Revista Divina Misericórdia - Edição 50

Page 1

ISSN 2448-301X

DIVINA

MISERICÓRDIA

REVISTA

A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA 2017 - FEVEREIRO - ED.050 - ANO X

SANTUÁRIO DA DIVINA MISERICÓRDIA



SUMÁRIO

04 05 06 A pecadora perdoada que muito amou 08 Reuniu todas as graças e chamou-as Palavra do Reitor Espaço do Leitor Lectio Divina Ano Mariano

Maria

10 O Amor do Matrimônio 12 A Misericórdia e a Justiça 18 “Que todos tenham acesso a Ela...” 21 Prefeitura de Curitiba homenageia padre Família

Especial

Infográfico Santuário

da Congregação Mariana

22 24 24semana horas em cada um dos 7 dias na Devotos da Misericórdia Formação

27 Três reflexões sobre o discernimento Vocacional

vocacional à luz do próximo sínodo

28 Farofa rápida com banana 30 O ministério de evangelização de Thiago Espaço do Devoto Geral

Brado

32 Carnaval... deixar-se ou não ser #JovemGo

arrastado pela euforia

34

Pequeninos da Misericórdia

EDITORIAL Misericórdia e Justiça é o tema central desta edição da Revista Divina Misericórdia recolhido do livro Piękno i bogactwo miłosierdzi (A beleza e a riqueza da misericórdia), editado pela Congregação das Irmãs da Mãe de Deus da Misericórdia ‒ Congregação onde viveu Santa Faustina. Misericórdia e Justiça: são as duas normas fundamentais de comportamento para com o próximo. Não é possível formar a verdadeira atitude de misericórdia sem a justiça porque a justiça e a misericórdia estão estreitamente unidas. Na compreensão mais comum, com frequência, ambas são consideradas como duas realidades separadas entre si que não têm nada em comum. Contudo, um falso conceito de justiça faz impossível a adequada compreensão da misericórdia e da relação que existe entre elas. E vice-versa. Na matéria principal com a pergunta: O que é justiça e em que consiste sua relação com a misericórdia? ‒ propomos a você refletir conosco sobre os significados primeiros desses termos, ou seja, retornar ao significado bíblico desses conceitos que nos conduzem pela via da obediência e fidelidade à lei de Deus, nos Seus mandamentos (cf. Mt 5,17-48; 6,1-18). Ainda nesta edição, você conhecerá uma nova editoria – Ano Mariano, que transmitirá, ao longo do ano, informação e espiritualidade mariana, neste tempo em que a Igreja celebra dois eventos muito importantes: o Ano Jubilar de Fátima ‒ celebrando o centésimo aniversário das Aparições de Fátima e, no Brasil, o Ano Nacional Mariano, comemorando os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no rio Paraíba do Sul.

3


PALAVRA DO REITOR “Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em vós. Desejo que essa Imagem seja venerada primeiramente na vossa capela e depois no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar essa Imagem não perecerá.” (Diário, 47 e 48)

C

aros devotos da Divina Misericórdia, comemoramos mais um aniversário deste pedido de Jesus feito a Santa Faustina. São 86 anos. A Imagem nos mostra o Cristo que vem ao nosso encontro, nos abençoando. Dentro de toda a riqueza da sua simbologia, nos recorda também ‘o primeiro dia da semana’, o dia da Ressurreição. Cristo ressuscitado que nos traz a alegria da Sua vitória sobre a morte e sobre o pecado. Após Sua dolorosa Paixão, Ele vem ao nosso encontro e, assim como foi ao encontro dos discípulos reunidos no Cenáculo, quer dizer também para nós: “A paz esteja convosco” (Lc 24,36). ...Acolhamos o Senhor.

Que o Senhor nos dê a graça de sermos portadores e anunciadores desta boa nova. Ao contemplar na Imagem de Jesus Misericordioso a expressão do Seu amor para conosco, permitamos que ele nos envolva com a Sua misericórdia. Neste Ano Mariano, deixemos que a Virgem Maria nos guie pela via que nos permite contemplar o Rosto Misericordioso de Seu Filho. Fazendo essa experiência, peçamos a Ela que também venha conosco ao encontro de nossos irmãos. Com Ela estaremos levando a eles o próprio Jesus. “O agir de Maria é uma consequência da sua obediência às palavras do Anjo, mas unida à caridade: vai visitar Isabel para lhe ser útil; e nesse gesto de sair da sua casa, de sair de si mesma por amor, leva consigo aquilo que possui de mais precioso: Jesus; leva o Filho.” (A Igreja da Misericórdia, Papa Francisco, p. 101). Padre Leandro, MIC Reitor do Santuário da Divina Misericórdia

4

EXPEDIENTE ISSN 2448-301X REITOR Pe. Leandro A. da Silva, MIC CONSELHO EDITORIAL Pe. Anchieta C. Muniz, MIC Pe. Leandro A. da Silva, MIC Ir. Thiago Radael, MIC Gislaine Keizanoski (MTB 6338) Isabelle Warzinczak (MTB 10197) JORNALISTAS RESPONSÁVEIS Ir. Thiago Radael, MIC (MTB 10370) Isabelle Warzinczak (MTB 10197) TRADUÇÃO E REVISÃO Carina Novak, OCV NIHIL OBSTAT Pe. Jair B. de Souza, MIC 20 de janeiro de 2017 IMPRIMATUR Pe. Leandro A. da Silva, MIC 20 de janeiro de 2017 DEVOTOS DA MISERICÓRDIA Aluízio Meira (41) 3149 7558 aluizio@misericordia.org.br PROJETO GRÁFICO Dominus Comunicação IMPRESSÃO Gráfica Posigraf TIRAGEM 13.000 exemplares CONTATO Estrada do Ganchinho, 570 81930-165 Umbará, Curitiba (PR) revista@divinamisericordia.com.br (41) 3148 3200 REALIZAÇÃO Santuário da Divina Misericórdia e Congregação dos Padres Marianos


ESPAÇO DO LEITOR “Escreve, fala da Minha misericórdia Diz às almas onde devem procurar consolos.” (Diário, 1448)

Há mais de 15 anos a devota Maria Lenice dos Santos Ferreira organiza a celebração da Missa de Reis, em Dracena, SP. Mais de 100 fiéis participaram da celebração, presidida pelo Frei Airton Grigoleto, da comunidade Matriz Nossa Senhora Aparecida. “Quando a gente faz para Deus, as coisas acontecem naturalmente, e isso é gratificante.” Maria Lenice dos Santos Ferreira

Procuro ler toda a Revista, rezar o Terço e a Novena. Para nós é difícil ir até o Paraná, porque, além de ser longe, temos problemas de saúde. Mas divulgo as orações para muitas pessoas. Rezo o terço e acompanho o Dia da Misericórdia, após a Pascoa, nunca esqueço. Tenho rezado para as pessoas doentes, e levado a eles as orações, alguns ainda não conseguiram a cura, mas continuam a rezar. Noemia Giatti Roncato

Devotos, anotem o endereço da nossa redação e nos enviem seus testemunhos e agradecimentos das graças alcançadas por meio da súplica à misericórdia divina. Jesus quer que falemos ao mundo da Sua infinita misericórdia.

CARO LEITOR, ESTE ESPAÇO É PARA A SUA PARTICIPAÇÃO! Envie para o e-mail: revista@divinamisericordia.com.br Envie por WhatsApp (41) 9 9540-7694

Ou envie sua carta para: Apostolado da Divina Misericórdia Caixa Postal: 8971 CEP: 80.611-970 Curitiba (PR)

5


LECTIO DIVINA

A PECADORA PERDOADA QUE MUITO AMOU Ir. Gabriel da Divina Misericórdia, MDM Mosteiro da Divina Misericórdia

PREPARAÇÃO ‒ Localize em sua Bíblia a parábola sobre a pecadora perdoada e que ama. (Lucas 7, 36-50), ou leia abaixo. ‒ Procure um lugar tranquilo e solitário que favoreça o recolhimento e a escuta. ‒ Coloque-se em uma postura confortável, acalme-se, respire fundo. ‒ Peça a presença do Espírito Santo para iluminá-lo e dar-lhe a graça de um coração sensível, capaz de ouvir a voz de Deus.

“Um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua casa. Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. Certa mulher, conhecida na cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela trouxe um frasco de alabastro com perfume, e ficando por detrás, chorava aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com perfume. Vendo isso, o fariseu que o havia convidado ficou pensando: “Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele, pois é uma pecadora”. Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Simão respondeu: “Fala, mestre”. “Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinquenta. Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?” Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Tu julgaste corretamente”. Então Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua

6

casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?” Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz””. (Lucas 7,36-50)

LEITURA (LECTIO)

Leia calmamente a passagem, sem pressa de prosseguir nos versículos. Não é necessário ler até ao fim da passagem. Assim que se sentir tocado por alguma palavra ou frase, é momento de parar. Preste atenção no contexto bíblico, histórico, expressões dos personagens e o máximo de detalhes que conseguir extrair do texto sagrado.


Nesta narração do Evangelho estão presentes um fariseu chamado Simão, que havia convidado Jesus à sua casa, uma mulher de má fama, “conhecida na cidade como pecadora”, e Jesus. A pecadora que não havia sido convidada, aproxima-se de Jesus, chora a seus pés, beija-os, perfuma-os e os enxuga com seus cabelos. Era costume da época o dono da casa lavar os pés dos seus convidados. Simão se incomoda com a atitude da mulher e, apreensivo e cheio de julgamentos, fixa sua atenção em Jesus, pois se ele era um profeta, como poderia deixar uma pecadora se aproximar e contaminá-lo? Conhecendo o pensamento de Simão, Jesus, depois de contar uma parábola na qual um credor perdoa a dois devedores, pergunta: “Qual deles o amará mais?” Simão respondeu: “Aquele ao qual perdoou mais”. Cada pecado é uma dívida da qual nos pode livrar somente a graça do perdão de Deus, perdão que nos alcançou Cristo, no mistério da Redenção, e que chega até nós através dos sacramentos. Simão não se deu conta de que era um dos devedores da parábola narrada por Jesus. Então, Jesus, enumera–lhe as boas ações da mulher prostrada a seus pés, e que em Jesus reconhecia o Deus misericordioso. Voltando-se, em seguida para a mulher diz: “Teus pecados estão perdoados ‒ Tua fé te salvou. Vai em paz”. Imaginemos a alegria que inundou o coração dessa mulher. A fé é a condição fundamental para recebermos as graças de Jesus.

RUMINAÇÃO (RUMINATIO)

As palavras cheias de ternura e misericórdia de Jesus, acolhidas por aquela mulher transformaram a sua vida. Ela teve a coragem de reconhecer as próprias misérias e “correu para se lavar na fonte da misericórdia, e não teve vergonha de fazê-lo diante dos convidados.”1 Escolheu estar aos pés e sob o olhar de Jesus Misericordioso. Perguntemos a nós mesmos: Sob qual olhar tenho escolhido permanecer?

Jesus acolheu desde o princípio a fé que a pecadora teve no seu poder de perdoar pecados. O que faço com os meus pecados? Faço de conta que não existem? Que com eles não estou ferindo a minha relação com Deus e com o próximo? Tento escondê-los, quando me dou conta deles? Tento me justificar, acusando os outros? Ou tenho a coragem de ir até Jesus e os apresentar, todos, com o pedido de perdão e sincero propósito de conversão?

ORAÇÃO (ORATIO)

Como a pecadora, coloque-se aos pés do Senhor e implore por Sua misericórdia, para que você também seja uma viva testemunha da Misericórdia Divina para todos aqueles que lhe são próximos. Senhor, ajude-me a ter a coragem de vencer o medo e aproximar-me de ti, mostrar-Te as minhas misérias. Necessito do Teu consolo, ânimo, coragem; necessito da Tua ajuda para criar em mim um coração contrito, arrependido pela ingratidão com que tenho retribuído o Teu amor por mim. Tanto Santa Faustina quanto esta pecadora perdoada confiaram no Teu amor e tiveram a vida transformada. Senhor, transforme também o meu coração. “Fica sabendo minha filha [ meu filho], que o Meu Coração é a própria Misericórdia. Nenhuma alma que de Mim se tenha aproximado saiu sem consolo. Toda miséria submerge na Minha misericórdia, e toda graça brota dessa fonte salvífica e santificante.” (Diário de Santa Faustina, 1777)

CONTEMPLAÇÃO (CONTEMPLATIO)

Neste momento, no silêncio exterior, mas, sobretudo interior permita que a palavra de Deus assimilada o conduza à contemplação. É entrando na verdade de nós mesmos que nos encontramos com aquele que é a Misericórdia, mas também a Verdade. Pergunto, sinceramente, quantas vezes na minha vida, permiti esse encontro? Ele sempre quer me perdoar, me envolver com Sua Misericórdia e me fazer crescer na comunhão com o Seu amor.

São Gregório Magno, Homilia 33,1 (PL 76,1239).

1

7


ANO MARIANO

REUNIU TODAS AS GRAÇAS E CHAMOU-AS MARIA Isabelle Warzinczak

Imagem de Nossa Senhora de Fátima e o Santo Padre Papa Francisco

M

ãe, corredentora, fiel intercessora. Maria Santíssima sempre esteve intimamente ligada ao plano de salvação. Cumprindo os desígnios divinos, tornouse bem-aventurada entre todas as mulheres, escolhida pelo próprio Senhor para ser a Mãe do Seu único Filho. Maria é o modelo perfeito de obediência e confiança em Deus, a quem sempre podemos recorrer em todas as necessidades. Como escreveu São Luís Maria Grignion de Montfort¹: “Deus

reuniu todas as águas e chamouas mar; reuniu todas as graças e chamou-as Maria”.

comemorando os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul.

Neste ano, a Igreja vive a comemoração de três fatos muito importantes, pelos quais agradecemos e honramos a Virgem Maria: o aniversário dos 300 anos da coroação canônica de Nossa Senhora de Częstochowa como Rainha da Polônia, ano estabelecido com o reconhecimento solene pelo Parlamento Polonês; o Ano Jubilar de Fátima, celebrando o centésimo aniversário das Aparições de Fátima; e, no Brasil, o Ano Nacional Mariano,

CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES EM FÁTIMA

O Santo Padre Papa Francisco concedeu ao Santuário de Fátima um Ano Jubilar, do dia 27 de novembro de 2016 ao dia 26 de novembro de 2017, sendo possível obter indulgência plenária². De acordo com o texto publicado na página da diocese de

1.Montfort, Luís Maria Grignion De, Tratado da Verdadeira Devoção à Maria Santíssima, Editora Vozes, ano xx. 2. “A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa. O fiel bem-disposto obtém esta remissão, em determinadas condições, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui a aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações (isto é, dos méritos) de Cristo e dos santos” (Paulo VI, Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, 1967).

8


Leiria-Fátima, obterão a indulgência plenária, os fiéis que: * Visitarem em peregrinação o Santuário de Fátima e participarem devotamente em alguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezarem a oração do Pai-Nosso, recitarem o símbolo da fé (Credo) e invocarem Nossa Senhora de Fátima; * Com piedade, visitarem com devoção uma imagem de Nossa Senhora de Fátima exposta solenemente à veneração pública em qualquer templo, oratório ou local adequado, nos dias das aparições aniversárias (dia 13 de cada mês, desde maio a outubro de 2017), e aí participarem devotamente em alguma celebração ou oração em honra da Virgem Maria, rezarem a oração do Pai-Nosso, recitarem o símbolo da fé (Credo) e invocarem Nossa Senhora de Fátima; * Pela idade, doença ou outra causa grave, estejam impedidos de se deslocarem, se, arrependidos de todos os seus pecados e tendo firme intenção de realizar, assim que lhes for possível, as três condições habituais indicadas (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre, com espírito verdadeiramente penitente e animado de caridade), frente a uma pequena imagem de Nossa Senhora de Fátima, nos dias das aparições se unirem espiritualmente às celebrações jubilares, oferecendo com confiança a Deus misericordioso através de Maria as suas preces e dores, ou os sacrifícios da sua própria vida. O reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, afirmou que neste Jubileu somos convidados a “refletir sobre o lugar de Maria na história da salvação, a reconhecer que ‘o Senhor fez maravilhas’ em Maria e através dela, a deixarmo-nos conduzir por ela

até Deus e a darmos graças a Deus pelo dom das aparições de Nossa Senhora em Fátima”.

ANO NACIONAL MARIANO

Em outubro de 2016, foi aprovada pela 54ª Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o Ano Nacional Mariano ‒ que teve início no dia 12 de outubro de 2016 e segue até o dia 11 de outubro de 2017, para celebrar e agradecer pelos 300 anos do encontro da imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Conforme indicação apresentada pela Penitenciária Apostólica, o Papa Francisco autorizou também para esta comemoração a concessão de indulgência plenária aos fiéis, como expressão da misericórdia de Deus para conosco. A remissão será concedida aos fiéis que: *“Verdadeiramente penitentes e impulsionados pela caridade, em forma de peregrinação visitarem a Basílica

“Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, é também por Ela que deve reinar no mundo.” – São Luís de Montfort

de Aparecida ou qualquer Igreja paroquial do Brasil, dedicada a Nossa Senhora Aparecida; * No local dedicado à Nossa Senhora Aparecida, os fiéis peregrinos deverão “devotamente participar das celebrações jubilares ou de promoções espirituais ou ao menos, por um conveniente espaço de tempo, devem elevar humildes preces a Deus por Maria”; * Os devotos, que impedidos de fazer sua peregrinação por conta de grave doença ou idade, poderão alcançar a graça da indulgência plenária se “com espírito contrito rejeitarem todo pecado, e com a intenção de cumprir logo que possível as três condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre, com espírito verdadeiramente penitente e animado de caridade), espiritualmente se dedicarem diante de alguma pequena imagem da Virgem Aparecida, a funções ou peregrinações jubilares, ofertando suas preces e dores ao Deus misericordioso por Maria”. O cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida, SP, ao fazer o pedido de concessão da indulgência durante o Ano Nacional Mariano explicou na solicitação que durante este tempo serão realizadas “várias celebrações sagradas e peregrinações em honra da celeste Padroeira do Brasil não só na Basílica Nacional Santuário de Aparecida, mas também em todas as igrejas paroquiais dedicadas em honra Dela”. Frutificando nos fiéis “piedoso afeto para com a ‘Virgem Aparecida’ e assim se tornem mais fortes nos veneradores Dela a fé, a esperança e a caridade, e eles próprios, refeitos pelos sacramentos, sejam mais e mais estimulados a conformarem a própria vida ao Evangelho”.

9


FAMÍLIA

O AMOR DO MATRIMÔNIO Xavier e Hania Bordas

E

m Nazaré, aprendemos a viver o amor incondicional. Em nossas famílias, em nosso casamento, temos que amar com o amor do próprio Cristo, isto é, com o amor sobrenatural. Manifestamos o amor de Cristo quando nos amamos mutuamente, amamos nossos filhos e próximos, rezamos por eles, particularmente quando rezamos juntos. Nesse sentido, permanecemos no Seu mandamento do amor, quando resistimos à tentação, quando contritos reconhecemos os nossos pecados, pedimos perdão e perdoamos, ou quando por causa Dele aceitamos a cruz da vida cotidiana, suportando pacientemente as dificuldades do dia-a-dia. Na Sagrada Família todas as relações eram puramente sobrenaturais. Nós, contudo, na escola da Sagrada Família, chegamos marcados pelo egoísmo e pelo orgulho, o que torna os laços entre nós em grande medida relações puramente “humanas”; isto significa que ainda não amamos de modo sobrenatural. A nossa fé é fraca, por isso é para nós difícil olhar através dos olhos de Deus em tudo o que nos rodeia. É difícil descobrir Cristo, que têm a face do cônjuge. Assim foi em nosso casamento, disso provinham muitos mal-entendidos, expectativas não cumpridas e inclusive feridas mútuas. Às vezes,

10

realmente era muito difícil para nós, o que nos jogava de joelhos no chão. Cristo anseia unir nossos corações, marido e mulher, através do caminho do desenvolvimento espiritual, que podemos ver à nossa frente na medida do crescimento da nossa fé. Muito nos

ajudou nisso os sacerdotes, diretores espirituais, assim como a graça de participar do movimento das Famílias de Nazaré, onde tivemos a oportunidade de compartilhar a vivencia da fé com outros casais; grande auxílio foi para nós os testemunhos que deles ouvíamos.


A vivência dos sacramentos unida à ajuda que Deus nos concedia através do movimento das Famílias de Nazaré fez com que aprendêssemos a construir nosso relacionamento na forma mais sobrenatural. Cada vez mais íamos descobrindo a presença de Cristo, sobretudo em nosso matrimônio. Dessa forma o jugo tornava-se suave e o fardo leve. Por essa via ainda nos surpreende o tesouro do nosso casamento. Vemos cada vez mais que a geração mais jovem tem medo de seguir esse caminho. Nele, apesar da nossa fraqueza, compartilhamos o tesouro e a felicidade que o sacramento extraordinário que é o matrimônio nos concede.

Seu filho, dando a Ele São José e a Virgem Santíssima, como pais na terra. Desde então são o mais perfeito modelo de santidade para cada família. A Sagrada Família é também um reflexo da Santíssima Trindade.

A família é preciosa aos olhos de Deus! Fomos criados por Amor e para o Amor. Deus nos ama pessoalmente, a cada um de nós Ele ama com um amor infinito e quer partilhar esse amor conosco, para que possamos participar eternamente da Sua Vida, na Santíssima Trindade. Ele nos criou por amor e deseja que aprendamos a amar da mesma forma que Ele nos ama. Para que cresçamos em direção ao Amor, Ele nos dá as melhores condições, e isso desde o princípio do nosso caminho ‒ na família. Não foi diferente a forma que Deus Pai utilizou para com

Desde a celebração

Somos frutos do amor dos nossos pais, fomos alimentados pelo amor deles. Quantas preocupações, noites sem dormir, conversas difíceis do casamento, pelas quais eles procuraram, juntos, a vontade de Deus para os filhos e a família. Nessa atmosfera de amor dos pais aprendemos a amá-los, a amar aos irmãos e às outras pessoas. Mais tarde, durante o período difícil da

do casamento até o fim da vida na terra, o nosso objetivo será a plenitude da comunhão com Deus através do crescimento no amor conjugal e familiar

adolescência, avançamos na via do aprendizado da arte de dar e receber o bem, via da abnegação no dom de si. Isso tudo nos conduz a nos preparar para o casamento, ou seja, a seguir mais além na escola do amor segundo o modelo da Sagrada Família. No dia do casamento, a Igreja muitas vezes dá como alimento para a jornada que os noivos se comprometem a trilhar juntos as palavras do hino à caridade de São Paulo: A caridade é paciente, a caridade é prestativa. Não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho; nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais acabará... (1 Cor 13, 1-8). Desde a celebração do casamento até o fim da vida na terra, o nosso objetivo será a plenitude da comunhão com Deus através do crescimento no amor conjugal e familiar. Isto nos dá uma perspectiva incomum de multiplicação do bem. É uma resposta eficaz à inundação do mal no mundo de hoje que brutalmente tenta destruir o casamento e a família.

11


ESPECIAL

A MISERICÓRDIA E A JUSTIÇA Irmãs da Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia

A

justiça e a misericórdia 1 funcionam corretamente somente quando atuam juntas. Em Deus não há oposição entre justiça e misericórdia; ao contrário, as duas coexistem harmonicamente. A misericórdia difere da justiça, porém não está em contraste com ela (Dives in Misericordia, n.42). Deus é tão justo como

misericordioso. Sendo misericordioso não deixa de ser justo, sendo justo sempre permanece misericordioso.

Ainda que em Deus a justiça e a misericórdia são inseparáveis, a misericórdia não exclui a justiça e a justiça não anula a misericórdia; apesar disso, na consciência do homem esta relação entre ambas é

1. Este texto é uma síntese do artigo “La misericordia y la justicia” publicado no livro “La belleza y la riqueza de la misericórdia” (Título original em polonês: Piękno i bogactwo miłosierdzia) de autoria das Irmãs da Congregação de Nossa Senhora da Misericórdia. Tradução do espanhol: Carina Novak e preparação: Gislaine Keizanoski. 2. Dives in misericórdia – Rico em Misericórdia. João Paulo II. Editora Apostolado da Divina Misericórdia. Curitiba, 2015.

12


Também, muitos, sem temor de Deus, pecam supondo que Deus é misericordioso, pois pensam que independente do que façam, Deus os perdoará. Trata-se, pois, de um grave erro, uma vez que isto é abusar da misericórdia de Deus. Aquele que ama não permite que se abuse do Seu amor.

percebida, muitas vezes, erroneamente. Muitos não conseguem entender que Deus seja ao mesmo tempo misericordioso e justo. Muitos se perguntam: Onde está a justiça de Deus quando Ele manifesta sua misericórdia também aos culpáveis? Outros, esquecendo-se da justiça de Deus dizem: posso pecar já que Deus é misericordioso, já que Ele vai perdoar tudo. O homem, muitas vezes, sem penetrar nos mistérios da misericórdia e da justiça de Deus e da relação existente entre ambas, submete Deus ao seu próprio juízo.

Qual teria que ser nossa atitude frente ao mistério da misericórdia e da justiça de Deus? A atitude adequada consiste em ter grande temor para com Deus e Seus justos juízos e abandonar-se com confiança à Sua misericórdia. Ambas as atitudes são imprescindíveis pois o temor sem a confiança se transforma em desespero, uma vez que o homem vê em Deus só a justiça; e a confiança, sem o temor se transforma em temeridade (impertinência), em pecado contra o Espírito Santo.

13


Hoje, muitos querem ver em Deus só a misericórdia sem a justiça. Também, muitos, sem temor de Deus, pecam supondo que Deus é misericordioso, pois pensam que independente do que façam, Deus os perdoará. Trata-se, pois, de um grave erro, uma vez que isto é abusar da misericórdia de Deus. Aquele que ama não permite que se abuse do Seu amor. Se aceitasse, então, em verdade não estaria amando, porque estaria aprovando o mal cometido pela pessoa amada, mal que se inflige a si mesmo e aos demais. Além disso, ao contar temerariamente com a misericórdia de Deus manifesta que não quer se corrigir. Se admitisse isso, aquele que ama infligiria um dano à pessoa amada. Neste exemplo, vemos quão perigosas consequências podem ter a diluição da verdadeira relação que tem lugar entre a justiça e a misericórdia de Deus. A misericórdia e a justiça coexistem em Deus. A justiça de Deus tem seu fundamento no amor, flui dele e tende para ele (DM 7). Esta infinita disponibilidade para manifestar a misericórdia ao homem ultrapassa as medidas estritas de justiça, e é a expressão do grande poder de Deus já que só Ele tem o poder de justificar o homem e liberá-lo do mal do pecado. A justificação do homem se realiza em Cristo, que levou os nossos pecados em Seu corpo, a fim de que, mortos para os nossos pecados, vivêssemos para a justiça; com cujas feridas fomos curados (1Pd 2,24). A misericórdia de Deus é infinita; são infinitas a prontidão e a força

14

do perdão que brotam continuamente do valor admirável do sacrifício de Seu Filho. Não há pecado humano que prevaleça por sobre essa força e nem sequer que a limite (DM 13). Em Cristo, se faz justiça do pecado a preço do Seu sacrifício (DM 8). A justiça foi cumprida.

Na paixão e morte de Cristo – no fato de que o Pai não poupou o Seu próprio Filho, mas o “fez pecado por nós” – se expressa a justiça absoluta, porque Cristo sofre a paixão e a cruz por causa dos pecados da humanidade inteira. Isto é inclusive uma “superabundância” da justiça, já que os pecados


da santidade, que vem de Deus. Deste modo a Redenção comporta a revelação da misericórdia em sua plenitude (DM7). Deste modo, a cruz de Cristo sobre a qual o Filho, consubstancial ao Pai, faz plena justiça a Deus, é também uma revelação radical da misericórdia (DM 8). Desta forma não se pode limitar a justiça de Deus só à punição ou recompensa pelas obras. Em um sentido mais amplo, por fim, se identifica com a misericórdia de Deus; a justiça é a fidelidade de Deus, que está impregnada de misericórdia ante Sua vontade de salvar o homem; Deus é fiel: trata-se de uma fidelidade a tudo o que antes de todos os séculos havia determinado e se havia proposto, o que havia prometido ao homem. A justiça revelada por Deus em Jesus é uma justiça salvífica, ou seja, está cheia de misericórdia e de fidelidade às suas promessas (cf. Rm 3,25).

do homem são “compensados” pelo sacrifício do Homem-Deus. No entanto, tal justiça, que é propriamente justiça “à medida” de Deus, brota toda ela do amor: do amor do Pai e do Filho, e frutifica toda ela no amor. Precisamente por isto, a justiça divina revelada na cruz de Cristo, é “à medida” de

Deus, porque nasce do amor e se completa no amor, gerando frutos de salvação. A dimensão divina da redenção não se atua somente fazendo justiça ao pecado, mas restituindo ao amor sua força criadora no interior do homem, graças à qual ele tem acesso novamente à plenitude da vida e

Vemos que a opinião que reina popularmente, segundo a qual a misericórdia de Deus exclui a justiça e vice-versa, é errônea. Quando Jesus disse à Santa Faustina que, na hora da Sua morte na cruz a misericórdia triunfou sobre a justiça (Diário, 1572), isto não significa que aboliu suas exigências ou que aboliu a mesma justiça. Ao contrário, Cristo – a misericórdia encarnada – a levou ao cumprimento, manifestando, assim, a profundidade e o verdadeiro rosto da misericórdia de Deus. A cruz de Cristo mostra quanto esta “custou”, quão grande é, e, ao mesmo tempo, mostra também quanto “custou” fazer

15


justiça pelos pecados. Deus manifesta-se plenamente justo quando manifesta Sua misericórdia e cumpre Suas promessas dadas ao homem. Em Deus a misericórdia e a justiça não se deixam separar e ainda menos contrapor-se. Então, o que fazer para que em nossas vidas, nas relações com o próximo, a misericórdia e a justiça permaneçam numa adequada relação entre si e, ao mesmo tempo, o que fazer para que a nossa atitude de misericórdia seja autêntica? Sobretudo, é necessário recordar-se de que não

16

se pode deixar de lado as exigências da justiça nas relações com o próximo. [...] Observar as exigências da justiça é imprescindível para que a misericórdia possa manifestar seu verdadeiro rosto. Subestimar as exigências da justiça na formação da atitude de misericórdia é um equívoco, uma falta de compreensão do que a misericórdia é. A misericórdia sem a justiça diminui, perde sua força e se transforma em uma caricatura, ou seja, deforma-se. Em vez de valorizar o homem, fortalecer sua dignidade e servir ao crescimento do bem – desperta oposição e inclusive rebelião

nos destinatários cujos direitos fundamentais foram deixados de lado. Com frequência perguntamos: Por que a misericórdia, que o homem tanto necessita, não tem aos olhos dos homens o valor que merece e é tratada com certa reserva ou inclusive é encurralada à margem da vida? Se a “misericórdia”, como atitude do cristão para com o próximo, perdeu a sua força e luz isto pode ser por culpa daqueles que a praticaram deixando de lado a justiça. Cumprir as exigências da justiça é imprescindível para que a misericórdia brilhe em todo seu esplendor e força.


DIARIO

17


INFOGRÁFICO

18


19


20


SANTUÁRIO

PREFEITURA DE CURITIBA HOMENAGEIA PADRE DA CONGREGAÇÃO MARIANA Aluizio Meira

Padre André Krzymyczek, MIC

P

ioneiro e precursor na divulgação da Misericórdia em todo o Brasil: assim é conhecido o sacerdote e missionário Padre A n d r é K r z y m yc z e k , M I C , carinhosamente chamado de Padre Andrezinho. Em novembro de 2016, mês em que celebramos dois anos de sua morte, o Padre André recebeu uma homenagem póstuma da Prefeitura Municipal de Curitiba: foi aprovada pela câmara dos vereadores e sancionada pelo Prefeito da gestão anterior, Gustavo Fruet, a lei nº 14979, publicada pelo diário oficial nº 229 de 07/12/2016, que confere o nome deste sacerdote a um dos logradouros públicos da capital paranaense. A nova Rua Padre André Krzymyczek, está localizada em paralelo com a

Na foto, a rua Padre André Krzymyczek. À direita, ao fundo, é visível a torre do Santuário Divina Misericórdia Rodovia Contorno Leste, nas imediações do Santuário da Divina Misericórdia. A ideia e iniciativa de nominar a rua em caráter de homenagem foi dos colaboradores do Santuário, Ily Brunetti Neto e Aluízio Meira, os quais após obterem a autorização da Província Mariana, recorreram ao vereador Tito Zeglin para com ele iniciar os trâmites legais. Uma homenagem singela para este sacerdote de vida simples e ao mesmo tempo de grandes méritos. A rua se encontra em fase de acabamento e ainda não há uma data para a inauguração. Verdadeiro Apóstolo da Divina Misericórdia, o Padre André, vindo da Polônia, chegou ao Brasil em outubro de 1971. Trabalhou como missionário em várias localidades, e em 1981 estabeleceu-se

em Curitiba, onde fundou o Apostolado da Divina Misericórdia. Foi o responsável pela primeira edição brasileira do Diário de Santa Faustina Kowalska, em 1982. Foi ele quem elaborou, naquele mesmo ano, o livreto Novena à Divina Misericórdia. Em 1988 iniciou a edição de um periódico intitulado O Mensageiro da Misericórdia que deu origem a esta Revista. Em 1995, junto com o Padre Jan Glica, deu início à construção do Santuário da Divina Misericórdia, conhecido hoje mundialmente e no qual trabalhou de 1994 a 2006, exercendo nesse mesmo período o trabalho de Diretor do Apostolado. Em 26 de novembro de 2014, aos 86 anos, faleceu, deixando para a Congregação dos Padres Marianos um grande legado de fé e santidade.

21


FALA AO MUNDO DA MINHA MISERICÓRDIA Isabelle Warzinczak

Em seu 10º ano de publicação, a Revista Divina Misericórdia transmite mensalmente aos leitores conteúdos formativos e informativos escrito por teólogos, filósofos, jornalistas e escritores católicos, não apenas do Brasil, mas também de outros países, entre eles Itália, Espanha, Portugal e, Polônia, que são traduzidos pela equipe que compõe este editorial. Junto com o conselho de redação, todos compartilham a mesma paixão pela fé e procuram, através dos seus textos, apresentar orientações alicerçadas no Evangelho.

quiseres proporcionar-Me alegria, fala ao mundo da Minha grande e insondável misericórdia”. (Diário, 164)

PARA ALCANÇAR MAIS DEVOTOS PRECISAMOS DA SUA AJUDA!

A cada edição a Revista chega a todos os estados brasileiros apresentando um conteúdo católico que comunica a mensagem da Divina Misericórdia e propicia aos devotos crescerem na confiança em Deus e na coragem de testemunharem a Sua Misericórdia.

No ano passado iniciamos o nosso projeto de atualização cadastral, para assegurar que cada exemplar chegue ao respectivo assinante, e, também, para preencher os dados que ainda estão faltando nos cadastros, entre eles deve constar o número do CPF de cada associado. É muito importante que cada devoto entenda a necessidade de informar o número do CPF aos nossos colaboradores do Núcleo de Relacionamento com o Devoto, pois é uma das exigências que o Santuário precisa cumprir para poder emitir os boletos de contribuição, que são enviados junto com as Revistas.

O nosso desejo é proporcionar alegria a Jesus, correspondendo as suas palavras transcritas no Diário de Santa Faustina: “Sempre que

O Banco Central, que é o responsável por regular e fiscalizar as instituições bancárias no Brasil, determinou que a partir do início deste ano de

CPF

22

2017, em todo boleto de pagamento devem constar os dados do CPF ou CNPJ do beneficiário e do pagador, o valor e a data de vencimento, conforme as Circulares n°s 3.461/09, 3.598/12 e 3.656/13 (as Circulares podem ser consultadas online no site www.bcb.gov.br). Com esse novo sistema, pretende-se reduzir a possibilidade de que fraudadores enviem boletos em nome de outras empresas e fiquem com o valor da contribuição; também facilitará o pagamento de boletos vencidos, podendo este ser realizado em qualquer agência bancária, casas lotéricas e aplicativos, sem a necessidade de emitir uma 2ª via com nova data. Aproveitando a oportunidade, informamos que no boleto que você recebe junto com a Revista, consta um valor sugerido de contribuição, porém, você pode colaborar com a quantia que o seu coração sugerir. Atualmente, além dos custos para a impressão e o envio das Revistas, temos as taxas bancárias e o custo de emissão de cada boleto. Contudo, confiamos na sua generosidade para mantermos de forma efetiva essa Campanha dos Devotos da Misericórdia e poder dizer a todos do amor misericordioso de Deus, assim como manter as nossas obras de infraestrutura e construção do Centro de Evangelização, para que o Santuário da Divina Misericórdia seja cada vez mais acolhedor.


“TIVE FOME, E ME DESTES DE COMER...” (Mt 25, 35)

Elaine Germina de Sousa

N

o dia 28 de dezembro de 2016, poucos dias após a celebração do nascimento de Cristo Jesus, Misericórdia Encarnada, os Apóstolos Eucarísticos da Divina Misericórdia (AEDM’s) do Grupo de Oração Misericórdia & Vida da Paróquia São Francisco de Assis, bairro Junco, Picos-PI, organizaram-se para realizar um café da manhã com moradores de rua. O café foi ofertado para algumas famílias que estavam abrigadas próximas à passarela da cidade de Picos-PI. Dentre os moradores de rua, haviam homens,

mulheres, jovens, crianças e até um recém-nascido. Dar de comer a quem tem fome é a primeira das obras de misericórdia corporal. Jesus alertou Santa Faustina para a prática das obras de misericórdia em qualquer situação, pois é através delas que manifestamos nosso amor para com Ele. “Deves mostrar-te misericordiosa com os outros sempre e em qualquer lugar. Tu não podes te omitir, desculpar-te ou justificar-te. Eu te indico três maneiras de praticar a misericórdia para com o próximo: a primeira — a ação, a segunda — a palavra e a terceira — a oração. Nesses três

graus repousa a plenitude da misericórdia, pois constituem uma prova irrefutável do amor por Mim. É desse modo que a alma glorifica e honra a Minha misericórdia.” (Diário de Santa Faustina, 742) “Tive fome, e me destes de comer...” (Mt 25, 35). O gesto de partilhar com aqueles que precisam de obra de misericórdia provêm da nossa resposta ao amor que recebemos de Deus e leva-nos a enxergar Cristo no irmão que sofre, no irmão necessitado. “Em resposta o Rei lhes dirá: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.’” (Mt 25, 40).

23


FORMAÇÃO

24

ADORAÇÃO PERPÉTUA NO MUNDO:

HORAS EM CADA UM DOS 7 DIAS NA SEMANA Agnieszka Kańduła

Na edição anterior da Revista, iniciamos a apresentação de uma entrevista concedida pelo Padre Justo Antonio Lofeudo, MSE, originário da Argentina, sobre a contemporânea organização da adoração perpétua nas paróquias ao redor do mundo. Na América Latina já são mais de 950 as capelas nas quais Nosso Senhor é adorado 24h todos os dias. Damos continuidade, nesta edição, à sequência do relato feito pelo Pe. Lofeudo sobre a sua missão de organizar a adoração perpétua à Jesus Eucarístico.

24


Momento de adoração Eucarística presidida pelo Padre Justo Lofeudo

O

bservem que não se trata de um projeto humano, mas de um projeto divino. Estamos falando da adoração perpétua, ou seja, uma adoração que se prolonga nas 24 horas do dia, nos 7 dias da semana, todos os dias do ano. Nós a difundimos, pois também o magistério da Igreja encoraja a isso através de vários documentos. João Paulo II, em Redemptionis Sacramentum, e Bento XVI, na exortação Sacramentum Caritatis, na qual pede que cada cidade conte com ao menos uma igreja dedicado à adoração perpétua. Uma carta da Congregação para o Clero, dirigida aos bispos, reafirma esse pedido. A carta também contém a solicitação de realizar a adoração do Santíssimo Sacramento na intenção das vocações sacerdotais e pela santificação dos sacerdotes, pois não existe

melhor maneira de pedir por essas graças e ser respondido. Em Redemptionis Sacramentum, lemos o seguinte: “O culto que se dá à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja. Esse culto está estreitamente unido à celebração do Sacrifício Eucarístico”. Portanto, promova-se insistentemente a piedade para com a Santíssima Eucaristia, tanto privada como pública, também fora da Missa, para que seja tributada pelos fiéis a adoração a Cristo, verdadeira e realmente presente, que é “Pontífice dos bens futuros” e Redentor do universo” (n. 134).

MISSÃO IMPOSSÍVEL EM TERMOS HUMANOS

Minha primeira missão na Europa, na paróquia espanhola de Cancelada, foi muito difícil. A paróquia era pequena e, embora

os paroquianos demonstrassem muito empenho não alcançávamos reunir um número suficiente de pessoas. O pároco propôs, então, que fossemos de porta em porta e explicássemos a adoração perpétua. Imagine que alguém bate à sua porta, e ao abrir você se encontra diante de... dois padres! As pessoas poderiam esperar ver duas testemunhas de Jeová ou vendedores ambulantes, mas não dois padres. Visitamos pessoas que não iam nunca à Missa, rezamos com os enfermos. Foi bonito; e, graças a isso, conseguimos organizar ali a adoração perpétua. Eu já havia tido uma experiência semelhante no México. Lembrome de chamar um dia a uma porta; abre-a uma senhora e diz: “Entra, eu sou uma professora universitária, otorrinolaringologista, trabalho em várias consultas,

25


Não é um caso isolado. O antigo arcebispo de Sevilha me contou que, em uma ocasião, seu médico, que não era crente, perguntou a ele: “O que acontece na capela de Santo Onofre? Alguém comentou que as pessoas vão até ela, que fazem uma adoração silenciosa, que não dizem nada, que ficam ali dia e noite ... Algo tem que haver ali!” . E foi vê-la, por curiosidade. Logo, o arcebispo me contou que aquele homem se havia convertido desde aquele dia, e que se levantava, todos os dias, meia hora mais cedo para ir à capela antes do seu plantão no hospital. Olhem isso! Era um homem não crente e o Senhor lhe mostrou a existência de outra dimensão da realidade: mostrou Deus Uno e Trino.

estou divorciada, minha filha vive comigo...”. Naquele momento, pensei que me contava tudo aquilo para ter uma desculpa para não comprometer-se com a adoração perpétua. Porém ela disse: “Padre, quando o senhor bateu à porta, eu senti como se o próprio Cristo me estivesse chamando! Deus sabe que não tenho tempo, mas inscreva-me no domingo entre as dez e as onze horas da noite”. Em seguida me ofereceu um bombom de chocolate e disse: “Obrigada por me haver permitido encontrar com o meu melhor Amigo”.

... ALGO TEM QUE HAVER ALI!

Contudo, o mais assombroso é que não só as pessoas que tem fé encontram na capela de adoração perpétua o que estavam buscando... Em um lugar, uma

26

adoradora teve que se ausentar por seis semanas; devido a isso, teve que buscar um substituto para que, durante “sua” hora, não se criasse uma lacuna. Pediu ao seu cunhado, assinalando o dia e a hora. Ele concordou, mas perguntou: “Ok, mas o que eu devo fazer?”. Ela lhe explicou: “Nada, simplesmente permanecer ali”. “E por que tenho que ficar ali?”. “Porque ali está o Santíssimo Sacramento”. “O Santíssimo o quê?”. Revelou-se que este homem era um daqueles que não querem ter compromisso nenhum com a Igreja. Contudo, substituiu a mulher, pois queria ajudá-la. Quando ela voltou, ele disse: “Eu também quero inscrever-me, porque a paz que encontrei ali, nunca antes havia conhecido na minha vida, nunca...”. Assim aconteceu a sua conversão.

Um caso semelhante ocorreu na cidade italiana de Prato, em um bairro onde vivem muitos ateus e muitos comunistas. Agora são 900 as pessoas que fazem adoração ali! Uma senhora deixou um bilhete na capela: “Fazia mais de dez anos que não havia entrado em uma igreja católica, e se acaso havia entrado em uma, foi apenas por razões artísticas. Contudo, não sei por que estou aqui, mas acredito na paz que encontrei e que sempre posso voltar a encontrar neste lugar. Maria”. Dão-se conta de tudo o que está encerrado nestas poucas palavras? Primeiro, que é atea e que não tem nada a ver com a fé. Segundo: não sabe por que vai à capela, porém vai, e isto é prova de que Deus a chama, ainda que ela disso não se dê conta. Terceiro: encontrou ali uma paz que desconhecia. Quarto: busca essa paz, é assim que começa o caminho da conversão.


VOCACIONAL

TRÊS REFLEXÕES SOBRE O DISCERNIMENTO VOCACIONAL À LUZ DO PRÓXIMO SÍNODO

A

Santa Sé iniciou o caminho de preparação para a 15ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizará em outubro de 2018 com o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Foi publicado um documento preparatório, que contém algumas pistas para a reflexão. É um texto curto, mas que reflete de modo profundo algumas questões importantes que poupariam muita dor de cabeça aos jovens que estão discernindo a sua vocação. 1) O documento lembra que há uma série de dimensões que configuram, todas elas, a vocação pessoal de cada um: “estado de vida (matrimônio, ministério ordenado, vida consagrada, etc.), profissão, modalidade de compromisso social e político, estilo de vida, gestão do tempo e do dinheiro, etc.” “O propósito do discernimento vocacional é descobrir como transformá-las, à luz da fé, em passos rumo

Felipe Koller

à plenitude da alegria a que todos estamos chamados.” Engessar os possíveis caminhos vocacionais em duas ou três opções leva o jovem a tentar se encaixar em algum padrão pré-concebido, em vez de discernir a partir de sua própria singularidade, à luz do seu relacionamento com Deus. 2) É preciso estar consciente também que boa parte da nossa vocação não está totalmente em nossas mãos. Isso é normal. Ao citar o primeiro encontro de João e André com Jesus (cf. Jo 1, 35-39), o documento diz que “Jesus os chama ao mesmo tempo a um caminho interior e a uma disponibilidade de se pôr concretamente em movimento, sem saber bem aonde isso os levará”. Muita coisa pode acontecer com um padre depois da sua ordenação. O mesmo se pode dizer de um casal: se um dos seus filhos nascer com alguma deficiência, por exemplo, a sua vida mudará radicalmente – e é necessário

estar aberto a essas possibilidades. Essa indefinição fundamental faz parte da vocação e ajuda o nosso coração a não se fechar na paralisia da comodidade. 3) O documento diz ainda que “a fé é a fonte do discernimento vocacional”. Deveria ser óbvio, mas na prática não é bem assim. Quantos jovens passaram alguns anos se batendo para descobrir a sua vocação e saíram desse conflito com uma fé fraca ou morta? Quantos jovens, hoje, assíduos nos sacramentos, na oração, na vida em comunidade, passam boa parte do tempo agonizando com dúvidas vocacionais, em vez de priorizar o simples chamado a ser cristão, seja qual for a situação da sua vida neste momento? Não é dessa confusão que floresce o chamado específico de cada um. A vocação específica é um desdobramento quase que natural do desejo de amar e servir que o Senhor acende em nossos corações.

27


ESPAÇO DO DEVOTO

FAROFA RÁPIDA COM BANANA Receita enviada pela devota Juliane Lazarete

INGREDIENTES

500g de bacon cortado em cubos 2 gomos de linguiça cortada em cubos 1 calabresa cortada em cubos ½ cebola cortada em cubos 2 ovos 2 bananas cortadas em cubos cheiro verde a gosto 1/2 pacote farinha temperada

MODO DE PREPARO

Em uma panela com um pouco de óleo frite o bacon, sem retirar a gordura da panela o reserve em um prato. Na mesma gordura frite a calabresa e a reserve juntamente com o bacon, frite a linguiça e faça o mesmo. Utilizando a mesma gordura frite a cebola e os ovos depois de fritos adicione a banana, em seguida junte os outros ingredientes e desligue o fogo, só então coloque a farinha de sua preferência, mexa bem. Caso fique seca, coloque mais um fio de óleo.

ENVIE SUA RECEITA - Ela poderá ser publicada aqui - revista@divinamisericordia.com.br

28


29


GERAL

O MINISTÉRIO DE EVANGELIZAÇÃO DE

THIAGO BRADO 30

Thiago Radael


N

a Festa Nacional da Divina Misericórdia, deste ano, queremos propiciar a você ainda mais o encontro com o amor misericordioso de Jesus. Realizaremos 3 tardes de louvor, em nossa programação. Elas acontecerão às 14h, nos dias 21, 22 e 23 de abril. Na primeira delas, contaremos com a participação de Ironi Spuldaro, Irmã Zélia e do cantor Thiago Brado. Apresentamos a seguir a nossa conversa com o cantor Thiago Brado, 26 anos, sobre seu ministério de evangelização por meio da música.

Como foi o início da sua missão como cantor? Foi com o lançamento do meu primeiro CD, em 2012. Eu moro em Cianorte, interior do Paraná e Deus me chamou a evangelizar através da música. Atualmente tenho 2 CDs gravados. Como aconteceu seu encontro com Deus? Aconteceu por volta dos 15 anos, no Grupo de Oração, quanto experimentei uma forma diferente de falar com Deus. Nos retiros, nas Santas Missas e Grupos de Oração eu sentia a mão de Deus agindo na minha vida. Meu encontro com Jesus, acredito que é assim: Todos os dias. Há quanto tempo você dedica sua vida à música? Eu conheci a música profundamente com 13 anos. Foi quando tive vontade de fazer aula de guitarra, depois de 7 anos estudando, resolvi dedicar integralmente minha vida à música. No final de 2011 tomei a decisão de trancar o curso

de Análise de Sistemas, porque sentia o chamado de evangelizar por meio da música, aí decidi gravar algumas canções que Deus havia inspirado no meu coração. Tenho a certeza que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. O que a música representa em sua vida? A música para mim é como o remo para o barqueiro. É meu instrumento, é o que me leva além, e leva outros comigo. Como foi a composição da música “Minha Essência”? Na verdade, essa música é uma oração. Escrevi de madrugada, em novembro de 2013. Estava conversando com uma amiga no Facebook, e naquele momento me sentia muito incapaz, miserável, desanimado. (...) Já tinha gravado o CD, mas estava muito desanimado com tudo estávamos fazendo. (...) Então ela falou para eu ler o Evangelho de Lucas 7, 36-50, que fala da pecadora perdoada, e disse para eu tentar fazer uma música,

concordei... desliguei o computador, reli o texto bíblico, rezei e em 10 minutos saiu a música Minha Essência. Por isso que para mim essa música é uma oração sincera de entrega a Deus. Creio que é um presente de Deus, que foi dado não só para mim, mas para tanta gente que reza através dela. Como você se vê e vê a sua missão? Levo a missão com alegria, não dá para acreditar tudo que Deus faz na gente e através da gente. Por isso levamos esse trabalho com Deus com muita alegria, com muita seriedade e responsabilidade. Eu sou sonhador, aquilo que sinto no coração, uma hora ou outra, vira realidade, com muita determinação. E sempre permitindo que esteja à frente, o Espírito Santo! O que mais curto é servir, estar no palco, ministrando, levando almas à Adoração. Outra grande alegria para mim é estar com os amigos, família, contar piadas e jogar futebol.

O cantor Thiago Brado fará tarde de louvor com a Irmã Zélia no dia 21 de abril de 2017, na Festa Nacional da Divina Misericórdia, em Curitiba. Não perca esta oportunidade. Organize a sua caravana! A entrada é gratuita, mas você pode adquirir ingressos para acompanhar a programação na área VIP, em frente ao palco, acessando o endereço: www.festadamisericordia.com

31


#JOVEMGO

CARNAVAL... DEIXAR-SE OU NÃO SER ARRASTADO PELA EUFORIA Maria João Cabral Moura

E

m tempos idos, trocando impressões sobre o porquê do Carnaval, alguém disse que ele surgiu pela necessidade que os cristãos sentiam, de terem uns dias de folguedo, de forró, de se divertir até mais não poder, antes do começo da Quaresma.

Nos primórdios destas festas de Carnaval era tudo com certa simplicidade, era verdadeiramente um tempo de muita brincadeira e de pregar partidas inofensivas uns aos outros, mesmo os adultos entravam nelas; nessas brincadeiras, crianças e adultos gostavam de mascarar-se.

32

A Quaresma são 40 dias de preparação para a Páscoa, como sabemos. É um tempo especial em que a Santa Igreja Católica convida os fiéis à verdadeira contrição do coração, a intensificar a vida de oração, a vida sacramental, a fazer abstinência, ou seja, a privar-se de algum determinado alimento que as normas da Conferência Episcopal determine. Normas que variam de país para país. A finalidade está no compromisso de privarmo-nos voluntariamente de algo que anteriormente satisfazia o nosso apetite e oferecer a Jesus pela conversão dos pecadores. É muito importante este esforço de trabalharmos sobre

nós mesmos, lutando para contrariar aquilo que pode aumentar os nossos defeitos. E todos nós temos um ‘defeito dominante’. Será bom que cada um tente descobrir qual é o seu próprio defeito para saber como lutar contra ele e o vencer passo a passo com a ajuda da graça divina, assim vamos fortalecendo a nossa vontade para submetê-la amorosamente à vontade de Deus, nisso encontramos a verdadeira liberdade, longe do pecado. Passando adiante muitas páginas da história de cada país e do mundo, o panorama acerca do Carnaval é uma realidade


inteiramente oposta. São João Paulo II alertava frequentemente sobre o fato de que a maioria das pessoas perderam o sentido do bem e do mal, com isso a pessoa começa a não saber o que é o pecado. Em próprio prejuízo e dos outros. Com as mentes embaçadas por este nevoeiro mundano, a alma torna-se incapaz de escolher o que é o melhor para agradar a Deus e não O ofender. Incapaz de dizer não! Não aos meios de comunicação infestados pela praga de imoralidade: tv, revistas, internet com maus conteúdos... só porque os outros também vêm, etc, etc.

Na comemoração dos 300 anos do dia em que a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada pelos pescadores, a Conferência Episcopal brasileira decretou para todo o país um Ano Mariano! É um tempo de especiaias graças de Deus que vão chover em todo o Brasil. Mas é preciso corresponder ao amor de Deus e de Nossa Senhora fazendo alguma coisa para reparar Seus Corações feridos por nossa indiferença, e pedir pela conversão de tantas pessoas que se vão entregar aos pecados nos dias alucinantes e desregrados de Carnaval. Quem quer escolher a melhor parte? Que parte é essa? Claro

que é fazer o que agrada a Deus e não O ofender. E como fazer isso nesses dias? Simples, o convite é santificar esses dias dedicando mais tempo a pôr a própria vida espiritual em dia. Rezando mais com o coração, fazendo Adoração ao Santíssimo, indo à Eucaristia diária onde Jesus nos espera. Rezar o Terço e mesmo o Rosário. Oferecer pequenas privações para resgatar almas e consolar o nosso Deus, como dizia e fazia o santo Pastorinho de Fátima Francisco Marto. Quando queria estar a sós com Deus, ele procurava uma pequena gruta e ai em total silêncio ficava horas esquecidas em oração.

33


Ilustração: Felipe Koller

PEQUENINOS DA MISERICÓRDIA

34


AEDM

35


36


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.