Folha Diocesana - 278

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Editorial A

Igreja no período de isolamento social, teve as portas fechadas para colaborar com a proteção da vida. O fechamento das portas não significa que a Igreja está parada, sem ação evangelizadora, pelo contrário, os bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e leigos agentes de pastorais, descobriram o universo da tecnologia da comunicação como uma necessidade para a evangelização. As lives foram potencializadas de maneira espetacular. As mensagens escritas e de voz de aplicativos e videoconferências tornaram-se essenciais na promoção da caridade através das campanhas de alimentos, rou-

IGREJA E TECNOLOGIA NO TEMPO DE ISOLAMENTO SOCIAL pas, equipamentos de proteção individual, doações em dinheiro e combate as diversas situações de sofrimento na sociedade como a prática do racismo, violência doméstica, aprovação do aborto, ameaça a democracia e abuso de poder. Do mesmo modo os aplicativos promoveram ações pastorais e de sustentabilidade financeira das paróquias, como a mobilização dos dizimistas, pedidos de donativos em depósito bancário, aquisição de feijoadas, cestas de artigos religiosos e outras mobilizações. Nesta edição notamos claramente está nova realidade da Igreja, pois pela primeira vez até a ordenação diaconal sem a presença dos fiéis, de maneira especial

Enfoque Pastoral I

Pe. Marcelo Dias Soares Coord. Diocesano de Pastoral

“Espera no Senhor e tem coragem, espera no Senhor!”

niciamos o segundo semestre de 2020, muitos foram os projetos pessoais, familiares e pastorais frustrados no primeiro semestre, por causa da pandemia do covid-19, que colocou em colapso nosso país e o mundo. Como cristãos somos chamados a ser homens e mulheres da esperança, principalmente neste tempo, em que o medo tem paralisado e infectado as almas das pessoas. Não devemos ser imprudentes e fingir que nada está acontecendo, mas convido todos os diocesanos a olharem com esperança para o que vivemos e para o que vamos viver, daqui para frente. Os canais de comunicações oficiais, assim como muitas redes sociais têm propagado

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dos familiares do seminarista, foi transmitida pelas redes sociais apenas com a presença do clero. Algo que jamais um vocacionado esperava passar no dia de sua ordenação, assim afirmava Dom Edmilson Amador Caetano no início de sua homília. A Igreja jamais esteve parada. O tempo da epidemia não passou, novas orientações chegam através das autoridades civis e eclesiásticas para uma possível flexibilidade e até um possível retorno às atividades da Igreja. Como a Igreja se organizará ? A resposta não é fácil, porém uma certeza podemos ter, o avanço do uso correto e potencializado da tecnologia foi um enorme ganho para a Igreja na ação evangelizadora.

muito os “achismos” e pouco tem divulgado as noticiais como deveriam. Nosso país vive hoje, além da pandemia, uma crise social e política, provocadas por desinformação e principalmente por pessoas que acham que agora é tempo de defender suas ideologias políticas. Infelizmente muitos batizados entram neste jogo e atacam outro irmão, não se importando com as consequências. Agora é tempo de aprendizado, com tudo que já vivemos este ano e por aquilo que há de vir. Para este segundo semestre já temos alguns eventos pastorais adiados e alguns cancelados, entre eles a Semana Diocesana de Formação que seria este mês, mas não permitamos ao medo paralisar o nosso espírito. Assim como já temos presenciado

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Salmo 27,14

nas paróquias e pastorais diocesanas, usemos das redes sociais para rezar, formar, informar, trabalhar e anunciar a Boa Nova do Reino de Deus. “Coragem é olhar para frente e seguir, mesmo com medo” (Santa Edith Stein). Confiemos no Senhor e peçamos que nos dê sabedoria para aprender com tudo que estamos vivendo. Eu mesmo pude fazer a experiência, muito forte neste último mês, da providência e cuidado de Deus. Aproveito para agradecer as orações e carinho do povo de Deus, que rezou pela minha recuperação e me colocou na santa vontade de Deus. Roguemos a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, para que inspirados nela, confiemos no Senhor e na sua providência, que nunca falha. Coragem!

Nesta Edição 03 04 05 06 09 11

Voz do Pastor Retomando as Atividades

Pastoral Familiar Família e Educação

Falando da Vida O fim da Pandemia e o novo normal

Vida Presbiteral Porque rezar pelos padres?

Ordenação Diaconal Seminarista Francisco Lucas Pereira

Pastoral Vocacional Missão formativa em tempos de Pandemia

Expediente Jornalista Responsável PE. MARCOS V. CLEMENTINO MTB 82732

Orientação Pastoral PE. MARCELO DIAS SOARES Editoração Eletrônica LUIZ MARCELO GONÇALVES Tiragem: ON-LINE CÚRIA DIOCESANA DE GUARULHOS Av. Gilberto Dini, 519 - Bom Clima, Guarulhos CEP: 07122-210 | 11 2408-0403

www.diocesedeguarulhos.org.br folhadiocesana@diocesedeguarulhos.org.br

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Voz do Pastor

+Edmilson Amador Caetano, O.Cist. Bispo diocesano

Retomando as atividades

“A fé vem da pregação e a pregação é pela Palavra de Cristo” - Rm 10,17

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o retomarmos nossas atividades e celebrações presenciais em nossas comunidades, com todos os cuidados que se fizerem necessários, o que deverá ser prioritário? Não sei dizer com que modalidades o faremos. Contudo, a prioridade deve ser a comunidade que escuta a Palavra de Deus. A Palavra é o primeiro pilar da comunidade eclesial missionária. “A fé vem da pregação e a pregação é pela Palavra de Cristo” (Rm 10,17). 1 - É prioritário que as comunidades – com toda segurança sanitária que for exigida – restaurem os grupos de reflexão com Leitura Orante da Palavra de Deus. (É bom irem se organizando, ainda que no primeiro momento recomeçaremos com as celebrações ) “...a inteligência das Escrituras exige, ainda mais que o estudo, a intimidade com Cristo e a oração. Igualmente, é indispensável uma leitura orante comunitária, que evite ‘o risco de uma abordagem individualista, tendo presente que a Palavra de Deus nos é dada precisamente para construir comunhão, para nos unir na Verdade no nosso caminho para Deus. Sendo uma Palavra que se dirige a cada um pessoalmente, é também uma Palavra que constrói comunidade, que constrói a Igreja. Por isso, o texto sagrado deve sempre ser abordado na comunhão eclesial” (Papa Bento XVI, Verbum

Domini, apud DGAE 2019-2023 n. 91). “O Evangelho passa a ser o critério decisivo para o discernimento em vista da vivência cristã” (DGAE n.92) 2 - Neste tempo de pandemia eclodiram as plataformas digitais com “lives”, reuniões, conferências, debates etc. eu mesmo participei de várias. Angustia-me o fato dos cristãos darem às vezes mais importância às análises sociopolíticas e socioculturais como único instrumento de cosmovisão e busca de soluções. São importantes análises políticas, sociais e culturais. Não podemos ignorá-las. No entanto, os cristãos possuem uma ferramenta decisiva que é a Palavra de Deus. Esta primazia da Palavra tem que ser retomada, principalmente neste tempo conturbado social, política e culturalmente. “A apresentação de Jesus Cristo necessita ser cada vez mais explicitada, não podendo mais ser considerada como tranquila e vinculada aos mecanismos de iniciação sociocultural. Daí a importância da iniciação à vida cristã, a ser disponibilizada pela Igreja, tantas vezes quantas forem necessárias, inclusive para quem já tenha recebido os três sacramentos da iniciação cristã” (DGAE 152) 3 - A nossa diocese, desde a Assembleia Diocesana de Pastoral de 2015, escolheu como prio-

Agenda do Bispo - Julho 2020 01 02

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15h – Seminário Lavras 15h – Seminário Lavras 20h – Instalação da Área Pastoral São Paulo Paróquia São José – Transmissão on-line

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15h – Seminário Lavras

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09h - 17h – Atendimento aos Padres Assessores Pastorais e Movimentos – Cúria

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ridade, além da Leitura Orante, o estudo sério, metódico e científico das Sagradas Escrituras. Isso é importantíssimo para que sejam evitadas as abordagens individualistas que se falava acima. Com várias modalidades foram criadas nas foranias as Escolas da Palavra e temos a Escola de Ministérios com um currículo de cinco anos de estudos. Com a pandemia estas iniciativas ficaram prejudicadas. Talvez as modalidades ordinárias poderão retornar somente no próximo ano. No entanto, não podemos sentar e esperar o próximo ano sem nada fazer. Se existe algo que este tempo de pandemia nos tem ensinado é a criatividade. Não saberia dizer como fazer e nem tenho aptidão técnica para isso, mas um dos aspectos práticos do pilar da Palavra das DGAE nos inspira: “Utilizar o potencial das redes sociais, desenvolver e difundir aplicativos, para que a Palavra alcance todas as pessoas em todas as situações” (DGAE 159) Talvez alguns esperassem que eu desse nesta coluna diretivas bem práticas. Não seria capaz neste momento. O sentido da fé e a criatividade não são exclusividades do bispo, mas de todo Povo de Deus. Deus me inspira esta prioridade na restauração da vida das nossas comunidades no pós-pandemia. As coisas concretas iremos construindo juntos.

09h - 17h – Atendimento aos Padres Assessores Pastorais e Movimentos – Curia 09h - 12h – Atendimento aos Padres Assessores Pastorais e Movimentos – Curia 14h30 – Atendimento Cúria 20h – Missa Paróquia NS Bonsucesso – 70 anos

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09h30 – Atendimento Cúria 14h - 17h – Atendimento aos Padres Assessores Pastorais e Movimentos – Cúria 09h – Posse da nova Diretoria da Faculdade de Direito Canônico – São Paulo

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09h - 12h – Atendimento aos Padres Assessores Pastorais e Movimentos – Cúria

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09h30 - 15h – Colégio de Consultores

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09h30 – Atendimento Cúria

14h30 – Atendimento Cúria

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Pastoral Familiar Família e Educação

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estes tempos em que todos estamos nos adaptando às novas mudanças deste mundo, a CNPF – Comissão Nacional da Pastoral Familiar, também se adaptou e no último dia 23 de Maio, realizou o 10º Simpósio Nacional das Famílias totalmente on-line, utilizando das mídias sociais para que o evento pudesse chegar a todos lugares do Brasil. Este evento normalmente acontece em Aparecida – SP de forma presencial, com a participação de todos os agentes da Pastoral Familiar do Brasil e foi cancelado por causa da pandemia. Sabemos que nem sempre é fácil para algumas regiões do Brasil a vinda até Aparecida.

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Em alguns casos, só um representante da Pastoral, em outros, só o Padre vinha. Neste novo formato proporcionou a todos o acesso a programação. Com o Tema “Família e Educação” e o lema “... Crescia em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos Homens” (Lc 2,52), foi uma ocasião para aprofundar a visão da Igreja de que a Família é lugar, por excelência, da educação e que “conhecer exige educar”. Este Simpósio é um dos momentos formativos mais significativos, além de espaço de convivência e conhecimento mútuo” entre os agentes da Pastoral e de outros movimentos. As transmissões do Simpósio foram divididas em dois momentos: das 8h às 12h e das 14h às 18h. Sabendo deste momento tão importante para as Famílias do Brasil, Dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, recebeu uma carta enviada pelo Papa Francisco às famílias do Brasil por ocasião do Simpósio, e fez um convite para que as famílias sejam animadas pela “criatividade do amor” (g.n.). Esta mensagem foi lida na íntegra por Dom Ricardo Hoepers muito emocionado pela consideração do Santo Padre as Famílias do Brasil. O 10º Simpósio Nacional das Famílias movimentou o canal da Pastoral Familiar no Youtube com recorde de visualizações, chegando a praticamente 37,4 mil pessoas, no último dia 23 de maio.

Foram 15.413 espectadores únicos, número que considera as contas logadas na plataforma, e 9,5 mil comentários durante todo o dia. De acordo com a projeção dos organizadores, considerando os casais e famílias que poderiam estar assistindo juntos a partir de uma única conta no Youtube, o número total de espectadores pode ter passado de 30 mil pessoas em todo o Brasil. E foi esta projeção nacional que emocionou quem acompanhou e quem participou do Simpósio, como os membros da Comissão Nacional da Pastoral Familiar. Logo no início do Simpósio, o Terço das Famílias fez comunhão em oração com agentes de todo o país. Cada mistério foi rezado por uma região do Brasil. E assim, aqui em nossa Diocese, a Pastoral Familiar Diocesana, sobre a supervisão do Pe. Carlos, assessor da Pastoral Familiar, e a coordenação do Casal Luiz Aguiar e Elaine Mena, fez uma reunião on-line com os agentes para montar novas estratégias visando também esta tendência de reuniões e treinamentos on-line, pois uma Pastoral tão importante em nossa Diocese não pode parar.

Pastoral Familiar Diocesana Coordenadores: Luiz 11 999151484 Elaine 11 999353021

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Direito e Família Cristã A

Marcos Antônio Favaro

Procurador Jurídico, pós-graduando em Teologia, mestre em Direito pela PUC-SP

Família: a principal célula da sociedade

Constituição Federal afirma, em seu artigo 226, que a família é a base da sociedade, pois se constitui o lugar por excelência no qual o indivíduo se socializa, colaborando para a construção do mundo e de uma vida verdadeiramente humana. No seio de uma família, o ser humano é retirado do anonimato, recebendo dignidade, inserindo-se na primeira escola de virtudes, chamado a uma experiência de encontro, gratuidade, comunhão, diálogo, generosidade e disponibilidade desinteressada. Devemos nos perguntar: nossa família tem realizado a sua belíssima missão no mundo de hoje? Como cristãos, sabemos que a família é obra de Deus para realização do homem no amor ao próximo. Se na família falta consciência e fidelidade à sua missão, a sociedade toda adoece.

Torna-se necessário iniciar um caminho de retorno à origem. Com toda certeza, o primeiro passo está na conversão dos corações de nossas famílias ao Evangelho de Jesus. É preciso também formar as mentes nos valores coerentes com os padrões morais que Deus revelou nas escrituras. Todavia, ainda que a família se coloque em um caminho de conversão, consciente dos valores cristãos, encontra inúmeros desafios práticos para responder ao chamado “ide e evangelizai”, chamado este que lhe dá uma dimensão missionária. Torna-se necessário refletir, dentre outras questões: como criar um ambiente na sociedade atual para que a família cristã possa viver o projeto de Deus e evangelizar? Quais os limites na prática dos valores cristãos em um Estado de Direito que se diz sem religião? Convidamos você, a cada edição de nossa querida Folha Diocesana, dialogar conos-

Falando da Vida

co sobre os desafios da família moderna, em especial quando estes se relacionam com as características da sociedade na qual estão inseridas, com o próprio Estado e com o Direito. E assim, com alegria e firmeza, respondermos ao chamado de Jesus e da Igreja, que podemos sintetizar com o clamor de São João Paulo II em sua encíclica Familiaris Consortio: “família, torna-te aquilo que és!”.

Romildo R. Almeida Psicólogo Clínico

O fim da pandemia e o novo normal Antes de começar o Novo, temos que acabar com o velho.

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moda agora é falar do novo normal; esse tema está em discussão em todas as mídias e o objetivo é debater como será a vida das pessoas depois que passar a pandemia. Muitos defendem que várias mudanças acontecerão e afetarão o comportamento das pessoas. Mas, para além da máscara e do álcool em gel, debater o novo normal é partir do pressuposto que existia um normal e nesse ponto não dá para seguir na discussão sem antes fazer uma reflexão. A pergunta é: será que a situação que existia antes da pandemia poderia ser considerada como normal? Vamos refletir um pouco: É normal viver num país onde 5.653 pessoas morrem de desnutrição por ano segundo dados do próprio Ministério da saúde, uma média de 15 pessoas por dia? É normal que mais de 3 milhões de crianças fiquem fora da escola e tenham que trabalhar para ajudar a família e

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que ainda existam mais de 11 milhões de analfabetos? É normal que pelo menos 8 milhões de brasileiros nem sequer existam legalmente, pois não têm documento de identidade? (Esse dado ficou comprovado durante o cadastramento para receber o auxílio emergencial) Talvez não seja normal um país com tantas riquezas, abrigar mais de 50 milhões de pessoas vivendo na linha da pobreza e outros 13 milhões na extrema pobreza, com menos de 1,9 dólares por dia, conforme critério adotado pelo Banco mundial. Também não é normal que 50% da população brasileira não tenha acesso a esgoto e 35 milhões vivam sem água tratada. Um país com altos índices de violência não é normal e constatar que 75% das vítimas de homicídios são negros, torna a realidade ainda menos normal. Espancamento de mulheres, perseguição às minorias, desmatamento de florestas, invasão de terras indígenas, nada disso é normal.

Como falar em novo normal diante de tanta anormalidade? A verdade é que o mundo está doente e não é só de Coronavírus. Então que este seja um momento de mudanças; que essa pandemia provoque uma revolução de pensamento e de valores; que se compreenda aquilo que ficou escancarado nessa tragédia planetária; que se entenda que a saúde tem que ser universal, pois a vida é um direito de todos, independentemente de sexo, credo, raça ou classe social. Enfim que aprendamos que não haverá novo normal sem que acabemos com o velho.

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Vida Presbiteral

Padre Cristiano Aparecido de Sousa Representante dos Presbíteros

Para que rezar pelos padres?

A santidade do sacerdote é impulso ainda maior para a santidade dos fiéis.

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nstituído pelo Papa João Paulo II, no ano de 1995, o dia mundial de oração pela Santificação dos sacerdotes é celebrado por ocasião da solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Esta solenidade tem um significado especial para a vida de todos os sacerdotes até mesmo porque no Coração de Jesus os sacerdotes encontram o sentido de ser. O sacerdote que perscruta os segredos do Coração de Jesus pode experimentar a fecundidade de seu ministério. É na proximidade com o Sagrado Coração de Jesus que o sacerdote compreende como a sua ação pastoral deve conduzir o rebanho ao pastoril de Cristo Jesus. Ao contemplarmos a imagem do Coração de Jesus, vemos o seu Coração exposto. O sacerdote, por sua vez, expõe o seu coração através de suas ações que santificam o povo e, ao mesmo tempo, santifica-se. Seu coração se torna o ostensório que expõe as virtudes do coração de Jesus. Ao contemplar os

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sacerdotes em seu serviço de entrega e de amor, a comunidade vê presente Cristo Jesus. Recordo-me aqui das palavras do Santo Cura d’Ars “quando verdes um sacerdote, pensai em nosso Senhor”. Até aqui, porém, apresentamos somente o histórico e a espiritualidade do dia mundial de oração pelos sacerdotes... a resposta à pergunta colocada no início se faz exigência neste momento. Por que rezar pelos sacerdotes? Todos os fiéis, movidos de uma consciência reta, trazem consigo o desejo de que seus sacerdotes sejam santos. Por isso, a oração pelos sacerdotes é uma das formas de cooperar pela santificação deles. Queres Padres Santos? Reze por eles! A oração tem o poder de transformar a vida daqueles que, chamados por Deus e configurados a Cristo, fazem as vezes do próprio Cristo. A santidade do sacerdote é impulso ainda maior para a santidade dos fiéis. Uma comunidade, que reza pelos

seus sacerdotes, acolheu com clareza a ordem de nosso Senhor “pedi e recebereis” (Mt 7,7). Em muitos casos, a aversão à oração pelos sacerdotes se dá por aqueles que, vendo as debilidades do sacerdote, não compreendem as palavras do apóstolo Paulo “trazemos tesouros em vasos de barro” (2Cor 4,7). Se você se deparou com a fragilidade do seu sacerdote, reze por ele. Ele está na mesma busca que você, a busca pela santidade. Os frutos colhidos pela oração aos sacerdotes não estão relacionados estritamente a eles, mas também àquele que reza. Como poderia entrar eu em oração intercedendo pelo outro e não ser beneficiado daquela oração? Poderia eu entrar em um rio e sair de lá sem me molhar? Ao rezar pelos sacerdotes você também é beneficiado. A conversão do sacerdote te beneficia e a oração que fazes por ele também. Por isso, convido-te a, com firme decisão, empreender uma jornada de oração pelos sacerdotes. Não espere o próximo dia de oração pela Santificação dos sacerdotes. Quem ama a Igreja, ama também os sacerdotes e reza por eles. Por meio desses homens, chegam até nós os tesouros valiosos dos sacramentos, eficazes meios de salvação! Louvo a Deus que, em nossas comunidades paroquiais, existem muitos leigos que amam os seus sacerdotes e rezam por eles. A estes, eu exorto, permaneçam fiéis. Aqueles que ainda não rezam pelos sacerdotes, eu suplico, rezem por nós! Durante esse tempo de pandemia, também estamos à frente deste grande combate: nas visitas aos hospitais, no atendimento das confissões, no atendimento aos mais necessitados. É grande também a luta dos sacerdotes! Ajude-nos como o povo que ajudou Moisés sustentando suas mãos cansadas. Sustente seu sacerdote pelas suas orações! Julho de 2020


Liturgia

Padre Jair Costa Comissão Diocesana de Liturgia

A dinâmica e a espiritualidade do Tempo Comum

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este distanciamento social, muita coisa mudou... Celebrações online, sem a presença da assembleia. Equipes de liturgia e canto reduzidas... Como participar da liturgia com proveito? Lembremos as palavras de Jesus: Estou convosco todos os dias, até o fim do mundo... Se este é um tempo de “fim de mundo”, também aqui o Senhor está conosco, e nos ensina a viver a novidade do seu Reino! Por isso, mesmo isolados em casa, ao nos reunirmos para celebrar, é fundamental construir esta atitude de ir ao encontro do Senhor e da comunidade. A presença do Senhor, na palavra proclamada e na oração comunitária, é presença real, mesmo mediada por tecnologias. O que vai fazer a diferença é a nossa postura, de ir ao encontro de Deus e do irmão. A dinâmica litúrgica pede uma abertura de coração, para o compromisso com Cristo e com seu Evangelho. Estamos vivendo o tempo comum: tempo de celebrar a missão de Jesus, e assumir que somos aprendizes nesta missão. A cada domingo, vamos meditar no caminho que Jesus faz para anunciar o Reino. A oração eucarística 6 – C nos convida a contemplar com o Pai o rosto de Jesus: “Ele é o caminho que conduz para vós, a verdade que nos liberta e a vida que nos enche de alegria. Por vosso Filho, reunis em uma só família os ho-

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mens e as mulheres, criados para a glória de vosso nome, redimidos pelo sangue de sua cruz e marcados com o selo do vosso Espírito”. E Jesus quer nos envolver no seu caminho. Nos evangelhos do tempo comum, vemos que Jesus não se conforma à situação: muda suas estratégias, fala às multidões, repreende os discípulos, está atento às necessidades das pessoas. Ele só não muda seu objetivo: anunciar o Reino do Pai. Especialmente neste mês de julho, os domingos apresentam o Evangelho de Mateus, narrando as parábolas do Reino. Quando Jesus fala do Reino em parábolas, ele faz uma revisão da missão realizada, e reapresenta o ideal a ser cumprido por todos nós, discípulos e discípulas. O Reino de Deus é semente, que cai em terra dura, cheia de pedras, espinhos, ou terra boa... e o semeador não desiste... O Reino é ainda como o fermento, como o tesouro, como a rede... e nós, respondendo à teimosia de Deus, que não se cansa de fazer o bem, respondemos: Sim Senhor, nossas mãos vão plantar o teu Reino... (Louvai, 956) No tempo comum, comparando os textos bíblicos do domingo e as orações litúrgicas, vemos o chamado para viver a aliança com Deus, em Cristo. As orações litúrgicas que acompanham os domingos de julho destacam este compromisso com o Reino anunciado na palavra e no Evangelho: “Ó Deus, dai aos que professam a fé abraçar tudo que é digno do nome de cristãos” (oração

inicial do domingo 12 de julho) “multiplicai em nós a vossa graça, para guardarmos fielmente os vossos mandamentos” (19 de julho) “Redobrai vosso amor para conosco, para abraçarmos os bens que não passam” (26 de junho). Antes de participar da celebração online, medite, reze os textos bíblicos e litúrgicos... deixe o Senhor te tocar pelas palavras que serão rezadas. Faça do domingo seu dia de renovar a aliança de amor com Jesus, pessoalmente e comunitariamente. Para concluir, vamos nos apropriar, de novo, da Oração eucarística 6 – C: Ó Pai, “Fazei que todos os membros da Igreja, à luz da fé, saibam reconhecer os sinais dos tempos e empenhe-se, de verdade, no serviço do evangelho. Tornai-nos abertos e disponíveis para todos, para que possamos partilhar as dores e as angústias, as alegrias e as esperanças, e andar juntos no caminho do vosso reino”.

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Bíblia

Padre Antônio Carlos Frizzo Vigário da Paróquia Santa Rita de Cássia – Jardim Cumbica

Ler Sirácida 13, em tempos de crise social mãos de ferro será a causa de um total descontrole social na região. O controle total da cidade de Jerusalém será uma das estratégias para manter a ordem e domínio militar. Mas, ontem como hoje, qualquer império cria estratégias às suas metas no desejo de aperfeiçoar e perpetuar seu estilo de imperar. É nesse desejo de dominar os mais fracos que surge o texto de Sirácida 13.

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atividade profética não terminou com o exílio babilônico, em 587 a.C. Cremos que ela continuou por meio de novas vozes, pessoas, grupos. Adquiriu novos contornos em novos ambientes. Eis a temática central deste texto ao apresentar uma reflexão sobre o capítulo 13 do livro de Sirácida ou Eclesiástico, na ótica do comportamento entre o pobre e o rico. Em nossa interpretação, apostamos que temos nessas páginas bíblicas uma profecia. Uma profecia de cunho sapiencial que se espalhou em outros livros, na época pós-exílica (Sabedoria, Salmos, Jó, Cantares e Provérbios). Ela adquire novos contornos entre acrósticos, poemas, provérbios e sentenças. Buscamos contextualizar a época do surgimento do livro de Sirácida, para em seguida, analisar as propostas sociais da narrativa. Um regime de governo teocrático se instalou na Palestina, após os persas terem realinhado toda região do “Além-Eufrates” aos seus interesses. Os fatos

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O capítulo divide-se em duas partes. Numa primeira, podemos perceber o lugar social do nosso mestre. Seus olhos parecem constatar o aumento dos pobres. Elevadas taxas de impostos, as constantes guerras, as necessidades, cada vez mais necessária, da mão de obra escrava, as sistemáticas perdas do direito à posse da terra (v. 1-14), explicam o aumento da pobreza. Numa segunda parte, nosso ocorridos, após o edito do rei Ciro, pos- autor mostra as consequências de um sivelmente publicado no ano de 538 a.C., sistema de exploração: a destruição do por mais de dois séculos, garantirão aos tecido social. As relações diretas, os espersas o controle hegemônico na contur- paços sociais de criação, a manutenção bada região. Aos vários povos exilados na das tradições clânicas, o interesse pelo Babilônia não faltarão propostas políticas auxílio mútuo, bem como, a comunhão de de retorno às terras de seus ancestrais. ideias desaparece dando lugar a um gruAos grupos levados cativos nas guerras po de privilegiados, chamados de ricos (v. de 597 e 587 a.C., por ocasião da política 15-23). expansionista, liderada por Nabucodonosor, o retorno a Sião, foi visto como gesto Sirácida é mestre e seu desejo é de bondade da parte de Javé e manifes- acenar o caminho da felicidade, da vida tação das suas vontades na pessoa do feliz aos seus concidadãos. O termo pomonarca Ciro. É chegado o momento de bre é citado em contraposição ao tercada um ir ao seu irmão, ao seu compa- mo rico. A narrativa tem seu destaque nheiro e dizer “Coragem” (Is 41,6): “Que no comportamento do rico apresentado digo a Ciro: “Meu pastor.” Ele cumprirá como alguém que sempre leva vantagem. toda a minha vontade, dizendo a Jerusa- Utiliza-se de sua riqueza para definir seu lém: “Tu serás reconstruída”, e ao Templo: lugar no estrato social e sua supremacia “Tu serás restabelecido” (Is 44,28) diante do pobre. Sirácida apela a seus interlocutores a terem prudência: 1. Não se deixar levar por um relacionamento utilita No ano de 199 a.C., os gregos se- rista, diante do rico (v. 4); 2. A proteção de lêucidas controlam o corredor comercial seu patrimônio, diante de uma contenda ligando o Egito aos países do Norte, lide- com o rico (v. 5); 3. Apelo para não se deirados por Antíoco III, também autoprocla- xar levar por um certo tipo de malandramado, o Grande. Uma política feita com gem do rico. Julho de 2020


Aconteceu

Ordenação Diaconal do Seminarista Francisco Lucas Pereira

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Aconteceu Missa de posse do Padre Lucas Gobbo, CR como administrador da Paróquia São Geraldo – Ponte Grande

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oi celebrada no ultimo dia 14, às 10h, a Missa on-line de Apresentação do padre Lucas Antônio Gobbo Custódio, CR; como novo Administrador Paroquial da Paróquia São Geraldo – Ponte Grande. A Missa foi presidida por Dom Edmilson Amador Caetano, O. Cist, Bispo Diocesano e concelebrada pelo Pe. Bruno dos Reis Paula, CR, membro da Comunidade Teatina de Guarulhos-SP. Seguindo as orientações das autoridades e do próprio bispo, a celebração foi feita com um número mínimo de pessoas presentes.

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da caminhada, esperamos encontrar as devidas respostas e mais perguntas… mas uma coisa é certa, ‘Aqui se faz a vontade de Deus, como Ele quiser e até quando Ele quiser’, como nos inspira São Geraldo Magela, nosso padroeiro. Sigamos em frente com esperança! Diante de nós abre-se um novo tempo, como um vasto oceano para aventurar-se com a ajuda de Cristo. A todos meu muito obrigado pela confiança depositada. Rezem por mim e conto com todos vocês!”, finalizou o Padre em seu discurso.

Pastoral Afro-Brasileira faz Missa na Festa Litúrgica de Nhá Chica

oi realizada no dia 14/06, na Capela Nossa Senhora do Carmo, que pertence a Paróquia São Judas Tadeu - Jd Alice, data da festa litúrgica da Beata Nhá Chica e transmitida na forma de live (com todas as medidas de segurança necessárias), uma missa de rito romano inculturada em estilo afro brasileiro. A homilia e ação de graças foram totalmente dedicadas a esse exemplo de vida cristã: filha de alforriada, órfã muito cedo e analfabeta, buscou na simplicidade e fé em Nossa Senhora da Conceição, praticar a solidariedade e amor ao próximo. A missa foi presidida pelo Pe. Romualdo Almeida, e organizada pelo grupo paroquial da Pastoral Afro Brasileira, os

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A cerimônia iniciou com a leitura do decreto de nomeação do padre Lucas como Administrador Paroquial, lido pelo Pe. Bruno, CR. Ao final, padre Lucas fez um agradecimento ao Bispo, ao Conselho Provincial pela confiança e a toda comunidade paroquial. Em seu texto Pe. Lucas destacou que “Consciente dos grandes desafios que o mundo urbano secularizado apresenta para nossa Igreja, para uma vida de fé sincera e para a defesa da unidade em Cristo, espero que em nossa Paróquia de São Geraldo Magela possamos encontrar espaço para um encontro pessoal com o Senhor, fortalecendo os passos tantas vezes cansados e as mãos trêmulas. Nutro também a expectativa de conseguirmos atingir mais as pessoas, ir ao encontro delas, e não apenas esperar que elas venham até nós. O que fazer? Como fazer? No decorrer

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Herdeiros de Nhá Chica. A missa fez parte do encerramento da novena do grupo dedicada a beata brasileira, onde por 9 dias, foi narrada toda a sua história de vida, o milagre a ela atribuído e seu processo de beatificação. Que Nhá Chica interceda por todos, principalmente pelos agentes da Pastoral Afro Brasileira de nossa diocese, que por meio do evangelho, e a luz dos documentos da Igreja, possam evangelizar por meio da liturgia inculturada, combatendo o preconceito racial através da Palavra e do amor. Axé! Por Orlando Junior

Grupo de Base Herdeiros de Nhá Chica Pastoral Afro-Brasileira

Julho de 2020


Pastoral Vocacional A

Pesquisa realizada com Seminaristas de Niterói reflete sobre a missão formativa em tempos de pandemia

psicóloga Luciana Campos e o padre Douglas Alves Fontes, reitor do Seminário São José da arquidiocese de Niterói (RJ), decidiram realizar uma pesquisa na busca por tentar compreender melhor o momento vivido, no que diz respeito à formação sacerdotal, no contexto da pandemia do coronavírus. Questionamentos sobre como manter o ritmo da formação neste ambiente, quais são os desafios e a interferência no processo formativo dos futuros padres foram feitos para, sobretudo, tentar destacar algumas luzes que a pandemia convidou a todos a enxergar e assumir. “Neste artigo, recolhemos as respostas que recebemos na pesquisa e nos propomos a refletir sobre a missão formativa em tempos de pandemia. Veremos os desafios da continuidade da formação sacerdotal, em tempos desafiadores para todos. O artigo se apresenta como uma síntese do que refletimos e uma ante-sala do que queremos refletir”, explica Luciana. ”Em breve, um novo artigo será publicado, com um viés mais acadêmico. Contudo, achamos por bem publicar esta síntese, antecipando o que falaremos e já apresentando um primeiro fruto da pesquisa! Por isso, de antemão, manifestamos nossa gratidão a todos os seminaristas que se dispuseram a nos responder, os quais continuamos querendo acompanhar e formar nesse caminho tão significativo. Gratidão a todos os que nos apoiaram, ao longo da aplicação dos questionários!” disse o padre Douglas. O religioso conta ainda que a quantidade de respostas foi algo inesperado. “Para nossa surpresa, em pouco mais de duas semanas, recebemos o retorno de 2.000 seminaristas de todo o Brasil, na pesquisa que girou em torno da vida deles, no contexto da pandemia. Tocava em diversos pontos: disciplina, vida de oração, vocação, alimentação, luto, estudos, relações…”. Luciana contou ainda que o questionário teve um retorno de respostas com percen-

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tual muito significativo, que talvez compreenda perto de 50% dos seminaristas do Brasil. E detalhou que, dos que responderam, a maior parte veio dos formandos para o clero diocesano (92,1%), residentes nas regiões Sudeste (38,9%), Nordeste (30,2%), Sul (15,9%) e Centro-oeste (8%) do país. O maior grupo faz parte da etapa do discipulado (42,8%), seguindo-se os da etapa da configuração (34,9%) e do propedêutico (20%). A Pesquisa A pesquisa, feita com 2 mil seminaristas do país, apresentou que durante a pandemia a maioria foi para a casa de suas famílias (62,2%) e um segundo grande grupo permaneceu nos seminários (25,6%). O restante se dividiu entre casas paroquiais, conventos e alternando casa e seminário. Diferentemente do que muitos poderiam pensar, os seminaristas que responderam ao questionário, em sua maioria, disseram que conseguiram ter privacidade dentro da própria família (71%). Este dado pode, segundo a pesquisa, dizer algo sobre a necessária independência do formando em relação a sua família. Porém, estando em casa, outro desafio possível apresentado seria o enfrentamento dos conflitos familiares. 42,6% responderam que tiveram que enfrentá-los. Se para muitos de nós, a pandemia favoreceu um estado de elevação da ansiedade, a maioria dos seminaristas respondeu que seu estado emocional, nesse momento de pandemia, está normal (41,9%). Não obstante, um outro grupo se percebeu levemente ansioso (33%) e (8,1%) muito ansioso. Na entrevista, (35,7%) dos rapazes responderam que sentiam o peso da solidão.

A maioria (64,3%) afirmou que não sentia. Outro dado interessante, mas não novo, diz respeito ao uso das redes sociais. A entrevista revelou que (36,7%) dos seminaristas estavam usando a internet para redes sociais. Formação continuada fora do seminário Um aspecto importante, indicado nos questionários, refere-se ao momento de profunda introspecção, propiciado pelo confinamento, e a questão vocacional (67,2%). Os rapazes admitiram que repensaram sua vocação, neste período. Apenas (30,8%) dos rapazes continuaram contando com o acompanhamento espiritual online, ao passo que (69,2%) ficaram sem esta possibilidade, ressaltando que este é um percentual muito próximo dos que admitiram questionar sua vocação. Por outro lado, quando indagados sobre a presença dos formadores neste período, as respostas são mais animadoras, pois a maioria dos rapazes (89%) foram contatados pelos formadores, para interação social (25,6%) e também para a continuidade do trabalho formativo (74,4%). Ao serem questionados sobre as maiores dificuldades, neste momento, as respostas são bem difusas e plurais: dificuldades para manter a rotina de orações (32,5%) aparecem seguidas de dificuldades pela falta de contatos sociais (22,1%), de ma-

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Pastoral Vocacional nutenção da castidade (11,1%), por falta de direção espiritual (10,5%), dificuldades de assistir à missa online (7%), entre outros fatores. Outro desafio no momento refere-se à perda de entes queridos: (14,6%) perderam algum ente próximo e deste quantitativo, (31,9%) vêm demonstrando dificuldades em elaborar o luto. A maior parte dos seminaristas brasileiros relataram que deram continuidade aos seus estudos, neste período, de modo remoto (86,7%), contrastando com um número menor que não tiveram oportunidade de fazê-lo (13,3%). Um último dado destacado da pesquisa é o que diz respeito às relações. Dos seminaristas participantes, (53,5%) responderam que se sentiam bem, na relação com eles mesmos, enquanto (30,6%) disseram que se sentiam regulares, nessa relação. (8,2%) disseram que essa relação estava ruim. Já na relação com Deus, (43,7%) responderam que estavam vivendo uma boa

relação, enquanto (32,1%) disseram que era uma relação regular. Na relação social, (45,9%) disseram que viviam uma boa relação e (36,4%) viviam uma relação regular. Pós-Pandemia Ao concluir o percurso, a partir da pesquisa, com 2000 seminaristas do Brasil, Luciana e padre Douglas puderam destacar algumas luzes que a pandemia convidou a todos a enxergar e assumir. A primeira luz que encontram é uma experiência de maturidade que a pandemia pediu. “Um contexto, como este, pede presbíteros maduros e, por consequência, formandos que se empenham por uma maturidade humana e também espiritual”, diz um trecho da pesquisa. Outra luz que a pandemia está oferecendo, sobretudo aos formandos, é a possibilidade de uma relação mais profunda, favorecendo o autoconhecimento, de tal maneira

que o formando alcance “um satisfatório conhecimento das próprias fraquezas, sempre presentes em sua personalidade, tendo em vista a capacidade de autodeterminação e de uma vivência responsável.” (Doc. 110, n. 190b). Neste mesmo caminho, a pandemia ofereceu a todos e, particularmente, aos formandos, um contato muito próximo das famílias. “Principalmente, isso ocorreu, como vimos na entrevista, porque a maioria dos seminaristas está passando a pandemia nas casas de suas famílias. Este contato pode ter sido muito proveitoso, para que os formandos consigam “relacionar-se, com sinceridade, com a própria família, sem apegos e dependências, nem rejeições e descompromissos, e sem perder as raízes sociais e culturais.” (Doc. 110, 190g)”. Com informações do regional Leste 1

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