À Luz das Fotografias e da História do Cine-Brasil: Visconde do Rio Branco-MG no Século XX

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Aline da Fonseca Campos

À Luz das Fotografias e da História do Cine-Brasil Visconde do Rio Branco-MG no Século XX

Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania da UFV, 2018

Aline da Fonseca Campos

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À LUZ DAS FOTOGRAFIAS E DA HISTÓRIA DO CINE-BRASIL: VISCONDE DO RIO BRANCO/MG NO SÉCULO XX

Mestrado em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania da UFV 2018

AUTORA Aline da Fonseca Campos Licenciada em História pela UFV (2015) Discente do Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania da UFV (2016-2018) ORIENTAÇÃO Professora Doutora Patrícia Vargas Lopes de Araújo Doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas (2008) Pós-Doutorado pelo Departamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG (2015) Professora da Graduação (Licenciatura e Bacharel) e do Programa do Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania da UFV

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Sumário 4 1. Apresentação 5 2. Uma Breve apresentação da história de Visconde do Rio Branco 7 3.Cine-Teatro, Cine-Brasil e Cine-Marajá: Um patrimônio cultural de Visconde do Rio Branco. 9 4. O texto visual conta histórias 9 4.1 Paisagem Urbana 22 4.1.1 Outras Paisagens de Visconde do Rio Branco 25 4.2 Memórias do Cine-Brasil 34 5. Referências Bibliográficas

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1. Apresentação O presente trabalho faz parte da pesquisa intitulada “O Cinema no Interior: Um Estudo Sobre a História do Cine-Brasil de Visconde do Rio Branco/MG (1915-1993)”, realizada pela discente Aline da Fonseca Campos, sob a orientação da Professora Doutora Patrícia Vargas Lopes de Araújo, no Mestrado Profissional em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania da UFV. O tema da dissertação surgiu do interesse de entender a representatividade social do Cinema-Brasil no século XX, inicialmente intitulado Cine-Teatro. Desta forma, os jornais locais, Minas Jornal (1922-1945), Visconde do Rio Branco (1946-1980) e Voz de Rio Branco (1968), e as entrevistas realizadas com antigos frequentadores e ex-funcionários forneceram informações a respeito da vigência e do significado pessoal e coletivo desta casa de diversão. Optamos em contar a história do cinema também pelos registros fotográficos, assim elaboramos este catálogo de fotos com inspiração no fotodocumentalismo, que é um gênero jornalístico que utiliza das imagens para construir narrativas sobre um determinado tema (SOUSA, 2002). O catálogo é composto de fotografias do Cine-Brasil, bem como de outros locais que compunham a paisagem da cidade no século passado, e de pequenos textos que complementam a mensagem transmitida pela linguagem visual. A maior parte das fotos presentes neste trabalho estão arquivadas no Museu Municipal, uma instituição que preserva documentos escritos, arqueológicos e iconográficos a respeito da comunidade de Visconde do Rio Branco. A nossa intenção é que este trabalho tenha uma continuação. Assim, se este projeto for colocado em prática, poderá ser aperfeiçoado o conteúdo com a inclusão de novas fotos e novas histórias. No final do catálogo, há algumas referências às falas dos participantes da pesquisa, bem como inserimos alguns anúncios sobre as programações do cinema. Os depoimentos de nossos entrevistados transparecem o sentido que o Cine-Brasil teve para esse núcleo urbano: uma casa de diversão que agregava todos os grupos sociais. Esperamos que este material se torne uma fonte de conhecimento da história do Cine-Brasil e de outros setores da cidade. Que possa ser uma inspiração para projetos similares que promovam à memória, em sua expressão individual e social, e a identidade dessa coletividade. Tendo em vista que o prédio do antigo Cine-Brasil é um patrimônio cultural municipal, no qual teve a sua primeira ação de acautelamento através do seu tombamento em 1993. Por isso, surge a necessidade de (re)pensar ações educativas que valorizem seu aspecto imaterial. Além disso, almejamos que este trabalho incentive outros estudos sobre a trajetória e a funcionalidade social dos cinemas de rua no Brasil.

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2. Uma breve apresentação da história de Visconde do Rio Branco A cidade de Visconde do Rio Branco está localizada na Zona da Mata Mineira, na microrregião de Ubá, com uma população que gira em torno de 37.942 habitantes, de acordo com o censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Possui como cidades limítrofes São Geraldo, Guiricema, Ubá, Guidoval, Divinésia e Paula Cândido.

Figura 1: Localização de Visconde do Rio Branco em Minas Gerais. A formação da cidade está vinculada a presença de índios advindos do litoral fluminense no final do século XVIII, os Croatos, os Cropós e os Puris. Neste contexto, do ponto de vista da Coroa, a localidade, situada às margens do Rio Chopotó dos Coroados e do Ribeirão da Piedade, fazia parte da “área proibida” (Zona da Mata) pela possibilidade de ser um caminho para o contrabando do ouro. Em Minas Gerais, com o declínio da produção aurífera a partir das últimas décadas do século XVIII, comerciantes, aventureiros e agricultores direcionaram para a região da Zona da Mata mineira. Em São João Batista do Presídio, uma das antigas denominações de Visconde do Rio Branco, as primeiras atividades econômicas exploradas foi a agricultura de abastecimento e a comercialização da planta medicinal Poaia. A presença do francês Guido Thomaz Marlière foi um dos fatores para a sedentarização das tribos indígenas. Como parte do interesse da Coroa em ordenar a vida da população indígena nos moldes da cultura dos colonizadores, em 1818, o militar francês foi nomeado Diretor de índios da Freguesia de São Manoel do Pomba e de São João Batista. Atuou na criação e na consolidação de aldeamentos e na viabilização da agricultura para promover a fixação das tribos à terra, assim formando uma mão de obra alternativa à escrava. Durante o século XIX, São João Batista do Presídio teve algumas dificuldades para se tornar uma unidade política autônoma, o que somente aconteceu com sua elevação à cidade em 1882, período que ganhou a denominação de Visconde do Rio Branco em homenagem ao político José Maria da Silva Paranhos, Presidente do Conselho de Ministros de 1871 a 1875, que sancionou a Lei do Ventre Livre em 28 de setembro de 1871

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. Ainda nesse século, um instrumento de desejo da época foi inserido em Rio Branco: em 1880 foi inaugurada a estação da Estrada de Ferro Leopoldina. A presença do trem favoreceu o escoamento da produção local e a movimentação de pessoas. A estrutura econômica da cidade permaneceu voltada para o comércio local e para a agricultura de subsistência produzidas em pequenas propriedades. Somente no findar do século XIX, a agroindústria passou a ser a principal atividade de sustentação da cidade, com a instalação da Companhia Engenho Central Rio Branco, em 1885, construída com o auxílio do governo Provincial e Imperial. Após enfrentar alguns problemas com a produção de açúcar, em 1907, o engenho foi vendido a um grupo de banqueiros franceses e tornou-se uma Usina, passando a se chamar Société Sucrière Rio-Branco S.A. Durante o século XX, a cidade passou por algumas modificações estruturais. Serviços e novas edificações foram inseridas no espaço urbano, como o jardim público da Praça 28 de Setembro (1909); a instalação da luz elétrica (1912), o serviço telefônico (1913) e o serviço de água e esgoto; a fundação do Hospital São João Batista (1913); a construção da nova Igreja Matriz (1907-1917); a instalação de cinemas (Cine-Teatro, Cine-Avenida, Cine-Maracanã), de clubes (Èden-Clube; Aeroclube; Clube dos 50; Clube dos Bancários), da Rádio Cultura (1951) e o Conservatório Estadual de Música “Theodolindo José Soares”, inaugurado em 1953. A economia permaneceu direcionada para o setor agrário, sendo predominante a produção de açúcar. A mais famosa usina da cidade, a Société Sucrière, foi vendida para a Usina São João I na década de 1970, que pertencia à Companhia Açucareira Rio-branquense S.A. Por causa dessa transação comercial, se transformou em Usina São João II, sendo que a sua desativação aconteceu somente nos anos de 1990. Este foi o cenário de consolidação de Visconde do Rio Branco. Uma cidade que foi mantida especialmente pelos recursos agrários, mas que conseguiu inserir em seu ambiente elementos modernos que estavam presentes nas metrópoles brasileiras, incluindo os cinemas que tiveram papel importante para a vivência e o divertimento dos moradores locais.

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3. Cine-Teatro, Cine-Brasil e Cine-Marajá: um patrimônio cultural de Visconde do Rio Branco O Cine-Teatro foi fundado por uma sociedade anônima formada por moradores da cidade, a Empresa Teatral Rio-Branquense. Em 1915, foi inaugurada esta casa de diversão, tendo por objetivo ser um espaço de realização de eventos públicos e privados. Em seus primeiros anos, nomes como Luiz Fernandes Braga, Diogo Fernandes Braga, José Mesquita, Mário Bouchardet, José Adriano de Mesquita Telles e Joaquim Honório Ferreira, em sua maioria comerciantes locais, participaram desta sociedade. A criação do Cine-Teatro condizia com a conjuntura mundial de abertura de salas cinematográficas, que se acentuou entre os anos de 1903 e 1912 (FREIRE, 2012). O seu nome mostrava que o estabelecimento tinha sido construído para atender tanto ao teatro quanto ao cinema propriamente dito, característica esta que se perpetuou por muitos anos. Nesta sala também aconteciam reuniões políticas e eventos beneficentes, muitos em prol da Hospital São João Batista, apresentações artísticas de estudantes da cidade, como os exercícios práticos dos alunos da Escola Francisco Braga, comandados pelo maestro Hostílio Soares. Por outro lado, não era tão frequente a presença de companhias teatrais de outras localidades, mas, pelo palco do cinema, passaram algumas trupes e cantores, dentre as quais podem ser citadas Cia. Alma Garrido, Cia. Maria Castro, Casa do Malandro, Cia. João Rios, Milton Carneiro, Procópio Ferreira, Altemar Dutra, Marlene, Emilinha Borba. Nesse cinema, foram exibidos filmes de várias nacionalidades, inclusive brasileiros. A produção norte-americana, no entanto, era predominante em sua tela, tendo em vista que os Estados Unidos dominaram a indústria cinematográfica com a iminência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), especialmente o mercado latino-americano. Diante desse cenário propício ao mercado norte-americano, as produções cinematográficas da Paramount, Metro-Goldwyn-Mayer, Universal e Fox Film foram algumas que estiveram presentes em sessões do Cine-Teatro e do Cine-Brasil. O cinema teve vários arrendatários no período do Cine-Teatro. A partir de 1934, passou a ser arrendado por Agostinho Marques, empresário do setor cinematográfico na Zona da Mata Mineira, que mudou significativamente o modo de relacionamento do público com esta casa de entretenimento. Promoveu reformas nas aparelhagens e popularizou o acesso à sala do cinema. A partir de sua gestão, foi comum a realização de formaturas escolares em seu estabelecimento, como, por exemplo, dos alunos da Escola Normal Oficial, do Colégio Rio Branco, dos Grupos Escolares Dr. Carlos Soares e Padre Antônio Corrêa. Em 1936, com intuito de unificar os nomes dos cinemas sob sua administração, Agostinho Marques intitula o cinema de Visconde do Rio Branco de Cinema-Brasil. No ano de 1942, a Empresa Teatral Rio-Branquense se dissolveu, e Agostinho Marques e sua esposa, Josefina Marques, compraram o prédio do cinema, posteriormente vendido a Guilherme Benatti, em 1956. Até os anos de 1970, a sala do Cine-Brasil era o principal centro de diversão da cidade. Ainda continuou mantendo a sua função social, apesar de ter-se consolidado principalmente como uma casa de exibição fílmica. Na sua sala, aconteceram duas Avant-Premiére: o filme O Menino e o Vento (dir. Carlos Hugo Christensen, 1967) e a comédia Eu Dou o Que Ela Gosta (dir. Braz Chediak, 1975). Os dois filmes foram gravados em Visconde do Rio Branco e tiveram participação de moradores locais e do ator rio-branquense Jotta Barroso. A partir de 1980, começou a diminuir o número de frequentadores do Cine-Brasil. Nesta década, o cinema

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passou a se chamar Cine-Marajá, por decisão de seu locatário na época. Em seus últimos anos, o cinema foi gerenciado por Jorge Luiz, que em conjunto com seus funcionários buscou mantê-lo em funcionamento em meio a um contexto que não favorecia mais os cinemas de rua. No mês de novembro de 1991, foi a última em vez que o popular Cine-Brasil foi aberto, deixando saudades para quem nele viveu momentos de alegria. Diante da ação política do Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Artístico e Cultural, criado pelo Decreto no 10, de 13 de maio de 1991, e sob orientação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA), o prédio do Cine-Brasil se tornou patrimônio cultural da cidade de Visconde do Rio Branco mediante o Decreto no 27, de 23 de agosto de 1993. Por meio desta política preservacionista, também foram intitulados bens culturais do município: o conjunto arquitetônico e paisagístico constituído pela Igreja Matriz, Prefeitura Municipal, sede da Banda 13 de Maio, sede da Casa Paroquial, o prédio da Escola Estadual Dr. Celso Machado, o Parque Municipal Dr. Carlos Peixoto Filho, a sede do Museu Municipal (antiga residência do gerente da Cia. Força e Luz Cataguazes-Leopoldina), a Escola Estadual Dr. Carlos Soares, a Estação Ferroviária da Leopoldina Railway Company, o Conservatório Estadual de Música “Prof. Theodolindo José Soares” e o Adro da Igreja. Como Patrimônio Cultural entendem-se os bens materiais e imateriais que tenham valor simbólico para uma dada comunidade. O reconhecimento e a participação na salvaguarda desses elementos culturais são uma forma de exercer a cidadania, uma vez que fortalecem a identidade dos grupos sociais. As políticas patrimoniais não devem considerar somente a “autenticidade” dos materiais, crenças e costumes produzidos por uma sociedade, mas a sua representação cultural. A valorização do patrimônio tem que estar em consonância com a necessidade dos indivíduos, deve haver um diálogo entre a comunidade e o poder público para a sua preservação (CANCLINI, 1994). Dessa forma, é necessário que os bens tombados e registrados em Visconde do Rio Branco sejam reconhecidos pela população local, para que haja uma colaboração em seu acautelamento. A educação patrimonial é uma forma deste compromisso. Assim, palestras, elaboração de materiais didáticos e projetos que possam ser aplicados na educação básica sobre este tema podem favorecer a identificação e proteção dos bens culturais que remetem à história e à memória desta sociedade.

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4. O texto visual conta histórias A fotografia foi um dos produtos da Revolução Industrial. Uma nova prática cultural que se disseminou a partir do século XIX. A invenção desta técnica possibilitou que fossem realizados registros dos costumes e das vivências de grupos sociais espalhados pelos mais diversos pontos do mundo. Assim, por meio das imagens, se tornou mais comum o conhecimento sobre outras culturas. Um dos vestígios históricos produzidos pela sociedade são as fotografias. Estes documentos visuais carregam informações a respeito da organização da sociedade em tempos passados. As imagens fotográficas são uma representação do real, como bem expõe Boris Kossoy (2001, p. 36-37): “A imagem do real retida pela fotografia (quando preservada ou reproduzida) fornece o testemunho visual e material dos fatos aos espectadores ausentes da cena. A imagem fotográfica é o que resta do acontecido, fragmento congelado de uma realidade passada, informação maior de vida e morte [...].” Desta forma, as fotografias presentes neste catálogo são testemunhas iconográficas de um espaço/tempo de Visconde do Rio Branco. Por essa linguagem visual é possível observar a trajetória de estruturação dessa cidade e o papel do antigo Cine Brasil em sua paisagem.

4.1. Paisagem urbana A cidade é um espaço simbólico, político e de conflitos. Por ser uma construção humana, a morfologia da cidade revela os projetos dos grupos que nela habita. Assim, a paisagem urbana, onde se inclui os aspectos materiais e imateriais, possui “[...] mistérios, beleza, sinais, símbolos, alegorias, tudo carregado de significados; memória, que “revela múltiplas impressões passadas”, imagens impregnadas de história” (CARLOS, 2007, p. 33). Neste sentido, as fotos apresentadas neste catálogo são uma representação da paisagem de Visconde do Rio Branco no século XX e dão indícios de como era organizado este núcleo social.

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Figuras 2: Igreja Matriz Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Igreja Matriz: A Igreja teve papel importante na fundação da localidade. A primeira capela da Aldeia do Chopotó foi dedicada a São João Batista, construída no final do século XVIII. Os seus primeiros capelães foram o Pe. Francisco da Silva Campos e o Pe. José Lopes de Meirelles que atuaram na organização religiosa e socioeconômica da aldeia que depois passou a se chamar São João Batista do Presídio. Em 1810, a Capelania se tornou uma Paróquia, esta mudança de status significava autonomia e a presença constante de um padre no território, além de ser um caminho para a sua transformação em uma vila ou em um município. A primeira Matriz foi erguida com material de pau-a-pique por iniciativa do Pe. Marcellino Roiz Ferreira, sendo que a sua construção foi terminada no ano de 1859. Entre os anos de 1907 e 1917, foi construída no mesmo local a atual Igreja Matriz, projeto iniciado pelo Pe. Antonio Raymundo Nonato de Carvalho e finalizado pelo pároco Antonio Corrêa.

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Figuras 3: Estação da Estrada de Ferro Leopoldina Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Estação da Estrada de Ferro Leopoldina: A Estação de Visconde do Rio Branco foi inaugurada em 1880, localizada na atual Praça Getúlio Vargas. Fez parte do projeto de extensão da Estrada de Ferro Leopoldina, que no mesmo ano instaurou uma estação em São Geraldo e posteriormente construiu linhas que atingiram Coimbra e Viçosa (1885) e Ponte Nova em 1886. A Leopoldina foi construída pelo auxílio do capital nacional e inglês, sendo que a concessão para sua instalação foi feita pelo governo provincial em 1871. Era um momento que no Brasil se acreditava que as estradas de ferro promoveriam a economia, especialmente no que se referia ao escoamento do café. O trem era um símbolo da modernização do Estado. Para Visconde do Rio Branco, o transporte ferroviário favoreceu o crescimento demográfico, o comércio e a agricultura. Em 1957, no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), foi criada a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) que tinha por objetivo gerenciar a rede de transporte ferroviário nacional, nesta rede foram incorporadas 18 empresas, incluído a Estrada de Ferro Leopoldina. Era um período de investimento nas rodovias e do início da dissolução dos ramais ferroviários. Na década de 1990, aconteceram privatizações que implicaram na estrutura da RFFSA. Em 1992, iniciou-se o processo de desestatização desta rede. Portanto, foi delegado ao setor privado a gerência do transporte ferroviário de carga, movimento que aconteceu entre os anos de 1996 e 1998, o que propiciou que várias estações fossem desativadas, como aconteceu com a estação de Visconde do Rio Branco.

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Figuras 4: Casa Telles Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Casa Telles: A Casa Telles foi um dos mais famosos estabelecimentos comerciais da região. Inicialmente intitulada “A Brazileira” e “Ao Preço Fixo” foi fundada pelo português Adriano Telles e por Abílio Mesquita, em 1886. Anos depois, fizeram parte da firma “Adriano Telles & Cia.” Antonio Abranches, Cassiano Mesquita e também o seu antigo funcionário, José Mesquita. Após a partida de Adriano Telles para Portugal, em 1908, onde fundou as casas comerciais “A Brazileira” em Porto e em Lisboa, que destinavam-se a torrefação e a venda do café importado do Brasil, entrou para a sociedade Anthero Mesquita. Em 1945, com a morte de José Adriano de Mesquita, a Casa Telles passou a ser administrada pela firma “Mesquita & Cia.” Ao longo de sua atividade, outros sócios integraram a empresa que teve vários funcionários e aprendizes. A Casa Telles foi fundamental para a organização da cidade, num período que não existiam bancos e era em seu estabelecimento que alguns depósitos eram feitos. Além disso, atuou no processo de escoamento do café. 12 À Luz das Fotografias e da História do Cine-Brasil: Visconde do Rio Branco-MG no Século XX


Figuras 5: Jardim Público Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Jardim Público da Praça 28 de Setembro: A Praça 28 de Setembro foi inaugurada em 1909, pelo então presidente da Câmara Municipal, Eugenio da Cunha e Mello. Nos anos iniciais, o acesso a praça era por meio de uma porteira e o sistema de iluminação era feito por lampião de querosene. Desta forma, havia funcionários da Câmara Municipal incumbidos de acender os lampiões. Sistema que foi adotado até 1912, quando a luz elétrica é instalada na cidade pela Companhia Força e Luz Cataguazes-Leopoldina. No século XX, a Praça 28 de Setembro era um dos mais populares lugares de encontros sociais, sendo lembrada por muitos que viveram este tempo pelos namoros que aconteciam em seus arredores.

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Figuras 6: Câmara Municipal e Prefeitura Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Câmara Municipal e Prefeitura: A Câmara Municipal foi inaugurada em 21 de setembro de 1839, de acordo com a Lei Provincial no 134. Com sua instalação, alguns melhoramentos foram realizados no município, entre eles: a construção do matadouro; a reabertura da estrada para Campos; e a construção da ponte sobre o rio Pomba. Com a Proclamação da República, em 1889, a Câmara Municipal de Visconde do Rio Branco foi dissolvida e foi instalada a Intendência Municipal. Em 1892, no entanto, foi recomposto aquele órgão administrativo local. Até 1930, a Câmara Municipal era o centro do poder executivo e legislativo na cidade de Visconde do Rio Branco, funções que eram exercidas pelo seu presidente. Algumas figuras públicas se destacaram enquanto presidentes da Câmara Municipal, como exemplo: Carlos Peixoto de Melo Filho, Luiz Fernandes Braga, Raul Soares de Moura, João Baptista de Almeida e Celso Porfirio de Araújo Machado. Quando se criou a instituição Prefeitura, o presidente da Câmara Municipal passou a ter somente funções legislativas. Assim, a chefia do Executivo tornou-se incumbência do prefeito. O primeiro prefeito de Visconde do Rio Branco foi o Cel. Luiz Coutinho, que teve o seu mandato entre os anos de 1931 e 1937. Em 1902, na gestão do presidente da Câmara Carlos Peixoto Filho, foi finalizada a construção do prédio da Prefeitura, que por um tempo também foi sede da Câmara Municipal. 14 À Luz das Fotografias e da História do Cine-Brasil: Visconde do Rio Branco-MG no Século XX


Figuras 7: Hospital São João Batista Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

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Hospital São João Batista: No fim do século XIX, havia um movimento na cidade para a fundação de um hospital. O Dr. Joaquim Corrêa Dias foi um dos percussores deste projeto, doou 8:000$000 réis para levantar esta instituição filantrópica. Em 1910, iniciou o processo de sua construção. Dr. Joaquim Corrêa Dias Sobrinho, José Alcides Pereira, Juiz de Direito da Comarca, o médico João Baptista de Almeida, os farmacêuticos Diogo e Luiz Fernandes Braga foram alguns dos moradores da cidade que participaram desta iniciativa. A inauguração desta instituição ocorreu em 25 de abril de 1926. Entre as pessoas que participaram da solenidade estavam: Celso Machado, João Baptista de Almeida, Padre Antonio Emygdio Corrêa, José Alcides Pereira, João Ribeiro Vilaça. Ao longo dos anos, houve ampliação de suas instalações. Em 1948, iniciou-se a construção da maternidade, posteriormente pelas ações do Dr. Edgard Silva e do Dr. José Slaibi foi instalada a clínica infantil. No século XX, o hospital já oferecia serviços como de cirurgia, obstetrícia, pediatria, Eletrocardiografia, Prevenção do Câncer, Radiologia. Serviços que eram mantidos e prestados devido aos convênios com entidades públicas e particulares, e com auxílio da comunidade.

Figuras 8: Cine-Avenida Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Cine-Avenida: Por muitos anos, o Cine-Avenida pertenceu ao casal Domingos Dias e Rosa Reis. Localizado na rua Cel. Geraldo Rodrigues, este cinema disputava público com o Cine-Brasil, tendo em vista que os dois estabelecimentos apresentavam filmes e teatros. Foi um cinema que passou pela transição entre o cinema-mudo para o cinema sonoro. Possivelmente, encerrou suas atividades nos anos de 1940, após ter sido gerenciado por diferentes locatórios, inclusive por seu antigo funcionário, Nagem Miguel. Em 1943, o circuito cinematográfico Brasil comprou o prédio e toda a aparelhagem que pertencia este cinema.

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Figura 9: Cine-Maracanã Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Cine-Maracanã: Na década de 1950, outro cinema surgiu em Visconde do Rio Branco, o Cine-Maracanã, cujo nome fazia alusão ao estádio de futebol Maracanã. Este cinema localizava-se na rua Teófilo Otoni e pertencia aos proprietários da Usina São João I. A vigência do Cine-Maracanã foi num contexto em que o cinema de rua tinham se consolidado como casa de exibição fílmica. No entanto, alguns shows musicais foram apresentados em seu ambiente.

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Figuras 10: Cine-Brasil Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Cine-Brasil: Inicialmente intitulado Cine-Teatro, uma das primeiras casas de entretenimento da cidade de Visconde do Rio Branco foi inaugurada em 1915, pela Empresa Teatral Rio-branquense S/A. Durante todo o período que esteve em atividade, a função deste cinema se expandia à diversão. Foi um local destinado a realização dos mais diversos eventos sócio-políticos, beneficentes, formaturas colegiais e apresentações artísticas. Em 1936, mudou seu nome para Cine-Brasil em razão do seu arrendatário da época, Agostinho Marques. Ainda na gestão de Agostinho Marques, o cinema continuou mantendo seu caráter de diversão urbana que agregava todos os grupos sociais. No final de sua vigência, novamente seu nome foi mudado, onde passou ser reconhecido como Cine-Marajá. No entanto, para seu saudosista público sempre será lembrado como Cine-Brasil.

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Figura 11: Grupo Escolar “Dr. Carlos Soares” Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Grupo Escolar “Dr. Carlos Soares”: O Grupo Escolar “Dr. Carlos Soares” foi inaugurado em 14 de julho de 1915, o seu nome foi em homenagem a Carlos Soares de Moura que foi presidente da Câmara Municipal e, enquanto exerceu este cargo público, destinou seus subsídios para a fundação de uma escola no município, ação que foi registrada pela Lei n.º 15, de 2 de março de 1893. O Grupo Escolar oferecia os estudos iniciais que preparavam seus alunos para ingressar no ensino secundário ou para exercer alguma profissão.

Figura 12: Escola Normal Oficial Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Escola “Normal Oficial”: A fundação da Escola “Normal Oficial” partiu do projeto elaborado pelo deputado da época, Luiz Gonzaga da Silva, que foi apresentado ao Congresso Mineiro em 1896. Mas somente na gestão do presidente da Câmara Municipal, Celso Porfirio de Araujo Machado, que houve a criação da escola. Em 1931, foi autorizada o seu funcionamento pelo Decreto n.º 10.150, de 5 de dezembro de 1931. Até 1932, professores e funcionários trabalharam de forma gratuita, situação que foi retornada quando o Estado assumiu os custos para manter a escola, pelo Decreto n.º 10.679, de 30 de janeiro de 1933. Em 1934, houve a diplomação da primeira turma de professoras. Solenidade que aconteceu na sala do Cine-Brasil, onde os formandos tiveram como paraninfo o deputado Celso Porfirio de Araujo Machado. Por meio do Decreto n.º 16.991, de 19 de fevereiro de 1975, a instituição foi intitulada Escola Estadual “Dr. Celso Machado”, com o oferecimento dos ensinos de 1º e 2º graus. Aline da Fonseca Campos

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Figura 13: Colégio Municipal Rio Branco Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Colégio Municipal Rio Branco: Nos anos de 1930, surgia os primeiros cursos do Ginásio Rio Branco. Pelo apoio do deputado Celso Machado e do Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, foi instalada esta instituição de ensino no município, localizada na Rua do Rosário. A partir de 1948, se tornou um colégio que oferecia o curso de ginásio, de científico e de técnico em contabilidade. Depois, o colégio se tornou um estabelecimento municipal, assim ganhou a denominação de “Colégio Municipal Rio Branco”. Na prefeitura de Jorge Carone Filho, foi construído uma nova sede para o colégio, situado no Morro da Forca. Posteriormente passou a oferecer gratuitamente os cursos de 1º e 2º grau, o que corresponderia atualmente ao Ensino Fundamental e Médio, por iniciativa do prefeito Viçoso Camacho Lacerda.

Figura 14: Padre Antonio Corrêa Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Grupo Escolar “Padre Antônio Corrêa”: O Grupo “Padre Antônio Corrêa” foi resultado do esforço do deputado Celso Machado e do prefeito Antonio Pedro Braga, com auxílio do Interventor João Tavares Corrêa Beraldo. Em 1946, foi realizada a inauguração desta unidade de ensino por autorização do Secretário de Educação e Saúde Pública, professor Olintho Orsini de Castro. Inicialmente a escola localizava-se na Praça 28 de Setembro, na antiga 20 À Luz das Fotografias e da História do Cine-Brasil: Visconde do Rio Branco-MG no Século XX


sede do Fórum e da Escola Normal Oficial. Nos anos de 1950, o grupo foi transferido para o edifício onde funcionava o Departamento Nacional do Café, na Avenida São João Batista. Depois, foi construído, na mesma avenida, um edifício próprio para a manutenção da escola.

Figuras 15: Usina Rio Branco Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

Figuras 16: Usina Rio Branco Fonte: “Voz de Rio Branco”. Visconde do Rio Branco. 24 a 30 de outubro de 1999. Fonte: “SUPAM”. Março de 1982. Usina Rio Branco: No final do século XIX, havia um interesse do governo mineiro na modernização do setor açucareiro. Assim, a instalação do Engenho Central Rio Branco, em 1885, foi resultado do apoio da administração imperial e da província de Minas Gerais. O Engenho Central Rio Branco chegou a ser um dos maiores proprietários de terra da região. Mas, ainda no século XIX, teve problemas em sua manutenção por causa do fornecimento de matéria-prima. Posteriormente, o Engenho Central foi adquirido pela The Leopoldina Railway C. e, em 1907, por um grupo de industriais e banqueiros franceses por 20.000 libras esterlinas. A partir deste momento, passou a se chamar Société Sucrière Rio-Branco S.A. Em 1973, novamente houve a mudança de seu nome em razão de sua venda para o grupo Bouchardet, passando a ser reconhecido por Usina São João II. Em 1996, encerraram-se as atividades desta indústria, que por muitos anos contribuiu para que Visconde do Rio Branco fosse reconhecida como “Princesinha dos Canaviais”. Aline da Fonseca Campos

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Figuras 17: Conservatório Estadual de Música “Theodolindo José Soares” Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco. Conservatório Estadual de Música “Theodolindo José Soares”: O Conservatório Estadual de Música “Theodolindo José Soares” foi criado pela Lei n.º 811, de 13 de dezembro de 1951, sendo resultado do esforço do Secretário do Interior, Antonio Pedro Braga. Em 13 de abril de 1953, foi realizada a solenidade de fundação do conservatório. Antes de se instalar na casa do antigo prefeito da cidade, Jorge Carone, na década de 1980, o Conservatório funcionou em uma casa que se localizava na rua do Rosário; depois foi transferido para a residência do Dr. Altino Peluso, na Av. São João Batista. Também já teve como endereço a Praça Tiradentes, em um imóvel que pertencia a João Abilio Aad. 4.1.1 Outras paisagens de Visconde do Rio Branco

22 À Luz das Fotografias e da História do Cine-Brasil: Visconde do Rio Branco-MG no Século XX


Figuras 18: Vista Parcial de VRB Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

Figuras 19: Primeira Rodoviária de VRB Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

Figura 20: Avenida São João Batista. Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

Figura 21: Banco Mineiro

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Figura 22: Construção do Grande Hotel na década de 1920

Figura 23: Papelaria Drummond. Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

Figuras 24: Gymnasio Rio Branco Fonte: Museu Municipal de Visconde do Rio Branco.

Figura 25: Gravação do filme “O Menino e o Vento” (1967) Fonte: Museu Municipal

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Figura 26: Usina são João I Fonte: Museu Municipal


4.2 Memórias do Cine-Brasil

Olha, é, quando criança, eu ia a matinê, que era aos domingos, e já um pouquinho maior, adolescente, eu ia sozinho, com meus amigos, nós íamos no cinema no mínimo duas vezes por semana. É, e passava série, passava um filme, e depois a série. (C. S. - 69 anos)

Figura 27: Publicidade Cine-Teatro Fonte: Minas Jornal. 10 de janeiro de 1926.

Tinha muito filme americano. Filme francês, filme italiano, mexicano... os filmes mexicanos, na época, eles lideravam o ranking mundial. Tinha uma produtora de cinema mexicano que chamava Pelmex, Películas Mexicanas, que liderava. Liderava até nos Estados Unidos, porque eram filmes de primeira qualidade.

Figura 28: Publicidade Cine-Brasil Fonte: Minas Jornal. 12 de junho de 1943.

(J. S. – 62 anos)

O cinema funcionou também como teatro. Funcionou como palco da Rádio Cultura, os programas de auditório da Rádio Cultura, a maioria eram feitas no cinema... E muitos cantores vieram fazer show aqui na época [...], mas eu lembro de Canário e Passarinho, quando lançaram o primeiro LP deles, eu lembro de Tonico e Tinoco, Jacó e Jacozinho, Carequinha, o palhaço Carequinha veio fazer show aqui, dentre outros artistas. Não só o Cine Brasil, como o Cine Maracanã também, né?

Figura 29: Publicidade Cine-Brasil Fonte: Visconde do R. Branco. 25/11/1956.

(J. S. – 62 anos) Aline da Fonseca Campos

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Todos os artistas que vieram de fora para apresentar aqui, e foram muitos, e importantes, onde que era? Era no Cinema Brasil! Então o Cinema Brasil, ele centralizou todas as atividades de lazer e de arte da cidade. (T. P. – 91 anos)

Figuras 30: Publicidade Cine-Teatro Fonte: Museu Municipal de VRB.

No Cine Brasil acontecia de tudo. Era o coração da cidade. Formaturas, eventos sociais, shows, apresentações, Festival de Música Popular, palestras... Além dos filmes Metro-Goldwyn-Mayer que encantava a todos. (C. L. – 66 anos)

“ Figuras 31: Publicidade Cine-Teatro Fonte: Museu Municipal de VRB.

(O cinema) Era o centro social. Era onde a sociedade, onde a comunidade se reunia, era a verdadeira democratização, né? Pobre, rico, não tinha diferença de classe, de cor, nem nada, todo mundo ali, né? (C. S. 69 anos)

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Ele (cinema) cumpriu sua missão! Dentro desse campo aí, ele valeu pra tudo aqui, foi muito importante pra cidade. Tinha as pessoas que frequentavam que eram, assim, assíduas no cinema né? Tinha gente que tinha até cadeira reservada! Porque era, realmente, a única diversão, não tinha TV, não tinha nada, tá entendendo? E era um tempo muito feliz... (T. P. – 91 anos)

A exemplo da maioria das cidades do interior, o cinema representava o acesso a culturas distintas, conhecimento de costumes distantes, preservando rica lembranças nas diversas fases da vida das pessoas. (G. S. – 61 anos)

Figuras 32: Publicidade Cine-Teatro Fonte: Museu Municipal de VRB.

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[...] além da diversão, [...], o prédio às vezes era alugado para teatro, era alugado para formaturas escolares, eu estava esquecendo disso. [...]. Quantas e quantas vezes a extinta TV Itacolomi de Belo Horizonte veio aqui fazer transmissão ao vivo de festivais de música, que eram feitas no cinema! O cinema era elite naquela época. Tudo que tinha na cidade de festa social era feita no cinema. (J. S. – 62 anos)

“ Figuras 34: Publicidade Cine-Brasil Fonte: Museu Municipal de VRB.

Figura 33: Publicidade Cine-Brasil Fonte: Museu Municipal de VRB.

Então o cinema tornou-se o centro de tudo, ele era o centro das atividades artísticas da cidade. E não era só para atividade artística, ele também valeu muito para as festas de formatura, todas as festas de formatura aqui da cidade, fossem elas de primário, de secundário ou de normal, na época, né? Do curso normal, então elas eram feitas no cinema. (T. P. - 91 anos)

Tinha gente que frequentava... eu me lembro disso muito bem, tinha gente que frequentava o CineBrasil de terno e gravata. [...] Só tirava o chapéu para não atrapalhar o espectador que estava atrás [risos]. Era realmente um acontecimento social ir ao cinema, [...]. (A. G. – 63 anos)

Figura 35: Foto interna do Cine-Brasil Fonte: Museu Municipal de VRB.

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Figura 36: Foto interna do Cine-Brasil Fonte: JOSÉ, 1982

Lá tinha, por exemplo, um palco muito bom [...]. E tinha o mezanino, que a gente chamava de torrinha, Lá nas torrinhas. Tá entendendo?. Então esse mezanino ficava na parte do fundo, né, era uma parte alta, e tinha cadeiras lá em cima, tinha tudo. Era uma espécie assim de um, um camarote, né? O mezanino. Então, tinha um palco muito bom, e tal. E tinha as cadeiras muito confortáveis também. (T. P. – 91 anos)

Muito criança lembro de ver uma movimentação diária em frente ao cinema, mesmo que não ia assistir aos filmes, queria ver os cartazes e uma deliciosa pipoca, de um tradicional pipoqueiro que ficava permanente. (G. S. 61 anos)

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A gente frequentava o cinema com muita assiduidade, e as filas eram, assim, homéricas né? É, conhece o cinema Brasil de Rio Branco, [...] tamanha era a procura pelo cinema, ele realmente representava a grande atração da cidade do interior, né? Era o que tinha o que fazer, era o grande programa, entendeu? Era aí... (C. S. - 69 anos)

Figura 37: Foto do Cine-Teatro Fonte: Minas Jornal. 26 de julho de 1930

Agora, a gente interessava pelo cinema, primeiro pelos filmes, né? E segundo, que era para encontrar com todo mundo, que era um ponto de convergência, todo mundo ia ao cinema, todo mundo, né? E lá, os meninos namoravam, paqueravam, né? Aí surgia um namoro, esse tipo de coisa assim, né? (C. S. – 69 anos)

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O Cine Brasil foi minha segunda morada. Antigo morador da Praça 28 de Setembro, eu morava ao lado do cinema. Todo domingo às 18 h eu era um dos primeiros a ter acesso ao interior do Cine Brasil. (C. L. – 66 anos)

Figuras 38: Publicidade do FEM Fonte: Arquivo Pessoal de E.T.

[...] o Cine-Brasil ficava na Praça 28 de Setembro, tinha uma tradição muito grande, antes ele tinha sido um cineteatro, né? Que abrigou peças importantes, para se ter uma ideia, Procópio Ferreira esteve aqui no final da década de 30, 40, com sua companhia teatral. Mas o Cine-Brasil, por exemplo, ele era o preferido para os shows musicais que se realizavam aqui [...]. (A. G. – 63 anos)

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O maior e mais importante Movimento Estudantil (MAE) de todos os tempos surgido em nossa cidade, fundado por alunos idealistas da Escola Normal “Dr. Celso Machado”, se concretizou em outubro de 1971, numa sala de aula, onde tudo teve início. [...] O objetivo era lutar por melhorias de qualidade de vida, arte e laser para a classe estudantil não só dentro da Escola Normal onde foi fundado, mas em toda a cidade. (E. T. – 62 ANOS)

O Cine-Brasil foi palco dos maiores festivais de músicas da cidade, e o meu grupo estudantil MAE (Movimento Artístico Estudantil), foi protagonista de quatro deles, somente destinado aos estudantes, FEM- Festival Estudantil de Música, realizados em 1971/72/73/74 [...]. (E. T. – 62 anos)

Figuras 39: FEM de 1974 Fonte: Arquivo Pessoal de E.T.

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Olha, o cinema, o cinema não deu destaque só em Rio Branco não né, foi no mundo inteiro, que o cinema destacou. Você vê, São Geraldo, uma cidade pequenininha, tinha um cinema, lá [...]. E o cinema, ele destacou na sociedade, porque era o meio de diversão que o povo tinha em primeira instancia, em primeira escala, era o cinema em primeiro lugar [...]. (J. S. – 62 anos)

Figura 40: Nota jornalística sobre o Cine-Brasil Fonte: Voz de Rio Branco. 8 de dezembro de 1991

Ir ao cinema, além de ser um divertimento e entretenimento, era também uma questão de status social, era importante você ir ao cinema. [...] Era ali que talvez nasciam alguns romances, alguns encontros, né? Algumas amizades, né?! As pessoas discutindo filmes, aquela coisa toda, né? Era na verdade, [...] uma atividade social da mais importante. E o que eu acredito piamente era que ali todas as pessoas eram iguais [...]. (A. G. – 63 anos)

Figura 41: Cine-Marajá Fonte: Arquivo Pessoal de E.T.

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5. Referências Bibliográficas CARLOS, Ana Fani Alessandri. O espaço urbano: Novos escritos sobre a cidade. São Paulo: FFLCH, 2007. CARMO, Mônica Elisque do. Trilhos e Memória: Preservação do Patrimônio Ferroviário em Minas Gerais. Dissertação (Mestrado Acadêmico). Mestrado em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável da Escola de Arquitetura da UFMG. Belo Horizonte, 2014. CHAGAS, Mário. O pai de Macunaíma e o Patrimônio Espiritual. In: ABREU, Regina e CHAGAS, Mário (orgs.). Memória e Patrimônio. Ensaios Contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. COSGROVE, Denis. A geografia está em toda parte: cultura e simbolismo nas paisagens humanas. In: CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny (orgs.). Geografia cultural: uma antologia. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012. FLORÊNCIO, Sônia Rampim; CLEROT, Pedro; BEZERRA, Juliana; RAMASSOTE, Rodrigo. Educação Patrimonial: Histórico, conceitos e processos. Brasília: IPHAN, 2014. FREIRE, Rafael de Luna. Cinematographo em Nictheroy: história das salas de cinema de Niterói. Niterói, RJ: Niterói Livros, 2012. GONÇALVES. Lincoln Rodrigues. A agroindústria da cana-de-açúcar na Zona da Mata Mineira. Dissertação (mestrado acadêmico). Universidade Federal de Juiz de Fora, Instituto de Ciência Humanas. Programa de Pós-Graduação em História, 2012. JOSÉ, Oiliam. Fatos e Figuras de Visconde do Rio Branco. Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, 1956. ___________. Visconde do Rio Branco: terra, povo e história. Imprensa Oficial. Belo Horizonte, 1982. KOSSOY, Boris. Fotografia e História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. LOWENTHAL, David. Como Conhecemos o Passado. Projeto História, São Paulo, n. 17, p. 63-201, nov. 1998.

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MAUAD, Ana Maria. Na Mira do olhar: um exercício de análise da fotografia nas revistas ilustradas cariocas, na primeira metade do século XX. Anais do Museu Paulista, São Paulo, N. Sér. v. 13, n. 1, p. 133-174, Jan. – jun. 2005. POLLAK, Michael. Memória e Identidade. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, p. 200-212, 1992. SILVEIRA, José Mauro Pires. O café e a estrada de ferro Leopoldina uma confluência de interesses-1874-1898. Revista de C. Humanas, vol. 9. n. 1, p. 107-117, jan/jun. 2009. SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: Uma Introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Porto, 2002.

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Arte e Design Grรกfico por Diogo Rodrigues - Wcom


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