O AMPARO - edição nº 15

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O AMPARO INFORMATIVO BIMESTRAL DA DIOCESE DE AMPARO

ANO 4 | # 15 | MARÇO - ABRIL 2018 | www.diocesedeamparo.org.br

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ROMARIA DIOCESANA COMEMORA 20 ANOS DE INSTALAÇÃO DA DIOCESE Milhares de fiéis das 32 paróquias da Diocese de Amparo seguiram rumo à casa da Mãe Aparecida na madrugada de sábado, 03 de março, para louvar e bendizer a Deus pelo 20º aniversário de instalação da Diocese a ser completado no próximo dia 25 de março, Domingo de Ramos. página 09

“NÃO TEMAS, MARIA, POIS ACHASTE GRAÇA DIANTE DE DEUS” Mensagem do Papa para a 33ª Jornada Mundial da Juventude. página 03

PALAVRA DE DOM LUIZ: COM A PÁSCOA, RESSIGNIFICAR (-SE) página 02

Papa institui a memória de Maria “Mãe da Igreja” no calendário litúrgico.

página 05

Comissão da CNBB divulga carta aberta após missão em Roraima.

página 08

JORNADA DIOCESANA DA JUVENTUDE ACONTECE EM 08 DE ABRIL página 16

página 05

Santuário Diocesano passou por restauração e reforma. Artigo: Conversão religiosa que não mexe no bolso é avareza perniciosa.

DIOCESE CELEBRA ORDENAÇÃO DIACONAL DE EVERTON HENRIQUE NUCCHI

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Papa Paulo VI será santo até o final de 2018. página 04

ESCOLA TEOLÓGICA PARA LEIGOS INICIA NOVA TURMA

“TENDO FALADO ASSIM, DISSE-LHE: ‘SEGUE-ME’”

DIOCESE ACOLHE ESCOLA DE MISSIOLOGIA

Segunda turma da Escola Teológica para leigos tem início em Itapira.

Seminarista Gustavo partilha Experiência Missionária na Amazônia.

Escola de Formação Missionária teve início em fevereiro.

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Padre Anderson Frezzato Coordenador Diocesano de Pastoral VOLTAI O CORAÇÃO PARA DEUS! Prezados irmãos e irmãs!

COM A PÁSCOA, RESSIGNIFICAR (-SE) Ano novo, com situações delicadas ou desafios a serem assumidos do ano passado, sem contar os novos que vão aparecendo... É o que facilmente constatamos, quando saímos de um ano e entramos noutro, com o sentimento de que houve apenas uma mudança de calendários. Porém, seria muito frustrante amargarmos ideias ou experiências negativas que, com toda certeza, só podem fazer muito mal ao nosso caminhar cotidiano, ainda que, observando com atenção, não conseguíssemos enxergar motivos para nos impulsionar a seguir com otimismo e esperança. Entretanto, quando pensamos, com a perspectiva da fé, que Deus não nos criou à Sua imagem e semelhança e não nos colocou neste mundo, tão pequeno quando consideramos o lugar que ocupamos diante da imensidão do universo, com a intenção de ter prazer com o sofrimento humano, reconhecemos que é somente pela ótica da fé, projetando-nos num avanço sem confusão com um mundo de fantasias e ilusões, que nos sentimos comprometidos e dispostos a construir “um novo céu e uma nova terra”. Faço tais afirmações porque, embora já tenhamos iniciado o ano há dois meses, temos muito tempo pela frente, quando pensamos no que falta para o concluirmos. Por isso, é muito importante permitirmos que a graça de Deus fecunde a nossa vida, todo o nosso ser, para fazermos a diferença que a disponibilidade a esta graça nos possibilita. Para tanto, é de grande valor incentivarmo-nos mutuamente, apoiando-nos uns aos outros, fraternalmente, para ocuparmos mais conscientemente o nosso lugar na edificação de um mundo mais humano, como tanto aspiramos. Este meio de comunicação diocesano do qual dispomos – O AMPARO – que, como impresso, pode chegar às mãos de muitos irmãos e irmãs, é precioso instrumento de incentivo à nossa missão, como elo que nos permite continuar firmes o caminho de permanente construção do Reino de Deus neste espaço abençoado em que habitamos, chamado, em nossa linguagem de Igreja, Diocese de Amparo, território de pouco mais de 2000 km2 que congrega 32 paróquias, organizadas em 5 foranias distribuídas em 11 cidades. Por ocasião deste Ano Nacional do Laicato, durante o qual toda a nossa Igreja no Brasil realça a maravilhosa e sempre tão necessária presença ativa do leigo e da leiga para atuar como “sal da terra e luz do mundo”, não apenas internamente, mas também, de modo especial, na sociedade, e finalizando nosso caminho de comemoração e celebrações dos 20 anos desta amada diocese, completados neste 25 de março, data de sua instalação e posse do 1º bispo, desejo, também com a colaboração que o meu ministério deve oferecer, que a nossa comunhão, principalmente pela consagração do mesmo batismo que recebemos, nos potencialize, ou seja, nos motive e nos aperfeiçoe com mais qualidade, para fazer, ao longo do ano, o caminho que o Bom Deus espera de nós e para o qual nos capacita com a Sua Graça. Aproveitemos a riqueza que o tempo da Quaresma nos oferece e, conscientes do quão extraordinária e singular é a Páscoa, permitamo-nos exercitar com mais empenho a nossa morte constante com Jesus, para realizarmo-nos com renovada alegria, numa nova pessoa que a Sua ressurreição nos oportuniza e desafia. Dom Luiz Gonzaga Fechio Bispo Diocesano

Este é o convite que nos faz a Igreja neste tempo quaresmal! O profeta Joel, no Antigo Testamento, já ressaltava a necessidade de voltar o coração para Deus, com jejuns, lágrimas e sacrifícios (cf. Jl 2,12). Com o coração contrito pelas faltas que cometemos diante de Deus e perante os irmãos, este tempo quaresmal é propício para buscar maior sintonia com o Amor de Deus, convertendo-nos para o Senhor. Sendo assim, como conversão significa mudança, reforço o convite: mudai o rumo, voltai para o Senhor! Certamente você poderá usar de todos os meios espirituais para ajudá-lo a viver com maior intensidade o tempo quaresmal que nos prepara para as celebrações da Semana Santa. Um dos meios ou instrumentos é certamente o Sacramento da Confissão. As Foranias de nossa Diocese, com seus respectivos sacerdotes, organizaram-se nos chamados Mutirões de Confissões. Trata-se de um espaço privilegiado de encontro pessoal de cada pecador com o Pai Misericordioso. Procure informações na paróquia onde você participa sobre as datas dos Mutirões de confissões. Ainda mais, a alegria invadiu e ficou no coração daqueles que celebraram no Santuário Catedral de Nossa Senhora Aparecida, no dia 03 de março, em Santa Missa televisionada, às 9h00, junto com Dom Luiz Gonzaga e todo o Clero, a 4ª Romaria Diocesana ao Santuário Nacional. Tal momento foi de ação de graças e marcado justamente para encerrar as festividades dos 20 anos de criação e instalação da nossa querida Diocese de Amparo. Você que se sentiu convidado e esteve conosco, certamente rezou pela nossa Diocese, pelo nosso Bispo, pelo nosso Presbitério, pelas nossas famílias e pela elaboração do nosso 2º Plano Diocesano de Pastoral. Neste Ano Nacional do Laicato, juntamente com nosso Bispo, padres e Conselho Diocesano de Pastoral, propomos algumas atividades que levarão a maior consciência do protagonismo leigo na vida eclesial. Em breve, todos conhecerão as propostas para o Ano do Laicato e não faltarão ocasiões para a sua participação, quer em formações, convivência, momentos de espiritualidade ou celebrações. Desejo firmemente que você tenha uma Quaresma de intensa vida espiritual e uma Santa e Feliz Páscoa. Até breve!

COMPROMISSOS PARA O ANO LAICATO A Diocese de Amparo, acolhendo todo o movimento na Igreja no Brasil que propõe esse ano como Ano do Laicato, promove também iniciativas de formação e acompanhamento da vida laical. Algumas iniciativas foram pensadas pelo Conselho Diocesano de Pastoral. Veja algumas delas: 1. Reavivar a Exortação Apostólica Christifideles Laici, de São João Paulo II, sobre a vocação e missão dos leigos no mundo (1988). Estudo nas Foranias. Divulgação no site da Diocese e das Paróquias. 2. Documento 105 – artigos para o

jornal e site da Diocese. 3. Organizar o Conselho Diocesano de Leigos. Equipe na Diocese e nas Foranias. Um representante por Paróquia. Dar prioridade aos membros do C.P.P. Que esse representante leve para o Conselho a realidade de sua Paróquia e leve para a Paróquia as orientações do Conselho. 4. Semana Missionária. Organizar com os alunos da Escola Missionária Diocesana, iniciativa da Sub Região Pastoral, que começou na Diocese, a partir de fevereiro de 2018. 5. Vigília Missionária para o encerramento do Ano do Laicato.

FALE CONOSCO Para esclarecer dúvidas, sugestões ou reclamações, nos envie um e-mail no endereço eletrônico: jornaloamparo@diocesedeamparo.org.br Sua opinião é importante para nós!

Expediente

JORNALISTA RESPONSÁVEL SIRLENE RIBEIRO - MTB 66.955/SP

O AMPARO INFORMATIVO OFICIAL DA DIOCESE DE AMPARO ANO 4 | #15

DIAGRAMAÇÃO - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO REVISÃO - MARGARIDA HULSHOF CRÉDITO DAS MATÉRIAS: EQUIPES PASCOM PAROQUIAIS

BISPO DIOCESANO DOM LUIZ GONZAGA FECHIO

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MENSAGEM PARA A 33ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE

“NÃO TEMAS, MARIA, POIS ACHASTE GRAÇA DIANTE DE DEUS” Queridos jovens! A Jornada Mundial da Juventude de 2018 constitui um passo mais na preparação da jornada internacional, que se realizará no Panamá em janeiro de 2019. Esta nova etapa da nossa peregrinação tem lugar no ano em que está convocada a Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. É uma feliz coincidência. A atenção, a oração e a reflexão da Igreja concentrar-se-ão sobre vós, jovens, no desejo de perceber e, sobretudo, “acolher” o dom precioso que vós sois para Deus, para a Igreja e para o mundo. Como já sabeis, para nos acompanhar ao longo deste itinerário, escolhemos o exemplo e a intercessão de Maria, a jovem de Nazaré, que Deus escolheu como Mãe do seu Filho. Ela caminha conosco rumo ao Sínodo e à JMJ do Panamá. No ano passado, guiaram-nos as palavras do seu cântico de louvor – “O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas” (Lc 1, 49) –, ensinando-nos a conservar na memória o passado; este ano, procuramos escutar, juntamente com Ela, a voz de Deus que infunde coragem e dá a graça necessária para responder à sua chamada: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus” (Lc 1, 30). São as palavras que o mensageiro de Deus, o arcanjo Gabriel, dirigiu a Maria, jovem simples duma pequena povoação da Galileia. 1. Não temas! Compreensivelmente, a inesperada aparição do anjo e a sua saudação misteriosa (“Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo”: Lc 1, 28) provocaram uma forte turbação em Maria, surpreendida por esta primeira revelação da sua identidade e da sua vocação, que Lhe eram ainda desconhecidas. Maria, como outras personagens da Sagrada Escritura, treme perante o mistério da chamada de Deus, que, dum momento para o outro, a confronta com a imensidão do desígnio divino e Lhe faz sentir toda a sua pequenez de humilde criatura. O anjo, lendo no fundo do coração d’Ela, diz-Lhe: “Não temas”! Deus lê também no nosso íntimo. Conhece bem os desafios que devemos enfrentar na vida, sobretudo quando nos deparamos com as opções fundamentais de que depende o que seremos e faremos neste mundo. É a “perplexidade” que sentimos face às decisões sobre o

nosso futuro, o nosso estado de vida, a nossa vocação. Em tais momentos, ficamos turbados e somos assaltados por tantos medos. E vós, jovens, quais são os medos que tendes? Que é que vos preocupa mais profundamente? Um medo “de fundo”, que existe em muitos de vós, é o de não ser amados, bem-queridos, de não ser aceites por aquilo que sois. Hoje, há muitos jovens que, na tentativa de se adequar a padrões frequentemente artificiais e inatingíveis, têm a sensação de dever ser diferentes daquilo que são na realidade. Fazem contínuos “foto-retoques” das imagens próprias, escondendo-se por trás de máscaras e identidades falsas, até chegarem quase a tornar-se eles mesmos um “fake”, um falso. Muitos têm a obsessão de receber o maior número possível de apreciações “gosto”. E daqui, desta sensação de desajustamento, surgem muitos medos e incertezas. Outros temem não conseguir encontrar uma segurança afetiva e ficar sozinhos. Em muitos, à vista da precariedade do trabalho, entra o medo de não conseguirem encontrar uma conveniente afirmação profissional, de não verem realizados os seus sonhos. Trata-se de medos atualmente muito presentes em inúmeros jovens, tanto crentes como não-crentes. E mesmo aqueles que acolheram o dom da fé e procuram seriamente a sua vocação, por certo não estão isentos de medos. Alguns pensam: talvez Deus me peça ou virá a pedir demais; talvez, ao percorrer a estrada que Ele me aponta, não seja verdadeiramente feliz, ou não esteja à altura do que me pede. Outros interrogam-se: Se seguir o caminho que Deus me indica, quem me garante que conseguirei percorrê-lo até ao fim? Desanimarei? Perderei o entusiasmo? Serei capaz de perseverar a vida inteira? Nos momentos em que se aglomeram no nosso coração dúvidas e medos, torna-se necessário o discernimento. Este permite-nos pôr ordem na confusão dos nossos pensamentos e sentimentos, para agir de maneira justa e prudente. Neste processo, o primeiro passo para superar os medos é identificá-los claramente, para não acabar desperdiçando tempo e energias a braços com fantasmas sem rosto nem consistência. Por isso, convido-vos, todos, a olhar dentro de vós próprios e a “dar um nome” aos vossos

medos. Perguntai-vos: Hoje, na situação concreta que estou a viver, o que é que me angustia, o que é que mais temo? O que é que me bloqueia e impede de avançar? Porque é que não tenho a coragem de abraçar as decisões importantes que deveria tomar? Não tenhais medo de olhar, honestamente, para os vossos medos, reconhecê-los pelo que são e enfrentá-los. A Bíblia não nega o sentimento humano do medo, nem os inúmeros motivos que o podem provocar. Abraão teve medo (cf. Gn 12, 10-11), Jacob teve medo (cf. Gn 31, 31; 32, 8), e de igual modo também Moisés (cf. Ex 2, 14; 17, 4), Pedro (cf. Mt 26, 69-75) e os Apóstolos (cf. Mc 4, 3840; Mt 26, 56). O próprio Jesus, embora a um nível incomparável, sentiu medo e angústia (cf. Mt 26, 37; Lc 22, 44). “Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4, 40). Esta advertência de Jesus aos discípulos faz-nos compreender como muitas vezes o obstáculo à fé não é a incredulidade, mas o medo. Neste sentido, o trabalho de discernimento, depois de ter identificado os nossos medos, deve ajudar-nos a superá-los, abrindo-nos à vida e enfrentando serenamente os desafios que ela nos apresenta. De modo particular para nós, cristãos, o medo nunca deve ter a última palavra, mas ser ocasião para realizar um ato de fé em Deus… e também na vida. Isto significa acreditar na bondade fundamental da existência que Deus nos deu, confiar que Ele conduz a um fim bom mesmo através de circunstâncias e vicissitudes muitas vezes misteriosas para nós. Se, em vez disso, alimentarmos os medos, tenderemos a fechar-nos em nós próprios, a barricar-nos para nos defendermos de tudo e de todos, ficando como que paralisados. É preciso reagir! Nunca fechar-se! Na Sagrada Escritura, encontramos 365 vezes a expressão “não temer”, nas suas múltiplas variações, como se dissesse que o Senhor nos quer livres do medo todos os dias do ano. O discernimento torna-se indispensável quando se trata da busca da própria vocação. Pois esta, na maioria das vezes, não aparece logo clara ou completamente evidente, mas vai-se identificando pouco a pouco. O discernimento, que se deve fazer neste caso, não há de ser entendido como um esforço individual de introspecção, cujo objetivo seria conhecer melhor os nossos me-

canismos interiores para nos fortalecermos e alcançarmos um certo equilíbrio; porque, então, a pessoa pode tornar-se mais forte, mas permanece em todo o caso fechada no horizonte limitado das suas possibilidades e pontos de vista. Ao contrário, a vocação é uma chamada do Alto e, neste caso, o discernimento consiste sobretudo em abrir-se ao Outro que chama. Portanto, é necessário o silêncio da oração para escutar a voz de Deus que ressoa na consciência. Ele bate à porta dos nossos corações, como fez com Maria, desejoso de estreitar amizade conosco através da oração, falar-nos através da Sagrada Escritura, oferecer-nos a sua misericórdia no sacramento da Reconciliação, tornar-Se um só conosco na Comunhão Eucarística. Mas é importante também o confronto e o diálogo com os outros, nossos irmãos e irmãs na fé, que têm mais experiência e nos ajudam a ver melhor e a escolher entre as várias opções. O jovem Samuel, quando ouve a voz do Senhor, não a reconhece imediatamente e três vezes foi ter com Eli, o sacerdote idoso, que acaba por lhe sugerir a resposta certa a dar à chamada do Senhor: “Se fores chamado outra vez, responde: “Fala, Senhor; o teu servo escuta”” (1 Sm 3, 9). Nas vossas dúvidas, sabei que podeis contar com a Igreja. Sei que há bons sacerdotes, consagrados e consagrados, fiéis-leigos – muitos deles também jovens –, que vos podem acompanhar como irmãos e irmãs mais velhos na fé; animados pelo Espírito Santo, serão capazes de vos ajudar a decifrar as vossas dúvidas e a ler o desígnio da vossa vocação pessoal. O “outro” é não apenas o guia espiritual, mas também quem nos ajuda a abrir-nos a todas as riquezas infinitas da existência que Deus nos deu. É necessário abrir espaços nas nossas cidades e comunidades para crescer, sonhar, perscrutar novos horizontes! Nunca percais o prazer de gozar do encontro, da amizade, o prazer de sonhar juntos, de caminhar com os outros. Os cristãos autênticos não têm medo de se abrir aos outros, de compartilhar os seus espaços vitais transformando-os em espaços de fraternidade. Não deixeis, queridos jovens, que os fulgores da juventude se apaguem na escuridão duma sala fechada, onde a única janela para olhar o mundo seja a do computador e do smartphone. Abri de par em


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Palavra do Papa par as portas da vossa vida! Os vossos espaços e tempos sejam habitados por pessoas concretas, relações profundas, que vos deem a possibilidade de compartilhar experiências autênticas e reais no vosso dia a dia. 2. Maria! “Eu te chamei pelo teu nome” (Is 43, 1). O primeiro motivo para não temer é precisamente o fato de Deus nos chamar pelo nome. O anjo, mensageiro de Deus, chamou Maria pelo nome. Dar nomes é próprio de Deus. Na obra da criação, Ele chama à existência cada criatura com o seu nome. Por trás do nome, há uma identidade, aquilo que é único em cada coisa, em cada pessoa, aquela essência íntima que só Deus conhece profundamente. Depois, esta prerrogativa divina foi partilhada com o homem, a quem Deus concedeu dar um nome aos animais, às aves e até aos próprios filhos (cf. Gn 2, 19-21; 4, 1). Muitas culturas compartilham esta profunda visão bíblica, reconhecendo no nome a revelação do mistério mais profundo duma vida, o significado duma existência. Quando chama pelo nome uma pessoa, Deus revela-lhe ao mesmo tempo a sua vocação, o seu projeto de santidade e de bem pelo qual essa pessoa será um dom para os outros e se tornará única. E mesmo quando o Senhor quer ampliar os horizontes duma vida, decide dar à pessoa chamada um novo nome, como faz com Simão, chamando-o “Pedro”. Daqui veio o uso de adotar um nome novo quando se entra numa Ordem Religiosa, para indicar uma nova identidade e uma nova missão. A chamada divina, enquanto pessoal e única, exige a coragem de nos desvincularmos da pressão homogeneizadora dos lugares-comuns, para que a nossa vida seja verdadeiramente um dom original e irrepetível para Deus, para a Igreja e para os outros. Assim, queridos jovens, ser chamados pelo nome é um sinal da nossa

grande dignidade aos olhos de Deus, da sua predileção por nós. E Deus chama cada um de vós pelo nome. Vós sois o “tu” de Deus, preciosos a seus olhos, dignos de estima e amados (cf. Is 43, 4). Acolhei com alegria este diálogo que Deus vos propõe, este apelo que vos dirige, chamando-vos pelo nome. 3. Achaste graça diante de Deus O motivo principal pelo qual Maria não deve temer é porque achou graça diante de Deus. A palavra “graça” fala-nos de amor gratuito, não devido. Quanto nos encoraja saber que não temos de merecer a proximidade e a ajuda de Deus, apresentando antecipadamente um “currículo excelente”, cheio de méritos e sucessos! O anjo diz a Maria que já achou graça diante de Deus; não, que a obterá no futuro. A própria formulação das palavras do anjo faz-nos compreender que a graça divina é ininterrupta, não algo fugaz ou momentâneo, e por isso nunca falhará. E no futuro também haverá sempre a graça de Deus a sustentar-nos, sobretudo nos momentos de prova e escuridão. A presença contínua da graça divina encoraja-nos a abraçar, com confiança, a nossa vocação, que exige um compromisso de fidelidade que se deve renovar todos os dias. Com efeito, a senda da vocação não está desprovida de cruzes: não só as dúvidas iniciais, mas também as tentações frequentes que se encontram ao longo do caminho. O sentimento de inadequação acompanha o discípulo de Cristo até ao fim, mas ele sabe que é assistido pela graça de Deus. As palavras do anjo descem sobre os medos humanos, dissolvendo-os com a força da boa nova de que são portadoras: a nossa vida não é pura casualidade nem mera luta pela sobrevivência, mas cada um de nós é uma história amada por Deus. O “ter achado graça” aos olhos d’Ele significa que o Criador entrevê uma beleza única no

nosso ser e tem um desígnio magnífico para a nossa existência. Esta consciência, certamente, não resolve todos os problemas nem tira as incertezas da vida, mas tem a força de a transformar em profundidade. O desconhecido, que o amanhã nos reserva, não é uma obscura ameaça a que devemos sobreviver, mas um tempo favorável que nos é dado para viver a unicidade da nossa vocação pessoal e partilhá-la com os nossos irmãos e irmãs na Igreja e no mundo. 4. Coragem no presente Da certeza de que a graça de Deus está conosco, provém a força para ter coragem no presente: coragem para levar por diante aquilo que Deus nos pede aqui e agora, em cada âmbito da nossa vida; coragem para abraçar a vocação que Deus nos mostra; coragem para viver a nossa fé sem a esconder nem atenuar. Sim, quando nos abrimos à graça de Deus, o impossível torna-se realidade. “Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?” (Rm 8, 31). A graça de Deus toca o hoje da vossa vida, “agarra-vos” assim como sois, com todos os vossos medos e limites, mas revela também os planos maravilhosos do Senhor! Vós, jovens, precisais de sentir que alguém tem verdadeiramente confiança em vós: sabei que o Papa confia em vós, que a Igreja confia em vós! E vós, confiai na Igreja! À jovem Maria foi confiada uma tarefa importante, precisamente porque era jovem. Vós, jovens, tendes força, atravessais uma fase da vida em que certamente não faltam as energias. Usai essa força e essas energias para melhorar o mundo, começando pelas realidades mais próximas de vós. Desejo que, na Igreja, vos sejam confiadas responsabilidades importantes, que se tenha a coragem de vos deixar espaço; e vós, preparai-vos para assumir estas responsabilidades. Convido-vos ainda a contemplar o

amor de Maria: um amor solícito, dinâmico, concreto. Um amor cheio de audácia e todo projetado para o dom de Si mesma. Uma Igreja impregnada por estas qualidades marianas será sempre uma Igreja em saída, que ultrapassa os seus limites e confins para fazer transbordar a graça recebida. Se nos deixarmos contagiar pelo exemplo de Maria, viveremos concretamente aquela caridade que nos impele a amar a Deus acima de tudo e de nós mesmos, a amar as pessoas com quem partilhamos a vida diária. E amaremos inclusive quem nos poderia parecer, por si mesmo, pouco amável. É um amor que se torna serviço e dedicação, sobretudo pelos mais fracos e os mais pobres, que transforma os nossos rostos e nos enche de alegria. Gostaria de concluir com as encantadoras palavras pronunciadas por São Bernardo numa famosa homilia sobre o mistério da Anunciação, palavras que manifestam a expectativa de toda a humanidade pela resposta de Maria: “Ouviste, ó Virgem, que conceberás e darás à luz um filho; ouviste que isso não será por obra de varão, mas por obra do Espírito Santo. O anjo aguarda a resposta; também nós, Senhora, esperamos a tua palavra de misericórdia. A tua breve resposta pode renovar-nos e restituir-nos à vida. Todo o mundo, prostrado a teus pés, espera a tua resposta. Dá depressa, ó Virgem, a tua resposta” (Hom. 4, 8-9: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4 (1966), 53-54). Queridos jovens, o Senhor, a Igreja, o mundo esperam também a vossa resposta à vocação única que cada um tem nesta vida! À medida que se aproxima a JMJ do Panamá, convido-vos a preparar-vos para este nosso encontro com a alegria e o entusiasmo de quem deseja fazer parte duma grande aventura. A JMJ é para os corajosos! Não para jovens que procuram apenas a comodidade, recuando à vista das dificuldades. Aceitais o desafio? Franciscus

Notícias do Brasil e do Mundo PAPA PAULO VI SERÁ SANTO ATÉ O FINAL DE 2018 Paulo VI, o ‘grande Papa’ e ‘incansável apóstolo’ será canonizado até o final de 2018. A afirmação foi feita pelo Papa Francisco durante uma reunião com os párocos de Roma, no último dia 15 de fevereiro, na Basílica de São João de Latrão. A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou sábado, 17 de fevereiro, o discurso feito pelo Pontífice naquele encontro, realizado a portas fechadas com o clero de Roma. Em meio a muitas outras respostas, o Papa disse ainda que Paulo VI foi corajoso em seu ‘hu-

milde e profético testemunho de amor a Cristo e à sua Igreja’. “Dois recentes bispos de Roma já são Santos (João XXIII e João Paulo II). Paulo VI será santo este ano. E um tem causa de beatificação aberta, João Paulo I”, acrescentou, brincando: “Bento e eu estamos na lista de espera: rezem por mim!” Na homilia de beatificação de Paulo VI, em 19 de outubro de 2014, Francisco disse que “Enquanto se perfilava uma sociedade secularizada e hostil, ele soube reger com clarividente sabe-

doria – e às vezes em solidão – o timão da barca de Pedro, sem nunca perder a alegria e a confiança no Senhor”. “Verdadeiramente Paulo VI soube “dar a Deus o que é de Deus”, dedicando toda a sua vida a este “dever sacro, solene e gravíssimo: continuar no tempo e dilatar sobre a terra a missão de Cristo” (Homilia no Rito da sua Coroação, Insegnamenti, I, (1963), 26), amando a Igreja e guiando-a para ser “ao mesmo tempo mãe amorosa de todos os homens e medianeira de salvação” (Carta enc. Ecclesiam suam, prólogo).


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Notícias do Brasil e do Mundo PAPA INSTITUI A MEMÓRIA DE MARIA “MÃE DA IGREJA” NO CALENDÁRIO LITÚRGICO Com um Decreto publicado no sábado, 03 de março, pela Congregação do Culto Divino e da Disciplina dos Sacramentos, o Papa Francisco determinou a inscrição da Memória da “Bem-aventurada Virgem, Mãe da Igreja” no Calendário Romano Geral. Esta memória será celebrada todos os anos na Segunda-feira depois de Pentecostes. O motivo da celebração está brevemente descrito no Decreto “Ecclesia Mater”: favorecer o crescimento do sentido materno da Igreja nos Pastores, nos religiosos e nos fiéis, como, também, da genuína piedade mariana. “Esta celebração ajudará a lembrar que a vida cristã, para crescer, deve ser

ancorada no mistério da Cruz, na oblação de Cristo no convite eucarístico e na Virgem oferente, Mãe do Redentor e dos redimidos”, lê-se ainda no Decreto, assinado pelo Prefeito do Dicastério, o Card. Robert Sarah. Traduções Em anexo ao decreto, foram apresentados, em latim, os respectivos textos litúrgicos, para a Missa, o Ofício Divino e para o Martirológio Romano. As Conferências Episcopais providenciarão a tradução e aprovação dos textos, que depois de confirmados, serão publicados nos livros litúrgicos da sua jurisdição. De acordo com o Decreto, onde a

celebração da bem-aventurada Virgem Maria, por norma do direito particular aprovado, já se celebra num dia diferente com grau litúrgico mais elevado, pode continuar a ser celebrada desse modo. A importância do mistério “Considerando a importância do mistério da maternidade espiritual de Maria, que na espera do Espírito no Pentecostes (cf. Act 1, 14), nunca mais parou de ocupar-se e de curar maternalmente da Igreja peregrina no tempo, o Papa Francisco estabeleceu que na Segunda-feira depois do Pentecostes, a Memória de Maria Mãe da Igreja seja obrigatória para toda a Igreja de

Rito Romano”, comentou o Card. Sarah. “O desejo é que esta celebração, agora para toda a Igreja, recorde a todos os discípulos de Cristo que, se queremos crescer e enchermo-nos do amor de Deus, é preciso enraizar a nossa vida sobre três realidades: na Cruz, na Hóstia e na Virgem – Crux, Hostia et Virgo. Estes são os três mistérios que Deus deu ao mundo para estruturar, fecundar, santificar a nossa vida interior e para nos conduzir a Jesus Cristo. São três mistérios a contemplar no silêncio.” Leia a íntegra do decreto no site diocesano.

COMISSÃO DA CNBB DIVULGA CARTA ABERTA APÓS MISSÃO EM RORAIMA

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizou entre os dias 01 a 04 de março de 2018, nas cidades de Boa Vista e Pacaraima (RR), a missão “Fronteiras Brasil/ Venezuela”. Por causa da crise política, econômica e social na Venezuela e pela proximidade das fronteiras, os imigrantes e refugiados entram no Brasil pelo município de Pacaraima, em Roraima. De lá, a maioria segue para Boa Vista, a menor capital em número populacional do Brasil. Leia a carta na íntegra: CARTA À SOCIEDADE BRASILEIRA “Eu vi a opressão de meu povo, ouvi o grito de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos” (Ex 3,7-8). Nós, integrantes da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizamos entre os dias 01 a 04 de março de 2018, nas cidades de Boa Vista e Pacaraima (RR), a missão “Fronteiras Brasil/Venezuela”. A mesma teve como objetivo conhecer in loco a situação que envolve a imigração atual na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, em especial para verificar a ocorrência do tráfico humano e ser presença solidária e profética. Foram realizadas visitas na fronteira

Brasil/Venezuela, nos abrigos dos indígenas Warao em Pacaraima e Pintolândia, e Tancredo Neves em Boa Vista, abrigo para os venezuelanos; audiências com a Policia Federal e com a Governadora do Estado; reuniões com os bispos de Roraima, dom Mário Antônio Silva e o bispo de Santa Elena de Uiarén-Venezuela, dom Felipe González González e com o Pároco da Igreja Sagrado Coração de Jesus em Pacaraima, padre Jesús López Fernández; com as Pastorais Sociais, o Comitê Estadual de Enfrentamento a Exploração Sexual e Tráfico de Pessoas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e outras organizações da Sociedade Civil. Infelizmente não conseguimos diálogo com a prefeita do município de Boa Vista. Participamos, ainda, de entrevistas em programas de rádio e televisão. Na oportunidade, celebramos com as comunidades da Paróquia Nossa Senhora da Consolata e da Catedral de Cristo Redentor. Essas atividades nos colocaram em contato com uma realidade cruel e desumana que grita por respostas rápidas, eficazes e articuladas das igrejas, do estado e da sociedade em geral. Nossos olhos viram: longas filas de imigrantes e refugiados em busca de documentação, transporte, alimentação e trabalho; crianças famintas, desnutridas, doentes, sem escola; juventude

desocupada e sem perspectiva de futuro, exposta à drogadição e todo tipo de vulnerabilidades; mulheres vítimas da violência, da exploração sexual e do trabalho laboral; pessoas inescrupulosas explorando a miséria dos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados no trabalho e alterando os preços dos alimentos e outras mercadorias. Impressionou-nos sobremaneira a visita ao abrigo Tancredo Neves, o “Tancredão”, pelo estado de total abandono e degradação da dignidade humana. Nossos ouvidos ouviram: lamentos de dor e denúncias de situações graves de violação dos direitos e falta de políticas públicas elementares como alimentação, saúde, higiene, segurança, educação; denúncias de violência policial, violência contra a mulher, exploração sexual e do trabalho, tráfico de drogas e de pessoas e de completa omissão do poder público. Nosso coração sentiu: profunda indignação diante dessa desumana e injusta realidade ao constatar a ausência e descompromisso dos poderes constituídos em dar respostas; de averiguar que a preocupação com a beleza das praças tem mais importância que o cuidado à pessoa humana; de escutar expressões discriminatórias em relação aos migrantes e refugiados e de entender o quanto nos falta para viver o Projeto de Deus que nos faz todos irmãos e irmãs. Em meio a esta gritante realidade também vimos e ouvimos com alegria e esperança muitas ações fraternas e solidárias de pessoas, famílias, grupos, igrejas e instituições da sociedade civil; apoio de instituições internacionais e uma grande abertura e dedicação da Igreja local assumindo de forma prioritária o serviço aos imigrantes e refugiados. Esse cenário tão desolador nos interpela para ações e posicionamentos pessoais e coletivos de acolhida, solidariedade e incidência política de forma

articulada em âmbito local, estadual e nacional. Por isso, em nome da CEPEETH fazemos um veemente apelo às igrejas e à sociedade a uma maior solicitude para com estes nossos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados. Nesse sentido conclamamos a todos para: – Maior sensibilização e envolvimento com esses nossos irmãos e irmãs, através de práticas de serviços voluntários; – Participação efetiva e generosa na campanha de solidariedade da CNBB em favor dos imigrantes e refugiados venezuelanos; – Mobilização e incidência política junto aos órgãos públicos, nacionais, estaduais, municipais para que assumam seu papel de viabilizar as políticas públicas e a garantia dos direitos desses nossos irmãos e irmãs; – Realizar e/ou participar de campanhas educativas permanentes sobre migração e tráfico humano no conjunto das organizações das igrejas e da sociedade. A Palavra de Deus, ao afirmar que “somos todos irmãos e irmãs” (cf Mt 28,7) nos impele a vivermos a fraternidade como caminho de superação de todas as violências e desigualdades. Reconhecemos e agradecemos a grandeza de espírito das muitas pessoas que, sensíveis às dores desses nossos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados, já estão dando sua contribuição. Que Nossa Senhora Aparecida interceda junto a Deus por todos/as a fim de que nos empenhemos firmemente nessa missão de “acolher, proteger, promover e integrar” nossos irmãos e irmãs imigrantes e refugiados em nossa pátria. Dom Enemésio Lazzaris Bispo de Balsas (MA) Presidente da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano/CNBB


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Notícias da Diocese de Amparo ESCOLA TEOLÓGICA PARA LEIGOS INICIA AULAS DE NOVA TURMA “A fé e a razão constituem como que duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus que colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade, e em última análise conhecer a Ele, para que, conhecendo-O e amando-O, possa chegar à verdade plena sobre si próprio” (Fides et Ratio). Com esse pensamento iniciamos a nova turma da escola teológica da Diocese de Amparo. É com ardor missionário que vamos percorrer este caminho de aprendizagem e reflexão. A teologia amadurece a nossa fé, e, por isso, o ano do laicato nos conduz pelo caminho da descoberta de como ser sal da terra e

luz do mundo. O leigo assume o papel de ser protagonista e não mero espectador, o papel de assumir sua missão pastoral na Igreja. A cerimônia de abertura ocorreu no dia 1º de fevereiro, na cidade de Itapira, e contou com a participação do bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Fechio, do coordenador de pastoral, padre Anderson Frezzato, e do padre Ildefonso Luz, responsável pelos trabalhos da escola teológica. A segunda turma da escola teológica inicia-se com a participação de 148 leigos e leigas das paróquias da diocese. Nossa diocese se alegra com o compromisso assumido por esses irmãos que se disponibilizaram

a percorrer esse caminho, e que, com a graça de Deus, serão perseverantes nessa caminhada. Que Deus possa

abençoar esse trabalho e todos os colaboradores desse projeto, sendo assim sal da Terra e Luz do mundo.

Forania Sant´Ana

Paróquias das cidades de Holambra, Jaguariúna, Pedreira e Santo Antônio de Posse

26ª FESTA DE SANTO EXPEDITO EM JAGUARIÚNA A Comunidade Santo Expedito pertencente a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Jaguariúna, convida a todos para a 26ª Festa em honra ao seu padroeiro a ser celebrada no mês de abril. A programação religiosa tem início no sábado, 14 de abril, com Missa às 17h, presidida pelo pároco local, padre José Siqueira Barbosa. No dia 15 de abril, domingo, haverá ‘Bom dia Santo Expedito’ com as crian-

ças da catequese, às 09h, Missa presidida pelo padre Edson Luis Andretta. Dia 16 de abril, 1° dia do Tríduo às 19h30, presença do padre Rafael Spagiari Giron. Dia 17 de abril, 2° dia do Tríduo às 19h30, presença do padre Ademir Bernardelli. Dia 18 de abril, 3° dia do Tríduo às 19h30, presença do padre Rodolfo Inácio Pasini. Dia 19 de abril, dia do padroeiro, haverá procissão às 18h30 seguida de Missa presidida pelo pároco padre

José. Após tradicional bolo de Santo Expedito. A programação festiva ocorre nos dias 14, 15, 16, 17 e 18 com noite do pastel. Dia 15, domingo, acontece sorteio beneficente e pastel a partir das 14h. Dia 19, dia de Santo Expedito, após a Missa pastel, lanche de pernil, batata no cone e bolo de Santo Expedito. A Capela fica localizada à rua João Pires Germano, 580, Jardim Mauá II, em Jaguariúna.

VOCAÇÃO: O DOM DO AMOR INCONDICIONAL

Todos nós somos tocados pelo amor de Deus e esta relação se manifesta diariamente em nossas atividades cotidianas, exercendo nossa profissão, em casa com a família, ou na comunidade onde estamos inseridos. Sejam quais forem os dons e a vocação que nos foi reservada por Deus, religiosa ou não, devemos valorizá-la e responder ao chamado que Ele nos faz todos os dias. E foi assim, exercendo diversas ati-

vidades em nossa paróquia, que o jovem Filicio Rocha David sentiu aflorar a vontade de servir a Deus e se candidatar ao seminário. Filicio, atualmente com 17 anos, da Comunidade Nossa Senhora de Fátima, bairro do Rincão, irá ingressar este ano no Seminário Propedêutico Santana, em Mogi Mirim, ou seja, no curso preparatório que antecede ao próprio Seminário. O jovem fará estudos fundamen-

tais durante um ano, pré-vestibular, convivendo com outros aspirantes ao seminário, tendo como reitor o padre Charles Franco Peron, pároco da Paróquia Santa Cruz. Em 2019 ingressará no Seminário Maior, quando cursará filosofia por três anos, e em seguida dará continuidade à sua formação com o curso superior em teologia, ambos na PUC (Pontifícia Universidade Católica), em Campinas, seguindo paralelamente rotinas de retiro, preparação humana e espiritual. Filicio está muito feliz com sua aceitação no curso preparatório, e acredita que este será um período de muitos desafios. Além da convivência em seminário, longe dos pais, terá que seguir uma rotina de estudos e diversas atividades. “A convivência com outras pessoas e os estudos contribuirão muito para o meu desenvolvimento pessoal e maturidade, uma vez que me permitirão enxergar as coisas por outra perspectiva”, comenta.

Contudo, o aspirante tem plena compreensão de que sua jornada está somente no início, e nesta fase o que mais o motiva é o grande incentivo e apoio que está recebendo de seus pais, que lhe dão um voto de confiança e aprovação. “É claro que sentirei saudades deles e do convívio com os coroinhas e auxiliares, além do trabalho que desenvolvo com as crianças do Louva Kids, mas penso que será um privilégio para mim um dia poder atuar junto à minha Paróquia como sacerdote. Seria muito grato, e manifestaria meu apreço servindo a todos, principalmente àqueles que me foram tão companheiros”, idealiza. Nós, membros da Paróquia Divino Espírito Santo, em Holambra, nos sentimos muito felizes por partilhar de seu convívio em nossa Igreja. Que Deus abençoe sua caminhada vocacional, Filicio, inspirando-o, fortalecendo seus dons e encorajando-o a cada dia.


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Forania Sant´Ana

Paróquias das cidades de Holambra, Jaguariúna, Pedreira e Santo Antônio de Posse

PASTORAL DA SAÚDE: “EM TUDO: AMAR E SERVIR”

Ao longo de nossa caminhada somos muitas vezes surpreendidos por uma enfermidade ou mal-estar, que nos debilitam e nos impedem de cumprir nossas tarefas em casa e no trabalho e que, dependendo do grau, podem inclusive nos afastar dos compromissos familiares e do próprio convívio social. De acordo com as diretrizes da CNBB, a Pastoral da Saúde é a ação evangelizadora de todo o povo de Deus, comprometido em defender, promo-

ver, preservar, cuidar e celebrar a vida, tornando-se presente na sociedade de modo missionário na área da saúde, independente de quaisquer fatores de exclusão social, inclusive de religião. Esta ação solidária, que ultrapassa os limites pessoais e familiares, chegou à nossa Paróquia em meados dos anos 1999 por intermédio de Dona Lica, que, levada por sua empatia, começou a procurar a multimistura em municípios vizinhos para ajudar os convalescentes de nossa comunidade. Ao tomar conhecimento, o padre Armando José Coracin, pároco na época, incentivou a criação de uma Pastoral da Saúde em nossa Igreja, e assim teve início o grupo pastoral que visa, não só o amparo aos doentes, mas também atende às pessoas integralmente, nas dimensões psíquicas, sociais e espirituais, independente de seu credo. As atividades que a Pastoral da Saúde desenvolve junto à comunidade e à sociedade vão desde a atenção e ajuda

aos convalecentes, com remédios, materiais hospitalares, roupas e produtos de primeira necessidade, até o auxílio e acompanhamento junto ao SUS e outros órgãos que se fizerem necessários. Segundo o casal Adaléia e Valdir Esperança, que aderiram ao grupo desde o seu início, o trabalho da Pastoral da Saúde é, sobretudo, celebrar a vida e promover o bem-estar no ambiente familiar, tornando-se presente no momento em que a maioria se afasta. Segundo Adaléia, que atualmente coordena a pastoral, a simples visita dos agentes, levando palavras de esperança e conforto já é um alento para muitos. “As pessoas que estão passando por uma situação de doença ou de aflição necessitam de atenção e cuidado, e nem sempre os familiares dispõem de tempo para conversar, ou mesmo para ouvi-lo”, comenta a coordenadora. “Uma palavra amiga, a leitura do Evangelho, ou mesmo o simples gesto de estar presente, já faz com que eles

se sintam reintegrados à comunidade”, completa. Adaléia explica também que a Pastoral tenta ajudar de várias formas, principalmente com mantimentos e outros recursos. Para isso contam apenas com doações espontâneas e com a arrecadação dos bazares esporádicos realizados durante o ano. Entretanto, mais recentemente, foi inaugurado o Bazar Casa São Camilo, um espaço para comercializar diversos artigos seminovos em prol das ações assistenciais da pastoral. Instalada no subsolo do Palco das Rosas, no estacionamento lateral da paróquia, a Casa São Camilo funciona às quintas-feiras, das 15h às 19h, e aos sábados, das 13h às 16h. Participe desta ação solidária, informe-se e contribua também com a Pastoral da Saúde. Entre em contato pelo número (19) 3802-1213 - Secretaria Paroquial Divino Espírito Santo, Holambra.

DEVOÇÃO A SÃO SEBASTIÃO ALCANÇA MARCO HISTÓRICO EM JAGUARIÚNA No dia 20 de janeiro, data em que a Igreja celebra a Memória do Martírio de São Sebastião, Jaguariúna comemorou o centenário da festa deste grande santo que, já há um bom tempo, se tornou importante referência da cidade. A memória deste mártir caiu num sábado, quando se realizou uma linda procissão que alude ao conselho do Papa Francisco para a Igreja: “sair de si”, e em seguida foi celebrada uma solene Missa presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Fechio, o qual ressaltou, em sua homilia, o destaque de São Sebastião em matéria de amor e fidelidade a Jesus Cristo, que repercute até os nossos tempos em uma profusa e diferenciada devoção por parte do povo de Deus.

A solenidade contou com a presença de sacerdotes concelebrantes e também foi precedida por um belo Tríduo, com padres convidados que a enriqueceram com seus ensinamentos e a Eucaristia.

No sábado em que se celebrou a festa de São Sebastião, foram afixadas, pelas mãos de Dom Luiz, as placas de inauguração de duas imagens de pó de mármore à frente da fachada da igreja Matriz nova, onde foram descerradas.

Uma imagem de São Sebastião, por ocasião dos cem anos de devoção dos munícipes de Jaguariúna, e outra de Nossa Senhora Aparecida, pelo recente jubileu tricentenário do aparecimento da sua imagem no Rio Paraíba do Sul, no estado de São Paulo. Ambas foram abençoadas por Dom Luiz e pelo pároco, padre Milton Modesto. Ocorreram diversas atrações entre os dias 17 e 21, desde a apresentação da Banda da Polícia Militar de Campinas até uma grande quermesse que se iniciou no domingo, dia 21, com a apresentação do auto de São Sebastião, uma Missa onde foram homenageados com uma faixa todos os catequistas que passaram e que estão para sempre na história da Paróquia Santa Maria.

GRATIDÃO: COMUNIDADE SÃO JOÃO BOSCO FESTEJOU PADROEIRO A Comunidade São João Bosco pertencente a Paróquia Santa Maria, em Jaguariúna, agradece a todos que prestigiaram a festividade do padroeiro. Foi uma bênção a presença de nossos padres e a visita de nosso bispo Dom Luiz Gonzaga Fechio. Iniciou-se no domingo dia 28 de janeiro na missa das 7h a abertura do tríduo, já agradecendo e pedindo bênção a todos os presentes na festa, os que trabalharam, fizeram doações ou que de qualquer outro modo participaram para que esse momento se realizasse.

O encerramento foi no domingo 4 de fevereiro. Assim como São João Bosco viveu em prol dos jovens, também pedimos por toda a nossa juventude, para que tenham na pessoa dele um grande exemplo de vida que não se espelhou em falsas alegrias, mundanas e passageiras. O senhor bispo deixou em suas palavras a passagem da cura da sogra de Pedro como mensagem para compreendermos que hoje precisamos ser curados de muitos males e com a

bênção de São Brás para as gargantas, exortou aos fiéis para tudo aquilo que

for sair de nossas bocas, que seja para benção de nossos irmãos.


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Notícias da Diocese de Amparo DIOCESE CELEBRA ORDENAÇÃO DIACONAL DE EVERTON HENRIQUE NUCCHI No dia 09 de fevereiro, o seminarista Everton Henrique Nucchi, 26 anos, na presença de padres, diáconos, seminaristas, religiosos, familiares, leigos da Diocese de Amparo e de outras, foi ordenado diácono, para o serviço de Deus e da Igreja. A celebração ocorreu às 19h30, na Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida dos Prados, na cidade de Itapira. “Sua presença é de suma importância, não só para o coração do Everton e nem só pro meu, mas porque nós precisamos fazer a nossa Igreja mostrar a beleza dela na sua comunhão, na sua unidade, nesse arrebanhamento que Deus nos faz por ocasião de uma ordenação. Então que o Everton nos dá essa oportunidade para nos unir e ter a certeza que Deus quer que nós saíamos daqui, todos mais ministros, mais consagrados, porque nós fomos batizados, nós somos crismados, nós recebemos também o Espírito Santo que continua trabalhando em nós para que as nossas 32 paróquias, com todas as comunidades, possam fazer bonito na pessoa de cada um e de cada uma que, agora não importa qual pastoral que atua ou qual o movimento ao qual está mais ligado, porque se a gente quer somar, se nós queremos o bem dessa Igreja, então como a nossa Igreja diz que cada um é um sujeito, um sujeito eclesial. Essa expressão que a gente não está acostumado a falar, é muito importante para realçar a dignidade que você tem na nossa Igreja. E o bispo, o padre, o diácono não são ordenados para si mesmos, mas como nós ouvimos na Palavra para favorecer, como São Paulo afirma na carta que escreveu aos Efésios, tão bonita, para favorecer essa comunhão, essa unidade. O Everton veio de uma família, não caiu pronto do céu, veio de uma família, obrigado a dona Silvia, ao Antônio Marcos seu pai, ao José Mário seu padrasto, aos irmãos, sobrinhos, familiares, muito obrigado por vocês terem dado e ajudado, tenho certeza que não estão aqui para uma formatura do Everton mas porque vocês sabem que essa escolha que o Everton fez foi porque Deus fez”, disse o bispo. O diácono Everton nasceu em Santo Antônio de Posse/SP, no dia 06 de março de 1991, filho de Antônio Marcos Nucchi e de Silvia Helena do Couto Alves. Foi na sua juventude, desenvol-

vendo seus trabalhos pastorais na Paróquia Santo Antônio, que ele sentiu o chamado de Deus à vida presbiteral, ingressando no Seminário Propedêutico Sant’Ana, no território da Paróquia São João Batista, em Amparo, no ano de 2010, após ser enviado pela comunidade e pelo pároco da época, Pe. Sidney Wilson Basaglia. Em 2011 continuou sua caminhada, no Seminário de Filosofia e Teologia São José, na cidade de Pedreira/ SP, onde permaneceu até concluir seus estudos, no ano de 2017. Nesse período, realizou seus estágios pastorais nas seguintes paróquias: Santa Cruz (Mogi Mirim), São Sebastião (Amparo), Nossa Aparecida do Triunfo (Pedreira), Divino Espírito Santo (Holambra) e Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Prados (Itapira), com os padres: Milton Modesto, Carlos Roberto Panassolo, Tarlei Navarro, Paulo Henrique Dias e Ildefonso Ribeiro Luz. Colaborou com a Pastoral vocacional diocesana durante quatro anos, juntamente com os padres Anderson Frezzato e Carlos Roberto de Oliveira, e atualmente acompanha o Conselho Missionário Diocesano (COMIDI). O diácono Everton agradece de coração a todos os que colaboraram no seu processo formativo: Bispos (Dom Francisco José Zugliani, Dom Pedro Carlos Cipolini e Dom Luiz Gonzaga Fechio), Reitores (padre Tarlei Navarro e padre Edson Luis Andretta), diretores espirituais, psicólogos, funcionários dos seminários. Também é grato aos professores e professoras da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC). Por fim, o diácono Everton rende graças a Deus por essas pessoas e, de modo todo especial, por cada leigo e leiga que colaborou com sua ordenação diaconal, de forma particular os da paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Prados, que não mediram esforços para a realização da celebração. Confira trecho do agradecimento do diácono: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua Justiça” Mateus 6, 33. Esse é o lema que escolhi como projeto de vida pessoal e ministerial, minha experiência de fé me leva a perceber que o reino é a meta de todos os cristãos e cristãs e que, a Igreja é o amadurecimento para se tornar este Reino

presente, ou seja, é caminho. Pensar em Reino é olhar o nosso ser pessoal e ao mesmo tempo o nosso ser comunitário, nossa santidade enquanto batizados, porém a santidade da Igreja, esposa de Cristo, corpo místico, pois “embora muitos somos um só corpo em Cristo”, Romanos 12, 5. Com isso percebemos que a Igreja deve estar em todos os lugares tornando o Reino de Deus presente. Mas poderíamos nos perguntar ‘e a justiça?’. Ela nada mais é do que a misericórdia de Deus. E a misericórdia de Deus é pôr o nosso coração, a nossa vida, a nossa história na miséria do outro, na vida do outro. Dessa forma dedico a todos esse chamado que Deus me faz, no qual tem buscado corresponder dia a dia. Agradeço a Deus inspiração de minha história a quem sou grato pelo chamado à vida e por ter me escolhido para ajudar na sua messe. Agradeço também a Virgem Maria sobre o título de Nossa Senhora Aparecida, padroeira desta comunidade, foi aos seus braços que acorri quando acreditei ter chegado ao meu limite, assim como seu filho Jesus, deposito em seus braços o meu ministério diaconal. Agradeço a minha mãe, a minha mamãe, braços de Deus em minha vida, mulher simples porém com uma experiência de vida fantástica, minha caminhada de fé não surgiu do seio de uma família católica, mas pelo incentivo de uma mulher que conhecia Deus somente em suas experiências pessoais, mas nunca deixou de me ensinar os valores humanos e divinos, morais e religiosos. Uma mulher que foi mãe e pai, meu muito obrigado por cada gesto de carinho, por cada correção, por cada palmada, por cada vassourada. Muito obrigado, muito obrigado por me amar, muito obrigado

por me educar e muito obrigado por sempre me ensinar o caminho de Deus. Agradeço também ao meu pai Antônio Marcos a quem me deu o dom da vida, sempre diante do Mistério de Deus somos chamados a refletir sobre a nossa vida, e a nossa vida com Deus é uma vida totalmente cheia do amor, da bondade, da generosidade, que possamos cada dia mais buscar esse Reino, buscar esse amor que Deus chama a cada um de nós, sobretudo no amor ao próximo. Ao meu padrasto também José Mário que foi um grande incentivador na minha caminhada vocacional, obrigado pelo testemunho. Agradeço às minhas avós, tanto materna, quanto paterna, que durante a minha infância, também na minha vida foi pai, foi mãe, me ensinou, me corrigiu, me ensinou o caminho de Deus. Obrigado pelo testemunho de vida pois vocês são mulheres de fé e demonstraram para mim o que que é amar ao próximo. Aos meus irmãos agradeço por me amarem e acreditarem em mim, não poderia também esquecer de minha família, meus tios, minhas tias, meus primos e primas, meus padrinhos, meu muito obrigado a cada um de vocês por me mostrarem um caminho de Deus, eu amo cada um de vocês. Peço ao Senhor Jesus Cristo que me ajude a manter fiel a esse propósito, oferto minha vida, minha vocação, meu ministério aos cuidados da Virgem Maria e de Santa Josefina Bakhita chamada pelo Papa Bento XVI como a senhora da esperança, para que ela nunca permita que eu perca minha esperança. Muito obrigado, Deus abençoe a cada um e a cada uma. Rezem sempre por mim. Obrigado!


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Notícias da Diocese de Amparo

ROMARIA DIOCESANA COMEMORA 20 ANOS DE INSTALAÇÃO DA DIOCESE Milhares de fiéis das 32 paróquias da Diocese de Amparo seguiram rumo à casa da Mãe Aparecida na madrugada de sábado, 03 de março, para louvar e bendizer a Deus pelo 20º aniversário de instalação da Diocese a ser completado no próximo dia 25 de março, Domingo de Ramos. Seja de ônibus, vans ou carros particulares, os romeiros devotos percorreram centenas de quilômetros que separam Aparecida das 11 cidades que formam nossa Diocese para celebrar no Santuário Nacional as duas décadas desta grande caminhada de fé de nossa Igreja Particular de Amparo. Os diocesanos participaram da Missa televisionada pela TV Aparecida, às 9h, presidida por Dom Luiz Gonzaga Fechio, bispo diocesano, na presença dos presbíteros da Diocese, diácono, seminaristas, religiosos e religiosas. “Meu querido irmão, minha querida irmã que bom estarmos juntos na casa da nossa mãe. É sempre muito bom virmos aqui em cada nova oportunidade nós temos uma ocasião para aproveitarmos e renovarmos a nossa Ação de Graças a Deus por tantos benefícios que Ele nos concede, por tantas graças que pela intercessão da Mãe Ele derrama em nossas vidas. É lógico que nós também trazemos as nossas angústias, tristezas, preocupações, mas sem nunca esquecer de agradecer e reconhecer tudo que Deus realiza em nossa vida. Sem nos esquecermos que precisamos buscar sempre uma pessoa nova na nossa própria vida, principalmente olhando para o mistério Pascal,

para paixão, morte e ressurreição de Jesus, ainda mais nesse tempo precioso da Quaresma”, refletiu o bispo. A Romaria nos lembra que somos povo a caminho da Jerusalém Celeste. Maria nos aponta o caminho certo a seguir, em direção a seu filho, Cristo Jesus, o caminho, a verdade e a vida. “Particularmente a Diocese de Amparo, no interior paulista, está aqui para render graças ao nosso bom Deus,

com intercessão da nossa Mãe querida, pelos 20 anos de caminhada dela na sua Criação em 23 de dezembro e 1997, e na sua instalação em 25 de março de 1998, portanto esse mês completando 20 anos. Nós, esse povo maravilhoso aqui reunido, um batalhão de agentes pastorais presentes, atuantes nas 32 paróquias, nos 11 municípios que fazem parte da nossa diocese, rendemos graças a Deus por tudo aquilo que Ele nos deu o que Ele fez e faz em nossa vida pela intercessão da Virgem Maria, que para nós da Diocese é Nossa Senhora do Amparo, a mesma Mãe Aparecida que nos convida a todos e agora não só a Diocese de Amparo, mas todo esse povo maravilhoso junto com os diáconos, os padres, seminaristas, religiosos e religiosas da nossa diocese e de outras dioceses, para nós renovarmos a nossa disposição de trabalhar por uma cultura de paz, para diminuirmos pelo menos diminuirmos essa onda de violência que assola o nosso país de tantas

formas, violência que começa sem dúvida alguma dentro do coração”, exortou. Dom Luiz encerrou dizendo que a Mãe Aparecida acolhe a todos como filhos e filhas e que neste tempo Quaresmal devemos nos reconhecer como pecadores que somos e aproveitar a caminhada para a Páscoa buscando verdadeiramente renascer com Jesus para a vida nova.


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Forania Jesus Bom Pastor Paróquias da cidade de Amparo

CAPELAS SÃO REVITALIZADAS: ZELAR PELA CASA DO SENHOR E DO POVO FIEL Três capelas na Paróquia de São Sebastião, em Amparo, estão em processo de revitalização. São elas: A capela de São Sebastião, no bairro dos Rosas, a capela de Nossa Senhora Aparecida, no bairro dos Pedrosos e a capela de São Lazaro no bairro do Ribeirão. Todas com forte importância para os fiéis, as capelas já não conseguiam mais atender as necessidades das comunidades. Por esse motivo, as obras eram de essencial importância para acolher melhor e zelar pela Casa do Senhor. No bairro dos Pedrosos, houve a troca do telhado, a criação da capela do Santíssimo, a construção da sacristia e uma nova pintura. “Melhorou e muito pra nós. Agora a capela comporta melhor a comunidade”, explica Gilberto Santos, coordenador da comunidade dos Pedrosos. A movimentação que a obra gerou na comunidade fez com que muitos fiéis se entusiasmassem de novo em participar da comunidade. A capela dedicada a São Sebastião, na comunidade dos Rosas, é a que exige maior dedicação do povo. Construída em 1928, ela permaneceu fechada por muito tempo, sofrendo com o passar do tempo. O madeiramento já foi re-

feito e o telhado trocado, mas ainda há bastante trabalho. Nada que desanime os devotos moradores da comunidade, que têm suas histórias ligadas à capela. “As obras são sempre um desafio, mas ao mesmo tempo é muito gratificante”, explica o pároco da São Sebastião, padre Carlos Panassolo. Na Rua Cabo João dos Santos está localizada a capela dedicada a São Lázaro, presente desde a origem da paróquia. Apesar da proximidade com a igreja matriz, que fez a capela perder atividades, como celebrações, foi notável o zelar amoroso dos moradores. Agora, com o novo dinamismo que a comunidade recebeu e com a instalação de missas regulares, foi visto a necessidade da ampliação da capela. Já com o terreno regularizado, foi feito todo o projeto para a futura ampliação. “A capela é muito pequena, e com a maior utilização é preciso acomodar melhor o povo da comunidade”, diz o pároco. Além das reformas das capelas há também uma em construção no bairro do Flamboyant. O terreno já está com a terraplanagem pronta e os estudos em andamento para o início da constru-

ção da capela dedicada a São Vicente de Paulo. A capela que serviu de escola Dedicada a São Sebastião, a capela no bairro dos Rosas é parte importante na história do aprendizado, não somente religioso, mas também escolar. Durante os anos de 1983 a 1986, a capela serviu de escola para os alunos do primeiro e segundo ano da comunidade. “Depois de uma forte chuva, o prédio onde ficava a escola ficou inutilizável, então o padre Chico, na época, cedeu a capela para que fossem feitas as aulas”, relembra o eremita Vanderlei de Lima, morador do bairro e aluno na época das aulas na capela. O eremita recorda que as turmas

eram divididas pelo corredor central. De um lado o primeiro ano, do outro o segundo e uma professora revezava entre duas lousas. “Dava pra ver toda a aula da outra turma. Todo mundo via tudo”, lembra. O antigo altar ainda estava lá e havia goteiras na capela. Depois de 1986, as aulas já passaram para a escola Gisselda Aparecida Turola Piovezan, que funciona até hoje. Vanderlei Lima ainda destaca que além de alfabetizado, seus pais se conheceram em uma festa realiza lá, e, depois de alguns anos, se casaram. “A capela faz parte da minha vida e da minha família, por isso é emocionante e muito bonito poder vê-la sendo reformada e reaberta”, alegra-se.

PASTORAL DA ACOLHIDA É EVANGELIZAR SENDO O ROSTO DA IGREJA DE CRISTO Com o lema “Acolher bem também é Evangelizar”, a Pastoral da Acolhida na Paróquia São Sebastião já colhe frutos, não apenas com um sorriso e folheto na mão nas portas da Igreja Matriz para as celebrações, mas sendo o rosto e a alegria do Ser Igreja. A pastoral surgiu pela ideia da paroquiana e catequista Lenerci Diotto Gasparini, atual coordenadora da pastoral, e pelo paróco, padre Carlos Panassolo. O primeiro encontro para a formação dos agentes foi no dia dois de agosto de 2017, menos de 10 pessoas compareceram, e hoje a pastoral conta com 41 agentes. Vontade em acolher a comunidade durante as celebrações já existia antes da criação da pastoral. No começo, a função de acolher os fiéis foi atribuída aos ministros da Eucaristia, porém, a

dupla função durante as missas sobrecarregou-os. Foi a partir deste ponto que Lenerci procurou a coordenadora dos ministros e o pároco da São Sebastião, propondo a criação da pastoral. “No começo foi feito o convite pelo informativo A Semente e pessoalmente no final das missas. Começou a dar resultado”, lembra Lenerci.

“A pastoral já era um desejo que eu tinha e graças à iniciativa por parte da Lenerci hoje é uma realidade”, orgulha-se o pároco. O padre enfatiza a importância dos agentes na acolhida aos fiéis. “É mais do que um simples bom dia. É dar identidade para a paróquia. Praticar um gesto de carinho com o próximo também é evangelizar”, re-

flete. “Você não é mais um que chega, mas sim alguém que chegou”, exalta a coordenadora. Muitos agentes da pastoral começaram a ajudar em outros eventos da paróquia, motivados pela grande aceitação e gratidão que têm evangelizando na acolhida do povo. “Muito amor. É um orgulho que não consigo explicar, me faz muito bem acolher a comunidade nas missas”, emociona-se Terezinha de Fátima C. Pavan, uma das agentes da pastoral. Com uma ótima aceitação, a pastoral continua crescendo e proporcionando para o povo que vai para as celebrações um gesto a mais do amor de Cristo. “Estamos aprendendo a acolher com a comunidade. Já temos alguns retornos, tanto dos acolhidos como dos que acolhem”, alegra-se Lenerci.

PARÓQUIA CONTA COM MISSA TRANSMITIDA ON LINE Realizando um desejo antigo dos paroquianos e colocando em execução algo que se viu ser necessário ante a vultosa busca por meios de comunicação midiática, a Paróquia São Benedito de Amparo, por iniciativa de integran-

tes do Musical Água Viva, realizou a transmissão ao vivo da Missa dominical das 18h pelo canal de facebook da Paróquia. Em 10 de dezembro de 2017 foi feita a primeira experiência, já com cente-

nas de visualizações e compartilhamentos. A transmissão da Missa do 4º Domingo do Tempo Comum, dia 28 de janeiro, obteve 2.149 visualizações. Colabore conosco com mais esse

veículo de evangelização! Todos os domingos, às 18h, diretamente da Matriz de São Benedito de Amparo, acompanhe a transmissão ao vivo pela página: facebook.com/pfsaobenedito


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Forania Nossa Senhora do Rosário

Paróquias das cidades de Águas de Lindóia, Lindóia, Monte Alegre do Sul e Serra Negra

SANTUÁRIO DIOCESANO PASSOU POR RESTAURAÇÃO E REFORMA

Ao longo de 2016 e 2017 foram realizadas várias obras no Santuário Diocesano, já publicadas neste informativo. Mas, tendo em vista que é um patrimônio mais que centenário, faz-se necessário a cada período reformar e restaurar esse belíssimo patrimônio histórico, artístico e religioso. Por isso, em outubro de 2017 iniciaram-se as novas obras de restauração e reforma do Santuário.

Foi realizada a descupinização de todo o Santuário. Nesse trabalho, de acabar com os focos de cupins de toda a madeira, pôde-se perceber que as naves laterais do Santuário, que são feitas na técnica de estuque, precisam de uma completa restauração de toda a madeira que sustenta o belíssimo artefato com pinturas. Tudo isso com profissionais especializados na área. Nesse aspecto, o trabalho minucioso de res-

tauração torna-se lento e caro. Em outubro de 2017 começou a substituição de todo o reboco das laterais da Igreja, danificado pela umidade. O reboco é feito na técnica centenária para prédios históricos que sofrem deterioração de pinturas por causa da umidade. Nesse mesmo trabalho foi realizada a troca de condutores de água da chuva, calhas e rufos das naves laterais. Tudo feito com a orientação de um especialista em construções históricas e com autorização diocesana. Foi feita a parte elétrica para iluminação dos altares laterais, luz de emergência, ventiladores, tomadas e iluminação externa. Nessa mesma etapa foi reformada a sacristia da Igreja, para melhor servir à liturgia e às atividades do Santuário. Tudo o que foi realizado no lado direito tem que ser feito no lado esquerdo. Além de toda a estrutura a ser re-

cuperada e reformada, as pinturas precisam ser restauradas em todo o interior do Santuário. Desde as pinturas do teto – nave central – estuque e pinturas das paredes e imagens sacras. O Santuário é um patrimônio que precisa ser restaurado e reformado. Tanto por sua importância histórica, cultural e religiosa, como também por sua importância como único Santuário Diocesano. Que o Senhor Bom Jesus abençoe a todos. Venham prestigiar a festa do padroeiro. A festa ocorre com Missa da Novena de 27 de julho a 06 de agosto. No dia 06 de agosto, dia do Senhor Bom Jesus, haverá Missas nos seguintes horários: às 8h30, 10h e às 17h, seguida de procissão. Faça sua Romaria! Faça sua doação ou entre em contato conosco pelo fone 3899.1230, ou pelas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter como santuariobj.

Forania São José

Paróquias da cidade de Mogi Mirim

A SEMENTE PRECISA SER REGADA PARA CRESCER E DAR FRUTOS O Encontro de Coroinhas e Jovens das paróquias São Benedito e Bom Jesus do Mirante de Mogi Mirim foi realizado em 04 de fevereiro, no Seminário Franciscano da T.O.R., Nossa Senhora de Fátima. O encontro foi vivenciado e meditado na dinâmica de plantar mudas de árvores: assim como elas, nós também precisamos de cuidados para crescer. “Primeiramente somos chamados à VIDA, pois nosso Senhor nos escolheu. Ele nos chama a outras vocações porque necessita de nós”, refletiu um dos jovens coroinhas. Os jovens convidam todos que

queiram participar dos encontros, que ocorrem nos primeiros domingos de cada mês, para viver a experiência em

Comunidade. “Assim como uma semente precisa ser regada para crescer e dar frutos, nós precisamos ser regados

com o Evangelho pra florescer e evangelizar”, disseram eles. “Obrigado, Senhor Deus, por nos dar uma oportunidade como essa, para uma tarde maravilhosa com esses adolescentes e jovens. Peço a intercessão de São Francisco e Nossa Senhora de Fátima para que dê muita perseverança aos jovens e adolescentes no caminho da vocação religiosa. Um agradecimento especial aos nossos seminaristas Carlos Eduardo Souza Assis e Leandro Uber, que partilharam muito bem a palavra de Deus”, comentou Wellington Germano, coordenador dos Coroinhas da Paróquia São Benedito.

CATEQUESE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ COM INSPIRAÇÃO CATECUMENAL No primeiro Domingo da Quaresma, 18 de fevereiro de 2018, na Missa das 19h, na Igreja Matriz de nossa Paróquia Imaculada Conceição Aparecida, através da caminhada da catequese de iniciação cristã com inspiração catecumenal e do proposto no Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), aconteceu a “Celebração da eleição ou inscrição do nome”, de jovens e adultos crismandos e catecúmenos em preparação para receberem o Sacramento da Crisma. Os 4 tempos do catecumenato são marcadas por três celebrações litúrgi-

cas: a primeira, “celebração de admissão”, marca o encerramento do primeiro tempo, o “Pré-Catecumenato”; a segunda, “celebração da eleição ou Inscrição do nome”, marca o encerramento do segundo tempo, o “Catecumenato”, e inicia o terceiro tempo, “Purificação e Iluminação”; e a terceira é a “celebração dos sacramentos”, que marca o início do quarto tempo, a “Mistagogia”. Quaresma: Terceiro Tempo “Iluminação e Purificação”; 1º Domingo da Quaresma: Celebração da Eleição ou Inscrição do nome; 3º, 4º, 5º Domingo

da Quaresma: Escrutínios 1, 2 e 3; Vigília Pascal: Sacramentos IVC; Entrega dos Símbolos da fé (Oração dos Apóstolos – “Credo” e Oração do Senhor

- “Oração dominical ou Pai Nosso”), após o terceiro escrutínio. Com informações de catequeseivc. net.br/.


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Forania São José

Paróquias da cidade de Mogi Mirim

DIOCESE ESTEVE PRESENTE NO 14º INTERECLESIAL DE CEBS DO BRASIL Nossa Diocese de Amparo contou com 3 delegados no 14º Intereclesial das CEBs, o bispo diocesano Dom Luiz Gonzaga Fechio, Edmilson Luiz Muoio e Maria das Graças, ambos da Paróquia Imaculada Conceição Aparecida de Mogi Mirim. Confira a carta divulgada ao final do evento. Tema: CEBs e os desafios do mundo urbano Lema: “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3, 7) Nós, os 3.300 delegados e delegadas, participantes do 14º Intereclesial de CEBs, nos dias 23 a 27 de janeiro de 2018, na Arquidiocese de Londrina – PR, partilhamos com nossas comunidades a valiosa experiência vivenciada neste encontro. Construímos o Intereclesial, patrimônio bíblico, teológico e eclesial da Igreja no Brasil, com representantes das comunidades católicas e de outras Igrejas cristãs, de povos originários e tradicionais de todas as regiões do nosso País, da América Latina e da Europa. Diante dos clamores e desafios apresentados, fizemos a experiência de Moisés na sarça ardente, ao ser desafiado por Javé, o Deus libertador, que viu,

ouviu e, ao descer, o enviou para libertar o seu povo do sistema de escravidão que aprisiona os corpos e coloniza as mentes. Na vivência de uma Igreja em saída, como cristãos leigos e leigas, padres, religiosos, religiosas, diáconos, pastores e pastoras, bispos, lideranças de povos originários e tradicionais, nos colocamos numa postura de diálogo, em que cada pessoa tem algo a aprender com a outra e todas à escuta do ‘Espírito da verdade’ (Jo 14, 17), procuramos conhecer o que Ele ‘diz às Igrejas’ hoje (Ap 2, 7). Partilhamos alguns destes clamores que esta escuta nos proporcionou, deixando-nos inquietos e desinstalados, conscientes de que eles ecoam com a mesma intensidade no coração de tantas pessoas de boa vontade. Sabemos que o primeiro nível da escuta deve acontecer nas bases da Igreja, portanto, na comunidade que é “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, (…) célula inicial da estrutura eclesial, foco de evangelização e fator primordial da promoção humana (…)” (Medellín, 15, III. 1 a). Reafirmamos nosso compromisso com uma Igreja da escuta e do diálogo. Queremos colaborar para que todos os organismos de serviços pastorais permaneçam conectados com a base e partam das pessoas, sobretudo, dos po-

bres e excluídos, dos desafios de cada dia e de seus clamores. Assim nos tornaremos uma Igreja em saída. As CEBs continuam sendo um “sinal da vitalidade da Igreja” (RM 51). Os discípulos e as discípulas de Cristo nelas se reúnem na escuta e na partilha da Palavra de Deus. Buscam relações mais fraternas, igualitárias e inclusivas. Superam a cultura machista e o clericalismo. Celebram os mistérios cristãos e assumem o compromisso de transformação da sociedade e a defesa da criação, a nossa casa comum. As mudanças culturais, os desafios e clamores da sociedade globalizada e da cultura urbana, o desmonte das estruturas democráticas em nosso País, a perda dos direitos civis e sociais e a degradação da dignidade humana e da criação levam as CEBs a assumirem os seguintes compromissos: transmitir às novas gerações as experiências e os valores das gerações anteriores; promover a cultura da vida; tornar-se uma Igreja de comunidades em rede, com novos ministérios, que inclua a mulher em sua plena dignidade eclesial; incentivar o protagonismo das juventudes e combater o seu extermínio; apoiar as lutas dos povos indígenas, da população negra e quilombola, dos pescadores artesanais, da população em situação de rua, dos migrantes e refugiados, da população

encarcerada, das crianças e dos idosos por cidadania plena; cobrar políticas públicas de inclusão social, participar dos conselhos de cidadania, promover a democracia direta e participativa e a autodeterminação dos povos; promover práticas de economia popular, solidária e sustentável; reafirmar a vocação política dos cristãos e cristãs; fortalecer a campanha pela auditoria da dívida pública, da reforma política e do controle sobre o poder judiciário; apoiar e a colaborar com a REPAM e o sínodo para a Amazônia em 2019. Nunca podemos nos esquecer de que as comunidades cristãs nasceram no meio dos pobres, como um grito de esperança e lugar de relações igualitárias e inclusivas. À Igreja que está em Londrina e, que, solidária e afetuosamente nos acolheu, nossa eterna gratidão. Ao Papa Francisco que, com seu testemunho evangélico, nos desafia a nos tornarmos, cada vez mais, uma Igreja pobre e dos pobres, nosso apoio fraterno e oração. Pedimos as bênçãos de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Estado do Paraná, para a diocese de Rondonópolis-MT, que acolherá o 15º Intereclesial, em 2022, e para as comunidades que prossigam em caminhada, colocando os pés nas pegadas de Jesus de Nazaré.

‘SÃO PEDRO APÓSTOLO’ REALIZA CAMINHADA PENITENCIAL dades que integram a paróquia se reúnem para rezar pela paz, dentre elas, as comunidades N. Sra. Aparecida do bairro Martim Francisco e Cavenaghi. Esta última, dividida em dois setores, reuniu cerca de 15 pessoas de cada setor nos últimos sábados. De acordo com os paroquianos, o momento penitencial tem sido também enriquecedor para a fé e o amor por Jesus Cristo. Durante a caminhada os fiéis rezam o terço e outras orações e cânticos propícios para o Tempo da Quaresma.

A Paróquia São Pedro Apóstolo, em Mogi Mirim, iniciou no dia 17 de fevereiro a Caminhada Penitencial. O propósito é promover um momento de oração e convivência com a comunidade, sobretudo neste tempo quaresmal em que os fiéis são convidados à oração, ao sacrifício e à penitência, pedindo pela paz. A caminhada realiza-se aos sábados às 05h30 com início na igreja matriz de São Pedro Apóstolo, reunindo em média 80 pessoas. Também as comuni-

PASTORAL FAMILIAR PROMOVE “1º ENCONTRO COM CRISTO” A Pastoral Familiar da Forania São José (Mogi Mirim) realizará, no dia 29 de abril, o “1º Encontro com Cristo”, destinado às viúvas e viúvos, solteiras e solteiros com mais de 40 anos e divorciadas e divorciados, que não estejam vivenciando um novo relacionamento. O encontro acontecerá no Betel, Paróquia da Santa Cruz, e reunirá as paróquias da Forania São José. O objetivo é atender aos anseios desses nos-

sos irmãos, que também são família, de terem seu encontro com o Cristo e se sentirem tocados a participar mais ativamente na vida da Igreja através das Pastorais em suas respectivas Paróquias. Posteriormente a este encontro, outros serão realizados em outras foranias, até atingir toda a Diocese de Amparo. Mais informações nas secretarias paroquiais.


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Artigo “FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA” No último dia 14 de fevereiro iniciamos a quaresma e com ela a nossa reflexão como Igreja a respeito da CF de 2018. Em sintonia com a necessidade de refletir sobre temas que afligem a sociedade, a CNBB - na Campanha da Fraternidade 2018 - indica a violência como assunto a ser debatido por todas as pessoas de boa vontade, em busca de soluções capazes de superarem um estado de coisas que não respeita a dignidade das pessoas. Com efeito, no Texto-Base da CF 2018, a CNBB afirma: “Nesta Campanha da Fraternidade desejamos refletir sobre a realidade da violência, rezar por todos os que sofrem violência e unir as forças da comunidade para superá-la. (...) Os índices de violência no Brasil superam significativamente os números de países que se encontram em guerra ou que são vítimas frequentes de atentados terroristas”. A CNBB, mais uma vez, manifesta seu compromisso de apoio aos empobrecidos e a todos que sofrem com as violências perpetradas socialmente ou por meio institucional. Impossível a convivência passiva ante o descalabro reinante no país, quando milhões de brasileiros carecem do mínimo de condições para uma vida condigna; aliás, “ao inviabilizar a formação dos mais pobres para a autonomia de pensamento, restringir os horizontes do interesse pelo exercício da cidadania, limitar as possibilidades de participação ativa na política, o Estado, outras instituições brasileiras e os segmentos sociais das elites contribuem para a continuidade de relações sociais pautadas na exclusão, no autoritarismo e na violência” (Texto-Base, página 25 nº 57). Ressalte-se que o documento da Entidade se baseia em pesquisas de órgãos responsáveis, a exemplo do Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores dos Direitos Humanos, cujos índices de violência são inaceitáveis: 61.163 homicídios; 7 pessoas mortas por hora; 2,6 mil latrocínios; 4,2 mortos em ações policiais; 49 mil estupros. Há mais vidas dilaceradas por variadas violências: a fome que ronda os lares dos mais pobres, a incúria hospitalar, o desemprego, a inépcia, a desonestidade dos servidores públicos de todos os matizes, a sonegação empresarial e muitas outras. Em solenidade de abertura da CF 2018, Dom Sergio da Rocha, Presidente da CNBB, relembrou o compromisso opcional pelos pobres, ao declarar: “A vida e dignidade das pessoas e de grupos sociais mais vulneráveis são continuamente violados de muitos modos” (...) “A indignação diante da violência representada pelas situações de exclusão e negação dos direitos fundamen-

tais, especialmente dos mais pobres e fragilizados, não pode ser menor do que a despertada por crimes bárbaros”. É importante registrar a presença da Presidente do STF na abertura da CF, que se comprometeu com os objetivos da Campanha. Tal participação reflete a tradição da CNBB de sempre se colocar numa postura de diálogo e no horizonte de assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, conforme determina a Constituição Federal. Na abertura da CF 2018, manifestei-me com relação à violência que vitima a comunidade negra, mormente os jovens negros, realidade também revelada no Texto-Base. Negras, negros, indígenas, grupos sociais marginalizados em razão de preconceitos são os maiores alvos de ações violentas físicas e ou psíquicas. A CF 2018 oferece a oportunidade de diálogo entre Estado e sociedade, lembra-lhes o dever de garantir a justiça e a paz em favor de todos os cidadãos, e de sustentar o equilíbrio verdadeiro mediante equânime distribuição das riquezas. Evidentemente que, ao agir na perspectiva dos interesses dos mais vulneráveis, a CNBB nem sempre é compreendida pelas franjas autoritárias presentes na sociedade brasileira. Estas, presas em suas leituras herméticas, preconcebidas e raramente pastorais, são portadoras de teses absurdas e distantes da realidade do povo de Deus. A intervenção federal, sob comando militar no estado do Rio de Janeiro, deve ter por escopo a garantia da inviolabilidade do lar, da cidadania e não somente os patrimônios, quer sejam públicos ou privados. Além do mais, a prevenção é indispensável, bem como mecanismos de atendimento aptos à saúde, à educação, ao transporte, ao emprego, ao lazer e aos direitos impostergáveis para uma comunidade viver em paz. Certamente, a CF 2018 será um tempo forte e favorável de conversão, de mudança de vida, dentro do horizonte e dos mistérios da Páscoa do Senhor, vendo em cada ser humano a dignidade de filhos e filhas, cujos rostos são muitas vezes desfigurados pela violência. Também nos fala o Presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha que: “Escutar a voz de Jesus implica em viver no amor fraterno”. Este é o ponto de partida da reflexão apresentada pelo arcebispo de Brasília (DF). Dom Sergio lamenta o fato de que muitos

católicos têm compartilhado e alimentado agressividade nas redes sociais e exorta: “É pecado grave usar o nome de Deus ou qualquer religião para praticar ou justificar a violência”. Fala da Quaresma como “tempo especial de conversão em preparação para a Páscoa”, e que deve ser vivido através da caridade, como ensina a Igreja. A Campanha da Fraternidade (CF) está entre os principais meios de vivência do amor ao próximo na Quaresma, segundo o presidente da CNBB: “Ela é um meio especial para a conversão e a verdadeira caridade”. Para dom Sergio, o lema “Vós sois todos irmãos” pretende contribuir para superar a violência e promover a paz. O cardeal ressalta que muitas iniciativas podem ser desenvolvidas para alcançar os objetivos da CF deste ano e que cada um pode dar a sua contribuição “para superar a violência e construir a fraternidade e paz nos ambientes em que vive”. Mas lamenta a agressividade crescente “compartilhada e alimentada por muitos católicos nas redes sociais”. “Diga não à violência nas redes sociais! Não compartilhe conteúdos ofensivos e desrespeitosos. Não participe de grupos de WhatsApp ou de outras redes sociais que disseminam fofocas, fazem linchamento moral e críticas destrutivas, atingindo até mesmo

a Igreja”, conclama. Procure divulgar coisas boas e incentive a paz e a concórdia entre todos; evite ficar discordando disso ou daquilo, vamos plantar no coração das pessoas um pouco mais de amor e paz. Para o cardeal, é lamentável que haja pessoas ou grupos que se dizem cristãos ou católicos recorrendo à violência para fazer valer a sua opinião e interesses: “É pecado grave usar o nome de Deus ou qualquer religião para praticar ou justificar a violência”, exorta. “Quem escuta a voz de Jesus Cristo não alimenta, nem reproduz a violência disseminada na sociedade. Ao contrário, contribui para a paz, através do respeito e do diálogo, da misericórdia e do perdão. Quem escuta a voz de Jesus testemunha a sua palavra “Vós sois todos irmãos”, jamais tratando o outro que pensa diferente como um inimigo a ser combatido, mas como um irmão a ser amado, se necessário com a correção fraterna e o perdão. A paz é dom de Deus a ser compartilhado nesta Quaresma”; pratique isso em sua paróquia e em sua comunidade; façamos do mundo um lugar melhor para se viver sem ódio e sem guerra. Padre Ademir Bernardelli - Assessor e Coordenador da Campanha da Fraternidade e Campanha para a Evangelização


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Artigo “TENDO FALADO ASSIM, DISSE-LHE: ‘SEGUE-ME’” (JO 21,19) No início do Evangelho de João, deparamos com um problema que, muitas vezes, assola nosso coração quando um dos discípulos pergunta a Jesus: “Rabi, onde moras?” (Jo 1, 38). Diante desse questionamento, somos provocados a pensar nos diversos momentos da vida em que nos encontramos em busca de uma resposta. Há algum tempo, vinha perguntando a Deus sobre o real sentido dessa colocação. Em contrapartida, Ele me provocou chamando-me mais uma vez, usando a mesma resposta dada aos discípulos no Evangelho: “Vinde e vede” (Jo 1,39). No início da minha trajetória no Seminário, em 2014, no primeiro ano do curso de Filosofia, me deparei com uma proposta de missão nos estados do Norte e Nordeste, mas, devotado ao meu comodismo, excluí de imediato essa pretensão. Contudo, no decorrer do percurso de minha vida, buscando maior abertura no que diz respeito à minha relação com Deus, passei a perceber que minha resistência não contribuía para a realização plena dos planos do Senhor, pois aquilo que estava sendo ofertado não era meu tudo, mas sim o pouco que me restava. Ao compartilhar dos ensinamentos do Padre André Ricardo Panassolo, quando este contava a nós, seminaristas, sobre sua experiência em terras amazônicas, foi que ouvi pela primeira vez o meu “Vinde e vede”. Foi nesse momento que entendi que não podia permanecer em minha zona de conforto, que não podia entregar a Deus e à Igreja somente o “resto”, e que faz parte do compromisso com minha vocação entregar-me inteiramente, sem reservas, nas mãos Daquele que me chama. Após uma longa preparação, no dia 4 de janeiro de 2018, embarquei nessa aventura de fé, buscando respostas, mas também ansioso para levar aquilo que tenho a oferecer aos meus irmãos do Norte. Foram quarenta e oito horas de viagem, sendo trinta horas em um barco expresso navegando pelo Rio Negro. Enfim, cheguei ao local do encontro, ou melhor, ao local onde Deus

me revelou inúmeras de suas moradas. Por quinze dias, o município de São Gabriel da Cachoeira foi minha casa e todo aquele medo que um dia morou em meu coração perdeu sentido logo nos primeiros encontros com o povo acolhedor da região. Vi que Deus usou das pessoas para preparar-me uma experiência fantástica; por meio do Padre André, do Bispo da Diocese de São Gabriel da Cachoeira, Dom Edson Taschetto Damian, demais padres, seminaristas, em especial o seminarista Adriano, e de todos os membros da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, as atividades me revelaram a vida sofrida do povo e também da Igreja naquela distante região. Posso dizer que o resultado maior de uma experiência missionária em terras amazônicas é o valor que passamos a dar ao que temos, pois aquelas pessoas possuem pouquíssimos recursos, materiais e espirituais, porém sabem dar aula de como ser feliz. Fiquei encantado com as crianças, que têm como principal brinquedo o rio, e ainda assim têm o sorriso e a alegria mais sinceros que já vi. Há entre todos o espírito de fraternidade, pois, mesmo tendo muito pouco, a gratidão abre as pessoas à partilha do quase nada. Enfim, existem dificuldades naquelas terras que ninguém consegue revelar integralmente, nem mesmo a partilha de missionários (nem tampouco a minha); somente vendo, somente convivendo, conseguimos entender o quanto

temos e o quanto podemos dar. O Senhor me chamou, me levou a águas mais profundas, me tirou do comodismo, me fez dormir em uma rede, me tirou a energia elétrica (e o celular, instrumento que imaginava não viver sem), o chuveiro quente, os alimentos a que estou acostumado; assim, me levou ao coração da Amazônia para que eu tivesse o meu coração transformado, para que eu pudesse abraçar minha vocação entendendo que existem pessoas que têm muito menos materialmente, muito menos condições de vida digna, porém são portadoras de muito mais fé. Em meus encontros, tive a oportunidade de conversar com um senhor, morador de uma comunidade ribeirinha, que apenas se encontra com um sacerdote três vezes ao ano, e que passa por complicações de saúde ainda não diagnosticadas, sendo que nas três vezes em que procurou um médico, por falta de exames, não foi atendido devidamente. O que me enterneceu nessa conversa foi a revelação que me fez: acredita em Deus e educa os filhos e netos para que todos pensem Nele em primeiro lugar. Junto a esse senhor minha experiência de vida teve sentido, uma vez que ele teria todas as condições possíveis para abandonar a Deus, mas ele me deu um testemunho de Cristo em minha vida, ou seja, o missionário que foi apresentar e levar a Palavra de Deus foi consolado e apresentado a Cristo em uma das fontes

mais singulares e evangélicas de revelação, os pobres. Algo que pude partilhar com meus irmãos, sintetizando bem o que foi essa experiência missionária nesses quinze dias, foram os sentimentos de alegria e tristeza que lutaram de um modo ferrenho em meu coração: inúmeros momentos em que eu sorria, encantando-me com a beleza paradisíaca da Amazônia, com a bondade terna do povo indígena, com a alegria das crianças ou mesmo com o simples fato de experimentar uma cultura diferente; porém, em outras vezes, o choro se fazia presente dada a miséria excessiva, os vícios (especialmente do álcool) que assolam o povo pelo descaso para com os mais necessitados por parte dos governantes. Enfim, os sentimentos se revezavam com muita frequência, mas um em especial me marcou muito e jamais será esquecido: a gratidão. Primeiro a Deus, que me revelou autenticamente a realidade evangélica: “onde moras?”; ao meu Bispo, Dom Luiz, e a toda equipe de formadores da nossa Diocese, em especial meu reitor, Padre Edson, por me encorajar e ajudar a cumprir essa missão; aos meus pais, aos meus amigos e a todos aqueles que rezaram por mim, serei eternamente grato. Nessa missão, encontrei-me com Deus em sua morada, em meio aos pobres e desvalidos, embora também já O tivesse encontrado aqui, junto a cada um que convive comigo. Concluindo, afirmo que vale a pena se submeter aos planos de Deus, vale a pena encarar o que estiver no caminho para realizar os desejos do Senhor; assim, toda vez que o medo vier ao nosso encontro, lembremo-nos dos discípulos em alto mar ao avistar Jesus sobre as águas, pois diante do medo deles a resposta de Cristo foi: “Tranquilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo” (Mt 14, 27). Ele está conosco e quer nos mostrar onde mora. Gustavo Borges Compaci Seminarista do segundo ano de Teologia


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Artigo CONVERSÃO RELIGIOSA QUE NÃO MEXE NO BOLSO É AVAREZA PERNICIOSA! Ninguém caia na ilusão dos tempos modernos de querer pertencer à Igreja Católica Apostólica Romana sem colaborar com o máximo do mínimo que a mesma Igreja orienta, quando se fala do Dízimo (cf.2 Coríntios 9, 6-9). Cuidado com o fanatismo religioso e mercantilista em torno do dízimo, por aí afora. “O Dízimo expressa a participação da pessoa batizada na missão de anunciar o Evangelho da alegria” (cf. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB - Documento 106, 2016). O que é o Dízimo? É a contribuição sistemática e periódica dos fiéis, por meio da qual cada fiel pertencente a uma comunidade assume co-responsavelmente a sustentação de seus compromissos religiosos e também sociais. É um compromisso de fé, pois está relacionado com a experiência de Deus. É impossível evangelizar sem a utilização dos bens materiais, desde os mais simples até os mais complexos. Eles são meios e não fim. Eles são necessários. Não temos como dispensá-los. Jesus também precisou deles (cf. Lucas 8, 1-3); a Igreja também precisa, não do muito, mas do bastante. Da vela ao automóvel, da partilha com os empobrecidos às missões populares, do microfone à conta de energia elétrica, da água aos produtos de limpeza, da formação de lideranças à formação dos futuros sacerdotes etc, tudo tem um custo, assim como na casa da gente. Estamos no mundo, e nele somos chamados a anunciar o Evangelho com

ardor, ousadia e criatividade. Isso só é possível quando nós, batizados e batizadas, entendemos que a missão deixada por Jesus deve continuar e que é comum a todos nós. O Dízimo tem exatamente esse objetivo: possibilitar a evangelização. Quanto mais uma pessoa toma consciência de que é, por natureza, evangelizadora, e que pertence a uma comunidade, tanto mais ela opta pelo dízimo e pelas ofertas, e é generosa também com a mão de obra como ‘prestação de serviço’ ao Evangelho. Ao fazer a sua contribuição (grata devolução), o batizado/a sabe que não está pagando nada à Igreja e sim assumindo o seu lugar nela, também no que diz respeito à sua sustentação. Sim, a conversão mexe com o nosso bolso; o ser cristão exige a partilha que evangeliza. O Papa Francisco tem sido claro e direto: a evangelização não é uma opção; antes, é uma obrigação (cf. 1Cor 9, 16), é uma ordem de Jesus (cf. Mt 28, 16-20). E além de ir àqueles que já são cristãos, para re-evangelizá-los, temos

que ir além-fronteiras, em outras “aldeias”, como nos diz Jesus: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” (Mc 1, 38). Sem essa consciência e sem essa fé prática, nossa religiosidade se transforma em mero cumprimento de preceito que se esvazia em si mesmo e não tem sentido. “Ir além das nossas fronteiras para dizer quem é Jesus àqueles que ainda não O conhecem.” Não é possível cumprir com essa missão se não nos colocarmos em pé, se não sairmos da sacristia, se não formos onde estão as crianças, os jovens, os casais, os idosos, os enfermos, enfim toda e qualquer pessoa que necessita da presença do Senhor, através da nossa disponibilidade, presença e participação ativa. Sobre isto, eis o que diz o Papa Francisco: “Trata-se de abrir as portas e deixar que Jesus possa sair. Muitas vezes ‘fechamos’ Jesus em nossos corações, nossas mãos, em nossas comunidades e, absurdamente, em nossas organizações paroquiais, e não saímos nem deixamos que Ele

saia! Abrir as portas para que Ele vá, pelo menos Ele! Sim, trata-se de uma Igreja em saída, isto é, desapegada de suas falsas seguranças e apegos, muito comuns nos tempos atuais (cf. L’Osservatore Romano, n. 2312, p.10). É para ser uma Igreja em permanente saída que precisamos despertar para o Dízimo e as Ofertas. Seria para nós vergonhoso, para não dizer escandaloso, se, sendo muitos, não tivéssemos os meios necessários para evangelizar. Antigamente, e ainda até nossos dias, muitas Dioceses, Paróquias e Comunidades de Base tentam sobreviver de festas-quermesses em torno de seus padroeiros. Os tempos são outros e a realidade mudou também. Assim, o Dízimo é, sem dúvida, a melhor resposta que hoje podemos dar para que a Igreja, Comunidade de Comunidades (cf. Comunidade de Comunidades: uma nova paróquia. Documento 100 da CNBB - A partilha 2.4.2 nº 84) tenha o suficiente para cumprir com a missão de anunciar Jesus e participar da sua missão no mundo. É óbvio que a evangelização não se resume ao dízimo, ofertas e festas promocionais, mas ela não acontecerá de forma plena se não formos capazes de superar o egoísmo e a avareza, colocando parte de tudo o que temos a serviço da Igreja na qual somos batizados. Padre Milton Modesto Paróquia Santa Maria – Jaguariúna/SP

Espaço Catequético Estamos, a convite da CNBB, celebrando o Ano Nacional do Laicato. Por leigo entendemos todo fiel batizado, homem e mulher, que não é sacerdote (caso apenas dos homens) ou consagrado(a) na vida religiosa pelos votos de pobreza, castidade e obediência – ainda que também existam leigos/ as consagrados (as) por meio de votos ou de outros dispositivos canônicos semelhantes. O que, no entanto, se ressalta é a nobre missão de cada fiel leigo(a) ser, a pedido de Cristo, sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14), ou seja, uma pessoa que sabe, no meio do mundo, dar sabor e oferecer luz às realidades mais sombrias da vida, nas quais, talvez, o (a) religioso(a) ou o sacerdote não possam se fazer presentes, diretamente, como é o campo político parti-

LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA dário, por exemplo. Em linhas muito gerais, mas decisivas, trata-se do seguinte: A hierarquia da Igreja ou os clérigos (diáconos, sacerdotes e bispos) não deve se envolver em política, no que diz respeito a dar opinião sobre qual seria a melhor forma de governo (monarquia, presidencialismo, parlamentarismo) ou preferir determinados partidos políticos (de direita, de centro ou de esquerda). Aos leigos, sim, compete fazer política no sentido profissional da palavra. Cabe-lhes o direito de, à luz do Evangelho, transformar a realidade sociocultural deste mundo visando o benefício de todos. Bem formados por seus pastores, os leigos darão testemunho de Cristo ao mundo, por meio de suas ações políticas, com plena responsabilidade e liberdade, ou seja, atuando

como adultos na fé, por sua conta e risco. A Igreja deve, no entanto, se pronunciar sempre que estiverem em jogo pontos de fé e de moral (defesa da vida, da família, do bem comum etc.). Sim, pois, se é lícito (e é) ao fiel católico filiar-se, votar ou apoiar partidos políticos de centro, de direita ou de esquerda, ou, ainda, defender sistemas de governos diferentes (parlamentarista, monárquico ou presidencialista), nunca é lícito contrariar a fé e a moral da Igreja. Nenhum leigo(a) pode defender aborto, ideologia de gênero, comunismo etc. Daí ser “de justiça que a Igreja possa dar em qualquer momento e em toda parte o seu juízo moral, mesmo sobre matérias relativas à ordem política, quando assim o exijam os direitos

fundamentais da pessoa ou a salvação das almas, utilizando todos e somente aqueles meios que sejam conformes ao Evangelho e ao bem de todos, segundo a diversidade de tempos e situações” (Gaudium et Spes, n. 76). Completa o Pe. J. I. Langlois: “Os juízos do Magistério eclesiástico sobre matérias políticas e sociais devem basear-se em verdades reveladas [...]. Partindo desta condição, a Igreja tem pleno direito de intervir, mesmo fazendo uso da sua autoridade – dando critérios de ação uniformes aos católicos –, sempre que estejam em jogo os direitos de Deus ou da Igreja, bem como a salvação das almas” (Igreja e Política. S. Paulo: Quadrante, 1987, p. 31). Santa Quaresma e Páscoa! Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo


16 | O AMPARO

Notícias da Diocese de Amparo DIOCESE DE AMPARO ACOLHE ESCOLA DE MISSIOLOGIA

Teve início em nossa Diocese de Amparo no dia 25 de fevereiro o Curso de Formação Missionária - Escola de Missiologia. A iniciativa é dos Conselhos Missionários das seis Dioceses da nossa Sub-Região: Campinas, Bragança Paulista, Limeira, Piracicaba, Amparo e São Carlos. Nossa Diocese é a quarta a acolher a escola. O encontro aconteceu no prédio da antiga Cúria sob orientação do diácono Everton Nucchi, assessor do COMIDI (Conselho Missionário Diocesano). Estiveram presentes 65 participantes

de diversas paróquias da Diocese. A escola tem por objetivo oferecer uma formação sistemática do processo de reflexão e de construção de saberes teológicos que facultem uma atuação missionária no sentido de aperfeiçoamento humano e religioso das pessoas nas comunidades eclesiais. Utilizando do método “ver-julgar-agir” a proposta consiste na articulação de algumas exigências que visam uma Igreja “em estado permanente de missão”. No encerramento do dia foi celebrada a Eucaristia na Capela do Pa-

tronado, presidida pelo presidente do Sub-regional e bispo de Bragança Paulista, Dom Sérgio Aparecido Colombo, e concelebrada por nosso bispo, Dom Luiz Gonzaga Fechio, padre Anderson Frezzato, coordenador de pastoral, e pelo diácono Everton. Contamos também com a presença da coordenada da Escola de Missiologia, Ir. Sonia Sala, Missionária da Imaculada (PIME). “Deus nos abençoe, que aqui em Amparo nesta tarde tão bonita, com esta Eucaristia, iniciando essa Escola Missionaria nós possamos dizer para todos que nós queremos ser missionários, missionários do Deus da vida, missionários do Deus da esperança, missionários do Deus da paz. É a esse Deus que nós queremos nos entregar, é com Ele que nós queremos caminhar, é d´Ele que nós queremos aprender, diante de seu filho Jesus, crucificado e ressuscitado. Parabéns a Diocese de Amparo que inicia está Escola Missionária que é um grande ganho para o nosso Sub-regional Campinas”, articulou Dom Sérgio. “Muito obrigado pela presença de

cada um e de cada uma, presença preciosa que não é para fazer volume, ou fazer número, quantidade, mas para incrementar, pra dar consistência a nossa caminhada pastoral. Eu espero que esse primeiro domingo, esse primeiro encontro dessa escola possa ter despertado em nós essa vontade de ser mais aluno, de ser mais aluna desse Mestre, de ser mais seguidor, de ser mais seguidora d´Ele. Porque quando nós pararmos de ter essa vontade a gente vai regredir, vamos andar para trás. Que bom que essa escola chegou aqui, a nossa Diocese é a menor das seis da nossa província, do nosso Sub-regional, mas nós nos sentimos muito honrados e presenteados com essa oportunidade, e por isso eu agradeço pelo seu sim, a sua adesão a esse convite, a passar esse domingo fora da sua casa para se especializar mais na missão”, estimulou Dom Luiz. “Minha gratidão novamente a cada um de vocês, a Dom Sérgio, Dom Luiz, padre Anderson, pela oportunidade e confiança. Esperamos vocês em nossa próxima aula!”, disse o diácono.


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