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TEMPO III - Formação Lato Sensu ����������������������������������������������������������������������������������������

PARTE II TEMPO III - Formação Lato Sensu

FFoi no período de formação como psiquiatra que fiz as pazes com a Medicina. Percebi como era fundamental ter uma visão global do ser humano, e isso inclui todas as interações entre os diferentes sistemas. Era incrível como doenças endocrinológicas, reumatológicas, poderiam modificar o comportamento e vice-versa. Menciono essas duas especialidades porque os primeiros pacientes que internaram sob meus cuidados apresentavam sintomas psiquiátricos associados às suas doenças de base (hipotireoidismo e lúpus, respectivamente). Reestudei clínica médica, e estar em um hospital geral em que podia discutir os casos com meus colegas era a base para a resolução de problemas. O que definia a ordem de prioridade nos meus estudos era a necessidade de resolver os problemas que os pacientes apresentavam, dentre eles, o que mais me mobilizava era o suicídio, o que equivalia para um cardiologista a um infarto. O transtorno com maior risco para o suicídio era depressão. Comecei então a me aprofundar no estudo de depressão e suas diferentes apresentações. Foi nesse momento que a presença do Prof. Cláudio Osório retornou. Havia evidência de que terapia de grupo poderia ser um manejo adequado para os pacientes. Fui supervisionada por ele. Mas, infelizmente, a estratégia não teve muito sucesso, e então veio a segunda empreitada: organizar um programa de atenção aos pacientes com transtorno de humor depressivo.

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Nesse momento, ingressavam na residência os colegas Eugênio Grevet e Flávio Shansis. Nós três, supervisionados pelo Prof. Cláudio Osório, abrimos a agenda no terceiro turno de sexta-feira, que foram as sementes do Programa de Transtorno de Humor (PROTHUM). Coincidentemente, o Prof. Marcelo Fleck passou a fazer parte do Departamento e veio a agregar com o conhecimento de Fenomenologia,

50 Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

levando-nos a estudar Jasper, e eu compreendi que era esse o idioma que se falava também no Chile. Diferentemente da Argentina, onde a Psicanálise era muito forte.

Nós nos formamos, o Prof. Cláudio Osório se aposentou, e o Prof. Marcelo Fleck mantém o PROTHUM até os dias de hoje. Atualmente, vejo como é fundamental ter coragem de perceber que algo não funciona, tentar novamente de outra forma, juntar esforços e passar o bastão. Passar o bastão requer muito cuidado. É preciso haver alguém comprometido para recebê-lo, com estabilidade na instituição. E essa instituição precisa ter flexibilidade para todos esses movimentos.

E eu? Fui me aconselhar com o Mestre (Prof. Ivan Izquierdo). Como todos os professores da Psiquiatria já tinham os seus alunos, não havia muitas possibilidades de cursar a Pós-graduação que, para mim, era algo muito óbvio a ser feito. Porém minha fobia pelos camundongos limitava um pouco minha atuação na Bioquímica (apesar de a maior parte dos estudos ser em ratos Wistar). O que importava era construir a ponte entre pesquisa básica e pesquisa clínica. Foi quando o Prof. Ivan Izquierdo disse que o meu animal seria o Homem e que a pessoa ideal seria a Profa. Márcia Chaves. Foi assim que cheguei até à Mestra.

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