Folha Diocesana - 279

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Liturgia C

Padre Ednaldo Oliveira Carvalho

Pároco da Paróquia São João Batista – Jd. Adriana

Liturgia Doméstica

aríssimos irmãos, desde Março deste ano de 2020, vivendo em isolamento social devida a Pandemia da COVID-19, descobrimos ao mesmo tempo, novas maneiras de convivência humana. Na verdade, os desafios que nos impediram de vivermos pastoralmente na Igreja, nos possibilitou um valor maior da Igreja doméstica, a família. Nestes últimos dias, muitos e lindos testemunhos chegaram ao nosso conhecimento de que a Palavra de Deus tem se tornado cada vez mais “Viva e Eficaz”(Hb 4,12 ) na vida das famílias e isso muito nos alegra. A esse respeito nos diz Dom Paulo Mendes Peixoto: “a esperança é de que as famílias saiam mais fortalecidas, na prática da convivência e da fraternidade, desse tempo de isolamento”. Na verdade, acreditamos que quando Deus providenciar o nosso retorno, com certeza muitos vão se regozijar: “que alegria quando me disseram vamos a casa do Senhor” ( Salmo 121).

Ainda vivemos sob a vigilância de uma necessidade do isolamento social, algo que mexe com o nosso comportamento, nos deixam inquietos, angustiados e irritados, porém, o isolamento (estar em casa), previne-nos de vivenciarmos uma dor maior no futuro. O nosso inimigo invisível, o coronavírus, tem levado inúmeras pessoas à morte e cada vez que ousamos descumpri as recomendações, corremos o risco de também perder a nossa vida, por isso que devemos continuar colaborando com tudo aquilo que favorece a vida com maior intensidade, sobretudo neste momento. É claro que talvez nos entristecemos com tantas perguntas e quase nenhuma resposta, mas de uma coisa estamos certos, de que Deus está conosco. Continuemos valorizando a nossa liturgia doméstica, pois “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt 18,20). Nossas famílias se identificam com esta passagem bíblica. Em muitas casas por exemplo, agora existem um saudável ritual:

Falando da Vida

oração pessoal e comunitária, leitura da Palavra de Deus diariamente, a reza do terço, momento para assistir a transmissão da missa, momento de estudo e distribuição de tarefas. Por causa deste contexto, muitas pessoas tiveram que reaprender a viver em família. Tal atitude levou alguns a enxergarem no próprio lá um tesouro, e com isso a Palavra de Deus vai se atualizando nestes ambientes: “porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6,21). Que possamos sair de toda essa situação de Pandemia, transformados; com nova mentalidade e uma atitude adequada para um novo tempo. Que Maria Santíssima nos ajude intercedendo a favor de nossa causa ao seu amado Filho, Jesus Cristo.

Romildo R. Almeida Psicólogo Clínico

Penso, logo sofro!

Como lidar com os pensamentos indesejáveis?

N

ossa mente é uma fábrica de pensamentos. Quando não estamos realizando alguma atividade de maneira focada, o passatempo predileto dela é pensar. Parece que temos um Galvão Bueno, ou seja, um narrador interno que adora contar histórias para nós mesmos. Viajamos pelo passado, pelo futuro, imaginamos coisas possíveis e impossíveis. No pensamento tentamos resolver problemas, pagar contas, preparar receitas, conversar com amigos e até brigar com inimigos. O que há de errado com isso? A princípio nada, pois o pensamento é necessário para estabelecer metas, realizar projetos e organizar nossa vida em todos os sentidos. O problema começa quando a atividade de pensar se intensifica e se torna o modo padrão de funcionamento mental. Quando isso acontece perdemos energia e com ela a capacidade de ser consciente. Nesses tempos de pandemia onde te-

Agosto de 2020

mos que passar muito tempo isolados dentro de casa com poucas atividades sociais, o problema se agrava gerando inquietude, o pensamento fica acelerado e pode ser um gatilho para ansiedade e até depressão. Em casos assim, podemos dizer que fomos sequestrados e nos tornamos reféns de nós mesmos. Como sair dessa armadilha? A verdade é que nunca conseguiremos parar de pensar, mas podemos oferecer à nossa mente um pouco de paz em meio ao caos. O primeiro conselho é: pare de brigar consigo mesmo. Comece a aceitar que os pensamentos são inevitáveis e inconscientes. Saiba que tentar evitá-los, só faz piorar. Entenda que a atividade de pensar está ligada às informações que chegam a nossa mente, através do ego. Mas o ego é como uma lente e como toda lente não é perfeita, existem distorções. Então não podemos dar muito valor ao que pensamos principalmente àquelas produções mentais excessivamente críticas.

Ao invés de lamentar o passado ou temer o futuro, deveríamos focar a atenção no aqui e agora, pois o passado já passou e o futuro ainda não aconteceu; é este o momento que estamos vivendo. Viver o momento presente, com atenção plena é utilizar a lente que nos permite curtir a beleza da vida nos seus detalhes sutis. Só assim poderemos perceber a riqueza que Deus nos deu e que, na maioria das vezes, passa despercebido.

Folha Diocesana de Guarulhos

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