Revista Divina Misericórdia 32

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Revista

Divina Misericórdia Publicação Bimestral- Ano VIII - Nº 32 - Abril/Maio de 2015

FÁTIMA E A

DIVINA MISERICÓRDIA REFÚGIO PARA TODAS AS

ALMAS

CURADO NA ALMA E NO

Nada se assemelha tanto a Deus como a

CORPO Misericórdia


Mensagem do Diretor

C

aro leitor, entregamos mais uma vez em vossas mãos, com muito carinho, essa valorosa revista. Acreditamos que ao longo da história cada edição dessa revista tem cumprido com mais eficácia o seu dever de informar e formar nossos queridos devotos de Jesus misericordioso. Agradecemos de maneira especial àqueles que dedicam seu tempo escrevendo para nós contanto seu o testemunho de vida e de como essa revisa tem lhes proporcionado um encontro com o amor de Deus-Pai misericordioso. No momento em que planejávamos o que levaríamos aos nossos leitores nesta edição, que contempla os meses de abril e maio, sutilmente Deus nos sugeriu que prestássemos atenção no mês de maio - dedicado a Nossa Senhora. A partir desse sutil toque de Deus, nos questionamos a respeito da ligação que existe entre a devoção a Nossa Senhora e a devoção a Jesus misericordioso. Como um sacerdote Mariano, eu e os demais padres da Congregação temos uma singela ligação com a devoção de Nossa Senhora de Fátima. Pesquisando sobre as aparições de Nossa Senhora em Fátima (1917) e lendo vários artigos dos nossos padres que trabalham em Portugal (em especial do Pe. Basileu Pires, MIC) chegamos à conclusão de que há uma profunda ligação entre as aparições de Nossa Senhora de Fátima aos pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia (em Portugual), e as aparições de Jesus misericordioso à Santa Faustina Kowalska (na Polônia). Essa proximidade ainda é pouco aprofundada e conhecida. Mas o que delas tivemos conhecimento desejamos partilhar convosco. É uma linda história que vamos contar nas páginas desta revista. Que Nossa Senhora seja sempre o caminho que te conduz a Jesus misericordioso, ao mesmo tempo em que Jesus misericordioso seja sempre o caminho para nos aproximarmos da Mãe Santíssima. Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós! Bem-Aventurados Jacinta e Francisco, rogai por nós! Santa Faustina, rogai por nós!

Padre André Lach, MIC Diretor

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Expediente Revista Divina Misericórdia

Sumário Palavras do Papa

Quaresma: 'Tempo favorável' da Graça....................................................... 6

Testemunho

Publicação bimestral do Apostolado da Divina Misericórdia da Congregação dos Padres Marianos do Brasil Diretor Pe. André Lach, MIC Conselho Editorial

Pe. André Lach, MIC Pe. Leandro Ap. da Silva, MIC Gislaine Keizanoski Carina Novak, OCV Jornalista editora Gislaine Keizanoski Revisão Carina Novak, OCV Gislaine Keizanoski Projeto visual e diagramação Lucas S. Teixeira Nihil Obstat Pe. Jair Batista de Souza, MIC Roma, 20 de março de 2015 Imprimatur Pe. Leandro A. da Silva, MIC

Provincial dos Padres Marianos do Brasil

Contato Rua Profeta Elias, 149 Umbará - 81.930-020 Curitiba - PR - Brasil editora@misericordia.org.br (41) 3348 5043

Do álcool à santidade..................................................................................... 8

Devoção

Refúgio para todas as almas.. ...................................................................... 10

Testemunho

Curado na alma e no corpo........................................................................ 12

Santos da Misericórdia

Anjo Bom..................................................................................................... 14

Santa Faustina

Deus habita em mim................................................................................... 16

Padres da Igreja

Nada se assemelha tanto a Deus como a misericórdia............................ 19

Destaque

Fátima e a Divina Misericórdia................................................................. 20

Maria

A consagração a Maria e a graça da perseverança................................... 26

Luta pela Vida

Roda dos expostos....................................................................................... 28

Marianos

Cinco anos de missão em Crateús............................................................. 32

Obras de Misericórdia

Um bom conselho: uma Obra de Misericórdia....................................... 34

Jovens em Cristo

Viver intensamente esta vida com os olhos fixos em Jesus..................... 37

Vocacional

Realizado em Cristo.................................................................................... 40

Marianos

Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba - PR

A graça de um novo Sacerdote!................................................................. 42


Envie essa ficha preenchida para o endere莽o: Revista Divina Miseric贸rdia - Rua Profeta Elias, 149 - Curitiba/PR - CEP: 81930-020

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Espaço do Leitor

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A

Divina Misericórdia mudou a minha vida. Seria muito longo explicar, mas o que posso dizer é que tive experiências realmente palpáveis e, sem dúvida, a providência da Divina Misericórdia está presente e forte. Houve uma situação de um medo muito forte e intenso em toda minha vida, mas em um certo momento que precisei encarar, corri e pedi a ajuda de Jesus misericordioso, implorando, pedindo para que Ele ficasse junto comigo e que não me deixasse. Foi o que aconteceu, senti tão forte a Sua presença que tive forças para superar... Sou muito grata, eternamente grata a Jesus, essa foi uma das graças realizadas em mim por meio dessa devoção. Hoje tenho essa devoção comigo como algo muito especial. Sempre que posso divulgo e alerto: as forças são encontradas na Divina Misericórdia. “Jesus, eu confio em Vós!” Sobre a Revista Divina Misericórdia, amo recebê-la. Cada vez que recebo fico muito alegre e empolgada. São matérias que me ensinam muito. Guardo todas as edições desde que comecei a receber. Gostei muito também dos textos sobre Santa Faustina ‒ nos ajudam na reflexão e compreensão. Que Deus abençoe a cada um de vocês, toda essa equipe, nessa evangelização! Muito obrigada! Deise Votki

A humanidade precisa conhecer a Misericórdia de Deus. Conte o seu testemunho! Mande seu e-mail para: apostolado@misericordia.org.br ou envie sua carta para: Apostolado da Divina Misericórdia Cx.P.: 8971 Cep: 80.611-970 Curitiba-PR


Palavras do Papa

Quaresma:

'Tempo Favorável' da Graça

T

empo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é sobretudo um “tempo favorável” de graça (cf. 2Cor 6,2). Deus nada nos pede que antes não no-lo tenha dado: “Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Ele não nos olha com indiferença; ao contrário, (...) conhece-nos pelo nome, cuida e vai à nossa procura quando O deixamos. Interessa-Se por cada um de nós; o Seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante o que nos acontece. Coisa diversa acontece conosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos dos outros (...), não nos interessam seus problemas, tribulações e as injustiças que sofrem. Nosso coração cai na indiferença. (...) Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial, tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um mal-estar que

temos obrigação, como cristãos, de enfrentar. (...) Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir (...) o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar. (...)

A Igreja Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus, que rompe esta reclusão mortal em nós que é a indiferença. (...) Cristão é aquele que permite a Deus revesti-lo da Sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele, servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas exemplificar como devemos

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lavar os pés uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem, primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só esse “tem parte com Ele” (cf. Jo 13,8), podendo assim servir o homem. A Quaresma é um tempo propício para nos deixar servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos como Ele. Verifica-se isto quando ouvimos a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos, nomeadamente a Eucaristia - onde tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que, com frequência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence a um único corpo e, Nele, um não olha com indiferença o outro. “Assim, se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros; se um membro é honrado, todos os membros participam da sua alegria” (1Cor 12,26). A Igreja é communio sanctorum, não só porque, nela, tomam parte os


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Santos, mas também porque é comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons; e, entre estes, incluimos também a resposta de quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas santas, aquilo que cada um possui não o reserva só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não poderíamos jamais, com as nossas simples forças, alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para que todos nos abramos à sua obra de salvação.

As paróquias e as comunidades Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal é necessário agora traduzi-lo na vida das paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo‑nos num amor universal pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada (cf. Lc16,19-31)? Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direções. Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu na oração. Quando a Igreja terrena reza,

instaura-se reciprocamente uma comunhão de serviços e bens que chega até à presença de Deus. Juntamente com os Santos, que encontraram a sua plenitude em Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não é triunfante, porque deixou para trás as tribulações do mundo (...); ao contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o fato de terem vencido definitivamente a indiferença, a dureza de coração e o ódio (...). Convicta de que a alegria no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena enquanto houver na terra um só homem que sofre, escrevia Santa Teresa de Lisieux: “Muito espero não ficar inativa no Céu; o meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas almas” (Carta 254).

esta espiral de terror e impotência? Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de nós como a quem está longe (...). A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum. E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos.

Cada um dos fiéis

(...) Ter um coração misericordioso não significa ter um coração débil. Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador, mas aberto a Deus; (...) no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece suas limitações e se gasta pelo outro. (...) Por isso, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: “Fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”. Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se fecha em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença.

Também como indivíduos temos a tentação da indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir. Que fazer para não nos deixarmos absorver por

Com estes votos, asseguro a minha oração por cada crente e comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal, enquanto vos peço que rezeis por mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde!

(...) Em segundo lugar, cada comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade, com os pobres e os incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os homens. (...) Como desejo que os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!

Este texto é uma síntese da Mensagem do Papa Francisco para a quaresma 2015. Publicado em www.vatican.va


Testemunho

do

álcool à SANTIDADE Pe. André Lach, MIC

Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia

E

m 2 de maio de 1856 em Dublin, Irlanda, nascia Matt Talbot - o 12º filho de Carlos e Elisabete, católicos exemplares. Carlos trabalhava como portuário. Desde criança pertencia à Confraria da Imaculada Conceição, recebia frequentemente a comunhão e rezava o terço diariamente com a família. Não bebia. Faleceu em 1899. Elisabete participava da santa Missa diariamente, enquanto suas forças lhe permitiram, comungando na intenção de sua família. O menino Matt (Mateus) cresceu num ambiente simples e religioso, porém não seguiu o exemplo dos pais. Desde criança comportava-se de maneira estranha, provocava brigas em casa e na escola e muitas vezes fugiu da escola e de casa. Aos 12 anos começou a trabalhar para ajudar a família. O primeiro emprego foi numa distribuidora de bebidas. Matt engarrafava cerveja, o que o levou a experimentá-la. Seus colegas de trabalho o convidavam para beber e um certo dia ele voltou para casa bêbado. Tinha 13 anos. Podemos imaginar o susto dos seus pais ao verem-no daquele jeito. Com muita dificuldade,

seu pai arrumou outro emprego para ele, desta vez no porto. Esta mudança de emprego piorou ainda mais a situação. Matt passou a beber cachaça. Aos poucos tornou-se alcoólatra. Ia para o trabalhado bêbado. Seus pais tentaram de tudo: repreensões, surras, orações. Nada resolveu, pareciam não ter saída. Porém, Matt mostrava ter bom coração. Vendo o sofrimento dos pais, tentou parar de beber, mas uma força “misteriosa” não permitia. Mudou novamente de emprego, mas continuava bebendo. Todos os dias ia para o bar. Bebia até as portas fecharem, gastava até o último centavo. O salário da semana não durava até quinta-feira. Passou a pegar objetos da casa para vender ou trocar por bebida. Certa vez roubou um violino de um músico. Depois de sua conversão, Matt procurou por aquele músico pelo resto de sua vida para reparar seu erro, mas nunca o encontrou. Matt bebia cada vez mais, xingava a tudo e a todos. Mal conseguia rezar. Parecia que a bebida o dominava. A única coisa boa que lhe restava era fazer o sinal da cruz ao levantar-se e participar com dificuldade da missa dominical. Ao completar 27 anos aconteceu algo estranho que mudou completamente sua vida. Naquela semana inteira Matt bebeu sem parar, e nem foi trabalhar. No sábado não recebeu o pagamento. Neste dia, como de costume foi ao bar com a esperança de que os amigos lhe pagassem a bebida. Mas, ninguém

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apareceu. Ficou completamente sozinho. Voltou para casa mais cedo e profundamente triste. A mãe comentou: “Voltou mais cedo... e ainda sóbrio?”. Matt não respondeu e almoçou em silêncio. Quando ficou a sós com a mãe, disse: “Mãe, vou fazer voto de abstinência de bebida”. “Faça - respondeu a mãe - mas lembre-se de não fazer isso se não tiver certeza de que conseguirá cumprir. Se tiver certeza faça... e que o bom Deus o abençoe”. Matt tomou banho, se arrumou. “Que o bom Deus lhe dê força para cumprir seu voto. Rezarei por você”, ouviu de sua Mãe ao sair para ir à igreja. Matt confessou os pecados de toda a sua vida e depois fez o voto de abstinência de bebida por um mês. No dia seguinte participou da santa Missa e, ao comungar, pediu a Jesus que lhe desse força para vencer o vício. Ele começava uma longa caminhada em direção à liberdade. Matt levantava todos os dias uma hora mais cedo para participar da Missa às 05 da manhã ante de ir para o trabalho. Pedia a Jesus força para a luta diária. Depois do trabalho, entrava na igreja mais próxima. Permanecia em silêncio pedindo força para superar o vício. A batalha foi difícil. A oração parecia um trabalho muito pesado. Ao terminar o primeiro mês de abstinência, fez o voto por três meses, e mais tarde por um ano. Foi um período de profunda luta interior. Falou diversas vezes à sua mãe: “Ajude-me, por favor... parece que vou voltar a beber”. “Não desanime meu filho. Minhas orações estarão sempre com você. Coragem!”.

Matt depositava na mãe toda a sua confiança. Para não voltar a beber, entregava a ela todo o seu salário. A oração, a missa diária e a santa comunhão iam transformando-o aos poucos. Entrou para a Confraria da Imaculada Conceição. Ao completar um ano de abstinência fez o voto por toda vida.

Com a graça de Deus, com o auxílio de Maria santíssima, as orações de sua mãe e suas próprias conseguiu mudar de vida e vencer a si mesmo. Mas não foi fácil... Matt viveu interiormente grandes batalhas. Certo dia, chegando à igreja uma força desconhecida parecia não deixa-lo entrar... Matt não se entregou. Pediu com todas as forças a ajuda de Deus e depois de três tentativas enfim entrou na Igreja... com muita dificuldade. Outra vez, quando se aproximava o momento da santa comunhão, uma voz estranha lhe ordenava voltar a beber: “Não adianta, você não conseguirá nunca. Volte a beber, volte a beber...”. A tensão do corpo aumentava. Parecia que tudo estava explodindo dentro de si... Parecia não aguentar mais. Saiu correndo da igreja e vagou perturbado pelas ruas. Entrou numa outra igreja. Antes da comunhão, o demônio começou a incomodá-lo novamente. Matt, em

desespero, gritava (sem palavras), pedindo socorro. Isto também se repetiu na terceira igreja que visitou. Completamente exausto, voltou à primeira igreja. Sem forças para entrar, prostrou-se nas escadarias implorando o auxílio da Virgem Maria... minutos depois ficou livre do desespero. A paz voltou ao seu coração. Com muita dificuldade entrou na igreja. Recebeu a comunhão... suas forças voltaram. Toda esta luta durou mais de três horas. Depois de vencer o alcoolismo, Matt começou outra batalha, desta vez para vencer o vício de xingar. Para lembrar-se disso pendurou em sua roupa dois alfinetes em forma de cruz para que lhe recordassem constantemente a paixão e morte de Jesus Cristo na cruz. Ele venceu esta batalha e muitas outras. Depois de sua conversão levava uma vida normal, nada de extraordinário: trabalhava, rezava, fazia penitência. Vivia sob a influência da graça de Deus - que de um alcoólatra o levou à santidade. Não se casou. Em 1915 faleceu sua mãe, a quem tanto devia e amava. Morando na casa dos pais, todas as noites, na hora da oração, Matt enviava uma saudação a Cristo e, mesmo de longe, O adorava no pequeno santuário do altar. Faleceu de repente, quando subia as escadas da igreja, no Domingo da Santíssima Trindade, no dia 07 de junho de 1925. Alguns anos após a sua morte teve inicio o processo de sua beatificação. Em 1978, o Papa Paulo VI o declarou Venerável Servo de Deus.


Santuário da Divina Misericórdia

A

o longo do tempo o pedido de Jesus feito à Santa Faustina Kowalska “desejo que o mundo todo conheça a Minha misericórdia” (Diário, 687) vem se concretizando cada vez mais. De diversas maneiras as pessoas tomam conhecimento da mensagem da Divina Misericórdia, mas ainda há muito que conhecermos a esse respeito. Por isso, hoje, o convido, caro leitor, a conhecer um pouco mais sobre a celebração da Festa da Misericórdia.

Como surgiu a Festa da Misericórdia na Igreja

REFÚGIO PARA TODAS AS

ALMAS Pe. Francisco Anchieta Cardoso de Muniz, MIC Pároco e reitor do Santuário da Divina Misericórdia Curitiba-PR

Após enfrentar todos os desafios, normais, no que se refere às coisas de Deus e à sua Igreja, em 1995 a Festa da Divina Misericórdia foi celebrada pela primeira vez pelo Papa João Paulo II. Passado dois anos, foi instituída oficialmente, no dia 07 de junho de 1997 e, em 1999, a Missa votiva da Misericórdia de Deus passou a integrar o Missal Romano. No ano 2000, durante a canonização de Santa Faustina, João Paulo II declarou o 2º domingo da Páscoa como o Domingo da Divina Misericórdia para toda a Igreja.

“Desejo que o primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Misericórdia” (Diário, 299) 10 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015


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O desejo de Jesus Para compreendermos um pouco mais o valor da Festa da Misericórdia nada melhor do que estudarmos as palavra do próprio Jesus, que desejou essa Festa, dirigidas para aquela a quem chamou Secretária da Minha Misericórdia (cf. Diário, 1605).

Essa Festa saiu do mais íntimo da Minha misericórdia e está aprovada nas profundezas da Minha compaixão (D. 420).

Minha filha, inclinei o Meu Coração aos teus pedidos. A tua tarefa e obrigação é pedir aqui na terra a misericórdia para o mundo inteiro. Nenhuma alma terá justificação enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a

Festa da Misericórdia. Nesse dia, os sacerdotes devem falar às almas desta Minha grande e insondável misericórdia (D. 570).

Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Nesse dia estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam

como o escarlate. A Minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica, a aprofundará. (...) A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha misericórdia (D. 699).

O Diário de Santa Faustina é de uma profundidade espiritual inquestionável. Por isso o convido a ir além: aproveite também para conhecer um pouco mais dos escritos dessa Santa. Uma boa leitura e que a Misericórdia Divina seja sempre a nossa força e amparo. Jesus, eu confio em Vós!


Testemunho

CURADO NA ALMA E NO

CORPO

Pe. André Lach, MIC

Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia

N

vezes xingava, blasfemava. Embora já tivesse construído sua própria família ‒ é casado e tem dois filhos ‒ jamais o abandonou o desejo de encontrar sua mãe.

Ao longo de sua vida, intimamente Ugo nutria uma profunda mágoa de sua mãe. Não conseguia perdoá-la por tê-lo abandonado ainda bebê. Sentia essa dor profunda durante toda a vida. Muitas

Com esse estado de espírito ‒ sentindo a injustiça de que fora vítima e uma certa incapacidade de perdoar ‒, seguindo o conselho de um conhecido, Ugo Festa viajou para Lourdes. Após o banho na água que brota da gruta de Nossa Senhora, como se fosse suavemente tocado por uma mão, o doente sentiu que interiormente havia se tornado um outro homem: perdoou sua mãe, deixou de blasfemar e de xingar, e fez o propósito de oferecer os seus sofrimentos a Deus.

o dia 2 de agosto de 1990, na cidade italiana de Trento, no Santuário de Jesus Misericordioso ocorreu um celebre milagre. Ugo Festa, de 39 anos, sofria com esclerose múltipla, epilepsia, falta de memória e deficiência visual (7,5 de dioptria causada por uma lesão no nervo visual). Há sete anos se movimentava com a ajuda de uma cadeira de rodas. Em consequência de fotofobia, precisava usava óculos escuros constantemente.

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Cinco ano após essa cura inte-

rior, Ugo viajou para Roma. Sobre as graças que alcançou de Jesus misericordioso, ele testemunhou:

Fui à basílica de São Pedro levando comigo cinco santinhos de Jesus misericordioso e uma medalha. Pedi ao Santo Padre que abençoasse os santinhos e principalmente que desse a sua bênção para mim, visto que eu estava passando então por uma profunda crise espiritual e moral. O Santo Padre o Papa me disse: ‘Como é possível que você esteja em crise trazendo consigo Jesus misericordioso?


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Foto da esquerda: Primeiro encontro de Ugo Festa com o Papa João Paulo II:

Como é possível que você esteja em crise trazendo consigo Jesus misericordioso? Foto da direira: Vinte e sete dias depois, curado, Ugo Festa retorna ao Papa para testemunhar a graça alcançada.

Confie no Coração de Jesus e na intercessão da minha estimada Irmã Faustina’. Voltando para Vicenza, viajei para a Villa Santíssima, em Trento, para a casa diocesana, para o santuário de Jesus misericordioso. Fui participar desse dia de recolhimento antes por razões de obediência, sem esperar nada especial. No entanto, durante o momento de oração de cura, dirigida pelo Pe. Renato Tissot, Jesus me curou. A cura aconteceu por eu ter perdoado minha mãe e por ter agradecido a Deus pelo dom da vida.

Durante a oração na igreja eu vi Jesus misericordioso, que estendeu as mãos para mim e veio em minha direção. Não queria acreditar nisso e procurava olhar para outro lado. Mas Ele estava lá e convidava-me com seus braços estendidos. Quando olhei para Ele pela quinta vez, pedi que me permitisse ficar em pé. Atendendo ao meu pedido, Ele me convidou a sair da cadeira de rodas. Atendendo a esse apelo, levantei-me e encaminhei-me para a adoração na capelinha que ficava no centro da casa. Então caí numa espécie de sono, durante o qual vi Irmã Faustina sorrindo para mim. Feitos todos os exames, verificouse que a minha cura era total. (...) Sinto a necessidade

de ser missionário de Jesus misericordioso. A todas as pessoas que Jesus permite que eu encontre faço o convite para conhecerem a Serva de Deus Irmã Faustina e a Misericórdia Divina.

No dia 29 de agosto de 1990, Ugo Festa mais uma vez foi encontrar-se com o Santo Padre, mas desta vez foi caminhando com suas próprias pernas, sem a ajuda da cadeira de rodas, para relatar a João Paulo II a forma milagrosa como havia sido curado. Para o mundo, Ugo Festa tornou-se uma testemunha viva da atuação de Jesus misericordioso e da intercessão poderosa de Santa Faustina, bem como um devoto da Misericórdia Divina que anuncia a necessidade e a eficácia dessa devoção.


ANJO BOM

Santos da Misericórdia

Paula Fernanda Chaerki

Superando desafios Seu serviço foi marcado pela determinação e ousadia em cumprir o Evangelho. Fazia sem medo o que Deus colocava em seu coração. O “bom senso” que impede muitas vezes de avançar no discipulado não foi obstáculo e muito menos motivo de acomodação para ela. Tinha respeito às leis dos homens, mas sempre deixou que a Lei do Amor falasse mais alto em sua vida. Tal opção chegou a criar divergências com as regras de sua superiora e da Congregação a que pertencia, porém depois de analisada era reconhecida e apoiada por todos. Assim sendo, a misericórdia pela qual Irmã Dulce pautava seu viver não era apenas com os outros, mas também consigo mesma. Não se acusava de transgredir as regras dos homens, visto que agia em prol de um bem maior.

N

o dia 26 de maio de 1914, na cidade de Salvador, nasceu Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 7 anos de idade perdeu sua mãe, Dulce Maria, e então, juntamente com seus dois irmãos, foi criada por seu pai. Sendo este dentista e professor universitário, pertencia à classe média, mas seu interesse sempre foi pelos mais desfavorecidos. Ainda adolescente acolhia aos doentes e marginalizados e prestava-lhes atendimento em sua própria

Opção pelos pobres casa. Época em que o desejo de dedicar-se à vida religiosa foi despertado em seu coração. Atendendo ao chamado de Deus, após formar-se como professora em 1933, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, assumindo então o nome de Irmã Dulce em homenagem à sua mãe. Desde então, pôde responder totalmente ao chamado que Deus lhe fizera: a vocação religiosa traduzida no amor aos pobres.

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Amar seu próximo como a si mesmo e ver Jesus Cristo nele foi a base de toda a prática do Anjo Bom da Bahia, apelido dedicado à religiosa. Seguindo os passos de Jesus, a bem-aventurada deu preferência aos marginalizados e excluídos. Àqueles a quem ninguém mais queria, ela acolhia. Valor deixado para sua obra.

Fé Teve o foco voltado a Deus e ao que Ele falava ao seu coração. Sua devoção a Santo Antônio, seu fiel


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Beatificação

escudeiro, fortalecia a sua espiritualidade. A exemplo do Santo, a fé permeava todos os seus atos e decisões. Certa vez declarou que se necessário começaria sua missão desde o início, pois sua fé sempre lhe deu e continuaria lhe dando a força que precisasse.

Em dezembro de 2010, após o reconhecimento de um milagre, o Papa Bento XVI autorizou que fosse realizada a beatificação da então Venerável Serva de Deus. A celebração ocorreu no dia 22 de maio de 2011 em Salvador, e desde então Irmã Dulce passou a chamar-se Bem-Aventurada Dulce dos Pobres.

Obras de misericórdia A fidelidade ao chamado de Deus revelado pelo desejo do seu coração foi fundamental para que a obra de Irmã Dulce tomasse grandes proporções. Hoje suas obras sociais contam com hospitais, centro educacional e a tradição de que um dos maiores hospitais do país foi fundado pela religiosa onde era o galinheiro do convento.

Esperamos agora por mais um milagre que, se reconhecido pelo Vaticano, pode resultar na sua canonização e assim teremos a primeira Santa nascida no Brasil. Peçamos a sua intercessão para que sejamos fiéis à nossa vocação e para que possamos servir com ardor a missão que nos é conferida.

Em meio a tantas guerras, represões e desumanidades, onde muitos não viam esperança, esta irmã teve coragem de viver a santidade em Morre aos 77 anos a pleno Século 20! Irmã Dulce

Nascimento de Maria Rita de Souza (Irmã Dulce)

1914 Primeira Guerra Mundial

Inaugura o novo Hospital Santo Antônio

Ingressa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus

1933

Beatificação de Irmã Dulce

2011

1992

1983

Ditadura Militar no Brasil

Segunda Guerra Mundial

Atentado as torres gêmeas


Santa Faustina

DEUS

HABITA EM MIM Xavier Bordas

Teólogo, tradutor do Santuário da Divina Misericórdia - Polônia

D

ando continuidade ao estudo dos escritos de Santa Faustina sobre o mistério da permanente presença de Deus no interior de nossas almas, gostaria de convidá-lo, caro leitor, nesse tempo propício da quaresma, a refletir comigo sobre o que do caminho espiritual e da experiência mística de Santa Faustina pode ser útil em nossa vida cotidiana.

ela, também nós precisamos pôr, a cada momento, a nossa confiança em Deus, que constantemente está presente entre nós e em cada um de

Como podemos viver em cada novo dia, no transcurso da nossa vida, em estreita comunhão com Jesus, mantendo-nos no caminho espiritual pelo qual o próprio Jesus conduziu a Irmã Faustina? Assim como

nós. A Irmã Faustina, na difícil tarefa de interpretar e cumprir a vontade de Deus, mantinha toda a sua confiança Nele, em Sua presença vivia todos os momentos. O próprio Jesus a animava a viver com essa confiança,

Deus se alegra quando compartilhamos com Ele as nossas preocupações

16 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

repetindo-lhe muitas vezes: “Não temas, Eu sempre estou contigo” (cf. Diário 103, 129, 151, 258, 431, 435, 489, 573, 586, 613, 627, 639, 645, 655, 797, 1491, 1760). Ao longo da Sagrada Escritura, frequentemente Deus se dirige ao homem com as palavras: “Não temas”. Os termos “não temas” e “confia” na linguagem bíblica são sinônimos. Assim, quando Ele diz: “Não temas”, “Não tenhas medo”, está dizendo: “Tem confiança”. E qual é a motivação que Jesus apresenta no Diário de Santa Faustina para que procuremos ter essa confiança? Não tenhas medo (= confia)


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porque “Eu sempre estou contigo”. “Nunca estás sozinho”. Jesus deseja que ao refletirmos sobre essas Suas palavras, “Eu estou sempre contigo”, permitamos a nós mesmos tomar uma profunda consciência desse dom. Disso dependerá a qualidade da nossa confiança. Examinemos, portanto, hoje, o que elas significam para as nossas vidas. O que significam para a tua vida, João, Isabel, Paulo? “...Nunca estás sozinho, Eu, Jesus, estou sempre contigo”. E o que quer dizer o fato de Jesus estar sempre comigo, o fato de que eu nunca estou só? Em primeiro lugar, significa que Ele permanece conosco aqui na terra. Cristo está sempre presente na Igreja, sobretudo nos sacramentos e especialmente sob as espécies eucarísticas. Também está presente na Sua Palavra, em nossas orações, em nós mesmos, habitando em nossa alma justificada pela graça. Ser justificado pela graça quer dizer: ser ‒ pelo poder da paixão, morte e ressurreição de Cristo ‒ liberto da escravidão do pecado e cumulado com os dons do Espírito Santo. Essa graça, nós a recebemos no santo Batismo.

momento, pelo dom da graça santificante, Deus te concede participar da Sua própria Vida Divina, Trina. Mas não somente te concede participar de Sua Vida como, também, Ele mesmo vem habitar no teu coração. Não é impressionante? Tanta misericórdia de Deus para contigo! É um milagre da misericórdia, um tesouro. É a pérola de que fala o Evangelho. Pode haver um presente maior do que ter o próprio Deus, o autor da graça, habitando em nosso coração? Poderia Deus, em Sua misericórdia, dar-me algo maior do que Ele mesmo? Do que Ele estar mais próximo até do que eu estou de mim mesmo? Não me deixando nunca sozinho? Santa Faustina escreveu:

Ó Jesus, escondido na Hóstia, meu doce Mestre e fiel Amigo, como está feliz a minha alma por eu ter um amigo assim, que sempre me faz companhia. Não me sinto sozinha, embora esteja na solidão (Diário 877).

Em cada momento Deus reside no mais profundo do nosso coração, está conosco no cotidiano de nossas vidas, compartilhando nossas alegrias, tristezas, dificuldades, sofrimento, trabalho. Ele está conosco sempre e em todas as partes (cf. Diário 797); ou seja, não temos por que enfrentarmos sozinhos os problemas, trabalho, obrigações, dificuldades. Podemos fazer tudo com Ele. Deus se alegra quando compartilhamos

Desde o momento do Batismo, Ele ‒ o Deus Uno e Trino, o Deus Vivo ‒ está presente no mais profundo da nossa alma. Em cada

Eu permito que Deus participe da

minha vida cotidiana?


com Ele as nossas preocupações, não permanecendo sozinhos. Costumamos enfrentar e organizar os nossos assuntos por nós mesmos, como se Deus estivesse ausente do nosso cotidiano. Supondo-O longe, até dizemos: “Ele está, no Céu! Em 'algum lugar' distante”. O que isso significa na prática? Significa que não permito que Deus participe da minha vida cotidiana, da solução dos meus problemas, nem das preocupações, etc. Dizemos que o Céu é um

bom lugar para Deus. É ai que nossa consciência o costuma situar, e o fazemos com toda a boa fé. Porém, através de Santa Faustina, Ele nos recorda: “Olha! Eu estou em tua vida cotidiana. Estou tão próximo! Em teu coração”. Como muda a nossa realidade quando tomamos consciência dessa verdade! De que modo tão diferente, então, dizemos ao Senhor, que está no Céu: “Jesus, eu confio em Vós!” Não é verdade que é outra coisa? Como essa verdade interfere na qualidade e na força da nossa confiança!

se quero desfrutar da Sua presença na minha alma, devo procurar, sobretudo, estar em estado de graça santificante Essa estranha presença do Senhor em tua alma é uma verdade, não é um conto de fadas. Ele mesmo revelou isso a nós, dizendo: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a Ele e Nele faremos nossa morada” ( Jo 14, 23). São João Evangelista disse que Deus mora (habita) na alma que O ama. “Amar” para São João significa guardar Sua palavra, fazer Sua vontade, cumprir Seus mandamentos. Se alguém não guarda os mandamentos de Deus, não há nele o amor de Deus, não há a graça santificante e, por isso, não pode ser morada da Santíssima Trindade. 18 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

JESUS

está

VIVO

na vida cotidiana Deus, como Criador, com Sua vida mantém na existência cada criatura, cada pequena planta, cada pessoa, inclusive a pessoa que vive em estado de pecado mortal, por outro lado, como Pai e Amigo reside somente nas almas que estão em estado de graça santificante. Isso quer dizer que, se quero desfrutar da Sua presença na minha alma, devo procurar, sobretudo, estar em estado de graça santificante. Ao viver em estado de graça, posso ter a certeza moral de que estou unido a Deus por laços de amizade, independentemente de quais sejam os meus sentimentos.

Minha filha, ‒ disse Jesus à Santa Faustina ‒ ainda que não Me percebas nem nos mais profundos recônditos do teu coração, não podes afirmar que Eu não esteja aí. Afasto de ti apenas a sensação da Minha presença, mas isso não deve ser um obstáculo para cumprires a Minha vontade. Faço-o pelos Meus insondáveis desígnios, que conhecerás mais tarde (Diário, 1181).


Padres da Igreja

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Nada se assemelha tanto a Deus como a

Misericórdia O primeiro e o maior dos man-

lência do Amigo dos

damentos, o fundamento da Lei

homens (cf. Sab 1,6); a

e dos Profetas (cf. Mt 22,40), é

sua recompensa é justa, Ele

o amor, que, no meu parecer, dá a sua

pesa e mede a misericórdia.

maior prova através do amor aos po-

Temos de abrir o nosso co-

bres, da ternura e da compaixão pelo

ração a todos os pobres e a to-

próximo. Nada honra tanto a Deus como

dos os infelizes, sejam quais forem

a misericórdia, pois nada se Lhe assemelha tanto. “A retidão e a justiça são a base do teu trono” (Sl 89,15)

os seus sofrimentos. É esse o sentido do mandamento que nos pede: “Alegrai-vos com os que se alegram,

e Ele prefere a misericórdia ao

chorai com os que choram” (Rm 12,15).

juízo (cf. Os 6,6). Nada como

Sendo nós também homens não será

a benevolência entre os ho-

conveniente sermos benevolentes para

mens para atrair a benevo-

com os nossos semelhantes? São Gregório de Nazianzo

Texto preparado pelos Monges do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo baseado em Sobre o amor aos pobres, 4-6; PG 35, 863

G

regório de Nazianzo é Doutor da Igreja. Viveu entre os anos de 330 e 390. Teve impacto significativo na formação da teologia trinitária, tanto entre os teólogos latinos como entre os gregos, principalmente através de suas 5 'orações teológicas'. Foi bispo de Constantinopla em período conturbado, combatendo diversas heresias que negavam a divindade de Jesus e do Espírito Santo. A relevância de sua obra vem sendo ultimamente redescoberta, especialmente no que diz respeito à relação entre as três pessoas da Santíssima Trindade.


Destaque

FÁTIMA ea

Divina Misericórdia

Bogusław Bajor e Michał Wikieł

Texto extraído do livro Świadectwo Bożego Miłosierdzia (Testemunho da Divina Misericórdia)

20 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015


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T

anto a mensagem da Divina Misericórdia revelada à Santa Faustina como aquela transmitida por Nossa Senhora aos pastorinhos em Fátima podem ser consideradas os maiores dons do Céu para os tempos atuais. Ambas apontam para o mesmo caminho: o caminho da salvação que somente é trilhado pelas pessoas conscientes de seus pecados, pessoas de coração contrito, prontas para devolver a Deus o lugar privilegiado que a Ele pertence em suas vidas.

Os devotos da Divina Misericórdia e os devotos de Nossa Senhora de Fátima caminham juntos, sem muitas vezes disso terem consciência. É surpreendente constatar que quando Deus estava preparando Santa Faustina para se tornar um “vaso escolhido de Sua misericórdia”, preparava o coração dela segundo o espírito da mensagem de Fátima, a respeito da qual ela não sabia absolutamente nada. Assim acontece às vezes: Nosso Senhor conduz uma pessoa por algum caminho por Ele escolhido

que, contudo, já foi percorrido antes por algum santo, por exemplo, o caminho inaciano, teresiano ou segundo a mensagem de Fátima, e disso a pessoa nem chega a se dar conta. Ao final, basta que ela seja submissa às inspirações do Espírito Santo para consentir em ser conduzida pelo caminho que para ela Deus planejou. Então, nas mais profundas inclinações do seu coração estará vivendo, sem disso ter consciência, uma espiritualidade, transmitida por algum santo ou pelo próprio Céu.

O pedido de Santa Faustina segundo

a mensagem de Fátima

D

e onde sabemos que Santa Faustina vivia a espiritualidade de Fátima? Eis que ela chama pelo nome aquilo que para a sua alma era o mais importante. Então, tornou possível identificar que os seus desejos espirituais coincidiam com os pedidos que, em Fátima, no ano de 1917, haviam sido feitos por Nossa Senhora. Do Diário de Santa Faustina sabemos que essa santa desejava muito a conversão da Rússia, o auxílio de Deus para o Santo Padre — o Papa, e a salvação para os pecadores empedernidos, ou seja, exatamente aquilo que constitui a essência da mensagem de Fátima. Em 1933 Santa Faustina pede a Jesus: “Jesus, meu Esposo amantíssimo, peço-vos o triunfo da Igreja, especialmente na Rússia e na Espanha, a bênção para

o Santo Padre Pio XI e todo o clero, a graça de conversão para os pecadores impenitentes” (Diário, 240). Mas, afinal, por que Deus preparou essa futura mística na escola de Fátima? Por que a mensagem da Misericórdia é como que o reverso da mensagem do Imaculado Coração de Maria, da mensagem de Fátima. Pode-se dizer, sem medo de errar, que, sem a assimilação do conteúdo da mensagem de Fátima, a mensagem da Divina Misericórdia sofre a ameaça de ser considerada superficial, a ameaça de não ser compreendida e de ser instrumentalizada por falsas interpretações. Lembremo-nos que os apelos de Nossa Senhora consistem numa correção inequívoca daquela visão errada da mensagem comunicada à religiosa polonesa (que separa o

culto da Misericórdia Divina de todo o contexto do Evangelho com o seu chamado à contrição e o aviso sobre a punição eterna). Todo aquele que toma nas mãos o Diário de Santa Faustina deveria ter conhecimento das palavras comunicadas pela Virgem Santíssima em 1917, recordando a necessidade de conversão e da reparação, ou seja, da oração de súplica por misericórdia! Já o próprio modo da graça atuar na vida da Apóstola da Divina Misericórdia nos sugere que deve haver uma estreita ligação entre a mensagem da Divina Misericórdia e a de Fátima. E, de fato, essa relação se torna clara não só na espiritualidade, em geral, de ambas as aparições, mas também em muitas declarações de Nossa Senhora em Fátima. A palavra “misericórdia” é como o refrão de Suas aparições.


A revelação da misericórdia de Deus precede a de Fátima

O

tema da Misericórdia de Deus precede a própria mensagem de Fátima.

Como sabemos, as seis aparições da Nossa Senhora aos pastorinhos

foram precedidos pela aparição do Anjo, no ano de 1916. Essa aparição

do Anjo teve como objetivo prepa-

rar o coração das crianças para que pudessem aceitar a mensagem da

“Mulher vestida de branco”. O que impressiona é que o tema principal

dessa mensagem do Anjo era a Misericórdia de Deus.

Na primeira aparição, em 1916,

o Anjo ajoelhou-se, curvando o rosto até o chão. As crianças imitaram-no e repetiram com ele:

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-

Vos perdão para os que não creem, não adoram, não

esperam e não Vos amam.

Durante a segunda aparição, em

1926, o Anjo disse às três crianças:

Rezai, rezai muito. Os sagrados Corações de Jesus e Maria tem sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.

E na terceira aparição, que aconteceu no mesmo ano, o Anjo ensinou-lhes a oração:

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo: adoro-Vos profundamente e ofereçoVos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.

Os devotos da Misericórdia Divina imediatamente identificam nessa oração ensinada pelo Anjo aos pastorinhos de Fátima, as palavras do Terço da Divina Misericórdia, que Jesus ensinou à Irmã Faustina. Comparemos essa oração com as palavras que encontramos no Diário dessa santa: “Eterno Pai, eu Vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro. Pela sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro” (D. 476). Essa surpreendente semelhança assinala um comum denominador:

22 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

as intenções da Divina Misericórdia para com a humanidade. Em Fátima, a Virgem Maria revelou, em julho de 1917, o plano de misericórdia com o qual Deus quer salvar as almas dos pecadores antes de que, por causa dos próprios pecados, se lancem no inferno. O plano consiste em estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. A participação nesse plano de salvação, repleto de misericórdia, estende-se a todos os fiéis que irão atender aos pedidos realizados por Nossa Senhora. Por meio dos pastorinhos, Ela nos solicita: orações, sacrifícios e atos de reparação. Também por isso, a Santíssima Virgem, incentivando as crianças a rezar o Rosário, recomendou que no final de cada mistério do terço também rezassem a jaculatória: “Ó meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem” Como o Anjo de Portugal havia dito um ano antes às três crianças (“Os Corações de Jesus e Maria tem sobre vós desígnios de misericórdia”): a misericórdia de Deus é um dom precioso que podemos receber por meio de Maria — a mais fiel discípula de Jesus — porque o amor misericordioso quer se revelar ao mundo por meio da consagração ao Seu Imaculado Coração.


Fátima nos revela a mensagem da E

Misericórdia

m Tuy na Espanha, a Irmã longo dos séculos: “Maria sempre nos Lúcia (a única dos três pasleva a Cristo; e, sendo a Imaculada, nos torinhos que ainda vivia), leva à Divina Misericórdia”. em uma revelação da Mãe de Deus, Não é de se admirar que a Irmã Lúcia, ocorrida no dia 13 de junho de 1929, escolhida por Nossa Senhora como instrurecebeu a graça de contemplar o mismento perfeito para divulgar esses mistétério da Santíssima Trindade. Nessa rios, desta maneira comentou tal acontecivisão, “sob o braço direito da cruz mento: “Quem melhor do estava Nossa Seque o Imaculado Coração nhora (…), com o seu ImaculaMaria sempre nos leva poderia nos revelar os segredos da Divina Miserido Coração na a Cristo; e, sendo a córdia?”. É claro que ninmão. Sob o braço Imaculada, nos leva à guém poderia fazer isso esquerdo, umas Divina Misericórdia melhor do que Maria. letras grandes, Afinal, ensina João Paucomo se fossem de água cristalilo II na encíclica Dives na que corresse para cima do Altar, in misericordia: “Maria é aquela que coformavam estas palavras: ‘Graça e nhece mais profundamente o mistério Misericórdia’”. Essa inscrição nos da Divina Misericórdia” (DM, 9). diz que o Deus Uno e Trino semPodemos pensar que essa última pre se revela como misericordioso e revelação de Fátima, não só faz rebenevolente. Essa inscrição também ferência à consagração da Rússia enfatiza que a conversão da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, (e do mundo que está sendo destrumas também anuncia o surgiída por seus erros) é um dos maiores mento de uma nova época, “o atos da Misericórdia Divina. A matempo da Misericórdia”, também nifestação mais completa da Divina anunciado por Jesus à Santa Misericórdia ocorre pela intercessão Faustina. Há muitas razões de Maria Santíssima mediante o que nos levam a pensar niscumprimento dos seus pedidos! Finalso de forma afirmativa. mente, como a teologia afirma ao


João Paulo II e a

Divina Misericórdia na

O

tema central da mensagem de Fátima é o pedido dirigido por Deus através da Santíssima Virgem para que o Papa consagre a Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Desta forma, deveria revelar-se no mundo “o poder do Amor Misericordioso”. João Paulo II, cumprindo o pedido de Nossa Senhora de Fátima, claramente associou a mensagem de Fátima com a verdade sobre o “Deus rico em misericórdia”. No dia de 12 de maio de 1982, o Papa João Paulo II, ainda convalescente do atentado que sofrera em 13 de maio do ano anterior e do qual milagrosamente escapara com vida, na véspera da consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, assim disse:

Mensagem de Fátima

o Senhor, porque é eterna a Sua misericórdia’ (Sl 135,1); pessoalmente, para cantar essa misericórdia (...). Ele, também para mim “fez grandes coisas... A Sua misericórdia se estende de geração em geração (Lc 1, 49-50). (...) Neste momento, aqui no santuário de Fátima, na presença de todos vocês, eu gostaria de dizer novamente: Totus tuus — “Todo teu”, ó Mãe!

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos!”. À Santíssima Trindade dirijo as primeiras palavras de adoração, pronunciadas nesta terra abençoada de Fátima: Bendito seja Deus, rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou! (...) Eis que eu estou aqui convosco... Para ‘louvar

24 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

Peço que me apresenteis — a mim e todos os meus irmãos, escondendo e cobrindo a nossa miséria com os vossos méritos, seus e os do vosso divino Filho — ao “Pai das misericórdias” em homenagem de gratidão.

Para João Paulo II, consagrar-se ao Imaculado Coração de Maria é “oferecer-se e consagrar-se ao próprio Amor, Amor misericordioso”.


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Por isso, ele dirige ao Céu uma poderosa invocação, na qual o Imaculado Coração de Maria e a Divina Misericórdia se sobrepõem: “Que se revele, uma vez mais, na história do mundo, a força infinita do Amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no Vosso Coração Imaculado, a luz da Esperança!” (Ato de Consagração, 13.05.82, em Fátima). Pouco depois de voltar de Fátima, na audiência de 19.05.82, o Santo Padre disse palavras que mostram como o Ato de Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria novamente liga a humanidade à fonte inesgotável da Divina Misericórdia. Ele disse:

A mensagem de Fátima nos convida a permanecermos vigilantes. Convida-nos também para que mediante o ato de consagração, aproximemonos novamente da Santidade Misericordiosa de Deus. O Coração da Mãe de Cristo, que está mais perto dessa Santidade Misericordiosa, deseja aproximar dela todos os corações: cada pessoa e a humanidade inteira, cada

nação e todo o mundo.

Tempo de

misericórdia P

odemos perceber cada vez se totalmente nas mãos da misericordiosa Providência mais claramente que a relação de Deus quer dizer entregarentre Fátima e a mensagem se à Imaculada. Não confies da Divina Misericórdia faz referênem ti mesmo: em tudo confie cia direta ao que a grande Tradição plenamente na Misericórdia da Igreja sempre afirmou ao associar Divina que te conduz por meio Maria com o Mistério da Divina Mida Imaculada. Deixe o resto, sericórdia. São Maximiliano Kolbe, e experimentarás os milagres por exemplo, sugere, em seus escrida Providência Divina por tos, que foi graças à meio da Imaculada. Maria Imaculada que Deixe que a Divina Misericórdia te A Mãe do Céu é temos acesso a Deus misericordioso. Por um instrumento conduza cheio de paz e confiança por meio isso, a missão da Imada Divina da Imaculada. Saiba culada Conceição no que a vida divina jorra Misericórdia mundo é por esse sando Sagrado Coração to identificada com a de Jesus através do Misericórdia de Deus. Imaculado Coração de Maria Será que as palavras de São Maximipara os nossos pobres corações. liano não destacam como que o elo Não é possível deixar de notar o sensus fidei, “o sentido que liga a Mensagem da Imaculada da fé”, entre os fiéis que se em Fátima com a Mensagem que voltam intuitivamente ao foi transmitida à Santa Faustina? Imaculado Coração de Maria Assim ele afirma em seus escritos: e da Divina Misericórdia. A Mãe do Céu é um Portanto, não demoremos em instrumento da Divina nos refugiar, por meio da nossa conMisericórdia, não da Justiça. sagração ao Imaculado Coração de O Bom Deus nos deu uma Maria, na própria fonte da Divina Mamãe para não nos castigar. Mantenha-se calmo: EntregarMisericórdia!


Maria

A consagração a Maria e a graça da perseverança Xavier Bordas

Teólogo, tradutor no Santuário da Divina Misericórdia da Polônia

E

ntregarmo-nos sem reservas a Maria, escreveu São Luís Maria Grignon de Montfort, é um meio seguro para permanecer em estado de graça, e, mais ainda, para poder seguir crescendo na graça. Para ir adiante na peregrinação da fé, necessitamos da virtude da perseverança fervorosa. E totus tuus significa, justamente, perseverança. Lemos no Tratado de São Luíz: O que faz com que a maior parte das conversões sejam sem perseverança, inconstantes? Por que o pecador convertido volta a cair tão facilmente no pecado? A resposta é: porque não confiando-se a Maria, não encontrou o caminho da confiança total, do abandono. Quando vamos pelo caminho mariano, agarrados sempre à Sua mão, damos, com a graça necessária, cada passo que nos permite um novo passo adiante. Desse modo, é possível caminhar a um ritmo constante, perseverante, até ao final, até o ponto de chegada. Aquele que se resigna à sua debilidade: se detêm no caminho que conduz a Deus, deixa-se arrastar por sua natureza, que o empurra para baixo. Falta-lhe a virtude da perseverança. No entanto, o próprio Jesus disse: “Quem perseverar até o fim, esse se salvará (Mt 24, 13).

Maria tem um papel especial junto daqueles que caminham com perseverança. São Boaventura chega a afirmar que há uma nona bem‑aventurança: “Bem-Aventurados os devotos da Santíssima Virgem, porque, graças à perseverança, terão os seus nomes escritos no Livro da Vida Eterna” (Florilegio mariano. Dom Carlos María de la Torre. 1962: Editorial Santo Domingo). De modo parecido, afirma São Bernardo: “Por ti, oh Maria, estão cheios os céus e vazios os infernos” (Catecismo Mariano). Permanecer na graça e seguir com fervor pelo caminho que conduz à santidade são frutos que vêm por haver entregado tudo a Maria e de, confiadamente, em todo momento, ter se abandonado completamente nas Suas mãos. Quando você se consagra a Ela, dá a Ela tudo, confia a Ela também a própria fidelidade, apoia-se em Sua potência, edifica em Sua misericórdia e bondade. Então, e só então, Maria acolhe por completo a sua vida como sendo dela. Isto é assim graças à sua união com Ela. Então, você experimentará a solicitude maternal dela em sua vida. E aparecerá em você um forte desejo de imitá-la em tudo e de assemelhar-se a Ela ao máximo.

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Quando chegam as provações e tentações, como neste tempo de Quaresma, perseverar pode ser difícil. Sabemos que a Quaresma é um tempo especialmente rico da Graça de Deus, porém, ao mesmo tempo, é também muito intenso de tentações e provas. Acaso poderei chegar até a Páscoa da Ressurreição sozinho? São Bernardo nos exorta:

Vós todos, quem quer que sejais, seja o que for que sentirdes hoje, em pleno mar, sacudidos pela tormenta e pela tempestade, longe da terra firme, mantende os olhos na luz dessa estrela para evitar o naufrágio. Se se levantarem os ventos da tentação, se vires aproximar-se o escolho das provações, olha para a estrela, clama por Maria! Se te sentires sacudido pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência ou do ciúme, eleva os olhos para a estrela, clama por Maria. Se te sentires perturbado pela enormidade dos teus pecados, humilhado pela vergonha da tua consciência, assustado pelo temor do julgamento, se estiveres a ponto de naufragar nas profundezas da tristeza e do desespero, pensa em Maria. No perigo, na angústia, na dúvida, pensa em Maria, clama por Maria! Que o seu


nome nunca saia dos teus lábios nem do teu coração (São Bernardo, Homilia 2 sobre a Anunciação, 17).

Aquele que se consagra a Maria não só encontra forças para seguir pelo caminho de Deus, o próprio caminho torna-se mais curto! Também se faz mais seguro, com menos perigos. A união com Maria faz com que Ela sempre esteja próxima. Essa união é como que o bilhete de entrada para o Céu. Para alcançar o Céu, um só passo dado com Maria vale mais do que mil passos dados sem Ela. Mais ainda, Ela, que é a porta do Céu, sai ao encontro daquele que a Ela se consagra. Se dermos um passo em direção a Ela, Ela dá por nós muitos passos em direção ao Céu. Deus não se deixa vencer em generosidade. E a generosidade de Maria é a própria generosidade de Deus, porque Maria é toda de Deus. Quando você se entrega a Ela, quando se submete à sua influência sobre você, então, sob o influxo Dela você adquire uma nova força. Você é Totus Tuus. Você dá a Ela o direito de decidir sobre a sua vida. São Maximiliano inclusive sobre isso disse:

Jamais se deve contar com as própias forças, e sempre é preciso confiar na Imaculada. Pedir à Imaculada que nos obrigue, que nos force , porque não?, com uma vara, se quiséssemos resistir à Sua vontade. Conquistaremos o mundo inteiro para Ela, se a Ela nos entregamos plenamente. Somente se permitirmos, a Imaculada, ignorando a nossa livre vontade, nos forçará a maior devoção e santidade.. Deus nos deu o livre arbítrio e nós podemos dispor

dele. Porém a Imaculada, se isso a Ela pedimos, ultrapassará a nossa vontade e fará o que melhor lhe pareça. (...) Que Ela faça o que considere oportuno sem dar explicações, queiramo-lo ou não. Algo muito importante em tudo isto é que jamais alguém se sentirá desanimado, ninguém jamais dirá: ‘os santos puderam fazê-lo, porém eu não’. Sozinhos nada podemos, porém com a Imaculada venceremos o mundo inteiro. Mas alguns ainda dirão: ‘Eu já não sou capaz de me consagrar a Ela, sou demasiado velho e demasiado imperfeito’. A Imaculada é capaz de nos santificar ainda mais. Até mesmo um instante basta antes de morrermos para que Ela nos santifique totalmente” (Conferências de São Maximiliano Kolbe, 29). Quando nos entregamos a Maria, Ela vai formando em nós as virtudes necessárias para alcançarmos a santidade, e a primeira virtude de que necessitamos é a perseverança na graça. Pois, de que te serviria que tenhas recibido mil graças se por falta de perseverança as acaba perdendo? Ao unirmo-nos a Maria participamos da Sua fidelidade. E, desse modo, com Ela começamos a viver só para Deus. Tudo o que fizermos será para a Sua maior glória, pois quando dizemos “Maria”, Ela diz em nós e por nós “Deus”, e quando a louvamos e amamos, e quando fazemos algo para Ela, a seu serviço ‒ louvamos, amamos e rendemos culto a Deus, sendo que o fazemos por Maria e em Maria.


Luta pela Vida

Ao longo dos séculos salvou milhares de crianças e desempenhou um enorme trabalho social e assistencial:

RODA dos EXPOSTOS

Carina Novak, OCV

Redação Revista Divina Misericórdia

N

o atual período histórico, no qual se fala tanto de direitos do homem com solene proclamação oficial, e que, contudo, como nunca antes, o mesmo é marginalizado e coisificado (pensemos no contrabando de criança, aborto, manipulação e seleção genética, abuso sexual, pedofilia) — antes que a memória humana seja esvaziada da lembrança do que, mesmo nos dias escuros da civilização ocidental, o coração soube “inventar” para salvar da morte milhares de crianças inocentes — muitos são aqueles que estão redescobrindo a longa e “gloriosa” tradição da roda em seus países: gesto extremo de acolhida que responde a um gesto extremo de desespero diante da tutela da vida de uma criança. Na revista Divina Misericórdia, número 26, de abril/maio de 2014, foi apresentado um projeto que vem sendo aplicado já há alguns anos por vários países ao redor do mundo. Entre eles, Alemanha, Bélgica, Eslováquia, França, Holanda,

Itália, Lituânia, Polônia, República Tcheca, Hungria, Coreia do Sul, Índia, Paquistão, África do Sul. Na Polônia é conhecido como Janela da vida (Okno życia), na Itália — Berço pela vida (Culla per la vita ), nos EUA — Escotilha do bebê (baby hatch), Babyklappe, na Alemanha, etc.

o infanticídio é a mais execrável e cruel entre todas as formas de homicídio inventadas pelo homem. Pode parecer novo, no entanto, esse projeto consiste numa “reinvenção” da medieval “roda dos expostos”, que, por mais de sete séculos na Europa e até meados do século passado no Brasil, foi testemunha de uma capacidade de acolhida mais forte do que a cultura e os costumes de morte, recordando a todos que o infanticídio é a mais execrável e cruel

28 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

entre todas as formas de homicídio inventadas pelo homem. Graças ao movimento pela vida, a roda, volta a “girar” em cada vez mais países, a fim de que crianças recusadas, refutadas, enjeitadas, possam, “no outro lado”, encontrar a chance de viver, recebidas em modernos bercinhos envolvidos em uma estrutura hipertecnológica, prontos para acolhê-las. São lugares especiais construídos em hospitais, centros sociais, conventos ou igrejas; lugares de fácil acesso para a população, com o fim de acolher de maneira segura bebês (geralmente recém-nascidos) deixados anonimamente. Consistem, nas atuais versões, em portas ou escotilhas colocadas em paredes exteriores que se abrem para um berço, aquecido ou isolado na temperatura ideal. Monitorado por enfermeiras que são alertadas por sensores (um sistema de alarme e vídeo) quando um bebê é ali depositado. Contêm cobertores para o bebê e uma carta dirigida aos pais, explicando que eles poderão buscar a criança de volta,


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Segundo alguns historiadores, além de serem tratados como escravos, os expostos também eram sacrificados para propiciar o favor dos deuses, lançados às feras ou aleijados para fins especulativos.

Na Itália é conheci do como “Culla per la vita” - Berço pela vida.

em um determinado prazo, caso se arrependam da decisão. Todo esse processo é confidencial, ninguém fica sabendo quem depositou o recém-nascido no berço. Depois de receber os primeiros socorros a criança é encaminhada, pelo conselho tutelar, para a adoção.

Os expostos Para poder repercorrer a longa história da roda dos expostos, que, ao longo dos séculos de atividade, salvou milhares de crianças e desempenhou um enorme trabalho social e assistencial, convém nos deter um pouco sobre a figura dos “expostos”. Antigamente o termo exposto equivalia ao recém-nascido abandonado. O abandono dos filhos indesejados era comum a todos os povos nas civilizações precedentes ao Cristianismo: no Egito como na Índia, entre os cartagineses ou entre os persas. A criança, sobretudo se apenas nascida, era considerada em geral um objeto. Mesmo entre os judeus, aos quais era proibido matar, havia a liberdade de abandonar e vender Nos EUA é conhecido do “Baby Hatch” Escotilha do babê.

filhos ilegítimos. Para os gregos, as leis de Licurgo e Solon, um dos sete sábios do mundo helênico, e aqueles de Numa entre os romanos, não só permitiam o abandono como ainda autorizavam o infanticídio. Entre os romanos, um pai que não quisesse reconhecer um recém-nascido como seu, enviava-o à columna lactaria a fim de que fosse exposto ao público. Então, o bebê, ou morria de fome, ou era escravizado por quem o levasse. Daí o termo “exposição” que se tornou sinônimo de “abandono” e mais tarde “filho ilegítimo” ou “enjeitado”, não reconhecido por ambos os pais.

A condição dos expostos mudou com o advento do Cristianismo. Foi a ascensão do Cristianismo no IV século que conferiu uma eficaz defesa e proteção dos recém-nascidos. O imperador Constantino sanciona em 315 que uma parte da coleta dos impostos seria usada para o socorro de crianças abandonadas e para os filhos de famílias pobres. Em 318 uma lei prevê a pena de morte por infanticídio, mas não sanciona aqueles que vendem os próprios filhos. Até o IV século, e em parte no sucessivo, nas praças de Itália continuaram a sua função os lugares de recolha: as calumnae lactariae. Somente no século VI, Justiniano punirá o abandono de crianças, considerando-o infanticídio. Não se deve, contudo, esquecer a existência de algumas expressões pré-cristãs em favor da cultura da


Na Polônia é conhecido como “Okno Zycia” - Janela da vida.

vida, sobretudo, duas: uma individual e outra coletiva. Hipócrates, o médico mais famoso da Antiguidade, exigia dos seus alunos, ao se tornarem médicos, um juramento de alto valor ético em defesa da vida, feita de vários artigos, incluindo um contra a eutanásia: “Eu não darei medicamento letal a um doente; mesmo se for solicitado pelas orações de todos: eu não serei o autor deste crime”, seguido do artigo referente ao aborto: “Nem pela mesma razão vou praticar o aborto a qualquer mulher; mas, casta e pura de todo ato perverso, prestarei — seja a minha vida, seja a minha arte — sempre”. Expressão de proteção da vida pela comunidade foi dada pelos habitantes da Beócia. Como recorda Cláudio Eliano, sofista e escritor (Variae Historiae, 11,7) em Tebas, a capital daquela região, as crianças abandonadas eram confiadas a um magistrado a fim de que provesse a sua criação.

A roda A primeira “roda dos expostos” surgiu no final do século XII – em 1188 – quando pela primeira vez começou a funcionar no hospital dos Canônicos de Marselha (França), seguido pouco tempo depois pela de Aix na Provença e a de Toulon. Tratava-se de um dispositivo de madeira em forma cilíndrica que girava em um pivô colocado verticalmente no vão de uma parede de frente para a rua; projetado de forma a manter anônimo

Na Alemanha é conhecida como “Babyklappe”.

30 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

o portador do recém-nascido quando este, através de uma abertura, depositava o bebê em seu interior. A pessoa responsável pela roda, avisada pelo soar de uma campainha, fazia girar a abertura para dentro do estabelecimento e acolhia o recém-nascido. Em 1198, apareceu a primeira roda dos expostos na Itália, no hospital de Santo Spirito in Sassia, em Roma; por ordem do Papa Inocêncio III que, então, havia decretado que as rodas fossem instaladas em casas para crianças abandonadas para que mulheres pudessem, em segredo, deixar ali os filhos, ao invés de matá-los — uma prática claramente praticada, considerando os inúmeros bebês afogados encontrados no rio Tibre pelas redes dos pescadores. Desde então, até a segunda metade do 800, a roda alcançou uma notável difusão na França, Itália, Espanha, Grécia, etc. No território italiano chegou-se ao número notável de aproximadamente 1200 delas: entre 30 a 40 mil eram, anualmente, os recém-nascidos nelas abandonados.

Continua na próxima edição...


AEDM

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S

audações! Que a Virgem Maria lhe abençoe como a todos de vossa congregação!

Senhor Padre, vou lhe relatar os nossos trabalhos. Primeiro de tudo fizemos uma igreja, um pequeno santuário da Misericórdia Divina, e nele realizamos todas as sextas-feiras reunião com a participação do grupo da Misericórdia Divina. Começamos com o Terço da Misericórdia, fazemos a leitura da Bíblia e leitura do diário de Santa Faustina, rezamos a via-sacra, louvores e outras orações. Na segunda-feira rezamos o quarto terço, com os mistérios, via-sacra e

louvor. Rezamos também o rosário de Nossa Senhora e a ladainha. Fazemos todas essas orações na intenção dos mortos, das almas do purgatório, pela conversão dos pecadores e pelos pecados do mundo inteiro. Rezamos pelas famílias, pelo Santo Papa e por todos os representantes de Deus e Jesus aqui na terra.

coordenadora do grupo, depois mandarei uma foto da Festa da Misericórdia. Um abraço em Maria. Obs.: Todas as sextas-feiras rezamos pela santidade do Padre André. Raimunda Palhares Leitão Coelho Neto - MA

Todos os anos realizamos a Festa da Misericórdia Divina. Começamos sempre na sexta-feira santa e terminamos no segundo domingo da Páscoa com novena, missa, procissão, música e teatro. Se um dia quiser nos dar a honra da sua presença, Padre, nos deixaria muito felizes e realizados. Sei que pediu uma foto do grupo reunido, mas fica difícil tirar de todos, por isso segue uma foto da

APÓSTOLOS EUCARÍSTICOS da

DIVINA MISERICÓRDIA Use esse espaço para divulgar o seu grupo nos enviando um breve relato sobre como acontecem os encontros de oração e como seu grupo pratica obras concretas de misericórdia. Ah! e não se esqueça de enviar também algumas fotos - com boa qualidade! Escreva para: Revista Divina Misericórdia - Depoimento AEDM Rua Profeta Elias, 149 - Curitiba / PR - CEP 81930-020 Ou envie um e-mail para: editora @ misericordia.org.br


Marianos

5 anos de Missão em

Crateús N

o ano passado (2014), a Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria celebrou os 50 anos da sua presença evangelizadora no Brasil. O nosso trabalho nesse país foi iniciado em 1964, no Nordeste, no Estado do Sergipe. Depois de 4 anos, encerramos a nossa missão no Nordeste e nos dirigimos ao Sul do Brasil, reiniciando tudo no Paraná. Com o tempo, a nossa Comunidade Religiosa no Brasil cresceu e até tornou-se Província. Em agradecimento pela beatificação (em 2007) do nosso fundador, Pe. Estanislau Papczyński (polonês, *1631 ‒ +1701) e pelo Centenário da Renovação da nossa Congregação (comemorado em 2009) realizada pelo Bem-Aventurado Bispo Jorge Matulaitis (lituano, *1871 – +1927), decidimos voltar em missão ao Nordeste. A Providência Divina se serviu da bondade e acolhida de Dom Jacinto Furtado de Brito Sobrinho, da diocese de Crateús, Ceará.

Pe. Marcos Szczepaniak, MIC

Paróquia Imaculada Conceição ‒ Crateús, CE

Respondemos positivamente ao seu convite. Hoje fazem 5 anos que estamos servindo a essa Igreja local. Dom Jacinto achou por bem confiar aos Marianos da Imaculada Conceição a recém construída igreja da Imaculada Conceição, fazendo dela matriz de uma nova paróquia.

maio de 2010. Logo, os padres fizeram algumas adaptações nas instalações da igreja e começaram a morar em cima do escritório paroquial, onde fizeram dois quartinhos, uma pequena sala junto com a cozinha e utilizaram os banheiros da própria igreja, situados no térreo. Foi assim que recomeçou a nossa missão mariana no Nordeste.

Alimentamos o sonho de que a nossa igreja um dia seja Santuário Diocesano

Hoje, a nossa paróquia abrange 12 bairros da cidade, sendo que alguns têm capela, e mais de 50 povoados no interior. Dentre estes, alguns têm igrejas construídas. Nos povoados em que não há uma igreja, rezamos nas sedes comunitárias, nas casas particulares, ou, simplesmente, em baixo de uma árvore.

Os que primeiro foram enviados a essa missão foram os padres Roberto Carlos Felipe, MIC, e o Pe. Adenilson Baltazar de Castro, MIC. O início oficial dessa missão se deu no dia 31 de janeiro de 2010. Uma vez que a nova paróquia ainda não tinha casa paroquial, Dom Jacinto acolheu os padres na sua própria casa, dando a eles toda assistência e apoio. A instalação na nova paróquia realizou-se no dia 24 de

32 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

Em 2011, o Pe. Adenilson foi substituído pelo Pe. José Tomaszko, MIC, missionário polonês. O Pe. José ajudava o pároco, Pe. Roberto, especialmente na formação dos catequistas, na pastoral familiar e na assistência espiritual dos amigos da nossa Congregação. O Pe. Roberto,


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com coragem e persistência, organizou as estruturas da paróquia, colocou piso na igreja, construiu uma nova casa paroquial e ultimamente fez uma nova cúpula da igreja, no lugar da velha que havia sido arrancada pelo vento. Trabalhos e desafios não faltam. Alimentamos o sonho de que a nossa igreja um dia seja Santuário Diocesano e a nossa Comunidade Mariana, uma Casa Religiosa. Por isso pedimos ao nosso Provincial que mande mais um sacerdote (para sermos pelo menos três sacerdotes atuando nessa missão). Por enquanto houve uma troca: no início de fevereiro de 2015 o Pe.

José Tomaszko voltou ao Paraná e para ocupar o seu lugar, cheguei aqui eu, que escrevo estas linhas. Como bem sabemos, por iniciativa do Papa Francisco, no primeiro domingo do Advento de 2014 (dia 30 de novembro) teve início em toda Igreja o Ano da Vida Consagrada, que se estenderá até o dia 2 de fevereiro de 2016. Neste ano, especialmente dedicado aos religiosos e religiosas, serão promovidos vários eventos, congressos, encontros de formação e celebrações tendo em vista a vida consagrada. Esse tempo especial será concluído com a Semana Mundial da Vida Consagrada na Unidade (24.01 – 02.02 de 2016). Nós, os religiosos e religiosas da Diocese de Crateús, podemos nos perguntar: como marcaremos esse tempo de graça e como nos deixaremos marcar por ele? No final da ordenção sacerdotal dos padres Anderson e Erminio, o nosso pastor, Dom Ailton, lançou um concreto desafio e questionamento, observando que a cada ano, graças a Deus, temos na nossa diocese uma ou duas ordenações, mas já faz tempo (8 anos!) que não há uma consagração religiosa! Questinemo-nos a nós mesmos, caros irmãos religiosos, será que a culpa não está em nós mesmos!? Será

que o nosso estilo de vida e trabalho é atrativo para os jovens de hoje? A Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, enviou uma Carta (02.02.2014) assinada pelo seu Prefeito, Cardeal João Braz de Aviz (brasileiro), com o tema “Alegrai-vos”. A carta é uma espécie de coletânea das principais palavras que o Santo Padre dirigiu à Vida Consagrada. Termino, citando aqui algumas das frases do Papa registradas nessa carta. “Onde estão os consagrados, há sempre alegria”. “Não há santidade na tristeza”. “Levar o sorriso de Deus e a fraternidade é o primeiro e mais credível Evangelho que podemos narrar”. “A alegria se consolida na experiência da fraternidade, pois uma fraternidade sem alegria é uma fraternidade que se apaga”. “Quando falta um olhar de fé, a própria vida vai perdendo gradativamente o sentido”. “Os religiosos devem ser homens e mulheres capazes de despertar o mundo”. “Hoje as pessoas precisam certamente de palavras, mas sobretudo têm necessidade que testemunhemos a misericórdia, a ternura do Senhor, que aquece o coração, desperta a esperança, atrai para o bem”.


Obras de Misericórdia

Um bom

conselho UMA OBRA DE MISERICÓRDIA

Pe. Casimiro Krzyzanowski,MIC

Capítulo tirado do livro: Obras de Misericórdia

N

as três edições anteriores da Revistas Divina Misericórdia apresentamos um interessante livro escrito pelo Fundador da Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição, beato Pe. Estanislau Papczynski. Trata-se da obra Templum Dei Misticum – O Templo Místico de Deus ‒ onde podemos encontrar a mais completa e detalhada exposição, no Ocidente Cristão do século XVII, da doutrina sobre obras de misericórdia. Padre Papczynski, nesses escritos, segue a tradicional divisão das obras de misericórdia. Depois de apresentarmos a sua exposição sobre as obras corporais, a partir desta edição vamos expor seu ensinamento sobre as obras de misericórdia espirituais que dizem respeito não ao corpo, mas à alma. Seguindo os ensinamento da Igreja católica para o nosso crescimento na fé enumeramos as obras espirituais de misericórdia da seguinte maneira: dar bom conselho, ensinar os ignorantes, corrigir os que

erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo e rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos. Pe. Papczynski, porém, assim como quando listou as obra corporais, listou as obras espirituais de outra maneira. Vejamos como ele o fez.

Obras espirituais de misericórdia A primeira obra de misericórdia espiritual é: Consilium dare indigenti, ou seja, aconselhar quem tem necessidade de conselho. Habitualmente, refere-se aos que têm dúvidas, que têm necessidade de conselho. Pe. Papczynski afirma que mentis optimae est, isto é, é de ótima índole dar conselho sincero e salutar. Ele afirmava: “Deus criou os sábios, a fim de que os não sábios [isto é, os homens com pouca capacidade de discernimento] sejam ajudados e dirigidos por eles”. Verdadeiramente piedoso é quem o faz sem ambicionar e procurar recompensa. Porque às vezes um reto conselho, afirma Pe. Estanislau, ajuda

34 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

mais do que vários subsídios pecuniários. Muitos se precipitariam ao inferno se não encontrassem ótimos conselheiros; não poucos se perderiam não fosse o conselho de outrem.

Por isso, exorta o nosso autor, deem os peritos o conselho no foro de consciência, no foro dos assuntos públicos, na cúria, nos campos militares; o conselho que achem mais salutar e útil, e o façam movidos pela caridade e, então, com esta exímia virtude, proverão também muito à própria salvação.

Pe. Papczynski afirma que os que procuram alcançar a perfeição, se se servem de ótimos conselheiros, fazem o máximo progresso nela e ilustram a Igreja inteira com as suas obras. Isto vê-se, segundo ele, na vida de Santa Teresa de Ávila: “Quantas grandes coisas,


afirma ele, fez na Igreja a virgem Teresa, a qual se serviu, para além do Espírito Santo, de ótimos conselheiros!” E menciona um deles, São Pedro de Alcântara, o qual “não só a ela, mas a muitos outros com os seus conselhos promovit ad astra, isto é, fez avançar até ao Céu, aos cumes da virtude.

Por isso, afirma ele, “devem-se derramar os dons do Espírito Santo. Seria inveja e malícia se alguém recusasse mostrar justas e honestas coisas àquele que deseja sabe-las”. E, por fim, admoesta contra a avareza da qual é movido “quem quer receber recompensa pelo seu conselho”. Pe. Leporini (primeiro biografo do Pe. Papczynski), afirma que Pe. Papczynski era conhecido como Vir Consiliorum, isto é, homem famoso pelos seus conselhos, visto que pessoas das mais diversas “condição e sexo iam a ele como a um oráculo e regressavam satisfeitos, dando graças a Deus”.

Continua na próxima edição.....


Misericórdia em Ação Gislaine Keizanoski

Revista Divina Misericórdia

Dignidade para Todos

M

oradores de rua de Roma são beneficiados com uma obra de misericórdia. Um projeto da governadoria do Vaticano através da Esmolaria Apostólica - departamento da Santa Sé que possui a função de exercer a caridade para com os pobres em nome do Sumo Pontífice - reformou e ampliou os banheiros públicos de uso gratuito da Praça de São Pedro. Foram instalados três duchas para banho e ainda um local destinado para barbeiros e cabeleireiros voluntários que atenderão gratuitamente.

Para tornar possível a ofertar desses serviços aos moradores de rua, diversas empresas abraçaram essa obra caritativa, bem como fieis e diversas paróquias de Roma. Além de terem contribuído financeiramente para a reforma e ampliação do espaço, eles continuam contribuindo com doação de produtos para higiene pessoal. Aquilo que

As antigas pias, agora reformuladas, possuem água quente, sabonete e jato de ar quente para secar as mãos. Para que possam tomar banho, os moradores de rua recebem roupas íntimas limpas, toalha, sabonete, creme dental e desodorante. Os homens ainda recebem um kit para que possam se barbear. Todos esses materiais são ofertados a eles gratuitamente. 36 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

falta é adquirido pela Esmolaria Apostólica. De acordo com o Arcebispo Konrad Krajewski, esmoleiro pontifício, a “principal preocupação é dar dignidade a essas pessoas”. A organização desse trabalho e a acolhida dos pobres é feita por grupos de voluntários, entre eles, as Irmãs da Caridade, as Irmãs Albertinas e as Irmãs Vicentinas.


Jovens em Cristo

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VIVER

INTENSAMENTE

esta vida COM OS

OLHOS FIXOS

em Jesus

Tainá Gonçalves e Fernanda Portela

Grupo de Jovens do Santuário da Divina Misericórdia

*. Publicado em www.guidoschaffer.com.br

M

édico, surfista e, por que não, santo. Assim é conhecido o brasileiro Guido Schäffer que desde a juventude evangelizava seus amigos. Guido Vidal França Schäffer nasceu em 22 de maio de 1974, na cidade de Volta Redonda, RJ. É filho do médico Guido Manoel Vidal Schäffer e de Maria Nazareth França Schäffer. Desde o nascimento residiu com os pais no famoso bairro de Copacabana. Foi batizado na Matriz de Santa Cecília no mesmo ano em que nasceu. Recebeu a Primeira Eucaristia em 1983 e o Crisma em 1990, ambos na Paróquia de Nossa Senhora de Copacabana. Seus pais, católicos, levavam os filhos às missas dominicais e os ensinavam a rezar todas as noites. Quando jovem, decidiu seguir a profissão do pai. Cursou medicina entre 1993 a 1998. Como médico, Guido testemunhava sua fé aos pacientes que atendia e aos colegas de profissão. Ele redigiu um artigo sobre a espiritualidade dos profissionais da saúde onde afirmava que “a medicina é uma obra de Deus, pois toda medicina provém de Deus (cf. Eclo 38,2). Portanto, como obra de Deus ela deve glorificar o seu Criador. (...) Assim, purificados pela Palavra de Deus, como o profeta Isaías que teve os lábios tocados com uma brasa viva que saiu do altar (cf. Is 6,6-7), devemos narrar a glória e o esplendor de Deus”.* Guido foi um jovem comum: namorava, pensava em se casar e construir


sua família, praticava esporte, surfava. Porém, para ele, “todas as nossas ações devem visar o amor de Deus”, escreveu em suas anotações pessoais. Certo dia, participando de um retiro espiritual, Guido ouviu de um padre a seguinte passagem bíblica: “Não desvieis o vosso olhar do pobre, e Deus tampouco se desviará de ti” (Tb 4, 7). Nesse momento refletiu em seu íntimo e tomou consciência de que algumas vezes desviou o olhar dos pobres. Pediu perdão a Deus e suplicou: “Jesus, me ajuda

a cuidar dos pobres”. E meditando as palavras “vende tudo o que tens, dá aos pobre e terás um tesouro no céus; depois vem e segue-me” (Lc 18,22), Guido “não tendo nada em seu nome a não ser o diploma de médico - conta sua mãe - decidiu dedicar a medicina aos pobres”. Aos poucos seu projeto de vida foi dando lugar aos planos de Deus. A carreira de médico foi deixada de lado... o seu maior desejo passou a ser entrar para um seminário. Como sacerdote, Guido seria médico de almas.

Iniciou, então, os estudos no Mosteiro de São Bento em 2002 e ingressou no Seminário São José em 2008. Infelizmente, Guido não chegou a ser ordenado sacerdote. Um acidente pôs fim aos planos de Deus para a sua vida. Em 1º de maio de 2009, com 34 anos, faltando apenas um ano para a sua ordenação, ele perdeu a vida fazendo aquilo que mais gostava nos momentos de lazer: surfar. A prancha atingiu a sua nuca e ele morreu afogado na praia da Barra da Tijuca.

“...quem se alimenta da Palavra experimenta a doçura do céu” Fama de santidade O seu amor à Eucaristia, a sua vida de oração, a sua entrega abnegada aos pobres e doentes, a sua dedicação missionária e a sua humildade são traços que compõe o retrato de sua alma. Guido tinha especial devoção à Santíssima Virgem Maria, a quem chamava Mãe do puro Amor. A Ela compôs uma oração: “Ave-Maria, Mãe do puro Amor, dai-nos a graça da obediência e da docilidade à Palavra de Deus para que repletos de sabedoria possamos irradiar a luz de Cristo em nossos corações”. Maria Nazareth, sua mãe, conta que aos 6 anos Guido teve uma experiência sobrenatural. “Eu o

encontrei chorando no quarto. Ele disse que havia visto Jesus, e Ele havia lhe dito para obedecer aos pais e prestar atenção no que o padre dizia por que um dia iria cuidar dos outros”, se recorda emocionada. Os colegas de seminário contam que Guido era o primeiro a chegar à Capela e o último a sair. “O amor é viver intensamente esta vida com os olhos fixos em Jesus”, deixou escrito. Até hoje, na data de seu aniversário, devotos peregrinam ao cemitério onde ele está enterrado para rezar, cantar, pedir e agradecer. “Em vida, Guido dedicou parte da juventude para cuidar dos pobres”, contam aqueles que o conheceram. Ele

38 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015

é descrito como alguém que estava sempre disposto a ouvir os problemas dos outros com a capacidade de dizer-lhe palavras certas deixando em paz aquele com quem dialogava. Guido fundou diversos grupos de oração e foi um pregador incansável da Palavra de Deus. “Busquem a Palavra com avidez, isto é, como quem tem uma grande sede e fome, pois quem se alimenta da Palavra experimenta a doçura do céu”, escreveu numa carta destinada aos jovens do grupo Chama do Amor com data de 16.07.2008. “Que o desejo ardente pela Palavra do Senhor vos leve a transbordar de amor uns pelos outros”, anotou na mesma carta.


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O pedido de beatificação Guido Schäffer atende ao primeiro critério do Vaticano para se iniciar um processo de canonização: sua trajetória na Terra criou uma “fama de santidade”. O processo foi aberto no dia 17 de janeiro de 2015 na Basílica Imaculada Conceição, em Botafogo. “O exemplo do jovem Guido é parte de uma grande multidão de santos que temos percorrendo as ruas de nossas cidades!”, escreveu Dom Orani João Tempesta - cardeal arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro.

A belíssima história de Guido mostra-nos que não precisamos deixar de fazer o gostamos para viver a santidade. Pois a santidade precisa ser vivida naturalmente. "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa alguma" (1Cor 6,12) e é assim que deve proceder no nosso caminhar rumo à santidade. “O Mestre chama todos à santidade, sem distinção de idade, profissão, raça ou condição social”, afirma Dom Orani. Assim como Guido, podemos ser santos sem deixar de ser jovem, sem deixar de lado as atividades

própria de um jovem; santos de calça jeans, que saem com os amigos, porém com a convicção de que somos cristãos e que somos chamados a evangelizar e a testemunhar o amor misericordioso do Senhor. A vida de Guido - jovem, médico, surfista, seminarista - é para nós um exemplo de pureza. Ele é, sem dúvida, padroeiro e intercessor dos jovens. À seu exemplo, busquemos nos alimentar mais e mais com a Palavra de Deus, pois, como escreveu Guido “quem guarda a Palavra de Deus é plenamente realizado no amor” (carta aos jovens do grupo Chama do Amor).

Oração pedindo interceção do Servo de Deus Guido Schäffer

(Com aprovação eclesiástica da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.)

Amado Deus e Senhor que, através da vida do vosso servo Guido Schäffer, nos ensinastes, com seu exemplo e ardor missionário, a lançar-nos mar à dentro no caminho da fé, concedei-nos por seu testemunho de jovem, médico, seminarista e surfista, anunciar com renovado ardor Vossa Palavra e alcançar por sua intercessão a graça que vos pedimos (pedir a graça) a fim de que tenhamos, um dia, a alegria de vê-lo elevado à glória dos altares. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém. Virgem Maria, Mãe do Amor Formoso, rogai por nós. Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

Para comunicar graças: Por e-mail: guido@arquidiocese.org.br Por correios ou no local: Rua Benjamin Constant, 23, sala 302, Glória, 20241-150. Rio de Janeiro, RJ. Por telefone: (21) 2292-3132, ramais 368 ou 307.


Vocacional

REALIZADO

em Cristo Ir. Wilmar Wiedermann Gallo Junior, MIC

Seminarista na Congregação dos Padres Marianos

A

história da minha vocaem uma turma de crisma. Sentia-me realizado por poder prestar minha ajução teve início quando eu da ao Cristo Jesus. Essas duas pastorais tinha apenas 3 anos. Era ajudaram a desenvolver minha vocaum dia de chuva, eu brincava em ção, até que decidi: terminaria o ensino meu quarto, quando minha mãe se médio e entraria para o seminário. aproxima e pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”. Sem penEm 2011, completei os estudos sar muito, respondi: “Padre!”. Essa e em janeiro de 2012 o meu pároresposta deixou minha mãe confusa. co me convidou para um encontro Ela esperava ouvir vocacional na Coneu dizer que seria gregação dos Padres médico, advogado... A messe é grande, Marianos. Ao térMas não, padre. mino do encontro mas poucos são os Contudo, ela não leregressei à minha operários, por isso, vou a sério o que eu cidade para preparar pedi ao dono da disse, eu não devia as malas e os docuestar sabendo o que mentos necessários messe que mande estava falando. Com para ingressar no mais operários o passar do tempo, seminário. Ao chepara a colheita certamente mudaria gar em casa, minha de ideia. mãe e meu pai me receberam e logo viram que eu estaO tempo foi passando e não foi o va muito feliz. Abracei a minha mãe que aconteceu. Cada vez mais eu sentia e pedi a sua bênção para entrar no vontade de me tornar padre. Em 2003 postulantado. Ela sorriu e me disse ingressei no grupo de coroinhas, na paque ela e meu pai me apoiariam em róquia Santo Antônio, em Manuel Ritudo o que fosse necessário. bas - PR. Ali permaneci por nove anos No dia 12 de março de 2012, o e aprendi muito sobre a história da meu pároco me levou definitivamenIgreja e sobre a vida de Jesus. Nos dois te para o seminário. Foi um dia difícil últimos anos fui nomeado coordenapor ter que deixar meus pais, pois sou dor do grupo. Também era catequista 40 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015


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filho único, mas ao mesmo tempo eu estava cheio de alegria por poder começar a caminhar em rumo ao meu sonho. No dia 04 de abril do mesmo ano fui admitido oficialmente como postulante na Congregação dos Padres Marianos, onde fui muito bem recebido e aceito. Esse foi um tempo de muita alegria, mas também de muita turbulência, pois tudo era novo para mim. No dia 07 de dezembro de 2012 fui admitido no noviciado, nessa etapa tinha que ficar um ano sem ter contato com a minha família em função de preparar minha espiritualidade e de me encontrar com a minha vocação. Esta fase, mesmo sem poder falar com meus pais, foi muito tranquila e cheia de graças e realizações vindas do Senhor. No noviciado pude não só me encontrar, como também fortalecer mais a minha vocação. O dia 08 de dezembro de 2013 foi para mim uma data marcante, pois conclui o noviciado e professei meus primeiros votos de pobreza, castidade e obediência. Atualmente estou cursando o 2º ano de filosofia, sei que ainda tem muito chão a percorrer, mas acredito que com a graça do Senhor Deus conseguirei chegar ao fim. Aproveito esta oportunidade e peço, caro leitor, suas orações, não apenas por mim, mas por todas as vocações sacerdotais. “A messe é grande, mas poucos são os operários, por isso, pedi ao dono da messe que mande mais operários para a colheita” (Lc 10, 2).

Jovem!

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Marianos

A

graça de um novo sacerdote!

N

o dia 21 de fevereiro Edmar Eing, MIC, foi ordenado sacerdote pelas mãos de Dom Antônio Wagner (bispo de Guarapuava-PR). A celebração aconteceu na paróquia Santo Antônio, na cidade de Manoel Ribas-PR. A Congregação dos Padres Marianos se rejubila com esse acontecimento e pede orações para o neo-presbítero Edmar Eing que foi designado, pelo superior da Congregação e seu conselho, para trabalhar na Paróquia de São Sebastião, na Ilha do Governador-RJ.

42 - Revista Divina Misericórdia - Abril/Maio 2015


Infantil

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