Suplemento Sampa + Cosplay

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Suplemento Sampa + Cosplay

USJT

Novembro de 2014

COSPLAY

O cosplay nada mais é que a representação de um personagem fictício, sendo que, pode derivar-se de diversos meios da cultura pop em geral, entre os mais conhecidos e mais praticados e da mesma forma os mais tradicionais não só no Brasil mais no mundo inteiro, estão os cosplayers de Anime, HQs, Mangas e Gamers


Editorial

UM COSPLAY DE EDITORIAL

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Expediente

termo ‘cosplay’ tem como origem a expressão japonesa Kosupure, que deriva do inglês Costume roleplay, traduzindo para o português po- Diretor da Faculdade de demos entender o cosplay como a representação de um LACCE: Profº Rosário Antonio personagem, tendo como ideia principal a interpretação total D’Agostino. do herói, imitando a sua personalidade, maneiras de agir e falar. Foi no país nipônico a partir dos anos 80 que a prática do cosplay ganhou popularidade e visibilidade mundial, depois que Nobuyuki Takahashi decidiu levar para o Japão após uma visita a Worldcon, uma famosa feira de ficção cientifica nos Estados Unidos em meados de 1939, e ver uma fantasia criada por Forrest J. Ackerman que fazia referência a um filme da época chamado Things to Come. Há também o termo cosplayer, nome normalmente dado às pessoas que praticam e fazem o cosplay, seja ele um derivado dos Animes e mangas japoneses, HQs americanas, vídeo games ou da literatura. Para muitos cosplay pode ser considerado um Hobby, mas para outros cosplay é coisa profissional. Acho que deu para entender mais ou menos o que é o cosplay e um pouco de sua história não é? Então essa edição do Sampa + contém todo o conteúdo necessário para entrarmos de vez nesse mundo de “fantasias”. Logo de iniciou podemos conhecer um pouquinho melhor sobre o mundo dos cosplayer graças a nossa entrevistada Roberta Castro. Seguindo pelo suplemento também vemos uma outra modalidade do cosplay, o popular e muito aclamado Cospobre. Também é legal conhecer um pouquinho mais sobre a galera do cosplay voluntário e como esses super-heróis trabalham. Na sequência contamos com matérias especiais para aqueles que gostam ou gostariam de saber e conhecer os valores desse universo, da mesma maneira como há aqueles mais curiosos, que gostam de saber como são feitos os julgamentos das competições. Também abordamos o lado psicológico dessa galera, e qual são as perso-

Equipe

Coordenador do Curso de Jornalismo: Profº Anderson Fazoli.

Sampa + Cosplay é uma publicação experimental produzida por alunos do segundo ano do curso de jornalismo (2ACSMJO, 2BCSNJO e 2MCSNJO), para a disciplina Processo de Captação e Edição em Jornalismo Impresso (Procedji), sob orientação da professora Ms. Jaqueline Lemos. Estes fascículos apresentam vários temas (21) relevantes para conhecer a cidade de São Paulo. Novembro/2014 EQUIPE Editor(a): Gabriel Oliveira RA: 201313345 Repórteres:

Denize Moraes RA: 201200808 Diego Cruz do Nascimento RA:201301762 Felipe Mascari RA: 201302907 Guilherme Vieira RA: 201001024 Taine Santos RA: 201210361 Tamiris Versannio RA: 201202108 Yuri Cavichioli RA: 201313086

Diagramação e Impressão: Amanda Esteves

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Pingue-pongue

Se vestindo de alguém

Muito mais que fantasias, sendo cosplay Roberta Castro pode realmente realizar o seu sonho de ser um super herói Gabriel Oliveira Leite

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cosplay nada mais é que a representação de um(a) personagem fictícia, sendo que, pode derivar-se de diversos meios da cultura pop em geral, entre os mais conhecidos e mais praticados e da mesma forma os mais tradicionais não só no Brasil mais no mundo inteiro, estão os cosplayers de Anime, HQs, Mangas e Gamers. Entre essas pessoas encontramos uma em especial, Roberta Castro ou popularmente conhecida como Rôcoco por grande parte dos conhecedores do universo cosplay. Roberta é uma técnica em Design gráfico e que desde 2006 entrou para o mundo dos cosplayers interpretando suas personagens favoritas na grande maioria dos eventos que acontecem na grande São Paulo. Roberta não costuma participar de campeonatos, apesar de demonstrar qualidade e criatividade na criação de suas fantasias ela contou para o Sampa+ que não costuma fazer cosplay competitivo e revela nem se importar com esse tipo de modalidade, apenas procura fazer cosplay de suas personagens favoritas para o seu próprio divertimento. Sampa+: Quando surgiu a ideia de fazer cosplay? O que te levou a fazer? Roberta: Bom eu curto muito anime desde pequenininha, eu comecei a querer fazer cosplay quando eu ainda estava no colegial e também não tinha muita grana e na época também não tinha muitos lugares para comprar coisas importadas e então resolvi fazer uma Misa Misa de armário igual o pessoal sempre faz, usei uma peruca barata, costurei a própria roupa, foi demais, foi em 2006. Sampa+: Quais são seus animes favoritos? Roberta: Kill La Kill, Chrno Crusade, Yu Yu Hakusho e Slam dunk. Sampa+: Quanto tempo você costuma levar para se fantasiar? Roberta: Para me maquiar demoro mais ou menos uma hora, para me vestir é rapidinho, venho para os eventos já vestida que é para passar bastante vergonha na rua acho legal ver as pessoas imaginando o que você usa.

Sampa+: Você já sofreu com algum tipo de preconceito por causa do cosplay? Roberta: Já. A minha família acha que eu sou meio infantil, no metro as pessoas ficam olhando feio ás vezes mais a pior foi uma mendiga que cuspiu em mim na rua uma vez.

Roberta: Olha, eu não vou falar aquelas coisas de “ai meu Deus é um hobby muito caro”, nem algo assim, tem algumas coisas que ás vezes você precisa investir, mas fazer cosplay é uma coisa muito bacana. Aprender a fazer muita coisa para sua vida tanto como pessoal e profissional, você irá aprender a se organizar melhor, a ter uma desenSampa+: O que o cosplay agre- voltura melhor na vida. Fora que gou para você na sua vida pes- vai estar interpretando um persosoal e também profissional- nagem que você gosta e isso para mente? mim não tem preço. Foto por Gabriel Oliveira Leite Roberta: Pessoalmente mudou que eu agora tenho uma desenvoltura melhor para me lidar com as pessoas, falar com as pessoas, conhecê-las melhor nas apresentações e tudo mais para ter uma dicção melhor mesmo eu falando enrolado, melhorou muito assim eu acabo me sentindo mais segura ás vezes e até muito mais bonita é Roberta Castro fazendo cosplay Ryuko muito legal! Sampa+: Qual a dica que você deixaria para quem está começando a fazer cosplay e para aqueles que querem começar?

“Interpretar um personagem que você gosta não tem preço!” Sampa+ | 3


Reportagem

Personagens ganham vida através dos fãs Jovens e adultos se travestem e tornam real o universo de animes, séries de tv e livros Tamiris Versannio

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osplay é a abreviação aceita para ‘Costume Player’, que em tradução livre, significa customização de personagem. São fãs de ficção literária, cinematográfica, cientifica, mangás e animes que dão movimento e ação aos seus personagens prediletos. Na década de 30, em uma Wordcon, convenção de ficção cientifica, nos Estados Unidos os presentes foram surpreendidos por um casal que visitou o evento usando fantasias do que seria um traje espacial. A partir daí outras pessoas fizeram o mesmo em edições posteriores da feira; presente em uma dessas convenções o jornalista Nobuyuki Takahashi, através da revista Ficção Científica, apresentou aos japoneses a ideia que logo foi adaptada e adequada para as personagens dos mangás. No Japão feudal era comum o uso de fantoches para narrar lendas locais essas histórias foram transcritas e ilustradas e assim ganharam forma os primeiros mangás: histórias em quadrinho que seguem ordem de leitura diferente das HQ’s ocidentais, do fim do livro até o começo, da esquerda para a direita. Anime, geralmente, é a representação em animação de um mangá, a história sai do livro e passa para a tela, como as adaptações cinematográficas para o cinema. No Brasil, o fenômeno dessa cultura chegou na década de 90, com a popularização dos animes durante as primeiras convenções e foi assimilado pelos brasileiros, na

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época, apresentados ao anime ‘Os Cavaleiros do Zodíaco’ exibido pela rede Manchete de TV. Hoje o país é o segundo maior mercado para Costume Stores (lojas que vendem artigos para confecção de fantasias) além de receber dois dos maiores eventos desse segmento: Anime Friends e as seletivas para a World Cosplay Cup. Cosplayer é a definição para os adeptos do cosplay. Sem censura etária, em feiras e eventos tanto de mangás, animes e ficção, crianças, jovens e adultos são vistos trajando as fantasias mais irreverentes que puderam elaborar. SAMPA+: O que fez você se tronar cosplay? “O que me atraiu na série é a visão da evolução do homem, não só na tecnologia, mas e principalmente a evolução de pensamento do homem. Na série, não há distinção entre as raças, a diversidade é algo tão comum como beber água.”, disse Nair Flores, 42 anos cosplayer de B’tdor, da família Duras, dos Klingon (personagem da série de tv Jornada nas Estrelas de 1966) há dois anos e parte do fã clube da série há 10. SAMPA +: Fazer cosplay trouxe que benefícios para você? “Fazer Cosplay mudou a minha vida. Se eu não tivesse entrado nesse mundo eu não estaria nem aqui falando com você, por vergonha mesmo, sempre fui muito reservada e o cosplay mudou isso em mim, sabe? A gente conhece muita gente nos eventos e na internet e percebe que não está sozinho gostando de algo que a maioria dos seus amigos não gosta e isso te dá força” disse a adolescente Suhailah Saleh, 15, cosplayer que não esconde a predileção pelo

mangá Mary Kozokura. A literatura também entrou no universo Cosplay. Com as personagens das sagas ‘O senhor dos Anéis’, de J.R.R. Tolkien, ‘Harry Potter’, de J.K. Rolling e o mais recente fenômeno mundial ‘Jogos Vorazes’, de Suzanne Collins os leitores viram a oportunidade de tornar reais seus personagens. Michelle Martinuzzo, 16, segue uma ‘linha’ cosplayer diferente da amiga Suhailah: “Eu faço ‘cos’ literário, meu cosplay predileto é a Belatrix Lestrange”, diz Michelle, sem refletir, diagnosticada pelo SAMPA+ como Potterhead (fãs assíduos da saga Harry Potter. SAMPA+: Psicólogos declaram como “fuga da realidade” mergulhar em um universo imaginário e transportá-lo para o real através das representações dos mesmos. Você concorda? “Não acho que seja fuga de nada. É uma maneira de você manifestar a sua admiração por aquele trabalho, por aquela personagem e tudo que uma história pode significar para você.” declara Letícia Verissímo, 16, adepta da linha Cosplay Literário. Foto por Victor Palaci. Edição Laura D.

Suhailah Saleh

“Fazer cosplay mudou a minha vida”


Reportagem

Cosplay Voluntário é sinônimo de felicidade para as crianças

Inspirados nos heróis da TBV, jovens se tornam protagonistas de sorrisos Felipe Mascari

Foto por Elisa Marques

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uando o grupo passa pela porta da instituição o semblante em cada criança se renova, onde cada uma se sente num sonho ao ver seus personagens favoritos. De um lado, brincam de pega-pega com Link, do outro, Ash pinta um homem aranha no rosto de um menino, é possível até jogar Twister o com Kakashi. Os desenhos saem da televisão, ganham vida e levam diversão para a molecada. Inspirada na fundação Heroes 4 Higher dos Estados Unidos, Elisa Marques, 22, através de uma comunidade do Orkut, em março de 2009, idealizou a criação de uma equipe para realizar trabalhos voluntários. “Tudo surgiu de um modo causal, pois eu tinha acabado de comprar minha primeira fantasia e achei que seria um desperdício só usar nos encontros, então resolvi buscar uma utilidade”, explica Marques, a idealizada. Após a ideia, a realização foi se encaminhando de forma lenta. Inicialmente, poucas pessoas se interessaram pelo projeto, dificultando a organização do calendário e da arrecadação, atrasando a primeira visita, porém, realizaram a primeira adoção de cartas de Natal, atendendo alguns pedidos de crianças. Após um ano, foi dado início as visitas às ONG’s, no lar Mamãe Clory. Contando com 15 pessoas, as visitas ocorrem de forma esporádica, mas há um limite de seis ao ano. Os voluntários não conseguem realizar mais trabalhos por

Pedro, Brunno e Amanda preparando o local da visita conta da restrição de tempo, já que maioria das vezes elas interagem todos estudam e trabalham, e nos muito conosco e se divertem com tempos livres fazem uma prepa- as brincadeiras que o grupo proração, indo à instituição para co- põe”, afirma Brunno Milhomem, nhecer o local, ver o número de 25, cosplayer do Link da série de crianças e como serão divididas as jogos Zelda. tarefas. Para Amanda Ataídes, 22, mais O Cosplay Voluntário faz ativi- conhecida como Ash, o sorriso dades de recreação diversificadas dos jovens após as visita é algo nas entidades: pinturas no rostos, impagável. “É muito gratificante Twister, Uno, jogos de tabuleiro, cada expressão, poder ver no final desenhos para colorir. Se caso o a criançada sair pintada, com válocal tenha espaço ao ar livre, tam- rios bichinhos de balão debaixo bém é proposto brincadeiras como dos braços, dando risada, isso me pega-pega, queimada, futebol e deixa sempre animada, tem um vôlei. Em datas especiais (Natal e valor enorme pra mim, porém é Dia das Crianças) o CV leva lem- algo quem preço, além de ir embobrancinhas com doces e material ra com sensação de que deu tudo escolar. certo”, conta Ataíde. Vestidos de diversos personaA equipe ainda busca novos gens, alguns integrantes causam membros para desenvolver novas curiosidade e até receio. “A reação atividades, entretanto, o Cosplay das crianças é sempre muito ba- Voluntário não aceita doação mocana, muitas gostam, outras tem netária e não faz parceria com emmedo, mas todas ficam curiosas e presas, ou seja, todo dinheiro vem surpresas. É a mesma situação de dos próprios membros do projeto. um Papai Noel em época natalina nos shoppings. Tem quem abraça, puxa a barba e se esconde, mas na

“Cada expressão é gratificante” Sampa+ | 5


Reportagem

Uma paixão que vale investimento Praticantes e colecionadores não poupam esforços para alimentar seus hobbies Guilherme Vieira

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indústria do Cosplay é composta por diversos elementos. Sejam concursos de fantasias, coleções de mangás, acessórios ou compra de roupas caracterizadas, uma coisa é certa: ela movimenta muito dinheiro. Prova disso são, por exemplo, os trajes customizados, muito populares no Brasil atualmente. As fantasias usadas para Cosplay são, sem dúvida, muito bem planejadas e trabalhadas, sempre buscando causar uma boa impressão em quem as observa. Sejam usadas para participar em grandes concursos, visando alguma premiação, ou apenas para satisfação em vestir a roupa sem se importar com a atenção que obterá, não podemos negar que elas possuem muito charme, fugindo da realidade daquilo que estamos tão acostumados a ver em nosso dia-a-dia. Obviamente, a participação em um concurso de cosplay é algo que não sai barato. “Bom quando o assunto é concurso fica caro, o valor se estima pelo personagem. Dependendo do qual pode chegar a até mais que 1000 reais. Ou dá Foto por Equipe Sampa+

Evento de cosplay

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pra fazer artesanalmente se conhecer profissionais ótimos ou entender bastante. Até porque um “cos” pode ser usado em outras oportunidades”, diz Felipe Diocélio, 22 anos, estudante de artes visuais. Com tanto cuidado na produção dessas roupas e seus acessórios, pessoas que não possuem muito contato com, ou desconhecem totalmente o mundo dos cosplayers talvez pensem que é impossível produzir algo assim sozinho, e que todos adquirem seu vestuário já pronto por terceiros. Certamente esta seria a alternativa mais fácil, mas os praticantes de Cosplay gostam e se orgulham de produzir sua própria vestimenta. Claro que tal opção ainda exige seus investimentos para compra de materiais e dá mais trabalho. Porém, é aí que voltamos ao elemento que funciona como grande motivador deste universo e de seus habitantes: a diversão. No meio dos fãs de cosplay certamente os concursos são a grande manifestação da sua paixão pelo tema, tendo em vista os investimentos feitos por quem os leva a sério. Porém, obviamente não é a única. Muito dinheiro é gasto também por quem vai aos eventos relacionados apenas para adquirir acessórios como figuras de ação, réplicas, camisas temáticas. “Sim, tem muita gente que vem só pra assistir aos concursos de cosplay e comprar produtos. Essas camisas de animes são bem populares, nós vendemos

elas por 25 reais”, diz Anderson, 26 anos, vendedor de produtos relacionados a anime em um evento realizado recentemente em Guarulhos. Porém, não apenas as franquias de anime e mangá lucram nesses eventos. Podem ser encontrados também muitos produtos relacionados a filmes e séries de televisão. “Coleciono tudo relacionado a Harry Potter. Não só acessórios, mas também roupas, DVDs, blu-rays, miniaturas, réplicas e afins. Por exemplo uma réplica da Nimbus 2000, vassoura utilizada pelo Harry em vários filmes custa em torno de 1,500 reais dependendo de onde você comprar”, declara Renan Lucas, 21 anos, estudante. Como já foi observado, praticar Cosplay é uma atividade que exige muito investimento dos seus adeptos. Confeccionando roupas e equipamentos, até mesmo importando um acessório para ter um “Cos” ideal. Nem todos acreditam que é possível um futuro em que haja uma profissionalização do seu hobby, como diz Felipe Diocélio: “Observando as modificações no mundo hoje, com a tecnologia e respondendo pelo meu conhecimento de eventos federados de cosplayers, eu acho bem difícil alguém ganhar grana com “Cos” como profissional. Seria mais fácil nos requisitos de fazer artesanato. Mas vestido e participando acho muito difícil. Se tivessem investido antes, quem sabe”.

“Há um elemento que funciona como grande motivador deste universo e de seus habitantes: a diversão”


Reportagem

Julgando o faz de conta

Os personagens que antes estavam só nos quadrinhos, televisão ou cinema, hoje estão em eventos, e agora são analisados por profissionais

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Yuri Cavichioli

oje você que pensa que ser cosplay é apenas uma diversão ou hobbie, para muitos, já deixou de ser tão simples. Agora tomou uma atmosfera muito maior, as pessoas que vão caracterizadas de seus personagens, podem participar de concursos e ganhar prêmios com isso, e também, se divertir e provar que sabem tudo sobre seu ídolo. Com isso, a conclusão é: se existe um concurso, também existem as pessoas que julgam, e também existem critérios para que haja um vencedor. Flavio Aguilera (mais conhecido como Fly-Aguilera), é cosplayer como hobbie e profissional. Tem 26 anos, está na área há mais de 10 anos, e é bem reconhecido no cenário nacional por pessoas ligadas a essa modalidade de evento. Ele já foi jurado, e nos contou como são avaliados os critérios para os concursos: “é dividido em duas partes, a primeira é o desfile, que como o próprio nome diz, é um desfile parecido com o de modelos em passarela, que conta bastante o carisma do personagem representado. E também tem a categoria tradicional, a pessoa tem que trazer um CD com áudio do personagem, para fazer uma apresentação, nesse caso nós vamos avaliar, a performance no palco, o carisma e a atuação, e vai ser dado a nota, de zero a cinco”, completou. Os jurados são definidos pelos organizadores dos eventos, e o conjunto desses jurados, tem a denominação de “banca”, os participantes devem se inscrever antes

dos eventos com seus documentos. Guilherme Alvim, tem 20 anos de idade, é cosplayer há quase um ano, novo ainda nesses eventos, ele nos contou como foi a primeira experiência em disputar nesse concurso: “me fantasio mais pela diversão, gosto de Star Wars, e gosto de me fantasiar do personagem Luke Skywalker. Uma vez eu participei de um concurso, como foi a primeira vez foi meio assustador, muita ansiedade em cima do palco, o importante é que o pessoal gostou e eu também”, conta o jovem cosplayer. Pessoas que avaliam nos eventos, geralmente já foram ou ainda são cosplayers, é importante para que você avalie, você ter vivenciado o outro lado, o sentido de quem julga fica mais aguçado. Engana-se quem pensa que só quem faz parte desse estilo de vida é só os mais jovens, em cobertura feita em Guarulhos, no evento “Anime Guarulhos Festival” era notório as pessoas com seus trinta e tantos anos, com suas fantasias e caracterização de personagens, muito bem executadas. Flavio Aguilera, estava no local, como apresentador e também como cosplayer, caracterizado do personagem Jack Sparrow (personagem do filme Piratas do Caribe). Com a crescente notoriedade dos cosplayers no mundo, vai crescendo a busca por gente que entenda desse assunto. O maior evento cosplays no mundo é o Comiket, acontece duas vezes no ano (uma no verão e outra no inverno) tem filas enormes com mais de 5 mil pessoas, pois há

um limite para a lotação do ambiente. Nos EUA o maior evento é o Otakun. E no Brasil os maiores evenos são: Anime Friends e Anime Summer. Existem algumas regras básicas de apresentação, como: O participante individual tem 1 (um) minuto para sua apresentação, os cosplayers considerados válidos, são personagens de qualquer tipo de mídia desenhada, escrita ou filmada, toda e qualquer agressão ao staff do evento será passível de desclassificação do evento.

“É importante você ter vivenciado o outro lado, o sentido de quem julga fica mais aguçado” Foto por Flavio Aguilera arquivos

O jurado Flavio Aguilera com seu cosplay de Hobbit

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Reportagem

Quanto pior e mais feio, melhor É tudo o que você precisa saber para arrasar nessa categoria Diego Cruz Nascimento

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apelão, plástico, fita adesiva, garrafa pet, tecidos velhos e maquiagem da avó. Não, essa não é uma lista de itens para jogar no lixo. São algumas das coisas que podem ser utilizadas por pessoas que praticam a nobre arte do cospobre. Talvez você deva estar pensando: “Afinal, o que é isso?”. O Sampa + responde! Às margens dos grandes figurinos e produções do mundo dos cosplayers há fantasias de baixo orçamento e feitas na base do improviso. A intenção dos indivíduos que utilizam esses trajes é serem toscos propositalmente. No entanto, a fantasia deve ter o maior número de características semelhantes que façam lembrar o seu personagem. Ou seja, é como o cosplay tradicional, só que quanto pior e mais feio, melhor. Mas não pense que construir um cospobre é fácil por conta desse reaproveitamento de materiais e do custo quase nulo. O grande segredo deste tipo de vestimenta é a criatividade e o bom humor. E claro, muita, mas muita cara de pau. Cara de pau é o que não deve faltar para Juliana Jeneffer Pereira dos Santos, 15 anos. Pela imediações do Teatro Adamastor, em Guarulhos, onde ocorria o evento Guaru Anime 2014, a estudante não se importava em cruzar com cosplayers e suas fantasias bem elaboradas enquanto ela trajava uma vestimenta feita de papelão,

tecidos velhos, tinta guache e uma máscara de borracha. O personagem? O Predador, do filme homônimo. “É a segunda vez que faço cospobre de Predador. Mas até que esse está bonitinho. O primeiro cospobre que usei era muito mais tosco que esse”, afirma Juliana. Foto por Diego Nascimento

Juliana com seu cospobre de Predador

No geral, os adeptos dos cosplays veem o cospobre como uma simples brincadeira. “Eu acho que é apenas diversão. Às vezes a pessoa realmente não tem dinheiro para um cosplay elaborado, mas quer se divertir se fantasiando de algum personagem, mesmo que seja zoado. Ou às vezes é só por gostar de fazer as pessoas rirem. Não acho que denigre a imagem dos cosplayers, por exemplo”, diz Daniela Maria Rosa Nascimento, 23 anos, advogada. Todavia, alguns demonstram certo preconceito. “Eu não tenho nada contra, mas não gosto. Acho que existem dois motivos para um cospobre acontecer. Primeiro, pela

“O grande segredo deste tipo de vestimenta é a criatividade e o bom humor. E claro, muita, mas muita cara de pau” 8 | Sampa+

zoeira e diversão. Segundo, orçamento baixo e falta de bom senso. Não tem como comparar a qualidade do trabalho dos cosplayers profissionais com o cospobre”, declara Ana Cláudia Silva Sgubim, 23 anos, designer gráfico. Opiniões como a de Sgubim talvez sejam a minoria entre os simpatizantes do cosplay. Pelo menos é o que dá a entender o sucesso do rapaz Anucha Saengchart, da Tailândia. Com sua página no Facebook chamada Lowcost Cosplay, Cha, como também é conhecido, conseguiu alcançar reconhecimento mundial e mais de 190 mil likes até o momento da redação desta reportagem. Utilizando qualquer coisa que se encontra na cozinha ou no banheiro, o jovem de 24 anos dá um show de criatividade produzindo cospobres hilários. Os resultados de suas experiências acabam sendo fotografados e param na timeline de sua página, gerando muitos comentários. Voltando ao Brasil, você sabia que existe um Campeonato Nacional de Cospobre? Organizado pelos criadores da página Piadas Nerds do Facebook, é realizado uma vez por ano e em 2014 será realizada a sua 4ª edição. Os leitores enviam suas fotos devidamente trajados para a página e passam por uma votação. Os melhores colocados ganham prêmios e entram no hall da fama dos cospobres. Participar vale interpretar tudo, mas tudo mesmo. O ganhador do 1º concurso, realizado em 2011, por exemplo, emulou nada mais, nada menos que a luminária da Pixar. Sim, aquela do logotipo! Realmente não há limites para esse pessoal.


Reportagem

Dos quadrinhos para a vida real Super heróis e vilões de series americanas também tem seu espaço costume play terizadas, depois disso a prá18 anos de idade, sempre gostei Denize Moraes Nascimento

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pós roubar o Tesserac, um cubo que contém um poder capaz de devastar a Terra, Loki planeja devastar a raça humana e conta com a ajuda dos Chitauri para destruição do planeta em troca do cubo. É então que Nick Fury resolve reunir a iniciativa Vingadores para enfrentar Loki e seu exército, numa batalha épica. Capas, arcos e flechas, escudos e martelo são alguns dos itens que compõem as fantasias de personagens dos quadrinhos. Então, já imaginou estar andando por um evento e se deparar com Homem de Ferro, Thor, Capitão América e todos os vingadores? Essas e outras personalidades das HQ’s sempre encantaram a todos, e com o cosplay é possível dar vida a brincadeira com a reprodução de cenas e figurinos nos campeonatos que são levados muito a sério. O Sampa+ foi a um evento de costume play e conversou com alguns praticantes da modalidade: “Eu comecei fazendo cosplay aos Foto por Diego Cruz do Nascimento

muito de histórias em quadrinhos e sou muito fã de x-men, o meu personagem preferido sempre foi o Wolverine. Então a partir dai comecei a me vestir como ele e a participar de feiras e eventos. As pessoas sempre dizem que me encaixo perfeitamente nesse personagem tanto pela aparência quanto pela personalidade (risos).” diz Fábio Rodrigues. Como grande fã Claúdio Pereira se inspira no personagem que mais gosta: “O Charada é o personagem mais incrível criado pela DC, foi por isso que o escolhi como personagem para cosplay. Desde criança sempre li as histórias do Batman e ele é o que mais me chamava atenção com aquele jeito todo maluco e misterioso, mas muito inteligente de montar seus enigmas. O cosplay pra mim é pura diversão, participo sempre de concursos e feiras e apesar de nunca ter ganhado, acredito que participar e a melhor parte do negócio.” Tia Orochi Cosplayer conta um pouco como surgiu essa paixão: “Bom, comecei a fazer cosplay por causa dos grupos de RPG que eu tinha há uns 10 anos atrás, aonde algumas pessoas iam carac

“Com o cosplay é possível dar vida a brincadeira” Fábio Rodrigues com o cosplay de Wolverine.

tica se popularizou mais e comecei a ir a eventos como Rogue, do x-men. Sempre gostei de fazer cosplay, faço por paixão, tanto que das vezes que me apresentei, ganhei alguns eventos e às vezes nem buscava os prêmios, pois apresento pelo amor ao personagem. Já participei de feiras também fora de São Paulo e já fui júri também. Há mais ou menos 2 anos atrás eu ia a praticamente todos os eventos do ano, hoje estou mais “seletiva”.” Diz Lilian Carvalho. Em dezembro acontece um dos eventos mais populares entre os fãs de HQ’s, é a Comic Con, que reúne profissionais de quadrinhos, cinema, tv, games, anime, RPG e colecionáveis para conhecerem as últimas novidades dessas áreas em uma grande celebração do universo geek. Este ano uma nova versão do evento chega ao Brasil, a Comic Com Experience que trará os mesmo padrões das feiras realizadas na gringa. A CCE será realizada entre nos dias 7/12 a 14/12 e contará com a presença de diversos artistas nacionais e internacionais como o americano Scott Snyder que já trabalhou para a DC Comics e Marvel Comics nas series Batman, Vampiro Americano, Superman Unchained entre outros. Entre os brasileiros um dos mais aguardados é Ivan Reis que já desenhou na Marvel os HQs dos Vingadores, Homem de Ferro e Hulk. Ivan é famoso por alguns trabalhos feitos para DC como desenhos para Superman, Lanterna Verde e Aquaman. Essa nova versão da Comic Com promete ser uma incrível experiência.

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Guia | Mapa da Mina Shopping Sogo Plaza Na Sogo é comercializado artigos para fãs de animer, mangás, games e cosplays.

Cosplay Fantasy

Comic Con Experience 14

Loja virtual especializada em acessórios para cosplay.

04, 05, 06 e 07 de dezembro

Local: Av. Liberdade, 363, Liberdade, São Paulo-Sp

Site: www.cosplayfantasy. com.br

Aberto de Segunda a Domingo

Entregas para todo o Brasil

Ingressos antecipados pelo site: www.ccxp.com.br

Brasil Comic Con

Anime Friends

Praça da Liberdade

Centro de eventos Pro Magno Rua Samaritã, 230 - São Paulo - SP

Local: Centro de Exposições Imigrantes

Campo de Marte Av. Santos Dumont, 1979, Santana, São Paulo - SP

Bairro da Liberdade, São Paulo - SP

Reportagem

Conspiração entre a realidade e a ficção

Análise psicológica mostra os fatores que levam uma pessoa à querer se transformar em um Cosplay Taine Santos

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osplay é uma palavra composta por duas outras: Costume, do Inglês, que significa “Fantasia” e “Play”, da mesma língua que significa “Jogo”, o que literalmente tem o sentido de “Brincar de Fantasia”. O público apreciador de Anime, Mangá e Cosplay cresceu vertiginosamente nos últimos anos, sendo que alguns são extremamente fanáticos e por isso são denominados de OTAKU. Quando o objetivo é serem imagem e semelhança do personagem, vale de tudo para superar as expectativas. Foi isso que outra integrante da turma fez. Sumire Ayashi, 29, Cosplay há 7, conta que sua maior loucura foi fazer uma dieta onde obteve a perda de 7 kg em apenas

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uma semana. Tudo porque seu personagem não iria ficar tão legal, então tomou esta atitude, que segundo ela, foi restritiva e perigosa. De acordo com a psicóloga, Elaine Ribeiro, 24 anos, formada pela UNITAU, a prática se consiste ao longo do período de atendimento tornando-se evidente a função dos jogos eletrônicos. O que variou de dois modos: “O primeiro, foi uma forma de isolamento e fuga da realidade externa nos videogames, buscando grupos que não se apresentam com a própria identidade, vivendo a identidade de seus ídolos. O segundo, quando abandona os jogos e vai à busca de contatos reais”. A análise realizada por Elaine, descreve como um ponto analíti-

“A maior loucura foi fazer uma dieta onde obtive a perda de 7 kg em apenas uma semana. Tudo porque o personagem não iria ficar tão legal.” co a busca por refúgio na fantasia povoada por personagens que se mantém alheios a realidade. São esses que protegem de modo alicitório das frustrações inerentes ao processo de crescimento. Desta forma, a pessoa que for dominada pelo mundo de fantasia começa a participar de encontros Cosplay, a procura de satisfação pessoal, conta a psicóloga.


Resenhas

Um universo paralelo transmitido através do mundo real Taine Santos

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universo dos Cosplays não possui tanta divulgação nacional, não existem trabalhos televisivos e nem uma exploração midiática focada nestes grupos atualmente. No entanto, em 2009 a TV Cultura deu um enfoque para este público e criou um documentário chamado ‘Japão Pop no Brasil’. O trabalho era bastante aguardado por cosplayers e fãs, porém, não os impressionou. Em vista disso, quando foi veiculada a notícia de que um documentário sobre cultura pop japonesa estava sendo produzido, e que a produção iria abordar também o cosplay, criou-se uma grande expectativa, que foi ainda aumentada pelo longo tempo de produção - aproximada-

mente 2 anos, com participação de vários cosplayers do Brasil nas filmagens e finalmente pela exibição, na internet e em eventos, de trailers do documentário mostrando os cosplayers. A íntegra apresentou cenas com cantores de j-pop, pump e moda japonesa, além de cenas com cosplayers. Contudo, pode-se dizer que esta foi uma das produções nacionais mais bem elaboradas envolvendo este tema, com cenas belíssimas que fogem do teor simplista e de “curiosidade bizarra”. Como experiência visual o vídeo agrada, e as direções de arte e fotografia foram bem conduzidas. No quesito informação, “Japão Pop no Brasil” agiu de forma simplória, o que criou uma revolta no público, que esperava como ponto

Querendo ser Cosplay? Entre para esse mundo que nós te ensinamos Yuri Cavichioli

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or mais de cem anos, os homens e mulheres de todo o mundo têm vindo a vestir-se como seus personagens favoritos de filmes, jogos, quadrinhos, televisão e livros. Hoje além de simplesmente se divertir, temos competições da melhor fantasias e performance de um personagem, e claro que com isso, precisam de um auxílio para melhor customizar sua fantasia. No livro The book of Cosplay Armor Making (que você só consegue adquirir por meio de importação), é ensinado como a pessoa vai se caracterizar em seu personagem favorito, em forma de tutoriais. Contam com fotografias

dos mais variados personagens de mangás, história em quadrinhos, personagens de filmes e desenhos. Esse tutorial ensina a quem é novo no assunto, mas também quem já tem experiência e quer aperfeiçoar seu traje, como: Arrepiar perucas, na parte do áudio para apresentação, biscuit, colocar peruca, colorir sobrancelhas temporariamente, aumentar os olhos, cachear perucas, fazer ferimentos e cicatrizes, maquiagem pele perfeita, máscaras, orelhas de Elfo, e muito mais. Este olhar em profundidade no mundo do cosplay inclui adereços que podem ser construídos até com certa facilidade para quem estiver disposto, oferece insights

forte do documentário a informação e instrução aos espectadores sobre o tema apresentado. Com falta de narrativa em grande parte do programa, somada a um fundo musical repetitivo, os 50 minutos do documentário se tornou algo redundante. As únicas informações disponíveis são apresentadas em mensagens de texto na tela, que não conseguiram explicar detalhes do universo e nem o que leva os adeptos a praticar esse tipo de arte, como surgiu e como tem evoluído.

Ficha Técnica

Produzido pela Cultura em 2009, o documentário de 49min está disponível no Youtube.

sobre a história de cosplay, panorama atual e explica seus processos criativos, como forma de construir o traje perfeito. The book of Cosplay Armor Making possui mais de duas centenas de fotografias mostrando tudo. O resultado é tanto uma celebração e olhar sério em um popular meio de auto-expressão que continua a fascinar a quem conhece ou está olhando pela primeira vez.

Ficha Técnica

‘The Book of Cosplay’, por Svetlana Quindi

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Crônica

Não permita que “reis e rainhas” roubem os seus sonhos Diego Cruz do Nascimento

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E

m abril de 1996 eu era uma criança de apenas 10 anos de idade. Foi nessa época que estreou na TV brasileira a série Sailor Moon. Apaixonei-me de imediato pelo anime. Eram simples garotas como eu que combatiam as forças do mal com seus maravilhosos poderes. A inocente Sailor Moon, a esquentada Sailor Marte, a intelectual Sailor Mercúrio e a simpática Sailor Júpter. Me identifiquei mesmo foi com a meiga e alegre Sailor Vênus. Anos mais tarde, em 2003, fui ao primeiro Anime Friends. Fiquei encantada com algumas pessoas que estavam no local, vestidas de personagens de anime. Mais tarde, ainda durante a convenção, descobri que aquilo se chamava cosplay. Foi aí que decidi: nos próximos eventos eu iria trajada de Sailor Vênus! Meu biotipo era bem semelhante ao minha personagem preferida. Loira, magra e olhos azuis. Não demorou muito para me dizerem que eu deveria participar dos campeonatos de cosplay. No início não levei muito a sério, até começar a ganhar algumas competições. As crianças me olhavam e se enchiam de esperança. Para elas, eu realmente era uma heroína que estava pronta para combater as mazelas do mundo. Confesso que por vezes eu também pensava assim. Identificamo-nos com os super-heróis justamente por acreditar que nos espelhando neles, poderemos construir um lugar melhor. No entanto, conforme fui crescendo, perdi um pouco essa esperança no coração. Me retirei dos campeonatos de cosplay e aposentei minha fantasia de Sailor Vênus.

“É céu e inferno. Ou o bem e o mal, certo e errado. Devemos estar prontos para lidar com isso”

Estava acabado. Não fazia mais sentido fazer aquilo. É como diz a canção “Heaven and Hell” da banda Black Sabbath: O mundo está cheio de reis e rainhas, que lhe cegam e roubam os seus sonhos. Atualmente, ano 2070. Tenho 84 anos, dois filhos e quatro netos. O globo ainda é um antro de maldade, crueldade e falta de honestidade. Todavia, penso um pouco diferente do que na minha época de juventude. E percebi que na realidade, em qualquer lugar ou em qualquer situação, sempre haverá uma dualidade. Acabo citando Black Sabbath novamente: É céu e inferno. Ou o bem e o mal, certo e errado. Devemos estar prontos para lidar com isso. Hoje levarei meus netos para o Anime Future, um novo evento que surgiu na cidade. As crianças estão animadas e devidamente caracterizadas de acordo com seus personagens favoritos. Alimentando seus sonhos, e acreditando que, assim como os seus super-heróis prediletos, também podem fazer algo por um mundo melhor. Cuidarei para que eles não percam esse sentimento. Talvez o que falte para a humanidade é a esperança, a confiança e a crença de que, juntos, podemos ter poderes para revolucionar este espaço no qual vivemos. Ou seja, a esperança de uma criança.


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