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Estética Transcultural na Universidade Latino-Americana

Práticas artísticas como arquitetura, artes visuais, escultura, literatura, música, dança e performance são definidas pela relação entre a imagem e o ser enquanto estrutura social no espaço. O Painel Transcultural realizado por Duda Penteado, pelo corpo discente da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF e por indígenas representa uma imagética espacializada que enfatiza o diálogo entre as diversas manifestações artísticas. Seu pensamento visual adota premissas de imaginação interativa e conceito figural para reiterar a rejeição de qualquer dicotomia entre a concepção do projeto e a gravação da imagem figurativa. Um eixo imaginário estabelece uma linha de suporte que cria uma relação entre as partes da composição, apoiando a concepção de valores primários de ordem, estabilidade e dominação.

Oca Xinguana no campus da Praia Vermelha - Universidade Federal Fluminense

Dinah Guimaraens (org.)

A transição do mundo real, nas artes visuais, decorre do papel fundamental que é desempenhado pela atividade criadora do olho como órgão que estabelece um espaço comum para a arquitetura, a escultura e a pintura artística. O essencial entre as três artes pode ser resumido por aquilo que o teórico de arte e escultor alemão Hildebrand (apud Poulain, 2002) denomina de “impressões arquitetônicas” e que representa a confluência da verticalidade, da horizontalidade e da profundidade como lei geral que constitui o espaço de composição. O painel nos fala, então, sobre a crença em uma sociedade multicultural brasileira na qual representantes de diferentes etnias, estratos sociais e níveis educacionais logram interagir para construir um espaço dialógico e criativo no universo das artes plásticas, inspirados e contaminados pela forma circular-barroca contemporânea da arquitetura de Oscar Niemeyer.

cultural

na Universidade Latino-Americana Novas Práticas Contemporâneas

A exposição “Alegria de Viver, Alegria de Criar”, por ele concebida, representa uma possibilidade de renovação artístico-cultural, na medida em que constituía, nas palavras do próprio Pedrosa, uma apresentação de valor histórico da primeira nação que aqui ocupou estas terras e montou suas aldeias e artefatos, simbolizando as primeiras manifestações de arte autêntica saídas de nosso território. Ocorre uma analogia entre a construção no Campus da Praia Vermelha da UFF, em novembro/dezembro de 2014, ao lado do posterior desmonte em abril de 2015 de uma oca xinguana, a qual foi erigida tendo como inspiração a proposta original de Mário Pedrosa, e o trágico incêndio do MAM-Rio. Como protótipo de um Canteiro Experimental do curso “Arquitetura Indígena Bioclimática” ministrado na Escola de Arquitetura e Urbanismo, tal evento revela vicissitudes comuns com aquele sinistro ocorrido no referido museu quanto ao descaso das instituições educativo-culturais brasileiras relativas ao patrimônio histórico e cultural material e imaterial nacional.

Novas Práticas Contemporâneas

Com ênfase nos eixos, a ideia geométrica do painel se afirma pela redução da solução tradicional da rede reticulada em um sistema de bricolagem que determina sua organização espacial fragmentada e seu layout que comporta imagens de elementos urbanos. O conceito projetual aqui expresso simboliza uma visualidade na qual a notação gráfica é definida como forma discursiva de um estilo poético.

Estética Trans

Indignação e lamentos à parte, o sinistro que destruiu o acervo do MAM-Rio, em julho de 1978, trouxe à tona uma premência de se repensar a função estética e histórica da instituição museológica. Após este incêndio, o crítico de arte Mário Pedrosa propôs retomar as origens das artes plásticas nacionais, através da construção de uma oca Yawalapiti para ocupar o espaço expositivo de pé-direito duplo daquele museu.

O projeto CAPES-Cofecub n. 752/12 que interliga academicamente o PPGAU-UFF, o NEPAA-UNIRIO e a Universidade Paris 8 - Saint Denis em torno do conceito de transculturalidade estética proposto pelo filósofo Jacques Poulain pretende discutir formas dialógicas de comunicação informal entre culturas autócnes e o conhecimento formal.

Organização: Dinah Guimaraens

Ao permitir a experiência vivencial e o conhecimento científico sobre formas de construir e habitar típicas dos índios brasileiros propostas pelo Laboratório Transcultural da Paisagem e do Lugar (TRANSPALU), indígenas xinguanos e do Movimento Aldeia Maracanã, habitantes do Grande Rio, realizam um processo de feedback crítico sobre a cultura criativa da sociedade complexa, buscando uma resposta à questão: “De que forma o patrimônio imaterial indígena se encontra vivo nos grandes centros urbanos do Brasil?”


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