Revista
Divina Misericórdia Publicação Bimestral- Ano VII - Nº 27 - Junho/Julho de 2014
Festa da Misericórdia “Aquele que, nesse dia, se aproximar da Fonte da Vida, alcançará perdão total das culpas e das penas.” (Diário, 300)
O dia dos quatro Papas E DE UM SÓ CONCÍLIO
Coração JUVENTUDE de Jesus E A DIVINA e Palavra de Deus MISERICÓRDIA
O Sagrado
Mensagem do Diretor Queridos Leitores(as)! Entregamos nas vossas mãos mais um número da nossa Revista que contemplará os meses de junho e julho. No dizer do povo, o mês de junho é dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Para Santa Faustina, o centro de sua vida, o seu amor primeiro, era o Misericordioso Coração de Jesus. O mês de julho, segundo a tradição popular, é dedicado à contemplação do Preciosíssimo Sangue de Cristo, imperscrutável mistério de amor e de misericórdia. O papa João Paulo II, a respeito desse mistério, na oração do Angelus de 01 de Julho de 2001, disse: “O Apóstolo Paulo afirma na Carta aos Gálatas que ‘foi para a liberdade que Cristo nos libertou’ (Gl 5, 1). Esta liberdade tem um preço alto: é a vida, o Sangue do Redentor. Sim! O Sangue de Cristo é o preço que Deus pagou para libertar a humanidade da escravidão do pecado e da morte. O Sangue de Cristo é a prova evidente do amor do Pai celeste por todos os homens, sem excluir a ninguém. Tudo isso foi muito bem realçado pelo Beato João XXIII, devoto do Sangue do Senhor desde a infância, quando em família ouvia falar dele nas Ladainhas especiais. Quando foi eleito Papa, escreveu uma Carta Apostólica para promover o seu culto (Inde a primis, 30 de junho de 1959), convidando os fiéis a meditarem acerca do valor infinito daquele Sangue, do qual ‘uma só gota pode salvar o mundo inteiro de qualquer culpa’ (Hino Adoro Te devote). Oxalá a meditação do sacrifício do Senhor, penhor de esperança e paz para o mundo, sirva de encorajamento e de estímulo para construir a paz também lá onde ela parece ser quase inatingível”. Que essas lindas palavras de São João Paulo II nos ajudem a melhor celebrar o mês de julho. Termino com as palavras de Santa Faustina: “Ó Jesus, lembrai-Vos da Vossa amarga Paixão e não permitais que se percam almas remidas com o Vosso preciosíssimo e santíssimo Sangue” (Diário, 72). Recebam a minha bênção e a minha gratidão:
Ladainha do Preciosíssimo Sangue de Jesus Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi-nos. Jesus Cristo, atendei-nos. Pai do Céu, tende piedade de nós. Filho redentor do mundo, que sois Deus, tende piedade de nós. Espírito Santo, que sois Deus, tende piedade de nós. Santíssima Trindade, que sois Deus, tende piedade de nós. Sangue de Cristo, Sangue do Filho Unigênito do Eterno Pai, salvai-nos. Sangue de Cristo, Sangue do Verbo de Deus Encarnado, salvai-nos. Sangue de Cristo, Sangue do Novo e Eterno Testamento, salvai-nos. Sangue de Cristo, correndo pela terra na agonia, salvai-nos. Sangue de Cristo, que correu na flagelação, salvai-nos. Sangue de Cristo, gotejando na coroação de espinhos, salvai-nos. Sangue de Cristo, derramado na cruz, salvai-nos. Sangue de Cristo, preço da nossa salvação, salvai-nos. Sangue de Cristo, sem o qual não pode haver Redenção, salvai-nos. Sangue de Cristo, na Eucaristia bebida e banho das almas, salvai-nos. Sangue de Cristo, rio de misericórdia, salvai-nos.
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Pe. André, MIC
Sangue de Cristo, vencedor dos demônios, salvai-nos. Sangue de Cristo, fortaleza dos mártires, salvai-nos. Sangue de Cristo, virtude dos confessores, salvai-nos. Sangue de Cristo, que suscitais almas virgens, salvai-nos. Sangue de Cristo, força dos tentados, salvai-nos. Sangue de Cristo, alívio dos que trabalham, salvai-nos. Sangue de Cristo, consolação dos que choram, salvai-nos. Sangue de Cristo, esperança dos penitentes, salvai-nos. Sangue de Cristo, conforto dos agonizantes, salvai-nos. Sangue de Cristo, paz e doçura dos corações, salvai-nos. Sangue de Cristo, penhor de vida eterna, salvai-nos. Sangue de Cristo, que libertais as almas do purgatório, salvai-nos. Sangue de Cristo, digno de toda a honra e glória, salvai-nos. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. V. Vós nos remistes, Senhor, pelo Vosso Sangue, R. E estabelecestes o reino de Deus em nossos corações. Oremos: Todo poderoso, Eterno Deus, que constituístes o Vosso Filho unigênito Redentor do mundo, e quisestes ser aplacado pelo Seu Sangue: concedei-nos, nós vô-lo suplicamos, a graça de venerar de tal maneira o preço da nossa salvação e de ser pela sua virtude tão bem defendidos dos males da presente vida na terra que com seu perpétuo fruto possamos alegrar-nos no Céu. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.
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Expediente Revista Divina Misericórdia
Sumário Maria Totus Tuus: “Tudo posso Naquele que me dá força - pela Imaculada .... 5
Publicação bimestral do Apostolado da Divina Misericórdia da Congregação dos Padres Marianos do Brasil Diretor Pe. André Lach, MIC Conselho Editorial
Pe. André Lach, MIC Pe. Leandro Ap. da Silva, MIC Gislaine Keizanoski Carina Novak, OCV Jornalista editora Gislaine Keizanoski Revisão Carina Novak, OCV Gislaine Keizanoski Projeto visual e diagramação Lucas S. Teixeira Nihil Obstat Pe. Jair Batista de Souza, MIC Roma, 15 de maio de 2014 Imprimatur Pe. Leandro A. da Silva, MIC
Provincial dos Padres Marianos do Brasil
Contato Rua Profeta Elias, 149 Umbará - 81.930-020 Curitiba - PR - Brasil editora@misericordia.org.br (41) 3348 5043
Formação Litúrgica O Sagrado Coração de Jesus e a Divina Misericórdia .............................. 6
Nossa Igreja João XXIII e João Paulo II - uma reflexão sobre o que aprendemos dessas canonizações .................................................................................... 9 O dia dos quatro Papas e de um só Concílio .......................................... 10
Especial Santuário da Divina Misericórdia, 20 anos de história
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Destaque A Festa da Misericórdia no Santuário da Divina Misericórdia ............ 14 A Festa da Misericórdia pelo Brasil ......................................................... 16 A Festa da Misericórdia pelo mundo ....................................................... 18
Evangelizando pelo Brasil Nos passos de São José de Anchieta - o primeiro missionário evangelizador em terras brasileiras ........................................................ 22
Jovens em Cristo Juventude e Palavra de Deus ..................................................................... 25
Luta pela Vida Ideologia de gênero A batalha foi vencida, mas é preciso estar atento ................................ 26
Formação Humana Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba - PR
Da parábola do Filho Pródigo: o Pai ........................................................ 28
EM BREVE
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CO L E Ç
ÃO N O
VENA
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Nov São Jo ena a ão Pa ulo I I
Aproveitemos as graças que o Senhor misericordioso tem para nós! Adquira já o seu!
3348-5043
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4 - Revista Divina Misericórdia - Junho/Julho 2014
Maria
Totus Tuus:
“Tudo posso Naquele que me dá força - pela Imaculada”
Xavier Bordas
Teólogo, tradutor no Santuário da Misericórdia Divina em Łagiewnik-Cracóvia, Polônia. (Tradução: Carina Novak)
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a publicação anterior refletimos sobre a razão da imensa fecundidade do pontificado de João Paulo II: a sua comunhão de vida com a Virgem Santíssima. O lema Totus Tuus, inspirado na doutrina de São Luís Maria Grignion de Montfort, colocado em seu escudo episcopal, foi como que um grito de batalha que o animou, desde a juventude, na peregrinação por este mundo rumo à plena comunhão com Cristo. Acolhendo o testamento de Cristo que consiste no dom da maternidade espiritual de Maria (Redentoris Mater, 45), João Paulo II viveu a pertença total a Jesus com incrível fidelidade nos braços de Maria.
a necessidade que temos de nos consagrar a Maria Santíssima. Ele nos faz perceber que a debilidade não é nenhum obstáculo que nos impede de viver a comunhão com Maria e de alcançar com Ela a santidade, mas sim o contrário. Deus permite as quedas para que na humildade desses momentos queiramos estar mais agarrados à Mãe. Disse São Maximiliano:
Continuando essa reflexão, seguiremos aprofundando a compreensão dessa espiritualidade da comunhão de vida com Maria que o animou. Para isso é necessário adentrarmos nos escritos de São Maximiliano Kolbe, que sob a jaculatória “tudo posso Naquele que me dá força - pela Imaculada”, viveu intensamente essa espiritualidade e nela formou uma geração de poloneses, entre eles o próprio João Paulo II.
De todo o tropeço - segue explicando Maximiliano - a alma pode retirar para si grandes proveitos, segundo as palavras de São Paulo: ‘Sabemos que Deus coopera em tudo para o bem daqueles que O amam, daqueles que são chamados segundo o Seu desígnio’ (Cf. Rom 8, 28). Por isso, não devemos perder a confiança depois da queda [...]. Parece-me que no juízo final todos mostraremos os nossos defeitos mais ocultos para mostrar
Em seus escritos, São Maximiliano fala com grande clareza sobre
“
Se Deus permite que a alma tropece, faz isso para o seu maior bem, para que a alma possa alcançar um grau superior de virtude e uma relação mais estreita com Deus.
“
”
de que tipo de instrumentos se servia a Imaculada, o que aumentará a Sua glória.
”
São Maximiliano, sobre a comunhão de vida com Maria, explica que não se trata de um sentimentalismo, nem de sentir a presença de Maria: “A forma mais perfeita de nos aproximarmos da Imaculada é a doação total consagrando-se a Ela como coisa e propriedade”. O ato da consagração é portanto, a primeira e essencial condição para pertencer à Milícia da Imaculada. São Maximiliano, contudo, também advertia que “a essência e a perfeição da nossa consagração não é o sentimento nem a memória, mas sim a vontade”. Portanto, para aquele que se consagra a Maria, assegura o santo que mesmo que “não experimente em absoluto a doçura da íntima familiaridade com Ela e não é capaz de lembrar Dela e de pensar durante muito tempo Nela por qualquer motivo, se, porém, a vontade permanece junto a Ela, se não revoga a própria consagração, antes a renova no que consegue, pode ficar tranquilo, porque Ela reina no seu coração”.
Continua na próxima edição...
Formação Litúrgica
O Sagrado
Coração de Jesus
E A DIVINA MISERICÓRDIA Robert A. Stackpole
Este artigo é parte de um capítulo do livro Jesus, Misericórdia encarnada, editado no Brasil pelo Apostolado da Divina Misericórdia
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e acordo com os papas dos últimos cem anos, não existe devoção mais importante para a Igreja do que a devoção ao Coração de Jesus. Em 1899 o Papa Leão XIII, no que chamou de “maior ato de meu pontificado”, consagrou o mundo inteiro ao Sagrado Coração no limiar do novo século, e escreveu a respeito do Sagrado Coração como “o símbolo e a imagem sensível do infinito amor de Jesus Cristo”. Em 1928, na encíclica Miserentissimos Redemptor, o Papa Pio XV ensinava que a devoção ao Coração de Jesus é o “sumário da nossa religião”, e que a sua prática “nos levará a conhecer intimamente Jesus Cristo e fará com que nossos corações O amem mais ternamente e O imitem mais generosamente”. E em 1956, na famosa encíclica Haurietis Aquas, o Papa Pio XII foi mais efusivo do que os seus predecessores no louvor dessa devoção:
“É absolutamente impossível enumerar os dons celestes que a devoção ao Sagrado Coração de
Jesus tem derramado nas almas dos fiéis, purificando-os, oferecendolhes vigor celestial, despertando-os à conquista de todas as virtudes. Consequentemente, a honra prestada ao Sagrado Coração – no que diz respeito à prática externa – é a mais elevada expressão da piedade cris-
No coração de Jesus, portanto, podemos encontrar descanso para a fadiga da nossa alma e refrigério para a sede. tã. Porque essa é a religião de Jesus, que está centrada no Mediador que é homem e Deus, e de tal forma que não podemos alcançar o Coração de Deus a não ser através do Coração de Jesus” (Haurietis Aquas). Depois do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI pleiteou que a Igreja não esquecesse a devoção ao Sagrado Coração. Numa Carta
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Apostólica de 1965, Investigabiles divitias Christi, ele escreveu: “Esse, portanto parece-nos ser o ideal mais adequado: que a devoção ao Sagrado Coração – que, aflige-nos dizer, tem sofrido um pouco na estima de algumas pessoas – agora refloresça diariamente cada vez mais. Que seja apreciada por todos como uma excelente e aceitável forma de verdadeira piedade”. Numa carta circular aos chefes das ordens religiosas, Paulo VI foi ainda mais enfático: “É absolutamente necessário que os fiéis venerem e honrem esse Coração, na expressão da sua piedade particular bem como nos serviços do culto público, em razão de toda a Sua plenitude que todos temos recebido; e devem aprender perfeitamente Dele como é preciso viver para corresponder às exigências do nosso tempo” (Diserti interpretes, 25/05/1965). Finalmente, em 1994, o novo Catecismo da Igreja Católica, promulgado pelo Papa João Paulo II, fala da im-
portância do símbolo do Coração de Jesus: “O Sagrado Coração de Jesus, transpassado pelos nossos pecados e pela nossa salvação (...) é considerado sinal e símbolo por excelência daquele amor com que o Divino Redentor ama sem cessar o eterno Pai e todos os homens” (CIC, n°478). É suficiente dizer que há mais de um século os sucessores de São Pedro têm repetidamente exortado os fiéis a honrar o Coração de Jesus e a praticar essa devoção com amor e zelo, pois a devoção ao Coração de Jesus está enraizada nos Evangelhos, no apelo de Nosso Senhor: “Vinde a mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas” (Mt 11,28-29). “Se alguém tem sede, venha a mim e beba... como diz a Escritura: de seu seio jorrarão rios de água viva” ( Jo 7,37-38). No Coração de Jesus, portanto, podemos encontrar descanso para a fadiga da nossa alma e refrigério para a sede. Isso se tornou manifesto na Cruz, quando o Seu lado foi aberto pela lança e do Seu Coração jorraram torrentes de água e sangue ( Jo 19,34), que simbolizam todas as graças do Batismo e da Eucaristia. Muitos santos tiveram devoção especial ao Coração de Jesus, entre os quais S. Bernardo de Claraval, S. Alberto Magno, S. Boaventura, S. Leodegário, S. Gertudres, S. Pedro Canísio, S. Francisco de Sales, S. João
Eudes, S. Claudio de La Colombière, S. Afonso de Ligório, S. Madalena Sofia Barat e a bem-aventurada Dina Bélanger. No entanto, o maior ímpeto para a expansão da devoção resultou das aparições do próprio Jesus Cristo a S. Margarida Maria Alacoque, por volta de 1670. A ela Jesus revelou o Seu terno e ardente amor pelas almas, e pediu que fosse estabelecida a festa litúrgica do Sagrado Coração, a Comunhão das primeiras sextas-feiras e a veneração da imagem do Seu amoroso Coração. Através desses meios, Nosso Senhor buscava reacender o fogo do amor nos corações dos fiéis, num mundo
moderno em que os corações de muitos se tornavam frios. Baseada na Escritura e no elevado apoio dos papas, torna-se claro que a devoção ao Coração de Jesus é essencial para a vida e a saúde espiritual da Igreja. Um corpo vivo necessita de um coração vivo, e a Igreja, o Corpo de Cristo, tem o seu próprio coração vivo; foi-nos dado o Coração de Jesus Cristo, Cabeça do Corpo, da mesma forma que Coração nosso, a fonte viva de todo nosso alívio e da nossa paz interior. No século XX, contudo, Nosso Senhor derramou mais uma
Formação Litúrgica corrente estimulante de devoção na Sua Igreja, que começou quando a religiosa polonesa Irmã Faustina Kowalska (1905-1938) escreveu um diário que foi reconhecido como digno de ser incluído “entre as mais notáveis obras da literatura mística”. Declarada Santa, Faustina foi chamada pelo Papa João Paulo II de “apóstola da Divina Misericórdia nos nossos tempos”. É uma alma piedosa, inteiramente devotada ao Coração de Jesus, porém de uma forma diferente. Como ela registrou em seu diário: “E elevou-me a uma união tão estreita Consigo que o meu coração desposou o Seu Coração de maneira amorosa, sentia as Suas mais leves pulsações, e Ele, as minhas. O fogo do meu amor criado foi unido com o calor do Seu amor eterno” (Diário, 1056). “Ó meu Jesus, cada um dos Vossos santos reflete em si uma das Vossas virtudes; eu desejo refletir o Vosso Coração compassivo e cheio de misericórdia, quero glorificá-Lo. Que a Vossa misericórdia, Jesus, fique gravada no meu coração e na minha alma como um selo, e isto será a minha distinção nesta e na outra vida” (Diário, 1242).
toda graça brota dessa fonte salvadora e santificante” (Diário, 1777). Santa Faustina derramava-se em adoração ao Coração de Jesus na Eucaristia: “Hóstia viva, minha única força, fonte de amor e de misericórdia, envolvei o mundo todo, fortalecei as almas que desfalecem. Oh! seja bendita a hora e o momen-
Em diversas ocasiões, o próprio Cristo enfatizou que o Seu Coração é a fonte da Divina Misericórdia para o mundo: “o Meu Coração é a própria Misericórdia. Desse mar de misericórdia derramam-se graças pelo mundo todo. Nenhuma alma que de Mim se tenha aproximado saiu sem consolo. Toda a miséria submerge na Minha misericórdia, e 8 - Revista Divina Misericórdia - Junho/Julho 2014
to em que Jesus deixou para nós o Seu misericordiosíssimo Coração” (Diário, 223). Sem dúvida, o centro da vida de Santa Faustina, seu primeiro amor, é o Misericordioso Coração de Jesus. Sua devoção era ao Sagrado Coração de Jesus, porém focada no misericordioso amor que Dele flui para nós.
Nossa Igreja
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João XXIII e João Paulo II UMA REFLEXÃO SOBRE O QUE APRENDEMOS DESSAS CANONIZAÇÕES Pe. Leandro A. da Silva, MIC
Superior provincial dos Padres Marianos no Brasil - Curitiba, PR
E
m 27 de abril de 2014 - 5:30 da manhã. O Pe. Rogério, o Pe. Leonardo e eu saímos da residência dos Padres Marianos em Roma com destino à Praça de São Pedro. Era manhã de domingo, Festa da Misericórdia, a Praça de São Pedro acolhia naquele dia o maior e mais inusitado evento do cristianismo do século XXI. Dois papas se faziam presentes: Francisco e Bento XVI, e outros dois estavam prestes a ser canonizados: João XXIII - que abriu o Concílio Vaticano II e João Paulo II - que conduziu a Igreja na travessia para o terceiro milênio.
Aquela imensa praça teria que abrir ainda mais os braços (colunata de Bernini) para acolher a multidão dos que se reuniram em Roma para testemunhar esse acontecimento único. Fomos para a área reservada aos sacerdotes, éramos cerca de 6 mil sa-
cerdotes, mil bispos e ainda 150 cardeais ao redor do Altar. A Igreja se fazia presente com toda a universalidade das vocações: padres, consagrados(as), leigos (pai, mãe, filhos, avós) vindos de todos os cantos do mundo com o desejo de tocar na sacralidade desse acontecimento. Todos pisavam o mesmo solo sagrado e os sinos da Basílica anunciavam a tão esperada hora. O mundo pôde enxergar o brilho fascinante que irrompe da vida daqueles que respondem com generosidade ao chamado do Senhor “vem e segue-me!”. Ficou comprovada a força atrativa que exercem aqueles que, em seus gestos e atitudes, refletem a presença do próprio Deus. A santidade de João Paulo II e de João XXIII surgiu da generosidade e da fidelidade com que eles continuamente responderam ao chamado do Senhor. Essa generosidade e fidelidade plena
de confiança é o que devemos imitar. A santidade não é destinada apenas aos que, no passado, responderam o seu sim a Deus. Podemos e devemos imitar, porque o chamado do Senhor é vivo e atual para cada um de nós. Somos chamados a amar a Deus e ao próximo de modo inseparável, no mesmo calor da Misericórdia Divina. Esse é o aprendizado dessas canonizações. O Papa Francisco, na homilia, apresentou ao mundo dois homens de fé que “tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram Dele, da sua Cruz; não se envergonharam da carne do irmão, porque em cada pessoa que sofria viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresía do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo. Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte neles era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo; mais forte neles era a misericórdia de Deus; mais forte era a proximidade materna de Maria”. Os olhos do mundo estiveram voltados para aquela celebração e nós, Padres Marianos, ficamos repletos de entusiasmo: é Festa da Divina Misericórdia e as promessas que Jesus fez à Santa Faustina estão se cumprindo.
Nossa Igreja
O dia dos quatro Papas E DE UM SÓ CONCÍLIO
Dr. Jorge E. Traslosheros
O
domingo 27 de abril será recordado como o dia dos quatro papas. Francisco canonizou João XXIII e João Paulo II, com a discreta presença de Bento XVI. Um acontecimento excepcional, explicável somente pelo Concílio Vaticano II e pela lógica da santidade. O Concílio, como bem sabemos, é o evento mais importante na história contemporânea dos católicos, cujas consequências têm sido vividas muito além das fronteiras da Igreja. Sua tarefa era estabelecer o diálogo da Igreja com o mundo, e não somente com o mundo ocidental, re-
Instituto de Investigações Históricas da Universidade Nacional Autônoma do México Conselheiro do CISAV (Tradução: Carina Novak)
João Paulo II, por sua vez, participou no Concílio e o viveu com grande audácia na Polônia. Sua aplicação na vida da Igreja era assunto urgente para ele. A partir do Concílio, ele abriu vias pastorais de maior relevância, com as quais foi possível aos poloneses resistir às perseguições reliO Concílio, apesar de ter aparecigiosas sob a ditadura comunista. Mais do como uma surpresa a muitos, não tarde, como Papa, levou o Concílio saiu do nada. Surgiu no momento em para além da Europa - onde até hoje que convergiram não conseguem e tomaram corpo articular a sua A santidade é o caminho recepção definitios movimentos de reforma na dos pecadores que buscam va - e propôs ao teologia, na liturmundo as suas honestamente a Deus. gia, na pastoral e linhas mestras na relação com o no diálogo cultural, inter-religioso e ecumênico, sem mundo, iniciados no final do século por isso negociar a identidade católica. XIX. Não por acaso, esses movimenSua forte personalidade se conjugou tos coincidem com o tempo de vida a uma coragem que, algumas vezes, de João XXIII, que os vivenciou ora beirava a temeridade. como professor de história eclesiásticuperando o melhor da história e da tradição católica. Três movimentos recorrentes explicam a sua dinâmica: voltar às fontes, purificar o presente e dialogar com o mundo. Assim, a Igreja recuperou seu estado natural, que é a reforma constante.
ca, ora na intensidade da vida diplomática, na Bulgária, Turquia, Grécia e França, ou ainda, posteriormente, como Patriarca em Veneza. Ao ser eleito papa, no final de sua vida, João XXIII tinha a sabedoria e as apreensões necessárias para convocar o Concílio Vaticano II. Compreendia que o momento das grandes definições havia chegado. Foi um profeta no mais profundo sentido bíblico. 10 - Revista Divina Misericórdia - Junho/Julho 2014
Por sua vez, Joseph Ratzinger, o Papa Bento XVII, já pode ser considerado o teólogo do Concílio que, com aquela brilhante geração de pastores e pensadores, o articulou como proposta a partir de uma teologia centrada na pessoa humana. Foi seu grande defensor contra o “progressismo adolescente” — aquele que pensa que algo, por ser novo, deve ser bom, segundo explicou o Papa
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Francisco – e ainda mais contra o tradicionalismo extremo, misturado a interesses nebulosos, com o qual susteve grandes batalhas, especialmente durante seu pontificado. Ao ser eleito sucessor de Pedro, sua teologia se integrou ao magistério pontifício. A melhor explicação do Concílio ele nos deu em seu memorável discurso para a cúria em 22 de dezembro de 2005. O Papa Francisco, em um só movimento, confirmou a obra de seus predecessores, expôs o sólido fundamento de seu proceder e assegurou a continuidade do caminho percorrido pela catolicidade há mais de um século. Este evento incomum implicou também, por assim dizer, a canonização do Concílio Vaticano II. Essa atitude do Papa Francisco tem ainda mais implicações. João XXIII e João Paulo II têm sido alvos de críticas por parte dos “tradicionalistas radicais” e dos “progressistas adolescentes”. Esses grupos utilizam esses papas como ícones de suas pequenas guerras: João Paulo II é o ícone dos “conservadores” e João XXIII dos “liberais”. Com essas atitudes, tais grupos mostram as limitação de seus ideários e o tamanho de suas obsessões. Esquecem-se de que ambos foram pontífices da mesma Igreja e que esta encontra na diversidade de seus carismas a razão de sua riqueza e unidade. Foram homens de personalidades distintas, determinados e autênticos, entre os quais houve uma nítida continuidade e unidade de propósito, visível na história recente da Igreja. O resto é gosto pessoal. Eles foram canonizados pelo Papa Francisco não porque são modelos de
perfeição, mas porque eram pecadores. Qualquer um que buscar neles defeitos e erros, seja em palavras, atos ou omissões, sem muito esforço os encontrarão; mas ao fazê-lo irão julgá-los erroneamente. A santidade não é um estado de iluminação ética, nem se alcança pelo cumprimento de um programa político. É o caminho dos pecadores que buscam honestamente a Deus. Uma vereda sempre pessoal, porém nunca privada, pois implica a comunhão com a Igreja, à serviço da humanidade. Foram homens leais a si mesmos e que viveram em plenitude o próprio caminho na fé, guiados pela razão, um pouco a tatear, confiantes no Nazareno. Recorreram o próprio caminho a Damasco, o caminho da obediência à vontade de Deus, e por isso foram declarados santos. Mas esse não é o fim da história. Permanece ainda pendente a beatificação do Papa Paulo VI, pronta para acontecer. Foi ele quem levou adiante o Concílio depois da morte de João XXIII, para logo sofrer os cruéis embates dos radicais de diversas posições, ante os quais jamais se intimi-
dou. Como as atitudes de Francisco a todo momento surpreendem aqueles que o observam, não seria uma surpresa que ele isentasse Paulo VI do segundo milagre para também inscrevê-lo no livro dos santos, assim como fez com João XXIII. Como simples leigo, opino que esta decisão estaria de acordo com a vontade de Deus, seria uma fonte de alegria para a Igreja e um ato de justiça. A coragem e a capacidade com que Paulo VI enfrentou as adversidades foram fundamentais para que o Concílio e a Igreja encontrassem um presente tão promissor, como o que agora vivemos sob o pontificado de Francisco.
Especial
Santuário da Divina Misericórdia 20 ANOS de história Gislaine Keizanoski
Jornalista editora da Revista Divina Misericórdia
E
ssa é a singela e memorável capelinha de madeira, a primeira da paróquia, que era dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro até o ano de 1994.
Santa Missa celebrada pelo arcebispo Dom Pedro Fedalto, em 24 de julho de 1994. Essa celebração marca o início da Paróquia Divina Misericórdia, assumida pelos Padres Marianos. Pe. Jan Glica, MIC, foi o primeiro pároco. Em 1995, a estimada irmã Elvira Nichele, ASCJ, falecida neste ano de 2014, doou à paróquia parte de um terreno que pertencia à sua família. A cruz marca o espaço onde futuramente seria erguida a nova igreja. 12 - Revista Divina Misericórdia - Junho/Julho 2014
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Bênção solene da Pedra Fundamental da igreja, em 1997.
Dedicação da paróquia como Santuário da Divina Misericórdia em 2002.
Santa Missa em ação de Graças No dia 24 de julho, aniversário do Santuário da Divina Misericórdia, una-se a nós em oração de agradecimento a Deus por este território sagrado. E no dia 27 de julho (domingo) venha até o Santuário participar conosco da Santa Missa solene, às 10 horas, em ação de graças por esses 20 anos. Esperamos por você!
Destaque
A Festa da Divina Misericórdia CUMPRIMENTO DA PROMESSA DE JESUS
À SANTA FAUSTINA Pe. Francisco Anchieta Cardoso de Muniz, MIC
Pároco e reitor do Santuário da Divina Misericórdia Curitiba, PR, e-mail: pe.anchietamic@gmail.com
A
celebração de mais uma Festa da Divina Misericórdia em nosso Santuário é, certamente, ao longo de todo o tempo em que divulgamos a devoção à Divina Misericórdia, uma nova oportunidade para percebermos o cumprimento do desejo de Jesus expresso à
Cocelebraram a Santa Missa: padre André, atual pároco padre Anchieta, padre Sandro e padre Luiz Antonio - todos da Congregação dos Padres Marianos
Santa Faustina Kowalska. Pedido que aparece já no início do Diário da santa:
“
Eu desejo que haja a Festa da Misericórdia. Quero que essa Imagem, que pintarás com o pincel, seja abençoada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa, e esse domingo deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 49).
Um aspecto importante que ob14 - Revista Divina Misericórdia - Junho/Julho 2014
servamos da celebração da Festa é a atração que ela exerce sobre os fiéis como uma oportunidade de louvor a Deus, conforme o próprio Jesus diz, também no Diário:
“
Minha filha — olha para o abismo da Minha misericórdia e dá a esta misericórdia louvor e glória. Faze-o da seguinte maneira: reúne todos os
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Caminhada Vocacional: Mais de mil fiéis percorrem todo ano um trajeto de mais de 12 Km. Eles saem da paróquia S. Jorge (bairro Portão - Curitiba) em direção ao Santuário da Divina Misericórdia para participar da Festa da Misericórdia.
pecadores do mundo inteiro e mergulha-os no abismo da Minha misericórdia. Minha filha, quero entregar-Me às almas, desejo as almas. Na Minha Festa — na Festa da Misericórdia — percorrerás o mundo inteiro e trarás as almas que desfalecem
para a fonte da Minha misericórdia. Eu as curarei e fortalecerei” (Diário, 206). Dessas palavras de Jesus, podemos dizer que a Graça de Deus tem certamente auxiliado e fortalecido a todos que, entendendo e procurando praticar as revelações de Jesus à Santa Faustina, se voltam a Ele com confiança. Desde já, sob uma espécie de contagem regressiva até a celebração da Festa da Divina Misericórdia do próximo ano, em cada dia que antecede esse momento, possamos sempre dizer: Jesus, eu confio em Vós!
Fotos: Lucas S. Teixeira
Destaque
A Festa da Misericórdia
Por todo o país, fiéis se reuniram em suas paróquias para celebrar a Festa da Misericórdia. Muitos devotos registraram esse dia especial e mandaram as fotos para a Revista Divina Misericórdia.
São Mateus - ES
Paróquia São Mateus
Fortaleza - CE Santuário Sagrado Coração de Jesus
Bom Retiro do Sul - RS
Paróquia Sagrada Família
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PELO BRASIL Planaltina - DF Paróquia São Sebastião
Marabá - PA
Paróquia Nossa Senhora de Nazaré
São Paulo - SP Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora
Destaque
A Festa da Misericórdia PELO
MUNDO
Gislaine Keizanoski
Jornalista Editora da Revista Divina Misericórdia
Vaticano - Roma
Polônia - Europa
Uma multidão de mais de 1 milhão de fiéis de todas as partes do mundo se reuniu na praça de São Pedro, no Vaticano, no domingo 27 de abril, para a celebração da Festa da Misericórdia, e a canonização dos Papas João Paulo II e João XXIII - “dois homens corajosos, cheios da parresía do Espírito Santo, que deram testemunho da bondade de Deus e da sua misericórdia à Igreja e ao mundo”, falou o Papa Francisco aos fiéis.
Cerca de 200 mil pessoas participaram da celebração da Festa da Misericórdia no Santuário da Divina Misericórdia, em Lagiewniki, cidade de Cracóvia. O coração dos poloneses festejou a canonização do polonês João Paulo II.
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Portugal - Europa No convento de Balsamão, que fica aos cuidados dos Padres Marianos, foi celebrada a Festa da Misericórdia. Essa festa é celebrada desde 1983, e a partir de 1998 é precedida pela realização da Semana de Espiritualidade sobre a misericórdia de Deus. Nesse ano, o tema foi Divina Misericórdia e vocação. O Pe. Basileu Pires - provincial dos Padres Marianos em Portugal, nos relata que os festejos terminaram à tarde com um sacramental: a unção com o Bálsamo de Nossa Senhora de Balsamão.
Filipinas - Ásia O padre Waleriano Pozniak, MIC, conta que este ano a Festa da Misericórdia, no santuário da Divina Misericórdia, em El Salvador City, reuniu um público recorde. Cerca de 70 mil pessoas passaram pelo Santuário para participar das celebrações e para visitar a maior imagem de Jesus misericordioso - uma estátua com mais de 15 metros de altura. Às 3 horas manhã, cerca de 30 mil pessoas acompanharam a costumeira procissão com a Imagem de Jesus Misericordioso. Com velas nas mãos, os devotos cantavam e rezavam o Terço da Divina Misericórdia até chegar ao local da celebração campal da Santa Missa, às 4 horas da manhã. Padre Pozniak conta ainda que muitos recorreram ao sacramento da confissão.
Destaque
Camarões - África No continente africano foram muitos os preparativos para a Festa da Misericórdia. O padre Francisco Filipec, MIC, durante toda a quaresma visitou muitas paróquias de diferentes localidades de Camarões preparando espiritualmente os leigos que, imbuídos de fé, no dia da Festa se reuniram em caravanas para participar da celebração no Santuário da cidade de Atok dirigido pelos Padres Marianos. Uma das romarias percorreu 87 km, durante 3 dias, para dela participar. No caminho: chuva, lama e muita fé.
Estados Unidos América do Norte
Argentina América do Sul
Mais de 19 mil peregrinos chegaram ao Santuário Nacional da Divina Misericórdia, em Stockbridge, Mass (USA), dirigido pelos Padres Marianos. Pelas placas dos ônibus, foi registrado a presença de caravanas de 13 estados americanos e de duas províncias canadenses. A santa Missa solene da Festa da Misericórdia foi transmitida, em tempo real, para o mundo inteiro pelo canal de TV católico EWTN.
Às 15 horas, muitos argentinos se reuniram na paróquia dos Padres Marianos, San Casimiro, em Rosario - Santa Fe, para participar das atividades que ocuparam o Domingo da Misericórdia. A programação iniciou com a oração do Terço da Misericórdia, adoração ao Santíssimo Sacramento e louvores. Após o lanche fraterno, preparado pelos paroquianos, as atividades do dia se encerraram com a celebração da santa Missa da Festa da Misericórdia, com a participação do coral “João Paulo II” da Universidade Católica da Argentina. O padre Dante Aguerro, MIC, conta que nesse dia a paróquia também recebeu fiéis devotos da Isla de Curaçao, país localizado às margens do Mar do Caribe. “Eles escolheram participar conosco para fortalecer os laços fraternos que existem entre nós, criados a partir das missões que os Padres Marianos da Argentina realizam regularmente naquela ilha”, explica o sacerdote.
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O Padre André Lach, MIC, diretor do Apostolado da Divina Misericórdia, agradece a todos os Padres Marianos pelo envio das matérias e fotos sobre a Festa da Divina Misericórdia celebrada em suas paróquias, ao redor do mundo: Pe. Basileu Pires, MIC, de Portugal; Pe. Waleriano Posniak, MIC, e Pe. Mário Janiszewski, MIC, de Filipinas; Pe. Francisco Filipis, MIC, de Camarões; Pe. Dante Aguero, MIC, da Argentina; e o senhor Maciek Talar, dos EUA. Os textos enviados pelos padres foram resumidos. Para ler a matéria completa sobre a Festa da Misericórdia em cada um desses países, acesse o nosso site www.misericordia.org.br
Testemunho
Dois milagres de Jesus em minha vida
E
screvo para testemunhar um grande milagre que aconteceu em minha vida, ou melhor, dois.
agradece a Deus, pois cientificamen-
Primeiro, descobri que estava grávida, justamente no mês em que estava fazendo exames para diagnosticar as causas da infertilidade. Os exames ressaltaram que eu não ovulei naquele mês. Eu e meu esposo estávamos tentando engravidar fazia um ano, sem êxito e, desde então, procuramos ajuda médica. Quando levei o resultado do teste de gravidez para o médico, ele logo disse: “vai e
A segunda graça aconteceu logo
te você não tinha como engravidar
neste mês”. Eu já sabia... era Deus agindo. Esse foi o primeiro milagre.
depois. Eu sofri um descolamento da placenta, por isso precisei fazer
repouso absoluto. Em casa, de re-
pouso, comecei a acompanhar o Ter-
ço da Misericórdia pelo computador, todos os dias. Por 18 dias permaneci acamada e hoje já fui liberada do repouso. Está tudo bem comigo e com o meu anjinho.
Tenho certeza do poder de Deus, por mais pequena e frágil que seja a minha fé, nunca deixei de acreditar e de pedir. Agora peço a Deus que continue comigo e com a minha família, como Ele sempre esteve. Peço que Ele proteja a minha gravidez e dê saúde para esta criança que carrego em meu ventre. Quando eu voltar a trabalhar não poderei rezar o terço às 15 horas, mas em um outro momento do meu dia continuarei rezando. Obrigada Jesus pela sua infinita Misericórdia!
A humanidade precisa conhecer a Misericórdia de Deus. Conte o seu testemunho! Mande seu e-mail para: apostolado@misericordia.org.br ou envie sua carta para: Apostolado da Divina Misericórdia Cx.P.: 8971 Cep: 80.611-970 Curitiba-PR
Evangelizando pelo Brasil
Nos passos de São José de Anchieta O PRIMEIRO MISSIONÁRIO
EVANGELIZADOR EM TERRAS BRASILEIRAS Gislaine Keizanoski
Jornalista editora da Revista Divina Misericórdia
O
anúncio da canonização do sacerdote Jesuíta José de Anchieta nos remete, de maneira quase que inevitável, ao passado da nossa nação. É impossível falar desse Apóstolo do Brasil, como é conhecido, sem recordar fatos históricos da colonização desta Terra de Santa Cruz.
consagrou suas qualidades humanas, a capacidade de lutar, de ser destemido e a sua espiritualidade”, assim o descreveu o Cardeal Raymundo Damasceno na santa Missa em ação de Graças pela canonização de José de Anchieta, celebrada em Roma no dia 24 de abril deste ano.
O reconhecimento da sua santidade vinha sendo aguardado pela Igreja do Brasil por mais de 400 anos. O Papa Francisco pôs fim a essa espera ao assinar, no dia 3 de abril deste ano, o decreto de santidade de José de Anchieta. O santo, de origem espanhola desembarcou no Brasil, vindo de Portugal, em 1553, na flor de sua juventude, aos 19 anos. Ainda não era sacerdote, contudo já havia professado os votos de pobreza, castidade e obediência. “Com coração juvenil, amou, desde o primeiro contato, o povo brasileiro. A ele, dedicou sua grande inteligência, cultura e erudição, a capacidade de amar e de sofrer por amor. A ele,
A arte de evangelizar Em terras brasileiras, José de Anchieta vivia a pobreza e a simplicidade entre os índios, os margina-
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lizados e os negros. Da sua primeira vivência entre os índios, descreve numa carta enviada à Europa o costume apresentado por eles de colocar folhas de bananeiras como toalha sobre a mesa, observando que não sabia ao certo a razão desse cuidado, considerando que o alimento eles não tinham. Ainda assim, assegurava que ele e os demais padres Jesuítas estavam felizes e que não sentia saudades da vida confortável que tinha na Europa. Foi um incansável evangelizador em nossas terras e sua criatividade é notória. Catequizava os índios com a poesia e o teatro. Ousadia que “nos interpela sobre os métodos de evangelização que usamos hoje”, aponta Dom Damasceno. Por isso, o santo Anchieta é para nós inspiração, já que hoje se faz urgente uma autêntica evangelização inculturada, ou seja, capaz de evangelizar as culturas para inculturar o Evangelho.
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A trilha do Santo Amante e observador da natureza, José de Anchieta escreveu a conhecida Carta de São Vicente contendo a primeira descrição detalhada da Mata Atlântica, importante bioma brasileiro. Anchieta costumava abrir picadas pela mata litorânea entre Iriritiba e a ilha de Vitória, com pequenas paradas para a oração e o repouso nas localidades de Anchieta (que foi chamada também Benevente e Reritiba), Guarapari, Setiba, Ponta da Fruta e Barra do Jucu. Mais recentemente, na década de 70, o professor, arquiteto e historiador Benedito Lima de Toledo decidiu desbravar o caminho criado pelo santo. “O que se sabia há 40 anos atrás é que aquele sacerdote havia vencido a Serra do Mar por um caminho às margens do Rio Perequê”. Curioso por saber o que o padre Anchieta experienciou mata adentro, o professor montou uma equipe que, munida
Fonte:
de kits para expedições, partiu para resgatar essa história. Depararam-se com “uma das paisagens mais belas da região: a conjunção de três afluentes formando o que, se presume, seja a Grota do Perequê, ponto de um caminho conhecido por Caminho do Monge, outra denominação do Caminho do Padre José de Anchieta”.* Um dos resultados dessas expedições do padre Anchieta pela serra do mar deu origem à cidade de São Paulo. O santo registrou numa carta enviada ao seu superior provincial, em Portugal, que ao chegar ao planalto de Piritininga encontraram “ares frios e temperados como os da Espanha” e “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas”. E esse foi o local adequado para se iniciar um novo povoado: numa colina alta e plana, cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. Em 25 de janeiro de 1554, o sacerdote Manoel da Nóbrega, na presença do seminarista José de Anchieta, celebrou
a primeira Missa no local do Colégio São Paulo de Piratininga, fundado pelos Jesuítas, e que deu origem ao povoado que se formou ao redor. Atualmente a trilha do santo Anchieta, com cerca de 105 quilômetros, vem sendo percorrido a pé por turistas e peregrinos.
Onde houver ódio que eu leve o amor... Como bom devoto de São Francisco de Assis, José de Anchieta atuou também como mediador da paz. Em 1563 ele intermediou as negociações da Confederação dos Tamoios entre os portugueses e os indígenas. Permaneceu por vários meses como refém dos índios, período no qual compôs um conhecido poema dedicado à Bem-Aventurada Virgem Maria - expressão máxima do seu amor e devoção à Mãe de Deus. Conta-se que ele teria escrito esse poema nas areias da praia; memorizou cada palavra e, mais tarde, passou para o papel.
http://blogs.estadao.com.br/edison-veiga/2014/04/06/andei-por-essas-aldeias-de-uma-carta-do-padre-jose-de-anchieta-mais-de-
-400-anos-atras-sobre-o-caminho-atraves-da-serra-do-mar/
* Consultado em 06 de maio de 2014
Evangelizando pelo Brasil Certamente esse período de confinamento foi para ele um dos mais difíceis. Já que teve que passar dias sem a Eucaristia e as visitas diárias que fazia ao Santíssimo Sacramento. Apenas quando um sacerdote chegava à aldeia indígena é que Anchieta podia participar da santa Missa e receber o seu amado Jesus-hóstia. O seu amor e saudade pela Sagrada Eucaristia está registrada em diversos poemas que compôs. Num deles declamou: “Oh que pão, oh que comida, oh que divino manjar se nos dá no santo altar cada dia”.
para Reritiba, manteve-se à frente do Colégio dos Jesuítas em Vitória - ES.
O primeiro devoto do Coração de Jesus no Brasil
Atualmente, o maior conhecedor da vida do santo Anchieta é o padre Hélio Abranches Viotti, SJ, professor de história do Brasil nas Faculdades dos Jesuítas, membro de institutos históricos e academias de letras, que desde 1922 pertence à Companhia de Jesus. Padre Hélio conta que José de Anchieta foi um grande devoto do Sagrado Coração de Jesus. Anos depois (1566), Anchieta “Ele já se antecipava nessa devoção”, foi à Capitania da Bahia a fim de comenta o sacerdote ao falar do verinformar ao governador Mem de Sá so “a lança que abriu-lhe o peito...” sobre o andamento da guerra contra de um dos poema de Anchieta. O os franceses, possibilitando o envio seu amor e devoção pelo Coração de reforços portugueses ao Rio de de Jesus são lindamente Janeiro. Nesta mesma expressos também com época, aos 32 anos, José estas palavras, parte de São José de de Anchieta foi ordeum poema: “Ei-lo, rasgaAnchieta não nado sacerdote. O sando jaz nesse tronco inimiteve medo to, apaixonado pela Eugo, e com sangue a escorrer paga teu furto antigo! Vê caristia, tratou logo de da alegria como larga chaga abre o providenciar um altar peito, e deságua misturado portátil e, dessa maneicom sangue um rio todo d’água”. ra, nem mesmo em suas viagens marítimas pela costa do Brasil deixou No fim de sua vida, o sacerdote de celebrar a santa Missa. Descia em Anchieta retirou-se para Reritiba, cada porto, montava o seu altar porlocal onde faleceu em 1595. Nesse tátil e ali adorava a Jesus Eucarístico. mesmo ano foi aberto o processo
Em 1569, José de Anchieta participou da fundação do povoado de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. Dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro de 1570 a 1573. E, em 1577, foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos. Em 1587 foi
informativo para a sua beatificação. Em 1980, o Papa João Paulo II declara-o bem-aventurado, e neste ano de 2014, por fim, foi finalizado o processo de canonização, mesmo sem a comprovação dos milagres alcançados por sua intercessão. “São José de Anchieta soube co-
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municar aquilo que experimentou na comunhão com o Senhor, aquilo que tinha visto e ouvido Dele; essa é a razão de sua santidade. Não teve medo da alegria”, apontou o Papa Francisco na Missa em ação de graças pela canonização desse santo.
“Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas, e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas? Não te move a aflição dessa Mãe toda em pranto, que a morte tão cruel do filho chora tanto? O seio que de dor amargado esmorece, ao ver, ali presente, as chagas que padece? Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus, ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux. Olha como, prostrado ante a face do Pai, todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai. Olha como a ladrão essas bárbaras hordas pisam-no e lhe retêm o colo e mãos com cordas.” (parte do poema Compaixão da Virgem pela morte do Filho, de autoria de José de Anchieta)
Jovens em Cristo
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JUVENTUDE
e Palavra de Deus Ir. Eli Carlos Alves de Sousa, MIC
H
á alguns anos li uma citação que muito me chamou a atenção. A frase definia livro como aquilo que, quando bem usado, previne a ignorância. Creio que o autor dessas palavras tem alguma razão, pois a leitura de um bom livro abre para a mente humana as portas e as janelas do mundo. A leitura nos dá a capacidade de enxergar mais além, especialmente de ver as coisas além das simples aparências. Ler é descobrir o mundo!
Particularmente observo que a juventude têm descoberto o gosto pela leitura. Não é raro encontrarmos jovens lendo nos ônibus, no metrô ou em lugares públicos. E esse é um belo hábito. Quando entro numa livraria, fico feliz ao ver jovens curiosos em meio a tantos títulos, folheando livros em busca de uma boa literatura. No entanto, há um Livro em especial que precisa ser descoberto pela juventude: a Sagrada Escritura. Muitos já experimentam a graça que é a sua frequente leitura, porém são muitos os que ainda não perceberam que esse Livro é especial e, por isso, é chamado de Livro Santo (2Mc 8,23). Através da leitura da Bíblia somos
Seminarista da Congregão dos Padres Marianos
inseridos num mundo fantástico, mas não imaginário ‒ a Palavra de Deus abre para nós o caminho da vida. Este é o convite que eu faço a você, jovem: permita-se adentrar nesse mundo esplendoroso, o mundo verdadeiramente real, visto através dos olhos misericordiosos de nosso Deus, cujas portas nos são abertas pela Bíblia. Mas, por que o jovem cristão precisa ler a Sagrada Escritura? Razões não faltam. Podemos dizer que o jovem encontrará na Bíblia o alimento verdadeiro para a sua fé, pois através da leitura se encontrará com a verdade de Deus, se encontrará com o próprio Deus. Nas palavras do Papa emérito Bento XVI encontramos um belo motivo para nos dedicarmos à leitura da Sagrada Escritura: o jovem católico precisa ler a Bíblia porque “é urgente e necessário que surja uma nova geração de apóstolos que esteja enraizada na Palavra de Cristo, em condições de dar uma resposta aos desafios do nosso tempo e preparados para anunciar o Evangelho em toda a parte”. Pela leitura da Palavra de Deus nos tornamos discípulos e missionários de Cristo.
No entanto, é preciso estar atento. Para nos tornarmos essa nova geração de apóstolos não basta ler a Palavra de Deus, precisamos rezar com ela, meditar cada palavra e, principalmente, viver cada ensinamento. Esse é o grande desafio que somos chamados a assumir, para assim nos tornarmos arautos da Boa Nova, anunciadores das maravilhas que Nosso Senhor nos oferece. Como estamos na era das redes sociais, gostaria de indicar ainda, especialmente para você, jovem, o site <http://www.lectionautas.com. br>. Lectionautas Brasil é um espaço virtual que nos ajuda a praticar a leitura orante e a navegar nas águas profundas da Palavra de Deus. A leitura orante é uma forma privilegiada para nos aproximarmos e nos apaixonarmos pela Sagrada Escritura; aprendemos, por esse método, a abrir o coração para Deus. Desejo a todos uma bela experiência com a Sagrada Escritura, pois, como afirma Santa Faustina, “a Palavra de Deus é viva”, é eloquente e nada pode sufocá-la (Diário, 135). Que o Espírito Santo abra os nossos corações para acolher a Palavra de nosso Deus.
Luta pela Vida
Ideologia de gênero
A BATALHA FOI VENCIDA, MAS É PRECISO ESTAR ATENTO Pe. Silvio Roberto, MIC
Pároco da Paróquia São Jorge, Curitiba, PR.
P
or fim, foi vencida a batalha contra a tentativa de colocar a ideologia de gênero na educação brasileira. O Plano Nacional de Educação (PNE), que deve vigorar por 10 anos em nosso país, vinha sendo discutido na Câmara e no Senado desde 2010. Essa discussão teve mais um importante passo, quase final, na primeira semana de maio de 2014. Agora o PNE seguirá para votação no Plenário. Um Plano de Educação é, sem dúvida, necessário para o nosso país. O detalhe em questão é que o atual governo brasileiro está tentando aproveitar do PNE como uma oportunidade para infiltrar na sociedade, por meio da educação das crianças, conceitos perniciosos da Ideologia de Gênero. Atitude de um governo antifamília que pretende afetar as crianças e toda a base familiar, pois, ao que parece, a meta desse governo é justamente a destruição da família.
Os militantes da ideologia de gênero pretendem, por meio da manipulação de linguagem, disseminar a ideia
Segundo a Ideologia de Gênero não existe a diferença de sexo: um dia a pessoa pode ser homem, outro dia mulher.
de que o ser humano não possui um sexo definido - o homem não nasce homem, a mulher não nasce mulher, ou seja, cada um pode ser aquilo que deseja ser, conforme o capricho do momento. Pretendem que as pessoas adiram a essa ideologia, opondo-se diretamente às próprias convicções. Nas escolas, as crianças passariam a ser reeducadas ou coibidas a acreditar que elas não têm um sexo definido, e que, por isso, podem escolher agir como homem, como mulher, como homossexual, como bissexu-
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al, como travesti, etc. Tal comportamento desmonta o modelo familiar pai-mãe. Ou seja, a instituição familiar composta por pai (homem) e mãe (mulher) deixa de ser regra. Trata-se de uma desordem de conceitos que se lançados sobre as crianças e adolescentes podem aprofundar o abismo moral da nossa sociedade.
Consequências Caso o texto final do PNE tivesse sido aprovado da maneira como
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foi inicialmente apresentado ‒ contendo palavras ambíguas, de conteúdo alterado de forma dissimulada em acordo com essa ideologia ‒ abrir-se-iam as portas para uma sequência de ações tenebrosas à nossa sociedade. • Os pais não poderiam impedir os próprios filhos de receber essa “educação” de gênero, pois poderiam ser acusados/processados por preconceito; • as crianças sofreriam a pressão da promiscuidade, sendo que, para isso, o Governo brasileiro já preparou cartilhas com toda sorte de besteiras a serem ensinadas às crianças.* • as escolas católicas ou evangélicas não poderiam rejeitar a “educação” de gênero aos seus alunos, pois ela seria parte do currículo obrigatório; • os professores, ainda que contra a própria consciência, também não poderiam se negar a ensinar segundo a “educação” de gênero, com o risco de serem demitidos e/ou processados. Em resumo, os nossos filhos seriam doutrinados, desde cedo, de acordo com esse novo “modelo” de pessoa e de família. E tudo isso de forma coerciva, imposta pelo Governo, pois essa ideologia não é aceita pela maioria do povo brasileiro.
Histórico da votação O texto original do PNE, com referência à Ideologia de Gênero, foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas, por fim, foi modificado no Senado, que retirou os termos per-
niciosos dessa ideologia. Devido a essa mudança, o texto voltou ao Congresso, e, então, novamente, o Governo, por meio do Deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) fez toda pressão para outra vez adequar o texto conforme a Ideologia de Gênero. Após muitas manobras e tentativas de votação, o texto final do PNE foi finalmente aprovado, sem concessões à Ideologia de Gênero. Essa vitória foi conquistada graças aos católicos – entre eles muitos jovens – que se dedicaram a falar com os deputados, ligando e mandando e-mail e alguns, inclusive, por diversas vezes, foram pessoalmente a Brasília. Também alguns bispos emitiram notas contra a ideologia de gênero no PNE.
Próximos passos Apesar da vitória, precisamos estar atentos às tentativas de destruição da família por parte do atual Governo. Nas eleições que virão, não podemos votar em políticos contrários ao modelo de família cristã. Nós, católicos, também precisamos nos organizar melhor, para atuar de forma conjunta e articulada no meio político. O texto do PNE ainda passará por uma votação final no Plenário do Congresso. Estejamos atentos, pois o Governo tem apresentado outros textos com a mesma estratégia de implantação da Ideologia de Gênero em nossa sociedade. Convido-o a se informar mais sobre essa questão no blog http://www.acordaterradesantacruz.com.br/.
Um centro de atendimento personalizado e confidencial de proteção e conscientização do valor da vida. Oferecemos amparo espiritual, psicológico, social, material e jurídico para mulheres grávidas, principalmente para aquelas em risco de abortar ou que já abortaram, e também às que já deram à luz. Colabore com esta obra de misericórdia! Banco do Brasil Ag.: 1905-4 c/c: 9465x
* Para saber mais sobre isso, assista o vídeo sobre a perversão das crianças (Dra. Damares) aqui: http://www.acordaterradesantacruz.com.br/
Formação Humana
DA PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO:
O Pai (Lc 15, 25-31)
Pe. Jair Batista de Souza, MIC
Roma - Itália
N
as edições precedentes desta revista, convidei-os à uma leitura personalizada de dois personagens da parábola do Filho Pródigo. Adentramos na interioridade humana espiritual do filho mais novo e do filho mais velho, para, a partir dessa observação, mergulharmos em nossa própria interioridade, reconhecendo em nós mesmos traços da personalidade tanto do filho mais novo, que busca fora da casa do pai um bem que só ali pode ser encontrado; como do filho mais velho que, mesmo não tendo saído de casa, interiormente estava distante, perdido existencialmente em escravidão, ressentimento e tristeza. Nesta edição, quero convidá-lo a darmos um passo mais ousado: observarmos a interioridade do principal personagem dessa parábola - o Pai.
O rosto do Pai revelado por Jesus A parábola do filho pródigo é contada por Jesus, quem desde a
eternidade fez a experiência da Filiação divina e quer nos revelar o rosto do Seu Pai. Sabiamente, Ele utiliza do personagem pai, nas poucas referências que faz a ele, para transmitir algumas características de Deus-Pai. “O pai, então, repartiu entre eles os haveres” (Lc15,12). O filho mais novo pede “a parte da herança que lhe cabe”, e o pai reparte a sua herança com os dois filhos - atitude de generosidade e confiança. Generosidade porque, na verdade, enquanto ele é vivo, não existe herança a ser repartida, porém, generosamente o pai reparte a herança com o filho que havia pedido, e também com o
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outro, que nada havia exigido. Além disso, ele confia nos filhos, acredita que eles usarão de maneira prudente os bens partilhados. Essa confiança, como sabemos, é traída, porém jamais foi destruída. “Ele estava ainda longe, quando seu pai o viu, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. (...) Seu pai saiu para suplicar-lhe que entrasse” (Lc 15,20.28). Encontramos aqui a expressão profunda do amor de Deus-Pai, evidente em algumas atitudes que merecem uma observação mais atenta:
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Compaixão
difícil imaginarmos Deus-Pai numa atitude de ternura, pois muitas vezes O temos como um deus distante e “frio”. Dessa visão pode surgir em nós um bloqueio que impede o abandonar-se nos braços do Pai. O que Jesus quer é justamente quebrar essa imagem errada.
O pai, ao ver o filho ao longe, é “tomado de compaixão”. A palavra compaixão significa, etimologicamente, experimentar o sofrimento do outro (cum+patire = sofrer com). Podemos dizer que o pai sente o peso do sofrimento do filho, é ferido pelo seu Também para com o filho mais sofrimento, ainda que esse sofrimento velho, o pai demonstra o seu carinho, tenha sido causado pelas suas próprias quando o chama de “filho” (“teknon” escolhas. Entretanto, o pai apenas vê - em grego - que pode ser traduzido o quanto o seu filho amado está alcomo “criança” ou “filhinho”). quebrado pelo sofrimento. Essa mesma compaixão O pai dá o pai também o melhor sente pelo filho O que ele quer é mais velho que, Ficamos demonstrar o amor mesmo estando desconcertados e a alegria por têem casa, escoao ouvirmos o lo reencontrado. lheu ficar “fora discurso do joda casa” perdido vem - “meu pai, em tristeza e respequei contra o sentimento. O pai sabe que esse filho, céu e contra ti; já não sou digno de apesar de nunca ter saído do seu lado, ser chamado teu filho” (Lc 15,21) está perdido em rancor e escravidão. - e a abundância de dons dados pelo pai àquele filho. Temos a imCarinho pressão de que o pai nem mesmo ouve o que o filho lhe diz. O que O pai lança-se ao pescoço do ele quer é demonstrar o amor e a rapaz, cobrindo-o de beijos. Atitualegria por tê-lo reencontrado. Não de de carinho por ter de volta o seu teria sido suficiente dar o que filho filho perdido. “O pai disse aos servos: pediu? “Trata-me como a um dos Ide depressa, trazei a melhor túnica e teus empregados”. Isso já não seria revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no bondade demais? Aos nossos olhos dedo e sandálias aos pés. Trazei um nosim, mas o pai não se contenta em vilho cevado e matai-o; comamos e fesser bom, em dar o suficiente. Ele tejemos, pois este meu filho estava morquer dar o melhor. to e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado! E começaram a festejar”. O pai quer alegria As regras e convenções não puderam conter a ternura do pai para com o Com uma festa, o pai não devolve seu filho. Porém, para nós pode ser ao filho a dignidade perdida. Mas ele
quer festejar, demonstrar toda a sua alegria por esse reencontro. Não estamos habituados com a imagem de um Deus “festeiro”, conforme Jesus apresenta nessa e em outras parábolas.
“Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados” (Ef 5,1) A partir dessa reflexão da parábola do filho pródigo naturalmente pode surgir em nós uma compreensão errônea de que “deste jeito é muito fácil!”. “Se Deus é, assim, tão bondoso, então, posso fazer o que quiser e não haverá consequências”.
“O Regresso do Filho Pródigo” pintado pelo holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1668).
As reflexões são fundamentadas no livro: A Volta do Filho Pródigo de Henri J. Nouwen, Ed. Paulinas, ao qual remetemos o leitor para uma leitura mais aprofundada.
Essa indulgente ou adocicada interpretação é falsa. O que nos ajuda a combater esse tipo de interpretação é entendermos as razões pelas quais Jesus conta essa parábola. A primeira razão de Jesus é, como já foi dito, revelar o rosto misericordioso de Deus, mostrar o Pai a partir da sua experiência de Filho. O segundo motivo, tão importante quanto o primeiro, é convidar os seus ouvintes a serem imitadores da misericórdia do Pai. O que significa que somos todos chamados a nos identificarmos não apenas com os dois filhos, mas também com o pai, como o próprio Jesus já havia dito antes, no mesmo Evangelho: “Sede misericordiosos como o vosso pai é misericordioso” (Lc 6, 36). É sempre mais fácil nos identificarmos com o filho mais novo. No entanto, para nos reconhecermos como o filho mais velho é necessário um pouco de honestidade. Enquanto o itinerário cristão é percorrido, passamos por transformações e amadurecimentos que nos permitem ser cada vez mais verdadeiramente a imagem e semelhança de Deus. Esse é o objetivo final da vida cristã. Sendo Deus um Pai de misericórdia, tornar-me misericordioso deverá ser o objetivo final da minha vida espiritual. A imagem do Pai apresentada na parábola do Filho Pródigo pode nos indicar três características através das quais podemos imitar as atitudes de Deus em sua Paternidade de Misericórdia:
O pesar Nasce da compaixão. O pai foi “tomado” de compaixão pelos dois filhos, deixou-se afetar pelo sofrimento e pela dor deles. Para agirmos como o pai, precisamos nos encher de compaixão pelos males do outro. Precisamos permitir que o nosso coração seja atingido pelas imperfeições do outro. Quando percebemos os males que atingem alguém, precisamos olhá-lo com o olhar de Deus. Para me tornar semelhante ao Pai, tenho que aprender a acolher uma pessoa sem me importar qual tenha sido a sua jornada.
O perdão Perdoar é difícil. Tantas vezes dizemos “eu te perdoo”, mas o fazemos apenas com palavras, pois nosso coração permanece zangado e ressentido. Honestamente, na maioria das
30 - Revista Divina Misericórdia - Junho/Julho 2014
vezes gostaríamos de ter a satisfação de humilhar aquele que nos ofendeu. No entanto, o perdão do pai é incondicional, vem de um coração que não pede nada para si mesmo, que não exige nada em retribuição.
A generosidade Não há nada que o pai reserve para si mesmo. Ele doa tudo, em profusão, aos filhos. Para me tornar semelhante a Deus-Pai preciso ser tão generoso como aquele pai. Somos todos chamados a nos doarmos uns aos outros. Esta doação de si é um exercício que não ocorre de forma espontânea. Muitas vezes tememos ser “bons demais” e de nos perdermos nessa generosidade, por isso nos reservamos. Todas as vezes que dou um passo em direção à generosidade, sei que estou me afastando do medo ao amor. Estou me tornando semelhante a Deus.
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