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Cronobiologia: a área da ciência do tempo na matéria viva��������������������������������������

PARTE IV TEMPO VII - Geração do Conhecimento

Antes de entrarmos propriamente na área da Cronobiologia, é importante conversarmos um pouco sobre a estrutura dinâmica da matéria viva. É aqui que surge a definição de autopoiese, este é um conceito desenvolvido por Maturana e Varela. Segundo eles, os seres vivos são sistemas autopoiéticos moleculares. Surge a pergunta: é possível um sistema autopoiético fora do domínio da molécula? Para essa questão Maturana acrescenta a noção de sistema em diferentes “ordens” que dependem do domínio em que o processo se realiza. A célula seria de primeira ordem; os organismos, de segunda ordem. Já uma colmeia, uma colônia ou uma família seriam de terceira ordem. Aqui me parece que acrescentar o conceito de complexidade de Morin pode agregar, ou seja, modificaria a palavra ordem para níveis de complexidade. E se falamos de complexidade, podemos lembrar a teoria do caos e, portanto, pensar em cada organismo como um fractal ou uma composição de fractais. Porém, o que daria a característica dinâmica a estas composições? O Tempo.

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Ainda mantendo o pensamento de Maturana e Varella, todo sistema fechado é dinâmico. Mas como entra a relação com o sistema temporal? Em 2017, Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young recebem o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina pela descoberta do loop que possibilita a organização temporal em nível molecular dos seres vivos. Ou seja, eles explicam como os genes clock estabelecem o ritmo circadiano. Em 1984, Jeffrey Hall e Michael Rosbash, em Brandeis University e Michael Young na Rockefeller University, conseguiram isolar o gene period. Jeffrey Hall e Michael Rosbash descobrem que PER, a proteína codificada por period, é acumulada durante a noite e degradada durante o dia. Portanto PER apresentava um ciclo de aproximadamente 24 horas. Os dois autores observaram que, por um loop inibitório, a proteína PER inibia sua própria síntese (https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/2017/press-release/). Onde entra o meio? O meio também tem um ritmo, e alguns ritmos têm o poder de se comunicar com o organismo de forma a encarrilhar o sistema temporizador. Encarrilhar não é sinônimo de ordenar ou desordenar. Significa ubicar. Aqui novamente podemos falar em ubicar em diferentes níveis de complexidade.

Ao estudo sistemático da organização temporal da matéria viva, em todos os seus níveis de complexidade, damos o nome de Cronobiologia.

Alguns trabalhos do Laboratório que versam sobre a relação dos genes relógios e síndrome do comer noturno, sintomas depressivos, e duração do sono se encontram abaixo:

76 Memorial Maria Paz Loayza Hidalgo

Harb, Ana Beatriz Cauduro (2013) - Aspectos cronobiológicos da síndrome do comer noturno (LUME UFRGS: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/87175).

Carvalho, Felipe Gutiérrez (2020) - Dos genes aos sintomas: Um estudo sobre a relação entre polimorfismos envolvidos na regulação dos ritmos biológicos e desfechos em saúde mental (LUME UFRGS: https://www. lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/211226/001115067.pdf).)

Allebrandt KV, Teder-Laving M, Cusumano P, Frishman G, Levandovski R, Ruepp A, Hidalgo MPL, Costa R, Metspalu A, Roenneberg T, De Pittà C. Identifying pathways modulating sleep duration: from genomics to transcriptomics. Sci Rep. 2017 Jul 4;7(1):4555. doi: 10.1038/s41598-017-04027-7. PubMed PMID: 28676676; PubMed Central PMCID: PMC5496883.

Ou seja, diferentes características do comportamento humano têm um Tempo para ocorrer nas 24 horas do dia. E isto tem relação com os genes do relógio.

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