Metástase 2ª edição - Abril 2012

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Metástase

Jornal do Diretório Acadêmico Professor Pedro Lúcio de Souza Ano 2, Edição 2

Abril/2012

Intercâmbio em Moçambique Durante um mês destas férias, alguns alunos da UNISC deixaram de lado a tranqüilidade da companhia de suas famílias e amigos e participaram de um intercâmbio cultural em Moçambique, no leste da África. Para nos contar um pouco deste história, convidamos a acadêmica do 6º semestre e tesoureira do DAPLUS, Marthina Gressler. Ela relata as primeiras impressões, o choque cultural ao enfrentar as primeiras diferenças entre o Brasil e o país africano. Fala da satisfação em poder auxiliar as crianças na organização não-governamental em que trabalharam. Ajudar o próximo deve ser o objetivo de vida de todos os estudantes da área da Saúde, e realizar trabalhos voluntários e intercâmbios é uma ótima forma de se preparar para a longa vida de dedicação ao próximo que viveremos após nossa formatura. Confira nas páginas 6 e 7.

Por que dormir?

Autonomia

O sono é fundamental para a manutenção da qualidade de vida de qualquer animal. Para entendermos um pouco de sua fisiologia, importância e alguns distúrbios do sono, convidamos um neurofisiologista, com experiência na área, para escrever um pouco sobre o sono, seus benefícios e distúrbios, além de nos mostrar algumas ferramentas diagnósticas de tais distúrbios. Confira na página 8.

Que o paciente é a pessoa mais importante em uma consulta nos parece óbvio, mas durante anos esta não era a visão da medicina, e alguns médicos parecem que ainda não a incorporaram. Num brilhante texto o professor Luciano Duro ressalta a importância da autonomia do paciente em uma consulta médica. Essa visão deve ser sempre relembrada, para que transpareça em cada uma de nossas ações. Confira na página 5.

História Conhecer a História é fundamental para conhecermos a evolução da medicina, entendermos o atual estado da arte e, talvez, prevermos o que acontecerá à ciência. Nesta linha, um de nossos alunos fez uma pesquisa sobre a História da Anestesia, resumindo em uma página o processo que culminou com uma das especialidades médicas mais revolucionárias da Medicina. Confira na página 4. Nesta edição: História da anestesia

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DU AMRIGS

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A autonomia na formação médica

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Atlética

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Intercâmbio em Moçambique

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Por que dormir?

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Como desenvolver projetos de pesquisa?

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Liga da Neurologia

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Medicina de Família em Pauta

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Diretoria Executiva Rafael Luiz Doncatto (Presidente) Diego Inácio Goergen (Vice-presidente) Emanuelle Joana Luciano (Secretária) Marthina Alice Gressler (Tesoureira) Depto. Científico Iuri Pereira dos Santos João Paulo da Costa Rosa Katchibianca Weber Depto. de Ligas Andressa Panazzolo Maciel Emanuelle Joana Luciano Depto. Social Bruna Danieli Menin Depto. de Eventos - VII SAM Bruno Loz da Rosa Mayara Luíza Oliveira da Silva Kist Depto. de Comunicação - Jornal Diego Inácio Goergen Manoela Badinelli Vaucher Depto. de Produtos Thomas Henrique Jung Marthina Alice Gressler Depto. de Marketing Gabriela Stella Depto. de Internato Luciano Trombini

"Desta forma, acrescido pela íntima convivência que tivemos neste campo, acreditamos que a formação médica exige uma visão cultural, um caráter eminentemente eclético. Pois o homem não pode ser visto apenas em termos técnicocirúrgicos, mas dentro de todo o espaço físico, morfológico, cultural, psicológico e evolutivo em que se encontra. E é certamente o domínio e o conhecimento destes campos que discernem o profissional do homem." - Ivo Pitanguy (1926 - presente), cirurgião plástico

Palavra do DA Diego Inácio Goergen | Diretor de Comunicação DAMED

Disseminar. Foi a isso que este Jornal se propôs. A primeira edição, considerada por nós mesmos uma edição-piloto do Metástase, foi elogiada em diversas instâncias, a despeito de nossa própria desconfiança sobre a receptividade que o jornal teria. Tais elogios vieram seguidos de incentivos para a montagem desta segunda edição. Por isso, criamos um departamento interno à Diretoria Executiva para trabalhar especificamente com o Metástase, para que possamos montar um informativo de qualidade, buscando o ideal que sempre quisemos para nosso Diretório. Esta edição vem coroar o trabalho que fizemos no decorrer do ano de 2011, com a consolidação de nosso curso entre as universidades gaúchas, e fazendo com que nossa representação estudantil também seja aumentada nas entidades gaúchas e nacionais. Não posso deixar de parabenizar um de nossos integrantes, o Luciano, que assumiu o cargo de Diretor do Departamento Universitário da AMRIGS para o ano de 2012. Além dele, a Mayara também entrou no DU, e eu estou no Núcleo Acadêmico do SIMERS. Para 2012, buscaremos continuar atuantes na representação dos estudantes de medicina da UNISC, cobrando da Universidade diversas pautas além de fiscalizar todas as decisões, como já fizemos em 2011, com relação à saúde financeira, a mudança de currículo, o reajuste de mensalidades, os investimentos em estrutura, aquisição de livros, etc. Para o jornal, buscaremos montar edições de periodicidade constante, para que os alunos e todo o resto da comunidade acadêmica possam ter uma fonte constante de informação, discussão e lazer. Para tanto, também precisamos do apoio de nossos alunos e professores, que nos enviem material, sugestões e ideias. Nesta edição, é possível conferir um relato de nossos alunos que passaram um mês em Moçambique, participando de projetos sociais e levando um pouco da cultura brasileira para as crianças de lá. Trouxeram ótimas lembranças na mala, compartilhando algumas experiências nesta edição. Também temos um excelente texto do Dr. Cristiano Freire sobre a importância do sono, seus benefícios e possíveis distúrbios. Não faz muito tempo que a Medicina do Sono foi reconhecida como uma área de atuação pelo CFM e já é uma das áreas que mais desponta como potencial fonte de descobertas de causas de algumas doenças cujo mecanismo ainda não estava completamente entendido. Iniciamos nesta edição uma seção especial sobre História da Medicina. Pode ser entendida como uma forma de descontração ou como uma fonte de entendimento sobre o estado atual da arte, ao entendermos o como que a Medicina era, poderemos entender os motivos de a Medicina estar assim agora e até prevermos um pouco de como será nosso futuro. Também temos um texto do Luciano Trombini sobre o Departamento Universitário da AMRIGS, evidenciando a importância da organização dos estudantes e dos médicos, para progresso científico e cultural de toda a sociedade. O Luciano também escreveu um texto sobre a iniciação científica, tirando dúvidas de como se desenvolve um projeto de pesquisa. A importância das Ligas Acadêmicas novamente está sedimentada numa edição do Metástase, sendo que nesta as contribuições foram da Liga da Neurologia e da Liga de Medicina de Família e Comunidade. Sem mais delongas, aproveitem esta edição. Boa leitura!


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História da Anestesia Eliseu Perius Junior | 7º semestre

A busca pelo controle da dor foi o foco da humanidade por muitos séculos, o que levou a ascensão de grandes instituições religiosas que buscavam confortar as pessoas e amenizar suas dores. Desde os gregos antigos com poções ineficazes e extratos de papoula a ervas usadas por sociedades americanas pré-colombianas. Mas os métodos anestésicos conhecidos por nós hoje tiveram suas origens no século XVIII com JosephPriestley, um químico que descobriu o óxido nitroso, o gás do riso. No início do século XIX, Humphry Davy descobriu as propriedades analgésicas do óxido nitroso, mas na cultura da época a dor das cirurgias não era uma questão preocupante para a maioria dos médicos, devido a questões culturais na Inglaterra, que sofria forte influência da religião que acreditava que a interpretação das dores e sua amenização ficariam ao encargo da igreja e de que algumas dores (como a do parto) não deviam ser evitadas. Levou quase 50 anos para que a cultura inglesa muda-se e desse espaço para o uso deste gás na medicina. Um dos primeiros médicos que se ateve a tentativa de evitar a dor dos procedimentos cirúrgicos foi Henry HillHickman, que demonstrou em 1824, que a inalação de dióxido de carbono poderia causar analgesia em animais. O gás do riso era utilizado na época para animar festas, devido ao seu efeito hilariante. Durante a demonstração dos efeitos do gás do riso realizada por Gardner Q.Colton, dono de um circo, na noite de 10 de Dezembro de 1844 na comunidade de Hartford, Connecticut, Retrato feito em 1882, demonstrando a primeira anestesia por éter em 16 de Outubro de 1846 em Boston, Massachussets. Morton está a esquerda inalando um convidado, o jovem Samuel A. Cooley, acidentalmente éter, enquanto o cirurgião John C. Warren opera o paciente Edward Gilbert Absofreu uma lesão na perna enquanto estava sob efeito do gás bott. hilariante. Um dentista local, Horace Wells, descobriu o que havia acontecido e combinou com Colton para que na manhã seguinte ele inala-se o gás durante uma extração dentária, a qual foi indolor. Well tentou demonstrar publicamente o efeito anestésico deste gás, mas falhoudurante uma audiência no Hospital Geral de Massachusets em Boston em 1845. Mais tarde se tornou viciado em clorofórmio e cometeu suicídio em 1848. WilliamThomas Green Morton, também dentista, conseguiu demonstrar publicamente o efeito anestésico deste gás durante a excisão de uma massa cervical em 16 de Outubro de 1846. Porém Morton havia usado vapor de éter ao invés do óxido nitroso, devido ao conselho do professor de química Charles A. Jackson. Depois desta demonstração realizada com sucesso, o uso do éter foi rapidamente promovido pelo mundo. Muitos homens reivindicaram a autoria da descoberta da anestesia e de terem sido os primeiros a usar éter para este fim. O crédito da descoberta da anestesia foi dado a muitos indivíduos, incluindo Charles A. Jackson, HoraceWells, Gardner Q. Colton, William T. G. Morton,e Crawford Long, um cirurgião da Geórgia que afirmou ter induzido a anestesia cirúrgica em um paciente em 1842, mas não havia publicado o relato até 1849. A primeira anestesia realizada no Brasil foi com éter, em 1847, no Hospital Militar do Rio de Janeiro pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo. Crawford W. Long (D) simula uma intervenção cirúrgica simples anestesiada por éter.


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Departamento Universitário da AMRIGS Luciano Trombini | 9º semestre | Diretor DU AMRIGS

Criado a mais de 20 anos, com o objetivo de integrar os acadêmicos de medicina à Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), o Departamento Universitário (DU) proporciona aos estudantes de medicina, através de ações de cunho científico e social, atividades que visam prepará-lo para o futuro profissional. O DU é composto por representantes discentes dos cursos de medicina das diversas instituições de ensino do Rio Grande do Sul, criando um espaço de troca de experiências, discussões e ações pautadas na qualidade do ensino médico, na valorização profissional e pela garantia da prestação de serviços de saúde de qualidade a população. O que fortalece e ressalta o papel do estudante na tomada de decisões. A participação dos acadêmicos da UNISC no DU iniciou com os alunos da primeira turma Afonso de Reis Medeiros e Morgana Calvi, seguidos pela acadêmica Cátia Pagliocchi. Hoje os representantes da UNISC no DU são Luciano Trombini e Mayara Kist. Luciano ocupa o cargo de Diretor na gestão 2012-13, cargo pela primeira vez ocupado por um aluno da UNISC. Dentre as atividades promovidas pelo DU destacam-se os eventos científicos. MEMBROS Essas atividades incluem o apoio às semanas acadêmicas e à realização de curLuciano Trombini - UNISC sos, os quais proporcionam aos acadêmicos a oportunidade de complementar a Leonardo Mazzochi - PUC-RS sua formação. Além dos eventos científicos, o DU promove anualmente a MedIsabela Cristina Coelho da Cunha - UFCSPA Party, uma festa para recepcionar os calouros de medicina de todo estado, realiMateus Augusto dos Reis - UFCSPA zada na sede da AMRIGS. Mariana Dias Curra - PUC-RS O acadêmico de medicina pode tornar-se sócio da AMRIGS e usufruir os mais Arthur Santos da Costa - ULBRA diversos benefícios do associativismo. Hoje, a AMRIGS conta com inúmeros Jorge Alberto Menegasso Vieira - UCS convênios que incluem planos de saúde, assistência odontológica, agência de João Augusto Zortea - ULBRA viagens, cursos de idiomas, cinema, editora (ARTMED), entre tantas outras que Mayara Kist - UNISC podem ser conferidas pelo site www.amrigs.org.br em “Benefício ao Associado”. Gustavo Raupp Hoffmann - UPF Cabe ressaltar que os sócios da AMRIGS ganham desconto proporcional ao temJosé Henrique Floriani - UFRGS po de associado na realização do Exame AMRIGS, prova de seleção utilizado Priscila Fortes Garcia - ULBRA pela como parte do processo seletivo na maioria dos programas de residência Fernanda Morari Costa - PUCRS médica do Rio Grande do Sul. O desconto é de 20% no primeiro ano, chegando a Isabela Monteiro Trois - PUCRS 70% com seis anos de associado. As associações podem ser feitas pelo mesmo Giulia Steuernagel Del Valle - UFCSPA site, com o envio de um comprovante de matrícula e o pagamento da anuidade no Leonardo Dambros - UCPEL valor de R$ 43,00. Vitor Hugo Vargas - UFRGS Os sócios da também recebem a Revista AMRIGS, publicação oficial da Associação Médica do Rio Grande do Sul, de periodicidade trimestral, a qual busca transmitir informações úteis para formação e para prática médica. Além de possibilitar aos pesquisadores, particularmente os acadêmicos de medicina, a submissão dos seus trabalhos de pesquisa. O Departamento Universitário da AMRIGS está à inteira disposição dos acadêmicos de medicina. Maiores informações podem ser obtidas com os representantes Luciano Trombini (lucianotrombini@gmail.com) e Mayara Kist (mayarakist@hotmail.com).

DCE UNISC Nos dias 3 e 4 de abril ocorreram as eleições para o Diretório Central de Estudantes (DCE) da UNISC. Concorreram 2 chapas, sendo que na chapa 1, de oposição, estavam presentes três alunos da Medicina. Após um período eleitoral conturbado, a Chapa 1 saiu vencedora com 719 votos a 380. Durante a apuração já ocorreram críticas e reclamações da chapa perdedora, ligada a partidos de esquerda e com alunos que já se encontravam há anos dentro do DCE. Após a avaliação da Comissão Eleitoral, com apoio do Departamento Jurídico da UNISC, foi realizada a posse da gestão eleita no ida 10 de abril. Apesar disso, ocorreram manifestações contrárias e, inclusive, foram veiculadas na mídia notícias acerca do pleito, apesar de não haver mais quaisquer problemas com relação à validade da eleição e da idoneidade na nova gestão. Entre as propostas apresentadas pela chapa vencedora, estão: revitalização do espaço do DCE; melhorias na acessibilidade de todo o campus; aproximação com os estudantes há anos excluídos do DCE; suporte para pesquisas e construção de revistas cientificas; participação em eventos sociais e culturais do município; equalização no tratamento dos estudantes de todos os campi.


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O valor da autonomia na formação médica Luciano Nunes Duro | Médico de Família e Comunidade | Professor da UNISC

Antes de começar a falar sobre autonomia de uma pessoa que está frente a um médico, muito a fim de expressar todas as suas angústias e dores, faz-se necessário que comecemos tentando entender um pouco mais sobre o próprio processo saúde-doença. Aquela velha história... Bom, mas vamos lá. Há tempos que se discutem as diferenças entre doença (disease) e adoecimento (illness). Alguns médicos têm (e infelizmente ainda se vê muito isso) seu foco para o processo biológico que se instalou naquele organismo, mas o furo é mais embaixo. Uma torção de tornozelo num escriturário não tem a mesma conotação do que num triatleta, por exemplo. Então, a importância dada a uma determinada queixa e consulta muda de pessoa para pessoa, incluindo o médico. Uma pessoa procura um médico para realizar uma consulta, e, como a própria palavra diz, o médico vai dar seu parecer técnico sobre o motivo do encontro. Cabe ao médico entender que, no processo que vai da prescrição de alguma orientação (seja ela medicamentosa ou não) à resolução da questão/problema, muitas águas rolam por debaixo dessa ponte. Questões como letra legível na receita, orientação de como proceder com a orientação, custo/preço, tempo dispendido, efeitos colaterais e real interesse da pessoa em resolver a situação, estão envolvidos. E isso inclui a autonomia. A distribuição e combinação das tarefas entre médico e pessoa são essenciais para o sucesso terapêutico. Abandono ou nem começo de tratamentos estão intimamente relacionados ao descontentamento com a tomada da decisão. E essa decisão de não tratar, parar de tratar ou usar o tratamento de forma diferente da orientada (ou não) é decisão da pessoa. E ponto. Obviamente que nem todos têm capacidades autonômicas. Pessoas com problemas mentais, ou pouca idade podem ser considerados imaturos a ponto de não poderem decidir por si só. Aí entra o papel do bom médico de definir, em conjunto com familiares e/ou cuidadores, o melhor encaminhamento para determinada pessoa, a fim de obter os melhores resultados possíveis. Importante, também, é incluir na decisão de autonomia de um indivíduo, sua perspectiva social. Charlesworth (em Charlesworth M. La bioética en una sociedad liberal. Cambridge: Cambridge, 1996:V,131) afirma que: “Ninguém está capacitado para desenvolver a liberdade pessoal e sentir-se autônomo se está angustiado pela pobreza, privado da educação básica ou se vive desprovido da ordem pública. Da mesma forma, a assistência à saúde básica é uma condição para o exercício da autonomia.” Com isso, o princípio da autonomia é assunto que deve ser incorporado nas nossas práticas médicas diárias e discutidas rotineiramente.

Atlética Diego Inácio Goergen | Diretor de Comunicação | Presidente 2011

No ano passado, quando organizamos o torneio de futebol de salão entre as turmas, percebemos a dificuldade em organizar eventos deste tipo, totalmente diferentes dos eventos científicos a que estávamos acostumados. Sofremos tanto, que começamos a comentar internamente à diretoria a necessidade da criação de algum departamento específico para tais fins, já reconhecendo a importância que eventos esportivos e culturais têm para os nossos acadêmicos, bem como a participação na Intermed, sempre requisitada pelos nossos alunos e buscada desde o início do curso, por todas as gestões anteriores do DA. Felizmente, alguns alunos, então do 3º semestre, vieram nos procurar visando a criação de uma Associação Atlética da Medicina da UNISC. A Atlética seria responsável pela organização de torneios esportivos entre os alunos, bem como organizaria as idas para a Intermed. Esta ideia se encaixou como uma luva nos nossos planos, e prontamente nos disponibilizamos a ajudar. A coordenação do curso também se mostrou favorável à iniciativa, e marcamos uma reunião com eles. No dia 31 de outubro de 2011, realizamos a reunião com os alunos Mateus Diehl Hirt e João Paulo Carlotto Bassotto, ajeitando os últimos detalhes da parceria entre o DA e a Atlética. Felizmente, eles já estavam bem avançados, é nós só precisamos der um apoio e certo aconselhamento em algumas dúvidas. Já organizados, este ano a UNISC participou XVII Intermed Sul, entre os dias 5 e 8 de abril, em Torres/RS. Foram 4 dias de festas, jogos e integração entre os alunos de todas as escolas médicas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Todos os alunos que foram voltaram elogiando o evento, apesar de alguns problemas de organização típicos de eventos de grande porte. Para mais informações, dúvidas, sugestões ou críticas, basta entrar em contato com a Atlética por e-mail (atleticaunisc@gmail.com), Facebook ou falar com os membros da Atlética: João Paulo, Mateus Hirt e Mateus Zanotto, do 4º semestre. O DA apóia toda e qualquer iniciativa que busque a integração e a prática de atividades esportivas dos nossos estudantes.


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Intercâmbio em Moçambique Marthina Alice Gressler | 6º semestre | Tesoureira Diretoria Executiva

Após meses de preparativos, ansiedade, curiosidade e muita coragem, no dia 21 de dezembro de 2011, eu e mais 9 alunos da UNISC, embarcamos rumo a Moçambique, com o objetivo de realizar um intercâmbio de cunho cultural, o grupo era bastante heterogêneo composto por estudantes de diversos cursos da UNISC, sendo: Marthina Alice Gressler e Débora Rossato do 6º semestre do curso de Medicina, Raquel Oliveira Corbellini, Vinícius Josué Jacques, Renata Ross e Jéssica Alessio Goldfired do 8º semestre da Medicina, Mariani Lazaroto Schafer e Alexandra Oliveira Keller do 5º semestre da Odontologia, Bárbara Pavin Machado do 3º semestre da Odontologia, Suelen Portela da Silva do 7º semestre do curso de Filosofia e Murilo Damé do 9º semestre do curso de Direito. Moçambique é um país localizado ao leste do continente africano e é banhado pelo Oceano Índico, faz divisa com África do Sul, Suazilândia, Zimbábue, Zâmbia, Malawi e Tanzânia. É considerado um dos países mais pobres do mundo. Ele possui as melhores praias da costa leste da África, porém são pouco exploradas para turismo. Sua história iniciou com a chegada dos árabes pela costa oriental e ali permaneceram até finais do século XVI. Em 1507 os portugueses ocuparam o porto de Moçambique, em 1914 foi concedida autonomia parcial aos moçambicanos e em 1951 ele é convertido em província de ultramar. Em 1962 começa a resistência colonial com a formação de Frelino, a Frente de Liberação de Moçambique e apenas em 1975 Moçambique consegue a independência. Hoje o país encontra-se dividido em 10 províncias (estados) e a capital (Maputo), subdivididos em 112 distritos (cidades). Nosso trabalho foi realizado em Maputo, cidade com marcas visíveis de uma longa e sangrenta guerra civil, que durou aproximadamente 17 anos, sendo que atualmente está em fase de reestruturações. A cidade caracteriza-se como um centro de culturas de raças (negros, brancos, mulatos, árabes, indianos e chineses). A cidade é responsável por 20,2% do PIB do país, sendo os setores de comércio, transporte e comunicações e indústria manufatureira são os mais significativos. A moeda oficial é o metical (R$1,00 = 14Mts), o salário mínimo são 2.000Mts, o que corresponde em média R$142,00. O transporte público é feito por uma empresa pública chamada TPM – Transportes Públicos de Maputo, porém não consegue atender a demanda; portanto existem outros meios de transporte que são semi-coletivos particulares (vans, conhecidas como chapa 100), taxi e txopela (taxi moto). Meu objetivo principal do intercâmbio idealizado pela AIESEC (uma organização estudantil) que existe em mais de 100 países e que promove intercâmbios culturais e profissionais, com ajuda da Assessoria de Assuntos Internacionais da UNISC, foi de adquirir um aprendizado cultural e o conhecimento da realidade moçambicana na área da saúde. Ficamos alojados no centro de Maputo, em um prédio pertencente à Universidade Eduardo Monland, a maior universidade do país. O prédio é considerado num padrão acima da média, num bairro localizado no centro da cidade. Nosso apartamento localizado no 12º e último andar nos fez percorrer diariamente 219 degraus, pois o mesmo não possui elevador. Dividimos, entre 13 pessoas, 3 dormitórios, 1 cozinha e um banheiro onde terminávamos nossos dias tomando um maravilhosos banho frio, pois água quente não havia. Durante as 3 primeiras semanas sofremos o famoso choque cultural, conhecemos a região e sua cultura, tentamos nos adaptar a culinária e aos poucos fomos nos adaptando e fazendo amizades, fomos convidados a passar o natal com a família de um dos integrantes da AIESEC de Moçambique, a qual nos recebeu com muita cordialidade e hospitalidade. O reveillon passamos numa das ilhas mais bonitas da cidade (Ilha de Inhaca), desfrutamos das maravilhas do lugar o que amenizou um pouco a saudade. Durante os 2 meses, realizamos também alguns passeios onde conhecemos as maravilhas das praias moçambicanas (bilene, chidenguele e tofo), bem como Durban e o Safari Internacional Kruger, na África do Sul. Na segunda semana de janeiro iríamos começar a trabalhar na ONG inicialmente indicada para a realização das atividades, entretanto por falta de recursos a mesma estava inativada, essa situação se repetiu em outras ONGs em que tentamos nos inserir, essa é uma realidade do país, pois ainda depende muito financeiramente de recursos oriundo de doações para suprir as demandas na área da saúde, educação e saneamento básico. Durante uma semana, que ficamos sem local de


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Página 7 trabalho, conhecemos um bairro chamado Polana Caniço, que retratava muito bem a realidade moçambicana: ruas cobertas de areia, lixo a céu aberto, crianças brincando com latas, papéis e garrafas recicladas, andando descalças; casas de bloco de cimento ou de palha com 1 a 2 cômodos pequenos, cenários também comuns em periferias de cidades brasileiras. Outra semelhança com o Brasil, porém muito mais marcante, são as feiras de ruas nos quais vários produtos como roupas, sapatos, tênis, cinto, carne, roupas de cama, móveis, cabritos e galinhas, são comercializados em barracas montadas nas calçadas.

A vivência nos mostrou que o povo moçambicano é acima de todo muito hospitaleiro, são muito solícitos, sempre se prontificam a ajudar, prestando informações, oferecendo caronas, sem pedir nada em troca. Por exemplo, as tantas vezes que estávamos perdidos e fomos deixados na porta de casa por pessoas que jamais vimos ou, quando arrumaram minha sandália no meio da rua logo após ela arrebentar, dentre outros momentos vivenciei a amabilidade desse povo. Percebi que apesar de todas as dificuldades, são pessoas muito sorridentes e alegres, vivem cada dia como se fosse único, adoram se divertir, principalmente dançar e ouvir músicas, possuem uma cultura muito forte, mas apreciam muito o que vem do Brasil (música, cabelos, novelas). As roupas são muito coloridas, as mulheres usam capulanas (tecido típico africano) por cima da roupa, para amarrar seus filhos nas costas, algumas usam como lençol, toalha, ou outra finalidade que possa ter um tecido; as que possuem mais recursos utilizam as capulanas para a confecção de roupas em alfaiatarias. Após vários encontros com membros da AIESEC local, fomos apresentados ao centro de reabilitação psicossocial da Mahotas, uma entidade religiosa que existe em vários países, inclusive no Brasil, coordenado pelas irmãs hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. Nesse local são atendidos grupos de adultos e crianças socialmente vulneráveis, como: pessoas com doenças psíquicas, deficiência mental e física, HIV/SIDA, com paralisias cerebrais e paralisias provocadas pela malária. Nesse centro desenvolvemos atividades variadas, desde ensinamentos básicos de higiene (tomar banho, lavar os pés, escovar os dentes), atividades pedagógicas (ensinar o ―A, B, C‖ e as cores), atividades físicas (para controle da coordenação motora), palestras para os internos e para as cuidadoras sobre AIDS/SIDA, malária, bicho de pé (matacanha), piolho e escabiose. O trabalho com as crianças para mim foi o mais gratificante, onde pude fazer acompanhamento das sessões de fisioterapia, atendimento para revisão de peso e estatura, além de atendimentos em situações especiais (sintomáticos respiratórios e machucados diversos). Ainda, fizemos orientações sobre higiene, auxiliamos na hora da alimentação, banho e escovação dos dentes e realizamos visitas domiciliares. Foi uma experiência única onde pude conhecer uma realidade muito diferente da minha, apesar da dificuldade inicial em entender e de habituar-me a uma nova cultura, foi um trabalho muito gratificante, além de me proporcionar conhecer maravilhas do local, tive a oportunidade de fazer um voluntariado num centro de reabilitação psicossocial, com inúmeras necessidades, tanto de estrutura quanto de afeto. O envolvimento com os internos do centro foi inevitável, cada um possui uma história, um sorriso e uma forma de lidar com as dificuldades decorrentes da guerra, as marcas ainda estão muito visíveis, mas, com a solidariedade e voluntariado acredito que o país irá se recuperar e superar suas dificuldades. Meu objetivo principal foi atingido, mas acima de tudo pude além de desenvolver atividades relacionadas à área da saúde, aprender muitas lições de vida de coragem e perseverança, que as vezes achamos que fazemos tão pouco que não vale a pena, mas esse pouco é muito para alguém, e que mesmo que você não resolva os problemas do mundo vale a pena fazer alguém sorrir.

“Par a chamar a atenção do leitor , ins ir a uma citação ou fr as e inter es s ante do texto aqui.”


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Por que dormir? Cristiano Firpo Freire | Neuropediatra | Neurofisiologista

A função do sono continua a ser um grande mistério biológico. Várias teorias da função do sono têm sido propostas (quadro 1), mas nenhuma delas é satisfatória para explicar as funções biológicas exatas de sono. Experiências de privação de sono em animais demonstraram claramente que o sono é necessário para a sobrevivência.

A privação do sono também pode causar efeitos metabólicos, hormonais e imunológicos. Privação do sono provoca imunossupressão, mesmo a privação parcial de sono produz diminuição da resposta imune celular. Há evidências consistentes de aumento dos níveis de cortisol pela privação de sono, sugerindo uma alteração na função do eixo hipotálamohipófise-adrenal. A diminuição da memória está relacionada à hipofunção hipocampal induzida pela intolerância à glicose. A falta de sono restaurador leva a diminuição dos níveis de tireotrofina, ao aumento dos níveis de cortisol e ao aumento da hiperatividade simpática, que são fatores de risco para obesidade, hipertensão arteQUADRO 1 rial e diabetes. Teorias das funções do sono

As necessidades de sono mudam drasticamente desde a infância à terceira idade. Os recém-nascidos têm um padrão de sono polifásico, com 16 horas de sono A síndrome da apnéia obstrutiva do sono - restauradora por dia. Essa necessidade de sono diminui (SAOS), atinge cerca de 13% dos homens - conservação de energia para aproximadamente 11 horas por dia adultos e 4% das mulheres. É muito pre- adaptativa pelos 3 a 5 anos de idade, com um padrão valente entre as populações com doença - instintiva bifásico. Já aos 9 ou 10 anos de idade, a cardiovascular, como hipertensão arterial - consolidação das memórias maioria das crianças dormem 10 horas e insuficiência cardíaca, e está associada a - integridade neuronal e sináptica durante a noite. Adultos apresentam um remodelamento cardíaco e arritmias. Há - função termorreguladora padrão de sono monofásico, com uma pesquisas mostrando que menos de seis duração média de 7,5 a 8 horas por noite, horas de sono por noite, aumentam em 48% a probabilidade de desenvolver ou morrer de doença carque retorna para um padrão bifásico na velhice. Estudos de privação de sono em humanos têm mostrado díaca e uma chance maior de 15% de desenvolver ou morrer uma diminuição de desempenho, falta de motivação, diminui- devido a um acidente vascular encefálico. Também há relação ção da vigília, sonolência excessiva diurna, desatenção, déficit entre a SAOS e acidentes de trânsito e de trabalho. de memória, hiperatividade, diminuição da capacidade de aprendizado, desinteresse por atividades físicas, cansaço, impulsividade, menor habilidade verbal, menor criatividade, mau humor, problemas comportamentais, baixo limiar às frustrações, depressão, infecções de repetição, obesidade, queixas gastrointestinais e atraso no crescimento. Todos esses sinais demonstram a necessidade e a importância de um sono restaurador.

A avaliação de problemas do sono deve ser minuciosa, pois atualmente existem 77 diagnósticos diferenciais definidos pela Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (ICSD). No quadro 2 estão listados os grupos de diagnósticos com um exemplo comum de cada grupo. A polissonografia (PSG) é o exame complementar de eleição para os principais diagnósticos diferenciais e auxilia na determinação da melhor conduta terapêutica e no monitoramento dos tratamentos. As principais indicações de PSG estão no quadro 3.

QUADRO 2 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DOS DISTÚRBIOS DO SONO (ICSD-2)

QUADRO 3 Indicações de polissonografia

- INSÔNIAS - Insônia psicofisiológica - DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO SONO - Síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS) - HIPERSONIAS DE ORIGEM CENTRAL (não associadas a distúrbios do ciclo circadiano, a distúrbios respiratórios do sono ou a outra causa de distúrbio do sono) - Narcolepsia - PARASSONIAS - Sonambulismo - DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO RELACIONADOS COM O SONO - Síndrome das pernas inquietas - SINTOMAS ISOLADOS, VARIANTES NORMAIS E QUESTÕES NÃO RESOLVIDAS - Mioclonias do início do sono - OUTROS DISTÚRBIOS DO SONO - Distúrbio do sono de origem ambiental

- Sonolência Diurna Excessiva (Narcolepsia, Hipersonias Idiopática ou Recorrente, etc) - Distúrbios respiratórios durante o sono (Roncos, Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono, Síndrome de Aumento de Resistência das Vias Aéreas Superiores, etc) - Instalação de CPAP - Controle pós-tratamento (cirurgia, sonoplastia, aparelhos bucais, etc) de Síndrome de Apnéia Obstrutiva do Sono - Distúrbios do ritmo cardíaco que ocorrem durante o sono - Distúrbios de comportamento que ocorrem durante o sono (Sonambulismo, Distúrbio de Comportamento do Sono REM, Epilepsias, etc) - Síndrome das Pernas Inquietas ou dos Movimentos Periódicos dos Membros - Insônia


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Como desenvolver um projeto de pesquisa? Luciano Trombini | Diretor DU AMRIGS | 9º semestre

“A modernidade transformou conhecimento em poder. As nações mais ricas e influentes do planeta têm, no avanço e independência tecnológica, fatores primordiais para seu crescimento.” (TENORIO, Maria do Patrocínio; BERALDI, Gabriel. Iniciação científica no Brasil e nos cursos de medicina. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 56, n. 4, 2010.)

Iniciação científica são atividades de pesquisa desenvolvidas por alunos da graduação. Constituem uma importante ferramenta para o incentivo de jovens pesquisadores além de contribuir para formação profissional do indivíduo. Permitem ao acadêmico um contato próximo com a metodologia científica e por meio da vivência prática e consolidam noções de epidemiologia, as quais são úteis na leitura e análise de um artigo científico. São inúmeras as áreas onde é possível a realização atividades de iniciação científica, desde as áreas conhecimento ditas ciências básicas (anatomia, fisiologia, bioquímica, etc.) até a pesquisa clínica com seres humanos dentro das grandes áreas de atuação médica. Durante a graduação, a pesquisa deve ser realizada sob a supervisão (orientação) de um professor, o qual é responsável pela pesquisa, diferente da pós-graduação, onde o aluno é o responsável pela pesquisa. A participação em atividades de pesquisa pode ser de forma voluntária ou remunerada (quando o aluno recebe uma bolsa de iniciação científica). As bolsas de iniciação científica provêm de agências fomentadoras de pesquisa como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - http://www.cnpq.br), FAPERGS (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul - http://www.fapergs.rs.gov.br), CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior http://www.capes.gov.br), ou da própria instituição de ensino. Na UNISC, por exemplo, dispomos do Programa UNISC de Iniciação Científica (PUIC) (http://www.unisc.br/portal/pt/pesquisa/iniciacao-cientifica/programas.html). Para ter acesso a essas bolsas é preciso ficar atento aos editais, os quais geralmente são divulgados em murais e por meio eletrônico. O acadêmico pode participar de pesquisa inserindo-se em uma linha de pesquisa existente, integrando um grupo de pesquisa, ou elaborar ―seu próprio projeto‖ (reforço aqui, que na graduação o responsável pela pesquisa é o professor). De uma maneira geral, a elaboração de um projeto de pesquisa passa por algumas etapas. Após definido o objeto de estudo, o primeiro passo deve ser a busca de informações existentes sobre o assunto (revisão de literatura), essas informações devem ser provenientes de fontes seguras e confiáveis, as quais geralmente consistem em livros-texto e artigos publicados em revistas científicas. Esses artigos encontram-se em base de dados como Scielo (http://www.scielo.br), Biblioteca Virtual em Saúde (http://regional.bvsalud.org) e Pubmed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed). Sendo a grande maioria dos artigos (e os mais relevantes) publicados na língua inglesa. Essa etapa consiste na revisão de literatura, que permite ao pesquisador aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto bem como planejar qual a melhor estratégia (metodologia a ser utilizada) para o desenvolvimento da pesquisa. Conhecendo o assunto a ser pesquisado, passa-se a estruturação do projeto de pesquisa, onde deve ser apresentada de forma detalhada como a pesquisa será desenvolvida.  Introdução: deve apresentar o objeto de pesquisa de forma clara e resumida  Justificativa: onde são explanados os argumentos que sustentam a necessidade de se desenvolver a pesquisa  Problematização da pesquisa: ou seja, a pergunta a ser respondida com a pesquisa  Revisão de literatura: compila as informações disponíveis na literatura, conforme descrito acima.  Objetivos (gerais e específicos): o que se pretende alcançar com a pesquisa  Método: descreve os meios a serem utilizados para realização da pesquisa (tipo de estudo, população a ser estudada, processo de amostragem, critérios de inclusão e exclusão, coleta e análise dos dados, considerações éticas e divulgação dos resultados obtidos)  Cronograma: apresenta o período do estudo, bem como quando será realizada cada uma das etapas da pesquisa  Orçamento: descreve os gastos com a pesquisa e as fontes financiadoras (que pode ser, por exemplo, o próprio pesquisador quando a pesquisa consiste na aplicação de um questionário, ou a instituição de ensino, quando são utilizados materiais, equipamentos e insumos de laboratório). Com o projeto estruturado, deve-se submetê-lo a avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), quando a pesquisa envolver seres humanos ou da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA). O CEP é um órgão composto por representantes docentes, discentes, funcionários e membros da comunidade, cuja função é avaliar os projetos de pesquisa que envolva seres humanos, com o objetivo de garantir que sejam cumpridos todos os requisitos previstos pelas diretrizes brasileiras de ética em pesquisa. Já a CEUA, com composição semelhante, avalia protocolos das atividades de ensino e pesquisa que envolvam animais, garantindo o seguimento da Lei n° 11.794, de 08 de outubro de 2008, que regulamenta os procedimentos para o uso cientifico de animais. Na UNISC, o CEP e a CEUA funcionam vinculados à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, maiores informações podem ser obtidas pelo site da UNISC. Participar de atividades de iniciação científica exige dedicação e comprometimento. Requer leitura e análise de artigos científicos, tempo para a elaboração do projeto de pesquisa, coleta, tabulação e análise dos dados. Considerando que o curso de medicina possui uma extensa carga horária, participar de tal atividade sem um planejamento adequado das tarefas e atribuições no projeto, pode sobrecarregar o aluno, comprometendo o seu desempenho acadêmico. Para isso é preciso organização, de forma que o mesmo consiga desempenhar com êxito as suas atividades de graduação e de pesquisa. Por outro lado o aprendizado com as atividades de pesquisa são inúmeros e muito úteis na formação profissional do médico. Atualmente com a crescente produção científica e o grande número de informações disponíveis, é preciso conhecer o método científico para saber julgar a confiabilidade das informações que se está tendo contato. E acima de tudo, o desenvolvimento científico de uma nação passa pelo estimulo dos jovens a desenvolverem pesquisas e produzirem conhecimento.


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Metástase

Liga da Neurologia Bruno Loz da Rosa e Márcio Luis Paveglio da Silva | 7º semestre | Liga da Neurologia

A Liga da Neurologia – UNISC foi criada em agosto de 2010 com a finalidade de contribuir para uma melhor formação dos profissionais da área da saúde, promovendo atividades que visam à interação entre ensino, pesquisa e extensão, de forma interdisciplinar, enfocando os aspectos envolvendo as neurociências. Dentre os principais objetivos da Liga cita-se o aprofundamento dos conhecimentos na área neurológica e nas ciências da mente, a realização de pesquisas com orientação docente. Tal envolvimento proporciona contribuição para geração de conhecimento científico e a interação com a comunidade, visando à obtenção e o fornecimento de informações que possam auxiliar em aspectos preventivos e de promoção da saúde, seguindo os conceitos modernos de atuação profissional. Desta forma, estão sendo desenvolvidos programas de estudos e interação comunitária envolvendo a doença cerebrovascular – uma das maiores causas de morbimortalidade no nosso país -, o traumatismo crânio encefálico e as doenças de caráter crônico, como a demência - alta morbimortalidade e o problema de saúde mental que mais cresce proporcionalmente. Neste sentido, a participação na Feira de Saúde dos Bairros de Santa Cruz do Sul é uma grande oportunidade para a efetiva integração com profissionais da área de saúde e com a comunidade. Como forma de interação dos membros ligantes com outras áreas da Medicina e outros cursos da UNISC, bem como, com a comunidade, são desenvolvidos anualmente cursos, seminários, capacitações científicas e culturais dos estudantes e da comunidade em geral. Atualmente, a Liga é composta por nove ligantes, são eles: Bruno Loz da Rosa (Presidente), Thricy Dhammer (Vicepresidente), Bruno Kras Friedrisch e Mayara Goerck (secretários), Pedro Augusto Baptisti Minussi (Tesoureiro), Iuri Pereira dos Santos (Diretor de produção científica), Gustavo de Oliveira Cardoso (Diretor de publicidade), Márcio Luís Paveglio da Silva e Priscila Rech. Em caráter pioneiro dentre as ligas acadêmicas, a Liga da Neurologia apostou em incorporar acadêmicos de outros cursos, fazendo atualmente parte da equipe a acadêmica do curso de Farmácia, Priscila Rech, e a acadêmica do curso de Fisioterapia, Mayara Goerck. A fim de proporcionar suporte para os acadêmicos, integram a Liga os professores dos cursos de Medicina, Biologia e Psicologia. O professor Antônio Manoel de Borba Júnior é o coordenador desde sua fundação e, também fazem parte do quadro os professores Deivis Campos, Edgar Merúvia, Manoel Nazer e Roselaine Silva. As reuniões realizadas pela Liga de Neurologia apresentam-se como de fundamental importância para a complementação teórica dos alunos participantes da Liga. Estas proporcionam uma visão mais integral das neurociências, bem como nos possibilitam debater sobre condutas a serem tomadas em cada situação,

aprimorando as informações constantes em bibliografias básicas. As reuniões são conduzidas de acordo com o cronograma letivo e possuem organização semestral, com planejamento anual das atividades. As tarefas são divididas igualitariamente entre os participantes, propiciando participação a todos, bem como um aprendizado complementar de envolvimento em equipe. No contexto dos encontros são adicionados seminários teóricos desenvolvidos pelos acadêmicos ligantes e por professores, dependendo da demanda preferida pelos mesmos. Tais atividades são preparadas de acordo com o tema e com a melhor referência para o assunto em pauta. Os demais ligantes são instigados a preparar-se teoricamente sobre o assunto com antecedência a fim de possuírem embasamento e ocorrer debate e melhor interação e aprendizado. No ano de 2012, está em vigência dois projetos de pesquisa, o ―EPIVALENTE – Prevalência de epilepsia no município de Passo do Sobrado‖ e a ―Avaliação da prevalência de distúrbios do sono em pacientes do Instituto do Sono e Neurofisiologia de Santa Cruz do Sul, RS‖. Tais pesquisas objetivam consolidar os dados de prevalência já existentes, bem como avaliar a associação de alguns fatores de risco como parte da história natural destas doenças. Além destes projetos, nossos ligantes estão envolvidos em projetos desenvolvidos pela instituição, participando de monitorias oferecidas pelo curso de Medicina, expondo trabalhos em congressos nacionais e internacionais, como o Congresso Internacional de Psicologia Aplicada (Austrália), Congresso Brasileiro Avaliação Psicológica (Bento Gonçalves) e Jornada de Psiquiatria Psicodinâmica (RS), e de atividades extraclasse em unidades básicas de saúde (UBS) da região, trabalhando com pacientes com doença de Parkinson, e liderando o Grupo de Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), grupo de promoção de saúde desenvolvido pioneiramente em Santa Cruz do Sul por sugestão de portadora de LES adscrita no ESF-Senai, conduzido por Acadêmicos de Medicina, sob Supervisão da Enfermeira do ESF. A Liga da Neurologia – UNISC, em parceria com estudantes do curso de Psicologia, orientados pela professora Roselaine Ferreira da Silva, faz parte da confecção de um livro de neuropsicologia, escrevendo capítulos do livro sobre doença de Alzheimer, Parkinson, autismo e epilepsia. Para este ano, já estão programados dois cursos a serem realizados para auxiliar na capacitação teórica dos acadêmicos do Curso de Medicina. O curso de Neurociências, ministrado por doutorandos em Neurociências da UFRGS, será oferecido a todos os cursos da área da saúde da UNISC, e com novos temas abordados para a terceira edição. Além deste, será ofertado o curso de Topodiagnóstico Neurológico, realizado a cada dois anos, a fim de auxiliar os acadêmicos do curso a raciocinarem objetivamente ao fazerem diagnósticos neurológicos, baseados na detecção precisa do local anatômico acometido pela doença, de acordo com os sintomas apresentados pelo paciente.


Ano 2, Edição 2

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Medicina de Família em Pauta A Liga Acadêmica de Medicina de Família e Comunidade (LAMFC) surgiu a partir da sugestão de uma atividade extracurricular do corpo docente e discente do Curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. Foi reativada desde 2010 e contou com a participação de quatro novos alunos em agosto de 2011. Portanto, hoje tem um total de nove ligantes (dos mais variados semestres), os quais são: Camila Signor Jacques, Eduardo Comazzetto dos Reis, Emanuelle Damo Cerizolli, Juliana Lemos Fontoura Alves, Keli Martinazzo, Manoela Persch, Roberta Barela Pimentel, Robson Gonçalves, Viviane da Silva Baumhardt; e também a integração da professora preceptora Daniela Teixeira Borges. De acordo com o Estatuto da liga, sua missão é apresentar ao aluno do Curso de Medicina da UNISC a Atenção Primária à Saúde, de maneira clara e objetiva, possibilitando que essa prática possa fazer parte efetivamente da sua carreira profissional, independente da especialização pela qual optar, se optar. Dessa maneira, a atividade da Liga é voltada à Atenção Primária à Saúde, com a participação ativa dos alunos em atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como em atividades comunitárias e em práticas ambulatoriais. Assim, para viabilizar essas atividades, as reuniões ocorrem em uma frequência quinzenal, com duração de uma a duas horas, na Universidade ou no Hospital Santa Cruz, de acordo com a ocasião. Dentre os projetos desenvolvidos, referentes às atividades de pesquisa e atualmente em andamento, citam-se: Soroprevalência da Toxoplasmose em Gestantes e Prevalência de Disfunções de Tireóide e sua Associação com Depressão em Idosos. Ambos estão no período de coleta de dados, busca realizada em Estratégias de Saúde de Família. O primeiro abrange 10 ESFs e tem por objetivo analisar a Soroprevalência da Toxoplasmose em Gestantes, sendo possível uma análise posterior da eficácia do SUS na triagem da doença durante o pré-natal. Já o segundo, realizado na área adscrita pelo ESF Pedreira, verificará a relação entre patologias que acometem a Tireóide e a Depressão em indivíduos acima de 60 anos. Além de projetos, os acadêmicos que compõem a Liga têm a possibilidade de realização de atividades extracurriculares, como atendimento no Posto de Saúde Avenida em cinco dias por semana. Para melhor organização, os ligantes fazem rodízio para o acompanhamento na unidade durante a semana. A fim de tornar a liga uma atividade complementar do curso, também são realizadas atividades de ensino, momento em que são estudados temas discutidos e ensinados em aula. Alternadamente, são revistos temas focalizados na Atenção Primária a Saúde, Promoção e Prevenção de Saúde (como Prevenção Quaternária em Saúde), no Sistema Único de Saúde do país e em patologias mais prevalentes encontradas nas Estratégias de Saúde de Família. Para organização desses temas foi estipulado um

cronograma dos temas que deveriam ser abrangidos. Dentre eles, destacam-se: hipotireoidismo, toxoplasmose em gestantes, doença pulmonar obtrutiva crônica (DPOC), hepatites virais e hipertensão arterial. Como é pré-requisito para a existência de uma Liga e também é de fundamental importância para o curso de Medicina, vem-se discutindo nas reuniões a possibilidade de, no decorrer de 2012, efetivarmos a realização de simpósios para que todos os acadêmicos possam se integrar às atividades da liga e ganhem a oportunidade de mais esclarecimentos sobre a Atenção Primária em Saúde, visto que é o objetivo de trabalho de uma das grandes áreas da Medicina: Medicina de Família e Comunidade. O tema proposto para o primeiro será divulgado mais adiante, porém adianta-se que é bastante interessante e de extrema relevância na prática clínica. Portanto, a LAMFC cada vez mais aprimora suas práticas, contando com a participação harmoniosa de todos os integrantes. Cabe ressaltar que nesse semestre não há pretensão de abertura de edital para a entrada de novos ligantes, pois se necessita encerrar algumas questões. Contudo, para o próximo semestre, antecipa-se que será aberto um edital e se espera o interesse dos acadêmicos no seu ingresso.


Questão de contexto Fim de tarde, um ginecologista aguarda sua última paciente que não chega. Depois de 45 minutos, ele supõe que não virá mais, e resolve tomar um licor para relaxar antes de voltar para casa. Ele se instala numa poltrona e começa a ler o jornal quando toca a campainha. É a paciente que chega toda sem graça e pede desculpas pelo atraso. — Não tem importância, imagine — responde o médico — Olhe, eu estava tomando um licor enquanto a esperava. Quer um também para relaxar? — Aceito com prazer! — responde a paciente aliviada. Ele lhe serve um copo, senta-se na sua frente e começam a bater papo. De repente ouve-se um barulho de chave na porta do consultório.. O médico tem um sobressalto, levanta-se bruscamente e diz: — Minha mulher! Rápido, tire a roupa e abra as pernas!

Metástase UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul A/C DA Medicina Bloco 53, sala 5335A Av. Independência, 2293 Bairro: Universitário CEP: 96815-900 Santa Cruz do Sul - RS / Brasil E-mail: damed.unisc@gmail.com Website: http://damedunisc.wordpress.com 1

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Verticais 1. Uma das partes anatômicas de uma vértebra 2. Linfócito citotóxico 3. 7º par craniano, responsável por grande parte motora da face 4. Gonadotrofina que age predominantemente nas células da teca 6. Thomas (?), maior patologista de seu tempo e pioneiro na patologia clínica, estudou os linfomas. 7. Termo generalista para qualquer doença das articulações 8. Enzima hepática catalizadora da alanina 10. Ducto de (?): Ducto paramesonéfrico 11. Diminuição do débito urinário 12. Osso sesamóide 14. Em Medicina do Trabalho, sigla da norma que deve ser seguida pelas empresas 16. Urgência cardiológica (sigla) 20. Célula com 23 cromossomos 25. Theodor (?): Médico fisiologista alemão (18101882), cujos estudos levaram à criação da teoria celular, além de diversos outros avanços 26. Doença de (?): Insuficiência da glândula suprarrenal 32. Objeto de estudo da Fonoaudiologia 34. Grande responsável pelo equilíbrio ácido-básico do organismo 35. Armazena as informações genéticas de um organismo 36. Fundamental para a síntese de vitamina D 40. Método de May-Grunwald-(?): tipo de coloração para análise em microscópio. 41. Síndrome de (?)-Tawil: Distúrbio de canais do cálcio

Horizontais 5.Doença causada pelo Trypanosoma cruzi, descoberta por um brasileiro 9.Desnutrição que cursa com hipoproteinemia 13. Químico americano que deu grandes contribuições ao estudo das vitaminas 15.Interferon Gamma Release Assays, possível substituto do PPD 17.Intubação orotraqueal (sigla) 18. Órgão que pertence ao sistema respiratório e digestório 19. Bacilo de (?): Mycobacterium tuberculosis, causador da tuberculose 21. Pequeno e grande (?): subdivisão antiga das convulsões 22. Um dos opióide mais usados para controle da dor crônica 23. Segmento distal do membro inferior 24. Esteatohepatite não-alcoólica 27. Aumento do líquido peritoneal 28. Adenosina desaminase, enzima envolvida no metabolismo das purinas, altamente presente em linfócitos T 29. Órgão linfóide que regride com o decorrer da infância 30. Nome comercial da metoclopramida, amplamente utilizado como antiemético 31. Um dos nomes comerciais da gliclazida, uma sulfonilureia, usada no controle do DM II 33. Doença inflamatória com granulomas nãocaseosos 37. Bebê até os 28 dias 38. Mineral necessário em pequenas quantidades no organismo 39. Procedimento efetivo para a facilitação da evacuação

"O que é pior: a falta de assistência médica ou o excesso?" - Millôr Fernandes (1923-2012)

"Medicina é uma ciência social. E política nada mais é que uma medicina em grande escala." - Ilona Kickbusch (1948-presente)


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