Metástase
Jornal do Diretório Acadêmico Professor Pedro Lúcio de Souza Ano 1, Edição 1
D e z e mb r o / 2 0 1 1 Nesta edição:
DA lança jornal Sabendo de alguns problemas de comunicação interna dentro do curso de Medicina da UNISC, a Diretoria Executiva do DAMED resolveu lançar um jornal, juntamente com outras ações, para melhorar tal aspecto e buscar uma maior coesão entre toda a comunidade acadêmica. Juntamente com a coordenação, organizamos um projeto de jornal, baseado em diversas experiências, de outras universidades e da própria UNISC. Apresentando este projeto aos representantes das turmas e ligas, vieram novas ideias, críticas e sugestões, nos levando a um novo projeto, construído em conjunto com estudantes de Jornalismo. Após diversas ideias, erros e cabeçadas na parede, saiu a pauta e fomos atrás dos textos e formas de diagramar. Finalmente, chegamos a esta excelente edição, que será a primeira de muitas. Temos informação, críticas, reflexões, sem esquecer do lazer, do humor e, obviamente, erros que passaram despercebidos pelos diversos olhos não-treinados de revisores médicos e futuros médicos sem experiência nenhuma em jornais. Mas o pontapé inicial foi dado, esperamos que gostem do nosso jornal e que, caso não gostem, nos apontem as falhas, de modo anônimo se preferirem, para que a segunda edição seja ainda melhor. Agora, saia da primeira página e leia o jornal, muito obrigado.
Psiquiatria Hoje
Estágio em Quito
Para falar um pouco sobre a sua especialidade, trazemos nesta edição um texto do psiquiatra Vinícius Alves Moraes, professor de Relação Médico-Paciente, Psiquiatria e Semiologia. O professor Vinícius fala do cenário atual da Psiquiatria, especialidade antiga mas que ainda paira em um limbo de preconceito e desconhecimento por parte dos outros médicos. Confira na página 10.
A nossa colega Analuíza Savaris realizou em julho deste ano um estágio de férias no Equador, acompanhando um grupo de residentes em Medicina de Família. Conseguiu o intercâmbio graças ao GRAAL, coordenado pelo professor Fúlvio Borges Nedel. Analuíza prontamente atendeu ao nosso pedido de fazer um relato de seus 28 dias no país dos Incas. Confira na página 3.
Alteração do nome do DA
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Leptospirose
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Formandos
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Recepção aos calouros
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Quem entende de Residência Médica?
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Recepção aos Calouros
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Quem entende de Residência Médica?
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Ligas
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Atividades do DA
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Reconhecimento do curso Atendendo a um pedido da Diretoria Executiva, o prof. Pedro Lúcio de Souza, primeiro coordenador do curso, contou um pouco da história da criação, bem como do reconhecimento do curso de Medicina. É interessante conhecer tudo aquilo que ocorreu antes mesmo de ser divulgada a criação do nosso curso, e quantas pessoas foram necessárias nessa luta. Confira nas páginas 6 e 7.
11 º C o n g r e s s o B r a s i l e i r o d e M e d i c i n a d e F a m í l i a e C o m u n i d a d e Representantes do curso de medicina da UNISC estiveram presentes no 11º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade e 4º Encontro Luso-Brasileiro de Medicina Geral, Familiar e Comunitária. Este congresso é um dos maiores do país. Nesta edição foram discutidos importantes temas, que acabam interferindo em praticamente toda a Medicina. Em especial, como relata um dos estudantes da UNISC, foi discutida a importância da prevenção quaternária em cada um dos atendimentos realizados pelos médicos. Confira na página 10.
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Metástase
Palavra da Coordenação
Palavra do DA
Prof. Susana Fabíola Mueller | Coordenadora Curso de Medicina
Diego Inácio Goergen | Presidente DAMED
Parabéns pelo jornal. É com enorme alegria que escrevemos neste primeiro número do Metástase. O nascimento deste jornal, muito engrandece o curso, temos certeza que será um grande meio de divulgação de todas as atividades que acontecem no curso de medicina. A coordenação sempre apostou e apoiou o DA nesta nova empreitada. Coincidentemente ao início do Metástase, agora neste final de ano, estaremos fechando um ciclo com a formatura da primeira turma, o que nos orgulha muito. No entanto isto não implica que podemos nos acomodar, pois temos constantes desafios pela frente, sendo o principal deles manter e aprimorar a qualidade do nosso curso. Nesta linha, uma grande preocupação nossa é a prova do ENADE em 2013 para as turmas concluintes daquele ano e que gerará a nota classificatória do curso, ou seja, a nota de reavaliação do curso, que é IMPORTANTÍSSIMA para mantermos o conceito que recebemos no reconhecimento do nosso curso. Outro ponto não menos importante é o estímulo à produção científica levando trabalhos para congressos, publicando em revistas, colocando o nome do nosso curso na vitrine. Isto já acontece, porém sabidamente temos potencial, tanto docente como discente, para um crescente aumento. Não podemos nos esquecer do reconhecimento do Hospital Santa Cruz como hospital escola. Só para lembrança, somos uns dos poucos cursos de medicina do estado que possui hospital próprio, e pela incessante integração dos alunos da medicina com as residências médicas, sempre num construtivismo crescente, nos aproximando cada vez mais para nos tornarmos uma casa só, o nosso hospital. A integração com os outros cursos da área da saúde, todos dividindo a mesma casa e trabalhando para um fim comum, é fundamental, pois sabemos hoje que a cada vez o trabalho em conjunto é imprescindível.
É com imenso prazer que nós, da Diretoria Executiva do nosso Diretório, convidamos você a ler a primeira edição do jornal do DA, o Metástase. O nome foi ideia da nossa atual coordenadora, Prof. Susana Mueller, sendo aprovado em reunião com todos os representantes de ligas e turmas, que auxiliaram na montagem do projeto. O termo ―metástase‖ deriva do Grego, sendo a junção de ―meta‖ (μετά), mudança, e ―stasis‖ (στάσις), local, com o sentido de troca de lugar, disseminação. E é essa a ideia que temos do nosso jornal, algo em constante mudança, que consiga disseminar as informações a todos os interessados, de forma a mudar completamente o leitor. Desde o início de nossa gestão, e inclusive antes de entrarmos para a diretoria, percebemos sérios problemas de comunicação interna no nosso curso, em todos os sentidos e alcançando todos os atores: alunos, professores, funcionários e coordenação. Assim, agarrando-nos a ideia de proporcionar aos alunos e a toda comunidade acadêmica do Curso de Medicina da UNISC uma rotina mais informativa, reflexiva e, porque não, recreativa, criamos este projeto, tendo a pretensão de deixá-lo vivo durante vários e vários anos. Nesta nossa primeira edição faltou espaço para tantas ideias que a Diretoria Executiva, com auxílio de todos os alunos e professores, levantou durante as exaustivas reuniões onde foram decididos os princípios gerais do nosso jornal. Buscamos trazer a toda comunidade acadêmica temas importantes acerca da Medicina e do Ensino na nossa Universidade. Muito mais do que informar, buscamos fazer com que os nossos leitores tenham uma postura crítica acerca de tais assuntos, para que não sejamos, no presente ou futuro, apenas massa de manobra para outros indivíduos, melhores informados e com posturas mais inventivas, inovadoras e críticas. Queremos, assim, formar profissionais capacitados para agir diante das diversas adversidades que podem ser encontradas "lá fora", no "mundo real", tão citado em sala de aula por nossos professores. Nesta edição, temos um interessante relato de uma de nossas colegas que foi nas férias de inverno fazer um estágio no Equador, e traz uma mala cheia de conhecimentos e boas recordações. Destaco, também, a matéria escrita pelo professor Vinícius Moraes, acerca da Psiquiatria. Também temos um excelente texto sobre a Leptospirose, redigido pelo professor Marcelo Carneiro. Atendendo a um pedido nosso, o professor, ex-coordenador e incentivador do Diretório Acadêmico, Pedro Lúcio de Souza, redigiu um excelente texto sobre nosso curso, para compartilhar com toda a comunidade acadêmica a importância do curso e um pouco da história por trás de sua criação. Não é à toa que na Assembleia Geral de 15 de agosto mudamos o nome de nosso DA, que passou a chamar-se Diretório Acadêmico Professor Pedro Lúcio de Souza, homenageando, assim, um dos principais incentivadores e organizadores da implantação do Curso de Medicina na UNISC. Graças a ele que a História tomou o rumo que tomou, culminando, agora, com um curso conceito 4 na avaliação do MEC, com estrutura suficiente para que o Movimento Estudantil consiga montar, livre e democraticamente, este jornal. Finalmente, deixo aqui o agradecimento a toda a Diretoria Executiva, que fez nascer esse projeto idealizado no início de nossa gestão, que não se deixou abater enquanto enfrentávamos os obstáculos para a montagem de todos os textos presentes nesta edição, fazendo o jornal passar por todos os percalços até chegar a suas mãos. Boa leitura!
"A vida é curta, a arte é difícil e longo tempo é necessário empregar-se na sua aprendizagem. A oportunidade é fugidia; a experiência, cheia de encruzilhadas, e o julgamento trabalhoso de formular. Ante problemas tão árduos e situações tão perigosas o médico deve ser modesto e ter a mínima convicção de que não são só seus cuidados que podem fazer voltar a saúde perdida, porque a experiência demonstra como, muitas vezes, as enfermidades se curam por si mesmas." - Hipócrates
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Intercâmbio no Equador Analuíza Savaris | 8º semestre
Com uma conversa com o Prof. Fúlvio Nedel, surgiu a possibilidade de fazer intercâmbio na área da medicina em Quito, para acompanhar médicos de família. Estava em dúvida, pois meu espanhol não é dos melhores, e também como as pessoas iriam me receber. Mas a minha vontade era muito maior de ter mais uma experiência tanto acadêmica quanto pessoal, e não pensei duas vezes. Foi através da Rede GRAAL e também pela AAII que consegui organizar a minha viagem, onde tive total apoio e colaboração para que tudo saísse o melhor possível. No dia 12 de julho, embarquei rumo ao Equador. O meu propósito seria ver como a medicina é exercida em um povo, onde se tem muita influência de indígenas, “Aprendi que a medicina é incas. Chegando lá fui recebida assim, em qualquer parte por uma médica residente do últide mundo: olhar o paciente mo ano da medicina de família, como um todo, escutá-lo, e onde fiquei hospedada por 28 dias. poder compreendê-lo No dia seguinte comecei a acommelhor, e dessa forma panhar os atendimentos feitos na podendo ajudá-lo” Unidade Municipal de Saúde Centro (UMSC), que ficava localizada no Centro Histórico de Quito, onde vive uma população de baixa renda e imigrantes. Os atendimentos eram de segunda a sexta das 8hs as 16hs. Nos 28 dias que acompanhei esses atendimentos vi como a medicina é feita em um país, onde não há muitos recursos, que muitas pessoas precisam enfrentar horas e horas nas filas para conseguir uma ficha de atendimento, que os profissionais da
saúde em especial os médicos, mesmo não sendo tão valorizados quanto ao seu trabalho, se dedicam, dando seu amor, compreensão, tendo uma boa relação médico-paciente, o que para mim é fundamental. Impressionei-me muito com a pobreza, pois em uma mesma cidade de um lado se tem pobreza extrema e do outro, riqueza em abundância. Embora o país fosse desconhecido para mim, eu me senti em casa, pois as pessoas são muito receptivas e carinhosas, deixandome muito à vontade em tudo, mesmo não dominando muito Analuíza, na Linha do Equador bem a língua. Dizem que sempre voltamos diferentes de uma viagem, e eu concordo, pois essa minha experiência em um país de terceiro mundo, onde a medicina é diferente, sempre temos o que aprender. Aprendi que a medicina é assim, em qualquer parte de mundo: olhar o paciente como um todo, escutá-lo, e poder compreendê-lo melhor, e dessa forma podendo ajudá-lo. Tenho certeza que em breve estarei novamente nesse país que me encantou tanto.
O DA mudou de nome, por quê? Diego Inácio Goergen | Presidente DAMED
Entre as tantas coisas que realizamos este ano, nós da Diretoria Executiva nos orgulhamos especialmente de uma: a alteração do nome do Diretório Acadêmico. Depois da Assembleia Geral realizada no dia 15 de agosto, com a presença de quase 200 alunos da Medicina, foi aprovado por unanimidade o nome do primeiro e eterno coordenador do Curso de Medicina: Professor Pedro Lúcio de Souza. Todos nós já passamos pelas mãos do professor Pedro. Todos devem se lembrar da primeira aula de Anatomia, onde ele, com um olhar sério, nos indagava se estarmos ali naquelas cadeiras era realmente o que queríamos. Se estaríamos dispostos a abrir mão de muita coisa para sermos aquilo que sempre sonhamos. Se estaríamos dispostos a abdicar horas e horas do convívio com nossa família, em troca do convívio com os livros. Se estávamos dispostos a entrar em uma carreira onde não teríamos rotina nem horário fixo de trabalho. E esse ―terrorismo‖ continuou pelas aulas de Técnica Cirúrgica e Anestésica, e por todos os discursos que ele nos dava em outras disciplinas, com um único intuito: fazer de nós os melhores alunos e, por consequência, os melhores médicos possíveis. E com isso, fazer do nosso curso de Medicina um dos melhores do estado. Mas o professor Pedro é muito mais do que uma cara séria mandando a gente estudar. Após um tempo de convívio, o conhece-
mos melhor e aprendemos a respeitá-lo pelo conhecimento e experiência que possui. Aprendemos a ouvi-lo, respeitá-lo e imitá-lo, mesmo sabendo que, segundo ele mesmo, devemos duvidar de tudo aquilo que o professor fala. Assim, resolvemos eternizá-lo como o patrono do Diretório Acadêmico dos alunos de Medicina da UNISC. Na nossa Semana Acadêmica entregamos a ele uma placa, com os dizeres, redigidos pelo nosso colega Rafael Luiz Doncatto, que resume tudo aquilo que sentimos por ele: Homenagem do Diretório Acadêmico do Curso de Medicina, em nome dos futuros médicos da UNISC, ao PROFESSOR DOUTOR PEDRO LÚCIO DE SOUZA que nunca mediu esforços para criação de um curso de qualidade, priorizando a formação de profissionais conscientes da responsabilidade do sacerdócio da Medicina.
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Metástase
Leptospirose: Fique alerta! Prof. Marcelo Carneiro | Infectologista Coordenador do Núcleo de Epidemiologia Hospitalar – HSC/UNISC Tutor do PET Vigilância/Ministério da Saúde - Grupo Leptospirose A leptospirose é uma das febres hemorrágicas responsáveis pela maioria dos quadros de icterícia febril nas regiões dos vales do Rio Pardo e Taquari que necessitam de internação hospitalar. Os fatores pluviais, fluviais e estações do ano mais quentes são fatores ambientais essenciais para a disseminação e contágio bacteriano (Leptospira interrogans) desta zoonose, onde o homem é um hospedeiro acidental. Essa afirmação se evidencia com o risco ocupacional de determinados trabalhadores e de algumas atividades de lazer que são potencialmente preocupantes. As manifestações clínicas são variadas, muitas vezes sem gravidade (assintomática/oligossintomática) e inclusive autolimitada, mas com a possibilidade de quadros graves de hepatite com ou sem insuficiência renal/respiratória. O reconhecimento/diferenciação das principais Síndromes Hemorrágicas Brasileiras (Hantavirose, Malária, Febre Amarela, Dengue,...) torna-se de extrema necessidade, visto a necessidade de condutas de rastreio, investigação e notificação compulsória obrigatória. Leptospirose
Hantavirose
Febre Amarela
Dengue
Malária
Febre
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Mialgia
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***
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Icterícia
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Plaquetopenia
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Hemoconcentração
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Anemia
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Insuficiência Renal
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Insuficiência Respiratória
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* Pouco comum; ** Comum; *** Freqüente A observação da tabela deixa clara a dificuldade do diagnóstico diferencial, bem como a obrigatoriedade de sorologias, respeitando os tempos de coleta para cada agente infeccioso, para confirmação da patologia. Portanto, fique alerta e notifique sempre. Entre em contato com a CCIH/NHE – HSC (3713 7484 ou nhe_hsc@unisc.br)
Primeira turma de formandos da UNISC Nossa homenagem àqueles que fazem parte da história do curso de Medicina da UNISC, inclusive com a criação do nosso Diretório Acadêmico, ainda lá no dia 15 de maio de 2006. Parabéns a todos vocês!
ATM 2011/2. 1ª turma de médicos da UNISC.
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Te x t o s d a p r i m e i r a t u r m a Diego Inácio Goergen | Presidente Diretoria Executiva
Visando homenagear os formandos de 10 de dezembro deste ano, a primeira turma de médicos formados em nossa Universidade, convidamos 3 alunas para dar seus depoimentos acerca do nosso curso. Imaginamos tudo aquilo pelo que a turma passou no início do curso, quando todos estavam ainda aprendendo e sabemos do esforço que eles tiveram que ter para conseguir chegar aonde chegaram. Ao mesmo tempo, gostaríamos de desejar sorte a eles nessa nova fase da vida, agora como médicos, profissão que todos nós almejamos e para qual dedicamos cada dia de nossas vidas. Confiram abaixo os textos.
Natalia Bassani Schuch | Primeira turma de médicos da UNISC
O curso de Medicina é fascinante! E exige muito de quem se dedica e encara como uma maneira de ajudar. No início foi difícil. Curso novo, cidade nova, amigos novos...mas que com o tempo foi dando confiança que tudo daria certo, e hoje estamos a alguns dias da formatura! Noites sem dormir, seja por estar estudando ou até mesmo em momentos de
festa com a turma, mas que valeram e valerão muito a pena. A recompensa está perto de começar a ser vista, e tenho certeza que foi uma excelente experiência acreditar no Curso que até então estava só no papel. Fizemos história na cidade e na Universidade e, agora, é esperar colher os frutos, tanto na Residência que está cada vez mais próxima,
quanto na qualidade de atendimento que daremos a todos aqueles que nos procurarem. Parabéns a todos nós, formandos, e todos aqueles que estão vindo nas outras turmas. Sucesso!
Natalia Bassani Schuch
Mariana Marques | Primeira turma de médicos da UNISC
Mariana Marques
Participar da primeira turma da UNISC num primeiro momento foi angustiante, será que dará certo mesmo com o CREMERS contra a abertura? Estava cursando medicina em outra universidade quando fui chamada aqui, mas mesmo assim decidi arriscar. Quando cheguei na aula inaugural e vi a proposta do curso, percebi a seriedade do então coordena-
dor Pedro Lúcio, a estrutura excelente da universidade e o principal: a vontade de todo corpo docente de fazer dar certo. Ao longo do curso, houveram erros; mas muito mais acertos, e o resultado hoje é um curso reconhecido pelo MEC, formando sua primeira turma. Fico muito orgulhosa de fazer parte desta história! Hoje sou doutoranda, estou passando pelo
estágio da Gineco e Obstetrícia, farei residência para Clínica Médica no final do ano. Nossa formatura será dia 10 de dezembro - todos convidados!!!
Mariana Kunrath Tocchetto | Primeira turma de médicos da UNISC
No início de 2006, há quase 6 anos, recebi a notícia de que estava aprovada no vestibular de Medicina da UNISC. Iria fazer parte da 1ª turma! A felicidade pela notícia foi imensa. As dúvidas que vieram a seguir também: conseguiria bancar o investimento necessário, a Universidade seria confiável, como seria viver em outra cidade, quem seriam os novos colegas. De repente o mundo em torno de cursinhos e apostilas havia terminado. Agora eu era bicho de Medicina, 1ª turma, que res-
ponsabilidade. E o tempo passou... Estamos agora na véspera da formatura. O que era insegurança tornou-se certeza. A Universidade superou as melhores expectativas. Tornei-me mais madura e independente. Fiz amizades que certamente levarei para sempre. Levo comigo a certeza de que a vida é uma sucessão de desafios e hoje estou concluindo, com certeza, o mais importante deles. A sensação é do dever cumprido e com a consciência tranquila de que fiz o melhor. Certamente terei novos gran-
des obstáculos pela frente, mas sei que o meu esforço e dedicação serão ainda maiores para superá-los, pois o caminho percorrido até aqui me fez ver que com persistência, coragem e lealdade a luta vale a pena. Sempre quero ter a lucidez de fazer o bem às pessoas, cumprindo de maneira digna a nobre profissão que escolhi. Mariana Kunrath Tocchetto
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Reconhecimento do Curso Pedro Lúcio de Souza | Ex- coordenador do curso de Medicina
Os integrantes do Diretório Acadêmico do Professor Carlos Ayres, Professor Jaime Lau- Em julho de 2005 o MEC enviou uma comisCurso de Medicina da UNISC solicitaram que fer e Professor Egardo Kuentzer. são para avaliação in loco das condições de eu escrevesse um relato sobre o reconheci- De fevereiro a dezembro de 2005 a UNISC implantação do curso. Foram contemplados mento do curso de medicina. As condições ofereceu a médicos de Santa Cruz do Sul um 100% dos requisitos essenciais e complemenpara que o ato de reconhecimento acontecesse curso de especialização de 360 horas para tares, exigidos no instrumento de avaliação. começaram lá em 2003, quando se inicia- habilitação à docência da medicina voltado No mês de dezembro do mesmo ano o Conseram os preparativos para a instalação e a sub- ao perfil do projeto pedagógico a ser aplicado. lho Nacional de Educação enviou um repremissão ao ato autorizativo pelo MEC. Todas as 30 vagas foram preenchidas. Ao sentante para nova avaliação in loco, a fim de Não seria possível falar em reconhecimento final 28 médicos receberam o certificado. averiguar mais uma vez, as condições para a sem lembrar alguns fatos que marcaram a Em setembro de 2005 a direção do CRE- autorização do curso. O resultado foi idêntico trajetória até chegar aqui. O reconhecimento MERS, SIMERS e AMRIGS, convocou para ao da comissão anterior: Conceito Máximo. teve o significado de homologação (e com uma reunião os médicos de Santa Cruz do Em 02 de fevereiro de 2006, às 16 horas e louvor) de tudo o que foi Sul, a fim de ameaçar de quinze minutos, recebo o telefonema da Profeito pela UNISC até a fase “(...) foi criado um projeto cassação de registro pro- fessora Maria Kipper, Chefe de Gabinete do em que nos encontramos. fissional de todo aquele Reitor, informando que o curso há poucos pedagógico inédito, que que aderisse ao projeto do minutos tinha sido autorizado pela última Em 2003 o então Reitor e Presidente da Associação cumpriu fielmente os novos curso de medicina da instância de avaliação, o plenário do Conselho Pró-Ensino de Santa Cruz, UNISC. Nacional de Educação, em Brasília. Professor Luiz Augusto Na reunião, houveram No dia 16 de março foi publicado no Diário ditames do MEC” Campis, propôs à manteneinú me ra s mani fes ta- Oficial da União o Despacho de Autorização dora da UNISC a aquisição do maior hospital ções de desabonos à UNISC e ao para o funcionamento do curso assinado pelo da região - o Hospital Santa Cruz, e assim foi seu Reitor, apenas pela pretensão em criar um Ministro da Educação. feito. A seguir, a sua decisão de criar o curso curso de medicina. Em 19 de abril, quarta-feira - A Primeira de medicina foi acolhida pelos integrantes da O auditório da UNIMED estava lotado. Ocu- Aula do Curso. Reitoria. pei lugar na última fileira de cadeiras na cita- A estrutura modular adotada na grade curricuOs trabalhos dos professores da reunião, ainda assim o lar resultou num maior fortalecimento das para estruturar o Projeto Peda- “A [ofensa] mais branda presidente do CREMERS disciplinas no seu verdadeiro papel, que é o de gógico do Curso começaram em foi: O senhor desonra a reconheceu-me e lançou a áreas de conhecimento. junho de 2003 coordenados pela pergunta: ―o doutor Pedro Foi nessa modernidade que a UNISC, como profissão médica.” Professora Giana Sebastiany. Lúcio de Rio Grande es- entidade comunitária no sentido superlativo A grande dificuldade foi montar tá presente ?‖ do termo, convidou-nos a sonhar e construum projeto pedagógico embasado nas Diretri- Levantei-me e disse: ―Aqui estou!‖ ir um curso voltado para uma nova ordem zes Curriculares que haviam sido recentemen- A partir daí houve, de parte dos diretores das social pensada a partir do resgate de uma ética te homologadas pelo MEC. Não havia cursos entidades e da maioria dos médicos presentes, da solidariedade, entendida como a possibilino Sul do país que seguissem aquela lógica. todo o tipo de ameaças e ofensas a minha dade dos discentes, comunidade e docentes Daí a necessidade da equipe que trabalhava no pessoa. falarem como cidadãos, uns aos outros. projeto conhecer outras instituições brasilei- A mais branda foi: O senhor desonra a profis- Sinto que estes caminhos tiveram por objeto a ras que aplicavam propostas curriculares são médica. difícil tentativa de todos, alunos/professores e semelhantes a que o grupo buscava. A tentativa de ser humilhado por um grupo direção institucional buscar a construção de Ao final foi criado um projeto pedagógico de colegas, marcou-me para sempre. um modelo de formação médica capaz de inédito, que cumpriu fielmente os novos dita- Por fim foi aceita por aclamação a proposição assumir as responsabilidades cidadãs com a mes do MEC. de publicar uma manifestação de repúdio à sociedade, tendo em vista os mais autênticos O Reitor, Professor Campis decidiu registrá-lo minha pessoa, por defender com argumentos compromissos com as verdadeiras finalidades em cartório a fim de resguardar a autoria do e veemência na dita reunião, a forma com que de um processo educacional vinculado a três seu conteúdo. Em 22 de dezembro de 2003 o estava sendo criado o colunas: Ensinar a fazer, próprio Reitor da UNISC levou-o em mãos curso de medicina da “A estrutura modular adotada Ensinar a pensar e Ensipara protocolá-lo no MEC. UNISC. na grade curricular resultou nar a portar-se como Nesse ínterim começaram as reformas no No dia seguinte o Dr. humanista. num maior fortalecimento das profissional Hospital Santa Cruz para abrigar o Curso de Gilberto Gonçalves, A inserção precoce na Medicina, e igualmente a construção do bloco titular da 13ª Coordena- disciplinas no seu verdadeiro prática promoveu a inicide laboratórios - o bloco 20. doria Regional de Saúde ação dos alunos na rede papel, que é o de áreas de Houve um esforço conjunto de todos os inte- e hoje professor de nosbásica de atenção primáconhecimento. ” grantes da reitoria para disponibili- so curso, publicou no ria. Espaço que contradizar ao futuro curso os requisitos em instala- Jornal Gazeta do Sul a toriamente contribui para ções físicas e qualidade do corpo docente que matéria: A Inquisição e o Curso de Medicina, legitimar o desprezo pela prática profissional o projeto pedagógico contemplava. na qual relatava o grau de agressividade pelo nesse nível, em face da imagem simbólica Destacaram-se nesta etapa os integrantes da qual foi movida a reunião. altamente qualificada de um médico que faz gestão superior do Professor Luiz Augusto O Reitor, professor Luis Augusto Campis, de uso de equipamentos sofisticados e caros num Campis: Pró-Reitora de Graduação, Professo- maneira adequada, não respondeu às provoca- hospital ―quaternário‖. Para o grupo da ra Luci Kraemer, Pró-Reitor de Administra- ções e disse-me: Estou pronto a oferecer tudo UNISC foi clara a idéia de que a identidade do ção, Professor Vilmar Thomé, Pró-Reitor de que for preciso para que o curso tenha quali- médico a ser formado é a de um mediador na Planejamento, Professor João Pedro Sh- dade. Peça o que for necessário, e assim foi relação do indivíduo em seu processo vital. midt; os Coordenadores das Pró-Reitorias, feito. Não se tratava de oferta abundante de temas e
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informações que caem em rápida obsolência, des de uma região ou, na sua totalidade à co- na equipe de Coordenação do Curso para conmas de instrumentalizar o acadêmico para munidade acadêmica. dução de todas as etapas de um processo vital exercer a sua prática e a interação com proces- Há que sempre se repensar atualizações de para sua continuidade e para ampliar a credisos construtivos de saber. A inclusão de con- conteúdos, e estratégias de práticas metodoló- bilidade da UNISC. teúdos disciplinares no campo das ciências gicas e de avaliação. De 20 a 23 de setembro de 2010 o MEC/INEP humanas e a criação do conteúdo interação As Diretrizes Curriculares para os cursos mé- enviou dois avaliadores para verificarem as comunitária, do primeiro ao último semestre dicos prevêem tal dificuldade quando afirmam condições para o reconhecimento do curso. do curso, criaram espaços de socialização em seu artigo 13: A implantação e desenvolvi- Através de reuniões com professores, estudanprofissional, de reflexão sobre as dimensões mento das diretrizes curtes, gestão municipal, de “A nota atingida pela éticas, sociais e filosóficas da identidade mé- riculares devem orientar análise de documentos e de dica e do exercício profissional. e propiciar concepções avaliação in loco foi cinco, visitas às instalações do curO trabalho se estendeu aos espaços de prática curriculares ao Curso de so, a comissão avaliou o cura máxima.” em unidades dos programas de saúde da famí- Graduação em Medicina so de medicina da UNISC. lia, ambulatórios, setores de urgência/ que deverão ser acompaA nota atingida pela avaliaemergência, hospitais e laboratórios onde o nhadas e permanentemente avaliadas, a fim ção in loco foi cinco, a máxima. aluno aprendeu a pensar cientificamente e a de permitir os ajustes que se fizeram necessá- O processo tramitou no MEC/INEP e, em desenvolver as habilidades de comunicação rios ao seu aperfeiçoamento. nível de gabinete a nossa nota foi reduzida verbal e não verbal. Em janeiro de 2009, quando a Primeira Turma para quatro. Uma preocupação da proposta curricular iniciou o internato, a coordenação enfatizou, Os avaliadores que viram o todo, conversaram utilizada foi organizar os conteú- especialmente para aqueles que representari- com todos, examinaram tudo, atribuíram o dos culturais de maneira am o curso em hospitais máximo de conceito que se poderia atingir. que os alunos, desde o tradicionais da capital, Ainda que a nota quatro nos coloque ao nível “(...) tenham sempre primeiro momento, comque: tenham sempre postu- das melhores escolas médicas, muitas delas postura de humildade na ra de humildade na busca centenárias, temos a convicção que moralpreendessem o porquê das tarefas. O objetivo foi edudo aprendizado, estudem mente somos cinco. busca do aprendizado, car cidadãos com capacida- estudem muito os casos que muito os casos que estejam A responsabilidade maior pela obtenção do des para o pensamento acompanhando e cheguem excelente conceito deveu-se à credibilidade e estejam acompanhando e sempre antes às ativida- dedicação do Reitor, Professor Thomé que crítico. cheguem sempre antes às des, saiam depois de todos igualmente elevou a UNISC ao conceito instiPercebeu-se uma ação articulada de atores exter- atividades, saiam depois de os colegas de outros cur- tucional máximo, e à Pró-Reitora, Professora nos à comunidade universiCarmen Lúcia que muito bem conduz a Prótodos os colegas de outros sos. tária operando em pelo Com isso e com a forma- Reitoria de Graduação. cursos.” menos dois planos: o da ção qualificada, a primeira O Vice-Reitor Eltor Breunig, o Pró-Reitor de política e o da prática. turma deu credibilidade ao Planejamento, Professor João Pedro Schmidt e A Secretaria Municipal de Saúde local e de curso. Abriu a possibilidade para que mais o Pró-Reitor de Administração, Professor diversos municípios vizinhos, e a Coordena- colegas das outras turmas que a sucederam Jaime Laufer que atuaram na busca de todos doria Regional de Saúde articularam-se com a pudessem lá realizar o seu estágio. os requisitos a para a qualificação do curso, participação ativa e coletiva de docentes e É consenso entre os preceptores e dirigentes também são lembrados por todos. profissionais dos serviços. Participaram, atra- das instituições hospitalares onde os estudan- O excelente conceito obtido repercutiu, silenvés de seus titulares, da construção conjunta tes da UNISC passam que eles têm uma exce- ciosamente, no meio médico de nossa cidade e do curso proposto pela Universidade. lente formação e ótimo desempenho. de nosso estado, igualmente sofreu reflexos A cooperação interinstitucional das três par- Muitos dos preceptores que fizeram ou ainda positivos no meio universitário de todo o Brates, em nível local e regional, identificam o fazem parte do grupo de dirigentes das entida- sil. Fato pude constatar nos cursos médicos projeto como integrante de suas atividades des médicas contrárias a criação de nosso que ultimamente avaliei. estratégicas e reconheceram no trabalho arti- curso, depois de tudo isso modificaram con- A escola médica da UNISC, apesar de recente, culado um potencial importante de colabora- ceitos a respeito de nossa escola médica e da e de não ter formado a primeira turma, já é ção para a transformação das práticas de aten- UNISC. considerada excelente - uma referência, e por ção nos seus diversos níveis, e para a educa- A coordenação do curso, em conjunto com os conseguinte a interpretação disso é que todos ção permanente dos profissionais da rede de alunos, promoveu formas de aproximação os seus formandos têm elevado nível de forsaúde municipal e regional. com as três entidades médicas. As mes- mação e qualificação. Os espaços de prática priorizaram os cenários mas que lutaram contra a criação de nossa Nós estudantes, formandos, comunidade, funde aprendizagem de forma coerente com a escola médica. cionários e professores nunca devemos esquenova lógica de cuidar da saúde. Veio o período do reconhecimento do curso, cer que algo grandioso como a criação de um A aplicação de um currículo de medicina coe- condição indispensável para a emissão do Curso de Medicina tem um responsável maior rente com os princípios dessa nova lógica diploma de médico e por conseqüência, da que, por primeiro venceu os obstáculos intertomou como pressuposto a constituição de um continuidade do curso. nos, depois os externos, arriscou, apostou profissional adequado à realidade local, ao Todos: estudantes, professores, funcionários, valores pessoais e institucionais muito elevamercado de trabalho e ao desenvolvimento gestores e comunidade, lutaram lado-a-lado dos. científico atual. para que o curso de medicina da UNISC fosse Quero dizer-lhes que o nome do grande idealiOs alunos puderam explorar, em atividades reconhecido. zador de nosso Curso de Medicina é o Exextraclasse oferecidas, os temas e problemas Os integrantes da Reitoria, à frente o Reitor, Reitor, Professor Luiz Augusto da Costa importantes que se encontravam além dos Professor Vilmar Thomé, e a Pró-Reitora de Campis. limites convencionais das matérias e áreas do Graduação, Professora Carmen Lucia de Lima A gratidão e o reconhecimento da grandeza do conhecimento tradicional. Helfer, participaram ativamente, e em todos seu feito sempre estará em nossas mentes e Convém, no entanto, lembrar que não há um os momentos para qualificar o curso, especial- em nossos corações. currículo médico que contemple, em todos os mente para a avaliação com vistas ao reconhemomentos, requisitos atualizados de forma- cimento. ção, e que se ajuste plenamente às necessida- Houve de parte dos dois gestores a confiança “Par a chamar a atenção do leitor , ins ir a uma citação ou fr as e inter es s ante do texto aqui.”
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Metástase
Recepção aos calouros Isaura Knob | 3º semestre
No último dia 4 de agosto, iniciou-se o período letivo na UNISC e, para que os recém chegados alunos do curso de medicina se sentissem bem acolhidos e se envolvessem rapidamente em atividades além das aulas programadas no plano de ensino, o Diretório Acadêmico do curso de Medicina (DA) resolveu inovar. Os tradicionais ―trotes‖ aos calouros são as primeiras boas-vindas que esses recebem, as quais incluem brincadeiras, rostos pintados e muita festa. No entanto, pensando na inclusão desses ―novos‖ alunos ao mundo acadêmico, principalmente ao contexto acadêmico do nosso curso de medicina, o DA elaborou algumas atividades aquém do ―trote‖. O primeiro encontro ocorreu no dia 11 de agosto, quinta-feira, pela manhã. Nessa oportunidade, foi realizada uma atividade com o grupo, a fim de obter a sua concepção do que vem a ser um Movimento Estudantil, o que foi representado na forma de palavras afixadas ao quadro-negro (conforme foto). Em seguida, houve apresentação do Movimento Estudantil, na representação do DA, juntamente com seus objetivos, atuação e propostas. Tivemos
apoio dos professores Caco Baptista, Giana Sebastiany, Paula Camboim da Silva e Fúlvio Borges Nedel. Num segundo encontro, ocorrido no dia 18 do mesmo mês, quinta-feira, também pela manhã, foi realizada uma sessão de cinema com o filme ―SICKO, S.O.S. SAÚDE‖, o qual apresenta um painel do deficiente sistema de saúde americano. Depois de examinar como o país chegou a esse estado, o filme visita uma série de países com sistema de saúde público e eficiente, como Cuba e Canadá. Após o filme, houve breve discussão de temas pertinentes abordados no seu decorrer, principalmente sobre os sistemas de saúde: público x privado. Nessa atividade, tivemos também o apoio do professor Fúlvio Nedel. Agradecemos aos professores colaboradores e, também, aos alunos pela participação e engajamento nas atividades promovidas, as quais, ao que se percebe, atingiram seu objetivo. Além de recepcionar e acolher os calouros, angariamos um novo integrante para a diretoria executiva do DA, o aluno do primeiro semestre, Thomas Henrique Jung.
Quem entende de Residência Médica? Diego Inácio Goergen | Presidente Diretoria Executiva
A Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) tem o objetivo de clínicos gerais, para poderem realizar esse serviço com máxima organizar e regulamentar todos os programas de Residência Médica, a qualidade. Obviamente ninguém aceitaria que um clínico geral especialização, no país. Desde a ditadura militar ela é composta por enti- realizasse uma cirurgia plástica no seu rosto, ou usaria um óculos dades médicas e representantes do governo em igual proporção. Entre- receitado por um clínico geral ao invés de um oftalmologista. Por tanto, em setembro deste ano o governo alterou a composição para ga- que então um clínico geral teria a mesma competência que um rantir maioria, tomando o controle dela. E no dia 16/09, alterou a forma médico de família para trabalhar em um posto sem estrutura? de seleção para residência médica, garantindo bônus de até 20% a médiA falta de médicos em tais municípios se deve a um ponto princicos que trabalharem por 2 anos em alguns municípios, que sofrem com pal: falta de infra-estrutura. Um médico não consegue realizar um falta de estrutura para garantir bom atendimento de saúde à população. O trabalho sozinho, por melhor que ele seja. São necessárias diversas governo acha que um médico consegue, sozinho, resoloutras coisas, como instrumentos, métodos diagver todos os problemas de tais municípios. Assim, nós, “Nós lutamos por uma nósticos, profissionais de outras áreas, outros estudantes de medicina, resolvemos mostrar nossa médicos, etc. O governo está tentando ―maquiar‖ indignação contra essa resolução. solução definitiva para a este problema, obrigando os médicos a trabalhaEssa questão foi amplamente debatida no 49º COBEM, falta de médicos em alguns rem em tais condições, apenas fazendo aquilo que em Belo Horizonte. Lá, conseguimos avanços na dispopularmente é chamado de ―operação tapacussão. Mais do que impor nossa opinião, foi um espa- municípios: uma carreira buraco‖, que sabemos que não resolve o probleço onde pudemos também compreender sobre os motima no longo prazo. de Estado para médicos.” vos que levaram à criação do projeto. Nós lutamos por uma solução definitiva para a Acreditamos que esse plano tornará essa prestação de serviço obrigató- falta de médicos em alguns municípios: uma carreira de Estado ria, visto que apenas os médicos que se sujeitarem a isso conseguirão para médicos. O plano de carreira existe em outras áreas, como fazer a residência. Isso fará com que tais municípios tenham apenas delegados de polícia, carteiros e poder judiciário. Não faltam caratendimento de médicos sem experiência, totalmente descomprometidos teiros, juízes e delegados em municípios menores, porque eles com a população que estarão atendendo, com um pensamento de que fazem um concurso público a nível federal e estadual, e daí são esse tempo será apenas mais um ―obstáculo‖ que os separa da especiali- designados a trabalhar em outros locais. Por que o governo não toma decisões como essa, ao invés de tomar decisões imediatistas zação, quando poderão trabalhar onde realmente querem. e que servem apenas para fins eleitoreiros? Essa é a grande quesAlém disso, o governo acha que atender em municípios pequenos é fácil, tão que queremos levantar com os manifestos realizados no Dia do e qualquer médico sabe fazer, quando existem médicos especialistas, os Médico. Médicos de Família e Comunidade, que estudaram 2 anos a mais que os
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Liga da Geriatria e Gerontologia A Liga da Geriatria e Gerontologia tem como objetivo principal o estudo de aspectos relacionados ao envelhecimento humano, no que diz respeito a características biológicas, psíquicas, econômicas, sociais e culturais, além de métodos que proporcionem um envelhecimento digno e humano. Através da Liga busca-se auxiliar os estudantes no aprendizado da área para que obtenham uma formação profissional compatível com as atuais necessidades da saúde pública. O sistema de saúde atual tem apresentado dificuldades relacionadas ao acelerado envelhecimento populacional e consequente aumento na prevalência de doenças crônicodegenerativas. Nesse contexto, buscam-se promover atividades que permitam uma interação entre ensino, pesquisa e extensão, de forma transdisciplinar e multidisciplinar, objetivando incentivar aquisição de conhecimentos
nessa área. Geriatria e gerontologia Geriatria é o ramo da medicina que foca o estudo, a prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas; Gerontologia é o campo de estudos que investiga as experiências de velhice e envelhecimento em diferentes contextos socioculturais e históricos, abrangendo aspectos do envelhecimento normal e patológico. Esta se caracteriza como um campo de estudos multidisciplinar, recebendo contribuições da biologia, psicologia, ciências sociais e de disciplinas como a biodemografia, neuropsicologia, história, filosofia, direito, enfermagem, psicologia educacional, psicologia clínica e medicina. Assim, o envelhecimento representa a dinâmica de passagem do tempo e a velhice inclui como a sociedade define as pessoas idosas. A saúde do idoso é determinada pelo funcionamento harmonioso de quatro domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. A perda dessas funções resulta nas grandes síndromes geriátricas, e atuam diretamente na saúde do idoso, independentemente de doenças específicas. A Liga Quinzenalmente os integrantes da Liga reúnem-se na ASAN (Associação de Auxílio aos Necessitados), realizando atendimentos aos idosos e discussões sobre assuntos relevantes sobre as patologias mais prevalentes no idoso. Hoje, os integrantes da Liga são: Gabriel Tognon (sec. geral), Kelly C. Welter (coord. relações públicas), Miguel L. Tonet Jr. (presidente), Raquel Corbellini (vice-presidente) e Renata Rosso (coord. financeira), coordenados pela professora Melissa Lampert (médica geriatra e gerontóloga, doutora em Geriatria).
L i g a d o Tr a u m a Diego Inácio Goergen | Tesoureiro Liga do Trauma
A Liga do Trauma foi a primeira liga a ser fundada na UNISC, sendo criada em 2006, por alunos das 2 primeiras turmas do nosso curso. A última seleção de novos membros foi feita agora em setembro, quando 5 novos ligantes se juntaram aos 11 que já estavam na Liga. Nossa Liga tenta atuar no tripé ensino-pesquisa-extensão, para manter-se fiel aos preceitos básicos de uma Liga. E atuamos em várias áreas dentro do Trauma, principalmente a epidemiologia, prevenção, atendimento pré-hospitalar e atendimento intra-hospitalar. Sendo assim, organizamos reuniões de estudos, com seminários ou com aulas ministradas por professores, sobre diversos assuntos ligados ao Trauma e às Urgências e Emergências. Também buscamos organizar eventos que levem à toda a comunidade acadêmica e profissional os assuntos mais importantes da área. No setor de pesquisa, desenvolvemos projetos concomitantemente a todas as nossas atividades, tendo um grande portfólio de artigos e trabalhos apresentados em diversos eventos. Na última edição da Revista do HPS, publicamos um artigo sobre o perfil dos atendimentos a trauma no Pronto Atendi-
mento do Hospital Santa Cruz. Atualmente os membros da Liga também realizam estágio no Pronto Atendimento do HSC, e alguns membros realizam estágio no SAMU. Em novembro, levamos um trabalho para apresentação oral no Congresso Panamericano do Trauma, realizado no Paraguai. No ano passado, também já havíamos levado um trabalho no Panamericano, quando este foi realizado no Uruguai, quando eu o apresentei. Nossa coordenadora, a Prof. Dóris Medianeira Lazaroto, nos incentiva, também, a acompanhar cirurgias no Bloco Cirúrgico, onde diversos membros já acompanharam cirurgias das mais diversas áreas, em especial da área de Cirurgia do Trauma. A área de Emergência é essencial a qualquer profissional da Saúde. Para isso nós incentivamos o estudo da área entre todos os alunos, não importando o rumo que desejem seguir após a formatura.
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Metástase
11 º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade Rafael Doncatto | 7º semestre | Secretário Diretoria Executiva
Representantes do curso de medicina da relacionados à Atenção British Medical Journal. “A prevenção UNISC estiveram presentes no 11º ConPrimária de Santa cruz do Segundo o professor Luciano gresso Brasileiro de Medicina de Família Sul e relatos de experiên- quaternária nunca esteve Duro, ―o 11º Congresso Brae Comunidade e 4º Encontro Lusocia foram apresentados. O tão discutida como sileiro de Medicina de FamíBrasileiro de Medicina Geral, Familiar e evento teve como tema lia e Comunidade foi de exComunitária, que foi realizado no dia 23 a ―MFC: agora mais do que agora” 26 de junho, no Centro de Convenções nunca!‖ onde foram enfatrema importância para a Ulysses Guimarães em Brasília (DF). tizadas, as conseqüências do excesso de especialidade. Registrou-se a presença de Participaram do evento ações preventivas, e além 4.000 pessoas, a maior de todos os Conos professores Fúlvio “Esta edição teve como tema disso teve a prevengressos até hoje realizados. Esta edição Nedel, Luciano Duro e ção quaternária como foco. central o excesso de ações O evento contou com a teve como tema central o excesso de aDaniela Borges, além ções ditas preventivas que não têm sua de quatro acadêmicos, presença de inúmeros parditas preventivas que não têm ticipantes internacionais efetividade comprovada, trazendo malefía residente do HSC de MFC Clauceane Zell e sua efetividade comprovada, como: o espanhol Juan cios à população em geral. A prevenção a Presidente da AGérvas um renomado pesquaternária nunca esteve tão discutida trazendo malefícios à BEM, que é ligada ao quisador da Atenção Pricomo agora, graças ao Congresso‖ . curso, Jadete Lampert. mária e o americano Dopopulação em geral.” Trabalhos científicos, mhnall Macauley editor do
Psiquiatria Hoje Prof. Vinícius Alves Moraes | Psiquiatra
Ao contrário de outras épocas em que a psiquiatria era muito próxima de um subjetivismo quase paranormal e místico, hoje ela tem robustas evidências em sua prática médica, com estudos e pesquisas. Poucas especialidades médicas avançaram tanto nas últimas 3 décadas como a psiquiatria. Durante muito tempo a psiquiatria foi vista como especialidade à parte da medicina, sofrendo até certo preconceito por parte da sociedade civil e médica. ―Psiquiatra é médico de louco‖, ―os psiquiatras são mais loucos que os pacientes‖ e ―a diferença entre o louco do hospício e o psiquiatra é que o psiquiatra tem a chave‖ são frases que mostram a visão que por muito tempo perdurou (e ainda existe) sobre esta especialidade médica.
pois cada pessoa tem sua história para contar e muitas vezes ela é surpreendente. Curiosidade e habilidade para resolver conflitos e problemas complexos ajuda. Uma boa estrutura de personalidade é imprescindível, tanto que para tal, é fundamental que o próprio psiquiatra tenha a possibilidade de contar com suporte e tratamento psicoterápico durante sua formação e prática profissional.
Gosto de lembrar aos aspirantes a “(...) é fundamental a médicos que a medicina é muito vasta em termos de escolhas relação direta entre o profissionais e dentro da própria psiquiatria há opções. Muitos optam médico e o paciente sobre por psicofarmacologia, outros por todos os aspectos” psicoterapia nas suas mais variadas Não acredito que para ser um modalidades, alguns escolhem “Não acredito que para bom psiquiatra a pessoa tenha psiquiatria forense e pericial, ou seja, há opções das mais variadas. ser um bom psiquiatra a que ter um dom inato. Aliás, Em termos de mercado, o RS é o estado com maior número de cada vez mais me convenço que pessoa tenha que ter um bons profissionais poderiam ser psiquiatras por habitantes, mas sempre há espaço para bons profissionais. É uma especialidade que permite ao profissional bons em qualquer área médica, dom inato (...) bons estabelecer sua agenda e dá a oportunidade de eliminar algo que no visto que esforço, estudo e meu ponto de vista está acabando com o valor da nossa profissão: os profissionais poderiam c o m p r o m e t i m e n t o s ã o intermediários. Na psiquiatria é fundamental a relação direta entre o essenciais para o êxito ser bons em qualquer profissional na medicina do médico e o paciente sobre todos os aspectos, inclusive o dinheiro. Qualquer atravessador neste processo, seja plano de saúde ou século XXI. Mas de fato há área médica” cooperativa médica, reduz o comprometimento do paciente com seu algumas particularidades que processo terapêutico e do próprio psiquiatra, por pagar muitas vezes afastam ou aproximam valores aviltantes ao médico. Isso não serve somente a psiquiatria, mas profissionais de determinadas especialidades. No caso da a outras especialidades também. Valorize seu trabalho e se puder, psiquiatria, penso ser relevante algumas características. A evite-as. primeira delas é gostar do inesperado, do elemento surpresa,
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A t i v i d a d e s d o D A e m 2 0 11 Além de lançarmos esta primeira edição do Jornal Metástase, a gestão 2011 do nosso DA fez muito mais nesse ano, como você pode conferir nesta página.
Torneio de futebol
Curso de Emergências Cardiológicas
No dia 11/09, alunos, professores, residentes e monitores do curso de medicina foram ao Complexo Inside jogar ou prestigiar o torneio de futebol, onde o time da ATM 2015/1 sagrouse campeão, com a equipe da ATM 2011/2 ficando em 2º lugar.
O Curso de Emergências Cardiológicas, aberto a todos os cursos da área da Saúde e aos profissionais de Santa Cruz, reuniu quase 300 pessoas, que foram ao anfiteatro do Bloco 18 prestigiar os palestrantes que falaram sobre manejo do infarto e as novas diretrizes sobre RCP.
Reforma da sede
Com o apoio da coordenação, conseguimos reformar a sede do DA, que fica na sala 5335A, podendo finalmente abri-la a todos os alunos, ao invés de deixá-la apenas como um depósito que era pouco utilizado.
Oktoberfest
Alteração do estatuto
Como já é tradicional, organizamos o bloco da Medicina para uma das maiores festas germânicas do mundo.
Alteramos o estatuto, para que possamos oficializar o Diretório Acadêmico, e o renomeamos, homenageando o Professor Pedro Lúcio de Souza, primeiro e eterno coordenador do nosso curso, para quem entregamos uma placa durante nossa Semana Acadêmica (conforme foto abaixo).
VI Se ma na Acadê mica
Equipe campeã do torneio de futebol
Organizamos a VI Semana Acadêmica do Curso de Medicina, que realizou-se nos dias 8, 9 e 10/11, com o tema “Urgências e Emergências”. Foram 2 dias de palestras nos turnos da manhã e tarde, uma noite com a apresentação dos pôsteres confeccionados por acadêmicos e professores do nosso curso e uma noite com workshops, onde os participantes puderam aprender e treinar alguns procedimentos importantíssimos para nossa vida profissional.
Cima: Luciano, Bruna, Thomas, Jenifer, Mayara, Diego, Rafael. Baixo: Jéssica, Carla, Prof. Pedro Lúcio, Marciele, Manoela
Discussão de caso
Metástase
Estava o médico dormindo em casa com sua esposa, quando toca o telefone e o médico reconhece a voz de um colega do outro lado da linha: — Estamos em três aqui e precisamos de mais um jogador de sinuca para completar o quadro. — Já estou a caminho. Sua mulher, acostumada com as chamadas noturnas que seu marido recebia devido à profissão, lhe pergunta, enquanto ele veste uma blusa: — O caso é muito grave? Ele responde, muito sério: — Parece ser sim. — Por que você acha isso? — Pergunta a esposa, desconfiada. — É que já há três outros médicos no local. — Responde o médico, já saindo.
UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul A/C DA Medicina Bloco 53, sala 5335A Av. Independência, 2293 Bairro: Universitário CEP: 96815-900 Santa Cruz do Sul - RS / Brasil E-mail: damed.unisc@gmail.com Website: http://damedunisc.wordpress.com
Expediente Diretoria Executiva Diego Inácio Goergen (Presidente) Jéssica Alessio Gottfried (Vice-presidente) Mayara L.O.S. Kist (Tesoureira) Rafael Luiz Doncatto (Secretário) Bruna Danieli Menin Carla de Siqueira Urruth Jenifer Grotto de Souza Luciano Trombini Manoela Badinelli Vaucher Marciele Pazinatto Thomas Henrique Jung
Convidados Ac. Analuíza Savaris Ac. Isaura Knob Ac. Natalia Bassani Schuch Ac. Mariana Marques Ac. Mariana Kunrath Tocchetto Prof. Vinícius Alves Moraes Prof. Pedro Lúcio de Souza Prof. Marcelo Carneiro Prof. Luciano Nunes Duro Prof. Susana Fabíola Mueller
Cruzadas Médicas 2,1
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14
11
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4
9
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6
Horizontais: 1. Bactéria do gênero de diplobacilos gram negativos da família das Neisseriaceae amplamente disseminados e patogênicos 3. Descobridor da penicilina 4. Doença dos "vampiros" 5. Orifício, abertura 6. Maior músculo do corpo 7. Dobra de peritônio ligando uma víscera à outra 8. Vírus da Imunodeficiência Humana 9. (?) Integradas em Saúde: Estratégia criada em 1984 10.Colecistecinina
Verticais: 2. Deus grego da Medicina 11.Tumor de linfonodos 12.Avalia hidratação do paciente 13.Concentração Inibitória Mínima 14.Sinal radiológico clássico de tuberculose pulmonar 15.Autor de "Bases Patológicas da Doença" 16. Exame para diagnóstico de infarto agudo do miocárdio
"O médico que só sabe de medicina, nem de medicina sabe" - Abel Salazar