Revista Divina Misericórdia 29

Page 1

Revista

Divina Misericórdia Publicação Bimestral- Ano VII - Nº 29 - Outubro/Novembro de 2014

“Se o homem é capaz de amor é porque o seu coração é capaz de misericórdia”

III CONGRESSO MUNDIAL DA MISERICÓRDIA O ESSENCIAL DO EVANGELHO É A

MISERICÓRDIA

O SEGREDO DA

mística

na vida cotidiana de

SANTA FAUSTINA

Oração pelos falecidos: EXPRESSÃO GENUÍNA DA FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE CRISTÃS


Mensagem do Diretor

Caríssimos, Nos dias 15 à 19 de agosto deste ano aconteceu em Bogotá ‒ Colômbia o III Congresso Apostólico Mundial da Misericórdia. Durante esse congresso tivemos a oportunidade de fazer a experiência do Amor Misericordioso de Deus através das diversas conferências; dos testemunhos; das visitas às instituições sociais que vivem a misericórdia em obras; na participação da via sacra; no sacramento da confissão, nas orações, louvores, santas Missas e adoração ao Santíssimo Sacramento. No livreto que foi entregue a cada um dos participantes, no qual era definido o objetivo geral do Congresso, encontramos as palavras do Monsenhor Julio Hernando Garcia: “la Misericordia no es un movimiento de la Iglesia. La Misericordia es la Iglesia en Movimiento” (a Misericórdia não é um movimento da Igreja. A Misericórdia é a Igreja em Movimento). Aprendemos que Misericórdia “é amor em ação”, quer dizer, Igreja em movimento. De maneira especial, nos meses de outubro (mês de Nossa Senhora do Rosário) e novembro (mês de oração pelos falecidos) somos convidados a realizar obras de misericórdia por meio da oração pelos vivos e falecidos. Que esse tempo seja como uma nova primavera espiritual em nossas vidas.

Padre André Diretor

2 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014


www.misericordia.org.br

Expediente Revista Divina Misericórdia

Sumário Santa Faustina

O segredo da mística na vida cotidiana de Santa Faustina ....................... 4 Publicação bimestral do Apostolado da Divina Misericórdia da Congregação dos Padres Marianos do Brasil Diretor Pe. André Lach, MIC Conselho Editorial

Pe. André Lach, MIC Pe. Leandro Ap. da Silva, MIC Gislaine Keizanoski Carina Novak, OCV Jornalista editora Gislaine Keizanoski Revisão Carina Novak, OCV Gislaine Keizanoski Projeto visual e diagramação Lucas S. Teixeira Nihil Obstat Pe. Jair Batista de Souza, MIC Roma, 16 de setembro de 2014 Imprimatur Pe. Leandro A. da Silva, MIC

Provincial dos Padres Marianos do Brasil

Contato Rua Profeta Elias, 149 Umbará - 81.930-020 Curitiba - PR - Brasil editora@misericordia.org.br (41) 3348 5043

Maria

Totus Tuus: “Todos os Santos são obras da Imaculada!” ............................ 6

Marianos

Padres Marianos se reúnem

em ação de graças pelos 50 anos no Brasil .............................................. 8

25 anos do sacerdócio do Pe. Marcos Dabkowski, MIC ....................... 10 50 anos de sacerdócio do Pe. João Glica, MIC ....................................... 10

Vocacional

Votos perpétuos do Ir. Eli .........................................................................

Jovens em Cristo

11

Evangelização com adrenalina .................................................................. 12

Obras de Misericórdia

Oração pelos falecidos ................................................................................ 14

Destaque: III Congresso Apostólico Mundial da Misericórdia

Colômbia, país de Misericórdia ................................................................ 17 Conclusões Finais ....................................................................................... 20 O que foi dito .............................................................................................. 24

Palavras do Papa

O essencial do Evangelho é a misericórdia.............................................. 26

Santos da Misericórdia

Pe. Miguel Sopocko acolheu e praticou a misericórdia

e hoje é nosso intercessor........................................................................ 28

Misericórdia pelo Mundo

Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba - PR

Divina Misericórdia na Ruanda ................................................................ 30


Santa Faustina

O SEGREDO DA

mística

na vida cotidiana de

SANTA FAUSTINA Xavier Bordas

Teólogo, tradutor no Santuário da Divina Misericórdia da Polônia

Q

ual o segredo da mística na vida cotidiana de Santa Faustina? Em outras palavras: qual é o segredo da sua profunda união com Deus em meio às tarefas cotidianas, responsabilidades, dificuldades, fadigas e acontecimentos ordinários? Qual era o segredo que lhe permitia unir a vida mística com a cotidianidade de sua vida? Qual é o segredo do caminho espiritual pelo qual a conduziu o próprio Jesus? Por muito tempo essas perguntas me intrigaram. E as respostas fui buscar no seu Diário, atento sobretudo em analisar os trechos nos quais Jesus dava uma especial atenção à formação espiritual dessa Santa. Mas o que esperava dela o Senhor na prática, na vida cotidiana? Surpreendeu-me o fato de que ao longo de toda a sua vida o Senhor “exigia” que ela se unisse continuamente com Ele, que habitava em sua alma, para que toda oração, jejum, mortificação, trabalho e todos os sofrimentos dela fossem unidos à oração, jejum, mortificação

e sofrimentos Dele. Santa Faustina efetivamente praticou durante toda a sua vida esses “exercícios espirituais”. Nas anotações de conclusão dos seus retiros mensais percebemos que o seu propósito constante era unir-se a Jesus que habita no interior da alma (cf. Diário 162; 703; 743; 790; 861; 905; 1105; 1177; 1352; 1778). Foi o próprio Jesus que lhe propôs essa prática, e exigia dela a fidelidade no seu cumprimento (cf. Diário 1544). Quando, no final de sua vida, certo dia ela quis esquivar-se dessa prática, Jesus a impediu: “Não alteres o exame particular que te dei através do frei Andrasz, isto é, de te unires continuamente a Mim. Isto é o que hoje estou exigindo expressamente de ti” (Diário, 1544). Em outro momento, Jesus diz a Faustina que unir-se constantemente a Ele através do amor devia ser o objetivo da vida da sua alma (cf. Diário 576). No caminho da união com Jesus na vida cotidiana, para o desenvolvimento e aprofundamento da vida

4 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

espiritual, essa atitude é de grande importância. Está estreitamente relacionada com a verdade da nossa fé na presença de Deus no homem, pela criação, e sobretudo, pela graça. Essa verdade, sobre a morada da Santíssima Trindade na alma, ocupava um lugar importante na vida espiritual de Santa Faustina e na formação do espírito de confiança e de misericórdia nela. Para Santa Faustina, o conhecimento de um Deus vivo que habitava nas profundezas de sua alma e unir-se a Ele através do amor (entendido por um ato de vontade - cf. Diário 576) era fundamental. Deus se manifesta a nós através da Sua vontade, mas, que vontade? Sempre a do nosso bem, pois Deus é amor. "Cada momento da sua vida é um momento de encontro com esta presença que o ama. Alguém disse que o tempo é como sacramento do encontro com Deus. Ora, assim compreendido, cada instante é um talento cristão já que há nele um chamamento dessa presença. Deus dá Sua graça em todos os momentos, sejam eles


www.misericordia.org.br

fáceis ou difíceis" (Tadeusz Dajczer. Meditações sobre a Fé). Ela, de fato, era consciente de que para chegar a ser misericordiosa segundo o modelo de Jesus, para refletir Sua misericórdia e converter-se em Sua imagem viva no seu cotidiano, deveria estar unida a Ele, não apenas na oração, mas sempre e em toda parte. Ela sabia que através dela, o Senhor, em sua misericórdia queria alcançar ao próximo para poder seguir presente na terra, trabalhar onde ela trabalhava, vivia, etc. A força dessa misericórdia (cristã) é Jesus - Misericórdia Encarnada - que junto com o Pai e o Espírito Santo habita na alma dos que foram justificados pela graça. Por isso, ela procurava unir-se a Ele, que habitava em sua alma, o mais estreitamente possível. Em nós há uma Fonte profunda, que é Deus mesmo presente na alma. A presença de Jesus em sua alma, a união com Ele, adorá-Lo e contemplá-Lo no cotidiano de

sua vida - em seu interior, no mais profundo do seu coração, despertava nela o desejo de ser a Sua imagem viva (cf. Diário 163, 785). A Santíssima Virgem a encorajou a viver tal união com Jesus, dizendo: “Adora-O no teu coração, não saias do teu interior (...). Permanece com Ele continuamente no teu próprio coração” (Diário, 785). O objetivo dessa prática é converter-se num reflexo vivo da Divina Misericórdia, em uma imagem viva de Jesus misericordioso. Esta é a vocação de todo cristão. Jesus disse a Santa Faustina: “A Minha misericórdia deveria refletir-se em cada alma” (Diário, 1148). “Deves ser a Minha imagem viva pelo amor e pela caridade” (Diário, 1446). “Minha filha, desejo que o teu coração seja formado a exemplo do Meu Coração misericordioso” (Diário, 167). Tenho que ser uma imagem viva de Jesus misericordioso, permitir que Ele viva em mim e que atue em mim e por mim. Não se trata de exercer a misericórdia apenas de maneira ocasional, esporadicamente nos grandes acontecimentos da vida ou no cotidiano do dia a dia, mas sim, de exercê-la sempre e em toda parte. Jesus disse a Santa Faustina: “Espero de ti obras de misericórdia, que devem nascer do teu amor para Comigo. Deves mostrar-te misericordiosa com os outros, sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te” (Diário, 742). Também dizia Santa Faustina: “Sei bem que a misericórdia é variada: sempre e em toda parte e todas as vezes pode-se praticar o bem.

O ardente amor a Deus vê ao seu redor incessante necessidade de se doar pela ação, pela palavra e pela oração” (Diário, 1313). “E, quando vier o último dia, seremos julgados segundo tais disposições e, de acordo com isso, receberemos a sentença eterna” (Diário, 1158). Nós, por nós mesmos, não somos capazes de ser misericordiosos, por isso, devemos aprender a obter misericórdia e graças da fonte. Santa Faustina obteve misericórdia da fonte da vida Divina, que jorra da Igreja para a salvação e santificação da almas. Ela se beneficiou com confiança e fé viva dos tesouros de graças contidos no Corpo Místico de Cristo (cf. Diário 1758). Ela descobria e vivia o mistério da presença de Jesus ‒ nas fonte de misericórdia: nos sacramentos (sobretudo da Eucaristia), na Palavra de Deus e na oração. Daí obtinha misericórdia, sobretudo para converter-se em seu reflexo. Contudo, houve algo surpreendente nesse caminho espiritual que levou-a a "transformar-se em misericórdia": foi esta constante busca de unir a própria vida com Jesus misericordioso. Esta é uma característica particular da prática da vida espiritual de Santa Faustina, de sua relação pessoal com Jesus. Portanto, a descoberta de Deus na alma, e o fato de unir-se a Ele constantemente, é a primeira caracteristica importante no cotidiano da vida mística de Santa Faustina, ou seja, da sua vida com Deus. Continua na próxima edição...


Maria

Totus Tuus:

“Todos os Santos são obras da Imaculada!” Xavier Bordas

Teólogo, tradutor no Santuário da Divina Misericórdia da Polônia

N

a edição anterior, através dos escritos de São Maximiliano Kolbe, aprendemos que não há melhor preparação para receber a Santa Comunhão do que pedir à Mãe de Deus que Ela mesma, em nós e conosco, prepare o nosso coração. Ela nos preparará da melhor maneira, de modo que podemos estar certos de que causaremos a Jesus a maior alegria possível, de que lhe manifestaremos o mais puro amor. Dessa vez, refletiremos sobre como é possível que a Virgem Maria habite em nós - como dizem são Maximiliano e São Luiz Maria G. de Monfort. Com frequência trazemos em nosso coração a recordação de uma pessoa querida, algumas vezes até desejamos escrever-lhe uma carta. O mesmo acontece com os nossos entes queridos que já partiram, são muitas as recordações que guardamos com carinho. Há também aqueles que sentem de maneira especial a presença dos santos, dos seus intercessores mais queridos... Porém essa recordação, por mais bela que seja, não é a verdadeira

comunhão. Na adoração contemplamos a presença real de Cristo: seu Corpo e Seu Sangue. Quando comungo, Jesus está em mim. Vive em mim. Deus é onipresente, está em toda parte. É um mistério de união que teve início em nosso batismo

Não a busco tanto como Ela me busca, sai ao meu encontro. Se nos consagramos a Ela, ainda que não a busquemos, Ela atua na nossa vida. quando Deus nos assume como filhos. Nos convertemos em templos da Santíssima Trindade. Somos morada da Santíssima Virgem Maria. O Catecismo afirma que Jesus viveu humanamente para que nós possamos viver junto a Ele, para que Ele possa viver em nós. Quando olhamos para Maria e Ela nos olha e ouvimos as palavras de Evangelho: "Mulher, aí tens

6 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

o teu filho, filho aí tens a tua Mãe (...) e João a acolheu em sua casa", isto significa que João a acolhia em toda a sua vida. O mesmo acontece com aquele que se consagra a Maria. Tudo o que ocorre na sua vida interior, os esforços para negar-se a si mesmo [renunciar ao egoísmo], tudo isso vem da Virgem Maria. Se Ela é a nossa Mãe verdadeira, Ela não nos abandona. Como vai abandonar ao seu bebê? Ela está muito próxima. Experimentamos sua presença. Em primeiro lugar, temos de


aceitar a dificuldade de convidá-la a estar continuamente em nossas vidas, mas devemos recorrer a ela e lhe ser agradecidos. Devemos aprender a consultá-la em todas as nossas decisões. Fomos realmente chamados, presenteados com o dom da união com Deus por meio de Maria. A Virgem Maria é Mãe da Igreja, do Corpo Místico de Cristo, dos que estão unidos a Ele, dos que são seus filhos também. Por isso, Ela está ao nosso lado aqui na terra, ainda que não a vemos. São Luiz Maria disse que experimentamos algo exterior: que Ela se dedica a nós, vem cada vez mais até nós. Não a buscamos tanto como Ela nos busca. É ela que sai ao nosso encontro. Se nos consagramos a Ela, ainda que não a busquemos [sempre], Ela atua na nossa vida. Por isso , dizendo sim à pergunta de São Maximiliamo: “Desejas que Ela viva em teu coração?” Isto é o que desejamos: que Maria se dê a nós completamente. A Virgem Maria não é Deus, porém é nossa mãe espiritual e por isso influi em nós. João Paulo II dizia que, quando alguém se abandona a Ela, Ela atua nele com seu amor. São Luís Maria dizia que a Virgem Maria concede aos seus filhos a sua fé, o seu amor, os dons que Ela recebeu do Espírito Santo. Pela fé, ao rezar a Maria, Ela crê em mim e por mim. Quando alguém me causa algum dano e não posso perdoar, Ela faz com que através do seu olhar eu possa olhar para aquele alguém com amor. Quando olhamos para o futuro com temor,

Maria ao pé da Cruz confia e fortalece a nossa confiança; com Ela, a confiança cresce e sou capaz de superar tudo. São Maximiliano Kolbe disse que se causamos o mal, Ela é capaz de reparar, é capaz de tirar um bem maior. Devemos confiar na Divina Misericórdia através de Maria. São Maximiliano Kolbe afirma convencido que a Imaculada é a personificação da Misericórdia de Deus. Nós somos débeis pecadores. Por isso, devemos nos entregar a Ela, sabendo que Ela pode nos transformar em Jesus. Quanto mais débeis somos, mais necessidade temos de nos consagrar a Maria. Em nosso coração sabemos que disso necessitamos. Portanto, a nossa atitude deve ser a de um mendigo: reconhecer a nossa debilidade, porém com humildade, dizendo: “quem sou eu para que venha visitarme a Mãe do meu Senhor?” Quer dizer, podemos experimentar a nossa fraqueza, porém cada vez mais unidos a Deus. Conheceremos o que significa a verdadeira humildade. A falsa humildade tem dois extremos: por um lado, o orgulho; por outro, a tristeza de se ver débil, o que nos leva a estar cabisbaixos todo o tempo. Nós somos chamados a viver na alegria. Devemos dar graças a Deus por nos ter dado essa Mãe, sem merecimento nosso. Portanto, no momento do exame de consciência podemos nos perguntar até que ponto vive Ela em mim? Verdadeiramente a tenho convidado para que viva comigo?


Marianos

Padres Marianos

se reúnem em ação de graças PELOS 50 ANOS NO BRASIL Pe. Leandro Aparecido da Silva, MIC

Superior Provincial

N

o dia 31 de julho a Congregação dos Padres Marianos completou 50 aos de presença no Brasil. Iniciamos nossos trabalhos em Nossa Senhora da Glória, Sergipe, no dia 31 de julho de 1964. O propósito da vinda dos Marianos ao Brasil nasceu dentro do Concílio Vaticano II. O superior geral da Congregação era o Bispo Dom Ceslau Sipowicz, que durante o Concílio ocupou um lugar ao lado de Dom José Brandão de Castro, CSSR, bispo da diocese de Propriá, no Brasil. Dom José fez o convite a Dom Ceslau para os Marianos assumirem alguns trabalhos em sua diocese.

Nossas celebrações em ação de graças por este Jubileu iniciaram em 24 de outubro do ano passado quando nossa Província, com a maioria de seus membros, e inúmeros leigos de nossas paróquias se reuniram na Basílica de Aparecida para participar da celebração Eucarística, presidida por Dom Darci José Nicioli, CSSR. Neste dia a Congregação completava 340 anos de sua fundação. Relembro algumas palavras de Dom Darci direcionada aos Marianos durante a homilia:

E o mundo precisa conhecer Jesus Cristo pelo nosso Testemunho. Acredito eu,

8 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

carissimos Marianos, que é justamente esta a vocação dos senhores, o carisma dos senhores, levar Jesus ao mundo, gera-Lo na fé pelo testemunho de vida. Sigam a inspiração do fundador e pelo testemunho, pela missão de vocês, pelo discipulado de vocês, inspirando os leigos a se unirem a esta espiritualidade. Deem à luz Jesus ao mundo. Deus vos abençoe.

O momento mais importante das celebrações se deu em nossas paróquias em Curitiba. No dia 31, às 11:30, na capela do Seminário Maior iniciamos nossas celebrações


www.misericordia.org.br

Ordenação Diaconal do seminarista Edmar Eing, no Santuário da Divina Misericórdia - Curitiba

com a oração da Hora Média. Eu, Pe. Leandro, fiz a abertura e nos falou também o Superior Geral Pe. André Pakula, que veio da Polônia para celebrar conosco em ação de graças. Enriqueceu nosso encontro a presença de Dom Pedro Fedalto, Arcebispo Emerito de Curitiba. Alguns leigos de nossas paróquias também marcaram presença. Às 15:00 horas, no cemitério de nossa Congregação, no Santuário da Divina Misericórdia, rezamos o Terço da Divina Misericórdia por nossos sacerdotes falecidos. Concluímos este dia de celebrações com a Oração das Vésperas e a Santa Missa, na Paróquia São Jorge, presidida pelo Superior Geral, às 19h30. No dia 01 de agosto presidiu a Santa Missa às 19h30 o Bispo Dom Antonio Wagner da Silva, SCJ, da diocese de Guarapuava. A celebração aconteceu na Paróquia Sagrada Família.

No dia 2 de agosto, às 19h horas aconteceu a celebração no Santuário da Divina Misericórida presidida por Dom João Alves dos Santos, OFM, Bispo de Paranaguá. Deus nos presenteou nessa Eucaristia com a graça da ordenação diaconal do seminarista Edmar Eing. Concluímos as celebrações na Paróquia São Jorge no dia 03 de agosto com a Santa Missa às 11:00 horas presidida por Dom José Mário Scalon Angonese, Bispo auxiliar de Curitiba.

Agradeços a todos aqueles que nos acompanharam com a presença ou orações. Continuemos a caminhar juntos confiando nossas vidas, famílias e a Congregação à Misericórida e à Providência Divina. Continuemos escrevendo esta bela história confiada a nós no tempo presente. Deus abençoe a todos.

Superior Geral da Congregação dos Padres Marianos, Pe Andrzej Pakula, MIC. Em suas mãos a imagem do fundador dos Marianos, Pe. Estanislau Papczynski.


Marianos

A CONGREGAÇÃO DOS

PADRES MARIANOS FESTEJA

25 Anos do Sacerdócio do Pe. Marcos Dabkowski, Mic

50 Anos de Sacerdócio do Pe. João Glica, Mic

Pe. Marcos Dabkowski foi ordenado sacerdote no dia 24 de junho de 1989, em Varsóvia, Polônia, pelas mãos do Cardeal Jozef Glemp, Primaz da Polônia, na igreja de Nossa Senhora Mãe de Misericórdia, dirigida pelos Padres Marianos. Pe. Marcos, depois de trabalhar por dois anos como vigário auxiliar no Santuário de Nossa Senhora da Paz, em Stoczek Warminski, Polônia, recebeu a permissão de se tornar missionário no Brasil. Trabalhou, no nosso lindo Brasil, em várias paróquias dirigidas pelos Padres Marianos.

Pe. João Glica foi ordenado sacerdote, no dia 28 de junho de 1964, em Gora Kalwaria, Polônia na Capela de Santo Antônio. Depois da ordenação sacerdotal, por quatro anos trabalhou em Gora Kalwaria, e no dia 30 de setembro do ano de 1966 deixou sua Pátria rumo ao Brasil. Inicialmente Pe. João trabalhou em Curitiba-PR, na paróquia São Jorge, depois vários anos em Adrianópolis-PR, em seguida voltou para Curitiba e assumiu a paróquia Sagrada Família. Porfim trabalhou por vários anos construindo o Santuário da Divina Misericórdia, no bairro Umbará, em Curitiba (neste ano, no dia 24 de julho, foi celebrado o jubileu de prata da criação desse Santuário).

A Santa Missa jubilar de 25 anos do sacerdócio foi celebrada antecipadamente no dia 15 de junho, às 19 horas na paróquia São Jorge, em Curitiba-PR (por causa dos compromissos como Pároco, na paróquia São Sebastião, no Rio de Janeiro). Participaram vários sacerdotes Marianos, um grande grupo de amigos da nossa Congregação e também amigos do Pe. Marcos.

“O Sacerdote é o amor do Coração de Jesus” (Cura d’Ars) Parabéns queridos sacerdotes! 10 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

A missa festiva do Jubileu de Ouro de sacerdócio do Pe. João Glica aconteceu no dia 28 de junho, na paróquia Sagrada Família, em Curitiba. A santa Missa foi presidida pelo Arcebispo Emérito de Curitiba, Dom Pedro Fedalto, contou com a presença dos Padres Marianos e de amigos do Pe. João.


www.misericordia.org.br

Votos perpétuos DO IRMÃO ELI

N

o dia 6 de setembro o Ir. Eli Carlos professou os votos Perpétuos na paróquia Nossa Senhora Aparecida em Mongaguá - SP. Rezemos por ele e por todos aqueles a quem o Senhor chama ao serviço sacerdotal para que sigam sendo generosos e fiéis no seu Sim!

Jovem!

Você quer se tornar um

PADRE MARIANO?

• Divulgar a verdade sobre Maria Imaculada. • Rezar pelas almas do purgatório. • Doar a sua vida por Cristo e pela Igreja. • Ser apóstolo e divulgador da Divina Misericórdia.

Entre em contato com o Padre Sandro:

Por e-mail: vocare@marianos.org.br

Por carta: Rua Profeta Elias, 149 CEP: 81930-020 Curitiba - PR

Por telefone: (41) 3348-6816

Fotografia: Rene Calazans de Freitas

www.marianos.org.br


Jovens em Cristo

SKATEBOARD, SLACKLINE, SURF E

EVANGELIZAÇÃO COM

ADRENALINA!

Religiosos aliam na Pastoral saúde e bem estar com atividade esportiva! Ir. Thiago Radael, MIC

fb.com/thiago.radael

S

e você pensa que hábito e batina não combinam com esporte é porque você ainda não conhece o Frei Malone e o Seminarista Adriano Bitencourt - gaúchos que apreciam reggae e ‘mandam bem’ no skate, unindo o silêncio interior com a adrenalina das manobras radicais. O frei ainda arranja tempo ainda para se equilibrar na corda, na prática do Slackline. “Na corda não existe outro adversário a não ser você mesmo”, afirma Malone. Já Bitencourt, encontra também no Surf uma grande sintonia com

a natureza. “Aquela imensidão de água... ver uma tartaruga, um boto pulando perto de mim... Só ‘pegando uma onda’ para saber o que se sente no surf !”, afirma o seminarista.

Gaúchos que apreciam reggae e ‘mandam bem’ no skate, unindo o silêncio interior com a adrenalina das manobras radicais. Amor a primeira vista! Esta é a expressão que Bitencourt usa para expressar sua relação com o Skateboard. Ele conta que desde criança pratica o esporte com os amigos da cidade natal, Capão da Canoa (RS). “Em julho, nas férias, desci de skate a Serra do Faxinal

12 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

(SC), a sensação de liberdade é incrível, tensão e prazer ao mesmo tempo, é como voar sobre o asfalto” descreve o seminarista. Mas a motivação dele não para por aí, a paixão pelo skate é compartilhada com a paixão pela prancha de surf. Ele conta que sempre que vai à sua cidade natal, mal acaba de chegar já corre para o mar, “nem desmancho a mochila, coloco o Long (roupa para surfing), passo a parafina na prancha e corro para o mar”, conta. O Surfing sempre o encantou desde criança, e ele afirma que “esta é uma relação que vai durar até que a morte nos separe”, brinca. O desafio e o estar junto com os amigos motivam Frei Malone Rodrigues, religioso da Ordem dos Frades Menores, natural de Alegrete (RS), a praticar Skateboard. “A alegria que sinto junto com meus amigos quando estou treinando recarrega as minhas energias”, conta. Contudo, encontrar um horário fixo para estar com o skate não e fácil. Ele conta que acorda de madrugada para a oração comunitária,


www.misericordia.org.br

aproxima de Deus, pois a natureza é obra das mãos Dele. “No esporte encontro certo equilíbrio, descarrego a tensão, além de gastar calorias”, conta Bitencourt.

que estuda Filosofia na PUC-RS, e que realiza atividades caritativas em dois centros sociais: A Casa São Francisco e a Casa Santa Clara. Estas, são destinadas a acolher crianças em situação de vulnerabilidade social ou em situação de risco. “É difícil encontrar horário fixo para treinar. Chego a passar uma semana sem treino”, revela o Frei que ainda surpreende ao contar a sua nova paixão: o Slackline - esporte onde é necessário equilibrar-se numa corda. “Curto fazer as séries e manobras escutando música. As horas passam voando. Cada passo é um desafio”, conta. Como ele pratica a atividade sozinho, e esta exige concentração, ele diz que já se pegou muitas vezes falando com Deus. Ele pratica este esporte geralmente no final da tarde, sem relógio, fazendo-o perceber melhor o por-do-sol, “sinto a natureza, a sua ‘vibe’ positiva”, diz Malone. Para Frei Malone, o esporte o ajuda a melhor viver a vida interior. “Quando pratico esporte, trabalho com a escuta do corpo, concentração, equilíbrio e controle. Isso ajuda na vivência espiritual”, conta o

frei. Bitencourt fala que o esporte rompe barreiras e o aproxima dos jovens, “quando chego ‘na gurizada’ com meu skate, ou quando alguns me veem indo para a praia com a prancha em baixo do braço, eles percebem que existe a possibilidade de ser um jovem ‘de Deus’ e ao mesmo tempo curtir a vida intensamente, ao mesmo tempo”, afirma. Para ele, a prática esportiva ao ar livre, na mata, no mar, contribui para a vida interior,

É do conhecimento de todos que atividades físicas, esportivas, proporcionam qualidade de vida, e que os benefícios são físicos, mentais e espirituais. Frei Malone diz que o importante é começar. “Descubra algo que curta. Tente. Arrisque!”, motiva o Frei. Cuidar da saúde é zelar pelo dom precioso que Deus nos deu, nossa vida. O corpo é morada de Deus, ele abriga o sopro criativo de Deus, o Ruah Elohim (do Hebraico - língua original dos textos bíblicos do primeiro testamento). Para se construir um novo condicionamento físico, é necessário novos pensamentos, novos hábitos, sair do sedentarismo. E para se tornar bom no esporte que se pratica, segundo Bitercourt, é necessário persistência: “sua persistência fará de você um vencedor!”, conclui.


Obras de Misericórdia

Oração pelos falecidos:

EXPRESSÃO GENUÍNA DA FÉ, ESPERANÇA E CARIDADE CRISTÃS Pe. Basileu dos Anjos Pires, MIC

A

nossa fé em Jesus Cristo Ressuscitado ressuscita-nos para “uma esperança viva, para uma herança incorruptível” que nos está reservada nos Céus (cf. 1Pe 1,3-4). O Espírito Santo ilumina os olhos do nosso coração (cf. Ef 1,18; 1Cor 2,20) e nos faz compreender que “tesouros de glória” encerra a nossa herança entre os santos (Ef 1,18), “que Deus preparou para aqueles que O amam” (1Cor 2,9). Nós acreditamos que “os que morrem na graça e amizade de Deus, perfeitamente purificados, vivem para sempre com Cristo” (Catecismo da Igreja Católica - CIC - 1023). O Céu, que é a plena comunhão de vida e de amor com o Pai, o Filho e o Espírito Santo, com a Virgem Maria, com todos os santos e anjos, “é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva (CIC, 1024). Acreditamos também que “os que morrem na graça e amizade de Deus, mas não de todo purificados,

embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do Céu” (CIC, 1030). “Todo pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual tem de ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte” (CIC, 1472). “A Igreja chama purgatório a esta purificação final dos eleitos” (CIC, 1031).

O Céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva O que é o purgatório? É “um atraso”, imposto pelos nossos pecados, “um atraso antes do braço de Deus, uma queimadura de amor que faz sofrer terrivelmente, uma nostalgia de amor. É precisamente uma nostalgia de amor que nos lava do que ainda é impuro em nós. O

purgatório é um lugar do desejo, do desejo louco de Deus, do Deus que já conhecemos, porque já o vimos, mas ao qual não estamos ainda unidos”*. A doutrina da fé sobre o purgatório foi definida pela Igreja nos Concílios de Florença, em 439, e de Trento, em 1563. O Concílio Vaticano II, ao falar sobre a comunhão dos santos - dos que peregrinam nesta terra, dos que são purificados depois desta vida e dos que são glorificados - afirma: “Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo Místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade, desde os primeiros tempos do Cristianismo, a memória dos defuntos e, ‘porque é coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados’ (2 Mc 12,16), por eles ofereceu também sufrágios” (Lumen Gentium, 50). Os sufrágios que a Igreja oferece em favor dos falecidos, para que sejam purificados dos seus pecados e cheguem à visão beatífica, são a esmola, as indulgências, a oração, as obras de penitência e, sobretudo, o sacrifício eucarístico.

*. EMMANUEL, MARIA IR. - O impressionante segredo das almas do purgatório. Editora e depositária: Cidade do Imaculado Coração de Maria, Fátima, 2002 (9ª edição), p. 16.

14 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014


A pintura retrata o Padre Estanislau Papczynski celebrando uma santa Missa pelos falecidos.

Nesta comunhão dos santos que existe entre os que se purificam depois desta vida e os que ainda peregrinam nesta terra há uma recíproca permuta de bens espirituais. “A nossa oração por eles, diz o Catecismo da Igreja Católica, pode não só ajudá-los, mas também tornar mais eficaz a sua oração em nosso favor” (CIC, 958). No calendário litúrgico da Igreja, há uma data em que especialmente dedicamos a santa Missa em favor dos falecidos - dia 2 de novembro - seguido de uma oitava de orações. A Igreja reza diariamente pelos falecidos: a oração pelos falecidos faz parte de uma das preces da oração Eucarística; na Liturgia das Horas, a última prece de vésperas é sempre pelos falecidos; o Angelus termina, habitualmente, com uma oração pelos falecidos; na novena à Divina Misericórdia, segundo as revelações de Jesus à Santa Faustina Kowalska, o oitavo dia é dedicado às almas do purgatório. Eis as palavras de Jesus: “Hoje, traze-Me as almas que se

encontram na prisão do purgatório e mergulha-as no abismo da Minha misericórdia. Que as torrentes do Meu Sangue refresquem o seu ardor. Todas estas almas são muito amadas por Mim. Elas pagam as dívidas à Minha justiça. Está em teu alcance trazer-lhes alívio. Tira do tesouro da Minha Igreja todas as indulgências e oferece-as por elas. Oh! se conhecesses o seu tormento, incessantemente oferecerias por elas a esmola do espírito e pagarias as suas dívidas à Minha justiça” (Diário, 1226). Nestas palavras, o purgatório é apresentado como “prisão” e “lugar de tormento”. Todas essas almas são muito queridas por Jesus. Estas palavras são um convite a oferecermos por elas a “esmola do espírito”, particularmente as indulgências. Em 1998, celebrou-se o milênio da comemoração dos Fiéis Defuntos, instituído por Santo Odilon, o centenário da Arquiconfraria de Nossa Senhora de Cluny, encarregada de rezar pelas almas do purgatório, bem como o 40° aniversário do Boletim Lumière et vie, que promove a oração pelos finados. Por ocasião destas celebrações, João Paulo II enviou uma mensagem ao Bispo de Antum e Abade de Cluny. Destaco algumas passagens desta mensagens:

Unida aos méritos dos santos, a nossa oração fraterna vai em socorro daqueles que estão à espera da visão beatífica. Tanto a intercessão pelos mortos como a vida dos vivos segundo os mandamentos divinos obtém

www.misericordia.org.br

méritos, que servem à plena realização da salvação. É uma expressão da caridade fraterna da única família de Deus, pela qual ‘correspondemos à íntima vocação da Igreja’ (LG, 51): ‘salvar almas que amarão a Deus eternamente’ (Santa Teresa de Lisieux, oraçõe, 6). Para as almas do purgatório, a espera da felicidade eterna, do encontro com o amado, é fonte de sofrimento por causa da pena devida ao pecado, que mantém longe de Deus. Mas há também a certeza de que, terminado o tempo de purificação, a alma irá ao encontro Daquele que ela deseja (cf. Sl 42 e 62).

As orações de intercessão e de súplica, que a Igreja não cessa de dirigir a Deus, têm um valor enorme. Elas são ‘próprias de um coração conforme com a Misericórdia de Deus’ (CIC, 2635). O Senhor deixa-se sempre tocar pelas súplicas dos seus filhos, pois é o Deus dos vivos. Durante a Eucaristia, mediante a oração universal e o memento pelos defuntos, a comunidade reunida apresenta ao Pai de todas as misericórdias aqueles que morreram, a fim de que, pela prova do purgatório, se esta lhes for necessária, sejam purificados e cheguem à felicidade eterna. Ao confiálos ao Senhor, reconhecemonos solidários com eles e participamos na sua salvação, neste admirável mistério da comunhão dos santos (...). Com efeito, a própria

Este artigo é parte do artigo Orar pelos vivos e falecidos, publicado no livro Obras de Misericórdia - IV e V Semanas de Espiritualidade sobre a misericórdia de Deus. Fátima-Portugal, 2003.


Obras de Misericórdia santidade já vivida, que deriva da participação na vida de santidade da Igreja, representa o primeiro e fundamental contributo para a edificação da Igreja, como ‘comunhão dos santos.’ (Christifideles Laici, 17)

Destas palavras do Santo Padre e à luz da doutrina sobre a comunhão dos santos, se conclui que a melhor oração pelos falecidos é viver santamente. “Encorajo, pois, os católicos, diz-nos o Santo Padre, a rezarem com fervor pelos defuntos, por aqueles das suas famílias e por todos os nossos irmãos que morreram, a fim de obterem a remissão das penas devidas aos seus pecados e poder ouvir o apelo do Senhor: ‘Vem, ó minha alma querida, ao repouso eterno entre os braços da

minha bondade, que te preparou as delícias eternas’ (São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, 17, 4)”*. Como religioso da Congregação dos Marianos, não posso deixar de referir que faz parte do carisma da nossa Congregação, já desde 1673, o auxílio a prestar aos irmãos falecidos. A nossa Congregação, diz o número 19 das Constituições, “tem cultivado desde as suas origens, como grande piedade, a memória dos falecidos, e tem oferecido sufrágio por eles. Por isso, os irmãos empenhar-se-ão em ajudar, com oração e sufrágios, os fiéis falecidos em purificação, depois desta vida, oferecendo sobretudo o sacrifício da santa Missa, as indulgências, as mortificações, bem como as obras de zelo e outras suas boas obras, pois

16 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

‘é um santo e salutar pensamento orar pelos falecidos, para que sejam

livres dos seus pecados’ (Mc 12,46)”. Em todas as paróquias brasilei-

ras onde trabalham os Padres Ma-

rianos, se isso é possível, em todas as segundas-feiras do ano são feitas

orações especiais pelos falecidos e pelas almas do purgatório. Também nas paróquias onde se reza a novena

perpétua à Divina Misericórdia, no

sexto dia da novena são lembrados

os falecidos e almas do purgatório. Outras orações especiais são feitas na oitava do dia dos finados. Se você

está preocupado com a salvação dos

seus entes queridos, junte-se a nós

nessas orações das segundas-feiras, sextas-feiras, no Dia de Finados e nos dias da oitava de finados.


Destaque

www.misericordia.org.br

Colômbia, país de Misericórdia III CONGRESSO APOSTÓLICO MUNDIAL

DA MISERICÓRDIA

Pe. André Lach,MIC

Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia

N

os dias 15 a 19 de agosto, aconteceu em Bogotá, Colômbia, o III Congresso Apostólico Mundial da Misericórdia (World Apostolic Congress on Mercy III ‒ WACOM III Bogotá). Os Congressos Apostólicos Mundiais são promovidos pelos Cardeais com apoio e ajuda das distintas Conferênciais Episcopais do mundo. O primeiro Congresso Mundial aconteceu em Roma, em 2008, e o segunda em Cracóvia, na Polônia, em 2011. Desta vez, o tema foi Misericórdia: nossa missão em um só coração. A escolha de Bogotá para sediar o primeiro congresso no solo do continente americano foi feita com a intenção de preparar o terreno, através da reflexão e da oração, para que a Misericórdia Divina possa alcançar todo esse nosso continente e para que, com um impulso missionário, o amor misericordioso de Deus seja anunciado a todas as pessoas, em todas as nações.

Durante o congresso, os participantes tiveram a oportunidade de experimentar a misericórdia de

Ao todo, éramos aproximadamente 100 peregrinos brasileiros. Dentre eles, 14 sacerdotes e dois bispos: Dom Orani Tempesta e Dom Teodoro Mendes Tavares. Deus pelas mais variadas vias: ouvindo as conferências proferidas por diversos convidados internacionais; escutando os testemunhos de vítimas do conflito armado na Colômbia que foram tocadas pela misericórdia; visitando as instituições sociais que promovem a misericórdia através das obras; participando

da via-sacra na Catedral de Sal em Zipaquirá; encontrando-se com a própria Misericórdia, especialmente no sacramento da confissão, nas orações, louvores, santas Missas e adoração ao Santíssimo Sacramento. O Apostolado da Divina Misericórdia esteve presente neste Congresso com um grupo de 51 pessoas provindas das variadas regiões do nosso país. Participaram desse Congresso ainda outros brasileiros que para ele se dirigiram individualmente ou em outros grupos. Ao todo, éramos aproximadamente 100 peregrinos brasileiros. Dentre eles, 14 sacerdotes e dois bispos: Dom Orani Tempesta, cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, e Dom


Padres Marianos com as irmãs da congregação das Irmãzinhas das Maternidades Católicas da França. No centro a Irmã Marie Simon Pierre que recebeu a graça da cura de Parkinson pela intercessão do São João Paulo II. Padres Marianos do Brasil, Argentina e Estados Unidos. Ao centro, Dom Félix Lázaro Martinez, bispo de Porto Rico.

Teodoro Mendes Tavares, bispo auxiliar de Belém. Participar no Congresso em Bogotá foi para todos nós uma graça e uma inesquecível bênção de Deus. Para mim, que pela primeira vez participei de um Congresso Mundial da Misericórdia, foi um momento único. Várias pessoas me perguntam: “Padre, o que chamou a sua atenção, quais foram os momentos mais importantes desse Congresso?” Não é fácil responder, porque foram muitos os momentos emocionantes. Apesar disso, comentarei três entre os que mais me chamaram a atenção: O primeiro momento marcante foi a abertura do Congresso feita pelo Cardeal de Viena, Christoph Schönborn. Ao longo da sua conferência, intitulada Misericórdia e missão, o cardeal, entre outras palavras, disse que a misericórdia tem preço – analisando a parábola do Filho Pródigo (Lc 15,11-32), depois disse que a misericórdia não existe sem a verdade que liberta – analisando a parábola da Samaritana ( Jo 4,130) e, por fim, que a misericórdia

se revela plenamente por meio do testemunho, especialmente daqueles que experimentaram a misericórdia na própria vida.

A misericórdia não existe sem a verdade que liberta. O segundo momento marcante foi quando o cardeal Rubén Salazar, de Bogotá, em sua conferência A Misericórdia no serviço da reconciliação e paz na Colômbia, apresentou aos congressistas o grande desejo do povo colombiano de viver o processo de reconciliação. Chocante para todos os não-colombianos foram as cifras apresentadas do número de vítimas do conflito armado com as forças revolucionárias FARC:

18 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

superiores a 6 milhões e meio! Massacre de um povo, perpetuado no desconhecimento e indiferença de muitos. Dom Rubén Salazar, lembrando o Catecismo da Igreja Católica, disse: “O homem é capaz de Deus, a Colômbia é capaz de misericórdia, a Colômbia é capaz de viver o processo de reconciliação e de paz”. Depois da sua conferência, seguiu-se o depoimento da Doutora Diana Sofia Giraldo – Nosso trabalho com as vítimas do conflito armado na Colômbia: testemunho de uma das vítimas do conflito armado na Colômbia. Sofia nos apresentou uma mãe que acolheu e perdoou o assassino do seu próprio filho. Observando as pessoas ao meu redor, pude constatar que muitos chegaram às lágrimas quando ouviam esse testemunho de perdão e de misericórdia. Como não lembrar, diante de


www.misericordia.org.br

tudo o que ali via, as palavras que o Santo Papa João Paulo II proferiu no dia 17 de agosto de 2002 (exatos 12 anos da data em que estávamos), em Cracóvia-Lagiewniki, quando confiou solenemente o mundo à Divina Misericórdia! Naquela solene ocasião o Papa disse:

Quanta necessidade da misericórdia de Deus tem hoje o mundo! Em todos os continentes, do profundo do sofrimento humano, parece que se eleva a invocação da misericórdia. Onde predominam o ódio e a sede de vingança, onde a guerra causa o sofrimento e a morte dos inocentes, é necessária a graça da misericórdia para aplacar as mentes e os corações, e para fazer reinar a paz. Onde falta o respeito pela vida e pela dignidade do homem, é necessário o amor misericordioso de Deus (...) É necessária a misericórdia para fazer com que toda a injustiça no mundo encontre o seu fim no esplendor da verdade. (...)É

necessário transmitir ao mundo este fogo da misericórdia. Na misericórdia de Deus o mundo encontrará a paz, e o homem a felicidade!”. O terceiro momento que me marcou muito foi quando o nosso grupo visitou um projeto social apoiado pela Igreja Católica com o nome Pintando caminhos, conduzido por uma entidade sem fins lucrativos, legalmente reconhecida, que há 10 anos proporciona espaços para melhorar a qualidade de vida de 250 crianças, adolescentes e jovens que vivem em uma região pobre e oprimida, no bairro Potosi, na grande Bogotá. Fomos recepcionados com muita alegria pelos professores e pelas crianças que apresentaram cantos e danças da tradição colombiana e cristã. Depois, como nos foi pedido, fizemos um Lectio Divina e todos acabamos várias vezes sendo

surpreendidos pelas respostas e considerações daquelas crianças mais sábias que os adultos. No final recebemos lembranças confeccionadas pelas crianças que ainda nos serviram um modesto lanche, atitude que emocionou a todos. Em verdade, a pobreza sabe partilhar amor e alimentos. O encontro terminou com muitos abraços e agradecimentos. Aprendemos na Colômbia que a misericórdia é um dos maiores atributos de Deus, e precisa ser conhecida e divulgada. Mas não se pode parar nisso. Misericórdia “é amor em ação”, por isso, concluindo esta partilha, peço a Jesus Misericordioso que suscite em nossos corações grandes desejos de praticar obras de misericórdia, para que um número sempre maior de pessoas possam ser salvas pela Misericórdia de Deus. Jesus, eu Confio em Vós. Obrigado por esta lição.

Projeto Social em Bogotá: Pintando Caminhos


Destaque

III CONGRESSO

MUNDIAL

DA MISERICÓRDIA

Conclusões Finais

Publicamos aqui a transcrição das palavras conclusivas do Congresso Mundial, proferida pelo Cardeal Francisco Javier Errázuriz, enviado especial do Papa Francisco ao evento. Acompanhe!

N

esse dia, ao concluir o III Congresso Mundial da Misericórdia, nossa ação de graças sobe ao céu repleta de alegria e agradecimento pelas graças que temos r e c e b i d o, e pela experiência humana e profundamente

evangélica do amor de Deus e do amor fraterno com que Deus nos tem presenteado. Abrimos nossos corações cheios de esperança e rezamos; vivemos em comunhão, sem nos conhecermos antes, provenientes de muitos povos e culturas diversas; cantamos e nos enriquecemos com testemunhos emocionantes e palavras cheias de sabedoria; assumimos propósitos e acolhemos projetos de Deus que nos ajudarão a ser dia após dia, como intensamente desejava o Papa Bento XVI “homens e mulheres da misericórdia de Deus” (Homilia de 15.04.2007) Impressiona-nos a fidelidade de Deus, que nos recorda uma e outra vez ao longo da história da Primeira e da Nova Aliança, que é o “único Deus, rico em misericórdia”, “lento para a cólera e

20 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

rico em amor e fidelidade”. Ele veio ao nosso encontro por meio de Jesus Cristo, ‘rosto humano de Deus e rosto divino do homem’, que com Suas palavras e Seus milagres e, sobretudo, dando a Sua vida por nós, nos fez nascer novamente como filhos de Seu póprio Pai. Ele nos revelou quão grande é o amor de Deus, quão inesgotável é a Sua fidelidade, quão inalterável é a Sua vontade de nos amar primeiro e de nos perdoar, para despertar em nós o amor e a nossa colaboração, e nos fazer felizes. São João Paulo II, segundo o seu colaborador próximo, em Roma, o Cardeal Camilo Ruini, “colocou a Divina Misericórdia no centro da sua vida espiritual, do seu testemunho apostólico e do seu magistério”. Depois de vivenciar a dor da sua pátria, a Polônia, de todo o mundo, e das incontáveis vítimas dos horrores da II Guerra Mundial, compreendia a mensagem da Divina Misericórdia que foi confiada por Deus à santa


www.misericordia.org.br

Faustina Kowalska como um chamado a confiar em Deus misericordioso como a única fonte de esperança para o homem, já que somente a Divina Misericórdia pode pôr um limite ao mal. Proclamava profeticamente que “na misericórdia de Deus o mundo encontrará a paz, e o homem a felicidade” (17.08.2002). O mundo já vive esse tempo de paz e felicidade, ou passa por outra época na qual segue avançando e triunfando o mal? Precisamos nos voltar novamente a Deus, com toda as nossa forças, implorando que venha a nós o Reino da misericórdia divina? De fato, constatamos no mundo um novo aumento de guerras, perseguições, inimizades, injustiças, ações violentas e terroristas, e ainda de execuções de mártires. Não esqueçamos que, segundo o Papa Francisco e segundo constataram também os Papa anteriores, hoje há mais mártires do que nos primeiro séculos da Igreja. Além disso, repetidas vezes somos golpeados pelas investidas daqueles que querem desarraigar nossa cultura de suas raízes cristãs, difundindo a ideia de que o mundo deve encontrar sua felicidade libertando-se dos princípios morais, e fazendo uso da liberdade para destruir vidas inocentes antes do seu nascimento, para erradicar a visão cristã da família, formada por um homem e uma mulher, e para rechaçar toda procriação e toda união por toda a vida. Não foi sem motivos que o Papa Francisco convocou duas assembleias extraordinárias do Sínodo dos Bispos para abordar o tema básico de toda sociedade ‒ a família.

Santa Missa celebrada pelo Bispo da Nigéria, Dom Martin Uzoukwu. Na imagem, durante a procissão das ofertas, foi apresentado o Diário de St. Faustina, recém traduzido para o indioma quiniaruanda.

(...) Deus tomou a iniciativa de presentear a Igreja do nosso tempo com grandes precursores pelo caminho da vida: são os santos. Pensemos especialmente nos Papas que nos tem presenteado, seja naqueles cuja santidade já foi reconhecida, como também naqueles cujos processos de beatificação estão abertos.

de viver conforme essa Palavra e de praticar a lectio e a actio divina. (...) Cresce o números dos que querem fazer uma aliança de amor com Maria ‒ a admiram e seguem o seu modelo de amor ao Pai, de entrega ao Filho e a sua missão de disponibilidade ao Espírito Santo e de amor aos mais necessitados, seguindo seu exemplo em Canaã, e junto à Cruz do Senhor Crucificado.

Temos a experiência de viver em um tempo em que Deus nos oferece a Sua graça, Sua sabedoria e Sua misericórdia, de mãos cheias.

O tempo atual, o nosso tempo, não nos permite permanecer indiferentes. É verdade que muitos são seduzidos pelo inimigo e suas tentações, e colaboram com ele. Mas este não é o nosso caminho. Temos a experiência, que nos enche de gratidão, de viver em um tempo em que Deus nos oferece a Sua graça, a Sua sabedoria e a Sua misericórdia, de mãos cheias, tempo em que Ele nos convida a carregar a nossa cruz de discípulos e a segui-Lo até a luz e a ressurreição.

(...) Ao mesmo tempo constatamos que floresce um novo mundo e uma nova cultura. Crescem as comunidades vivas da Igreja, cresce o desejo de santidade entre os leigos, são muitas as famílias que querem ser santuários de vida, de confiança e de paz, verdadeiras “igrejas domésticas”, aumenta o número de católicos que se aproximam da Palavra de Deus com admiração e vontade

(...) Queremos viver e trabalhar para que nosso tempo seja o tempo da misericórdia, para que nossas culturas sejam fermentadas pelo amor ilimitado de Cristo, pela sabedoria e


espiritualidade do Evangelho e pelas obras de misericórdia. Queremos viver e confiando na Misericórdia Divina, implorar para todos o dom gratuito e transformador da Sua misericórdia e sermos testemunhas e missionários da misericórdia, como discípulos do Mestre misericordioso, e filhos da Mãe de misericórdia que prolongam e refletem seu amor gratuito e fiel, cheio de ternura, compaixão, perdão, generosidade e espírito de abnegado serviço. (...) Somos uma semente do Espírito Santo que segue crescendo no solo da Igreja. Porém os carismas não são propriedade de nenhum grupo da Igreja, são dom de Deus para toda a Igreja. Com maior razão este carisma. Na Igreja todas as suas comunidades têm a vocação de viver graças à misericórdia divina e de ser misericordiosas. Todas elas são parte da Igreja da misericórdia, que reza e é missionária, a fim de que o mundo viva um tempo assinalado pela misericórdia. Queria trazer aqui algumas sábias orientações do Santa Padre Francisco, para que realizemos esta vocação com muita alegria e fecundidade.

Oferecer misericórdia, segundo as palavras do Papa, é fruto do ter experimentado a infinita misericórdia do Pai. Surgem então duas perguntas. Primeiro: Quando nos despedimos do dia com uma oração, a primeira coisa que fazemos, ou a única, é um exame de consciência, recordando os nossos pecados, ou trazendo à lembrança as horas do dia e da vida, descobrindo os dons que recebemos das mãos generosas de Deus, ainda que não os mereçamos, para agradecê-los com todo o coração? Nos convencemos cada dia mais, desfrutando das manifestações do seu amor, de que Ele é misericordioso, até chegar a viver comprometidos com a misericórdia de Deus, do Deus que sempre nos ama primeiro? A segunda pergunta é: Se o coração misericordioso de Deus não se cansa de perdoar, pesamos a necessidade pessoal de pedirmos o Seu perdão, superando o cansaço, o temor e a vergonha, recorrendo ao sacramento da confissão, em que Deus, sendo Pai, nos acolhe como a filhos pródigos, para sermos perdoados

1. Nunca seremos missionários da misericórdia, se não chegarmos a ser filhos da misericórdia. (...) Tomemos consciência de que sempre Deus nos ama primeiro. Porque Ele nos ama primeiro, com amor misericordioso, sem cansar de nos dar Seu perdão, Seu amor desperta nosso amor, que sempre é uma resposta ao Seu amor, e a inclinação para amar como Ele nos ama. (...) 22 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

por Sua misericórdia? Mais ainda, como filhos da misericórdia, somos também apóstolos do sacramento da reconciliação, da paz e da feliz liberdade dos filhos de Deus? 2. Nos escreveu o Papa Francisco: aqueles que experimentam que Deus, em sua imensurável misericórdia, nos tem amado e nos ama por primeiro, sabem adiantar-se, tomar a iniciativa sem medo, sabem ser “Igreja em saída” até as periferias geográficas e existenciais, com um desejo inesgotável de oferecer misericórdia. (...) 3. Para nos ajudar a ser misericordiosos, o Papa Francisco nos recorda (...) que precisamos ter a consciência de que da mesma forma que as pessoas a quem oferecemos misericórdia, nós mesmos também somos homens e mulheres de barro, mas com um tesouro. O tesouro está em vasos de barro. (...) O Papa nos convida a ser misericordiosos, conscientes de nossa própria dignidade e fragilidade. 4. Quanto era Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Bergoglio, há quinze anos, em uma homilia na

Via sacra na Catedral de Sal-Zipaquirá.


www.misericordia.org.br

festa de São Caetano, sobre a parábola do samaritano retira ainda este ensinamento: o bom samaritano recolhe o homem agredido, carrega-o nos seus ombros e o coloca em sua cavalgadura. Nos perguntamos: Estamos dispostos a oferecer o ombro, esta parte do corpo tão próxima do coração, para carregar aqueles que sofrem por suas próprias misérias ou por danos a eles causados por outros? (...) 5. Em seu plano sábio e misericordioso, Deus nos convida a ser próximos de todos, especialmente dos necessitados. Na Páscoa do ano 2006, o Papa Francisco explicava essa vocação: “Amar o próximo fazendo-se próximo é o que nos constitui seres humanos, pessoas. (...) O Bom Samaritano carrega o próximo em seus ombros porque apenas assim pode considerar-se ele mesmo um ‘próximo’, um ser humano, um filho de Deus. Observe como Jesus inverte o raciocínio: não se trata de reconhecer o outro como um semelhante, mas sim de reconhecer-nos a nós mesmos como capazes de ser semelhantes (próximos). O que mais poderia ser o pecado, no contexto das relações humanas, se não o ato de rejeitar o ‘ser próximo’?”. (...) As palavras do Santo Padre nos conduzem a um louvor. Que bela ‒ e ao mesmo tempo que exigente ‒ é a nossa vocação à misericórdia, a vocação que Deus nos tem dado! É uma vocação realmente contemplativa. Com assombro nos surpreende o plano de Deus de nos criar e nos redimir para que todos sejamos “cidadãos do céu” experimentando já

aqui na terra essa vida de amor, a paz e a felicidade que caracterizam a Santíssima Trindade. Que maravilhosa dignidade a de sermos criados à imagem e semelhança de Deus de misericórdia e de perdão, de ter recebido tal tesouro em pobres vasos de barro e de termos sido redimidos para viver como irmãos, amigos e colaboradores de Cristo e entre nós! Como não contemplar em toda a Sua beleza o rosto de Cristo e servi-Lo? Também o rosto do Senhor em Seu caminho de cruz e no alto do Calvário?

Somos uma semente do Espírito Santo que segue crescendo no solo da Igreja. Porém os carismas não são propriedade de nenhum grupo da Igreja, são dom de Deus para toda a Igreja. A compreensão de toda nossa vocação cristã aparece claramente na Virgem Maria, a contemplação não a impediu de servir a todos os aflitos. Partiu apressadamente pelo difícil caminho da montanha, sua via crucis desta jornada, para ajudar a sua prima Isabel, sem deixar de contemplar, cheia de admiração, ao menino Jesus em seu ventre. Partiu apressadamente, compartilhando a misericórdia de Deus com Zacarias e Isabel. Ela realizou, por primeiro, na Nova Aliança aquela máxima tão conhecida de que obras são amor, e não boas intenções. Ela quis colaborar com Deus para que a dignidade e

a missão de Isabel e de João Batista se realizasse plenamente, segundo os desígnios de salvação de Deus. Concluo, agradecendo à Virgem Santíssima o exemplo que nos deixou por herança, sendo Filha da Misericórdia de Deus, misericórdia dirigida a toda a humanidade, a cada um de nós. Agradecemos a sua contemplação e as suas obras de misericórdia, as de então, as recentes e as futuras, implorando a intervenção de Deus como em Canaã, cada vez que recorrem a Ela no silêncio de seus corações e em seus santuários os mais necessitados de amor, fé, compaixão e esperança, mas também de alimento, abrigo, saúde, justiça e liberdade. Agradecemos de coração à Mãe de Deus pela vocação que nos reúne, de ser seus voluntários na Igreja ‒ verdadeiro “hospital de campanha” para o nosso tempo ‒, de sermos testemunhas do amor de Deus e de peregrinar como missionários seus, para que em todos possa ser despertado a vocação de “discípulos missionários da misericórdia de Jesus Cristo, para que nossos povos Nele tenham vida”. Finalmente agradecemos a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, como também à Virgem Maria, pelo Papa Francisco, por suas palavras sábias, pela sua simplicidade fraterna e por seus gestos de amor e compaixão, como também por nos convocar a nós e a todas as comunidades a ser uma “Igreja em saída” até as periferias, sem esquecer nem os que mais sofrem, nem os conflitos dos nossos tempos, que clamam por misericórdia.


Destaque

III Congresso Mundial

da Misericórdia

O QUE FOI DITO...

O principal objetivo do Congresso Apostólico Mundial e dos Congressos continental, regional, nacional e diocesano é fazer com que toda a Igreja seja mais consciente e mais motivada pela Misericórdia; fornecer impulsos novos para a pastoral paroquial e diocesana; fazer da Divina Misericórdia o paradigma da evangelização, com uma nova imaginação criativa.

Pe. Patrice Chocholski

Por misericórdia, Deus me criou e me chamou à vida. Deu-me um corpo e uma alma, sentimentos, inteligência e vontade. Redimiu-me e santificou-me. Concedeu-me uma família, na qual nasci e me

desenvolvi, recebendo cuidados, educação e amor. Mediante o batismo fez-me filho Seu e deu-me mais uma família: a Igreja. Na Sua Palavra me orienta, no Sacramento do Crisma me fortalece, na Eucaristia me alimenta e na confissão me cura. Conversa comigo na oração. Rodeiame de amigos. Protege-me e mostra-me o caminho. E, hoje, me traz aqui para envolver-me com a Sua ternura e recordarme o quanto me ama; o quanto fez, faz e seguirá fazendo por mim! Ele está sempre próximo, mostrando-me Seu amor gratuito, generoso e fiel, por esse amor que me perdoa. ‘As misericórdias de Deus nos acompanham dia a dia comentou Bento XVI - basta ter um coração vigilante para poder percebê-las... podemos constatar continuamente quão bondoso é Deus para conosco; como pensa em nós,

24 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

precisamente nas pequenas coisas, ajudando-nos assim a alcançar as grandes’.

Mons. Eugenio Lira

Isto pode nos acontecer: sentir que tudo gira em torno de nós, de tal maneira que aos demais, inclusive a Deus, os vemos como objetos aos quais podemos usar quando necessitamos e descartar quando não nos parecem úteis. Então, se não conhecemos a verdade do amor, pensamos que as coisas acontecem por acontecer, e não porque somos amados ou amáveis. Desta maneira terminamos nos auto-encadeando na prisão da


solidão, da perca da identidade e do sentido, e da desesperança, tornando-nos vulneráveis à manipulação de quem nos fez experimentar alguma sensação ou emoção intensa, ainda que superficial, frágil e efêmera. ‘Esse é o grande risco do mundo atual - diz o Papa Francisco - com sua múltipla e esmagadora oferta de consumo, é uma tristeza individual que brota do coração acomodado e ganancioso, da busca doentia de prazeres superficiais, da consciência isolada... Essa não é a opção de uma vida digna e plena, esse não é o desejo de Deus para nós’. (...) Deus nos cura com ternura! E essa ternura se chama misericórdia. (...) Deixemo-nos salvar por Ele!

Mons. Eugenio Lira

A misericórdia implica renunciar a justiça? Não é renuncia. É desprendimento, abandono e confiança plena Nele, em Sua justiça. Quanto mais confiança, mais misericórdia. A misericórdia é a mais perfeita expressão da justiça divina. (...) A confiança na justiça divina opera como um bálsamo do abandonar-se, é como uma mão amorosa que

detém as hemorragias da alma, cura nossas feridas e olha com ternura as nossas cicatrizes. (...)O homem é capaz de amor e se o homem é capaz de amor é porque o seu coração é capaz de misericórdia.

Cardeal Rubén Salazar Gómez

São incontáveis as ações e as notícias de guerra e perseguições, homicídios, martírios, escravidão, injustiças, tráfico de pessoas (...). E são muitas as formas dissimuladas de discriminação, indiferença, prepotência, egoísmo e difamação que encontramos em nossas próprias comunidades e família. (...) Peçamos ao Senhor com humildade: ‘Socorre-nos, Senhor Jesus, confiamos em Ti’, transforma a cultura de nossos povos, põe neles o fermento vivo do amor operante, do perdão generoso e da sincera misericórdia para com todos. (...) Nossos sofrimentos e misérias são justamente a medida da misericórdia. Quanto maior a indigência, apresentada a Deus com plena confiança, quanto maior o pecado, tanto maior é a manifestação da misericórdia de Deus.

Ocupa em nós o primeiro lugar a revelação de Sua misericórdia? Confiamos totalmente Nela? Nos atrevemos a reconhecer nossas dores, limitações e pecados, e os mergulhamos no inesgotável mar da misericórdia divina? Construímos nossas vidas, como a Santíssima Virgem, sabendo que para Deus nada é impossível, sabendo que Ele sempre nos espera como a filhos pródigos no sacramento da confissão, para nos acolher e nos devolver a dignidade filial? Detemo-nos a saborear os dons de Sua misericórdia e a contemplá-Lo com admiração, como a fonte do nosso próprio amor?

Cardeal Errazuris

“ ”

Cardeal Errazuris

Se queremos trazer à existência uma nova cultura, comecemos por nós mesmos que somos chamados a confiar na misericórdia e a sermos mensageiros de tão vivificante notícia. Qual é a nossa experiência com Deus?

Não existe misericórdia sem verdade, porém a verdade sem misericórdia é cruel. Por isso é muito importante unir verdade e misericórdia nos processos de reconciliação.

Cardeal Schönborn

Para conferir todas as conferências e testemunhos na íntegra acesse: http://www.wacomcolombia.org/index.php/es/ponencias


Palavras do Papa

O ESSENCIAL DO EVANGELHO É A MISERICÓRDIA As palavras do Papa Francisco em uma de suas catequeses Queridos irmãos e irmãs!

N

o nosso itinerário de catequeses sobre a Igreja, estamos nos concentrando em considerar que a Igreja é mãe. Na última vez, destacamos como a Igreja nos faz crescer e, com a luz e a força da Palavra de Deus, nos indica o caminho da salvação e nos defende do mal. Hoje gostaria de destacar um aspecto particular desta ação educativa da nossa mãe Igreja, isso é, como ela nos ensina a praticar obras de misericórdia. Um bom educador vai ao essencial. Não se perde nos detalhes, mas quer transmitir aquilo que realmente conta para que o filho ou aluno encontre o sentido e a alegria de viver. É a verdade. E o essencial, segundo o Evangelho, é a misericórdia. O essencial do Evangelho é a misericórdia. Deus enviou o seu Filho, Deus se fez homem para nos salvar, isso é, para nos dar a Sua misericórdia. Jesus diz isso claramente, resumindo o seu ensinamento para os discípulos: “Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6, 36).

Pode existir um cristão que não seja misericordioso? Não. O cristão necessariamente deve ser misericordioso, porque este é o centro do Evangelho. E fiel a este ensinamento, a Igreja só pode repetir a mesma coisa aos seus filhos: “Sede misericordiosos”, como o vosso Pai, e como o foi Jesus. Misericórdia. E então a Igreja se comporta como Jesus. Não dá lições teóricas sobre o amor, sobre a misericórdia. Não difunde no mundo uma filosofia, um caminho de sabedoria… Certamente, o Cristianismo é também tudo isso, mas por consequência, reflexo. A mãe Igreja, como Jesus, ensina com o exemplo, e as palavras servem para iluminar o significado dos seus gestos. A mãe Igreja nos ensina a dar de comer e de beber a quem tem fome e sede, a vestir quem está nu. E como faz isso? Com o exemplo de tantos santos e santas que fizeram isto de modo exemplar; mas o

26 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014

faz também com o exemplo de tantos pais e mães, que ensinam aos seus filhos que aquilo que sobra para nós é para aqueles a quem falta o necessário. É importante saber isso. Nas famílias cristãs mais simples, sempre foi sagrada a regra da hospitalidade: não falta nunca um prato e uma cama para quem tem necessidade. Certa vez, uma mãe contou-me – na outra diocese – que queria ensinar isto aos seus filhos e dizia a eles para ajudar e dar de comer a quem tem fome; ela tinha três filhos. E um dia, no almoço – o pai estava fora à trabalho e


www.misericordia.org.br

ela estava com os três filhos, pequenos, 7, 5 e 4 anos, mais ou menos – bateram à porta: era um senhor que pedia o que comer. E a mãe lhe disse: “Espere um minuto”. Entrou e disse aos filhos: “Há um senhor ali que pede o que comer, o que faremos?”. “Demos a ele o que comer, mãe, demos a ele!”. Cada um tinha no prato um bife com batatas fritas. “Muito bem – disse a mãe – peguemos a metade de cada um de vocês e demos a ele a metade do bife de cada um”. “Ah não, mãe, assim não é bom!”. “É assim, você deve dar do seu”. E assim esta mãe ensinou aos filhos a dar de comer da própria comida. Este é um belo exemplo que me ajudou muito. “Mas não me sobra nada…”. “Dai do teu!”. Assim nos ensina a mãe Igreja. E vocês, tantas mães que estão aqui, sabem o que devem fazer para ensinar aos seus filhos a partilhar suas coisas com quem tem necessidade. A mãe Igreja ensina a estar próximo de quem está doente. Quantos santos e santas serviram Jesus deste modo! E quantos simples homens e mulheres, a cada dia, colocam em prática esta obra de misericórdia em um quarto de hospital, ou de uma casa de repouso, ou na própria casa, ajudando uma pessoa doente. A mãe Igreja ensina a estar próximo a quem está preso. “Mas, padre, não, isto é perigoso, é gente má”. Mas cada um de nós é capaz… Ouçam bem isto: cada um de nós é capaz de fazer a mesma coisa que fez aquele homem ou aquela mulher que está na prisão. Todos temos a capacidade de pecar e de fazer o mesmo, de errar

na vida. Não é pior que eu ou você! A misericórdia supera qualquer muro, qualquer barreira e te leva a procurar sempre a face do homem, da pessoa. E é a misericórdia que muda o coração e a vida, que pode regenerar uma pessoa e permitir a ela inserir-se de modo novo na sociedade. A mãe Igreja ensina a estar próximo de quem está abandonado e morre sozinho. É aquilo que fez a bem-aventurada Madre Teresa pelos caminhos de Calcutá; e aquilo que fizeram e fazem tantos cristãos que não têm medo de estender a mão para quem está prestes a deixar este mundo. E também aqui a misericórdia dá paz a quem parte e a quem fica, fazendo-nos sentir que Deus é maior que a morte e que permanecendo Nele mesmo a última separação é um “até logo”… Madre Teresa havia entendido bem isto! Diziam a ela: “Madre, isto é perder tempo!”. Ela encontrava pessoas morrendo pelo caminho, pessoas que começavam a ter o corpo comido pelos ratos das ruas, e ela os levava para casa para que morressem limpos, tranquilos, acariciados, em paz. Ela dava a eles o “até logo”… E tantos homens e mulheres como ela fizeram isto. E eles esperam-no lá [no Céu], à porta, para lhes abrir a porta do Céu. Ajudar as pessoas a morrer bem, em paz. Queridos irmãos e irmãs, assim a Igreja é mãe, ensinando aos seus filhos as obras de misericórdia. Ela aprendeu este caminho com Jesus, aprendeu que isto é o essencial para a salvação. Não basta amar quem nos ama. Jesus diz que isso também

Palavras do Papa em Audiência Geral do dia 10/09/2014. in: vatican.va

o fazem os pagãos. Não basta fazer o bem a quem nos faz o bem. Para mudar o mundo para melhor é necessário fazer o bem a quem não é capaz de nos retribuir, como o Pai fez conosco, doando-nos Jesus. Quanto pagamos pela nossa redenção? Nada, tudo de graça! Fazer o bem sem esperar algo em troca. Assim fez o Pai conosco e nós devemos fazer o mesmo. Faça o bem e siga adiante! Como é bonito viver na Igreja, na nossa mãe Igreja que nos ensina estas coisas que Jesus nos ensinou. Agradeçamos ao Senhor, que nos concede a graça de ter como mãe a Igreja, ela que nos ensina o caminho da misericórdia, que é o caminho da vida. Agradeçamos ao Senhor.


Santos da Misericórdia

“É um sacerdote segundo o Meu coração” PADRE MIGUEL SOPOĆKO ACOLHEU E PRATICOU A MISERICÓRDIA E HOJE É NOSSO INTERCESSOR Gislaine Keizanoski

A

s mensagens de Jesus se refere a tornar público a oração misericordioso hoje aldo Terço da Misericórdia, mas em cançam grande parte do muitos outros trabalhos. mundo. O Terço da DiviNa missão de na Misericórdia é rezado Santa Faustina, a em diversos idiomas. Mas providência Divina Foi por como isso foi possível? recomendação reservou um sacerComo foi que essa oradote para ser o seu do Pe. Sopocko confessor e diretor esção começou a se tornar conhecida? que Faustina piritual. O Pe. Miguel Sopocko foi parte imBem sabemos que a começou a portante no reconheoração do Terço da Miescrever seu cimento das vivências sericórdia foi ensinada Diário espirituais dessa Sanpelo próprio Jesus à Santa ta, das suas revelações Faustina Kowalska. Pointeriores. Foi por rém Jesus serviu-se tamrecomendação do Pe. Sopocko que bém de outra pessoa como Faustina começou a anotar as suas instrumento para dar vivências espirituais em cadernos inicio à divulgação - que hoje compõem o seu Diário. da Sua Obra de Entre as suas anotações ela descremisericórdia, não ve a importância desse sacerdote em apenas no que 28 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014


www.misericordia.org.br

embasamento nos escritos dos santoda a Obra da Misericórdia. Em tos e doutores da Igreja, Pe. Sopocko uma delas cita palavras do próprio começou a escrever livros e artigos Jesus: “É um sacerdote segundo o indicando fundamentos teológicos Meu Coração. Agradam-Me os para a nova devoção que surgia - a seus esforços. (...) Por ele derramo devoção à Divina Misericórdia. consolos para as almas sofredoras e atormentadas. Por ele Certo dia, Pe. Soagradou-Me divulgar pocko recebeu a visita a honra à Minha miO Bemdo Pe. Jarzebowski, sericórdia, e mais al- aventurado Padre da Congregação dos mas se aproximarão de Miguel Sopocko Padres Marianos. SoMim por essa Obra da se doou com tanto poćko entregou a esse misericórdia, do que sacerdote um memose ele absolvesse dia e amor e dedicação rando - uma exposição noite até o fim da sua a ponto de o por escrito - sobre a vida, porque assim devoção à Divina Mipróprio Jesus a trabalharia apenas até sericórdia, de sua autoo fim da vida e, por seu respeito falar: ria, com o título Sobre essa Obra, trabalhará “Agradam-Me os a misericórdia de Deus e até o fim do mundo” seus esforços”. o estabelecimento de sua (Diário, 1256). Festa. Esse memorando Desde que se confoi certamente um imvenceu da veracidade do que Irmã portante documento que impulsioFaustina lhe apresentava - as mennou primeiramente o Pe. Jarzebowski sagens e as exigências de Jesus para e futuramente os demais Padres se pintar uma Imagem e a instituiMarianos a divulgar a devoção ção da Festa da Misericórdia - Pe. à Divina Misericórdia. Sopocko passou a dedicar sua vida Pe. Sopocko ainda à essa causa. Foi ele quem levou cumpriu a exigência Irmã Faustina até a casa do pintor de Jesus de se fundar Eugênio Kazimirowski a fim de que uma nova congregaa pintura da Imagem de Jesus fosção religiosa a fim se realizada. A partir dessa pintura, de divulgar e pedir a ele mandou confeccionar santinhos Misericórdia Divina com a Imagem de Jesus, contendo para os pecadores. no verso a oração do Terço da MiEsse sacerdote que abrasericórdia. A partir do seu empenho, çou com entusiasmo a Obra da essa oração começou a se espalhar e Misericórdia nasceu numa famíhoje a Imagem de Jesus misericorlia católica, no dia 1 de novemdioso, exposta publicamente por seu bro de 1888, em Nowosady, na intermédio, está presente em muiLituânia. Foi educado num tos lares em todo mundo. Buscando

ambiente de profunda religiosidade, percorriam 18 Km para chegar à igreja. Foi ordenado sacerdote em 15 de junho de 1914. Faleceu em 15 de fevereiro de 1975, e em 28 de setembro de 2008, no Santuário da Misericórdia Divina em Bialystok (Polônia), foi proclamado pela Igreja Bem-aventurado. Esse sacerdote, que desde menino desejava dedicar-se ao serviço de Deus, se doou com tanto amor e dedicação a ponto de o próprio Jesus a seu respeito falar: “É um sacerdote segundo o Meu coração” (Diário, 1256).


Misericórdia pelo Mundo

Divina Misericórdia na

RUANDA

Pe. Richard Kusy, MIC

Kibeho / Ruanda

R

uanda, situado no meio do continente AfricaEm Kibeho, ao lado de uma casa no, é um pequeno país com uma série de proreligiosa dos Padres Marianos, no blemas. Já se passaram 20 anos da guerra fraterreno onde se encontra o Centro tricida entre as etnias hutus e tutsis que desencadeou da Formação Mariana dirigido pela um dos capítulos mais tristes da ÁfriCongregação dos ca: o massacre que, em 1994, deixou Padres Marianos, 800 mil mortos e uma dura lição para O próprio Papa João está localizada uma a humanidade. Emboraa Ruanda, grande estatua de Paulo II, dando à de uma maneira digna de admiraJesus MisericordioIgreja a Festa da ção, se levanta economicamente so. Em volta dessa desse pesadelo, nos corações dos Divina Misericórdia, Imagem, reunem-se ruandeses ainda permanecem teve o seu pontificado os fiéis que chegam sentimentos negativos. Diante em romarias para profundamente disso, a mensagem da Divina visitar o lugar das vinculado com esse Misericórdia é aqui aceita de aparições de Nosbom grado e santa Faustisa Senhora - Mãe Mistério Divino na parece ser uma das da Palavra (titulo santas mais populacom o qual a própria res do país. Nossa Senhora ali se apresentou). Esse lugar, dedicado à Nossa Senhora, é Em uma pequena Ruanda, inum Santuário Nacional da Ruanda tensamente povoada, há dois San. Os romeiros, depois de ali rezarem, tuários de Jesus Misericordioso, caminham por 2 kilometros até a esambos dirigidos pelos Padres tátua de Jesus Misericordioso onde Palotinos. Um deles, localizacompletam as suas orações. do em Ruhango, foi oficialmente proclamado Santuário À sombra dessa Imagem, na véspelo bispo local no Domingo pera do Domingo da Divina Miseda Misericórdia deste ano. ricórdia e da canonização dos papas

30 - Revista Divina Misericórdia - Outubro/Novembro 2014


João XXIII e João Paulo II, organizamos um simpósio dedicado ao Papa polonês. Estiveram presentes sacerdotes, religiosos e religiosas de diferentes congregações e um bom grupo de leigos. Sobre os bastidores da canonização, que nós, Padres Marianos, tivemos a alegria de conhecer mais de perto ‒ graças a uma visita a Kibeho, vindo de Roma, do padre Sławomir Oder, que foi o responsável pelo processo de beatificação e canonização de João Paulo II – puderam ouvir, com enorme interesse, os ruandeses. Entre os temas esteve, por exemplo, uma descrição detalhada dos milagres apresentados para ambos os processos (de beatificação e canonização). Não menor interesse foi concedido ao Irmão Lucas Latawiec, MIC, que é confeiteiro de profissão e que para essa especial ocasião preparou “kremówki” ‒ um famoso bolo de creme de que o Papa João II gostava muito. Todo o Simpósio foi preparado por mim, que escrevo estas palavras.

Paulo II. Nessa biblioteca, idealizada pelo padre Leszek Czelusniak, MIC, todos puderam observar, com santa reverência, além de cópias de encíclicas e de livros escritos pelo novo santo, rosários, medalhas e também o “Soli Deo”* de São João Paulo II. No simpósio também houve uma exposição das fotos da visita do Papa à Ruanda no ano de 1990. A exposição foi preparada pelo padre Leszek Czelusniak, MIC. O próprio Papa João Paulo II, dando à Igreja a Festa da Divina Misericórdia, teve o seu pontificado

O ponto final do nosso encontro foi uma visita à biblioteca, recém-construída, dedicada a São João Solidéu = “somente para Deus”, é um pequeno barrete branco usado pelo papa em sua cabeça

profundamente vinculado com esse Mistério Divino. Portanto, nós ‒ os

Padres Marianos, em nosso Centro

de Formação Mariana de Kibeho, com união das duas festas religiosas

(Domingo da Divina Misericórdia e

a Canonização dos Papas) para aproximar os moradores de Ruanda da figura do papa de um país distante.


“Confio-vos esta tarefa a vós: Sede testemunhas da Misericórdia de Deus”. (São João Paulo II, ao consagrar o mundo à Misericórdia, em Cracóvia, 17/08/2002)

INSCRIÇÕES ENCERRAM-SE EM

30/09/2014

Santuário da Divina Misericórdia Informações: (41) 3348-5043 - 3348-2018 - apostolado@misericordia.org.br


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.