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Infância ���������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������

22 Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

Nós, que nascemos antes de 1969, já estávamos caminhando quando Neil Armstrong deu um pequeno passo para o Homem... Nós somos aqueles que corriam para um orelhão para nos comunicarmos entre nós, cujos pais insistiam que deveríamos fazer datilografia, que éramos viciados pelo cheirinho de álcool do mimeógrafo. Nós assistimos Blade Runner em salas de cinema como o Baltimore... Nós tomamos batida na Lancheria do Parque.

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Sim, sou da geração que poderia ter visto o homem pisar na lua e que se transformou para se comunicar por videoconferência!

Uma de minhas comidas prediletas eram las almejas, moluscos que habitam o mar. Eu as conheci no Pacífico. Para chegar lá, é necessário atravessar a Cordilheira de la Costa. Mas também podiam ser compradas no mercado público da cidade que fica entre a Cordilheira de la Costa e a Cordilheira dos Andes.

O cheiro de marisco e o de peixe desaparecem depois de alguns minutos imersos nesse grande oceano que é o mercado. Frutas de todas as cores e muitos tipos de conchas. Todas as conchas com uma língua para fora. Comer almejas e desenhar era um excelente passatempo. Não que eu fosse uma grande desenhista, pois o único desenho que sabia fazer, quando pequena, eram duas montanhas, um lago e um pato dentro dele.

Acho que toda criança deve ter brincado com suas mãos. Eu aprendi a contar uma história um pouco modificada pelo meu tio René. Era assim: começa com o dedo mindinho... este perrito fue a comprar um huevito, este lo quebró, este lo puso a asar, este lo revolvió y (mostrando o polegar)... este burgués viejo se lo comió. Anos mais tarde fiquei sabendo que a história original era este perro viejo se lo comió.

PARTE I TEMPO I - Família, Infância e Escolarização

Todas as noites, minha mãe lia uma história. As minhas prediletas eram El Gigante Egoísta e El Ruiseñor y la Rosa (Oscar Wilde). Também cresci aprendendo músicas... Por quê? Porque no Chile da década de 70 efervesciam a cultura e a discussão política. Em todo canto, todos eram cientistas políticos, e era frequente escutar que não se tratava de trocar um presidente. Allende, depois de três tentativas, era eleito, pelo voto popular, em um processo democrático, presidente do país. Meio século depois, volto a escutar as mesmas canções e, como diz o Prof. Pablo Cottet, novamente não se trata de mudar um presidente, referindo-se ao processo constituinte e às eleições de 2021 no Chile.

Cresci rodeada de primos e tios e claro... uma cachorra pastor alemã que era minha companheira predileta para brincar de circo. Percebo que os pets sempre fizeram parte da composição familiar e que pouco ainda foi elaborado sobre a ética que os inclui em uma matilha humana. Aqui deixo o registro da última canina Muna em um conto em anexo. Provavelmente, em um futuro não tão distante, os memoriais incluirão, na descrição de suas famílias os caninos e os felinos! (Anexo: Amor incondicional: a Muna).

A família também estimulava meu lado poético, os adultos da casa liam, entre outros, Gabriela Mistral e Pablo Neruda. O poema que lembro era El libro de las preguntas, gostava da maneira como era recitado. Mas o que os visitantes, que não eram poucos, pois minha avó recebia muita gente em sua casa, tinham que adorar eram as minhas poesias recitadas por mim mesma. Minha mãe guarda até agora uma fita (fita cassete) gravada com uma de minhas poesias, enquanto Allende discursava no rádio! Mas, apesar de todo o esforço familiar, minha vida poética ficou na infância.

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