MACquinho Arquitetura Indígena Bioclimática Professora Dinah Guimaraens Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo-PPGAU/UFF 2021
Isabela Silva Dias-Monitoria EAU/UFF
PROJETO MAQUINHO-UFF|MORRO DO PALÁCIO, NITERÓI PROGRAMA DE AGRICULTURA URBANA (NIT|HORTAS): MUROS VERDES, HORTAS FAMILIARES E PROTÓTIPOS DE ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA INDÍGENA
Protótipo de Museu Vivo. Campus da Praia Vermelha. Requalificação da Baía da Guanabara. Registro da UNESCO do Rio|Niterói como Paisagem Cultural Urbana.
Coordenação Técnica: Professora Dinah Tereza Papi de Guimaraens-Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo-PPGAU, Escola de Arquitetura e Urbanismo-EAU, Universidade Federal Fluminense-UFF e Professor Breno Platais Brasil Teixeira, Diretor do Maquinho|Niterói
Coordenação Pedagógica: Cleide Mere, Maquinho|Niterói
Equipe de Execução: Denise Santos Crespo Ferreira (Tutora UFF), Francisco Renato Vieira da Costa Ferreira, Marina Vasconcellos de Carvalho, Sofia Eder, Carolina de Jesus
Equipe de Apoio Institucional: Paola Hortala, Christano Mere, Diego Mere, Joaquim Moura, William, Jefferson
Equipe Discente UFF: Renan Santos Marques, Pedro Medina Bernardes Bastos, Luiza Waldmann Brasil Matias, Rachel Nunes Merlino Fernandes, Gabriela Bicalho Marques, Marcella Fernandes Dias, Ana Nieda dos Santos Melo, Jôrdhanna Furtado de Oliveira.
Metodologia Projetual Sustentável de Hortas Urbanas e de Arquitetura Bioclimática para Culturas Afrodescendentes e Indígenas A Revolução Industrial iniciou significativas transformações na sociedade, com o exponencial tecnológico tendo propiciado um aumento da expectativa de vida humana.
Protótipos digitais de Muros Verdes. Projeto dos discentes André Longo e João Vicente Guimarães. EAU-UFF, 2016.2.
O mesmo incremento tecnológico trouxe consigo, no entanto, os componentes para a devastação do planeta (Braun, 2008). O crescimento indiscriminado da utilização de matéria e energia, para atender às necessidades das sociedades industrializadas, acarretou na atual crise ecológica. A expressão desenvolvimento sustentável foi introduzida no debate internacional em um documento da Comissão Mundial para o Ambiente e o Desenvolvimento chamado Nosso futuro comum (Our Common Future), coordenado por Gro Harlem Brundland. Essa expressão tornou-se cada vez mais usada, até ser adotada como palavra-chave na ECO 92, a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro (Manzini, 2008, p. 21).
Desenvolvimento Sustentável e Ambiente Construído Desenvolvimento sustentável pode ser caracterizado como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as mesmas”. Surgiu tal termo da preocupação com as mudanças climáticas que ocorreram nos anos 1980, quando a emissão de CO2 foi identificada como a principal causadora do efeito estufa. O principal gás do efeito estufa é o CO2, e a principal fonte de CO2 (cerca de 50% de todas as emissões feitas pela humanidade) residem nas edificações (Roaf, Fuentes e Thomas, 2006, p. 15). A atual discussão sobre o meio ambiente construído tem como principal preocupação a conformação da arquitetura às questões socioeconômicas e ambientais, buscando alcançar a adequação das edificações ao conceito de sustentabilidade. De acordo com dados publicados pelo Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, a civilização passa por uma mudança de paradigmas, envolvendo padrões de produção e consumo e de qualidade de vida.
Construção
Oca Aweti Yawalapiti Kamayurá. Coord. Dinah Guimaraens, PPGAU/UFF.
Novembro, 2014.
Certificações Ambientais Apesar do mercado brasileiro não possuir uma metodologia própria de certificação ambiental, o modelo norte-americano Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) e o francês Haute Qualité Environnementalle (HQE) vêm sendo empregados para atender às demanda do mercado construtivo. Studio mk27, Marcio Kogan & Carbono Zero. Casa com esquadrias de bambu. Ilha Bela, S.P., 2009|2010. A casa lembra uma caixa mágica: “Em nenhum momento se consegue perceber onde a casa se abre”, afirma o arquiteto. À primeira vista, parece que a casa não tem janelas, mas com uma observação mais atenta percebe-se que estão escondidas dentro das “caixas”. A mágica tem 40 painéis com 3,7 metros de altura e com 0,8 m a 1 metro de largura, compostos por dois planos de réguas de bambu parafusados em uma estrutura de alumínio anodizado.
Torna-se prioritário, entretanto, contextualizar as melhorias ambientais obtidas em países estrangeiros para a realidade brasileira, a qual é vista como desfavorecida pelos padrões ambientais internacionais. Por ser enquadrado como país subdesenvolvido, o que difere significativamente das questões socioeconômico e ambientais dos modelos desenvolvidos acima citados, o Brasil apresenta grande distância de qualidade sustentável na arquitetura de baixo impacto ambiental.
Projetos Sustentáveis: Entorno e Lugar Inúmeras tentativas vêm sendo feitas por órgãos públicos e privados no sentido de aproximar as construções no país dos padrões ecologicamente corretos. Projetos que utilizam como parâmetro as certificações sustentáveis sofrem grandes mudanças do paradigma projetual. O conceito de sustentabilidade deve nascer na própria concepção do projeto, ou seja, na tomada de decisões projetuais junto ao cliente e não como um desejo exclusivo do arquiteto. Em busca de um desejável conforto ambiental, é preciso adaptar a arquitetura ao clima e ao meio-ambiente, e não somente importar conceitos projetuais internacionais sem contextualizá-los à paisagem e ao lugar. Paulo Archias Mendes da Rocha (1928), pertencente à geração liderada por João Batista Vilanova, foi o ganhador do Prêmio Pritzker de 2006 e do Leão de Ouro da 15ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza de 2016. Afirmando que “a primeira e primordial arquitetura é a geografia”, as obras do paulista Mendes da Rocha caracterizam-se por uma atitude certeira sobre o território, com o domínio do sítio através da mudança da topografia, de sua redefinição ou mesmo de uma mera ação sobre os fluxos de circulação do entorno. Reforma da Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2001. Prêmio Mies Van der Rohe para a América Latina.
Território: Influências Europeias na Arquitetura Palácio do Alvorada, Niemeyer. Casa kitsch de inspiração modernista. Santa Cruz, RJ.
Apesar da relevância do território na metodologia projetual arquitetônica, a arquitetura brasileira foi quase sempre referenciada às obras do exterior devido às suas influências europeias, com a incorporação de técnicas construtivas importadas tendo sido adaptadas às ferramentas e aos materiais disponíveis no território nacional. Estilos arquitetônicos como o chamado Estilo Internacional, de origem alemã da Bauhaus e francesa de Le Corbusier, foi aqui amplamente divulgado e reconhecido a partir dos anos 19301940. O crescimento socioeconômico dos anos 1950-1960 conduziu à construção de Brasília e à eclosão da especulação imobiliária no eixo Rio de Janeiro|Niterói - São Paulo, nos anos 1970-1980. Contrapondo-se à essa postura eurocêntrica preponderante no mercado imobiliário do país, uma arquitetura regional bioclimática vem buscando enfatizar técnicas construtivas, sentidos espaciais e intenções formais próprios de matrizes culturais indígenas, africanas/afro-brasileiras e populares em projetos sustentáveis.
Partido arquitetônico de Severiano Mário Porto no Centro de Proteção Ambiental de Balbina, AM (1984-1988), com sistema de circulação de ar e aeração natural, como herança popular construtiva amazônica.
Arquitetura Popular Brasileira A própria arquitetura popular brasileira foi fruto de relações nem sempre amistosas entre brancos (portugueses, franceses, holandeses, italianos, alemães), negros (bantos, nagôs, fulas, iorubás, hauçás) e nativos índios (mais de 200 etnias que sofrem até hoje a destruição de seus hábitos e culturas).
Uma arquitetura indígena advinda de etnias nativas somou-se àquela de africanos bantos, nagôs, fulas, iorubás, hauçás e outros grupos étnicos que para aqui vieram na condição de escravos. Tal arquitetura tropical brasileira (Segawa, 2005) caracteriza-se por se afastar não somente dos métodos construtivos habituais, mas também de uma atitude característica da cultura ocidental, qual seja a de uma evidente agressividade frente à natureza.
A cabana pode ser construída com pesadas pedras para proteger o espaço interior dos rígidos invernos, ou com leves elementos vegetais que permitem a ventilação dos locais, adequando-se a moradia, nos dois casos, aos seus condicionantes ambientais.
Arquitetura Cabocla da Amazônia
A Amazônia ecológica de Chico Mendes e da Serra Pelada de Sebastião Salgado pode ser representada pela arquitetura bioclimática, na qual a radicalidade tecnológica não reside no high tech, mas sim na expressão do espaço “exterior” natural.
A arquitetura bioclimática não emprega, então, aparatos eletrônicos de acondicionamento ambiental e somente faz uso de recursos construtivos tradicionais: a telha de madeira, a milenária telha de cerâmica, a igualmente antiga alvenaria de ladrilho e as estruturas de madeira, sem o emprego do cimento armado.
Frente à destruição do entorno ambiental, arquitetos como Lucio Costa, Severiano Mário Porto e Mário Emílio Ribeiro propuseram alternativas arquitetônicas de integração ao meio-ambiente. Conhecido como “poeta da arquitetura amazonense” e natural de Niterói, Severiano buscava inspiração nas moradias de cabocos (mestiços de indígenas e europeus) para compor suas obras.
Empregou ele materiais locais construtivos para criar uma arquitetura climaticamente integrada com o meio-ambiente amazônico em suas “capas” do Centro de Proteção Ambiental de Balbina, localizado em Presidente Figueiredo, AM.
Membrana Ondulante: Cobertura Vegetal
Tendo sido construído em 1984 a título de compensação ambiental pela construção de uma Usina Hidrelétrica, o conjunto do Centro de Balbina foi realizado em uma área de impacto da construção de uma hidrelétrica, adotando um partido de unidades independentes, as quais são unidas por galerias e passarelas cobertas.
Esta solução protege o usuário das chuvas constantes e do forte calor. A impressão de unidade do conjunto provém da grande cobertura ondulante, lembrando uma membrana à maneira de Frei Otto.
Tal “membrana”, no entanto, é uma capa de madeira de uso popular, projetada com uma estrutura de madeira que evita a ortogonalidade convencional das construções com este material (tipo balloon frame). Essa arquitetura revela real organicidade, em referência às estruturas construtivas indígenas amazônicas e, talvez, às igrejas barrocas mineiras (Segawa, in op. cit.).
Patrimônio Imaterial: Saberes e Fazeres
Casa de Reza (Opy) Guarani, Bracuí, R.J. Museografia do Museu da Maré, com habitações típicas das favelas cariocas.
Foram, assim, estabelecidas as bases de uma arquitetura adaptada às condições climáticas, onde surgem casas de taipa ou adobe cobertas de palhas de palmeiras ou de coqueiros. O novo sentido de patrimônio imaterial pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) passou a considerar a arquitetura feita pelo homem do povo. O decreto n. 3.551 de 4 de agosto de 2000 institui o registro de bens culturais de natureza imaterial que constituem o patrimônio cultural brasileiro, nos seguintes livros: 1) Registro dos Saberes (conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades); 2) Registro das Celebrações (rituais e festas que marcam a vivência coletiva); 3) Registro das Formas de Expressão (manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas); 4) Registro dos Lugares (mercados, feiras, santuários, praças de práticas culturais coletivas)
Urbis: Fontes de Poluição do Planeta Em 1900, somente um décimo da população mundial vivia em grandes aglomerados urbanos. Hoje, pela primeira vez na história, metade de toda a população do mundo vive em cidades e, em um prazo de 30 anos, tal proporção pode alcançar até três quartos de habitantes do planeta, com a população urbana aumentando 250.000 pessoas por dia. Como habitat da humanidade, é irônico pensar que as cidades constituem o maior agente destruidor do ecossistema a maior ameaça para a sobrevivência da humanidade no planeta. O aumento da consciência ecológica, da tecnologia das comunicações e da produção automatizada constituem condições que contribuem para desenvolvimento de uma cultura urbana pós-industrial socialmente responsável e ambientalmente consciente. O âmago do conceito de desenvolvimento sustentável está na redefinição da riqueza para incluir o capital natural: ar limpo, água potável, camada de ozônio efetiva, mar sem poluição, terra fértil e abundante diversidade de espécies animais e vegetais. Normas reguladoras são requeridas pela gestão pública e privada para fixar um preço adequado do capital natural, até então considerado como ilimitado, ou sem qualquer custo (Foster, 2014, p. 4-5).
Arquitetura do Morro do Palácio, 2017.
Energia, Entorno e Ecologia Arquitetos especialistas em arquitetura high tech como o inglês Richard Rogers propõem dirigir ativamente nosso desenvolvimento em favor da maioria mundial: as parcelas mais pobres da população urbana. Para isso, o ambientalismo a ser praticado em conjunto por arquitetos e ecologistas deve-se centrar nos três “E” propostos pela ECO 92: Energia (Energia incorporada, Energia em uso, Combustíveis fósseis, Energia Renovável-eólica, solar, geotérmica), Entorno (Terra, Água, Produção de alimentos, Qualidade do ar, Saúde global, Saúde individual) e Ecologia (Análise do ciclo de vida, Biodiversidade, Florestas tropicais, Reciclagem, Outras espécies, Criação de habitats) (Edwards, 2013, p. 89-91).
Desde a Cúpula da Terra da ONU em 1992, no Rio de Janeiro, as questões ecológicas passaram a se concentrar mais nos sistemas do que nos recursos. O projeto ecológico evidenciou a pobreza intelectual do projeto arquitetônico internacional pois, enquanto a natureza cria o máximo de riqueza com o mínimo de recursos e o máximo de reciclagem, a humanidade cria o mínimo de riqueza e complexidade com o máximo de recursos e o mínimo de reciclagem.
Arquitetura do “vazio” (becos, vãos, lajes etc). Morro do Palácio, 2017.
No caso brasileiro, o planejamento municipal vem considerando a dimensão cultural como um dos pilares para o desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento sustentável requer, assim, a promoção das práticas culturais que respeitem e valorizem a diversidade, o pluralismo, o patrimônio natural e a preservação das heranças naturais e artísticas, abrindo espaço para a efetiva participação dos cidadãos.
Cultura para a Sustentabilidade
A cultura para a sustentabilidade é um conceito necessário à integração entre os diversos setores da administração municipal, pois leva à valorização da identidade local e da gestão participativa, além de contribuir para fomentar a produção local. O Plano Nacional de Cultura, lançado em 2010 pelo Ministério da Cultura, estabelece que políticas culturais devem reconhecer e valorizar o capital simbólico através do estímulo às suas múltiplas manifestações. Segundo as prerrogativas previstas pela Economia Criativa da Cultura, a cultura deve ser vista, igualmente, como uma real oportunidade para a geração de trabalho e de renda, principalmente nas camadas menos favorecidas da população.
De forma a tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis é preciso fortalecer os esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural brasileiro. Dimensão essencial da formação educacional, o reconhecimento das diversas identidades étnico-raciais que compõem a sociedade brasileira deve almejar a formação de cidadãos que convivam bem com diferentes modos de vida existentes e suas respectivas representações culturais. A diversidade cultural do país deve ser valorizada e, para isso, é fundamental vincular políticas de educação e cultura.
Sustentada por esta perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular está sendo elaborada pelo Ministério da Educação desde 2015, com suporte em cinco temas integradores:
Consumo e educação financeira;
Ética, direitos humanos e cidadania;
Sustentabilidade;
Tecnologias digitais;
Culturas africanas e indígenas.
Quadra de futebol de salão e “baldios”.
Cidades e Comunidades Sustentáveis: Cultura, Educação e Programa de Agricultura Urbana (Nit-Hortas) O conceito de educação para a sustentabilidade está baseado no aprimoramento da consciência crítica da sociedade. Para isso, é preciso estabelecer uma abordagem que inter-relacione e aprofunde aspectos sociais, ecológicos, econômicos, políticos, culturais, científicos, tecnológicos e éticos. A formação de cidadãos esclarecidos sobre o desenvolvimento sustentável ocorrerá na medida em que a escola formar alunos críticos, que dialoguem com a realidade e que consigam se posicionar e atuar, de maneira sistêmica, na busca por soluções para problemas sociais e ambientais. Almeja-se, assim, uma educação de qualidade para todos. O tema ganhou ainda mais importância quando a Unesco lançou a Década Internacional da Educação para o Desenvolvimento Sustentável, celebrada entre 2005 e 2014. O objetivo foi incorporar princípios e práticas do desenvolvimento sustentável a todos os aspectos da educação e da aprendizagem, implicando em trabalhar pela inclusão social, na defesa da diversidade e na integração do tema sustentabilidade nos currículos e propostas pedagógicas. Essa pauta vem sendo proposta pelo Ministério da Educação por meio do Programa Nacional de Educação Ambiental. O tema ganhou visibilidade com a aprovação, em 2014, do Plano Nacional de Educação (PNE), que contou com forte participação da sociedade civil organizada. Com indicadores e estratégias que visam à orientação das políticas públicas educacionais até 2024, a lei estabelece parâmetros para o fortalecimento de uma rede educacional de qualidade. Morro do Palácio: Favela Verde.
Programa de Agricultura Urbana (Nit-Hortas)
O Programa Nit-Hortas inclui o projeto de Muros Verdes, Hortas Urbanas e protótipos de Arquitetura Indígena Bioclimática no Morro do Palácio.
O Programa de Agricultura Urbana (Nit-Hortas) da Subsecretaria de Sustentabilidade de Niterói representa uma das diretrizes de suas ações, as quais são divididas em três tipos de meio ambiente: Meio Ambiente Natural, Artificial e Laboral. Tal proposição representa uma alternativa para a ocupação benéfica de terrenos baldios ociosos em áreas urbanas, destinando-os à produção de alimentos por parte dos moradores próximos a estes locais.
Visando o melhoramento da qualidade de vida e do meio ambiente, constitui um instrumento e uma forma de ação social voltada a enfrentar as situações emergenciais de fome e desnutrição. O desenvolvimento de hortas comunitárias visa criar um espaço de horticultura em terrenos ociosos e áreas públicas, permitindo o controle de vetores, cuja manutenção participativa fomentará o espírito comunitário e apropriação qualificada do espaço público. O programa Nit-Hortas contempla, ainda, um forte componente educativo, apresentando ações de formação sobre técnicas de agricultura urbana, manutenção de espaço público, trabalho comunitário, compostagem e proteção ambiental.
A atual proposta conjunta do Maquinho e da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, visando a implantação de Hortas Urbanas aliadas a protótipos de Arquitetura Bioclimática no Morro do Palácio, Niterói insere-se na temática sustentável aprovada pelo BID-Melhorando Vidas de Urbanização de Comunidades e Inclusão Social. Esse componente refere-se ao melhoramento de bairros de baixa renda como o Morro do Palácio através de intervenções de urbanização (infraestrutura básica de saneamento e drenagem, pavimentação, iluminação pública, etc), além dos devidos serviços sociais e ambientais comunitários envolvidos no projeto de hortas urbanas.
Saneamento Básico no Morro do Palácio A Lei do Saneamento Básico prevê a universalização dos serviços de abastecimento de água e de tratamento da rede de esgoto no país, tendo como um dos principais pilares a elaboração de um plano municipal do setor para cada cidade. Além disso, a lei estabeleceu regras básicas para o setor ao definir as competências do governo federal, dos estados e dos municípios para os serviços, bem como a regulamentação e a participação de empresas privadas. Por conta disso, a expectativa era que o setor ia crescer exponencialmente após a lei. Dez anos após a Esgoto a céu aberto no Morro do Palácio, Lei do Saneamento Básico entrar em vigor no Brasil, 2017. metade da população do país continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário.
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgados em janeiro de 2016 e referentes a 2015, apenas 50,3% dos brasileiros têm acesso à coleta de esgoto, o que significa que mais de 100 milhões de pessoas utilizam medidas alternativas para lidar com os dejetos, seja através de uma fossa, seja jogando o esgoto diretamente em rios.
Lei 11.445 (2007) Em 2007, quando a lei 11.445 foi sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 42% da população era atendida por redes de esgoto. Até 2015, o índice aumentou 8,3 pontos percentuais, o que corresponde a menos de um ponto percentual por ano. Quanto ao abastecimento de água, apesar de a abrangência ser bem superior à de esgoto, a evolução foi ainda mais lenta: passou de 80,9% em 2007 para 83,3% em 2015, um aumento de apenas 2,4 pontos percentuais. Já o índice de esgoto tratado passou de 32,5% para 42,7%. Descarte de lixo em praça central e em becos do Morro do Palácio, 2017.
O Ministério das Cidades diz que os planos municipais de saneamento básico são importantes porque constituem instrumentos que visam diagnosticar a situação local existente e estabelecer prioridades para investimentos e ações no curto, médio e longo prazos.
No caso do Morro do Palácio, a comunidade continua a contar com sérios problemas de saneamento básico e ambiental. Mais de uma em cada quatro mortes de crianças menores de cinco anos são atribuíveis aos ambientes insalubres. Todos os anos, riscos ambientais como a poluição do ar interior e exterior, fumo passivo, água não segura, falta de saneamento e higiene inadequada tiram a vida de 1,7 milhão de crianças com menos de cinco anos, como destacam dois relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Projeto de Arquitetura e Urbanismo O atual projeto de arquitetura e urbanismo pretende colaborar com a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB da Prefeitura de Niterói. A Secretaria de Meio Ambiente já realizou estudos básicos de diagnósticos da drenagem, visando concentrar esforços em outras áreas da de gestão pública do saneamento ambiental.
A Prefeitura de Niterói está também elaborando um Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB, que será igualmente licitado através da Secretaria de Meio Ambiente. Para isso, foi levado a cabo um diagnóstico básico da infraestrutura de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Há uma participação popular, prevista por Lei, em todo o projeto de esgoto sanitário e pluvial a cargo dos órgãos públicos municipais. De acordo com os novos parâmetros de desenvolvimento da ONU, o eixo do Programa Cidades Sustentáveis entendido como Educação para a Sustentabilidade e Qualidade de Vida tem como metas integrar, na educação formal e não-formal, conhecimentos, valores e habilidades para a construção de um modo de vida sustentável e saudável. A sustentabilidade dos municípios prevê cidadãos bem formados, que consigam transformar informação em conhecimento para a vida prática. A educação ambiental pode modificar hábitos e construir uma sociedade apta ao desenvolvimento sustentável. Integrá-la de forma transversal à educação é o caminho para a transformação.
Mural pintado em bar do Palácio, 2017.
Seminário Prático-Teórico A metodologia de trabalho do grupo envolvido no projeto gira em torno de um seminário prático-teórico a ser ministrado no Auditório do Maquinho, entre 03 de abril e 10 de julho de 2017 como atividade de extensão universitária, tendo como foco a criação de um Canteiro Experimental de Pesquisas Transculturais como protótipo de arquitetura bioclimática, incluindo exemplos de Muros Verdes, Hortas Comunitárias | Paisagismo e de Bioarquitetura (bambu, madeira, barro, fibras vegetais etc). Contando com a participação de mutirões de construtores da favela, de construtores indígenas convidados e do corpo docente, discente e técnico da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense-UFF, o projeto conta com um PORTAL DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA/PIT de Arquitetura Bioclimática que integra o LAPALU-Laboratório da Paisagem e do Lugar do Programa de Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo-PPGAU como exemplo de educação transcultural multimídia, em colaboração com a Subsecretaria Municipal de Tecnologia de Niterói. Tawywa|oca Assurini e oca xinguana no Campus da Praia Vermelha, 2014.
MUROS VERDES (Benefícios dos jardins verticais)
Benefícios para o meio-ambiente:
Reduzem o efeito da ilha de calor das grandes cidades.
Reduzem até 5 graus a temperatura interior de um edifício no verão, assim como a mantém no inverno.
Habilitam os espaços urbanos não usados (ocos, vazios ou BALDIOS).
Criam um espaço paisagístico agradável dentro do entorno urbano.
Criam um ecossistema na cidade que permite a integração de espécies autóctones.
Benefícios para a saúde:
1m2 de cobertura vegetal gera o oxigênio requerido por uma pessoa em todo um ano. (Darlington, 2001).
1m2 de cobertura vegetal atrai 130 gramas de poeira por ano. (Darlington, 2001).
Um edifício de 4 andares (60m2) com uma fachada portante deste sistema filtra ao ano 40 toneladas de gases nocivos. (Wolverton et al. 1989).
Um edifício de 4 andares com uma fachada portante deste sistema é capaz de atrair e processar 15 kg de metais pesados. (Darlington, 2001).
Melhora o rendimento profissional e reduz o mal-estar das pessoas que contam com vegetação em seu lugar de trabalho. (Lohr et al.. 1996; Bringslimark, et al. 2007).
O isolamento vegetal reduz até 10 decibéis a contaminação sonora. (Akira Hoyano, Professor, Tokyo Institute of Technology).
Projeto de Paisagismo. EAU-UFF, 2014.
Perguntas Frequentes Aparecem insetos no jardim vertical? Para não aparecer insetos, deve-se utilizar produtos naturais no sistema de rega das plantas que impedem sua aparição, já que seu objetivo principal é conservar a saúde das plantas. O consumo de água é excessivo? O sistema de fertirrigação deve recircular a água que rega o jardim vertical para que o consumo seja mínimo, e a água gastada deve reverter na qualidade ambiental do lugar esfriando o ambiente mediante evapotranspiração. Corrimão e escada de eucalipto, Rio das Ostras. Muro Verde, Ipanema e Plantas no Morro do Palácio, 2017.
E a manutenção? Os muros vegetais apenas precisam de manutenção desde que o sistema de rega está especialmente estudado e monitorizado. Nos sistemas onde há água de sobra, esta pode voltar a ser recolhida e ser utilizada para posteriores regas mediante um circuito fechado. A única manutenção necessária é uma revisão periódica das instalações, assim como eventuais podas.
LINGUAGEM (CARTILHA) DE DESENHO URBANO Ministrar um Seminário de Educação Ambiental Sustentável no Auditório do Maquinho em 2017.1 (03 de abril a 10 de julho de 2017), sob a ótica da transculturalidade de saberes e fazeres proposta pela UNESCO, integrando o saber erudito universitário ao saber informal afrodescendente e indígena partilhado pelos moradores do Morro do Palácio. Realizar Projetos de Restauração Ecológica e de Arborização nos principais acessos e nos espaços públicos do Morro do Palácio. Criar Protótipos de Muros Verdes, Hortas Urbanas | Paisagismo e Arquitetura Bioclimática ou Bioarquitetura, com o emprego de materiais naturais como bambu, madeira, barro, fibras vegetais etc. Melhorar a qualidade de vida da população residente no local mediante a execução de Projetos Urbanos e Sociais de Saneamento Básico com a eliminação de focos de esgoto sanitário a céu aberto e da contaminação da rede de águas pluviais no entorno da comunidade.
Protótipo de arquitetura bioclimática do Xingu. Campus Praia Vermelha, UFF, 2014.
Identidade Local e Ação Participativa O apoio da gestão pública pode transformar habilidades locais em fator de inclusão e de destaque para o município, produzindo atividades econômicas relacionadas. A construção de uma identidade local, que compreenda a diversidade de manifestações culturais, é parte importante no desenvolvimento de uma cidade sustentável. O fomento às expressões culturais é política pública necessária para o avanço do município e a participação dos moradores. Para isso, algumas estratégias essenciais precisam ser adotadas, tais como: 1) trabalhar para a formulação de referências conceituais e metodológicas para as políticas públicas de cada ação ou equipamento;
2) promover a gestão participativa envolvendo comunidade, profissionais da área cultural e gestores públicos; 3) garantir o amplo acesso aos espaços culturais existentes e manter programação diversificada;
4) fomentar a criação e a produção cultural nas comunidades; Protótipo de Palco (Arquitetura Bioclimática Indígena). Ação participativa. EAU-UFF, 2017.
5) estabelecer acesso gratuito ou a preços simbólicos nos equipamentos e espaços culturais públicos.
Seminário de Arquitetura Bioclimática O projeto de Muros Verdes, Hortas Comunitárias | Paisagismo e de Bioarquitetura (bambu, madeira, barro, fibras vegetais etc.) a ser realizado no seminário “Arquitetura Indígena Bioclimática”, ministrado pela Professora Dinah Guimaraens da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense no Auditório do Maquinho em 2017.1, visa garantir: 1) Que os alunos do Morro do Palácio adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável por meio da educação e de estilos de vida sustentáveis;
2) Enfatizar os direitos humanos, a igualdade de gênero, a promoção de uma cultura de paz e não-violência, a cidadania global e a valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável. Projetos Vegetais (Parede de Bambu e Sapê; Madeira Reciclada). Oca xinguana e Centro Pompidou-Metz, França.
Objetivos do Seminário Tal seminário prático-teórico de 45 horas-aula enfatiza um exercício reflexivo de autoavaliação crítica a partir da análise de construções típicas das culturas indígenas brasileiras (ocas ou malocas). Dá ele cumprimento às recomendações do MEC nas Leis nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, 10.639, de 09 de janeiro de 2003 e 11.645, em vigor desde março de 2008, que preveem o ensino obrigatório de conteúdos didáticos referentes as culturas indígenas e afro-brasileiras no primeiro, segundo e terceiro graus e a Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998 de registro pelo IPHAN (instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de patrimônio imaterial no Livro de Registro dos Saberes que destaca conhecimentos e modos de fazer construtivo enraizados no cotidiano das comunidades.
A estrutura da cobertura de madeira do Centro Pompidou Metz, na França, projetada por Shigeru Ban (2010), tem a forma de um hexágono que paira sobre os volumes para unificá-los em um todo coeso. O padrão hexagonal é composto por hexágonos e triângulos equiláteros inspirados em chapéus e cestos asiáticos de bambu. Com a criação de um padrão de triângulos e hexágonos apenas quatro elementos de madeira nunca se cruzam. As intersecções não utilizam articulações mecânicas de metal. Em vez disso, cada membro se sobrepõe entre si, semelhante a cestos de bambu, ideia que veio de um chapéu tradicional chinês que o arquiteto viu em uma loja de antiguidades em Paris.
Visando assegurar uma educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para os participantes da comunidade do Morro do Palácio, o projeto prevê que os resultados didáticos desse seminário, a serem gravados e fotografados, serão publicados sob a forma de um livro impresso|digital e integrarão a Semana de Tecnologia da Subsecretaria de Tecnologia, contando com uma Exposição Digital de Bioarquitetura Transcultural e de um workshop de bambu e papelão para áreas de risco pelo arquiteto convidado Shigeru Ban a se realizar no MAC, Maquinho e no Caminho Niemeyer.
Intervenções Criativas no Morro do Palácio, Niterói Instalação de um Observatório da Paisagem para apreciação científica dos bens naturais e ambientais registrados pela UNESCO em colaboração com a PROEX (Pró-Reitoria de Extensão)/UFF no LAPALU (Laboratório da Paisagem e do Lugar), com protótipos de bambu e fibras vegetais para abrigar um Visor da Paisagem (ver registro do Rio de Janeiro como Paisagem Cultural Urbana pela UNESCO em 2012), incluindo a Fortaleza de Santa Cruz e a entrada da Baía da Guanabara. Projeto Paisagístico de Restauração Ecológica e de Arborização com Espécies Vegetais da Mata-Atlântica, com a disposição de Platôs de Madeira, Bancos, Quiosques e Totens de Sinalização no entorno do Maquinho, contando com a coordenação técnica da arquiteta convidada Sofia Eder.
Muros Verdes|Hortas Comunitárias com espécies medicinais e comestíveis. Oca-Palco na entrada do Maquinho, com coordenação de Carol Potiguara.
Projetos de Paisagismo com platôs de madeira | quiosques e de um Observatório da Paisagem. Corpo discente. EAU-UFF, 2014.
Novas Codificações dos Vazios (Baldios) e da Praça como Espaços Públicos Democráticos Revitalização de terrenos baldios e de uma praça central do Morro do Palácio, reconquistando seu lugar como espaço ativo de trocas e encontros. Organiza-se ali um diálogo permanente, com discussões coletivas que antecedem o projeto e mapeiam as atividades almejadas pelos moradores. Criação de um vocabulário de equipamentos no vazio (ocos ou baldios), com a capacidade de absorção da diversidade. Antes considerados como "fundos", os novos espaços tornam-se frente em relação ao entorno construído: as casas abrem varandas, janelas e portas para a praça, antigas garagens passam a abrigar bares e lojas, enquanto as calçadas tornam-se Canteiros Coletivos de Muros Verdes, Hortas Comunitárias e Protótipos de Arquitetura Bioclimática.
Proposta de Revitalização de uma Praça Central. Morro do Palácio, 2017.
As atividades previstas pelo projeto serão realizadas através de mutirões, contando com a participação dos cerca de 400 construtores do Morro do Palácio. Tais atividades se darão principalmente durante os fins de semana, de modo a aproveitar a mão-de-obra especializada local, como forma de estabelecer uma equipe de trabalho permanente que possa reproduzir as ações previstas mesmo após a saída de campo da equipe da Universidade Federal Fluminense.
ESPAÇO CONCRETO|CONTEXTO Vazio (baldio) delimitado por autoconstruções, onde faltam áreas de encontro, lazer, preservação do meioambiente e sustentabilidade. O projeto de Agricultura Urbana (NIT-Hortas) e de Arquitetura Bioclimática prevê as seguintes áreas a serem abordadas em pequenos espaços comunitários do Morro do Palácio: Teto Verde e Piso Intertravado Construções Sustentáveis Uso Consciente e Reuso da Água Saneamento Básico Reciclagem de Lixo Energia Renovável- Energia Fotovoltaica e Energia Eólica Projetos de Restauração Ecológica e de Arborização
NEGOCIAÇÃO|ABERTURA Adicionar equipamentos naturais (Muros Verdes, Hortas Comunitárias e Protótipos de Arquitetura Bioclimática) capazes de ativar o vazio, com base em usos sugeridos pelos moradores do entorno próximo. AÇÕES CRIATIVAS: Observatório da Paisagem
Sentar, brincar e contemplar a paisagem revelada Espaço para reuniões e festas públicas Mesas, cadeiras, bancos e quiosques para fruir o espaço Plataforma para o grafite, mesas de jogos, empinar pipa, jogar bola
MONTAGEM DE UM MURO VERDE NO MORRO DO PALÁCIO, 2017
CANOS DE ESGOTO SENDO CURVADOS COMO SUPORTES DA MANTA BIDIM PARA MUDAS O projeto do Muro Verde proposto pela arquiteta convidada Sofia Eder surgiu em sala de aula. A Sorveteria da Wilma, aluna do curso, foi escolhida como local do Canteiro Experimental no Beco da Paz. Este Beco da Paz representa um espaço de intermediação entre o Maquinho e o Morro do Palácio, sendo que ali ocorreram embates entre a polícia pacificadora e traficantes de droga, resultando na morte de uma pessoa na escada de acesso ao Maquinho|Palácio. Este ato de violência, ocorrido durante o curso ministrado em 2017.1, levou à sua denominação como Beco da Paz.
COLOCAÇÃO DA MANTA BIDIM NO MURO VERDE
COLOCAÇÃO DA MANTA BIDIM
COLOCAÇÃO DA MANTA BIDIM
COLOCAÇÃO DE MUDAS NA MANTA BIDIM DO MURO
MURO VERDE POR SOFIA EDER E GRAFISMO INDÍGENA POR CAROL
GRUPOS DE ALUNOS DA UFF NO MUTIRÃO
BECO DA PAZ COM JEFFERSON, FULNIÔ E ALUNOS
DESENHO URBANO NO MORRO DO PALÁCIO
SORVETERIA DA WILMA NO BECO DA PAZ
RITUAL E ARTESANATO FULNIÔ NO MAQUINHO
ÍNDIOS FULNIÔ NO MAQUINHO, 2017
RITUAL FULNIÔ NO MAQUINHO NO MUTIRÃO
CANTO E DANÇA FULNIÔ NO MAQUINHO
GRAFISMO INDÍGENA POR CAROL
Durante nossas tardes de segunda-feira no Maquinho neste primeiro semestre de 2017, desenvolvendo nossas atividades e introduzindo teorias e conceitos acerca da Permacultura, das técnicas do Bioconstrutivismo, ganhando inspiração nos conceitos da Escola de Bauhaus, no modelos dos Laboratórios de criação de produtos que criam designers baseados em temas que nos levam a um tempo ao mesmo tempo primitivo e ao mesmo tempo contemporâneo, isto é, tendo como fontes de inspiração as formas e técnicas das primeiras civilizações, elaborando produtos e estruturas concretas baseadas na sustentabilidade e que apresentam respostas imediatas para a nossa sobrevivência atual. Todos nós sentimos que o modelo pós-moderno do capitalismo industrial no século XXI , apresenta uma série de somatizações que esta gerando um quadro de intensa crise global, o que está afetando drasticamente todo o planeta Terra e à todos os indivíduos. Há vários modelos criados no pós-guerra para os países colonizados que estimulam a produção em série e a produção de manufaturas, um modelo extremamente baseado na exploração e no esgotamento dos recursos naturais. Em resposta a este modelo de produção e a este tempo muito presente nos países que sofreram uma forte colonização, estamos neste momento testemunhando formas e manejos baseados no Bioconstrutivismo com uma participação mais orgânica com forte inspiração em formas e estruturas oriundas dos povos originários latinoamericanos, dando novos sentidos, criando novos lugares, contextos e sobretudo respondendo ao modelo industrial - capitalista pós- moderno que escolhe pela expropriação, a exploração, a mais valia e a acumulação primitiva de capital.
REFLEXÃO CRÍTICA DE CAROL
Testemunhamos um forte cenário de crise global, em todos os sentidos, porém não estamos passivos a esse quadro que chegou a um status de esgotamento.
Dentro deste contexto, as práticas e as técnicas baseadas na Permacultura, na Bioconstrução, e na cultura dos Povos Originários ganha força e tem criado diversos espaços, ainda que no campo experimentalista e de forma empírica, através do movimento de hortas orgânicas e comunitárias, da construção de casas com materiais, como o Bambu, o pau-a-pique, o sopapo, além das tintas criadas a partir da Argila, da Terra vermelha, do barreado, o designer das casas são no formato arredondado, a ventilação é fluída e natural, explora a luz natural e sobretudo o habitante do lugar cria sua própria estrutura de moradia e sobrevivência de forma sustentável e dentro de uma dinâmica inclusiva do natural e do primitivo, tudo isso de maneira simples e econômica .
O que gostaríamos de chamar atenção, dentro deste contexto, e que para qual Tempo estamos caminhando ?
Para qual temporalidade os grupos sociais e indivíduos estamos caminhando? Tais questionamentos geram uma série de reflexão, uma delas diz, por que estamos indo buscar formas e estruturas naturais e orgânicas?
Estamos desta forma em uma contramão, praticando uma Contracultura ou simplesmente estamos sendo estimulados e induzidos à uma Evolução que aponta fortemente para uma preservação planetária que acena para um forte olhar dos indivíduos e grupos sociais para o uso mais sustentável dos recursos naturais, e que sobretudo, é de nossa responsabilidade criar formas e dinâmicas de preservação e revitalização .
Carolina Camargo de Jesus, História|UFF. Mestranda-PROFLLIND-Museu Nacional| UFRJ.
Coordenação indígena do curso de Arquitetura Bioclimática Indígena|UFF.
PINTURA DE GRAFISMO NA SORVETERIA DA WILMA
DETALHES DO GRAFISMO INDÍGENA
DESENHOS DE ALUNOS COM GRAFISMOS INDÍGENAS
GRAFISMOS INDÍGENAS NAS PORTAS DO ESTÚDIO DO MAQUINHO (EAU|UFF)
O curso “Arquitetura Indígena Bioclimática” tem como finalidade discutir teoricamente a estética visual e arquitetônica das culturas vivas nativas brasileiras.
Constrói-se, igualmente, junto aos alunos o conceito de Canteiro Experimental através de oficinas de Muros Verdes, Grafismos e Objetos Cotidianos Indígenas, realizadas no Maquinho em 2017.1 por convite do Diretor Breno Platais.
OFICINAS DE CABAÇAS POR CAROLINA DE JESUS
ENERGIA SOLAR POR DENISE FERREIRA TOTENS VERDES POR SOFIA EDER GRAFISMOS INDÍGENAS POR CAROLINA DE JESUS
OCA INDÍGENA|UFF : TRANSCULTURALIDADE UNIVERSITÁRIA
SABER ACADÊMICO TRANSCULTURAL
MARCAÇÃO DA ESTRUTURA DE MADEIRA NO TERRENO
EQUIPE DO CANTEIRO|UFF
Equipe de construtores Aweti, Kamayurá e Yawalapiti do Xingu, Ianaculá Rodarte, Pajé Tobi Itaúna e alunos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Ambiental|UFF na Semana Acadêmica de 2014.
ESTEIO CENTRAL DA OCA XINGUANA|UFF
CORTE E TRANSPORTE DO BAMBU
O Canteiro da Oca Xinguana foi realizado na Semana Acadêmica de 2014, com apoio CAPES-Cofecub n. 752|12 e Secretaria de Cultura de Niterói no Fórum “Arte Ação Transcultural” proposto por Duda Penteado no MACNiterói. Apresentação do Coral Guarani de Araponga na pintura de Mural Transcultural.
BENÇÃO DO BAMBU PELO PAJÉ TOBI ITAÚNA
ENCONTROS TRANSCULTURAIS NA EAU|UFF
Durante a construção da oca xinguana recebemos a visita de um grupo de professores do ENTPE-Vaulxen-Velin, Université de Lyon, França e de índios Pueblo de New Mexico, E.U.
CORTE DO BAMBU E AMARRAÇÃO NA ESTRUTURA DE MADEIRA
Arquitetura tradicional Kamayurá com trama de madeira e cipó embira.
AMARRAÇÃO DO BAMBU COM CIPÓ EMBIRA DO XINGU
TRANSPORTE DO SAPÊ DA COBERTURA E TRAMA DE MADEIRA E BAMBU DA OCA
Berta Ribeiro observa que a oca xinguana é como um cesto emborcado.
ESTRUTURA DE FECHAMENTO DA COBERTURA DA OCA
ESTRUTURA PRONTA E RITUAL DA FLAUTA XINGUANA COM FOGUEIRA
COLOCAÇÃO DO SAPÊ NA COBERTURA
AMARRANDO O SAPÊ NA ESTRUTURA
COBERTURA PRONTA VISTA INTERNA
OCA COM COBERTURA DE SAPÊ
Bibliografia Sugerida
BRAUN, J.R.R. Green Branding: Design Gráfico e a Gestão de Marcas de Ongs Ambientalistas. 2008. Dissertação (Mestrado em Design e Expressão Gráfica). Curso de Pós-Graduação em Design e
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CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa, Edições 70,1983.
EDWARDS, Brian. O Guia Básico para a Sustentabilidade. São Paulo, Gustavo Gili, 2013.
FONTES, Adriana Sansão. Intervenções temporárias, marcas permanentes: Apropriações, arte e festa na cidade contemporânea. Rio de Janeiro: FAPERJ|Casa da Palavra, 2013.
GUIMARAENS, Dinah (org.) Estética Transcultural na Universidade Latino-Americana: Novas Práticas Contemporâneas. Niterói, EdUFF, 2016.
LEPIK, Andres (curador). Think Global, Build Social. Frankfurt, DAM (Deutsch Architekturmuseum), 2013.
MANZINI, E. Design para a Inovação Social e Sustentabilidade: Comunidades Criativas, Organizações Colaborativas e Novas Redes Projetuais. Coordenação de tradução Carla Cipolla. Rio de Janeiro, E-papers, 2008.
MOSTAFAVI, Mohsen e DOHERTY, Gareth (orgs.) Urbanismo Ecológico. São Paulo, Gustavo Gili, 2014.
SCHWARZ, Michiel e KRABBENDAM, Diana. Sustainism Design Guide. Amsterdam, BISPublishers, 2013.
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ROAF, S.; FUENTES, M.; THOMAS, S. Ecohouse: A Casa Ambientalmente Sustentável. 2ª ed. Tradução Alexandre Ferreira da Silva Salvaterra. Porto Alegre, Bookman, 2006.
ROSA, Marcos L. Microplanejamento: Prát icas Urbanas Criat ivas. São Paulo, Edit ora de Cult ura, 2011.
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