pra você
• ano II • edição 9 • MAR ABR 2018
dia da mulher
Histórias de mulheres empoderadas que viajam o mundo sozinhas a n i v e r s á ri o d e c u i a b á
Os sabores mais tradicionais da mesa cuiabana gastro tour
Uruguai, terra de carnes nobres e bom vinho
ora pois, é
bacalhau A iguaria portuguesa que reina na Páscoa do brasileiro
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Sumário 14
Em família
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O chef Waldemar Untar prepara um cardápio para a Páscoa
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Capa
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Afonso Salgueiro Filho recomenda o robalo do chef Cleber Costa
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Bacalhau: sabor português que conquistou o Brasil
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Na casa do chef
Post do Chef Marcelo Cotrim prepara seu nhoque com ragu de rabada
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Regional
Sorvetes
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Os sabores e a evolução dos clássicos da mesa cuiabana
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Mixologia A sensibilidade e a ciência no preparo de drinks
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Sozinho ou acompanhado, sorvete é delícia a qualquer hora
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Dia da Mulher Histórias de mulheres que sozinhas, viajam o mundo
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Gastro Tour Uruguai: um passeio rico em paisagens e sabores
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Lifestyle Esportes praticados com cavalos
Editorial
Os sabores da Páscoa
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ara muitas pessoas, a Páscoa é uma das datas mais simbólicas. Seja pela reunião familiar, seja pelo significado religioso ou ainda, pela riqueza culinária que a data proporciona. Época de mesa farta, onde peixes e chocolates são as estrelas principais. Nesta edição, a Páscoa marca presença em muitos momentos. O chef Waldemar Untar recebeu a família em sua residência para servir uma refeição típica da data e para que nossos leitores possam apreciar os segredos do chef, ele compartilhou conosco as receitas servidas. Também apresentamos uma matéria especial sobre o bacalhau, com informações relevantes e dicas para quem aprecia a iguaria e quer surpreender os convidados no domingo de Páscoa. Para comemorar o aniversário de Cuiabá, preparamos um conteúdo sobre as influências, as heranças culturais e as histórias em torno de pratos típicos locais. Um passeio pelo tempo onde o destaque é a rica e peculiar culinária cuiaba. A arte da mixologia está cada dia mais aprimorada e reconhecida. No equilíbrio dos sabores, especialistas preparam coquetéis clássicos ou desenvolvem receitas que supreendem pelo sabor e pela delicada capacidade de harmonizar ingredientes numa bebida. Na matéria sobre o assunto, profissionais da área apresentam informações preciosas para quem quer se aventurar no preparo de uma bebida especial. E ainda, para comemorar o Dia Internacional da Mulher, convidamos mulheres que viajam sozinhas para contar suas experiências. Elas quebraram o paradigma dos perigos e da necessidade de estar sempre com alguém, mas especialmente, usam essas experiências como ferramenta de empoderamento e de libertação de esteriótipos pré-estabelecidos. Histórias inspiradoras que certamente, ecoarão em outras mulheres que buscam um estilo de vida independente e mais sintonizado com os nossos tempos. Uma ótima leitura, um forte abraço e uma feliz Páscoa. É o que deseja toda a
Família BigLar bigl ar
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A revista “≠ pra você” está disponível gratuitamente para tablets e smartphones na App Store e Google Play
Coordenação Geral Genius Publicidade CEO Junior Brasa Atendimento Juliana Alencar Produção Gráfica Tassia Nagazawa
Conteúdo, edição e arte
Direção Editorial Glauco Piccirillo Redação Andressa Boa Sorte Adriana Panzini Daniele Danchura Elen Valereto Gabriela Ferigato Kátia Carminatto Marcelo Xavier Michelle Monte Mor Priscila Vanti Direção de Arte Juliano Polotto
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Revisão Patrícia Amaral
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Impressão e Acabamento Gráfica Print Tiragem 10 mil exemplares
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Marketing BigLar marketing@biglar.com.br (65) 99920-5900 Para Anunciar Rico Ferraz ricoferraz@birobrasil.com (65) 99611-3262
carta do leitor
Verduras imbatíveis
Sou paulista, mas moro em Cuiabá há 20 anos. Vou ao BigLar todos os sábados para comprar principalmente laticínios, frutas e verduras. Gosto desses produtos em particular por causa da qualidade superior. No caso das verduras, dá para aproveitar tudo, sem se perder uma folha sequer. Também sou fã do pão do BigLar: não encontro outro igual pela cidade. Acho que não mudaria nada na loja de Várzea Grande, onde frequento. Tudo sempre organizado, corredores amplos e facilidade para localizar os produtos, sem contar o ótimo atendimento em todas as seções, do açougue ao caixa. Gostaria de ver mais promoções no BigLar, especialmente nos dias em que estou por lá.
Maria Simone Paiva, cliente do BigLar há 8 anos
É o melhor supermercado
Desde minha infância frequento o BigLar com meus avós. Hoje vou diariamente na unidade de Várzea Grande. Todos os produtos que preciso eu encontro lá, seja na padaria, no hortifrúti ou no açougue.O atendimento dos profissionais e a atenção que todos dão aos clientes é um dos diferenciais da rede. Nas datas comemorativas, por exemplo, sempre tem uma homenagem e isso faz com que me sinta importante como cliente. Vejo que o supermercado faz de tudo para nos sentirmos bem. Lembro de duas reportagens da Revista BigLar que me chamaram atenção: a primeira foi sobre o aniversário de Cuiabá e a outra sobre os 40 anos do BigLar.
Joattan Machado da Silva, cliente do BigLar há 25 anos
Atendimento primoroso
Sou carioca e cliente da unidade Miguel Sutil há quatro anos, logo que me mudei para Cuiabá. Conheci a rede BigLar por causa minha filha, que veio morar aqui antes de mim. Escolhi o Biglar por ser um supermercado que, além de oferecer excelentes produtos, possui um atendimento primoroso. Compro bebidas, laticínios, carne, peixe, pães, itens de limpeza, mas o que gosto mesmo é de encontrar produtos como legumes, frutas e verduras sempre frescos. Gostaria que o BigLar oferecesse mais variedades de cervejas artesanais, assim como faz com os vinhos. Leio a revista com alguma frequência e gosto bastante das seções de receitas. Até me arrisco a preparar alguns pratos. Há algum tempo li uma matéria sobre a valorização à saúde e ao homem do campo com a qual me identifiquei muito, já que sou adepta da alimentação orgânica.
Heloísa Maria Dias Jacome, cliente do BigLar há 4 anos
Limpo e organizado
Conheço o BigLar desde os meus sete anos de idade, quando ele ainda era no bairro Jardim Paula, antes de mudar para Várzea Grande. Sempre que posso, dou uma passada por lá para comprar produtos de higiene, frios e pão. O ambiente do BigLar é muito bom, sempre limpo, bem organizado e as pessoas muito educadas. Já fiz algumas degustações bem interessantes e adoro a ideia de experimentar antes de comprar.
Gonçalina Santana de Arruda, cliente do BigLar há mais de 20 anos bigl ar
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n a P r at e l e i r a — P o r P R I SC I L A VANT I —
Na hora do lanche
Crocância
saudável
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Cansado dos snacks de sempre? Grande produtora de salgadinhos, a Pernes é a fabricante dos deliciosos Long Chips, chips longos de batata, disponíveis no BigLar. Trata-se de um snack originário da Letônia que se destaca pelo formato diferenciado: em tiras compridas e embalagens práticas que cabem no bolso. O produto exclusivo é frito em óleo de qualidade superior, apenas por dez segundos, garantindo assim a pureza do produto. Além disso, eles são livres de transgênicos (GMO Free) em sua composição e a empresa oferece sabores cuidadosamente selecionados, como wasabi, hot chili e churrasco, entre outros.
ue tal aproveitar um snack crocante e saudável em qualquer lugar e a qualquer momento? Esta é a proposta da Rice Up!, que produz biscoitos à base de arroz, veganos, sem glúten, fritura, conservantes ou realçadores de sabor. Além disso, eles são ricos em ingredientes como amaranto, sementes de girassol, chia, quinoa e outros grãos integrais. Tudo isso sem abrir mão do sabor, porque qualquer refeição, até mesmo apenas um lanchinho, pode ser balanceada, e nem por isso precisa ser sinônimo de comida sem-graça. Experimente os brow rice rools, brow rice chips e brown rice cakes. Você não irá se arrepender.
A França é aqui
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e engana quem pensa que para experimentar os famosos biscoitos do Mont Saint Michel é preciso visitar a França. O BigLar disponibiliza a seus clientes a experiência de saboreá-los a qualquer momento. O biscoito francês é delicioso, produzido apenas com ingredientes selecionados e receita exclusiva St. Michel. Sabor único, com textura perfeita combinados com embalagens belíssimas, como a lata em formato de Torre Eiffel, o que transforma o produto em um presente para todas as horas. Excelente opção para o lanche da tarde, uma delícia quando acompanhado de chás, cafés e sucos.
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S ab o r e q u al i d a d e
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chocolate feito na Bélgica é reconhecido como um dos melhores do planeta. É produzido com os melhores ingredientes e derrete na boca, com diferentes nuances de aromas e textura perceptíveis no paladar. É por isso que você encontra em nossas prateleiras uma gama de produtos Cachet, da Kim’s Chocolate. A empresa é uma das maiores fabricantes da Bélgica e seus produtos apresentam muitas surpresas para os amantes do chocolate. Ao se provar um pedaço, é impossível resistir à tamanha delicadeza no sabor. Entre os sabores disponíveis estão: chocolate ao leite, chocolate ao leite com caramelo e flor de sal e chocolate ao leite com amêndoas.
Pitadas de sabor Por vezes, a diferença entre uma preparação cotidiana e uma refeição inesquecível se encontra na utilização de temperos. São pitadas que transformam. Além disso, muitas destas especiarias têm o poder de tornar sua alimentação muito mais saudável, como o Sal Rosa do Himalaia, tempero repleto de minerais que tomou conta das cozinhas daqueles que buscam este objetivo. Mergulhe de cabeça na seleção de temperos da Canpez disponível no BigLar e explore todas as possibilidades que estes produtos de alta qualidade podem trazer para sua vida.
Tradição e
excelência
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atilde Vicenzi é uma empresa de gerência familiar que, desde 1905, traz a excelência dos refinados biscoitos italianos ao mundo. Com crocância e sabor delicado, seus produtos são o símbolo da boa tradição da pastelaria di Itália, na qual a cada mordida se irradia a harmonia de sabores. A cuidadosa seleção de matérias-primas, com especial atenção para as práticas tradicionais, são as principais características dos biscoitos. Dentre os produtos disponíveis no BigLar está o Millefoglie de massa folhada, cujo ingrediente indispensável utilizado pela Vicenzi é o véu de manteiga, aplicado entre as dobras da massa, obtendo biscoitos crocantes, leves e deliciosos.
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pÀ S C O A
de chocolate o amor é feito! 2
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Esco l h a o s e u e b o a Pá sco a ! 1. Nestlé Alpino 350g 2. Nestlé Classic 185g 3. Nestlé Galak 185g 4. Garoto Vingadores 150g 5. Nestlé Supresa Homem Aranha 150g 6. Nestlé Prestígio 195g 7. Garoto Minnie 150g 8. Garoto Serenata de Amor 190g 9. Nestlé Kitkat 313g 10. Nestlé Supresa Princesas 150g 11. Nestlé Kitkat Headphone 174,6g
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e m fa m í l i a
celebrar
e renovar — Por Daniele Danchura —
O c h e f W a l d e m a r U n ta r r e c e b e a fa m í l i a pa r a u m a m e s a t í p i c a d e Pá sco a
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ma festa para fortalecer a família, rever parentes, estar ao lado do pai, da mãe, comemorar junto com os irmãos. Assim é a Páscoa, uma ocasião muito especial também na família Untar. Na porta de entrada do apartamento, um pequeno nicho, com um quadro do Sagrado Coração de Jesus e Maria, a Bíblia Sagrada, uma imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, um imagem do Menino Jesus sobre a Bíblia e algumas velas, dão a importância religiosa ao evento. Ao chegar na sala, já é possível sentir os aromas que saem da cozinha e invadem os outros cômodos da residência e, são seguidos de perto do responsável pelo jantar em comemoração à Páscoa, o chef cuiabano Waldemar Untar, que começa a recepcionar os seus convidados. Os primeiros a chegar
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momentos E m fa m í l i a
Fotos: Wander Lima
A seção Em Família tem como pauta principal trazer um pouco do cotidiano dos chefs de cozinha de Mato Grosso. Por isso, ao fazer a produção de cada matéria, a Revista BigLar pede que esses profissionais indiquem um prato que cozinhariam em um almoço ou jantar entre parentes e amigos. Assim, você, leitor, se tiver vontade, pode reproduzir essas delícias na sua casa e fazer o seu próprio encontro em família. são Rafaela e William, que trazem com eles o mais jovem membro da família, Miguel, de apenas seis meses. Além dos pais, David Oliveira, de 70 anos, e Nilza Untar, 51, com quem Waldemar mora, foram convidados também a irmã mais nova do chef, Rafaela Untar Parizzi, e seu marido, William Parizzi, a prima Júlia Parizzi, e a concunhada de William, Daniela Giusti Parizzi. O prato principal da noite será uma Bacalhoada à Portuguesa, e a entrada um Túnel de Camarão Cremoso, e de sobremesa um Pavê de Chocolate e Morango, especialidade da mãe de
Waldemar. “Essa é a sobremesa padrão daqui de casa, todo evento festivo tem que ter, é receita da dona Nilza”, enfatiza o chef.
Novos ares Assim como a festa da Páscoa representa renovação, renascimento, o ano de 2018 também representa uma nova etapa para Waldemar, que decidiu se dedicar exclusivamente à gastronomia. Até o final do ano passado, o chef ainda auxiliava o pai na parte
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administrativa da empresa da família. A decisão veio depois que Waldemar retornou de uma viagem para a Itália para onde foi no intuito de aprender mais e, é claro, também passear. Foi então que Waldemar precisou conversar com o pai para contar que ele iria se dedicar apenas à gastronomia. “E ele falou: meu filho, eu já sabia de tudo isso, mas como eu vou chegar em você e falar? Eu estava esperando o seu ‘time’, esperando que uma hora iria acontecer”, conta o chef. Além da Gastronomia, Waldemar também é formado em Administração, possui uma pós-graduação em Gestão de Negócios e também é bacharel em Direito. “Em 1998, comecei a trabalhar junto com meu pai na empresa da família, no administrativo e no financeiro, mas ainda não havia me encontrado, faltava algo”, completa. O chef lembra que ainda foi para São Paulo, onde ficou por dois anos estudando para concurso. Chegou a passar em um concurso da Polícia Federal, mas não quis assumir, e voltou para Cuiabá. “Chegando aqui, voltei pra empresa, mas eu continuava meio frustrado, não era bem aquilo que eu queria”, afirma. Foi quando
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cremoso
Túnel de Camarão
Waldemar começou a ver os posts que o amigo Marcelo Cotrim, também chef, fazia no Instagram, e ficou encantado. Se informou com ele sobre como fazia para começar gastronomia e se Cotrim estava gostando e achava que valia a pena. “E ele me disse que estava encantado, estava apaixonado, e me incentivou a fazer o vestibular. Fazia 12 anos que tinha saído da escola. Fiz a inscrição, prestei o vestibular, não falei pra ninguém.
Se eu não passar, ninguém precisa saber. E acabei que passei em primeiro lugar. Era pra ser”, completa, emocionado, enquanto termina de preparar a entrada do jantar, o túnel de camarão cremoso. Para Waldemar, a dificuldade foi falar para o pai, que no início questionou o que ele queria com um curso que não daria dinheiro, que ele ficaria só na cozinha mexendo com panela.
Ingredientes: • 1kg de camarão médio limpo • 1kg de massa de pastel • 500gr de cream cheese • 1 cebola • 2 tomates • Lemon pepper • Sal Modo de preparo: Refogue a cebola e o tomate em azeite de oliva e reserve. Tempere o camarão com sal e lemon pepper e em seguida misture com o tomate e a cebola. Deixe cozinhar por aproximadamente 4 minutos, até o camarão ficar bem rosadinho. Deixe esfriar. Depois de frio, misture o cream cheese envolvendo o camarão. Deve ficar como uma pasta. Envolva o recheio na massa de pastel em formato de cone. Sele em uma frigideira antiaderente.
Com o tempo, se destacando na universidade e nos estágios, Waldemar já começava a realizar sozinho os eventos, e foi quando se deu conta que havia nascido para ser chef de cozinha. “Eu comecei a pensar: eu nasci pra isso, não tem explicação, é isso que eu gosto, é isso que eu quero. O negócio foi tão certo, parece um quebra-cabeça, foi encaixando, tudo ia acontecendo. Foi muito rápido, eu
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até arrepio de falar.” Trabalhando na empresa do pai e realizando eventos por fora, Waldemar, em pouco tempo, ganhou reconhecimento e chegou a realizar eventos para mil pessoas. E atualmente ele não para, tanto que teve que sair da empresa da família. Da Itália, onde ficou 22 dias, Waldemar trouxe várias receitas, como o carbonara, o polpetone, os molhos, e algumas coisas já estão sendo inseridas nos eventos, como o arancini, que já fazia parte do cardápio, mas ganhou melhoramentos. Com todos esses compromissos, são raras as vezes que Waldemar cozinha para a família, somente em eventos especiais, como este da Páscoa. Mas,
bacalhoada à p o r t u g u e sa
durante a faculdade, toda semana tinha um jantarzinho em casa, com as irmãs que sempre pediam, e ele, animado para colocar em prática o que havia aprendido nas aulas. “Hoje eu digo que elas fazem risoto melhor do que o meu, de tanto que elas fizeram risoto, e eu ensinando e mostrando o passo a passo”. Rafaela, que é médica, e irmã mais nova de Waldemar conta que não foi tanta surpresa o fato de Waldemar se interessar pela gastronomia, porque tanto ela quanto a irmã mais velha, que mora no Rio de Janeiro, já sabiam do interesse dele. “Quando ele entrou eu percebi que ele tinha se encontra-
Ingredientes: • 1kg de bacalhau dessalgado •1 litro de azeite de oliva extravirgem • 4 cebolas • 4 tomates • 300gr de mini batatas • 1 embalagem de cenouras baby • 1 brócolis japonês • 6 ovos • Meio pimentão amarelo • Meio pimentão verde • Meio pimentão vermelho • Azeitonas pretas • Tomilho, alecrim, pimenta do reino e sal Modo de preparo: Dessalgar o bacalhau 48 horas antes do preparo, trocando a água de 3 a 4 vezes no período, mantendo sempre na geladeira. Cortar a cebola ao meio, moer um pouco de pimenta, acrescentar sal e açúcar e, em uma frigideira tipo sauteuse bem quente, carame-
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lizar. Repetir o mesmo processo com o tomate. Cozinhar a mini batata, a cenoura baby e o brócolis separados, sempre deixando os legumes “al dente” (respeitando o tempo de cozimento de cada um deles). Cozinhar os ovos e cortá-los ao meio. Tire as sementes dos pimentões e corte em fatias. Em um refratário, coloque o bacalhau intercalando com a cebola e o tomate. Em seguida coloque os legumes (batata, cenoura e o brócolis). Acrescente os ovos, os pimentões e as azeitonas pretas. Moa um pouco de pimenta e acerte o sal se necessário. Acrescente o alecrim e o tomilho. Para finalizar, cubra com azeite. Leve ao forno pré-aquecido (180o) por cerca de 15 minutos. Sirva acompanhado por arroz com brócolis ou arroz com castanhas. E é claro, um bom vinho!
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do na gastronomia, foi se encaixando tudo muito facilmente. Já pro meu pai, eu acho que foi um choque, principalmente por ele sair da empresa, mas hoje é só orgulho”, ressalta. Ela conta, enquanto auxilia Waldemar a finalizar o prato principal, colocando azeite sobre a bacalhoada, que acabou aprendendo a fazer alguns pratos com o irmão e que adora fazer uma “jantinha” em casa com meus amigos. “A gente vai lá no BigLar, a
gente compra tudo lá, e daí volta pra casa pra fazer a janta. Às vezes a gente até marca de se encontrar no BigLar e lá decide o que vai fazer. De lá mesmo ligo pro Wal pra saber o que temos que comprar. É como se fosse um ritual. Ligar pra amiga, passar no BigLar. E já que eu tenho um chef na família, tenho que abusar um pouco né, quando tenho dúvidas eu ligo pra ele, mas quando tem muitos processos, ou é muito complexo, eu não dou conta e chamo ele pra cozinhar lá em casa, quando ele pode, porque pra família mesmo, ele não faz mais, tem que contratar (risos)”, lembra.
Sabor de Páscoa Enquanto Waldemar e Rafaela estão na cozinha terminando os pratos da noite, Dona Nilza curte o neto Miguel, na sala, juntamente com o senhor David. Eles conversam admirados do tamanho que o neto está, pela pouca idade. “Olha o tamanho desse menino! Vai ficar enorme, também com o tamanho do pai dele, não tem como não ficar né!”, fala admirada a avó, encantada com o menino. Já o senhor David fala sobre o orgulho que tem do filho gastrô-
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nomo. “No começo eu achei estranho, realmente, não posso negar. Mas com o tempo eu vi que aquilo era realmente o que ele queria e dei muita força pra ele se dedicar à culinária. Hoje ele está muito bem”, ressalta. Como o pavê precisa ser feito com antecedência, a sobremesa já está pronta na geladeira, e o bacalhau está no forno. Com os pratos prontos, tanto Waldemar quanto o restante da família esperam Danielle e Júlia para servir o jantar. Enquanto isso brincam com o pequeno Miguel. A cadelinha Nina, da raça Maltês, também participa da festa e não sai de perto do senhor David. Logo chegam as outras convidadas e está na hora de servir o jantar, acompanhado do vinho chileno Loma Negra, Chardonnay, recomendado pelo sommelier do BigLar, Luiz Roberto, para acompanhar a Bacalhoada Portuguesa. Waldemar dá início aos trabalhos, servindo primeiramente os pais e depois os demais convidados. Em determinado momento, faz-se um pequeno silêncio enquanto todos degustam o saboroso prato, para
maisena
Pa v ê d e b o lac h a
Ingredientes: 1a Camada • 3 gemas peneiradas •1 litro de leite integral • 6 colheres rasas de maisena • 2 latas de leite condensado 2a Camada • 2 latas de leite condensado • 250gr de chocolate ao leite • 1 colher rasa de manteiga 3a Camada • 3 claras em neve • 1 lata de creme de leite • bolacha maizena para rechear • morangos para a cobertura Modo de preparo: Leve todos os ingredientes da 1a camada ao fogo mexendo sempre até formar um creme homogêneo. Reserve. Leve os ingredientes da 2a camada ao fogo até que solte do fundo da panela, como um brigadeiro em ponto mole.
então começarem os elogios. “Está fantástico este bacalhau”, afirma a prima Julia. Dona Nilza também não perde tempo e enfatiza que o filho faz o melhor bacalhau que ela já comeu. Todos repetem o prato, sem cerimônias, quase esquecendo que ainda tem a sobremesa. “Meu Deus, eu esqueci que ainda tem o pavê, não devia ter comido tanto. Agora já foi, que venha o pavê”, exclama o cunhado de Waldemar, William. Assim que surge o pavê, o sorriso
Montagem: Em uma refratária média monte as camadas com bolachas da seguinte maneira: • 1a camada + bolacha • 2a camada + bolacha • Na 3a camada, acrescente o creme branco batido em neve com o creme de leite. Decore com os morangos.
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reaparece nos rostos dos convidados, e Danielle logo comenta: “olha o pavê aí gente! Não podia faltar!” numa menção ao fato de ser a sobremesa tradicional da família. “Essa receita é minha. Essa ele aprendeu comigo, não pode negar”, afirma a mãe do chef, Dona Nilza. Enquanto todos encerram o jantar, se deliciando com o pavê, o pequeno Miguel já está dormindo, quem sabe sonhando em quando ele poderá se deliciar com as comidas do tio Wal, e o pavê da vovó Nilza.
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Fiel amigo dos portugueses para a mesa brasileira Com i n f i n i dade s de r ece ita s, o bac alhau é a g ran de e s t r e l a g a s t r o n ô m i c a pa r a a Pá sco a — P o r El e n V a l e r e t o —
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ei das mesas portuguesas, o bacalhau é um ingrediente emblemático da gastronomia lusitana. Sua presença possibilita uma infinidade de receitas saborosas para degustar todos os dias da semana. Não por menos os portugueses são os maiores consumidores de bacalhau do mundo, tanto que o consideram carinhosamente o “fiel amigo” de suas refeições. Descoberto por eles no século 15, na região que hoje pertence ao Canadá, o bacalhau mostrou ser uma opção não perecível, ideal para consumir durante as longas viagens das grandes navegações.
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Aqui no Brasil, a Páscoa é uma das principais épocas em que o bacalhau ganha ainda mais destaque e se torna o centro das atenções. Além do sabor diferenciado, claro, o aumento do consumo durante essa época do ano tem relação com uma antiga tradição relacionada com a igreja católica. Essa tradição tem início ainda na Idade Média. Como a colonização brasileira foi realizada por Portugal, grande parte de seus costumes – alimentares e religiosos, por exemplo – foram incorporados por nós. Um deles é exatamente não comer carne vermelha em respeito à Quaresma, que é um período de 40 dias anteriores à Páscoa – data na qual se comemora a ressurreição de Jesus Cristo. “O cristianismo de língua portuguesa praticava o jejum absoluto de carne vermelha, por conta da crucificação de Cristo. Essa tradição mantém-se até os
dias de hoje, em que a igreja prega o cordeiro imolado. Por isso o aumento do consumo, sendo o do bacalhau uma cultura portuguesa que permanece de geração para geração”, conta Sonia Cassol, responsável pelo restaurante Taberna Portuguesa. Embora muitas espécies de peixes acabem sendo consumidas como prato principal na Páscoa, o bacalhau sobressai exatamente pela força dessa herança histórica. O bacalhau, na verdade, não é o nome de tipo de peixe, como os demais, já que bacalhau é o nome dado a um processo de salga e secura. Geralmente, as espécies submetidas a essa transformação são o Gadus morhua (considerado o legítimo), Ling, Saithe ou Zarbo, já que têm em comum melhores condições de texturas, fibras e sabor. Esses dois primeiros podem
bacalhau do Porto
Com a descoberta do peixe ideal para produzir o bacalhau, a cidade do Porto, em Portugal, começou a receber os pescados vindos das águas geladas da Terra Nova (Canadá), Islândia e Groenlândia. A recepção na cidade litorânea portuguesa transformou-se em sinônimo de qualidade de bacalhau, especialmente para outros países, como o Brasil. Hoje em dia, o nome “Bacalhau do Porto” é usado apenas para o bacalhau do tipo Gadus Morhua acima de três quilos. Para o consumidor final, essas grandes peças são porcionadas, exibindo lascas grossas e cor clara. Apesar dessa tradição, as importações brasileiras e de outras nações não vêm apenas de Portugal. O “Bacalhau do Porto” pode ter tanto origem portuguesa, quanto islandesa, espanhola, norueguesa ou francesa, já que são os principais exportadores de bacalhau do mundo.
“O lombo é a parte mais nobre. Mas para pratos que necessitam da carne desfiada, com natas, por exemplo, onde a apresentação não fica a cargo do peixe em si, opções desfiadas, em postas ou pedações servem tranquilamente. Na realidade, o peixe é curado como um todo e a qualidade está nele por inteiro” Sérgio Karagulian, marketing da importadora Brascod/BomPORTO
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C A PA
Taberna Portuguesa
Bacalhau à Amaury
ser encontrados na rede de supermercados BigLar. O bacalhau pode ser comprado dessalgado desfiado, em lascas salgadas ou lombo dessalgado, ambos em versões congeladas. “O lombo é a parte mais nobre. Mas para pratos que necessitam da carne desfiada, com natas, por exemplo, onde a apresentação não fica a cargo do peixe em si, opções desfiadas, em postas ou pedações servem tranquilamente. Na realidade, o peixe é curado como um todo e a qualidade está nele por inteiro”, informa Sérgio Karagulian, do setor de marketing da
importadora Brascod/BomPORTO. Exatamente por algumas opções não virem dessalgadas é preciso realizar um procedimento simples, mas um pouco demorado, para retirar o excesso de sal. Embora o sal seja parte fundamental no processo de conservação do bacalhau, a dessalga é necessária para dar início a qualquer receita. Segundo o chef de cozinha José Caliman Neto, do restaurante Chef Caliman, o excesso de sal do bacalhau deve ser retirado com água corrente. Em seguida, começar a
Geralmente, as espécies submetidas a essa transformação são o Gadus morhua (considerado o legítimo), Ling, Saithe ou Zarbo, já que têm em comum melhores condições de texturas, fibras e sabor. Esses dois primeiros podem ser encontrados nos Supermercados BigLar
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Esc o l h a u m a
boa peça Para levar um bom bacalhau para casa é preciso ficar atento a alguns detalhes. A coloração é o primeiro deles, pois deve ser clara, seguida da consistência firme e umidade regulada. Peças inteiras ou porcionadas não devem ter detalhes em vermelho, cinzento ou amarelo, o que indica problemas na conservação ou processamento. Defeitos perceptíveis também são mau sinal, como coágulos, manchas de sangue, fendas muito profundas ou aspecto pegajoso. Para opções congeladas, observe o produto interno e toda a embalagem.
dessalga com água gelada, na geladeira, refazendo o processo de quatro em quatro horas. Dependendo do tamanho da peça, entre 24 e 48 horas.
Carne delicada Um grande segredo é a finalização. “Depois deve ferventar a peça por uns 10 minutos para que as espinhas sejam retiradas de modo mais fácil. Tirando as espinhas, é preciso lasquear a peça para conseguir usar o bacalhau para um bom prato”, ensina Caliman. Esses 10 minutos são importantes para deixar o bacalhau com uma textura mais agradável e perfeita, obtendo o melhor do sabor do bacalhau. Não se pode, porém, cozinhar muito, pelo fato de o peixe ser uma carne mais sensível, o que também ajuda a manter aquele gosto característico do bacalhau. O cuidado na hora de cozinhar o bacalhau é talvez uma das partes mais importantes, além do processo de dessalga. Isso porque é importante que o bacalhau fique em “pétalas”, ou seja, desmanche em finas camadas quando puxado com o garfo. O excesso de co-
bacalhau Bacalhau à Braz zimento, porém, poderá deixar a carne com pares duras e desagradáveis. Para aproveitar a carne em versões mais altas, como lombos e postas, o trato com o bacalhau já pode ser feito apenas retirando as espinhas. Já a barriga é mais indicada para preparar bolinhos de bacalhau.
Pratos históricos
Chef Caliman
Algumas receitas são clássicas, como o Bacalhau à Brás e Bacalhau à Gomes de Sá. Juntamente a essas receitas, a adição de alguns ingredientes é praticamente indissociável, como batatas, ovos, azeitonas pretas e creme de leite. O Bacalhau à Brás, por exemplo, é
uma receita típica e muito popular, na qual é usado bacalhau desfiado, batata palha frita, cebola frita em rodelas finas, ovos mexidos, azeitonas pretas e salsa picada. O Bacalhau à Gomes de Sá, por sua vez, é de autoria do comerciante português José Luís Gomes de Sá Junior, no fim do século 19. Os ingredientes escolhidos eram os mesmos já usados para ele produzir seus famosos bolinhos de bacalhau, exceto a farinha. Para essa receita, seu criador ferventava o bacalhau no leite por pelo menos uma hora, realçando o sabor com a adição de cebolas em rodelas, alho e muito azeite. Quan-
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Ingredientes: • 400g de bacalhau dessalgado em lascas • 3 batatas médias cozidas • 2 tomates bem maduros • 1 cebola média • 4 dentes grandes de alho fatiado • 1 folha de louro • 50ml de azeite extravirgem • Creme de leite para untar Modo de preparo: Em panela, coloque o azeite, o tomate, a cebola, o alho fatiado, o pimentão, a folha de louro e todos os ingredientes bem picadinhos para fazer um refogado. Quando começar a dissolver, adiciona-se a água, e pode acrescentar o bacalhau e as batatas picadas em cubos. Em fogo médio, mexa bem até a mistura ficar bem uniforme. Teste o sal a gosto. Disponha o refogado em uma travessa ou panela de barro untada com creme de leite. Faça, então, uma cobertura com uma fina camada de creme de leite, decore com azeitonas pretas e ovos cozidos cortados em gomos ou rodelas. Por último, leve ao forno (ou ao fogo, no caso da panela de barro) por cinco minutos em fogo alto para finalizar. Arroz branco pode ser um acompanhamento, além de vinho branco Sauvignon Blanc ou vinho verde.
Fonte: Taberna Portuguesa
Chef Caliman
ÀG o m e s d e S á
Foto: Taberna Portuguesa
C A PA
Chef Caliman
Bacalhau à Portuguesa
Lombo de Bacalhau
calorias n o p r at o
Taberna Portuguesa
do tudo estava no ponto, essa mistura era combinada com batatas, azeitonas e ovos para ir ao forno para finalizar. Menos comuns nas cozinhas, há ainda receitas bem simples portuguesas preparadas com bacalhau, mas que também podem ser incorporadas ao dia a dia brasileiro. Entre esses pratos famosos na terrinha estão o “Arroz de bacalhau”, a “Açorda de bacalhau” e o “Sanduíche de bacalhau”. A açorda, nome que pode causar estranheza, nada mais é que uma espécie de sopa com pão e bacalhau que faz parte do dia a dia português. Já para o sanduíche, o bacalhau é empanado em ovo e farinha, um lanche que faz parte das tradições portuguesas.
Outros menos comuns Algumas variações de como aproveitar o bacalhau são inimagináveis aqui no Brasil, mas muito saboreadas na Europa. No total, há 500 receitas contadas no livro “As minhas receitas de bacalhau” (editora Casa das Letras), do chef e escritor português Vítor Sobral. Entre elas estão a “Sopa fria de pepino e pimentão verde, tártaro de bacalhau e orégano”, a “Feijoada de bucho de bacalhau com malagueta e coentro” e “Salada de línguas de bacalhau com peras ao forno”. Não se pode negar que essa variedade de pratos dá-se pela maior
Bacalhau À Moda da Casa bigl ar
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De acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (Taco), uma porção de 100 gramas de bacalhau salgado possui menos de 140 calorias e um alto nível de cálcio. Por outro lado, há uma quantidade razoável de colesterol, o que exige seu consumo sem exageros.
abundância de bacalhau em Portugal. Outra diferença por lá é que o bacalhau pode ser comprado inteiro e sua carne é integralmente aproveitada. Uma das receitas para esses casos é a “Orelha de bacalhau”, uma iguaria muito saborosa que é cozida com batatas, cenoura, couve, cebola e grão-de-bico. Aqui no Brasil, porém, é possível aproveitar o bacalhau em uma grande paixão nacional: o churrasco. A escolha para levar à grelha (própria para peixes) deve ser de postas mais altas e dessalgadas, mantendo pinceladas com azeite frequentes durante o preparo. O cuidado maior está no ponto da carne para que fique suculenta e saborosa, evitando-se grandes temperaturas e tempos prolongados de exposição ao fogo.
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na casa do chef — P o r K a t i a C a rmi n a t t o —
Afonso Salgueiro Filho A
pesar da grande experiência no universo da gastronomia, Afonso Salgueiro Filho ainda se surpreende com as incríveis combinações que a culinária consegue produzir. Apaixonado pelo mundo gourmet, o anfitrião do Na Casa do Chef é dono do requintado restaurante Getúlio, uma das grandes referências gastronômicas de Cuiabá. Ele recebeu a equipe do BigLar para acompanhar o preparo do saboroso Robalo Grelhado em Crosta de Quinoa com Creme de Castanha Portuguesa, assinado pelo chef Cleber Costa. Há cinco anos à frente da cozinha do Getúlio, Costa, que recentemente passou uma temporada de aperfeiçoamento no Olympe, do renomado chef ClaudeTroisgro, criou o prato a pedido de Salgueiro. Os segredos do preparo podem ser conferidos no vídeo, que já está nas redes sociais do BigLar.
Sobre Salgueiro nasceu no Paraná, mas se rendeu aos encantos de Cuiabá há 40 anos. Ele revela que sua paixão pelo mundo gourmet começou cedo: “Desde pequeno observava minha mãe preparar as refeições da família”. Mais tarde, a habilidade foi naturalmente migrando para os churrascos e outros encontros com amigos e família até que virou um hobby. Essa afinidade com a gastronomia foi essencial quando decidiu abrir o Getúlio em 1996. O empresário nunca precisou “colocar a mão na massa” propriamente dita, mas garante que não passa apuros no comando da cozinha de seu restaurante. “Tenho uma equipe muito afinada e acompanho de perto todos os detalhes, a começar
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pela aquisição dos produtos, sempre frescos e de alta qualidade, à elaboração dos pratos”, diz Salgueiro. Esse entusiasmo pode ser conferido no cardápio do Getúlio, sempre com uma novidade da cozinha internacional. E para contradizer o dito popular casa de ferreiro, Salgueiro e a mulher Gabriela Grando, dona do restaurante italiano Due Ladroni, adoram receber os amigos para jogar conversa fora ao redor de uma mesa bem servida. As filhas de Salgueiro, Fernanda e Cláudia, que já não moram mais em Cuiabá, também são muito presentes nesses momentos. Se rola concorrência entre Gabriela e Salgueiro? Que nada! Eles são bons parceiros de profissão e de vida. “Apesar da rotina corrida de donos de restaurante, conseguimos preservar nossos momentos”, comenta Salgueiro. Invariavelmente, muitas dessas incursões incluem um roteiro gourmet.
tas Receivas em i s u excl página do nossa
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Qual o segredo do Robalo Grelhado? Não só nesse como em qualquer outro prato, o segredo é o frescor dos ingredientes, O peixe, por exemplo, não pode ser congelado. O preparo também requer uma atenção especial ao ponto certo da crosta de quinoa que sela o robalo e do creme de castanha portuguesa. De onde surgiu a ideia desse prato? Queria uma combinação leve, mas com ingredientes diferenciados e, aproveitando a criatividade do chef Cleber Costa, chegamos a essa combinação. Ficou tão boa que em breve será incluída no cardápio do Getúlio. Qual o melhor acompanhamento para o Robalo Grelhado? Além de uma boa companhia, um bom vinho. Recomendo um Pêra-Manca português
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O que não pode faltar na cozinha de um dono de restaurante? Produtos de primeira qualidade, verduras e legumes frescos e temperos diferenciados. Dono de restaurante também cozinha em casa? Claro. Para mim, são momentos extremamente relaxantes e inspiradores.
assista
n a casa d o c h e f
Fotos: Wander Lima
Confira a receita completa do Peru de Natal no Canal BigLar no YouTube e na nossa página no Facebook (facebook.com/superbiglar). A cada edição você vai encontrar uma receita especialmente preparada por nossos clientes apaixonados pela boa gastronomia.
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so m m e l i e r — P o r M i c h e ll e M o n t e M o r —
um brinde à
Páscoa P
Saiba quais são os melhores vinhos para
áscoa é uma data de muita tradição e fé. Entre o período da Quaresma e Páscoa, o consumo de peixes aumenta bastante. Ano passado, por exemplo, cresceu cerca de 17%. Entre as variedades mais consumidas nessa época estão o bacalhau da Noruega, os peixes da nossa costa marítima, da bacia do rio Cuiabá e até mesmo os de criação em tanques. “É correto afirmar que para acompanhar pratos à base de peixes marítimos ou frutos do mar, devemos sempre escolher os vinhos brancos, pois o tanino contido no vinho tinto, ao reagir com o iodo inerente à carne dos peixes marítimos, provoca um sabor metálico indesejável. Mas também devemos nos valer do bom senso e do nosso gosto pessoal e assim, rompendo regras, o leque de possibilidades se abre”, explica Luiz Roberto Corrêa Lima, sommelier da Cave Noble BigLar.
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harmoniz ar com peixes e frutos d o mar
d i cas d a e d i ç ã o e s u as
harmonizações 1. Bacalhau com legumes do chef Waldemar Untar O chef apresenta uma variação do bacalhau à portuguesa, regado a muito azeite de oliva extravirgem português. Esse prato pede vinho branco marcante, untuoso e amanteigado, com boa acidez. Encontramos essas características no vinho branco chileno Loma Negra Gran Reserva Chardonnay safra 2016 Valle de Casablanca, do produtor Luis Felipe Edwards.
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2. Robalo com crosta de quinoa e purê de castanha portuguesa Receita do chef Cléber Costa, do Getúlio, apresentada na seção “Na casa do chef”. É um robalo com crosta de quinoa e purê de castanhas portuguesas. Para acompanhar, vinho alentejano Pêra-Manca branco, produzido pela Fundação Eugênio Almeida. 3. Nhoque ao ragú de rabada O chef Marcelo Cotrim preparou para o “Post do Chef” um nhoque com um ragú de rabada. Para harmonizar, indico o vinho tinto Perez Cruz Reserva Cabernet Sauvignon safra 2014, D. O. Valle del Maipo Andes. Além de ótima qualidade, tem excelente relação custo x benefício. 4. Além dos peixes, na Páscoa o consumo de chocolate atinge seu ápice “ Uma harmonização clássica e deliciosa é a do chocolate com alta concentração de cacau e os vinhos do Porto. O vinho do Porto Noval Black Ruby Reserva, sem dúvida alguma é uma expressão dentre os fortificados do Porto, sendo concentrado e fresco e deve ser provado junto com o maravilhoso chocolate belga Cachet 85% cacau”, revela o sommelier.
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vitrine
Já Nas
gôndolas — I NSTAG R A M @ s u p e rm e r c a d o s bi g l a r —
os p r o d u t os m a i s c u r t i d os n a s n oss a s r e d e s soc i a i s o sab o r d o v e r ã o
doce magro
coquetel com charme Domaine de Pont Fract é feito pelo método saignée (ou sangria) e tem aromas de fruta cítrica com um fundo de mel. Com a aeração, aparecem aromas marinhos agradáveis. Frescor na medida para o verão.
Santropa é uma bebida inspirada na riviera francesa, de cor rosé e feita a partir de infusões de ingredientes selecionados como ervas e frutas. Pode ser servida pura ou em coquetéis.
Que tal um toque de Whey Protein na sobremesa? A Calda Zero é o Leite Condensado da SS Natural com zero sódio e zero açúcar. Uma alternativa mais saudável para deliciar doces sem culpa.
delícia argentina
h o r a d o caf é
O croissant italiano da Melegatti é um produto único e de fácil preparo. Delicado e macio, é folheado com manteiga e leite fresco de alta qualidade. Surpreendentemente delicioso.
p a d a r i a b i g la r Legítimo doce de leite argentino, o Doce de Leite San Ignacio é feito com menos açúcar e mais gosto de leite. Pode servir de recheio ou acompanhamento, mas sozinho é uma delícia!
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Diariamente, produzimos centenas de produtos em nossa padaria com receitas superespeciais: massas folhadas, pães de fermentação natural, croissants, chipas recheadas e os famosos pães de queijo.
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pos t d o c h e f
tas Receivas em si exclu página do a noss
k Faceboo
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Nhoque com ragu de rabada — K a t i a C a rmi n a t t o —
P r á t i co , r á p i d o e s a b o r oso
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Ragu No caso do rabo de boi, ensina ele, a melhor opção é escolher um que não tenha excesso de gordura: “É possível escaldá-lo em água quente, mas pessoalmente não gosto dessa opção”. O vinho também tem que ser escolhido a dedo. Outro truque do chef é selar a carne antes de cozinha para ela ficar corada. Molho à base de carne servido como acompanhamento de massas da culinária italiana, o ragu é um clássico e também cai bem com massas, polenta,
sobre
cuscuz, pão italiano, e até arroz. A receita completa preparada pelo chef Cotrim pode ser conferida na fanpge do BigLar no Facebook. Lá, ele dá outras orientações sobre o preparo desse molho que pode levar até oito horas, dependendo do tipo de carne escolhido. “O segredo está no carinho do preparo e na qualidade dos ingredientes”, finaliza. Boas companhias e um belo vinho tinto são os acompanhamentos sugeridos por Cotrim para esta massa que deve ser servida preferencialmente no almoço por ser uma refeição mais consistente.
o chef
Antes de se tornar chef, o cuiabano Marcelo Cotrim fez imersões pelo mundo da gastronomia em restaurantes renomados como Dalva & Dito e D.O.M, de Alex Atala, e Epice, de Alberto Landgraf. Formado em Gastronomia e com pósgraduação em Chef de Cozinha Brasileira, Marcelo Cotrim foi indicado ao Prêmio Dólmã como um dos três melhores chefs do Mato Grosso. Além de consultoria na área, ele realiza eventos gastronômicos personalizados. Instagram: marcelo_cotrim
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Fotos: Wander Lima
uem disse que um bom chef não se rende à praticidade? No post desta edição, o chef Marcelo Cotrim ensina um nhoque com ragu de rabada que usa massa pronta. “Hoje o mercado oferece linhas de massas prontas incríveis”, diz. Mas é claro que quem prefere preparar por conta própria o tradicional nhoque de batatas, também pode. No preparo do nhoque, a dica de Cotrim – válida para qualquer das opções – é identificar a consistência certa da massa para não desmanchar no cozimento. “Quando estão cozidos os nhoques sobem para a superfície da água fervente. No caso da massa pronta, o preparo acaba sendo mais rápido”, lembra o chef.
escolhendo o r ab o d e b o i
Apesar de saborosa, poucas pessoas estão habituadas a comer rabo de boi, seja pelo cozimento lento e cuidadoso, seja pelo excesso de ossos e cartilagens. Mas para quem já aprendeu a apreciar um bom rabo de boi, que ganhou notoriedade pela influência da culinária italiana, impossível não se deliciar. Veja as dicas na hora de escolher essa iguaria:
• Escolha pedaços intermediários, pois o começo do rabo é muito grosso e gorduroso e a extremidade é fina demais; • Selecione pedaços de 10 a 12 cm de comprimento; • Descarte as peças gordurosas demais ou ressecadas; • Exija carne bem vermelha, eliminando sangue. — w w w . f a c e b o o k . c o m / s u p e rbi g l a r —
Aniversário de Cuiabá — Por Daniele Danchura —
Fotos: Tchélo Figueiredo
uma história de delícias O clássico Maria Isabel
E m q u a s e t r ês s é c u los , a c u l i n á r i a c u i a b a n a s e m o l d o u p e l a m e s a fa r ta , s a b o r m a r c a n t e e p e l a i n f l u ê n c i a d a m i g r a ç ã o
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alar sobre a origem dos pratos da culinária cuiabana é como falar do sexo dos anjos. Com essa afirmação, o pesquisador, dentista, escritor, músico, poeta e membro da Academia Mato-grossense de Letras (AML), Moisés Martins, inicia uma conversa, de prosa mansa, cheia de desenhos e volteios, ao som e sabores da história de Cuiabá, porque não há como falar da cozinha cuiabana sem sentir o estômago reclamar e sem ter a boca cheia d’água a cada descrição. A capital mato-grossense possui uma culinária antiga, única, repleta de toques e retoques trazidos pelos povos que aqui chegaram e se estabeleceram. Martins explica que, filosoficamente, a cozinha cuiabana sofreu várias influências, com vários componentes, que levaram a uma cozinha própria para a cidade.
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Os pratos estão enraizados nas cozinhas indígenas, na portuguesa – por meio dos bandeirantes que para cá vieram na época da colonização –, na espanhola e na africana, que foram incorporando os ingredientes da fauna e flora nativas, nas combinações e modos de preparo originais, tornando-se impossível não se render à gastronomia local.
A influência dos colonizadores Martins lembra que, quando da colonização, não havia energia elétrica, e portanto era preciso conservar a comida, ou fazer uma comida que não se perdesse com o tempo. Os bandeirantes, os tropeiros, trouxeram a carne seca, queimada do sol e com sal, misturado ao arroz, que também não se deteriora rápido, e assim foi surgindo um dos pratos mais típicos da região, que é a Maria Isabel. Da carne seca também vem um outro prato tradicional da nossa culinária, com uma pitada da influência nordestina, a paçoca de pilão, feita da carne seca socada no pilão com farinha de mandioca. “Nós vemos que a cozinha cuiabana é simples, mas não é por ser simples que não vai ter qualidade. Pensa o que é comer uma
carne com banana? Coisa gostosa! Uma farofa de banana então... E é coisa nossa!”, ressalta. Quando Martins faz a analogia de que falar de como surgiu a culinária cuiabana é como falar do sexo dos anjos, é porque não há como dizer a origem, o surgimento dos pratos, um criador. “Não existe dizer quem foi que inventou a farofa de banana por exemplo. Você pode até dizer a época, mas dizer um nome de quem inventou um prato da cozinha cuiabana, não vai acontecer. A princípio, a farofa de banana é originária da cultura indígena, pois é o que eles tinham também pra comer e depois acabou se espalhando, e se tornou nossa cultura também”, enfatiza.
A comida cantada Escritor tanto de livros quanto de músicas, Martins também levou o gosto pela comida cuiabana para as letras de suas músicas, que se tornaram famosas em Cuiabá no ritmo do rasqueado cuiabano, em parceria com os músicos Pescuma, Henrique, Claudinho entre outros. Duas delas são bem conhecidas
dos cuiabanos, uma fala sobre o Pixé, uma farofinha doce cuiabana, a base de milho torrado e moído, canela e açúcar, vendida em cones de papel ou potinhos de plástico, utilizada para engrossar mingau ou comer pura mesmo, acompanhada de uma cachacinha. “Milho torradinho socado, Canela açucarada, A branca pura daquela gurizada. Do tempo do Campo d’Ourique, Quando a “pandoga”, o buscapé, o trique-trique, Pintavam o céu com pingos de luz. Oh Tempo bom que não volta mais, Só na lembrança de quem foi menino, E hoje é rapaz. Um dia ainda verei, Eu tenho fé, Meu neto com a boca toda suja de pixé”, canta a música escrita em 1992. O furrundu é tema da outra canção, também no ritmo do rasqueado cuiabano. “Eu já fiz muito furrundu quando jovem, com 16, 17 anos. Cortava o mamoeiro, raspava, limpava bem, lavava com água quente, ficava meio macio, daí você raspava tudo, ficava aquelas fibras e você misturava com rapadura de Pai André (localidade perto de Limpo Grande, em Várzea Grande)”, lembra cheio de saudades. A música lembra que o doce não é feito com o mamão verde, e sim com o caule do mamoeiro: “furrundu, doce do pau, do pau do mamoeiro, mais parece com uma dança, mas é só doce caseiro. Rala, rala, raspa, raspa, esse pau todo grudento. Rala, rala, raspa, raspa, esse pau que é alimento”.
Alimento que vem da água
Farofa de Banana bigl ar
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O fato de Cuiabá estar às bordas do Pantanal, com uma bacia hidrográfica riquíssima, fez com que os pescados sempre fossem à base, o pilar da cozinha cuiabana. “É mujica de pintado, é o bagre frito, bagre ensopado, pacu frito, lambari frito, a piraputanga assada, o pacu assado, que coisa delícia né? Não tem como não gostar”, ressalta Martins. Com o passar dos tempos, os métodos de preparo, tanto de limpeza, como de corte dos peixes, foram sendo aper-
Aniversário de Cuiabá
Herança indígena
Mojica de Pintado feiçoados, criando técnicas de, até mesmo, retirar praticamente toda a espinha do peixe, como no caso do pacu. O pacu por sua vez, tem um papel especial na cultura cuiabana, que vai desde não deixar de comer um pacu assado, uma ou várias ventrechas de pacu, até a lenda de que quem come a cabeça do peixe, não deixa Cuiabá jamais. E olha que tem muita gente que pode confirmar a veracidade da lenda. Piraputanga na brasa, Mojica de Pintado, Arroz com Pacu seco, Moqueca Cuiabana, Caldo de Piranha, Ventrecha de Pacu frita, Pacu assado, Dourado ou Piraputanga na folha de bananeira, Caldeira de Bagre, são pratos nascidos nas barrancas do rio Cuiabá e nas baías do Pantanal, numa mistura da inventividade dos ribeirinhos agregando os costumes indígenas. Desde sempre, os pescados sempre tiveram espaço nas casas cuiabanas. Martins conta que, inclusive, isto levou o grupo escolar Senador Metello, a época localizado no bairro Porto onde atualmente funciona a Casa do Artesão, a ter o apelido de “peixe frito”. Isso porque as crianças que frequentavam esse colégio eram de famílias humildes, e o peixe era um
alimento de fácil acesso. “O pessoal fritava e levava pra merenda escolar. Eu mesmo levei peixe frito. Levava embrulhado em papel. Hoje em dia, não tem condições. A situação é outra, o peixe acabou se tornando caro devido a escassez dos nossos rios. Agora é praticamente só peixe de tanque”, explica.
Mas os pescados não estão sozinhos quando vão à mesa. Eles estão sempre acompanhados da mandioca, seja ela cozida, frita ou em forma de farinha ou farofa. O pacu assado embrulhado na folha da bananeira, recheado de farofa de couve é um dos pratos mais desejados da culinária cuiabana, e é a influência do indígena na gastronomia. Martins lembra que até um certo tempo atrás, comia mandioca cozida no café da manhã ao invés do pão. Outro prato de influência indígena, e que tem a mandioca como ingrediente fundamental é a tradicional Mojica de Pintado. Mojica significa “o que vem do rio com mandioca”. Na Mojica, o pintado ensopado é cozido no caldo da mandioca, e há uns 50 anos era bem diferente dos dias atuais, temperada apenas com limão e sal, e o caldo era branco. Atualmente, o prato sofreu algumas modificações, com a inserção de mais temperos, como o cheiro verde, mas continua muito apetitoso, talvez até mais que antes.
Pintado Frito
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e nas festas tradicionais de santos. A gastronomia cuiabana tem em sua cozinha pratos para serem apreciados em qualquer momento do dia, desde a manhã, onde pode-se comer os deliciosos bolos de arroz, bolo de queijo, francisquito; no almoço com os deliciosos pratos a base de peixe; a tarde no “tchá co bolo”; a noite com uma deliciosa maria isabel, e de madrugada, com o delicioso escaldado cuiabano, que segundo dizem, cura qualquer ressaca.
Arroz com Pequi Com “tchá” é bom E que tal, depois de descansar de toda essa comilança numa rede, experimentar um “tchá co bolo” tradicional com francisquito e bolo de arroz, lá na casa de Dona Eulália? De origem portuguesa, o bolo de arroz caiu no gosto dos cuiabanos e acabou se tornando prato típico de Mato Grosso, principalmente em Cuiabá, inicialmente pela cultura em si, e em janeiro de 2017, por lei estadual. Doce e crocante por fora, macio por dentro,
com um leve sabor de erva-doce, o bolo de arroz se tornou ainda mais conhecido pelas mãos de um quituteira cuiabana, dona Eulália, que há mais de 50 anos, recebe cuiabanos e visitantes para degustar dessa iguaria, com um bom copo de “tchá” ou café. Também de origem desconhecida, o Francisquito – biscoito tradicional em forma de meia lua, de trigo, banha de porco, ovos, sal, bicarbonato e açúcar –, também tem seu espaço garantido no “tcha co bolo”
Paçoca de pilão
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É tudo
daqui De acordo com o historiador e jornalista, Romeu roberto Memeu, o escaldado cuiabano faz parte da cultura de Cuiabá desde os anos 1950, mas somente nos idos de 1970, o Bar Barra Limpa, localizado na estrada para o Distrito do Sucuri, passou a servir o escaldado, tão delicioso que chamou a atenção do fundador do Restaurante Choppão, referência cultural em Cuiabá, e assim o prato passou a fazer parte do cardápio do local, tornando-se símbolo da noite cuiabana, e referência para “curar” boêmios e foliões carnavalescos. Perto de completar 300 anos de história, Cuiabá é uma cidade que recebeu, recebe e continuará recebendo influências culinárias de diversos povos, países, sotaques e sabores, mas nunca deixará de ter os seus pratos tradicionais e tão característicos de uma cidade, devido a sua localização geográfica, ficou isolada do restante do país, e portanto, tem personalidade própria.
MIX O L O GIA — P o r El e n V a l e r e t o —
Um mundo
cheio de opções
A m i x o lo g i a é u m a a r t e q u e p r opo r c i o n a a c r i a ç ã o d e d r i n k s a r o m át i cos , r e f r e sc a n t e s , g a s e i f i c a d os , f r u t a d os e d e t o d os os g os t os
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riar sensações completas é um dos objetivos principais da arte de preparar drinks. A coquetelaria busca a combinação perfeita entre sabor, aroma e visual para entregar bebidas refrescantes, gaseificadas e frutadas. A mixologia é um estudo que teve início no século 19 e tem como significado misturar bebidas alcoólicas ou não com ingredientes diversos, como frutas, especiarias, doses alcoólicas, licores, ervas, entre outros. Mais que simplesmente juntar ingredientes, a mixologia é considerada uma ciência, que exige estudo e conhecimento aprofundado tanto a respeito dos in-
sumos, quanto dos equipamentos. A escolha dos ingredientes, por exemplo, é parte fundamental de qualquer drink. Tudo deve ser de alta qualidade, mas usados em proporções equilibradas, especialmente se unem duas ou mais bebida alcoólicas. Para um drink bem equilibrado é preciso incluir um produto base (destilado, fermentado ou feito por infusão), podendo adicionar a ele um suco, água gaseificada, refrigerante, xaropes, licores, entre outros. E essas orientações são parte das técnicas aprimoradas pela Associação Internacional da
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drinks Pa i d o s
Para o gerente Vitor Pascoal Niero, do Talavera Bar, a receita mais famosa do mundo é o Dry Martini. A bebida é preparada com gin e foi criado por um bartender americano chamado John Martini. “Se existisse um pai dos coquetéis, esse seria o Dry Martini. Ele foi criado nos Estados Unidos, em meados de 1910, e é uma receita que já foi muito apreciada pelo escritor Ernest Heminguay e pelo famoso espião inglês James Bond”, conta Niero.
Dry
Ma r t i n i
Modo de preparo: Coloque o gelo em uma taça Martini para que fique bem gelada. Reserve. Adicione gelo no Mixing Glass (copo especial para drinks mexidos), acrescente o vermute e o gin. Misture com uma colher, retire o gelo da taça reservada e coe a bebida diretamente para essa taça. Finalize com uma azeitona verde.
Bartenders, informa o gerente do bar Talavera Vitor Pascoal Niero, que é bicampeão em coquetelaria pelo estado de Minas Gerais. “Para um drink refrescante, o excesso de álcool eliminará seu frescor e, portanto, matará sua principal característica. Gosto muito forte de álcool em um aperitivo ou em um drink digestivo, os tornam quase que impróprios ao consumo de quem busca seu verdadeiro sabor”, explica Niero. Há drinks, contudo, que são preparadas exclusivamente com bebidas alcóolicas, como o Negroni. São usados gin, campari e vermute tinto,
Drinks mais famosos Muitos drinks são clássicos e atemporais. Até podem ganhar uma ou outra leve releitura, adicionando uma nova fruta, por exemplo, mas sempre mantêm a essência inicial de suas criações. Um dos principais nomes do setor de drinks, o americano Dale DeGroff, é chamado de “Rei Coquetel”. E quando começou a ganhar destaque em razão de arrematar vários prêmios, defendeu e refor-
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Aperol Spritz
Ingredientes: • 90ml de espumante Brut ou Prosecco Don Guerino • 60ml de Aperol • 30ml de água com gás • Meia rodela de laranja Modo de preparo: Em uma taça generosa de gelo acrescente todos os ingredientes. Sirva em seguida. çou sua grande bandeira dentro do mundo dos drinks: coquetéis clássicos e, claro, sempre com ingredientes frescos. O americano é fundador do Museum of the American Cocktail e também seu presidente.
Fonte: Neo Drinks
Fonte: Talavera Bar
Ingredientes: • 1 dose de gin • 1/10 de vermute seco • 1 azeitona verde • Gelo em abundância
mas para quem busca combinações mais leves, principalmente para degustar em casa, o proprietário da Neo Drinks, Leonardo Tiarayu, recomenda preparar drinks com apenas 25% de bebida alcoólica e 75% para outros ingredientes. Para caipirinhas, sugere meio copo de frutas para macerar, 50ml da bebida escolhida e gelo para completar. A variedade de possibilidades de drinks resulta em mais degustações, que não são mais ditadas somente pelo gosto. “São três fases: primeiro pelo olhar e visual do drink; segundo, olfato, pelo aroma do drink e; por último, pelo paladar. Nós não vendemos mais drink, nós vendemos prazer, e é isso que buscamos trazer às pessoas”, destaca o diretor-geral da Malibu Bartenders, Leandro Eufigênio.
Fonte: Neo Drinks
MIX O L O GIA
Gin
T ô n i ca Ingredientes-base: • 50ml de gin Tanquery ou outro de sua preferência • 150ml de água tônica Versão aromática e cítrica: • 2 rodelas de limão-siciliano • 1 ramo de alecrim Versão refrescante: • 2 rodelas de limão-taithi • 1 ramo pequeno de hortelã • 2 fatias de pepino
Mojito
Fonte: Talavera Bar
Ingredientes: • 1 dose de rum claro • 20 folhas de hortelã • 1 fatia de limão • 200ml de água com gás • 1 colher (sopa) de açúcar • Gelo Modo de preparo: Em um copo, coloque o açúcar, limão e a hortelã. Macere até extrair os sucos. Adicione o gelo até encher o copo e, em seguida, acrescente a dose de rum. Misture com a água com gás. Decore com um ramo de hortelã e sirva em seguida.
Seguindo essa mesma linha, a Drinks International, empresa referência na divulgação da indústria de bebidas, divulgou no ano passado, a lista dos 50 melhores coquetéis clássicos vendidos por todo o mundo. As bebidas foram elaboradas por 100 dos melhores bares do mundo, o que possibilitou ter um parâmetro dos pedidos do consumidor internacional. Os dez primeiros são: Old Fashioned, Negroni, Daiquiri, Manhattan,
Versão frutada: • 5 pétalas de hibisco • 4 morangos fatiados Modo de preparo: Em uma taça com gelo, acrescente o gin e os ingredientes para dar sabor. Finalize acrescentando a água tônica. Sirva em seguida.
Whiskey Sour, Dry Martini, Margarita, Moscow Mule, Mojito e Sazerac. Um desses drinks, o Moscow Mule, que é um clássico da década de 50, teve sua ascensão no Brasil há pouco tempo e mostrou que veio para ficar. A combinação do Moscow é simples, mas eficiente. Une vodca, ginger ale e suco de limão, finalizado por uma deliciosa e cremosa espuma de limão, gengibre, clara de ovo pasteurizada e xarope de açúcar. Essa textura é conquistada com o uso de sifão.
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p a r a g i n t ô n i ca O gin tônica tem se popularizado muito por três principais motivos: tem baixo teor alcoólico, poucas calorias e ainda possibilita combinações diversas. A base principal é uma dose de gin e três de água tônica e, então, a bebida pode ser criada de acordo com o paladar do degustador. “Canela, zimbro, alecrim, gengibre, pepino, frutas vermelhas, caju e laranja são apenas algumas possibilidades, mas deve-se ter cuidado ao fazer a sua própria receita. É importante harmonizar os ingredientes com os aromas e sabores, e muitas vezes menos é mais”, informa o empresário Leonardo Tiarayu, da Neo Drinks.
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i nstag o u r m e t — I NSTAG R A M @ s u p e rm e r c a d o s bi g l a r —
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nest e verão, refresque-se co m e s t a d e l i c i os a bebida
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anote
Fotos: Wander Lima
ingredientes
• 1kg de melancia picada sem caroço • 1 lata de leite condensado • 1 limão • Gelo • Folhas de hortelã
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frozen de
melancia Modo de preparo 1. No liquidificador, coloque a melancia, parte do leite condensado, esprema o limão e coloque um pouco de gelo. 2. B ata por 3 minutos acrescentando gelo aos poucos. 3. Acrescente o restante do leite condensado e bata mais um pouco. 4. Sirva num copo grande e acrescente as folhas de hortelã em cima da bebida. Escorra o leite condensado nas bordas do copo e sirva. É uma delícia.
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so r v e t e s
Refrescantes
e irresistíveis — P o r El e n V a l e r e t o —
De f r uta s o u le it e, p r e m iu m o u t radi ci onal, u ma taç a c h e i a d e so r v e t e é u m a d e l í c i a s e m p r e b e m - v i n d a
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erão é sinônimo de dias ensolarados e termômetros marcando altas temperaturas. Então, quais seriam as combinações para períodos do ano assim? Com certeza bem geladas, refrescantes e saborosas, e o sorvete se encaixa perfeitamente nessas características. O sorvete é considerado uma sobremesa popular, já que faz sucesso em todos os grupos, principalmente pela variedade de texturas e sabores. Enquanto alguns preferem os tipos feitos com leite, outros optam pelas versões com água e frutas, os chamados sorbets.
O sucesso é tanto que o brasileiro consumiu 1.002 milhões de litros de sorvete no ano de 2016, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis). Parte desse resultado foi a adaptação do mercado de sorvetes para atrair e agradar aos diferentes paladares. Atualmente é possível encontrar opções de sorvetes que vão desde sabores clássicos aos mais elaborados. Os do tipo premium, por exemplo, têm ganhado cada vez mais espaço, uma vez que os consumidores estão mais exigentes e priorizando qualidade à quanti-
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dade. E para aqueles que não querem deixar o sorvete de lado por conta do controle à balança ou a intolerâncias alimentares, ainda há versões light, diet, zero lactose e sem glúten. Tudo isso em potes de tamanhos diversos: para consumir individualmente ou para dividir. Sem contar ainda os picolés, que podem apresentar formatos maiores ou menores, sendo produzidos com frutas e/ou leite, chocolates, recheados ou não. O Sorvetes Rei, por exemplo, segue essa tendência de agradar a gregos e troianos. Atualmente a empresa possui cinco linhas de produtos: “Clássicos Sorveteria”, “Premium”, “Levíssima”,
“Peccato” e “Combinações”, que variam entre 500ml e 2 litros, em um total de 30 sabores, como leite condensado com maracujá, abacate, melão e amarena. A mesma receita é mantida há mais de 40 anos, mesmo com o início da produção em escala industrial, em 2014, conta Gabriel Reinheimer, sócio-fundador da marca. Outro diferencial é a utilização de ingredientes naturais. “Além disso, utilizamos apenas ingredientes de alta qualidade, como óleo de coco, ao invés de gordura hidrogenada, e leite em pó, que não corre o risco de sofrer modificações”, ressalta. O mesmo acontece com a Kibon, que lançou para o verão 2018 novidades nas linhas “Magnum”, “Clássicos”, “Fruttare” e “Potes”. Uma delas é o “Magnum Red Velvet”, inspirado no sofisticado bolo Red Velvet que resultou em um sorvete de morango combinado com sorvete de chantilly, finalizado por uma cobertura de chocolate branco belga. Para a linha “Fruttare Muita Fruta”, os picolés aumentaram de 60ml para 75ml e acrescentaram mais frutas, como o sabor de morango e de manga. São seis morangos para um produzir um único picolé ou meia manga para um outro, ambas frutas selecionadas e vindas de cultivos sustentáveis. Já a Nestlé, que tem como tradição transformar seus bombons, choco-
Clássico bem-vindo
Nestlé Gelato Limoncello lates e bolachas em versões para sorvete, criou também a linha Gelato, a qual faz menção à arte italiana de fazer sorvete. Em potes menores, de 455ml, e copinhos de 140ml, sabores diferenciados podem ser encontrados, como o Limoncello, que tem em seu preparo limões sicilianos e a adição de 25% de creme de leite, resultando em leve toque cítrico. Aqueles que têm restrição à lactose, podem saborear o sorvete Molico Creme, Napolitano e Chocolate com Morango, da Nestlé, assim como os diabéticos. Ambos são do tipo zero lactose, sem adição de açúcares e com baixo teor de gordura.
Apesar de tantas novidades e sabores cada vez mais irresistíveis, os sabores tradicionais não são deixados de lado. Os clássicos Creme, Morango, Chocolate e Flocos estão presente em quase todas as marcas e não somente para serem apreciados sozinhos. Um hábito bem comum é elaborar receitas ou adicionar esses sabores para complementar sobremesas e bolos. Afinal, o que seria do Petit Gateau ou o brownie sem uma farta bola de sorvete de creme?
P i z z a d e c h o c o lat e c o m
sorvete
Ingredientes: •1 massa pronta para pizza • 4 colheres (sopa) de leite condensado •1 barra de chocolate meio amargo quebrada em pedaços pequenos
•Q ueijo muçarela ralado a gosto •1 pote de sorvete de Creme Trufado Premium Sorvetes Rei
Kibon Magnum, Red Velvet
Sorvetes Rei premium, doce de leite bigl ar
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Passe o leite condensado sobre a massa da pizza com uma colher. Em seguida, espalhe os pedacinhos de chocolate e faça o mesmo com o queijo. Leve ao forno até dourar a massa e derreter o queijo. Tire do forno, corte em fatias e, ao servir no prato, acrescente uma bola do sorvete para cada pedaço da pizza.
Fonte: Sorvetes Rei
Ingredientes:
so r v e t e s
Neve + frutas = sorvete! Há relatos que um italiano da região da Sicília foi o primeiro a começar a vender sorvetes, dando início à fama da Itália em dominar as técnicas de produzir sorvete. No entanto, a história de como surgiu o sorvete é tão antiga que remete à Idade Média, na China,
ao misturar neve e frutas, sendo em seguida aperfeiçoada pelos árabes, que adicionaram caldas geladas. Não demorou para esse novo tipo de alimento espalhar-se até a Europa, atravessando ainda o oceano Atlântico, popularizando-se nos Estados Unidos. No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira
Ben & Jerry s, Cookie Carnival e Half Baked das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis), o sorvete ficou conhecido apenas no século 18, a partir da mistura de neve e frutas brasileiras – esse gelo era importado dos Estados Unidos. Como nesse período não existiam os freezers para manter o produto em seu estado original para consumo, os fabricantes brasileiros agendavam a disponibilização dos sorvetes para venda. Com anúncios, informavam os horários: o primeiro foi no dia 4 de janeiro de 1878, em São Paulo.
T o r ta H o la n d e sa c o m
sorvete
leite e mel
biscoitos Calipso em toda lateral de uma forma de aro removível (26 cm de diâmetro), forre o fundo com a massa de biscoito e reserve.
•1 00g de manteiga em tempera-
Recheio:
tura ambiente •1 pacote de biscoito Calipso
Em uma batedeira, bata uma parte do creme de leite com o açúcar e o sorvete, e coloque essa mistura sobre o fundo da massa reservada. Cubra com papel-alumínio e leve ao freezer por cerca de 12 horas.
Recheio: •M eia lata creme de leite Nestlé •3 colheres (sopa) de açúcar •3 xícaras (chá) de sorvete de Creme Gourmet (475g)
Cobertura: •M eia lata de creme de leite Nestlé
•8 0g de chocolate meio amargo picado Nestlé Classic
Modo de preparo Massa: Em um liquidificador, triture o biscoito Nesfit até obter uma farofa fina. Em uma tigela, coloque essa farofa, junte a manteiga e misture até obter uma massa homogênea. Reserve. Coloque os
Cobertura: Em um recipiente refratário, coloque o restante do creme de leite e leve a banho-maria, mexendo sempre até que a água ferva. Desligue o fogo e misture o chocolate meio amargo, mexendo até formar um creme homogêneo. Espere esse creme esfriar e o use para cobrir a superfície da torta que já estava no freezer.
Dica Retire a torta do freezer e a deixe na geladeira por cerca de 10 minutos antes de servir.
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Fonte: Nestlé Receitas
Ingredientes Massa: •1 pacote de biscoito Nesfit sabor
Americana em terras brasileiras Uma das coisas mais gostosas é saborear um sorvete que venha com pedaços de frutas, chocolates e castanhas. Essa é exatamente a proposta de todos os sorvetes produzidos pela famosa americana Ben & Jerry’s. O produto diferenciado ganhou status exatamente pelo reconhecimento de ser o “sorvete mais pedaçudo”, já que traz pedaços de chocolate, nozes, cookies, biscoitos, entre outros, e caldas bem generosas. São mais de 60 sabores, divididos entre potes, copinhos e sabores das sorveterias. Entre os lançamentos, estão o “Cone Sweet Cone” e o “Totally Baked”. O primeiro “é um sorvete sabor baunilha com pedaços de biscoito wafer e calda de caramelo” e o segundo feito de “sorvete sabor chocolate e baunilha com pedaços de cookies com gotas de chocolate e bolo sabor chocolate”, informa a empresa. Outro sorvete pedaçudo é o “Tubby Hubby”. Seguindo a mesma ideia, o sorvete é feito com pasta de amendoim, pedaços de pretzels doce e salgado e calda de chocolate.
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Dia da Mulher — P o r G a bri e l a F e ri g a t o —
VOO SOLO Arrumar as mal as e embarc ar rumo ao d e sco n h e c i d o s e m co m pa n h i a j á fa z pa r t e d a r e ali dade de mu ita s mu lh e r e s n o Bra si l e n o mu n d o
“O mundo tem tanto lugar fantástico para explorar e não dá para esperar uma companhia para conseguir realizar aquela viagem sonhada” Aliny Matos de Oliveira, de 31 anos
Deserto do Saara, Marrocos
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mensagens de mulheres buscando informações sobre como determinados destinos são para as que desejam embarcar sozinhas ou desacompanhadas de uma figura masculina. Para algumas delas, o fato de ser mulher e viajar sozinha influencia, sim, na escolha do lugar. Segundo Jaqueline Almeida, 37 anos, agente de viagens da Sou Viajante – Consultoria em Turismo, em Cuiabá (MT), há países em que o risco é maior principalmente em virtude da cultura local e como suas populações enxergam o papel da mulher na sociedade. Por isso, sua primeira dica é: escolha um destino que realmente queira muito conhecer e que seja uma região segura de uma forma geral (evitar zonas de conflitos, países com crises diplomáticas ou mesmo regiões em que as mulheres são ultrajadas culturalmente). Pesquisar é a palavra de ordem nesse sentido. Além disso, Jaqueline recomenda se informar previamente sobre a legislação do local. “Cada país possui sua legislação própria, costumes e particularidades que devem ser respeitadas. É muito importante o viajante seguir as leis e costumes locais para não ter problemas, pois, em muitos países que conheci, as leis funcionam e são aplicadas de imediato”, explica a agente de viagens que já explorou 16 países. O site WorldPackers, uma comunidade de viajantes e albergues, criou, no fim de 2016, o movimento #ITravelAlone (“Eu viajo sozinha”, na tradução literal). Nas redes sociais, mulheres usaram a hashtag para dar dicas e depoimentos sobre suas experiências. A campanha virou um guia em livro, que pode ser baixado online, com dicas sobre o que fazer antes (planejar), durante (vivenciar) e depois (retornar) da viagem. Na opinião da cuiabana Luciene Rodrigues, 31 anos, se hospedar em hostels é uma ótima maneira de conhecer pessoas de diferentes cidades ou países. “Acabamos por conhecer outras culturas sem nem estar na cidade ou país
“É muito importante o viajante seguir as leis e costumes locais para não ter problemas” Jaqueline Almeida, 37 anos
Firenze, Italia
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iver uma aventura, conhecer o destino dos sonhos ou até mesmo ir para o tão aguardado show da Madonna. As motivações são diversas, mas, em comum, Aliny, Ângela, Luciene, Melissa e Jaqueline arrumaram suas malas e decidiram viajar sozinhas pela primeira vez. Cada vez mais elas se tornam a regra, não a exceção. Segundo um levantamento da plataforma Airbnb, as brasileiras estão em segundo lugar no “Top 5” de mulheres que mais fazem turismo por conta própria, perdendo apenas para as japonesas. Muitas já tiveram que responder àquela pergunta clássica: “mas você vai sozinha?”. Para Aliny Matos de Oliveira, de 31 anos, assessora jurídica no Ministério Público de Mato Grosso (MT), embora muita coisa tenha mudado com o passar dos anos, ainda está arraigado na sociedade o estereótipo de que as mulheres devem se sentir frágeis e dependentes. “Mas fico feliz de observar que isso está mudando, até porque viajar sozinha não é algo de outro mundo e as mulheres têm cada vez mais investido nisso. O mundo tem tanto lugar fantástico para explorar e não dá para esperar uma companhia para conseguir realizar aquela viagem sonhada”, opina. Aliny, que já percorreu 15 países e, totalmente sozinha, viajou para a Itália em três ocasiões diferentes, criou o blog “Me Leve na Mala”, em 2015, com o objetivo de compartilhar suas experiências, histórias e dicas. Por meio dele, recebe muitas
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“Eu tinha duas opções: ir ou perder as passagens. Optei por ir e fui muito feliz na minha decisão.” Luciene Rodrigues, 31 anos
Rio de Janeiro
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Dia da Mulher
Caminho de Santiago de Compostela
“Sentei na sombra de um outdoor e chorei amargamente. Quando levantei, senti que algo saiu das minhas costas e caiu terra abaixo. Acredite ou não, desde 2014 esse trauma não me aflige mais” Ângela Miranda da Silva, 37 anos desse ‘desconhecido’, e, por que não, se inspirar para uma próxima viagem?!”, destaca. Até o momento, as viagens “solo” de Luciene foram para cidades brasileiras e tudo começou em um momento delicado. Ela e seu ex-namorado haviam planejado visitar a família dele, em São Paulo, mas antes que a viagem acontecesse decidiram terminar o relacionamento. “Eu tinha duas opções: ir ou perder as passagens. Optei por ir e fui muito feliz na minha decisão. Nessa viagem eu perdi meu medo em estar ‘sozinha’ e tive certeza que poderia conhecer, sim, mais lugares nessa mesma condição”. Escolher um destino nacional ou um país mais próximo é a sugestão da médica Ângela Miranda da Silva, 37 anos, de Rondonópolis (MT). “São países menos burocráticos para entrar, as pessoas conhecem os costumes brasileiros e as leis são semelhantes às brasileiras”, comenta. Sua primeira viagem sozinha, porém, foi a quase oito mil quilômetros de distância do Brasil. Ângela decidiu visitar seu primo na África, em 2013. Metade do roteiro foi em família, já a outra metade foi uma aventura solo. Depois disso, Chile, China, Espanha, Guiana Inglesa, Índia, Mongólia e Rússia foram apenas algumas das rotas traçadas por ela. De acordo com todas as viajantes, as experiências proporcionaram inúmeros ganhos e conquistas para suas vidas, como autoconhecimento, independência, foco, valorização da própria companhia e criação de amizades que se mantém até os dias atuais. No caso de Ângela, o equilíbrio emocional falou mais alto. Quando decidiu percorrer o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, estava em um nível de estresse muito grande e caminhar 790km em oração e meditação foi uma experiência única.
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“Houve um dia em que estava extremamente triste devido a um trauma que veio à tona durante uma oração. Não consegui caminhar. Sentei na sombra de um outdoor e chorei amargamente. Quando levantei, senti que algo saiu das minhas costas e caiu terra abaixo. Acredite ou não, desde 2014 esse trauma não me aflige mais.” Desde que realizou sua primeira viagem sozinha, rumo a um show da Madonna, em Israel, a agente de viagens Melissa Bernardelli, 38 anos, não parou mais. Em sua bagagem constam 25 países – em sete deles, viajou por conta própria. “Agora organizo grupo de viagens só para mulheres. Para quem gosta de viajar, mas não tem toda essa coragem de ir sozinha para países exóticos. Já fomos para os Emirados Árabes e Tailândia”, conta. Em comum, todas têm na ponta da língua qual será o próximo destino ou ao menos aquele que está na mira e no planejamento. Melissa, por exemplo, estava prestes a embarcar para o deserto de Wadi Rum, na Jordânia, local onde foi gravado o filme Perdido em Marte. “Várias pessoas falaram para eu não ir para a Jordânia sozinha, mas eu vou. Vou passar uma noite no meio do deserto”, diz. Para as mulheres que estão cogitando fazer sua primeira viagem solo e ainda pairam receios e dúvidas, a dica da cuiabana Luciene é bem simples: “Vá”. “Vá a cidade vizinha. Vá ao país que sempre sonhou em ir. Vá. Se te faltar companhia, não desanime. Faça de você a sua mais especial companhia.”
Israel
“Agora organizo grupo de viagens só para mulheres. Para quem gosta de viajar, mas não tem toda essa coragem de ir sozinha para países exóticos” Melissa Bernardelli, 38 anos
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gastro tour — P o r M i c h e ll e M o n t e M o r —
A rica mesa
uruguaia
U r u g u a i at r a i c a d a v e z m a i s t u r i s t a s co m s u a p r o d u ç ã o d e v i n h os T a n n at , pa r r i l l a d a e d oc e d e l e i t e
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m 2017, o Uruguai registrou uma marca histórica no turismo. Foram mais de quatro milhões de visitantes, considerando os turistas que saíram do Brasil e Argentina e os que chegaram por cruzeiros. De acordo com o Ministério de Turismo do Uruguai, aproximadamente 500 mil turistas brasileiros estiveram por lá no último ano. Mais da metade dos visitantes, 67,5%, escolheu o destino para passar as férias. Os lugares mais visitados por lá são Montevidéu,
Punta Del Este e Colônia do Sacramento. Mas para a temporada de 2018, a sugestão do Ministério do Turismo é o “Corredor de los Pájaros Pintados”, destino de aventura, pesca esportiva e observação de pássaros. Mas além de suas praias e belas paisagens, outra atração atrai os turistas ao país sul-americano: a sua gastronomia. Entre os pratos mais famosos estão a parrilla e o doce de leite. E para acompanhar, vinhos Tannat.
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Um churrasco de respeito O churrasco uruguaio, mais conhecido como assado, é feito sobre uma grelha e o fogo é aceso com lenha e não com carvão como no Brasil. A grelha é chamada de parrilla. Ela que dá nome ao prato mais comum nos cardápios uruguaios, a parrillada. Esse prato tão típico leva todo tipo de carne, sempre no mais perfeito corte e ponto. No Uruguai, o assado vai além da função alimentar. Ele cumpre também um papel social. É muito comum
ouvir por lá a frase: “juntarnos a comer un asadito”. Prova da paixão dos uruguaios pelo assado é que a maioria das casas e prédios tem sua churrasqueira. Com reconhecimento internacional, a parrillada é um dos mais destacados cardápios da dieta uruguaia. O segredo que guarda este antiguíssimo método de cozinhar não é revelado, mas algumas pessoas tentam descobrir. “A carne é suculenta. Fiquei bastante surpreso quando experimentei a parrilla. Me disseram que o segredo é assar a carne inteira e não colocar o sal, para que ela não desidrate”, conta o médico Bruno Olavarria Aquino, que esteve em Montevidéu e Punta Del Leste entre dezembro de 2017 e janeiro de 2018. Para o médico, uma parrillada deve estar no roteiro turístico de quem viaja ao país. “É imperdível. Esse prato é a especialidade deles. Achei bem superior ao churrasco argentino e bem diferente do nosso churrasco. A carne tem um corte mais grosso. Por isso, dou uma dica para quem pretende visitar o Uruguai: experimente uma típica parrillada”, diz.
E para acompanhar, um vinho O Uruguai é um país vitivinicultor de norte a sul. Mas o destaque são as uvas Tannat, variedade exclusiva da região e considerada pelos uruguaios como patrimônio nacional. Premiadas ao redor do mundo, a uva Tannat fez do Uruguai um dos principais destinos de enoturismo. A Associação Caminhos do Vinho (Asociación de Turismo Enológico del Uruguay – uruguaywinetours. com), por exemplo, foi criada por vinícolas familiares, que promovem o enoturismo como um segmento. Oferecem visitas experienciais e sensoriais, com o objetivo de compartilhar aos turistas um pouco da história, da cultura e dos mistérios do vinho, uma bebida que personifica parte do jeito de ser uruguaio. O Uruguai é formado por 19 departamentos (o equivale aos estados no Brasil). Destes, 15 são produtores de vinhos e três são campeões: Maldonado, Colonia e Canelones. Este último é responsável por 60% da produção total. São mais de 9.143 hectares de área que podem ser visitadas. Em cada local é possível experimentar diferentes tipos de vinhos, desde os brancos, suaves ou frutados, até os tintos mais intensos. Em cada estação do ano existe um charme diferente que reforça a
“A carne é suculenta. Fiquei bastante surpreso quando experimentei a parrilla. Me disseram que o segredo é assar a carne inteira e não colocar o sal, para que ela não desidrate” Bruno Olavarria Aquino, médico
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o s m e l h o r e s assa d o s
Uruguaios
Punta del Este: •P arrillada 481 Gourmet • L as Nenas Maldonado: • L a Balanza • L o de Rúben Montevideo: •M AM (Mercado Agricola de Montevideo)
•M ercado del Puerto • L a Estacada • L a Vaca prática desse tipo de turismo. “Estive na Bodega Garzón, em Maldonado. Fizemos degustações de vinhos Tannat. Achei muito bacana e gostei muito do vinho, que é bem encorpado e saboroso”, revela o médico. A Bodega Garzón foi aberta em 2011 e oferece degustações de vinhos e azeites. É a primeira bodega sustentável fora da América do Norte. E após uma parrillada acompanhada por um vinho Tannat, Bruno Olavarria Aquino indica outro ícone da gastronomia uruguaia: o doce de leite. “Experimentei o doce puro e também em uma panqueca. Divino, imperdível”, diz ele.
gastro tour
O reconhecimento do vinho Tannat
Vinho Tannat O que garante que o doce seja tão bom é a qualidade do leite uruguaio. A indústria leiteira é muito desenvolvida no país. O doce de leite é muito apreciado no Uruguai e é utilizado em uma ampla variedade de sobremesas e outras delícias, fato que o converte no protagonista da confeitaria uruguaia. As sobremesas mais famosas e típicas são o “Chajá” e a “panqueque de Dulce de leche”, ou panqueca de doce de leite. O Chajá é um bolo com merengue, o creme chajá, que é o chantilly, pêssegos em conserva e doce de leite no recheio.
Mercado Agricola de Montevideo
Enoturismo por estações Durante todo o ano o Uruguai oferece uma série de roteiros de enoturismo. Em março, por exemplo, as principais vinícolas abrem suas produções para compartilhar o melhor de suas colheitas durante o Festival da Vindima. Durante a festa, os visitantes podem ter uma rápida introdução à atividade produtiva e, dotados de tesoura e cesto, participam da colheita das uvas. Já no inverno, de maio a junho, as vinícolas turísticas propõem degustar uma das “maridajes” (uniões, casamento) mais tradicionais existentes na história do Uruguai: cordeiro e vinho Tannat, intensidade pura.
O vinho uruguaio nos últimos 15 anos vem conquistando seu espaço de forma sólida no mundo todo. Antes a maioria dos vinhos vendidos em território nacional eram os chamados de mesa. Há dez anos, no entanto, as bodegas receberam investimentos e os vinhos Tannat passaram a ter um tratamento especial, financiado pelo capital externo. Hoje, o Uruguai é o maior produtor em nível mundial dessa variedade. Atualmente das 180 vinícolas existentes, 23 cadastradas no Ministério de Turismo do Uruguai aderiram à prática. Oferecem aos turistas visitas nos campos de produção de Tannat, Merlot, Sauvignion Blanc, Cabernet Sauvignion, Cabernet Franc, dentre outras. Além disso, promovem degustações guiadas, acompanhadas de pães caseiros, queijo, jamón serrano, copas e salames. Com diversas de suas vinícolas premiadas nos últimos anos, o Uruguai entrou no mapa da vitivinicultura mundial mantendo-se como um dos melhores da América Latina. Essa possibilidade tem atraído centenas de turistas e aumentado a quantidade de brasileiros interessados no enoturismo do país. Segundo Wilson Torres, gerente de eventos e turismo da vinícola Juanicó, mais de 50% dos turistas recebidos pela bodega no último ano foram de nacionalidade brasileira. O Uruguai chama a atenção pela qualidade do vinho, excelência em harmonizações, atividades oferecidas dentro desse universo, e encanta os turistas por suas paisagens rurais.
vinícolas
q u e v al e m a v i s i ta
• Bodega Casa Grande (http://www.vinoscasagrande.com) • Viñedo de Los Vientos (www.vinedodelosvientos.com) • Bodega Garzón (https://bodegagarzon.com) • Viña Éden (http://vinaeden.com/pt-br/) • Bodega Altos de la Ballena (http://altodelaballena.com/site/?lang=pt)
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E S P O RTE — P o r A d ri a n a P a n z i n i —
A co m b i n a ç ã o p e r f e ita de habilidade t écnic a e pa i x ã o p e los animais é a r ece ita de s u c e sso d os c a m p e õ e s n os e spo r t e s co m c ava los
Força e sensibilidade N
o ano passado, a morte de Baloubet du Rouet sensibilizou milhares de pessoas e repercutiu na imprensa e nas redes sociais. Talento, beleza, energia, força, habilidade e elegância foram palavras usadas pelos admiradores para destacar suas qualidades. Não era um artista ou uma personalidade famosa, mas sim um cavalo, parceiro do cavaleiro Rodrigo Pessoa por quase uma década. Com 28 anos, faleceu de causas naturais, mas sua trajetória é de superação e vitória, como cabe a um mito. Foi com ele que o esportista brasileiro perdeu as chances de medalha nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, quando o animal se recusou a saltar os obstáculos
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por três vezes. Quatro anos mais tarde e muito treino depois, garantiu a medalha de ouro para o país em Atenas. O fato chama a atenção não só para a história de consolidação do hipismo no Brasil, mas também para a relação especial entre homem e animal característica deste esporte, praticado cada vez mais em terras nacionais.
Crescimento a galope Em franca expansão, o mercado equestre brasileiro movimenta cerca de R$ 16 bilhões e gera mais de três milhões de empregos indiretos, de acordo com dados do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), crescendo em média 12% ao ano. A tropa ultrapassa cinco milhões de cavalos, sendo um milhão dedicado ao lazer e esporte. Os números no setor são sempre superlativos. Um descendente direto de Baloubet, integrante da equipe do Qatar nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, foi vendido por nada menos que R$ 40 milhões aos dirigentes esportivos daquele país, o que equivale ao passe de alguns craques do futebol. Outro fator que influencia diretamente esta pujança
é a disseminação do hipismo junto ao público em geral, o que tornou a prática mais acessível também para competições entre amadores, embora ainda com custos elevados. “Hoje é possível encontrar bons centros de treinamento para cavalos de esporte com cocheiras para alimentação, acompanhamento veterinário, exames e ferraduras, com mensalidades em torno de R$ 1.200,00”, destaca André Silvestrin Guimarães, cuja família cria cavalos Árabes na Chapada dos Guimarães há mais de 25 anos. “A criação de cavalos evoluiu muito, assim como a pecuária, e é preciso acompanhar a tecnologia e empregar profissionais qualificados para a atividade se pagar”, acrescenta. O criador explica que, na hora de adquirir um animal, além da escolha pelo gosto pessoal, é preciso analisar sempre qual a raça que mais se adapta à função desejada, pois cada uma tem sua aptidão. “O Árabe, por exemplo, é insuperável em resistência física, muito usado em competições de longa distância, enquanto que o Quarto de Milha é o mais rápido em provas curtas contra o
você sab i a ?
• Nos Jogos Olímpicos, os cavalos também passam por exame antidoping! Como é o único esporte em que um homem e um animal competem juntos, eles também estão sujeitos às regulamentações do Comitê Olímpico e se forem identificadas substâncias proibidas, o cavaleiro também sofre a punição. Para viajar, os cavalos devem ter ainda passaporte próprio, contendo informações como descrição física e vacinas.
• É possível trabalhar como voluntário no maior evento equestre do mundo! O FEI World Equestrian Games™ acontece em setembro na Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Realizado a cada quatro anos, dura 14 dias e deve reunir mais de 500 mil pessoas para conferir as provas de Salto, Volteio, Concurso Completo de Equitação, Adestramento, Atrelagem, Enduro, Paraquestre e Rédeas, com equipes brasileiras disputando todas as modalidades entre quase mil cavaleiros de 74 países. Para saber mais, acesse www.tryon2018.com.
cronometro”, diz. “Já o Pantaneiro tem alta rusticidade e aguenta a lida do dia a dia em locais inóspitos como o nosso pantanal, assim como o Mangalarga tem a marcha mais confortável, nenhuma consegue ser melhor em tudo”, afirma Guimarães. Segundo dados do IBGE, o país registra 14 raças brasileiras e 20 estrangeiras, com preços que podem começar em R$ 20 mil e chegar até a R$ 1 milhão, no caso dos cavalos top de linha para competição.
“O Árabe, por exemplo, é insuperável em resistência física, muito usado em competições de longa distância, enquanto que o Quarto de Milha é o mais rápido em provas curtas contra o cronometro” André Silvestrin Guimarães, criador de cavalos Árabes
Brasil no pódio bigl ar
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Entre as diversas modalidades do hipismo, três compõem as disputas olímpicas. A mais conhecida é o Salto, onde o competidor que percorrer mais rapidamente um trajeto com 15 a 20 obstáculos sem faltas como derrubar, recuar ou desviar, é o vencedor. No Adestramento, a busca é pela perfeição na execução de uma série de movimentos obrigatórios, como trotes e piruetas, e na coreografia livre. Por fim, o CCE (Concurso Completo de Equitação) combina Salto e Adestramento em provas realizadas em campos e que duram três dias, sendo que o conjunto que somar mais habilidade e tiver menos pontos negativos em todas as fases leva a medalha. No Brasil, duas outras modalidades são bem populares, ambas originárias dos Estados Unidos, como explica o criador Reginaldo Vargas, que há 30 anos atua no mercado equestre. “O Laço em Dupla consiste em dois laçadores tentarem imobilizar um garrote, que é um boi de aproximadamente 300 kg, no menor tempo possível para garantir a vitória”, ressalta. “E no Três Tambores o desafio é fazer no menor
tempo possível um percurso onde os cavaleiros ou amazonas precisam contornar os três tambores”, esclarece. “Nesse esporte o recordista mundial é o brasileiro Evelino Rocha, e no Laço em Dupla temos um representante na América que se tornou Campeão Mundial em 2016 conhecido lá como Júnior Nogueira” acrescenta o criador, que é praticante do Laço em Dupla e cujas filhas, de 12 e oito anos, se dedicam ao Três Tambores. Parece cedo para que a meninada comece a ter contato com o hipismo, mas não é, tem gente que praticamente nasceu em cima de um cavalo. É o caso de Amanda Fernandes Marcelino, que começou a montar com apenas três anos, levada pelo pai, José Edimilson, treinador de Três Tambores, e com cinco anos já competia na categoria Fraldinha. Atualmente, a amazona disputa as categorias Jovem de até 17 anos e Feminina, colecionando títulos. Entre os mais recentes, foi vice-campeã na categoria Feminina na Expoagro e campeã na categoria Jovem no Alto
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Taquari. “Essa prova que eu disputei sem dúvida foi muito importante pra mim, pois deixei vários pra trás, além de ser muito difícil e muito disputada, só tinha fera”, relembra a esportista. Quem quer sentir a mesma emoção, precisa estar disposto a se dedicar muito. “É necessário fazer bastante exercício com os cavalos para adquirir equilíbrio, treinar todos os dias e seu treinador tem que avaliar se você está de fato preparado, pois competição é adrenalina e nervosismo, aí vem a conquista”, conta Amanda. O outro requisito, nem poderia ser diferente, é a paixão pelos animais. “Seu cavalo é seu amigo, seu parceiro, é muito especial e ele se apega muito ao seu dono”, revela. “Você dando amor, carinho e comida para seu cavalo, pode ter certeza que terá um companheiro nas competições e fora delas”, fala a premiada amazona. “Cavalo é amor, confiança e além de tudo felicidade, quando estou com ele, esqueço todos meus problemas“, completa.
“É necessário fazer bastante exercício com os cavalos para adquirir equilíbrio, treinar todos os dias e seu treinador tem que avaliar se você está de fato preparado, pois competição é adrenalina e nervosismo, aí vem a conquista” Amanda Fernandes Marcelino, atleta de Três Tambores
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a co n t e c e
Dia da Mulher
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azer diferente é algo que faz parte da vida das mulheres. Todos os dias, elas estão enfrentando obstáculos e provando o seu valor. Este foi o tom da homenagem prestada pelo BigLar ao Dia Internacional da Mulher. A campanha trouxe mulheres de diferentes estilo e perfis, revelando suas múltiplas faces. Tem aquelas que demonstram coragem para enfrentar os desafios, as que superam as terríveis dores do parto para dar à luz e as que estão sempre prontas para cuidar e proteger. Cada mulher é única, mas todas escolhem fazer o seu melhor.
Fazer diferente
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o odo começo de ano, o BigLar lança o filme
da sua nova linha de comunicação. Dessa vez, mais do que um conceito de campanha, temos um convite para os nossos clientes, amigos e fornecedores: escolham fazer diferente. A vida é feita de escolhas e cada um de nós tem a liberdade de decidir, diariamente, que caminhos seguir. A gente sabe que nem sempre acerta. Sabemos, também, que nem sempre é possível mudar. Mas quem nunca quis poder fazer algo diferente? Algo que impactasse positivamente na sua vida e na de outras pessoas? O poder de mudar, transformar, é o nosso convite para 2018. #EscolhaFazerDiferente
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— w w w . f a c e b o o k . c o m / s u p e rbi g l a r —
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r a d a r c u lt u r a l — Por Marcelo Xavier —
Cartas I B r as i l e i r as
nspirado na série de livros Letters of Note, de Shaun Usher, o jornalista Sérgio Rodrigues lança Cartas Brasileiras (Companhia das Letras, R$ 79 em média). Glossando o mesmo mote de Shaun, obra descortina um universo inimaginável quando se lê a correspondência dos personagens marcantes da história do Brasil. Cartas Brasileiras nos propõe a um novo olhar aos fatos já conhecidos e trazendo à lume correspondências inéditas ou apócrifas, onde Rodrigues apresenta uma saborosa coletânea de oitenta cartas dignas de nota, recebidas ou enviadas por escritores, artistas e políticos – de Elis Regina a Olga Benário, de Renato Russo a d. Pedro I –, entre outros personagens. São intrigas, confissões, ameaças, estratégias, declarações de amor ilustradas por fac-símiles e fotos, acompanhadas por breves textos que contextualizam cada carta e conduz o leitor por um passeio pelos grandes momentos da história.
Jogador n 1 0
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teven Spielberg vem aí com adaptação do best-seller homônimo de Ernst Cline, Jogador nº1. O filme chega aos cinemas este mês como um retorno à forma do diretor norte-americano. Cheio de nostálgicas referências aos anos 80, a história se passa numa realidade distópica, no futuro, com a população pobre vivendo em condições precárias. Nesse cenário, Wade Watts (Tye Sheridan, de A Árvore da Vida) é um adolescente que entra no jogo virtual OASIS com o objetivo de achar um ovo de páscoa supersecreto. A descoberta o levará a perder-se num mundo devastado por uma fatal crise de fontes energéticas. O elenco também conta com a participação de Olivia Cooke (como Art3mis), Ben Mendelsohn, T. J. Miller e Simon Pegg.
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r a d a r c u lt u r a l — Por Marcelo Xavier —
Rick e
Giovani
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banda pernambucana Nação Zumbi volta ao disco com Radiola NZ, Vol. 1. O disco, que foi lançado de forma independente (pelo selo Babel Sunset), é composto inteiramente de covers. O projeto passa por registros como Kid Abelha (“Coleção”) Titãs (“As Dez Mais”), Ira! (“Isso É Amor”), Marvin Gaye (“Sexual Healing”), Barão Vermelho (“Álbum”) e até Beatles (“Tomorrow Never Knows”). O disco em formato CD já está disponível nas lojas mas já é se pode curtir o resultado nos formatos de streaming, como Spotify e Deezer. Já é também possível ouvir o single da banda, com a versão de “Refazenda”, de Gilberto Gil. Destaques para o ótima versão de Erasmo Carlos para “Dois Animais na Selva Suja da Rua” e “Amor”, do Secos e Molhados. O disco também é o pontapé inicial na nova turnê da banda, que atravessa o Brasil no primeiro semestre de 2018.
s cantores ‘Rick e Giovani’ voltam à Cuiabá para mais uma apresentação de seu projeto ‘Dois Corações’ . O show acontece na Musiva no dia 16 de março (Av. Beira Rio, 4435, Porto). Há cerca de um ano, a dupla decidiu unir-se para o projeto. Rick vem de uma parceria consagrada com Renner a Giovani formou duo com uma das duplas sertanejas de maior êxito nos anos 80 e 90. Depois de deixarem os antigos parceiros, Giovani e Rick decidiram, em outubro de 2017, cantar juntos em um evento em Aparecida. A experiência desobrou-se numa turnê, que hoje percorre todo o Brasil. No set, clássicos da trajetória de ambos, como “Dois Corações” e “Espuma da Cerveja”. Mais informações no site do Musiva https://ingressos.musiva.com.br/comprar-ingresso.
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Exposição Permanente g a n h a n o va c u r a d o r i a
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exposição permanente do Acervo da Secretaria da Cultura é resultado do 1º Workshop de Concepção e Montagem de Projetos Expográficos e solução em exposições fotográficas, ministrado por Kiko Pacheco dentro da Semana Fotográfica. Sob a orientação do artista, os participantes fizeram uma análise do acervo da Secretaria criando uma grande galeria de artistas mato-grossenses em suas dependências, tanto nos corredores como nas salas. As telas foram agrupadas seguindo a semelhança nas temáticas, o que resultou em uma vitrine bastante representativa de grandes autores regionais. A exposição está aberta de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h, na sede da Secretaria de Cultura, que fica na avenida Lava Pés, 510, bairro Duque de Caxias. A entrada é gratuita.
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A BISCOITO ST MICHEL
n oss a GENTE — Por Andressa Boa Sorte —
Foto: Reprodução
Elias Neto
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oi ainda na infância, ouvindo um radinho à pilha na cidade de Cáceres (217km de Cuiabá) que o ícone do jornalismo em Mato Grosso, Elias Neto, começou sua paixão pela comunicação. “Eu me lembro até hoje daquelas vinhetas dos noticiários: ‘o Globo no ar! Notícia, notícia! O mundo pela Tupi!’. Eu ficava encantado com a forma como o locutor narrava os acontecimentos”, conta. A primeira vez que viu um aparelho de televisão tinha catorze anos de idade. O cacerense é o único filho homem de uma família de sete irmãs. Começou a trabalhar em 1979 e seu primeiro emprego na área de comunicação foi na Rádio Difusora de Cáceres. Mas antes mesmo desse trabalho, o jornalista já mostrava que tinha o dom para a comunicação. Sua voz inconfundível marcava presença em alto-falantes, igrejas e quermesses da cidade. “Eu não podia ver um microfone que já ia interagir”, relembra. Elias Neto construiu uma carreira que é reconhecida por todos os mato-grossenses e faz questão de destacar que sua forma de enxergar o jornalismo tem total influência pelo modo de vida simples desse povo. “O jornalismo é, no meu
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entendimento, a arte da simplicidade. Comunicar bem, é você conseguir passar a mensagem de forma simples e objetiva, e isso eu aprendi ainda na infância, vivendo em Cáceres”, conta. Sair da posição de espectador/ouvinte para assumir o papel daquele que transmite a informação, inspira responsabilidade, ética e disciplina. Elias ainda pratica duas atividades que ele diz contribuir para sua função principal de comunicador: é faixa preta 2º Dan em Karatê, e ainda é amante de uma das profissões mais antigas do mundo, a marcenaria, que aprendeu com seu pai, aos 9 anos. O comunicador é também um defensor da cultura cuiabana. “É importante saber da onde as pessoas vieram. Isso é parte de uma construção, e a cultura de um povo é como um alicerce. Cuiabá, Mato Grosso, têm uma cultura belíssima, e com certeza deve ser preservada”, destaca. Hoje, celebrando cerca de quarenta anos de profissão, tem em seu currículo, a narrativa de milhares de notícias, momentos marcantes na história deste Estado. É casado com a carioca Solange Cruz Antunes, tem três filhos. Elias Neto é cacerense de nascimento, cuiabano de coração. É mato-grossense, é da terra! É nossa gente!
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