Devaneios de um ativista sedentário Diego Nascimento
Os noticiários dizem que o mundo está mergulhado no caos e que ninguém mais tem esperança e confiança nas pessoas. De fato, o mundo está bagunçado, mas as pessoas tem salvação, ainda. Como disse certa vez um amigo meu: A maioria é boa. No entanto, de boas intenções o inferno está cheio, eles dizem. Eu não seria tão radical assim. O que vejo nas redes sociais é totalmente o oposto de inferno. No fundo, as pessoas são bem intencionadas e sempre estão dispostas a ajudar ao próximo. Minha vizinha, por exemplo, compartilhou a foto de um bebê doente no Facebook, pois assim serão doados cinco centavos para o seu tratamento. Algumas pessoas, sem coração no mínimo, disseram que ela é uma velha sem inteligência por tal atitude. Ora...como ousam criticar um ser tão generoso como a dona Gertrudes?!? O bebê será salvo graças a ela, não é? Eu também acabei entrando nessa onda. Afinal, eu quero ir para o céu. Por isso, acabei aderindo a várias campanhas, das mais variadas possíveis. Compartilhei fotos de animais mutilados e externei a minha indignação para os meus amigos. Também dei “likes” em fotos de crianças com deficiência e perguntei quantas curtidas a princesa merece. Acredito que essa atitude fará com que elas tenham melhoras em seu quadro clínico. Mas o que me deixa orgulhoso mesmo é “curtir” fotos de crianças famintas e desnutridas da África. A cada curtida eu consigo imaginar esses pequenos seres dizerem: “Obrigado, moço! Esses “likes” parecem ser deliciosos”. Enfim, eu sou um cara legal.