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PARTE III TEMPO VI - Formação Stricto Sensu
Como continuidade na formação stricto sensu no Programa de Iniciação Científica, era óbvia minha busca por Programas de Mestrado e Doutorado. Foi concomitantemente com o último ano de formação em Psiquiatria que iniciei a busca por orientação e Programa de PósGraduação (PPG). Os programas já estavam estruturados, porém a CAPES ainda não tinha os pontos de avaliação muito claros, foi uma época em que se começava a falar sobre avaliações de programas. As disciplinas obrigatórias eram muitas e, por vezes, isso descaracterizava a missão do programa que dependia basicamente da disponibilidade dos professores em administrar um determinado número de disciplinas para permitir que os alunos pudessem completar o número de créditos necessário para adquirir o título de mestre e ou doutor.
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Mas a Márcia e eu tínhamos acordado que, mais importante do que créditos em disciplinas, era a realização do projeto de pesquisa. E esse acordo mantenho até agora com os meus alunos.
Como a linha de pesquisa da Márcia era em memória, nada mais claro do que avaliar a memória em determinada situação de interesse.
Como todo aluno, não fugi à regra trazendo um projeto com milhares de variáveis a serem estudadas e controladas. O período que, nessa época, me parecia importante de estudar era o pós-parto, pois é um período em que podem ser observados sintomas depressivos, alterações cognitivas e diversas modificações fisiológicas capazes de explicar um transtorno de humor.
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Após depurar o projeto, acabamos trabalhando com psicometria. Os conhecimentos de psicometria foram extremamente úteis no decorrer da minha carreira.
Durante esse período acabei estudando os diversos instrumentos de avaliação diagnóstica, e fazem parte dessa lista as seguintes contribuições para a área Psiquiatria.
Busnello ED, Tannous L, Gigante L, Ballester D, Hidalgo MP, Silva V, Juruena M, Dalmolin A, Baldisserotto G. Diagnostic reliability in mental disorders of the International Classification of Diseases in primary care. Rev Saúde Pública. 1999 Oct;33(5):487-94. doi: 10.1590/s0034-89101999000500008. PubMed PMID: 10576751.
Camozzato AL, Hidalgo MP, Souza S, Chaves ML. Association among items from the self-report version of the Hamilton Depression Scale (Carroll Rating Scale) and respondents’ sex. Psychol Rep. 2007 Aug;101(1):291301. doi: 10.2466/pr0.101.1.291-301. PubMed PMID: 17958137.
Kaipper MB, Chachamovich E, Hidalgo MP, Torres IL, Caumo W. Evaluation of the structure of Brazilian StateTrait Anxiety Inventory using a Rasch psychometric approach. J Psychosom Res. 2010 Mar;68(3):223-33. doi: 10.1016/j.jpsychores.2009.09.013. Epub 2009 Dec 9. PubMed PMID: 20159207.
PARTE III TEMPO VI - Formação Stricto Sensu
de Souza CM, Hidalgo MP. World Health Organization 5-item well-being index: Validation of the Brazilian Portuguese version. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2012 Apr;262(3):239-44. doi: 10.1007/s00406-0110255-x. Epub 2011 Sep 7. PubMed PMID: 21912931.
O estudo da psicometria nos possibilitou, como grupo de pesquisa, colaborar com outros centros no sentido de traduzir, adaptar e validar instrumento na área de concentração do Laboratório: a Cronobiologia.
Os artigos abaixo são diretamente relacionados à área da Cronobiologia e permitiram realizar estudos no Brasil e em colaboração com Laboratórios de outros países:
Harb AB, Caumo W, Hidalgo MP. Translation and adaptation of the Brazilian version of the Night Eating Questionnaire. Cad Saude Publica. 2008 Jun;24(6):1368-76. doi: 10.1590/s0102-311x2008000600017. PubMed PMID: 18545762.
Giglio LM, Magalhães PV, Andreazza AC, Walz JC, Jakobson L, Rucci P, Rosa AR, Hidalgo MP, Vieta E, Kapczinski F. Development and use of a biological rhythm interview. J Affect Disord. 2009 Nov;118(1-3):161-5. doi: 10.1016/j.jad.2009.01.018. Epub 2009 Feb 20. PubMed PMID: 19232743.
Schimitt RL, Zanetti T, Mayer M, Koplin C, Guarienti F, Hidalgo MP. Psychometric properties of Social Rhythm Metric in regular shift employees. Braz J Psychiatry. 2010 Mar;32(1):47-55. doi: 10.1590/s151644462010000100010. PubMed PMID: 20339734.
Schimitt RL, Benedito ICR, da Rocha BC, Chivia JIA, Hidalgo MPL. Adaptação transcultural da versão brasileira da escala Social Rhythm Metric-17 (SRM-17) para a população angolana. Rev. psiquiatr. Rio Gd Sul. 2011 33(1)28-34. https://doi.org/10.1590/S0101-81082011005000008.
Levandovski R, Sasso E, Hidalgo MP. Chronotype: A review of the advances, limits and applicability of the main instruments used in the literature to assess human phenotype. Trends Psychiatry Psychother. 2013;35(1):3-11. doi: 10.1590/s2237-60892013000100002. PubMed PMID: 25923181.
Allega OR, Leng X, Vaccarino A, Skelly M, Lanzini M, Hidalgo MP, Soares CN, Kennedy SH, Frey BN. Performance of the biological rhythms interview for assessment in neuropsychiatry: An item response theory and actigraphy analysis. J Affect Disord. 2018 Jan 1;225:54-63. doi: 10.1016/j.jad.2017.07.047. Epub 2017 Aug 1. PubMed PMID: 28787704.
Tonon AC, Amando GR, Carissimi A, Freitas JJ, Xavier NB, Caumo GH, Silva LG, de Souza DOG, Hidalgo MP. The Brazilian-Portuguese version of the Sleep Hygiene Index (SHI): Validity, reliability and association with depressive symptoms and sleep-related outcomes. Sleep Sci. 2020 Jan-Mar;13(1):37-48. doi: 10.5935/19840063.20190130. PubMed PMID: 32670491; PubMed Central PMCID: PMC7347373.
Naquela época, no século passado, a Márcia me recebia em uma sala de meio metro quadrado. Apesar do tamanho, aquele espaço se tornaria uma referência de produção intelectual. Esse foi outro aprendizado: é fundamental termos referências espaciais para produzir.
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Como tínhamos atividades relacionadas a assistência e ensino, nossas reuniões ocorriam frequentemente nas primeiras horas da manhã. Foi assim que surgiu a pergunta para ser estudada no Doutorado. Pois nós duas tínhamos muita dificuldade para cumprir com o horário combinado. Como duas pessoas super-responsáveis com horários, não conseguíamos cumprir com o que nós duas nos impúnhamos?
Pesquisei no PubMed, Scielo, Embase e encontrei uma característica denominada de “cronotipo”. Estava claro para nós duas que éramos vespertinas. Buscando literatura, encontrei a construção de uma escala denominada Horne e Osberg que avaliava esse comportamento, perguntando pelas preferências de horário para realizar determinadas atividades.
O interessante era que esse comportamento se correlacionava com um ritmo de temperatura. Isso me remetia ao conceito de ritmo biológico. Será que variações rítmicas e a fase em que ocorriam eram determinantes de certos comportamentos humanos? Inicialmente sentimos um certo desconforto em pensar que não éramos tão autônomos para decidir sobre apetite e horário de sonolência e de melhor performance cognitiva e física. E esse desconforto foi um propulsor para continuar estudando o assunto. Parte do trabalho de Doutorado foi publicada no artigo:
Hidalgo MP, Camozzato A, Cardoso L, Preussler C, Nunes CE, Tavares R, Posser MS, Chaves ML. Evaluation of behavioral states among morning and evening active healthy individuals. Braz J Med Biol Res. 2002 Jul;35(7):837-42. doi: 10.1590/s0100-879x2002000700012. PubMed PMID: 12131925.
Ou seja, diferentes características do comportamento humano têm um tempo para ocorrer nas 24 horas do dia.