma das mais importantes estâncias termais portuguesas

No sopé da serra de Penha Garcia, junto à margem direita do rio Erges, encontra-se uma das mais antigas fontes termais do país - a Fonte Santa, com um caudal que atinge os 36.000 litros/hora. Esta fonte é considerada a mãe das Termas de Monfortinho e enquadra-se num cenário onde a natureza permanece intacta. Neste paraíso natural, o ar e a água fazem maravilhas e conjugam-se factores naturais para a harmonia entre a natureza e a tranquilidade. Além de serem dedicadas à saúde, estas termas também disponibilizam serviços direcionados para o repouso, bem-estar e beleza. Telefone: 277 430 320 Email: secretaria@termasdemonfortinho.com ←


72 | Turismo Centro de Portugal | Marcas

À descoberta da região

MARCAS DE ELEVADA REPUTAÇÃO NO CENTRO

1 VISEU VISE U

S

ão nove as empresas identificadas pela Turismo Centro de Portugal que se destacam por levar o nome de Portugal e do centro de Portugal aos “quatro cantos do mundo”: Comur, Vista Alegre, Sociedade da Água de Luso, Nelo, Licor Beirão, Burel, Nest, Outsystems e Renova. Distinguem-se, na sua maioria, pela presença no mercado há várias décadas, tendo conseguido, ao longo dos tempos, adaptar-se às novas exigências do mercado, sem perder a sua essência e foco na qualidade, rigor e profissionalismo. As marcas mais recentes que escolheram o Centro de Portugal para se fixar ou para desenvolver o seu negócio primam, igualmente, pela exigência que colocam nos produtos que apresentam no mercado, distinguindo-se nas respectivas áreas em que actuam, contabilizando um grande número de clientes, de Norte a Sul do país, e além fronteiras, um pouco por todo o mundo. ←

AVEIRO AV VEI EIIRO

2

Comur Vista Alegre Sociedade da

GUARDA GUARDA

3

Água de Luso Nelo Licor Beirão Burel Nest OutSystems

Renova

4

6 7

COIMBRA C OIMBR RA

5 CASTELO BRANCO CASTELO BR ANCO ANC

8

LEIRIA L

9 Nove marcas potenciam a região “para lá” das fronteiras nacionais

TORRES TOR T OR RRE ES VEDRAS VED VEDR D AS

Vista Alegre mantém grande proximidade aos clientes A Vista Alegre é uma das mais antigas e prestigiadas marcas portuguesas. Foi criada em 1824 em Ílhavo, por um empresário visionário que tinha uma grande paixão pela porcelana e pela arte em geral. E isso acabou por ser decisivo pois, desde logo, juntou à qualidade dos materiais, o conhecimento técnico que trouxe de alguns países onde já se fazia porcelana e o conhecimento artístico. «Juntou na Vista Alegre o que de melhor existia na altura nesta área», realça Nuno Barra, administrador da Vista Alegre Atlantis nas áreas de Marketing, Design de Produto e eCommerce. Em 2009 o Grupo Visabeira comprou a empresa, sendo hoje em dia, a Vista Alegre uma das marcas mais importantes do seu sector a nível internacional. Agrega um grupo de unidades, nas quais se incluem fábricas de vários tipos de cerâmica (porcelana, grés e faiança), cristal e vidro de elevada qualidade e pres-

Vista Alegre tem sede em Ílhavo tígio, com o foco da marca concentrado em duas áreas principais: o retalho e a hotelaria. No retalho, a actividade concentrase nas áreas da mesa (onde também se inclui a cutelaria e caliçaria), decoração, presentes, bar & enologia, e peças de arte. Na

hotelaria, fornece toda a palamenta para hotéis e restaurantes, incluindo também a cutelaria e caliçaria. A Vista Alegre tem uma grande proximidade com os seus clientes, através das suas 27 lojas próprias de Norte a Sul do país, e

tantas outras em países como Espanha, Brasil, Angola, Moçambique, Dubai, África do Sul,para além dos muitos retalhistas espalhados por todo o mundo, «e isso permite ir acompanhando as mudanças das suas necessidades e gostos»,

explica o responsável. Para além disso, a empresa está presente nas grandes feiras internacionais e tem inúmeras parcerias com marcas de luxo e com criadores a nível internacional. Desta forma, a Vista Alegre tem possibilidade de reinventar os seus produtos e conceitos com o objectivo de se manter sempre uma marca actual. «Os prémios de design que ganhamos todos os anos a nível internacional,na Alemanha EUA, Itália,por exemplo, e só em 2019 foram 39, dão bem a ideia da proximidade que temos com os clientes e de como conseguimos transformar em produtos as novas necessidades. É um trabalho constante de análise, questionamento, criatividade e reinvenção», sublinha Nuno Barra. Para os próximos anos, a Vista Alegre tem um plano muito ambicioso em várias frentes, dando continuidade ao que tem vindo a ser feito e introduzindo novos projectos inovadores. «Esse plano mantém-se apesar de poder vir a sofrer alguns ajustamentos parciais e temporários dada a situação actual, mas várias novidades ocorrerão até ao final do ano», garante Nuno Barra. ←


Turismo Centro de Portugal | Marcas | 73

À descoberta da região

Renova, marca 100% portuguesa presente nos cinco continentes A Renova é uma marca portuguesa de produtos de grande consumo no segmento dos produtos de papel tissue. Desde sempre marca líder no nosso país, está presente nos cinco continentes desenvolvendo uma estratégia de inovação constante e lançamento de novas soluções. É ambição da Renova ser cada vez mais uma marca do quotidiano, capaz de oferecer propostas exclusivas e diferenciadoras, disponíveis em todo o mundo. As origens da marca Renova remontam à segunda década do Sec. XIX, datando de 1818 registos de uso de marca de água Renova em papel fabricado no local onde ainda hoje mantém a sua sede. 200 anos depois, a empresa 100% portuguesa comercializa esta marca em mais de 70 países, nos cinco continentes. Conta em 2020 com cerca de 620 colaboradores di-

Instalações da Renova em Torres Novas rectos, suportando duas unidades industriais e centro logístico em Portugal - Torres Novas, e uma terceira unidade produtiva em Saint-Yorre, França. Os primeiros anos de actividade da Renova foram dedicados ao fa-

brico e comercialização de papel de escrita, impressão e embalagem, iniciando no final da década de 50 um percurso pioneiro e muito inovador no desenvolvimento de produtos de papel tissue para uso doméstico e sa-

nitário. A Renova fundou em Portugal esse mercado, continuando ainda hoje a ser a marca líder. A sua forte matriz inovadora, agilidade organizacional e capacidade de antecipação de tendências, tem permitido apresentar continuadamente novas soluções para responder às necessidades e expectativas dos cidadãos. De referir que a Renova lançou, no início do milénio, a primeira gama de produtos de papel certificada com o Rótulo Ecológico da União Europeia. “Renovagreen” são produtos fabricados com papel 100% reciclado, acentuando uma estratégia fortemente comprometida com o ambiente. Mais recentemente, a marca lançou uma gama de produtos com embalagem em papel, biodegradável e reciclável, substituindo o plástico, como resposta a uma expectativa crescente dos cidadãos

em todo o mundo. A Renova consolidou ainda, recentemente, um plano de investimentos na construção em Torres Novas de uma nova unidade fabricação de papel tissue. A máquina de Papel Nº7 da Renova foi um projecto tecnologicamente inovador e pioneiro em toda a Europa, permitindo aumentar a sua capacidade de fabricação de papel em 50%. A marca garante que continua atenta à sociedade em que se insere, tentando sempre transformar ideias em soluções para surpreender os seus fãs e clientes e ao mesmo tempo criar oportunidades reais de negócio e valor. O trabalho desenvolvido pelas diversas equipas que formam a Renova é o fundamento e essência do desenvolvimento da marca que tenta surpreender o mercado, alavancando a credibilidade e notoriedade de uma marca cada vez mais global. ←


74 | Turismo Centro de Portugal | Marcas

À descoberta da região

Comur nasce da paixão pelo mar A paixão pelo mar foi sempre um símbolo e uma marca do povo português. Dessa paixão nasceu também a Comur, fundada em 1942 para agregar num mesmo espaço, com melhores condições, a actividade já desenvolvida por várias famílias da Murtosa na produção de enguias fritas que comercializavam nas feiras e romarias da zona Centro. Era uma forma de aproveitar os excedentes de peixe que a Ria de Aveiro na altura proporcionava. Com a criação do molho de escabeche, um conservante natural, o processo foi concentrado na fábrica e as enguias passaram a ser enviadas em barricas de madeira para os locais de consumo. Pouco depois da abertura, a Comur recebeu uma grande encomenda de enguias do exército italiano que acelerou bastante o seu crescimento. Embora mantendo o foco na produção de enguias, a Comur foi ao longo dos anos alargando a sua gama de produtos, com

Loja da Comur no Largo da Portagem, em Coimbra particular destaque para a sardinha. Rapidamente se transformou numa conserveira tradicional e “caiu na armadilha” da produção em grandes quantidades e baixos preços que a levaram a uma situação difícil, ultrapas-

sada em 2015 com a sua integração no Grupo Valor do Tempo. Desde então, concentrou-se na produção de conservas de valor acrescentado, comercializadas em lojas próprias que dão às conservas o merecido destaque. Um

desses espaços está situado no Largo da Portagem da cidade de Coimbra. São lojas que não passam indiferentes pela decoração original e apelativa, e onde as conservas são “rainhas”. «É a única estratégia que considera-

mos adequada para uma pequena conserveira localizada num país com a dimensão de Portugal», refere Paulo Moreira, gerente da empresa, que afiança ainda: «a própria criação da Comur é um exemplo de adaptação às condições e necessidades da comunidade e do mercado». Depois, para além da diversificação para novos tipos de conservas, «fomos introduzindo inovações que ainda hoje distinguem a Comur na indústria conserveira, como por exemplo os produtos fumados, a partir dos anos 50». A mais recente reorientação da estratégia da Comur visou adequar-se à evolução do mercado. No entanto, a qualidade dos ingredientes, a produção artesanal e, sobretudo, o amor e a paixão das mulheres da Murtosa pela sua actividade, para quem o trabalho manual tem a arte e o peso das gerações que se sucedem na já longa narrativa da Comur, «são características permanentes que fazem parte da nossa identidade e que nunca deixaram (nem deixarão!) de incorporar as nossas conservas, porque é a memória e a valorização humana que fazem perdurar a verdadeira essência da Comur». ←

Tecido da Serra da Estrela ganha nova vida com a Burel Factory A Burel Factory é uma marca portuguesa que surgiu de uma história «que fizemos progredir» e que nasce ao salvar um património da sua extinção: uma fábrica ancestral que sustentava uma vila inteira. Uma fábrica de burel, tecido feito de 100% lã, típico das montanhas da Serra da Estrela em Portugal, tradicionalmente usado por pastores da região desde que o tempo tem memória. «A fábrica tinha tanto de bela como de frágil, com um património industrial datado do século XIX, e métodos de produção mantidos desde o passado, saber antigo evidente nas mãos dos mestres da montanha que salvámos de uma falência iminente e não deixámos morrer» lembram os responsáveis da empresa. Tudo para oferecer um produto autêntico, genuíno, e com as raízes na cultura da região mais montanhosa de Portugal, elevando este tecido cultural, fazendo-o voltar a surgir nos ho-

Burel Factory tem sede em Manteigas rizontes da Serra da Estrela como um fio condutor à subsistência dos seus habitantes, e ao país como um ressurgimento de uma arte serrana antiga que sempre

deu bom nome à região do interior. Questionados sobre a forma como o burel tem evoluído ao longo do tempo, os responsáveis da empresa referem que quando

descobriram o burel, «era apenas um tecido monocromático usado por pastores. Foi aí que decidimos dar-lhe cor, de forma a garantir-lhe versatilidade na

aplicação. Com isso surgiram ideias desenvolvidas em conjunto com designers e arquitectos portugueses de forma a elevar o produto e de o tornar contemporâneo face às necessidades actuais do mercado». A partir daí, começaram a desenvolver peças de decoração, design e arquitectura de interiores e até moda. «É só estarmos atentos ao que nos rodeia», garantem. No futuro, é objectivo da Burel Factory continuar a apostar na arquitectura de interiores que continua a ser uma das áreas onde a empresa tem conquistado maior dimensão. «Continuaremos com um olhar atento ao design, apostando na internacionalização da marca com a continuada presença em feiras de design internacionais, de forma a levar não só o nosso produto ao mundo, mas essencialmente espalhar o bom trabalho que se faz em Portugal», concluem. ←


Turismo Centro de Portugal | Marcas | 75

À descoberta da região

Água de Luso: marca com mais de 160 anos de história A Água de Luso, natural da Serra do Bussaco, data de 1852, e é uma das marcas mais antigas de Portugal. Primeiramente reconhecida pelas suas propriedades termais, devido à sua temperatura de 28º e CO2, é indicada para tratamento de algumas patologias do sistema renal, circulatório e respiratório. Em 1903, Dr. Charles Lepierre realiza, pela primeira vez, uma análise bacteriológica à Água Mineral Natural de Luso e classifica-a de “puríssima” ou “água muitíssimo pura”. Depois da sua captação, armazenamento e processo de engarrafamento, as propriedades termais da água dissipam-se, podendo ser consumida por todos, sem restrições. «Na captação, armazenamento e método de engarrafamento são utilizados os melhores materiais e as mais cuidadosas tecnologias que protegem, sem alterar, as características originais», referem os

Instalações da Sociedade da Água de Luso responsáveis da Sociedade da Água de Luso, marca de referência com mais de 160 anos de história. Ao longo dos tempos, a Água de Luso é responsável por diversas inovações no mercado das

águas engarrafadas, com a inovação a fazer-se também ao nível da sustentabilidade como a redução da altura das cápsulas e da redução de plástico e utilização de plástico reciclado nas garrafas. Recentemente, a marca

renovou as garrafas de vidro retornáveis, que acompanharam a marca desde o lançamento, introduzindo o símbolo FSC (Papel proveniente de Fontes responsáveis), em todos os rótulos. Esta é «única água do

mundo» com licença de Marca “Produto certificado”, passando «regularmente por rigorosos processos de validação e controlo em laboratórios internos, oficiais e outros independentes». A nível nacional, a Água de Luso tem sido distinguida pela “Marcas de Confiança”, vencendo este ano pela décima primeira vez consecutiva. Já a nível internacional, no concurso Monde Selection de la Qualité, foi galardoada com a Grande Medalha de Ouro, por onze anos consecutivos. A preocupação crescente com a comunidade que a rodeia e o impacto das marcas no meio ambiente é uma constante no seio da empresa. Neste campo, refira-se que a Sociedade da Água de Luso continua a conservação da Serra do Bussaco: em 2019 e 2020, plantou 35.000 árvores no âmbito do patrocínio das principais corridas em Portugal, do Maratona Clube de Portugal, que por cada inscrição comprometemos a plantar uma árvore. «Um projecto gratificante para os consumidores e todos nós» realçam os responsáveis.←


76| Turismo Centro de Portugal | Marcas

Licor Beirão é apreciado em mais de 80 países

Licor Beirão está instalado na Quinta do Meiral, Lousã O licor que viria a dar origem ao Licor Beirão nasceu no século XIX, numa farmácia da Lousã. Em 1910, era proibida a venda de licores em farmácias e a produção desse e de outros licores passou a ser feita numa fábrica de licores, na mesma vila. Em 1928,

foi trabalhar para esta fábrica apenas com 12 anos de idade José Carranca Redondo. No ano seguinte, em 1929, o licor ganhou o nome de Licor Beirão, como homenagem ao II Congresso Beirão realizado em Castelo Branco. José Carranca Re-

dondo tornara-se, entretanto, vendedor da marca norte-americana de máquinas de escrever Remington, mas viu-se no desemprego quando este fabricante canalizou a sua produção para o esforço de guerra durante o segundo conflito mundial. Em

À descoberta da região

vez de aceitar um emprego mal pago, José Carranca Redondo comprou a fábrica de licores, em 1940, dando início a oito décadas de uma história única. Carranca Redondo foi um pioneiro da publicidade em Portugal e encheu o país de anúncios ao Licor Beirão. Os cartazes à beira da estrada eram proibidos no início da década de 1960, mas Carranca Redondo colocava-os, enfrentando a justiça e ganhando esses litígios nos tribunais sem ajuda de advogados. Havia publicidade ao Licor Beirão na televisão, nos táxis, nas casas-de-banho de cafés e restaurantes ou até no verso de sinais de trânsito. Desta forma, e desde há 80 anos, a publicidade e o marketing fazem parte do ADN da marca e isso continua a ser bem visível nos nossos dias. O marketing é importante, mas como muitas vezes salienta José Redondo, filho de José Carranca Redondo, não resulta se não existir um bom produto. O Licor Beirão é uma receita secreta de 13 especiarias, plantas e sementes aromáticas que agrada aos portugueses e a apreciadores em mais de 80 países. No início do século XXI, os netos de José Carranca Redondo

davam os primeiros passos na J. Carranca Redondo Lda., uma empresa familiar, e perceberam que a marca estava envelhecida e distante das preferências dos jovens. Era preciso reagir e o que fizeram permitiu obter grandes resultados: a produção anual da bebida que é líder do mercado de espirituosas em Portugal passou de um milhão e meio de garrafas, em 1999, para mais de quatro milhões actualmente. Mais uma vez, o marketing e a publicidade deram uma ajuda. Por outro lado, a marca começou a promover cocktails à base de Licor Beirão com grande sucesso, como o Caipirão e o Morangão, dois cocktails que continuam muito apreciados. Menos conhecida do grande público, mas outra grande contribuinte para o sucesso da marca nos últimos anos, a criação de uma distribuidora própria, a Companhia Espirituosa, que, além do Licor Beirão, tem no seu portfólio muitas outras marcas, nacionais e estrangeiras. Paralelamente, foi criada a Liquid Company, que garante a exportação do Licor Beirão e os resultados também não se fizeram esperar, com a expressão da marca além-fronteiras a crescer a olhos vistos. ←

Marca “Nelo” é líder mundial na produção de caiaques e canoas Nelo é empresa líder mundial em caiaques e canoas de alto desempenho e a principal inovadora em canoagem, desde a concepção de barcos até à prestação de vários serviços associados à tecnologia Este knowhow foi expandido a novas áreas e a Nelo conta, agora, com uma base sólida em todos os desportos a remos, incluindo stand up paddle, enquanto ainda desenvolve e produz fortes cascos em compósito para outros desportos, mostrando grande versatilidade na produção de todos os tipos de equipamentos compósitos para desporto sob outras marcas. A empresa foi criada em 1978 por Manuel Ramos, antigo atleta de canoagem, e está agora localizada em Vila do Conde, Portugal. A fábrica tem uma área de 20.000 m2 onde trabalham 150 funcionários, dos quais um grande percentagem pratica ou praticou canoagem. A inovação é grande parte da sua essência,

Centro de Treinos da Nelo situa-se, na região Centro, na Agueira pelo que, constantemente, procura melhorar e desenvolver novos conceitos e ideias. Todos os modelos são desenhados e concebidos na empresa, com a ajuda de qualificados profissionais. Com uma rede de 40 agentes re-

vendedores oficiais, a Nelo está presente em mais de 100 países. Por todos estes motivos, a Nelo «é a marca mais reconhecida, valorizada e premiada no mundo da canoagem». Mais de 75% das embarcações que participaram

nas principais competições mundiais e continentais são da marca Nelo, equipando as nações de todo o mundo. «Os nossos barcos recolheram um total de 93 medalhas Olímpicas; sendo que, apenas, em 2016, no Rio de

Janeiro saímos com 27 medalhas em 36 possíveis» lê-se no site oficial da empresa. Para permitir que atletas e equipas tenham à sua disposição o melhor equipamento possível, a Nelo criou a Nelo Rental, fornecendo ainda centenas de barcos para eventos de corrida, assegurando toda a logística. Fora da época de competições, atletas individuais e equipas podem exercitar-se, ao longo de todo o ano, incluindo no Inverno, nos centros de treino da marca, os quais se encontram localizados em locais perfeitos para desportos aquáticos e completamente equipados com serviços Nelo. São quatro, de Norte a Sul do país, e um deles situa-se na região Centro, integrado na belíssima paisagem da Aguieira (Montebelo Aguieira Lake & Resort), estando preparado para equipas grandes e profissionais que necessitam de ter acesso ao equipamento completo de canoagem. ←



78 | Turismo Centro de Portugal | Marcas

À descoberta da região

Nest é projecto âncora da iniciativa Turismo 4.0 na Covilhã O NEST – Centro de Inovação do Turismo, projecto âncora da iniciativa Turismo 4.0, que tem como objectivo posicionar ainda mais Portugal como líder global de inovação no sector, foi inaugurado a 18 de Julho de 2019, na Covilhã. Com a missão de promover a inovação e o uso da tecnologia na cadeia de valor do turismo, o NEST - Centro de Inovação do Turismo tem como principais prioridades de actuação a experiência dos turistas, “big data & analytics”, soluções em sustentabilidade e competências digitais. O objectivo é apoiar o desenvolvimento de novas ideias de negócio, a experimentação de projectos e a capacitação das empresas na transição para a economia digital, posicionando-se como um pólo de referência internacional em dois principais campos: empreendedorismo e desenvolvimento de soluções inovadoras para o sector.

Centro de Inovação do Turismo foi inaugurado em Julho de 2019, na cidade da Covilhã

“Unicórnio” OutSystems é líder no mercado de plataformas low-code A OutSystems apresenta-se como uma empresa líder do mercado de plataformas low-code para o desenvolvimento rápido de aplicações. Milhares de clientes em todo o mundo confiam na OutSystems, a plataforma número um neste sector de actividade. Engenheiros com uma atenção obsessiva aos detalhes criaram todos os aspectos da plataforma OutSystems para ajudar as organizações a criar aplicações de nível empresarial e a transformar os seus negócios mais rapidamente. A OutSystems é, assim, a única solução que combina o poder do desenvolvimento low-code com recursos móveis avançados, permitindo o desenvolvimento visual de portfólios inteiros de aplicações que se integram facilmente nos sistemas existentes. Fundada em 2001 por Paulo Rosado, engenheiro informático alentejano que começou a car-

reira na Oracle, em Silicon Valley, e que a Forbes estima ter uma fortuna superior a 300 mi-

lhões de euros, a OutSystems tornou-se em Junho de 2018 um “unicórnio” – designação usada

para as empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares – após obter um financiamento

O seu edifício sede, situado na Covilhã, é também inovador, indo ao encontro dos objectivos da Estratégia Turismo 2027, no âmbito da qual se pretende criar valor por todo o território da região, ao longo dos vários meses do ano. Trata-se de um espaço para uso gratuito de estudantes, startups e promotores de ideias que precisam de um lugar para trabalhar ou que simplesmente pretendem reunir com outras pessoas para compartilhar visões e ideias de negócio. O escritório possui quatro áreas diferentes que podem acomodar conferências, reuniões criativas ou simplesmente uma mesa para trabalhar por um dia. De referir ainda que o NEST Centro de Inovação do Turismo é uma associação de direito privado sem fins lucrativos, constituída em Fevereiro de 2019 por oito entidades fundadoras: ANA Aeroportos, Brisa, Google, Microsoft, Millennium BCP, NOS, BPI e Turismo de Portugal.←

do Goldman Sachs e da KKR. Líder mundial em desenvolvimento rápido de aplicações low-code, tem presença em Proença-a-Nova (região Centro), Linda-a-Velha (Oeiras) e Braga (Norte). Fora do país, a OutSystems, que fechou 2018 com receitas recordes superiores a 100 milhões de dólares, tem instalações nos Estados Unidos (Atlanta e Boston), Reino Unido, Holanda, Alemanha, Emirados Árabes Unidos, Singapura, Japão e Austrália. Há alguns anos, os sistemas de tecnologia da informação com que as empresas trabalhavam eram os mesmos do início do século, quando a OutSystems foi fundada. As empresas compravam pacotes de software e depois contratavam grandes consultorias, Deloitte ou Accenture, por exemplo, para desenvolver um aplicativo personalizado que mudaria mensalmente, de acordo com a dinâmica dos negócios. Então, a OutSystems “arriscou tudo” diferenciando o seu negócio dos concorrentes. Dessa forma, a empresa de tecnologia de informação conseguiu alcançar a notoriedade que tem até aos dias de hoje. ←




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